Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O FUNDACIONALISMO CARTESIANO
- Uma vez que o que torna o cogito uma crença tão evidente não é mais do que
o seu elevado grau de clareza e distinção, Descartes decide adotar estas
características como critério de verdade.
Tipos de Ideias
É, nesse momento que, toma consciência de que existem essencialmente três tipos
de ideias na sua mente: ideias adventícias, ideias factícias e ideias inatas.
- As ideias adventícias são ideias que não dependem da sua vontade e parecem
ser causadas por objetos físicos exteriores à mente (exemplos: ouvir um ruído; ver
o sol; sentir o calor das chamas; ...).
- As ideias factícias são ideias inventadas pela sua vontade e imaginação, a partir
de outras ideias (exemplos: sereias; unicórnios, centauros; ...).
- As ideias inatas são ideias que não parecem ser causadas por objetos físicos
exteriores à sua mente nem dependem da sua vontade (isto é, não são criadas pela
sua imaginação); dependem da nossa capacidade de pensar, ou seja, correspondem a
conceitos matemáticos – como os conceitos de número; triângulo; etc. – e a
conceitos metafísicos – como os conceitos de substância; verdade; Deus.
A ideia de Deus: o argumento da
marca
Eu, sujeito pensante, erro e duvido. Errar e duvidar são sinais de
imperfeição. Saber que sou imperfeito implica ter em mim a ideia de um
ser perfeito. De onde me terá vindo a ideia de um ser mais perfeito do que
eu? A causa desta ideia ou está em mim ou em algo distinto de mim. Sei que
a imperfeição não pode ser a causa da perfeição. Assim, a causa da ideia de
um ser perfeito não posso ser eu, sujeito pensante, pois sou imperfeito; a
causa da ideia de perfeito tem, pois, de proceder de algo absolutamente
perfeito e exterior a mim – Deus.
O papel de Deus no
fundacionalismo cartesiano
A partir da prova da existência de Deus, Descartes pode deduzir muitas verdades e
construir com segurança o edifício do conhecimento, apoiando-se naquilo que concebe com
clareza e distinção.
Descartes, pode argumentar a favor da existência dos objetos materiais anteriormente
posta em causa:
(1) Se nós temos sensações de alegados objetos materiais e os objetos materiais não existem,
então Deus é enganador.
(2) Ora, temos sensações de alegados objetos materiais.
(3) Mas, Deus não é enganador.
(4) Logo, os objetos materiais existem.
Mas se Deus assegura a fiabilidade da nossa razão e das nossas experiências, então por que
razão erramos?
Para Descartes, o erro é da nossa inteira responsabilidade.
Deus, uma vez que é sumamente bom, criou-nos com livre-arbítrio, e isso acarreta a
possibilidade de fazer más escolhas, como optar por dar o nosso consentimento a
coisas que não concebemos clara e distintamente.
Descartes conclui que o erro não vem de Deus, que é perfeito, mas sim de nós, que,
não sendo perfeitos, fazemos por vezes um mau uso da nossa liberdade, dando
assentimento a coisas que não concebemos muito clara e distintamente.
Deste modo, quando os sentidos nos enganam é porque nos precipitamos a dar o nosso
consentimento a coisas que não concebemos clara e distintamente. Devemos usar a razão
– isto é, recorrer sobretudo à lógica, à geometria e à matemática – para compreender
a verdadeira natureza das coisas.
Objeções ao argumento da marca