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FILOSOFIA DO DIREITO

NORBERTO BOBBIO

Professor Edvan Cléder


O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO
• O Positivismo Jurídico do filósofo italiano Norberto
Bobbio é uma obra deveras importante no debate
jurídico contemporâneo, especialmente no Brasil.
• Bobbio é considerado um dos grandes positivistas
da atualidade, suas ideias e pensamentos são
extremamente relevantes, podendo ser interpretadas
em todos os âmbitos do Direito, uma vez que discute
o direito posto e sua aplicação.
O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO
•Norberto compartilha as definições e distinções de
alguns pensadores indicando, em síntese, que o direito
positivo é limitado a um determinado povo e posto por
este, criando uma identidade social e tornando-se uma
norma mutável que pode ser anulada ou mudada, seja
pelos costumes, seja por outra lei, enquanto o direito
natural não tem limites e é posto pela natureza,
permanecendo imutável no tempo.
O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO
•Na época clássica o direito natural era conhecido como direito
comum e o positivo como direito especial ou particular de
determinada civilização.
• Apesar de não ser o direito natural superior ao positivo, este
prevalecia sobre aquele sempre que ocorressem conflitos.
• Já na Idade Média a relação entre as duas espécies de direito
se inverteu, tornando-se assim o direito natural superior ao
direito positivo, por enxergarem o natural não mais como
comum e sim como norma fundada na vontade de Deus.
O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO
•Para Bobbio "por obra do positivismo jurídico ocorre a redução de todo
o direito a direito positivo, e o direito natural é excluído da categoria do
direito: o direito positivo é direito, o direito natural não é direito. (…) O
positivismo jurídico é aquela doutrina segundo a qual não existe outro
direito senão o positivo".
•Assim, seguindo esta linha, o filósofo afirma que com a formação do
Estado moderno, concentrou sobre este todos os poderes, incluindo no
rol o poder de criar o direito.
•Todavia, nem sempre foi assim, originalmente o direito era formado
através das constantes e uniformes manifestações do povo, são as
chamadas normas consuetudinárias.
O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO
• Em mais uma de suas definições, talvez uma das mais meritórias,
Bobbio define direito como sendo "um conjunto de regras que são
consideradas (ou sentidas) como obrigatórias em uma determinada
sociedade porque sua violação dará, provavelmente, lugar à intervenção
de um "terceiro" (magistrado ou eventualmente árbitro) que dirimirá a
controvérsia emanando uma decisão seguida de uma sanção ao que
violou a norma".
• Assim, fala-se de direito quando aparece uma terceira pessoa para
solucionar um conflito entre dois sujeitos.
• Se não há a intervenção deste "terceiro" não há que se falar em direito
em sentido estrito.
O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO
•Entretanto, com o surgimento do Estado moderno, o
juiz torna-se um órgão desse Estado, passando a ser
vinculado ao direito positivo, que é aquele direito
posto e aprovado pelo Estado, não restringindo esse
campo apenas às normas emanadas do Poder
Legislativo, mas também os costumes e os princípios
gerais do direito, considerados fontes do direito desde
que aprovados pelo Estado, tornando este o único
criador do direito.
O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO
• O filósofo registra ainda que existem resquícios da aplicação
do direito natural, por existir "lacunas do direito", devido ao
fato de que ao legislador seria impossível prever e normatizar
todas as situações e relações existentes ou que possam vir a
existir, surgindo assim determinados casos que não têm uma
norma reguladora, sobressaindo então à aplicação do direito
natural.
• Bobbio faz a assertiva de que esta solução é perfeitamente
lógica para quem admite que o direito positivo fundamenta-
se no direito natural.
O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO
• Sobre o assunto, o filósofo entende que "o direito positivo
não destrói, mas sim recobre ou submerge o direito natural",
portanto, ao surgir lacunas no direito posto, o natural
aparece.
•Neste mesmo diapasão e para corroborar seu entendimento,
Bobbio cita, dentre outros, Hobbes e discorre que este insigne
precursor do jus positivismo, vê um limite para a onipotência
do legislador humano no fato de que este, não sendo Deus,
não pode prever todas as circunstâncias.
O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO
• Após inúmeras investigações históricas elaboradas
para se proceder a construção textual da obra
Positivismo Jurídico, Bobbio concluiu o significado
histórico do positivismo jurídico e afirma precisamente
e de maneira mais específica o termo "direito positivo",
como sendo aquele direito que é posto pelo Estado
soberano, decorrente de normas gerais e consideradas
existentes no domínio das ideias, isto é, como "lei".
O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO
• Assim, em decorrência deste entendimento sobre o direito positivo,
o autor descreve que o positivismo jurídico nasce do impulso para a
legislação, quando a lei torna-se fonte exclusiva de direito, sendo
representada pela codificação.
• Esse impulso não é limitado e nem eventual, mas sim universal e
irreversível e é estritamente ligado à formação do Estado moderno.
• O impulso para a legislação, segundo o jurista "nasce de uma dupla
exigência, uma que é a de pôr ordem no caos do direto primitivo e a
outra de fornecer ao Estado um instrumento eficaz para a
intervenção na vida social.”
O POSITIVISMO: NORBERTO BOBBIO

• Norberto Bobbio organizou uma teoria do


Direito positivista com base no legado teórico de
Hans Kelsen.
• Segundo o próprio cientista italiano, seus estudos
representam “ora um complemento, ora um
desenvolvimento” da obra kelseniana , porém, sob o
viés de um Positivismo Jurídico “crítico”.

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