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Resumo

Resumo de Distúrbios do Sono no Idoso 0

Distúrbios do Sono no
Idoso

Marcos André Pereira


Universidade Federal do Cariri

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1. Introdução
Insônia e sonolência são distúrbios comuns na população idosa, mas não há
definição única para insônia. Para alguns, significa dificuldade para conciliar o sono, para
outros corresponde a não ter sono reparador; há ainda os que pensam que “não
dormem o suficiente”. A insônia é uma queixa comum nessa população, decorrente de
várias causas, descrita como insatisfação com a quantidade ou a qualidade do sono.
Pode ser primária, quando não há causa identificável, ou secundária, quando ocorre em
consequência de algum distúrbio orgânico ou psicológico.

Diferentemente do que a maior parte da população acredita, o tempo de sono


não diminui com a idade fisiologicamente. Há, na verdade, uma mudança no padrão de
sono, normalmente com despertares durante a noite, gerando mais sonolência durante
o dia.

2. Epidemiologia
Distúrbios do sono são comuns, estando presentes em cerca de 10 a 38% da
população. Em estudos feitos com mulheres de 70 a 75 anos, acompanhadas por 3 anos,
os problemas de sono foram os mais prevalentes, a maioria associado com o uso de
medicações. Na maior parte dos casos há uma diminuição do tempo de permanência no
sono profundo (estágio 3 e 4) e aumento no número e duração dos despertares durante
a noite.

3. Etiologia
As condições causadoras de um sono de má qualidade são diversas, muitas vezes
não ligadas ao sono pela sua fisiopatologia. São exemplos de causas secundárias a
dispneia, dores, hipoglicemia e nictúria, que interferem no sono pelo aumento de
despertares, sendo o tratamento adequado, nestes casos, a doença de base.

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Alterações psíquicas, como depressão e ansiedade, também estão muito


relacionadas à insônia. Algumas doenças específicas podem também estar associadas,
como doença do refluxo gastroesofágico, DPOC, asma, ICC, demências e tireoideopatias.

Outros fatores que podem contribuir são hábitos comportamentais, como alto
consumo de cafeína, bebida alcoólica e tabagismo. Além disso, o uso de algumas
medicações pode ter como efeito colateral a interferência no sono, diminuindo sua
qualidade, como por exemplo os anti-hipertensivos, antidepressivos e a insônia rebote
após a retirada de benzodiazepínicos.

4. Consequências dos Distúrbio do Sono no Idoso


Idosos com um sono de má qualidade, em geral, desenvolvem várias
comorbidades importantes. Esses pacientes apresentam sonolência excessiva
pela manhã, diminuição da concentração e capacidade física, sensação de sono
não reparador, supressão imunitária, quedas frequentes e declínio cognitivo.

5. Tratamento
Em geral, queixas relacionadas ao sono dão início a uma “cascata
iatrogênica”, já que em muitas vezes esses pacientes – mal avaliados – recebem
medicações hipnóticas desnecessárias, que geram desde alterações leves de
memória até estados confusionais graves. Para evitar isso, é importante avaliar
ativamente esses distúrbios do sono e, caso estejam presentes, procurar e
afastar primeiramente uma causa secundária, seja orgânica ou psicológica. Nos
distúrbios primários, devemos implementar medidas não-farmacológicas em
todos os pacientes, reservando as medidas farmacológicas para casos que não
respondam adequadamente. Já nos distúrbios secundários devemos sempre
tratar a doença de base e acompanhar o paciente, podendo ser feitas as medidas
não-farmacológicas também para auxiliar no processo. Portanto, os

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medicamentos devem ser utilizados apenas em último caso, tendo em vista seus efeitos
colaterais, bem mais exuberantes na população idosa.

Medidas não-farmacológicas: Segundo o I Consenso Brasileiro de Insônia,


algumas medidas são fundamentais para garantir um sono de qualidade. Algumas são
listadas abaixo:

✓ Evitar cafeína e nicotina, por serem estimulantes e assim dificultarem o


adormecer, ocasionando um despertar por síndrome de abstinência durante a
noite;

✓ Interromper o uso de substâncias que contenham cafeína e/ou nicotina 4 a 6


horas antes do horário de dormir;

✓ Evitar o uso de álcool, pois este induz a um sono de qualidade ruim e fragmentado;

✓ Estabelecer horários regulares de sono;

✓ Não ir para a cama e tentar dormir sem sono;

✓ Não passar o dia preocupando-se com o sono;

✓ Regular o relógio para despertar e levantar sempre no mesmo horário todos os


dias, independente do quanto você dormiu durante a noite. Isto ajudará o
organismo a adquirir um ritmo de sono consistente.

✓ Não cochilar ou se deitar durante o dia (podendo fazer exceção a pessoas idosas
que podem necessitar de cochilo breve no meio do dia, cujo ritmo circadiano de
sono-vigília é bifásico);

✓ Ir para a cama quando estiver com sono;

✓ Caso sinta-se incapaz de dormir, levantar da cama, ir para outro ambiente e


retomar alguma atividade relaxante em ambiente com pouca luminosidade;

✓ Ficar fora da cama o quanto desejar e só retornar novamente para dormir, de


modo a favorecer a associação da cama com o adormecer rápido; e

✓ Não ficar controlando o passar das horas no relógio.

Medidas farmacológicas: As medicações mais comumente utilizadas são não-


benzodiazepínicos (agonista dos receptores benzodiazepínicos) – NBARB;

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benzodiazepínicos (BDZ); antidepressivos; anti-histamínicos; antipsicóticos; e


fitoterápicos. Contudo, as evidências sobre a eficácia e tolerabilidade dessas medicações
variam e devem ser avaliadas em cada caso, principalmente nos idosos.
Os NBARB (Zolpidem, Zeleplon, Zoplicona) são preferíveis aos BDZ, pois
provocam menos efeitos colaterais, sedação residual e dependência. Já os BDZ,
embora sejam muito prescritos, principalmente por médicos não geriatras e não
psiquiatras, devem ser evitados na população idosa, principalmente em quadros
crônicos; porém, podem ser utilizados em curtos períodos para eventos agudos.
Esses medicamentos são evitados pois costumam afetar a memória, causar
grande sedação residual, quedas, depressão respiratória, sensação de “peso na
cabeça”, insônia rebote na retirada, tolerância e dependência. Outras
medicações não possuem evidências confiáveis para uso em idosos, sendo
utilizadas em alguns poucos casos refratários.
Em geral, em pessoas acima de 60 anos, a terapia farmacológica traz mais
comorbidades do que os próprios distúrbios do sono, não sendo justificada na
maioria dos casos.

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Referências Bibliográficas

1- Costa EFA, Galera SC, Porto CC et al. Semiologia do Idoso. In: Porto CC,
Porto AL. Semiologia Médica. 6ª Ed. Grupo Editorial Nacional (GEN), 2009.

2- Oliveira, B. H. D., Yassuda, M. S., Cupertino, A. P. F. B., & Neri, A. L. (2010).


Relações entre padrão do sono, saúde percebida e variáveis socioeconômicas em uma
amostra de idosos residentes na comunidade. Ciênc. Saúde Coletiva, 15(3), 851–860.

3- Del, A., La, S. Y., En, I., Calidad, L. A., En, D. E. V., Envejecimiento, E. L.,
Gonçalves, R. G. (2017). Integrative Review Article Sleep Changes and Interference in
Quality of Life in Aging. 11, 422–428. Disponível em:
https://doi.org/10.5205/reuol.7995-69931-4-SM.1101sup201722.

4- Berlim MT, Lobato MI, Manfro GG. Diretrizes e algoritmo para o manejo
da insônia. Psicofármacos: Consulta Rápida; Porto Alegre, Artmed, 2005. p.385.

5- Associação Brasileira do Sono. Insônia: do diagnóstico ao tratamento: III


Consenso brasileiro de Insônia. 2013; [coordenação geral] Andrea Bacelar, Luciano
Ribeiro Pinto Jr.1. ed. São Paulo: Omnifarma, 2013. p.115-116.

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