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ESCOLA SECUNDÁRIA STUART CARVALHAIS

EDUCAÇÃO FÍSICA

CONHECIMENTOS

FICHAS DE APOIO – 9º ANO


ESSTUCA
EDUCAÇÃO FÍSICA

9º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 1A

As Diferentes Fontes Energéticas (I)

Durante o exercício físico e a realização das actividades físicas, grande parte da energia que é
gerada pelas proteínas, hidratos de carbono e pelos lipídios destina-se ao trabalho muscular. A
combinação dessas três fontes energéticas é utilizada de acordo com a intensidade, duração e tipo
de actividade, preparação física da pessoa e a dieta prévia ao exercício.
Estas fontes energéticas traduzem-se nos três grandes sistemas energéticos que o organismo se
vai socorrer para criar a energia necessária para activar o funcionamento dos músculos e possibilitar
as acções necessárias e próprias da existência humana e também dos exercícios físicos mais
complexos e na realização das diferentes actividades físicas.
Todo o esforço físico só é possível pela existência de ATP (Adenosina TriFosfatada) nas células
musculares. E porquê? Porque é da decomposição do ATP em ADP (Adenosina DiFosfatada) + P
(Fostato) que se liberta energia que permite a acção muscular. Como tal a questão que se coloca é
como o organismo cria o ATP necessário para que este funcione durante o tempo e no ritmo
desejados.
Assim, como vimos, para uma pessoa realizar um esforço tem que fazer uma operação química
muito simples: ter a capacidade de conseguir decompor ATP em ADP+P, porque desta alteração é
que se liberta a energia necessária para a acção muscular. O ser humano tem, à partida, uma
quantidade de ATP e tem capacidade de, através de vários meios, obter novas reservas. A forma
utilizada caracteriza os vários tipos de fontes energéticas.
Se utilizarmos as reservas energéticas que temos nos nossos músculos, estamos a utilizar o
Sistema Anaeróbio Aláctico (sem ser na presença de oxigénio e sem se produzir um ácido que é
responsável pelo nosso cansaço, que é o Ácido Láctico). Quando gastamos essas reservas temos
que, de novo criá-las. Então, vamos utilizar o glicogénio e através da glicólise vamos produzir novas
reservas de ATP. Estamos perante o Sistema Anaeróbio Láctico (sem ser na presença de
oxigénio, mas produz-se o ácido láctico). Como a glicólise tem como consequência a produção do
ácido láctico que nos faz sentir cansados, é preciso eliminar esse produto tóxico. Para isso
precisamos de oxigénio. Estamos, então, perante o Sistema Aeróbio. Assim temos três grandes
sistemas energéticos a que o organismo se socorre para criar a energia necessária ao movimento: O
Sistema Anaeróbio Aláctico, o Sistema Anaeróbio Láctico e o Sistema Aeróbio.
O Sistema Anaeróbio Aláctico (Sistema ATP/CP)
Denomina-se a este sistema Anaeróbio porque não utiliza o oxigénio como fonte carburante e
como tal socorre-se das fontes já existentes no músculo, os Fosfogéneos, ou seja os ATP e as CP
(Creatina Fosfatadas) que já existem nos músculos. Denomina-se Aláctico porque no seu processo
de criação de ATP não se cria Ácido Láctico que, conforme veremos mais à frente, tem implicações
na realização do esforço físico.
A vantagem deste sistema é que é imediato permitindo que em qualquer momento se possa
realizar um esforço físico, sendo preponderante no início de qualquer actividade. Este sistema é o
principal sistema energético para esforços máximos com uma duração até 30”. O seu principal factor
limitativo é o rápido esgotamento de reservas.
Esta energia é fundamental em actividades de muita curta duração tais como por exemplo a
corrida de 40 metros, ou um contra-ataque num jogo desportivo colectivo.
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9º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 2A

As Diferentes Fontes Energéticas (II)

O Sistema Anaeróbio Láctico (Sistema Glicolítico)


Este sistema também é anaeróbio mas produz um ácido, denominado Láctico, que é bastante
tóxico, responsável pelas denominadas dores musculares de esforço e que inibem o movimento.
Tendo como base a glicólise que se socorre dos hidratos de carbono acumulados para criar as
reservas de ATP necessárias à continuidade muscular, é o principal sistema energético utilizado em
esforços de intensidade elevada com uma duração entre 30 “ e um minuto.
O seu principal factor limitativo tem a ver com a acumulação de ácido láctico e com aquilo que se
denomina Limiar Anaeróbio que traduz a capacidade que uma pessoa de até onde consegue
suportar a existência de ácido láctico nos músculos sem que haja uma perda significativa de
funcionalidade.
O Limiar Anaeróbio pode ser entendido ou como a intensidade máxima de exercícios em que se
verifica um equilíbrio entre a produção e a remoção do ácido láctico, ou como o momento, a partir do
qual, ocorre a transição do metabolismo puramente oxidativo para o parcialmente anaeróbio.
Esta forma de energia é vital para as actividades físicas que solicitem esforços intensos tais como
corridas do Atletismo de 200 e 400 metros, provas de 50 e 100 metros na natação ou as acções a
realizar na esgrima e nos diferentes desportos de combate.

O Sistema Aeróbio (Sistema Oxidativo)


Com a presença do ácido láctico, torna-se necessário removê-lo porque como é tóxico tem como
consequência a imobilização muscular e a dificuldade da acção muscular. Neste sentido, torna-se
necessário a presença do oxigénio para que este tenha um efeito sobre o ácido láctico tornando-o
ácido pirúvico. A principal diferença é que este não é tóxico e não inibe o movimento. Assim torna-se
fundamental a participação do oxigénio para a regeneração do ATP.
Este sistema energético é o principal sistema energético para esforços de intensidade média e
baixa com uma duração superior a uma hora.
O seu principal factor limitativo é a capacidade de transporte de oxigénio (O2). Mas a utilização
predominante desta fonte implica a perda de água e dióxido carbono. Como tal a desidratação pode
ser um factor determinante na eficácia da actividade física.
Facilmente se percebe que, da primeira para a última, o tempo necessário para utilizar essas
reservas vai aumentando, o que faz com que a primeira seja uma actividade mais rápida e curta e
que a última seja uma actividade mais duradoura e mais lenta.
Quando corres 30 metros podes fazê-lo mais rápido. Mas se o objectivo é manter uma corrida
durante 50 minutos, já tens que o fazer mais lento. Todos os esforços utilizam simultaneamente
estas resistências. O que os distingue é a predominância, conforme se pode ver na tabela seguinte.
800 m 1500 m 3000m 5000 m 10000 m Maratona
Anaeróbia 67% 50% 40% 25% 10% 2%
Aeróbia 33% 50% 60% 75% 90% 98%
Assim em síntese, no início da actividade física, o organismo utiliza preferencialmente as fontes
de energia celular. Com a continuidade do esforço, passam a ser preferenciais os lipídios, porque
fornecem maior quantidade de energia por grama. Apesar da enorme quantidade de energia
acumulada nas gorduras, a velocidade com que estas são oxidadas para a produção de energia,
principalmente em exercícios intensos de curta duração, é relativamente menor do que a dos
carbohidratos. Quando o organismo necessita de maior quantidade de energia por unidade de tempo
utiliza os carbohidratos. Já nos exercícios de resistência (corrida ou ciclismo), com a diminuição na
intensidade do esforço, os lipídios passam a ser responsáveis por maior produção de energia. Com a
continuidade do esforço moderado, ocorre redução do glicogénio muscular, o que determina grande
consumo de aminoácidos para a criação de carbohidratos (glicogénese).

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9º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 3A

Alterações Orgânicas e Exercício Físico

O exercício físico é como a alimentação. Se for variado e rico e nas quantidades


devidas é um meio fundamental para a existência humana. Se for pobre e insuficiente ou
exagerado coloca em risco a vida das pessoas.
Podemos assim dizer que o exercício físico, tal como a alimentação, é “uma arma de dois
gumes”. Somente uma educação física que nos forneça os conhecimentos e os meios
necessários para sabermos utilizar o exercício físico adequado (nos meios, na duração e na
intensidade) ao longo da nossa vida, ou professores de Educação Física responsáveis
tecnicamente pelas actividades que realizamos, são condições para a utilização correcta do
exercício físico como instrumento de bem-estar, de saúde e de melhoria da qualidade de
vida.
O exercício físico adequado tem um conjunto de benefícios para as pessoas. A
saber: 1. Baixa a pressão arterial; 2. Diminui o stress; 3. Previne o aparecimento da
hipertensão arterial; 4. Previne a morte súbita e as disritmias cardíacas; 5. Baixa o peso á
custa da diminuição da Massa Gorda, em especial, Subcutânea; 6. Mantém ou aumenta a
Massa Muscular; 7. Modela o apetite; 8. Previne a osteoporose (a degradação do tecido
ósseo), aumentando a massa óssea ou retardando a sua perda; 9. Aumenta a resistência
óssea; 10. Aumenta a Força; 11. Atrasa certos processos de envelhecimento; 12. Melhora a
depressão; 13. Melhora a autoconfiança e a auto-estima; 14. Melhora a ansiedade; 15.
Melhoras as capacidades cognitivas.
Assim podemos dizer que em consequência do exercício físico adequado processam-se um
conjunto de mudanças biológicas, tanto durante, como após o esforço, o que permite ao
organismo sucessivas adaptações. Essas alterações ocorrem em diferentes estruturas e
sistemas. As mais relevantes são as seguintes:
No Sistema Muscular, o músculo esquelético aumenta de tamanho – hipertrofia- ou seja
cada fibra muscular que os compõe dilata-se. Mas também aumenta a viscosidade e a fluidez
entre fibras, facilitando as respostas motoras. Ao nível articular o líquido sinovial que tem uma
função de lubrificar as alterações torna-se mais fluido com vantagens para o funcionamento das
mesmas.
No Sistema Cárdio-Circulatório, o exercício físico regular e contínuo tem uma acção
benéfica sobre o colesterol sanguíneo, reduzindo o colesterol “mau” (LDL- Low Density
Lipoproteins) e aumentando o colesterol “bom” (HDL – High Density Proteins). Chama-se
mau colesterol ao LDL porque, se estiver elevado, acumula-se nas paredes das artérias (vasos
sanguíneos que transportam sangue do coração para o corpo) dificultando ou mesmo impedindo
a circulação; o HDL é considerado bom porque transporta colesterol de outras partes do corpo
de volta para o fígado, que remove o colesterol do organismo.
No Sistema Respiratório, o exercício físico favorece a abertura de todos os alvéolos
pulmonares, aumentando a amplitude torácica, o que permite inspirar uma maior quantidade de
ar, facilitar as trocas gasosas que aí ocorrem, aumentando a capacidade respiratória.
No Sistema Ósseo, aumenta a densidade óssea, enquanto no Sistema Nervoso Central
facilita a eficiência do exercício e a velocidade da capacidade de resposta aos diferentes
estímulos que o exercício físico coloca.
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9º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 4A

Alterações Orgânicas e Exercício Físico (II)

Durante o exercício físico a frequência cardíaca aumenta em média duas a três vezes
relativamente à frequência cardíaca de repouso, e a quantidade de ar que entra nos pulmões é
significativamente superior do que em repouso. Essas alterações súbitas das funções orgânicas,
causadas pelo exercício físico, são denominadas de respostas agudas e desaparecem após
terminar o exercício físico. Se o exercício físico for regular e contínuo, as funções orgânicas tendem
a alterar-se tanto em repouso como durante o exercício.
O coração treinado bombeia mais sangue em cada batimento e os pulmões ventilam mais ar
quando solicitado em exercícios mais intensos. Sendo que é libertado mais oxigénio para os
músculos permitindo-lhes que queimem mais combustível e se produza mais energia para o
exercício. Os indivíduos que se exercitam regularmente têm melhor funcionamento dos pulmões,
coração, vasos sanguíneos e músculos que se adaptam para a libertação de oxigénio e produção de
energia para melhor desempenho e consequentemente melhor condição física.
Convém, contudo, lembrar que as alterações orgânicas que resultam da exercitação regular, são
perdidas tão rapidamente como se ganham, isto é, quando não se exercita regularmente e de forma
continuada. Existem melhorias significativas na qualidade de vida quando o exercício físico é feito de
forma continuada.
A maior diferença entre pessoas que se exercitam e não se exercitam de forma continuada é a
quantidade de sangue bombeada pelo coração em cada batimento. Com o exercício regular o
coração torna-se maior e mais forte, e a frequência cardíaca de repouso é mais baixa. Durante
muitos anos acreditava-se que o aumento do coração fosse prejudicial à saúde, actualmente
reconhece-se como uma alteração benéfica.
Conforme aumenta a intensidade de um exercício, maior é a necessidade de ar nos pulmões,
para que possa ser levado oxigénio suficiente aos músculos em actividade. Embora o tamanho dos
pulmões varie pouco com os exercícios, os indivíduos exercitados tem uma maior capacidade de
ventilar maiores volumes de ar no decorrer de um exercício intenso, e durante os exercícios
moderados os indivíduos exercitados são mais eficazes no transporte e utilização de oxigénio. Tal
como o tamanho dos pulmões, a quantidade de ar respirado em repouso também altera muito pouco.
De forma geral, os pulmões são eficazes em fornecer oxigénio para o corpo, por essa razão
raramente os pulmões são limitantes da capacidade de se efectuar exercícios moderados e intensos.
O coração é tipo um "elo mais fraco" porque a tarefa de bombear sangue suficiente para os músculos
em actividade é realmente muito difícil. Estudos comprovam que os pulmões e os músculos podem
suportar mais sangue e oxigénio do que aquele que o coração é capaz de bombear.
Músculos treinados têm mais capilares, combustível, mitocôndrias, enzimas produtoras de
energia e mioglobina. Em resposta ao treino ocorrem adaptações significativas nas células
musculares, o músculo armazena mais combustível e produz mais enzimas, tornando-se mais hábil
em queimar kcal.
Com a interrupção do exercício físico regular e contínuo, acontecem rápidas alterações na
aptidão cardiovascular e muscular. Para indivíduos que treinem diariamente as perdas podem ser
minimizadas se mantiverem uma prática de exercícios pelo menos três vezes por semana com
intensidades moderadas.
Sem dúvida, o coração, os pulmões e os músculos respondem prontamente ao exercício regular.
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9º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 5A

Treino

O desenvolvimento das qualidades no domínio duma modalidade exige um processo de


aprendizagem do conjunto das acções que representa os seus fundamentos. Esses
fundamentos são acções que têm que ser realizadas mas é também um determinado
pensamento sobre o que se vai fazer e quando se vai fazer.
Para além da aprendizagem é necessário organizar um processo que desenvolva o
conjunto das qualidades que permitam em situação de competição apresentar os
recursos necessários de uma forma eficaz para conseguir o sucesso desportivo.
O sucesso desportivo pode e deve ser entendido de diferentes formas e não unicamente
como vencer ou ser o melhor.
Podemos, então, definir o Treino como “o emprego sistemático dum complexo de
acções motoras, do qual resultam no organismo alterações morfológicas e funcionais
como adaptação ao esforço realizado”.
Ou seja, o Treino é a condição essencial para, em qualquer actividade humana, não
só na desportiva, podermos atingir um nível de excelência e mestria superior. O treino
desportivo é um conjunto de situações que, de acordo com determinados princípios e
regras e um conjunto de objectivos, constrói as competências necessárias para, com
alguma regularidade, os atletas serem capazes de demonstrar em situação de
exibição e competição níveis de desempenho adequados às exigências que cada
situação competitiva exige.
Esta organização do treino desportivo é marcada de acordo com os objectivos e com as
características das modalidades.
Os objectivos definem o nível de qualidade que se espera dum determinado atleta ou
conjunto de atletas. E este é determinado pelo nível de desenvolvimento das diferentes
modalidades e pelo nível de aptidão inicial e potencial de cada atleta.
Por outro lado, as modalidades não têm, todas, as mesmas características: temos
modalidades fundamentalmente de exibição, em que se treina o que se vai obrigatoriamente
fazer; outras, em que a incerteza é o factor fundamental, e como tal treina-se o que se julga
que pode ocorrer nas competições; temos outras ainda que dependem somente das acções
e decisões dum atleta, enquanto que outras, dependem mais da concertação colectiva em
que as decisões individuais são pautadas pela forma como a “orquestra” funciona em cada
momento. Temos também modalidades em que as capacidades motoras são o suporte das
acções a realizar e outras em que as capacidades motoras são o fundamento da
modalidade. Temos também modalidades em que as competições são mais pontuais e
afastadas no tempo, enquanto que outras são mais regulares e contínuas, exigindo uma
maior estabilidade no nível de qualidade conseguido.
Em cada caso a organização do treino desportivo exige requisitos particulares e deve
responder às características e necessidades de cada modalidade.
O treino desportivo necessita cada vez mais dar resposta a um conjunto de áreas que
influenciam o sucesso desportivo. Aliás, é por isso que cada vez mais as equipas técnicas
são pluridisciplinares e envolvem um conjunto de pessoas com responsabilidades de treinar
as diversas dimensões do comportamento desportivo.
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9º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 6A

Treino (II)

Para aplicarmos um processo de treino no âmbito do Desporto é fundamental que se centre na


preparação do atleta. Essa preparação deve abranger diferentes dimensões em que se destaca
quatro aspectos, que correspondem a tipos de treinos: a preparação psicológica, intervir ao nível
das capacidades volitivas e emocionais a preparação física, intervir ao nível da potencialização das
capacidades motoras, a preparação técnica, intervir ao nível da proficiência na realização das
diferentes acções técnicas e habilidades que caracterizam uma determinada modalidade e a
preparação táctica, intervir ao nível do pensamento táctico e desenvolver o sentido de oportunidade
e adequação das acções a cada momento e em cada contexto.
O objectivo do treino é a melhoria das capacidades funcionais. Para se conseguir essa
melhoria é preciso sujeitar os indivíduos à carga funcional adequada, mas também a uma
alimentação correcta e à quantidade de repouso necessário. Este, em particular, é muito
importante, porque é ele que pode permitir que o efeito das várias cargas seja positivo, em vez de
prejudicial.
Assim qualquer processo de treino deve cumprir um conjunto de princípios que são
fundamentais a uma organização adequada e correcta. Devem ser considerados os cinco principais:
os princípios da multilateralidade, da continuidade, da progressão, da alternância e da
individualização.
O PRINCÍPIO DA MULTILATERALIDADE significa a ideia de que o desenvolvimento desportivo não
se deve centrar estritamente no treino específico devendo orientar-se também para um
desenvolvimento das capacidades globais, como forma de enriquecimento da formação específica.
O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE significa a reversibilidade dos efeitos do treino, o que obriga a
que o treino seja um processo regular e contínuo de forma a promover a diminuição da lei da
reversibilidade, ou seja a dificultar a perda das possibilidades desenvolvidas. Só a continuidade das
acções organizadas e sistematizadas podem permitir a adaptabilidade.
O PRINCÍPIO DA PROGRESSÃO sustenta a ideia da lei da sobrecarga que afirma que o
desenvolvimento só pode ocorrer com cargas e estímulos cada vez mais exigentes, compensando os
esforços com momentos de repouso.
O PRINCÍPIO DA ALTERNÂNCIA responde à questão da progressão. Como esta não pode ocorrer
de forma contínua e linear porque leva rapidamente á fadiga, torna-se necessário que o treino alterne
cargas de maior intensidade com cargas de menos intensidade, de forma a permitir a renovação dos
tecidos musculares e a potencialização dessa renovação.
O PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO diz-nos que os efeitos e as opções do treino não podem
deixar de considerar as características de cada pessoa. O que é eficaz e útil para certos atletas pode
não ser para outros. As opções tomadas têm que considerar o conhecimento a quem são dirigidas.
A organização dos processos de treino não pode deixar de considerar estes princípios
aplicando as leis inerentes à carga de treino. São elas quatro:
 A lei da sobrecarga que nos diz que a carga de treino devem ser cada mais exigentes
para que haja desenvolvimento;
 A lei da especificidade que nos diz que a carga de treino é específica em relação ao
objectivo, em relação às acções desenvolvidas e em relação aos grupos musculares que
intervêm;
 A lei da reversibilidade que significa que o efeito da carga perde-se;
 A lei do efeito retardado que justifica que a resposta orgânica não é imediata e tem um
efeito latente que é variável de acordo com as características da carga utilizada.
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9º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 7B

A Organização Desportiva (I)

O Desporto pode ser identificado de diferentes formas. Uma delas tem a ver como se
organiza nas sociedades. Daí podermos identificar uma determinada Organização
Desportiva.
Entendido como organização desportiva quer dizer que a palavra desporto é utilizada
no sentido de atribuir significado às estruturas institucionais da organização das
actividades que são identificadas como desporto, por exemplo, os clubes, as
associações e as federações.
A organização traduz o modo como se estruturam e articulam os vários elementos ou as
diferentes variáveis que compõem o sistema desportivo. De forma sintética, podemos dizer
que essas variáveis que, por um lado, caracterizam a organização desportiva e, por outro
lado, condicionam e determinam-na são de quatro tipos: a) o Quadro Material; b) o Quadro
Humano; c) O Quadro Normativo; d) o Quadro Condicionante
No Quadro Material temos tudo o que possibilita a actividade desportiva e incluímos as
instalações e os equipamentos.
No Quadro Humano, consideramos os diferentes grupos de pessoas que permitem o
funcionamento da prática desportiva, tais como, os Praticantes, os Técnicos ou Treinadores,
os Dirigentes, os árbitros e Juízes e o pessoal qualificado para a manutenção das
instalações e equipamentos.
No Quadro Normativo, incluímos o conjunto de leis e normas que organiza a actividade
desportiva nas diferentes dimensões. Assim, temos a legislação geral, a legislação
desportiva e a legislação própria de cada modalidade, os seus regulamentos em diferentes
aspectos da sua realização, desde as regras de cada modalidade, até aos princípios,
normas e sinaléticas de arbitragem e mesmo os regulamentos gerais e específicos de
diferentes competições.
Finalmente o Quadro Condicionante refere-se ao conjunto de factores extrínsecos à
própria organização desportiva mas que têm um efeito positivo ou pernicioso no
funcionamento e no desenvolvimento da organização. Esses factores são de cinco tipos: 1)
Demográficos, que se referem às características da população considerando
principalmente a população jovem ou predominantemente envelhecida, de meio urbano ou
rural; 2) Físicos, que traduzem as características geográficas do território onde a
organização se integra; 3) Climáticos, que traduzem a influência que as características
climatéricas têm nas modalidades privilegiadas e nas decisões que tem a ver com os outros
quadros; 4) Económicos e Financeiros, que traduzem os custos e os benefícios
financeiros, por um lado, e, por outro lado económicos das práticas desportivas; 5)
Culturais, que apesar de ser subjectivo é um factor decisivo que traduz a percepção e o
entendimento que as sociedades e determinados grupos dentro dela têm, sobre o lugar e a
importância que o desporto e as diferentes actividades desportivas ocupam na vida das
pessoas e das comunidades.
Assim, a Organização deve ser entendida como um meio para se atingir dois grandes
objectivos. Por um lado, a exequibilidade das práticas desportivas, a sua realização e a sua
concretização, por outro lado, o seu desenvolvimento entendido como o crescimento e a
melhoria qualitativa do nível de prática desportiva.
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9º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 8B

A Organização Desportiva (II)

Na perspectiva da Organização, para estarmos a fazer Desporto precisamos estar integrados


numa determinada estrutura que inclui diferentes elementos com características, funções e papéis
diferenciados. Estes elementos que são organismos desportivos são os seguintes: os Clubes, as
Associações e as Federações.
Por outro lado, existe uma dimensão política que determina também a Organização Desportiva
que, com os diferentes governos e épocas, pode assumir designações ou estatutos diferentes. Mas
digamos que temos sempre três níveis de decisão política no âmbito do Desporto. Um nível de
decisão mais baixo a quem cabe operacionalizar as condições políticas e jurídicas do Desporto, que
é atribuída a um Instituto. Um nível de decisão intermédia que se centra sobre as questões da
decisão política que é atribuída a uma ou várias secretarias de Estado e um nível de decisão
política e supervisão que cabe a um Ministério. No governo em funções temos um Secretário de
Estado do Desporto e Juventude que dependem do Ministro da Presidência e Assuntos
Parlamentares e um Instituto do Desporto e da Juventude.
Os Clubes Desportivos são pessoas colectivas de direito privado cujo objecto de acção principal
é o fomento e a prática directa de actividades desportivas e que se constituem sob forma associativa
e sem intuitos lucrativos, nos termos gerais da legislação em vigor num determinado país. Para além
destes, existem também os Clubes de Praticantes, que são entidades de direito privado, sem fins
lucrativos, que tenham por objecto exclusivo a promoção e organização de actividades físicas e
desportivas com finalidades lúdicas, formativas ou sociais.
As Associações Desportivas e as Federações Desportivas são pessoas colectivas que,
englobando praticantes, clubes ou agrupamentos de clubes, se constituam sob a forma de
associação sem fins lucrativos e preencham os seguintes requisitos: se proponham, nos termos dos
respectivos estatutos, prosseguir, entre outros, o seguinte objectivo geral: promover, regulamentar e
dirigir, a nível nacional ou regional, a prática de uma modalidade desportiva ou conjunto de
modalidades afins. A sua área de influência diferencia as Associações e as Federações já que o
objecto da sua acção e o seu principal objectivo é o mesmo. Quando numa determinada modalidade
encontramos associações e uma federação significa que para os mesmos objectivos temos regiões
de intervenção diferenciadas, cabendo à respectiva Federação uma intervenção a nível nacional.
Mas também temos modalidades que pela sua história e também pelo número de clubes existentes
não justificam a existência de associações tendo somente uma federação, tal como acontece, por
exemplo com o Triatlo.
As Associações são então organizações de clubes que tem como objectivo representar os seus
clubes na respectiva federação e promover, regulamentar e orientar a actividade desportiva e as
suas competições na sua área geográfica de intervenção.
Por seu lado as Federações resultam da união das associações numa só estrutura com as
mesmas funções mas a nível nacional. Elas são o órgão máximo de cada modalidade desportiva ou
modalidades desportivas já que integram os diferentes organismos internacionais que regulam o
desporto e as diferentes competições internacionais.
Finalmente as Federações podem ser: 1) Federações Unimodalidade são as que englobam
pessoas ou entidades dedicadas à mesma prática desportiva (Basquetebol, Triatlo, Andebol),
incluindo as suas várias disciplinas (Atletismo) ou um conjunto de modalidades afins (Natação,
Futebol, Patinagem); 2) Federações Multimodalidades são as que se dedicam ao desenvolvimento
da prática cumulativa de diversas modalidades desportivas, para determinadas áreas específicas de
organização social. É o caso da Federação de Desporto para Deficientes ou a Federação de
Desporto Universitário.
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9º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 9B

Desporto Recreação versus Desporto Rendimento

O Desporto pode ser classificado considerando diferentes referenciais. Um deles tem a ver
com os objectivos principais que estão presentes na prática desportiva. Neste caso temos o
Desporto Recreação e o Desporto Rendimento. Estes termos transportam conceitos que
precisam ser explicados e entendidos.
O denominado Desporto Recreação sintetiza a ideia da utilização de várias práticas físicas,
desportivas ou não, com o principal objectivo de ocupar o tempo livre das pessoas, mas
também ter um impacto positivo nas funções de equilíbrio da vida das pessoas, para além de
ter uma função de desenvolvimento pessoal e social. Não deixa de ser uma manifestação
cultural que se caracteriza por divertir e entreter o indivíduo que dela participa. É na sua
essência uma prática com objectivos lúdicos, onde a participação pretende ser agradável e
com prazer, produzindo nas pessoas ou na sociedade um movimento de mudança positiva, de
renovação, um revigorar da mente ou do corpo.
Já o Desporto de Rendimento traduz a ideia que as pessoas envolvidas devem ser
integradas num plano de trabalho que permita potencializar as suas capacidades, todas elas,
com o objectivo de demonstrar desempenhos individuais e colectivos de acordo com os
objectivos que são traçados por instituições ou organismos que integram estas pessoas ou lhes
apontam metas para poderem participar em determinados eventos. Digamos que, neste caso,
as pessoas são entendidas mais como instrumentos que devem ser rentabilizados para atingir
determinados resultados. Aproxima-se, em oposição ao Desporto Recreação, mais ao conceito
de trabalho.
O Desporto de Recreação que está muito relacionado com o lúdico (entendido como
entretenimento, que dá prazer e diverte as pessoas envolvidas), lazer (tempo que não é de
trabalho), tempo livre (de várias responsabilidades) e ócio (de não fazer nada) caracteriza-se
pela realização das actividades em que as principais motivações são o prazer, a criatividade, a
satisfação, a sociabilidade e a ocupação dos tempos livres de forma e com quem gostamos de
estar. O Desporto de Recreação inclui um conjunto de actividades que se caracterizam pela sua
informalidade, pela sua pontualidade e também pela sua auto-orientação, dirigindo-se a
todos que o queiram realizar, tendo como factores limitativos a qualidade de educação física
das pessoas, a acessibilidade aos locais e o tempo disponível.
Já o Desporto de Rendimento tende a profissionalizar-se e a transformar-se em trabalho
pelas exigências que os planos de treino e de desenvolvimento colocam às pessoas. Ao
contrário de Desporto Recreação, os principais objectivos são a competição e o desempenho
de excelência que permitam obter resultados, vitórias e recordes. Aqui as actividades são
regulares e contínuas, com um grau elevado de orientação, planeamento e avaliação e com
um grau de formalização nas práticas e na organização muito elevada.
O Desporto de Rendimento pelas exigências que coloca e o investimento que obriga é,
antes de tudo, muito selectivo dirigindo-se fundamentalmente ao conjunto de pessoas que
apresentam, ou demonstram poder apresentar, as melhores condições para a realização das
práticas em questão.
De forma simples poderemos dizer que o Desporto de Recreação, se utilizar práticas
adequadas, pode ser um factor promotor de saúde, bem-estar e qualidade de vida. Já no
Desporto Rendimento precisamos ter saúde que precisa de ser acompanhada e avaliada para
nos podermos sujeitar às cargas de treino muito exigentes e às exigências que as competições
colocam a este nível.
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9º ANO FICHA DE APOIO FICHA Nº 10B

Actividade Física: Formal, Informal e Não-Formal

A actividade física e as actividades físicas podem ser utilizadas em diferentes contextos e


com diferentes objectivos.
Estas actividades podem, de acordo com o grau de organização, de enquadramento e
de responsabilidade, ser de três tipos: actividades físicas formais que são promovidas
pelas federações desportivas, com um grau elevado de normalização e estandardização ou
pelo sistema educativo, com programas de referência, horários pré-estabelecidos e
condições de sucesso bem determinadas; actividades físicas não formais que exigem
algum enquadramento mas não estão sujeitas a um enquadramento regulamentar e a uma
continuidade; actividades físicas informais que se baseiam nos princípios da auto-
suficiência e da autogestão estando sujeitas à vontade e às possibilidades de cada uma das
pessoas.
Nas actividades físicas formais, destaca-se principalmente o foco que estabelecemos
nos exercícios, em que há uma rotina de treino, que é aplicada de forma regular e contínua
de acordo com orientações bem definidas e supervisão de profissionais reconhecidos. É,
como tal, uma forma mais adequada de promover conhecimentos e competências que
permita que as pessoas se possam apropriar do conjunto de saberes e de técnicas a um
nível mais elevado. Estas actividades, usualmente, referem-se a actividades de grupo de
intensidade moderada e elevada, enquadradas, técnica e pedagógica, e realizadas por uma
instituição, ou organismo, oficialmente reconhecido e designado com objectivos e propósitos
bem definidos.
Nas actividades físicas informais verifica-se que a organização e a exercitação de
forma planeada e consistente é inexistente e ocorre, usualmente, ligada directamente ao
lazer, em que as pessoas, por oportunidade, por gosto ou por conhecimento, pretendem sair
do sedentarismo e optar por uma vida mais saudável e activa. O tipo de actividades pode ser
do mais diverso, tais como, uma caminhada ao amanhecer, ou ao anoitecer; uma ida até um
clube ou uma piscina qualquer, correr individualmente ou em grupo na estrada, jogar
raquetas na praia, etc. Ou seja a actividade física informal é toda a actividade física que
não pressupõe um plano, o respeito por esse plano, e que não tem um foco muito definido.
As actividades físicas informais são feitas por indivíduos ou grupos de amigos que se
compõem, obviamente, de pessoas com afinidades naturais entre si, de proximidade
habitacional, social, ou afectiva, e que, com mais facilidade, podem realizar essas
actividades juntos. Contudo, o grau de compromisso é pouco elevado e a sujeição a
qualquer plano é inexistente.
As actividades físicas não formais (não estruturadas) caracterizam-se por actividades
individuais, de pares ou de grupo, que pela sua regularidade e continuidade, apresentam
uma intensidade, de fraca a moderada, mas que implicam alguma organização e algum nível
de compromisso para a sua concretização. Por exemplo, a organização de torneios pontuais
ou circunstanciais ou mesmo de exibição, enquadram-se neste conceito. Estas actividades
caracterizam-se por um regime organizacional em co-gestão e partilhada de forma a
serem criadas oportunidades para que todos aqueles que não têm possibilidade de participar
em actividades de carácter mais formal o possam fazer. Este tipo de actividades permite a
participação em quadros competitivos, mais ou menos organizados, sem que os
pressupostos da sua participação tenham que ser cumpridos, tais como um plano
organizado de treino, técnicos reconhecidos pelas estruturas institucionais, a inclusão numa
determinada estrutura.

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