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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Administração Pública e atividade administrativa: administração direta e indireta; autarquias; fundações; empresas públicas; socieda-
des de economia mista; órgãos e agentes públicos; conceito de administração; natureza e fins da administração; princípios básicos da
administração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Atos e Poderes administrativos. Poderes: poder vinculado; poder discricionário; poder hierárquico; poder disciplinar; poder regula-
mentar; poder de polícia; uso e abuso de poder. Atos Administrativos: conceito; elementos; atributos; classificação; espécies; extinção
do ato, controle do ato administrativo: invalidação; anulação e revogação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Servidores públicos: organização do serviço público; normas constitucionais pertinentes; deveres e direitos dos servidores; responsa-
bilidade dos servidores; . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4. Lei Estadual Complementar nº 85/2008 e suas alterações (Lei Orgânica e Estatuto da Polícia Civil da Paraíba). . . . . . . . . . . . . . . . . 33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E ATIVIDADE ADMINIS- governo e desempenhar a função administrativa em favor do in-
TRATIVA: ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA; AU- teresse público, dentre outros atributos essenciais ao bom anda-
TARQUIAS; FUNDAÇÕES; EMPRESAS PÚBLICAS; SO- mento da Administração Pública como um todo com o incentivo das
CIEDADES DE ECONOMIA MISTA; ÓRGÃOS E AGENTES atividades privadas de interesse social, visando sempre o interesse
PÚBLICOS; CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO; NATURE- público.
ZA E FINS DA ADMINISTRAÇÃO; PRINCÍPIOS BÁSICOS A Administração Pública também possui elementos que a com-
DA ADMINISTRAÇÃO põe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
Administração pública função administrativa estatal.
Conceito
Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativida- — Observação importante:
de que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais aco-
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e pladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato da
agentes públicos. coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas na-
estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como ções estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos inter-
“a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob re- nacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
gime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos No direito público interno encontra-se, no âmbito da adminis-
interesses coletivos”. tração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Estados, Dis-
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a trito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).
Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo, da administração indireta, as autarquias e associações públicas (art.
sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa 41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídi-
em sentido objetivo. cas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC,
Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar ao con-
órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções sórcio público a ser firmado entre entes públicos (União, Estados,
administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também Municípios e Distrito Federal).
na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo.
Em suma, temos: Princípios da administração pública
De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e
um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
SUBJETIVO órgãos administrativos}.
jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpre-
SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e tes do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato
SUBJETIVO agentes públicos}. de que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da or-
SENTIDO Sentido amplo {função política e adminis- dem jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada
OBJETIVO trativa}. pelos contornos que conferem à determinada seara jurídica.
Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
OBJETIVO esses entes}.
Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamen-
Existem funções na Administração Pública que são exercidas te responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâmetros
pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que são legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tute-
subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e ser- la dos casos concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez,
viço público. os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais
Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada observadas em matérias específicas ou diante das particularidades
uma das funções. Vejamos: que permeiam a aplicação das normas aos casos existentes.
a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do de-
senvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de utilida- Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e in-
de ou de interesse público. tegrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos
b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrati- legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo,
va. São os atos da Administração que limitam interesses individuais dando-lhe unicidade e coerência.
em prol do interesse coletivo.
c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Admi- Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser
nistração Pública executa, de forma direta ou indireta, para satis- expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não po-
fazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime sitivados e não escritos na lei de forma expressa.
jurídico e com predominância pública. O serviço público também
regula a atividade permanente de edição de atos normativos e con- — Observação importante:
cretos sobre atividades públicas e privadas, de forma implementati- Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implíci-
va de políticas de governo. tos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios que
dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente im-
plícitos.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os prin- O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
cípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Adminis- conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
trativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe-
centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do Interesse Pú- decer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen-
blico e a Indisponibilidade do Interesse Público. te atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas
nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade.
Conclama a necessidade da sobreposi-
SUPREMACIA DO – Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con-
ção dos interesses da coletividade sobre
INTERESSE PÚBLICO trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade
os individuais.
está associada à prestação de satisfação e informação da atuação
Sua principal função é orientar a pública aos administrados. Via de regra é que a atuação da Admi-
INDISPONIBILIDA-
atuação dos agentes públicos para que nistração seja pública, tornando assim, possível o controle da socie-
DE DO INTERESSE
atuem em nome e em prol dos interes- dade sobre os seus atos.
PÚBLICO
ses da Administração Pública. Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é abso-
luto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções pre-
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas vistas em lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in- ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais intimidade, honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri- ser afastado.
vados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam-
po de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administra-
em concurso público para o provimento dos cargos públicos. tivos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos
não poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados.
Princípios Administrativos
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad- – Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser
ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade, exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e econo-
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. micidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodier-
Vejamos: namente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra- EC n. 19/1998.
tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito
Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo São decorrentes do princípio da eficiência:
que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é
considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo, a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orça-
significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva mentária e financeira de órgãos, bem como de entidades adminis-
atuar somente no instante e da forma que a lei permitir. trativas, desde que haja a celebração de contrato de gestão.
— Observação importante: O princípio da legalidade considera
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei, b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do
art. 59 da Constituição Federal. art. 41, § 4º da CFB/88.

– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas Administração direta e indireta
óticas: A princípio, infere-se que Administração Direta é correspon-
dente aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas
a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação que executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O
aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a
na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto
o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do
na objetividade. Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade
b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe- administrativa de maneira centralizada.
cutar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas
primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as Admi-
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos nistrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa de
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, maneira descentralizada.
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac- Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser exer-
terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’ cidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com persona-
lidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições a particu-
– Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati- lares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de direito público
va deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida- ou de direito privado para esta finalidade. Optando pela segunda
de, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção opção, as novas entidades passarão a compor a Administração Indi-
na Administração Pública. reta do ente que as criou e, por possuírem como destino a execução
especializado de certas atividades, são consideradas como sendo
manifestação da descentralização por serviço, funcional ou técnica,
de modo geral.

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Desconcentração e Descentralização De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao são
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição in- reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder político
terna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou. Não
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública in-
entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre direta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido,
de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os
a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica. entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administra- entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as
ção direta como na administração indireta de todos os entes fede- funções para as quais foram criadas de forma correta.
rativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcen-
tração administrativa no âmbito da Administração Direta da União, Pessoas políticas
os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em As pessoas políticas são os entes federativos previstos na Cons-
âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais, tituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal e os
dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos pelo
as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder político.
agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista, Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos, vindo a
ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação. se organizar de forma particular para alcançar as finalidades aven-
Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários çadas na Constituição Federal.
órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois,
jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um dos
estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de su- entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando suas
bordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração admi- leis e exercendo as competências que a eles são determinadas pela
nistrativa está diretamente relacionada ao princípio da hierarquia. Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma caracte-
Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés rística que se encontra presente somente no âmbito da República
de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes federati-
transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a vos.
outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado.
Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuin- Autarquias
do suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou ser- As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno,
viços transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e
que transfere e a que acolhe as atribuições. típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias,
a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar
Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos determinadas atividades para entidades eivadas de maior especia-
Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação lização.
e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dan-
de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de do a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma
forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a
e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar au- sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo.
mento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público
(art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e ex- descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço
tinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para dis- público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar em
por sobre a organização e o funcionamento, denota-se que poderá tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem ser-
ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do decreto. vindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao mesmo
Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério a mais, regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles,
o presidente da República deverá encaminhar projeto de lei ao Con- as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são exe-
gresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua estrutu- cutoras de ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação
ração interna deverá ser feita por decreto. Na realidade, todos os a que estão vinculadas.
regimentos internos dos ministérios são realizados por intermédio As autarquias são criadas por lei específica, que de forma obri-
de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização interna do gacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo do
órgão. Vejamos: ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também que
a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida tipica-
ÓRGÃO — é criado por meio de lei. mente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, em re-
ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO, des- gime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. Em tais
de que não provoque aumento de despesas, bem como a criação situações, infere-se que é possível que sejam criadas autarquias no
ou a extinção de outros órgãos. âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, oportunidade na
ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscalizar e qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, deverá, obriga-
controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribu- toriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita pelo respectivo
nal de Contas da União. Poder.

Pessoas administrativas Empresas Públicas


Explicita-se que as entidades administrativas são a própria Ad- Sociedades de Economia Mista
ministração Indireta, composta de forma taxativa pelas autarquias, São a parte da Administração Indireta mais voltada para o di-
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia reito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária de
mista. empresas estatais.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia • Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder Legis-
mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas lativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente atuan-
tes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, obtemos Fundações e outras entidades privadas delegatárias
dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades de eco- Identifica-se no processo de criação das fundações privadas,
nomia mista. duas características que se encontram presentes de forma contun-
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explorado- dente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um instituidor
ras de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitu- e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa.
cional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de 1988
pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito pre-
prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma dominantemente de direito privado, sendo que a Constituição Fe-
legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma deral dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades
exclusiva e prioritária pelo direito público. de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autoriza-
ção da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso
Observação importante: todas as empresas estatais, sejam das autarquias.
prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade eco- Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a Fun-
nômica, possuem personalidade jurídica de direito privado. dação Pública poderá ser criada de forma direta por meio de lei
específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica de direi-
O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ativida- to público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou Fundação
de econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público Autárquica.
é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço
público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público, Observação importante: a autarquia é definida como serviço
nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é conceitu-
que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou ada como sendo um patrimônio de forma personificada destinado
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a uma finalidade específica de interesse social.
a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora de atividade
econômica, como maneira de evitar que o princípio da livre con- Vejamos como o Código Civil determina:
corrência reste-se prejudicado, as referidas atividades deverão ser Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...)
reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo 173 da Consti- IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
tuição Federal, que assim determina: V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz dis-
exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per- tinção entre as Fundações de direito público ou de direito privado.
mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as fundações
ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de ligação com a
lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da socieda- Administração Pública.
de de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como
econômica de produção ou comercialização de bens ou de presta- por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada so-
mente às entidades de direito público como um todo. Registra-se
ção de serviços, dispondo sobre:
que o foro de ambas é na Justiça Federal.
I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
sociedade;
Delegação Social
II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva-
Organizações sociais
das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra-
As organizações sociais são entidades privadas que recebem
balhistas e tributários;
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas
III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alie-
por particulares sob a forma de associação ou fundação que de-
nações, observados os princípios da Administração Pública;
sempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao
IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Admi- passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma
nistração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do
V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabili- Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com
dade dos administradores o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá
Vejamos em síntese, algumas características em comum das constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito
empresas públicas e das sociedades de economia mista: privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam
• Devem realizar concurso público para admissão de seus em- dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tec-
pregados; nológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à
• Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que as entidades
constitucional; privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão receber a quali-
• Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas, ficação de OSs.
bem como ao controle do Poder Legislativo;
• Não estão sujeitas à falência;
• Devem obedecer às normas de licitação e contrato adminis-
trativo no que se refere às suas atividades-meio;
• Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista
constitucionalmente;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saú-
serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por de e assemelhados;
intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publiciza- mantenedoras;
ção. Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra-
outra entidade de direito privado o substitui no serviço anterior- tuito e suas mantenedoras;
mente prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para IX – as Organizações Sociais;
que seja feita a qualificação da entidade como organização social é X – as cooperativas;
estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim, as
Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários, utili- Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade
zação de bens públicos e servidores públicos. e o Estado é denominado termo de parceria e que para a qualifi-
cação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido
Organizações da sociedade civil de interesse público constituída e se encontre em funcionamento regular há, pelo me-
São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado, nos, três anos nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n.
sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatu- 13.019/2014. O Tribunal de Contas da União tem entendido que
tárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da o vínculo firmado pelo termo de parceria por órgãos ou entidades
Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência da Administração Pública com Organizações da Sociedade Civil de
do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com Interesse Público não é demandante de processo de licitação. De
o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos: acordo com o que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999,
Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em deverá haver a realização de concurso de projetos pelo órgão es-
qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res- tatal interessado em construir parceria com Oscips para que venha
pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi- a obter bens e serviços para a realização de atividades, eventos,
da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos consultorias, cooperação técnica e assessoria.
objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades:
I – promoção da assistência social; Entidades de utilidade pública
II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe em
histórico e artístico; seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços esta-
III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma tais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para o
complementar de participação das organizações de que trata esta setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor.
Lei; Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro
IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com- Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública,
plementar de participação das organizações de que trata esta Lei; os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exem-
V – promoção da segurança alimentar e nutricional; plo, as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e de interesse público (OSCIP).
promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do vo- É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor
luntariado; está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarieda-
VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e com-
de na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da
bate à pobreza;
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às orga-
IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos sociopro-
nizações civis o atendimento dos interesses individuais e coletivos.
dutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego
Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária nas de-
e crédito;
mandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, não
X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. Dessa
direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na autossufici-
XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
ência da sociedade.
manos, da democracia e de outros valores universais;
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do
XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos
técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa
neste artigo. a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor
A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos
receber a qualificação. Vejamos: do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o Es-
Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações tado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que
qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei: instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade
I – as sociedades comerciais; civil de interesse público.
II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação O termo publicização também é atribuído a um segundo sen-
de categoria profissional; tido adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde
III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação à transformação de entidades públicas em entidades privadas sem
de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; fins lucrativos.
IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas No que condizente às características das entidades que com-
fundações; põem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro enten-
V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar de que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles:
bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;

5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te- De antemão, é importante observar que, embora o exercício
nham sido autorizadas por lei; da função administrativa consista na atividade típica do Poder Exe-
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse pú- cutivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta função
blico (serviços sociais não exclusivos do Estado); de forma atípica, vindo a praticar, também, atos administrativos.
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público; Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes devem no-
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, por mear os aprovados, promovendo licitações e fornecendo benefícios
isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à Admi- legais aos servidores, dentre outras atividades. Acontece que em
nistração todas essas atividades, a função administrativa estará sendo exerci-
5. Pública e ao Tribunal de Contas; da que, mesmo sendo função típica, mas, recordemos, não é função
6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derroga- exclusiva do Poder Executivo.
do parcialmente por normas direito público; Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercício
Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato de da função administrativa é ato administrativo, isso por que em inú-
não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e tam- meras situações, o Poder Público pratica atos de caráter privado,
bém porque não integram a Administração Pública Direta ou Indi- desvestindo-se das prerrogativas que conformam o regime jurídico
reta. de direito público e assemelhando-se aos particulares. Exemplo: a
Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor emissão de um cheque pelo Estado, uma vez que a referida provi-
dência deve ser disciplinada exclusivamente por normas de direito
são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado,
privado e não público.
seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito pri-
Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode ser
vado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente de
praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele que
algum incentivo do setor público, também podem lhes ser aplicá-
o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta, bem
veis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo qual a como, os entes da Administração Indireta e particulares, como
conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado às en- acontece com as permissionárias e com as concessionárias de ser-
tidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado, podendo viços públicos.
ser modificado de maneira parcial por normas de direito público. Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não apre-
sentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por órgão
jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreendemos
ATOS. ATOS ADMINISTRATIVOS: CONCEITO; ELEMEN- que ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade pro-
TOS; ATRIBUTOS; CLASSIFICAÇÃO; ESPÉCIES; EXTIN- veniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais ampara-
ÇÃO DO ATO, CONTROLE DO ATO ADMINISTRATIVO: das pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito públi-
INVALIDAÇÃO; ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO co, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a controle
judicial específico.
Conceito Em suma, temos:
Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como sendo ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de vontade
“toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública proveniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais am-
que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, res- paradas pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito
guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a con-
obrigações aos administrados ou a si própria”. trole judicial específico.
Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a
declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO
jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
Atos de Direito Privado
direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez, Atos materiais
explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São elas: Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor
A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância de
Atos políticos
atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrativos e os
regulamentos. Contratos
No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato Atos normativos
administrativo pode, ainda, ser considerado como a “declaração do
Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos
Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um
concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas
Requisitos
públicas, manifestada mediante providências jurídicas complemen- A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência
tares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de de cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competência,
legitimidade por órgão jurisdicional”. finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que a
B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à definição falta ou o defeito desses elementos pode resultar.
anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção. Desta for- De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em
ma, no entendimento estrito de ato administrativo por ele expos- simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invalidan-
ta, ficam excluídos os atos convencionais, como os contratos, por do o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente.
exemplo, bem como os atos abstratos.
Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir da
análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos concei-
tos retro apresentados, é possível extrair alguns elementos funda-
mentais para a definição dos conceitos do ato administrativo.

6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
No condizente à competência, no sentido jurídico, esta palavra c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acordo
designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém que está com o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra pessoa.
legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, qualquer Frise-se que a delegação de competência não provoca a transfe-
pessoa, ainda que possua capacidade e excelente rendimento para rência de sua titularidade, porém, autoriza o exercício de deter-
fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser considerada in- minadas atribuições não exclusivas da autoridade delegante, que
competente em termos jurídicos para executar tal tarefa. poderá, conforme critérios próprios e a qualquer tempo, revogar a
Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades pú- delegação.
blicas, de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de Aviação d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agente,
Civil (ANAC) não possui competência para conferir o passaporte e quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que somente
liberar a entrada de um estrangeiro no Brasil, tendo em vista que o estas normas poderão alterá-la.
controle de imigração brasileiro é atividade exclusiva e privativa da e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo que
Polícia Federal. não tenha sido utilizada por muito tempo.
Nesse sentido, podemos conceituar competência como sendo f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa prevista
o acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento jurídico às em lei, o agente incompetente não passa a ser competente pelo
pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito de facilitar mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o primeiro a
o desempenho de suas atividades. tomar conhecimento dos fatos que implicariam a motivação de sua
A competência possui como fundamento do seu instituto a di- prática.
visão do trabalho com ampla necessidade de distribuição do con-
junto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a distri- Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a
buição de competências possibilita a organização administrativa avocação, que podem ser definidas da seguinte forma:
do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a cada pessoa a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in-
política, órgão ou agente. termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público
Relativo à competência com aplicação de multa por infração à delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar
legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas, a União parte das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a delegação
é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o imposto e tam- é transferida para órgão ou agente de plano hierárquico inferior.
bém para estabelecer as respectivas infrações e penalidades. Já em No entanto, a doutrina contemporânea considera, quando justifi-
relação à instituição do tributo e cominação de penalidades, que cadamente necessário, a admissão da delegação fora da linha hie-
é de competência do legislativo, dentre os Órgãos Constitucionais rárquica.
da União, o Órgão que possui tal competência, é o Congresso Na- Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a atri-
cional no que condizente à fiscalização e aplicação das respectivas buição da autoridade delegante, que continua competente para o
penalidades. exercício das funções cumulativamente com a autoridade a que foi
delegada a função. Entretanto, cada agente público, na prática de
Em relação às fontes, temos as competências primária e secun-
atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos, agirá sempre
dária. Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos abaixo:
em nome próprio e, respectivamente irá responder por seus atos.
a) Competência primária: quando a competência é estabeleci-
Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotando
da pela lei ou pela Constituição Federal.
cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também pode-
b) Competência Secundária: a competência vem expressa em
rá revogar a qualquer tempo a delegação realizada anteriormen-
normas de organização, editadas pelos órgãos de competência pri-
te. Desta maneira, a regra geral é a possibilidade de delegação de
mária, uma vez que é produto de um ato derivado de um órgão ou
competências, só deixando esta de ser possível se houver quaisquer
agente que possui competência primária.
impedimentos legais vigentes.
Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de forma
aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico informan- É importante conhecer a respeito da delegação de competên-
do a distribuição de competências, como a matéria, o território, a cia o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administrativo
hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente ao critério da Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito federal,
matéria, é a criação do Ministério da Saúde. incorporou grande parte da orientação doutrinária existente, dis-
Em relação ao critério territorial, a criação de Superintendên- pondo em seus arts. 11 a 14:
cias Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da hierarquia,
a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
órgão julgador de recursos contra as decisões das Delegacias da Re- administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
ceita Federal de Julgamento criação da Comissão Nacional da Ver- delegação e avocação legalmente admitidos.
dade que trabalham na investigação de violações graves de Direitos Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
Humanos nos períodos entre 18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou-
na combinação dos critérios da matéria e do tempo. tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica-
A competência possui como características: mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns-
a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos, uma tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
vez que se trata de um poder-dever de ambos. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela vonta- delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
de da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros, uma vez presidentes.
que é estabelecida em decorrência do interesse público. Exemplo: Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
diante de um excessivo aumento da ocorrência de crimes graves e I - a edição de atos de caráter normativo;
da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de polícia não poderá II - a decisão de recursos administrativos;
jamais optar por não mais registrar boletins de ocorrência relativos III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori-
a crimes considerados menos graves. dade.

7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser exer-
cados no meio oficial. cido com autocontrole, o poder originário de avocar competência
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes também se constitui em regra na Administração Pública, uma vez
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- que é inerente à organização hierárquica como um todo. Entretan-
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva to, conforme a doutrina de forma geral, o órgão superior não pode
de exercício da atribuição delegada. avocar a competência do órgão subordinado em se tratando de
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela competências exclusivas do órgão ou de agentes inferiores atribu-
autoridade delegante. ídas por lei. Exemplo: Secretário de Segurança Pública, mesmo es-
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar tando alguns degraus hierárquicos acima de todos os Delegados da
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de- Polícia Civil, não poderá jamais avocar para si a competência para
legado. presidir determinado inquérito policial, tendo em vista que esta
Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que competência é exclusiva dos titulares desses cargos.
leva em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica, so- Não convém encerrar esse tópico acerca da competência sem
cial, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revogável mencionarmos a respeito dos vícios de competência que é concei-
a qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que o ato de tuado como o sofrimento de algum defeito em razão de problemas
delegação bem como a sua revogação deverão ser expressamente com a competência do agente que o pratica que se subdivide em:
publicados no meio oficial, especificando em seu ato as matérias e a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica o
poderes delegados, os parâmetros de limites da atuação do delega- ato acaba por exceder os limites de sua competência, agindo além
do, o recurso cabível, a duração e os objetivos da delegação. das providências que poderia adotar no caso concreto, vindo a pra-
ticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem sempre po-
Importante ressaltar: derá resultar em anulação do ato administrativo, tendo em vista
Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercí- que em algumas situações será possível convalidar o ato defeituoso.
cio de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segu- b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce
rança ou a medida judicial. atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse
Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julgamen- atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra casa-
to do MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegante não mentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz.
poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade delegada. c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato
Desta forma, tendo sido o ato praticado pela autoridade delegada, está irregularmente investida no cargo, emprego ou função pública
todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra este ato deve- ou ainda que, mesmo devidamente investida, existe qualquer tipo
rão respeitar o respectivo foro da autoridade delegada. de impedimento jurídico para a prática do ato naquele momento.
Na função de fato, o agente pratica o ato num contexto que tem
toda a aparência de legalidade. Por esse motivo, em decorrência da
Seguindo temos:
teoria da aparência, desde que haja boa-fé do administrado, esta
deve ser respeitada, devendo, por conseguinte, ser considerados
a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da delegação e
válidos os atos, como se fossem praticados pelo funcionário de fato.
se resume na possibilidade de o superior hierárquico trazer para si Em suma, temos:
de forma temporária o devido exercício de competências legalmen-
te estabelecidas para órgãos ou agentes hierarquicamente inferio-
res. Diferentemente da delegação, não cabe avocação fora da linha
de hierarquia, posto que a utilização do instituto é dependente de
poder de vigilância e controle nas relações hierarquizadas.
Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de dele-
gação:

• Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional e


temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a competên-
cia é de forma originária e advém do órgão ou agente subordinado,
sendo que de forma temporária, passa a ser exercida pelo órgão ou
autoridade avocante.
• Já na revogação de delegação, anteriormente, a competên-
cia já era de forma original da autoridade ou órgão delegante, que
achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de delega- Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é uma
ção, voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições legais por das características do princípio da impessoalidade. Nesse diapasão,
cunho de mão própria. a Administração não pode atuar com o objetivo de beneficiar ou
prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista que seu compor-
tamento deverá sempre ser norteado pela busca do interesse públi-
co. Além disso, existe determinada finalidade típica para cada tipo
de ato administrativo.

8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espécies Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liberdade
de finalidade pública. São elas: de forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Público, a regra é
a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse públi- o formalismo moderado. O ato administrativo não precisa ser reves-
co considerado de forma geral. tido de formas rígidas e solenes, mas é imprescindível que ele seja
b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico pre- escrito. Ainda assim, tal exigência, não é absoluta, tendo em vista
visto na lei, que deve ser alcançado com a prática de determinado que em alguns casos, via de regra, o agente público tem a possibi-
ato. lidade de se manifestar de outra forma, como acontece nas ordens
Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a verbais transmitidas de forma emergencial aos subordinados, ou,
lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie de ato. ainda, por exemplo, quando um agente de trânsito transmite orien-
tações para os condutores de veículos através de silvos e gestos.
Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas finali- Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado vício
dades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado desvio de forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à forma e
de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é vício que não sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via de regra,
pode ser sanado, e por esse motivo, não pode ser convalidado. considera-se plenamente possível a convalidação do ato adminis-
A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, parágra- trativo que contenha vício de forma. No entanto, tal convalidação
fo único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade se veri- não será possível nos casos em que a lei estabelecer que a forma é
fica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele requisito primordial à validade do ato.
previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”. Devemos explanar também que a motivação declarada e escri-
Destaque-se que por via de regra legal atributiva de competência ta dos motivos que possibilitaram a prática do ato, quando for de
estatui de forma explícita ou implicitamente, os fins que devem ser caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta maneira,
seguidos e obedecidos pelo agente público. Caso o ato venha a ser quando for obrigatória, a ausência de motivação enseja vício de for-
praticado visando a fins diversos, verificar-se-á a presença do vício ma, mas não vício de motivo.
de finalidade. Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela au-
O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se ve- toridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá no
rifica em duas hipóteses. São elas: elemento motivo.
a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da
prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o objetivo Motivo
de punição. O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito que
b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com a estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo.
finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de inte- Quando a autoridade administrativa não tem margem para de-
resse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de perse- cidir a respeito da conveniência e oportunidade para editar o ato
guir inimigo, ocorre a desapropriação de imóvel alegando interesse administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condizente ao
público. ato discricionário, como há espaço de decisão para a autoridade
administrativa, a presença do motivo simplesmente autoriza a prá-
Em resumo, temos: tica do ato.

Específica ou Imediata e Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que se


FINALIDADE PÚBLICA trata da abstrata previsão normativa de uma situação que ao ser
Geral ou Mediata
verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a prática
Ato praticado com finalidade do ato, ao passo que o motivo de fato é a concretização no mundo
diversa da prevista em Lei. empírico da situação prevista em lei.
e Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato adminis-
DESVIO DE FINALIDADE
Ato praticado formalmente trativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e de direi-
OU DESVIO DE PODER
com finalidade prevista em Lei, po- to, posto que para isso, são imprescindíveis à existência abstrata de
rém, visando a atender a fins pes- previsão normativa bem como a ocorrência, de fato concreto que
soais de autoridade. se integre à tal previsão.
De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de ocor-
Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas dis- rer nas seguintes situações:
tintas de definição como requisito do ato administrativo. São elas: a) quando o motivo é inexistente.
A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o b) quando o motivo é falso.
modo de exteriorização do ato administrativo. c) quando o motivo é inadequado.
B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no
conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo e
como todas as formalidades que devem ser destacadas e observa- motivação. Vejamos:
das no seu curso de formação. • Motivo: situação que autoriza ou determina a produção do
Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se ato administrativo. Sempre deve estar previsto no ato administrati-
simplesmente de modos diferentes de examinar a questão, sendo vo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de motivo legíti-
que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob o aspecto mo ou ilegítimo é causa de invalidação do ato administrativo.
exterior do ato já formado e a segunda, analisa a dinâmica da for- • Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, sen-
mação do ato administrativo. do a declaração das razões que motivaram à edição do ato. Já a mo-
tivação declarada e expressa dos motivos dos atos administrativos,
via de regra, nem sempre é exigida. Porém, se for obrigatória pela
lei, sua ausência causará invalidade do ato administrativo por vício
de forma, e não de motivo.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO
processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o se-
guinte: Inexistente
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com Falso
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
Inadequado
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção • Teoria dos motivos determinantes
pública; — O ato administrativo possui sua validade vinculada aos moti-
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- vos expostos mesmo que não seja exigida a motivação.
tatório; — Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.
V - decidam recursos administrativos; — STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrativo
VI - decorram de reexame de ofício; quando apenas um, entre os diversos motivos determinantes, não
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão está adequado à realidade fática”.
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- Objeto
ção de ato administrativo. O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como
Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras pala-
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração vras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo cuida-se
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, infor- da alteração da situação jurídica que o ato administrativo se propõe
mações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte inte- a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa, por exemplo, o
grante do ato. Tal hipótese é denominada pela doutrina de “motiva- objeto é a punição do transgressor.
ção aliunde” que significa motivação “em outro local”, mas que está Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto deve
sendo admitida no direito brasileiro. ser lícito, possível, certo e revestido de moralidade conforme os pa-
drões aceitos como éticos e justos.
A motivação dos atos administrativos Havendo o descumprimento dessas exigências, podem incidir
É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a res- os esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos. Nesse sen-
peito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos motivos tido, podemos afirmar que serão viciados os atos que possuam os
determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a lei não exi- seguintes objetos, seguidos com alguns exemplos:
gindo a motivação, se o ato administrativo for motivado, ele só terá
validade se os motivos declarados forem verdadeiros. a) Objeto lícito: punição de um servidor público com suspen-
são por prazo superior ao máximo estabelecido por lei específica.
Exemplo b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para
A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de ser- evitar o acontecimento de chuva durante algum evento esportivo.
vidor ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse tipo de c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito de
ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade competente dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcoolizadas
venha a alegar que a exoneração transcorre da falta de pontualida- nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas por au-
de habitual do comissionado, a validade do ato exoneratório virá toridade pública ou flagradas no teste do bafômetro.
a ficar na dependência da existência do motivo declarado. Já se o d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de pes-
interessado apresentar a folha de ponto comprovando sua pontua- soas específicas para a ocupação noturna de determinado trecho
lidade, a exoneração, seja por via administrativa ou judicial, deverá de calçada para o exercício da prostituição. Nesse exemplo, o objeto
ser anulada. é tido como imoral.
É importante registrar que a teoria dos motivos determinantes
pode ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados quanto Atributos do Ato Administrativo
aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado. Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito
Em suma, temos: público ou regime jurídico administrativo, os atos administrativos
são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos atos pri-
• Motivo do ato administrativo vados.
— Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta a Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizente
edição do ato administrativo. ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conhecimento,
— Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma abs- bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em concursos
trata que autoriza ou determina a prática do ato administrativo. públicos, bem como em teses, abordaremos o conceito utilizado
— Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo real pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
que corresponde à descrição contida de forma abstrata na lei, ca- Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos dos
racterizando o motivo de direito. atos administrativos são:

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
• Presunção de legitimidade No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexecuto-
Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor dos riedade somente é possível quando estiver expressamente previs-
atos administrativos. É o único atributo presente em todos os atos ta em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que não sendo
administrativos. Pelo fato de a administração poder agir somente adotada de imediato, ocasionará, por sua vez, prejuízo maior ao
quando autorizada por lei, presume-se, por conseguinte que se a interesse público.
administração agiu e executou tal ato, observando os parâmetros
legais. Desta forma, em decorrência da presunção de legitimidade, EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS
os atos administrativos presumem-se editados em conformidade
com a lei, até que se prove o contrário. Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano
De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade e Demolição de edifício em situação de risco
da legalidade, quando a administração alega algo, presume-se que
Internação de pessoa com doença contagiosa
suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina conceitua como
presunção de veracidade dos atos administrativos que se cuida da Dissolução de reunião que ameace a segurança
presunção de que o ato administrativo foi editado em conformida-
de com a lei, gerando a desconfiança de que as alegações produzi- Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da pres-
das pela administração são verdadeiras. tação jurisdicional possui o condão de garantir ao particular que
As presunções de legitimidade e de veracidade são elementos considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, possa
e qualificadoras presentes em todos os atos administrativos. No livremente levar a questão ao Poder Judiciário em busca da defesa
entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, podendo dos seus direitos.
ser afastadas em decorrência da apresentação de prova em sentido
contrário. Assim sendo, se o administrado se sentir prejudicado por Tipicidade
algum ato que refutar ilegal ou fundado em mentiras, poderá sub- De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não cita
a tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocorre pelo
metê-lo ao controle pela própria administração pública, bem como
fato de tal característica não estabelecer um privilégio da adminis-
pelo Judiciário. Já se o órgão provocado alegar que a prática não
tração, mas sim uma restrição. Se adotarmos o entendimento de
está em conformidade com a lei ou é fundada em alegações falsas,
que a título de “atributos” devemos estudar as particularidades dos
poderá proclamará a nulidade do ato, desfazendo os seus efeitos.
atos administrativos que os divergem dos demais atos jurídicos, de-
Denota-se que a principal consequência da presunção de vera- veremos incluir a tipicidade na lista. Entretanto, se entendermos
cidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relembremos que apenas são considerados atributos as prerrogativas que aca-
que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever de provar bam por verticularizar as relações jurídicas nas quais a administra-
é de quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, se o particu- ção toma parte, a tipicidade não poderia ser considerada.
lar “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito em prejuízo Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria Syl-
do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está alegando, de via Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o ato admi-
maneira que, em nada conseguir provar os fatos, “Y” não poderá nistrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela
ser punido. lei como aptas a produzir determinados resultados”. Assim sendo,
em consonância com esse atributo, para cada finalidade que a Ad-
• Imperatividade ministração Pública pretender alcançar, deverá haver um ato pre-
Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos são viamente definido na lei.
impostos pelo Poder Público a terceiros, independentemente da Denota-se que a tipicidade é uma consequência do princípio
concordância destes. Infere-se que a imperatividade é provenien- da legalidade. Esse atributo não permite à Administração praticar
te do poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder Público poderá atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo pelo qual o
editar atos, de modo unilateral e com isso, constituir obrigações atributo da tipicidade é considerado como uma ideia contrária à da
para terceiros. A imperatividade representa um traço diferenciado autonomia da vontade, por meio da qual o particular tem liberda-
em relação aos atos de direito privado, uma vez que estes somente de para praticar atos desprovidos de disciplina legal, inclusive atos
possuem o condão de obrigar os terceiros que manifestarem sua inominados.
expressa concordância. Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se
Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativida- que a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encontran-
de, característica presente exclusivamente nos atos que impõem do presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qualquer
obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o ato impedimento de ordem jurídica para que a Administração venha a
administrativo tiver por objetivo conferir direitos, como por exem- firmar com o particular um contrato inominado desprovido de regu-
plo: licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ainda, quan- lamentação legal, desde que esta seja a melhor maneira de atender
tanto ao interesse público como ao interesse particular.
do possuir conteúdo apenas enunciativo como certidão, atestado
ou parecer, por exemplo, não haverá imperatividade.
Classificação dos Atos Administrativos
A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada
• Autoexecutoriedade
à diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse
Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem exe- motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifica-
cutados diretamente pela Administração Pública, por intermédio de ções mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior utilidade
meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a intervenção prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela concomitante
prévia do Poder Judiciário. abordagem nas provas de concursos públicos.
Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do inte-
resse público, típico do regime de direito administrativo, fato que
acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condizente à
rapidez e eficiência.

11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os Exemplo:
atos gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários deter- Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as
minados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que de devidas análises”.
uma forma ou de outra se coloquem em situações concretas que
correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o Regula- e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser atos
mento do Imposto de Renda. simples, complexos e compostos.
• O ato simples decorre da declaração de vontade de apenas
• Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários um órgão da administração pública, pouco importando se esse ór-
individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo que gão é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação de um
será singular quando alcançar um único sujeito determinado e será servidor público pelo Prefeito de um Município, será considerada
plúrimo, quando for designado a uma pluralidade de sujeitos deter- como ato simples singular, ao passo que a decisão de um processo
minados em si. administrativo por órgão colegiado será apenas ato simples cole-
giado.
Exemplo: • O ato complexo é constituído pela manifestação de dois ou
O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em todos os
outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-se: o ato sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto assinado pelo
de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos desti- Presidente da República e referendado pelo Ministro de Estado.
natários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS É importante não confundir ato complexo com procedimento
administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato com-
b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos podem plexo integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de
ser atos vinculados e discricionários. um mesmo ato, ao passo que no procedimento administrativo pra-
• Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administração ticam-se diversos atos intermediários e autônomos para a obtenção
Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que com- de um ato final e principal”.
provados os requisitos legais, a edição do ato se torna obrigatória,
nos parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a construção f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que
de imóvel. este também decorre do resultado da manifestação de vontade de
• Já os discricionários são aqueles em que a Administração dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é o fato de
Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonância que, ao passo que no ato complexo as vontades dos órgãos se unem
para formar um só ato, no ato composto são praticados dois atos,
com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, tomar de-
um principal e outro acessório.
cisões quando e como o ato será praticado, com a definição de seu
conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de sua prática.
Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes Mei-
relles, para quem o ato administrativo composto “é o que resulta da
c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos admi- vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte
nistrativos podem ser atos de império, de gestão e de expediente. de outro, para se tornar exequível”. A mencionada definição, em-
• Atos de império são atos por meio dos quais a Administra- bora seja discutível, vem sendo muito utilizada pelas bancas exa-
ção Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente estatais minadoras na elaboração de questões de provas de concurso pú-
usando o poder de império para impô-los de modo unilateral e co- blico. Isso ocorreu na aplicação da prova para Assistente Jurídico
ercitivo aos seus administrados. Exemplo: interdição de estabeleci- do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que foi considerado correto
mentos comerciais. o seguinte tópico: “Ao ato administrativo cuja prática dependa de
vontade única de um órgão da administração, mas cuja exequibili-
d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos quais dade dependa da verificação de outro órgão, dá-se o nome de ato
a Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas prove- administrativo composto”.
nientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos de admi-
nistração dos bens e serviços públicos e dos atos negociais com os Espécies
particulares. O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos
Quando praticados de forma regular os atos de gestão, passam administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: atos
a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos. normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos e
atos punitivos.
Exemplo:
Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de for- • Atos normativos
ma vinculante entre a administração e o locatário aos termos do Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é es-
contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos. miuçar os procedimentos e comportamentos para a fiel execução
• Já os atos de expediente são tidos como aqueles que im- da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são gerais,
pulsionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante e não possuem destinatários específicos e determinados, e abstratas,
sem forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos processos e versando sobre hipóteses e nunca sobre casos concretos.
papéis que tramitam internamente nos órgãos públicos.
Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos po-
dem ser:
a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa dos
chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar situação
geral ou individual prevista na legislação, englobando também de
forma ampla, o decreto legislativo, cuja competência é privativa das
Casas Legislativas.

12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O decreto é de suma importância no direito brasileiro, moti- Despachos: são atos administrativos eivados de poder decisó-
vo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem ser rio ou apenas de mero expediente praticados em processos admi-
classificados em decreto geral e individual. Vejamos: nistrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo disciplinar,
b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando regras é emitido despacho especifico determinando a oitiva de testemu-
gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a correta apli- nhas.
cação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regulamento do
Imposto de Renda”. • Atos negociais
c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação específi- Também chamados de atos receptícios, são atos administrati-
ca de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua publicação vos de caráter administrativo editados a pedido do particular, com
produz de imediato, efeitos concretos. o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica, bem como a
utilização de bens públicos. Nesse ato, a vontade da Administração
Exemplo: Pública é pertinente com a pretensão do particular. Fazem parte
Decreto que declara a utilidade pública de determinado bem desta categoria, a licença, a permissão, a autorização e a admissão.
para fim de desapropriação. Vejamos:
Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto re- a) Licença: possui algumas características. São elas:
gulamentar, também designado de decreto de execução. A doutrina — Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos
o conceitua como sendo aquele que introduz um regulamento, não legais por parte do particular, o Poder Público deverá editar a li-
permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance possam ir além da- cença;
queles do que é permitido por Lei. — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Admi-
Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre nistração se torna conivente com o exercício da atividade privada
matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. Pon- como um todo;
dera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto autônomo — Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do
admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. 84, VI, “a”, da particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício.
Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional 32/2001,
que predispõe a competência privativa do Presidente da República b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário do-
para dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamen- tado da permissão do exercício de atividades específicas realizadas
to da administração federal, quando não incorrer em aumento de pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determinado bem pú-
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. blico. Exemplo: a permissão para uso de bem público específico.
A permissão é dotada de características essenciais. São elas:
• Atos ordinatórios — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad-
Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem ministração Pública concorda com o exercício da atividade privada,
ser editados no exercício do poder hierárquico, com o fulcro de dis- bem como da utilização de bem público por particulares;
ciplinar as relações internas da Administração Pública. Detalhare- — Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autoridade
mos aqui os principais atos ordinatórios. São eles:as instruções, as administrativa é dotada de liberdade de análise referente à conve-
circulares, os avisos, as portarias, as ordens de serviço, os ofícios e niência e à oportunidade do ato administrativo;
os despachos. — Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui
Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não ape-
autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar a nas de direito subjetivo ao ato.
atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as instru-
ções que ordenam os atos que devem ser usados de forma interna c) Autorização: é detentora de características iguais às da per-
na análise do pedido de utilização de bem público formalizado uni- missão, vindo a constituir ato administrativo discricionário permis-
camente por particular. sionário do exercício de atividade específica pelo particular ou,
Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entretan- ainda, o uso particular de bem público. Da mesma forma que a per-
to, de modo geral se encontram dotadas de menor abrangência. missão, a autorização possui como características: o ato de consen-
Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados por timento estatal, o ato discricionário e o ato constitutivo.
Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos corre-
latos aos respectivos Ministérios. d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado portador
Portarias: são atos administrativos respectivamente editados do reconhecimento do direito ao recebimento de serviço público
por autoridades administrativas, porém, diferentes das do chefe do específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese na qual
Poder Executivo. Exemplo:determinação por meio de portaria de- o particular preencha devidamente os requisitos legais
terminando a instauração de processo disciplinar específico.
Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos ordena- • Atos enunciativos
dores da adoção de conduta específica em circunstâncias especiais. São atos administrativos que expressam opiniões ou, ainda,
Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de obra públi- que certificam fatos no campo da Administração Pública. A doutri-
ca. na reconhece como espécies de atos enunciativos: os pareceres, as
Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se res- certidões, os atestados e o apostilamento. Vejamos:
ponsabilizam pela formalização da comunicação de forma escrita a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expressar
e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem como de a opinião do agente público a respeito de determinada questão de
entidades administrativas como um todo. Exemplo: requisição de ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de processo de
informações necessárias para a defesa do Estado em juízo por meio licenciamento ambiental é apresentado parecer técnico.
de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à Secretaria de Saú- De forma geral, a doutrina pondera a existência de três espé-
de. cies de pareceres. São eles:

13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legislação Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas
para formulação da decisão administrativa. Ao ser elaborado, não aos administrados.
vincula a autoridade competente; Interdições de atividades:são atos que proibitivos ou suspensi-
2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria- vos do exercício de atividades diversas.
mente elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas a Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções
opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autoridade aplicadas pela Administração relacionadas às coisas que colocam a
responsável pela decisão administrativa, que pode contrariar o pa- população em risco.
recer de forma motivada; Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a
3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas à
forma obrigatória contendo teor que vincule a autoridade adminis- coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio, si-
trativa com o dever de acatá-lo. tuação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para mo-
mento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da medi-
b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que possuem da, denota-se que a sua aplicação dependerá da formalização feita
o condão de declarar a existência ou inexistência de atos ou fatos de forma prévia no processo administrativo, situação por intermé-
administrativos. As certidões são atos que retratam a realidade, po- dio da qual, a ampla defesa será postergada para momento ulterior.
rém, não são capazes de criar ou extinguir relações jurídicas. Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcio-
*Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Federal nais, as sanções disciplinares são aplicadas aos servidores públicos
consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fundamentais, e aos administrados possuidores de relação jurídica especial com a
no qual assegura a todo e qualquer cidadão interessado, indepen- Administração Pública, desde que tenha sido constatada a violação
dentemente do pagamento de taxas, “a obtenção de certidões em ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do negócio jurídi-
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de co. Um exemplo disso, é a demissão de servidor público que tenha
situações de interesse pessoal”. cometido falta grave.
*Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas aos
c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às particulares, de modo geral, no exercício do poder de polícia, as
certidões, posto que também declaram a existência ou inexistência sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações de sujei-
de fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com as cer- ção especial de administrados específicos do poder disciplinar da
tidões, uma vez que nas certidões, o agente público utiliza-se do Administração Pública, como é o caso dos servidores e contratados.
ato de emitir declaração sobre ato ou fato constante dos arquivos Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas para o exterior
públicos, ao passo que os atestados se incumbem da tarefa de re- da Administração - as chamadas sanções externas - as sanções dis-
tratar fatos que não constam de forma antecipada dos arquivos da ciplinares são aplicadas no interior da Administração Pública, -as
Administração Pública. denominadas sanções internas.

Extinção do ato administrativo


d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que possuem
Diversas são as causas que causam e determinam a extinção
o objetivo de averbar determinados fatos ou direitos reconhecidos
dos atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento de
pela norma jurídica como um todo. Como exemplo, podemos citar
Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz poderá
o apostilamento, via de regra, feito no verso da última página dos
ser extinto pelos seguintes motivos: cumprimento de seus efeitos,
contratos administrativos, da variação do valor contratual advinda
vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimento do sujeito,
de reajuste previsto no contrato, nos parâmetros do art. 65, § 8.°,
vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do objeto, extinção
da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações.
objetiva; retirada do ato pelo Poder Público e pela renúncia do be-
neficiário.
• Atos punitivos
Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações por
são aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como de in- meio das quais a extinção do ato administrativo ou de seus efeitos
teresses dos administrados que vierem a atuar em desalento com ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato que surtiu
a ordem jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se, de qualquer efeito extintivo sobre o ato anterior. Isso pode ocorrer nas seguintes
forma, o devido respeito à ampla defesa e ao contraditório na edi- situações:
ção de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°, LV, da Constituição
Federal Brasileira, bem como que as sanções administrativas te- Cassação
nham previsão legal expressa cumprindo os ditames do princípio É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descumprido
da legalidade. condições que deveriam permanecer atendidas com o fito de dar
Podemos dividir as sanções em dois grupos: continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de extinção
1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com supe- do ato administrativo, a cassação relaciona-se ao ato que, mesmo
dâneo no poder de polícia, bem como são relacionadas aos particu- sendo legítimo na sua origem e formação, tornou-se ilegal na sua
lares em geral. Exemplo: multa de trânsito. execução. Exemplo: cassação de uma licença para funcionamento
2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com em- de hotel que passou a funcionar ilegalmente como casa de prosti-
basamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às demais tuição.
pessoas que se encontram especialmente vinculadas à Administra-
ção Pública. Exemplo:reprimenda imposta à determinada empresa
contratada pela Administração.
Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exemplos, as
multas, as interdições de atividades, as apreensões ou destruições
de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resumidamente cada
espécie:

14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação de A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou por
um ato administrativo é a preeminente necessidade de sua vincu- provocação do interessado.
lação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma similar. Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no exer-
Desta forma, a Administração Pública não detém o poder de de- cício de função jurisdicional, este apenas poderá anular o ato admi-
monstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos para justificar nistrativo havendo pedido do interessado.
a cassação, estando, desta maneira, limitada ao que houver sido Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela própria
fixado nas referidas leis ou normas similares. Esse entendimento, Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo legal-
em geral, evita que os particulares sejam coagidos a conviver com mente estabelecido. À vista da autonomia administrativa atribuída
extravagante insegurança jurídica, posto que, a qualquer momento de forma igual à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada
a administração estaria apta a propor a cassação do ato adminis- uma dessas esferas tem a possibilidade de, observado o princípio
trativo. da razoabilidade e mediante legislação própria, fixar os prazos para
Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação considerada o exercício da autotutela.
como um ato sancionatório, uma vez que a cassação só poderia ser
proposta contra particulares que tenham sido flagrados pelos agen- Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no
tes de fiscalização em descumprimento às condições de subsistên- âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular os
cia do ato, bem como por ato revisional que implicasse auditoria, atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
acoplando até mesmo questões relativas à intercepção de bases de destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco anos,
dados públicas. contados da data em que foram praticados. Infere-se que como tal
Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos pa- norma não possui caráter nacional, não há impedimentos para a
recidos, porém não são equivalentes, uma vez que a cassação ad- estipulação de prazos diferentes em outras esferas.
vém do não cumprimento ou alteração dos requisitos necessários
para a formação ou manutenção de uma situação jurídica, ao passo Revogação
que a anulação tem parte quando é verificado que o defeito do ato É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela pró-
ocorreu na formação do ato. pria Administração, por motivos de conveniência e oportunidade,
sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por motivações de
Anulação conveniência e oportunidade, sempre relacionadas ao atendimento
É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo motivo do interesse público. Assim, se um ato administrativo legal e per-
de ele ter sido produzido com ausência de conformidade com a lei feito se torna inconveniente ao interesse público, a administração
e com o ordenamento jurídico. A anulação é resultado do controle pública poderá suprimi-lo por meio da revogação.
de legalidade ou legitimidade do ato. O controle de legalidade ou A revogação resulta de um controle de conveniência e oportu-
legitimidade não permite que se aprofunde na análise do mérito do nidade do ato administrativo promovido pela própria Administra-
ato, posto que, se a Administração contiver por objetivo retirar o ção que o editou.
ato por razões de conveniência e oportunidade, deverá, por conse- É fundamental compreender que a revogação somente pode
guinte, revogá-lo, e não o anular.
atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre por que
Diferentemente da revogação, que mantém incidência somen-
quando a administração está à frente do motivo que ordena a prá-
te sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto os atos
tica do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma obrigatória, não
discricionários quanto os vinculados. Isso que é explicado pelo fato
lhe sendo de forma alguma, facultada a possibilidade de analisar a
de que ambos deterem a prerrogativa de conter vícios de legalida-
conveniência e nem mesmo a oportunidade de fazê-lo. Desta ma-
de.
neira, não havendo possibilidade de análise de mérito para a edição
Em relação à competência, a anulação do ato administrativo
do ato, essa abertura passará a não existir para que o ato seja des-
viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo
feito pela revogação.
Poder Judiciário.
Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. Quando
isso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu poder de au- Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a prin-
totutela, devidamente paramentado nas seguintes Súmulas do STF: cípio, a revogação do ato administrativo pode ser realizada a qual-
quer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de certos
limites ao poder de revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di
PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos:
A Administração Pública pode declarar a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a aná-
SÚMULA 346 lise de conveniência e oportunidade;
a nulidade dos seus próprios atos.
b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação não
A Administração pode anular seus pró-
prios atos, quando eivados de vícios retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe seriam
que os tornam ilegais, porque deles próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre quando
não se originam direitos; ou revogá- transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor público,
SÚMULA 473 -los, por motivo de conveniência ou após o gozo do direito, não há como revogar o ato;
oportunidade, respeitados os direitos c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem o
adquiridos, e ressalvada, em todos os praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de autori-
casos, a apreciação judicial. dade superior, hipótese em que a autoridade inferior que o praticou
deixou de ser competente para revogá-lo;
d) Os meros atos administrativos, como certidões, atestados,
Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser in- votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela
vocado para anular o ato administrativo por motivo de ilegalidade, lei;
bem como para revogá-lo por razões de conveniência e oportuni- e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada
dade. novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;

15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado direito Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o ad-
adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF. ministrado poderá ter suas relações com a administração consolida-
das contando com a proteção da segurança jurídica.
Convalidação Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do
É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastando Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendimento
por sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efeitos, inclu- sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma esclareceu:
sive aqueles que foram gerados antes da providência saneadora. “No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei durante
Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex tunc, uma vez dez anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era exatamente
que retroage à data da edição do ato original, mantendo-lhe todos essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a administração
os efeitos. tem cinco anos para concluir e anular o ato administrativo, e não
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua para iniciar o procedimento administrativo. Em cinco anos tem que
razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os estar anulado o ato administrativo, sob pena de incorrer em deca-
efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez, dência (grifo aditado). Eu registro também que é da doutrina do
passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos. Supremo Tribunal Federal o postulado da segurança jurídica e da
Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios proteção da confiança, que são expressões do Estado Democrático
sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos e de Direito, revelando-se impregnados de elevado conteúdo ético,
anuláveis. social e jurídico, projetando sobre as relações jurídicas, inclusive,
À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista foi as de Direito Público. De sorte que é absolutamente insustentável
incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse diapasão, o o fato de que o Poder Público não se submente também a essa
art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública a possibi- consolidação das situações eventualmente antijurídicas pelo de-
lidade de convalidar os atos que apresentarem defeitos sanáveis, curso do tempo.”
levando em conta que tal providência não acarrete lesão ao interes- Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dispõe
se público nem prejuízo a terceiros. Embora tal regra seja destinada de cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro Luiz Fux
à aplicação no âmbito da União, o mesmo entendimento tem sido promoveu maior confiabilidade na relação entre o administrado e
aplicado em todas as esferas, tanto em decorrência da existência de Administração Pública, suprimindo da administração o poder de
dispositivo similar nas leis locais, quanto mediante analogia com a usar abusivamente sua prerrogativa de anulação do ato adminis-
esfera federal e também com fundamento na prevalência doutriná- trativo, o que proporciona maior equilíbrio entre as partes interes-
ria vigente. sadas.
Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru- Em resumo, é de grande importância o posicionamento adota-
dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determina- do pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só tempo,
das lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrência do propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral de conta-
princípio da segurança jurídica.
gem do prazo decadencial.
Decadência Administrativa
O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um direi- PODERES ADMINISTRATIVOS. PODERES: PODER VIN-
to existente, pela falta de seu exercício, no período de tempo deter- CULADO; PODER DISCRICIONÁRIO; PODER HIERÁR-
minado em lei e também pela vontade das próprias partes e, ainda QUICO; PODER DISCIPLINAR; PODER REGULAMENTAR;
no fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu titular, que PODER DE POLÍCIA; USO E ABUSO DE PODER
não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido pela lei.
Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto como
Poder Hierárquico
sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar no prazo
previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede quando a Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autoridade
única forma de expressão do direito coincide conaturalmente com administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de seus
o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício do direito se con- órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e subordi-
funde com o exercício da ação para manifestá-lo”. nação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia.
Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o dis- A estrutura de organização da Administração Pública é baseada
posto legal sobre a decadência do direito de a administração pú- em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição de com-
blica anular seus próprios atos, a partir do momento em que esses petências e a hierarquia.
vierem a gerar efeitos favoráveis a seus destinatários. Vejamos: Em decorrência da amplitude das competências e das res-
Artigo 54. O direito da administração de anular os atos admi- ponsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda a
nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão ou
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distribuição
salvo comprovada má-fé. dessas competências e atribuições entre os diversos órgãos e agen-
§ 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de tes integrantes da Administração Pública.
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de ma-
§ 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer me- neira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali- em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que se
dade do ato.” encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir ordens
O mencionado direito de anulação do ato administrativo decai e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa relação de subor-
no prazo de cinco anos, contados da data em que o ato foi prati- dinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas sequelas, como o
cado. Isso significa que durante esse decurso, o administrado per- dever de obediência dos subordinados, a possibilidade de o imedia-
manecerá submetido a revisões ou anulações do ato administrativo to superior avocar atribuições, bem como a atribuição de rever os
que o beneficia. atos dos agentes subordinados.

16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordinado Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências do
não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, advindas órgão inferior apenas será permitida em caráter excepcional e tem-
de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do art. 116, XII, porário com a prerrogativa de que existam motivos relevantes e im-
da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação funcional de re- preterivelmente justificados.
presentar contra o seu superior caso este venha a agir com ilegali- O superior também pode rever os atos dos seus subordinados,
dade, omissão ou abuso de poder. como consequência do poder hierárquico com o fito de mantê-los,
Registra-se que a delegação de atribuições é uma das mani- convalidá-los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob provocação do
festações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir a interessado. Convalidar significa suprir o vício de um ato adminis-
outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte dos trativo por intermédio de um segundo ato, tornando válido o ato vi-
atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely Lopes ciado. No tocante ao desfazimento do ato administrativo, infere-se
Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete a algu- que pode ocorrer de duas formas:
mas regras, sendo elas: a) Por revogação: no momento em que a manutenção do ato
A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um Po- válido se tornar inconveniente ou inoportuna;
der a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto da b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios.
Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada, que No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre po-
ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a dele- derá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior dos
gar ao Chefe do Executivo a edição de lei. atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutrinários, a
B) É impossível a delegação de atos de natureza política. Exem- revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato não tiver se
plos: o veto e a sanção de lei; tornado definitivo para a Administração Pública e, ainda, se houver
C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determina- sido criado o direito subjetivo para o particular.
da autoridade, não podem ser delegadas;
D) O subordinado não pode recusar a delegação; Observação importante: “revisão” do ato administrativo não
E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida se confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A revisão de
autorização do delegante. ato é condizente à avaliação por parte da autoridade superior em
Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da dele- relação à manutenção ou não de ato que foi praticado por seu su-
gação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabelece os bordinado, no qual o fundamento é o exercício do poder hierárqui-
ditames do processo administrativo federal, estabeleceu as seguin- co. Já na reconsideração, a apreciação relativa à manutenção do
tes regras relacionadas a esse assunto: ato administrativo é realizada pela própria autoridade que confec-
• A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser cionou o ato, não existindo, desta forma, manifestação do poder
delegada se não houver impedimento legal; hierárquico.
• A delegação de competência é sempre exercida de forma par-
cial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu titular não Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente
detém o poder de delegar todas as suas atribuições; à função administrativa e não há hierarquia entre integrantes do
• A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de suas fun-
ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e, ções típicas constitucionais. No entanto, os membros dos Poderes
a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos Judiciário e Legislativo também estão submetidos à relação de hie-
e agentes não subordinados à hierarquia. rarquia no que condiz ao exercício de funções atípicas ou adminis-
trativas. Exemplo: um juiz de Primeira Instância, não é legalmente
Não podem ser objeto de delegação: obrigado a adotar o posicionamento do Presidente do Tribunal no
• A edição de atos de caráter normativo; julgamento de um processo de sua competência, porém, encontra-
• A decisão de recursos administrativos; -se obrigado, por ditames da lei a cumprir ordens daquela autorida-
• As matérias de competência exclusiva do órgão ou autorida- de quando versarem a respeito do horário de funcionamento dos
de; serviços administrativos da sua Vara.
Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação
Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua revo- não se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subordi-
gação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da lei. nação decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito da
Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias e os po- mesma pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de super-
deres transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e visão ou do poder de tutela que a Administração Direta detém so-
os objetivos da delegação e também o recurso devidamente cabível bre as entidades da Administração Indireta.
à matéria que poderá constar a ressalva de exercício da atribuição Esquematizando, temos:
delegada.
O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo pela
autoridade delegante como forma de transferência não definitiva
de atribuições, devendo as decisões adotadas por delegação, men-
cionar de forma clara esta qualidade, que deverá ser considerada
como editada pelo delegado.
No condizente à avocação, afirma-se que se trata de procedi-
mento contrário ao da delegação de competência, vindo a ocor-
rer quando o superior assume ou passa a desenvolver as funções
que eram de seu subordinado. De acordo com a doutrina, a norma
geral, é a possibilidade de avocação pelo superior hierárquico de
qualquer competência do subordinado, ressaltando-se que nesses
casos, a competência a ser avocada não poderá ser privativa do ór-
gão subordinado.

17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Poder conferido à autoridade admi- Em suma, temos:


nistrativa para distribuir e dirimir funções 1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; advém
PODER em escala de seus órgãos, que estabelece do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que possuem vín-
HIERÁRQUICO uma relação de coordenação e subordina- culo específico com a Administração Pública.
ção entre os servidores que estiverem sob 2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; advém
a sua hierarquia. do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam
às regulamentações de polícia administrativa.
A edição de atos de caráter normativo 3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder ge-
NÃO PODEM SER ral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que cometem
A decisão de recursos administrativos
OBJETO crimes ou contravenções penais.
DE DELEGAÇÃO As matérias de competência exclusiva Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o
do órgão ou autoridade poder disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirmação
Por revogação: quando a manutenção deve ser analisada com cuidado no que se refere ao seu alcance
DESFAZIMENTO do ato válido se tornar inconveniente ou como um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina adminis-
DO ATO inoportuna trativa cometer infração, a única opção que restará ao gestor será
ADMINISTRATIVO aplicar á situação a penalidade devidamente prevista na lei, pois, a
Por anulação: quando o ator apresen-
tar vícios aplicação da pena é ato vinculado. Quando existente, a discriciona-
riedade refere-se ao grau da penalidade ou à aplicação correta das
Poder Disciplinar sanções legalmente cabíveis, tendo em vista que no direito adminis-
O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder de trativo não é predominável o princípio da pena específica que se re-
autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalidades aos fere à necessidade de prévia definição em lei da infração funcional
servidores público, bem como às demais pessoas sujeitas à discipli- e da exata sanção cabível.
na administrativa em decorrência de determinado vínculo específi- Em resumo, temos:
co. Assim, somente está sujeito ao poder disciplinar o agente que
possuir vínculo certo e preciso com a Administração, não importan- Poder Disciplinar
do que esse vínculo seja de natureza funcional ou contratual. • Apura infrações e aplica penalidades;
Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar é • Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é
decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de distri- preciso que possua vínculo funcional com a administração;
buição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a uma mes- • A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada de
ma pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico determinar o processo administrativo no qual sejam assegurados o direito ao
cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe for subordinado, contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação para que
o cumprimento destas. Não atendendo o subordinado às determi- seja aplicada a penalidade disciplinar cabível;
nações do seu superior ou descumprindo o dever funcional, o seu • Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre
chefe poderá e deverá aplicar as sanções dispostas no estatuto fun- sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação.
cional.
Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder de Poder regulamentar
alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com o Po- Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, consiste
der Público, a exemplo daqueles contratados para prestar serviços o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes do Po-
à Administração Pública. Nesse sentido, como não existe relação de der Executivo para que venham a editar normas gerais e abstratas
hierarquia entre o particular e a Administração, o pressuposto para destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel regulamento
a aplicação de sanções de forma direta não é o poder hierárqui- e eficaz execução.
co, mas sim o princípio da supremacia do interesse público sobre
A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão po-
o particular.
der regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, asseme-
Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar e
lhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam esta expres-
punir crimes e contravenções penais não se referem ao mesmo
são somente para se referirem à faculdade de editar regulamentos
instituto e não se confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado
somente àqueles que possuem vínculo específico com a Adminis- conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores, a usam com
tração de forma funcional ou contratual, o segundo é exercido so- conceito mais amplo, acoplando também os atos gerais e abstra-
mente sobre qualquer indivíduo que viole as leis penais vigentes. tos que são emitidos por outras autoridades, tais como: resoluções,
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também não portarias, regimentos, deliberações e instruções normativas. Há
se confunde com as penalidades decorrentes do poder disciplinar, ainda uma corrente que entende essas providências gerais e abs-
que, embora ambos possuam natureza administrativa, estas deve- tratas editadas sob os parâmetros e exigências da lei, com o fulcro
rão ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando transtor- de possibilitar-lhe o cumprimento em forma de manifestações do
nos ou pondo em risco a coletividade, pois, no poder de polícia, poder normativo.
denota-se que o vínculo entre a Administração Pública e o adminis- No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, prevalece
trado é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades decorrentes como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássica, que
do poder disciplinar, somente são atingidos os que possuem relação utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir somente à
funcional ou contratual com a Administração. competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo para editar
regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão “poder normati-
vo” para os demais atos normativos emitidos por outras espécies de
autoridades da Administração Direta e Indireta, como por exemplo,
de dirigentes de agências reguladoras e de Ministros.

18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Registra-se que os regulamentos são publicados através de Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei
decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados 9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a investidu-
pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode ser ra no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar no padrão
por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou, ainda, único da classe de Agente, na qual o titular deverá permanecer por
a pela adoção de providências distintas. A título de exemplo desta pelo menos três anos ou até obter o direito à promoção à classe
última situação, pode-se citar um decreto que dá a designação de subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º.
determinado nome a um prédio público. A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos
Em razão de os regulamentos serem editados sob forma con- para que os servidores públicos sejam promovidos. No entanto,
dizente de decreto, é comum serem chamados de decretos regu- o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato que
lamentares, decretos de execução ou regulamentos de execução. abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promoção dos
Podemos classificar os regulamentos em três espécies diferen- servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir com base
tes: em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover perseguições e
A) Regulamento executivo; privilégios. E é por esse motivo que existe a necessidade de regula-
B) Regulamento independente ou autônomo; mentação dos requisitos de promoção, como demonstra o próprio
c) Regulamento autorizado. estatuto dos servidores públicos civis federais em seu art. 10, pará-
Vejamos a composição de cada em deles: grafo único da Lei 8.112/1990.
Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decreto
Regulamento Executivo 8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos e es-
Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições tabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais Rodoviá-
suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por um re- rios Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de “resultado
gulamento para serem executadas. Entretanto, em tese, qualquer satisfatório na avaliação de desempenho no interstício considerado
lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem, até mes- para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. Da mesma forma,
mo aquelas cuja execução não dependa de regulamento. Para isso, a expressão “resultado satisfatório” também é eivada de subjetivi-
suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda conveniente dade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo dispositivo regulamentar
detalhar a sua execução. designou que para o efeito de promoção, seria considerado satisfa-
O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata. Sen- tório o alcance de oitenta por cento das metas estipuladas em ato
do geral pelo fato de não possuir destinatários determinados ou do dirigente máximo do órgão.
determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam nas Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do dirigente
situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre hipóteses máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o estabe-
que, se e no momento em que forem verificadas no mundo con- lecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no condizente
creto, passarão a gerar as consequências abstratamente previstas. à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores para o
Desta forma, podemos afirmar que o regulamento possui conteúdo efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que, diante da
material de lei, porém, com ela não se confunde sob o aspecto for- regulamentação, erigiu a existência de vinculação da autoridade ad-
mal. ministrativa referente ao percentual considerado satisfatório para
O ato de regulamento executivo é constituído por importantes o efeito de promoção dos servidores, critério que inclusive já foi
funções. São elas: uniformizado.
Embora exista uma enorme importância em termos de pratici-
1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa dade, denota-se que os regulamentos de execução gozam de hie-
Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade quan- rarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem jurídica,
do a lei confere ao agente público determinada quantidade de li- criando direitos ou obrigações, nem contrariando, ampliando ou
berdade para o exercício da função administrativa. Tal quantidade e restringindo as disposições da lei regulamentada. São, em resumo,
margem de liberdade termina sendo reduzida quando da editação atos normativos considerados secundários que são editados pelo
de um regulamento executivo que estipula regras de observância Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar a execução dos atos
obrigatória, vindo a determinar a maneira como os agentes devem normativos primários elaborados pelas leis.
proceder no fiel cumprimento da lei. Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executivos à
Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento o exer- lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso Na-
cício da discricionariedade administrativa, o Chefe do Poder Exe- cional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar nos parâme-
cutivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a estabelecer tros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina chama de “veto
autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o espaço para legislativo”, dentro de uma analogia com o veto que o Chefe do Exe-
a discussão de casos e fatos sem importância para a administração cutivo poderá apor aos projetos de lei aprovados pelo Parlamento.
pública. Pondera-se que a aproximação terminológica possui limitações,
uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode ocorrer
2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei em função de o Presidente da República entender que o projeto
É interpretada no contexto da primeira, posto que o regula- de lei é incompatível com a Constituição Federal, que configuraria
mento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente cum- o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse público, que seria
prida, estipula os critérios a serem adotados nessa atividade, fato o veto político. Por sua vez, o veto legislativo só pode ocorrer por
que impede variações significativas nos casos sujeitos à lei aplicada. exorbitância do poder regulamentar, sendo assim, sempre jurídico.
Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos servidores na car- Melhor dizendo, não há como imaginar que o Parlamento venha a
reira de Policial Rodoviário Federal. sustar um decreto regulamentar por entendê-lo contrário ao inte-
resse público, uma vez que tal norma somente deve detalhar como
a lei ao ser elaborada pelo próprio Legislativo, será indubitavelmen-
te cumprida. Destarte, se o Parlamento entende que o decreto edi-
tado dentro do poder regulamentar é contrário ao interesse públi-
co, deverá, por sua vez, revogar a própria lei que lhe dá o sustento.

19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto do
controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente da Chefe do Executivo advém de competência direta da Constituição,
exorbitância do poder regulamentar também está passível de ser ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa sentido, caso
reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do Poder o regulamento não se amolde ao figurino constitucional, caberá,
Executivo no exercício da autotutela. por conseguinte, análise de constitucionalidade pelo Supremo tri-
bunal Federal. Se assim não for, será apenas vício de inconstitucio-
Regulamento independente ou autônomo nalidade reflexa, afastando desta forma, o controle concentrado
Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, tam- em ADI porque, como adverte Carlos Velloso: “é uma questão de
bém adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento exe- opção. Hans Kelsen, no debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou
cutivo, esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, detendo isso claro. E o Supremo Tribunal fez essa opção também no controle
o poder de inovar na ordem jurídica, da mesma maneira que uma difuso, quando estabeleceu que não se conhece de inconstitucio-
lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado nalidade indireta. Não há falar-se em inconstitucionalidade indireta
ato normativo primário porque retira sua força exclusivamente e reflexa. É uma opção da Corte para que não se realize o velho adá-
diretamente da Constituição. gio: ‘muita jurisdição, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387-
A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou a fi- 0/DF, Rel. Min. Marco Aurélio).
gura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto, com Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar
a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi novamente que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a de-
legação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção a
inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.
essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acontece
Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na doutri-
com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a ser ob-
na é no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo
jeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da
que o direito brasileiro permite é a contida no mencionado dispo-
República e ao Advogado
sitivo constitucional, que estabelece a competência do Presidente Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo único
da República para dispor, mediante decreto, sobre organização e do art. 84 da Constituição Federal.
funcionamento da administração federal, isso, quando não implicar
em aumento de despesa nem mesmo criação ou extinção de órgãos Regulamento autorizado ou delegado
públicos. Denota-se que além das espécies anteriores de regulamento
Por oportuno, registarmos que a autorização que está prevista apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também men-
na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que o Presi- ciona a respeito da existência do regulamento autorizado ou dele-
dente da República, mediante decreto, possa extinguir cargos públi- gado.
cos vagos, não se trata de caso de regulamento autônomo. Cuida-se De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário
de uma xucra hipótese de abandono do princípio do paralelismo não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de
das formas. Isso por que em decorrência do princípio da hierarquia forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legislativo,
das normas, se um instituto jurídico for criado por intermédio de aos órgãos administrativos.
determinada espécie normativa, sua extinção apenas poderá ser Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades
veiculada pelo mesmo tipo de ato, ou, ainda, por um de superior técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja
hierarquia. controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a dou-
Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos pa- trina maior tem aceitado que as competências para regular deter-
râmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia extingui- minadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio legislador
-los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretanto, deixando para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do fenômeno da
de lado essa premissa, o legislador constituinte derivado permitiu deslegalização, por meio do qual a normatização sai da esfera da lei
que, estando vago o cargo público, a extinção aconteça por decreto. para a esfera do regulamento autorizado.
Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto autônomo, mas No entanto, o regulamento autorizado não se encontra limita-
nunca um regulamento autônomo, isso posto pelo fato de tal de- do somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na verdade,
creto não gozar de generalidade e abstração, não regulamentando ele busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar normas téc-
determinada matéria. Cuida-se, nesse sentido, de um ato de efeitos nicas não contidas na lei, ato que realiza em decorrência de expres-
sa determinação legal.
concretos, amplamente desprovido de natureza regulamentar.
Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser
De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento
confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque,
executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, desta-
ao passo que este último retira sua força jurídica da Constituição,
ca-se que o decreto autônomo ou regulamento independente, en-
aquele é amplamente dependente de expressa autorização contida
contra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O que justifica na lei. Além disso, também se diverge do decreto de execução por-
a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito entre um decreto que, embora seja um ato normativo secundário que retira sua força
regulamentar e a lei que lhe atende de fundamento vir a configurar jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem jurídica, ao contrá-
ilegalidade, não cabendo o argumento de que o decreto é inconsti- rio do que ocorre com este último no qual sua destinação é apenas
tucional porque exorbitou do poder regulamentar. Assim, havendo a de detalhar a lei para que seja fielmente executada.
agressão direta à Constituição, a lei, com certeza pode ser conside- Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de regu-
rada inconstitucional, mas não o decreto que a regulamenta. Agora, lamento autorizado para matéria reservada à lei, um exemplo disso
em se tratando do decreto autônomo, infere-se que este é norma é a criação de tributos ou da criação de tipos penais, tendo em vista
primária, vindo a fundamentar-se no próprio texto constitucional, que afrontaria o princípio da separação dos Poderes, pelo fato de
de forma a ser possível uma agressão direta à Constituição Federal estar o Executivo substituindo a função do Poder Legislativo.
de 1988, legitimando desta maneira, a instauração de processo de
controle de constitucionalidade. Assim sendo, podemos citar a lição
do Supremo Tribunal Federal:

20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa de- Prescrição
terminação constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública Fe-
admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde que a lei deral, direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação pu-
venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem como os limi- nitiva para apuração da infração e a aplicação da sanção de polícia,
tes da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido que eles têm desde que contados da data da prática do ato ou, em se tratando de
sido adotados com frequência para a fixação de normas técnicas, infração de forma permanente ou continuada, do dia em que tiver
como por exemplo, daquelas condições determinadas pelas agên- cessado (art. 1.º). Entretanto, se o fato objeto da ação punitiva da
cias reguladoras. Administração também for considerado crime, a prescrição deverá
se reger pelo prazo previsto na lei penal em seu art. 1.º, § 2.º.
Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a ação
A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível de execução da administração pública federal relativa a crédito não
fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos e tributário advindo da aplicação de multa por infração à legislação
os regulamentos administrativos ou de organização. em vigor, desde que devidamente contados da constituição defini-
Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos, criam tiva do crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. 1.º-A, com sua
regras ou normas para o exterior da Administração Pública, que redação incluída pela Lei 11.941/2009.
passam a vincular todos os cidadãos de forma geral, como acontece Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possibi-
com as normas inseridas no poder de polícia. No condizente aos
lidade de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre no
regulamentos administrativos ou de organização, denota-se que es-
curso do processo, quando o procedimento administrativo vir a fi-
tes estabelecem normas sobre a organização administrativa ou que
car paralisado por mais de três anos, desde que pendente de des-
se relacionam aos particulares que possuem um vínculo específico
pacho ou julgamento, tendo em vista que os autos serão arquivados
com o Estado, como por exemplo, os concessionários de serviços
públicos ou que possuem um contrato com a Administração. de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem que
De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece haja prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorren-
destaque em relação à distinção entre os mencionados institutos, te da paralisação, se for o caso, nos parâmetros do art. 1.º, § 1.º.
é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referirem à Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da ação
liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação especí- punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no decurso
fica com a Administração, são, por sua vez, elaborados com menor das seguintes hipóteses:
grau de discricionariedade em relação aos regulamentos adminis- A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por
trativos. meio de edital;
Esquematicamente, temos: B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do
fato; pela decisão condenatória recorrível;
C)Por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação
ESPÉCIES DE Regulamentos jurídicos ou normativos
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da
REGULAMENTO
QUANTO AOS Regulamentos administrativos ou de Administração Pública Federal.
DESTINATÁRIOS organização Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de em
determinadas situações específicas, quando o interessado inter-
Poder de Polícia romper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a suspensão
O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Estado do prazo prescricional para aplicação das sanções de polícia, nos
para estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exercício parâmetros do art. 3.º.
de direitos e garantias individuais, tendo sempre em vista o inte- Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei
resse público. 9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e aos
processos e procedimentos de natureza tributária, nos termos do
Limites art. 5.º.
No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim
como todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está Atributos
eivado de limitações legais em relação à competência, à forma, aos Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder de
fins, aos motivos ou ao objeto. polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilida-
Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de po- de. Entretanto, vale explicitar que nem todas essas características
lícia seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de pro- estão presentes de forma simultânea em todos os atos de polícia.
porcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim sendo, a Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada atri-
medida de polícia não poderá ir além do necessário com o fito de buto:
atingir a finalidade pública a que se destina. Imaginemos por exem-
plo, a hipótese de um estabelecimento comercial que somente pos- Discricionariedade
suía licença do poder público para atuar como revenda de roupas, Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em re-
mas que, além dessa atividade, funcionava como atelier de costura. lação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de polí-
Caso os fiscais competentes, na constatação do fato, viessem a in- cia. Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de polícia
terditar todo o estabelecimento, pondera-se que tal medida seria seja a regra, em determinadas situações o exercício do poder de
desproporcional, tendo em vista que, para por fim à irregularidade, polícia é vinculado e por isso, não deixa margem para que a autori-
seria suficiente somente interditar a parte da revenda de roupas.
dade responsável possa executar qualquer tipo de opção.
Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que este-
Como exemplo do mencionado no retro parágrafo, compare-
jam eivados de vícios de legalidade ou que se demostrem despro-
mos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização,
porcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Poder Judici-
ário por meio do controle judicial, ou, pela própria administração respectivamente. Em se tratando do caso do alvará de licença, de-
no exercício da autotutela. preende-se que o ato é vinculado, significando que a licença não

21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
poderá ser negada quando o requerente estiver preenchendo os Coercibilidade
requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de passagem, que isso É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja
ocorre com a licença para dirigir, para construir bem como para imposto ao particular, concordando este, ou não. Em outras termos,
exercer certas profissões, como a de enfermagem, por exemplo. Re- o ato de polícia, como manifestação do ius imperi estatal, não está
ferente à hipótese de alvará de autorização, mesmo o requerente consignado à dependência da concordância do particular para que
atendendo aos requisitos da lei, a Administração Pública poderá ou tenha validade e seja eficaz. Além disso, a coercibilidade é indisso-
não conceder a autorização, posto que esse ato é de natureza dis- ciável da autoexecutoridade, e o ato de polícia só poderá ser autoe-
cricionária e está sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade xecutável pelo fato de ser dotado de força coercitiva.
da autoridade administrativa. É o que ocorre, por exemplo, coma Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida
autorização para porte de arma, bem como para a produção de ma- como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba se
terial bélico. confundindo com a definição dada de exigibilidade que resulta do
desdobramento do atributo da autoexecutoriedade.
Autoexecutoriedade
Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da auto- Poder de polícia originário e poder de polícia delegado
executoriedade consiste na “faculdade de a Administração decidir Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário é
e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos, tendo
intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento comer- como fundamento a própria repartição de competências materiais
cial estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Público e legislativas constante na Constituição Federal Brasileira de 1988.
poderá usar do seu poder para apreendê-los e incinerá-los, sendo Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se que este faz
desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, também, que referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direito pú-
tal fato não impede ao particular, que se sentir prejudicado pelo blico da Administração Indireta, posto que esta delegação deve ser
excesso ou desvio de poder, de buscar o amparo do Poder Judiciário feita por intermédio de lei do ente federativo que possua o poder
para fazer cessar o ato de polícia abusivo. de polícia originário.
Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia Como uma das mais claras manifestações do princípio segun-
são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afirma do o qual o interesse público se sobrepõe ao interesse privado, no
que a autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, sen- exercício do poder de polícia, o Estado impõe aos particulares ações
do elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou mesmo e omissões independentemente das suas vontades. Tal possibilida-
de envolve exercício de atividade típica de Estado, com clara ma-
não estando prevista expressamente em lei, se houver situação de
nifestação de potestade (poder de autoridade). Assim, estão pre-
urgência que demande a execução direta da medida. O que infere
sentes características ínsitas ao regime jurídico de direito público,
que, não sendo cumprido nenhum desses requisitos, o ato de po-
o que tem levado o STF a genericamente negar a possibilidade de
lícia autoexecutado será considerado abusivo. Cite-se como exem-
delegação do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado,
plo, o de ato de polícia que não contém autoexecutoriedade, como
ainda que integrantes da administração indireta (ADI 1717/DF).
o caso de uma autuação por desrespeito à normas sanitárias. Nesse
Esquematizando, temos:
caso específico, se o poder público tiver a pretensão de cobrar o
mencionado valor, não poderá fazê-lo de forma direta, sendo ne-
cessário que promova a execução judicial da dívida. ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA

A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma DISCRICIONARIEDADE AUTOEXECUTORIEDADE COERCIBILIDADE
que alguns autores dividem o atributo da autoexecutoriedade em Liberdade de Faculdade de a
dois, sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) e a execu- escolha da autori- Administração deci- Faz com que
toriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão, a exigibili- dade pública em dir e executar dire- o ato seja imposto
dade ensejaria a possibilidade de a Administração tomar decisões relação à conveni- tamente sua decisão ao particular, con-
executórias, impondo obrigações aos administrados mesmo sem a ência e oportunida- por seus próprios cordando este, ou
concordância destes, e a executoriedade, que consiste na faculdade de do exercício do meios, sem interven- não.
de se executar de forma direta todas essas decisões sem que haja a poder de polícia. ção do Judiciário.
necessidade de intervenção do Poder Judiciário, usando-se, quando
for preciso, do emprego direto da força pública. Imaginemos como Uso e abuso de poder
exemplo, um depósito antigo de carros que esteja ameaçado de De antemão, depreende-se que o exercício de poder acontece
desabar. Nessa situação específica, a Administração pode ordenar de forma legítima quando desempenhado pelo órgão competente,
que o proprietário promova a sua demolição (exigibilidade). E não desde que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem como em
sendo a ordem cumprida, a própria Administração possui o poder atendimento à consecução dos fins públicos.
de mandar seus servidores demolirem o imóvel (executoriedade). No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder,
Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo que venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize para
a exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de meios fins diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afirma-se
indiretos de coação, como a aplicação de multa ou a impossibilida- que houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de poder ocor-
de de licenciamento de veículo enquanto não forem pagas as mul- re tanto por meio de um ato comissivo, quando é feita alguma coisa
tas de trânsito, a executoriedade irá se consubstanciar no uso de que não deveria ser feita, quanto por meio de um ato omissivo, por
meios diretos de coação, como por exemplo dissolução de reunião, meio do qual se deixa de fazer algo que deveria ser feito.
da apreensão de mercadorias, da interdição de estabelecimento e
da demolição de prédio.
Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presente
em todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade,
que apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de lei ou
em situações de urgência.

22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são elas: Depreende-se que alguns autores dividem os servidores públi-
cos em civis e militares. Pelo fato de termos adotado a classificação
• Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que a au- aludida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, trataremos os servidores
toridade atua extrapolando os limites da sua competência. militares como sendo uma categoria à parte, designando-os apenas
• Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando a de militares, e, por conseguinte, usando a expressão servidores pú-
autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, po- blicos para se referir somente aos servidores públicos civis.
rém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária De acordo com as regras e normas pelas quais são regidos, os
ao interesse público como um todo. servidores públicos civis podem ser subdivididos da seguinte ma-
Convém mencionar que o ato praticado com abuso de poder neira:
pode ser devidamente invalidado pela própria Administração por
intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob controle ju- Servidores estatutários: ocupam cargo público e são regidos
dicial. pelo regime estatutário.
Servidores ou empregados públicos: são os servidores contra-
tados sob o regime da CLT e ocupantes de empregos públicos.
SERVIDORES PÚBLICOS: ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO Servidores temporários: são os contratados por determinado
PÚBLICO; NORMAS CONSTITUCIONAIS PERTINENTES; período de tempo com o objetivo de atender à necessidade tempo-
DEVERES E DIREITOS DOS SERVIDORES; RESPONSABI- rária de excepcional interesse público. Exercem funções públicas,
LIDADE DOS SERVIDORES mas não ocupam cargo ou emprego público. São regidos por regime
jurídico especial e disciplinado em lei de cada unidade federativa.
Conceito Servidores militares: antes do advento da EC 19/1998, os mi-
A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu bojo, litares eram tratados como “servidores militares”. Militares são
várias regras de organização do Estado brasileiro, dentre elas, as aqueles que prestam serviços às Forças Armadas como a Marinha,
concernentes à Administração Pública e seus agentes como um o Exército e a Aeronáutica, às Polícias Militares ou aos Corpos de
todo. Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e dos territórios,
A designação “agente público” tem sentido amplo e serve para que estão sob vínculo jurídico estatutário e são remunerados pe-
conceituar qualquer pessoa física exercente de função pública, de los cofres públicos. Por estarem submetidos a um regime jurídico
forma remunerada ou gratuita, de natureza política ou administra- estatutário disciplinado em lei por lei, os militares estão submeti-
tiva, com investidura definitiva ou transitória. dos à regras jurídicas diferentes das aplicadas aos servidores civis
estatutários, justificando, desta forma, o enquadramento em uma
Espécies (classificação) categoria propícia de agentes públicos.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entende que quatro são as ca-
tegorias de agentes públicos: agentes políticos, servidores públicos Destaca-se que a Constituição Federal assegurou aos militares
civis, militares e particulares em colaboração com o serviço público. alguns direitos sociais conferidos aos trabalhadores de forma geral,
são eles: o 13º salário; o salário-família, férias anuais remuneradas
Vejamos cada classificação detalhadamente: com acréscimo ao menos um terço da remuneração normal; licença
à gestante com a duração de 120 dias; licença paternidade e assis-
Agentes políticos tência gratuita aos filhos e demais dependentes desde o nascimen-
Exercem atividades típicas de governo e possuem a incumbên- to até cinco anos de idade em creches e pré-escolas.
cia de propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes públicos. Ademais, os servidores militares estão submetidos por força da
Nesse patamar estão inclusos os chefes do Poder Executivo federal, Constituição Federal a determinadas regras próprias dos servidores
estadual e municipal e de seus auxiliares diretos, quais sejam, os públicos civis, como por exemplo: teto remuneratório, irredutibili-
Ministros e Secretários de Governo e os membros do Poder Legisla- dade de vencimentos, dentre outras peculiaridades.
tivo como Senadores, Deputados e Vereadores. Embora haja tais assimilações, aos militares são aplicadas algu-
De forma geral, os agentes políticos exercem mandato eletivo, mas vedações que constituem direito dos demais agentes públicos,
com exceção dos Ministros e Secretários que são ocupantes de car- como por exemplo, os casos da sindicalização, bem como da greve
gos comissionados, de livre nomeação e exoneração. e, quando estiverem em serviço ativo, da filiação a partidos políti-
Autores como Hely Lopes Meirelles, acabaram por enfatizar de cos.
forma ampla a categoria de agentes políticos, de forma a transpare-
cer que os demais agentes que exercem, com alto grau de autono- Cargo, Emprego e Função Pública
mia, categorias da soberania do Estado em decorrência de previsão Para que haja melhor organização na Administração Pública, os
constitucional, como é o caso dos membros do Ministério Público, servidores públicos são amparados e organizados a partir de qua-
da Magistratura e dos Tribunais de Contas. dros funcionais. Quadro funcional é o acoplado de cargos, empre-
gos e funções públicas de um mesmo ente federado, de uma pessoa
Servidores Públicos Civis jurídica da Administração Indireta de ou de seus órgãos internos.
De forma geral, servidor público são todas as pessoas físicas
que prestadoras de serviços às entidades federativas ou as pessoas Cargo
jurídicas da Administração Indireta em função da relação de traba- O art. 3º do Estatuto dos Servidores Civis da União da Lei
lho que ocupam e com remuneração ou subsídio pagos pelos co- 8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de atribui-
fres públicos, vindo a compor o quadro funcional dessas pessoas ções e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
jurídicas. devem ser cometidas a um servidor”. Via de regra, podemos consi-
derar o cargo como sendo uma posição na estrutura organizacional
da Administração Pública a ser preenchido por um servidor público.
Em geral, os cargos públicos somente podem ser criados, trans-
formados e extinguidos por força de lei.

23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ao Poder Legislativo, caberá, mediante sanção do chefe do Po- No âmbito das pessoas de Direito Público como a União, os
der Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção de Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como em suas au-
cargos, empregos e funções públicas. tarquias e fundações públicas de direito público, levando em conta
Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, a criação não a restauração da redação originária do caput do art. 39 da CF/1988
depende de temos exatos de lei, mas, sim de uma norma que mes- (ADIn 2135 MC/DF), afirma-se que o regime a ser adotado é o esta-
mo possuindo hierarquia de lei, não depende de sanção ou veto do tutário. Entretanto, é plenamente possível a convivência entre o re-
chefe do Executivo. É o que chamamos de Resoluções, que são leis gime estatutário e o celetista relativo aos entes que, anteriormente
sem sanção. à concessão da medida cautelar mencionada, tenham realizado
contratações e admissões no regime de emprego público. No to-
A despeito da criação de cargos, vejamos: cante às pessoas de Direito Privado da Administração Indireta como
a) Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe as empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações
desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”). públicas de direito privado, infere-se que somente é possível a exis-
b) Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do tência de empregados públicos, nos termos legais.
Ministério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respec-
tivos Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação Função Pública
de cargos para o Ministério Público. Função pública também é uma espécie de ocupação de agen-
c) Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou te público. Denota-se que ao lado dos cargos e empregos públicos
transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder existem determinadas atribuições que também são exercidas por
(Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora. servidores públicos, mas no entanto, essas funções não compõem
a lista de atribuições de determinado cargo ou emprego público,
Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se como por exemplo, das funções exercidas por servidores contrata-
estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por dos temporariamente, em razão de excepcional interesse público,
decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver com base no art. 37, IX, da CFB/88.
ocupado, só poderá ser extinto por lei. Esse tipo de servidor ocupa funções temporárias, desempe-
nhando suas funções sem titularizar cargo ou emprego público.
Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve- Além disso, existem funções de chefia, direção e assessoramento
jamos: para as quais o legislador não cria o cargo respectivo, já que serão
Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes exercidas com exclusividade por ocupantes de cargos efetivos, nos
podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em termos do art. 37, V, da CFB/88.
razão do regime de progressão do servidor na carreira.
Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus Observação importante: nos parâmetros do art. 37, V da
titulares. CFB/88, da mesma forma que previsto para os cargos em comissão,
as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições de dire-
Em relação às garantias e características especiais que lhe são ção, chefia e assessoramento.
conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
e comissionados. Vejamos: Regimente Jurídico
Provimento
Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per- Provimento é a forma de ocupação do cargo público pelo ser-
manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es- vidor. Além disso, é um ato administrativo por intermédio do qual
ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público. ocorre o preenchimento de cargo, por conseguinte, atribuindo as
Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art. funções a ele específicas e inerentes a uma determinada pessoa.
37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri- Tanto a doutrina quanto a lei dividem as espécies de provimento de
buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma- cargos públicos em dois grupos. São eles:
neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende Provimento originário: é ato administrativo que designa um
de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu cargo a servidor que antes não integrava o quadro de servidores
ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade daquele órgão, ou seja, o agente está iniciando a carreira pública.
nomeante. O provimento originário é a única forma de nomeação reco-
nhecida pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro, isso, é claro, ressal-
Emprego te-se, dependendo de prévia habilitação em concurso público de
Os empregos públicos são entidades de atribuições com o fito provas ou de provas e títulos, obedecidos, nos termos da lei, a or-
de serem ocupadas por servidores regidos sob o regime da CLT, que dem de classificação e o prazo de sua validade. Destaque-se que o
também chamados de celetistas ou empregados públicos. momento da nomeação configura discricionariedade do adminis-
A diferença entre cargo e emprego público consiste no vínculo trador, na qual devem ser respeitados os prazos do concurso públi-
que liga o servidor ao Estado. Ressalta-se que o vínculo jurídico do co, nos moldes do art. 9° e seguintes da Lei 8112/90, devendo, por
empregado público é de natureza contratual, ao passo que o do ser- conseguinte, ainda ser feita uma análise a respeito dos requisitos
vidor titular de cargo público é de natureza estatutária. para a ocupação do cargo.
Entretanto, uma vez realizada a nomeação do candidato, este
ato não lhe atribui a qualidade de servidor público, mas apenas a
garantia de ocupação do referido cargo. Para que se torne servidor
público, o particular deverá assinar o termo de posse, se submeten-
do a todas as normas estatuárias da instituição.

24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O provimento do cargo ocorre com a nomeação, mas a inves- Destaque-se que, intermédio de promoção, não será possível
tidura no cargo acontece com a posse nos termos do art. 7°da Lei assumir um cargo em outra carreira mais elevada. Como por exem-
8.112/90. plo, ao ser promovido do cargo de técnico do Tribunal para o cargo
De acordo com a Lei Federal, o prazo máximo para a posse é de analista do mesmo órgão. Isso não é possível, uma vez que tal
de 30 (trinta) dias, contados a partir da publicação do ato de pro- situação significaria a possibilidade de mudança de carreira sem a
vimento, nos termos do art. 13, §1°, sendo que, desde haja a devi- realização de concurso público, o que ensejaria a ascensão que foi
da comprovação, a legislação admite que a posse ocorra por meio abolida pela Constituição Federal de 1988.
de procuração específica, conforme disposto no art. 13, §3° da lei
8.112/90. Provimento derivado horizontal: trata-se da readaptação dis-
Havendo a efetivação da posse dentro do prazo legal, o ser- posta no art. 24 da Lei 8112/90. É o aproveitamento do servidor
vidor público federal terá o prazo máximo de 15 (dias) dias para em um novo cargo, em decorrência de uma limitação sofrida por
iniciar a exercer as funções do cargo, nos trâmites do art. 15, §1° este na capacidade física ou mental. Em ocorrendo esta hipótese,
do Estatuto dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das o agente deverá ser readaptado vindo a assumir um novo cargo,
Fundações Públicas Federais, Lei 8112/90, sendo que não sendo no qual as funções sejam compatíveis com as limitações que sofreu
respeitado este prazo, o agente poderá ser exonerado. Vejamos: em sua capacidade laboral, dependendo a verificação desta limita-
ção mediante a apresentação de laudo laboral expedido por junta
Art. 15. § 2º - O servidor será exonerado do cargo ou será tor- médica oficial, que ateste demonstrando detalhadamente a impos-
nado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, sibilidade de o agente se manter no exercício de suas atividades de
se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, ob- trabalho.
servado o disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei n. 9.527, de Na fase de readaptação ficará garantida o recebimento de ven-
cimentos, não podendo haver alteração do subsídio recebido pelo
10.12.97).
servidor em virtude da readaptação.
Ademais, se o candidato for nomeado e não se apresentar para
Observação importante: esta modalidade de provimento deri-
posse, no prazo de determinado por lei, não ocorrerá exoneração,
vado independe da existência de cargo vago na carreira, porque ain-
tendo em vista ainda não havia sido investido na qualidade de ser- da que este não exista, o servidor sempre terá direito de ser readap-
vidor. Assim sendo, o ato de nomeação se torna sem efeito, vindo tado e poderá exercer suas funções no novo cargo como excedente.
a ficar vago o cargo que havia sido ocupado pelo ato de nomeação. Caso não haja nenhum cargo na carreira, com funções compatíveis,
o servidor poderá ser aposentado por invalidez. Para que haja rea-
Provimento Derivado: o cargo público deverá ser entregue a daptação, não há necessidade de a limitação ter ocorrido por causa
um servidor que já tenha uma relação anterior com a Administra- do exercício do labor ou da função. A princípio, independentemen-
ção Pública e que se encontra exercendo funções na carreira em te de culpa, o servidor tem direito a ser readaptado.
que pretende assumir o novo cargo. Denota-se que provimento de-
rivado somente será possível de ser concretizado, se o agente pro- Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servi-
vier de outros cargos na mesma carreira em que houve provimento dor de alguma forma, deixou de atuar no labor das funções de cargo
originário anterior. Não pode haver provimento derivado em outra específico e retorna às suas atividades. Esse provimento pode ocor-
carreira. rer de quatro formas. São elas:
Nesses casos, deverá haver a realização de concurso público
de provas ou de provas e títulos, para que se faça novo provimento a) Reversão: nos termos do art. 25 da Lei 8.112/90, é o retor-
originário. A permissão para que o agente ingresse em nova carreira no do servidor público aposentado ao exercício do cargo público.
por meio de provimento derivado violaria os princípios da isonomia A reversão pode ocorrer por meio da aposentadoria por invalidez,
e da impessoalidade, mediante os benefícios oferecidos de forma quando cessarem os motivos da invalidez. Neste caso, por meio de
defesa. Nesse diapasão, vejamos o que estabelece a súmula vincu- laudo médico oficial, o poder público toma conhecimento de que
lante nº 43 do Supremo Tribunal Federal os motivos que ensejaram a aposentadoria do servidor se tornaram
insubsistentes, do que resulta a obrigatoriedade de retorno do ser-
Súmula 43 do STF: É inconstitucional toda modalidade de pro- vidor ao cargo.
vimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que Também pode ocorrer a reversão do servidor aposentado de
não integra a carreira na qual anteriormente investido. forma voluntária. Dessa maneira, atendidos os requisitos dispostos
em lei, a legislação ordena que havendo interesse da Administração
Pública, que o servidor tenha requerido a reversão, que a aposenta-
Assim sendo, analisaremos as espécies de provimento derivado
doria tenha sido de forma voluntária, que o agente público já tives-
permitidas no ordenamento Jurídico Brasileiro e suas característi-
se, antes, adquirido estabilidade quando no exercício da atividade,
cas específicas. Vejamos:
que a aposentadoria tenha se dado nos cinco anos anteriores à so-
licitação e também que haja cargo vago, no momento da petição
Provimento derivado vertical: é a promoção na carreira ense- de reversão.
jando a garantia de o servidor público ocupar cargos mais altos, na
carreira de ingresso, de forma alternada por antiguidade e mereci- b) Reintegração: trata-se de provimento derivado que requer o
mento. Para que isso ocorra, é necessário que ele tenha ingressado, retorno do servidor público estável ao cargo que ocupava anterior-
mediante aprovação em concurso público no serviço público, bem mente, em decorrência da anulação do ato de demissão.
como mediante assunção de cargo escalonado em carreira. Ocorre a reintegração quando tornada sem validade a demis-
Denota-se que a escolha do servidor a progredir na carreira são do servidor estável por decisão judicial ou administrativa, pon-
deve ser realiza por critérios de antiguidade e merecimento e de derando que o reintegrado terá o direito de ser indenizado por tudo
forma alternada por critérios de antiguidade e merecimento. que deixou de ganhar em consequência da demissão ilegal.

25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
c) Recondução: conforme dispõe o art. 29, da lei 8.112/90, tra- Ressalte-se que a exoneração pode ocorrer a pedido do servi-
ta-se a recondução do retorno do servidor ao cargo anteriormente dor, situação na qual, por vontade do agente público, o vínculo se
ocupado por ele, podendo ocorrer em duas hipóteses: restará desfeito e o cargo vago.
• Inabilitação em estágio probatório relacionado a outro car-
go: quando o servidor público retorna à carreira anterior na qual b) Demissão: será cabível todas as vezes em que o servidor co-
já havia adquirido estabilidade, evitando assim, sua exoneração do meter infração funcional, prevista em lei e será punível com a perda
serviço público. do cargo público. A demissão está disposta na lei 8.112/90 em for-
• Reintegração do anterior ocupante: cuida-se de situação ex- ma de sanção aplicada ao servidor que cometer.
posta, na situação prática apresentada anteriormente, através da Quaisquer das infrações dispostas no art. 132 que são configu-
qual, o servidor público ocupa cargo de outro servidor que é poste- radas como condutas consideradas graves. Em determinados casos,
riormente reintegrado. definidos pelo legislador, a demissão proporá de forma automática
a indisponibilidade dos bens do servidor até que esse faça os de-
Observação importante: A recondução não gera direito à per- vidos ressarcimentos ao erário. Em se tratando de situações mais
cepção de indenização, em nenhuma das duas hipóteses. Assim, o extremas, o legislador vedará por completo a o retorno do servidor
servidor público retornará ao cargo de origem, percebendo a remu- ao serviço público.
neração deste cargo. A penalidade deverá ser por meio de processo administrativo
disciplinar no qual se observe o direito ao contraditório e a ampla
d) Aproveitamento: é retorno do servidor público que se en- defesa.
contra em disponibilidade, para assumir cargo com funções com-
patíveis com as que anteriormente exercia, antes de ter extinto o c) Readaptação: é a de investidura do servidor em cargo de
cargo que antes ocupava. atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
Isso ocorre, por que a Carta Magna prevê que havendo a ex- tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, comprovada em
tinção ou declaração de desnecessidade de determinado cargo pú- inspeção minuciosamente realizada por junta médica oficial do ór-
blico, o servidor público estável ocupante do cargo não deverá ser gão competente.
demitido ou exonerado, mas sim ser removido para a disponibilida- O servidor que for readaptado, assumindo o novo cargo desde
de. Nesses casos, o servidor deixará de exercer as funções de forma que seja com funções compatíveis com sua nova situação, deverá
temporária, mantendo o vínculo com a administração pública. retornar ao cargo anteriormente ocupado. Assim, a readaptação
ensejará o provimento de um cargo e, por conseguinte, a vacância
Destaque-se que não há prazo para o término da disponibilida- de outro, acopladas num só ato.
de, porém, por lei, o servidor tem a garantia de que, surgindo novo
cargo vago compatível com o que ocupava, seu aproveitamento d) Promoção: ocorre no momento em que o servidor público,
será obrigatório. por antiguidade e merecimento, alternadamente, passa a assumir
cargo mais elevado na carreira de ingresso.
Observação importante: o aproveitamento é obrigatório tan-
to para o poder público quanto para o agente. Isso ocorre porque e) Posse em cargo inacumulável: todas as vezes que o servi-
a Administração Pública não pode deixar de executar o aproveita- dor tomar posse em cargo ou emprego público de carreira nova,
mento para nomear novos candidatos, da mesma forma que o ser- mediante aprovação em concurso público de provas ou de provas
vidor não poderá optar por ficar em disponibilidade, vindo a recu- e títulos, de forma que o novo cargo não seja acumulável com o
sar o aproveitamento. primeiro.
Ocorrendo isso, em decorrência da vedação estabelecida pela
Vacância Carta Magna de acumulação de cargos e empregos públicos, será
As situações de vacância são as hipóteses de desocupação do necessária a vacância do cargo anteriormente ocupado. Não fazen-
cargo público. Vacância é o termo utilizado para designar cargo pú- do o servidor a opção, após a concessão de prazo de dez dias, por
blico vago. É um fato administrativo que informa que o cargo públi- conseguinte, o poder público poderá instaurar, nos termos da lei,
co não está provido e poderá preenchido por novo agente. processo administrativo sumário, pugnando na aplicação da penali-
A lei dispõe sete hipóteses de vacância. São elas: dade de demissão do servidor.

a) Aposentadoria: acontece quando mediante ato praticado Efetividade


pela Administração Pública, o servidor público passa para a inati- A efetividade não se confunde com a estabilidade. Ao passo
vidade. No Regime Próprio de Previdência do Servidor Público, a que a estabilidade é a garantia constitucional disposta no art.14,
aposentadoria pode-se dar voluntariamente, compulsoriamente ou que garante a permanência no serviço público outorgada ao servi-
por invalidez, devendo ser aprovada pelo Tribunal de Contas para dor que, no ato de nomeação por concurso público para cargo de
que tenha validade. A aposentadoria pode ocorrer pelas seguintes provimento efetivo, tenha transposto o período de estágio proba-
maneiras: tório e aprovado numa avaliação específica e especial de desempe-
nho, a efetividade é a situação jurídica daquele servidor que ocupa
• Falecimento cargo de provimento efetivo.
Quando se tratar de fato administrativo alheio ao interesse do Os cargos de provimento efetivo são aqueles que só podem ser
servidor ou da Administração Pública, torna inevitavelmente inviá- titularizados por servidores estatutários. Sua nomeação depende
vel a ocupação do cargo. explicitamente da aprovação em concurso público.
Ao ingressar no serviço público, o servidor ao ocupar cargo de
• Exoneração provimento efetivo, já é considerado um servidor efetivo. Entretan-
Acontece sempre que o desfazimento do vínculo com o poder to, o mencionado servidor efetivo só terá garantida sua permanên-
público ocorre por situação prevista em lei, sem penalidades, dan- cia no serviço público, a estabilidade, depois de três anos de exercí-
do fim à relação jurídica funcional que havia tido início com a posse. cio, desde que seja aprovado no estágio probatório.

26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun- Ressalte-se que antes da EC 32/2001, os cargos e as funções
ções públicas só podiam ser extintos por determinação de lei. Entretan-
Via de regra, os cargos públicos apenas podem ser criados, to, a mencionada emenda constitucional alterou a redação do art.
transformados ou extintos por determinação de lei. Cabe ao Poder 84, VI, “b”, da CF, passando a legislar admitindo que o Presidente da
Legislativo, com o sancionamento do chefe do Poder Executivo, dis- República possa extinguir funções ou cargos públicos por meio de
por sobre a criação, transformação e extinção de cargos, empregos decreto, quando estes se encontrarem vagos.
e funções públicas. O resultado disso, é que, ao aplicar o princípio da simetria, a
Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, o processo de consequência é que os Governadores e Prefeitos, se houver seme-
criação não depende apenas de lei, mas sim de uma norma que lhante previsão nas respectivas Constituições Estaduais ou Leis Or-
mesmo apesar de possuir a mesma hierarquia de lei, não está na gânicas, também podem extinguir por decreto funções ou cargos
dependência de deliberação executiva com sanção ou veto do chefe públicos vagos nos Estados, Distrito Federal e Municípios.
do Executivo. Referidas normas, em geral, são chamadas de Reso- Assim sendo, em se restando vagos, os cargos ou funções pú-
luções. blicas, embora sejam criados por lei, poderão ser extintos por lei
Denota-se que é a norma criadora do cargo a responsável pela ou por decreto do chefe do Poder Executivo. Entretanto, se o cargo
denominação, as atribuições e a remuneração correspondentes aos estiver ocupado, só poderá ser extinto através de lei, uma vez que
cargos públicos, nos termos da lei. não se admite a edição de decreto com essa finalidade.
Uma questão de suma relevância, é a iniciativa da lei que cria,
extingue ou transforma cargos. A despeito da criação de cargos, ve- Remuneração
jamos: A Constituição Federal Brasileira aduz no art. 37, inciso X do art.
37, a seguinte redação:
Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe
desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”). X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
trata o § 4.º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados
Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do Minis- por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, as-
tério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respectivos segurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distin-
Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação de ção de índices;
cargos para o Ministério Público.
Infere-se que a alteração mais importante trazida a esse dispo-
Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou sitivo por meio da EC 19/1998, foi a exigência de lei específica para
transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder que seja fixada ou que haja alteração na remuneração em sentido
(Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora. amplo de todos os servidores públicos. Isso significa que cada alte-
ração de remuneração de cargo público deverá ser feita através da
Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se edição de lei ordinária específica para tratar desse assunto.
estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver O termo “subsídio”, o qual o texto do inciso X do art. 3 7 men-
ocupado, só poderá ser extinto por lei. ciona, é um tipo de remuneração inserida em nosso ordenamento
Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve- jurídico através da EC 19/1998, que é de medida obrigatória para
jamos: alguns cargos e facultativa para outros.
Nos parâmetros do § 4.º do art. 39 da Constituição Federal,
o subsídio deverá ser “fixado em parcela única, vedado o acrésci-
Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
mo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
representação ou outra espécie remuneratória”. No estudo desse
razão do regime de progressão do servidor na carreira.
paramento legal, depreende-se que o subsídio é uma espécie remu-
neração em sentido amplo.
Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
Não obstante, a redação do inciso X do art. 3 7 não tenha usado
titulares.
o termo “vencimento”, convém anotar que este é usado com frequ-
ência para indicar a remuneração dos servidores estatutários que
Em relação às garantias e características especiais que lhe são
não percebem subsídio.
conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos; Nesse conceito, os “vencimentos”, também são considerados
e comissionados. Vejamos: um tipo de remuneração em sentido amplo. São compostos pelo
vencimento normal do cargo com o acréscimo das vantagens pecu-
Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per- niárias estabelecidas em lei.
manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es- Portanto, o disposto no inciso X do art. 37 da CFB/88, ao deter-
ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público. minar “a remuneração dos servidores públicos e o subsídio”, está,
em síntese, acoplando as duas espécies remuneratórias, vencimen-
Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art. tos e subsídios que os servidores públicos estatutários podem re-
37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri- ceber.
buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma- Pondera-se que o termo “salário” não é alcançado pelo cita-
neira temporária, em função da confiança depositada pela autori- do dispositivo, posto que este trata-se do nome usado para o pa-
dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende gamento ou quitação de serviços profissionais prestados em uma
de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu relação de emprego quando a mesma é sujeita ao regime traba-
ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade lhista, que é controlado e direcionado pela Consolidação das Leis
nomeante. do Trabalho. Assim sendo, entende-se que os empregados públicos
recebem salário.

27
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Dependerá do cargo conforme o dispositivo de lei que o rege, Esclarece-se que a revisão geral de remuneração e subsídio que
para que a iniciativa privativa das leis que fixem ou alterem as re- o dispositivo constitucional em exame menciona, não é implantada
munerações e subsídios dos servidores públicos. De acordo com a mediante a reestruturação de algumas carreiras, posto que as re-
Constituição, atinente às principais hipóteses de iniciativa de leis estruturações de carreiras não são anuais, nem, tampouco gerais,
que tratem a respeito da remuneração de cargos públicos, pode- pois se limitam a cargos específicos, além de não manterem ligação
mos resumir das seguintes formas: com a perda de valor relativo da moeda nacional. Já a revisão geral,
de forma adversa das reestruturações de carreiras, tem o condão
A iniciativa é privativa do de alcançar todos os servidores públicos estatutários de todos os
CARGO DO PODER Poderes da Federação em que esteja efetuando e deve ocorrer a
Presidente da República
EXECUTIVO FEDERAL cada ano.
(CFB, art. 61, § 1.º, II, “a”);
CARGOS DA CÂMARA a iniciativa é privativa dessa Casa Registre-se que a remuneração do servidor público é submeti-
DOS DEPUTADOS (CFB, art. 51, IV); da aos valores mínimo e máximo.
CARGOS DO SENADO a iniciativa é privativa dessa Casa (CF, Em relação ao valor mínimo, a Carta Magna predispõe aos ser-
FEDERAL art. 52, XIII); vidores públicos a mesma garantia que é dada aos trabalhadores
em geral, qual seja, a de que a remuneração recebida não pode ser
Compete de forma privativa ao Supremo Tribunal Federal, aos inferior ao salário mínimo. No entanto, tal garantia se refere ao total
Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le- da remuneração recebida, e não em relação ao vencimento-base.
gislativo a respectiva remuneração dos seus serviços auxiliares e Sobre o assunto, o STF deixou regulamentado na Súmula Vinculante
dos juízos que lhes forem vinculados, e, ainda a fixação do subsídio 16.
de seus membros e dos Juízes, inclusive dos tribunais inferiores, Ressalta-se que a garantia da percepção do salário mínimo não
onde houver (CF, art. 48, XV, e art. 96, II, ‘b ). foi assegurada pela Constituição Federal aos militares. Para o STF,
Observe-se que a fixação do subsídio dos deputados federais, a obrigação do Estado quanto aos militares está limitada ao forne-
dos senadores, do Presidente e do Vice-Presidente da República e cimento das condições materiais para a correta prestação do ser-
dos Ministros de Estado é da competência exclusiva do Congresso viço militar obrigatório nas Forças Armadas. Para tanto, denota-se
Nacional e não se encontra sujeita à sanção ou veto do Presiden- que os militares são enquadrados em um sistema que não se con-
te da República. Nesse sentido específico, em virtude de previsão funde com o que se aplica aos servidores civis, uma vez que estes
constitucional, a determinação dos aludidos subsídios não é reali- têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios (RE
zada por meio de lei, mas sim por intermédio de Decreto Legislativo 570177/MG).
do Congresso Nacional. Consolidando o entendimento, enfatiza-se que a Suprema Cor-
Nesse sentido, em relação entendimento do Supremo Tribu- te editou a Súmula Vinculante 6, por meio da qual afirma que “não
nal Federal, esse órgão entende que a concessão da revisão geral viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao
anual” a que se refere o inciso X do art. 37 da Constituição deve salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial”.
ser efetivada por intermédio de lei de iniciativa privativa do Poder
Executivo de cada Federação. Referente ao limite máximo, foi estabelecido o teto remune-
O inciso X do art. 37 da Constituição Federal em sua parte final, ratório pelo art. 37, XI, da CF, com redação dada pela EC 41/2003.
garante a” revisão geral anual” da remuneração e do subsídio dos Vejamos:
“servidores públicos” sempre na mesma data e sem distinção de
índices. XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
A Constituição da República em seu texto original, usava os ter- ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
mos “servidor público civil” e “servidor público militar”. No entanto, fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
a partir da aprovação da EC 1811998, estas expressões deixaram Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
de existir e o texto constitucional passou a se referir aos servidores mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos,
civis, apenas como “servidores públicos” e aos servidores militares, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa-
apenas como “militares. mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou-
Também em seu texto original e primitivo, a Constituição Fe- tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie,
deral de 1988 determinava a obrigatoriedade do uso de índices de dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li-
revisão de remuneração idênticos para servidores públicos civis e mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no
para servidores públicos militares (expressões usadas antes da EC Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do
18/1998). Acontece que no atual inciso X do art. 37, que resultou Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no
da EC 1911998, existe referência apenas a “servidores públicos”, o âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do
que leva a entender que o preceito nele contido não pode ser apli- Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen-
cado aos militares, uma vez que estes não se englobam mais como tésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
espécie do gênero “servidores públicos”. Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável
A remuneração dos servidores públicos passa anualmente por este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e
período revisional. Esse ato também faz parte do contido na EC aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
19/1998. nal nº 41, 19.12.2003).
O objetivo da revisão geral anual, ao menos, em tese, possui o
fulcro de recompor o poder de compra da remuneração do servidor,
devido a inflação que normalmente está em alta. Por não se tratar
de aumento real da remuneração ou do subsídio, mas somente de
um aumento nominal, por esse motivo, é denominado, às vezes, de
“aumento impróprio”.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O art. 37, § 11, da CFB/88 também regulamenta o assunto ao Direitos e deveres
afirmar que estão submetidos ao teto a remuneração e o subsídio Adentrando ao tópico dos direitos e deveres dos agentes pú-
dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da adminis- blicos, com o amparo da Lei 8112/90, que dispõe sobre o regime
tração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer jurídico único dos servidores públicos civis da União, das autarquias
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- e das fundações públicas federais, é importante explanar que além
nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes do vencimento - base, a lei prevê que o servidor federal poderá re-
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, ceber vantagens pecuniárias, sendo elas:
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pesso-
ais ou de qualquer outra natureza. Referente às parcelas de caráter Indenizações
indenizatório, estas não serão computadas para efeito de cálculo do Têm como objetivo ressarcir aos servidores em razão de despe-
teto remuneratório. sas que tenham tido por motivo do exercício de suas funções. São
previstos por determinação legal, os seguintes tipos de indeniza-
Perceba que a regra do teto remuneratório também e plena- ções a serem pagas ao servidor federal:
mente aplicável às empresas públicas e às sociedades de economia a) Ajuda de custo: é destinada a compensar as despesas de
mista, e suas subsidiárias, que percebem recursos da União, dos instalação do servidor que, a trabalho em prol do interesse do ser-
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de viço público, passar a laborar em nova sede, isso com mudança de
despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, da CF).No domicílio em caráter permanente.
entanto, se essas entidades não vierem a receber recursos públicos A ajuda de custo também será devida àquele agente que, não
para a quitação de despesas de custeio e de pessoal, seus empre- sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão,
gados não estarão submetidos ao teto remuneratório previsto no com mudança de domicílio. Por outro ângulo, não será concedida
art. 37, XI, da CF. ajuda de custo ao servidor que em virtude de mandato eletivo se
Nos trâmites desse dispositivo constitucional, resta-se existen- afastar do cargo, ou vier a reassumi-lo.
te um teto geral remuneratório que deve ser aplicado a todos os Po- O cálculo pecuniário da ajuda de custo é feito sobre a remune-
deres da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo este, ração do servidor, e não pode exceder a importância corresponden-
o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Além disso, te a três meses de remuneração.
referente a esse teto geral, existem tetos específicos aplicáveis aos Referente a cônjuge ou companheiro do servidor beneficiado
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. pela ajuda de custo que também seja servidor e, a qualquer tempo,
Em se tratando da esfera estadual e distrital, denota-se que a passe a ter exercício na mesma sede do seu cônjuge ou companhei-
remuneração dos servidores públicos não podem exceder o subsí- ro, não é permitido pela legislação que ocorra o pagamento de uma
dio mensal dos Ministros do STF, bem como, ainda, não pode ultra- segunda ajuda de custo.
passar os limites a seguir: Além de receber o valor pago pela ajuda de custo, todas as
Na alçada do Poder Executivo: o subsídio do Governador; despesas de transporte do servidor e de sua família, deverão ser
Na alçada do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Es- arcadas pela Administração Pública, compreendendo passagem,
taduais e Distritais; bagagem e bens pessoais.
Na alçada do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargado- Falecendo o servidor estando lotado na nova sede, sua família,
por conseguinte, fará jus à ajuda de custo bem como de transporte
res do Tribunal de Justiça, limitado este a 90,25% do subsídio dos
para retornar à localidade de origem, no prazo de um ano, contado
Ministros do STF. Infere-se que esse limite também é nos termos da
do óbito.
Lei, aplicável aos membros do Ministério Público, aos Procuradores
Com o fito de evitar enriquecimento sem causa, a lei determina
e aos Defensores Públicos, mesmo que estes não integrem o Poder
que o servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando,
Judiciário.
sem se justificar, não se apresentar na nova sede no prazo de 30
Em relação aos Estados e ao Distrito Federal, a Carta Magna, no
dias.
art. 37, § 12 com redação incluída pela EC 47/2005, facultou a cada
um desses entes fixar, em sua alçada, um limite remuneratório local
Observação importante: O STJ entende que a ajuda de custo
único, sendo ele o subsídio mensal dos Desembargadores do res- somente é devida aos servidores que, no interesse da Administra-
pectivo Tribunal de Justiça que é limitado a 90,25% do subsídio dos ção, forem removidos ex officio, com fundamento no art. 36, pará-
Ministros do STF. Se os Estados ou Distrito Federal desejarem ado- grafo único, I, da Lei 8.112/1990. No entanto, quando a remoção
tar o subteto único, deverão realizar tal tarefa por meio de emenda ocorrer em decorrência de interesse particular do servidor, a ajuda
às respectivas Constituições estaduais ou, ainda, à Lei Orgânica do de custo não é devida. Assim, por exemplo, se o servidor público
Distrito Federal. Entretanto, em consonância com a Constituição Fe- passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em
deral, o limite local único não deve ser aplicado aos subsídios dos caráter permanente, por meio de processo seletivo de remoção,
Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. não terá direito à percepção da verba de ajuda de custo (AgRg no
Finalizando, em relação à esfera municipal, a remuneração dos REsp 1.531.494/SC).
agentes públicos não poder exceder o teto geral e também não
pode exceder o subsídio do Prefeito que cuida-se do subteto mu- Diárias
nicipal. São devidas ao servidor que a serviço, se afastar da sede em
Registre-se ainda, que a Constituição Federal carrega em seu caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacio-
bojo a regra de que “os vencimentos dos cargos do Poder Legislati- nal ou para o Exterior, que também fará jus a passagens destinadas
vo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo a indenizar as despesas extraordinárias com pousada, alimentação
Poder Executivo” (art. 37, XII, da CF). No entanto, esta norma tem e locomoção urbana.
sido de pouca aplicação, pelo fato de possuir conteúdo genérico, ao As diárias são devidas apenas nas hipóteses de deslocamentos
contrário da previsão inserida no art. 37, XI, da CFB/88, que explici- eventuais ou transitórios. Assim, o servidor não fará jus a diárias se
tamente estabelece limites precisos para os tetos remuneratórios. o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo
(art. 58, § 2º).

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Não terá direito a diárias o servidor que se deslocar dentro da VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº
constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, 11.355, de 2006).
ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007).
brasileiros consideram-se estendidas, salvo se houver pernoite fora Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o
da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão
para os afastamentos dentro do território nacional (art. 58, § 3º). relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida
pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da Gratificações
sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas São vantagens pecuniárias que constituem acréscimos de esti-
extraordinárias cobertas por diárias (art. 58, § 1º). pêndio, que acopladas ao vencimento constituem a remuneração
Além disso, o servidor que receber diárias e porventura, não do servidor público.
se afastar da sede, será obrigado a restituí-las em valor integral no Em consonância com o art. 61 da Lei 8.112/1990 depreende-se
prazo de cinco dias. que, além do vencimento e das indenizações, poderão ser deferidas
Da mesma forma, retornando o servidor à sede antes do pre- aos servidores as seguintes retribuições em forma de gratificações
visto, também ficará obrigado a devolver as diárias percebidas em e adicionais:
excesso no prazo de cinco dias. a) Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
sessoramento: “Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
a) Indenização de transporte: é devida ao servidor que no função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
exercício de serviço de interesse público realizar despesas com a em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
utilização de meio próprio de locomoção para a execução de servi- exercício” (art. 62). O valor dessa retribuição será fixado por lei es-
ços externos, por força das atribuições próprias do cargo (art. 60 da pecífica.
Lei 8.112/90). b) Gratificação natalina: equivale ao 13º salário do trabalhador
da iniciativa privada, ou pública sendo calculada à razão de 1/12 da
b) Auxílio - moradia: é o ressarcimento das despesas devida- remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por
mente comprovadas e realizadas pelo servidor público com aluguel mês de exercício no respectivo ano. Para efeito de pagamento da
de moradia ou, ainda com outro meio de hospedagem devidamen- gratificação natalina, a fração igual ou superior a 15 dias de exercí-
te administrado por empresa hoteleira, no decurso do prazo de um cio será considerada como mês integral.
mês após a comprovação da despesa pelo servidor. c) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores
Para fazer jus ao recebimento do auxílio - moradia, o servidor que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo-
deverá atender a alguns requisitos cumulativos previstos na lei (art. cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe-
60-B). Vejamos: riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio - moradia ao servidor se aten- habitualmente colocam em risco a sua vida.
didos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006). d) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor; exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor.
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006). Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de
funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006). trabalho.
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te- (art. 73). No entanto, somente será permitido serviço extraor-
nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi- dinário para atender a situações excepcionais e temporárias, res-
tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, peitado o limite máximo de duas horas por jornada (art. 74).
incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, e) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en-
nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que
Lei nº 11.355, de 2006). exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno,
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra-
auxílio - moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006). balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma
V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu- hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e
par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo - Direção trinta segundos (art. 75).
e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Es- f) Adicional de férias: é garantido pela Constituição Federal e
pecial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº disciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente
11.355, de 2006). de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias,
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função um adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das
de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em re- férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou
lação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído pela assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta-
Lei nº 11.355, de 2006). gem será considerada no cálculo do adicional de férias.
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo in-
ferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº
11.355, de 2006).

30
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
h) Gratificação por encargo de curso ou concurso: é direito Férias
assegurado ao servidor que, em caráter eventual, se encaixar nas De modo geral, podemos afirmar que as férias correspondem
hipóteses do art.76-A, tais como: atuar como instrutor em curso ao direito do servidor a um período de descanso anual remunerado,
de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente por meio do qual, para a maioria dos servidores é de trinta dias.
instituído no âmbito da administração pública federal; participar de Esse direito do servidor está garantido pela Constituição Federal,
banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise porém, a disciplina do seu exercício pelos servidores estatutários
curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de federais está inserida nos arts. 77 a 80 da Lei 8.112/1990.
questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por Normalmente, o servidor fará jus a trinta dias de férias a cada
candidatos; participar da logística de preparação e de realização de ano, que por sua vez, podem ser acumuladas até o máximo de dois
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde- períodos, em se tratando de caso de necessidade do serviço, com
nação, supervisão, incluídas entre as suas atribuições permanentes exceção das hipóteses em que haja legislação específica (art. 77).
e participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame ves- Entretanto, o servidor que opera direta em permanência constante
tibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. com equipamentos de raios X ou substâncias radioativas, terá direi-
Vale a pena registrar que, em tempos remotos, a lei contem- to ao gozo de 20 dias consecutivos de férias semestrais de atividade
plava o pagamento do adicional por tempo de serviço. Entretanto, profissional, sendo proibida em qualquer hipótese a acumulação
o dispositivo legal que previa o mencionado adicional foi revogado. desses períodos (art. 79).
Contemporaneamente, esta vantagem é paga somente aos servido-
res que à época da revogação restavam munidos de direito adquiri- Observação importante: A lei proíbe que seja levada à conta
do à sua percepção. de férias qualquer falta ao serviço (art. 77, § 2º).
Adicionais É interessante salientar que no primeiro período aquisitivo de
Adicionais são formas de remuneração do risco à vida e à saúde
férias serão exigidos 12 meses de exercício (art. 77, § 1º); a partir
dos trabalhadores com caráter transitório, enquanto durar a exposi-
daí os períodos aquisitivos de férias são contados por exercício.
ção aos riscos de trabalho do servidor. No serviço público, podemos
Infere-se que o gozo do período de férias é decisão exclusiva-
resumi-los da seguinte forma:
mente discricionária da administração, que só o fará se compreen-
a) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores der que o pedido atende ao interesse público.
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo- No condizente à remuneração das férias, depreende-se que
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe- esta será acrescida do adicional que corresponda a 1/3 incidente
riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha sobre a remuneração original. Já o pagamento da remuneração de
habitualmente colocam em risco a sua vida. férias, com o acréscimo do adicional, poderá ser efetuado até dois
b) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele dias antes do início do respectivo período do gozo (art. 78).
exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor. Havendo parcelamento de gozo do período de férias, o servidor
Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será receberá o adicional de férias somente após utilizado o primeiro
remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de período (art. 78, § 5º).
trabalho. Caso o servidor seja exonerado do cargo efetivo, ou em comis-
No entanto, somente será permitido serviço extraordinário são, terá o direito de receber indenização relativa ao período das
para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o férias a que tiver direito, bem como ao incompleto, na exata pro-
limite máximo de duas horas por jornada, nos ditames do art.74. porção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou, ainda de
c) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en- fração superior a quatorze dias (art. 78, § 3º). Ocorrendo isso, a
tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que indenização poderá ser calculada com base na remuneração do mês
exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno, em que for publicado o ato exoneratório (art. 78, § 4º).
cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra-
balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma Observação importante: o STJ vem aplicando de forma pacífica
hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e o entendimento de que, ocorrendo vacância, por posse em outro
trinta segundos (art. 75). cargo inacumulável, sem solução de continuidade no tempo de
d) Adicional de férias: é disposto na Constituição Federal e dis- serviço, o direito à fruição das férias não gozadas nem indenizadas
ciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente de transfere-se para o novo cargo, ainda que este último tenha remu-
solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, um neração maior (STJ, 5ª Turma, AgRg no Ag 1008567/DF, Rel. Min.
adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18.09.2008, DJe 20.10.2008).
férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou
assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta-
Via de regra, as férias dos servidores públicos devem ser goza-
gem será considerada no cálculo do adicional de férias.
das sem quaisquer tipos de interrupção. Entretanto, como exceção,
e) Adicional de atividade penosa: será devido aos servidores
a lei estabelece dispositivo que determina que as férias somente
que estejam em exercício de suas funções em zonas de fronteira ou
em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, poderão ser interrompidas nas seguintes hipóteses art. 80 da Lei
condições e limites fixados em regulamento (art. 71). 8112/90:
a) calamidade pública;
Observação importante: O direito ao adicional de insalubrida- b) comoção interna;
de ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos c) convocação para júri, serviço militar ou eleitoral; ou
riscos que deram causa a sua concessão (art. 68, § 2º). d) por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxi-
O servidor que pelas circunstâncias fizer jus aos adicionais de ma do órgão ou entidade.
insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles, não
podendo perceber ditas vantagens cumulativamente (art. 68, § 1º).

31
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Licenças Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con-
São períodos por meio dos quais o servidor tem direito de se cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe-
afastar das suas atividades, com ou sem remuneração, de acordo cífica.
com o tipo de licença. Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até
A Lei 8112/90 prevê várias espécies de licenças, são elas: 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car-
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: go.
I - por motivo de doença em pessoa da família; Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
III - para o serviço militar; partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
IV - para atividade política; de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
V - para capacitação; § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
VI - para tratar de interesses particulares; desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
VII - para desempenho de mandato classista; assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
VIII - para tratamento de saúde; partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
IX - Licença por acidente em serviço (art. 211); Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.
X - Licença à Gestante (art. 207); § 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia se-
XI - Licença à Adotante (art. 210); guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os
XII – Licença Paternidade (art. 208). vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
Nos parâmetros do referido Estatuto, temos a seguinte expla- Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor
nação: poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses,
doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras- para participar de curso de capacitação profissional.
to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao
e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está-
por perícia médica oficial. gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.
servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamen- Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer
te com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.
na forma do disposto no inciso II do art. 44. Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe-
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre-
condições: sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi-
remuneração do servidor;
ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu-
do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e obser-
neração.
vados os seguintes limites:
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois)
partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
servidores;
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta
muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
mil) associados, 4 (quatro) servidores;
um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados,
3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e 8 (oito) servidores.
II do § 2º. § 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, des-
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes de que cadastradas no órgão competente.
condições: § 2º. A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a renovada, no caso de reeleição.
remuneração do servidor; Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu- de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
neração. prejuízo da remuneração a que fizer jus.
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120
partir da data do deferimento da primeira licença concedida. (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re- § 1º . A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § § 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a
3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e partir do parto.
II do § 2º. § 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even-
§ 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta,
também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Po- reassumirá o exercício.
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, § 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora
poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Adminis- terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
tração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá
exercício de atividade compatível com o seu cargo. direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.

32
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis Direito de petição
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra- De acordo com o art. 104 da Lei 8.112/1990, é direito do servi-
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois dor público, requerer junto aos Poderes Públicos, a defesa de direi-
períodos de meia hora. to ou interesse legítimo.
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de O direito de petição pode ser manifestado por intermédio de
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias requerimento, pedido de reconsideração ou de recurso.
de licença remunerada. Nos termos da Lei, o requerimento deverá ser dirigido à auto-
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de ridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente
artigo será de 30 (trinta) dias. (art. 105).
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor Além disso, nos trâmites do art. 106, caberá pedido de reconsi-
acidentado em serviço. deração dirigido à autoridade que houver expedido o ato ou profe-
rido a primeira decisão, não podendo ser renovado.
Observação importante: a licença-prêmio não faz mais parte De acordo com o art. 107 do Estatuto em estudo, caberá re-
do rol dos direitos dos servidores federais e foi suprimida pela Lei curso nas seguintes hipóteses: do indeferimento do pedido de re-
9.527/1997. A licença-prêmio permitia que o servidor, encerrado consideração e das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
cada quinquênio ininterrupto de serviço, pudesse gozar, como prê- terpostos.
mio pela assiduidade de três meses de licença, com a remuneração Nos termos do art. 109, o recurso será dirigido à autoridade
do cargo efetivo. A legislação vigente à época facultava ao servidor imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a
gozar a licença ou contar em dobro o período da licença para efeito decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais auto-
de aposentadoria (o que atualmente não é mais possível, já que ridades, sendo encaminhado por intermédio da autoridade a que
a EC 20/1998 proibiu a contagem de tempo de contribuição fictí- estiver imediatamente subordinado o requerente. Dando continui-
cio para aposentadoria). Entretanto, em análise ao caso específico dade, o recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo
da autoridade competente e em caso de provimento do pedido de
daqueles que adquiriram legitimamente o direito antes da supres-
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à
são legal, o STJ entende pacificamente que “o servidor aposentado
data do ato impugnado, nos parâmetros do art. 109, parágrafo úni-
tem direito à conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada
co da Lei 8112/90.
e contada em dobro, sob pena de enriquecimento sem causa da
O prazo para interposição de recurso ou de pedido de recon-
Administração Pública” (AgRg no AREsp 270.708/RN). sideração é de 30 dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo
interessado, da decisão recorrida (art. 108).
Concessões Já o direito de requerer prescreve, nos termos do art. 110, em
Três são as espécies de concessão: cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposen-
a) Primeira espécie de concessão: permite ao servidor se au- tadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e
sentar do serviço, sem qualquer prejuízo a sua remuneração, nas créditos resultantes das relações de trabalho; em 120 dias, nos de-
seguintes condições (art. 97): por um dia, para doação de sangue; mais casos, exceto quando outro prazo for fixado em lei.
por dois dias, para se alistar como eleitor; por oito dias consecuti-
vos em razão de: casamento; falecimento do cônjuge, companhei- Em relação à prescrição, merece também destaque:
ro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda Art. 112: a prescrição é de ordem pública, não podendo ser re-
ou tutela e irmãos. levada pela administração; o pedido de reconsideração e o recurso,
b) Segunda espécie de concessão: relacionada à concessão de quando cabíveis, interrompem a prescrição (art. 111); o prazo de
horário especial, nas seguintes situações (art. 98): ao servidor estu- prescrição será contado da data da publicação do ato impugnado
dante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário es- ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publi-
colar e o da repartição, sendo exigida a compensação de horário; ao cado (art. 110, parágrafo único da Lei 8112/90).
servidor portador de deficiência, quando comprovada a necessida-
de por junta médica oficial, independentemente de compensação
de horário;ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com
LEI ESTADUAL COMPLEMENTAR Nº 85/2008 E SUAS
deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica ALTERAÇÕES (LEI ORGÂNICA E ESTATUTO DA POLÍCIA
oficial, independentemente da compensação de horário; ao servi- CIVIL DA PARAÍBA)
dor que atue como instrutor em curso instituído no âmbito da ad-
ministração pública federal ou que participe de banca examinadora
de concursos, vinculado à compensação de horário a ser efetivada LEI COMPLEMENTAR Nº 85, DE 12 DE AGOSTO DE 2008
no prazo de até um ano.
Dispõe sobre a Lei Orgânica e o Estatuto da Polícia Civil do
c) Terceira espécie de concessão: cuida dos casos relacionados
Estado da Paraíba, sua organização institucional, suas carreiras, os
à matrícula em instituições de ensino. Por amparo legal, “ao servi-
direitos e as obrigações dos seus integrantes e dá outras provi-
dor estudante que mudar de sede no interesse da administração é
dências.
assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima,
matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época,
independentemente de vaga” (art. 99). Denota-se que esse benefí-
cio se estende também “ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou
enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
menores sob sua guarda, com autorização judicial” (art. 99, pará-
grafo único).

33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
TÍTULO I VII – manutenção da unicidade técnico-científica da investiga-
DA ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL ção policial;
CAPÍTULO I VIII – autonomia de conclusões, desde que fundamentadas do
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES ponto de vista jurídico e técnico-científico;
IX – atuação em equipe estimulada pela cooperação, planeja-
Art. 1º A Polícia Civil do Estado da Paraíba, instituição constan- mento sistêmico, troca dinâmica de informações, compartilhamen-
te do Poder Público Estadual, órgão componente da Secretaria de to de experiências e desburocratização.
Estado da Segurança e da Defesa Social, fundamental ao amparo do Art. 4º São símbolos institucionais da Polícia Civil do Estado da
Estado e do povo, à qual incumbe, com exclusividade, ressalvada a Paraíba seu hino, sua bandeira, seu brasão, o distintivo, as meda-
competência da União, o exercício das funções de polícia judiciária, lhas e botons, segundo modelos estabelecidos em Decreto expedi-
a investigação e a apuração, no território do Estado da Paraíba, das do pelo Governador do Estado.
infrações penais, exceto as militares, cabendo-lhe, ainda, a preser-
vação da ordem, da segurança pública, da incolumidade das pes- CAPÍTULO III
soas e do patrimônio, bem como a execução de outras políticas de DAS FUNÇÕ-ES INSTITUCIONAIS
defesa social.
§ 1º A Polícia Civil do Estado da Paraíba exercerá, privativa- Art. 5º A Polícia Civil do Estado da Paraíba, órgão integrante do
mente, através do Instituto de Polícia Científica, as atividades de Sistema de Segurança Pública do Estado, tem por missão:
criminalística, identificação civil e criminal, medicina e odontologia I – praticar, com exclusividade, todos os atos necessários ao
legal e de laboratório forense, cabendo-lhe o cumprimento de suas
exercício das funções de polícia judiciária e investigatória de caráter
funções institucionais.
criminalístico e criminológico; II – manter a ordem e o respeito aos
§ 2º A Polícia Civil do Estado da Paraíba, nos termos desta Lei
direitos humanos e o combate eficaz à criminalidade e à violência;
Complementar, é dirigida pelo Delegado-Geral de Polícia Civil, goza
III – organizar e executar os serviços de identificação civil e cri-
de autonomia operacional e administrativa e participa, de forma
decisiva, da elaboração da proposta orçamentária, para o cumpri- minal, bem como realizar exames periciais em geral para a compro-
mento de seus encargos institucionais. vação da materialidade da infração penal e de sua autoria;
IV – colaborar com a justiça criminal:
CAPÍTULO II a) fornecendo às autoridades judiciárias as informações neces-
DOS PRINCÍPIOS, DOS PRECEITOS, DOS FUNDAMENTOS E sárias à instrução e ao julgamento dos processos;
DOS SÍMBOLOS b) realizando as diligências fundamentadamente requisitadas
pelo Poder Judiciário, pelo Ministério Público e pelas Comissões
Art. 2º A Polícia Civil do Estado da Paraíba, cujos integrantes, Parlamentares de Inquérito, em razão de procedimento policial ins-
na forma desta Lei Complementar, são identificados como Grupo taurado;
GPC-600, submete-se aos princípios constitucionais da legalidade, c) cumprindo os mandados de prisão expedidos pelas autori-
moralidade, impessoalidade, publicidade e eficiência, que regem a dades
Administração Pública, e subordina-se aos seguintes princípios ins- judiciárias;
titucionais: d) representando pela decretação das prisões preventiva e
I – respeito ao Estado Democrático de Direito; temporária, da busca e apreensão e da interceptação telefônica,
II – garantia e promoção dos direitos e da dignidade da pessoa quando entender necessárias ou úteis à elucidação dos fatos.
humana; Parágrafo único. As funções institucionais da Polícia Civil do Es-
III – obediência à hierarquia e à disciplina; tado
IV – unidade de doutrina e uniformidade de procedimentos da Paraíba são indelegáveis e somente poderão ser exercidas
técnicocientíficos, aplicados à investigação policial; por integrantes de suas carreiras, instituídas nesta Lei Complemen-
V – participação comunitária; tar.
VI – integração, com reciprocidade, com os demais órgãos e
agentes públicos que compõem o sistema de segurança pública. CAPÍTULO IV
Parágrafo único. Considera-se procedimento técnico-científico DAS ATRIBUIÇÕES
toda função de investigação da infração penal, levando-se em conta
seus aspectos de autoria e materialidade, inclusive os atos de escri-
Art. 6º À Polícia Civil do Estado da Paraíba, no exercício de suas
turação em inquérito policial ou quaisquer outros procedimentos,
funções institucionais, além das atribuições ínsitas na legislação pe-
instrumentos e atos oficiais.
nal e processual penal vigente, cumpre:
Art. 3º As funções da Polícia Civil do Estado da Paraíba devem
I – formalizar, com exclusividade, o inquérito policial, o termo
ser exercidas de acordo com os seguintes preceitos:
I – preservação da ordem, repelindo a violência e fazendo ob- circunstanciado de ocorrência e outros procedimentos apuratórios
servar as leis; das infrações administrativas e criminais;
II – respeito à pessoa humana, garantindo a integridade física e II – realizar ações de inteligência destinadas a instrumentar o
moral da população; exercício de polícia judiciária e de apuração de infrações penais, na
III – atuação na defesa civil, prestando permanentes serviços à esfera de sua responsabilidade, observados os direitos e as garan-
comunidade; tias individuais;
IV – impedimento de sentimentos ou animosidades pessoais III – realizar coleta, busca, estatística e análise de dados de in-
que influam nos procedimentos e nas decisões de seus agentes; teresse policial, destinados a orientar o planejamento e a execução
V – exercício da função policial com probidade, discrição e mo- de suas atribuições;
deração; IV – manter atualizados os arquivos sobre mandados de prisão
VI – condução dentro de padrões ético-morais compatíveis e documentos correlatos;
com a instituição que integra e com a sociedade a que serve;

34
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
V – manter, nos inquéritos policiais e nos termos da lei, o sigilo TÍTULO II
necessário à elucidação do fato ou o exigido pelo interesse da DA ESTRUTURA ORGÂNICA DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DA
sociedade; VI – zelar pela ordem e segurança pública, promovendo PARAÍBA
medidas de proteção à sociedade e aos indivíduos ou participando CAPÍTULO I
delas; DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
VII – atender às requisições do Poder Judiciário e do Ministério
Público, cumprir mandado de prisão e de busca e apreensão, bem Art. 7º A Polícia Civil do Estado da Paraíba exercerá suas fun-
como fornecer informações necessárias à instrução do processo cri- ções e atribuições por meio dos órgãos de deliberação coletiva e de
minal nos prazos previamente estabelecidos; direção superior seguintes:
VIII – organizar e manter cadastro atualizado de pessoas procu- I – Delegacia-Geral da Polícia Civil do Estado da Paraíba;
radas, suspeitas ou indiciadas pela prática de infrações penais e as II – Instituto de Polícia Científica;
que cumprem pena no sistema penitenciário estadual; III – Conselho Superior de Polícia Civil do Estado da Paraíba.
IX – manter o serviço de estatística, de maneira a fornecer in- Parágrafo único. O detalhamento da estrutura operacional e
formações precisas e atualizadas sobre o índice de criminalidade; as atribuições dos dirigentes, além das vinculações funcionais das
X – fiscalizar áreas públicas ou privadas sujeitas à fiscalização unidades operacionais que os compõem serão estabelecidos em le-
do poder de polícia; gislação específica, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias.
XI – adotar as providências necessárias para preservar os ves-
tígios e CAPÍTULO II
provas das infrações penais, colhendo, resguardando e inter- DA DELEGACIA-GERAL DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DA
pretando indícios ou provas de sua autoria; PARAÍBA
XII – estabelecer intercâmbio permanente com entidades ou
órgãos públicos ou privados que atuem em áreas afins, para obten- Art. 8º A Delegacia-Geral da Polícia Civil do Estado da Paraíba
ção de elementos técnicos especializados necessários ao desempe- – DEGEPOL é dirigida pelo Delegado-Geral da Polícia Civil do Estado
nho de suas funções; da Paraíba, escolhido dentre os Delegados de Polícia de classe es-
XIII – atuar no recrutamento e seleção, promover a formação, pecial, em efetivo exercício, nomeado pelo Governador do Estado.
o aperfeiçoamento e o desenvolvimento profissional e cultural dos Parágrafo único. O Delegado-Geral da Polícia Civil do Estado da
policiais civis, observadas as políticas, as diretrizes e as normas de Paraíba será substituído, automaticamente, em seus afastamentos,
gestão dos recursos humanos do Poder Executivo; ausências e impedimentos eventuais, pelo Delegado-Geral Adjunto
XIV – definir princípios doutrinários e técnicas que visem a pro- da Polícia Civil do Estado da Paraíba.
mover a segurança pública por meio da ação policial eficiente; Art. 9º À Delegacia-Geral, além de outras atribuições, compete:
XV – desenvolver o ensino, as pesquisas e os estudos perma- I – o planejamento, a supervisão, a coordenação, o controle e
a fiscalização do exercício das funções da Polícia Civil do Estado da
nentes para garantir a melhoria das ações de preservação da ordem
Paraíba, garantindo, inclusive, a eficácia de seus fundamentos e dos
pública e repressão dos ilícitos penais;
princípios institucionais;
XVI – apoiar e cooperar, de forma integrada, com os órgãos mu-
II – a movimentação livre dos integrantes das carreiras policiais
nicipais, estaduais e federais de segurança pública, de maneira a
dentro das unidades que lhe são subordinadas;
garantir a eficácia de suas atividades;
III – a aprovação da escala de férias dos servidores do Grupo
XVII – realizar ações de inteligência destinadas à prevenção cri-
GPC-600;
minal e a instrumentalizar o exercício da polícia judiciária e a preser-
IV – a decisão, em último grau de recurso, sobre a instauração
vação da ordem e da segurança pública, na esfera de sua atribuição;
de inquérito policial e de outros procedimentos formais;
XVIII – participar, com reciprocidade, dos sistemas integrados V – a avocação e redistribuição, excepcional e fundamentada-
de informações relativas aos bancos de registro de dados dispo- mente, de inquéritos policiais e outros procedimentos, instrumen-
níveis nos órgãos públicos municipais, estaduais e federais, bem tos e atos oficiais;
como naqueles situados no âmbito da iniciativa privada de interes- VI – a determinação de instauração de sindicâncias e de proces-
se institucional e com vistas à manutenção da ordem e da seguran- sos administrativos em torno de denúncias que envolvam integran-
ça pública; tes do Grupo GPC-600;
XIX – organizar e executar serviços de identificação civil e cri- VII – a determinação, quando entender necessário, do afasta-
minal; mento preventivo e o recolhimento da carteira funcional, armas,
XX – manter intercâmbio operacional e cooperação técnico- algemas outros objetos do acervo da SEDS,
-científica de servidores do Grupo GPC-600, que se encontrem respon-
com outras instituições policiais, para cumprimento de diligên- dendo a processo criminal e aos procedimentos administrativos
cias destinadas à investigação de infrações penais, à instrução de mencionados no inciso VI deste artigo;
inquéritos policiais e de outros procedimentos, instrumentos ou VIII – o auxílio, imediata e diretamente, ao Secretário de Estado
atos oficiais; da Segurança e da Defesa Social, nos assuntos de atribuição da Po-
XXI – organizar, executar e manter serviços de estudo, análise, lícia Civil do Estado da Paraíba;
estatística e pesquisa policial sobre a criminalidade e a violên- IX – a autorização das indicações nominais de bolsistas às insti-
cia, inclusive mediante convênio com órgãos congêneres e entida- tuições que promovam cursos, seminários e outras atividades con-
des de ensino superior; gêneres de interesse da Polícia Civil do Estado da Paraíba;
XXII – realizar diligências policiais para cumprimento do exercí- X – o exercício dos demais atos necessários à eficácia adminis-
cio de polícia judiciária; trativa da Polícia Civil do Estado da Paraíba.
XXIII – exercer, além das atribuições previstas nesta Lei Com-
plementar, outras atribuições que lhe sejam conferidas em leis e ou
regulamentos afins.

35
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO ÚNICA I – coordenar, planejar e executar, através de suas unidades
DAS DELEGACIAS DE POLÍCIA operacionais, os exames periciais em geral para a comprovação da
materialização da infração penal e de sua autoria;
Art. 10. As Delegacias de Polícia, unidades operacionais regio- II – organizar e executar os serviços de identificação civil e cri-
nalizadas integrantes da Delegacia-Geral, com sede e circunscrição minal;
definidas em ato do Governador, têm por finalidade promover a III – colaborar com o Sistema Nacional de Segurança Pública,
apuração das infrações penais, a repressão da criminalidade, bem o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública, por
como outros fins cominados em lei. intermédio de suas gerências executivas;
Art. 11. As Delegacias são identificadas como Delegacias Re- IV – promover a informatização para o perfeito funcionamento
gionais, Delegacias Especializadas, Delegacias Distritais e Delegacias de suas unidades operacionais;
Municipais e serão definidas com base nos seguintes fundamentos: V – articular-se com a Academia de Ensino de Polícia, para pro-
I – atribuição para funcionar em todos os delitos ocorridos na piciar a formação, a capacitação e a atualização dos integrantes das
área de sua circunscrição; carreiras que atuam sob sua subordinação, no que se refere ao co-
II – exercício da atividade em uma base territorial e comunitá- nhecimento técnico-científico;
ria; VI – contribuir na elaboração e na atualização periódica do Re-
III – atuação sob a coordenação, a supervisão e o apoio da De- gulamento das Atividades Cartorárias, Administrativas e Operacio-
legacia- Geral de Polícia Civil do Estado da Paraíba, a qual estará nais da Polícia Civil do Estado da Paraíba;
dinamicamente articulada por metodologias de gestão de informa- VII – realizar pesquisas no campo das ciências forenses e am-
ções; pliá-las, a fim de aperfeiçoar técnicas preconizadas e criar novos
IV – consecução de suas atribuições sob padrões normalizados métodos de trabalho, consentâneos com o desenvolvimento tecno-
de atendimento, visando à eficácia de todo ato investigativo; lógico e científico;
V – integração comunitária; VIII – realizar perícias laboratoriais relativas a infrações penais
VI – integração e atuação harmônica com os demais órgãos, nas áreas de biologia, bioquímica, física, identificação, genética,
unidades e agentes do sistema policial, de defesa social e de justiça química, toxicologia, dentre outras ciências correlatas, sempre no
criminal. interesse da atividade forense;
Art. 12. As Delegacias de Polícia serão dirigidas por Delegados IX – promover conferências, debates e seminários sobre assun-
de polícia da seguinte forma: tos de interesse da sua área de atuação e promover a publicação de
I – Delegacias Regionais e Especializadas da Capital, por Delega- trabalhos, estudos e pesquisas realizadas;
dos de primeira classe e de classe especial; X – realizar exames de DNA exclusivamente para fins de investi-
II – Delegacias Distritais da Capital, por Delegados de primeira gação criminal e instrução processual penal;
e de segunda classes, como plantonista; XI – realizar pesquisas no campo da criminalística e perícias
III – Delegacias de Polícia Especializadas e Distritais do Interior, criminais, com exclusividade, em locais de crimes, em materiais,
por Delegado de Polícia de segunda ou de terceira classes, como objetos, veículos, bem como identificação de pessoas na área de
adjunto; criminalística, dentre outras, visando a obter a materialidade, a
IV – Delegacias de Polícia Municipais, sedes de Comarca, por qualificação da infração penal, a dinâmica e a autoria dos delitos;
Delegado de Polícia de segunda ou de terceira classes; XII – ampliar o campo de pesquisas, a fim de aperfeiçoar técni-
V – Delegacias de Polícia Municipais, por Delegado de Polícia cas preconizadas e criar novos métodos de trabalho, consentâneos
de terceira classe. com o desenvolvimento tecnológico e científico;
§ 1º Na falta de Delegados de Polícia, nos níveis acima defini- XIII – manter intercâmbio com outros órgãos congêneres do
dos, ou por interesse do serviço público, o Delegado-Geral da Polí- país, com entidades e universidades, a fim de aperfeiçoar conheci-
cia Civil do Estado da Paraíba poderá designar, para responder pela mentos específicos nas suas áreas de atuação;
direção das referidas unidades operacionais, Delegado de Polícia de XIV – realizar perícias, pesquisas e estudos de atividades cientí-
menor nível hierárquico, desde que objetivamente demonstrada a ficas no campo da medicina legal e odontologia legal;
necessidade. XV – promover a atualização, a ampliação e o desdobramento
§ 2º Ao Delegado de Polícia, é vedado recusar a designação das funções no campo papiloscópico sempre que a estrutura jurídi-
para dirigir unidade policial correspondente à sua classe hierárqui- ca e a comunidade o exigirem;
ca, salvo por justa causa, após pronunciamento do Conselho Supe- XVI – manter equipamentos e tecnologias de apoio à investiga-
rior da Polícia Civil do Estado da Paraíba, e submetido à aprovação ção dos aspectos subjetivos e objetivos das infrações penais;
do Secretário de Estado da Segurança e da Defesa Social. XVII – manter a estrutura física e analítica do arquivo datiloscó-
pico e outros meios ou tecnologias de identificação civil e criminal
CAPÍTULO III de pessoas.
DO INSTITUTO DE POLÍCIA CIENTÍFICA
CAPÍTULO IV
Art. 13. O Instituto de Polícia Científica – IPC, órgão da Polícia DO CONSELHO SUPERIOR DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DA
Civil do Estado da Paraíba, subordinado administrativamente ao PARAÍBA
titular da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social –
SEDS, vinculado operacionalmente à Delegacia-Geral da Polícia Civil Art. 15. O Conselho Superior da Polícia Civil do Estado da Paraí-
do Estado da Paraíba, é dirigido pelo Diretor-Geral do Instituto de ba, órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa, tem por
Polícia Científica, nomeado pelo Governador do Estado. finalidade fiscalizar a atuação da Polícia Civil do Estado da Paraíba,
Parágrafo único. O Diretor-Geral do Instituto de Polícia Cien- zelando pela obediência aos seus princípios e funções institucio-
tífica deverá ser ocupado por Perito Oficial Criminal, Perito Oficial nais, ao cumprimento e à execução de suas atribuições.
Médico-Legal, Perito Oficial Odonto- Legal ou Perito Oficial Quími- Art. 16. O Conselho Superior da Polícia Civil do Estado da Pa-
co-Legal de Classe Especial em efetivo exercício. Art. 14. Ao Instituto raíba, presidido pelo Delegado-Geral da Polícia Civil do Estado da
de Polícia Científica, compete: Paraíba, é integrado por:

36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I – Gerente Executivo de Polícia Metropolitana da Capital; § 1º O Conselho Superior da Polícia Civil do Estado da Paraíba
II – Gerente Executivo de Polícia do Interior; reunirse- á, ordinariamente, uma vez por mês e, extraordinaria-
III – Gerente Executivo de Inteligência da Polícia Civil do Estado mente, por convocação de seu Presidente ou da maioria dos mem-
da Paraíba; bros, conforme dispuser seu Regimento Interno.
IV – Corregedor de Polícia Civil do Estado da Paraíba; § 2º O quorum para deliberação do Conselho não será inferior
V – 02 (dois) membros da Polícia Civil do Estado da Paraíba em a 03 (três) de seus membros, devendo suas decisões, salvo disposi-
efetivo exercício e preferencialmente de classe especial sendo 01 tivo legal em contrário, serem aprovadas por maioria dos presentes.
(um) Delegado de Polícia e 01 (um) Perito Oficial, indicados pelo § 3º O Regimento do Conselho Superior da Polícia Civil do Esta-
Sindicato da Categoria; do da Paraíba disporá sobre o seu funcionamento, a designação de
VI – Diretor-Geral do Instituto de Polícia Científica; seus membros efetivos e suplentes e demais regras de realização de
VII – Diretor da Academia de Ensino de Polícia. suas reuniões e aprovação de suas deliberações.
Parágrafo único. Os membros referidos nos incisos VI e VII so- § 4º Os integrantes do Conselho Superior da Polícia Civil do Es-
mente serão convocados pelo Presidente do Conselho para as re- tado da Paraíba não receberão qualquer remuneração pela partici-
uniões em que forem deliberadas matérias relacionadas às suas pação no colegiado.
atribuições.
Art. 17. Ao Conselho Superior da Polícia Civil do Estado da Pa- TÍTULO III
raíba, além de outras atribuições, compete: DO REGIME JURÍDICO DOS INTEGRANTES DA POLÍCIA CIVIL
I – propor medidas para o aprimoramento técnico, para a pa- DO ESTADO DA PARAÍBA
dronização de procedimentos formais e para a utilização de novas CAPÍTULO I
técnicas, visando ao desenvolvimento e à eficiência das ações po- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
liciais; SEÇÃO I
II – propor o aumento de vagas nos cargos das carreiras que DA ABRANGÊNCIA
compõem o Grupo GPC-600, bem como a revisão de normas legais
aplicáveis a seus integrantes; Art. 18. São abrangidos pelo regime jurídico peculiar de que
III – pronunciar-se sobre o estabelecimento de regras e instru- trata esta Lei Complementar os servidores investidos em cargos efe-
ções para realização de concursos públicos de ingresso na Polícia tivos integrantes de carreiras que compõem a Polícia Civil do Estado
Civil do Estado da Paraíba; da Paraíba.
IV – decidir, em segunda instância e pelo voto mínimo de 2/3 Parágrafo único. Os integrantes das carreiras da Polícia Civil do
(dois terços) de seus membros, nos recursos contra decisões das Estado da Paraíba ficam submetidos a esta Lei Complementar e,
comissões permanentes de avaliação, relativamente à classificação subsidiariamente, ao Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis
para promoção e aos resultados de avaliações de desempenho dos do Estado.
integrantes da Polícia Civil do Estado da Paraíba; Art. 19. As categorias funcionais do Grupo Polícia Civil do Esta-
V – aprovar proposições e deliberar sobre outorga de honra- do da Paraíba, abrangidas por esta Lei Complementar, integram as
rias, bem como decidir sobre a concessão de condecorações em seguintes carreiras:
geral, recompensas e outras comendas para expressar o reconheci- I – Categoria Especial: Delegado de Polícia Civil;
mento de desempenhos elogiosos do Policial civil; II – Categoria de Polícia Científica: Perito Oficial Criminal, Perito
VI – pronunciar-se sobre propostas de criação, instalação ou Oficial Médico-Legal, Perito Oficial Odonto-Legal e Perito Químico-
desativação de unidades operacionais da Polícia Civil do Estado da -Legal;
Paraíba; III – Categoria de Polícia Investigativa: Agente de Investigação e
VII – deliberar, por meio de voto, nas proposições de promoção Escrivão de Polícia Civil;
de integrantes da Polícia Civil do Estado da Paraíba, por merecimen- IV – Categoria de Apoio Técnico: Técnico em Perícia, Papilosco-
pista e Necrotomista;
to ou ato de bravura;
V – Categoria de Apoio Policial: Motorista Policial.
VIII – manifestar-se nos pedidos de reabilitação de sanções ad-
Parágrafo único. Aos ocupantes de cargos das carreiras da Polí-
ministrativas aplicadas por atos ou omissões no exercício da função
cia Civil do Estado da Paraíba, serão conferidas, com exclusividade,
policial;
atribuições de polícia judiciária, de investigação e apuração das in-
IX – prestar consultoria, quando solicitado, em assuntos de se-
frações penais, em seus aspectos de autoria e materialidade, inclu-
gurança pública e de organização e atuação da Polícia Civil do Esta-
sive os atos de formalização em inquérito policial, laudos periciais
do da Paraíba;
ou quaisquer outros procedimentos, instrumentos e atos oficiais,
X – deliberar sobre assentamentos de certificações de titula-
tendo por objetivo promover e garantir a eficácia dos princípios e
ções acadêmicas obtidas por servidores da Polícia Civil do Estado fundamentos da Polícia Civil do Estado da Paraíba, suas atribuições
da Paraíba em outras instituições de ensino, para fins de evolução legais e constitucionais, bem como preservar a ordem e segurança
funcional na carreira; pública.
XI – encaminhar listas de promoção por antiguidade e mereci-
mento para serem submetidas aos Secretários de Estado da Segu- SEÇÃO II
rança e da Defesa Social e da Administração, para homologação e DA HIERARQUIA E DISCIPLINA
concessão da promoção;
XII – deliberar, por iniciativa do seu Presidente ou de 1/4 (um Art. 20. A função policial civil, fundada na hierarquia e na disci-
quarto) de seus membros, sobre assunto relevante de interesse ins- plina, é incompatível com qualquer outra atividade, salvo as exce-
titucional ou das carreiras integrantes da Polícia Civil do Estado da ções previstas na legislação.
Paraíba; Parágrafo único. Independentemente de carreira, classe ou
XIII – elaborar o Regimento Interno do Conselho para aprova- grau da evolução profissional, o regime hierárquico não autoriza
ção por ato do Secretário de Estado da Segurança e da Defesa So- qualquer violação de consciência e de convencimento técnico e
cial. científico fundamentado.

37
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 21. A disciplina é o valor que agrega atitude de fidelida- ministração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da data
de profissional às disposições legais e às determinações técnicas e de sua publicação, prorrogável por igual período, a requerimento
científicas fundamentadas e emanadas da autoridade competente. do interessado.
Parágrafo único. Será tornado sem efeito o ato de provimento,
SEÇÃO III se a posse não ocorrer no prazo previsto neste artigo.
DO REGIME DE TRABALHO Art. 27. A autoridade que der posse deverá verificar, sob pena
de ser pessoalmente responsabilizada, se foram satisfeitas todas as
Art. 22. Os ocupantes dos cargos compreendidos no Grupo condições estabelecidas nesta Lei Complementar e em legislação
Ocupacional Polícia Civil estão sujeitos ao regime de trabalho de correlata, para a investidura no cargo de carreira da Polícia Civil do
40 (quarenta) horas semanais, de segunda-feira à sexta-feira, em Estado da Paraíba.
02 (dois) turnos. Art. 28. No ato da posse, o candidato nomeado deverá compro-
§ 1º Poderá haver redução para 06 (seis) horas diárias ininter- var o atendimento de todos os requisitos exigidos para a investidura
ruptas, de acordo com a necessidade do serviço. no cargo e apresentar, também, os seguintes comprovantes:
§ 2º O regime de trabalho definido no caput desse artigo não I – declaração de bens e valores que constituem o patrimônio
se aplica aos servidores policiais em Regime de Plantão, que deverá individual e familiar, incluídos o cônjuge e os filhos;
ser de 24 (vinte e quatro) horas de trabalho por 72 (setenta e duas) II – declaração de que não exerce outro cargo, emprego ou fun-
horas de descanso. ção pública, salvo as exceções previstas na Constituição Federal;
Art. 23. O Delegado-Geral da Polícia Civil do Estado da Paraí- III – prova, quando for o caso, de que requereu exoneração,
ba, fundamentadamente, poderá estabelecer horário diferenciado rescisão do contrato de trabalho ou dispensa do cargo, emprego ou
para o cumprimento da jornada de trabalho dos servidores da Po- função pública que vinha exercendo.
lícia Civil do Estado da Paraíba, em razão das peculiaridades, condi- Parágrafo único. A efetivação da posse dependerá de prévia
ções especiais da atividade ou para freqüência a cursos de aprimo- inspeção médica oficial para aferir a aptidão física e mental exigida.
ramento profissional e estudos. Art. 29. A investidura se dará na classe inicial do cargo integran-
Parágrafo único. O regime especial de trabalho impõe aos inte- te de carreira da Polícia Civil do Estado da Paraíba e para o qual o
grantes da Polícia Civil do Estado da Paraíba a dedicação exclusiva candidato nomeado se habilitou em concurso público.
às suas funções e atribuições, com observância dos horários prees- Art. 30. Dentro do prazo de até 15 (quinze) dias, o servidor em-
tabelecidos e atendimento prioritário aos trabalhos da instituição, possado entrará no exercício das atribuições do cargo, em órgão ou
a qualquer hora, mediante requisição da autoridade competente. unidade da Polícia Civil do Estado da Paraíba para o qual for desig-
nado.
CAPÍTULO II Parágrafo único. Compete ao Delegado-Geral da Polícia Civil do
DO PROVIMENTO Estado da Paraíba editar o ato fixando o exercício do servidor.
SEÇÃO I
SUBSEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
DO CONCURSO PÚBLICO
Art. 24. São requisitos básicos para a investidura em cargos da
Art. 31. A habilitação de candidatos aos cargos das carreiras da
Polícia Civil do Estado da Paraíba:
Polícia Civil do Estado da Paraíba será precedida de Concurso Públi-
I – a nacionalidade brasileira, salvo exceções previstas em lei;
co, composto das seguintes fases, determinadas em Edital:
II – o gozo dos direitos políticos;
I – provas escritas objetivas e discursivas;
III – a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
II – prova de títulos específicos da carreira para a qual concorre
IV – o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; o candidato;
V – a idade mínima de dezoito anos; III – avaliação psicológica;
VI – aptidão física e mental; IV – prova de capacidade física;
VII – certidão negativa de antecedentes criminais emitida pela V – investigação social;
Justiça Estadual e Federal. VI – curso de formação policial.
Parágrafo único. O provimento dos cargos da Polícia Civil do § 1º Os requisitos para a aprovação em cada uma das fases
Estado da Paraíba far-se-á mediante ato da autoridade competente. descritas neste artigo, as modalidades das provas, seus conteúdos
Art. 25. São formas de provimento em cargos da Polícia Civil do e forma de avaliação serão estabelecidos em Edital de Concurso
Estado da Paraíba: Público, de acordo com as exigências definidas nesta Lei Comple-
I – nomeação; mentar.
II – promoção; § 2º Quando o Concurso Público se destinar à seleção de can-
III – readaptação; didatos ao cargo de Delegado de Polícia, será feito convite para par-
IV – reversão; ticipação de um representante da Ordem dos Advogados do Brasil,
V – reintegração; em todas as fases.
VI – recondução; § 3º O Edital será publicado, na íntegra, no Diário Oficial do
VII – aproveitamento. Estado, e, por extrato, em, pelo menos, um jornal de grande circu-
lação, devendo explicitar, no mínimo:
SEÇÃO II I – processo e requisitos de inscrição;
DA NOMEAÇÃO, DA POSSE E DO EXERCÍCIO II – programa de provas;
III – calendário, local e condições para a realização de provas e
Art. 26. A nomeação do candidato habilitado no concurso pú- a apresentação de títulos, conforme o caso;
blico para cargo da carreira da Polícia Civil do Estado da Paraíba será IV – indicação do cargo objeto do concurso e a remuneração
processada por ato do Governador, e a posse será formalizada me- inerente;
diante a lavratura de termo próprio, na Secretaria de Estado da Ad- V – critérios de julgamento de provas e títulos.

38
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 32. O Concurso Público terá validade de até 02 (dois) anos, I – não tiver atingido o mínimo da freqüência estabelecida;
prorrogável uma única vez, por igual período, a critério da Adminis- II – não tiver obtido o aproveitamento mínimo de 50% (cin-
tração. qüenta por cento) por disciplina integrante da grade curricular;
Art. 33. Para a inscrição no Concurso Público, será exigida do III – apresentar mácula detectada na investigação social e de
candidato a apresentação de documento oficial de identidade e conduta.
declaração firmada, sob as penas da Lei, de que preenche as exi- Parágrafo único. Serão objeto de regulamentação específica do
gências mínimas e possui os demais requisitos comprobatórios das Conselho de Ensino da Academia de Ensino de Polícia os proce-
condições requeridas para o exercício do cargo ou função. dimentos para aplicação das disposições deste artigo.
Art. 34. As provas escritas, de caráter eliminatório e classificató-
rio, farão com que o candidato revele, teoricamente, conhecimen- SUBSEÇÃO III
tos indispensáveis ao exercício das atribuições do cargo ou função, DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
conforme programa constante do Edital, e, a critério da Comissão
deconcurso e conforme a categoria funcional, poderá ser exigida do Art. 44. Ao entrar em exercício, o servidor empossado em cargo
candidato a elaboração de peças policiais. efetivo de carreira da Polícia Civil do Estado da Paraíba iniciará está-
Art. 35. A prova de títulos, de caráter apenas classificatório, gio probatório de 03 (três) anos, durante os quais serão avaliadas a
objetiva reconhecer o investimento pessoal do candidato na prévia aptidão e a capacidade para o desempenho do cargo, como condi-
realização de cursos, atividades e obras relevantes para um melhor ção para a aquisição de sua estabilidade no cargo.
desempenho no exercício do cargo para o qual concorre. § 1º A avaliação de desempenho será instaurada 04 (quatro)
Art. 36. A avaliação psicológica, de caráter eliminatório, con- meses antes de findo o período do estágio por uma comissão insti-
sistirá na aplicação e na avaliação de técnicas psicológicas, visando tuída para esse fim.
a analisar a adequação do candidato ao perfil profissiográfico do § 2º O policial civil em estágio probatório não poderá, em hi-
cargo, identificando a capacidade de concentração e atenção, racio- pótese alguma, ser colocado à disposição de outros órgãos ou enti-
cínio, controle emocional, capacidade de memória e características dades, salvo convocação para composição no Júri Popular e para a
de personalidade prejudiciais e restritivas ao cargo. Justiça Eleitoral.
Art. 37. A prova de capacidade física tem caráter eliminatório e Art. 45. Serão apurados, durante o estágio probatório, os requi-
aferirá se o candidato tem capacidade para suportar, física e organi- sitos necessários à confirmação na Polícia Civil do Estado da Paraí-
camente, as exigências da prática de atividades a que será subme- ba, com base nos seguintes fatores:
tido durante o curso de formação e para desempenhar as tarefas I – assiduidade: freqüência diária na unidade de trabalho com
típicas da categoria funcional. o cumprimento integral da jornada de serviço;
Parágrafo único. O candidato, para participar da prova de capa- II – pontualidade: cumprimento dos horários de início e térmi-
cidade física, deverá apresentar atestado e exames médicos, com- no da jornada e dos horários de intervalo intra-jornada, na unidade
provando que está apto, na data do exame, a realizar a prova de de trabalho e nas convocações para serviços policiais;
capacidade física do concurso público. III – disciplina: fiel cumprimento dos deveres de servidor públi-
Art. 38. Todos os candidatos serão submetidos à investigação co e de policial civil;
social e de conduta pessoal, de caráter eliminatório, que se esten- IV – ética: postura de honestidade, eqüidade no tratamento
derá da inscrição até a nomeação, observando-se antecedentes cri- com o público, respeito à instituição e ao sigilo das informações, às
minais, sociais, familiares e profissionais. quais tem acesso em decorrência ao trabalho;
V – motivação: responsabilidade e envolvimento para realizar
SUBSEÇÃO II as missões de que participe ou que lhe foram designadas;
DO CURSO DE FORMAÇÃO POLICIAL VI – capacidade de iniciativa: ações espontâneas e apresenta-
ção de idéias em prol da solução de problemas da unidade de tra-
Art. 39. Os candidatos classificados em concurso público serão balho, visando a seu bom funcionamento;
convocados para curso de formação policial, exigido para o cargo a VII – relacionamento interpessoal: capacidade de se comunicar
que tenha se habilitado, que terá currículo e duração variáveis, de e de interagir com a equipe de trabalho e com o público em função
conformidade com as atribuições e responsabilidades inerentes a da boa execução do serviço;
cada categoria funcional, com duração mínima de 460 (quatrocen- VIII – eficiência: capacidade de atingir resultados no trabalho
tos e sessenta) horas para as categorias de Delegado de Polícia e com qualidade e rapidez, considerando as condições oferecidas
Peritos Oficiais e de 360 (trezentos e sessenta) horas para as demais para tanto;
categorias. IX – produtividade: capacidade de atingir as metas de volumes
Art. 40. Os cursos de formação policial serão planejados, pro- dos serviços atribuídos nos prazos previstos.
gramados, orientados e ministrados pela Academia de Ensino de Art. 46. A apuração do atendimento aos requisitos durante o
Polícia. estágio probatório far-se-á à vista da Ficha Individual de Acompa-
Art. 41. A matrícula deverá ocorrer no prazo de 15 (quinze) nhamento de Desempenho, elaborada pelas chefias imediatas e en-
dias, contado da publicação do ato de convocação, emitido pelo caminhada, reservadamente, à Comissão Permanente de Avaliação
Diretor da Academia de Ensino de Polícia, não sendo admitida qual- da carreira, nos períodos definidos em regulamento específico.
quer prorrogação. § 1º A Comissão, além das informações lançadas na Ficha In-
Art. 42. O candidato matriculado no curso de formação policial dividual de Acompanhamento de Desempenho, poderá valer-se de
fará jus, durante esse curso, a uma indenização mensal, no valor outras fontes para a conclusão dos seus trabalhos.
de 50% do vencimento do cargo pretendido, para cobrir despesas § 2º Será assegurado ao avaliado o conhecimento dos concei-
com a hospedagem, a alimentação, o material didático e o uniforme tos lançados em sua Ficha Individual de Acompanhamento de De-
completo, exigido pela Academia de Ensino de Polícia. sempenho, para exercício da ampla defesa e do contraditório.
Art. 43. O candidato matriculado no curso de formação será § 3º Caberá às Comissões, esgotado o prazo da defesa, median-
considerado inabilitado, se, do início do curso de formação até a te voto da maioria simples de seus membros, decidir sobre a apro-
sua homologação: vação ou reprovação do avaliado no estágio probatório.

39
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 47. O membro da Polícia Civil do Estado da Paraíba repro- § 3º O servidor de que trata o inciso II somente terá os pro-
vado no estágio probatório será exonerado imediatamente após a ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer, pelo
conclusão e decisão do processo apuratório, ocasião em que lhe menos, 05 (cinco) anos no cargo.
será assegurado o contraditório e a ampla defesa, sob pena de in- § 4º É vedada a Reversão de aposentado que já tiver completa-
validação do ato. do 70 (setenta) anos de idade.

SUBSEÇÃO IV SEÇÃO VI
DA ESTABILIDADE DA REINTEGRAÇÃO

Art. 48. O servidor habilitado em Concurso Público, empossado Art. 53. A Reintegração é o retorno do servidor policial está-
em cargo de provimento efetivo e aprovado em estágio probatório vel ao cargo anteriormente ocupado ou ao cargo resultante de sua
adquirirá estabilidade. transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão ad-
Art. 49. O servidor estável só perderá o cargo em virtude de ministrativa ou judicial transitada em julgado, com a reconstituição
sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra- da respectiva carreira.
tivo disciplinar, em que lhe seja assegurada a ampla defesa. § 1º Se o cargo em que deveria ser reintegrado houver sido
extinto, a reintegração será em cargo equivalente, respeitada a ha-
SEÇÃO III bilitação profissional e as exigências para o seu exercício ou, não
DA PROMOÇÃO sendo possível, o policial civil será colocado em disponibilidade re-
munerada.
Art. 50. A promoção nas carreiras da Polícia Civil do Estado da § 2º Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupan-
Paraíba consiste na movimentação para a classe imediatamente su- te, se estável, será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à
perior, dentro do respectivo cargo, alternadamente, pelo critério de indenização, aproveitado em outro cargo, ou, ainda, será posto em
antiguidade ou merecimento, e encontra-se disciplinada nos artigos disponibilidade.
de 252 a 267 desta Lei Complementar. § 3º O servidor policial reintegrado será submetido à inspeção
Parágrafo único. O policial civil somente poderá ser promovido médica.
depois de cumprido o estágio probatório e encontrar-se devida-
mente estabilizado. SEÇÃO VII
DA RECONDUÇÃO
SEÇÃO IV
DA READAPTAÇÃO Art. 54. A Recondução é o retorno do servidor estável ao car-
go anteriormente ocupado e decorre de reintegração do anterior
Art. 51. Readaptação é a investidura do servidor policial civil ocupante.
em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem,
limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, seu eventual ocupante será reconduzido ao cargo que exerceu an-
verificada em inspeção médica. teriormente, sem direito à indenização, aproveitado em outro cargo
§ 1º Será aposentado o servidor que, durante o processo de ou posto em disponibilidade.
readaptação, for julgado incapaz para a atividade policial.
§ 2º A readaptação será efetivada em cargo de atribuições SEÇÃO VIII
afins, respeitada a habilitação exigida, o nível de escolaridade e a DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO
equivalência de vencimentos, e, na hipótese de inexistência de car-
go vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até
Art. 55. Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
a ocorrência de vaga.
servidor policial estável ficará em disponibilidade, com remunera-
ção proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveita-
SEÇÃO V
mento em outro cargo.
DA REVERSÃO
Art. 56. O retorno à atividade de servidor policial em disponi-
bilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de
Art. 52. Reversão é o retorno à atividade de servidor aposen-
atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocu-
tado:
pado, asseguradas as promoções por antigüidade a que teria direi-
I – por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsis-
tentes os motivos da aposentadoria; to, se estivesse em atividade, e dependerá:
II – no interesse da Administração, desde que: I – de exame médico oficial;
a) tenha solicitado a Reversão; II – da existência de vaga;
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; III – da manifestação expressa e fundamentada do interesse no
c) estável, quando na atividade; retorno do disponível pela Delegacia-Geral da Polícia Civil do Estado
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos 05 (cinco) anos anterio- da Paraíba.
res à solicitação; Art. 57. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a
e) haja cargo vago. disponibilidade do policial civil que não entrar em exercício no pra-
§ 1º A Reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultan- zo legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.
te de sua transformação.
§ 2º O servidor que retornar à atividade por interesse da Ad- CAPÍTULO III
ministração perceberá, em substituição aos proventos da aposenta- DA VACÂNCIA
doria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive com
as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente à Art. 58. Haverá vacância em cargos do Grupo GPG-600, nos ca-
aposentadoria. sos de:

40
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I – exoneração; § 3º O Delegado de Polícia não poderá ser removido de sua
II – demissão; unidade policial, salvo na hipótese de remoção por interesse da Ad-
III – aposentadoria; ministração, quando o motivo será demonstrado de forma expressa
IV – posse em outro cargo inacumulável; e objetiva.
V – falecimento. Art. 65. O integrante de carreira da Polícia Civil do Estado da
Paraíba, cientificado formalmente de sua remoção, deverá apresen-
SEÇÃO I tar-se na nova unidade nos seguintes prazos:
DA EXONERAÇÃO I – imediatamente, quando a remoção ocorrer sem mudança
de município;
Art. 59. A exoneração do policial civil dar-se-á: II – em 03 (três) dias, quando envolver unidades sediadas em
I – a pedido; cidades contíguas ou em municípios distantes não mais que 50 (cin-
II – de ofício: qüenta) quilômetros um do outro;
a) no caso de não aprovação no período de estágio probatório; III – em 05 (cinco) dias, nos demais casos.
b) quando não entrar em exercício no prazo legal; Parágrafo único. Formalizada a remoção do policial civil, este
c) no término do afastamento legal por posse em outro cargo deverá devolver todos os objetos e/ou armamento pertencente ao
público. acervo patrimonial da unidade de origem, os quais estejam sob sua
Art. 60. Ao servidor policial submetido a processo administra- guarda.
tivo ou judicial, somente será concedida a exoneração a pedido de- Art. 66. A iniciativa da proposta de remoção ex-officio, com ou
pois de julgado o processo e cumprida a pena disciplinar imposta. sem mudança de município, caberá à chefia a que pertencer o ser-
vidor, submetida à proposição do Delegado-Geral da Polícia Civil do
SEÇÃO II Estado da Paraíba.
DA VACÂNCIA POR POSSE EM OUTRO CARGO INACUMULÁ-
VEL CAPÍTULO VI
DOS DIREITOS E VANTAGENS
Art. 61. O policial civil estável poderá requerer afastamento do SEÇÃO I
cargo por período não superior a 03 (três) anos em decorrência de DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
posse em outro cargo público inacumulável, ficando assegurado o
seu vínculo, sem remuneração, durante o referido período. Art. 67. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
Parágrafo único. Não havendo manifestação expressa do servi- cargo público, com valor fixado em lei.
dor em retornar ao cargo em detrimento do cargo assumido em ou- Art. 68. Entende-se por remuneração, nos termos desta Lei
tro órgão público e findo o prazo a que se refere o caput do artigo, Complementar, o vencimento acrescido de vantagens pecuniárias
o mesmo será exonerado. previstas em Lei.
§ 1º Nenhum integrante da Polícia Civil do Estado da Paraíba
CAPÍTULO IV receberá remuneração inferior ao salário mínimo.
DA FREQÜÊNCIA § 2º A composição da remuneração dos integrantes da Polícia
Civil do Estado da Paraíba será disposta em lei específica.
Art. 62. A freqüência dos integrantes da Polícia Civil do Estado
da Paraíba ao serviço é obrigatória, conforme horários preestabe- SEÇÃO II
lecidos. DO CÔMPUTO DO TEMPO DE SERVIÇO
Parágrafo único. Mediante ato do Secretário de Estado da Se-
gurança e a Defesa Social, a apuração da freqüência dos integrantes Art. 69. Será considerado de efetivo exercício o afastamento do
da Polícia Civil do Estado da Paraíba poderá observar mecanismos policial civil no exercício do respectivo cargo, em virtude de:
próprios, em virtude das peculiaridades das atribuições inerentes a I – férias;
seus cargos. II – gozo dos afastamentos previstos no Art. 111 desta Lei Com-
plementar;
CAPÍTULO V III – deslocamentos a serviço e trânsito para nova sede;
DA REMOÇÃO IV – participação em júri, atendimento de convocação para o
serviço militar e outros serviços obrigatórios por lei;
Art. 63. O integrante de carreiras da Polícia Civil do Estado da V – exercício de função do governo por designação do Governa-
Paraíba poderá ser removido de ofício ou a pedido, com mudança dor ou do Presidente da República;
de localidade, com o objetivo de atender à necessidade de serviço VI – licença para tratamento da própria saúde, inclusive por
e assegurar o pessoal necessário à eficiência operacional das uni- motivo de acidente em serviço ou doença profissional, na forma
dades policiais. desta Lei Complementar;
Art. 64. Dar-se-á remoção nas seguintes modalidades: VII – licença à servidora gestante ou adotante;
I – de ofício, no interesse da Administração fundamentadamen- VIII – licença por motivo de doença em pessoas da família: côn-
te; juge, filhos, pai, mãe ou irmão, na forma da lei;
II – a pedido, observada a conveniência do serviço; IX – até 05 (cinco) faltas, durante o mês, por motivo de doença
§ 1º A remoção a que alude o inciso II deste artigo não gera devidamente comprovada mediante atestado médico;
direito para o servidor à percepção de auxílio ou qualquer outra X – exercício de mandato eletivo em entidade classista de de-
forma de indenização pela transferência. fesa dos interesses de integrantes das carreiras da Polícia Civil do
§ 2º O ato de remoção de integrante da Polícia Civil do Esta- Estado da Paraíba.
do da Paraíba compete ao Secretário de Estado da Segurança e da § 1º Para os efeitos do inciso VI, acidente em serviço é o dano
Defesa Social ou ao Delegado-Geral da Polícia Civil do Estado da Pa- físico ou mental que sofre o policial civil em razão do exercício de
raíba. suas atribuições ou os agravos em decorrência deste.

41
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º O acidente em serviço ou a doença profissional serão con- SUBSEÇÃO I
firmados em laudo elaborado pela perícia médica oficial onde de- DA AJUDA DE CUSTO
verão ficar estabelecidos, rigorosamente, a sua caracterização e o
nexo causal com o exercício de atribuições do cargo. Art. 77. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas
Art. 70. A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter
se convertem em anos, considerado um ano como de trezentos e exercício em nova sede, com mudança de domicílio civil, em caráter
sessenta e cinco dias. permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qual-
quer tempo, no caso de o cônjuge ou o companheiro que detenha
SEÇÃO III também a condição de servidor vir a ter exercício na mesma sede.
DAS FÉRIAS § 1º Correm por conta da Administração as despesas de trans-
porte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, ba-
Art. 71. Os integrantes das carreiras da Polícia Civil do Estado gagem e bens pessoais.
da Paraíba têm direito a férias anuais, na forma da lei, observada a § 2º À família do servidor que falecer na nova sede de trabalho,
escala que for organizada de acordo com a conveniência do serviço. são assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de
Art. 72. A autoridade competente, por necessidade de servi- origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
ço, poderá suspender ou indeferir o gozo das férias, ressalvada a Art. 78. A ajuda de custo, não superior ao triplo da remunera-
ocorrência de acumulação que implique perda desse direito, desde ção do servidor, será proporcional às despesas efetivas de instala-
que fundamentado o interesse público e justificada a necessidade ção devidamente comprovadas.
de serviço. Art. 79. Não será concedida ajuda de custo, quando o servidor:
Parágrafo único. O período ou parte das férias não gozadas, por I – afastar-se do cargo ou reassumi-lo em virtude de mandato
necessidade do serviço, gera direito à compensação temporal, ain- eletivo;
II – for posto à disposição ou cedido a outra entidade.
da que em outro exercício, sendo defeso levar à conta de férias as
Art. 80. O servidor restituirá a ajuda de custo, quando:
faltas ao trabalho.
I – não se mudar para a nova sede no prazo determinado no ato
Art. 73. Fica vedada, a qualquer título, a remoção de integrante
de transferência;
da Polícia Civil do Estado da Paraíba durante o gozo de férias, licen-
II – antes de decorridos três meses, regressar, pedir exoneração
ça ou afastamentos previstos nesta Lei Complementar. ou abandonar o serviço.
§ 1º A restituição é de exclusiva responsabilidade do servidor e
SEÇÃO IV não poderá ser feita parceladamente.
DA SUBSTITUIÇÃO § 2º Não haverá obrigação de restituir, quando o regresso do
servidor for determinado “ex officio”.
Art. 74. Os substitutos de servidores ocupantes de cargo em
comissão ou de função de confiança serão indicados pela autorida- SUBSEÇÃO II
de competente. DAS DIÁRIAS
§ 1º O substituto assumirá, automática e cumulativamente,
sem prejuízo do cargo que ocupe, o exercício do cargo em comissão Art. 81. O policial civil que, a serviço, afastar-se da sede, em
ou da função de confiança, nos afastamentos, nos impedimentos caráter eventual ou transitório, para outro ponto do território na-
legais ou regulamentares do titular e na vacância do cargo, hipóte- cional ou para o exterior, fará jus a passagens e a diárias destinadas
ses em que deverá optar pela remuneração de um deles durante o a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com estada, ali-
respectivo período. mentação e locomoção urbana.
§ 2º O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo § 1º A diária será concedida por dia de afastamento, sendo de-
ou da função de direção ou de chefia, nos casos de afastamentos vida pela metade, quando o deslocamento não exigir pernoite fora
ou impedimentos legais do titular, superiores a trinta dias consecu- da sede.
tivos, paga na proporção dos dias de efetiva substituição, que exce- § 2º Não se concederá diária:
derem o referido período. I – ao policial civil que se deslocar dentro da mesma região me-
tropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, salvo se houver
SEÇÃO V pernoite fora da sede;
DAS INDENIZAÇÕES II – quando o Estado custear diretamente as despesas extraor-
dinárias cobertas por diárias;
Art. 75. Constituem indenizações ao policial civil: III – nos casos em que o deslocamento do policial civil constituir
exigência permanente do exercício do cargo.
I – ajuda de custo;
Art. 82. O policial civil que receber diárias e não se afastar da
II – diárias;
sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmen-
III – transporte.
te, no prazo de dois dias úteis.
Art. 76. Os valores das indenizações, assim como as condições
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em
para a sua concessão, serão estabelecidos em lei e atualizados pela prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as
forma que esta determinar. diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.

SUBSEÇÃO III
DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE

Art. 83. O Policial civil será indenizado das despesas de trans-


portes que incidir em serviços externos, por força das atribuições
próprias do cargo, conforme dispuser a lei.

42
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO VI Parágrafo único. O direito à gratificação de insalubridade cessa
DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS com a eliminação das condições ou dos riscos que deram causa a
sua concessão.
Art. 84. Além do vencimento, poderão ser atribuídas ao Policial Art. 93. Haverá permanente controle da atividade de servido-
civil as seguintes vantagens, cuja regulamentação será objeto de lei res em operações ou locais considerados insalubres.
específica: Parágrafo único. Enquanto durar a gestação e a lactação, a ser-
I – gratificação de risco de vida; vidora gestante ou lactante será afastada das operações e dos locais
II – gratificação pelo exercício de função; mencionados neste artigo e passará a exercer suas atividades em
III – gratificação natalina; local salubre, sem prejuízo da remuneração.
IV – gratificação de atividades especiais; Art. 94. Serão observadas as disposições da legislação específi-
V – gratificação pelo exercício de atividades insalubres; ca,quando da concessão da gratificação de insalubridade.
VI – adicional de férias; Art. 95. Os locais de trabalho, com instalações de Raios X ou de
VII – adicional de representação. substâncias radioativas, e os servidores que operam os respectivos
aparelhos e instrumentos serão mantidos sob controle permanen-
te, de modo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem o
SUBSEÇÃO I
nível máximo previsto na legislação própria.
DA GRATIFICAÇÃO DE RISCO DE VIDA
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão
submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
Art. 85. A gratificação de risco de vida é devida ao Policial civil
de carreira, quando no efetivo exercício das funções de polícia judi- SUBSEÇÃO VI
ciária, pelo perigo a que se expõe no exercício de suas atividades. DO ADICIONAL DE FÉRIAS
Parágrafo único. A percepção da gratificação de que trata o
caput do artigo será disciplinada em lei específica. Art. 96. Será paga ao policial civil, por ocasião das férias, um
adicional correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração a que
SUBSEÇÃO II tiver direito, no período correspondente às férias, independente-
DA GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO mente de solicitação.

Art. 86. Ao Policial civil ocupante de cargo efetivo e que exerce SUBSEÇÃO VII
função de chefia ou de assessoramento previstas em Lei, é devida a DO ADICIONAL DE REPRESENTAÇÃO
retribuição pelo exercício de função.
Art. 97. O adicional de representação é a vantagem concedida
SUBSEÇÃO III por lei ao policial civil de Classe Especial, em virtude da natureza e
DA GRATIFICAÇÃO NATALINA das peculiaridades do cargo exercido.

Art. 87. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze CAPÍTULO VII
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezem- DAS LICENÇAS, DOS AFASTAMENTOS E DAS CONCESSÕES
bro, por mês de exercício no respectivo ano.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias SEÇÃO I
será considerada como mês integral. DAS LICENÇAS
Art. 88. A gratificação será paga até o final do mês de dezembro
decada ano. Art. 98. Aos integrantes das carreiras da Polícia Civil do Estado
Art. 89. O policial civil exonerado perceberá gratificação nata- da Paraíba, conceder-se-ão as licenças previstas no Regime Jurídico
dos Servidores Públicos Civis do Estado da Paraíba, em especial:
lina proporcional aos meses de exercício efetivo, calculada sobre a
I – por motivo de doença em pessoa da família;
remuneração do mês da exoneração.
II – para tratar de interesses particulares;
Art. 90. A gratificação natalina não será considerada para cálcu-
III – para desempenho de mandato classista;
lo de qualquer outra vantagem pecuniária.
IV – para atividade política;
V – para o serviço militar;
SUBSEÇÃO IV VI – por motivo de afastamento do cônjuge ou do companhei-
DA GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADES ESPECIAIS ro;
VII – para capacitação, treinamento, reciclagem e aperfeiçoa-
Art. 91. A gratificação de atividades especiais poderá ser conce- mento.
dida ao policial civil ou a grupo destes, pelo desempenho de ativida- Parágrafo único. O regime próprio de previdência social do Es-
des especiais ou excedentes às atribuições dos respectivos cargos tado da Paraíba atenderá ao servidor integrante do Grupo Ocupa-
ou pela participação em comissões, grupo ou equipes de trabalho cional Polícia Civil do Estado da Paraíba e a seus dependentes, nos
constituídas através de ato do Governador do Estado. termos dos Artigos 172 a 185 da Lei Complementar nº 58, de 30 de
dezembro de 2003.
SUBSEÇÃO V
DA GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES INSALU-
BRES

Art. 92. Os policiais civis que trabalhem, com habitualidade, em


locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxi-
cas ou radioativas fazem jus à gratificação de insalubridade.

43
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SUBSEÇÃO I SUBSEÇÃO IV
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍ- DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA
LIA
Art. 102. O policial civil terá direito à licença para atividade po-
Art. 99. A licença por motivo de doença em pessoa da família, lítica, sem remuneração, durante o período que mediar entre a sua
comprovada a necessidade clínica e social do acompanhamento escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e
pessoal do policial civil requerente, será concedida sem prejuízo da a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
remuneração do cargo efetivo, até trinta dias, podendo ser prorro- § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
gada por igual período, mediante parecer de junta médica oficial e, desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
excedendo estes prazos, sem remuneração, por até 90 (noventa) assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
dias. partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
§ 1º Na licença por motivo de saúde em pessoa da família, o Justiça Eleitoral até o décimo dia seguinte ao do pleito.
requerimento será instruído com laudo de inspeção, expedido pela § 2º A partir do registro da candidatura até o décimo dia se-
junta médica oficial e a declaração da indispensabilidade do acom- guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurada a re-
panhamento pessoal do servidor, passado por Assistente Social ou muneração do cargo efetivo somente pelo período de três meses.
profissional designado para essa função. § 3º O policial civil que tiver direito à licença prevista neste ar-
§ 2º Para o efeito deste artigo, pessoa da família é o ascenden- tigo afastar-se-á do cargo, mediante comunicação escrita ao chefe
te, o descendente, o cônjuge ou o convivente, desde que não esteja imediato, a quem incumbe encaminhar o expediente à Secretaria
separado, irmãos e dependentes econômicos do servidor. de Estado da Segurança e da Defesa Social e à Secretaria de Estado
§ 3º A licença de que trata este artigo não poderá ser repetida da Administração, para efeito de concessão da licença.
sem o interstício mínimo de 12 (doze) meses.
§ 4º A licença somente será deferida, se a assistência direta SUBSEÇÃO V
do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultanea- DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR
mente com o exercício do cargo ou mediante compensação de ho-
rário, na forma da legislação estatutária. Art. 103. Ao policial civil convocado para o serviço militar, será
concedida licença, na forma e nas condições previstas na legislação
SUBSEÇÃO II específica.
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PARTICULARES Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até
30 (trinta) dias, não remunerados, para reassumir o exercício do
Art. 100. A licença para trato de interesses particulares dar-se- cargo, sob pena de incorrer em abandono de cargo.
-á sem percepção de remuneração do cargo efetivo e poderá ser
concedida por até três anos contínuos ao policial civil estável que SUBSEÇÃO VI
requerer, desde que não seja inconveniente para o serviço. DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO DO CÔNJUGE
§ 1º O requerente da licença deverá aguardar sua concessão OU DO CONVIVENTE
em exercício, e novo afastamento, nessas condições, só poderá
ocorrer depois de cinco anos do término da licença anterior. Art. 104. O servidor policial civil, casado ou que mantenha
§ 2º Concedida a licença, somente será interrompida por inte- união estável, nos termos da lei, terá direito à licença sem remune-
resse do próprio requerente. ração e sem contagem de tempo de serviço, por prazo indetermina-
do, quando o cônjuge ou convivente, servidor público estadual ou
SUBSEÇÃO III federal, for mandado servir em outro ponto do Estado ou fora des-
DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO CLASSISTA te, inclusive em território estrangeiro ou ainda eleito para exercício
de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo da União,
Art. 101. A licença para o exercício de mandato classista, em dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
entidade representativa da respectiva categoria, será concedida, § 1º A licença dependerá de requerimento devidamente ins-
mediante requerimento e comprovação da eleição para membro da truído, devendo o pedido ser renovado a cada 2 (dois) anos.
diretoria, durante igual período do mandato, permitida a renovação § 2º Finda a causa da licença, o servidor policial deverá reassu-
no caso de reeleição, sem prejuízo do integral recebimento de sua mir o exercício dentro de 30 (trinta) dias, sob pena de incorrer em
remuneração, observadas as seguintes condições: abandono de cargo.
I – para os representantes do Sindicato representativo da cate- § 3º A concessão da licença impedirá a promoção por mereci-
goria, somente farão jus à licença os eleitos para cargos de direção, mento do servidor policial civil, enquanto estiver em gozo.
em número de 03 (três) representantes ocupantes de cargos da di-
retoria executiva; SUBSEÇÃO VII
II – para os representantes de associação de classe representa- DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO, TREINAMENTO, RECICLA-
tiva da categoria, somente terão direito a tal licença o número de 03 GEM E APERFEIÇOAMENTO
(três) integrantes da diretoria executiva. Parágrafo único. Ao servi-
dor policial, será assegurada inamovibilidade, a partir do registro de Art. 105. Poderá ser autorizada a licença a ocupante de cargo
sua candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se das carreiras da Polícia Civil do Estado da Paraíba para:
eleito, ainda que suplente, até 01 (um) ano após o término do man- I – freqüentar cursos de capacitação, formação policial, trei-
dato, salvo se a pedido ou em caso de falta grave, nos termos da lei. namento, reciclagem, aperfeiçoamento, bem como realizar espe-
cialização, mestrado ou doutorado, durante o prazo necessário à
sua conclusão, exceto quando essas atividades ocorrerem fora do
território nacional, circunstância que exigirá autorização através de
portaria do Secretário de Estado da Administração e limitará a du-
ração da seguinte forma:

44
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) para o curso de atualização ou de aperfeiçoamento, o prazo SUBSEÇÃO III
máximo de 180 (cento e oitenta) dias; DO AFASTAMENTO PARA CUMPRIMENTO DE MISSÃO
b) para o curso de especialização, o prazo máximo de 01 (um)
ano; Art. 109. O servidor pode ausentar-se para o exterior ou para
c) para o curso de Mestrado, o prazo de 02 (dois) anos, admi- outros pontos do território nacional, sem perda da remuneração,
tindo-se prorrogação; para cumprimento de missão oficial, a critério da Administração,
d) para o curso de Doutorado, o prazo de 03 (três) anos, admi- por prazo não superior a 4 (quatro) anos, mediante autorização do
tindo-se prorrogação; Governador do Estado.
II – participar de congressos, seminários ou encontros relacio- Art. 110. O afastamento de servidor para atuar em organismo
nados com o exercício da função, pelo prazo estabelecido no ato internacional de que o Brasil participe ou com que coopere dar-se-á
que o autorizar. com perda total da remuneração.
§ 1º A Licença prevista no inciso I não poderá ser concedida
ao policial civil em estágio probatório ou que esteja submetido a SEÇÃO III
processo disciplinar administrativo ou cumprindo penalidade dis- DAS CONCESSÕES
ciplinar.
§ 2º As Licenças previstas nos incisos I e II ocorrem sem prejuízo Art. 111. Ao integrante de carreira da Polícia Civil do Estado da
da integral remuneração do servidor e obrigam ao atendimento das Paraíba, será concedido o afastamento, sem prejuízo da remune-
políticas institucionais, à apresentação de relatório circunstanciado ração:
e de certificados que comprovem as atividades desenvolvidas. I – por 01 (um) dia, para doação de sangue devidamente com-
provada;
SEÇÃO II II – por até 02 (dois) dias, para se alistar como eleitor;
DOS AFASTAMENTOS III – por até 08 (oito) dias consecutivos em razão de:
SUBSEÇÃO I a) casamento;
DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓRGÃO OU ENTI- b) nascimento ou adoção de filhos, no caso de homem;
DADE c) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou pa-
drasto, filhos, enteados, menor sob tutela e irmãos;
Art. 106. O policial civil poderá ser cedido para ter exercício d) freqüência em palestras, seminários e cursos de curta dura-
em outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, do ção nas áreas relacionadas às atribuições da Polícia Civil do Estado
Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: da Paraíba, desde que autorizado pelo Secretário do Estado da Se-
I – para exercício de cargo em comissão ou função de confiança; gurança e da Defesa Social.
II – em casos previstos em leis específicas. Art. 112. Será concedido horário especial ao servidor estudan-
§ 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou enti- te, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar
dades da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
o ônus da remuneração caberá ao órgão ou entidade cessionário. §1º Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a com-
§ 2º A cessão far-se-á mediante Ato do Governador do Estado pensação de horário no órgão ou entidade em que tiver exercício,
publicado no Diário Oficial do Estado. respeitada a duração semanal do trabalho.
Art. 107. A cessão para órgãos no âmbito do Poder Executivo § 2º Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da
administração, é assegurada, na localidade da nova residência ou
Estadual far-se-á mediante Portaria do Secretário de Estado da Ad-
na mais próxima, a matrícula em instituição de ensino congênere,
ministração publicada no Diário Oficial do Estado.
em qualquer época, independentemente de vaga.
Art. 113. Será concedido horário especial ao servidor portador
SUBSEÇÃO II
de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica
DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO
oficial, independentemente de compensação de horário.
Parágrafo único. As disposições previstas no caput do artigo
Art. 108. Ao servidor investido em mandato eletivo, aplicam-se
são extensivas ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente
as seguintes disposições:
portador de deficiência física, exigindo-se, porém, nesse caso, que
I – tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará a assistência direta do servidor seja indispensável e não possa ser
afastado do cargo; prestada, simultaneamente, com exercício do cargo ou mediante
II – investido no mandato de Prefeito ou de Governador, será compensação de horário, na forma da legislação estatutária.
afastado do cargo, sendo-lhe facultado optar entre a remuneração
do seu cargo efetivo e a do cargo eletivo, na forma estabelecida pela CAPÍTULO VIII
Constituição Federal; DA PREVIDÊNCIA
III – investido no mandato de Vereador: SEÇÃO I
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do Art. 114. Aos policiais civis, é assegurado regime próprio de
cargo, sendo-lhe facultado optar pela remuneração, nos termos do previdência social, de caráter contributivo, mediante Lei Estadual,
inciso II deste artigo. observado o disposto na Constituição Federal.
§ 1º No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá Art. 115. O regime próprio de previdência social atenderá:
para a seguridade social, como se em exercício estivesse. I – quanto ao servidor:
§ 2º O servidor investido em mandato eletivo não poderá ser a) aposentadoria;
removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa daquela b) licença para tratamento de saúde;
onde exerce o mandato. c) salário-família;
d) licença-maternidade.

45
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II – quanto ao dependente: § 5º Verificada, a qualquer tempo, a falsidade dos documentos
a) pensão por morte; apresentados para habilitação ao salário-família, será suspenso o
b) auxílio-reclusão. seu pagamento e determinada a reposição ao erário das importân-
Parágrafo único. O recebimento de benefícios havidos por frau- cias indevidamente percebidas, em parcelas não excedentes a 10%
de, dolo ou máfé implicará devolução ao erário do total auferido, (dez por cento) da remuneração bruta do servidor, sem prejuízo da
sem prejuízo da ação penal cabível. instauração do competente processo disciplinar.

SUBSEÇÃO I SUBSEÇÃO III


DA APOSENTADORIA E PENSÕES DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE

Art. 116. A aposentadoria dos integrantes das carreiras da Po- Art. 121. Será concedida ao policial civil a licença para trata-
lícia Civil do Estado da Paraíba e as pensões devidas a seus depen- mento de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médi-
dentes são submetidas às regras de aposentadoria, estabelecidas ca, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
no artigo 40 da Constituição Federal e mantidas pelo Regime de Art. 122. Para licença de até 05 (cinco) dias, o exame médico
Previdência Social do Estado da Paraíba. poderá ser feito por profissional da repartição onde o servidor for
Art. 117. Os integrantes das carreiras da Polícia Civil do Esta- lotado, e, no caso de licença por período superior, o exame deverá
do da Paraíba aposentar-se-ão voluntariamente com proventos in- ser procedido por Junta Médica Oficial.
tegrais, desde que comprovem 30 (trinta) anos de contribuição e, § 1º Inexistindo serviço médico oficial no local onde estiver o
pelo menos, 20 (vinte) anos de atividade policial, se homem, e 25 servidor, será aceito atestado fornecido por médico particular.
(vinte e cinco) anos de contribuição e, pelo menos, 15 (quinze) anos § 2º No caso do parágrafo anterior, o atestado somente produ-
de atividade policial, se mulher, com fundamento no artigo 40, § zirá efeitos depois de homologado pela Junta Médica Oficial.
4º, incisos II e III, da Constituição Federal, com redação da Emenda § 3º O servidor que, durante o mesmo exercício, perfizer trin-
Constitucional nº 47/05. ta dias de licença para tratamento de saúde, consecutivos ou não,
somente poderá obter nova licença mediante prévia inspeção por
SUBSEÇÃO II perícia médica oficial.
DO SALÁRIO-FAMÍLIA Art. 123. Findo o prazo da licença, o policial civil será submetido
a nova inspeção médica, que concluirá pela volta ao serviço, pela
prorrogação da licença ou pela aposentadoria.
Art. 118. O salário-família é devido ao policial civil de baixa ren-
Art. 124. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
da.
ao nome ou à natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, compreende-se por
produzidas por acidentes em serviço, doença profissional ou doen-
servidor público de baixa renda aquele que se enquadra no limite
ça grave, contagiosa ou incurável, como tuberculose ativa, aliena-
de remuneração bruta previsto no art. 13 da Emenda Constitucional ção mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira poste-
n° 20, de 15 de dezembro de 1998, com as modificações posteriores rior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave,
procedidas pelo regime geral de previdência social. doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espon-
Art. 119. O salário-família será devido ao servidor em função diloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do
dos dependentes que lhe estejam afetos, compreendidos como Mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência
tais filho menor de 14 (catorze) anos, pessoa da mesma idade a ele Adquirida – AIDS e outras especificadas em lei.
equiparado e, finalmente, inválido de qualquer idade, assim reco-
nhecido pela perícia médica competente. SUBSEÇÃO IV
Art. 120. O salário-família poderá ser requerido a qualquer DA LICENÇA-MATERNIDADE
tempo e será devido a partir da data de entrada do requerimento
na repartição que tiver de processá-lo, devendo ser anexados ao Art. 125. Será concedida a licença à servidora gestante por 180
pedido os seguintes documentos: (cento e oitenta) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
I – certidão de nascimento do filho ou tutela; § 1º A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de
II – atestado de vacinação, para o menor de 07 (sete) anos; gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
III – comprovante de freqüência à escola, a partir dos 07 (sete) § 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início na
anos. data do parto.
§ 1º Para o caso do inválido maior de 14 anos, além dos docu- § 3º Nos casos de natimorto e aborto, a servidora será subme-
mentos constantes nos incisos deste artigo, será cobrado o laudo de tida a exame médico, que determinará o prazo para seu retorno
invalidez da perícia médica do órgão previdenciário. ao serviço ou recomendará a conversão do afastamento em licença
§ 2º Para a continuidade do pagamento do benefício, o ates- para tratamento de saúde por prazo tecnicamente adequado, supe-
tado de vacinação deve ser apresentado, anualmente, no mês de rior a trinta dias.
maio, e o de freqüência escolar, nos meses de maio e de novembro Art. 126. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis
de cada ano. meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra-
§ 3º Não será devido o salário-família, enquanto a respectiva balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois
períodos de meia hora.
concessão estiver pendente da apresentação dos documentos pre-
Art. 127. À servidora que adotar ou obtiver tutela judicial de
vistos neste artigo.
criança com até 01 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noven-
§ 4º Quando o pedido de salário-família envolver inválido, será
ta) dias de licença remunerada.
obrigatoriamente instruído por laudo da perícia médica competen-
Parágrafo único. No caso de adoção ou de tutela judicial de
te. criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este
artigo será de 30 (trinta) dias.

46
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SUBSEÇÃO V CAPÍTULO III
DO AUXÍLIO-RECLUSÃO DO PORTE DE ARMA

Art. 128. É devido auxílio-reclusão à família do servidor ativo de Art. 133. O policial civil ativo tem direito ao porte de arma, na
baixa renda, observado o seguinte: forma da legislação federal pertinente, e quando, em efetivo exer-
I – dois terços da remuneração, enquanto durar a prisão, se cício de suas funções, ser-lhe-á entregue pelo Estado identidade
esta tiver ocorrido em flagrante ou tiver sido decretada preventiva- funcional e distintivo.
mente por autoridade competente; Parágrafo único. Legislação específica disporá sobre a entrega
II – metade da remuneração, durante o afastamento, em vir- de demais equipamentos necessários ao efetivo exercício das fun-
tude de condenação, por sentença definitiva, quando a pena não ções de policial civil.
ensejar a perda do cargo.
§ 1º No caso de absolvição, o servidor terá direito a receber a CAPÍTULO IV
diferença entre a remuneração integral, se em exercício, e o valor DO DIREITO A PETIÇÃO
do auxílio reclusão percebido pela família.
§ 2º O direito ao auxílio-reclusão cessará a partir do dia ime- Art. 134. É assegurado ao policial civil o direito de requerer e
diato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda que de representar, em defesa de direito ou interesse legítimo, por meio
condicional. dos canais hierárquicos.
§ 1º O requerimento será dirigido à autoridade competente
SEÇÃO II para decidir o pleito, por meio da chefia imediata, que, após ma-
DO CUSTEIO nifestação, encaminhará à autoridade competente, a qual decidirá
em até trinta dias, salvo motivo de força maior e quando se trate
Art. 129. O custeio das aposentadorias e pensões é de respon- de ato administrativo complexo que exija providências anteriores à
sabilidade do Estado e de seus servidores, nos termos definidos na decisão final, limitando-se a noventa dias, o prazo para se proferir a
Constituição Federal. decisão acerca do pedido formulado.
Art. 130. Os benefícios não previstos no art. 116 desta Lei não § 2º O recurso à instância superior será encaminhado por in-
poderão ser pagos com recursos previdenciários. termédio da autoridade recorrida, que poderá conhecer o pedido
e reconsiderar o ato impugnado, sendo vedada a renovação deste.
TÍTULO IV
§ 3º Mantido o ato, a autoridade recorrida dará conhecimento
DAS GARANTIAS E PRERROGATIVAS
ao interessado, dando seguimento ao recurso, no prazo de dez dias.
CAPÍTULO I
Art. 135. Caberá recurso:
DAS HONRARIAS
I – do indeferimento do pedido de reconsideração;
SEÇÃO I
II – da decisão sobre o recurso interposto.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe-
rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão e, sucessiva-
Art. 131. As honrarias constituem reconhecimento por bons
mente, em escala ascendente, às demais autoridades.
serviços prestados pelo policial civil e compreendem:
§ 2º O prazo para interposição de pedido de reconsideração ou
I – Medalha de Prêmio;
II – Medalha de Mérito Policial; de recurso é de quinze dias, a contar da publicação ou da ciência,
III – Medalha de Tempo de Serviço Policial; pelo interessado, da decisão recorrida.
IV – Elogios. § 3º Salvo disposição legal expressa, o recurso não terá efeito
Parágrafo único. As honrarias a que se refere este artigo obe- suspensivo, retroagindo, à data do ato impugnado, a decisão que
decerão às normas fixadas nos respectivos Regulamentos de con- der provimento ao pedido.
cessão. Art. 136. A representação será apreciada pela autoridade supe-
rior àquela contra a qual foi interposta.
CAPÍTULO II Art. 137. O direito de pleitear na esfera administrativa prescre-
DO DESAGRAVO PÚBLICO ve:
I – em 05 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa-
Art. 132. O policial civil, quando ofendido no exercício do car- ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse
go ou em razão dele, será publicamente desagravado, o que será patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
promovido: II – em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando
I – de ofício, de acordo com a subordinação do órgão ou unida- outro prazo for fixado em lei.
de de exercício do policial civil, pelo: § 1º O prazo de prescrição contar-se-á da data da publicação do
a) Secretário de Estado da Segurança e da Defesa Social; ato impugnado ou da ciência do interessado, quando não houver
b) Delegado-Geral da Polícia Civil do Estado da Paraíba; publicação.
c) Diretor-Geral do Instituto de Polícia Científica; § 2º O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis,
II – mediante representação do ofendido ou seu procurador e, suspendem a prescrição.
no caso de morte, pelo cônjuge, ascendente ou descendente; § 3º Decidido o recurso, recomeça a correr o prazo prescricio-
III – mediante requerimento da entidade de classe a que per- nal pelo seu restante, a partir da publicação do ato decisório ou da
tencer o policial civil. sua ciência.
Parágrafo único. A promoção do desagravo previsto neste ar- Art. 138. É assegurada vista do processo ou documento, na re-
tigo não elide a responsabilidade civil e criminal em que incorrer o partição, ao servidor ou a procurador por ele constituído, para o
ofensor. exercício do direito à petição.

47
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO V Art. 142. O policial civil será afastado do exercício das funções,
DA ASSISTÊNCIA AOS INTEGRANTES DA POLÍCIA CIVIL DO até decisão final transitada em julgado, quando estiver preso provi-
ESTADO DA PARAÍBA soriamente pela prática de infração penal, hipótese em que o ser-
vidor perceberá, durante o período de afastamento, remuneração
Art. 139. O Estado prestará apoio e assistência aos integrantes integral atribuída ao cargo.
da Polícia Civil do Estado da Paraíba, inclusive o de acompanhamen- § 1º Na hipótese de o servidor ser colocado em liberdade pro-
to à saúde. visória, retornará ao exercício das funções.
§ 1º O acompanhamento aos integrantes da Polícia Civil do Es- § 2º No caso de condenação que não implique demissão, o po-
tado da Paraíba ocorrerá a pedido ou de ofício, por orientação mul- licial civil:
tiprofissional, para a respectiva avaliação ou tratamento. I – será afastado, na forma deste artigo, a partir da decisão defi-
§ 2º A assistência médico-psicológica consistirá em propiciar nitiva até o cumprimento total da pena restritiva da liberdade, com
tratamento ao policial civil para recuperá-lo, quando necessário, direito apenas a dois terços da respectiva remuneração;
dos desgastes emocionais ou distúrbios mentais resultantes do II – perceberá a remuneração integral atribuída ao cargo quan-
exercício da função policial. do permitido o exercício da função, pela natureza da pena aplicada,
§ 3º O policial civil lotado em unidades operacionais será sub- ou por decisão judicial.
metido à avaliação médica e psicológica, anualmente, para verifica- Art. 143. No curso de qualquer investigação, quando houver
ção de sua higidez mental e física. indícios de prática de infração penal atribuída a policial civil, a au-
Art. 140. O integrante da Polícia Civil do Estado da Paraíba que toridade remeterá, incontinente, cópia do procedimento à Correge-
tenha participado de ação policial em que ocorra grave violência, doria da Polícia Civil do Estado da Paraíba.
morte ou lesão de qualquer pessoa, deverá ser submetido a atendi- Art. 144. O policial civil só poderá ser requisitado para exercer
mento para a proteção de sua saúde física e ou mental, com vista ao funções de segurança especificamente privada ou para conduzir
cumprimento dos objetivos referidos no artigo anterior. veículo automotor de quaisquer autoridades públicas, bem como
ser utilizado por superiores hierárquicos para efetuar diligências ex-
CAPÍTULO VI plícitas em eventos, festividades ou celebrações análogas, ostensi-
DAS PRERROGATIVAS FUNCIONAIS vamente ou não, nos casos excepcionais de operações policiais civis
previamente estabelecidas para determinado fim e nas ocasiões em
que tais ações forem necessárias à investigação policial em anda-
Art. 141. O policial civil, no exercício de suas funções, goza das
mento.
seguintes prerrogativas, dentre outras estabelecidas em lei:
I – uso das designações hierárquicas;
TÍTULO V
II – desempenho de cargos e funções correspondentes à con-
DO REGIME DISCIPLINAR
dição hierárquica;
CAPÍTULO I
III – tratamento compatível com o nível do cargo desempenha-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
do;
IV – uso privativo das insígnias e documentos de identidade
Art. 145. O policial civil manterá observância dos seguintes pre-
funcional, conforme modelos oficiais; ceitos éticos:
V – porte de arma, na forma da legislação; I – servir à sociedade como obrigação fundamental;
VI – livre acesso a locais públicos ou particulares que necessi- II – proteger vidas e bens;
tem de intervenção policial, na forma da legislação; III – preservar a ordem;
VII – ingresso e trânsito livres em locais de acessibilidade pú- IV – respeitar os direitos e garantias individuais;
blica, independentemente de prévia autorização ou de verificação V – jamais revelar tibieza ante o perigo e o abuso;
de estar em serviço, uma vez que o exercício das funções policiais VI – exercer a função policial com probidade, discrição e mode-
ocorre em tempo integral e exige dedicação exclusiva, devendo-se ração, fazendo observar as leis;
apurar a responsabilidade penal do eventual obstrutor da ação po- VII – não permitir que sentimentos ou animosidades pessoais
licial nesse caso; possam influir em suas decisões;
VIII – ser recolhido, em razão de flagrante delito ou de decisão VIII – respeitar a dignidade da pessoa humana;
judicial provisória ou definitiva, na presença de superior hierárqui- IX – manter o aprimoramento técnico-profissional;
co, em unidade prisional própria e especial, nos termos da legisla- X – ter a verdade e a responsabilidade como fundamentos da
ção federal; ética do serviço policial;
IX – prioridade na utilização de qualquer serviço de transporte XI – respeitar e fazer respeitar a hierarquia do serviço policial;
e de comunicação, público ou privado, quando em serviço de cará- XII – prestar auxílio, ainda que não esteja em hora de serviço:
ter urgente. a) a fim de prevenir ou reprimir perturbação da ordem pública;
§ 1º A carteira de identidade funcional do policial civil, inerente b) quando solicitado por qualquer pessoa carente de socorro
ao exercício da função, além de outras características escandidas policial, encaminhando-a à autoridade competente, quando insufi-
em regulamento próprio, consignará o primeiro nome do cargo em cientes as providências de sua alçada.
caixa alta bastante visível, assim como as prerrogativas constantes Art. 146. O Governador do Estado, mediante proposta do De-
dos incisos V a IX deste artigo com adição do conteúdo do art. 7º, X, legado-Geral, aprovará o regulamento do Código de Ética da Polícia
desta Lei Complementar. Civil do Estado da Paraíba.
§ 2º A cédula de identidade funcional é de uso obrigatório e
exclusivo dos integrantes da Polícia Civil do Estado da Paraíba, des- CAPÍTULO II
tinando-se a: DOS DEVERES
I – habilitar seu titular a ingressar nos locais sujeitos à fiscali-
zação policial; Art. 147. São deveres do policial civil, além daqueles inerentes
II – fazer prova de todas as informações nela inseridas. aos demais servidores públicos civis:

48
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I – apresentar relatório das atividades desenvolvidas, quando XXX – representar contra a ilegalidade, omissão ou abuso de
solicitado por quem de direito; poder no cumprimento da lei.
II – cumprir as determinações superiores, exceto quando ma- Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XXX des-
nifestamente ilegais; te artigo será encaminhada à autoridade imediatamente superior
III – atender às requisições das autoridades judiciárias e do Mi- ao representado e apreciada pelo chefe do órgão, ocasião em que
nistério Público, desde que encaminhadas por meio da autoridade este servidor deverá assegurar-lhe a oportunidade de se defender.
policial judiciária;
IV – comunicar ao superior hierárquico o endereço onde possa CAPÍTULO III
ser encontrado, quando dos afastamentos regulares; DAS PROIBIÇÕES
V – conduzir-se, na vida pública e particular, de modo a dignifi-
car a função policial; Art. 148. Além do previsto nesta Lei Complementar e em nor-
VI – desempenhar suas funções e agir com assiduidade, pon- mas específicas, ao servidor policial civil, é proibido:
tualidade, discrição, honestidade, imparcialidade e com lealdade; I – ausentar-se do serviço, durante o expediente, sem prévia
VII – desempenhar, com zelo e presteza, as tarefas e missões autorização do chefe imediato;
que lhe forem cometidas; II – retirar da repartição, salvo com autorização da autoridade
VIII – divulgar, para conhecimento dos subordinados, as nor- competente e no interesse do serviço, qualquer documento ou ob-
mas policiais; jeto oficial;
IX – exercer o cargo de policial civil com exclusividade, respeita- III – recusar fé a documentos públicos;
das as hipóteses de acumulação de cargos previstas na Constituição IV – opor resistência injustificada:
Federal; a) ao cumprimento de ordem ao andamento de documento ou
X – exercer o poder de polícia na defesa, na garantia e na pro- de processo ou à execução de obra ou serviço;
moção de direitos individuais, coletivos ou difusos, na forma da Lei; b) à realização de inspeção médica, a que deva submeter-se
XI – freqüentar, com assiduidade, cursos oficiais para fins de por determinação de autoridade competente;
formação policial, aperfeiçoamento e atualização de seus conheci- V – promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
mentos profissionais, quando matriculado; da repartição;
XII – identificar-se, nos atos oficiais, com a indicação do cargo, VI – cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos pre-
classe e a função; vistos em lei, o desempenho de atribuição de sua responsabilidade
XIII – informar, incontinenti, à autoridade a que estiver dire- ou de seu subordinado;
tamente subordinado, toda e qualquer alteração de endereço de VII – coagir ou aliciar subordinados no sentido de se filiarem a
residência, bem como o número de telefone; associação profissional, sindical ou partido político;
XIV – manter discrição sobre os assuntos da repartição e, espe- VIII – valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-
cialmente, quanto a despachos, decisões e providências; trem, em detrimento da dignidade da função pública;
XV – manter sigilo funcional quanto à matéria dos procedimen- IX – exercer pressão sobre auxiliar ou subordinado, com amea-
tos em que atuar; ça de preterições funcionais ou outros meios intimidativos, para
XVI – manter-se informado e atualizado sobre as normas poli- forçá-lo a consentir em relacionamento sexual;
ciais e a legislação em vigor; X – atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
XVII – obedecer aos preceitos éticos e aos atos normativos re- ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
gularmente expedidos; ou assistenciais de parentes até o segundo grau e de cônjuge ou
XVIII – observar as normas legais e regulamentares; companheiro;
XIX – observar o princípio da hierarquia funcional; XI – exigir ou aceitar propina, comissão, presente ou vantagem
XX – participar das comemorações cívicas da Polícia Civil do Es- de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
tado da Paraíba e de outras, quando convocado; XII – praticar usura sob qualquer de suas formas;
XXI – portar, obrigatoriamente, a carteira de identificação po- XIII – proceder de forma desidiosa;
licial, o distintivo, a arma, com munição de reserva, e um par de XIV – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
algemas, quando em serviço, zelando pela guarda e pela conser- serviços ou atividades particulares, próprios ou de terceiro ou auto-
vação de todos os equipamentos e objetos recebidos em razão do rizar outrem, subordinado ou não, a fazê-lo;
exercício da função; XV – transferir a outro servidor atribuição estranha ao cargo
XXII – prestar as informações solicitadas na forma da lei e aten- por ele ocupado, salvo em situações de emergência ou transitórias
der prontamente à expedição de certidões para a defesa de direito; e no estrito interesse do serviço;
XXIII – prestar informações corretas ao solicitante ou encami- XVI – dar curso a ato, operação, documento ou objeto sem exi-
nhá-lo a quem possa prestá-las; gir o cumprimento da obrigação tributária a que esteja sujeito ou
XXIV – providenciar para que esteja sempre atualizado seu as- sem comunicar o fato, previamente, à autoridade fiscal competen-
sentamento individual, bem como sua declaração de família; te;
XXV – ser leal para com os companheiros de trabalho, com eles XVII – exercer outras atividades que sejam incompatíveis com o
cooperar e manter espírito de solidariedade; cargo, a funçãoou com o horário de trabalho.
XXVI – oficiar à chefia imediata providências para a melhoria
dos serviços, no âmbito de sua atuação; CAPÍTULO IV
XXVII – tratar as pessoas com urbanidade, eficiência e zelo; DA RESPONSABILIDADE
XXVIII – zelar pela economia e conservação do material que lhe
for confiado; Art. 149. O policial civil, responde civil, penal e administrativa-
XXIX – não utilizar para fins particulares, qualquer que seja o mente, pelo exercício irregular de suas funções.
pretexto, o material pertencente ao órgão ou destinado à corres- Art. 150. A responsabilidade civil decorre do procedimento co-
pondência oficial; missivo ou omissivo, doloso ou culposo, que importe em prejuízo.

49
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º O policial civil responderá perante a Fazenda Pública Esta- IV – deixar de concluir, nos prazos legais, sem motivo justo, in-
dual, em ação regressiva, proposta depois de transitar em julgado a quéritos policiais, sindicância ou processos administrativos;
decisão de última instância que houver condenado o Estado à inde- V – patrocinar acordos pecuniários entre partes interessadas,
nização por dano causado a terceiro. no interior das repartições ou fora delas;
§ 2º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores VI – retirar ou ceder, sem prévia autorização da autoridade
e contra eles será executada a ação, até o limite do valor da herança competente, qualquer documento, cópia ou objeto da repartição;
recebida. VII – deixar de tratar superiores hierárquicos, pares, subordi-
Art. 151. A responsabilidade penal abrange as infrações penais nados, advogados, testemunhas, servidores do Poder Judiciário e o
imputadas ao policial civil nesta qualidade. povo em geral com a deferência e a urbanidade devidas;
Art. 152. A responsabilidade administrativa resulta da inobser- VIII – não se apresentar, sem motivo justo, ao fim de licença
vância dos deveres e da prática de qualquer uma das transgressões para o trato de interesse particular, de férias ou de dispensa de ser-
ou proibições e não será elidida pelo ressarcimento do dano. viço, ou ainda depois de saber que quaisquer delas foram interrom-
Parágrafo único. São causas de exclusão de ilicitude ou de isen- pidas por ordem superior;
ção de pena, as previstas no Código Penal Brasileiro, após o trânsito IX – ingerir bebida alcoólica em serviço ou apresentar-se em
em julgado da respectiva sentença criminal. estado de embriaguez;
Art. 153. As sanções civis, disciplinares e penais poderão cumu- X – fazer uso indevido de arma que lhe haja sido confiada para
lar-se, sendo umas e outras independentes entre si, bem assim as o serviço;
instâncias administrativa, civil e penal. XI – permitir que pessoas que estejam sob custódia provisória
Art. 154. A absolvição criminal fundamentada pela inexistência conservem em seu poder instrumentos com que possam causar da-
material do fato ou pela negativa de autoria afasta a responsabilida- nos a si ou a terceiros nas dependências em que estejam recolhidos;
de administrativa, salvo a existência de falta residual. XII – ordenar ou executar medida privativa de liberdade indivi-
Art. 155. Compete ao chefe imediato, responsável pelo serviço, dual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder;
comunicar ao respectivo superior hierárquico as faltas disciplinares XIII – usar violência desnecessária no exercício da função po-
praticadas por servidores postos à sua disposição ou que lhes este- licial.
jam vinculados funcionalmente. Art. 159. São transgressões disciplinares de natureza grave:
I – fornecer intencionalmente informação inexata, que altere
CAPÍTULO V ou desfigure a verdade;
DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES II – coagir os servidores policiais subordinados com objetivos
político-partidários;
Art. 156. As transgressões disciplinares classificam-se em: III – praticar usura em quaisquer de suas formas;
I – leves; IV – apresentar requerimento, queixa ou representação contra
II – médias; servidores policiais, pares, subordinados ou superiores hierárqui-
cos, sabendo-as infundadas, buscando confundir investigação que
III – graves.
exista ou que possa vir a existir contra sua própria pessoa ou para
Art. 157. São transgressões disciplinares de natureza leve:
prejudicar colegas ou terceiros;
I – impontualidade habitual;
V – ceder insígnia ou cédula de identidade funcional, arma-
II – simular doença, para esquivar-se do cumprimento de suas
mento ou indumentária de identificação policial de uso pessoal;
atribuições;
VI – provocar, velada ou ostensivamente, animosidade entre os
III – apresentar-se como representante ou servidor lotado no
servidores policiais ou entre estes e os seus chefes imediatos;
órgão ou em unidade de trabalho a que não pertencer, sem estar
VII – utilizar, ceder ou permitir que outrem use objetos arre-
expressamente autorizado;
cadados, recolhidos ou apreendidos pela Polícia, salvo as exceções
IV – não comparecer às convocações de autoridade superior, legais;
quando previamente convocado ou notificado em razão de serviço, VIII – exercitar atividade particular para cujo desempenho se-
salvo por motivo justificável; jam necessários contatos com repartições policiais ou que, com
V – ser displicente ou negligente no exercício da função policial; elas, tenham qualquer relação ou vinculação;
VI – faltar ao serviço ou permutar, sem justificativa legal ou au- IX – exercer atividades particulares que prejudiquem o fiel de-
torização superior; sempenho da função policial e que sejam, social ou moralmente,
VII – não comunicar, com antecedência mínima de 48 (quaren- nocivas à dignidade do cargo ou afetem a presunção de imparcia-
ta e oito) horas, à autoridade a que estiver subordinado, a impossi- lidade;
bilidade de comparecer ao órgão, salvo por justo motivo; X – deixar de comunicar fatos caracterizados como transgres-
VIII – negligenciar ou retardar a execução de qualquer ordem sões disciplinares que tenham chegado ao seu conhecimento, co-
legítima escrita; metidos por servidores da instituição;
IX – negligenciar a guarda de objetos, pertencentes ao órgão, e XI – esquivar-se, na ausência da autoridade competente, de
que lhe tenham sido confiados em decorrência da função ou para atender a ocorrências de intervenção policial que presencie ou de
o seu exercício, possibilitando que se danifiquem ou se extraviem; que tenha conhecimento imediato;
X – indicar ou insinuar nomes de advogados para assistir pes- XII – solicitar ou receber propinas ou comissões, ou auferir
soas que se encontrem respondendo a processos ou inquéritos po- vantagens e proveitos pessoais de qualquer espécie e sob qualquer
liciais, ou cujas atividades sejam objeto de ação policial. pretexto, em razão de função ou cargo que exerça ou tenha exer-
Art. 158. São transgressões disciplinares de natureza média: cido;
I – agir com deslealdade no exercício da função; XIII – cobrar carceragem, custas, emolumentos ou qualquer ou-
II – valer-se do cargo com o fim ostensivo ou velado de obter tra despesa que não tenha fundamento legal;
proveito de natureza político-partidária para si ou para outrem; XIV – confiar a pessoas estranhas à organização policial o de-
III – usar indevidamente os bens da repartição sob sua guarda sempenho de encargos próprios ou da competência de seus subor-
ou não; dinados;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
XV – desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de ordem do I – reparar o dano pelo policial civil, antes da conclusão da sin-
Chefe imediato ou de decisão judicial; dicância ou do processo disciplinar;
XVI – eximir-se do cumprimento de suas atribuições funcionais; II – ter procurado diminuir as conseqüências da falta disciplinar
XVII – abandonar o cargo, sem justa causa, ausentando-se da praticada;
repartição por mais de 30 (trinta) dias consecutivos; III – ter confessado espontaneamente a autoria da transgres-
XVIII – ausentar-se do serviço, sem causa justificável, por mais são disciplinar cometida;
de 60 (sessenta) dias intercaladamente, durante 01 (um) ano; IV – ter sido praticada no interesse do serviço, em situação de
XIX – abandonar o serviço para o qual tenha sido designado, risco ou emergencial;
quando informado previamente; V – facilitar a apuração dos fatos.
XX – praticar ato definido como infração penal que, por sua Art. 164. Constitui circunstância que exclui sempre a pena dis-
natureza e configuração, torne-o incompatível para o exercício da ciplinar a nãoexigibilidade de outra conduta do policial na prática
função policial; da transgressão.
XXI – praticar ato lesivo à honra ou ao patrimônio da pessoa, Art. 165. O policial civil que incidir na prática de transgressão
natural ou jurídica, com abuso ou desvio de poder ou sem compe- disciplinar puramente administrativa, motivada pela culpa, terá sua
tência legal; pena reduzida até a metade, observado o disposto no artigo ante-
XXII – lesar os cofres públicos ou dilapidar o patrimônio públi- rior.
co; Art. 166. A advertência é aplicada por escrito, nos casos de não
XXIII – revelar fato ou informação de natureza sigilosa de que observância de dever funcional e da vedação de desvio de servidor
tem ciência em razão do cargo ou função, salvo quando se tratar de para o exercício de atribuições diversas das inerentes ao seu car-
depoimento em processo judicial, policial ou administrativo; go efetivo, bem como na violação de proibição constante do artigo
XXIV – utilizar o anonimato para prejuízo da instituição ou de 157, incisos de I a III e V a VII desta Lei Complementar, quando não
companheiros; couber pena mais grave.
XXV – extraviar ou facilitar o extravio, por negligência, de ar- Art. 167. A suspensão é aplicada em caso de:
mas, de algemas e de outros bens do patrimônio da instituição, que I – reincidência em conduta punida com advertência;
estejam sob a sua guarda ou responsabilidade; II – violação de proibição diversa das enumeradas no artigo 166
XXVI – submeter pessoa, sob sua guarda ou custódia, à tortura, desta Lei Complementar e que não tipifique falta sujeita à penalida-
vexame ou constrangimento; de de demissão;
XXVII – atentar, com abuso de autoridade ou prevalecendo-se III – transgressões disciplinares previstas nos artigos 157, 158 e
dela, contra a inviolabilidade de domicílio; 159 desta Lei Complementar que não tipifiquem pena de demissão,
XXVIII – consumir substância entorpecente ou que cause de- na seguinte gradação:
pendência química em serviço, ou apresentar-se ao serviço em es- a) de 1 (um) a 10 (dez) dias, nas transgressões de natureza leve;
tado alucinógeno decorrente do consumo de tais substâncias. b) de 11 (onze) a 30 (trinta) dias, nas transgressões de natureza
média;
CAPÍTULO VI c) de 31 (trinta e um) a 90 (noventa) dias, nas transgressões de
DA APLICAÇÃO DAS PENAS DISCIPLINARES natureza grave.
§ 1º A suspensão não pode exceder 90 (noventa) dias, e, duran-
Art. 160. São penas disciplinares: te a aplicação dessa pena, o servidor não perceberá remuneração.
I – advertência; § 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalida-
II – suspensão; de da suspensão pode ser convertida em multa, na base de 50%
III – demissão; (cinqüenta por cento) por dia de remuneração, ficando o servidor
IV – cassação de aposentadoria ou disponibilidade; obrigado a permanecer em serviço.
V – destituição de função de confiança; Art. 168. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
VI – destituição de cargo comissionado. I – condenação em conduta tipificada como crime contra a Ad-
Art. 161. Na aplicação das penas disciplinares, serão conside- ministração Pública;
rados: II – abandono de cargo;
I – a natureza da infração, sua gravidade e as circunstâncias em III – condenação em conduta tipificada como ato de improbi-
que for praticada; dade administrativa;
II – os danos dela decorrentes para o serviço policial civil; IV – insubordinação grave em serviço;
III – a repercussão do fato; V – ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo
IV – os antecedentes do policial civil; as causas excludentes de ilicitude previstas na legislação vigente;
V – a reincidência. VI – aplicação irregular de dinheiro público;
Art. 162. São circunstâncias que agravam a pena, quando não VII – revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
constituem ou qualificam outra transgressão disciplinar: cargo;
I – reincidir; VIII – lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio es-
II – coagir, instigar ou determinar que outro policial civil, subor- tadual;
dinado ou não, pratique a transgressão ou dela participe; IX – corrupção, sob qualquer de suas formas;
III – dificultar, de qualquer forma, a apuração da falta discipli- X – ocultação de nova investidura, de que resulte acumulação
nar praticada; proibida; e
IV – ter sido praticada mediante concurso de 02 (dois) ou mais XI – acumulação ilegal de cargos, funções ou empregos públi-
agentes; cos.
V – ter sido praticada por desídia, desleixo ou má-fé; Art. 169. Verificada, em processo disciplinar, a acumulação
VI – ter sido praticada sob influência de álcool ou droga ilícita. remunerada de cargos constitucionalmente proibida, mas haven-
Art. 163. São circunstâncias que atenuam a pena, exceto quan- do comprovada boa-fé do servidor, este deverá optar por um dos
do a prevista for a de demissão: cargos.

51
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 170. As destituições de cargo em comissão ou de função de Art. 175. O policial afastado em decorrência das medidas acau-
confiança serão aplicadas nos casos de qualquer infração disciplinar telatórias terá direito à contagem do período, para todos os efeitos,
sujeita às sanções administrativas previstas nesta Lei Complemen- bem como à percepção da diferença da remuneração, nos casos de:
tar. I – afastamento compulsório, preso ou solto, se absolvido ao
final;
CAPÍTULO VII II – prisão cautelar ou suspensão preventiva, se for absolvido
DA COMPETÊNCIA PARA IMPOSIÇÃO DAS SANÇÕES DISCIPLI- ou, ainda, se, do procedimento resultar, no máximo, pena de ad-
NARES vertência;
III – cômputo do afastamento na penalidade de suspensão
Art. 171. São competentes para imposição de pena disciplinar: eventualmente aplicada;
I – o Governador do Estado, privativamente, nos casos de de- IV – contagem, para todos os efeitos, bem como à percepção
missão de policial civil, cassação de aposentadoria ou disponibili- da diferença de remuneração, do período que exceder o prazo da
dade; pena de suspensão eventualmente aplicada.
II – o Secretário de Estado da Segurança e da Defesa Social ou § 1º Durante o período das medidas acautelatórias, poderão
autoridade por este delegada, em todos os casos, ressalvada a com- ser recolhidas a arma, a munição, a identidade funcional, o distinti-
petência do Governador, e nos casos de suspensão de até noventa vo e as algemas do policial civil, pelo Presidente do inquérito poli-
dias; cial ou pelo superior hierárquico imediato.
III – o Delegado-Geral da Polícia Civil do Estado da Paraíba, nos § 2º Após o recolhimento previsto no parágrafo anterior, ime-
casos de advertência e suspensão até trinta dias. diatamente, a autoridade policial que o efetuou deverá encaminhar
Parágrafo único. O superior hierárquico que tiver ciência de cópia da documentação relativa à motivação do afastamento ao
transgressão disciplinar praticada por policial civil sob sua subordi- Secretário de Estado da Segurança e da Defesa Social e/ou ao De-
nação é obrigado a comunicá-la, imediatamente, à autoridade com- legado-Geral da Polícia Civil do Estado da Paraíba, via escalão hie-
petente, para que esta proceda à abertura de sindicância ou de pro- rárquico, para expedição de portaria de afastamento compulsório.
cesso administrativo disciplinar, conforme a exigência do caso a ser
apurado, sob pena de ser penalizado administrativa e penalmente. CAPÍTULO X
DA APURAÇÃO SUMÁRIA DE IRREGULARIDADES
CAPÍTULO VIII
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Art. 176. A sindicância administrativa é o meio sumário de apu-
ração de irregularidades e será realizada por comissão, presidida
Art. 172. Extingue-se a punibilidade da conduta tipificada como por membros de condição hierárquica nunca inferior à do sindicado.
transgressão disciplinar: § 1º A sindicância será instaurada de oficio pela autoridade
I – pela morte do policial civil transgressor;
atributiva que tomou conhecimento da irregularidade ou por de-
II – pela prescrição da ação disciplinar.
terminação de órgão ou chefia a que pertencer o funcionário, me-
§ 1º Extingue-se a punibilidade pela prescrição:
diante ato próprio.
I – da falta sujeita à pena de advertência, em 180 (cento e oi-
§ 2º A autoridade ou comissão incumbida da sindicância deve-
tenta) dias;
rá publicar Portaria instauradora, no prazo improrrogável de cinco
II – da falta sujeita à pena de suspensão, em 2 (dois) anos; e
dias, contado da determinação da ação.
III – das faltas puníveis com demissão, cassação de aposenta-
Art. 177. Promove-se a sindicância:
doria, disponibilidade e destituição de cargo em comissão, em 5
I – como preliminar do processo administrativo disciplinar;
(cinco) anos.
II – quando não for obrigatória a instauração, desde logo, de
§ 2º Os prazos de prescrição, previstos em legislação penal,
aplicam-se às infrações disciplinares tipificadas também como cri- processo administrativo disciplinar ou a falta não ensejar pena su-
me. perior a trinta dias de suspensão.
§ 3º A transformação de sindicância para processo administra- Art. 178. Ao tomar conhecimento da irregularidade, a autori-
tivo não reinicia o prazo de contagem prescricional. dade ou o funcionário adotará as providências legais, promovendo
§ 4º Interrompido o curso de prescrição, o prazo recomeça a a sua apuração ou comunicando o fato à autoridade competente.
partir do dia em que cessar a interrupção. § 1º Quando não for possível, de início, determinar a existência
§ 5º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o de transgressão disciplinar ou sua autoria, a sindicância será prece-
fato se tornou conhecido. dida de Autos de Investigação Preliminar.
§ 6º A abertura de sindicância ou a instauração de processo § 2º Findo o Auto de Investigação Preliminar, com prazo de
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por trinta dias para a sua conclusão, prorrogável por igual período, e
autoridade competente. concluído pela existência do fato e de sua autoria, será iniciada a
sindicância, sendo vedada a participação do Presidente do procedi-
CAPÍTULO IX mento investigativo no punitivo.
DO AFASTAMENTO COMPULSÓRIO § 3º Findo o Auto de Investigação Preliminar e não apurada a
existência de falta administrativa ou de sua autoria, o procedimento
Art. 173. O policial civil será afastado compulsoriamente, nos será arquivado.
casos de: Art. 179. Ocorrendo justo motivo, a autoridade ou membro de
I – prisão provisória, nos termos da legislação vigente; comissão sindicante deve declarar-se suspeito por escrito e justifi-
II – condenação por crime em regime fechado, transitada em cadamente, devolvendo a sindicância administrativa ao subscritor
julgado. da Portaria designativa, para redistribuição.
Art. 174. O policial civil perderá um terço da remuneração, nos
casos de afastamento compulsório.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 180. O impedimento ou a suspeição atingem o sindicante, II – acolher ou recusar, motivadamente, a conclusão do relator,
a comissão sindicante ou a autoridade julgadora, e, ocorrendo justo aplicando a penalidade, absolvendo o sindicado ou determinando o
motivo, eles devem se declarar suspeitos por escrito e justificada- arquivamento dos autos;
mente, devolvendo a sindicância administrativa ao subscritor da III – acolher eventual prescrição e determinar o arquivamento;
portaria designativa, para redistribuição. IV – solicitar ou propor a instauração de processo administra-
Art. 181. São circunstâncias configuradoras de impedimento: tivo disciplinar.
I – ser parte interessada; § 1º No prazo de trinta dias, contados da publicação da decisão,
II – haver participado de procedimento em que interveio como caberá recurso hierárquico à instância superior.
defensor do policial civil; § 2º Os recursos de sanções de advertência e suspensivas até
III – ter realizado a perícia referente ao fato em apuração; trinta dias, exauremse no Secretário de Estado da Segurança e da
IV – ter sido o Presidente do procedimento anterior que origi- Defesa Social, e as superiores, inclusive a de demissão, no Gover-
nou a apuração dos fatos; nador.
V – ter sido ouvido no procedimento anterior que originou a § 3º Os recursos processar-se-ão em apenso aos autos princi-
apuração dos fatos. pais e deverão ser publicados no Boletim Interno da Polícia Civil do
Art. 182. São circunstâncias configuradoras de suspeição: Estado da Paraíba.
I – ter amizade íntima ou inimizade capital entre si ou entre Art. 186. A sindicância deve ser concluída no prazo de trinta
seus parentes; dias, prorrogável por igual período, mediante solicitação justificada
II – ter qualquer grau de parentesco entre ambos; do sindicante e a critério da autoridade que determinou sua ins-
III – ter relações comerciais entre si ou seus parentes; tauração.
IV – ser credor ou devedor do sindicado, de seu cônjuge ou de Art. 187. Os prazos previstos nesta Lei Complementar contar-
parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; -se-ão do dia imediato à sua publicação ou da ciência ao interessa-
V – ser interessado no julgamento da causa. do, e, recaindo o início ou o fim do prazo em feriado ou dia sem ex-
Art. 183. A sindicância administrativa deverá ser instaurada no pediente, será considerado para tanto o primeiro dia útil seguinte.
prazo de dez dias do conhecimento do fato pela autoridade compe- Art. 188. O descumprimento dos prazos somente gerará nuli-
tente ou do recebimento da Portaria designativa, cuja peça inicial dade, quando resultar em prejuízo à parte, objetivamente demons-
apresentará relato sucinto do objeto da apuração, se possível, men- trado.
cionando a data, o local e demais circunstâncias do fato investigado,
determinando ainda a adoção das primeiras medidas, a juntada de TÍTULO VI
documentos já obtidos e as oitivas de testemunhas. DO PROCESSO DISCIPLINAR E DA REVISÃO
§ 1º Na fase instrutória, deverão ser ouvidas as testemunhas, CAPÍTULO I
juntados documentos e laudos, assegurada a defesa prévia e as ale- DO PROCESSO DISCIPLINAR
gações finais do sindicado, concluindo com relatório da autoridade
ou da comissão, em que serão propostas as medidas cabíveis à au- Art. 189. A aplicação das disposições deste Título far-se-á sem
toridade competente para decidir. prejuízo da validade dos atos expedidos e realizados sob a vigência
§ 2º Os prazos de defesa serão de cinco dias, contados da notifi- de lei anterior.
cação e, quando houver mais de um sindicado, o prazo será comum, Art. 190. Instaurar-se-á o processo administrativo disciplinar, a
permanecendo os autos à disposição dos sindicados para consultas fim de se apurar a ação ou a omissão de policial civil, puníveis dis-
ou requerimento de cópia de peças. ciplinarmente.
§ 3º O relatório final deverá conter a síntese do que foi apura- Art. 191. Será obrigatório o processo administrativo disciplinar,
do, especificar as provas produzidas, confrontando-as com a defesa quando a falta, por sua natureza, possa determinar a pena de sus-
apresentada e as contraprovas, e concluirá evidenciando seu enten- pensão superior a trinta dias ou multa correspondente, assim como
dimento e apontando a irregularidade cometida, além de individua- a pena de demissão.
lizar a autoria, especificando os dispositivos violados e propondo a Parágrafo único. O processo administrativo disciplinar será pre-
pena a ser aplicada, seu arquivamento ou a instauração do processo cedido de sindicância, somente quando não houver elementos su-
disciplinar. ficientes para se concluir pela existência da falta ou de sua autoria.
§ 4º Em qualquer fase da sindicância administrativa, se ficar Art. 192. São competentes, para determinar a instauração de
evidenciado falta funcional em que a pena seja superior a trinta dias processo administrativo, o Governador do Estado, o Secretário de
de suspensão, os autos serão encaminhados à autoridade compe- Estado da Segurança e da Defesa Social, o Delegado-Geral da Polícia
tente, propondo-se a instauração de processo administrativo, com a Civil do Estado da Paraíba ou o Corregedor-Geral da Secretaria de
indicação dos fundamentos fáticos e jurídicos para tanto. Estado da Segurança e da Defesa Social, preferencialmente, nessa
Art. 184. Ao sindicado, será assegurado o direito de defesa, ordem.
compreendendo sua audiência de oitiva, oportunidade de ter vista Art. 193. O processo administrativo será realizado por comis-
dos autos, de formular requerimento de diligências e de juntada de são integrada por Delegados de Polícia e membros de carreiras da
documentos, bem como de apresentar defesa técnica por pessoa, Polícia Civil do Estado da Paraíba, estáveis e de classe nunca inferior
preferencialmente com conhecimentos jurídicos, ou por profissio- à do processado, designados pelo Corregedor da Polícia Civil do Es-
nal habilitado, em todas as fases do procedimento disciplinar, após tado da Paraíba, o qual indicará o Presidente.
formalmente sindicado. Parágrafo único. Quando o processo administrativo envolver
Art. 185. A decisão deverá ser proferida no prazo de trinta dias apuração de falta disciplinar de policiais civis da área de atuação
do recebimento dos autos, e a autoridade competente deverá: do Instituto de Polícia Científica, o CorregedorGeral deverá solicitar
I – averiguar seu regular desenvolvimento, principalmente ao seu titular a indicação de, pelo menos, um servidor da mesma
quanto à garantia da ampla defesa, apontar as falhas encontradas, carreira do processado para compor a Comissão.
devolvendo-os para correção, se for o caso;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 194. O processo administrativo será iniciado dentro do pra- Art. 202. Findo o prazo referido no artigo anterior, o Presidente
zo de dez dias, contado da data do recebimento do despacho da da Comissão convocará audiência de instrução.
designação e concluído no prazo de noventa dias, prorrogáveis por § 1º Serão ouvidas, pela ordem, as testemunhas arroladas pela
igual período, pelo Corregedor da Polícia Civil do Estado da Paraíba. Comissão, em número não superior a cinco por acusado, e, depois,
§ 1º O Delegado-Geral da Polícia Civil do Estado da Paraíba, em as do processado.
casos excepcionais e mediante representação fundamentada do § 2º As testemunhas poderão ser inquiridas pelo Presidente,
Corregedor da Polícia Civil do Estado da Paraíba poderá autorizar pelos membros da Comissão e reperguntadas pelo processado ou
nova prorrogação de prazo por mais noventa dias. seu defensor.
§ 2º O início do processo administrativo será comunicado, pelo § 3º O denunciante, o processado e as testemunhas poderão
Presidente da comissão, ao órgão de lotação do policial civil. ser ouvidos, reinquiridos ou acareados, em mais de uma audiência.
Art. 195. O Presidente da Comissão elaborará a Portaria vesti- § 4º A notificação de funcionário ou de servidor público será
bular, em que serão esclarecidos os motivos do procedimento e os comunicada ao respectivo chefe imediato, com os esclarecimentos
dispositivos legais tidos como violados, além de autuadas com essa necessários.
Portaria as demais peças preexistentes, bem como designará dia e Art. 203. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de
hora, para a audiência inicial, e determinará a citação do proces- depor, salvo nos casos de proibição legal, nos termos do art. 207 do
sado, a notificação do denunciante, se houver, e das testemunhas. Código de Processo Penal, ou em se tratando das pessoas mencio-
§ 1º O processado será citado, pelo menos, setenta e duas ho- nadas no art. 206 do referido Código.
ras antes da audiência inicial por uma das seguintes formas: Parágrafo único. As testemunhas são obrigadas a comparecer
I – pessoalmente, mediante recibo de próprio punho; à audiência, quando regularmente notificadas e, se não o fizerem,
II – se estiver em outro município do Estado, pessoalmente, poderão ser conduzidas perante a autoridade processante.
mediante recibo de próprio punho, ou por intermédio do respecti- Art. 204. Residindo a testemunha em Município diverso do que
vo superior hierárquico ou Delegado de Polícia local, ao qual serão tiver sede a comissão processante, esta, se entender conveniente,
encaminhadas, pelo correio ou meio próprio equivalente da Polícia deslocar-se-á até o local da residência do depoente, para ouvi-lo,
Civil do Estado da Paraíba, cópias da citação e da portaria inicial, cabendo à referida comissão informar a data e hora da realização
mediante recibo a ser assinado por mão própria do processado. da audiência de inquirição, com cinco dias de antecedência, ao pro-
§ 2º A remessa pelo correio será feita por Aviso de Recebimen- cessado ou ao seu defensor.
to, juntando-se ao processo o comprovante de sua entrega ao des- Art. 205. Em qualquer fase do processo, poderá o Presidente da
tinatário. Comissão ordenar diligências que se lhe afigurarem convenientes,
§ 3º Se estiver em lugar certo e conhecido de outro Estado, a de ofício ou a requerimento do processado.
citação será feita pelo correio, com as cautelas exigidas no parágra- Parágrafo único. Sendo necessário o concurso de técnicos ou
fo anterior. de peritos oficiais, o Presidente da comissão requisitá-los-á a quem
§ 4º Não sendo encontrado o processado e ignorando-se seu de direito, observados, também, em relação a eles, os impedimen-
paradeiro, ele será citado por edital publicado três vezes seguidas tos a que se refere o art. 207 do Código do Processo Penal.
no órgão oficial e em jornais de grande circulação, com prazo de dez Art. 206. O Presidente da comissão, em despacho fundamen-
dias para comparecimento, a contar da data da última publicação. tado, deverá indeferir as diligências requeridas com finalidade ma-
Art. 196. O denunciante, se houver, prestará declarações no in-
nifestamente protelatória ou sem interesse para o esclarecimento
terregno entre a data da citação e a fixada para o interrogatório do
do fato.
processado.
Art. 207. Encerrada a fase probatória, dar-se-á vista dos autos
Parágrafo único. O processado não assistirá à inquirição do
ao processado ou a seu defensor, no prazo de dez dias, para apre-
denunciante, não se aplicando essa proibição ao defensor do pro-
sentar razões de defesa.
cessado, que poderá formular perguntas, devendo o teor das de-
Parágrafo único. O primeiro prazo referido neste artigo não
clarações do denunciante ser lido ao processado, antes deste ser
será contado em dobro, quando houver mais de um processado.
interrogado.
Art. 208. O processo relatado será encaminhado ao Correge-
Art. 197. O processado será interrogado nos termos do Código
dor da Polícia Civil do Estado da Paraíba que, no prazo de dez dias,
de Processo Penal.
Art. 198. Não comparecendo o processado, regularmente ci- decidirá ou emitirá Parecer e o encaminhará à autoridade que de-
tado, prosseguirá o processo à sua revelia, e, na falta de defensor terminou a sua instauração, a qual em prazo de igual duração, con-
indicado pelo acusado, será nomeado, pelo Presidente, defensor tado da data do recebimento dos respectivos autos, homologará
dativo. ou decidirá.
Art. 199. O processado poderá constituir advogado para todos Art. 209. Concluindo a autoridade que determinou a instaura-
os atos e termos do processo. ção do processo administrativo por imposição de penalidade supe-
Art. 200. Para assistir pessoalmente aos atos processuais, fa- rior à de sua atribuição, conforme estabelecido nesta Lei Comple-
zendo-se acompanhar de defensor, se assim o quiser, o processado mentar, dentro de cinco dias, encaminhará os autos do processo à
será sempre intimado e poderá, nas inquirições, levantar contra- autoridade competente.
dita, formular perguntas e reinquirir testemunhas, além de, nas Art. 210. O processo administrativo disciplinar poderá ser sus-
perícias, apresentar assistente e formular quesitos, cujas respostas penso, respeitada a oportunidade de o imputado se manifestar a
integrarão o laudo, bem como fazer juntada de documentos em respeito, se a Comissão permanente de disciplina precisar se valer
qualquer fase do feito. de provas solicitadas a outros órgãos ou depender de informações
Art. 201. A contar da data do interrogatório do processado, ou de documentos imprescindíveis à instrução do feito.
abrir-se-á ao seu defensor prazo de dez dias para apresentar provas Parágrafo único. O prazo de que trata o caput deste artigo será
ou requerer sua produção. de até um ano, findo o qual a autoridade competente mandará
Parágrafo único. Ao processado, é facultado arrolar até cinco prosseguir o processo.
testemunhas.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 211. O processo administrativo, iniciado com intuito de se Art. 223. Concedida a reabilitação, cessam os efeitos decorren-
apurar falta administrativa decorrente exclusivamente de crime, tes da punição para fins de promoção e de análise de antecedentes.
deverá ser suspenso até decisão final, com trânsito em julgado na
esfera penal, exceto quando existir falta administrativa residual. TÍTULO VII
Art. 212. O processado será intimado pessoalmente das deci- DO PLANO DE CARGOS E CARREIRAS DA POLÍCIA CIVIL DO
sões proferidas nos autos que interessem à sua defesa. ESTADO DA PARAÍBA
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
DO PROCESSO DE REVISÃO
Art. 224. O Plano de Cargos e Carreiras da Polícia Civil do Esta-
Art. 213. Admitir-se-á, observados os prazos do artigo 167, § do da Paraíba, aqui identificada como Grupo Ocupacional GPC-600,
1º, a revisão do processo disciplinar administrativo findo, quando: estabelecerá a sucessão ordenada de posições que permitirá a evo-
I – a decisão for contrária a texto expresso em lei ou à evidência lução funcional do policial, com o objetivo de:
dos autos; I – manter identidade entre o potencial profissional e o nível de
II – a decisão se fundamentar em novos testemunhos, exames desempenho exigido no exercício das funções policiais;
ou documentos comprovadamente falsos ou viciados; II – incentivar a qualificação profissional e sua identidade com
III – após a decisão, descobrirem-se novas provas da inocência as funções da carreira e a realização pessoal;
do punido ou de circunstâncias que autorizem penas mais brandas. III – democratizar as oportunidades de crescimento profissional
Parágrafo único. Os pedidos que não se fundamentarem nos e promover a valorização do sistema do mérito;
casos enumerados neste artigo serão indeferidos liminarmente. IV – estabelecer sistema remuneratório justo e compatível
Art. 214. A revisão não autoriza o agravamento da pena. com a complexidade, conteúdo do cargo, capacitação, experiência,
§ 1º O pedido, devidamente fundamentado com as indicações eficiência e especialização requeridas para o desempenho de suas
das provas que pretende produzir, será sempre dirigido à autorida- funções, considerando as especificidades e peculiaridades da ativi-
de que aplicou a pena ou àquela que a tiver confirmado em grau dade policial.
de recurso.
§ 2º Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se funda- CAPÍTULO II
do em novos fatos ou provas. DA ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DAS CARREIRAS
Art. 215. A revisão poderá ser pleiteada pelo próprio infrator
Art. 225. O Grupo GPC-600 é integrado pelas Categorias Fun-
ou por seu procurador e, no caso de morte, pelo cônjuge, ascen-
cionais e Cargos a seguir, com atribuições ligadas às funções insti-
dente, descendente ou irmão.
tucionais da Polícia Civil do Estado da Paraíba, sobretudo aquelas
Art. 216. Não constitui fundamento para a revisão a simples
que dizem respeito às atividades de polícia judiciária, de serviços
alegação de injustiça da penalidade.
cartoriais, de perícias criminais, de identificação civil e criminal e de
Art. 217. Admitida pela autoridade competente, a revisão será
manutenção da segurança pública:
processada por comissão designada pelo Secretário de Estado da
I – Categoria Especial, integrada pelo cargo de Delegado de Po-
Administração.
lícia;
§ 1º Será impedido de funcionar na revisão quem houver com-
II – Categoria de Polícia Investigativa integrada pelos cargos de:
posto a comissão de processo administrativo anterior. a) Agente de Investigação;
§ 2º O Presidente designará um servidor para secretariar a co- b) Escrivão de Polícia;
missão. III – Categoria de Polícia Científica, integrada pelos cargos de:
Art. 218. Ao processo de revisão, será apenso o processo admi- a) Perito Oficial Criminal;
nistrativo ou a sua cópia, dando início imediato às diligências, mar- b) Perito Oficial Médico-Legal;
cando o Presidente o prazo de quinze dias para que o requerente c) Perito Oficial Odonto- Legal;
junte as provas que pretenda produzir. d) Perito Oficial Químico-Legal;
Art. 219. Decorrido o prazo consignado no artigo anterior, ain- IV – Categoria de Apoio Técnico, integrada pelos cargos de:
da que sem alegações, será o processo encaminhado com relatório a) Técnico em Perícia;
fundamentado da comissão, dentro de quinze dias, à autoridade b) Papiloscopista;
competente para proferir o julgamento. c) Necrotomista;
Art. 220. Será de trinta dias o prazo para o julgamento, sem V – Categoria de Apoio Policial, integrada pelo cargo de Moto-
prejuízo das diligências que a autoridade julgadora entenda neces- rista Policial.
sárias ao melhor esclarecimento dos fatos articulados no processo. § 1º Os cargos que integram o Grupo GPC-600 estão organiza-
Art. 221. Julgada procedente a revisão, a Administração deter- dos em carreiras estruturadas em classes, de forma a possibilitar o
minará a redução ou o cancelamento da penalidade imposta, com crescimento profissional do servidor policial civil.
as anotações necessárias nos assentamentos funcionais do servidor § 2º Lei Ordinária definirá os quantitativos e códigos dos cargos
recorrente. que integram o Grupo Ocupacional GPC-600.

CAPÍTULO III
DA REABILITAÇÃO

Art. 222. O policial civil, após dois anos, provado bom com-
portamento, por meio da ficha de assentamentos funcionais e de
parecer fundamentado com conclusão objetiva do chefe imediato,
poderá requerer reabilitação ao Delegado-Geral da Polícia Civil do
Estado da Paraíba.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO I j) manter banco de dados de processados, procurados, conde-
DA CATEGORIA ESPECIAL nados e foragidos e coordenar ações de busca e captura de trans-
SUBSEÇÃO I ferência de presos;
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINAREs k) adotar providências imediatas e impostergáveis em outras
circunscrições até que compareça a autoridade do local dos fatos;
Art. 226. A Categoria Especial é integrada pelo cargo de Delega- l) divulgar fatos, prestar informações de natureza policial ou
do de Polícia, cujas funções são essenciais para o Estado, cabendo científica de interesse da comunidade à imprensa ou a órgãos inte-
aos seus integrantes, na condição de autoridade policial, o exercício ressados, observados os preceitos constitucionais, as garantias in-
das atividades de polícia judiciária e de apuração, com total exclu- dividuais, as normas e os regulamentos da Administração Estadual;
sividade, das infrações penais, exceto as militares e aquelas cuja m) instaurar, presidir ou determinar a instauração de sindicân-
apuração compete exclusivamente à União. cia administrativa disciplinar e impor, se for o caso, as penalidades;
Parágrafo único. Os integrantes da carreira de Delegado de Po- n) promover orientação à comunidade sobre as medidas de
lícia são vinculados à Delegacia-Geral da Polícia Civil do Estado da profilaxia criminal e debater sobre assuntos relativos à segurança
Paraíba. pública;
o) expedir escala de plantão dos servidores subordinados;
SUBSEÇÃO II p) avocar e redistribuir inquéritos policiais ou procedimentos
DA ORGANIZAÇÃO DA CARREIRA DE DELEGADO DE POLÍCIA administrativos;
III – no curso de procedimentos de sua atribuição:
Art. 227. A carreira de Delegado de Polícia é estruturada em a) presidir, com exclusividade, auto de prisão em flagrante e de
quatro classes hierarquicamente escalonadas, correspondentes a: apreensão em flagrante de adolescentes infratores;
I – Delegado de Polícia de Terceira Classe; b) nomear intérpretes, peritos e escrivães ad hoc, bem como
II – Delegado de Polícia de Segunda Classe; curadores, avaliadores e depositários, quando houver justificado
III – Delegado de Polícia de Primeira Classe; motivo;
IV – Delegado de Polícia de Classe Especial. c) expedir portaria instauradora de inquérito policial ou de ou-
tro procedimento investigatório;
SUBSEÇÃO III d) expedir intimações, ordens de serviço, cartas precatórias e
DAS ATRIBUIÇÕES DO DELEGADO DE POLÍCIA mandados de condução coercitiva, quando de sua atribuição;
e) requisitar exames médicos, periciais e toxicológicos, inclusi-
Art. 228. Aos Delegados de Polícia, no cumprimento das fun- ve de sanidade mental e complementar, bem como informações e
ções institucionais e das atribuições da Polícia Civil do Estado da documentos que interessem à formação de prova;
Paraíba, incumbe: f) promover, por termos, oitivas, interrogatórios e acareações,
I – com exclusividade: bem como a reprodução simulada de fatos, os reconhecimentos e
a) presidir a apuração de infrações penais por meio do inqué- a exumação;
rito policial, de termo circunstanciado de ocorrência ou de outros g) solicitar o ingresso de vítima ou testemunha em programas
procedimentos investigatórios normatizados; de proteção e assistência respectivos;
b) lavrar termos circunstanciados de ocorrências, em conformi- h) determinar a elaboração de qualificação indireta, de planilha
dade com o disposto na legislação pertinente; de identificação e de vida pregressa do indiciado;
c) exercer, onde sejam realizados trabalhos de polícia judiciária, i) proferir despachos de indiciação, sindicação, movimentação
a titularidade de unidades integrantes da Polícia Civil do Estado da e desentranhamento, além de outros necessários nos autos;
Paraíba, de delegacias de polícia, de unidades de segurança, de gru- j) arbitrar valor de fiança, quando de sua atribuição;
pos operacionais ou similares; k) determinar a apreensão de objetos e o depósito de valores
II – no exercício da atividade policial judiciária: apreendidos em conta única do Estado;
a) planejar, coordenar, dirigir e executar, com exclusividade, as l) representar pela prisão preventiva, prisão temporária e ou-
ações de polícia judiciária; tras medidas judiciais cautelares;
b) organizar, executar e manter os serviços de registro, cadas- m) representar pelo afastamento temporário de agressor, nos
tro, controle e fiscalização de armas, munições e explosivos, na for- casos de crimes de menor potencial ofensivo, nos termos da legis-
ma da legislação federal específica; lação;
c) planejar, coordenar e realizar ações de inteligência destina- n) representar em juízo pela de mandado de busca e apreensão
das à instrumentalização do exercício de polícia judiciária e de apu- e pela quebra de sigilo fiscal, bancário, de comunicações telefônicas
ração de infrações penais, na sua área de atribuição; de qualquer natureza e de sistemas de informática e telemática;
d) realizar, com exclusividade, as correições ou procedimentos o) determinar a restituição ou o depósito, mediante termo de
similares de natureza ordinária, nas unidades policiais civis, na es- responsabilidade, de objetos apreendidos;
fera de sua atribuição; p) solicitar dilação de prazo;
e) realizar correições extraordinárias, gerais ou parciais; q) outras atribuições correlatas ou previstas em lei;
f) requisitar a realização de pesquisas técnico-científicas, esta- IV – em atividades complementares às funções do cargo:
tísticas e exames técnicos relacionados com a atividade de polícia a) participar de atividades de formação policial;
judiciária; b) exercer cargo em comissão ou função de confiança, quando
g) expedir licença para translado de cadáveres; designado por Ato ou Portaria;
h) presidir autos de incineração e destruição de drogas ilícitas c) representar a instituição policial, perante conselhos e Pode-
apreendidas, nos termos da legislação; res constituídos ou perante a sociedade, como autoridade policial,
i) exercer o controle interno e o aperfeiçoamento da atividade em eventos ou solenidades públicas.
policial judiciária;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO II IV – orientar, supervisionar, coordenar e dirigir trabalho de su-
DA CATEGORIA DE POLÍCIA INVESTIGATIVA bordinados em investigações e diligências, quando na condição de
SUBSEÇÃO I investigador-chefe ou por designação da autoridade policial;
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES V – executar, quando exigidas especialidade e habilitação pro-
fissional, atividades envolvendo operação de aparelhos de comuni-
Art. 229. A Categoria de Polícia Investigativa é integrada pelos cação, telecomunicações, computação, integrantes do sistema de
cargos de Agente de Investigação e de Escrivão de Polícia Civil do informações da segurança pública, zelando por sua manutenção e
Estado da Paraíba, cujas atribuições institucionais estão vinculadas conservação;
à preservação da ordem pública, à incolumidade das pessoas e do VI – participar de levantamento em local de crime e interagir
patrimônio, bem como ao exercício de atividades de polícia judiciá- na execução de trabalhos relacionados à coleta de provas e à pro-
ria, cartoriais e de investigação criminal. dução de fotografias, inclusive reproduções e ampliações, em locais
§ 1º Os integrantes da Carreira de Agente de Investigação e de de infrações penais, onde quer que se faça necessário o emprego
Escrivão de Polícia Civil do Estado da Paraíba são vinculados à Dele- das técnicas nas investigações policiais, bem como concorrer para a
gacia-Geral da Polícia Civil do Estado da Paraíba. total preservação do local do crime;
§ 2º Aos ocupantes das carreiras de Agente de Investigação e VII – realizar o recolhimento, a movimentação e a escolta de
de Escrivão de Polícia Civil, serão atribuídas responsabilidades pela preso, bem como a guarda de valores e seus pertences, procedendo
coordenação de serviços ou de equipes de trabalho, Comissário e à escrituração no livro de registro, enquanto perdurar a custódia
Chefe de Cartório, respectivamente, mediante o exercício de fun- legal do preso, durante as diligências investigatórias até a entrega
ções instituídas pelo Governador do Estado como privativas de in- ao respectivo cartório;
tegrantes destas carreiras. VIII – executar outras determinações legais emanadas da au-
Art. 230. Os integrantes das carreiras de Agente de Investigação toridade policial, considerando as atribuições que forem definidas
e de Escrivão de Polícia Civil deverão pautar suas atuações em obe- por lei ou ato normativo, relativo às atividades de polícia judiciária.
diência aos princípios e preceitos contidos nesta Lei Complementar Art. 233. Ao ocupante do cargo de Escrivão de Polícia Civil,
e àqueles inerentes às funções institucionais da Polícia Civil do Es- compete:
tado da Paraíba. I – registrar ocorrências, autuar, movimentar e participar da
formação de inquérito policial, de termo circunstanciado de ocor-
SUBSEÇÃO II rência, de auto de prisão em flagrante, de procedimentos especiais
DA ORGANIZAÇÃO DA CARREIRA DE AGENTE DE INVESTIGA- e administrativos, bem como praticar os atos de sua atribuição e de-
ÇÃO E DE ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIl mais atos procedimentais sob a presidência de autoridade policial;
II – manter, de forma atualizada e correta, o registro e a escri-
Art. 231. As carreiras de Agente de Investigação e de Escrivão turação de livros oficiais obrigatórios, de livros de instauração de
de Polícia Civil são estruturadas em quatro classes hierarquicamen- inquéritos policiais, bem como de remessa dos respectivos autos,
te escalonadas, correspondentes a: além de outros criados pela autoridade policial, expedir certidões
I – Agente de Investigação: e traslados;
a) Agente de Investigação de Terceira Classe; III – responder pela guarda dos procedimentos policiais, de
b) Agente de Investigação de Segunda Classe; bens, valores e instrumentos de crime entregues a sua custódia, em
c) Agente de Investigação de Primeira Classe; razão de sua função, dando-lhes a destinação legal;
d) Agente de Investigação de Classe Especial; IV – coordenar, supervisionar, orientar, controlar e dirigir os tra-
II – Escrivão de Polícia Civil: balhos de cartório, bem como dos seus servidores, quando estiver
a) Escrivão de Polícia Civil de Terceira Classe; na condição de Chefe de Cartório ou houver recebido designação
b) Escrivão de Polícia Civil de Segunda Classe; da autoridade policial;
c) Escrivão de Polícia Civil de Primeira Classe; V – prestar assistência às autoridades superiores em assuntos
d) Escrivão de Polícia Civil de Classe Especial. técnico especializados, relacionados ao cumprimento das formali-
dades legais necessárias em procedimentos de polícia judiciária e
SUBSEÇÃO III nos demais serviços cartorários;
DAS ATRIBUIÇÕES DO AGENTE DE INVESTIGAÇÃO E DO ESCRI- VI – executar trabalhos de escrituração manual, em equipa-
VÃO DE POLÍCIA CIVIL mento mecânico, elétrico ou eletrônico em auxílio aos procedimen-
tos administrativos e de polícia judiciária, e outros encargos, com-
Art. 232. Ao ocupante do cargo de Agente de Investigação, patíveis com suas atribuições, dentre eles, diligências em locais de
compete: crime e outros levantamentos criminais;
I – proceder, mediante determinação da autoridade policial, às VII – participar do levantamento de local de crime e orientar a
diligências e às investigações policiais, com o fim de coletar provas execução de trabalhos relacionados à coleta de provas e à produ-
para a elucidação de infrações penais e respectivas autorias, deven- ção de fotografias, inclusive reproduções e ampliações, em locais
do apresentar relatório de investigação circunstanciado; de infrações penais, onde quer que se faça necessário o emprego
II – efetuar prisão em flagrante ou cumprir mandados expedi- de técnicas nas investigações policiais;
dos pela autoridade policial ou judiciária competente; VIII – proceder ao inventário dos bens patrimoniais da unidade
III – dirigir veículos policiais, em razão do desempenho de suas policial, efetivando o controle do uso, da movimentação e do cadas-
funções, nos diversos setores da Polícia Civil do Estado da Paraíba, tramento dos bens móveis;
providenciando, junto ao setor competente, a conservação, limpe- IX – executar as tarefas administrativas atinentes à atividade
za e manutenção das viaturas policiais, responsabilizando-se pela cartorária, em conformidade com outras atribuições definidas em
guarda do veículo e respectivos acessórios e equipamentos, na au- lei ou ato normativo.
sência de motorista policial;

57
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
SEÇÃO III VI – realizar a identificação humana na área da criminalística;
DA CATEGORIA DE POLÍCIA CIENTÍFICA VII – elaborar laudos periciais relativos aos exames realizados;
SUBSEÇÃO I VIII – proceder a exames complementares e informações técni-
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES cas necessárias às perícias criminais;
IX – realizar as diligências necessárias para a complementação
Art. 234. A Categoria de Polícia Científica é integrada pelos car- de exames periciais;
gos de Perito Oficial Criminal, Perito Oficial Médico-Legal, Perito X – executar outras tarefas compatíveis com as atribuições da
Oficial Odonto-Legal e Perito Oficial Químico-Legal, essenciais aos função.
trabalhos prestados pela polícia judiciária, que atuarão nas funções Art. 237. Ao Perito Oficial Médico-Legal ou Perito Oficial Odon-
de polícia científica, com exclusividade, para produzir prova mate- to-Legal, compete:
rial, mediante análise dos vestígios e busca da materialidade para I – supervisionar, coordenar, controlar, orientar e executar pe-
dar subsídios à qualificação, estabelecendo a dinâmica e a autoria rícias médicolegais ou odonto-legais em geral, bem como estabele-
dos delitos. cer e pesquisar novas técnicas e procedimentos de trabalho;
Parágrafo único. Os integrantes dos cargos de Perito Oficial II – planejar, dirigir e coordenar as atividades científicas, reali-
Criminal, Perito Oficial Médico-Legal, Perito Oficial Odonto-Legal e zar pesquisas de novos métodos na área de medicina ou odontolo-
Perito Oficial Químico-Legal são vinculados ao Instituto de Polícia gia legal e produzir estudos, informações e pareceres técnicos para
Científica. eficiência dos trabalhos;
III – elaborar laudos periciais relativos aos exames realizados;
SUBSEÇÃO II IV – supervisionar, coordenar, orientar e executar perícias no
campo pericial respectivo;
DA ORGANIZAÇÃO DA CARREIRA DE PERITO OFICIAL V – executar perícias em pessoas vivas e em cadáveres, no âm-
Art. 235. As carreiras de Perito Oficial Criminal, Perito Oficial bito da medicina ou da odontologia legal;
Médico-Legal, Perito Oficial Odonto-Legal e Perito Oficial Químico- VI – proceder a exames complementares necessários às perí-
-Legal são estruturadas em quatro classes hierarquicamente escalo- cias médico-legais ou odonto-legais;
nadas, correspondentes a: VII – realizar identificação humana na área de medicina e de
I – Perito Oficial Criminal: odontologia-legal;
a) Perito Oficial Criminal de Terceira Classe; VIII – realizar as diligências necessárias para a complementação
b) Perito Oficial Criminal de Segunda Classe; de exames periciais;
c) Perito Oficial Criminal de Primeira Classe; IX – executar outras tarefas compatíveis com as suas funções.
d) Perito Oficial Criminal de Classe Especial; Art. 238. Ao Perito Oficial Químico-Legal, compete:
II – Perito Oficial Médico-Legal: I – executar atividades envolvendo a análise e a realização de
a) Perito Oficial Médico-Legal de Terceira Classe; exames e pesquisas laboratoriais;
b) Perito Oficial Médico-Legal de Segunda Classe; II – realizar pesquisas na área da Bioquímica e da Toxicologia,
c) Perito Oficial Médico-Legal de Primeira Classe; em peças anatômicas e líquidos retirados de cadáveres,
d) Perito Oficial Médico-Legal de Classe Especial; III – proceder à análise em líquidos de origem biológica, em
III – Perito Oficial Odonto- Legal: matérias orgânicas, tóxicos, venenos e produtos químicos, visando
a) Perito Oficial Odonto-Legal de Terceira Classe; ao esclarecimento e à prova das infrações penais.
b) Perito Oficial Odonto-Legal de Segunda Classe; IV – responsabilizar-se pelo preparo dos reativos químicos per-
c) Perito Oficial Odonto-Legal de Primeira Classe; tinentes aos exames afetos a sua área.
d) Perito Oficial Odonto-Legal de Classe Especial; V – efetuar exames em materiais, substâncias químicas, mine-
IV – Perito Oficial Químico –Legal: rais ou orgânicas, instrumentos, aparelhos e objetos utilizados na
a) Perito Oficial Químico-Legal de Terceira Classe; prática de infrações penais, recolhendo-os a laboratórios ou ana-
b) Perito Oficial Químico-Legal de Segunda Classe; lisando-os por outras formas, para caracterizar delitos ou fraudes;
c) Perito Oficial Químico-Legal de Primeira Classe; VI – supervisionar e coordenar os trabalhos de equipes de peri-
d) Perito Oficial Químico-Legal de Classe Especial. tos afetos a sua área de atuação;
VII – executar outras atividades correlatas.
SUBSEÇÃO III
DAS ATRIBUIÇÕES DOS PERITOS OFICIAIS SEÇÃO IV
DA CATEGORIA DE APOIO TÉCNICO
Art. 236. Ao Perito Oficial Criminal, compete: SUBSEÇÃO I
I – supervisionar, coordenar, controlar, orientar e executar pe- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
rícias criminais em geral, bem como estabelecer e pesquisar novas
técnicas e procedimentos de trabalho; Art. 239. A Categoria de Apoio Técnico é integrada pelos cargos
II – planejar, dirigir e coordenar as atividades científicas, reali- de Técnico em Perícia, Papiloscopista e Necrotomista, cujas atribui-
zar pesquisas de novos métodos criminalísticos e produzir estudos, ções estão vinculadas à função institucional de polícia técnico-cien-
informações e pareceres técnicos para eficiência dos trabalhos de tífica e de execução de tarefas de apoio operacional às áreas de cri-
perícia criminal; minalística, medicina e odontologia legal e de laboratório forense.
III – executar perícias, com exclusividade, em locais de crime, § 1º Os integrantes das carreiras de Técnico em Perícia, Papilos-
procedendo ao levantamento pormenorizado e coletando todas as copista e Necrotomista são vinculados ao Instituto de Polícia Cien-
evidências materiais relacionadas a esses eventos; tífica.
IV – executar reproduções simuladas;
V – executar perícias laboratoriais, análises dos vestígios ou in-
dícios relacionados às infrações penais, bem como exames micros-
cópicos comparativos e de micro-evidências;

58
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 2º Aos integrantes das carreiras da Categoria Apoio Técnico, II – proceder à identificação papiloscópica civil e criminal, clas-
poderão ser atribuídas responsabilidades pela coordenação de ser- sificar e arquivar impressões papilares e realizar as buscas no ar-
viços ou de equipes de trabalho, mediante o exercício de funções quivo datiloscópico e sistemas automatizados de identificação de
instituídas pelo Governador do Estado como privativas de integran- impressão digital, inclusive em cadáveres;
tes destas carreiras. III – atender ao público para emissão de carteiras de identi-
dades, atestados de antecedentes e coleta de impressões digitais,
SUBSEÇÃO II para fins de identificação civil e criminal;
DA ORGANIZAÇÃO DA CARREIRA DE TÉCNICO EM PERÍCIA IV – prestar informações criminais, com base no cadastro le-
gal, mediante autorização da autoridade competente, e organizar
Art. 240. A categoria funcional de Técnico em Perícia é estrutu- e manter registros atualizados dos arquivos de identificação civil e
rada em quatro classes identificadas por: criminal;
I – Técnico em Perícia de Terceira Classe; V – executar fotos de indiciados no ato da identificação crimi-
II – Técnico em Perícia de Segunda Classe; nal;
III – Técnico em Perícia de Primeira Classe; VI – proceder à coleta de impressões digitais em cadáveres.
IV – Técnico em Perícia de Classe Especial.
SUBSEÇÃO VI
SUBSEÇÃO III DA ORGANIZAÇÃO DA CARREIRA DE NECROTOMISTA
DAS ATRIBUIÇÕES DOS TÉCNICOS EM PERÍCIA
Art. 244. A carreira de Necrotomista é estruturada em quatro
Art. 241. Aos Técnicos em Perícia, incumbe: classes hierarquicamente escalonadas, identificadas por:
I – auxiliar os Peritos Criminais nas realizações de exames peri- I – Necrotomista de Terceira Classe;
ciais internos, como metalográficos, documentoscópicos, balísticos, II – Necrotomista de Segunda Classe;
transcrição de dados, laboratoriais, dentre outros; III – Necrotomista de Primeira Classe;
II – auxiliar os Peritos Criminais nos exames de perícias exter- IV – Necrotomista de Classe Especial.
nas, como reprodução simulada, levantamento em local de crime,
coleta de material residuográfico, coleta e identificação dos vestí- SUBSEÇÃO VII
gios e indícios criminais, bem como em diligências para a realização DAS ATRIBUIÇÕES DO NECROTOMISTA
de exames complementares;
Art. 245. Ao ocupante do cargo de Necrotomista, incumbe:
III – registrar filmagens e fotografias técnicas, nas diversas
I – auxiliar o Perito Oficial Médico-Legal, o Perito Oficial Odon-
áreas de atuação pericial;
to-Legal ou Perito Oficial Químico-Legal durante os exames, quando
IV – realizar procedimentos de secretaria, de protocolo e aten-
exigido;
dimento ao público e responder pela guarda de material enviado
II – acondicionar os cadáveres em câmara fria, registrando en-
para exames;
tradas e saídas, como também conduzir pessoas para possível re-
V – preparar reagentes e outros materiais utilizados nos exa-
conhecimento;
mes periciais;
III – operar sistemas de tecnologia de informática, sistemas de
VI – controlar o estoque de materiais de consumo de uso la-
telecomunicações, bem como dirigir viaturas policiais no exercício
boratorial; inerente às suas funções;
VII – guardar e organizar os materiais enviados para exames, já IV – registrar filmagens e fotografias técnicas, nas diversas
examinados e as contraprovas; áreas de atuação pericial;
VIII – operar sistemas de informática, sistemas de telecomuni- V – auxiliar os Peritos Oficiais Médico-Legais nas perícias ne-
cações, bem como dirigir viaturas policiais no exercício inerente às croscópicas e exumações, providenciando a limpeza e a desinfecção
suas funções; dos aparelhos e instrumentos cirúrgicos utilizados nos exames;
IX – executar outras tarefas compatíveis com as atribuições do VI – zelar pela limpeza, desinfecção e conservação dos mate-
cargo, inclusive de ordem administrativa. riais de uso laboratorial, bem como das áreas críticas de biossegu-
rança;
SUBSEÇÃO IV VII – realizar procedimentos de secretaria, de protocolo e aten-
DA ORGANIZAÇÃO DA CARREIRA DE PAPILOSCOPISTA dimento ao público, bem como também responder pela guarda de
material enviado para exames;
Art. 242. A carreira de Papiloscopista é estruturada em quatro VIII – executar outras tarefas compatíveis com as atribuições do
classes hierarquicamente escalonadas, identificadas por: cargo, inclusive de ordem administrativa.
I – Papiloscopista de Terceira Classe;
II – Papiloscopista de Segunda Classe; SEÇÃO V
III – Papiloscopista de Primeira Classe; DA CATEGORIA DE APOIO POLICIAL
IV – Papiloscopista de Classe Especial. SUBSEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
SUBSEÇÃO V
DAS ATRIBUIÇÕES DO PAPILOSCOPISTA Art. 246. A Categoria de Apoio Policial é integrada pelo cargo de
Motorista Policial cujas atribuições institucionais estão vinculadas à
Art. 243. Ao ocupante do cargo de Papiloscopista, incumbe: preservação da ordem pública, à incolumidade das pessoas e do pa-
I – executar trabalhos papiloscópicos, relativamente à tomada trimônio, bem como ao exercício de atividades de polícia judiciária.
de impressões papilares, coleta, classificação, pesquisas e arquiva- Parágrafo único. O integrante da carreira de Motorista Policial
mento de informações; é vinculado à Delegacia-Geral da Polícia Civil do Estado da Paraíba.

59
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 247. Os integrantes da carreira de Motorista Policial deve- V – Perito Oficial Médico-Legal e Perito Oficial Odonto-Legal:
rão pautar suas atuações em obediência aos princípios e preceitos formação de nível superior em Medicina e Odontologia, respecti-
contidos nesta Lei Complementar e àqueles inerentes às funções vamente;
institucionais da Polícia Civil do Estado da Paraíba. VI – Perito Oficial Químico-Legal: formação de nível superior
em Química, Química Industrial, Farmácia, Farmácia Bioquímica ou
SUBSEÇÃO II Farmácia Industrial
DA ORGANIZAÇÃO DA CARREIRA DE MOTORISTA POLICIAL VII – Técnico em Perícia: formação de nível médio;
VIII – Papiloscopista: formação de nível médio;
Art. 248. A carreira de Motorista Policial é estruturada em qua- IX – Necrotomista: formação de Técnico em Enfermagem;
tro classes hierarquicamente escalonadas, identificadas por: X – Motorista Policial: formação de nível médio.
I – Motorista Policial de Terceira Classe; § 1º O ingresso nas carreiras do Grupo Ocupacional GPC-600
II – Motorista Policial de Segunda Classe; dar-se-á sempre na terceira classe.
III – Motorista Policial de Primeira Classe; § 2º A comprovação de conclusão dos cursos de nível médio e
IV – Motorista Policial de Classe Especial. superior, referidos neste artigo, deverá ser feita no ato da posse por
meio de diploma expedido, por estabelecimento de ensino oficial
SUBSEÇÃO III ou reconhecido, devidamente registrado no órgão competente.
DAS ATRIBUIÇÕES DO MOTORISTA POLICIAL
SEÇÃO II
Art. 249. Ao Motorista Policial, compete: DA PROMOÇÃO NA CARREIRA
I – dirigir veículos policiais, em razão do desempenho de suas
funções, nos diversos setores da Polícia Civil do Estado da Paraí- Art. 252. A promoção de que trata esta Lei Complementar será
ba, providenciando a conservação, a limpeza e a manutenção das realizada, caso haja vaga que a permita, com divulgação das vagas
viaturas policiais, responsabilizando-se pela guarda do veículo, seus em 21 de abril, antecedida de realização dos procedimentos de ava-
acessórios e equipamentos; liação de desempenho e de sua apuração através das Comissões
II – auxiliar o agente de investigação nas diligências e investiga- Permanentes de Avaliação.
ções policiais determinadas pela autoridade policial, com o fim de § 1º Serão divulgados, por edital, o tempo de serviço na carrei-
coletar provas para a elucidação de infrações penais e respectivas ra, no cargo e na classe, bem como a pontuação obtida na avaliação
autorias; de desempenho dos candidatos aptos a concorrer à promoção, pe-
III – auxiliar o agente de investigação nas prisões em flagrante los critérios de antiguidade e merecimento.
ou cumprimento de mandados expedidos pela autoridade policial § 2º As promoções ocorrerão nos limites das vagas existentes,
ou judiciária competente; que serão providas na proporção de uma por antigüidade e outra
IV – auxiliar o agente de investigação no levantamento de local por merecimento, alternadamente.
de crime; § 3º A promoção somente ocorrerá para a classe imediatamen-
V – auxiliar na realização do recolhimento, movimentação e te superior àquela em que se encontra o Policial civil
escolta de preso, bem como na guarda de valores e pertences, en- § 4º O interstício mínimo de permanência em cada classe é de
quanto perdurar a custódia legal do preso, durante as diligências 02 (dois) anos, excetuando-se o período do estágio probatório.
investigatórias até a entrega ao respectivo cartório; Art. 253. Haverá uma Comissão Permanente de Avaliação para
VI – executar outras determinações legais emanadas da autori- cada carreira da Polícia Civil do Estado da Paraíba, que será respon-
dade policial, considerando as atribuições que forem definidas por sável pela condução dos procedimentos de avaliação de desempe-
lei ou ato normativo, relativo às atividades de polícia judiciária. nho e pela elaboração das listas dos concorrentes à promoção.
§ 1º As Comissões Permanentes de Avaliação serão constituí-
das por três ocupantes de cargo de cada carreira da Polícia Civil do
CAPÍTULO III
Estado da Paraíba, posicionados preferencialmente na classe espe-
DO INGRESSO E CRESCIMENTO NAS CARREIRAS
cial.
SEÇÃO I
§ 2º As comissões serão constituídas por ato do Secretário de
DO INGRESSO NAS CARREIRAS DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO
Estado da Segurança e da Defesa Social, por indicação do Delegado-
DA PARAÍBA
-Geral da Polícia Civil do Estado da Paraíba ou do Diretor do Institu-
to de Polícia Científica, e seus membros terão mandato de um ano,
Art. 250. O ingresso nas carreiras da Polícia Civil do Estado da
permitida a recondução.
Paraíba far-seá mediante aprovação em concurso público de provas § 3º A lista dos concorrentes por antiguidade será elaborada
ou de provas e títulos, de acordo com o disposto nesta Lei Comple- em ordem decrescente do tempo de serviço na carreira, e as listas
mentar e na forma definida em Edital. tríplices serão elaboradas com os nomes dos concorrentes à pro-
Art. 251. Considerando a natureza do cargo a ser provido, são moção por merecimento, considerando os resultados da avaliação
requisitos próprios para o ingresso nas carreiras da Polícia Civil do de desempenho.
Estado da Paraíba de: § 4º As listas serão encaminhadas ao Secretário de Estado da
I – Delegado de Polícia: bacharelado em Direito; Segurança e da Defesa Social para apreciação, deliberação e enca-
II – Agente de Investigação: formação de nível superior; minhamento dos nomes dos promovidos ao Governador, que pro-
III – Escrivão de Polícia: formação de nível superior; moverá através de ato publicado no Diário Oficial do Estado.
IV – Perito Oficial Criminal: formação de nível superior em Aná- Art. 254. Para concorrer à promoção, será exigido que o policial
lise de Sistemas, Ciências Biológicas, Biomedicina, Ciências Con- civil conte, no mínimo, com 2 (dois) anos na classe em que estiver
tábeis, Ciência da Computação, Engenharia, Farmácia, Física, Fo- classificado.
noaudiologia, Ecologia, Geografia, Geologia, Medicina Veterinária,
Química, Química Industrial e outras graduações afins definidas em
edital de concurso;

60
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º Será considerada como data inicial para a apuração do in- III – Técnico em Perícia e Papiloscopista:
terstício a da publicação da promoção anterior ou a data de publica- a) para a classe especial: cursos de capacitação na área de se-
ção de sua efetivação no cargo com a devida aprovação no estágio gurança pública ou na área correspondente ao seu cargo com carga
probatório. horária mínima de 40 (quarenta) horas, que, de forma isolada ou
§ 2º Na apuração do interstício, serão excluídos os afastamen- cumulativa, totalizem uma carga horária mínima de 200 (duzentas)
tos do exercício do cargo não considerados de efetivo exercício, os horas ou a conclusão de curso de graduação nas áreas previstas no
períodos de suspensão não convertida em multas e todas as ausên- inciso IV, alínea “a”, do artigo 251 desta Lei Complementar;
cias não abonadas. b) para a primeira classe: cursos de capacitação na área de se-
Art. 255. As promoções são facultativas e dependem de mani- gurança pública com carga horária mínima de 20 (vinte) horas, que
festação de interesse do candidato, ficando condicionada ao preen- de forma isolada ou cumulativa, totalizem uma carga horária míni-
chimento dos seguintes requisitos: ma de 120 (cento e vinte) horas;
I – apresentação de requerimento de inscrição no prazo esti- c) para a segunda classe: cursos de capacitação na área de se-
pulado no edital de abertura, tanto para concorrer pelo critério de gurança pública, com carga horária mínima de 20 (vinte) horas, que
merecimento quanto pelo critério de antiguidade, com exposição de forma isolada ou cumulativa, totalizem uma carga horária míni-
fundamentada das razões de seu pleito, sendo permitida a juntada ma de 80 (oitenta) horas;
de documentos para instruir o procedimento; IV – Necrotomista:
II – apresentação de documento que comprove a conclusão de a) para a classe especial: cursos de capacitação ou na área de
curso específico na Academia de Polícia Civil do Estado da Paraíba, segurança pública na área correspondente ao seu cargo com carga
que habilite o policial a concorrer à nova classe que pleiteia; horária mínima de 40 (quarenta) horas, que, de forma isolada ou
III – constar na lista de habilitação publicada pela Comissão Per- cumulativa, totalizem uma carga horária mínima de 200 (duzentas)
manente de Avaliação; horas ou a conclusão de curso de graduação na área de saúde ou
IV – ter permanecido na respectiva classe por, no mínimo, dois nas áreas previstas no inciso IV, alínea “b”, do artigo 251 desta Lei
anos de efetivo exercício. Complementar;
§ 1º As listas com os nomes dos policiais civis concorrentes se- b) para a primeira classe: cursos de capacitação na área de se-
rão publicadas, por ordem decrescente da classificação final, pelos gurança pública com carga horária mínima de 20 (vinte) horas, que,
critérios de antiguidade e de merecimento. de forma isolada ou cumulativa, totalizem uma carga horária míni-
§ 2º Poderão concorrer à promoção por antiguidade os poli- ma de 120 (cento e vinte) horas;
ciais civis afastados por motivo de saúde e para exercício de man- c) para a segunda classe: cursos de capacitação na área de se-
dato classista. gurança pública, com carga horária mínima de 20 (vinte) horas, que,
Art. 256. Para concorrer à promoção por merecimento, o in- de forma isolada ou cumulativa, totalizem uma carga horária míni-
tegrante do Grupo Ocupacional Polícia Civil do Estado da Paraíba ma de 80 (oitenta) horas;
deverá atender aos seguintes requisitos: V – Motorista Policial:
I – Delegado de Polícia, Perito Oficial Criminal, Perito Oficial a) para classe especial: cursos de capacitação na área de segu-
Médico-Legal, Perito Oficial Odonto-Legal ou Perito Oficial Quími- rança pública com carga horária mínima de 20 (vinte) horas, que, de
co-Legal: forma isolada ou cumulativa, totalizem uma carga horária mínima
a) para a classe especial: curso de especialização nas áreas pre- de 180 (cento e oitenta) horas ou conclusão de curso graduação em
vistas nos incisos I e IV e alíneas do artigo 251 desta Lei Comple- qualquer área;
mentar, com carga horária mínima de 450 (quatrocentas) horas ou b) cursos de capacitação na área de segurança pública com
pós-graduação em nível de mestrado ou doutorado em área afim; carga horária mínima de 20 (vinte) horas, que de forma isolada ou
b) para a primeira classe: curso de especialização nas áreas cumulativa, totalizem uma carga horária mínima de 120 (cento e
previstas nos incisos I e IV e alíneas do artigo 251 desta Lei Com- vinte) horas;
plementar, com carga horária mínima de 360 (trezentas e sessenta) c) para a segunda classe: cursos de capacitação na área de se-
gurança pública, com carga horária mínima de 20 (vinte) horas, que
horas;
de forma isolada ou cumulativa, totalizem uma carga horária míni-
c) para a segunda classe: cursos de capacitação na área de se-
ma de 80 (oitenta) horas.
gurança pública com carga horária mínima de 40 (quarenta) horas,
§ 1º Os cursos referidos no caput deste artigo, à exceção de
que de forma isolada ou cumulativa, totalizem uma carga horária
graduação, especialização em nível de pós-graduação, mestrado e
mínima de 240 (duzentas e quarenta) horas;
doutorado, serão ministrados pela Academia de Ensino de Polícia,
II – Agente de Investigação ou Escrivão de Polícia:
anualmente, inclusive mediante convênio com outras instituições
a) para a classe especial: conclusão de curso de especialização
de ensino superior do Estado ou de outras Unidades da Federação,
na área com carga horária mínima de 360 (trezentas e sessenta);
em qualquer caso, aprovado pelo Conselho de Ensino da Academia
b) para a primeira classe: conclusão de cursos de capacitação
de Polícia.
na área de segurança pública com carga horária mínima de 40 (qua- § 2º O Curso de Formação exigido para o ingresso do policial
renta) horas, que de forma isolada ou cumulativa, totalizem uma civil na carreira não será considerado para efeito de Promoção.
carga horária mínima de 180(cento e oitenta) horas; § 3º Um mesmo título não poderá ser utilizado para mais de
c) para a segunda classe: conclusão de cursos de capacitação uma promoção.
na área de segurança pública com carga horária mínima de 20 (vin-
te) horas, que de forma isolada ou cumulativa, totalizem uma carga SUBSEÇÃO I
horária mínima de 120(cento e vinte) horas; DA PROMOÇÃO POR MERECIMENTO

Art. 257. Merecimento é a demonstração positiva pelo policial


civil, durante a sua permanência na classe, do desempenho de suas
funções com eficiência, ética e responsabilidade.

61
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º Concorrerão à promoção por merecimento os policiais ci- I – conduta na vida pública e particular, que reflitam no exer-
vis que constarem da lista elaborada pela Comissão Permanente de cício da função policial ou na imagem da Polícia Civil do Estado da
Avaliação. Paraíba;
§ 2º O merecimento do policial civil será apurado em pontos II – eficiência no desempenho das funções inerentes ao cargo
positivos, mediante o preenchimento das condições definidas nesta ocupado;
Lei Complementar. III – atuação destacada na solução de situações ou conflitos de
Art. 258. A avaliação de desempenho, com o objetivo de afe- relevância para o restabelecimento da ordem pública;
rir o rendimento do membro da Polícia Civil do Estado da Paraíba IV – contribuição à organização e à melhoria dos serviços de
no exercício das respectivas atribuições, condicionase ao preenchi- natureza policial;
mento dos requisitos considerados indispensáveis ao exercício das V – aprimoramento de seus conhecimentos, por meio de cur-
funções e ao atendimento das condições essenciais para concorrer sos, publicação de livros e artigos, relacionados com a atividade po-
à promoção por merecimento, com base nos seguintes fatores: licial, jurídica ou científica;
I – qualidade de trabalho: a demonstração do grau de exatidão, VI – elogios, medalhas de mérito ou outras condecorações por
precisão e apresentação, quando possível, mediante apreciação de desempenho destacado no exercício da função pública, de auto-
amostras, do trabalho executado, bem como pela capacidade de- ridades da Administração Pública ou de entidades da organização
monstrada pelo policial civil no desempenho das atribuições do seu civil;
cargo; VII – exercício de tarefas especiais, mediante designação espe-
II – produtividade no trabalho: a comprovação, a partir da com- cífica.
paração da produção desejada com o trabalho realizado que será Parágrafo único. Para fins de avaliação, a Comissão Permanente
aferido, sempre que possível, com base em relatórios estatísticos terá por base os lançamentos realizados ao longo do período nos
de desempenho quantificado; assentamentos funcionais, no banco de dados do Departamento de
III – iniciativa: capacidade de agir, de apresentar sugestões ou Inteligência e na Corregedoria da Polícia Civil do Estado da Paraíba.
idéias visando ao aperfeiçoamento do serviço, assim como o de- Art. 260. O merecimento do policial civil será apurado anual-
sempenho das atribuições e das tarefas que lhe foram designadas e mente pelas Comissões Permanentes de Avaliação, a partir dos
que executou sem a supervisão permanente de outrem; lançamentos constantes das Fichas Individuais de Desempenho,
IV – presteza: qualidade, demonstrada pelo policial civil, de preenchidas pelas chefias imediatas.
cooperar com a chefia, com os colegas e com o público, na realiza- § 1º Na aferição do merecimento, as Comissões Permanentes
ção dos trabalhos afetos ao organismo policial, com a devida pron- de Avaliação não ficarão adstritas à Ficha Individual de Desempe-
nho, devendo ouvir os chefes imediatos e mediatos, atual e ante-
tidão na execução dos trabalhos;
rior, sem prejuízo de outros meios, ao longo do período da respec-
V – urbanidade no tratamento: conduta pessoal no relaciona-
tiva avaliação.
mento com o público, com os colegas e com os superiores, pautada
§ 2º Os servidores afastados por mais de cento e oitenta dias
na ética, na educação e na obediência ao conjunto dos princípios
no período da avaliação de desempenho não poderão concorrer à
que orientam a conduta do policial civil; promoção pelo critério de merecimento.
VI – disciplina: observância dos preceitos e normas, com a com- § 3º É obrigatória a promoção do servidor policial civil que figu-
preensão dos deveres, da responsabilidade, do respeito e da se- rar, por 03 (três) vezes consecutivas ou 05 (cinco) vezes alternadas,
riedade com os quais o policial civil desempenha suas atribuições; em lista de merecimento, ressalvadas as hipóteses do artigo 257
VII – zelo funcional: execução de suas atividades com cuidado, desta Lei Complementar.
dedicação e compreensão dos deveres e responsabilidade; Art. 261. Não concorrerá à promoção por merecimento o mem-
VIII – assiduidade: aferida pelo número de ausências ao servi- bro da Polícia Civil do Estado da Paraíba que registrar, relativamente
ço; ao período da avaliação, uma ou mais das seguintes situações, até à
IX – pontualidade: aferida pelo número de entradas em serviço data de divulgação dos nomes dos concorrentes:
atrasadas, de saídas antecipadas ou de ausências durante o expe- I – estar cedido a órgãos não integrantes da Secretaria de Esta-
diente de trabalho; do da Segurança e da Defesa Social;
X – cultura profissional e aproveitamento em programas de II – registro de dez ou mais faltas não abonadas;
capacitação: comprovação da capacidade para melhorar o desem- III – punição administrativa não reabilitada;
penho das atribuições normais do cargo e para a realização de tare- IV – condenação criminal, com trânsito em julgado, não reabi-
fas superiores, adquiridas por intermédio de estudos, de trabalhos litada;
específicos e da participação em cursos regulares relacionados com V – estar em exercício de mandato eletivo federal, distrital, es-
atribuições do cargo; tadual ou municipal;
XI – chefia e liderança: o bom desempenho no exercício de fun- VI – estar exercendo, exclusivamente, mandato classista;
ções de direção, coordenação, supervisão e orientação, bem como VII – estar em gozo de licença para tratar de assunto particular;
a participação, como representante da categoria funcional, em ór- VIII – ter sofrido penalidade de advertência ou suspensão, no
gãos de deliberação coletiva ou em eventos técnicos de interesse período de 02 (dois) anos imediatamente anteriores à ocorrência
da segurança pública. da vaga.
Parágrafo único. Para cada um dos fatores relacionados, serão Art. 262. Na aferição do merecimento, o avaliado terá ciência
atribuídos graus de avaliação, que serão convertidos em pontos, dos resultados e poderá interpor pedido de reconsideração peran-
te a Comissão Permanente de Avaliação, cuja decisão poderá, no
para apurar o desempenho dos policiais civis, conforme dispuser
prazo de cinco dias úteis, ser apreciada em grau de recurso pelo
regulamento.
Delegado-Geral, que terá trinta dias para julgá-lo em decisão irre-
Art. 259. As Comissões Permanentes de Avaliação, além dos
corrível.
conceitos lançados na Ficha Individual de Desempenho pelas che-
fias imediatas, utilizará, para a elaboração das listas de promoção,
os seguintes parâmetros:

62
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 263. A avaliação para a promoção por merecimento será Art. 266. A promoção extraordinária dependerá, em cada caso,
efetivada na classe, aferindo-se o comportamento e o desempenho da comprovação dos fatos que a justificam, os quais serão apura-
do policial civil sob os aspectos de capacitação, experiência e efi- dos, independentemente de requerimento, por parte do interessa-
ciência funcional, atendido o maior número possível dos requisitos do, da chefia imediata ou por provocação de terceiros.
a seguir: Art. 267. A promoção por bravura se efetivará pela prática de
I – curso específico na Academia de Ensino de Polícia, válido ato considerado muito meritório e terá as circunstâncias para a sua
para promoção por merecimento; ocorrência apuradas em investigação conduzida por membros da
II – cursos realizados em outras academias ou instituições, rela- Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social, designados
cionados com a carreira policial; por seu titular.
III – publicação de livros, teses, estudos e artigos de natureza § 1º Para fins deste artigo, ato de bravura em serviço corres-
afim ao cargo; ponde à conduta do policial civil que, no desempenho de suas atri-
IV – o diploma de Especialização, Mestrado ou Doutorado, rea- buições e para a preservação de vida de outrem, coloque em risco
lizado por instituições públicas ou privadas, legalmente reconheci- incomum a sua própria vida, demonstrando coragem e audácia.
do, na área afim ao cargo. § 2º O ato de bravura será destacado como forma de valorizar
§ 1º O curso referido no inciso I será exigido para promoção à as posturas que, respeitando os direitos fundamentais e os princí-
segunda classe e seguintes da carreira da Polícia Civil do Estado da pios gerais do direito, revelem a presença de um espírito público
Paraíba. responsável pela superação do estrito cumprimento do dever.
§ 2º Os cursos mencionados nos incisos I e II serão levados em § 3º Na promoção por ato de bravura não é exigido o atendi-
consideração para promoção somente quando for dada oportuni- mento de requisitos para a promoção, estabelecidos nesta Lei Com-
dade de participação a todos os interessados, por meio de chamada plementar.
§ 4º A promoção por bravura será submetida ao Governador, a
divulgada por edital no Boletim da Polícia Civil do Estado da Paraíba.
quem compete a expedição do Ato concessório.
§ 3º Ocorrendo empate, na primeira promoção, terá preferên-
§ 5º Após ter sido promovido por ato de bravura, o policial civil
cia o mais bem classificado no concurso público de ingresso e, nas
que não possuir os requisitos essenciais para a promoção somente
demais, a classificação em curso referido no inciso I.
concorrerá à nova movimentação após cumprir as condições exi-
gidas nesta Lei Complementar, a partir da data de ocorrência da
SUBSEÇÃO II promoção por bravura.
DA PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE
CAPÍTULO IV
Art. 264. Concorrerão à promoção por antiguidade os integran- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
tes das carreiras da Polícia Civil do Estado da Paraíba que tiverem
maior tempo de efetivo exercício na classe, o qual será contado, Art. 268. Ficam denominados de Técnico em Perícia os atuais
nos casos de: cargos de Auxiliar de Perito preservadas as suas atribuições.
I – nomeação, a partir da data de sua efetivação no cargo devi- Art. 269. Os atuais cargos de Agente de Telecomunicações Po-
damente aprovado no estágio probatório; licial passam a integrar o Quadro Suplementar do Estado e serão
II – reversão ou retorno, a partir da data em que retornou ao extintos com a vacância.
exercício do cargo; Parágrafo único. A remuneração do Agente de Telecomunica-
III – promoção, a partir da publicação do ato de movimentação. ções Policial corresponderá à mesma atribuída à Categoria de Apoio
Parágrafo único. Havendo empate na contagem do tempo de Técnico, respeitadas as classes em que se encontrem na data da
serviço na classe, a classificação obedecerá, sucessivamente, aos publicação desta Lei Complementar.
seguintes critérios: Art. 270. Integração o Quadro Suplementar do Estado os car-
I – maior tempo de serviço, em caráter efetivo, na categoria; gos de Perito de Trânsito, extintos com a vacância, nos moldes da
II – maior tempo de serviço policial civil no Estado; legislação estadual.
III – maior tempo de serviço policial em geral; Parágrafo único. Fica assegurada aos Peritos de que trata o
IV – maior tempo de serviço público no Estado; caput do artigo a mesma remuneração dos demais Peritos Oficiais,
V – maior tempo de serviço público em geral; respeitadas as classes em que se encontrem na data da publicação
VI – maior idade; desta Lei Complementar.
VII – maior prole. Art. 271. As classes das categorias funcionais atualmente desig-
nadas pelas letras “A”, “B”, “C” e “E”, são transformadas, respecti-
vamente, em 3ª (terceira) classe, 2ª (segunda) classe, 1ª (primeira)
SUBSEÇÃO III
classe e Classe Especial.
DA PROMOÇÃO EXTRAORDINÁRIA
Art. 272. Os atuais servidores ocupantes dos cargos que inte-
gram o Grupo GPC600 serão absorvidos na forma disposta nesta Lei
Art. 265. A promoção extraordinária ocorrerá, em caráter ex-
Complementar na mesma classe em que se encontram atualmente.
cepcional, condicionada à existência de vaga, quando integrante de
carreira da Polícia Civil do Estado da Paraíba ficar permanentemen- TÍTULO VIII
te inválido, em virtude de ferimento sofrido em ação ou pela prática DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
de ato de bravura.
§ 1º Considera-se ação policial civil a realização ou a partici- Art. 273. Os atos referentes à vida funcional dos integrantes
pação em atividades operacionais da Policia Civil na execução de das carreiras da Polícia Civil do Estado da Paraíba, de interesse in-
tarefas para manutenção da ordem pública. terno, serão publicados no Boletim da Polícia Civil do Estado da Pa-
§ 2º A promoção extraordinária dar-se-á para a classe imedia- raíba (BPC), que se constitui meio oficial de divulgação de atos da
tamente seguinte à que o policial civil se encontra enquadrado. Polícia Civil do Estado da Paraíba, sem prejuízo da publicação no
Diário Oficial do Estado.

63
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. Nenhum policial civil poderá alegar desconhe- 5. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público in-
cimento dos atos publicados no Diário Oficial do Estado, bem como terno, criadas por lei específica para a execução de atividades es-
no Boletim da Polícia Civil do Estado da Paraíba (BPC). peciais e típicas da Administração Pública como um todo. Com as
Art. 274. Toda documentação pessoal e qualquer alteração autarquias, a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a
ocorrida na vida funcional do policial civil serão registradas nos res- descentralizar determinadas atividades para entidades eivadas de
pectivos assentamentos funcionais, pela unidade competente, após maior especialização.
publicação no Diário Oficial do Estado. ( ) CERTO
Art. 275. O Poder Executivo expedirá os atos regulamentares ( ) ERRADO
necessários à aplicação de disposições desta Lei Complementar.
Art. 276. Ficam revogadas as Leis nos 4.273, de 21 de agosto de 6. (CESPE-2013-TRE/MS-TÉCNICO JUDICIÁRIO-ÁREA ADMINIS-
1981; 5.009, de 29 de dezembro de 1987; 5.349, de 09 de janeiro de TRATIVA) Com referência aos atos administrativos, assinale a opção
1991; 5.716, de 25 de fevereiro de 1993; 8.549, de 04 de junho de correta.
2008, bem como as legislações que conflitem com o disposto nesta (A) A União ao alugar um imóvel particular para instalar nova
Lei Complementar. sede de um TRE, pratica ato administrativo.
Art. 277. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua (B) Ato administrativo é a declaração do Estado que produz
publicação. efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA, em João Pes- jurídico de direito público ou privado e sujeita a controle pelo
soa, 12 de agosto de 2008; 120º da Proclamação da República. Poder judiciário.
(C) Competência é um dos elementos do ato administrativo
que faculta ao agente a transferência de atribuições a outros
EXERCÍCIOS agentes públicos, as quais, uma vez delegadas, não poderão ser
avocadas pelo delegante.
(D) Os atos administrativos, quando editados, avocam para si a
1. A Administração Direta é correspondente aos órgãos que presunção absoluta de legitimidade.
compõem a estrutura das pessoas federativas que executam a ati- (E) O motivo do ato não se confunde com a motivação da auto-
vidade administrativa de maneira centralizada. O vocábulo “Admi- ridade administrativa, pois a motivação diz respeito às forma-
nistração Direta” possui sentido abrangente vindo a compreender lidades do ato.
todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto os que fazem
parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do Poder Judiciá- 7. Quando praticados de forma regular os atos de gestão, pas-
rio, que são os responsáveis por praticar a atividade administrativa sam a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos. Exem-
de maneira centralizada. plo: uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de
( ) CERTO
forma vinculante entre a administração e o locatário aos ter-
( ) ERRADO
mos do contrato, acaba por gerar direitos e deveres para am-
bos.
2. Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser
( ) CERTO
exercidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com per-
( ) ERRADO
sonalidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições a
particulares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de direito
8. O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um
público ou de direito privado para esta finalidade.
direito inexistente, pela falta de seu exercício, no período de tempo
( ) CERTO
( ) ERRADO determinado em lei e também pela vontade das próprias partes e,
ainda no fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu ti-
3. Consiste a desconcentração administrativa na distribuição in- tular, que não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido
terna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim pela lei.
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído ( ) CERTO
entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre ( ) ERRADO
de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe
a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica. 9. (FCC - CFSPF- 2013-TRF/MS -ANALISTA JUDICIÁRIO-ÁREA JU-
( ) CERTO DICIÁRIA) No que se refere à administração pública e ao ato admi-
( ) ERRADO nistrativo, assinale a opção correta.
(A) Os atos administrativos gerais, a exemplo dos atos norma-
4 . A desconcentração enseja a existência de vários órgãos, se- tivos, podem ser objeto de impugnação direta por meio de re-
jam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas jurídicas da curso administrativo.
Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos estarem dis- (B) Ato inexistente é aquele que possui apenas aparência de
postos de forma interna, segundo uma relação de subordinação de manifestação de vontade da administração pública, mas não
hierarquia, entende-se que a desconcentração administrativa está se origina de um agente público, mantendo-se, porém, aqueles
diretamente relacionada ao princípio da hierarquia. efeitos já produzidos perante terceiros de boa-fé.
( ) CERTO (C) A multa administrativa goza de executoriedade na medida
( ) ERRADO em que a administração pode obrigar o administrado a cum-
pri-la por meios indiretos, como o bloqueio de documento de
veículo.
(D) O ato administrativo será discricionário quando a lei não es-
tabelecer margem alguma de liberdade para atuação elo admi-
nistrador, fixando uma única maneira de agir nos termos da lei.

64
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
(E) Os atos normativos editados conjuntamente por diversos (B) Os servidores contratados por tempo determinado para
órgãos da administração federal, como as portarias conjuntas atender a necessidade temporária de excepcional interesse
ou instruções normativas conjuntas da Secretaria da Receita público, precisamente por exercerem atividades temporárias,
Federal do Brasil e da Procuradoria da Fazenda Nacional, são estarão vinculados a emprego público, e não a cargo público.
exemplos de ato administrativo complexo. (C) Os particulares em colaboração com o poder público são
considerados agentes públicos, mesmo que prestem serviços
10. (CESPE- 2013-TELEBRAS -ANALISTA SUPERIOR) Os elemen- ao Estado sem vínculo empregatício e sem remuneração.
tos vinculados de um ato administrativo são sempre a competência, (D) Os servidores das fundações públicas, empresas públicas e
a finalidade e a forma. sociedades de economia mista são contratados sob o regime
( ) CERTO da legislação trabalhista e ocupam emprego público.
( ) ERRADO (E) Nos termos da CF, a investidura em cargo, emprego ou fun-
ção pública depende de aprovação prévia em concurso público
11. Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autori- de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
dade administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de complexidade do cargo, emprego ou função.
seus órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e su-
bordinação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia. 18. (FCC - 2009- MPE-SE-TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO)
( ) CERTO A remuneração por meio subsídio em parcela única é obrigatória
( ) ERRADO para:
(A) os Ministros dos Tribunais Superiores, os Desembargadores
12. O dever de obediência do subordinado o obriga a cumprir do Tribunal de justiça e os juízes equivalentes em nível Muni-
as ordens manifestamente ilegais, advindas de seu superior hierár- cipal.
quico. Ademais, nos ditames do art. 116, XII, da Lei 8.112/1990, o (B) o chefe do Poder Executivo c respectivos auxiliares, bem
subordinado não tem a obrigação funcional de representar contra como os dirigentes superiores das entidades da administração
o seu superior caso este venha a agir com ilegalidade, omissão ou indireta.
abuso de poder. (C) os detentores de mandato eletivo, os Ministros de Estado c
( ) CERTO os Secretários Estaduais e Municipais.
( ) ERRADO (D) o membro de Poder, os detentores de mandato eletivo e os
ocupantes de cargo de chefia ou comissão.
13. A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode (E) o Presidente da República, os Governadores de Estado e os
ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e, Prefeitos Municipais, apenas.
a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos
e agentes não subordinados à hierarquia. 19. (FCC-201 - O-TRT- GREGJÃO/PR-TÉCNICO JUDICIÁRIO) No
( ) CERTO tocante aos cargos, empregos e funções públicos, é INCORRETO
( ) ERRADO afirmar:
(A) Cargo em comissão é o que somente admite provimento
14. Não podem ser objeto de delegação: A edição de atos de em caráter provisório, sendo declarados em lei de livre nomea-
caráter normativo; a decisão de recursos administrativos e as maté- ção e exoneração, destinando-se apenas às atribuições de dire-
rias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. ção, chefia e assessoramento.
( ) CERTO (B) Todo cargo tem função, mas pode haver função sem cargo.
( ) ERRADO (C) Cargo isolado é aquele que não se escalona em classes, por
ser o único na sua categoria.
15. O ato de delegação não poderá ser revogado a qualquer (D) Classe consiste no agrupamento de carreiras de mesma
tempo pela autoridade delegante como forma de transferência não profissão, com idênticas atribuições, responsabilidades e ven-
definitiva de atribuições, não podendo as decisões adotadas por cimentos.
delegação, mencionar de forma clara esta qualidade, que deverá (E) O cargo de chefia pode ser de carreira ou isolado, de pro-
ser considerada como editada pelo delegado. vimento efetivo ou em comissão, tudo dependendo da lei que
( ) CERTO o institui.
( ) ERRADO
20. (CESPE- 2008- MPE/RR -ANALISTA DE SISTEMAS) Na admi-
16. (CESPE- 2012-TRE-RJ- TÉCNICO JUDICIÁRIO) Para os efeitos nistração pública, os cargos públicos podem ser classificados como
da Lei n° 8.112/1990, servidor público é o ocupante de cargo públi- cargo em comissão, cargo efetivo e cargo vitalício. São exemplos de
co, conceituação que abrange os ocupantes de cargo em comissão cargos vitalícios os de juiz e de promotor de justiça.
e função de confiança. ( ) CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) ERRADO

17. (CESPE- 2010-TRE-MT- TÉCNICO JUDICIÁRIO- ÁREA ADMI-


NISTRATIVA) Acerca da classificação de agentes públicos, e tendo
em vista os cargos, os empregos e as funções na administração pú-
blica, assinale a opção correta.
(A) Não podem ser considerados agentes públicos os detento-
res de mandatos eletivos, pois, além de serem investidos nos
cargos mediante eleição, e não por nomeação, eles desempe-
nham funções por prazo determinado.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
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GABARITO
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1 CERTO
2 CERTO ______________________________________________________
3 CERTO ______________________________________________________
4 CERTO
______________________________________________________
5 CERTO
6 E ______________________________________________________

7 CERTO ______________________________________________________
8 CERTO
______________________________________________________
9 E
______________________________________________________
10 CERTO
11 CERTO ______________________________________________________
12 ERRADO
______________________________________________________
13 CERTO
______________________________________________________
14 CERTO
15 ERRADO ______________________________________________________
16 CERTO ______________________________________________________
17 C
______________________________________________________
18 C
19 D ______________________________________________________
20 CERTO ______________________________________________________

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ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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