Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
É a primeira fase da filosofia que chamamos de medieval que vai do séc V ao séc VII. O que
devemos entender inicialmente:
No surgimento do cristianismo nós temos aí a direta influência da tradição grega na estruturação
do pensamento cristão, na maneira de falar. Isso se deveu por que? Porque a influência da
cultura romana (e, por consequência, a influência da cultura grega, que lhe serviu de base) se
deu pelo domínio do império sobre as regiões nas quais o cristianismo crescia e o processo de
aculturação, que se deu quando o império foi pouco a pouco cristianizado.
Após a morte de Cristo, em Jerusalém, coube a seus discípulos propagarem sua doutrina, mas
foi Paulo de Tarso, um judeu altamente instruído na cultura judaica e helênica, o
principal responsável por difundir o cristianismo por toda a Europa. Originalmente, a
doutrina cristã era vista como uma seita dentro do judaísmo, cujo conteúdo era direcionado
tão somente ao povo hebreu, descendente da casa de Abraão, o pai da fé judaica. A
atividade de Paulo abriu as portas da doutrina cristã para o povo não judeu (os gentios e
os pagãos), e é a partir daí que surge o nome de católico (katolikós), que em grego significa
“universal”. A proposta universalizante da doutrina cristã é inovadora enquanto religião, e
nesse sentido encontra a necessidade de dialogar com a multiplicidade de filosofias e escolas
de pensamentos que prolife-ravam por toda a Europa. A principal questão da filosofia cristã da
época acaba por se tornar a seguinte: como conciliar fé e razão?O Helenismo se torna uma
proposta racional para o cristia-nismo, emprestando instrumentos teóricos para seu
embasamento. Assimilam-se, assim, conceitos filosóficos genuinamente gregos a uma gama de
pensamento herdada do Antigo Testamento judeu. Palavras como arché e logos aparecem
como conceitos fundamentais na forma filosófica do cristianismo, que se constitui enquanto
uma síntese entre fé judaica e filosofia grega.
Então, a gente tem cada vez mais o processo de cristianização circulando naquele território, se
desenvolvendo por pregações dos apóstolos, formando comunidades, ai a gente tem aquelas
comunidades do cristianismo primitivo, Gálatas, Éfeso, Tessalônica, toda essa região, e Paulo
vai ser o cara que vai estar circulando ali pelo império Romano e aos poucos, com bastante
embate no império, o cristianismo se populariza, depois Constantino dá a liberdade de culto aos
cristãos e ai vai rolando uma troca de influencias com o politeísmo romano, depois de um tempo
a religião se torna a oficial do império romano, cria uma unidade tão grande que mesmo depois
da queda do império romano, o cristianismo vai ser a cola da sociedade europeia, do período
gigante que conhecemos como Idade Média.
Clemente de Alexandria (150-215 d.C.) e Orígenes (184-254 d.C.) têm sua importância
destacada por serem os primeiros pensadores a procurarem assimilar o pensamento
platônico à doutrina cristã. Como São Justino, ambos entendem a Filosofia, por um lado,
como um instrumento teórico para a Teologia, e por outro, como uma preparação do espírito
para a revelação cristã. Os teóricos da patrística tendem a considerar os pensadores da Grécia
Clássica, por exemplo Sócrates, Platão e Aristóteles, como preparadores do cristianismo, por
sua sabedoria e virtude, colocando-os em uma posição na qual os filósofos clássicos
estariam para os gentios como os profetas do Antigo Testamento estão para o povo hebreu
Santo Agostinho
E aí a gente tem o mais famoso que é Santo Agostinho ou Agostinho de Hipona, era um cara
que antes de se converter ao cristianismo era um cara que viveu aí outras linhas de pensamento
em sua vida. Tendo vivido de 354 d.C. a 430 d.C., o filósofo é oriundo do norte da África, fruto
da união entre mãe cristã e pai pagão, o que já expõe um pouco da dicotomia que acompanharia
sua vida. No início de sua vida adulta, formou-se em retórica e, com o avançar da idade, aderiu
ao maniqueísmo, uma escola que via o mundo dividido entre as forças do bem e do mal, o bem
e o mal são o que constituem o mundo, estão no fundamento de todas as coisas . Após algumas
desilusões com os líderes dessa crença, Agostinho procurava respostas mais profundas,
respostas concretas e o maniqueísmo não pôde suprir isso, o próprio pensador maniqueísta da
época Fausto, alegou que o maniqueísmo não podia surprir as suas duvidas.
Agostinho aderiu ao ceticismo, que ganhava força na região de Cartago, onde viveu por
um razoável tempo. Nenhuma dessas crenças preencheu o vazio que Agostinho sentia, que
depois em suas obras vai mostrar que era Jesus Cristo
Só depois, la no final da sua vida, se converteu ouvindo os sermões de Santo Ambrosio, um
grande orador que chegou a emocionar Agostinho e cai em lágrimas.
Em maior contato com as epístolas de Paulo, conseguiu enxergar o ato íntimo que é a
conversão. E se batizou com seu filho. Agostinho em sua obra aponta uma relação que não
tinha sido oficializada como casamento, durando 13 anos, um noivado e uma relação posterior.
Só la em 391 que ele vai ser sacerdote em Hipona, primeiro como bispo auxiliar e depois como
bispo principal.
Como a gente viu antes, Agostinho já tinha contato com a filosofia, então muito da filosofia
Platonica e neoplatônica vai estar no seu pensamento. E dessa forma vai conseguir equalizar a
relação entre fé e razão. Platão entende um mundo sensível e um mundo inteligível, que o
mundo onde estão todas as verdades está no mundo das ideias e o sensível é uma cópia
imperfeita, vai atrair o olhar de Agostinho. Agostinho vai enxergar Platão como alguém que
estava explicando a fé cristã, sem saber que estava explicando a fé cristã.
Quando Agostinho começa a harmonizar as ideias filosóficas com o cristianismo, nós vamos ter
a ação do Filosofar na fé.
Para ele a fé é a substancia da vida, é a substância do pensamento, não existe um pensamento
sem a fé:
“Creio para entender e entendo para crer” É nisso que ele vai elaborar a teoria da iluminação
Uma das mais importantes passagens da teoria agostiniana aborda o conceito de
iluminação. A abordagem de Agostinho se funda, assim como qualquer teoria do
conhecimento, na busca pela verdade. Contudo, revelando-se um importante pilar da
religião e com uma fé inabalável, esse filósofo acredita – e usa sua vida para
exemplificar isso – que a intervenção divina é necessária e anterior à razão, para que de
alguma maneira seja possível atingir o conhecimento da verdade.
Para ele, a razão possui um papel fundamental na obtenção do conhecimento, mas ela só
consegue atingi-lo se anteriormente essa verdade for iluminada pela luz divina. Funda então
uma ontologia, ou seja, uma definição de ser que afirma que, antes de se conhecer, é necessário
crer, e de certo modo buscar se aproximar de Deus, como alguém que, para ver melhor no
escuro, se aproxima de uma vela ou lanterna. De certa maneira, o próprio conhecimento é fruto
da graça divina, ou seja, da vontade de Deus que se conheça sobre a realidade.
Razão e fé são conciliáveis, mas a razão sempre submissa a fé.
1º tema: Homem
O grande problema que nós temos que voltar a nossa atenção é o homem, não aquele homem
abstrato dos gregos, mas um homem concreto do dia-a-dia, um homem pecador, um homem que
acerta, erra, que é feliz, fica triste, ou seja, nós temos que nos voltar para nós mesmos, não um
homem universal em comum para nos guiar. Temos que buscar o homem na sua
individualidade, olhando para nós mesmos, encontramos Deus. Isso porque Agostinho tem uma
visão parecida do homem de Platão, corpo e Alma. E olhando para sua própria alma, ele vai
encontrar Deus e encontrando Deus vai entender mais ainda a sua alma, encontrando a paz e
uma vida tranquila.
Esse conhecimento pode ser interpretado desse modo porque Agostinho propõe Deus como a
verdade em essência, instituindo o homem apenas como participante da verdade. Este, por
sua vez, possui uma centelha divina, que pode se incendiar mais ou menos, dependendo
do esforço de cada homem e dos desígnios de Deus. Mesmo com influência do platonismo
tardio, as propostas de Platão e Santo Agostinho são distintas. A teoria de Platão não fincava a
verdade em nada externo às próprias ideias da razão de sua existência, enquanto Agostinho
claramente as sustentava tendo Deus como base.
Para Agostinho, Deus forneceu ao homem, junto com sua razão, a sua liberdade. Por ter
como um dom, concedido por Deus, a escolha de suas ações, ou seja, sua liberdade, o homem só
pode agir de acordo com o bem ou gerar a ausência dele. A liberdade é, na realidade,
um acompanhante necessário da racionalidade e da justiça. Se o homem não fosse livre,
como poderia manifestar justiça e ser elogiado por suas ações ou ser condenado por seus
pecados? Glória e punição só fazem sentido para aquele que pode, de alguma maneira, escolher.
Se ser justo é um dos atributos divinos, o homem deve ser livre.Agostinho assume que toda a
criação foi feita de uma vez, isto é, Deus teria criado o tempo, sendo anterior a ele. Desse modo,
todos os passos foram determinados de acordo com a vontade divina. Contudo, como
pode haver livre escolha se tudo é determinado? Essa questão está na base da divergência entre
os deterministas e aqueles que defendem a liberdade.Segundo Agostinho, que tudo tenha tido
um início deter-minado não interfere no livre-arbítrio. Apenas Deus vê o tempo
conforme a criação; o homem vive no tempo e tem suas ações resultando em
consequências. Em outras palavras, Deus conhece as consequências, mas o homem exerce a sua
liberdade em cada ato; Deus apenas possui clareza de como ele vai exercê-la.
Em sua obra Cidade de Deus, Agostinho pensa a estrutura civil a partir da divisão da
cidade em cidade de Deus e cidade dos homens. Nessa obra, Agostinho trabalha a ideia de
cidade como uma “multidão de homens vivendo em mútua harmonia”, na qual se pode dividir
as pessoas tal qual a divisão clássica entre os dois filhos de Adão, os irmãos Abel e Caim, filhos
do mesmo pai, mas que buscam coisas diferentes. Enquanto uns amam o bem e a Deus acima de
si mesmos, outros amam o mal, ao adorarem mais a si mesmos do que a Deus. Essa divisão,
contudo, não está na cidade, mas em cada ser humano.
Escolástica:
Durante esse período, muito do que se desenvolveu anteriormente, mas que de alguma forma
destoava das teorias religiosas, passou a não ter importância ou a se tornar oculto. Pouco a
pouco, a produção de conhecimento começou a se concentrar nas estruturas religiosas
principais, como mosteiros e centros de estudos da Igreja. De certa maneira, a estrutura feudal
que foi se formando na Europa tornava interessante para as camadas mais poderosas a
manutenção de uma população iletrada e com acesso restrito ao saber, visto que, em qualquer
período histórico, conhecimento é poder. Nesse sentido, vamos entender como o conhecimento
passou dos bispados (St agostinho etc etc) e passou para as universidades cristãs, no período que
conhecemos como escolástica
E o que foi feito? Mais uma vez a aproximação de filósofos clássicos com as ideias cristãs.
Nesse cenário, a Igreja passou a propor que os mais proemi-nentes teóricos desse período
optassem por traduzir as obras do filósofo grego. Essa decisão tinha dois objetivos: o
primeiro era fazer uma leitura cristã da doutrina aristotélica, e o segundo era retomar o
poder que se descentralizava aos poucos quando outros pensadores não cristãos começavam a
promover ciência. E como principal representante dessa missão temos Tomás de Aquino.
Cristianização do Aristotelismo:
FÉ X RAZÃO
Além disso, São Tomas dá um valorizada na razão quando ele sai um pouco da ideia de
Agostinho e diz que devemos entender para crer. Não é que se não entendermos nós não iremos
crer, mas entendendo, nós reforçamos mais ainda a nossa fé. A filosofia vai nos dar um
conhecimento imperfeito sobre as coisas e a teologia vai trazer o esclarescimento, através da fé
há a melhoria da razão, a graça aperfeiçoa a natureza. Não adianta querermos entender as coisas
sem nos permitirmos ser alcançados pela graça.
DEUS
Além disso, discorda no sentido de que é desnecessário comprovar a existência de Deus e que o
conhecimento do próprio Deus é inacessível.
Aquino na verdade vai entender que a visão completa de Deus realmente é inacessível, mas que
as evidências da existência de Deus existem e podem ser acessíveis para todos, assim ele toma
essa acessibilidade a todos da existência de Deus como uma missão a ser seguida.
Para ele o objeto e investigação da filosofia e da teologia tem que ser Deus, e para ele o
conhecimento tem origem nos sentidos, eles nos possibilitam a compreensão da verdade. Mas,
somente os sentidos não são capazes de captar o conhecimento sozinhos, entra aí a função do
intelecto que é: perceber as qualidades sensíveis das coisas e realizar a transformação em
conceitos.
VIA DO MOVIMENTO
A existência do movimento é um fato. É uma verdade tão evidente que, com exceção de
Parmênides, poucos tentaram negá-la. Como um bom leitor de Aristóteles, Tomás de Aquino
sabia que, antes de um algo movimento, é necessária a existência de um motor. Para que algo se
movimente, é indispensável a que atue sobre ele, transformando sua potência (possibilidade de
movimento) em ato (movimento). Nada pode estar em ato e potência ao mesmo tempo, sendo
causa de seu próprio movimento inicial. Pela impossibilidade de regredir ao infinito, se
propõe que haja um motor imóvel, e, consequentemente, que o movimento precisa ser
ato puro, ou seja, ser plenamente realizado, não possuir potências que não se
concretizaram. O único conceito que a mente humana concretiza, com tais atributos, é Deus.
DESCARTES E O RACIONALISMO
Foi considerado pai da filosofia moderna, estamos falando do francês Rene Descartes.
Ele era um cara racionalista e o que isso quer dizer? Que o individuo através de sua
racionalidade chegava ao conhecimento do mundo. Apenas a razão poderia nos levar a isso, pois
os sentidos nos enganam.
Onde ele estava inserido? la no final do século 16, inicio do 17. Descartes tá ali no meio do
olho do furacão, no ponto de tensão e ruptura da Idade Média e da Idade Moderna. Dessa
maneira ele tem todo um embate religioso, como por exemplo a Reforma Protestante, novos
modelos de governo surgindo com a ascensão do Estado Moderno, o abandono dos moldes
feudais, etc.
Mas, a educação estava inserida onde? Na escolástica. o filósofo tem a base de sua educação
construída a partir dos ensinamentos dos jesuítas. Acredita-se que essa influência foi essencial,
fornecendo inclusive os alicerces do pensamento do qual ele posteriormente duvidaria em seus textos.
Em algumas de suas obras, é possível encontrar referências a essa formação e verificar uma crítica à
estrutura pouco direta do pensamento escolástico.
O que isso quer dizer? Que quando Descártes se forma, ele vai perceber que a escola que deveria ajuda-lo
no mundo prático, na vida, na realidade, não vai lhe servir de muita coisa e dessa forma, olha a ciência
tendo um determinado progresso fora dessas universidades e colégios.
Nas universidades só o que os caras faziam era discutir e não chegavam a nenhuma conclusão.
E dessa forma ele percebe que a filosofia tem verdades contestáveis, que não da pra ter uma certeza
universal para todas as coisas e lugares indefinidamente. Existe a filosofia com a sua discussão sem fim e
fora da filosofia existia a ciência com um determinado progresso. Ele percebe que tem que contestar toda
essa formação escolástica que ele recebe e começar a unificar o conhecimento com o conhecimento
científico, pois para ele, o conhecimento é um só e deveria haver um sistema de conhecimento e a partir
de princípios todo o conhecimento seguinte é derivado.
Árvore do Conhecimento:
Primeiro vem a metafísica, a raiz, , que vai nos dizer quais são os primeiros princípios que vão nortear
todo o conhecimento
Depois temos a física que vai fundamentar as ciências, os frutos dessa árvore: a mecânica, a medicina e a
moral.
A física estando no tronco da árvore dando sustentação pras outras ciências, percebemos que a filosofia
do descartes é mecanicista: o mundo é formado apenas de corpo e de movimento. Nós só progredimos
observando os corpos e a movimentação desses corpos
Mas e a matemática? Porque ela não está inserida nesse esquema da árvore logo o cara do Plano
Cartesiano, da geometria analítica, Descartes que era um grande matemático? Porque ela está num plano
maior, ela vai ser o FUNDAMENTO das ciências particulares e traz verdades incontestáveis,
diferentemente das verdades trazidas pela filosofia escolástica. E a árvore inteira é formada por verdades
incontestáveis
A simplificação cartesiana, então, é composta de quatro regras fundamentais: não aceitar uma coisa como
verdadeira se esta não for evidente enquanto tal, ou seja, não pode restar qualquer dúvida de sua certeza;
para simplificar a análise dos problemas, dividi-los em partes, o quanto for necessário, para evitar o erro;
promover a síntese, galgando certezas dos elementos mais simples aos mais complexos; e, por fim,
enumerar e revisar cada um dos processos, com o intuito de facilitar verificações futuras e garantir a si
mesmo que o erro não ocorreu
MEDITAÇÕES METAFÍSICAS
Aqui ele aprofunda mais ainda como chegamos às verdades que estão no fundamento da árvore do
conhecimento, é a sua raiz. Aqui ele coloca a duvida metódica e o caráter hiperbólico. Duvidar de tudo
aquilo qe a gente conhece, quer fundar um novo conhecimento duvidando de tudo aquilo que conhecemos
até aqui, até dos nossos sentidos.
Eu tenho todas as ideias fornecidas pela tradição e com a dúvida metódica eu tenho um filtro que vai me
permitir filtrar todas as ideias claras, seguras, evidentes, vendo o que eu posso absorver e sustentar. Essa
duvida é tão radical que ele vai duvidar de tudo, absolutamente tudo, até de sua própria existência. O tom
hiperbólico se deve ao fato de essa dúvida se estender a toda e qualquer certeza. Feito isso, deve-se examinar
cada uma das certezas anteriores, para então verificar se, após a análise, resta alguma certeza
Mas se os nossos sentidos são duvidosos, Descartes questiona a própria capacidade humana de conhecer,
como chegar a essas certezas?
Pondo em dúvida os sentidos, Descartes questiona a própria capacidade humana de conhecer. Os sentidos
eram, desde a Metafí-sica, de Aristóteles, a base do conhecimento. Descartes ataca, então, toda a Ciência
clássica ao pôr em dúvida os sentidos.
Os sentidos são responsáveis por quase tudo o que se conhece e, embora seja fácil reconhecer os seus
limites, parece impossível negar todas as certezas obtidas por meio deles. Como duvidar, por exemplo,
de estar tendo essa aula agora? Como duvidar da percepção imediata, daquilo que parece óbvio e
inegável? Para alcançar uma dúvida tão ampla, Descartes se ampara na possibilidade de ilusão. Todos, em
algum momento, já experienciaram um sonho que parecia muito real e que só se revelou falso no momento
em que se acordou. O que garante, então, que não estamos sonhando neste momento? Pode parecer
absurdo, porém é preciso lembrar que Descartes procura eliminar quaisquer possibilidades de dúvida. Em
outras palavras, ele duvida por uma questão de método. Porém, mesmo na ilusão, algo se manterá.
Duvidando de tudo, podemos perceber que não podemos acreditar em nada, duvidando de tudo,
duvidando de tudo, da pra perceber que se eu duvido é porque eu estou pensando e se eu penso.... eu
existo. Então ele chega ao primeiro principio do seu conhecimento sistemático: PENSO, LOGO EXISTO.
Isso é uma ideia que já está na minha mente, é uma INTUIÇÃO.
Ele vai revolucionar a a filosofia moderna colocando o HOMEM como centro de tudo, inaugurando ai
uma ruptura com a filosofia escolástica.
As únicas ideias que sobrevivem à dúvida são aquelas conside-radas inatas, por não exigirem a
correspondência com o real. Entre elas, Descartes enumera duas que correspondem a esse pré-requisito: as
ideias de infinito e perfeição. A questão fundamental é a seguinte: como alguém poderia ter a ideia de infinito
e perfeição se vive em uma realidade marcada pela finitude e imperfeição? A única possibi-lidade é que tenha
sido criado por um ser perfeito – já que, se assim não fosse, esse ser também não teria deixado a ideia de
perfeição – e que ele tenha deixado no sujeito pensante essa ideia. Portanto, a ideia inata de perfeição exige
uma causa, e essa causa é Deus.No entanto, Descartes, ao provar a existência de Deus, não pretende
iniciar um movimento religioso. A ideia de perfeição exige uma causa, e essa causa é a ideia de Deus, que seria
outra ideia inata; portanto, a sua existência é a única possibilidade. Nesse sentido, ele utiliza Deus
como um artifício para dar consistência ao real. Na medida em que Deus existe, enquanto externo ao
pensamento do homem, o mundo externo tem a sua existência sustentada, cabendo agora aplicar o
método e verificar aquilo que é evidente e aquilo que não se aplica. Dado que Deus é perfeito, ele não pode
ser enganador. Portanto, volta-se à posição de certeza anterior ao argumento do gênio maligno, e dispõe-se
de elementos objetivos evidentes, como as grandezas e as estruturas simples, como as da Matemática, para
construir a Ciência