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BIOQUÍMICA
HUMANA
PROFESSORA
Dr.ª Marcia Cristina de
Souza Lara Kamei
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande as demandas institucionais e sociais; a realização
desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, de uma prática acadêmica que contribua para o
informação, conhecimento de qualidade, novas desenvolvimento da consciência social e política e, por
habilidades para liderança e solução de problemas fim, a democratização do conhecimento acadêmico
com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência com a articulação e a integração com a sociedade.
no mundo do trabalho. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: ser reconhecida como uma instituição universitária
as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará de referência regional e nacional pela qualidade
grande diferença no futuro. e compromisso do corpo docente; aquisição de
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar assume competências institucionais para o desenvolvimento
o compromisso de democratizar o conhecimento por de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos universitária; qualidade da oferta dos ensinos
brasileiros. presencial e a distância; bem-estar e satisfação da
No cumprimento de sua missão – “promover a comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica
educação de qualidade nas diferentes áreas do e administrativa; compromisso social de inclusão;
conhecimento, formando profissionais cidadãos que processos de cooperação e parceria com o mundo
contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade do trabalho, como também pelo compromisso
justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar e relacionamento permanente com os egressos,
busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com incentivando a educação continuada.
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível crescimento e construção do conhecimento deve
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens – Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
Professora Doutora
Marcia Cristina de Souza Lara Kamei
Caro(a) aluno(a)!
Você ingressou em um curso que trabalhará com o organismo humano e seu de-
senvolvimento, dessa forma, faz-se necessário que você conheça as bases estruturais
e funcionais desse organismo. Para conhecer esse organismo, você terá acesso a
diversas disciplinas no decorrer do curso, incluindo essa que trabalharemos a
partir de agora.
Somos organismos pluricelulares, isto é, formados por aproximadamente dez
trilhões de células. Durante nosso desenvolvimento embrionário, nossas células
tornaram-se especializadas. Por isso possuímos diferentes tipos de tecidos com
funções específicas, como o tecido epitelial, conjuntivo, tecido muscular e tecido
nervoso.
Apesar de toda a diversidade de tecidos e órgãos que formam nosso corpo, cada
célula é uma unidade morfológica e funcional desse organismo e nossas atividades
metabólicas são resultados do funcionamento individual e integrado de cada uma
dessas, sendo que a nossa vida, depende da manutenção da integridade morfológica
e funcional de cada uma delas.
A atividade metabólica das células é definida como um conjunto de reações químicas
no interior deste sistema biológico e para compreender estas atividade temos que,
primeiramente entender sua constituição bioquímica e o arranjo dessas moléculas
na estrutura dos elementos que formam as células.
Ao cursar esta disciplina, você terá um conhecimento básico sobre a estrutura
morfológica e funcional do organismo humano - a célula e a construção do co-
nhecimento sobre o organismo humano terão como alicerce, o conhecimento
a respeito da constituição química das células, sua estrutura morfológica e suas
interações metabólicas para obtenção de recursos que mantenham a manutenção
biológica do organismo humano.
Esperamos que você possa se tornar íntimo dos conhecimentos abordados neste
livro e que faça bom proveito para seus estudos.
sum ário
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Origem e evolução das células
• Células procariontes
• Células eucariontes
• Constituição bioquímica das células - Moléculas inorgânicas
• Constituição bioquímica das células - Proteínas e enzimas
• Constituição bioquímica das células - Carboidratos
• Constituição bioquímica das células - Lipídios
• Constituição bioquímica das células - Ácidos nucleicos
Objetivos de Aprendizagem
• Reconhecer a célula como unidade fundamental da vida.
• Diferenciar células eucariontes e procariontes.
• Compreender as funções biológicas da água e outros
elementos inorgânicos para o metabolismo celular.
• Compreender a estrutura e funções das moléculas
orgânicas para o metabolismo celular.
unidade
I
INTRODUÇÃO
Origem e Evolução
das Células
Estudos evolutivos indicam que, no início da forma- nio, sulfeto de hidrogênio e gás carbônico. Com a
ção da Terra, não haviam seres vivos no planeta, e ação do calor, radiação e descargas elétricas cons-
que a vida ocorreu como um evento ao acaso, re- tantes essas moléculas sofreram reações químicas
sultante da organização de moléculas orgânicas, que espontâneas, aleatórias e formaram compostos or-
surgiram de reações químicas aleatória e espontâne- gânicos como proteínas e ácidos nucleicos.
as entre os elementos inorgânicos. Essa teoria é conhecida como teoria pré-bióti-
Esse processo evolutivo começou a 4 bilhões de ca e apresenta como argumento científico o experi-
anos, em um período em que a atmosfera tinha uma mento proposto por Stanley L. Miller que simulou
composição distinta da atual. As moléculas mais em laboratório estas condições atmosféricas e obte-
abundantes eram: água, amônia, metano, hidrogê- ve formação espontânea de elementos orgânicos.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Células
Procariontes
Do ponto de vista evolutivo, as células procarion- A principal diferença estrutural entre as células proca-
tes são consideradas antecessoras das células eu- riontes e as células eucariontes é a ausência de um envol-
cariontes. Fósseis que datam de três bilhões de tório nuclear, organizando um núcleo verdadeiro nas cé-
anos são exclusivamente formados por células lulas procariontes, enquanto nas células eucariontes este
procariontes. Provavelmente, células eucariontes envoltório compartimentaliza um ambiente complexo
surgiram bilhões de anos após as procariontes, por denominado de núcleo (JUNQUEIRA et al., 2012).
mecanismos de mutações das células. Atualmente, Embora a complexidade nuclear seja critério
as células procariontes são encontradas apenas nos para a classificação desses dois tipos celulares, exis-
organismo que formam o reino monera, ou seja, tem outras diferenças marcantes entre células proca-
as bactérias. riontes e eucariontes.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Células
Eucariontes
Como explicado anteriormente, células eucariontes branas internas, que como toda membrana celular,
desenvolveram-se a partir de células procariontes. além de delimitar, promove transporte seletivo. Essa
Os compartimentos delimitados por membranas in- compartimentalização promove maior eficiência
ternas, são denominados de organelas e cada com- metabólica.
partimento apresenta diferenças bioquímicas que Além das organelas, o citoplasma pode apresen-
permitem que cada organela desempenhem funções tar depósitos de substâncias diversas, como grânulos
específicas. de glicogênio e gotículas de lipídios. Preenchendo
A célula eucarionte se diferencia da célula pro- assim, os espaços entre as organelas e os depósitos,
carionte, por apresentar uma vasta rede de mem- teremos o hialoplasma (ALBERTS et al., 2011).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
20
EDUCAÇÃO FÍSICA
Aparelho de Golgi: um conjunto de membranas núcleo o DNA está associado a moléculas de pro-
achatadas que se empilham formando unidades teínas, formando o arranjo de cromatina.
funcionais denominadas de Dictiossomo que
cada um apresenta uma face convexa - face cis Citoesqueleto: apesar de não ser uma organela,
e uma face côncava - face trans. Está envolvido o citoesqueleto também diferencia as células eu-
com o processamento e distribuição das macro- cariontes dos procariontes. Constituído por uma
moléculas que começaram a serem sintetizadas rede de filamentos proteicos que formam uma
no retículo endoplasmático liso e rugoso. trama, esta estrutura tem papel de promover a
manutenção da forma, papel mecânico de susten-
Lisossomos: formas e tamanhos variáveis. No in- tação das organelas, adesão celular e movimentos
terior há uma gama de enzimas utilizadas para celulares diversos. Os principais elementos que
digestão de macromoléculas. Essas organelas formam o citoesqueleto são os microtúbulos, fila-
apresentam seu interior ácido. Estão envolvidas mentos de actina e filamento intermediários.
com a digestão de moléculas englobadas por en-
docitose e também de organelas que não estão
sendo utilizadas. Além dessas organelas, existem as que são encontra-
das apenas em células eucariontes vegetais que apre-
Endossomos: vesículas oriundas do processo de
sentam as estruturas básica das células eucariontes
endocitose. Constituem uma rede complexa de
vesículas que são encaminhadas para a digestão. animais. Não estudaremos as células vegetais, porém
as principais diferenças com as células animais são:
Peroxissomos: contém enzimas oxidativas que
transferem átomos de hidrogênio de diversos
substratos para o oxigênio formando os peróxidos. Presença de parede celular: além da membrana
plasmática, as células vegetais apresentam parede
RH2 + O2 → R + H2O2 de celulose que lhes conferem maior resistência
mecânica.
Os peroxissomos possuem catalase, uma enzima
Presença de plastídios: organelas que armaze-
que converte o peróxido de hidrogênio em água e
nam diversos tipos diferentes de substâncias. Os
oxigênio. Isto é de extrema importância, pois, o pe- plastídios que não armazenam substâncias pig-
róxido de hidrogênio é um oxidante energético e ex- mentadas são chamados de leucoplastos e os que
tremamente prejudicial a célula. armazenam substâncias pigmentadas são cha-
mados de cromoplastos, dos quais os mais fre-
2 H2O2 Catalase → 2 H20 + O2 quentes são os cloroplastos, ricos em clorofila.
Núcleo: organela constituída por envoltório nu- Vacúolos citoplasmáticos: ocupam maior parte
clear formado por duas membranas separando o do citoplasma reduzindo o citoplasma funcional
DNA das células eucariontes. No interior deste a uma pequena faixa.
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
SAIBA MAIS
MINERAIS
Os minerais são encontrados em pequenas quan-
tidades na constituição celular, porém, apresentam
papel fundamental. Alguns minerais estão na forma
dissociada, sendo encontrados cátions (positivos) e
ânions (negativos). Alguns exemplos de cátions que
predominam no interior da célula são K+ e Mg+2, en-
quanto os ânions mais abundantes são HPO4-2.
Os sais dissociados em cátions e ânions são im-
Figura 8 - Estrutura química de moléculas anfipáticas e sua representação
esquemática
portantes para manter o equilíbrio ácido-básico e
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 62). para manter a pressão osmótica.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
REFLITA
H2O
O H COOH O H COOH
ESTRUTURA QUÍMICA C OH + H N CH C N CH
DE AMINOÁCIDOS: H2N CH CH2OH H2N CH CH2OH
H CH3 CH3
α
Figura 10 - Ligação peptídica
R C NH2 Fonte: Junqueira et al. (2012, p.45).
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL
DE PROTEÍNAS
No início de sua síntese a proteína é uma sequência
linear de aminoácidos e essa conformação é chama-
da de estrutura primária da proteína e é mantido
pela ligação entre os aminoácidos. Essa é uma liga-
ção covalente e somente poderá ser desfeita por ação
de enzimas. A proteína funcional irá assumir outros
arranjos que dependem da sequência de aminoáci-
dos (MARZZOCO; TORRES, 2015).
Os aminoácidos vizinhos interagem por meio de
seus grupamentos (cadeia lateral) por interações do
tipo pontes de hidrogênio e originam o arranjo de
α-hélice espiralada ou α-pregueada, considerado es-
trutura secundária das proteínas.
Considerando a interação que os aminoácidos
distantes podem sofrer, a proteína irá se dobrar so-
bre ela mesma e formar uma estrutura globular de-
nominada de estrutura terciária. Essas interações
que mantêm a estrutura terciária são as pontes de Figura 12 - Esquemas das estruturas tridimensionais assumidas pelas proteínas
hidrogênio, pontes dissulfeto (entre dois átomos de Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p.17 ,20, 21, 24).
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Ação enzimática
O composto que sofrerá a ação catalítica da enzima
é chamado de substrato. A enzima deverá se encai-
xar tridimensionalmente nesse substrato e para que
isso ocorra existem regiões específicas, com afini-
dade química e conformação tridimensional. Essas
regiões específicas da enzimas na qual os substra-
tos permaneceram encaixado chama-se sítio ativo
(NELSON et al., 2013).
Ao permanecer encaixado no sítio ativo, o subs-
trato sofrerá uma reação química específica e perde-
rá a afinidade pelo sítio ativo, sendo então, liberado
como produto da ação da enzima.
Devido ao mecanismo de ação das enzimas, elas
demonstram alta especificidade pelos substratos que
atuam, pois, há especificidade química e estrutura Figura 14 - Esquema ilustrando o mecanismo de ação enzimática
para o perfeito encaixe. Fonte: Junqueira et al. (2012, p.50).
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Constituição Bioquímica
das Células - Carboidratos
Os carboidratos são compostos por carbono, hidro- gético predominante, podemos reconhecer outras
gênio e oxigênio, na proporção de Cn(H2O)n. Veja o funções:
exemplo da fórmula da molécula de glicose, que é • Reconhecimento celular: formam a glico-
o carboidrato mais abundante do planeta, para as- proteínas que atuam como receptores nas
sociar a esta fórmula: C6H12O6. No entanto, alguns membranas e glicocálice.
carboidratos não apresentam essa fórmula geral, por • Função estrutural: formam as glicoproteí-
nas da matriz extracelular dos tecidos, for-
exemplo a glicosamina.
mam a parede de células vegetais e formam
o exoesqueleto de vários grupos de animais
FUNÇÕES DOS CARBOIDRATOS (quitina).
Os carboidratos representam a principal fonte de
energia para as células. Apesar de seu papel ener-
32
EDUCAÇÃO FÍSICA
HOCH2 HOCH2
OH O H O H
H H
O
OH H OH H
H H OH
H OH H OH
(Galactose) (Glicose)
Lactose
Figura 16 - Fórmulas químicas de dissacarídeos mais comuns
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 89).
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Constituição Bioquímica
das Células - Lipídios
Constituem uma classe de compostos com estrutu-
ra bem variada, que não são caracterizados por suas
estruturas químicas, mas por sua baixa solubilidade
em água. Em função dessa definição, os lipídios for-
mam um grupo muito variável.
ÁCIDOS GRAXOS
São ácidos monocarboxílicos, geralmente com uma
cadeia longa de carbono, podendo apresentar apenas
ligações simples entre átomos de carbono (saturados),
ou uma ou mais duplas ligações entre átomos de car- Figura 17 - Fórmulas de ácidos graxos mais abundantes.
bonos (saturados e poliinsaturados, respectivamente). Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 91).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
O
1
1 C
H2C OH H2C O 16
O
1 9
2 C
HC OH HC O 18
O
1 9
3 C
H2C OH H2C O 18
Glicerol Triacilglicerol
(1-palmitoil-2, 3-dioleil-glicerol)
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Constituição Bioquímica
das Células - Ácidos Nucleicos
Neste tópico iremos abordar as moléculas respon- ÁCIDOS NUCLEICOS SÃO POLÍMEROS DE
sáveis pelo segredo da vida: os ácidos nucleicos, co- NUCLEOTÍDEOS
nhecidos como DNA e RNA. Juntos estas moléculas DNA - ácido desoxirribonucleico e RNA - ácido
são responsáveis por todas as características morfo- ribonucleico são polímeros de unidades chamadas
lógicas e funcionais das células e portanto, dos seres nucleotídeos. Cada nucleotídeo é constituído por
vivos. Também são responsáveis por transmitir estas uma pentose, um resíduo de ácido fosfórico ligado
informações as células descendentes, promovendo a ao carbono 5 da pentose e uma base nitrogenada li-
perpetuação dessas características. gada ao carbono 1 da pentose (VOET et al., 2014).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
LIGAÇÃO DIESTER-FOSFATO
Os nucleotídeos ligam-se uns aos outros por meio
Figura 20 - Esquema da estrutura de nucleotídeos da ligação fosfodiéster, que ocorre entre as pento-
Fonte: Watson et al. (2015, p. 98).
ses. O radical fosfato de um nucleotídeos, que está
ligado ao carbono 5’ se liga ao carbono 3’ da pentose
A união entre a pentose e a base nitrogenada é cha- de outro nucleotídeos. Vários nucleotídeos ligados
mada de nucleosídeo. Existe um tipo de pentose formam uma cadeia polinucleotídica linear, uma vez
para o DNA, chamada de desoxirribose e outro tipo que, cada nucleotídeo fará apenas duas ligações fos-
para o RNA, chamada de ribose. fodiéster. As extremidades da cadeia manterão seus
carbonos 3’ e 5’, um em cada extremidade. Essas ex-
tremidades recebem a denominação de extremidade
5’ e 3’, respectivamente (VOET et al., 2014).
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Figura 22 - Modelos da estrutura tridimensional da molécula de DNA - Proposta por Watson-Crick (1953)
Fonte: Watson et al. (2015, p. 98).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
39
considerações finais
Caro(a) aluno(a)! Ao final desta unidade, tivemos uma visão geral da estrutura
dos dois tipos celulares que formam os seres vivos atuais - células eucariontes e
procariontes.
A célula é a base morfológica e funcional de todo e qualquer ser vivo e conhe-
cê-la em seus aspectos morfológicos fornecerá suporte para outras áreas do curso
de Educação Física.
Células procariontes são células mais simples, não apresentam membranas
internas. Foram as primeiras formas de seres vivos a se desenvolverem no planeta
e, atualmente, formam as bactérias.
Células eucariontes surgiram da evolução de células procariontes. Apresen-
tam uma estrutura morfológica mais complexa, pois apresentam uma série de
membranas internas compartimentalizando o citoplasma, que chamamos de or-
ganelas. Nas células eucariontes, cada organela desempenha funções específicas.
Tivemos também uma visão dos componentes químicos que formam as célu-
las: os elementos orgânicos (proteínas, carboidratos, lipídios e ácidos nucleicos)
e os elemento inorgânicos (água e sais minerais) e de cada elemento destacamos
seu papel biológico principal.
Todos os conceitos aqui abordados precisam estar incorporados por você,
aluno(a) de Educação Física.
Dessa forma, esta unidade nos deu embasamento para prosseguir nas demais
abordagens que faremos sobre o metabolismo celular, nas próximas unidades.
Até a próxima!!
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atividades de estudo
1. Uma célula animal que sintetiza, armazena e secreta enzimas, deverá ter bastante
desenvolvido o:
a. Retículo Endoplasmático Granular e o Complexo de Golgi.
b. Retículo Endoplasmático Agranular e o Complexo de Golgi.
c. Retículo Endoplasmático Granular e os Lisossomos.
d. Complexo de Golgi e os Lisossomos.
e. Complexo de Golgi e o Condrioma.
Assinale:
a. Apenas a afirmativa I é correta.
b. Apenas as afirmativas II e III são corretas.
c. Apenas as afirmativas I e III são corretas.
d. Todas as afirmativas são corretas.
e. Nenhuma afirmativa é correta.
Eletrodos H2
Descargas
elétricas
H2O CH4
NH3
Vapor d’água
Área de
condensação
Água
fervente
Produtos
41
atividades de estudo
42
LEITURA
COMPLEMENTAR
43
Bases da Biologia Celular e Molecular
Eduardo de Robertis e José Hib
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: esse livro é um livro didático que apresenta os conte-
údos básicos de Biologia Celular e Molecular. Inicia-se apresen-
tando a estrutura morfológica das células procariontes e euca-
riontes e integra a constituição bioquímica das células.
ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKIN, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; RO-
BERTS, K.; WALTER, P. Fundamentos da biologia celular. Porto Alegre: Art-
med, 2011.
ALBERTS, B.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.; VANZ, A. L.
de S.; JOHNSON, A. Biologia molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 2011.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; JORDÃO, B. Q.; ANDRADE, C. G. T. J.;
YAN, C. Y. I. Biologia celular e molecular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2012.
MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. São Paulo: Guanabara
Koogan, 2015.
NELSON, D. L.; COX, M. M.; VEIGA, A. B. G. da.; CONSIGLIO, A. R.; LEH-
NINGER, A. L.; DALMAZ, C. Lehninger: princípios de bioquímica. Porto Ale-
gre: Artmed, 2013.
STRYER, L.; TYMOCZKO, J. L.; BERG, J. M. Bioquímica. Rio de Janeiro: Gua-
nabara Koogan, 2014.
VOET, D.; VOET, J. G.; PRATT, C. W.; FETT NETO, A. G. Fundamentos de bio-
química. Porto Alegre: Artmed, 2014.
WATSON, J.D.; BAKER, T. A.; BELL, S. L.; GANN, A.; LEVINE, M.; LOSICK, R.;
VARGAS, A. E.; PASSAGLIA, L. M. P.; FISCHER, R. Biologia molecular do gene.
Porto Alegre: Artmed, 2015.
Referências On-Line
1
Em: <http://bioblogconexao.blogspot.com.br/2015/07/caracteristicas-dos-se-
res-vivos-e.html>. Acesso em: 09 dez. 2016.
2
Em: <http://www.iesdionisioaguado.org/joomla/images/stories/VANESA/rer-
rel.jpg>. Acesso em: 09 dez. 2016.
3
Em: <http://www.portalojornal.com.br/noticia/10335/suar-emagrece--mito-
-ou-verdade-.html>. Acesso em: 09 dez. 2016.
4
Em: <http://www.vestiprovas.com.br/questao.php?questao=unicamp-
-2003-2-3-quimica-geral-17725>. Acesso em: 19 dez. 2016.
45
gabarito
1. A.
2. C.
3.
a. A hipótese testada foi a teoria pré-biótica que sugere que moléculas inorgânicas rea-
giram espontaneamente e formaram moléculas orgânicas.
b. Os produtos formados foram aminoácidos, nucleotídeos e carboidratos mais simples.
4.
Mitocôndrias: liberar a energia obtida da degradação de moléculas orgânicas e transferir
esta energia para a síntese de moléculas de ATPs.
Retículo endoplasmático rugoso: essa porção do retículo endoplasmático está associada
a síntese de proteínas.
Retículo endoplasmático liso: essa porção do retículo endoplasmático está associada a
síntese de lipídios e degradação de metabolitos tóxicos para a célula.
Aparelho de Golgi: processamento e distribuição das macromoléculas que começaram a
serem sintetizada no retículo endoplasmático liso e rugoso.
Lisossomos: digestão de moléculas englobadas por endocitose e também de organelas
que não estão sendo utilizadas.
Endossomos: constituem uma rede complexa de vesículas que são encaminhadas para
a digestão.
Peroxissomos: contém enzimas oxidativas que transferem átomos de hidrogênio de di-
versos substratos para o oxigênio formando os peróxidos.
Núcleo: armazena os ácidos nucleicos, responsáveis pela caracterização morfológica e
funcional das células.
5. B.
46
UNIDADE
II
ESTRUTURA E FUNÇÕES
DAS ORGANELAS CELULARES
DA CÉLULA EUCARIONTE
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Membrana plasmática
• Mecanismos de transporte por meio das membranas celulares
• Sistema de endomembranas
• Síntese e exportação de macromoléculas
• Vias intracelulares de degradação - endocitose e lisossomos
Objetivos de Aprendizagem
• Identificar a constituição química e estrutural das membranas celulares.
• Apontar os diferentes mecanismos que promovem o intercâmbio das
moléculas entre os meios intracelular e extracelular.
• Reconhecer morfológica e funcionalmente as organelas que formam o
sistema de endomembranas na célula eucarionte.
• Descrever a relação entre as organelas do sistema de endomembranas no
processamento de macromoléculas e digestão intracelular.
unidade
II
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a)!
Você já desvendou a composição química das células e percebeu que
do ponto de vista bioquímico existe uma simplicidade fascinante na com-
posição dos seres vivos, uma vez que todos os seres vivos são formados
por células e todas as células são constituídas por uma gama padronizada
de elementos químicos definidos como moléculas orgânicas.
Vamos avançar em nossos conhecimentos sobre a estrutura celular,
estudando nesta unidade aspectos morfológicos e funcionais das orga-
nelas presentes nas células eucariontes, que como vimos na Unidade I,
desenvolveu esses compartimentos durante os processos evolutivos.
Vamos abordar também, nesta unidade, a membrana plasmática das
células, que é responsável por delimitar o espaço celular e promover o
intercâmbio molecular entre o citoplasma e o meio extracelular. Não é
possível a sobrevivência da célula se não houver um fluxo constante de
moléculas entre esses dois meios.
As membranas celulares apresentam uma constituição química e
uma organização padronizadas, sendo formados por bicamada de lipí-
dios anfipáticos, com proteínas e radicais de carboidratos associados a
esta bicamada, em um modelo que se chama de mosaico fluído.
Essa constituição das membranas celulares atende as características
das moléculas que as constituem e permite que estas membranas desem-
penhem várias funções.
Ao longo do processo evolutivo, vários mecanismos que promovem a
entrada de elementos essenciais ao metabolismo e retirada de compostos
indesejáveis resultantes destes metabolismos foram desenvolvidos e para
compreensão da fisiologia celular é necessário os diversos mecanismo
de transporte por meio das membranas celulares, bem como conhecer a
estrutura e funções da membrana plasmática e das organelas citoplasmá-
ticas, dessa forma, vamos desvendar mais uma fascinante abordagem de
nossos estudos sobre as células. Ótimo estudo!
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Membrana
Plasmática
Aluno(a), agora, conheceremos a membrana plas- cipais processos que governam a manutenção e o
mática da célula. Essa estrutura delimita o espa- funcionamento celular. A seguir, serão citadas e
ço interno das células e promove intercâmbio de abordadas as principais funções atribuídas às mem-
moléculas entre o núcleo e o citoplasma. Todas as branas celulares as quais são fundamentais para a
membranas celulares apresentam o mesmo padrão vida da célula.
molecular e o mesmo arranjo dessas moléculas, mas
antes de abordarmos a estrutura dessas membranas, Compartimentalização celular
faremos uma discussão de suas funções gerais. A membrana plasmática delimita todos os tipos ce-
lulares desde procariontes a eucariontes. Nas células
FUNÇÃO DAS MEMBRANAS CELULARES eucarióticas, membranas internas criam subcompar-
De uma maneira geral, as membranas celulares e timentos com atividades especializadas. Embora as
a membrana plasmática estão envolvidas nos prin- moléculas na membrana sejam mantidas por ligações
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
plasmática de bactérias fotossintéticas contém pig- uma menor proporção de carboidratos. Entretanto,
mentos, transportadores de elétrons e enzimas en- a distribuição desses componentes oscila dependen-
volvidas no processo da fotossíntese (conversão de do do tipo de membrana celular.
energia luminosa em energia química).
Lipídios formadores de membranas
Integração entre células e Os lipídios que estão presentes na estrutura das
substratos não celulares membranas celulares são, na sua maioria, anfipáti-
Nos organismos multicelulares as células estão conec- cos. Esses apresentam uma região com grupamen-
tadas entre si ou com a matriz extracelular para formar tos polares e outra região com grupamentos apola-
os tecidos. Essa integração na realidade é resultante res. (Obs.: essa condição já foi discutida na unidade
da presença de especializações na membrana que em anterior). Essa molécula se arranja em bicamada,
conjunto são denominadas de junções celulares. Vá- deixando suas regiões hidrofílicas (cabeças) para a
rios tipos de junções intercelulares, cada uma compos- periferia e suas regiões hidrofóbicas (cauda) para o
ta uma proteína transmembrana diferente, conectam centro da bicamada (ALBERTS et al., 2011).
as membranas plasmáticas das células adjacentes. Por
exemplo, nas junções de adesão e nos desmossomos,
que mantém células epiteliais aderidas, há uma prote-
ína transmembrana denominada caderina que ancora
através de seu domínio citosólico proteínas do citoes-
queleto, enquanto que o domínio extracelular serve de
ancoragem para outra caderina da célula adjacente.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
células animais contêm colesterol, o que não aconte- PROTEÍNAS PRESENTES NA MEMBRANA
ce nas células vegetais, que possuem outros esteróis. Apesar de a estrutura básica da membrana plasmática
As membranas das células procarióticas não contêm ser fornecida pela bicamada de lipídios, as proteínas
esterois , salvo raras exceções. A seguir a estrutura de membrana desempenham a maioria das funções
dos principais lipídios da membrana será abordada: específicas. São as proteínas, portanto, que dão a cada
• Fosfoglicerídeos: esses lipídios são comu- tipo de membrana na célula as propriedades funcio-
mente denominados de fosfolipídeos. São nais características. Entre as funções exercidas por
constituídos por uma molécula de glicerol essas biomoléculas estão: o transporte de substâncias,
esterificada a dois ácidos graxos e a um ácido
atividade enzimática, recepção de sinais e ancoragem.
fosfórico. Diferentes grupos-cabeça (álcoois)
se ligam ao ácido fosfórico produzindo dife- As proteínas presentes nas membranas celulares
rentes tipos de fosfoglicerídios: são classificadas de acordo com a interação que fa-
• Fosfatidilglicerol: grupo cabeça é o glicerol. zem com a bicamada lipídica, sendo elas:
• Proteínas periféricas: as proteínas periféricas
• Fosfatidilinositol: grupo cabeça inositol
estão associadas com a superfície da mem-
(pode ser classificado como glicolipídeo
brana por meio de ligações não covalentes.
por conter um resíduo de açúcar).
A fraca associação dessas proteínas com a
• Fosfatidilcolina: grupo cabeça colina. membrana permite que elas sejam facilmente
• Fosfatidilserina: grupo cabeça serina. solubilizadas com o uso de solventes alcali-
• Fosfatidiletanolamina: grupo cabeça eta- nos. A ligação das proteínas periféricas com a
nolamina. membrana ocorre por meio de interação ele-
trostática e por pontes de hidrogênio com os
domínios hidrofílicos (citosólico e externo)
• Esfingolipídeos: apresenta a molécula de es- de proteínas integrais, com os grupos cabeça
fingosina em sua estrutura. A esfingomielina polares de lipídios de membrana ou mesmo
é um esfingolipídio que contém como grupo com outras proteínas periféricas.
cabeça a molécula de colina.
• Proteínas integrais: as proteínas integrais
• Esteróides: são lipídios que não apresentam encontram-se “mergulhadas” na bicamada
ácidos graxos. O principal lipídio esteroides lipídica (representadas pelo número 4, na
nas células animais é o colesterol, e em al- imagem). Entretanto, a maioria das prote-
gumas dessas membranas pode representar ínas integrais de membrana se estendem de
mais de 50% das moléculas de lipídios. Esse um lado a outro na bicamada lipídica e são
lipídeo é de grande importância, pois faz par- designadas por proteínas transmembranas.
te de uma série de vias metabólicas, incluindo Tais proteínas, por conter domínios citosóli-
a síntese de hormônios esteroides (estrogê- co e extracelular, podem desempenhar papéis
nio, testosterona e cortisol), da vitamina D e em ambos lados da membrana. Exemplos de
dos sais biliares secretados pelo fígado. proteínas com este tipo de atividade são as
carreadoras, os canais iônicos e os receptores.
Cada membrana celular possui uma composição de
lipídios característica que afetam as propriedades fí- Os domínios citosólicos e exoplásmicos das prote-
sicas e biológicas de cada uma. ínas transmembranas apresentam em sua maioria
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
aminoácidos hidrofílicos por estarem em contato sagem única por possuir somente uma alfa héli-
com as soluções aquosas do meio intra e extracelu- ce atravessando a membrana (representadas pelo
lar. O domínio interno, em contato com as cadeias número 1, na figura), ou como passagem múlti-
hidrocarbonadas dos lipídios, apresenta uma maior plas ou multipasso, por atravessarem várias vezes
quantidade de aminoácidos hidrofóbicos. a bicamada (representados pelos número 2 e 3 na
Podem ser classificadas como proteína de pas- figura).
Figura 3 - Esquema mostrando as diversas interações de proteínas com a bicamada de lipídios para a formação das membranas celulares
Fonte: Alberts et. al. (2011, p. 373).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Figura 4 - Esquema de mosaico fluído para explicar a estrutura das membranas celulares
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 103).
Figura 5 - Esquema da organização estrutural das membranas celulares com evidência no glicocálix
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 381).
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Parede
celular
Membrana
Núcleo
TIPOS DE TRANSPORTE
Vácuolo
De uma maneira geral, o transporte por meio da
membrana pode ser classificado como ativo ou Citoplasma
Se a substância tem uma carga elétrica, seu Figura 6 - Esquema demonstrando o movimento da água em função das
concentrações do meio extracelular.
movimento é influenciado tanto pelo gradiente de
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 83).
concentração como pelo potencial de voltagem da
membrana (diferença na concentração de íons de
cargas opostas em ambos os lados da membrana).
A combinação destas duas forças é denominada de
gradiente eletroquímico.
Transporte passivo
O transporte de substância a favor do gradiente de Bi-Camada
Lipídica
concentração sem gasto de energia pode ser dividi-
do em transporte de água que é denominada de os-
mose e transporte de solutos que é denominado de
difusão.
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Molécula transportada
Bicamada
liídica
Difusão facilitada
Figura 8 - Esquema mostrando a difusão simples e facilitada
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 391).
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Molécula transportada
Bicamada Gradiente de
liídica concentração
EN
ER
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
A BOMBA SE
2 ADP A FOSFORILAÇÃO DESENCADEIA UMA
AUTOFOSFORILA
Na+ 3 MUDANÇA CONFORMACIONAL,
ATP
EJEÇÃO DE Na+
Na+
ESPAÇO
EXTRACELULAR
P
Fosfato em ligação
CITOSOL de alta energia
Na+ P
LIGAÇÃO 4 LIGAÇÃO DE K+
1 DE Na+ À
BOMBA K+
P
K+ K+
A BOMBA RETORNA
À COMFORMAÇÃO P
6
ORIGINAL, EJEÇÃO
5 A BOMBA É DESFOSFORILADA
DE K+
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Bicamada
Lipídica
Ion cotransportado
TRANSPORTE ACOPLADO
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Sistema de
Endomembranas
Neste tópico, abordaremos um conjunto de organe- de endomembranas é o mais volumoso. Esses sistemas
las que, nas células eucariontes apresentam-se em são formados por várias organelas. Alguns comparti-
íntima associação morfológica e/ou funcional e são mentos apresentam comunicação direta e em outros a
chamados de sistema de endomembranas. Esse sis- comunicação ocorre por meio de vesículas transpor-
tema atua no processamento de macromoléculas ou tadoras. Essas vesículas brotam de um compartimento
como podemos dizer na secreção e digestão intra- doador e se fundem com membrana de outro com-
celular. partimento (compartimento receptor), envolvendo
O processo de evolução celular originou mem- então processo de perda e ganho de membranas entre
branas internas que levaram ao processo de compar- os compartimentos (JUNQUEIRA et al., 2012).
timentalização do citoplasma celular, originando a cé- O sistema de endomembranas é formado pelas
lula eucarionte. Dentre os compartimentos, o sistema seguintes organelas:
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Figura 13 - Imagens de microscopia eletrônica de retículo endoplasmá- Figura 14 - Esquema mostrando a continuida-
tico liso (REL) e retículo endoplasmático rugoso (RER) de entre Retículo endoplasmàtico rugoso e liso
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 207). Fonte: Fresta (2016, on-line)3.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
COMPLEXO DE GOLGI
O Complexo de Golgi é composto por uma série de
compartimentos achatados ou cisternas. O conjunto
de cisternas é chamado de dictiossomo e apresenta
a unidade morfológica e funcional do Complexo de
Golgi.
As cisternas estão dispostas de maneira organizada
e são divididas em três regiões: cis - de conformação
convexa (recebe vesículas do RE), trans - de conforma-
ção côncava (posicionadas em direção ao sítio de se-
creção) e a região medial (entre as regiões cis e trans).
Entre as cisternas há um espaço de 20-30 nm
preenchidos por uma matriz protéica envolvida na
manutenção da organização das cisternas dessa or-
ganela. O CG funciona como uma fábrica que pro-
cessa, seleciona e transporta substâncias que recebe.
Dessa forma, as proteínas e lipídeos sintetizados no
RE são modificados por meio de reações químicas
no CG e então separadas para que sejam encami-
nhadas para seus destinos finais.
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Síntese e Exportação
de Macromoléculas
A síntese e secreção de macromoléculas, como pro- rão liberadas no lúmen dessa organela ou incorpora-
teínas, glicoproteínas e lipídios, ocorrem por ação das a sua membrana. Essas proteínas iniciam sua sín-
conjunta de retículo endoplasmático (liso - lipídios tese no citoplasma para posteriormente se prenderem
e rugoso - proteínas) e Complexo de Golgi. Apesar junto aos ribossomos na membrana da organela.
de serem duas organelas distintas e formarem com- O direcionamento desse complexo traducional
partimentos isolados, estas organelas são, do ponto se deve a presença de uma sequência específica de-
de vista funcional, extensões uma da outra. nominada de peptídeo sinal que corresponde a um
segmento (que inclui 8 ou mais aminoácidos hidro-
SÍNTESE DE PROTEÍNAS fóbicos) na extremidade amino terminal, ou seja, na
Os ribossomos aderidos à membrana do RER estão extremidade nascente da proteína no ribossomo, de-
ativamente engajados na síntese de proteínas que se- nominado de peptídeo sinal.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Para que o complexo traducional chegue até a peptidase sinal que cliva a sequência sinal da ca-
membrana do RER, no mínimo dois componentes deia polipeptídica durante sua transferência para
são necessários: uma partícula reconhecedora do O RER.
sinal (PRS, uma ribonucleoproteína) e o receptor Em mamíferos, a maioria das proteínas destina-
da PRS (uma proteína transmembrana do RER). das ao RE são translocadas ao RE durante a tradução
Toda proteína começa a ser sintetizada por ri- (processo co-traducional).
bossomos associado ao RNAm que se encontram As proteínas sintetizadas nos ribossomos ade-
livres no citoplasma. Quando a proteína que está ridos ao RER podem ser solúveis e serem encami-
sendo sintetizada possui o peptídeo sinal, este é re- nhadas para o lúmen da organela, ou podem conter
conhecido pela PRS e ocorre uma parada na síntese segmentos denominados de sequência de parada de
proteica até o momento em que a PRS se ligue ao transferência que inserem essas proteínas na mem-
seu receptor na membrana do RER. brana. Proteínas que cruzam a membrana várias
Após essa etapa, a PRS é liberada e a sínte- vezes (multipasso) podem estar sendo inseridas
se proteica recomeça com a cadeia polipeptídi- como resultado de uma série alternada de sequ-
ca sendo dirigida para o lúmen da organela por ência de parada de transferência. Essas sequências
meio de um complexo proteico denominado Se- sinalizam o fechamento do canal SEc61p promo-
c61p, que atua como um canal de translocação, e vendo a transferência lateral da cadeia polipeptídi-
que possui sítios de ancoragem para o ribossomo. ca para a bicamada lipídica. Em algumas proteínas,
Ainda, na face luminal, este canal de translocação o peptídeo sinal não é clivado e serve como uma
está associado a uma subunidade enzimática: a sequência de parada (ALBERTS et al. 2011).
Figura 16 - Esquema mostrando o ancoramento da síntese proteica a membrana do retículo endoplasmático, como reconhecimento do peptídeo sinal
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 210).
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Enovelamento no RER: no lúmen do RER existem ambiente redutor do citoplasma não favorece a for-
proteínas da família chaperonas denominadas Bip mação dessas ligações.
(binding proteins) que auxiliam o dobramento cor- Processamento de proteínas: antes que mui-
reto das cadeias polipeptídicas. Quando apesar da tas proteínas possam deixar o RER, elas devem
ação das chaperonas, as proteínas não alcançam sua passar por algumas modificações em sua cadeia
conformação nativa, elas podem ser degradadas por polipeptídica. Muitas proteínas sofrem glico-
proteases no lúmen do RE ou então enviadas ao ci- silações para se tornarem glicoproteínas. Esse
toplasma onde sofrem ubiquitinação (um polipeptí- processo ocorre ainda durante sua translocação
deo) e são reconhecidas por um complexo proteolí- ao RER. Durante esse processo, um oligossaca-
tico, o proteossoma, que então as degrada. rídeo composto de 14 resíduos é transferido de
Esse controle de qualidade às vezes pode condu- um suporte lipídico (o dolicol) para resíduos de
zir a distúrbios, por exemplo, como o que ocorre na aminoácidos específicos por ação de uma enzima
forma mais comum de fibrose cística. Essa doença oligossacaril transferase.
genética é produto de mutações que resulta em uma Modificações desse oligossacarídeo precursor
leve alteração conformacional de uma proteína de ocorrem ainda no interior do RER e se estendem ao
membrana transportadora de Cl - (CFTR). Embo- CG e incluem remoção e adição de monossacaríde-
ra essa proteína pudesse funcionar perfeitamente na os. A combinação entre diferentes monômeros e o
membrana, ela é retida no RE e então descartada. tipo de ligação estabelecida entre eles, pode gerar
Outra ação que promove o dobramento cor- uma elevada variabilidade em sua composição e es-
reto das proteínas no RER é a formação de pontes trutura, que fazem dos oligossacarídeos moléculas
dissulfeto (s-s) pela dissulfeto isomerase. Proteínas especialmente capazes de atuar em processos especí-
que contém pontes s-s em sua conformação, como ficos de reconhecimento celular que envolve eventos
a insulina, têm sua síntese associada ao RE, pois o de adesão e sinalização celular.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
tica sofrem sulfatação. A adição de sulfato pode ocorre a remoção do grupo de N-acetilglicosa-
ocorrer em cadeias glicídicas de proteínas e li- mina. Uma enzima que contém o resíduo ma-
pídios, como também em resíduos de aminoá- nose 6P é reconhecida por receptores específicos
cidos tirosina. Dentre as proteínas de secreção e encaminhada para endossomos tardios por
sulfatadas estão os proteoglicanos componentes meio de vesículas de transporte para formar os
da matriz extracelular animal. A sulfatação des- lisossomos.
ses proteoglicanos confere em parte a aquisição
de suas cargas negativas que garantem a capaci- Síntese de polissacarídeos: no CG são sinteti-
dade de reter água, desempenhando importante zados diferentes tipos de polissacarídeos. Nas
papel na fisiologia da matriz extracelular. células animais os glicosaminoglicanos são po-
lissacarídeos lineares componentes da matriz
Fosforilação: as reações de fosforilações ocor- extracelular. Nas células vegetais a hemicelulose
rem nas cisternas cis do Golgi. Um importante e as pectinas são polissacarídeos ramificados que
processo de fosforilação ocorrido no CG rela- compõem a parede celular juntamente com a ce-
ciona-se a formação de manose 6P de enzimas lulose. Entretanto, a celulose não é sintetizada no
lisossomais. Na primeira etapa da reação, um CG como ocorre para a hemicelulose e pectinas.
fosfato ligado à N-acetilglicosamina é transfe- A síntese da celulose ocorre na superfície celular
rido para um resíduo de manose, em seguida por enzimas da membrana plasmática.
TRANSPORTE VESICULAR
PARTINDO DO CG
As substâncias que chegam ao CG a partir do RE são não são atravessadas pelas cisternas do CG por meio
movimentadas entre as cisternas do Golgi por meio de vesículas. Um exemplo é o caso do pró-colágeno I
de vesículas de transporte também revestidas por (PC) que forma grande agregados no interior do CG
proteínas COP. Outro tipo de transporte que movi- que não saem do interior das cisternas.
menta substâncias por meio do Golgi é o de matu- As vesículas que partem da face trans do CG em
ração das cisternas. Embora esse mecanismo tenha direção a membrana plasmática podem seguir dois
sido refutado na opinião de alguns pesquisadores, caminhos distintos: a via de secreção constitutiva,
evidências recentes indicam que algumas proteínas onde as substâncias são secretadas de maneira con-
72
EDUCAÇÃO FÍSICA
tínua e não regulada. Um exemplo desse tipo de se- pelas células beta do pâncreas. As moléculas de insuli-
creção é a da albumina realizada por hepatócitos. O na que deixam o CG a fazem na forma inativa (pró-in-
segundo caminho é o da via de secreção regulada, sulina) e são acumuladas em vesículas imaturas que se
onde os produtos celulares deixam o CG e perma- tornam maduras após clivagens peptídicas que ocor-
necem retidos em vesículas de secreção até que um rem na pró-insulina convertendo-a em insulina ativa.
sinal específico estimule sua liberação. Como exem- As vesículas que partem do CG em direção aos
plo de secreção regulada está a secreção de hormô- lisossomos são revestidas por outro grupo de proteí-
nios, neurotransmissores e enzimas digestivas. nas denominadas de clatrina. Essas vesículas contêm
A secreção regulada representa um importante as enzimas lisossomais que foram produzidas no RE
mecanismo utilizado pela célula para controlar rapi- e, posteriormente, transferidas para o CG. Como
damente a expressão de várias proteínas, o que permi- vimos anteriormente, as enzimas lisossomais são si-
te que não somente a célula, mas o organismo como nalizadas pela presença de manose 6P, reconhecidas
um todo se adapte frente a diferentes condições fisio- por receptores na rede trans do Golgi e empacotadas
lógicas. Um exemplo é dado pela secreção de insulina em vesículas de transporte.
Figura 18 - Esquema demostrando os destinos de vesículas que saem da face trans do dictiossomo do Complexo de Golgi
Fonte: Alberts et al. (2011, p. 519).
73
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
74
EDUCAÇÃO FÍSICA
DESTINO DAS PARTÍCULA ENDOCITADAS O endossomo tardio, por sua vez, recebe vesículas de
A endocitose (fagocitose ou pinocitose) levou a for- transporte que partem da rede trans do Golgi con-
mação de endossomos imaturos (fagossomos ou pi- tendo enzimas hidrolíticas (cerca de 40 tipos) trans-
nossomos). A ação de bombas de prótons na mem- formando-se em lisossomos maduros que digerem
brana dessas organelas resulta em uma diminuição as moléculas captadas por endocitose ou elementos
do pH no interior do compartimento que conduz à da própria célula como organelas ou macromolécu-
conversão do endossomo imaturo em endossomo las. Dessa forma, os lisossomos são as organelas res-
tardio (pH~6). ponsáveis pela digestão intracelular.
75
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Lisossomos: organelas
membranosas com uma va-
riedade de enzimas hidrolíticas
capazes de hidrolisar todos os tipos
de polímeros biológicos. São origi-
nados a partir da fusão de vesículas
contendo hidrolases que brotam do CG
com os endossomos secundários e/ou com
fagossomos (autofagossomos ou heterofagosso-
mos). Possui pH ~5 – digestão intracelular .
As enzimas lisossomais são sintetizadas no RE
e direcionadas ao CG Vesículas endocíticas se fun-
dem aos endossomos para formar os lisossomos. Os
restos não digeridos nos lisossomos serão excreta-
das para o meio extracelular. O processo é idêntico a Figura 20 - Esquema mostrando
a fusão de vesículas de endocitose
fusão das vesículas que contêm material a ser secre- com lisossomos que farão a digestão
tado, ou seja, por exocitose. Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 226).
76
EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
SAIBA MAIS
Silicose
Partículas de sílica inaladas são fagocitadas
pelos macrófagos. A sílica provoca a ruptura
das membranas dos lisossomas e a lise dos
macrógafos. Resulta um aumento na síntese
de colágeno, o que origina uma fibrose que
afeta a função respiratória.
Fonte: a autora.
78
considerações finais
79
atividades de estudo
Assinale:
a. Se apenas as alternativas I e II estiverem corretas.
b. Se apenas as alternativas II e III estiverem corretas.
c. Se apenas as alternativas III e IV estiverem corretas.
d. Se apenas as alternativas I e V estiverem corretas.
e. Se todos as alternativas estiverem corretas.
2. Uma célula secretora do pâncreas (célula A) contém, em seu ápice, diversos grânu-
los de secreção, repletos de proteínas, que atuarão na digestão de alimentos. Essas
proteínas serão secretadas. Outra célula (célula B) é uma célula muscular estriada
esquelética e sintetiza proteínas que atuarão no citoplasma da célula. Observe as
afirmações a seguir, sobre as diferenças de síntese de proteínas na célula A e B.
I. Na célula A e B, as proteínas são completamente sintetizadas por ribossomos aderi-
dos ao retículo endoplasmático.
II. Na célula A, a síntese de proteínas ocorre com os ribossomos aderidos ao retículo
endoplasmático e na célula B com os ribossomos aderidos ao complexo de golgi.
III. Na célula B, a síntese proteica começa com os ribossomos livres e, posteriormente,
a maquinaria síntese proteica é encaminhada a superfície citosólica da membrana
do retículo endoplasmático.
80
atividades de estudo
Assinale:
a. Se apenas a alternativa II estiver correta.
b. Se apenas a alternativa I estiver correta.
c. Se apenas as alternativas III e IV estiverem corretas.
d. Se apenas a alternativa IV estiver correta.
e. Se apenas as alternativas IV e V estiverem correta.
81
atividades de estudo
Assinale:
a. Se apenas a alternativa I estiver correta.
b. Se apenas as alternativas III e IV estiverem corretas.
c. Se apenas a alternativa III estiver correta.
d. Se apenas as alternativas II e III estiverem corretas.
e. Se apenas a alternativa IV estiver correta.
82
LEITURA
COMPLEMENTAR
83
LEITURA
COMPLEMENTAR
Fonte: a autora.
84
Este artigo discute os benefícios da prática do exercício físico regular para pacientes com
fibrose cística. O objetivo deste artigo foi revisar os efeitos da prática regular de exercícios
aeróbicos e de força e resistência muscular para adolescentes com fibrose cística. Acesse o
link a seguir e verifique.
ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKIN, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; RO-
BERTS, K.; WALTER, P. Fundamentos da biologia celular. Porto Alegre: Artmed,
2011.
ALBERTS, B.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.; VANZ, A. L. de S.;
JOHNSON, A. Biologia molecular da célula. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; JORDÃO, B. Q.; ANDRADE, C. G. T. J.;
YAN, C. Y. I. Biologia celular e molecular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
MARZZOCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica básica. São Paulo: Guanabara Koo-
gan, 2015.
Referências On-line
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Em: <http://miprimerblogdeceneima.blogspot.com.br/2016/06/biologia-el-estu-
dio-de-la-vida-la.html>. Acesso em: 19 dez. 2016.
2
Em: <https://pt.scribd.com/doc/24050377/INTRODUCAO-AO-ESTUDO-DA-
-CELULA>. Acesso em: 19 dez. 2016.
3
Em: <https://descomplica.com.br/blog/biologia/resumo-citoplasma-organelas/>.
Acesso em: 19 dez. 2016.
4
Em: <http://www.estudopratico.com.br/endocitose-e-exocitose-biologia/>. Acesso
em: 19 dez. 2016.
86
gabarito
1. B.
2. D.
3. C.
4. B.
5. C.
87
MOVIMENTO E
PROLIFERAÇÃO CELULAR
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Núcleo interfásico
• Ciclo celular - Interfase e divisão celular mitótica
• Divisão celular - Meiose
• Citoesqueleto
• Célula estriada esquelética - Contração Muscular
Objetivos de Aprendizagem
• Descrever a estrutura do núcleo interfásico.
• Compreender o mecanismo de divisão celular mitótica.
• Compreender o mecanismo de divisão celular meiótica.
• Reconhecer os elementos que formam o citoesqueleto.
• Identificar o papel do citoesqueleto para o metabolismo celular.
• Reconhecer a organização dos elementos do citoesqueleto na célula
muscular estriada esquelética.
unidade
III
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a)!
Nesta unidade, veremos uma das propriedades das células, respon-
sáveis pela manutenção da vida: a capacidade de uma célula originar
células descendentes. Esses mecanismos são conhecidos como divisão
celular. Existem dois mecanismos distintos de divisão celular: mitose e
meiose. Esses dois mecanismos atendem a propósitos diferentes.
A divisão meiótica origina células idênticas geneticamente e com o
mesmo número cromossômico, sendo responsável pela crescimento, re-
novação e regeneração dos tecidos em nosso organismo. Esse processo é
cíclico e inclui períodos em que a célula não está em divisão, chamado de
interfase e a divisão celular mitótica, conhecido como ciclo celular.
A meiose é uma categoria específica de divisão celular que origina
células haploides e com combinações genéticas distintas daquelas que
lhes deram origem. Esses tipos de divisão celular, na espécie humana,
ocorre apenas para formação de gametas (células que serão usadas na
reprodução).
Ainda nesta unidade, estudaremos as estruturas responsáveis pela
manutenção da forma e movimentos celulares, entre eles os movimentos
responsáveis pela mecânica da divisão celular e também pela contração
da células musculares, chamado de citoesqueleto.
O citoesqueleto compreende um conjunto de filamentos proteicos
que formam uma trama distribuída por todo o citoplasma de células eu-
cariontes. Os elementos que formam o citoesqueleto são: microtúbulos,
filamentos de actina e filamentos intermediários. Ao abordarmos o cito-
esqueleto, daremos um enfoque a organização desses elementos nas célu-
las musculares estriadas esqueléticas, cuja formação origina o sarcômero,
estrutura responsável pela contração dessas células.
Tenha um ótimo estudo e sucesso em mais esta etapa no processo de
conhecimento da estrutura responsável pela vida: a célula.
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Núcleo
Interfásico
Começaremos nossa unidade conhecendo a estru- assim, uma única célula, o zigoto (ovócito fecunda-
tura da organela que armazena as informações ge- do) origina uma pessoa adulta com seus 10 trilhões
néticas contidas no DNA - o Núcleo. Esse núcleo de células. A divisão mitótica é responsável não só
sofre variações morfológicas quando a célula realiza pelo crescimento do indivíduo, mas também pela
a divisão mitótica ou meiótica e quando a célula não reprodução assexuada, reposição celular e reparo
está em processo de divisão, dizemos que o núcleo é de tecidos danificados ou injuriados. Uma célula se
interfásico. reproduz por meio de uma sequência ordenada de
Células surgem de outras células vivas pelo eventos que duplicam seus componentes e depois a
processo de divisão celular. O crescimento de um dividem em duas. Esse ciclo de duplicação e divisão
organismo se dá por sucessivas divisões mitóticas, é conhecido como ciclo celular.
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Já as células altamente diferenciadas como as hemá- As divisões mitóticas têm um papel fundamental
cias, células musculares e nervosas abandonam o e também asseguram a homeostase do organismo
ciclo celular e não proliferam mais, permanecendo na reposição das células da camada epidérmica da
permanentemente no estágio Go. Essas células, no pele, que garante impermeabilidade e consequente
entanto, podem ser repostas por células-tronco, que proteção contra os agentes nocivos do meio externo.
estão presentes nos respectivos tecidos e que são ca- Devido à constante descamação da pele, células da
pazes de se multiplicar, diferenciando-se naqueles camada mais interna (estrato basal) estão continu-
tipos celulares. amente se dividindo para garantir a renovação da
A mitose exerce papel primordial em processos epiderme.
fundamentais para a manutenção da vida. Um deles Estima-se que, em média, a cada 25 dias a epi-
é a constante produção das hemácias originadas a derme humana se renove por completo. O mesmo
partir de células precursoras indiferenciadas exis- mecanismo opera para a renovação das células epi-
tentes na medula óssea. Essas células são fundamen- teliais do trato gastrointestinal, no qual o constante
tais para a manutenção dos níveis de oxigenação trânsito de substâncias acaba por destruir porções
tecidual e transporte do gás carbônico, resultante do tecido, que precisam ser respostas. Dessa forma,
do metabolismo e têm vida relativamente curta (em a mitose é responsável por garantir a manutenção
torno de 120 dias), devido principalmente à ausên- de uma ampla gama de atividades orgânicas bási-
cia de núcleo e organelas, característica exclusiva cas, promovendo uma condição homeostática para
dos mamíferos. o organismo.
INTÉRFASE
A fase M do ciclo celular é a mais dramática e os e tradução, multiplicação de organelas e aumen-
vários estágios que a compõem podem ser distin- to da membrana plasmática. A fase G1 geral-
guidos ao nível do microscópio óptico. Entretanto, mente é a mais longa do ciclo celular. Em uma
quando a célula se encontra em interfase, os estágios célula com ciclo de duração de 24 horas a fase
G1, S e G2 só podem ser identificados por critérios G1 levaria ~11 horas para ser completada.
bioquímicos como autoradiografia. Os principais
eventos que ocorrem nos estágios do ciclo celular Fase S: a fase S tem duração aproximada de 8
serão abordados a seguir. horas e é caracterizada pela duplicação do DNA.
Fase G1: uma célula em G1 que em algum mo- Esse evento requer a participação de diversas en-
mento recebe um estímulo para se dividir terá zimas (DNApol, DNA primase, DNA ligase, DNA
um aumento súbito em sua atividade biossinté- helicase, proteínas SSB, topoisomerases entre ou-
tica. Assim, durante esta fase ocorre a síntese de tras) e ocorre de forma semiconservativa onde
todos os componentes necessários aos eventos cada cadeia de DNA usada como molde perma-
da divisão celular, ocorrendo intensa transcrição nece unida com a nova cadeia recém-sintetizada.
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se fundem em torno dos cromossomos e ao mesmo actina e miosina II, associado à membrana plasmá-
tempo a lâmina nuclear se reorganiza, os complexos tica na região equatorial. Embora o mecanismo da
de poros se inserem nas membranas, fazendo com citocinese não esteja esclarecido, acredita-se que o
que, ao final da telófase, o envoltório nuclear está to- deslizamento dos filamentos de actina por ação da
talmente reconstituído. miosina puxa o córtex e a membrana plasmática em
Os cromossomos irão se descompactar gradati- direção ao centro da célula, promovendo uma cons-
vamente até o final desta fase, assumindo o estado trição dessa região e dividindo a célula em duas no
mais distendido da cromatina e característico da in- final da telófase.
terfase e o nucléolo é reconstituído. Os microtúbu- O plano de divisão da célula é determinado
los cinetocóricos já são ausentes e os polares perma- pelo fuso residual de microtúbulos polares e ocorre
necem apenas na região equatorial, na qual se dará sempre perpendicular a esse fuso. Por outro lado, o
a citocinese. As organelas membranosas são recons- posicionamento do fuso mitótico se deve em gran-
tituídas e distribuídas aleatoriamente entre as suas de parte aos microtúbulos astrais e a centralização
células-filhas. dos microtúbulos astrais no fuso mitótico direcio-
na uma divisão simétrica nas células. Em alguns
Citocinese tecidos animais a divisão nuclear pode ocorrer sem
A citocinese é a divisão citoplasmática da célula em que haja citocinese, o que origina células multinu-
duas. Em células de animais e de fungos, a citoci- cleadas, como pode ser encontrado em alguns he-
nese é marcada na anáfase por um anel contrátil de patócitos.
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Divisão Celular
Meiose
A meiose é um tipo especial de divisão celular que nos: a permuta (crossing-over) e a segregação inde-
produz exclusivamente células haploides (n). O pro- pendente dos cromossomos na meiose I, fazendo
cesso meiótico envolve duas divisões nucleares e com que cada célula haploide produzida seja gene-
citoplasmáticas sucessivas meiose I, e meiose II, não ticamente diferente das demais e da célula parental
havendo síntese de DNA entre estes dois estágios. original. Assim, por meio da meiose, um novo con-
Portanto, uma célula 2n replica seu DNA na inter- junto de genes é criado em cada indivíduo, gerando
fase, e após as duas divisões, dá origem a quatro cé- enorme diversidade.
lulas n, ou seja, quatro novas células haploides (n) Embora em grande parte dos organismos a
contendo um único conjunto de cromossomos. meiose ocorre única e, exclusivamente, para a for-
Adicionalmente, a meiose gera grande variabi- mação de gametas em vários outros ela não está as-
lidade genética devido a dois importantes fenôme- sociada à gametogênese.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Na espécie humana, a meiose ocorre em estrutu- prófase I, metáfase I, anáfase I, telófase I e citocinese I.
ras reprodutivas especializadas, as gônadas. Nesses
órgãos, as células diploides da linhagem germinativa Prófase I
dividem-se e se diferenciam, formando espermato- Alguns eventos da prófase I são semelhantes aos da
zoides e óvulos, que são haploides. prófase da mitose. Porém ocorrem processos exclu-
sivos, que serão os responsáveis por promoverem a
A MECÂNICA DA DIVISÃO MEIÓTICA variabilidade genética. A prófase I é subdividida em
A meiose é um processo contínuo, dividido em uma subfases que serão descritas a seguir.
série de etapas apenas com propósito didático: pró- Leptóteno (= filamento fino): apesar de marcar o
fase I (leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e início do processo de condensação cromossômi-
diacinese) metáfase I, anáfase I, telófase I, prófase II, ca, a fase de leptóteno apresenta os cromossomos
metáfase II, anáfase II e telófase II. como filamentos muito longos e finos. Os fila-
Antes de entrar em meiose, as células diploides des- mentos cromossômicos apresentam, nessa fase,
tinadas a este tipo de divisão celular, encontram-se em regiões mais condensadas que coram mais forte-
interfase a qual é semelhante daquela que antecede a mi- mente que o restante do cromossomo denomina-
tose. Quando uma célula germinativa, durante a fase G1, das de cromômeros. O nucléolo se faz presente.
recebe um estímulo para entrar em meiose ela responde
por meio de sua atividade biossintética produzindo as Zigóteno (= filamento emparelhado): nessa fase, os
moléculas necessárias para prosseguir na divisão. cromossomos homólogos alinham-se longitudinal-
Dessa forma, fatores essenciais para a duplicação mente e se tornam associados (sinapse). Embora o
do DNA irão operar durante a fase S. Geralmente pareamento físico dos cromossomos começa a ser
essa fase é mais longa quando comparada a uma in- visto nessa fase, novos estudos têm demonstrado
terfase que prepara a célula a entrar em mitose. Na que regiões correspondentes do DNA entre os ho-
fase G2 atividades específicas de controle determi- mólogos já estão em contato durante o leptóteno.
nam a entrada da célula na meiose. Adicionalmente, análises de células de leveduras
próximas a entrar em prófase meiótica demons-
FASES DA MEIOSE traram que cada par de homólogos compartilham
Assim como a mitose, a meiose também é, para fins territórios específicos, sugerindo que eles já se en-
didático, dividida em fases. Alguns eventos são se- contram em um processo de pareamento.
melhantes aos que ocorrem na mitose. A meiose está Sob Microscopia Eletrônica (M.E.), a sinapse
dividida em meiose I e meiose II. cromossômica é acompanhada pela formação de
uma estrutura proteica entre os homólogos, de-
Meiose I nominada Complexo Sinaptonêmico (CS). O CS é
A primeira divisão da meiose será um processo redu- visto como uma estrutura trilaminar formada de
cional, pois, nessa divisão ocorrerá a separação dos 2 elementos laterais associados com a cromatina
cromossomos homólogos e as duas células formadas e um elemento central conectado aos elementos
serão haploide. O eventos serão organizados em fases: laterais por muitos filamentos transversais.
103
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Paquíteno (= filamento grosso): essa fase inicia cromátides para completar as atividades de re-
logo após o término do processo de sinapse ter combinação.
sido completado. Os cromossomos tornam-se
mais condensados e os homólogos mantêm-se Diplóteno (= filamento duplo): caracteriza-se
unidos pelo CS. Sob ME, são observados ao lon- pelo desaparecimento complexo sinaptonêmi-
go do elemento central, vários corpos elétron- co e da atração sináptica entre os homólogos,
-densos denominados nódulos de recombina- iniciando-se a separação dos mesmos. Essa
ção, os quais estão associados com os eventos de separação entre os homólogos, que formavam
crossing – over, ou seja, o processo de troca de o bivalente, não é total, pois em alguns locais,
partes cromossômicas entre cromátides homó- duas das quatro cromátides permanecem uni-
logas, que consiste de quebra, em pontos especí- das formando um X. Essa configuração recebe
ficos, das duplas cadeias de DNA de duas cromá- o nome de quiasma e é a evidência citológica
tides homólogas por ação de uma endonuclease de que ocorreu a permuta. O quiasma “amar-
meiótica, e reunião (fusão) cruzada entre estas ra” os cromossomos homólogos juntos em um
duas cromátides. bivalente e garantem a orientação dos homólo-
Embora evidências demonstrem que o CS esteja gos na prometáfase e a segregação regular na
relacionado com o pareamento e a permuta, essa anáfase I.
conclusão não pode ser generalizada, pois estu-
dos em leveduras têm evidenciado que a recom- Diacinese (= movimento ao redor): caracteri-
binação pode ter início antes do CS ter sido for- za-se por marcante acentuação do processo de
mado, no qual as quebras na dupla fita do DNA condensação cromossômica e pelo prossegui-
ocorrem ainda durante o leptóteno. mento da terminalização dos quiasmas. No final
Adicionalmente, mutantes de leveduras incapa- dessa fase, desaparece o nucléolo, rompe-se o
zes de formar um CS, podem ainda desenvolver envelope nuclear, o fuso meiótico se organiza e
eventos de CO. Assim, o CS nesses organismos as fibras se ligam aos cinetócoros dos cromosso-
funcionam primariamente como um esqueleto mos homólogos iniciando a movimentação dos
de sustentação que permite a interação entre as bivalentes para a placa metafásica.
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Telófase I
Essa fase se caracteriza pela chegada dos cromosso-
mos aos polos da célula. A descondensação cromos-
Figura 14 - Esquema mostrando o alinhamento dos homólogos na re-
gião equatorial da célula sômica ocorre, dependendo da espécie, em graus va-
Fonte: adaptado de Blog Bio DNA (2015, on-line)2.
riados. Também, dependente da espécie, a citocinese
pode ou não ocorrer (dicotiledôneas geralmente
ocorre no final da meiose) e o envelope nuclear pode
Anáfase I ou não ser refeito. Nessa fase, o número de cromos-
Durante a anáfase ocorre a separação dos cromos- somos em cada polo celular está reduzido à metade
somos homólogos, que se movem para os polos. O e, portanto, apresenta um conjunto cromossômico
movimento dos cromossomos homólogos para polos (n), mas cada cromossomo ainda está constituído
opostos é resultante da combinação da ação das pro- por duas cromátides irmãs, ou seja, o conteúdo de
teínas motoras com o encurtamento dos microtúbu- DNA está duplicado (2C). As cromátides permane-
los devido a despolimerização das tubulinas. Além cem unidas por ação de proteínas denominadas co-
da importância dos quiasmas para uma segregação esinas presentes na região do centrômero.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Meiose II
Após a primeira divisão denominada de meiose I,
as novas células formadas que são haploide executa-
rão outra divisão, denominada de meiose II. Assim
como a meiose I e a mitose, esta também é dividida
em fase, que didaticamente, facilitam a compreensão.
Prófase II
É uma fase curta, sem as complicações da Prófase
I. Os cromossomos, ainda duplicados em cromáti-
des irmãs, mas em número reduzido pela metade,
começam a condensar novamente e, no final dessa
fase, inicia a organização de dois novos fusos. Se o
envoltório nuclear foi formado na telófase I, ele é
desorganizado novamente. A prófase II é uma fase
que, semelhante à intercinese, pode ser suprimida
em alguns organismos e a célula passa diretamente
de Telófase I para Metáfase II.
Metáfase II
Figura 16 - Resumos dos eventos da meiose I É semelhante à metáfase mitótica com a diferença
Fonte: InfoEscola (2016, on-line)3. de que o número de cromossomos é a metade do
número somático. As fibras do fuso ligadas aos ci-
Intercinese netocoros centroméricos dispõem os cromossomos
Em alguns organismos, entre a Meiose I e a Meiose II, na placa equatorial. Nos oócitos de vertebrados esta
ocorre uma fase em que os cromossomos desconden- fase é interrompida até o momento da fertilização.
sam totalmente, alongam-se e se tornam difusos. To- Um aspecto da meiose que é crucial para o suces-
mam uma aparência semelhante à interfase, mas dife- so da divisão é a coordenação da coesão, e de sua per-
rentemente dessa fase, na intercinese não ocorre fase da, entre as cromátides-irmãs. Como já mencionado,
S, ou seja, não ocorre duplicação cromossômica. Em as cromátides irmãs dos cromossomos permanecem
outros organismos, esse período entre a primeira e a unidas por um complexo com a coesina. Essa coesão
segunda divisão meiótica é suprimido e os dois nú- deve ser mantida nas regiões centromérica e pericen-
cleos na telófase I passam diretamente para a prófase tromérica até a transição metáfase II/ anáfase II.
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
A a
B b
a
A A a
B b
B b
A A a a
B b B b
A A a a
B b B b
Figura 17 - Esquema resumindo os eventos da meiose II Figura 18 - Esquema da meiose explicando o crossing-over
Fonte: InfoEscola (2016, on-line)3. Fonte: Lima ([2016], on-line)4.
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SAIBA MAIS
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REFLITA
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BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Citoesqueleto
O termo citoesqueleto designa um conjunto de fi- cito depende de movimentos flagelares gerados por
bras proteicas que se estendem no citoplasma das proteínas do citoesqueleto. Sem o citoesqueleto não
células eucarióticas. Em sintonia, essas fibras pro- escaparíamos das infecções combatidas pelos ma-
teicas são responsáveis pela forma e integridade es- crófagos por meio do processo da fagocitose. Tam-
trutural das células e por uma ampla variedade de bém seria impossível bombear o sangue em nosso
processos dinâmicos como modificações na forma corpo sem a atividade contrátil das células muscu-
da célula; transporte de organelas e motilidade de lares cardíacas.
estruturas celulares, por exemplo, cílios, flagelos e os O citoesqueleto é representado por 3 tipos de fi-
cromossomos durante a divisão celular. lamentos principais: os microtúbulos, os filamentos
Analisando as funções desempenhadas pelo ci- de actina e os filamentos intermediários, que embo-
toesqueleto, poderíamos projetar a visão que dele ra sejam comuns a maioria das células eucarióticas,
depende o próprio sustento da vida: nas espécies podem variar na quantidade e distribuição confor-
sexuadas o encontro do espermatozoide com o ovó- me o tipo celular.
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CÉLULA
ESTRIADA ESQUELÉTICA
Contração Muscular
Na célula muscular
estriada esquelética
existe um arranjo espe-
cífico dos filamentos de actina
associadas a demais proteínas, prin-
cipalmente, a miosina. Esses filamentos
formam estruturas lineares que preen-
chem o citoplasma da célula muscular e
que são denominadas genericamente de
miofibrilas. As miofibrilas formam estru-
turas repetitivas
chamadas de
sarcômero.
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EDUCAÇÃO FÍSICA
Cada sarcômero é delimitado pelas linhas Z, as quais pecíficas do filamento de actina. No filamento fino
são constituídas por proteínas acessórias (cap Z e α ainda há a nebulina que regula o número de monô-
actinina) e consiste no sítio de ancoragem das extre- meros de actina no filamento. A tropomodulina ca-
midades (+) dos filamentos de actina e outras prote- peia a extremidade (-) dos filamentos de actina para
ínas (titina e nebulina) que contribuem na estrutu- impedir a despolimerização desses filamentos.
ração e estabilidade do sarcômero.
O sarcômero é o espaço delimitado por duas
linhas Z e são formados por filamentos ancorados
a estas linhas Z. Esses filamentos são chamados de
filamentos finos e filamentos grossos. Os filamentos
finos são formados por filamentos de actina, asso-
ciados a proteínas reguladoras - troponina e tropo-
miosina. Esses filamentos finos estão ancorados na
linha Z pela proteína α-actinina.
A tropomiosina é uma proteína filamentosa que
se estende nos sulcos do filamento de actina. A tro-
ponina é uma proteína globular, formada por três
subunidade (C T e I). A subunidade C da troponina
Figura 28 - Organização dos filamentos finos que formam as miofibrilas
tem forte afinidade ao cálcio, aa subunidades T e I da célula muscular estriada esquelética
associam-se ao filamento de actina em regiões es- Fonte: Junqueira et al. (2012, p.130).
119
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Intercalando os filamentos finos estão os fila- bipolar, com cabeças expostas na periferia do bas-
mentos grossos, que são feixes de filamentos de mio- tão, apenas nas extremidades, sendo a região central
sina. A molécula de miosina presente no sarcômero “lisa”. Os filamentos de miosina se prendem a linha Z
é a miosina II que contêm uma porção globular - ca- por meio de uma proteína chamada de titina. A titina
deia pesada (cabeça) e uma porção linear - cadeia mantém o filamento de miosina alinhado no centro
leve (bastão). Na porção globular estão os sítios de do sarcômero e também impede que o sarcômero se
ligação para actina e uma região que se liga ao ATP colapse durante o estiramento do músculo. Na região
e degrada esta molécula. O filamento grosso é for- central do sarcômero, proteínas ancoram filamentos
mado por um arranjo formando um bastão linear de miosina II adjacentes entre si (linha M).
O arranjo dos filamentos finos e grossos ancorados escuras é a responsável pelas denominação de mús-
a linha Z para a formação do sarcômeros fará com culo estriado. Essa organização está presente tam-
que exista regiões onde há sobreposição apenas de bém na musculatura do coração, mas por ter uma
filamentos finos e outras regiões com sobreposição regulação nervosa distinta, este foi chamado de
de filamentos finos e grossos. As regiões próximas músculo estriado cardíaco.
as linhas Z apresentam apenas sobreposição de fila-
mentos finos e se apresenta mais clara, quando ana-
lisada em microscopia, sendo chamadas de banda I.
O centro do sarcômero apresenta sobreposição
alternados filamentos finos e grossos, apresentando-
-se mais escuras, quando analisadas em microscopia,
e são chamadas de banda A. Como os filamentos fi-
nos não chegam ao centro do sarcômero, o centro da
banda A tem uma região denominada de banda H.
Cada sarcômero é formado por duas semi-bandas I
e uma banda A e uma banda H. Figura 30 - Imagem de microscopia da célula muscular estriada esquelética
A alternâncias dessas faixas transversais claras e Fonte: Infopédia ([2016], on-line)10.
120
EDUCAÇÃO FÍSICA
A base da contração muscular se dá pela interação ção no filamento de actina (em um novo ângulo).
das cabeças da miosina com os filamentos de actina. Na sequência, ocorre liberação do Pi fortalecen-
Ciclos de retração e relaxamento das cabeças, asso- do a ligação miosina/actina. Após um movimento
ciados à hidrólise do ATP e sua reposição, permite o de potência é desencadeado e a miosina retorna a
deslizamento dos filamentos de actina sobre os fila- sua posição original (configuração rigor) gerando
mentos de miosina. o deslizamento dos filamentos de actina. Durante o
Esse processo é iniciado quando o músculo recebe movimento de potencial o ADP é liberado deixando
um sinal de um neurônio motor que gera um poten- a miosina pronta para um novo ciclo.
cial de ação na célula muscular promovendo a libera- Durante uma contração rápida, cada cabeça de
ção do Ca++ do retículo sarcoplasmático para o cito- miosina alterna seu ciclo ~5X por segundo. O en-
sol. A ligação do Ca++ à troponina C promove uma curtamento sincronizado de milhares de sarcômeros
alteração na sua conformação que consequentemente em cada miofibrila, dá a musculatura esquelética ca-
altera a posição da tropomiosina, liberando, nos fila- pacidade de contração suficiente para diversas ativi-
mentos de actina, os sítios de ligação para a miosina. dades como andar, nadar correr etc. O relaxamento
Após essa etapa, as cabeças das miosinas se li- muscular ocorre quando o nível do Ca++ diminui
gam aos filamentos de actina. A hidrólise do ATP e, desta forma bloqueando o sítio de ligação para a
promove uma alteração na conformação da miosina miosina sobre os filamentos de actina.
deslocando sua cabeça em direção a extremidade + Dessa forma, a célula muscular estriada esque-
dos filamentos de actina a uma distância de 5 nm. A lética promoverá a contração, produzindo os movi-
seguir, a cabeça da miosina se liga a esta nova posi- mentos necessários a nossa fisiologia.
121
considerações finais
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atividades de estudo
1. Células surgem de outras células vivas pelo processo de divisão celular. O crescimento de um orga-
nismo se dá por sucessivas divisões mitóticas, assim, uma única célula, o zigoto (ovócito fecundado)
origina uma pessoa adulta com seus 10 trilhões de células. A divisão mitótica é responsável não só
pelo crescimento do indivíduo, mas também pela reprodução assexuada, reposição celular e reparo
de tecidos danificados ou injuriados. Uma célula se reproduz por meio de uma sequência ordenada de
eventos que duplicam seus componentes e depois a dividem em duas. Esse ciclo de duplicação e divi-
são é conhecido como ciclo celular. O sucesso da divisão de uma célula requer um controle temporal
e espacial dos eventos que ocorrem durante o ciclo celular. Observe as afirmações a seguir:
I. A prófase é a primeira fase da divisão celular e nela ocorre a duplicação do par de centríolos e da mo-
lécula de DNA.
II. Durante a metáfase da mitose as fibras do fuso alinham os cromossomos no centro da célula, posicio-
nando cada cromátide – irmã para um dos polos celulares.
III. Considerando a anáfase da mitose as fibras do fuso encurtarão em direção aos polos separando as
cromátides irmãs.
IV. A telófase reorganiza os núcleos fazendo com que o material genético volte ao estado de cromatina.
V. A divisão mitótica origina células com o mesmo número cromossômicos e geneticamente diferentes.
Assinale:
a. Se apenas a alternativa II estiver incorreta.
b. Se as alternativas I e V estiverem corretas.
c. Se as alternativas I estiver correta e a II incorreta.
d. Se as alternativas II, III e IV estiverem corretas.
e. Se as alternativas IV e V estiverem corretas.
2. O tecido muscular estriado esquelético é especializado em contração. Suas células são alongadas,
multinucleadas e preenchidas por filamentos proteicos que se organizam em sarcômero.
I. No sarcômero das células musculares estriadas esquelética, a linha Z é formada por elementos dos fila-
mentos intermediários do citoesqueleto e tem função de ancorar exclusivamente os filamentos de actina.
II. No sarcômero, a proteína titina tem função de ancorar os filamentos finos na linha Z.
III. Para que a contração ocorra é fundamental a presença da Ca+2. Esse íon fica armazenado na porção lisa
do retículo endoplasmático liso, que recebe o nome de retículo sarcoplasmático.
IV. As miofibrilas que formam o sarcômero das células musculares estriadas esqueléticas são actina e mio-
sina que formam, respectivamente, o filamento grosso e o filamento fino do sarcômero.
V. As bandas claras e escuras do sarcômero são denominadas, respectivamente, banda I e banda A.
123
atividades de estudo
3. Considerando a divisão celular meiótica que na espécie humana tem função de formar células repro-
dutivas chamadas de gametas. Observe as assertivas sobre esta modalidade de divisão celular:
I. Durante a divisão meiótica são formadas quatro células com apenas um lote de cromossomos (haploi-
des) e com combinações genéticas idênticas em cada uma delas.
II. A anáfase I da meiose I é considerada reducional, pois, nessa fase, as cromátides-irmão de cada cro-
mossomo são separadas.
III. É durante a profáse I que ocorre a formação de cromossomos “híbridos” por meio do crossing-over.
IV. A meiose I é um processo reducional, pois, na anáfase I os cromossomos homólogos são separados
para polos opostos da mesma célula.
V. O crossing-over é uma evento de recombinação genética e ocorre durante as prófases I e II.
Assinale:
a. Se apenas a assertiva III estiver correta.
b. Se apenas as assertivas III e IV estiverem corretas.
c. Se apenas as assertivas I e III estiverem corretas.
d. Se apenas as assertivas IV e V estiverem corretas.
e. Se apenas as assertivas I e II estiverem corretas.
4. As células eucariontes apresentam um de proteínas que formam uma rede denominada de citoesque-
leto. Sobre essa estrutura da célula procarionte, observe as assertivas:
I. O citoesqueleto é constituído exclusivamente por filamentos de actina e filamentos intermediários.
II. Os filamentos intermediários são responsáveis pela organização de cílios e flagelos.
III. Os elementos do citoesqueleto são constituídos por filamentos de actina, filamentos intermediário e
microtúbulos. Esses elementos atuam exclusivamente na manutenção da forma da célula.
IV. Microtúbulos são elementos do citoesqueleto, que entre outras funções, são responsáveis pela orga-
nização das fibras que promovem a movimentação dos cromossomos durante a divisão celular e pela
organização de cílios e flagelos.
V. Filamentos de actina são elementos do citoesqueleto que, entre outras funções são responsáveis pela
contração de célula muscular estriada esquelética e pela sustentação das microvilosidades.
124
atividades de estudo
Assinale:
a. Se apenas as alternativas I e V estiverem corretas.
b. Se apenas a alternativa III estiver correta.
c. Se apenas as alternativas IV e V estiverem corretas.
d. Se apenas as alternativas I e III estiverem corretas.
e. Se apenas as alternativas II e III estiverem corretas.
Assinale:
a. Se apenas as assertivas III e IV estiverem corretas.
b. Se apenas as assertivas I e II estiverem corretas.
c. Se apenas as assertivas III e IV estiverem corretas.
d. Se apenas as assertivas IV e V estiverem corretas.
e. Se apenas as assertivas II e III estiverem corretas.
125
LEITURA
COMPLEMENTAR
A maquinaria contrátil das células musculares estriada é representada por estruturas regu-
lares derivadas do citoesqueleto, as miofibrilas. Essas são tão longas quanto as próprias
células e se dispõem paralelamente uma ao lado da outra. Seu comprimento e seu número
dependem do comprimento e do diâmetro da célula muscular, respectivamente.
A miofibrila é composta por uma sucessão linear de unidades contráteis denominadas
sarcômeros. Ao microscópio eletrônico observa-se que entre os sarcômeros existe uma
estrutura eletrodensa, o disco ou linha Z , localizada em meio a uma região pouco densa, a
banda I (de isotrópica). Ao longo das microfibrilas, as bandas I se alternam com outras mais
densas, as bandas A (de anisotrópica), e na parte média destas, se distingue uma zona de
menor densidade, a banda H (faixa H).
A estrutura básica de um sarcômero é observada os filamentos de actina originando-se
dos discos Z e as fibras grossas polares, de miosina II, entre esses filamentos. Os cortes
transversais comprovam que a banda I contêm unicamente filamentos de actina, a banda
H somente fibras de miosinas II, e a banda A ambos os componentes.
As mudanças que ocorrem no sarcômero durante a contração da célula muscular podem
ser observadas com os microscópios de fase e de interferência. A banda A não se modifica,
porém as hemibandas I se encurtam de forma proporcional ao grau de contração. O encur-
tamento das hemibandas I se deve ao fato de os discos Z se aproximarem mutuamente. Ao
fazê-lo, empurram os filamentos de actina para o centro do sarcômero, de maneira que as
áreas de superposição dos filamentos de actina com as fibras de miosina II se ampliam. Se
a contração se acentuar, as extremidades livres dos filamentos de actina podem chegar até
a linha M. Todos esses fenômenos se revertem durante o relaxamento.
Os deslocamentos observados durante a contração devem-se ao fato de as cabeças das fi-
bras de miosina deslizarem ativamente sobre os filamentos de actina. Para isso, cada cabeça
se flexiona em relação ao talo fibroso, como se entre ela e o talo houvesse uma dobradiça.
No músculo em repouso, as cabeças das miosinas II estão separadas dos filamentos de
actina. Diante da chegada de estímulo apropriado ocorre a contração muscular como con-
sequência dos seguintes fenômenos moleculares: 1) cada cabeça de miosina adere a um fi-
lamento de actina; 2) ao se flexionar avança um pequeno segmento para a extremidade [+]
deste filamento, o qual se desloca, arrastando o disco Z de seu lado, para o centro do sarcô-
126
LEITURA
COMPLEMENTAR
127
LEITURA
COMPLEMENTAR
Finalmente, por baixo da membrana plasmática, a célula muscular possui a proteína liga-
dora distrofina, que é semelhante à espectrina e conectam os filamentos de actina, lo-
calizados na periferia da célula com um complexo de proteínas membranosas chamadas
distroglicanas e sarcoglicanas. Por sua vez, esse completo se une à laminina da lâmina
basal que rodeia a célula. Diversas anomalias na distrofina ou em alguma das proteínas
associadas, como consequência de alterações genéticas, dão lugar a enfermidades conhe-
cidas como distrofias musculares, que se caracterizam pela degeneração progressiva dos
músculos, o que pode prejudicar as funções cardíaca e pulmonar e levar à morte.
128
Colegas
Ano: 2013
Sinopse: Colegas é uma divertida comédia que trata de forma
poética coisas simples da vida, por meio dos olhos de três per-
sonagens com síndrome de Down. Eles são apaixonados por ci-
nema e trabalham na videoteca do instituto onde vivem. Um dia,
inspirados pelo filme “Thelma & Louise”, resolvem fugir no Karmann-Ghia do jardineiro em
busca de três sonhos: Stalone quer ver o mar, Aninha quer casar e Márcio precisa voar. Em
uma viagem do interior de São Paulo rumo à Buenos Aires, eles se envolvem em inúmeras
aventuras como se tudo não passasse de uma eterna brincadeira de cinema.
Este trabalho analisa a inclusão escolar na rede pública de ensino traz à tona discussões per-
tinentes e constituintes desse novo paradigma social, principalmente para as crianças com
Síndrome de Down, as quais têm seu processo de desenvolvimento cada vez mais estudado.
O objetivo dessa pesquisa é verificar e analisar a interação social de crianças com Síndrome
de Down e crianças com desenvolvimento típico, na rede regular de educação infantil em um
município de médio porte no interior do estado de São Paulo.
ALBERTS, B.; BRAY, D.; HOPKIN, K.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; RO-
BERTS, K.; WALTER, P. Fundamentos da biologia celular. Porto Alegre: Artmed,
2011.
ALBERTS, B.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P.; VANZ, A. L. de S.;
JOHNSON, A. Biologia molecular da célula. Porto Alegre: Artmed, 2011.
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J.; JORDÃO, B. Q.; ANDRADE, C. G. T. J.;
YAN, C. Y. I. Biologia celular e molecular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
Referências On-line
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Em: <https://virtualhistology.wordpress.com/2009/09/28/125/>. Acesso em: 19
dez. 2016.
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Em: <https://blogbiodna.blogspot.com.br/2015/03/divisao-celular.html>. Acesso
em: 19 dez. 2016.
3
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4
Em: <http://ebah-web-586602798.us-east-1.elb.amazonaws.com/content/ABAA-
AgIFwAI/aula-1-meiose-mitose>. Acesso em: 19 dez. 2016.
5
Em: <http://tanya-biologia.blogspot.com.br/2012/09/divisao-celular-meiose.
html>. Acesso em: 19 dez. 2016.
6
Em: <http://brasilescola.uol.com.br/doencas/sindrome-de-down.htm>. Acesso
em: 19 dez. 2016.
7
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em: 19 dez. 2016.
8
Em: <http://www.teliga.net/2013/06/o-citoesqueleto.html>. Acesso em: 19 dez.
2016.
9
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d=17&topMenuId=113306&menuType=1&action=view&type=&name=&linkpa-
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10
Em: <https://www.infopedia.pt/$tecido-muscular>. Acesso em: 19 dez. 2016.
11
Em: <http://ehvet-unicentro.blogspot.com.br/2012/05/tecidos-musculares-os-te-
cidos.html>. Acesso em: 19 dez. 2016.
12
Em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfrxoAJ/citoesqueleto?part=4#>.
Acesso em: 19 dez. 2016.
130
gabarito
1. D.
2. E.
3. B.
4. C.
5. A.
131
DISPONIBILIZAÇÃO DE ENERGIA
PARA A CÉLULA - DEGRADAÇÃO
DE CARBOIDRATOS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Introdução ao metabolismo energético
• Estrutura das mitocôndrias
• Glicólise
• Destino do piruvato na via aeróbica
• Ciclo do ácido cítrico (Ciclo de Krebs)
• Cadeia transportadora de elétrons e fosforilação oxidativa
• Destino do piruvato na via anaeróbica
Objetivos de Aprendizagem
• Reconhecer a estrutura morfológica e funcional das mitocôndrias.
• Identificar a molécula de adenosina trifosfato como elemento de
armazenamento de energia para atividade metabólica das células.
• Diferenciar cada uma das etapas do processo de glicólise.
• Diferenciar a via anaeróbica e aeróbica de degradação piruvato, relacionar
as condições fisiológicas para que cada via ocorra e identificar os tipos
celulares que realiza cada uma das vias.
• Identificar cada uma das etapas de formação de acetil CoA.
• Descrever cada uma das etapas do ciclo do ácido cítrico.
• Relacionar a cadeia transportadora de elétrons e a fosforilação oxidativa
como consumo de oxigênio.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
Introdução ao
Metabolismo Energético
Iniciaremos nossa unidade dando uma visão geral Os seres autotróficos possuem um sistema en-
das vias metabólicas que disponibilizam energia zimático chamado de clorofila. Nas células euca-
para a manutenção das atividades celulares. riontes, a clorofila está localizada em uma organela
As células necessitam de um constante suprimen- que é a cloroplastos. Essas células utilizam a ener-
to de energia para gerar e preservar a ordem biológica gia luminosa e transferem para ligações químicas
que as mantém vivas. A energia química utilizada pelas que produzem compostos orgânicos. O processo
células provém da degradação de compostos orgânicos. que envolve as reações químicas de síntese de com-
Nos organismos heterótrofos esses compostos são obti- postos orgânicos a partir de compostos inorgâni-
dos por meio da alimentação enquanto que os organis- cos com a energia luminosa é denominado de fo-
mos autótrofos os produzem. Dessa forma, esses orga- tossíntese. A reação pode ser resumida na seguinte
nismos se inter-relacionam por meio do metabolismo. equação:
136
EDUCAÇÃO FÍSICA
CARBOIDRATOS
LIPÍDIOS ATP
PROTEÍNAS
Figura 5 - Esquema mostrando a dinâmica entre a síntese
e a degradação de ATP
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 110).
CO2
+
(H + e-) COENZIMAS ATP + H2O
(oxidadas)
137
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
SAIBA MAIS
(ATP), cuja síntese é mediada por um gradiente
de hidrogênio transmembrana. A respiração ae-
róbica envolve a oxidação de moléculas orgânicas A ingestão elevada de carboidratos leva
em CO2 com redução do O2 em H2O associada a ao aumento da glicemia e esse aumento
produção de ATP. da glicose circulante no sangue está di-
retamente relacionada a várias doença
metabólicas, incluindo o diabetes tipo II
Calor Glicose e obesidade. A obesidade, que em outras
gerações era um distúrbio que afetava os
O2 adultos, já está presente nas crianças desta
geração. Podemos concordar com hábitos
Mitocôndria que estimulam consumo de refeições ricas
Cloroplasto
em carboidratos, como as oferecidas por
redes de fast food, associando seu consu-
Fotossíntese Calor Respiração celular mo a brindes que são oferecido junto com
estas refeições? Não podemos esquecer
Calor
que esses brindes são desejados pelas
CO2 + H2O crianças, pois são ícones da indústria de
ATP entretenimento.
138
EDUCAÇÃO FÍSICA
139
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Estrutura das
Mitocôndrias
As mitocôndrias exibem formas alongadas, porém Em células musculares, por exemplo, as mitocôn-
formas esféricas também são observadas. O tama- drias estão associadas aos filamentos contráteis que
nho das mitocôndrias podem variar entre 0,2 a 1,0 requerem ATP. Em espermatozoides, elas se locali-
µm de diâmetro e de 2 a 8 µm de comprimento. A zam na peça intermediária, justamente para facilitar
quantidade de mitocôndrias também varia para o provimento de ATP para movimentação da cauda.
células de diferentes origens, estando diretamente Essas organelas membranosas podem ser visu-
relacionada à demanda energética da célula. A dis- alizadas sob microscopía óptica com o emprego do
tribuição das mesmas no interior da maioria das cé- corante verde janus, uma substância redox, que é
lulas ocorre ao acidentalmente, mas há casos em que oxidada para uma forma corada pelo citocromo C
se concentram em regiões que a demanda energética oxidase, um dos componentes da cadeia respirató-
é maior (JUNQUEIRA et al. (2012). ria. Contudo, detalhes de sua estrutura só são ob-
140
EDUCAÇÃO FÍSICA
servados com o uso de um microscópio eletrônico. Já a membrana externa apresenta uma proteína
As mitocôndrias são organelas com duas membra- conhecida como porina, que forma canais trans-
nas, uma membrana externa e outra que se invagina membrânicos, muito semelhante a proteínas porinas
para o interior da mitocôndria formando cristas, deno- presente na membrana de bactérias.
minada de membrana interna. Elas definem dois com- Na matriz mitocondrial pode ser observado os
partimentos na mitocôndria, o espaço intermembrana, ribossomos, ácidos nucleicos e várias enzimas que
localizado entre as duas membranas, e a matriz mito- participam do metabolismo de carboidratos, ácidos
condrial, que está circundada pela membrana interna. graxos e de compostos aminados. O DNA mitocon-
drial é uma molécula circular, semelhante ao DNA
Crista mitocondrial Ribossomos mitocondriais
Dobras que aumentam a Contém RNA ribossômico. encontrado em bactérias e tem apenas genes que co-
superfície da membrana Participam da síntese
interna e a eficiência na proteica dificam algumas das proteínas mitocondriais, sendo
produção de ATP
que a grande maioria das proteínas mitocondriais
Espaço intermem- Matriz mitocondrial
são importadas do citoplasma da célula.
branoso Contém enzimas que Veremos agora como essa organela pode apro-
Contém enzimas metabolizam
várias. Acumula piruvato e ácido veitar a energia presente em ligações químicas co-
prótons transporta- graxo produzindo
dos da matriz acetilcoenzima A, valentes, entre átomos de carbono (-C---C-), e
contém enzimas do
ciclo do ácido cítrico,
transformá-la em energia elétrica, para novamente
tRNA, mRNA e rRNA armazená-la em ligações químicas também covalen-
Membrana interna tes, como ocorre entre ADP (adenosina difosfato) e
DNA mitocondrial Impermeável,
Uma ou mais contém os fosfato na formação de moléculas de ATP.
cadeias duplas componentes da
contendo escasso cadeia de transporte
número de genes de elétrons. CARBOIDRATOS PROTEÍNAS LIPÍDIOS
Transporte
transmembrana de
prótons
GLICOSE AMINOÁCIDOS ÁCIDOS GRAXOS
Asp Ala Ile Glu
Cys Leu
Membrana externa Corpúsculos Gly Lys
Ser Phe
Contém enzimas de elementares
degradação dos Fazem parte da
lipídios a ácidos graxos. membrana interna e Piruvato (3)
Permeável a moléculas contém complexo proteico
de até 10.000 dáltons com atividades de ATP-sintetase CO2
Acetil-CoA (2)
CO2 CoA
Figura 7 - Esquema da estrutura de mitocôndrias
Fonte: Junqueira et al. (2012, p. 74). Oxaloacetato (4) Citrato (6)
141
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Glicólise
Vamos iniciar pela degradação de moléculas de gli- Na célula eucarionte, a molécula de glicose será
cose. Como vimos no primeiro módulo desta disci- degradada pela via aeróbica, um processo que re-
plina, os carboidratos apresentam primordialmente quer a presença do oxigênio e a atividade mitocon-
a função energética. Esses elementos podem ser clas- drial, porém em alguns tipos de células eucariontes,
sificados como monossacarídeos, oligossacarídeos a molécula de glicose também pode ser degradada
e polissacarídeos. Durante o processo digestório, a pela via anaeróbica.
maioria dos carboidratos são degradados e o mo- A degradação aeróbica da molécula de glicose
nossacarídeo resultante é a glicose, assim a glicose é ocorre em cinco etapas, que são: glicólise, formação
absorvida pelas células epiteliais do intestino e leva- de acetil CoA (coenzima A), ciclo do ácido cítrico,
da para todas as outras células do nosso organismo, cadeia transportadora de elétrons e fosforilação oxi-
funcionando como combustível essencial. dativa (STRYER et al. 2014).
142
EDUCAÇÃO FÍSICA
Glicose (C6)
2 ADP + 2Pi
Glicólise
2 ATP + 2H2O 4 (H+ + e-) Coenzimas
2 Piruvato (C3)
Citossol
Mitocrôndria
2 Piruvato (C3)
Descarboxilação
do piruvato 2 CO2 4 (H+ + e-) Coenzimas
2 C2
2 C4 2 C6
Ciclo de Krebs
2 ATP 16 (H + + e-) Coenzimas
4 H2O
2 ADP + 2Pi
4 CO2
A glicólise é a degradação da molécula de glicose porte de glicose ocorre por difusão facilita-
(C6H12O6) em duas moléculas de piruvato ou áci- da e depende da concentração de glicose nos
do pirúvico (molécula com três carbonos). Essa é a meios intra e extracelulares.
primeira etapa, que ocorre no citoplasma de todos • Isomerização da glicose 6-fosfato em frutose
6-fosfato: haverá a alteração da molécula de
os tipos celulares do processo de oxidação de gli-
glicose 6-fosfato em frutose 6-fosfato, reali-
cose para obtenção de energia (VOET et al. 2014). zado pela enzima isomerase.
Essa etapa consiste em dez reações químicas, que • Nova fosforilação: também tendo como doa-
são divididas em duas fases, a preparatória e fase de dor de fosfato a molécula de ATP que forma
pagamento. uma hexose com dois grupos fosfato - frutose
1,6-bisfosfato.
FASE PREPARATÓRIA DA GLICÓLISE • Clivagem da frutose: a frutose 1,6-bisfosfato
será quebrada, resultando em duas moléculas
A fase preparatória da glicólise tem cinco reações a
distintas: a diidroxiacetona fosfato e gliceral-
serem consideradas, a primeira é:
deído 3-fosfato.
• Fosforilação da glicose em glicose 6-fosfato: • Isomerização de diidroxiacetona fosfato
é uma molécula da ATP que será convertida em gliceraldeído 3-fosfato: o que resultará,
em ADP. Essa fosforilação impedirá que a em duas moléculas de gliceraldeído3-fosfato
molécula saia da célula, uma vez que o trans- para cada molécula de glicose.
143
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Concluído essas cinco reações químicas, iniciaremos a mando duas moléculas de 1,3-bisfosfoglicera-
segunda fase da glicólise, chamada de fase de pagamen- to. Nesse processo, ocorre uma desidrogena-
to. Ao final da fase preparatória teremos um saldo de ção (um hidrogênio é retirado da molécula)
-2ATPs. em que é catalisada por uma desidrogenase
que tem como coenzima a nicotinamida ade-
Glicose
nina dinucleotídeo (NAD+) que ao receber o
ATP
1 hidrogênio é reduzido a NADH + H+ (pois
ADP dois elétrons e apenas um próton permanece
P Glicose 6-fosfato na coenzima, sendo o outro próton liberado
2 diretamente no meio).
P Frutose 6-fosfato Nicotinamida
ATP
H O
3
nicotinamida ou riboflavina
ADP C
NH2
P P Frutose 1, 6-difosfato
Nucleotídio de
+
4 N
O
5 -O P O CH2 O
P P Gliceraldeído 3-fosfato
H H
Dihidroxiacetona H H
fosfato (DHAP)
OH OH
Figura 10 - Resumo das reações químicas da fase preparatória da glicólise
Fonte: Educação Física AEJS ([2016], on-line)3. O Ribose
NH2
Nucleotídio de
N
2 ATPs 2 ADPs N
adenosina
-O P O CH2 O N N
O H H Adenina
Glicose 2 gliceraldeído 3-fostato H H
OH OH
144
EDUCAÇÃO FÍSICA
NADH. Existem duas vias metabólicas para reoxi- 2 ácido pirúvico (piruvato)
dar o NADH, na presença de oxigênio (via aeróbica) Figura 13 - Resumo das reações químicas da fase de pagamento da glicólise
e na ausência de oxigênio (anaeróbica). Fonte: Ebah (2016, on-line)4.
145
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Destino do Piruvato
na Via Aeróbica
O O
Em condições aeróbicas o primeiro passo para oxida- +
H3C C COO- + HS-CoA + NAD H3C C SCoA + NADH + CO2
ção total do piruvato é a sua conversão a acetil Coen- Piruvato Coenzima A Acetil-CoA
zima A (Acetil CoA), para tanto, o piruvato será trans- Figura 15 - Esquema da transformação do piruvato em Acetil CoA
portado do citoplasma para a matriz mitocondrial. Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 123).
146
EDUCAÇÃO FÍSICA
147
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
to fosfato armazena a mesma energia que a ligação Podemos definir o ciclo do ácido cítrico como
do terceiro fosfato do ATP. a completa degradação de acetil CoA a CO2 e neste
O succinato será desidrogenado, e dessa vez o tópico em questão a acetil CoA derivou de glicose.
aceptor dos dois elétrons e dos prótons será o FAD, Cada molécula de Acetil CoA degradada no
que será reduzido a FADH2. O fumarato é hidratado ciclo do ácido cítrico irá produzir 3 NADH+H+,
e forma-se o malato. 1FADH2, 1GTP.
Malato é desidrogenado e se forma o oxaloa- Cada molécula de glicose produzirá 2 molécu-
cetado, terminando o ciclo. Os elétrons e o próton las de acetil CoA, dessa forma, para cada molécula
é usado para reduzir NAD+ a NADH+H+. Como o de glicose degradada, o ciclo irá produzir: 6 NA-
oxaloacetato é sempre regenerado ao fim de cada DH+H+, 2FADH2, 2GTPs.
volta, o ciclo pode oxidar acetil CoA continuamente.
Piruvato (3)
CO2
Acetil-CoA (2)
CO2 CoA
CO2
Fumarato (4) α-Cetoglutarato (5)
148
EDUCAÇÃO FÍSICA
O resumo do ciclo do ácido cítrico pode ser ana- Ao final do ciclo do ácido cítrico, podemos fazer
lisado na imagem a seguir. um resumo para visualizarmos o saldo dos produtos
formados. Com base no saldo até essa etapa, dare-
O
H3C C mos seguimento.
SCoA
Tabela do rendimento de degradação de uma
OXALOACETATO CITRATO molécula de glicose.
H2O COO-
+
NADH + H HS-CoA CH2
COO-
Moléculas NADH+H+ FADH2 GTPs/
NAD
+
C O HO C COO- formadas / Etapas ATPs
malato
desidro- CH2 citrato CH2
genase sintase aconitase Glicólise 2 - 4 (-2)
COO- COO-
COO- Formação
MALATO COO- ISOCITRATO 2 - -
CH2 de acetil CoA
HO CH
H C COO- Ciclo do
CH2 6 2 2
HO CH ácido cítrico
COO-
COO- Total 10 2 6 (-2) = 4
+
NAD Tabela 1 - Saldo das etapas de degradação aeróbica da molécula de glicose
isocitrato +
H2O fumarase desidrogenase NADH + H Fonte: a autora.
CO2
COO-
COO-
FUMARATO CH CH2 α-CETO-
GLUTARATO
CH2
HC
C O
COO-
COO-
succinato succinato-CoA α-cetoglutarato
desidrogenase sintetase desidrogenase CoA
COO- COO-
+
FADH2 CH2 CH2 NAD
CH2 CH2
FAD HS-CoA NTP NDP+Pi CO2 NADH + H
+
COO- C O
SUCCINATO SCoA
SUCCINIL-CoA
149
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
150
EDUCAÇÃO FÍSICA
Q e-
IV
MATRIZ I II III
+
e- e- O2 4H 2 H2O
+ + +
H H H
ADP + Pi ATP
Figura 18 - Sequência do transporte de elétrons entre os elementos da cadeia
transportadora e as regiões onde há implulso de prótons +
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 143). H
A movimentação desses prótons está relacionado gradiente. Esse sistema contra, gera um gradiente
a síntese de ATP, que utiliza a energia liberada por de prótons, ou seja, uma concentração diferente de
essas reações de óxido-redução. A teoria mais acei- prótons dentro e fora da matriz mitocondrial. A face
ta para explicar o acoplamento do transporte com a interna voltada para a matriz da membrana interna
síntese de ATP é chamada de teoria quimiosmótica. fica mais negativa que a face externa, que é voltada
Essa teoria considera que a energia do trans- para o espaço intermembranoso.
porte de elétrons é utilizada para bombear prótons A diferença de carga elétrica (gradiente elé-
por meio da membrana interna para o espaço inter- trico) gera um potencial de membrana de ordem
membranoso. O transporte de H+ ocorre contra o de 0,1 a 0,2 Volts. A energia conservada nesse
151
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
gradiente eletroquímico é chamada de força pró- Podemos resumir esta produção de ATPs nas
ton-motriz e é constituída por dois componentes: equações a seguir:
o gradiente de pH que é a concentração maior de NADH+H+ + ½ O2 + 3 ADP + 3 Pi + 3 H →
prótons no espaço intermembranoso e o gradiente NAD+ + 3 ATP + 4 H2O
elétrico, matriz negativa em relação ao espaço in-
termembranoso. FADH2 + ½ O2 + 3 ADP + 3 Pi + 2 H →
O retorno dos prótons ao interior da matriz é FAD + 2 ATP + 3 H2O
um processo espontâneo, a favor do gradiente ele-
troquímico, que libera energia capaz de levar a sín- A fosforilação oxidativa é a etapa final da degrada-
tese de ATP. A membrana interna da mitocôndria é ção aeróbica da molécula de glicose. Essa degrada-
impermeável a prótons em toda sua extensão, exceto ção tem um saldo energético de 38 moléculas de
em sítios específicos, constituídos pelo complexo ATPs. Podemos elucidar melhor na tabela a seguir:
sintetizador de ATP, a ATP- sintase. Somente haverá Tabela do saldo energético da degradação aeró-
a passagem dos prótons por meio destes complexo bica de uma molécula de glicose.
enzimático e o retorno destes prótons levará a pro-
dução do ATP. Moléculas
formadas/ NADH+H+ FADH2 GTPs/ATPs
Etapas
Glicólise 2 - 4 (-2)
Formação
2 - -
de acetil CoA
Ciclo do
6 2 2
ácido cítrico
Total 10 2 6 (-2) = 4
Moléculas
30 4 4
de ATPs
152
EDUCAÇÃO FÍSICA
SAIBA MAIS
153
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Destino do Piruvato na
Via Anaeróbica
A glicólise anaeróbica é chamada de fermentação. diferenças estão na segunda etapa da reação. Ire-
Em anaerobiose, o próprio piruvato produzido mos apresentar a seguir as duas vias mais comuns:
pela glicólise servirá como aceptor dos elétrons do a fermentação láctica - onde o piruvato é converti-
NADH, assegurando que ocorra a restituição do do a ácido láctico (lactato), e a fermentação alcoó-
NAD+ para dar continuidade ao processo de degra- lica - onde o piruvato é convertido em álcool etílico
dação de moléculas de glicose. (etanol).
Existem tipos diferentes de fermentações que
obedecem a um padrão comum que se desenrola FERMENTAÇÃO LÁCTICA
em primeira etapa quando a glicose é transformada Nessa modalidade de fermentação, o piruvato re-
em piruvato com produção de NADH+H+ e segui- cebe os elétrons do NADH, reduzindo-se a lactato,
da por uma conversão de NADH+H+ a NAD+. As conforme mostram as imagens a seguir:
154
EDUCAÇÃO FÍSICA
O OH
+ lactato +
2 H3C C COO- + 2 NADH + 2H 2 H3C C COO- + 2 NADH
desidrogenase
H
Piruvato Lactato
Figura 20 - Esquema da fermentação láctica
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p.122).
Esse processo é utilizado por diversos micro-orga- ção anaeróbica do piruvato (fermentação láctica)
nismos que resultam em produtos fermentados do garantirá a restituição do NAD+ para dar continui-
leite, como iogurtes e queijos. Na espécie humana dade a glicólise.
essa via metabólica pode ser realizada por alguns O ácido lático produzido pelas células muscula-
tipos celulares, a exemplo hemáceas e músculo es- res estriadas esqueléticas são encaminhadas ao fíga-
triado esquelético. do e transformadas novamente em glicose.
No caso das células musculares estriadas esque-
léticas, quando estão em atividade metabólica inten- FERMENTAÇÃO ALCÓOLICA
sa, o oxigênio trazido pela circulação sanguínea tor- Em alguns organismos como leveduras e algumas
na-se insuficiente para que o ATP necessário a esta bactérias, a regeneração do NAD+ é feita pela fer-
atividade seja produzido. mentação alcoólica. Nessa via, o piruvato é descar-
Como as células musculares estriadas esque- boxilado, originando o acetaldeído, que servirá de
léticas armazenam glicose na forma de glicogênio aceptor de elétrons do NADH, reduzindo-se a eta-
muscular, a glicose está sendo disponibilizada, nol, como será mostrado na imagem a seguir. Esse
além da glicose trazida pela circulação, sendo a in- processo é usado, por exemplo, para produção de
suficiência restrita ao O2. Dessa forma, a degrada- bebidas alcoólicas fermentadas.
O piruvato O
+ descarboxilase
H3C C COO- + H H3C C H + CO2
(TPP)
Piruvato Acetaldeído
álcool
O OH
+
desidrogenase +
H3C C H + NADH + H H3C C H + NAD
H
Figura 21 - Reações químicas da fermentação alcoólica
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p.122).
155
considerações finais
Ao encerrarmos esta unidade você, caro(a) aluno(a) desvendou alguns dos prin-
cípios fundamentais do processo de transferência de energia entre os sistemas
biológicos que são fundamentais para a manutenção dos processos metabólicos
das células.
Toda energia que chega no planeta vem do sol e é incorporada nos seres vi-
vos, graças ao processo de fotossíntese que converte energia luminosa e calorífera
em energia de ligações químicas dos compostos orgânicos (proteínas, carboidra-
tos e gorduras).
Quando estes compostos são degradados, parte da energia é desviada para a
produção de ATP e outra parte se dissipa na forma de calor. A glicose é o prin-
cipal combustível para nossas células, sendo fundamental para o metabolismo,
uma vez que é a única base para células nervosas.
A glicose pode ser degradada por via aeróbica ou anaeróbica, sendo que a
via anaeróbica na espécie humana é limitada a determinados tipos celulares. A
degradação aeróbica compreende etapas, como glicólise, formação de acetil CoA,
ciclo do ácido cítrico, cadeia transportadora de elétrons e fosforilação oxidativa.
Dessas etapas, apenas a glicólise ocorre no citoplasma e todas as demais en-
volvem atividade mitocondrial. A degradação aeróbica de glicose somente ocor-
rerá na presença obrigatória de oxigênio e levará a produção de 38 ATPs por
molécula degradada.
A degradação anaeróbica na espécie humana está limitada a fermentação
láctica e apenas alguns tipos celulares podem realizá-las, por exemplo, as célu-
las musculares estriadas esqueléticas. Essas células apenas usam a via metabólica
quando o fornecimento de oxigênio for menor que a necessidade em produção
de ATP. No próximo módulo, desvendaremos as vias de degradação das demais
moléculas e calcular seus rendimentos energéticos. Até a próxima.
156
atividades de estudo
1. A liberação de energia a partir da quebra de moléculas de glicose compreende basicamente três fases:
glicólise, ciclo de Krebs e cadeia respiratória. Sobre esse assunto, observe as assertivas a seguir:
I. Na cadeia respiratória, que ocorre nas cristas mitocondriais, o NADH e o FADH2 doam seus elétrons,
que serão transportados até o átomo de oxigênio.
II. A glicólise é um processo metabólico que só ocorre em condições aeróbicas, enquanto o ciclo de Krebs
ocorre também nos processos anaeróbios.
III. Nas células eucarióticas, a glicólise ocorre no citoplasma, enquanto o ciclo de Krebs e a cadeia respira-
tória ocorrem no interior das mitocôndrias.
IV. No ciclo de Krebs, uma molécula de glicose é quebrada em duas moléculas de ácido pirúvico.
V. A utilização de O2 se dá no citoplasma, durante a glicólise.
Assinale:
a. Se apenas a afirmativa III estiver correta.
b. Se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
c. Se apenas as afirmativas II e IV estiverem corretas.
d. Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
e. Se apenas as afirmativas III e V estiverem corretas.
2. Após disputar a prova olímpica que lhe rendeu medalha de ouro nas olimpíadas Rio-2016, Usain Bolt
se submeteu a um exame bioquímico para verificar a dosagem de ácido lático em sua corrente san-
guínea. Foi verificado que após o exercício a quantidade de ácido lático estava alta em sua corrente
sanguínea, isso é devido ao(a):
a. Excesso de oxigênio no sangue causado pelo aumento da frequência cardíaca.
b. Excesso de gás carbônico no sangue pela dificuldade de sua eliminação pela respiração.
c. Aumento de temperatura corporal causado pelo esforço físico muscular.
d. Fermentação nos músculos pelo aumento da demanda de energia durante a corrida, e, insuficiência no
fornecimento de oxigênio pelo sistema respiratório.
e. Diminuição da temperatura interna pela perda de calor durante o esforço realizado.
157
atividades de estudo
4. A glicose é a principal fonte de energia utilizada pelas células. O caminho realizado pela glicose, desde
a sua entrada nas células até a produção de ATP, envolve uma série de reações químicas, que geram
diferentes intermediários e produtos. Considere a seguinte rota metabólica.
Glicose CO2
I
Ácido NADH2
Cadeia respiratória
pirúvico
Crista
H2
III
Acetil- ADP ATP
CoA
+
P H2
Matriz
Hialoplasma O2 H2O
5. A glicólise é uma das etapas da respiração celular, processo responsável pela produção do ATP neces-
sário para o organismo. A respeito da glicólise, observe as assertivas.
I. A glicólise engloba cerca de dez reações químicas diferentes, sendo dividida em fase preparatória e fase
de pagamento. A fase preparatória ocorre no citoplasma e a de pagamento ocorre na matriz mitocondrial.
II. Na glicólise ocorre a quebra da glicose em duas moléculas de ácido pirúvico.
III. Todas as etapas da glicólise ocorrem na matriz mitocondrial.
IV. O saldo positivo de ATP no final da glicólise é de duas moléculas.
V. A glicólise é uma etapa anaeróbia.
Assinale:
a. Se apenas as assertivas I e II estiverem corretas.
b. Se apenas as assertivas I e III estiverem corretas.
c. Se apenas as assertivas III e IV estiverem corretas.
d. Se apenas as assertivas III e V estiverem corretas.
e. Se apenas as assertivas II, IV e V estiverem corretas.
158
LEITURA
COMPLEMENTAR
DM tipo 1: corre destruição das células beta do pâncreas, usualmente por processo au-
toimune (forma autoimune; tipo 1A) ou menos comumente de causa desconhecida (for-
ma idiopática; tipo 1B) (20,21). Na forma autoimune há um processo de insulite e estão
presentes autoanticorpos circulantes (anticorpos antidescarboxilase do ácido glutâmico. O
pâncreas não produz insulina ou a produz em quantidades muito baixas. Com a falta de in-
sulina, a glicose não entra nas células, permanecendo na circulação sanguínea em grandes
quantidades. A diabetes mellitus do tipo I é também caracterizada pela produção de anti-
corpos à insulina (doença autoimune). É muito recorrente em pessoas jovens, e apresenta
sintomatologia definida, onde os enfermos perdem peso.
O diabetes mellitus tipo 1 é a segunda doença crônica mais frequente da infância, menos
prevalente apenas que a asma,e sua incidência vem aumentando nas últimas décadas,
especialmente nas faixas etárias menores (PATTERSON et al. 2014). O DM1 é responsável
por 90% dos casos de diabetes na infância, no entanto, apenas 50% dos casos são diagnos-
ticados antes dos 15 anos. Dados epidemiológicos recentes, publicados no “Atlas de Dia-
betes 2013” da International Diabetes Federation (IDF) estimam uma prevalência de cerca
159
LEITURA
COMPLEMENTAR
de 500 mil crianças menores de 15 anos com diabetes tipo 1 no mundo. Entre os países
com maior número de casos novos por ano figuram Estados Unidos (13 mil), Índia (10.900)
e Brasil (5 mil). As características próprias dessa faixa etária geram inúmeros questiona-
mentos quanto aos parâmetros de tratamento, pois, os objetivos devem incluir não apenas
o bom controle da doença, mas um plano que permita crescimento e desenvolvimento
adequados, evitando sequelas e proporcionando um ambiente emocional saudável para o
amadurecimento do indivíduo.
Esse tipo de diabetes parece ser desencadeado por infecções (principalmente virais) e, em
uma proporção menor de pessoas, por exposições ambientais a drogas ou estresse. Existe
um forte padrão de herança para o diabetes do tipo 2. Aquelas pessoas com parentes de
primeiro grau com diabetes do tipo 2 possuem um risco muito maior de desenvolver a dia-
betes tipo 2, com o risco aumentando com o número de parentes acometidos.
No Diabetes tipo 1, a quantidade de injeções diárias de insulina será obrigatória e é variá-
vel em função do tratamento e também em função da ingesta de carboidratos. A insulina
sintética pode ser de ação lenta ou rápida: ação lenta é ministrada ao acordar e ao dormir;
ação rápida é indicada logo após grandes refeições. Para controlar este tipo de diabetes é
necessário o equilíbrio de três fatores: a insulina, a alimentação e o exercício.
160
Lehninger: Princípios de Bioquímica
David L. Nelson e Michael M. Cox
Editora: Artmed
Ano: 2003
Sinopse: este livro é um livro didático que apresenta os conte-
údos básicos de Bioquímica. Inicia-se apresentando a estrutura
básica das biomoléculas e insere um conteúdo amplo sobre me-
tabolismo celular de todas as biomoléculas.
referências
Referências On-line
1
Em: <https://djalmasantos.wordpress.com/2012/11/07/testes-de-bioenergeti-
ca/>. Acesso em: 20 dez. 2016.
2
Em: <http://www.cientic.com/portal/index.php?option=com_content&-
view=article&id=224:obtencao-de>. Acesso em: 20 dez. 2016.
3
Em: <http://educacaofisicaaejs.wixsite.com/aejs/fisiologia>. Acesso em: 20
dez. 2016.
4
Em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe3r4AK/bioquimica>. Acesso
em: 20 dez. 2016.
5
Em: <https://biosjaychemist.wordpress.com/2013/04/14/etc/>. Acesso em: 20
dez. 2016.
6
Em: <https://djalmasantos.files.wordpress.com/2011/02/5a.jpg>. Acesso em:
20 dez. 2016.
7
Em: <http://www.diabetes.org.br/sbdonline/images/docs/DIRETRIZES-
-SBD-2015-2016.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2016.
162
gabarito
1. B.
2. D.
3. C.
4. A.
5. E.
163
TRANSFORMAÇÃO E ARMAZENAMENTO
DE ENERGIA PARA O METABOLISMO
CELULAR - DEGRADAÇÃO DE
LIPÍDIOS E PROTEÍNAS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Degradação de triacilgliceróis
• Degradação de proteínas
• Metabolismo do glicogênio
• Gliconeogênese
Objetivos de Aprendizagem
• Descrever o processo degradação de triacilgliceróis.
• Relatar o processo de degradação de proteínas.
• Detalhar a via de degradação dos grupo amino.
• Compreender o papel do glicogênio e suas vias síntese e
degradação do glicogênio.
• Compreender a importância da gliconeogênese para a fisiologia do
organismo.
unidade
V
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a)!
Neste módulo, daremos continuidade ao estudo das vias de degrada-
ção de biomoléculas para obtenção de energia para as células. Iniciamos,
no módulo anterior, os conceitos de fornecimento de energia para as cé-
lulas, com a degradação de carboidratos, por serem os elemento energéti-
cos primordiais. No entanto, outras moléculas orgânicas são usadas para
o fornecimento de energia.
Neste módulo, abordaremos as vias de degradação de outros com-
postos orgânicos, calcular os rendimentos energéticos e discutir a rela-
ção custo/benefício metabólico para que o organismo utilize estes outros
combustíveis como fonte de energia.
Para esta abordagem, começaremos pelas vias de degradação dos ácidos
graxos, derivados de triglicerídeos, cuja degradação rende um número mui-
to maior de ATPs que a degradação de glicose. Porém, o processo de mo-
bilização dos triglicerídeos não facilita a utilização destas moléculas e além
disso, não são todas as células que apresentam a maquinaria enzimática para
clivar os triglicerídeos. No organismo humano, o maior consumidor de áci-
dos graxos para fins energéticos é o tecido muscular estriado esquelético.
Diante do exposto, sobram os aminoácidos, derivados da degrada-
ção de proteínas, para serem usados quando o organismo é submetido
a situações de privação de carboidratos, sendo a principal fonte desses
aminoácidos, proteínas que formam o tecido muscular.
Em situações de escassez de carboidratos em nosso organismo, os amino-
ácidos, além de serem usados para fins energéticos, ainda serão mobilizados
para uma via de produção de glicose para manter a atividade de células ner-
vosa, que não conseguem sobreviver sem glicose, chamada de gliconeogênese.
Dentro desses conteúdos, perceberemos que as células apresentam
alguns recursos metabólicos para manter constante o fornecimento de
moléculas que serão usadas para fins energético e que sem esses recursos,
as células não sobreviveriam. Ótimo estudo!
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Degradação de
Triacilgliceróis
O
A mobilização dos depósitos de triacilgliceróis das H2C OH
H2C O C R
células adiposas inicia-se por ação da enzima lipase. O lipases O
+ 3H2O HC OH +
HC O C R + 3R C O + 3H
Essa enzima tem sua ativação controlada por hor- O H2C OH
mônios e é chamada de lipase hormônio-sensível. H2C O C R
Outras lipases dão prosseguimento ao processo, que Triacilglicerol Glicerol Ácidos graxos
Figura 1 - Esquema da degradação de triglicerídeos para o
irá clivar a molécula, liberando glicerol e ácidos gra- fornecimento de ácidos graxos
xos. (MARZZOCO; TORRES, 2012). Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 190).
168
EDUCAÇÃO FÍSICA
O H
O glicerol e os ácidos graxos, produzidos na reação C Gliceraldeído
ilustrada anteriormente, serão degradados por vias 3-fosfato
H C OH
metabólicas distintas, que serão abordadas a seguir. Pi CH2 O P
NAD+ Gliceraldeído-3-fosfato
NADH
DEGRADAÇÃO DO GLICEROL desidrogenase (GAPDH)
O O P
O destino do glicerol é ser convertido em glicerol 3-fos- C
fato, que será convertido em Diidroxiacetona fosfato. H C OH 1, 3-bisfosfoglicerato
(1, 3-BPG)
Como observado na equação, este processo irá Estágio de ADP
CH2 O P
gradação de glicose.
Fosfoglicerato
O O
mutase
C
+
H2C OH ATP ADP + H HC O P 2-fosfoglicerato
CH2 O P
HC OH
H2O
glicerol quinase Enolase
H2C OH O O
C
Glicerol Fosfoenolpiruvato
C O P
(PEP)
CH2
+ Estágio de ADP
H2C OH NAD NADH + H endimento ATP
Piruvato cinase
(PK)
HC OH O O O O
NADH
O O
C C C
glicerol 3-fosfato
H2C OH P desidrogenase C OH C O
NAD+
HO C H
CH2 CH3 CH3
Glicerol 3-fosfato Piruvato Piruvato Lactato L-lactato
(forma enol) (forma ceto) desidrogenase
H2C OH (LDH)
Figura 3 - Via de degradação do gliceraldeído 3-fosfato,
oriundo da degradação do glicerol
C O Fonte: Baynes e Dominiczak (2015, p. 146).
H2C O P
O piruvato produzido pelas reações mostradas na
Diidroxiacetona imagem acima será convertido em acetil CoA, que
fosfato
será encaminhado para o ciclo do ácido cítrico. To-
Figura 2 - Esquema mostrando a degradação do glicerol
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p.191). dos os NADH e FADH2 serão encaminhados para
169
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
170
EDUCAÇÃO FÍSICA
+ +
N(CH3)3 N(CH3)3
O CH2 O CH2
R C SCoA + HO CH CH2 COO- H SCoA + R C O CH CH2 COO-
Carnitina Acil-carnitina
(a)
O O
4
R C SCoA Carnitina Carnitina R C SCoA
1 O O 3
2
H SCoA R C Carnitina R C Carnitina H SCoA
ESPAÇO
MATRIZ
INTERMEMBRANAS
(b)
Figura 4 - Demonstração do mecanismo de transporte de Acil coA do espaço intermembranoso para a matriz mitocondrial
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p.192).
O O O
β-oxidação - Ciclo de Lynen R CH2 CH2 C R CH2 C CH3 C
β α
Na matriz mitocondrial a acil-CoA será oxidada por SCoA SCoA SCoA
Acil-CoA Acil-CoA Acetil-CoA
uma via chamada de β-oxidação, porque promove a (com n carbonos) (com n-2 carbonos)
enoil-CoA
dos, dependendo do número de carbonos que o ácido hidratase R C CH2 C β-hidroxiacil-CoA
H SCoA desidrogenase
graxo possuir, serão formados números específicos de NAD
+
171
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Todas as moléculas de acetil CoA formadas serão en- Os ácidos graxos com números ímpares de car-
caminhadas para serem degradadas no ciclo do ácido bono terão sua via de degradação diferente. Apesar
cítrico e as moléculas de NADH e FADH2 (as produ- de representarem uma minoria dos carboidratos dis-
zidas na β-oxidação e no ciclo do ácido cítrico) serão poníveis na dieta. O processo de degradação começa
processadas na cadeia transportadora de elétrons. semelhante aos ácidos graxos pares, porém, apresen-
Como exemplo, usaremos a descrição da degradação ta diferenças na última volta do ciclo de β-oxidação.
de uma molécula de 16 átomos de carbono. A última volta do ciclo da β-oxidação se inicia
quando o acilCoA apresentar 5 carbonos e, nes-
AcilCoA 16C AcilCoA 14C AcilCoA 12C AcilCoA 10C
sa etapa, será produzida uma acetil CoA e uma
NADH, FADH2 e NADH, FADH2 e NADH, FADH2 e molécula de propionil CoA com os três carbonos
Acetil CoA Acetil CoA Acetil CoA
que sobraram (em vez de duas moléculas de acetil
AcilCoA 8C AcilCoA 6C AcilCoA 4C 2acetilCoA CoA). Essa molécula de Propionil CoA será con-
NADH
NADH, FADH2 e NADH, FADH2 e NADH, FADH2 e FADH2
vertida a succinil CoA com gasto de uma molécula
Acetil CoA Acetil CoA Acetil CoA de ATP.
Figura 6 - Resumo da β-oxidação de um Acil coA graxo com 16 carbonos
Fonte: a autora. H CO2 H2O ATP ADP + Pi COO-
CH3 C H H C CH3
C C
Como visualizado no esquema descrito anterior- O SCoA O SCoA
172
EDUCAÇÃO FÍSICA
O
H3C C
SCoA
NAD
+ C O HO- C COO-
COO-
COO-
CH2 α-CETO-
FUMARATO CH GLUTARATO
CH2
HC
C O
COO-
succinato succinil-CoA α-cetoglutarato
COO-
desidrogenase sintetase COO- desidrogenase
CoA
COO-
CH2
CH2
CH2 NAD
+
FADH2
CH2
C O
COO- +
FAD HS-CoA NTP NDP + Pi SCoA CO2 NADH + H
SUCCINATO SUCCINIL-CoA
173
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Degradação de
Proteínas
As proteínas, apesar de terem fundamentalmente, fun- Proteínas Proteínas
da dieta endógenas
ção estrutural, também podem ser degradadas para
fins energéticos. Devemos considerar, também que,
como qualquer outro elemento orgânico, as proteínas Compostos nitrogenados
AMINOÁCIDOS não-proteicos
não são permanentes, assim, pode-se dizer que elas es-
tão em constante processo de síntese e degradação. Cadeia
Estima-se que em um adulto saudável com uma carbônica
dieta adequada ocorra uma renovação de aproxi- Grupo amino
madamente 400g de proteínas por dia. O conjunto
Uréia
de aminoácidos originados das proteínas que estão
Figura 9 - Esquema ilustrando a degradação de proteínas endógenas e for-
sendo degradadas não é igual àquele necessário a necidas na alimentação, fornecendo aminoácidos para serem degradados
compor as proteínas que estão sendo sintetizadas. Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 214).
174
EDUCAÇÃO FÍSICA
+
Quanto aos aminoácidos excedentes, eles não po- NH3 O
dem ser armazenados no organismo, desse modo, R C COO- R C COO-
serão oxidados e o nitrogênio excretado. H
Aminoácido α-Cetoácido
DEGRADAÇÃO DE AMINOÁCIDOS
Os aminoácidos não serão degradados por uma úni-
ca via, pois possuem cadeias laterais com estruturas
variadas. Há, entretanto, um padrão seguido na O +
oxidação de todos eles. Vamos relembrar a estrutu- C CH2 NH3
H
ra química de um aminoácido que foi abordada no HO CH2 O P HO CH2 O P
módulo I, observando a figura a seguir. H3C + H3C +
N N
H H H
Piridoxal-fosfato Piridoxamina-fosfato
H2N C COOH
R
+
Figura 10 - Fórmula geral de um aminoácido NH3 O
Fonte: Exercícios da academia e suplementos (2015, on-line)2.
-OOC CH2 CH2 C COO- -OOC CH2 CH2 C COO-
H
Remoção do grupo amina Glutamato α-Cetoglutarato
Inicialmente, há remoção do grupo amino e a se-
Figura 11 - Esquema mostrando a remoção do grupo amina
guir a oxidação da cadeia carbônica em elementos para a degradação de aminoácidos
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 215).
comuns a degradação de carboidratos e lipídios. O
grupamento amino nos mamíferos será convertido
em ureia pelo fígado e excretado pelos rins.
Os grupos amino da maioria dos aminoácidos O glutamato é um reservatório temporário de gru-
é retirado por uma reação comum, que consiste na po amino, proveniente de muitos aminoácidos que
transferência deste grupo para o α-cetoglutarato, encaminha este grupamento para as vias que podem
formando glutamato, assim a cadeia carbônica do excretá-los.
aminoácido é convertida em α-cetoácido corres-
pondente (STRYER et al., 2014). Destino do grupamento amino
O glutamato formado poderá seguir dois caminhos
Aminoácido + α-cetoglutarato ↔ que são desaminação e/ou transaminação, conforme
α-cetoácido + glutamato demonstra a imagem a seguir:
175
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Aminoácido α-Cetoglutarato
Aspartato
T Oxaloacetato
GD
+
NAD (P) + H2O
+
NAD(P)H + H
+
NH4
Figura 12 - Esquema mostrando as duas vias possíveis (desaminação e transaminação) para a degradação do grupo amino
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 217).
Oxalacetato Glutamato +
H3N CH + NAD(P) + H2O
+ +
C = O + NAD(P)H + H + NH4
CH2 CH2
CH2 CH2
COO- COO-
Aspartato α-Cetoglutarato Glutamato α-Cetoglutarato
Figura 13 - Esquema da via de transaminação do glutamato. Figura 14 - Esquema da via de desaminação do glutamato
Fonte: Sande (2009, on-line)3. Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p.216).
176
EDUCAÇÃO FÍSICA
Dessa forma, no processo de degradação dos amino- de ciclo da ureia e ocorrem, parcialmente na matriz
ácidos, depois que o grupamento amino é transferido mitocondrial e citossol.
para α-cetoglutarato, pode ocorrer desaminação ou O carmaboil-fosfato, ainda na matriz mitocon-
transaminação. Tanto o aspartato como o íon amônio drial, condensa-se com a ornitina, originando citru-
são precursores de uréia que será excretada pelos rins. lina que é transportada para o citossol. No citossol a
citrulina reage com o aspartato, formando arginino-
Eliminação do grupamento amino -succinato, e nessa reação uma molécula de ATP e
O grupamento amino, retirados dos aminoácidos hidrolisada a AMP, o que equivale ao gasto de duas
serão eliminados do organismo e para isto, deverão moléculas de ATPs. Arginino-succinato se decom-
ser transformado em ureia. A ureia será sintetizada põe em arginina e fumarato.
no fígado a partir de NH4+, aspartato e CO2. Os dois A arginina é hidrolisada produzindo ureia e re-
átomos de nitrogênio são proveniente de NH4+ e as- generando a ornitina. O fumarato é degradado no
partato, enquanto o átomo de carbono provém de ciclo do ácido cítrico. Essa degradação de fumarato
CO2. Após a formação no fígado, a ureia é encami- leva a produção de 1 molécula de NADH - que vai
nhada aos rins para ser excretada. ser encaminhada a cadeia transportadora de elé-
A síntese de ureia inicia-se na matriz mitocon- trons e fosforilação oxidativa.
drial com a formação de carmaboil-fosfato a partir Essa cadeia de fosforilação oxidativa produz 3
de bicarbonato e amônio, consumindo duas molé- ATPs que diminuem o gasto energético da produção
culas de ATPs. As reações que seguem são chamadas de ureia - este gasto é de 4 ATPs.
NH4+ + HCO3-
2 ATP
1
+
2 ADP + Pi + 2H
O
H2N C O P
CARBAMOIL-FOSFATO
Pi
ORNITINA CITRULINA
2 O
+
NH3 MITOCÔNDRIA HN C NH3
(CH2)3 (CH2)3
+ +
HC NH3 HC NH3
COO- COO-
ORNITINA CITRULINA
O COO-
+
ATP H3N C H
H2N C NH2
5 CH3
URÉIA 3
H2O COO-
AMP + PPi
ASPARTATO
+
NH2
+ NH2 COO-
HN C N C H
HN C NH2 H
(CH2)3 CH2
(CH2)3 4 +
+ HC NH3 COO-
HC NH3
COO-
COO-
COO- ARGININOSSUCCINATO
ARGININA
HC
CH
Figura 15 - Esquema do ciclo da ureia COO-
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 218). FUMARATO
177
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Aminoácidos
Glutamato
NH4+ Aspartato
HCO3 3
Oxaloacetato
NADH 3 ATP
4 ATP CICLO
2
DA
URÉIA Malato
Fumarato 1
Figura 16 - Esquema da integração do ciclo da ureia com o ciclo do ácido cítrico (krebs)
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 219).
Destino dos α-cetoácidos (cadeia carbônica) podem ser convertidos em ácidos graxos e corpos
O α-cetoácido formado sempre será intermediário cetônicos, sendo chamados de aminoácidos cetogê-
da via de degradação de glicose e/ou da degradação nicos. Existe aminoácido que parte de suas cadeias
de ácidos graxos, ou seja: piruvato, acetil CoA ou in- carbônica são glicogênica e parte cetogênicas, sendo
termediários do ciclo do ácido cítrico (oxaloacetato, então denominados de aminoácidos glicocetogêni-
α-cetoglutarato, succinil CoA e fumarato. cos, conforme especificado na imagem já descrita.
Assim, o rendimento em números de ATPs que Como as possibilidades de degradação são dis-
cada aminoácido irá formar, dependerá de qual pre- tintas para cada aminoácido, levando a uma quan-
cursor seu esqueleto carbônico é convertido. tidade variável de moléculas de ATPs, não calcula-
O destino final dos α-cetoácidos dependerá do remos o número de ATPs formados por degradação
estado fisiológico do organismo, podendo seguir dos α-cetoácidos dos aminoácidos.
a via de degradação (fornecendo energia), serem
transformados em glicose (para manutenção da gli-
REFLITA
cemia - no processo de gliconeogênese, que veremos
a seguir) ou convertidos a triacilglicerídeos (que se-
rão armazenados no tecido adiposo). As proteínas são elementos estruturais, que
Os aminoácidos cujo α-cetoácidos produzem formam hormônio, enzimas, anticorpos e sua
degradação para fins energético não é uma
piruvato ou intermediários do ciclo do ácido cítrico atividade metabólica desejável. O que será
são chamados de glicogênicos, pois são precursores do desenvolvimento físico de crianças que
de glicose. Já os aminoácidos cujo os α-cetoácidos são desprovidas de alimentação satisfatória?
178
EDUCAÇÃO FÍSICA
1. piruvato 4. succinil-CoA
2. oxaloacetato 5. α-cetoglutarato
3. fumarato 6. acetil-CoA
1
Ala
Cys
Gly 6
Ser Piruvato
Ile
Thr Leu
Trp Lys
Acetil-CoA Phe
Thr
2 Trp
Asn Tyr
Asp Oxaloacetato 5
Arg
His
α-Cetoglutarato Gin
3 Glu
Asp 4 Pro
Phe Fumarato Ile
Tyr Met
Succinil-CoA
Thr
Val
Figura 17 - Esquema mostrando os destinos dos esqueletos carbônicos (α-cetoácidos) para degradação
Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 221).
179
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
META
BOLISMO
DO GLICO
GÊNIO
180
EDUCAÇÃO FÍSICA
SÍNTESE
DEGRADAÇÃO DO GLICOGÊNIO
O glicogênio muscular será degradado para prover Glicogênio
(n+1 resíduos de glicose)
energia para a própria célula muscular. É importante
UDP
durante a contração intensa, quando o gasto energé- glicogênio
tico ultrapassa o fornecimento de oxigênio, sendo a sintase Glicogênio
(n resíduos de glicose)
glicose liberada pela quebra do glicogênio, degrada-
da anaerobicamente, produzindo lactato. UDP-Glicose
PPi
A degradação do glicogênio, que se chama glico- glicose 1-fosfato
genólise, consiste na remoção sucessiva de resíduos uridil transferase UTP
de glicose, a partir das extremidades não redutoras, Glicose 1-fosfato
por ação da glicogênio fosforilase e libera um resí-
duo de glicose na forma de glicose 1-fosfato. A gli- fosfoglicomutase
cose 1-fosfato, retirada do glicogênio é convertida Glicose 6-fosfato
em glicose 6-fosfato pela enzima fosfoglicomutase. ADP
Glicose 6-fosfato é encaminhada para a via de de- glicoquinase ATP
gradação - glicólise - estudada no módulo IV.
No fígado a glicose-6-fosfato é desfosforilada Glicose
Figura 18 - Esquema mostrando a degradação do glicogê-
pela enzima glicose 6-fosfatase, liberando glicose.
nio para liberação de glicose
Como já estudado no módulo II, glicose poderá sair Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p. 164).
da célula, uma vez que o transporte de glicose ocorre
DEGRADAÇÃO
por gradiente de concentração. Dessa forma, o glico-
gênio hepático libera glicose na corrente sanguínea, Glicogênio
(n resíduos de glicose)
sendo responsável pela manutenção da glicemia.
Pi
O tecido muscular estriado esquelético é despro- glicogênio
vido de glicose 6-fosfatase, isso significa que o mes- Glicogênio fosforilase
(n resíduos de glicose)
mo não transforma a glicose 6-fosfatase em glicose.
Glicose 6-fosfatase não é transportada por meio da
membrana plasmática. Dessa forma, o glicogênio Glicose 1-fosfato
muscular não será usado para manter a glicemia.
fosfoglicomutase
SÍNTESE DO GLICOGÊNIO
Glicose 6-fosfato
A síntese do glicogênio, denominada de glicogênese,
H2O
consiste na repetida adição de unidades de glicose as glicose
Pi 6-fosfatase
extremidades não redutoras de um fragmento de gli-
cogênio já existente. Para ser incorporada deve estar Glicose
na forma ativada e ligada a um nucleotídeo de uracila, Figura 19 - Esquema da síntese de glicogênio
formando a uridina difosfato de glicose (UDP-G). Fonte: Marzzoco e Torres (2015, p.164).
181
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
Gliconeogênese
No organismo humano a maioria das células é capaz pático. Esse mecanismo é fundamental para manter
de suprir sua necessidade energética degradando os constante o fornecimento de glicose para os tecidos.
diferentes compostos orgânicos - glicose, ácidos gra- Mas é preciso lembrar que a reserva hepática é li-
xos e aminoácidos. Entretanto, alguns tipos celulares, mitada e consegue manter o fornecimento de glicose
utilizam exclusivamente glicose como fonte de ener- por no máximo oito horas de jejum. Após esse perí-
gia - células nervosas, hemácias, retina. Dessa forma, odo, uma outra via é chamada gliconeogênese é acio-
o fornecimento de glicose para esses tecidos devem nada. Essa via indica síntese de glicose nova, ou seja, a
se manter constante. O cérebro, por exemplo, gasta partir de elementos que não sejam carboidratos.
diariamente 120g de glicose. A gliconeogênese não é, de forma alguma, uma
Aprendemos no tópico de metabolismo de gli- via autotrófica, em que há síntese de compostos or-
cogênio, que existem mecanismos para armazena- gânicos a partir de elementos inorgânicos. A glicose
mento de glicose que manterá a glicemia durante será sintetizada a partir de compostos que não são
os períodos afastados das refeições - glicogênio he- carboidratos, mas são elementos orgânicos.
182
EDUCAÇÃO FÍSICA
183
considerações finais
Caro(a) aluno(a)!
Chegamos ao final da unidade e também da disciplina, compreendemos as
vias de degradação de vários compostos orgânicos para disponibilização de ener-
gia para as células. Essas degradações têm sua importância metabólica centrada
em dois aspectos fisiológicos: economizar glicose para o tecido nervoso e forne-
cer precursores para a síntese de glicose.
Analisando as vias de degradação de diferentes moléculas orgânicas, perce-
bemos que estas vias apresentam reações distintas até que seus compostos sejam
convertidos a Aceti CoA. A partir desse ponto, as vias metabólicas de degradação
de compostos se tornam únicas, evidenciando a grande simplicidade biológica
dos seres vivos.
Vimos que a glicose tem um papel fundamental no metabolismo energéti-
co de todas as células de nosso organismo e que células, como as nervosas, por
exemplo, degradam apenas moléculas de glicose para fornecimento de energia.
Dessa forma, o fornecimento de glicose para os tecidos nervosos deve ser
constante e para isto temos dois recursos metabólicos: a regulação da síntese e
degradação de glicogênio e a gliconeogênese.
O glicogênio é produzido pelas células hepáticas e musculares estriadas es-
quelética quando há um fornecimento satisfatório de glicose para o organismo.
Essa molécula se constitui em uma reserva de glicose para nosso organismo. En-
tretanto apenas o glicogênio hepático é capaz de disponibilizar glicose na corren-
te sanguínea.
Sendo o glicogênio capaz de manter o fornecimento de glicose por apenas
algumas horas, teremos a capacidade metabólica de produzir glicose a partir de
outro compostos orgânicos e esta via se chama gliconeogênese e é a responsável
por manter o fornecimento de glicose quando há um jejum prolongado. Ao en-
cerrar esta disciplina adquirimos conhecimentos básico para entender o sistema
que vamos trabalhar - o organismo humano.
Esperamos que todos os conteúdos abordados neste livro possam contribuir
na construção de um sólido conhecimento e profissional. Abraços e Sucesso.
184
atividades de estudo
185
atividades de estudo
Assinale:
a. Se apenas a assertiva I estiver correta.
b. Se apenas as assertivas III e IV estiverem corretas.
c. Se apenas as assertivas II estiver correta.
d. Se as assertivas III, IV e V estiverem corretas.
e. Se apenas a assertiva IV estiver correta.
Assinale:
a. Se apenas a assertiva I e II estiverem corretas.
b. Se apenas a assertiva IV e V estiverem corretas.
c. Se apenas as assertiva III estiver correta.
d. Se apenas a assertiva IV estiver correta.
e. Se apenas as assertivas III e IV estiverem corretas.
186
LEITURA
COMPLEMENTAR
187
LEITURA
COMPLEMENTAR
188
O ciclo glicose-ácido graxo explica a preferência do tecido muscular pelos ácidos graxos du-
rante atividade moderada de longa duração. Em contraste, durante o exercício de alta inten-
sidade, há aumento na disponibilidade e na taxa de oxidação de glicose. A produção de Es-
pécies Reativas de Oxigênio (EROs) durante a atividade muscular sugere que o balanço redox
intracelular é importante na regulação do metabolismo de lipídios/carboidratos. Para saber
mais informações sobre a Regulação do metabolismo da glicose, acesse a este link: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302011000500002>.
referências
Referências On-line
1
Em: <http://bioquimicadanutricao.blogspot.com.br/2011/07/lipogenese-sintese-
-de-acidos-graxos.html>. Acesso em: 21 dez. 2016.
2
Em: <http://exerciciosdeacademiaesuplementos.com/aminoacidos/nggallery/sli-
deshow>. Acesso em: 20 dez. 2016.
3
Em: <http://okulilonguisa.blogspot.com.br/2009/08/metabolismo-geral-dos-ami-
noacidos-1.html>. Acesso em: 21 dez. 2016.
4
Em: <http://pt-br.infomedica.wikia.com/wiki/CONSEQU%C3%8ANCIAS_DO_
JEJUM_PROLONGADO>. Acesso em: 21 dez. 2016.
190
gabarito
1. C.
2. D.
3. B.
4. D.
5. A.
191
BIOLOGIA E BIOQUÍMICA HUMANA
conclusão geral
Caro(a) aluno(a)!
Chegamos ao final da nossa disciplina tendo uma visão geral da estrutura e das ativida-
des metabólicas de nossas células, que é a unidade morfológica e funcional dos seres vivos.
Verificamos que em termos de constituição bioquímica, existe uma grande simplicidade
nos seres vivos. Somos formados de moléculas orgânicas e inorgânicas. Nossas moléculas
orgânicas são classificadas de acordo com sua constituição em proteínas, carboidratos, li-
pídios, ácidos nucleicos e vitaminas.
Nossas células seguem um padrão básico de estrutura e são chamadas de células euca-
riontes. Esse tipo celular está presente em todos os seres vivos, excetos em bactérias, que
são formadas por células procariontes. Células eucariontes apresentam organelas compar-
timentalizadas, sendo cada uma responsável por algumas atividades metabólicas.
As células do nosso organismo são heterotróficas, ou seja, obtém sua energia degradan-
do os compostos orgânicos, que armazenam energia em suas ligações químicas. Para tanto,
estas moléculas serão degradadas a CO2 e H2O e a energia será liberada e transferida para
a molécula de ATP (Adenosina trifosfato)
Cada composto orgânico possuem uma via de degradação específica que o transforma-
rá em acetil CoA. Depois que a molécula é convertida em acetil CoA a via será a mesma
para todos os compostos. Essa via são o ciclo do ácido cítrico, a cadeia transportadora de
elétrons e a fosforilação oxidativa.
Como a glicose tem um papel central na obtenção de energia para nosso organismo, te-
mos no metabolismo, alguns recursos para disponibilizar glicose, como o armazenamento
de glicogênio e a gliconeogênese que foram abordados ao longos das unidades deste livro.
Como podemos perceber, com a exposição dos conteúdos abordados nesta disciplina,
a célula é um magnífico sistema de manutenção da vida. Esperamos que estes conhecimen-
tos tenham auxiliado nos seus estudos.
Sucesso!
Prof.ª Dr.ª Marcia Cristina de Souza Lara Kamei
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