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Aula 09

TCE-MS (Técnico de Controle Externo) -


Direito Administrativo 2021 (Pré-Edital)

Autor:
Herbert Almeida, Equipe Direito
Administrativo
Aula 09
28 de Junho de 2021

18700133876 - Tania Cristina Alcantara Coelho de Abreu


Herbert Almeida, Equipe Direito Administrativo
Aula 09

Sumário

1 Noções introdutórias .................................................................................................................. 4

1.1 Conceito de contratos ................................................................................................................. 4


1.2 Legislação ...................................................................................................................................... 8
1.3 Disposições sobre os contratos ................................................................................................ 10

2 Principais contratos administrativos ........................................................................................11

2.1 Contrato de obra ........................................................................................................................ 11


2.2 Contrato de serviço .................................................................................................................... 12
2.3 Contrato de fornecimento (ou compras) ................................................................................. 16
2.4 Contratos de concessão de serviços públicos e de uso de bens públicos ........................ 17

3 Convênios administrativos ........................................................................................................22

4 Características dos contratos administrativos .......................................................................25

4.1 Noções gerais.............................................................................................................................. 25


4.2 Solenidades dos contratos ........................................................................................................ 31

5 Cláusulas exorbitantes ..............................................................................................................50

5.1 Fiscalização .................................................................................................................................. 52


5.2 Ocupação provisória .................................................................................................................. 53
5.3 Restrição à oposição da exceção do contrato não cumprido .............................................. 54
5.4 Medidas de compensação ........................................................................................................ 55
5.5 Garantia ........................................................................................................................................ 58

6 Duração dos contratos ..............................................................................................................64

6.1 Noções gerais.............................................................................................................................. 64


6.2 Prazos de vigência ...................................................................................................................... 65
6.3 Resumo dos prazos de vigência dos contratos ...................................................................... 73

7 Responsabilidades pela execução e pelos encargos do contrato .......................................74

7.1 Responsabilidade pela execução ............................................................................................. 74


7.2 Responsabilidade pelos encargos............................................................................................ 75

8 Recebimento do objeto do contrato ......................................................................................79

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9 Pagamentos ................................................................................................................................84

9.1 Ordem cronológica dos pagamentos ...................................................................................... 84


9.2 Remuneração variável ................................................................................................................ 85
9.3 Pagamento antecipado .............................................................................................................. 86
9.4 Outras disposições sobre pagamentos ................................................................................... 87

10 Extinção dos contratos...........................................................................................................89

10.1 Hipóteses de extinção ............................................................................................................... 90


10.2 Direito subjetivo do contratado à extinção ............................................................................ 92
10.3 Espécies ou formas de extinção do contrato ......................................................................... 94
10.4 Consequências da extinção do contrato ................................................................................. 96

11 Nulidades ............................................................................................................................... 100

12 Alteração dos contratos, alocação de riscos e equilíbrio econômico-financeiro ......... 104

12.1 Formas de alteração dos contratos ........................................................................................ 104


12.2 Alocação de riscos e matriz de riscos .................................................................................... 109
12.3 Equilíbrio econômico-financeiro (reajuste e revisão) ........................................................... 114

13 Inexecução sem culpa e a teoria da imprevisão ............................................................... 123

13.1 Caso fortuito e força maior...................................................................................................... 126


13.2 Fato do príncipe........................................................................................................................ 128
13.3 Fato da administração .............................................................................................................. 129
13.4 Interferências imprevistas ........................................................................................................ 130

14 Meios alternativos de resolução de controvérsias ........................................................... 133

15 Irregularidades ...................................................................................................................... 136

15.1 Infrações administrativas.......................................................................................................... 136


15.2 Sanções administrativas ........................................................................................................... 138
15.3 Procedimento de apuração ..................................................................................................... 145
15.4 Prescrição ................................................................................................................................... 150
15.5 Reabilitação do licitante ou contratado ................................................................................ 152
15.6 Execução da multa e indenizações ........................................................................................ 155
15.7 Cadastros nacionais .................................................................................................................. 156

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16 Impugnações, Pedidos de Esclarecimento e Recursos .................................................... 157

16.1 Impugnações e pedidos de esclarecimento ......................................................................... 157


16.2 Recursos ..................................................................................................................................... 159
16.3 Recursos contra a aplicação de sanções ............................................................................... 162
16.4 Efeitos dos recursos e assessoramento jurídico ................................................................... 164

17 Controle das contratações................................................................................................... 167

17.1 Suspensão cautelar realizada pelo Tribunal de Contas ...................................................... 170

18 Portal Nacional de Contratações Públicas ........................................................................ 173

19 Questões ................................................................................................................................ 176

20 Lista de questões .................................................................................................................. 198

21 Gabarito ................................................................................................................................. 206

22 Referências ............................................................................................................................ 206

Olá pessoal, tudo bem?


Na aula de hoje, vamos estudar os contratos administrativos na Nova Lei de Licitações e Contratos. Este
assunto ganhou alguns tópicos novos na Lei 14.133/2021. Você vai notar a grande importância que o
legislador deu para a alocação de riscos, aumentando significativamente os detalhes sobre as alterações
dos contratos.
Não obstante, o assunto ficou bem bacana. Tenho certeza de que você vai gostar!
Ah, tendo em vista a complexidade e extensão do conteúdo, faça a leitura da aula por partes. Separe alguns
dias do seu ciclo para ir avançando nesta aula. Ao final de cada capítulo, você encontrará os nossos resumos,
para ajudar no processo de revisão.
Vamos aos estudos, aproveitem!

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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
1 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
1.1 Conceito de contratos

Os contratos são acordos de vontades, com objetivo determinado, no qual as partes ajustam as respectivas
obrigações. Por exemplo: você e um pintor (partes) podem combinar a realização da pintura da sua casa
(objetivo), ajustando que você pagará o valor X e ele realizará o serviço de pintura (obrigações).

A administração pública também pode figurar como parte nas relações contratuais, buscando atender às
necessidades da própria administração ou ainda atender às necessidades da população. Portanto, existem
diversos contratos em que a administração pública figurará como parte da relação. Genericamente falando,
todo contrato em que a administração seja parte será denominado contrato da administração.

Perceba, portanto, que até agora não mencionamos características especiais para estes contratos, exceto
o fato de a administração constar como parte. Assim, entenda que “contrato da administração” é o gênero,
que comporta todos os contratos em que a administração figura como parte.

Ademais, é comum dividir os contratos da administração em duas espécies:

a) contratos privados da administração;


b) contratos administrativos.

Os contratos privados da administração, também conhecidos como contratos semipúblicos ou ainda


contratos atípicos da administração, são regidos predominantemente pelo direito privado (ex.: direito
civil). Nesses contratos, a administração se situa em condições de igualdade ou de quase igualdade com o
particular contratado. Não há uma definição bem precisa de quais contratos seriam considerados privados,
mas a doutrina costuma citar os contratos de compra e venda, de doação, de locação, de permuta, entre
outros.1

Por outro lado, os contratos administrativos são regidos predominantemente pelo direito público,
caracterizando-se pela verticalidade na relação entre a administração e o particular contratado. São
exemplos de contratos dessa natureza os contratos de concessão de serviços públicos, de obras públicas
e de uso privativo de bens públicos.

Na verdade, essa divisão dos contratos administrativos e privados não é tão absoluta assim. Primeiro
porque os dois casos admitem a aplicação simultânea do direito público e do direito privado, porém ora
com predomínio de um, ora de outro. Portanto, normalmente, afirmamos que os contratos privados são
regidos pelo direito privado, mas admitem a aplicação de normas de direito público de forma “supletiva”.

Com efeito, o direito público é caracterizado pela presença de prerrogativas e de sujeições. Porém, quando
analisamos a perspectiva das sujeições, os contratos administrativos e os privados não se diferenciam.
1
Carvalho Filho, 2013; Borges e Sá, 2019.

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Ambos devem observar as exigências de forma, de procedimento, de competência e de finalidade.


Explicando melhor: tanto os contratos administrativos como os privados firmados pela administração
adotam, em regra, a forma escrita; quanto ao procedimento, ambos dependem de processo licitatório ou
de formalização da contratação direta, indicação de recursos orçamentários, publicação, controle, etc.; os
dois são firmados pela autoridade pública competente; além disso, ambos devem atender ao fim público.2

As diferenças, porém, podem surgir quanto às prerrogativas. Teoricamente, os contratos administrativos


caracterizam-se pela presença das cláusulas exorbitantes, também denominadas cláusulas de privilégios.
Tais cláusulas representam poderes especiais que a administração possui nas suas relações contratuais,
encontrando fundamento no princípio da supremacia do interesse público sobre o privado. Por exemplo:
a administração poderá alterar, de forma unilateral, os quantitativos contratuais, ou seja, a administração
pode firmar um contrato para uma quantidade inicial e, independentemente de concordância do
contratado, poderá aumentar ou diminuir estes quantitativos, até o limite admitido em lei.

Assim, em regra, costuma-se afirmar que o que diferencia os contratos administrativos dos contratos
privados é a presença das cláusulas exorbitantes naqueles. Portanto, se uma questão perguntar
genericamente qual a diferença desses dois tipos de contratos, responda: as cláusulas exorbitantes.

Porém, sem desespero, precisamos deixar uma ressalva. Ainda que essa seja a diferença marcante, ela
também não é absoluta. Primeiro porque a Lei de Licitações não faz essa diferenciação expressa entre
contratos administrativos e contratos privados. Só isso já dá uma “mitigada” na diferença desses dois
grupos de contratos.

Além disso, ao citar a lista de cláusulas exorbitantes, a Lei 14.133/2021 não define que ela se aplica
“somente a determinados contratos”. Por exemplo, os contratos de compras são citados como exemplos
de contratos “privados”, mas admitem a alteração unilateral prevista no art. 104, I, da NLLC.

Assim, há autores que afirmam que os contratos administrativos terão cláusulas exorbitantes, pela sua
própria natureza, independentemente de qualquer previsão no próprio contrato. Por outro lado, os
contratos privados da administração poderão ter cláusulas exorbitantes, sempre que o interesse público
justificar, mas dependerão de previsão expressa no respectivo contrato.3

Ah, professor, mas então como eu posso entender melhor este assunto?

Muito simples! Primeiro lembre-se que a doutrina prevê um gênero, chamado de contratos da
administração. Que este se subdivide em contratos administrativos e contratos privados, sendo que
aqueles são regidos pelo direito público e estes pelo direito privado (nos dois casos, de forma
“predominante”). Além disso, se te perguntarem qual a diferença entre os dois, diga que a presença das
cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos é a sua característica especial.

Dessa forma, podemos traçar o seguinte resumo:

a) os contratos de direito privado firmados pela administração:


i) são regidos predominantemente pelo direito privado;

2
Di Pietro, 2017.
3
Di Pietro, 2017.

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ii) possuem relação de horizontalidade (igualdade) entre as partes;


iii) submetem-se às sujeições (restrições), tais como a prévia licitação (como regra), a forma escrita,
a publicidade, etc.;
iv) devem atender ao fim público;
v) podem possuir cláusulas exorbitantes, ainda que esta não seja a sua característica.
b) os contratos administrativos:
i) são regidos predominantemente pelo direito público;
ii) possuem relação de verticalidade (superioridade) entre a administração e o particular;
iii) submetem-se às sujeições (restrições), tais como a prévia licitação (como regra), a forma escrita,
a publicidade, etc.;
iv) devem atender ao fim público;
v) possuem as cláusulas exorbitantes, sendo esta a sua principal característica.

Entretanto, após fazer essas diferenciações, “deixe este tema de lado”, tendo em vista que, na prática, as
diferenças não são tão evidentes. Daqui em diante, não vamos mais ficar fazendo essa diferenciação. Ao
longo da aula, vamos falar apenas em contratos ou contratos administrativos, mas sem focar no fato de ser
regido pelo “direito X ou Y”, tendo em vista que isso será irrelevante para o restante do conteúdo desta
aula.

Contrato administrativo Contratos privados da administração

Regime pred.: direito público Regime pred.: direito privado

Verticalidade (supremacia) Horizontalidade (igualdade)

Submete-se a restrições, como as Submete-se a restrições, como as


formalidades e procedimentos formalidades e procedimentos

Possui cláusulas exorbitantes Pode possuir c. exorbitantes

Por fim, vamos ao conceito doutrinário de contrato administrativo. Nessa linha, José dos Santos Carvalho
Filho explica que se pode conceituar contrato administrativo como:4

4
Meirelles, 2013, p. 223.

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[...] o ajuste firmado entre a Administração Pública e um particular, regulado basicamente pelo
direito público, e tendo por objeto uma atividade que, de alguma forma, traduza interesse
público.

Logo, os contratos administrativos caracterizam-se pela presença do regime jurídico de direito público. Nos
capítulos subsequentes vamos detalhar um pouco mais as características dos contratos administrativos.

Também é importante diferenciar atos administrativos de contratos administrativos. Os atos são


unilaterais. Por exemplo: quando a administração aplica uma multa de trânsito, não importa a
vontade da pessoa que foi multada. Por isso, a vontade é unilateral (da administração). Por outro
lado, os contratos administrativos são bilaterais, pois dependem de um acordo de vontade das
duas partes. Por exemplo: uma empresa assina um contrato com a administração, para o
fornecimento de computadores – nesse caso, as duas partes acordam os preços, condições de
fornecimento e de pagamento.

CONCEITO DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Conceito de § Acordos de vontades, com objetivo determinado, no qual as partes ajustam


contrato as respectivas obrigações.

§ Sentido amplo: todos os contratos firmados pela administração.


§ Alcança as seguintes espécies:
§ contratos privados da administração (contratos atípicos da
administração ou contratos semipúblicos)
§ são regidos predominantemente pelo direito privado;
Contratos da
administração § possuem relação de horizontalidade (igualdade) entre as partes;
§ submetem-se às sujeições (restrições), tais como a prévia licitação
(como regra), a forma escrita, a publicidade, etc.;
§ podem possuir cláusulas exorbitantes, ainda que esta não seja a sua
característica.
§ contratos administrativos:

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§ são regidos predominantemente pelo direito público;


§ possuem relação de verticalidade (superioridade) entre a
administração e o particular;
§ submetem-se às sujeições (restrições), tais como a prévia licitação
(como regra), a forma escrita, a publicidade, etc.;
§ possuem as cláusulas exorbitantes, sendo esta a sua principal
característica.

Conceito de § Ajuste firmado entre a administração pública e um particular.


contrato § Regulado basicamente pelo direito público.
administrativo § Tem por objeto uma atividade que traduza interesse público.

1.2 Legislação

A Constituição Federal dispõe que compete privativamente à União legislar sobre “normas gerais de
licitação e contratação” para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios (CF, art. 22, XXVII). Além disso, o art. 173, § 1°, III, da Constituição
Federal exige a edição do estatuto das empresas estatais, que deverá dispor, entre outros temas, sobre
“licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da
administração pública”.5

Por isso, existem dois grandes regimes jurídicos sobre os contratos firmados pela administração pública:

a) Lei 14.133/2021: para a administração direta, autárquica e fundacional;


b) Lei 13.303/2016: para as empresas estatais.

Vamos nos concentrar, agora, no regime de contratação da administração direta, autárquica e fundacional.

Nessa linha, há também outras disposições sobre os contratos em outras leis. Nesse contexto, o art. 3º da
Lei 14.133/2021 afirma que:

Art. 3º Não se subordinam ao regime desta Lei:

I - contratos que tenham por objeto operação de crédito, interno ou externo, e gestão
de dívida pública, incluídas as contratações de agente financeiro e a concessão de
garantia relacionadas a esses contratos;

II - contratações sujeitas a normas previstas em legislação própria.

5
Estamos desconsiderando, nesse caso, a existência da Lei 8.666/1993 e demais normas afins, que continuarão em vigor pelo
prazo de dois anos, desde a publicação da Lei 14.133/2021. Assim, na verdade, temos “três grandes regimes” para os contratos
firmados pela administração. Contudo, como a Lei 8.666/1993 será revogada ao término do prazo de dois anos, vamos
desconsiderá-la neste momento, para fins didáticos.

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Portanto, podem ser editadas leis próprias para contratações em situações específicas, afastando a
aplicação da Lei 14.133/2021.

Ademais, no caso de contratos disciplinados pelas leis 8.987/1995 (Lei das Concessões), 11.079/2004 (Lei
das Parcerias Público-Privadas) e 12.232/2010 (Lei de Contratação de Agências de Propaganda), a aplicação
da Lei 14.133/2021 será subsidiária. Assim, esses contratos são regidos primariamente por essas leis,
aplicando-se a Lei 14.133/2021 de forma supletiva.

Ressalta-se, por fim, que durante o período de dois anos, desde a publicação da Lei 14.133/2021, será
aplicado um regime de transição. Assim, neste período, a administração poderá escolher entre licitar e
contratar com base na legislação “antiga” ou “nova”.

A Lei 14.133/2021 criou um regime de transição com a Lei 8.666/1993 (e afins). Apenas para fins didáticos,
quando mencionarmos a “Lei 8.666/1993” ou “legislação velha”, considere que estamos falando das três
normas que serão revogadas (L8666, L10520 e RDC).

Vamos esclarecer brevemente como ficou o regime de transição:

§ Primeira regra: os contratos assinados antes da entrada em vigor da Lei 14.133/2021 continuarão
regidos de acordo com as regras previstas na legislação revogada (ou quase revogada) (art. 190).
Assim, vale a data da assinatura. Se já assinado, o contrato, durante toda a sua vigência, será regido
pela “legislação velha”;
§ Segunda regra: enquanto os dois regimes estiverem em vigor, a administração poderá escolher entre
licitar ou contratar diretamente com a “lei nova” ou a “lei velha”. Nesse caso, a escolha da legislação
da licitação ou da contratação direta vai definir a norma que regerá o contrato (art. 191). Ademais, a
data de assinatura do contrato, nesse caso, não fará diferença, o que interessa é a data do início da
licitação ou da contratação direta. Em resumo: o contrato seguirá a mesma norma adotada na
licitação ou na contratação direta, mesmo que a sua assinatura ou a sua vigência passe do prazo de
dois anos. Exemplo: a administração fez uma licitação com base na Lei 8.666/1993. Mesmo que a
licitação seja concluída após o prazo de dois anos, o eventual contrato, quando assinado, será regido
pela Lei 8.666/1993, durante toda a vigência contratual.

Em concursos, são raras as cobranças de regras de transição, mas não custa, por garantia, fazer uma breve
leitura dos arts. 190 a 194 da Nova Lei de Licitações.

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1.3 Disposições sobre os contratos

A Lei 14.133/2021 dispõe que:

Art. 89. Os contratos de que trata esta Lei regular-se-ão pelas suas cláusulas e pelos
preceitos de direito público, e a eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da
teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado.

Assim, pelo menos de forma teórica, este comando destina-se aos contratos administrativos, exigindo a
aplicação das cláusulas do contrato e dos preceitos de direito público de forma primária. Porém, de forma
supletiva, ou seja, complementar, admite-se a aplicação da teoria geral dos contratos e as disposições de
direito privado.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) No âmbito da Lei n° 14.133/2021, os contratos são regulados
primariamente pelas normas de direito público e privado a eles aplicados, inclusive no que diz respeito
aos preceitos da teoria geral dos contratos.
Comentário:
Os contratos administrativos regem-se, de forma primária, pelas suas cláusulas e por normas de direito
público. De forma supletiva é que serão aplicados os princípios da teoria geral dos contratos e as
disposições de direito privado, nos termos do art. 89 da NLLC.
Gabarito: errado.

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LEGISLAÇÃO E DISPOSIÇÕES SOBRE CONTRATOS

§ Lei 14.133/2021: administração direta, autárquica e fundacional;


§ não se aplica aos contratos sujeitos à legislação própria e operações de
Legislação
crédito e gestão da dívida pública;
§ Lei 13.303/2016: empresas estatais.

§ Aplicação primária:
§ suas cláusulas;
Disposições sobre § preceitos de direito público.
os contratos § Aplicação subsidiária:
§ princípios da teoria geral dos contratos;
§ preceitos de direito privado.

2 PRINCIPAIS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS


Observação: este assunto não costuma ser cobrado muito em provas. Entretanto, ele consta aqui para
facilitar a compreensão de outros temas que vamos estudar ao longo da aula.

2.1 Contrato de obra

A Nova Lei de Licitações e Contratos apresenta o seguinte conceito de obra (art. 6º, XII):6

XII – obra: toda atividade estabelecida, por força de lei, como privativa das profissões de
arquiteto e engenheiro que implica intervenção no meio ambiente por meio de um
conjunto harmônico de ações que, agregadas, formam um todo que inova o espaço físico
da natureza ou acarreta alteração substancial das características originais de bem
imóvel [...].

Dessa forma, podemos dizer que o conceito de obra envolve os seguintes aspectos:

a) a condução é privativa das profissões de arquiteto e engenheiro;

6
Nesta aula, vamos relembrar alguns conceitos que já estudamos na aula sobre as modalidades de licitação.

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b) inova o espaço físico da natureza ou acarreta alteração substancial das características originais de
bem imóvel.

Um exemplo de “inovar no espaço físico” seria a construção de um prédio em um terreno. Inicialmente, o


terreno estava vazio, e houve uma inovação no espaço, com a construção do prédio. Além disso, a obra
pode acarretar alterações substanciais nas características originais de um bem imóvel, como em uma obra
em um complexo esportivo simples, que é integralmente reformulado para abrir um complexo esportivo
com características olímpicas.

2.2 Contrato de serviço

Serviço é atividade ou conjunto de atividades destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou


material, de interesse da administração.

Como exemplo de utilidade intelectual podemos citar a elaboração de estudos, projetos ou consultorias.
Perceba que, nesses casos, o predomínio da atividade é intelectual, exigindo que o profissional desenvolva
esse tipo de atividade para a administração. Por outro lado, como exemplo de utilidade material podemos
citar a limpeza de instalações, o conserto de equipamentos, a vigilância da sede de um órgão, entre outros.

Ademais, devemos notar que esses serviços são prestados à própria administração pública. Portanto não
podem ser confundidos com a prestação dos serviços públicos. Estes últimos são prestados à sociedade,
diretamente pelo poder público ou indiretamente, por meio de concessão ou permissão de serviços
públicos (CF, art. 175). Assim, os serviços que tratamos aqui são serviços privados prestados à
administração, como a limpeza de uma repartição pública, o conserto de algum equipamento utilizado em
um órgão público, a elaboração de projetos e estudos, etc.

Com efeito, também não podemos confundir serviço com obra pública. De acordo com José dos Santos
Carvalho Filho, “no fundo a obra não deixa de ser um serviço com resultado”. Complementa o autor:
“Parece-nos que, apesar das dificuldades, pode entender-se que na obra há sempre um acréscimo ou
modificação significativa no bem imóvel, enquanto que nos serviços gerais predomina a atividade, a
execução, o facere, enfim”.7

Porém, na prática, nem sempre será possível fazer uma distinção exata do que seria um serviço ou uma
obra. Mas para fins de concurso é mais relevante entender os conceitos previstos na legislação. Logo,
enquanto o serviço é uma utilidade, intelectual ou material, a obra consiste em atividade que inova o
espaço físico ou altera substancialmente um imóvel.

Anota-se ainda que os serviços podem ser comuns ou especiais. Os serviços comuns são aqueles cujos
padrões de desempenho e qualidade podem ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de
especificações usuais de mercado (art. 6º, XIII). Como consequência, esses serviços são licitados mediante
pregão.8 Por exemplo, um serviço de limpeza das instalações, em regra, é um serviço comum, uma vez que
é passível de definição objetiva no edital.

7
Carvalho Filho, 2014, p. 185.
8
Lembrando que, no caso de serviços comuns de engenharia, admite-se também a concorrência (art. 6º, XXXVIII).

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Por outro lado, os serviços especiais são aqueles que por sua alta heterogeneidade ou complexidade, não
podem ser descritos objetivamente (art. 6º, XIV). Um exemplo é a contratação de um serviço de consultoria,
que poderá ter distintas soluções.

Agora, vamos discutir as diversas espécies de contratos de serviços previstos na Lei 14.133/2021.

2.2.1 Contratos de serviços de engenharia

Os serviços de engenharia são definidos como:

XXI – serviço de engenharia: toda atividade ou conjunto de atividades destinadas a obter


determinada utilidade, intelectual ou material, de interesse para a Administração e que,
não enquadradas no conceito de obra a que se refere o inciso XII do caput deste artigo,
são estabelecidas, por força de lei, como privativas das profissões de arquiteto e
engenheiro ou de técnicos especializados, que compreendem:

a) serviço comum de engenharia: todo serviço de engenharia que tem por objeto ações,
objetivamente padronizáveis em termos de desempenho e qualidade, de manutenção,
de adequação e de adaptação de bens móveis e imóveis, com preservação das
características originais dos bens;

b) serviço especial de engenharia: aquele que, por sua alta heterogeneidade ou


complexidade, não pode se enquadrar na definição constante da alínea “a” deste inciso
[...].

Dessa forma, os serviços de engenharia têm três características:

(i) são atividade ou conjunto de atividades destinadas a obter determinada utilidade, intelectual ou
material;
(ii) são serviços que, por força de lei, são privativos das profissões de arquiteto e engenheiro ou de
técnicos especializados;
(iii) não são classificados como obra.

O item “i” versa sobre o conceito geral de serviços (utilidade material ou intelectual). O item “ii” apresenta
uma pequena diferença para o conceito de obra. Além de admitir os profissionais de arquitetura e
engenharia, também admite os técnicos especializados. Por fim, há um conceito “residual”, qual seja, o
serviço de engenharia não é uma obra.

Por exemplo: uma reforma interna de uma repartição pública destinada a modernizar o sistema de
climatização será, a priori, um serviço de engenharia. Perceba o seguinte: esse serviço tem características
intelectuais (o planejamento) e 9 materiais (a execução). Exige o acompanhamento de profissional
habilitado. Por fim, como se trata de uma atividade que não altera substancialmente as características do
imóvel, mas apenas reforma o sistema de climatização, não será uma “obra”.

9
Apesar de a lei adotar o termo “ou”, não há problema em atender aos critérios intelectuais e materiais.

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Os serviços de engenharia subdividem-se em comuns e especiais. O primeiro pode ser “objetivamente


padronizável”. Por exemplo: o metro quadrado de colocação de revestimento. Os especiais, por outro lado,
não são objetivamente padronizáveis. Um exemplo seria a realização de um serviço de engenharia cujas
características dependessem de uma capacidade técnica especial do profissional, de tal forma que não seria
possível descrevê-lo objetivamente.

Privativas de arquiteto ou engenheiro

Obras Inova o espaço físico da natureza

Ou acarreta alteração substancial do imóvel

Utilidade material ou
Obra vs.
intelectual
serviços de
engenharia
Privativas de arquiteto,
Conceito: engenheiro ou técnicos
especializados

Serviços de Não é obra


engenharia
Comuns Objetivamente

Especiais Não descreve objetivamente

2.2.2 Contratos de serviços por escopo e de serviços contínuos

Os contratos de serviços também podem ser:

a) por escopo ou de serviços não contínuos;


b) contínuos.

Os contratos por escopo, também conhecidos de contratos de serviços não contínuos, são aqueles que
impõem ao contratado o dever de realizar a prestação de um serviço específico em período
predeterminado, podendo ser prorrogado, desde que justificadamente, pelo prazo necessário à conclusão
do objeto (art. 6º, XVII).

Por exemplo, se a administração contratar uma empresa para realizar a pintura da sua fachada, este será
um contrato por escopo. Ele tem um objetivo bem definido: a realização da pintura. Uma vez concluída a
pintura (o escopo), o contrato estará concluído. Portanto, esse tipo de contrato perdura pelo tempo
necessário para a conclusão do objeto. Assim, o prazo, por si só, não é suficiente para definir a vigência do

14
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contrato, funcionando, na verdade, como uma obrigação para o contratado (exemplo: concluir o objeto até
o dia tal).

Por outro lado, os serviços contínuos são os serviços contratados pela administração pública para a
manutenção da atividade administrativa, decorrentes de necessidades permanentes ou prolongadas (art.
6º, XV). Assim, nesse tipo de contrato, a necessidade da administração se renova constantemente, motivo
pelo qual a vigência do contrato é definida pelo seu prazo, pois o contratado prestará o serviço
permanentemente ao longo de toda a duração do contrato.

Por exemplo: o serviço de manutenção das instalações (limpeza) é prestado diariamente. Tal necessidade
não se esgota, pois a limpeza terá que ser prestada de forma permanente, ao longo de toda a vigência do
contrato.

É importante observar que um serviço poderá ser contínuo para um órgão, mas não contínuo para outro.
Assim, é imprescindível analisar caso a caso a necessidade da administração. Dessa forma, o serviço será
contínuo quando for essencial para assegurar a integridade do patrimônio público de forma rotineira e
permanente ou para manter o funcionamento das atividades finalísticas do ente administrativo, de modo
que sua interrupção possa comprometer a prestação de um serviço público ou o cumprimento da missão
institucional.10

Por exemplo: um órgão que realiza auditorias e que precisa enviar servidores para diversos locais do país
poderá firmar um contrato de fornecimento de passagens aéreas como um serviço contínuo, uma vez que
a interrupção dessa atividade poderá inviabilizar a realização de suas atividades finalísticas (realização de
auditorias). Por outro lado, para um órgão da Justiça Federal, que precisa de passagens somente para
eventos bem específicos, o fornecimento de passagens aéreas não será um serviço contínuo.

2.2.2.1 Serviços contínuos com dedicação exclusiva ou predominante de mão de obra

São serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra aqueles cujo modelo de
execução contratual exige, entre outros requisitos, que (art. 6º, XVI):

a) os empregados do contratado fiquem à disposição nas dependências do contratante para a


prestação dos serviços;
b) o contratado não compartilhe os recursos humanos e materiais disponíveis de uma contratação para
execução simultânea de outros contratos;
c) o contratado possibilite a fiscalização pelo contratante quanto à distribuição, controle e supervisão
dos recursos humanos alocados aos seus contratos.

Um exemplo clássico é o contrato de vigilância e segurança das instalações. Nesse caso, o contrato
contemplará o fornecimento dos vigilantes, que atuarão nas dependências do contratante. Note ainda que
o vigilante atuará no órgão ou entidade contratante, de tal forma que o seu serviço não poderá ser
compartilhado em outros contratos. Além disso, tendo em vista a responsabilidade pelos encargos
previdenciários e trabalhistas (vide art. 121, §§ 2º e 3º), a administração poderá fiscalizar a gestão dos

10
TCU, Acórdão 132/2008 – Segunda Câmara.

15
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recursos humanos. Logo, trata-se de contrato de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de
mão de obra.

É muito importante entender o conceito de contrato de serviços contínuos com regime de dedicação
exclusiva11 de mão de obra, pois a Lei de Licitações e Contratos prevê algumas regras específicas, como:

a) responsabilidade solidária pelos encargos previdenciários e subsidiária, no caso de falha na


fiscalização, pelos encargos trabalhistas (art. 121, § 2º);
b) atualização dos preços mediante repactuação (art. 135).

Por fim, entenda que nem todo serviço contínuo é um serviço contínuo com regime de dedicação
exclusiva de mão de obra. No exemplo das passagens aéreas, que vimos acima, não há fornecimento de
mão de obra, mas do serviço contínuo de fornecimento de passagens para viagens aéreas.

2.3 Contrato de fornecimento (ou compras)

Os contratos de fornecimento são aqueles destinados à aquisição de bens móveis – tais como material de
escritório, gêneros alimentícios, material de limpeza, equipamentos, etc. – necessários à manutenção das
atividades administrativas, à prestação de serviços públicos ou à realização de obras.

Os contratos de fornecimento nada mais são do que os contratos “de compra e venda”, nos quais uma
parte adquire e a outra vende um material. Nesse sentido, a Lei 14.133/2021 define compras como:
“aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente, considerada
imediata aquela com prazo de entrega de até 30 (trinta) dias da ordem de fornecimento” (art. 6º. § X).

Os contratos de fornecimento também podem ser prestados de forma contínua. Nessa linha, o art. 6º, XV,
da Lei de Licitações define fornecimento contínuo como as compras realizadas pela administração pública
para a manutenção da atividade administrativa, decorrentes de necessidades permanentes ou
prolongadas. Um exemplo seria o fornecimento contínuo de cartuchos de impressora, para um órgão que
precisa imprimir documentos específicos (carteira de identidade, carteira de motorista, etc.).

Já vimos o conceito de serviço e de fornecimento. Normalmente, essas atividades são realizadas


em contratos separados. Porém, a Nova Lei de Licitações incorporou um novo regime de execução,
denominado de fornecimento e prestação de serviço associado.

Nesse regime de contratação, o contratado se responsabiliza pelo fornecimento do objeto e pela


sua operação, manutenção ou ambas, por tempo determinado (art. 6º, XXXIV). Logo, o contrato
será dividido em duas etapas: (i) no fornecimento, etapa em que o contratado entrega um objeto

11
Em alguns casos, a Lei de Licitações também adota a expressão: “regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou
predominância de mão de obra”.

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para a administração; (ii) no serviço, etapa em que o contratado presta um serviço de operação
e/ou manutenção do bem fornecido.

Por exemplo: uma prefeitura compra um equipamento de tomografia computadorizada e, no


mesmo contrato, prevê que o fornecedor terá que realizar a manutenção do aparelho durante
determinado prazo. Nesse contrato, teremos o fornecimento e o serviço associados.

2.4 Contratos de concessão de serviços públicos e de uso de


bens públicos

De acordo com a Constituição Federal de 1988, o Poder Público poderá prestar os serviços diretamente ou
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação. Dessa forma, a concessão e a
permissão são formas de delegação de serviços públicos, ou seja, representam a descentralização de
serviços por colaboração ou delegação.

Durante algum tempo, houve muita discussão sobre a natureza da permissão de serviços públicos, se
consistia em ato ou em contrato administrativo. Não nos cabe, neste momento, aprofundar tal debate.
Apenas afirmamos que a Lei 8.987/1995 expressamente dispõe que a permissão é formalizada por contrato
de adesão. Dessa forma, para fins de concurso, a permissão de serviço público é formalizada por contrato,
conforme expressamente dispõe o art. 40 da Lei 8.987/1995.

De qualquer forma, quando aborda as espécies de contrato, a doutrina fala apenas em “contrato de
concessão”. Assim, debateremos a parte conceitual dos contratos de concessão e, ao final deste tópico,
traremos rapidamente o conceito de permissão de serviço público.

A concessão é uma forma de delegação de serviços públicos, realizada por meio de contrato administrativo
precedido de licitação pública. Assim, por meio da concessão, a administração transfere determinados
poderes a particulares para que prestem determinado serviço público. Por exemplo, é concessão a
delegação dos serviços de telefonia para a Oi, Vivo, Tim, Claro, etc.; também é concessão a delegação da
manutenção e operacionalização de rodovias; é concessão a delegação da realização de investimentos,
manutenção e exploração dos aeroportos; etc.

De acordo com a Profª. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a concessão, em sentido amplo, é definida como o:

[...] contrato administrativo pelo qual a Administração confere ao particular a execução


remunerada de serviço público, de obra pública ou de serviço de que a Administração
Pública seja a usuária direta ou indireta, ou lhe cede o uso de bem público, para que o
explore pelo prazo e nas condições regulamentares e contratuais.

Com efeito, existem diversas formas de concessão:

a) concessão de serviço público “comum” ou “ordinária”;


b) concessão de serviço público precedida de obra pública;
c) concessão administrativa; e

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d) concessão patrocinada.

As duas primeiras formas de concessão são regidas primariamente pela Lei 8.987/1995 (Lei das
Concessões). As duas últimas, por sua vez, são regidas primariamente pela Lei 11.079/2004 (Lei das
Parcerias Público-Privadas). Em todas essas quatro espécies de concessão de serviços públicos a Lei
14.133/2021 tem aplicação apenas subsidiária (art. 186).

Vamos analisar brevemente as suas características:

a) concessão de serviço público ordinária, comum ou tradicional: na qual a remuneração básica decorre
de tarifa paga pelo usuário ou outra forma de remuneração decorrente da própria exploração do
serviço (receitas alternativas); é a categoria básica prevista na Lei 8.987/95 e legislação esparsa sobre
os serviços públicos específicos;

Na mesma linha, a Lei 8.987/1995 define a concessão de serviço público (na conhecida categoria comum)
como a “delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade
concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado” (Lei 8.987/1995, art. 2º,
II).

b) concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: prevista para as modalidades
disciplinadas na Lei 8.987/1995 e na Lei 11.079/2004.

Podemos encontrar a definição de concessão de serviço público precedida da execução de obra pública no
art. 2º, III, da Lei 8.987/1995, nos seguintes termos:

III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção,


total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras
de interesse público, delegados pelo poder concedente, mediante licitação, na
modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio de
empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de
forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a
exploração do serviço ou da obra por prazo determinado;

A concessão de obra pública não se confunde com os simples contratos de obras.

Na concessão de obra pública, é o usuário ou o beneficiário da obra que realiza a remuneração do


investimento. Nesse caso, além da obra em si, existe a prestação de um serviço decorrente da utilização da
obra, que deverá ser remunerado pelo usuário do serviço. Portanto, na concessão de serviço precedida de
obra, o objeto do contrato não é simplesmente a realização da obra, mas também a prestação de um
serviço público ao usuário. Vale dizer que, nos contratos de obra pública (ou seja, sem a concessão), a
remuneração do contratado é realizada diretamente pela administração pública.

Com efeito, destaca-se que a Lei 11.079/2004 veda a celebração de contrato de parceria público-privada
que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de
equipamentos ou a execução de obra pública. Portanto, além da obra, deverá existir a prestação de um
serviço público.

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Além da forma comum de concessão (com ou sem obra), a Lei 11.079/2004 – Lei das Parcerias Público-
Privadas – criou duas formas de concessão, vejamos:

c) concessão patrocinada: em que se conjugam a tarifa paga pelos usuários e a contraprestação


pecuniária do concedente (parceiro público) ao concessionário (parceiro privado); ou seja, o
concessionário (a empresa que explora a atividade) recebe a tarifa do usuário e um complemento
pago pela administração;

Na Lei das Parcerias Público-Privadas – PPP, a concessão patrocinada é definida como “a concessão de
serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando
envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao
parceiro privado” (Lei 11.079/2004, art. 2º, § 1º).

d) concessão administrativa: a remuneração básica é constituída por contraprestação feita pelo


parceiro público ao parceiro privado;
1
De acordo a Lei 11.079/2004, a concessão administrativa é “o contrato de prestação de serviços de que a
Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou
fornecimento e instalação de bens”.

Assim, de forma simples, na concessão comum, a concessionária recebe uma tarifa do usuário e,
complementarmente, outras fontes de recursos decorrentes da exploração do serviço. Na concessão
patrocinada, ocorrerá o pagamento de tarifa pelo usuário e um complemento pago pela administração.
Por fim, na concessão administrativa, a remuneração básica do concessionário decorre de pagamentos da
administração.

Por fim, não confunda a concessão de serviços públicos com a concessão de uso de bem público.

Nesse contexto, a concessão de uso de bem público é uma forma de atribuir o uso privativo de bens
públicos a particulares. Para Maria Di Pietro, a concessão de uso é o “contrato administrativo pelo qual a
Administração Pública faculta a terceiro a utilização privativa de bem público, para que a exerça conforme
sua destinação”12. Complementa a autora dispondo que a concessão de uso possui natureza de contrato
de direito público, sinalagmático13, oneroso ou gratuito, comutativo14 e realizado intuitu personae.

Portanto, na concessão de uso a administração concede a utilização de determinado bem público ao


particular, podendo ou não exigir remuneração em troca. Um exemplo de concessão de uso ocorre quando
a administração concede a utilização de uma loja dentro de uma instituição pública para que o particular
explore comercialmente o lugar. Outro exemplo poderia ser a exploração de um quiosque na beira da praia.
Perceba que, nesses casos, o contratado poderá utilizar um bem público (a loja, o quiosque, etc.), para um
fim de seu interesse.

Mas qual é a diferença da concessão de uso de bem público para a concessão de serviço público relativa à
exploração de uma rodovia ou de um aeroporto, por exemplo? A principal diferença é que, na concessão

12
Di Pietro, 2014, p. 771.
13
O contrato sinalagmático é o contrato bilateral em que as duas partes se obrigam reciprocamente, ou seja, as duas partes
possuem as duas obrigações que devem ser cumpridas.
14
O contrato comutativo é aquele em que as obrigações de cada uma das partes são conhecidas e certas.

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de serviço público o contratado está prestando um serviço de titularidade do Estado e que é de interesse
de toda a coletividade. Por exemplo: a operação de aeroportos e de rodovias é uma atividade de
titularidade do Estado, mas que poderá ser delegada mediante concessão.

Por outro lado, na concessão de uso, o contratado poderá explorar o bem público em seu interesse, para
prestar uma atividade que não é de titularidade do Estado. Por exemplo, na concessão de uso de um espaço
para funcionar um refeitório, dentro de um órgão público, a atividade comercial (fornecimento de
refeições) não é um serviço público, muito menos será uma atividade de titularidade do Estado. Nesse caso,
a concessão, então, versa sobre o uso do espaço, do local, do bem público, e não do serviço em si.

Dessa forma, enquanto os quatro primeiros contratos de concessão que vimos acima (ordinária,
patrocinada, administrativa e de obra pública) são contratos de delegação da prestação de serviços
públicos, a concessão de uso de bem público não é delegação de serviço, mas contrato que permite a
utilização privativa de um bem público.
5
Concessão ordinária

Concessão administrativa
Serviços públicos
Concessão patrocinada

Contratos de
concessão Concessão precedida de obra pública

Uso privativo de
Concessão de uso de bem público
bem público

Essa diferença é relevante, uma vez que os contratos de concessão de serviços públicos não seguem a Lei
14.133/2021 de forma primária (art. 186), mas a concessão de uso segue a Lei de Licitações primariamente,
nos termos do art. 2º, IV, da Lei 14.133/2021.

Antes de finalizarmos, cumpre observar que, ao lado da concessão de serviços públicos, temos a permissão
de serviços públicos. A permissão de serviço público é definida pela Lei 8.987/1995 como “a delegação, a
título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa
física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco” (art. 2º, IV).
Complementa ainda a norma que “A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de
adesão”, que deverá observar os termos da Lei 8.987/1995, das demais normas pertinentes e do edital de
licitação, “inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder
concedente”.

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PRINCIPAIS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

§ Atividade privativa das profissões de arquiteto e engenheiro;


Contrato de § Implica intervenção no meio ambiente, por um conjunto de ações que:
obra § inova o espaço físico da natureza; ou
§ acarreta alteração substancial das características originais de bem imóvel.

§ Atividade ou conjunto de atividades destinadas a obter determinada utilidade,


intelectual ou material, de interesse da administração.
c
§ Serviços comuns: podem ser definidos objetivamente.
§ Serviços especiais: por sua alta heterogeneidade ou complexidade, não podem
ser descritos objetivamente.

§ Os serviços de engenharia têm três características:


§ são atividade ou conjunto de atividades destinadas a obter determinada
utilidade, intelectual ou material;
§ são serviços que, por força de lei, são privativos das profissões de arquiteto e
engenheiro ou de técnicos especializados;
§ não são classificados como obra.
Contrato de § Podem ser comuns ou especiais.
serviço
§ Contratos por escopo ou de serviços não contínuos:
§ prestação de um serviço específico em período predeterminado, podendo
ser prorrogado.
§ Contratos de serviços contínuos:
§ serviços contratados pela administração pública para a manutenção da
atividade administrativa, decorrentes de necessidades permanentes ou
prolongadas.
§ Contratos de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de
obra: (i) empregados do contratado fiquem à disposição nas dependências do
contratante; (ii) recursos humanos e materiais não são compartilhados em outros
contratos; (iii) possibilita a fiscalização da gestão dos recursos humanos pelo
contratante.

§ São os contratos de compras.


Contrato de
fornecimento § Compra: aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou
parceladamente.

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§ Entrega imediata: até 30 dias da ordem de fornecimento.


§ O fornecimento também pode ser contínuo.
§ A NLLC admite o regime de “fornecimento e prestação de serviço associado”:
§ O contratado se encarrega de fornecer o bem e de realizar a sua
manutenção e/ou operação por período determinado.

§ Concessão de serviço público: envolve a delegação de um serviço público


(titularidade do Estado), admitindo várias espécies:
§ concessão de serviço público comum;
Contrato de § concessão de serviço público precedida de obra pública;
concessão
§ concessão patrocinada;
§ concessão administrativa.
f
§ Concessão de uso: concede o uso privativo de um bem público.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Entende-se por obra pública a atividade estabelecida, por força de lei,
como privativa das profissões de arquiteto, engenheiro de técnicos especializados que implica
intervenção no meio ambiente, inovando o espaço físico da natureza ou acarretando alteração
substancial das características originais de bem imóvel.
Comentário: quase isso! Porém, o contrato de obra pública envolve a atividade privativa de das profissões
de arquiteto e engenheiro. Somente os serviços de engenharia que admitem, além dessas duas profissões,
os técnicos especializados. É uma diferença sútil, mas que poderá ser explorada em provas.
Gabarito: errado.

3 CONVÊNIOS ADMINISTRATIVOS
É importante também fazer uma diferenciação entre contratos e convênios administrativos. Ambos
representam ajustes bilaterais, em que as partes definem obrigações. Porém, a diferença é que, nos
contratos administrativos, os interesses das partes são “opostos” ou “diversos”.

Diz-se “opostos” porque os interesses não são exatamente os mesmos. Vamos pensar em um exemplo: a
administração de um município contratou uma empresa para a construção de um hospital. Nesta relação,
o município deseja a construção do hospital, enquanto a empresa deseja obter o valor pelo cumprimento
do objeto do contrato. Logo, os interesses são diversos.

Por outro lado, nos convênios, os interesses são recíprocos. Assim, podemos definir convênios
administrativos como os acordos firmados entre pessoas administrativas entre si, ou entre estas e
entidades particulares, com vistas a ser alcançado determinado objetivo de interesse público e recíproco.

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Imagine que a União firma um convênio com um município para a construção de um hospital. Assim, a
União vai repassar parcela dos recursos, enquanto o município vai aplicar ou aportar o restante dos valores,
comprometendo-se a gerenciar a execução do empreendimento. Nesse caso, tanto a União como o
município terão o mesmo propósito: construir o hospital. As duas partes desejam que a obra custe o menor
preço, tenha a maior qualidade e seja entregue no menor tempo; logo a relação é recíproca.

IMPORTANTE:
A diferença mais marcante entre convênio e contrato é que, no primeiro, os interesses são
comuns e coincidentes; enquanto, no contrato, os interesses são diversos e opostos.
1
Agora, vejamos o que a Lei 14.133/2021 dispõe sobre os convênios:

Art. 184. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber e na ausência de norma
específica, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados
por órgãos e entidades da Administração Pública, na forma estabelecida em regulamento
do Poder Executivo federal.

Este é um tema muito difícil de estudar, por dois motivos. Primeiro porque não existe uma norma geral de
convênios. A Lei de Licitações apenas mencionou a sua aplicação aos convênios, porém de forma
subsidiária, tendo em vista que a aplicação somente ocorrerá “no que couber e na ausência de norma
específica”.

O outro problema é que o conceito de convênio, há muito tempo consagrado na doutrina e na legislação,
foi significativamente esvaziado com a publicação da Lei 13.019/2014, que trata do regime jurídico das
parcerias firmadas entre a administração pública e as organizações da sociedade civil.

Nessa linha, a Lei 13.019/2014 criou novos instrumentos de parceria entre a administração pública e as
organizações da sociedade civil, como o termo de colaboração, o termo de fomento e o acordo de
cooperação. Além disso, outras leis também deram “nomes específicos” para algumas formas de parcerias,
como os contratos de gestão (firmados com as organizações sociais)15 e os termos de parceria (firmados
com as organizações da sociedade civil de interesse público)16.

Todos esses instrumentos de parceria (termo de colaboração, termo de fomento, acordo de cooperação,
contrato de gestão e termo de parceria) possuem a mesma natureza dos convênios, ou seja, são
instrumentos em que as partes buscam alcançar um objeto de interesse recíproco. Porém, como eles são
regidos por leis próprias, acabaram ganhando “um nome próprio”. Assim, não são chamados de convênios
(mesmo possuindo a mesma natureza destes).

15
Lei 9.637/1998.
16
Lei 9.790/1999.

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Hoje, então, podemos dar dois conceitos para os convênios:

a) em sentido amplo: convênio é qualquer ajuste entre pessoas administrativas ou entre estas e
particulares, envolvendo interesses recíprocos;
b) em sentido estrito: convênio é um ajuste entre pessoas administrativas ou entre estas e particulares,
envolvendo interesses recíprocos, exceto quando a legislação trouxer uma designação diferente para
a parceria.

Dessa forma, considerando a Lei 13.019/2014, a expressão convênio (usando o seu sentido estrito) ficou
limitada, basicamente:

i) às parcerias firmadas com entidades filantrópicas no âmbito do SUS (CF, art. 199, § 1º);
ii) àqueles firmados entre entes federados ou pessoas jurídicas a eles vinculadas (vide arts. 84 e 84-A da
Lei 13.019/2014).
7
Por exemplo: continua a ser chamada de convênio a parceria firmada entre a União e um município (entes
federados) para a realização de determinado programa social de interesse comum.

Não se preocupe, pois as questões de prova não costumam fazer confusão. Genericamente, considere que
convênio é um instrumento em que as partes buscam o interesse recíproco. Porém, se em algum momento
você tiver que estudar outros instrumentos de parceria, lembre-se que a legislação (especialmente as leis
13.019/2014, 9.637/1998 e 9.790/1999) preveem instrumentos de parcerias específicos.

CONVÊNIOS

§ Acordos firmados entre pessoas administrativas entre si, ou entre estas e


Conceito entidades particulares, com vistas a ser alcançado determinado objetivo de
interesse público e recíproco.

Diferença entre § Contrato: interesses opostos.


convênio e § Convênio: interesse recíproco.
contrato

§ A legislação vem atribuindo nomes específicos para instrumentos de parcerias


Esvaziamento que possuem a natureza de convênio, mas ganham “nomes próprios”.
do conceito de
convênio § Exemplos: termo de colaboração, termo de fomento, acordo de cooperação,
contrato de gestão e termo de parceria.

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4 CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS


4.1 Noções gerais

Existem diversas características dos contratos administrativos. Na verdade, muitas dessas características
não são apenas dos contratos administrativos propriamente ditos, pois estarão presentes em todos os
contratos firmados pela administração pública. Porém, como já debatemos acima, não é tão produtiva a
discussão entre as diferenças dos contratos administrativos e dos contratos de direito privado firmados
pela administração. Então, a seguir, vamos citar características dos “contratos administrativos”, sem
prejuízo de encontrar algumas delas em quaisquer dos contratos firmados pelo poder público.

Nessa linha, podemos dizer que são características dos contratos administrativos:

a) presença da administração como poder público;


b) finalidade pública;
c) obediência à forma prescrita em lei (em regra, são formais);
d) seguem procedimento legal, como a prévia licitação (em regra);
e) mutabilidade;
f) natureza de contrato de adesão;
g) natureza intuitu personae;
h) a presença das cláusulas exorbitantes.

Vamos debater, em capítulos separados, as características da formalidade (letra “c”) e as cláusulas


exorbitantes, tendo em vista a profundidade e relevância desses dois temas.

4.1.1 Presença da administração como poder público

Uma das partes da relação contratual será a administração pública. Porém, aqui com uma característica
especial: a administração agindo como poder público. Isso significa que, nesses casos, a administração
estará atuando com as suas prerrogativas especiais, tais como as cláusulas exorbitantes, que demonstram
a presença predominante do regime jurídico-administrativo.

4.1.2 Finalidade pública

Toda a atuação da administração deverá ter finalidade pública, não apenas nos contratos administrativos,
mas em todos os seus contratos ou atos. Nessa linha, a administração pública se submete ao princípio
constitucional da impessoalidade, que na vertente da finalidade significa que o poder público sempre
deverá proteger o interesse público.

Há casos, porém, em que o particular contratado poderá usufruir diretamente da utilidade do contrato, a
exemplo dos contratos de concessão de uso. Um exemplo é a concessão de uso de um quiosque na beira
da praia. O beneficiário direto é o particular, que poderá explorar o comércio no local. Não obstante, o fim

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do contrato será atender ao interesse público, por meio do fomento ao comércio, utilidade dos serviços
oferecidos para a população e até mesmo a obtenção de receita pela concessão do uso do bem.

4.1.3 Obediência à forma prescrita em lei

Os contratos administrativos são, em regra, formais, permitindo a realização da transparência e a promoção


do controle social. Justamente por isso, em regra, os contratos serão escritos e deverão ser juntados ao
processo que tiver dado origem à contratação (art. 91, caput). Este tema, entretanto, comporta vários
detalhes e exceções. Dedicaremos um subtítulo próprio adiante.

4.1.4 Procedimento legal

Os contratos administrativos seguem um procedimento legal, majoritariamente definido na Lei


14.133/2021 e na Constituição Federal.

Nessa linha, em regra, eles deverão ser precedidos de licitação pública, exceto nas hipóteses de
contratação direta (CF, art. 37, XXI; Lei 14.133/2021, arts. 72 a 76). Assim, podemos dizer que é
característica dos contratos administrativos a prévia realização de processo licitatório, com exceção das
hipóteses de contratação direta.

4.1.5 Mutabilidade

Os contratos administrativos são mutáveis ou instáveis, ou seja, podem ser alterados. Logo, as condições
inicialmente fixadas no contrato podem ser modificadas em diversas hipóteses, quando o interesse público
assim justificar.

Um contrato poderá sofrer alterações unilaterais, como demonstração das cláusulas exorbitantes (art. 104,
I; c/c art. 124, I), mas também se admite a alteração do contrato por acordo das partes (art. 124, II). Nesse
último caso, podemos observar as alterações decorrentes de situações imprevistas, que formam a
denominada teoria da imprevisão, como ocorre nas hipóteses de caso fortuito e força maior.

Este é um assunto muito importante e que possui um capítulo próprio na Lei 14.133/2021 (arts. 124 a 136).
Assim, deixaremos para estudar os detalhes em capítulo específico.

4.1.6 Natureza de contrato de adesão

A administração estabelece previamente todas as cláusulas do contrato, de forma unilateral. Logo, o


contratado tem uma margem muito limitada na elaboração do contrato administrativo. Por isso, os
contratos administrativos são denominados contratos de adesão.

Só para exemplificar: sabe aqueles contratos que você assina quando contrata um plano de telefonia? O
contrato já vem “pronto” para você. A sua margem é apenas: assinar ou não assinar; ou “aderir” ou “não
aderir”.

Ainda assim, será um contrato, uma relação bilateral, pois você tem a opção de não contratar o plano. No
mesmo contexto, as empresas podem contratar com a administração ou não. Por isso, ainda que as

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cláusulas sejam elaboradas unilateralmente pela administração, o contrato, o acordo, constitui


manifestação bilateral (os dois concordaram com os seus termos).

Nessa linha, a minuta do contrato constará obrigatoriamente como anexo do edital de licitação (art. 18,
VI); os órgãos com competências regulamentares da administração poderão instituir minutas padronizadas
de contratos (art. 19, IV); sempre que o objeto permitir, a administração adotará minutas padronizadas
dos contratos, com cláusulas uniformes (art. 25, § 1º); ademais, a minuta do contrato será previamente
analisada pelo órgão de assessoramento jurídico da Administração (art. 53, § 5º).

Isso significa que, na licitação, a administração já define os termos do contrato, cabendo ao futuro
contratado apenas definir as condições de sua proposta, durante o processo de licitação. O mesmo se aplica
às contratações diretas, pois nesses casos a administração também define previamente as condições gerais
do futuro contrato.

4.1.7 Natureza intuitu personae

Os contratos administrativos são firmados após um processo de licitação pública ou, mesmo quando este
processo é dispensado, há um procedimento mais simples, que justificará a escolha do contratado (art. 72,
VI).

Logo, os contratos são firmados com uma pessoa específica, escolhida por algum motivo especial. Dessa
forma, os contratos devem ser executados por esta pessoa, escolhida por meio de licitação ou de
contratação direta. Diz-se, assim, que os contratos administrativos são personalíssimos, ou seja, possuem
natureza intuitu personae. Com efeito, a NLLC dispõe que o contrato deverá ser executado fielmente pelas
partes (art. 115).

Por certo, a decretação de falência ou de insolvência civil, a dissolução da sociedade ou o falecimento do


contratado são causas que justificam a extinção do contrato (art. 137, IV), justamente porque este não
poderá ser executado pela parte contratada pela administração.

Todavia, a despeito dessa natureza personalíssima dos contratos, são admitidos, em alguns casos, a
subcontratação.

Nessa linha, subcontratar significa que parcela da obra ou serviço será realizada por um terceiro. Nesse
contexto, admite-se a subcontratação de partes da obra, do serviço ou do fornecimento até o limite
autorizado, em cada caso, pela administração. Ademais, a subcontratação ocorrerá sem prejuízo das
responsabilidades contratuais e legais (art. 122, caput).

Por exemplo: uma empresa é contratada para a construção de uma escola, que contará com um complexo
esportivo com piscina. Tendo em vista a especificidade da construção da piscina, a empresa obteve
autorização para subcontratar esta parcela da obra. Porém, a parte subcontratada atrasou e não ficou
conforme exigido pela administração. Nesse caso, a contratada responderá perante a administração pela
correção dos vícios e por eventuais sanções. Note: a subcontratação não afastou a responsabilidade da
contratada.

Além disso, regulamento ou edital de licitação poderão vedar, restringir ou estabelecer condições para a
subcontratação (art. 122, § 2º).

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Em resumo, podemos dizer que a subcontratação:

a) refere-se à parcela da obra, serviço ou fornecimento;


b) depende de autorização da administração;
c) não afasta a responsabilidade da contratada.

Há, contudo, uma hipótese em que a subcontratação poderá ser total. Nos contratos que exigirem a
prestação de seguro-garantia, poderá ser exigido da seguradora a conclusão do objeto do contrato. Nesse
caso, a seguradora, provavelmente, não terá conhecimento na área do empreendimento. Por exemplo:
uma empreiteira é contratada para a realização de uma grande obra, exigindo-se a prestação de garantia
na modalidade de seguro-garantia, com cláusula de retomada (esta é a cláusula que exige que a seguradora
faça a conclusão do empreendimento, se a contratada for inadimplente). Se houver necessidade de aplicar
a cláusula de retomada, a seguradora, em si, não terá pessoal, equipamentos e expertise para isso, afinal
ela é uma seguradora e não uma empreiteira. Por isso, nesse caso, a seguradora poderá subcontratar a
conclusão do contrato, total ou parcialmente (art. 102, III).

Por fim, a Lei de Licitações e Contratos veda a subcontratação em dois casos.

A primeira vedação acontece quando a escolha de empresa ou de profissional específico foi a razão da
inexigibilidade de licitação, no caso de contratação de serviço técnico profissional (art. 74, § 4º). Imagine,
por exemplo, que você contratou um fotógrafo específico para o seu casamento, pagando mais caro pela
qualidade de serviços anteriores do profissional. Porém, no dia, ele mandou um “estagiário” para o seu
casamento. É lógico que você não ficará muito feliz com isso, certo? No mesmo contexto, se a administração
contratou o profissional “X”, justificando a inexigibilidade pela notória especialização do serviço deste
profissional, não será admitida a subcontratação de terceiros, pois isso ofenderia a própria razão da
contratação direta.

Também é vedada a subcontratação de pessoa física ou jurídica, se aquela ou os dirigentes desta


mantiverem vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista ou civil (art. 122,
§ 3º):

(i) com dirigente do órgão ou entidade contratante; ou


(ii) com agente público que desempenhe função na licitação ou atue na fiscalização ou na gestão do
contrato; ou
(iii) se deles forem cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral, ou por afinidade, até o
terceiro grau.

Essa proibição deve constar expressamente do edital de licitação. Funciona como uma vedação a um
“nepotismo indireto”. O que o legislador quis proibir foi a utilização de subcontratação para favorecer
parentes ou amigos de dirigentes ou de agentes públicos do setor de licitações.

4.1.8 Presença das cláusulas exorbitantes.

As cláusulas exorbitantes são prerrogativas de direito público de que a administração goza nas relações
com os particulares. Alguns exemplos são a possibilidade de alterar ou de extinguir unilateralmente os

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contratos administrativos. Considerando a complexidade, profundidade e relevância, vamos deixar um


capítulo específico para este assunto.

4.1.9 Outras características (comuns com os contratos privados)

Só para acrescentar, os contratos também gozam de características gerais, ou seja, características que estão
presentes não nos contratos firmados pela administração pública, mas também em contrato firmados entre
particulares. Repita-se: são características “dos contratos”, ainda que firmados entre particulares. Este é
um assunto do direito civil, por isso vamos apenas apresentar noções bem gerais.

O contrato é:

a) consensual: decorre de acordo de vontade das partes;


b) oneroso: porque será remunerado na forma pactuada (em regra, a administração pagará um valor
pela execução do contrato);
c) comutativo: pois as obrigações são recíprocas e equivalentes. Por exemplo, a contratada vai construir
um prédio, recebendo um pagamento considerado equivalente à realização do empreendimento.

Ainda que alguns autores descrevam estas como “características dos contratos administrativos”,17 estas,
na verdade, são características de basicamente qualquer contrato.

17
Meirelles, 2013.

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Agora que já vimos as características em geral, vamos estudar os detalhes do formalismo e das cláusulas
exorbitantes.

Administração como poder público

Finalidade pública

Obediência à forma prescrita em lei

Procedimento legal

Mutabilidade
Características dos
contratos
administrativos Natureza de contrato de adesão

Natureza intuitu personae

Presença de cláusulas exorbitantes

Consensuais

Comuns (também dos


Onerosos (regra)
contratos entre particulares)

Comutativos

CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

§ Presença da administração como poder público: a administração figura no


contrato agindo com as suas prerrogativas especiais.
Características § Finalidade pública: todos os contratos firmados pela administração, incluindo os
específicas privados, devem atender ao interesse público.
§ Obediência à forma prescrita em lei (em regra, são formais): em regra, os
contratos são formais e escritos e devem obedecer às regras definidas em lei.

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§ Seguem procedimento legal, como a prévia licitação (em regra): em geral, os


contratos são precedidos de licitação, devendo seguir um rito definido em lei para
a sua assinatura.
§ Mutabilidade: podem ser alterados unilateralmente ou por acordo das partes.
§ Natureza de contrato de adesão: os termos do contrato são previamente
definidos pela administração, cabendo ao particular apenas acatá-los ou não.
§ Natureza intuitu personae: os contratos devem ser executados pelas suas partes:
§ admite-se a subcontratação parcial do objeto, mediante autorização da
administração.
§ no caso de seguro-garantia, o segurador poderá subcontratar integralmente
o objeto, caso tenha que assumir o objeto do contrato.
§ Presença das cláusulas exorbitantes: são as prerrogativas de direito público,
como a alteração unilateral, fiscalização, aplicação de sanções, etc.

§ Consensual: decorre de acordo de vontade das partes;


Características
§ Oneroso: será remunerado na forma pactuada;
comuns
§ Comutativo: as obrigações são recíprocas e equivalentes.

4.2 Solenidades dos contratos

4.2.1 Formalismo

Os contratos administrativos são formais, justamente para permitir que haja um controle sobre a sua
edição e sobre a legalidade dos seus termos. Nesse contexto, a NLLC dispõe que os contratos e seus
aditamentos terão forma escrita e serão juntados ao processo que tiver dado origem à contratação,
divulgados e mantidos à disposição do público em sítio eletrônico oficial (art. 91, caput).

Essa regra, entretanto, não é absoluta. Veremos adiante que nem sempre haverá a necessidade de dar
publicidade aos contratos. Além disso, há um caso bastante excepcional que admite os contratos verbais.
Mas tendo em vista a relevância, vamos analisar esses casos em momento próprio.

Note ainda que, em regra, os contratos são “juntados ao processo”. Assim, ainda que sejam formais, não
exigem tanto “rigor”, pois a própria administração mantém o registro de seus contratos, juntando-os aos
respectivos processos e divulgando-os em sítio eletrônico oficial (em regra). Há, todavia, um caso que exige
uma formalidade extra.

Nesse contexto, os contratos relativos a direitos reais sobre imóveis serão formalizados por escritura
pública lavrada em notas de tabelião, cujo teor deverá ser divulgado e mantido à disposição do público
em sítio eletrônico oficial (art. 91, § 2º). Para simplificar, o direito real é aquele que recai sobre “a coisa”. A
propriedade e as servidões são exemplos de direitos reais. 18 Assim, se a administração adquire a
propriedade de um bem imóvel, isso dependerá de registro por meio de escritura pública lavrada em notas

18
O art. 1.225 do Código Civil enumera os direitos reais.

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de tabelião. Na verdade, ocorre algo semelhante ao que acontece na iniciativa privada (se você comprar
um imóvel, em regra, terá que registrá-lo).

Outro ponto sobre as formalidades dos contratos é que será admitida a forma eletrônica na celebração de
contratos e de termos aditivos, atendidas as exigências previstas em regulamento (art. 91, § 3º). Hoje em
dia, são cada vez mais comuns os contratos firmados eletronicamente. Logo, a NLLC aderiu à modernidade.

A figura a seguir contém um resumo do que vimos até agora, mas vamos explicar melhor os casos de
contrato verbal logo adiante.

Forma escrita

Regra Juntados ao processo e mantidos à disposição do público

Sigilo imprescindível à segurança


Exceto
da sociedade e do Estado

Podem ter forma eletrônica

Contrato Caso Escritura pública lavrada em


Direitos reais sobre imóveis
(formalismo) especial notas de tabelião

Regra Nulo e de nenhum efeito

Contrato
verbal Pequenas compras ou serviços de pronto pagamento
Exceção

Limite: R$ 10 mil

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os contratos administrativos e seus aditamentos devem sempre ter a
forma escrita, para viabilizar sua divulgação em sítio eletrônico oficial.
Comentário:
Em regra, os contratos e seus aditamentos terão forma escrita e serão juntados ao processo que tiver dado
origem à contratação, divulgados e mantidos à disposição do público em sítio eletrônico oficial (art. 91).
Contudo, é possível a celebração de contratos verbais, de forma excepcional, para pequenas compras ou o
de prestação de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de valor não superior a R$
10.000,00 (dez mil reais), nos termos do art. 95, §2º, do Estatuto de Licitações e Contratos.
Gabarito: errado.

4.2.2 Instrumento de contrato

Inicialmente, deixa eu te explicar o que é um “contrato”, mas falando em termos práticos. Um contrato é
um acordo entre duas ou mais partes. Se você e o seu vizinho combinarem a compra e venda de um
aparelho celular, isso será um contrato. E digo mais: vamos supor que este combinado ocorreu “da janela
de uma casa para a outra”. Vocês conversaram e acertaram a venda. Note que ninguém assinou ou
formalizou nada, vocês dois simplesmente fizeram um acordo, um fez “um Pix” e o outro entregou o celular.

Os contratos entre particulares são, em regra, informais. Por isso, podem ocorrer por meio de acordos
verbais, pelo whatsapp, ou basicamente qualquer outra forma. A formalidade, nos contratos privados, é
exceção. Por outro lado, nos contratos administrativos, a formalidade é a regra. Por isso, a Lei 14.133/2021
dispõe que os contratos adotam a “forma escrita”.

Mas agora o que é o “instrumento de contrato”? O instrumento de contrato é, na verdade, aquilo que as
pessoas conhecem como “contrato”, ou seja, aquele contrato em papel, com “cláusulas”, e que as pessoas
assinam. Por exemplo: se você e o seu vizinho, após a conversa pela janela, colocarem o combinado no
papel, imprimirem e assinarem o documento, teremos um “instrumento de contrato”.

Nos contratos administrativos, o instrumento de contrato, em regra, é obrigatório. Porém, há casos em que
o instrumento de contrato poderá ser substituído por outros instrumentos hábeis mais simples, como
carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.

Esses instrumentos alternativos são documentos mais simples. Preservam a forma escrita, mas de forma
mais simplificada. A nota de empenho, por exemplo, é um documento emitido quando a administração
reserva a dotação orçamentária para realizar a despesa pública. Esse documento já contém as informações
do produto, do fornecedor, do preço, etc. Por isso que ele é capaz de substituir, em alguns casos, o
instrumento de contrato.

Mas quando a substituição do instrumento de contrato por outros instrumentos hábeis é possível? Ora, os
casos em que a substituição é admitida são:

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a) dispensa de licitação em razão de valor;


b) compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos e dos quais não resultem obrigações
futuras, inclusive quanto a assistência técnica, independentemente de seu valor.

No primeiro caso, estamos tratando das hipóteses de dispensa de baixo valor, conforme consta no art. 75,
I e II. Em regra, a licitação é dispensável, em razão do baixo valor, para contratação que envolva valores
inferiores a R$ 100.000,00 (cem mil reais), no caso de obras e serviços de engenharia ou de serviços de
manutenção de veículos automotores; e para contratação que envolva valores inferiores a R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais), no caso de outros serviços e compras.19

No segundo caso, temos as compras com entrega imediata e integral, sem que dessa contratação resultem
obrigações futuras. Por exemplo: a compra de milhões de unidades de papel A4, para entrega imediata e
integral (tudo de uma vez). Nesse caso, o papel A4 não exige “manutenção”, ou “assistência técnica” ou
outras obrigações futuras. Logo, nesses casos, não há necessidade de muitas formalidades no contrato.

Para evitar pegadinhas, fique atento ao conceito de entrega imediata. A NLLC define entrega imediata, no
caso de compras, como aquela com prazo de entrega de até 30 (trinta) dias da ordem de fornecimento
(art. 6º, X). Assim, se a entrega ocorreu 10, 15, 20 ou até 30 dias depois da ordem de fornecimento, ainda
assim se trata de entrega imediata.

Porém, a substituição do instrumento de contrato por outros instrumentos hábeis não representa total
falta de formalidade. Primeiro porque, nesses casos, o contrato ainda é escrito, porém de forma mais
simples. Segundo porque nas hipóteses de substituição do instrumento de contrato, aplicam-se, no que
couber, as cláusulas necessárias dos contratos, previstas no art. 92 da Lei 14.133/2021.

Superada esta parte, vamos falar do contrato verbal.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Quando o instrumento de contrato não for obrigatório, poderá ser
substituído por carta-contrato, nota de empenho ou outro instrumento hábil.
Comentário:
O instrumento de contrato é obrigatório, salvo nas hipóteses em que a administração poderá substituí-lo
por outro instrumento hábil, como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra
ou ordem de execução de serviço (art. 95).
Gabarito: correto.

19
No caso de consórcios públicos e de agências executivas, esses valores são dobrados (art. 75, § 2º).

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4.2.3 Contrato verbal

Em regra, é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a administração (art. 95, § 2º). Por exemplo:
se um prefeito “combinar” a realização de uma obra com uma empresa, de forma verbal, tal contrato será
nulo e não produzirá qualquer efeito.

Porém, admite-se contrato verbal para pequenas compras ou prestação de serviços de pronto pagamento,
assim entendidos aqueles de valor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Por exemplo: se furar o
pneu de um veículo da administração, durante uma operação no interior do país, não haverá como
contratar o borracheiro por “licitação” ou promover um contrato “complicado” com o prestador do serviço.
Nesse caso, os agentes públicos combinarão as condições do serviço de forma verbal com o borracheiro,
promovendo o pronto pagamento.20 Justamente para esses casos é que são admitidos os contratos verbais.

20
O regime de pronto pagamento é aquele que não segue a ordem comum da despesa pública (empenho, liquidação e
pagamento). Nesse caso, há um “adiantamento” para o agente público, por meio de cartão corporativo ou, em casos
excepcionais, em numerário. Após a realização da despesa, o agente público faz a prestação de contas, comprovando a liquidação
da despesa, ou seja, comprovando que o serviço foi prestado ou que o objeto foi fornecido. Este regime serve para atender os
casos excepcionais, que não comportam ou não justificam a utilização do regime ordinário de pagamentos.

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4.2.4 Publicidade

Em regra, os contratos serão divulgados e mantidos à disposição do público em sítio eletrônico oficial (art.
91, caput). Porém, será admitida a manutenção em sigilo de contratos e de termos aditivos quando
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, nos termos da legislação que regula o acesso à
informação (art. 91, § 1º).

Assim, a regra é a publicidade dos contratos, mas o sigilo é admitido, quando imprescindível para a
segurança da sociedade e do Estado. Essa previsão está em consonância com o que prevê o art. 5º, XXXIII,
da Constituição Federal, e com a Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011).

Com efeito, a divulgação dos contratos e de seus aditamentos deverá ocorrer no Portal Nacional de
Contratações Públicas (PNCP), como condição indispensável para a sua eficácia. Entenda por eficácia a

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capacidade do contrato de produzir efeitos jurídicos. Assim, em regra, os contratos somente produzirão os
seus efeitos com a publicação no PNCP.

Não confunda “condição de eficácia” com “condição de validade”. A validade significa que a
formação do contrato ocorreu em conformidade com a lei. Por exemplo: o contrato é válido
quando: (i) precedido de licitação ou a contratação direta tiver fundamento em lei; (ii) atender aos
requisitos da NLLC; (iii) atender ao interesse público; etc.

Logo, mesmo que não publicado, o contrato administrativo poderá ser válido, ou seja, poderá ter
sido praticado em conformidade com a legislação.

Porém, a falta de publicação impede o contrato de produzir efeitos jurídicos (eficácia). Por
exemplo: um contrato devidamente assinado e que estiver “na mesa do ordenador de despesas”
poderá ser um contrato válido. Entretanto, se ainda não foi publicado no PNCP, ele não poderá
produzir os seus efeitos. Logo, a empresa não poderá iniciar a execução, os pagamentos não
poderão ser realizados, etc.

Portanto, lembre-se: a divulgação no PNCP é condição de eficácia dos atos (e não de validade).

A divulgação do contrato e de seus aditamentos no PNCP deverá ocorrer nos seguintes prazos, contados
da data de sua assinatura:

c) 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação;


d) 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.

Todavia, existe uma exceção: os contratos celebrados em caso de urgência terão eficácia a partir de sua
assinatura e deverão ser publicados nos prazos indicados acima, sob pena de nulidade. Bom, nesse caso, a
falta de publicação poderá gerar nulidade. Logo, quando o contrato é firmado com urgência, ele produzirá
os efeitos desde a assinatura, mas terá que ser publicado no prazo de vinte dias (se precedido de licitação)
ou de dez dias (se a contratação foi direta).

Além da publicação dos contratos e dos aditamentos, a Lei de Licitações também prevê outras divulgações
específicas para as obras, mas nesse caso a divulgação poderá ocorrer em “sítio eletrônico oficial”, ou seja,
não precisa ser no PNCP.

Assim, no caso de obras, a administração divulgará em sítio eletrônico oficial:

a) em até 25 (vinte e cinco) dias úteis após a assinatura do contrato, os quantitativos e os preços
unitários e totais que contratar; e

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b) em até 45 (quarenta e cinco) dias úteis após a conclusão do contrato, os quantitativos executados e
os preços praticados.

Por fim, outra divulgação específica refere às contratações de profissional do setor artístico por
inexigibilidade. O art. 74, II, prevê a contratação por inexigibilidade de profissional do setor artístico,
diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública.

O grande problema desse tipo de contratação é a definição dos preços. Imagine, por exemplo, que um
artista realizava shows para a iniciativa privada ao custo de R$ 100 mil, mas quando o contrato era firmado
com entidades públicas os valores chegavam a R$ 500 mil. Para tentar evitar esse tipo de situação, a NLLC
exige que a divulgação dos contratos de profissional do setor artístico por inexigibilidade no PNCP
identifique os custos do cachê do artista, dos músicos ou da banda, quando houver, do transporte, da
hospedagem, da infraestrutura, da logística do evento e das demais despesas específicas. Com isso,
fomenta-se a realização do controle social deste tipo de contratação.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os contratos, para serem considerados válidos, devem ser divulgados
no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNPC) no prazo de dez dias úteis, contados de sua
assinatura.
Comentário:
Vamos por partes. Primeiro, os contratos devem mesmo ser divulgados no PNPC, mas isso é condição de
eficácia, e não de validade. Além disso, o prazo vai variar: nos casos de licitação, será de vinte dias úteis, e
nos casos de contratação direta, será de dez dias úteis (art. 94).
Gabarito: errado.

4.2.5 Formalização dos contratos e cláusulas necessárias

Os contratos firmados pela administração devem possuir uma série de informações. Nessa linha, todo
contrato deverá mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que
autorizou sua lavratura, o número do processo da licitação ou da contratação direta e a sujeição dos
contratantes às normas da Lei de Licitações e às cláusulas contratuais (art. 89, § 1º).

Além disso, os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução,
expressas em cláusulas que definam (art. 89, § 2º):

a) os direitos;
b) as obrigações; e
c) as responsabilidades das partes.

Ademais, tudo isso será realizado em conformidade com os termos do edital de licitação e os da proposta
vencedora ou com os termos do ato que autorizou a contratação direta e os da respectiva proposta. Veja,
é um “casamento” que definirá as condições do contrato entre o edital e a proposta vencedora ou entre o
ato que autorizar a contratação direta a respectiva proposta.

É relevante também a leitura do longo art. 92, que define as cláusulas necessárias dos contratos
administrativos. Assim, o art. 92 inicia a suas disposições mencionando que “são necessárias em todo
contrato cláusulas que estabeleçam [...]”. Tal dispositivo, contudo, deverá ser interpretado em seu
contexto. Literalmente, ele menciona que as cláusulas mencionadas em seus incisos deverão constar em
“todo contrato”. Todavia, na verdade, algumas cláusulas não se aplicam a todos os contratos. Citamos,
como exemplo, o inciso IX, que prevê a “matriz de risco”. Porém, tal matriz não é obrigatória em todo
contrato. Além disso, o inciso XV menciona “as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para
conversão, quando for o caso”. Novamente, tal cláusula não estará em todo contrato.

Vamos, então, analisar o art. 92:

Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabeleçam:

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I - o objeto e seus elementos característicos;

II - a vinculação ao edital de licitação e à proposta do licitante vencedor ou ao ato que


tiver autorizado a contratação direta e à respectiva proposta;

III - a legislação aplicável à execução do contrato, inclusive quanto aos casos omissos;

IV - o regime de execução ou a forma de fornecimento;

Os quatro primeiros incisos tratam da base do contrato, ou seja, o objeto, a vinculação ao edital, proposta
e legislação, assim como o regime de execução ou forma de fornecimento. Vamos prosseguir.

V - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a periodicidade do


reajustamento de preços e os critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento;

VI - os critérios e a periodicidade da medição, quando for o caso, e o prazo para


liquidação e para pagamento;

Esses dispositivos tratam das regras sobre o “preço”. Primeiro, temos as condições iniciais (preço e as
condições de pagamento), depois temos as condições de reajustamento, que basicamente referem-se à
atualização do preço em virtude do tempo (reajuste em sentido estrito, que decorre da inflação) ou da
atualização dos custos de mão-de-obra, quando houver regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou
predominância de mão de obra (repactuação). Nesse caso, o art. 92, § 4º, dispõe que, nos contratos de
serviços contínuos, o reajustamento ocorrerá por reajustamento em sentido estrito ou repactuação,
observado o interregno mínimo de um ano. Voltaremos a conversar sobre este tema no capítulo sobre
reajuste e revisão.

Além disso, o trecho final prevê critérios de atualização monetária, relativa à data entre o cumprimento
das obrigações e a data do efetivo pagamento. Por exemplo: a empresa entregou a obra no dia 15 de abril,
mas a administração concluiu as medições e realizou o pagamento somente dois meses depois. Haverá
uma atualização relativa a este período de dois meses.

Vamos prosseguir:

VII - os prazos de início das etapas de execução, conclusão, entrega, observação e


recebimento definitivo, quando for o caso;

[...]

X - o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços, quando for o caso;

XI - o prazo para resposta ao pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-


financeiro, quando for o caso;

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Os contratos devem dispor sobre diversos prazos, como aqueles relativos às etapas do contrato (início,
execução, conclusão, recebimento). Além disso, o contrato deverá estabelecer o prazo para a análise dos
pedidos de repactuação e de revisão (restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro).

VIII - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional
programática e da categoria econômica;

O crédito é a cobertura na lei orçamentária. Como os contratos geram despesas públicas, há necessidade
de crédito no orçamento para custeá-los.

Por oportuno, merece citação o art. 150 da Lei de Licitações, que prevê o seguinte:

Art. 150. Nenhuma contratação será feita sem a caracterização adequada de seu objeto
e sem a indicação dos créditos orçamentários para pagamento das parcelas contratuais
vincendas no exercício em que for realizada a contratação, sob pena de nulidade do ato
e de responsabilização de quem lhe tiver dado causa.

Portanto, a NLLC exige a indicação dos créditos orçamentários como requisito para a assinatura do
contrato. Porém, não há a necessidade de indicar os créditos para toda a duração do contrato. A indicação
dos créditos é para as parcelas relativas ao exercício financeiro da contratação. Como assim, professor?
Imagine um contrato de cinco anos, mas cuja vigência iniciou-se em julho deste ano. Não faz sentido exigir
crédito orçamentário para os cinco anos, tendo em vista que a lei orçamentária é anual. Logo, exige-se a
demonstração dos créditos orçamentários, para fins de assinatura do contrato, apenas para os meses que
faltam (julho a dezembro). Depois, para cada exercício, haverá a necessidade de demonstração dos créditos
orçamentários (ano a ano), conforme vamos analisar no capítulo sobre a duração dos contratos.

IX - a matriz de risco, quando for o caso;

XII - as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas, inclusive
as que forem oferecidas pelo contratado no caso de antecipação de valores a título de
pagamento;

XIII - o prazo de garantia mínima do objeto, observados os prazos mínimos estabelecidos


nesta Lei e nas normas técnicas aplicáveis, e as condições de manutenção e assistência
técnica, quando for o caso;

O inciso XII versa sobre a garantia contratual, que tem o objetivo de assegurar o cumprimento do contrato
e de cobrir eventuais prejuízos e multas. Esta garantia não é obrigatória, mas poderá ser exigida pela
administração pública. Já o inciso XIII trata da “garantia do objeto”, que é semelhante às garantias dos
produtos que adquirimos. Durante um período, o fornecedor terá que assegurar a qualidade do produto,
certo?

XIV - os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores


das multas e suas bases de cálculo;

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Já vimos na introdução desde tópico que os contratos deverão dispor sobre os direitos, deveres e
responsabilidades. Ademais, os contratos deverão detalhar as condições para aplicação das sanções
previstas na Lei de Licitações.

XV - as condições de importação e a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for


o caso;

XVI - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em


compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições exigidas para
a habilitação na licitação, ou para a qualificação, na contratação direta;

XVII - a obrigação de o contratado cumprir as exigências de reserva de cargos prevista em


lei, bem como em outras normas específicas, para pessoa com deficiência, para
reabilitado da Previdência Social e para aprendiz;

As condições de habilitação e de qualificação são comprovadas já na licitação. Mas de nada adianta exigir
a comprovação na licitação e depois o contratado não manter essas mesmas condições, pois a habilitação
serve justamente para verificar se o contratado atende às condições mínimas para o cumprimento das
obrigações contratuais.

O inciso XVII, ademais, prevê disposição muito importante. Na antiga Lei de Licitações, o cumprimento da
reserva de cargos era apenas um “critério de desempate”. Agora, passa a ser obrigação de todo contratado,
motivo pelo qual não faz mais sentido incluí-los nas condições de desempate. Acrescenta-se, ainda, que o
licitante deverá reservar cargos, na forma da lei, para: (i) pessoa com deficiência; (ii) reabilitado da
Previdência Social; e (iii) aprendiz.

Ainda nesse contexto, o art. 116 da NLLC dispõe que, ao longo de toda a execução do contrato, o contratado
deverá cumprir a reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência, para reabilitado da
Previdência Social ou para aprendiz, bem como as reservas de cargos previstas em outras normas
específicas. Além disso, sempre que solicitado pela administração, o contratado deverá comprovar o
cumprimento da reserva de cargos, com a indicação dos empregados que preencherem as referidas vagas.

XVIII - o modelo de gestão do contrato, observados os requisitos definidos em


regulamento;

XIX - os casos de extinção.

As condições de extinção do contrato constam também no art. 137.

Por fim, os contratos também deverão conter cláusula que declare competente o foro da sede da
Administração para dirimir qualquer questão contratual, salvo algumas exceções previstas na própria Lei
de Licitações.21

21
Em regra, o foro competente será o da sede da administração. Esta regra tem três exceções, previstas no § 1º do art. 92. Não
acreditamos que seja um assunto importante para concursos. Apenas lembre-se da regra (foro da sede da administração), e que
ela comporta exceções.

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4.2.6 Convocação do contratado

Até aqui, já vimos que, em regra, a contratação é precedida de licitação. Isso nos leva à seguinte conclusão:
após o encerramento da licitação pública, a administração precisa convocar o licitante vencedor para
assinar o termo de contrato.

Nessa linha, a NLLC dispõe que a administração convocará regularmente o licitante vencedor para assinar
o termo de contrato ou para aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e nas condições
estabelecidas no edital de licitação, sob pena de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções
previstas na Lei de Licitações (art. 90, caput).

Três pontos merecem destaque nesse dispositivo:

(i) prazo: não há um prazo fixado na NLLC. Assim, caberá ao edital estabelecer o prazo para a
convocação. O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez, por igual período, mediante
solicitação da parte durante seu transcurso, devidamente justificada, e desde que o motivo
apresentado seja aceito pela administração (art. 90, § 1º);
(ii) decadência do direito à contratação: o vencedor da licitação não tem direito subjetivo ao contrato.
Porém, a administração não pode desrespeitar a ordem de classificação, em atendimento ao princípio
da adjudicação compulsória ao vencedor. Todavia, se o vencedor da licitação for convocado, mas não
comparecer para assinar o termo de contrato ou para retirar o instrumento equivalente, ele perderá
o direito à contratação, abrindo espaço para a administração convocar os demais licitantes, na ordem
de classificação;
(iii) sanções: o licitante vencedor tem o dever de cumprir a sua proposta. Assim, não celebrar o contrato
ou não entregar a documentação exigida para a contratação, quando convocado dentro do prazo de
validade de sua proposta, é uma infração administrativa, na forma do art. 155, VI, sujeitando o
licitante vencedor às infrações previstas na Lei de Licitações.

Vamos falar um pouco mais sobre a aplicação das sanções.

A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o contrato ou em aceitar ou retirar o instrumento


equivalente no prazo estabelecido pela administração caracterizará o descumprimento total da obrigação
assumida e o sujeitará às penalidades legalmente estabelecidas e à imediata perda da garantia de
proposta em favor do órgão ou entidade licitante (art. 90, § 5º). Portanto, o convocado perde a garantia
de proposta (aquela que pode ser exigida na licitação).

Agora vamos pensar no seguinte: o que a administração poderá fazer se o licitante vencedor não assinar o
contrato? Nesse caso, será facultado à administração convocar os licitantes remanescentes, na ordem de
classificação (art. 90, § 2º).

Mas em quais condições o segundo colocado será convocado? Aqui vem uma grande novidade da NLLC. A
convocação dos licitantes remanescentes ocorre em três fases, sempre observando a ordem de
classificação. Então, primeiro a administração convoca licitante vencedor (conforme vimos acima). Se este
não comparecer, a convocação dos remanescentes funcionará assim:

(i) a administração convoca os demais, na ordem de classificação, para seguir a proposta do vencedor;

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(ii) se nenhum licitante concordar, a administração convoca os licitantes, na ordem de classificação, para
negociar melhores condições. Assim, a administração buscará uma oferta “intermediária”, que será
“pior” do que a proposta do vencedor, mas melhor do que a oferta efetiva do licitante;
(iii) se não houver acordo na negociação, a administração convoca os licitantes, na ordem de
classificação, para cumprir as propostas nas condições de cada um.

Vamos dar um exemplo. Imagine uma licitação com as seguintes propostas finais:

Proposta Posição
Empresa A 500 mil 1º
Empresa B 515 mil 2º
Empresa C 520 mil 3º
Empresa D 540 mil 4º

Nesse caso, a empresa A venceu a licitação. Se ela for convocada, no prazo e nas condições do edital, mas
não comparecer para assinar o contrato, a administração poderá convocar os licitantes remanescentes. A
convocação inicial será nas condições do licitante vencedor. Assim, a administração convocará a empresa
B, mas para assinar o contrato na oferta da Empresa A, ou seja, por R$ 500 mil. Se a empresa B não aceitar,
a administração convoca a empresa C, também para fazer por R$ 500 mil e, se esta não aceitar, a empresa
D será convocada, para assinar também por R$ 500 mil.

Caso nenhuma empresa aceite firmar o contrato nas condições do vencedor, a administração convocará as
empresas B, C e D, na ordem de classificação, para negociação de condições mais vantajosas. Busca-se,
assim, uma proposta intermediária, entre a proposta do vencedor e a proposta dos demais licitantes. Nesse
caso, a administração deverá tomar cuidado para, na negociação, não firmar um contrato pior do que
poderia firmar na próxima fase.

Por fim, se esta segunda fase não funcionar, a administração convocará as empresas B, C e D, na ordem de
classificação, para a assinatura do contrato na condição das respectivas propostas. Assim, a empresa B será
convocada para assinar o contrato por R$ 515 mil, por exemplo.

E o que acontece se o licitante não aceitar assinar o contrato? Bom, no caso da convocação do licitante
vencedor, já vimos que ele poderá sofrer as sanções previstas em Lei. Mas vamos fazer uma leitura dos §§
5º e 6º, do art. 90, que versam sobre o assunto:

§ 5º A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o contrato ou em aceitar ou


retirar o instrumento equivalente no prazo estabelecido pela Administração caracterizará
o descumprimento total da obrigação assumida e o sujeitará às penalidades legalmente
estabelecidas e à imediata perda da garantia de proposta em favor do órgão ou entidade
licitante.

§ 6º A regra do § 5º não se aplicará aos licitantes remanescentes convocados na forma


do inciso I do § 4º deste artigo.

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O § 5º prevê que o adjudicatário será penalizado e perderá a garantia de proposta, caso não assine o
contrato injustificadamente. Esta regra não se aplica quando ele for convocado para a “negociação”,
quando o primeiro colocado não assinar o contrato (caso do art. 90, § 4º, I). Nesse caso, o licitante não
poderia ser compelido a cumprir uma oferta que ele não apresentou.

Porém, não faz sentido liberar o licitante da penalidade, no caso do art. 90, § 4º, I, mas não o liberar da
penalidade no caso do § 2º do mesmo artigo. Provavelmente, houve uma falha do legislador, pois se
esqueceu de mencionar o § 2º na exceção, já que não faz sentido punir o licitante se ele não aceitar assinar
o contrato nas condições do vencedor.

Por outro lado, justifica-se a aplicação de penalidade nas condições do art. 90, § 4º, II, pois, nesse caso, o
licitante será convocado para cumprir a sua própria proposta. Com efeito, o art. 155, V, prevê como
infração administrativa “não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente devidamente
justificado”.

Logo, os licitantes “remanescentes”:

a) não serão punidos quando:


i) forem convocados para cumprir a oferta do vencedor e não aceitarem (esta exceção não aparece
expressamente) (art. 90; § 2º);
ii) forem convocados para negociação e não aceitarem (art. 90; § 4º, I).
b) serão punidos quando: forem convocados para assinar o contrato nos termos das próprias propostas
(art. 90, § 4º, II).

Porém, a administração não pode ficar eternamente com a “oferta na mão” e não convocar os licitantes.
Pensa comigo no seguinte: se você pedir um orçamento para uma empresa, provavelmente o orçamento
terá um item dizendo algo como “esta oferta é válida por X dias”. A Lei de Licitações tem uma disposição
semelhante. Assim, decorrido o prazo de validade da proposta indicado no edital sem convocação para a
contratação, ficarão os licitantes liberados dos compromissos assumidos.

Isso significa que o edital fixará o prazo de validade das propostas. Quem for convocado neste prazo, terá
que cumprir a sua proposta, sob pena de sofrer as penalidades, conforme vimos acima. Porém, após o
prazo de validade das propostas, os licitantes não serão mais obrigados a cumpri-las. Até seria possível a
administração convocá-los após o prazo de validade das propostas, mas nesse caso os licitantes poderiam
se recusar, sem sofrer sanções.

4.2.7 Convocação para cumprir o remanescente

Acima, nós vimos o que acontece quando a administração convoca os licitantes para iniciar o contrato. Mas
vamos imaginar outra situação: a administração convocou a empresa A, ela compareceu e assinou o
contrato. Porém, alguns meses após o início da execução contratual, a administração resolveu extinguir o
contrato, por inadimplência da contratada. Suponha ainda que se trata de uma obra de construção de um
prédio, previsto para dez andares. O contrato foi extinto faltando executar cinco andares.

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Nesse caso, a administração poderá convocar os demais licitantes classificados para a contratação de
remanescente de obra, de serviço ou de fornecimento em consequência de rescisão22 contratual (art. 90,
§ 7º).

A administração poderia, por exemplo, convocar a empresa B (2ª colocada), para concluir os andares
restantes. Mas em quais condições essa convocação seria realizada? Bom, nesse caso, a convocação seguirá
os mesmos critérios da convocação quando o primeiro colocado não assina o contrato. Assim, a convocação
sempre deverá seguir a ordem de classificação, e ocorrerá nas seguintes etapas: (i) conforme a proposta
do vencedor; depois (ii) para negociação; e depois (iii) na proposta de cada um.

Claro que, nesse caso, as condições referem-se ao que falta para concluir o objeto. Logo, os valores serão
relativos aos cinco andares restantes da obra.

22
Uma curiosidade: a NLLC substituiu o termo “rescisão” por “extinção” do contrato. Todavia, o art. 90, § 7º, ainda adota a
expressão “rescisão”. Isso não gera qualquer efeito prático, porém eu preferi destacar para demonstrar que não precisamos ser
tão criteriosos com algumas expressões adotadas na Lei de Licitações.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Caso não haja convocação por parte da administração para efetivar a
contratação, haverá a liberação dos licitantes em relação aos compromissos assumidos, decorrido o
prazo de validade das propostas previsto no edital.
Comentário:
Nos termos do art. 90, § 3° da Lei n° 14.133/2021, decorrido o prazo de validade da proposta indicado no
edital sem convocação para a contratação, ficarão os licitantes liberados dos compromissos assumidos.
Gabarito: correto.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) A contratação de remanescente de obra é hipótese de dispensa de


licitação, vedada a convocação dos demais licitantes classificados na licitação em que o vencedor tenha
rescindido o contrato.
Comentário:
Caso o licitante vencedor rescinda o contrato firmado para execução de obra, serviço ou fornecimento, é
facultado à administração a convocação dos demais licitantes classificados para contratação (art. 90, §7º).
Nesses casos, a administração simplesmente estará aproveitando uma licitação já realizada, convocando
os demais licitantes para a conclusão do objeto, caso aconteça rescisão contratual.
Essa, contudo, não é mais uma hipótese de dispensa de licitação, como era no regime anterior, previsto
pela Lei n° 8.666/1993.
Gabarito: errado.

SOLENIDADES DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

§ Em regra: formais e escritos.


§ Juntados ao processo e divulgados na internet (regra).
Formalismo
§ Contratos sobre direitos reais sobre imóveis: escritura público lavrada em notas de
tabelião e divulgados em sítio eletrônico oficial.

§ Regra: obrigatório.
§ Será facultativo quando:
§ dispensa de licitação em razão de valor;
§ compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos / não resultem
Instrumento obrigações futuras / independentemente de seu valor.
de contrato § Quando facultativo, poderá ser substituído por outros instrumentos hábeis,
como:
§ carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou
ordem de execução de serviço.
§ Observação: entrega imediata pode ser de até 30 dias da ordem de fornecimento.

§ Regra: nulo e de nenhum efeito;


Contrato § Exceto:
verbal § pequenas compras ou prestação de serviços;
§ de pronto pagamento;

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§ até R$ 10 mil.

§ Regra: divulgação e manutenção em sítio eletrônico oficial;


§ Exceto: quando o sigilo for imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
§ Divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) como condição de
eficácia:
Publicidade
§ 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação;
§ 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação direta.
§ Em caso de urgência: eficácia imediata, mas deverá ser publicado nos prazos
sob pena de nulidade.

§ Contratos devem mencionar (entre outros elementos): partes; finalidade; direitos;


obrigações; e responsabilidades.
§ São exemplos de cláusulas necessárias (art. 92):
§ o objeto e seus elementos característicos;
§ o regime de execução ou a forma de fornecimento;
§ o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a
periodicidade do reajustamento de preços e os critérios de atualização
monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
Formalização pagamento;
e cláusulas
§ os prazos de início das etapas de execução, conclusão, entrega, observação e
essenciais
recebimento definitivo, quando for o caso;
§ o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação
funcional programática e da categoria econômica;
§ a matriz de risco, quando for o caso;
§ as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas;
§ os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os
valores das multas e suas bases de cálculo;
§ os casos de extinção.

§ Prazo e condições estabelecidas no edital (admitida prorrogação por igual


período).
§ Se não comparecer no prazo: decadência do direito e sanções.
§ Caso o vencedor não compareça, a administração poderá convocar os licitantes
Convocação remanescentes, na ordem de classificação, para:
do contratado
§ 1) cumprir o contrato nas condições do vencedor; se ninguém aceitar;
§ 2) negociar condições mais vantajosas (condições “intermediárias”); se
ninguém aceitar;
§ 3) cumprir as propostas nas condições de cada um.

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Convocação § Se o contrato for extinto antes de sua conclusão, a administração poderá convocar
para cumprir o os licitantes remanescentes, nas mesmas regras indicadas acima.
remanescente § Não se trata mais de hipótese de dispensa de licitação.
do contrato

5 CLÁUSULAS EXORBITANTES
Bom, já falamos algumas vezes o que são as cláusulas exorbitantes. Elas representam as cláusulas de direito
público que colocam a administração em posição de verticalidade perante o particular. O fundamento
das cláusulas exorbitantes é o princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.

Com efeito, elas são assim denominadas porque “exorbitam” do direito comum. Logo, tais cláusulas não
seriam admitidas em contratos entre particulares, pois causariam uma desigualdade na relação entre as
partes.

Doutrinariamente, as cláusulas exorbitantes poderiam ser implícitas ou explícitas. Porém, com o tempo, o
legislador, nas sucessivas leis de licitações, incorporou basicamente todas as cláusulas exorbitantes.
Algumas delas são citadas no art. 104 da Lei 14.133/2021, enquanto outras são identificadas em outros
artigos “espalhados” na Lei de Licitações.

Nesse contexto, são consideradas cláusulas exorbitantes, nos contratos administrativos, as prerrogativas
de, nas hipóteses e nos limites da lei:

a) modificá-los, unilateralmente;
b) extingui-los, unilateralmente;
c) fiscalizar sua execução;
d) aplicar sanções;
e) ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do
contrato;
f) exigir garantia contratual (arts. 96 a 103);
g) restringir a oposição da exceção do contrato não cumprido (art. 137, IV); e
h) exigir medidas de compensação (art. 26, § 6º).

A modificação unilateral do contrato serve para a melhor adequação às finalidades de interesse público,
mas devem ser respeitados os direitos do contratado. Por “modificação unilateral” entenda a possibilidade
de alterar o contrato, independentemente da concordância do contratado. Ademais, a alteração poderá
ser qualitativa ou quantitativa. No primeiro caso, o objetivo é a modificação do projeto ou das
especificações, para melhor adequação técnica a seus objetivos (art. 124, I, “a”). No segundo caso, o
objetivo é readequar as quantidades, autorizando-se o aumento ou a diminuição, dentro dos limites
definidos na Lei de Licitações (art. 124, I, “b”; e art. 125).

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Com efeito, a administração terá que respeitar os limites definidos na legislação, especialmente
preservando o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.

A extinção unilateral, por sua vez, ocorre quando não há culpa da administração (art. 138, I). Nesse caso,
a administração poderá extinguir o contrato, entre outros motivos, pelo não cumprimento ou cumprimento
irregular por parte do contratado; caso fortuito ou força maior; razões de interesse público; etc.

A aplicação de sanções ocorre quando o contratado comete infrações administrativas. Com efeito, as
infrações estão previstas no art. 155, enquanto as penalidades são definidas no art. 156.

A exigência de garantia tem o objetivo de mitigar as hipóteses de descumprimento dos contratos. Nesse
caso, a garantia cumpre, basicamente, um duplo papel: de um lado, constitui um meio de forçar o
contratado a cumprir as suas obrigações, pois no caso de inadimplência ele perderá o valor da garantia; de
outro, as garantias são meios que a administração utiliza para cobrir os prejuízos, executar o valor das
multas contratuais e quitar eventuais encargos trabalhistas.

Mais adiante, vamos ter capítulos específicos para tratar da modificação dos contratos, da extinção dos
contratos, das sanções e das garantias, tendo em vista que estes assuntos possuem capítulos e detalhes
específicos na Lei de Licitações e Contratos.

Agora, vamos conversar um pouco mais sobre as demais cláusulas exorbitantes.

Modificação unilateral (art. 124)

Extinção unilateral (arts. 137 e 138, I)

Fiscalização (arts. 117 e 118)


Art. 104
Aplicação de sanções (arts. 155 a 163)

Serviços essenciais
Ocupação provisória
Cláusulas
Necessidade de apuração
exorbitantes

Exigência de garantia (arts. 96 a 103)

Outras Restrição à oposição da exceção do contrato não


cumprido (art. 137, IV)

Exigência de medidas de compensação (art. 26, § 6º)

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5.1 Fiscalização

O art. 117 da Nova Lei de Licitações e Contratos dispõe que:

Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por 1 (um) ou
mais fiscais do contrato, representantes da Administração especialmente designados
conforme requisitos estabelecidos no art. 7º desta Lei, ou pelos respectivos substitutos,
permitida a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los com informações
pertinentes a essa atribuição.

Assim, a administração deverá acompanhar e fiscalizar a execução do contrato, designando um ou mais


fiscais para essa tarefa. Além disso, a administração deverá designar também os substitutos dos fiscais,
para eventuais ausências, por exemplo.

Os fiscais deverão atender aos requisitos do art. 7º: (i) preferencialmente concursados; (ii) possuírem
atribuições, formação ou qualificação compatíveis; e (iii) não possuírem relação de parentesco ou vínculo
com os licitantes ou contratantes habituais.

Ademais, os fiscais não estão sozinhos nesta tarefa. Primeiro porque a Lei de Licitações dispõe que o fiscal
do contrato será auxiliado pelos órgãos de assessoramento jurídico e de controle interno da
administração, que deverão dirimir dúvidas e subsidiá-lo com informações relevantes para prevenir riscos
na execução contratual (art. 117, § 3º). Nesse caso, o controle interno e o setor jurídico auxiliam o fiscal,
tirando as suas dúvidas, prestando informações, etc.

Além disso, também se admite a contratação de terceiros para assistir ou subsidiar o fiscal com
informações. Imagine, por exemplo, que a administração precisa realizar medições complexas sobre a
execução de uma grande obra. Nesse caso, seria possível contratar uma empresa especialista nesse tipo de
medição. Note, contudo, que a empresa não substituirá o fiscal do contrato, mas apenas apresentará as
informações para ele. Logo, a empresa não estará “fiscalizando”, mas somente realizando as medições e
entregando as informações ao fiscal.

Na hipótese de contratação de empresa para apoiar o fiscal com informações, algumas regras devem ser
seguidas. Primeiro, a empresa ou o profissional contratado (art. 117, § 4º):

a) assumirá responsabilidade civil objetiva pela veracidade e pela precisão das informações prestadas;
b) firmará termo de compromisso de confidencialidade; e
c) não poderá exercer atribuição própria e exclusiva de fiscal de contrato.

Assim, a empresa será responsabilizada objetivamente, ou seja, independentemente de dolo ou culpa, pela
veracidade das informações prestadas. Ela também não poderá divulgar as informações, motivo pelo qual
assinará o termo de confidencialidade. Por fim, a contratada não poderá substituir o fiscal do contrato.

Justamente por isso que a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o fiscal do contrato,
nos limites das informações recebidas do terceiro contratado.

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O fiscal do contrato anotará em registro próprio todas as ocorrências relacionadas à execução do contrato,
determinando o que for necessário para a regularização das faltas ou dos defeitos observados (art. 117, §
1º). Entretanto, quando a medida ultrapassar as competências do fiscal, ele informará a seus superiores,
em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes.

Por fim, não confunda o fiscal do contrato, que é o representante da administração, com o preposto do
contratado. Nessa linha, o contratado deverá manter preposto aceito pela administração no local da obra
ou do serviço para representá-lo na execução do contrato (art. 118). Imagine que o fiscal do contrato chega
no local da obra e encontra diversos funcionários. Com quem ele deverá conversar sobre a execução do
contrato? Com o preposto formalmente definido pela empresa e aceito pela administração.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) A execução dos contratos deve ser acompanhada pelos chamados fiscais
do contrato, sendo vedada a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los.
Comentário:
A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada pelos fiscais do contrato, representantes da
administração especialmente designados, ou pelos respectivos substitutos, permitida a contratação de
terceiros para assisti-los e subsidiá-los com informações pertinentes a essa atribuição (art. 117). Porém, os
terceiros não poderão substituir o fiscal, limitando-se ao seu apoio, por meio da prestação de informações
pertinentes ao objeto do contrato.
Gabarito: errado.

5.2 Ocupação provisória

Outra cláusula exorbitante é a ocupação provisória. Nessa linha, constitui prerrogativa da administração
ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços vinculados ao objeto do
contrato nas hipóteses de (art. 104, V):

a) risco à prestação de serviços essenciais;


b) necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, inclusive
após extinção do contrato.

Por exemplo, imagine que a administração contratou uma empresa para a prestação de serviços de exames
e imagens, como tomografias, raio-X, entre outros. Nesse caso, se for o caso, a administração poderá
ocupar as instalações da empresa, usar seus equipamentos e até mesmo pessoal para assegurar a
continuidade da prestação de serviço, em virtude de sua essencialidade. No mesmo caso, se houver alguma
falha na execução do contrato, a administração poderá realizar a ocupação provisória, enquanto apura
eventuais infrações.

Note ainda que a prerrogativa de ocupar provisoriamente incide sobre:

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a) bens (móveis ou imóveis): como as instalações e equipamentos;


b) pessoal: como os profissionais qualificados para operar os equipamentos;
c) serviços vinculados: como um serviço de manutenção dos equipamentos.

5.3 Restrição à oposição da exceção do contrato não cumprido

Nos contratos firmados entre particulares, faculta-se às partes suspender imediatamente o cumprimento
de suas obrigações quando a outra ficar inadimplente.

Por exemplo: Ana contratou Paulo para realizar a pintura de sua casa. No combinado, Paulo deveria pintar
“x metros” da casa toda semana, recebendo a parcela do pagamento nas sextas-feiras (vamos supor que a
casa de Ana é muito grande). Porém, em determinada sexta-feira, Ana não realizou o pagamento. Logo,
Paulo poderá imediatamente suspender o cumprimento de suas obrigações, ou seja, na segunda-feira
Paulo não é obrigado a continuar a pintura, até que Ana quite a pendência.

Essa suspensão realizada pela parte prejudicada é denominada oposição da exceção do contrato não
cumprido (excepctio non adimpleti contractus).

Vamos entender melhor porque o caso recebe este nome. Nos contratos, a regra é que as partes cumpram
as suas obrigações. Logo, a exceção acontece quando alguém não cumpre com a sua obrigação. Assim, se
a parte “A” não cumpre a sua obrigação, a parte “B” poderá “opor” a exceção do contrato não cumprido.
Daí o nome: oposição da exceção do contrato não cumprido. Nos contratos entre privados, a princípio, esta
oposição poderá ser imediata. Se “A” não faz a sua parte, então “B”, imediatamente, poderá deixar de
cumprir a sua.

Porém, nos contratos administrativos essa oposição não poderá ser imediata. Nesse contexto, a NLLC prevê
que o contratado terá direito à extinção do contrato ou à suspensão do cumprimento de suas obrigações
quando houver atraso superior a dois meses, contado da emissão da nota fiscal, dos pagamentos ou de
parcelas de pagamentos devidos pela administração por despesas de obras, serviços ou fornecimentos (art.
137, § 2º, IV).

Assim, se a administração atrasar a realização dos pagamentos, o contratado será obrigado a continuar a
executar o contrato, até o prazo de dois meses. Logo, ele não poderá opor a exceção do contrato não
cumprido imediatamente. Por isso, podemos dizer que há uma restrição à oposição da exceção do
contrato não cumprido. Diz-se “restrição” porque a oposição será possível, mas não imediatamente. O
contratado terá que suportar o atraso durante o prazo de dois meses.

Na antiga Lei de Licitações, o prazo de inadimplência para o contratado pleitear a rescisão ou


suspensão do contrato era de 90 dias. Na nova Lei de Licitações, o prazo muda para dois meses,
definindo-se a emissão da nota fiscal como marco inicial.

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O fundamento desse dispositivo é a continuidade do serviço público. A inadimplência da administração


pública, ainda que indesejada, não poderá prejudicar a continuidade do atendimento das demandas da
população. Assim, flexibiliza-se a regra do cumprimento das obrigações em prol da população.

Há autores, porém, que adotam a expressão “inoponibilidade” da exceção do contrato não cumprido.
Entendemos, com os devidos respeitos, que este não é o termo mais adequado, tendo em vista que não
existe uma vedação absoluta à oposição da exceção do contrato não cumprido, mas apenas uma restrição,
ou seja, o contratado terá que suportar os atrasos por dois meses. Porém, decorrido este prazo, ele poderá
invocar a inadimplência da administração, exigindo a suspensão ou extinção do contrato.

Entretanto, o contratado não poderá exigir a extinção ou suspensão do contrato em casos de:

a) calamidade pública, de grave perturbação da ordem interna ou de guerra;


b) ato ou fato que o contratado tenha praticado, do qual tenha participado ou para o qual tenha
contribuído.

Por exemplo: se for declarada uma calamidade pública, em virtude de uma pandemia, o contratado terá
que suportar os atrasos, ainda que superiores ao prazo de dois meses. Aqui, de fato, teremos uma
inoponibilidade da exceção do contrato não cumprido.

É importante também trazer para debate a previsão da Lei 8.987/1995, que dispõe que, nos contratos de
concessão de serviços públicos, a concessionária poderá pleitear a rescisão judicial, quando houver
inadimplência da administração. Entretanto, os serviços prestados pela concessionária não poderão ser
interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado. Assim, nesses casos, a
delegatária não tem a faculdade de suspender o cumprimento das obrigações, limitando a sua prerrogativa
a pleitear a rescisão judicial, que só produzirá efeitos com o trânsito em julgado.

Uma última pergunta, bastante frequente, é o que ocorre quando o inadimplente é o próprio contratado?
Nesse caso, a administração poderá opor a exceção do contrato não cumprido imediatamente, afinal a
restrição favorece a administração e não o contratado. Assim, se o contratado for inadimplente, a
administração poderá suspender os pagamentos e aplicar as sanções cabíveis desde logo, nos termos da
legislação e do contrato.

5.4 Medidas de compensação

As licitações e contratações públicas se destinam, entre outros objetivos, ao desenvolvimento nacional


sustentável. Além disso, os processos licitatórios devem buscar identificar a proposta apta a gerar o
resultado de contratação mais vantajoso para a administração pública. Nesse caso, não se analisa
friamente a proposta, mas sim o resultado esperado.

Nesse contexto, entre outros resultados, a contratação pública poderá gerar emprego, renda,
desenvolvimento tecnológico e muito mais.

Por esse motivo, a NLLC prevê a possibilidade de exigir, nas licitações, que o licitante promova “medidas de
compensação”. Por oportuno, vamos transcrever o art. 26, § 6º, da Lei 14.133/2021:

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Art. 26. [...] § 6º Os editais de licitação para a contratação de bens, serviços e obras
poderão, mediante prévia justificativa da autoridade competente, exigir que o
contratado promova, em favor de órgão ou entidade integrante da Administração
Pública ou daqueles por ela indicados a partir de processo isonômico, medidas de
compensação comercial, industrial ou tecnológica ou acesso a condições vantajosas de
financiamento, cumulativamente ou não, na forma estabelecida pelo Poder Executivo
federal.

Imagine, por exemplo, que a administração faça uma grande licitação para compras de armamentos mais
modernos. Nesse caso, considerando a importância estratégica e os valores envolvidos, a administração
poderia exigir do licitante o compartilhamento de tecnologia, como medida de compensação. Outra
medida poderia ser o acesso a determinados mercados (por exemplo: facilitar a comercialização de algum
produto nacional no país da empresa que venceu a licitação).

Sem o intuito de aprofundar neste tema, que possui as suas devidas polêmicas, vamos analisar a literalidade
do art. 26, § 6º.

As medidas de compensação dependem de justificativa da autoridade competente, podem ser instituídas


discricionariamente e, se realizadas, deverão constar no edital de licitação.

Além disso, a medida de compensação poderá ser em favor de:

a) órgão ou entidade integrante da administração pública; ou


b) daqueles por ela indicados a partir de processo isonômico.

Por exemplo: a medida poderia consistir no compartilhamento de tecnologia com um órgão público (não
necessariamente aquele que está promovendo a contratação). Este mesmo compartilhamento poderia ser
com uma entidade privada, selecionada a partir de processo isonômico.

Ademais, são duas categorias de medidas de compensação, que inclusive podem ser cumulativas ou não:

a) compensação comercial, industrial ou tecnológica; ou


b) condições vantajosas de financiamento.

Por fim, todas essas disposições serão regulamentadas pelo Poder Executivo federal.

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CLÁUSULAS EXORBITANTES

Conceito § Prerrogativas de direito público que a administração dispõe nos seus contratos.

§ Modificá-los, unilateralmente (art. 104).


§ Extingui-los, unilateralmente (art. 104).
§ Fiscalizar sua execução (art. 104).
§ Aplicar sanções (art. 104).
Espécies § Ocupar provisoriamente bens móveis e imóveis e utilizar pessoal e serviços
vinculados ao objeto do contrato (art. 104).
§ Exigir garantia contratual (arts. 96 a 103).
§ Restringir a oposição da exceção do contrato não cumprido (art. 137, IV).
§ Exigir medidas de compensação (art. 26, § 6º).

§ Um ou mais fiscais de contrato.


§ Os fiscais devem atender aos requisitos do art. 7º (preferencialmente
concursados).
§ Contratação de terceiros:
§ assistir ou subsidiar o fiscal;
§ os contratados:
Fiscalização § assumem responsabilidade objetiva pelas informações.
§ não podem substituir o fiscal.
§ Fiscal será auxiliado pelos órgãos de assessoramento jurídico e de controle
interno.
§ O fiscal deve anotar as ocorrências e emitir as determinações sobre o seu alcance.
§ Quando a medida ultrapassar a competência do fiscal, ele deverá comunicar a
autoridade superior.

§ Quando:
§ risco à prestação de serviços essenciais;
Ocupação § necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo
provisória contratado, inclusive após extinção do contrato.
§ Incide sobre:
§ bens (móveis ou imóveis);

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§ pessoal;
§ serviços vinculados.

§ Contratado deverá aturar os atrasos nos pagamentos devidos pelo prazo de dois
meses, contado da emissão da nota fiscal.
§ Após o prazo de dois meses, o contratado poderá optar por:
Restrição à § pedir a extinção do contrato;
oposição do
§ suspender o cumprimento de suas obrigações, até a normalização.
contrato não
cumprido § O contratado terá que suportar os atrasos, independentemente do prazo, em
casos de:
§ calamidade pública, de grave perturbação da ordem interna ou de guerra; ou
§ o atraso decorrer de ato ou fato que praticou ou contribuiu.

§ Decisão discricionária da administração.


Medidas de § Poderá exigir do contratado, cumulativamente ou não:
compensação § compensação comercial, industrial ou tecnológica; ou
§ condições vantajosas de financiamento.

5.5 Garantia

A garantia contratual é uma forma de assegurar que o contratado vai cumprir com as suas obrigações.

Só para contextualizar, as garantias contratuais funcionam como as garantias que as imobiliárias exigem
quando alguém aluga um imóvel. Normalmente, as imobiliárias e proprietários exigem algum depósito
prévio de parcelas do aluguel, ou a contratação de uma seguradora ou de um fiador. Estas garantias serão
utilizadas se houver alguma inadimplência do inquilino. De forma semelhante, nos contratos
administrativos, as garantias contratuais são utilizadas para assegurar o cumprimento do contrato ou, se
for necessário, para cobrar multas, prejuízos e demais danos decorrentes da inadimplência do contratado.

Nessa linha, a exigência de garantia é uma faculdade da administração, ou seja, trata-se de decisão
discricionária. Se a administração resolver exigir a garantia, tal disposição deverá constar no edital da
licitação. Por isso, o art. 96 da NLLC dispõe que: “a critério da autoridade competente, em cada caso, poderá
ser exigida, mediante previsão no edital, prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e
fornecimentos”.

Porém, a escolha da modalidade de garantia é, em regra, uma faculdade do contratado. Portanto, a


administração decide se vai exigir ou não a garantia, enquanto o contratado escolhe a forma da prestação,
entre aquelas previstas na Lei de Licitações e Contratos.

Assim, caberá ao contratado optar por uma das seguintes modalidades de garantia (art. 96, § 1º):

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a) caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública emitidos sob a forma escritural, mediante
registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil,
e avaliados por seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Economia;
b) seguro-garantia;
c) fiança bancária emitida por banco ou instituição financeira devidamente autorizada a operar no País
pelo Banco Central do Brasil.

A caução em dinheiro é o “depósito de dinheiro” na conta designada para este fim. Por outro lado, os
títulos da dívida pública são os papéis emitidos pelo Tesouro e que podem ser adquiridos como forma de
investimento. Como os títulos possuem o respectivo valor, eles podem ser utilizados como forma de
garantia, desde que atendidas as formalidades exigidas na legislação.

A fiança bancária é um contrato com um banco, que assume como “fiador”. Se o contratado não cumprir
com a sua obrigação, o banco se encarrega de pagar o valor da fiança à administração.

Por fim, o seguro-garantia é o seguro que garante o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo
contratado (art. 6º, LIV). Nesse caso, o segurador se compromete a concluir o objeto do contrato, caso o
contratado não o faça. A NLLC deu tratamento especial para esta modalidade de garantia, então vamos
voltar a tratar desse tema adiante.

Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia poderá ser de até cinco por cento do valor
inicial do contrato, autorizada a majoração desse percentual para até dez por cento, desde que justificada
mediante análise da complexidade técnica e dos riscos envolvidos. Logo, podemos dizer que, em regra, a
garantia será de até 5%, mas poderá ser de até 10%, conforme os riscos e a complexidade.

Além disso, nos casos de contratos que impliquem a entrega de bens pela administração, dos quais o
contratado ficará depositário, o valor desses bens deverá ser acrescido ao valor da garantia. Por exemplo:
a administração emprestou um equipamento para a contratada, que custou R$ 5 milhões. Nesse caso, será
somado ao valor da garantia o montante de R$ 5 milhões.

Agora vamos pensar no seguinte caso. Um contrato de serviços e fornecimentos contínuos poderá ter o
prazo de vigência de até cinco anos (podendo ainda sofrer prorrogações até o prazo máximo de dez anos).
Nesse caso, como é calculado o valor da garantia? A própria NLLC nos responde, afirmando que, nas
contratações de serviços e fornecimentos contínuos com vigência superior a um ano, assim como nas
subsequentes prorrogações, será utilizado o valor anual do contrato para definição e aplicação dos
percentuais da garantia. Logo, é o valor “do ano” que será utilizado para calcular o valor da garantia.

A garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a fiel execução do contrato ou após a
sua extinção por culpa exclusiva da administração. Se prestada em dinheiro, ela será atualizada
monetariamente (art. 100, caput).

Por outro lado, se houver suspensão do contrato por ordem ou inadimplemento da administração, o
contratado ficará desobrigado de renovar a garantia ou de endossar a apólice de seguro até a ordem de
reinício da execução ou o adimplemento pela administração. Imagine, por exemplo, que o contrato está
suspenso porque a administração atrasou o pagamento por mais de dois meses e o contratado optou pela
suspensão ao invés da extinção. Nesse caso, o contratado não precisará renovar a garantia ou endossar a
apólice de seguro, enquanto não houver o reinício da execução do contrato.

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Agora, vamos falar um pouco mais sobre o seguro-garantia.

O seguro-garantia tem por objetivo garantir o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo contratado
perante a administração, inclusive as multas, os prejuízos e as indenizações decorrentes de
inadimplemento, observadas as seguintes regras nas contratações (art. 97, caput):

e) o prazo de vigência da apólice será igual ou superior ao prazo estabelecido no contrato principal e
deverá acompanhar as modificações referentes à vigência deste mediante a emissão do respectivo
endosso pela seguradora;
f) o seguro-garantia continuará em vigor mesmo se o contratado não tiver pago o prêmio nas datas
convencionadas.

Logo, se o contratado atrasar no pagamento do prêmio, que é o valor que deve ser pago à seguradora,
ainda assim o seguro-garantia continuará em vigor.

O seguro-garantia não serve apenas para obras e serviços de engenharia. Ele também poderá ser utilizado
em outros contratos. Assim, nos contratos de execução continuada ou de fornecimento contínuo de bens
e serviços, será permitida a substituição da apólice de seguro-garantia na data de renovação ou de
aniversário, desde que mantidas as mesmas condições e coberturas da apólice vigente e desde que nenhum
período fique descoberto, exceto nos casos de suspensão do contrato por inadimplência da administração,
conforme vimos acima.

Ademais, o art. 102 da NLLC dispõe que:

Art. 102. Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital poderá exigir a


prestação da garantia na modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a
seguradora, em caso de inadimplemento pelo contratado, assumir a execução e concluir
o objeto do contrato, hipótese em que [...].

Dessa forma, nas obras e serviços de engenharia, em geral, a administração poderá definir que a
modalidade de garantia será o seguro-garantia. Logo, o contratado não poderá “escolher” a modalidade de
garantia, como ocorre tradicionalmente. Perceba ainda que o seguro-garantia contará com a “cláusula de
retomada”, ou seja, cláusula que defina a obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento pelo
contratado, assumir a execução e concluir o objeto do contrato. Essa obrigação é denominada de step in
right, que significa que a seguradora assume a obrigação de gerenciamento, execução e entrega do
empreendimento quando a contratada falhar no cumprimento de suas obrigações.

Já nas contratações de obras e serviços de engenharia de grande vulto, também poderá ser exigida a
prestação de garantia, na modalidade seguro-garantia, com a cláusula de retomada, mas com um
percentual mais elevado, equivalente a até 30% (trinta por cento) do valor inicial do contrato.

Portanto, nesse caso, a administração poderá exigir não só a prestação da garantia, como também a sua
modalidade, aplicando-se um percentual diferenciado de até 30%. Logo, no caso de obras e serviços de
engenharia de grande vulto (aquelas cujo valor seja superior a R$ 200 milhões), a administração poderá
exigir que a garantia seja prestada na modalidade de seguro-garantia e o percentual poderá ser de até 30%
do valor do contrato. Assim, temos uma dupla exceção, pois tradicionalmente o contratado pode escolher
a modalidade de garantia e, além disso, o limite, em regra, é de até 5% do valor do contrato.

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Logo, podemos esquematizar assim:

a) em regra, o contratado pode escolher a modalidade de garantia, aplicando-se o percentual de até 5%


ou, conforme a complexidade, de até 10%;
b) nas obras e serviços de engenharia, em geral, a administração poderá exigir (definir) que a garantia
seja prestada como seguro-garantia, mas o percentual, a princípio, é o mesmo que vimos no tópico
anterior;
c) nas obras e serviços de engenharia de grande vulto, além de exigir a prestação em seguro-garantia,
o percentual poderá ser de até 30% do valor do contrato.

Quando exigida a prestação do seguro-garantia, serão aplicadas as seguintes disposições especiais:

a) a seguradora deverá firmar o contrato, inclusive os aditivos, como interveniente anuente e poderá:
i) ter livre acesso às instalações em que for executado o contrato principal;
ii) acompanhar a execução do contrato principal;
iii) ter acesso a auditoria técnica e contábil;
iv) requerer esclarecimentos ao responsável técnico pela obra ou pelo fornecimento;
b) a emissão de empenho em nome da seguradora, ou a quem ela indicar para a conclusão do contrato,
será autorizada desde que demonstrada sua regularidade fiscal;
c) a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, total ou parcialmente.

Imagine que a contratada não cumpriu com a sua obrigação. Nesse caso, a seguradora terá que assumir o
objeto do contrato. Porém, normalmente, a seguradora não terá a estrutura de uma empreiteira, por
exemplo. Justamente por isso que a Lei de Licitações e Contratos admite a subcontratação, que neste caso
poderá ser total ou parcial. Logo, a seguradora poderá subcontratar um terceiro, que executará a obra ou
o serviço de engenharia.

Além disso, na hipótese de inadimplemento do contratado, serão observadas as seguintes disposições:

a) caso a seguradora execute e conclua o objeto do contrato, estará isenta da obrigação de pagar a
importância segurada indicada na apólice;
b) caso a seguradora não assuma a execução do contrato, pagará a integralidade da importância
segurada indicada na apólice.

Nesse caso, a disposição é lógica. Se a seguradora cumprir o seu papel, não terá que pagar o valor do seguro
indicado na apólice. Se, por outro lado, ela não cumprir a sua obrigação, terá que pagar o valor da apólice
do seguro para a administração.

Por fim, não confunda a garantia contratual, que estudamos neste capítulo, com a garantia de proposta,
que poderá ser exigida, no momento da apresentação da proposta, como requisito de pré-habilitação (art.
58). Esta última pode ser exigida dos licitantes, ficando limitada a 1% do valor estimado da contratação.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Em regra, o valor da garantia poderá ser de até cinco por cento do valor
inicial do contrato, quando se tratar de obras, serviços e fornecimentos.
Comentário:
Nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia poderá ser de até 5% (cinco por cento) do
valor inicial do contrato (art. 98).
Gabarito: correto.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Caução em dinheiro, seguro-garantia e fiança bancária são modalidades
de garantia que podem ser escolhidas de acordo com aspectos de conveniência e oportunidade do
administrador, quando exigidas no contrato.
Comentário:
Caução em dinheiro, seguro-garantia e fiança bancária realmente são modalidades de garantia. Contudo,
quem escolhe qual modalidade de garantia prefere, em regra, é o contratado, e não o administrador (art.
96, § 1º).
Gabarito: errado.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) O seguro-garantia é a modalidade de garantia contratual que consiste
em um seguro que garante o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo contratado.
Comentário:
A Lei de Licitações define seguro-garantia da seguinte forma (art. 6º, LIV): “seguro-garantia: seguro que
garante o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo contratado”.
Gabarito: correto.

GARANTIA CONTRATUAL

Conceito § Forma de assegurar que o contratado vai cumprir com as suas obrigações.

§ Decisão discricionária da administração


§ O contratado escolhe a modalidade entre as disponíveis:
§ caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública;
Regra § seguro-garantia;
§ fiança bancária.
§ Há casos, entretanto, que a administração poderá exigir a modalidade seguro-
garantia.

§ Regra: até 5%.


§ Alta complexidade + riscos: até 10%.
Limites § Obras e serviços de engenharia de grande vulto (seguro-garantia): até 30%.
§ Acrescenta-se o valor dos bens da administração que o contratado ficar como
depositário.

Seguro- § Seguro que garante o fiel cumprimento das obrigações assumidas pelo contratado.
garantia

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§ Nas obras e serviços de engenharia, em geral, a administração poderá exigir


(definir) que a garantia seja prestada como seguro-garantia.
§ Nas obras e serviços de engenharia de grande vulto, além de exigir a prestação em
seguro-garantia, o percentual poderá ser de até 30% do valor do contrato.
§ Contratado figura como “interveniente” no contrato.
§ Se o contratado não cumprir as suas obrigações, a seguradora assume e entrega o
objeto do contrato, sob pena de ter que pagar o valor indicado na apólice.
§ A seguradora poderá subcontratar total ou parcialmente a conclusão do objeto.

§ É diferente da garantia contratual.


Garantia de
§ A garantia de propostas é exigida dos licitantes, requisito de pré-habilitação.
propostas
§ Limite: 1% do valor estimado.

6 DURAÇÃO DOS CONTRATOS


6.1 Noções gerais

A duração dos contratos, conforme o caso, poderá ter como referência um prazo de duração ou um
escopo. Por exemplo: um contrato de prestação de serviços contínuos é firmado por período (exemplo: “x”
anos). Já um contrato para a construção de uma escola é firmado pelo escopo, qual seja, a construção da
escola. Assim, este último contrato será encerrado pela conclusão e entrega deste objeto. Há ainda
contratos que poderão considerar os dois fatores (o escopo e o prazo), como ocorre no contrato pelo
regime de fornecimento e prestação de serviço associado. Aqui, há um escopo (o fornecimento de um bem
ou realização de uma obra), com um serviço de manutenção (que é firmado por um prazo).

De acordo com a Lei 14.133/2021, a duração dos contratos será a prevista em edital, devendo observar,
no momento da contratação e a cada exercício financeiro, a disponibilidade de créditos orçamentários,
bem como a previsão no plano plurianual - PPA, quando ultrapassar um exercício financeiro (art. 105).23

Os créditos orçamentários constituem a autorização, prevista na lei orçamentária anual, para a realização
de despesas públicas. Como os contratos administrativos geram despesas públicas, consequentemente eles
deverão ser suportados pelos respectivos créditos orçamentários.

Assim, podemos resumir estas disposições iniciais sobre a duração dos contratos:

a) constará no edital da licitação;


b) considerará a disponibilidade dos créditos orçamentários, na:
i) contratação; e

23
Apesar de a lei não mencionar diretamente, se for o caso de contratação direta, a duração deverá constar no termo que
autorizar esta contratação.

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ii) a cada exercício financeiro;


c) se ultrapassar um exercício financeiro, deverá constar no PPA.

Ademais, é importante destacar que os prazos de duração dos contratos, previstos na Lei 14.133/2021, são
de aplicação subsidiária. Isso significa que, se houver prazo previsto em leis especiais, estes últimos serão
aplicados. Logo, os prazos contratuais definidos na Lei de Licitações e Contratos “não excluem nem
revogam os prazos contratuais previstos em lei especial” (art. 112). Por exemplo: a Lei das Parcerias
Público-Privadas – Lei das PPPs define os prazos de vigência dos contratos de parcerias público-privadas.
Esses prazos da Lei das PPPs não foram alterados pela Nova Lei de Licitações e Contratos.

Agora, vamos começar a mencionar cada um dos prazos dos contratos administrativos.

6.2 Prazos de vigência

6.2.1 Contratos de serviços e fornecimentos contínuos

Nos contratos de serviços e fornecimentos contínuos, o prazo de celebração poderá ser de até cinco anos.
Este pode ser o prazo “inicial” do contrato, mas veremos adiante que este prazo poderá ser prorrogado
além disso.

Apesar de ser firmado com prazo inicial de cinco anos, ainda assim algumas diretrizes deverão ser
observadas, quais sejam:

a) a autoridade competente do órgão ou entidade contratante deverá atestar a maior vantagem


econômica vislumbrada em razão da contratação plurianual;
b) a administração deverá atestar, no início da contratação e de cada exercício, a existência de créditos
orçamentários vinculados à contratação e a vantagem em sua manutenção;
c) a administração terá a opção de extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos
orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece
vantagem.24

Com efeito, os contratos de serviços e fornecimentos contínuos poderão ser prorrogados sucessivamente,
até o prazo máximo de dez anos (vigência máxima “decenal”). Logo, o prazo inicial poderá ser de até cinco
anos, mas o contrato poderá ter prorrogações, até totalizar dez anos. Essa prorrogação depende de
previsão em edital e que a autoridade competente ateste que as condições e os preços permanecem
vantajosos para a administração. A legislação permite a negociação com o contratado ou a extinção
contratual sem ônus para qualquer das partes. Portanto, a administração poderá negociar com a

24
O § 1º do art. 106 apresentou uma regra bastante confusa sobre o prazo de vigência desses contratos. O dispositivo prevê
que: “§ 1º A extinção mencionada no inciso III do caput deste artigo ocorrerá apenas na próxima data de aniversário do contrato
e não poderá ocorrer em prazo inferior a 2 (dois) meses, contado da referida data”. No meu ponto de vista, este dispositivo não
ficou muito claro, pois ora menciona que a extinção somente ocorrerá no aniversário do contrato, mas depois afirma que isso
não poderá ocorrer no prazo inferior a dois meses (em tese, uma regra exclui a outra). Por isso, para fins de prova, sugiro apenas
que você “memorize” a regra. No futuro, a doutrina e a jurisprudência poderão esclarecer melhor esse tema.

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contratada a obtenção de boas condições na prorrogação do contrato, mas se não houver acordo o
contrato poderá ser extinto, sem ônus para a administração ou para o contratado.

Infelizmente, o capítulo sobre a vigência dos contratos administrativos ficou bastante confuso
(diferentemente do restante da Lei 14.133/2021, que sistematizou muito bem as regras sobre as
licitações e contratos administrativos).

O art. 106 trata da vigência inicial dos contratos de serviços e fornecimentos contínuos (até cinco
anos), enquanto o art. 107 trata da possibilidade de prorrogação desses contratos até o prazo de
dez anos. Essa “separação”, por si só, já causa um pouco de confusão nos prazos de vigência desses
contratos.

Além disso, houve menção expressa de que as disposições do art. 106 se aplicam aos contratos de
aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática (art. 106, § 2º). Entretanto,
não existe menção quanto à aplicação do art. 107 para estes contratos. Assim, aparentemente, o
contrato de aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática pode ter vigência
inicial de até cinco anos, mas não poderá ser prorrogado até o limite de dez anos, por falta de
previsão expressa na Lei 14.133/2021. Se esta foi realmente a intenção do legislador, não sabemos
ainda, mas é o que podemos extrair da literalidade.

Inicial: até 5 anos


Prazo
Total: até 10 anos

Demonstração da vantagem da contratação


plurianual
Contratos de
serviços e Disponibilidade dos créditos orçamentários (na
fornecimentos Diretrizes
assinatura e em cada exercício financeiro)
contínuos

Possibilidade de extinção, sem ônus para a


administração

Aluguel de equipamentos e a utilização de Prazo de até


programas de informática cinco anos

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6.2.2 Casos especiais

O art. 108 da Lei 14.133/2021 cita alguns casos específicos de contratos cujo prazo de duração poderá ser
de até 10 anos:

Art. 108. A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 10 (dez) anos nas
hipóteses previstas nas alíneas “f” e “g” do inciso IV e nos incisos V, VI, XII e XVI do caput
do art. 75 desta Lei.

O art. 75 lista as hipóteses de dispensa de licitação. Logo, alguns casos de dispensa poderão ter prazo de
vigência de até dez anos. Recomendamos a leitura direta desses casos na Lei de Licitações. Porém, de forma
resumida, eles versam sobre:

a) alta complexidade tecnológica e defesa nacional;


b) materiais de uso das Forças Armadas, para fins de padronização (com exceções);
c) inovação e pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo;
d) comprometimento da segurança nacional;
e) transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS);
f) insumos estratégicos para a saúde.

6.2.3 Administração como usuária de serviços públicos

Sobre os contratos de serviços públicos, precisamos explicar que há situações em que a administração atua
como “poder concedente”, realizando a delegação da prestação do serviço público a terceiros. Exemplo
desse tipo de contrato é a concessão do transporte público municipal para empresas privadas, que operam
os serviços de transporte coletivo (ônibus, metrô, etc.). Nesses contratos, a administração não está “usando
o serviço”, mas o delegando a terceiros. Por isso, aqui, a função do Estado é de “poder concedente”. Esse
é um contrato administrativo típico, disciplinado em legislação específica, como na Lei 8.987/1995.

Há, todavia, situações em que a administração será usuária do serviço, em uma relação que não se difere
muito dos contratos firmados entre particulares. Um exemplo acontece na prestação do serviço de
distribuição de energia elétrica. Se for aberta uma unidade nova da Justiça Federal em uma cidade do
interior do Brasil, esta unidade precisará receber energia elétrica. Para isso, ela vai contratar a
concessionária que presta o serviço na região. Note que, nesse caso, as características da necessidade da
administração são semelhantes ou iguais às características da necessidade de empresas e de moradores de
prédios vizinhos. Assim, a administração será “mera” usuária do serviço, como todos os demais.

Segundo a Lei de Licitações e Contratos, a administração poderá estabelecer a vigência por prazo
indeterminado nos contratos em que seja usuária de serviço público oferecido em regime de monopólio
(art. 109).

No exemplo que passamos acima, quando a administração está utilizando o serviço (contratando a
concessionária para lhe distribuir energia elétrica), o contrato poderá ter vigência indeterminada, desde
que o serviço seja prestado em regime de monopólio. A distribuição de energia elétrica, em muitos estados,
ocorre mediante regime de monopólio, existindo uma empresa estatal ou concessionária encarregada da

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distribuição. Nesse caso, não faz muito sentido ficar firmando contratos sucessivos, quando a contratada
será, invariavelmente, a mesma. Daí a possibilidade de firmar contrato com prazo de vigência
indeterminado.

Porém, mesmo assim, deverá ser comprovada a existência de créditos orçamentários vinculados à
contratação, a cada exercício financeiro.

Fique bastante atento a este caso, pois a antiga legislação vedava expressamente os contratos com vigência
indeterminada. Mas agora há um caso expresso de contrato que poderá ter vigência indeterminada.

Os contratos em que a administração é usuária de serviço público podem ter prazo de vigência
indeterminado, quando prestados em regime de monopólio.

6.2.4 Contrato que gere receita e contrato de eficiência

Na contratação que gere receita e no contrato de eficiência que gere economia para a administração, os
prazos serão de (art. 110):

a) até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimento;


b) até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento.

Exemplo de contrato que gera receita são os contratos de concessão de uso de bem público. Nesse tipo de
contrato, a administração receberá um valor pelo uso do bem, como se fosse um “aluguel”. Logo, o contrato
gera receita (um pagamento) para a administração.

Por outro lado, os contratos de eficiência são definidos como (art. 6º, LIII):

[...] contrato cujo objeto é a prestação de serviços, que pode incluir a realização de obras
e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, na
forma de redução de despesas correntes, remunerado o contratado com base em
percentual da economia gerada;

Um exemplo seria a prestação de um serviço para diminuir os gastos da administração no armazenamento,


transporte e preparação de merenda escolar. A empresa se encarrega de prestar o serviço de logística,
prometendo reduzir os gastos da administração em 45%. Nesse caso, a empresa será remunerada em
percentual sobre esta economia.

O “x” da duração desses contratos é a existência ou não de investimento. Nesse caso, consideram-se
investimentos aqueles que impliquem a elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas
exclusivamente às expensas do contratado, que serão revertidas ao patrimônio da administração pública
ao término do contrato.

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Por exemplo: no contrato que mencionamos acima, a empresa vai construir um grande galpão para
aperfeiçoar o armazenamento e preparação da merenda escolar.

Note duas características essenciais sobre essas benfeitorias:

(i) elas devem ser custeadas pela contratada (o contrato não pode prever o pagamento da obra);
(ii) ao final do contrato, a benfeitoria será revertida ao patrimônio da administração pública, ou seja,
será da administração.

Assim, se o contratado realizar investimentos (por exemplo: custear uma obra), o contrato poderá ter
vigência de até trinta e cinco anos. Por outro lado, se a obra for custeada pela administração, ou não houver
previsão de reversão ao patrimônio público ou, ainda, se não houver investimento custeado pela
contratada, a vigência poderá ser de até dez anos.

Logo, o “com investimento” ou “sem investimento” é analisado pela perspectiva do contratado (ele deve
custear o investimento).

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6.2.5 Contrato por escopo

Nos contratos por escopo, também denominados contratos por objeto ou contratos de execução
imediata, o que interessa é a conclusão de uma conduta específica e definida. Assim, o contrato se exaure
pelo atendimento da prestação pactuada no contrato. Por exemplo: no contrato de uma obra de
construção de uma escola, o objetivo desse contrato é a conclusão dessa escola.

Assim, os contratos por escopo são diferentes dos contratos de serviços e de fornecimentos contínuos.
Nestes, a necessidade da administração se renova constantemente, motivo pelo qual o prazo de duração é
que é o fator relevante para o contrato. Por exemplo: no serviço de limpeza e de manutenção das
instalações, a necessidade da administração é permanente e contínua. Assim, a conclusão da limpeza das
instalações “hoje” não encerra a vigência do contrato, pois a necessidade se renova constantemente. Por
isso, nesse contrato, o período (prazo) é um fator relevante na definição de sua vigência.

Nos contratos por escopo, por outro lado, o prazo, quando for o caso, será um instrumento moratório, ou
seja, definirá o tempo em que o contratante deseja que o contratado conclua o objeto. Caso o contratado
não termine no prazo, por sua culpa, estará em “mora”, ou seja, estará atrasado. Entretanto, o contrato
continuará vigente, pois o que interessa é a conclusão do objeto do contrato.

Por exemplo: a administração assina um contrato com uma empreiteira para que ela faça a construção de
uma escola em 36 meses. Se a empresa não concluir nesse prazo, poderá ser constituída em mora, o que
poderá ensejar a aplicação das sanções contratuais. Alternativamente, a administração poderá extinguir o
contrato em virtude dessa inadimplência.

Agora que você já sabe o que é um contrato por escopo, vamos analisar o que dispõe a NLLC sobre o tema.

Na contratação que previr a conclusão de escopo predefinido, o prazo de vigência será automaticamente
prorrogado quando seu objeto não for concluído no período firmado no contrato (art. 111, caput). Assim,
a prorrogação ocorre automaticamente, independentemente de manifestação formal das partes, tendo em
vista que o objeto ainda não está pronto.

Quando a não conclusão decorrer de culpa do contratado (art. 111, parágrafo único):

a) o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as respectivas sanções administrativas;


b) a administração poderá optar pela extinção do contrato e, nesse caso, adotará as medidas admitidas
em lei para a continuidade da execução contratual.

Em resumo, o contrato por escopo não tem um “prazo” máximo fixado em lei, pois depende da conclusão
do objeto. Se o prazo definido no contrato não for cumprido, o contratado sofrerá as sanções contratuais
decorrentes da mora, sem prejuízo da possibilidade de a administração extinguir o contrato. Por exemplo,
imagine que o atraso seja tão grande que a administração perceba que é melhor extinguir o contrato e
contratar um terceiro, nas hipóteses legais, para concluir o objeto.

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Há uma grande preocupação da Nova Lei de Licitações e Contratos com as obras e serviços
paralisados.

Assim, é proibido à administração retardar imotivadamente a execução de obra ou serviço, ou


de suas parcelas, inclusive na hipótese de posse do respectivo chefe do Poder Executivo ou de
novo titular no órgão ou entidade contratante (art. 115, § 1º). Esta vedação tem o propósito de
impedir aquelas paralisações motivadas por questões meramente políticas. Por exemplo: o
Prefeito novo assume e alega que vai “paralisar” todas as obras da gestão anterior, para “mera
apuração”. Ora, a paralisação deverá decorrer de motivo determinado, devidamente indicado no
processo.

Entretanto, em caso de impedimento, ordem de paralisação ou suspensão do contrato, o


cronograma de execução será prorrogado automaticamente pelo tempo correspondente,
anotadas tais circunstâncias mediante simples apostila. Por exemplo: a administração determinou
a paralisação da execução do contrato. Nesse caso, não há necessidade de fazer aditamento,
bastando a apostila para redefinir o cronograma, que será automaticamente prorrogado.

Ademais, nas contratações de obras, verificada a ocorrência de impedimento, ordem de


paralisação ou suspensão do contrato por mais de um mês, a administração deverá divulgar, em
sítio eletrônico oficial e em placa a ser afixada em local da obra de fácil visualização pelos
cidadãos, aviso público de obra paralisada, com o motivo e o responsável pela inexecução
temporária do objeto do contrato e a data prevista para o reinício da sua execução (art. 115, § 6º),
cabendo à própria administração a elaboração dos textos que serão divulgados. Trata-se de
medida bastante interessante, que buscará demonstrar à população os responsáveis pela
paralisação.

6.2.6 Regime de fornecimento e prestação de serviço associado

O regime de fornecimento e prestação de serviço associado é definido como:

Art. 6º. [...] XXXIV – fornecimento e prestação de serviço associado: regime de


contratação em que, além do fornecimento do objeto, o contratado responsabiliza-se
por sua operação, manutenção ou ambas, por tempo determinado;

Além de um fornecimento, este regime também admite a realização de obras. Logo, entenda por
“fornecimento” a entrega de um bem ou a realização de uma obra.

Assim, o contrato firmado sob regime de fornecimento e prestação de serviço associado tem duas etapas:

(1) o fornecimento do objeto ou a entrega da obra;


(2) a manutenção ou operação (ou ambas), por tempo determinado.

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Por exemplo: a administração contrata uma empresa para fornecer um equipamento para a realização de
tomografia computadorizada. O contrato prevê duas etapas: (i) o fornecimento e a instalação do
equipamento (incluindo as obras necessárias); (ii) a manutenção durante cinco anos. Esse contrato é
exemplo de aplicação do regime de fornecimento e prestação de serviço associado.

Logo, o prazo de vigência será formado pela soma (art. 113):

a) do prazo relativo ao fornecimento inicial ou à entrega da obra; e


b) do prazo da operação e manutenção.

O prazo do serviço (letra “b”) terá duração de até cinco anos, permitida a prorrogação até o prazo máximo
de dez anos.

Assim, os contratos realizados pelo regime de fornecimento e prestação de serviço associado terão o prazo
de vigência decorrente da soma dos períodos de: (i) fornecimento ou obra; (ii) do serviço, limitado este
último ao prazo de cinco anos, prorrogável até o período máximo de dez anos.

6.2.7 Contratos de operação continuada de sistemas estruturantes de


tecnologia da informação

O contrato que previr a operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da informação


poderá ter vigência máxima de 15 (quinze) anos (art. 114).

Nesse contexto, a Portaria 352, de 31 de janeiro de 2020, da Controladoria-Geral da União, define sistemas
estruturantes como:

Art. 2º [...] XXXI - Sistema Estruturante: sistema com suporte de tecnologia da informação
fundamental e imprescindível para planejamento, coordenação, execução,
descentralização, delegação de competência, controle ou auditoria das ações do Estado,
além de outras atividades auxiliares, desde que comum a dois ou mais órgãos da
Administração e que necessitem de coordenação central;

Esses sistemas são aqueles cuja descontinuidade pode comprometer a atuação dos órgãos públicos.

São exemplos o Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal – Sipec; o Sistema de Serviços Gerais –
SISG; o Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação – SISP; Sistema de
Planejamento e Orçamento Federal – Siop; e o Sistema de Administração Financeira Federal – Siafi.

Logo, os contratos administrativos que digam respeito a estes sistemas estruturantes de TI, ou outros dessa
natureza, poderão ter prazo de vigência máxima de quinze anos.

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6.3 Resumo dos prazos de vigência dos contratos

Hipótese Prazo
Serviços e fornecimento contínuos § Celebração: até 5 anos;
§ Total: até 10 anos
Aluguel de equipamentos e utilização de programas de § Até 5 anos.
informática
Casos especiais de dispensa de licitação (tecnologia, § Até 10 anos
inovação, SUS, segurança nacional, entre outros)
Contratos que gerem receita ou contratos de eficiência § Sem investimento: Até 10 anos
§ Com investimento: Até 35 anos
Administração como usuária de serviço público em § Pode ser indeterminado
monopólio
Por escopo § Prorrogado automaticamente
Regime de fornecimento e prestação de serviço § Somatório: Fornecimento + Serviço (até
associado 5 anos, prorrogável até 10 anos)
Operação continuada de sistemas estruturantes de § Até 15 anos.
tecnologia da informação

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) É vedado, em qualquer caso, o contrato com prazo de vigência
indeterminado.
Comentário:
Essa era uma previsão da antiga legislação. Agora, a Lei n° 14.133/2021 expressamente prevê que “a
administração poderá estabelecer a vigência por prazo indeterminado nos contratos em que seja usuária
de serviço público oferecido em regime de monopólio, desde que comprovada, a cada exercício financeiro,
a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação” (art. 109).
Gabarito: errado.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Com a entrada em vigor da Lei n° 14.133/2021, os prazos contratuais
previstos em leis especiais ficam revogados, devendo seguir as disposições da nova legislação.
Comentário:
Na verdade, os prazos contratuais previstos na nova Lei não excluem nem revogam os prazos contratuais
previstos em lei especial (art. 112).
Gabarito: errado.

7 RESPONSABILIDADES PELA EXECUÇÃO E PELOS


ENCARGOS DO CONTRATO

7.1 Responsabilidade pela execução

O contrato deverá ser fielmente executado pelas partes. Logo, eventuais falhas deverão ser corrigidas e
reparadas pelo responsável.

Nessa linha, o contratado será obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas
expensas, no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções
resultantes de (art. 119):

a) sua execução; ou
b) materiais nele empregados.

Por exemplo: o contratado construiu um prédio para a administração, mas alguns meses depois são
identificadas falhas nas paredes, que começaram a gerar rachaduras. Nesse caso, o contratado deverá
corrigir as falhas, arcando com os custos dessa correção.

Nota-se que o legislador, em comparação à legislação anterior, retirou o trecho que exigia “dolo ou culpa
na execução do contrato”, conforme constava no art. 70, caput, da Lei 8.666/1993. Assim, o contratado
passa a responder objetivamente pela regular execução do contrato. Inclusive o art. 140, § 6º,
expressamente afirma que o contratado responde objetivamente pelas falhas na execução de obras.

Com efeito, no caso de obras, a Lei de Licitações e Contratos fixa o prazo mínimo de cinco anos de garantia
que o contratado deverá dar à administração. Nesse período, o contratado responderá objetivamente pela
solidez e pela segurança dos materiais e dos serviços executados e pela funcionalidade da construção, da
reforma, da recuperação ou da ampliação do bem imóvel, e, em caso de vício, defeito ou incorreção
identificados, o contratado ficará responsável pela reparação, pela correção, pela reconstrução ou pela
substituição necessárias, e nem mesmo o recebimento definitivo realizado pela administração afastará
esta responsabilidade (art. 140, § 6º).

Além disso, o contratado será responsável pelos danos causados diretamente à administração ou a
terceiros em razão da execução do contrato, e não excluirá nem reduzirá essa responsabilidade a
fiscalização ou o acompanhamento pelo contratante (art. 120).

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7.2 Responsabilidade pelos encargos

Segundo a Lei de Licitações, somente o contratado será responsável pelos encargos trabalhistas,
previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato (art. 120, caput).

A expressão “somente” não está ali por acaso. Este tema já gerou muita confusão, por isso o legislador quis
reforçar a responsabilidade do contratado com o advérbio “somente”. Acontece que, logo na sequência,
vamos ver que existem algumas exceções.

Os encargos trabalhistas referem-se ao salário, FGTS e outros benefícios devidos aos empregados. Os
encargos previdenciários, por outro lado, tratam das obrigações perante a seguridade social. Já os encargos
fiscais referem-se ao recolhimento dos tributos devidos aos entes da Federação. Por fim, os encargos
comerciais são as obrigações da empresa perante os seus parceiros e fornecedores.

Assim, imagine que o contratado não arcou com os encargos. Nessa situação, quem responderá por esta
inadimplência?

A inadimplência do contratado em relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transferirá
à administração a responsabilidade pelo seu pagamento e não poderá onerar o objeto do contrato nem
restringir a regularização e o uso das obras e das edificações, inclusive perante o registro de imóveis.

Vejamos um exemplo: a empresa X foi contratada pela administração para o fornecimento de


computadores. A empresa adquiriu algumas peças com um outro lojista, para preparar os computadores a
serem fornecidos à administração. Nesse caso, se a empresa X não quitar o débito com o lojista, esta
obrigação comercial não se transfere para a administração. Logo, o lojista somente poderá cobrar da
própria empresa X, já que a administração não assume esta responsabilidade.

Há, entretanto, uma exceção. Exclusivamente nas contratações de serviços contínuos com regime de
dedicação exclusiva de mão de obra, a administração responderá (art. 121, § 2º):

a) solidariamente pelos encargos previdenciários; e


b) subsidiariamente pelos encargos trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do cumprimento
das obrigações do contratado.

O conceito de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra consta no
art. 6º, XVI, da Lei 14.133/2021, nos seguintes termos:

XVI – serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra: aqueles cujo
modelo de execução contratual exige, entre outros requisitos, que:

a) os empregados do contratado fiquem à disposição nas dependências do contratante para


a prestação dos serviços;

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b) o contratado não compartilhe os recursos humanos e materiais disponíveis de uma


contratação para execução simultânea de outros contratos;

c) o contratado possibilite a fiscalização pelo contratante quanto à distribuição, controle e


supervisão dos recursos humanos alocados aos seus contratos;

São exemplos os serviços de vigilância e de limpeza e manutenção de instalações. Nesses


contratos, o contratado fornece os vigilantes ou o pessoal encarregado da limpeza e manutenção,
fornecendo, assim, mão de obra de forma contínua para a administração pública.

Perceba, assim, que, exclusivamente nos contratos de serviços contínuos com regime de dedicação
exclusiva de mão de obra, a administração poderá responder pelos encargos previdenciários ou
trabalhistas.

No primeiro caso, a responsabilidade será solidária, ou seja, a administração responde de forma conjunta
com o contratado. Se, por exemplo, o contratado não quitou os débitos previdenciários dos funcionários,
tanto a administração quanto o contratado poderão ser responsabilizados.

Agora, em relação aos encargos trabalhistas, a responsabilidade da administração é subsidiária e depende


de comprovação de falha na fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado. A diferença é
que, na responsabilidade subsidiária, a administração somente poderá ser responsabilizada se a empresa
contratada não tiver recursos para quitar a dívida. Nesse caso, o empregado que não recebeu seus salários,
por exemplo, terá que tentar cobrar do seu empregador (a empresa contratada pela administração).
Somente se esta empresa não tiver condições de arcar com as obrigações é que a administração pública
poderá ser acionada.

Esse tema já foi enfrentado pelo STF em pelo menos duas ocasiões. Na ADI 16/DF, o STF declarou
constitucional o art. 71, § 1º, da Lei 8.666/1993, cujo propósito era justamente o de definir que a
inadimplência pelos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à administração pública a
responsabilidade por seu pagamento. Posteriormente, no RE 760.931/DF, também debatido na época da
Lei 8.666/1993, o Supremo fixou a seguinte tese: “o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos
empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a
responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º,
da Lei nº 8.666/93”.

Dessa forma, cabe ao interessado na indenização demonstrar que a administração falhou na fiscalização
do contrato, demonstrando o nexo de causalidade entre a omissão da administração e o dano sofrido.

Note que mesmo na época da Lei 8.666/1993 este assunto já era muito debatido. Por esse motivo, a NLLC
acabou dedicando alguns dispositivos somente para tratar da responsabilidade pelos encargos trabalhistas.
Assim, nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, para
assegurar o cumprimento de obrigações trabalhistas pelo contratado, a administração, mediante
disposição em edital ou em contrato, poderá, entre outras medidas (art. 121, § 3º):

a) exigir caução, fiança bancária ou contratação de seguro-garantia com cobertura para verbas
rescisórias inadimplidas;

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b) condicionar o pagamento à comprovação de quitação das obrigações trabalhistas vencidas relativas


ao contrato;
c) efetuar o depósito de valores em conta vinculada;
d) em caso de inadimplemento, efetuar diretamente o pagamento das verbas trabalhistas, que serão
deduzidas do pagamento devido ao contratado;
e) estabelecer que os valores destinados a férias, a décimo terceiro salário, a ausências legais e a verbas
rescisórias dos empregados do contratado que participarem da execução dos serviços contratados
serão pagos pelo contratante ao contratado somente na ocorrência do fato gerador.

Perceba que a letra “a” citada acima prevê a possibilidade de garantia específica para o cumprimento dos
encargos trabalhistas. A letra “c”, por sua vez, prevê o depósito em “conta vinculada”, que seria uma conta
reservada especificamente para os depósitos das verbas trabalhistas. Nesse caso, os valores depositados
na conta vinculada são absolutamente impenhoráveis (art. 121, § 4º).

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração contratante e o contratado são responsáveis pelos
encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.
Comentário:
Não é isso, camarada! O que a Lei 14.133/2021 dispõe é que somente o contratado será responsável pelos
encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato (art. 121).
Gabarito: errado.

RESPONSABILIDADES

§ Contratado será obrigado a reparar e corrigir, às suas expensas, os vícios, defeitos


ou incorreções do objeto do contrato, resultantes de:
§ sua execução; ou
§ materiais nele empregados.
Pela execução § A NLLC não exige “dolo ou culpa” e, no caso de obras, afirma expressamente que
a responsabilidade será objetiva.
§ Garantia mínima 5 anos (no caso de obras).
§ O contratado responde pelos danos causados à administração ou a terceiros.
§ A fiscalização não excluirá nem reduzirá essa responsabilidade.

§ “Somente” o contratado será responsável pelos encargos trabalhistas,


previdenciários, fiscais e comerciais.
§ A inadimplências dos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais:
§ não transferirá à administração a responsabilidade pelo seu pagamento; e
§ não poderá onerar o objeto do contrato nem restringir a regularização e o uso
Pelos encargos das obras e das edificações, inclusive perante o registro de imóveis.
§ Nas contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de
mão de obra, a administração responderá:
§ solidariamente pelos encargos previdenciários; e
§ subsidiariamente pelos encargos trabalhistas se comprovada falha na
fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado.

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8 RECEBIMENTO DO OBJETO DO CONTRATO


Ao final do contrato, o objeto deverá ser recebido pela administração. O recebimento tem o objetivo de
averiguar se o objeto foi efetivamente concluído, nas quantidades e condições definidas no contrato. A
Lei de Licitações e Contratos divide o recebimento em duas etapas: (i) recebimento provisório; (ii)
recebimento definitivo.

Por exemplo: quando você recebe uma encomenda de um produto adquirido pela internet, provavelmente,
você dá uma conferida inicial, na frente do entregador e assina o documento de recebimento. Porém,
depois, você vai abrir a caixa, verificar os componentes, ligar e testar o produto, certo? Perceba que, no
nosso dia a dia, nós já fazemos o recebimento “em duas etapas”. Com a administração o procedimento é
semelhante.

Além disso, a Lei 14.133/2021 também prevê regras distintas para obras e serviços ou para compras.

Assim, no caso de obras e serviços, o objeto do contrato será recebido (art. 140, I):

a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, mediante termo


detalhado, quando verificado o cumprimento das exigências de caráter técnico;
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo
detalhado que comprove o atendimento das exigências contratuais;

Dessa forma, o recebimento provisório de obras e serviços compete ao próprio fiscal do contrato, pois é
ele o responsável pelo acompanhamento e fiscalização. Depois disso, o recebimento definitivo será
realizado por servidor ou comissão especialmente designados para este fim. Nos dois casos, o recebimento
será realizado por meio de termo detalhado.

Em se tratando de compras, o objeto será recebido (art. 140, II):

a) provisoriamente, de forma sumária, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, com
verificação posterior da conformidade do material com as exigências contratuais;
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo
detalhado que comprove o atendimento das exigências contratuais.

Assim, no caso das compras, o recebimento provisório também cabe ao fiscal do contrato, porém aqui a
NLLC se resume a afirmar que o recebimento ocorrerá “de forma sumária”, deixando para verificar a
conformidade do material com as exigências contratuais em momento posterior. O recebimento definitivo,
por sua vez, seguirá as mesmas regras do recebimento de obras ou serviços, ou seja, será realizado por
comissão ou servidor designado, por meio de termo detalhado.

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Fiscal do contrato
(resp. acompanhamento e
Obras e fiscalização)
serviços
Termo detalhado
Provisório
Fiscal do contrato
(resp. acompanhamento e
Compras fiscalização)

Recebimento
Forma sumária

Definitivo Servidor ou comissão designados


(obras, serviços e
compras) Termo detalhado

A NLLC não define os prazos de recebimento, limitando-se a afirmar que os prazos e os métodos para a
realização dos recebimentos provisório e definitivo serão definidos em regulamento ou no contrato (art.
140, § 3º).

Agora, vamos aprofundar um pouco mais! Imagine que haja a necessidade de realizar testes para aferir a
boa execução do objeto, mas esses testes sejam caros. Quem teria que pagar por eles? Segundo a NLLC, os
ensaios, os testes e as demais provas para aferição da boa execução do objeto do contrato exigidos por
normas técnicas oficiais correrão por conta do contratado, salvo disposição em contrário constante do
edital ou de ato normativo (art. 140, § 4º). Isso facilita muito a realização dos testes, pois já imaginou se a
administração tivesse que realizar uma licitação ou contratação direta para contratar o teste? Seria muito
demorado e pouco prático.25

Com efeito, o objeto do contrato poderá ser rejeitado, no todo ou em parte, quando estiver em desacordo
com o contrato (art. 140, § 1º).

Além disso, o recebimento provisório ou definitivo não excluirá a responsabilidade civil pela solidez e pela
segurança da obra ou serviço nem a responsabilidade ético-profissional pela perfeita execução do
contrato, nos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato (art. 140, § 2º).

Em se tratando de projeto de obra, o recebimento definitivo pela administração não eximirá o projetista
ou o consultor da responsabilidade objetiva por todos os danos causados por falha de projeto (art. 140, §
6º). Por exemplo: se uma empresa for contratada para elaborar um projeto básico, ela responderá
objetivamente pelas falhas nesse projeto.

25
É lógico que, na prática, a administração acaba pagando pelos testes, afinal o valor estará embutido no valor do objeto do
contrato. Ainda assim, legalmente falando, os testes correm “por conta do contratado”. Então, é isso que precisamos saber na
prova.

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Em se tratando de obra, o recebimento definitivo pela administração não eximirá o contratado, pelo prazo
mínimo de cinco anos (admitida a previsão de prazo de garantia superior no edital e no contrato) da
responsabilidade objetiva pela solidez e pela segurança dos materiais e dos serviços executados e pela
funcionalidade da construção, da reforma, da recuperação ou da ampliação do bem imóvel.

Só para você entender melhor: sabe quando alguém compra um imóvel e depois de alguns meses aparecem
algumas rachaduras? Nesse caso, a construtora tem o dever de corrigir essas falhas, certo? Então, a mesma
coisa acontece nos contratos de obras firmados com a administração. A construtora tem que dar uma
garantia de pelo menos cinco anos para a administração, admitindo-se a fixação de prazo maior no edital e
no contrato.

Assim em caso de vício, defeito ou incorreção identificados, o contratado ficará responsável pela
reparação, pela correção, pela reconstrução ou pela substituição necessárias (art. 140, § 6º).

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Em se tratando de obras, serviços e compras, o objeto do contrato será
recebido provisoriamente por comissão designada pela autoridade competente, que poderá rejeitá-lo,
no todo ou em parte.
Comentário:
De fato, o objeto do contrato poderá ser rejeitado, no todo ou em parte, quando estiver em desacordo com
o contrato (art. 140, § 1º). Contudo, no recebimento provisório, seja de obras e serviços, seja de compras,
é feito pelo responsável pelo seu acompanhamento e fiscalização, e não mediante uma comissão (art. 140).
Gabarito: errado.

RECEBIMENTO DO OBJETO DO CONTRATO

§ provisoriamente:
§ pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização
Obras e § mediante termo detalhado;
serviços § definitivamente:
§ por servidor ou comissão designada pela autoridade competente
§ mediante termo detalhado;

§ provisoriamente:
§ de forma sumária, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização
(verificação posterior da conformidade do material);
Compras
§ definitivamente
§ por servidor ou comissão designada pela autoridade competente
§ mediante termo detalhado.

§ O objeto poderá ser rejeitado no todo ou em parte.


§ O recebimento não excluirá as responsabilidades civil e ético-profissional pela
Observações perfeita execução do contrato.
§ O contratado deverá promover as reparações necessárias.
§ Projetista de obra: responsabilidade objetiva pelas falhas no projeto.

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§ No caso de obras: garantia mínima de 5 anos / responsabilidade objetiva do


contratado.

9 PAGAMENTOS
9.1 Ordem cronológica dos pagamentos

Um grande problema na antiga Lei de Licitações era justamente a fase de pagamentos. Existiam muitas
reclamações de atrasos ou de falta de pagamento. Tal situação, quando repetitiva, diminuía a credibilidade
das contratações públicas, afastando potenciais fornecedores. Por esse motivo, a nova Lei de Licitações e
Contratos dedicou um capítulo específico para tratar dos pagamentos.

Nesse caso, no dever de pagamento pela administração, será observada a ordem cronológica para cada
fonte diferenciada de recursos, subdividida nas seguintes categorias de contratos (art. 141, caput):

a) fornecimento de bens;
b) locações;
c) prestação de serviços;
d) realização de obras.

A ordem cronológica funciona como uma fila. Assim, considerando dois contratos relativos a fornecimento
de bens, se a empresa A cumpriu com as suas obrigações no dia 10 do mês X, e a empresa B cumpriu com
as obrigações no dia 20 do mesmo mês, aquela deverá receber o seu pagamento antes, respeitando, assim,
a ordem cronológica dos pagamentos.

Assim, a ordem cronológica tem o objetivo de atender ao princípio da impessoalidade, impedindo que: (i)
apadrinhados recebam os pagamentos antes de outras empresas; (ii) que o pagamento seja utilizado como
fator de barganha para obtenção de benefícios indevidos. Dessa forma, a inobservância imotivada da
ordem cronológica ensejará a apuração de responsabilidade do agente responsável, cabendo aos órgãos
de controle a sua fiscalização (art. 141, § 2º).

Observe, porém, que existem “várias filas”, conforme a fonte dos recursos – por exemplo, um município
pode ter fontes próprias ou receber transferências da União – e também conforme a natureza do objeto
do contrato (bens, locações, serviços e obras).

Em que pese a ordem cronológica seja a regra, ela poderá ser alterada em situações excepcionais. Assim, a
ordem cronológica poderá ser alterada, mediante prévia justificativa da autoridade competente e posterior
comunicação ao órgão de controle interno da administração e ao tribunal de contas competente,
exclusivamente nas seguintes situações (art. 141, § 1º):

a) grave perturbação da ordem, situação de emergência ou calamidade pública;

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b) pagamento a microempresa, empresa de pequeno porte, agricultor familiar, produtor rural pessoa
física, microempreendedor individual e sociedade cooperativa, desde que demonstrado o risco de
descontinuidade do cumprimento do objeto do contrato;
c) pagamento de serviços necessários ao funcionamento dos sistemas estruturantes, 26 desde que
demonstrado o risco de descontinuidade do cumprimento do objeto do contrato;
d) pagamento de direitos oriundos de contratos em caso de falência, recuperação judicial ou dissolução
da empresa contratada;
e) pagamento de contrato cujo objeto seja imprescindível para assegurar a integridade do patrimônio
público ou para manter o funcionamento das atividades finalísticas do órgão ou entidade, quando
demonstrado o risco de descontinuidade da prestação de serviço público de relevância ou o
cumprimento da missão institucional.

Em resumo, a ordem cronológica poderá ser alterada em situações de emergência, quando houver risco
de descontinuidade ou em caso de direitos sobre falência ou outras formas de extinção do contratado.

Com efeito, a decisão de alteração da ordem cronológica depende: (i) de justificativa; (ii) de comunicação
ao controle interno e ao Tribunal de Contas.

Por fim, o órgão ou entidade deverá disponibilizar, mensalmente, em seção específica de acesso à
informação em seu sítio na internet, a ordem cronológica de seus pagamentos, bem como as justificativas
que fundamentarem a eventual alteração dessa ordem (art. 141, § 3º).

9.2 Remuneração variável

A NLLC admitiu a remuneração variável nos seus contratos administrativos. Dessa forma, é possível vincular
a remuneração do contratado ao seu desempenho, com base em (art. 144):

a) metas;
b) padrões de qualidade;
c) critérios de sustentabilidade ambiental; e
d) prazos de entrega definidos no edital de licitação e no contrato.

Nesse contexto, a Lei de Licitações admite, por exemplo, os contratos de eficiência, que podem ser licitados
a partir do critério de julgamento de maior retorno econômico. Nesses contratos, a remuneração do
contratado é fixada em percentual que incidirá de forma proporcional à economia efetivamente obtida na
execução do contrato (art. 39).

Com efeito, na remuneração variável, o pagamento poderá ser ajustado em base percentual sobre o valor
economizado em determinada despesa, quando o objeto do contrato visar à implantação de processo de

26
Já vimos o que são os “sistemas estruturantes” no capítulo sobre a duração dos contratos. Mas relembrando: sistemas
estruturantes são sistemas de TI fundamentais e imprescindíveis para planejamento, coordenação, execução, descentralização,
delegação de competência, controle ou auditoria das ações do Estado. São exemplos os sistemas financeiros (como o Siafi) e os
sistemas de pessoal (como o Sipec).

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racionalização, hipótese em que as despesas correrão à conta dos mesmos créditos orçamentários (art.
144, § 1º).

Entretanto, os contratos de eficiência não são os únicos que admitem remuneração variável. Isso porque
os contratos de eficiência são contratos de prestação de serviços, ainda que possam ser realizados
concomitantemente com obras ou fornecimentos. Mesmo assim, repita-se, são contratos de prestação de
serviços.

Por outro lado, a NLLC admite a remuneração variável na contratação de obras, fornecimentos e serviços,
inclusive de engenharia (art. 144, caput). Logo, a remuneração variável não é exclusividade dos contratos
de eficiência.

Em qualquer caso, a utilização de remuneração variável será motivada e respeitará o limite orçamentário
fixado pela administração para a contratação (art. 144, § 2º).

9.3 Pagamento antecipado

Em regra, a despesa pública é realizada na seguinte ordem: empenho, liquidação e pagamento. De forma
simplificada, o empenho é a reserva da dotação no orçamento. Seria como “separar e registrar uma
parcela” do orçamento para a realização da despesa. A liquidação acontece quando a administração recebe
o objeto do contrato, atestando a sua conclusão. Por fim, o pagamento é o efetivo desembolso dos
recursos.

Assim, podemos notar que primeiro o objeto deverá ser entregue, realizando-se o pagamento após isso.
Esta é a ordem “natural” da despesa pública.

Nesse caso, se o pagamento for realizado antes da liquidação, haverá a inversão da ordem natural da
realização de despesa pública. Tal procedimento é denominado pagamento antecipado.

Nesse contexto, não é permitido pagamento antecipado, parcial ou total, relativo a parcelas contratuais
vinculadas ao fornecimento de bens, à execução de obras ou à prestação de serviços (art. 145, caput). Logo,
a Lei 14.133/2021 adota o rito ordinário da despesa pública.

Porém, a antecipação de pagamento somente será permitida se propiciar sensível economia de recursos
ou se representar condição indispensável para a obtenção do bem ou para a prestação do serviço. Nesse
caso, essa hipótese deverá ser previamente justificada no processo licitatório e expressamente prevista
no edital de licitação ou instrumento formal de contratação direta (art. 145, § 1º).

Perceba que o pagamento antecipado é excepcional e depende das seguintes condições:

a) deverá:
i) propiciar sensível economia de recursos; ou
ii) representar condição indispensável para a obtenção do bem ou para a prestação do serviço;
b) será justificado no processo licitatório;
c) deverá constar expressamente no edital de licitação ou no instrumento formal de contratação direta.

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Perceba que não se pode deixar para permitir a contratação direta somente na contratação, uma vez que
essa possibilidade (pagamento antecipado) pode influenciar diretamente na formulação das propostas.
Pense comigo: se você vai comprar um produto e combina o pagamento antecipado, não é normal obter
um preço melhor? Assim, compensa-se o maior risco e o desembolso antecipado com condições mais
vantajosas. Justamente por isso que esta condição deverá constar no edital ou no instrumento de
contratação direta, para que todos os licitantes ou potenciais contratados formulem as suas propostas já
considerando este fator.

Porém, é inegável que a realização de pagamento antecipado aumenta os riscos para a administração. Por
isso, a administração poderá exigir a prestação de garantia adicional como condição para o pagamento
antecipado (art. 145, § 2º).

Por outro lado, caso o objeto não seja executado no prazo contratual, o valor antecipado deverá ser
devolvido (art. 145, § 3º).

9.4 Outras disposições sobre pagamentos

No caso de controvérsia sobre a execução do objeto, quanto a dimensão, qualidade e quantidade, a


parcela incontroversa deverá ser liberada no prazo previsto para pagamento (art. 143).

Por exemplo: uma empresa faz a entrega de uma obra de pavimentação de rodovia. A empresa emitiu a
nota fiscal sobre a pavimentação de 15km, mas as medições indicam a entrega de 14,5km. A empresa
impugnou a medição realizada pelos responsáveis pelo recebimento. Nesse caso, a administração deverá
efetuar o pagamento da parte incontroversa (aquela em que não há dúvida de que foi executada), ou seja,
dos 14,5km, enquanto apura se houve a conclusão do restante (0,5km). Assim, ao invés de “segurar” o
pagamento todo, a administração paga aquilo que já está “certo”, enquanto apura o restante. Pense
comigo: de qualquer forma, a administração terá que pagar pelos “14,5km”, restando dúvida somente
sobre o meio quilômetro de diferença. Logo, paga-se a parte incontroversa (14,5km), e, depois, se for o
caso, paga-se o restante.

Outra disposição sobre pagamentos é sobre a utilização de pagamento em conta vinculada ou pagamento
pela efetiva comprovação do fato gerador (art. 142). Esses procedimentos são utilizados em casos
especiais, como nos encargos sobre obrigações trabalhistas nos contratos de serviços contínuos com
regime de dedicação exclusiva de mão de obra.

Por exemplo, nesse tipo de contrato, o empregador terá que quitar as férias, 13º salário e outros encargos
dos funcionários. Normalmente, esses pagamentos são provisionados mês a mês, mas o fato gerador pode
acontecer somente em momento futuro (por exemplo, no final do ano). O que aconteceria se tais valores
fossem depositados na conta “normal” da empresa e ela gastasse o recurso para quitar outras dívidas?
Bom, provavelmente, na data em que a obrigação deveria ser quitada, a empresa não terá recursos para
pagar as obrigações trabalhistas. Então, para evitar essa situação indesejada, os pagamentos podem ser
realizados em conta vinculada, admitindo-se a realização de movimentação apenas com autorização do
contratante, ou seja, com autorização da administração pública.

Alternativamente, os pagamentos podem ser realizados com a efetiva comprovação do fato gerador. Assim,
quando tiver que pagar as férias, por exemplo, a contratada comprova o fato gerador (funcionário vai gozar
as férias), e a administração faz o pagamento relativo ao referido encargo.

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Por fim, outra disposição sobre pagamentos tem o objetivo de assegurar o cumprimento das obrigações
tributárias. Assim, no ato de liquidação da despesa, os serviços de contabilidade comunicarão aos órgãos
da administração tributária as características da despesa e os valores pagos, nos termos da legislação
aplicável (art. 146).

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração pode exigir a prestação de garantia adicional como
condição para o pagamento antecipado, devendo a contratada devolver os valores eventualmente
recebidos em antecipação caso o objeto não seja executado no prazo contratual.
Comentário:
Em alguns casos, é admitido o pagamento de forma antecipada. Nesse sentido, a administração poderá
exigir a prestação de garantia adicional como condição para o pagamento antecipado. Ademais, caso o
objeto não seja executado no prazo contratual, o valor antecipado deverá ser devolvido (art. 145, §§ 2° e
3°).
Gabarito: correto.

PAGAMENTOS

§ Dever de pagamento deverá seguir a ordem cronológica para cada fonte


diferenciada de recursos, subdividida nas seguintes categorias de contratos:
§ fornecimento de bens;
§ locações;
Ordem
§ prestação de serviços;
cronológica
§ realização de obras.
§ Descumprimento: apuração de responsabilidade do agente responsável.
§ A ordem poderá ser alterada em casos excepcionais, como emergência,
calamidade pública e risco de descontinuidade.

§ É possível vincular a remuneração do contratado ao seu desempenho, com base


Remuneração em (art. 144): metas; padrões de qualidade; critérios de sustentabilidade
variável ambiental; e prazos de entrega definidos no edital de licitação e no contrato.
§ A remuneração variável também se aplica aos contratos de eficiência.

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§ Em regra: não é admitido o pagamento antecipado.


§ Exceção: se propiciar sensível economia de recursos ou se representar condição
Pagamento
indispensável para a obtenção do bem ou para a prestação do serviço.
antecipado
§ O pagamento antecipado deverá constar no edital de licitação ou no instrumento
formal de contratação direta.

10 EXTINÇÃO DOS CONTRATOS


A extinção representa o final do contrato. Teoricamente, um contrato poderá ser extinto:

a) de forma natural: pela conclusão (no contrato por escopo) ou pelo advento do termo contratual
(término do prazo de vigência, nos contratos contínuos);
b) pela impossibilidade material ou jurídica;
c) pela anulação: quando houver um vício insanável;
d) volitivamente: de forma unilateral, consensual ou por determinação.

A extinção pela impossibilidade material ocorre quando se torna impossível concluir o objeto do contrato.
Imagine, como exemplo, um contrato de pintura de um posto médico. Se o posto for integralmente
destruído em virtude de um incêndio, não será possível prosseguir com o contrato de pintura.27 No caso da
impossibilidade jurídica, não é possível concluir o contrato nas condições jurídicas em que ele foi assinado.
É o que ocorre quando a administração contrata um perito para realizar medições em uma obra, mas o
profissional morre antes de cumprir o contrato. Logo, o contrato será extinto, tendo em vista que uma das
partes faleceu.

As hipóteses de anulação (ou invalidação) constam nos arts. 147 a 150 da Lei de Licitações.

Por fim, entenda a extinção volitiva como aquela que ocorre durante o prazo de vigência ou antes da
conclusão do objeto do contrato. Diz-se “volitivo” porque ele depende de alguma manifestação expressa,
que poderá ocorrer de forma unilateral (por determinação da administração), consensual ou por
determinação judicial ou arbitral. Essas formas eram denominadas na antiga legislação de “rescisão” e,
agora, são denominadas simplesmente de extinção.28 Voltaremos a falar dessas hipóteses de extinção logo
adiante. Antes, porém, vamos analisar os casos que podem ensejá-las.

27
Carvalho Filho, 2017.
28
Daqui em diante, quando adotarmos o termo “extinção” considere que estamos falando da extinção volitiva. Adote esta linha
também em questões de prova, tendo em vista que a Lei 14.133/2021 utiliza apenas a expressão “extinção”, referindo-se
justamente aos casos de extinção unilateral, consensual ou por determinação.

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10.1 Hipóteses de extinção

Existem duas hipóteses de extinção do contrato. O primeiro grupo trata das situações em que, em regra,
não há culpa da administração. No segundo grupo, vamos identificar as hipóteses em que há culpa da
administração e, portanto, a extinção será um direito do contratado.

Vamos começar pelo primeiro grupo. Nessa linha, o contrato poderá ser extinto, exigindo-se a motivação
e o contraditório e ampla defesa (art. 137, caput).

Além disso, os emitentes das garantias deverão ser notificados pelo contratante quanto ao início do
processo administrativo para apuração de descumprimento de cláusulas contratuais. Isso acontece, por
exemplo, quando o contrato tem seguro-garantia (art. 137, § 4º). Nesse caso, a seguradora passa a ter
interesse no contrato, pois poderá ter que assumir os encargos do contrato na hipótese de eventual
extinção por culpa da contratada. Por isso, quem emitir garantias tem direito de ser notificado para
acompanhar o processo administrativo.

Nesse contexto, o contrato poderá ser extinto nas seguintes hipóteses (art. 137, caput):

I – não cumprimento ou cumprimento irregular de normas editalícias ou de cláusulas


contratuais, de especificações, de projetos ou de prazos;

II – desatendimento das determinações regulares emitidas pela autoridade designada


para acompanhar e fiscalizar sua execução ou por autoridade superior;

III – alteração social ou modificação da finalidade ou da estrutura da empresa que


restrinja sua capacidade de concluir o contrato;

IV – decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da sociedade ou


falecimento do contratado;

V – caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados, impeditivos da execução


do contrato;

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VI – atraso na obtenção da licença ambiental, ou impossibilidade de obtê-la, ou


alteração substancial do anteprojeto que dela resultar, ainda que obtida no prazo
previsto;

VII – atraso na liberação das áreas sujeitas a desapropriação, a desocupação ou a


servidão administrativa, ou impossibilidade de liberação dessas áreas;

VIII – razões de interesse público, justificadas pela autoridade máxima do órgão ou da


entidade contratante;

IX – não cumprimento das obrigações relativas à reserva de cargos prevista em lei, bem
como em outras normas específicas, para pessoa com deficiência, para reabilitado da
Previdência Social ou para aprendiz.

Conforme vimos, essas hipóteses ocorrem quando, em tese, não há culpa da administração, ou seja, não
há uma violação do contrato imputável ao poder público. Há alguns casos, entretanto, em que esta relação
não ficou bem definida. Por exemplo, é hipótese de extinção o “atraso na liberação das áreas sujeitas a
desapropriação, a desocupação ou a servidão administrativa, ou impossibilidade de liberação dessas
áreas”. Nesse caso é inegável que poderá haver alguma responsabilidade da administração. O mesmo
ocorre em relação à obtenção dos licenciamentos, que ora podem ficar sob encargo da administração e ora
sob encargo do contratado. Por isso, a regra de que não há culpa da administração, nos casos enumerados
acima, não é absoluta, especialmente em virtude das situações dos incisos VI e VII.

Nos casos enumerados nos incisos I a III e IX, a responsabilidade do contratado fica bem definida, pois
envolvem o descumprimento de obrigações. No caso do inciso IV, o desfazimento é motivado porque os
contratos são personalíssimos (devem ser executados pelas partes, em regra), logo o encerramento das
atividades da pessoa jurídica ou falecimento do contratado encerra a relação contratual.

O inciso V (caso fortuito ou força maior) representa os eventos imprevisíveis, decorrentes da natureza ou
de terceiros, e que são alheios à vontade das partes. Uma grande pandemia, por exemplo, poderia
inviabilizar a execução de alguns contratos, exigindo a sua extinção sem culpa das partes. Dessa forma,
nenhuma das partes é responsável pela extinção do contrato, ensejando o seu desfazimento sem
penalidades. Cumpre anotar que quando o caso fortuito ou força maior ensejar aumento dos ônus das
partes, mas sem inviabilizar a execução do contrato, será possível realizar a revisão do contrato, na forma
do art. 124, II, “d”, da Lei de Licitações. Assim, nem sempre o caso fortuito ou força maior ensejará a
extinção, desde que seja possível restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial mediante revisão
do contrato.

Por fim, o inciso VIII decorre de razões de interesse público. Nesse caso, não há, a princípio, violação do
contrato e também não há ilegalidade, mas o poder público resolve extinguir o contrato para atender ao
interesse público. Imagine, por exemplo, que a administração resolveu contratar uma empresa para realizar
exames clínicos, mas depois passou a entender que seria melhor comprar os equipamentos e prestar tal
serviço diretamente. Assim, será possível extinguir o contrato, desde que a medida seja justificada pela
autoridade máxima do órgão ou da entidade contratante.

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Não cumprimento ou cumprimento irregular

Desatendimento das determinações

Alteração social ou modificação Restrinja sua capacidade de


da finalidade concluir o contrato

Falência, insolvência civil, dissolução da sociedade ou falecimento

Caso fortuito ou força maior


Extinção do
contrato Atraso ou impossibilidade de licença ambiental / alteração significativa do
anteprojeto em decorrência da licença

Atraso na liberação das áreas (desapropriação, servidão, desocupação)

Razões de interesse público

Pessoa com deficiência

Não cumprimento de reserva de cargos Reabilitado da Previdência

Aprendiz

10.2 Direito subjetivo do contratado à extinção

Além dos casos que vimos acima, existem outras hipóteses de extinção. Porém, nesse novo “grupo” de
hipóteses, a extinção será um direito do contratado, ou seja, o contratado poderá exigir a extinção do
contrato, inclusive judicialmente, se for o caso. Portanto, são hipóteses em que o contratado não tem culpa,
sendo a culpa da extinção imputável à administração.

Assim, o contratado terá direito à extinção do contrato nas seguintes hipóteses:

a) supressão dos quantitativos do objeto do contrato que acarrete modificação do valor inicial do
contrato além do limite admitido na Lei de Licitações (o limite das supressões é de até 25%);
b) suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da administração, por prazo superior a três
meses;
c) repetidas suspensões que totalizem noventa dias úteis, independentemente do pagamento
obrigatório de indenização pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e
mobilizações e outras previstas;

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d) atraso superior a dois meses, contado da emissão da nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de
pagamentos devidos pela administração por despesas de obras, serviços ou fornecimentos;
e) não liberação pela administração, nos prazos contratuais, de área, local ou objeto, para execução
de obra, serviço ou fornecimento, e de fontes de materiais naturais especificadas no projeto,
inclusive devido a atraso ou descumprimento das obrigações atribuídas pelo contrato à
Administração relacionadas a desapropriação, a desocupação de áreas públicas ou a licenciamento
ambiental.

Os casos acima são denominados “fatos da administração”, ou seja, são hipóteses que prejudicam a
execução do contrato, de forma direta e imediata, por responsabilidade da administração pública.

As letras “b” e “c” decorrem das suspensões da execução do contrato. Por exemplo: a empresa está
construindo um prédio, mas a administração pede para paralisar a obra. Esta paralisação deverá decorrer
de algum motivo não imputável ao contratado. Se o prazo superar três meses consecutivos ou se a soma
de diversas suspensões totalizar noventa dias úteis, o contratado poderá exigir a extinção do contrato.

Contínua Superior a 3 meses


Direito à extinção em
razão de suspensões
Repetidas (intercaladas) Totalizar 90 dias úteis

Ademais, a hipótese da letra “d” é considerada uma cláusula exorbitante, denominada restrição da
exceção do contrato não cumprido (também chamada de “inoponibilidade” da exceção do contrato não
cumprido ou da exceptio non adimpleti contractus). Isso significa que o contratado terá que aturar os
atrasos até o prazo de dois meses. Só então poderá exigir a extinção do contrato.29

Entretanto, nem sempre os atrasos no pagamento ou suspensões ensejarão o direito à extinção. Assim, no
caso de calamidade pública, de grave perturbação da ordem interna ou de guerra, as hipóteses das letras
“b” (suspensão por mais de 3 meses); “c” (repetidas suspensões até o total de 90 dias úteis) e “d” (atraso
no pagamento por mais de dois meses) não constituirão direito à extinção do contrato. Logo, a
administração poderia, no caso de uma guerra, por exemplo, atrasar o pagamento por mais de dois meses
e ainda assim isso não geraria direito à extinção. O direito à extinção do contrato também não se aplica,
quando as suspensões ou atrasos de pagamento tenham decorrido de ato ou fato que o contratado tenha
praticado, do qual tenha participado ou para o qual tenha contribuído (art. 137, § 3º, I).

Nesses mesmos casos (suspensões e atraso no pagamento) o contratado poderá optar pela suspensão de
suas obrigações até a normalização da situação. Exemplo: a administração atrasou o pagamento por mais
de dois meses. A contratada pede para suspender as suas obrigações e, após a realização do pagamento,
volta a executar o contrato.

29
Preste atenção, pois na antiga legislação este prazo era de 90 dias.

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Supressão, por parte da Administração além do


limite permitido

Não liberação pela Administração, nos prazos


contratuais, de área, local ou objeto, para
execução

Contratado Calamidade pública, de grave


direito à Suspensão de execução do contrato, por
ordem escrita da Administração, por prazo perturbação da ordem interna ou
extinção do Não se de guerra
contrato superior a 3 (três) meses
aplicam em
Ato ou fato que o contratado
Repetidas suspensões que totalizem 90 praticou, participou ou contribuiu
(noventa) dias úteis

Atraso superior a dois meses dos pagamentos Contratado


Suspender o cumprimento das
ou de parcelas de pagamentos devidos pela poderá
obrigações até a normalização
Administração optar por

10.3 Espécies ou formas de extinção do contrato

Já conversamos um pouco sobre isso, mas agora vamos analisar as formas de extinção previstas
diretamente na Lei 14.133/2021.

Nesse caso, a extinção do contrato poderá ser (art. 138):

a) determinada por ato unilateral e escrito da administração, exceto no caso de descumprimento


decorrente de sua própria conduta;
b) consensual, desde que haja interesse da administração, que pode ocorrer por:
i) acordo entre as partes;
ii) conciliação;
iii) mediação; ou
iv) comitê de resolução de disputas;
c) determinada por:
i) decisão arbitral, em decorrência de cláusula compromissória ou compromisso arbitral; ou
ii) decisão judicial.

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A extinção determinada por ato unilateral da administração e a extinção consensual deverão ser
precedidas de autorização escrita e fundamentada da autoridade competente e reduzidas a termo no
respectivo processo (art. 138, parágrafo único).

No primeiro caso, a extinção poderá ocorrer quando a administração não descumprir as cláusulas
contratuais. Trata-se de hipótese de cláusula exorbitante (somente a extinção unilateral), que poderá
ocorrer quando houver culpa do contratado (contratado descumprindo as regras do contrato), caso fortuito
ou força maior, razões de interesse público ou outras hipóteses que não decorram do descumprimento
pela administração.

A extinção consensual, por sua vez, poderá ocorrer quando houver acordo entre a administração e o
contratado. A NLLC passou também a admitir a utilização de meios alternativos de resolução de
controvérsias (vide arts. 151 a 154 da NLLC). Nesse caso, ao invés de judicializar a questão, é possível
resolvê-la por meio da conciliação, mediação ou do comitê de resolução de disputas. Cabe destacar, ainda,
que esses mecanismos não servem apenas para extinguir o contrato. Por exemplo: é possível utilizar a
mediação para formar um consenso sobre a revisão do contrato.

Por fim, a extinção do contrato poderá ser determinada na via judicial ou pela via arbitral. Este último caso
ocorre quando as partes elegem um terceiro para decidir a controvérsia. De forma simples: seria como
escolher um “juiz privado”. Perceba que a via arbitral é diferente da conciliação e da mediação. Nestas
últimas, o mediador ou conciliador são facilitadores, mas a decisão é tomada pelas partes, caso seja
formado um consenso. Já na via arbitral os árbitros escolhidos pelas partes tomarão a decisão, emitindo
uma verdadeira “determinação”.

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10.4 Consequências da extinção do contrato

As consequências da extinção se subdividem em dois grupos:

a) com culpa exclusiva da administração; ou


b) determinada por ato unilateral da administração.

Quando a extinção decorrer de culpa exclusiva da administração, o contratado terá direito a (art. 138, §
2º):

a) ressarcimento pelos prejuízos regularmente comprovados que houver sofrido;


b) devolução da garantia;
c) pagamentos devidos pela execução do contrato até a data de extinção;
d) pagamento do custo da desmobilização.

Nesse caso, o contratado não deu causa à extinção e, por isso, não poderá ser prejudicado. Logo, ele será
ressarcido dos eventuais prejuízos, como, por exemplo, custos com demissão de funcionários, materiais
adquiridos, etc. A devolução ou liberação da garantia contratual, se for o caso, também será uma
consequência dessa extinção.

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Ele também terá direito aos pagamentos devidos por aquilo que já houver executado. Por exemplo: se o
contratado executou três de dez andares previstos de uma construção, ele terá direito ao pagamento
desses três já concluídos. Trata-se do que a doutrina denomina vedação ao enriquecimento sem causa da
administração, ou seja, a administração não poderá receber os três andares e não pagar por eles.

Por fim, o contratado também receberá o pagamento dos custos da desmobilização, ou seja, os custos para
retirar dos canteiros das obras os equipamentos, materiais e instalações provisórias utilizadas na execução
do empreendimento.

Por outro lado, quando a extinção for determinada por ato unilateral da administração pública, que
significa que a extinção não decorreu de descumprimento de sua própria conduta (art. 138, I), teremos as
seguintes consequências, sem prejuízo das sanções previstas em lei (art. 139):

a) assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por ato próprio da
administração;
b) ocupação e utilização do local, das instalações, dos equipamentos, do material e do pessoal
empregados na execução do contrato e necessários à sua continuidade;
c) execução da garantia contratual para:
i) ressarcimento da administração pública por prejuízos decorrentes da não execução;
ii) pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando cabível;
iii) pagamento das multas devidas à Administração Pública;
iv) exigência da assunção da execução e da conclusão do objeto do contrato pela seguradora,
quando cabível;
d) retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à administração
pública e das multas aplicadas.

Portanto, nesse segundo grupo, o desfazimento ocorre quando a culpa pela extinção do contrato não é da
administração. Por esse motivo, o contratado poderá sofrer as sanções contratuais, além de outras
consequências.

As medidas previstas nas letras “a” (assunção do objeto) e “b” (ocupação e utilização) ficam a critério da
administração, que poderá dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta (a própria
administração faz) ou indireta (a administração contrata um terceiro para “tocar” o objeto) (art. 139, § 1º).
Ademais, a medida da letra “b” (ocupação e utilização) depende de autorização expressa do ministro de
Estado, do secretário estadual ou do secretário municipal competente, conforme o caso (art. 139, § 2º).

Ademais, esse dispositivo demonstra a “autoexecutoriedade” parcial das multas e dos prejuízos causados
à administração. Nesses casos, o poder público não dependerá do Poder Judiciário para cobrar as multas
ou os prejuízos que tenha sofrido, tendo em vista que poderá executar a garantia contratual para efetivar
as cobranças. Se a garantia não for suficiente, ainda será possível fazer a retenção dos créditos decorrentes
do contrato. O poder público somente dependerá do Poder Judiciário para cobrar os valores que superarem
as garantias e os pagamentos devidos.

Por fim, é bastante interessante a hipótese da letra “c”, item “iv”, que dispõe que a administração poderá
executar a garantia contratual para exigir a assunção da execução e da conclusão do objeto do contrato

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pela seguradora, quando cabível. Isso ocorre quando houver aplicação do seguro-garantia, tendo em vista
que, nesse caso, a seguradora terá o dever de assumir e concluir o objeto do contrato (art. 97, caput).

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração poderá extinguir unilateralmente o contrato mesmo
nas situações em que tiver culpa no descumprimento do objeto.
Comentário:
A extinção do contrato poderá ser determinada por ato unilateral e escrito da administração, exceto no
caso de descumprimento decorrente de sua própria conduta. Então, se a própria administração deu causa
ao descumprimento, não poderá extinguir unilateralmente o contrato (art. 138, I).
Gabarito: errado.

EXTINÇÃO DO CONTRATO

§ Requisitos: motivação e contraditório e ampla defesa.

§ Quando:
§ não cumprimento ou cumprimento irregular;
§ desatendimento das determinações;
§ alteração social ou modificação da finalidade que restrinja sua capacidade de
concluir o contrato;
Hipóteses de § decretação de falência ou de insolvência civil, dissolução da sociedade ou
extinção falecimento do contratado;
§ caso fortuito ou força maior;
§ atraso ou impossibilidade na obtenção da licença ambiental;
§ atraso ou impossibilidade na liberação das áreas;
§ razões de interesse público, justificadas pela autoridade máxima do órgão ou
da entidade contratante;
§ não cumprimento das obrigações relativas à reserva de cargos prevista em lei.

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§ Fato da administração – o contratado poderá exigir a extinção ou suspender o


cumprimento de suas obrigações até a normalização.
§ Hipóteses:
§ supressão dos quantitativos além do limite admitido (até 25%);
§ suspensão de execução por ordem escrita da administração, por prazo superior
Direito a três meses;
subjetivo à § repetidas suspensões que totalizem noventa dias úteis;
extinção
§ atraso superior a dois meses dos pagamentos devidos pela administração;
§ não liberação pela administração, nos prazos contratuais, de área, local ou
objeto, de fontes de materiais naturais, inclusive devido a atraso ou
descumprimento das obrigações atribuídas pelo contrato à administração
relacionadas a desapropriação, a desocupação de áreas públicas ou a
licenciamento ambiental.

§ Determinada por ato unilateral e escrito da administração, exceto no caso de


descumprimento decorrente de sua própria conduta;
§ Consensual, desde que haja interesse da administração, que pode ocorrer por:
§ acordo entre as partes;
§ conciliação;
Espécies de
§ mediação; ou
extinção
§ comitê de resolução de disputas.
§ Determinada por:
§ decisão arbitral, em decorrência de cláusula compromissória ou compromisso
arbitral; ou
§ decisão judicial.

§ Se a extinção decorrer de culpa exclusiva da administração, o contratado terá


direito a (art. 138, § 2º):
§ ressarcimento pelos prejuízos regularmente comprovados que houver sofrido;
§ devolução da garantia;
Consequências § pagamentos devidos pela execução do contrato até a data de extinção;
da extinção § pagamento do custo da desmobilização.

§ Se a extinção for determinada por ato unilateral da administração pública (sem


culpa da administração), poderemos ter as seguintes consequências, sem prejuízo
das sanções previstas em lei (art. 139):
§ assunção imediata do objeto do contrato;

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§ ocupação e utilização do local, das instalações, dos equipamentos, do material


e do pessoal empregados na execução do contrato e necessários à sua
continuidade;
§ execução da garantia contratual para:
§ ressarcimento da administração pública por prejuízos decorrentes da não
execução;
§ pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando
cabível;
§ pagamento das multas devidas à Administração Pública;
§ exigência da assunção da execução e da conclusão do objeto do contrato
pela seguradora, quando cabível;
§ retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos
causados à administração pública e das multas aplicadas.

11 NULIDADES
As nulidades são vícios, ou seja, são irregularidades constatadas ao longo do procedimento licitatório ou
da execução contratual.

Na teoria dos atos administrativos, ao se identificar uma nulidade, a administração deverá proceder a
anulação do ato, exceto quando for possível a sua convalidação, também conhecida como saneamento.
Nos contratos administrativos, a situação é muito semelhante. Entretanto, o legislador deu prioridade para
o saneamento dos vícios. Logo, a declaração de nulidade somente ocorrerá quando não for possível sanear
o vício do ato administrativo.

Além disso, a nulidade ou a suspensão do contrato somente poderão ser declaradas se tais medidas
atenderem ao interesse público. Aparentemente, o legislador quis mitigar as hipóteses de declaração de
nulidade àquelas que efetivamente se mostrarem necessárias.

Assim, constatada irregularidade no procedimento licitatório ou na execução contratual, caso não seja
possível o saneamento, a decisão sobre a suspensão da execução ou sobre a declaração de nulidade do
contrato somente será adotada na hipótese em que se revelar medida de interesse público. Nesse caso,
o administrador deverá avaliar, entre outros, os seguintes aspectos (art. 147):

a) impactos econômicos e financeiros decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do objeto do


contrato;
b) riscos sociais, ambientais e à segurança da população local decorrentes do atraso na fruição dos
benefícios do objeto do contrato;
c) motivação social e ambiental do contrato;
d) custo da deterioração ou da perda das parcelas executadas;
e) despesa necessária à preservação das instalações e dos serviços já executados;

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f) despesa inerente à desmobilização e ao posterior retorno às atividades;


g) medidas efetivamente adotadas pelo titular do órgão ou entidade para o saneamento dos indícios
de irregularidades apontados;
h) custo total e estágio de execução física e financeira dos contratos, dos convênios, das obras ou das
parcelas envolvidas;
i) fechamento de postos de trabalho diretos e indiretos em razão da paralisação;
j) custo para realização de nova licitação ou celebração de novo contrato;
k) custo de oportunidade do capital durante o período de paralisação.

Note como o legislador quis pesar as consequências da paralisação ou nulidade do contrato. Logo, o
administrador não deverá analisar friamente o cumprimento da lei, mas também outras razões de interesse
público. Nesse caso, os princípios do interesse público, da segurança jurídica, da eficiência e outros,
justificam a mitigação do princípio da legalidade. Isso porque, em determinados casos, realizar a anulação
terá consequências mais graves do que a manutenção do ato irregular.

Assim, caso a paralisação ou anulação não se revele medida de interesse público, o poder público deverá
optar pela continuidade do contrato e pela solução da irregularidade por meio de indenização por perdas
e danos, sem prejuízo da apuração de responsabilidade e da aplicação de penalidades cabíveis (art. 147,
parágrafo único).

Em resumo, a nulidade somente poderá ser adotada se:

a) o vício for insanável;


b) a medida atender ao interesse público, observados os aspectos listados acima.

Vício insanável
Requisitos (cumulativos)
para a declaração da
nulidade
A anulação deverá atender ao interesse público

A declaração de nulidade do contrato administrativo requererá análise prévia do interesse público


envolvido, e operará retroativamente, impedindo os efeitos jurídicos que o contrato deveria produzir
ordinariamente e desconstituindo os já produzidos (art. 148). Logo, a declaração de nulidade possui efeitos
retroativos (ex tunc).

Com efeito, caso não seja possível o retorno à situação fática anterior, a nulidade será resolvida pela
indenização por perdas e danos, sem prejuízo da apuração de responsabilidade e aplicação das
penalidades cabíveis. Por exemplo: a empresa construiu dois andares e não deu causa à nulidade – não há
como “desconstituir” o trabalho já realizado, então a empresa será indenizada por aquilo que ela construiu.

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Além disso, ao declarar a nulidade do contrato, a autoridade, com vistas à continuidade da atividade
administrativa, poderá decidir que ela só tenha eficácia em momento futuro, suficiente para efetuar nova
contratação, por prazo de até seis meses, prorrogável uma única vez. Portanto, a nulidade poderá ter
“efeito para o futuro” (seria uma “modulação dos efeitos”). Por exemplo: um contrato de prestação de
serviços contínuos poderia continuar a ser executado, enquanto a administração realiza nova licitação. O
prazo máximo será de até seis meses, prorrogável uma vez.

Eficácia retroativa (ex tunc)


Regra
Desconstitui efeitos já produzidos /
impede efeitos futuros

continuidade da atividade administrativa

Declaração eficácia em momento futuro


de nulidade Modulação dos
efeitos
Tempo para fazer nova licitação

Limite de seis meses, prorrogável uma vez.

Se não for possível desconstituir Perdas e danos

Com efeito, a nulidade não exonerará a administração do dever de indenizar o contratado (art. 149):

a) pelo que houver executado até a data em que for declarada ou tornada eficaz;
b) por outros prejuízos regularmente comprovados.

O dever de indenizar, porém, não se aplica quando o próprio contratado houver dado causa à nulidade. Por
exemplo: se o contratado agiu de má-fé, em conluio com outros licitantes ou ainda subornou agentes
públicos, ele não perceberá indenização, nem mesmo por aquilo que houver executado.

Ademais, no caso de nulidade, será promovida a responsabilização de quem lhe tenha dado causa.

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Pelo que ele houver executado até a data em que for


declarada
Pelo quê?
Prejuízos regularmente comprovados
Indenização no
caso de
nulidade Não ocorrerá Se o contratado deu causa à nulidade

Será promovida a responsabilidade de quem deu causa à nulidade

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) A declaração de nulidade do contrato administrativo não opera, em
regra, efeitos retroativos e poderá ser resolvida em perdas e danos.
Comentário:
A Lei n° 14.133/2021, em seu art. 148, § 1º, dispõe que a declaração de nulidade do contrato
administrativo requererá análise prévia do interesse público envolvido e operará retroativamente,
impedindo os efeitos jurídicos que o contrato deveria produzir ordinariamente e desconstituindo os já
produzidos.
Ademais, caso não seja possível o retorno à situação fática anterior, a nulidade será resolvida pela
indenização por perdas e danos, sem prejuízo da apuração de responsabilidade e aplicação das
penalidades cabíveis.
Gabarito: errado.

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NULIDADES

§ A declaração de nulidade depende:


§ vício insanável;
§ demonstração de que a declaração de nulidade ou a suspensão atendem ao
interesse público.
Noções gerais § Se a paralisação ou anulação não atender ao interesse público, a administração:
§ Deverá optar pela:
§ continuidade do contrato; e
§ resolução da irregularidade por meio de indenização por perdas e danos;
§ Sem prejuízo: apuração de responsabilidade e sanções.

§ Regra: retroativos / impede novos efeitos desconstitui os há produzidos.


§ Se não for possível o retorno à situação fática: indenização por perdas e danos.
Efeitos § Eficácia futura (modulação dos efeitos):
§ continuidade da atividade administrativa;
§ prazo suficiente para efetuar a contratação (até seis meses, prorrogável 1x).

§ A nulidade não exonerará a administração do dever de indenizar o contratado:


§ pelo que houver executado até a data em que for declarada ou tornada eficaz;
Indenização
§ por outros prejuízos regularmente comprovados.
§ Será promovida a responsabilidade de quem deu causa à nulidade.

12 ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS, ALOCAÇÃO DE RISCOS E


EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO

12.1 Formas de alteração dos contratos

Já vimos que uma das características dos contratos é a sua mutabilidade, tendo em vista que eles poderão
ser alterados, conforme exigir o interesse público. Além disso, também já vimos que a alteração unilateral
constitui cláusula exorbitante. Agora, vamos estudar os detalhes sobre as alterações dos contratos
administrativos.

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12.1.1 Alteração unilateral

Os contratos regidos pela Lei 14.133/2021 poderão ser alterados, com as devidas justificativas (art. 124,
caput):

a) de forma unilateral pela administração;


b) por acordo entre as partes (bilateral).

A alteração unilateral, realizada pela administração, constitui cláusula exorbitante dos contratos
administrativos. Nesse contexto, a administração poderá alterar unilateralmente os contratos (art. 124, I):

(i) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica a seus
objetivos;
(ii) quando for necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou
diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;

O primeiro caso é denominado de alteração qualitativa, enquanto o segundo é conhecido como alteração
quantitativa.

A alteração qualitativa tem o objetivo de readequar o projeto ou as especificações, buscando atender


melhor aos seus objetivos. Imagine que a administração licitou uma escola, mas tendo em vista que o
projeto era bastante antigo não existia previsão de instalações acessíveis. Nesse caso, certamente será
melhor alterar o projeto e especificações da obra para atender aos requisitos de acessibilidade.

Por outro lado, as alterações quantitativas têm o objetivo de adequar o valor do contrato em virtude de
acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, dentro dos limites fixados pela Lei de Licitações.

Nos dois casos (alteração qualitativa e quantitativa), a Lei de Licitações e Contratos fixou um limite
percentual. Dessa forma, nas alterações unilaterais o contratado será obrigado a aceitar, nas mesmas
condições contratuais (art. 125):

a) em regra: acréscimos ou supressões de até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado
do contrato que se fizerem nas obras, nos serviços ou nas compras;
b) no caso de reforma de edifício ou de equipamento: o limite para os acréscimos será de 50%
(cinquenta por cento).

Por exemplo: foi promovida uma licitação para a compra de 100 computadores. Nesse caso, a
administração poderá alterar as quantidades, de forma unilateral, para 125 (acréscimo de 25%) ou para 75
(supressão de 25%). O contratado, nesse caso, não poderá recusar a alteração, tendo em vista que se trata
de cláusula exorbitante. Logo, o poder público poderá impor a alteração, dentro do limite admitido em lei,
independentemente de concordância do contratado.

Perceba que, em regra, os limites são de 25%, seja para acréscimos ou para supressões. Especificamente
para os casos de reforma de edifício ou de equipamento, o limite para os acréscimos será de até 50%.
Contudo, nesses últimos casos, o limite para a diminuição continua o mesmo, ou seja, 25%.

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acréscimos 25%
Regra
Limite para supressões 25%
alteração
unilateral acréscimos 50%
Reforma de edifício ou
de equipamento
supressões 25%

Perceba que nós afirmamos acima que o limite se aplica às duas hipóteses de alteração unilateral
(qualitativa e quantitativa). Durante a “época” da Lei 8.666/1993, existia bastante controvérsia sobre este
tema, prevalecendo na doutrina o entendimento de os limites percentuais se aplicavam somente às
alterações quantitativas. Ainda assim, o Tribunal de Contas da União havia firmado entendimento de que
as duas hipóteses estavam sujeitas ao limite para alteração unilateral (Decisão Plenária 215/1999). Esse
posicionamento ganha força com a Lei 14.133/2021, pois o legislador consignou expressamente que o
limite vale para o “inciso I do caput do art. 124 desta Lei”, que abrange tanto a alteração quantitativa como
a qualitativa. Logo, o legislador incorporou o posicionamento do TCU.30

Adicionalmente, o legislador consignou que as alterações unilaterais qualitativas não poderão transfigurar
o objeto da contratação (art. 126). Por exemplo: não pode a administração realizar a licitação para
construir uma escola e modificar o projeto para a construção de um aeroporto. Eu exagerei no exemplo,
mas com o objetivo de elucidar bem o que se quer dizer com “transfigurar o objeto da contratação”. Busca-
se, assim, evitar que a alteração qualitativa seja adotada para fraudar a realização da licitação. Nesse caso,
a alteração será utilizada para melhorar a adequação técnica a seus objetivos, mas não para transfigurar o
objeto do contrato, ao ponto de alterar a sua própria natureza.

As alterações unilaterais, entretanto, alcançam somente as denominadas cláusulas regulamentares,


também denominadas cláusulas de serviço ou de execução, que são aquelas relativas ao objeto do
contrato, como as características, o projeto e as quantidades.

Em contrapartida, as alterações unilaterais não podem alcançar as cláusulas econômico-financeiras e


monetárias, que são as cláusulas relativas à relação entre as obrigações (encargos) do contratado e a
remuneração devida (encargos da administração).

Vamos voltar ao exemplo da compra de 100 computadores. Suponha que cada unidade custe R$ 5.000,00.
Nesse caso, o valor total, pelos 100 computadores, seria de R$ 500.000.00. Caso a administração aumente
os quantitativos, deverá aumentar proporcionalmente o valor; se diminuir, deverá diminuir
proporcionalmente o valor. Logo, a administração terá que aumentar ou diminuir o valor em R$ 5.000,00
por unidade acrescentada ou suprimida, mantendo a mesma relação entre os encargos da contratada e a

30
Não refutamos a possibilidade de, no futuro, admitir-se alterações qualitativas além dos limites percentuais legais. Isso porque,
na própria Decisão Plenária 215/1999, do TCU, admitia-se a alteração além dos limites, em hipóteses excepcionais e mediante
acordo das partes (alteração consensual), e desde que atendidos diversos pressupostos, como a não transfiguração do objeto
do contrato. Esse tema, porém, será irrelevante, por ora, para fins de concurso público, pois teremos que aguardar os
entendimentos que serão fixados sobre o teor da Nova Lei de Licitações e Contratos.

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remuneração devida. No final, o contrato poderá chegar ao valor de R$ 625.000,00 (para 125
computadores) ou R$ 375.000,00 (para 75 computadores).

Assim, as cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos não poderão ser alteradas sem
prévia concordância do contratado (art. 104, § 1º). Ademais, na hipótese de alteração unilateral, as
cláusulas econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio
contratual (art. 104, § 2º).

Bom, e se a alteração decorrer de falhas de projeto? Nesse caso, as alterações de contratos de obras e
serviços de engenharia ensejarão apuração de responsabilidade do responsável técnico e adoção das
providências necessárias para o ressarcimento dos danos causados à administração (art. 124, § 1º).
Imagine, por exemplo, que um terceiro foi contratado para elaborar o projeto. Nesse caso, se ele deu causa
à falha, será responsabilizado, devendo ressarcir os prejuízos causados à administração.

12.1.2 Alteração por acordo das partes (consensual)

O contrato também poderá ser alterado de forma consensual, ou seja, por acordo entre as partes. Desde
já, é importante registrar que esta hipótese não configura cláusula exorbitante, tendo em vista que
dependerá de concordância do contratado. Logo, não haverá nada de “exorbitante” neste tipo de alteração.

Nesse contexto, o contrato poderá ser alterado por acordo entre as partes:

a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;


b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou do serviço, bem como do modo
de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais
originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento por imposição de circunstâncias
supervenientes, mantido o valor inicial atualizado e vedada a antecipação do pagamento em relação
ao cronograma financeiro fixado sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou
execução de obra ou serviço;
d) para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em caso de força maior, caso
fortuito ou fato do príncipe ou em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de
consequências incalculáveis, que inviabilizem a execução do contrato tal como pactuado, respeitada,
em qualquer caso, a repartição objetiva de risco estabelecida no contrato.

Os três primeiros casos são de simples interpretação. Porém, precisamos ficar atentos ao caso da letra “d”,
que prevê a alteração para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro. Este caso tem como
fundamento a aplicação da teoria da imprevisão, que poderá exigir a alteração do contrato, sem culpa das
partes, em virtude de situações imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis.

Esse caso da letra “d” será aplicado também às contratações de obras e serviços de engenharia, quando a
execução for obstada pelo atraso na conclusão de procedimentos de desapropriação, desocupação,
servidão administrativa ou licenciamento ambiental, por circunstâncias alheias ao contratado (art. 124, §
2º).

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Em virtude da profundidade que o assunto exige, vamos dedicar alguns tópicos específicos para falar sobre
a alocação de riscos, o equilíbrio econômico-financeiro e a teoria da imprevisão.

Qualitativa Modificação do projeto ou das especificações

Não pode transfigurar o


objeto da contratação
Unilateral

Regra: Até 25%

Acréscimos Caso especial:


Modificação do
Quantitativa
valor contratual
Reforma edifício /
Alteração equip.: Até 50%
contratual
Supressões Regra: Até 25%

Substituição da garantia de execução

Regime de execução / modo de


Bilateral fornecimento Força maior ou caso fortuito
(acordo das
partes)
Modificação da forma de pagamento
Fato do príncipe

Restabelecer o equilíbrio econômico- Fatos imprevisíveis ou previsíveis de


financeiro (teoria da imprevisão) consequências incalculáveis

Atraso na desapropriação,
desocupação, servidão administrativa
ou licenciamento ambiental

Sem culpa do
contratado

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração pode modificar unilateralmente os contratos firmados,
mas esta prerrogativa não alcança as cláusulas econômico-financeiras, que não podem ser alteradas sem
a prévia concordância do contratado.
Comentário:
O regime jurídico dos contratos instituído pela Lei n° 14.133/2021 confere à administração, em relação a
eles, as prerrogativas de modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse
público, respeitados os direitos do contratado (art. 104, I).

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Contudo, a própria legislação ressalva que as cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado, ou seja, nesses casos não poderá haver
alteração unilateral (art. 104, § 1º).
Gabarito: correto.

FORMAS DE ALTERAÇÃO DOS CONTRATOS

§ Qualitativa: modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação


técnica a seus objetivos
§ Quantitativa: modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou
diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela NLLC.

§ Limites:
Unilateral § em regra: até 25% do valor inicial (acréscimos ou supressões);
§ reforma de edifício ou de equipamento: até 50% para acréscimos (supressão
permanece 25%).
§ Alterações qualitativas não podem transfigurar o objeto

§ Alcança as cláusulas regulamentares, de serviço ou de execução.


§ Não pode alcançar as cláusulas econômico-financeiras e monetárias.

§ substituição da garantia de execução;


§ modificação do regime de execução ou do modo de fornecimento;
§ modificação da forma de pagamento por imposição de circunstâncias
supervenientes (vedada a antecipação do pagamento);
Por acordo § para restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em caso
das partes de:
§ força maior, caso fortuito ou fato do príncipe; ou
§ em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de consequências
incalculáveis.
§ Observação: repartição objetiva de risco estabelecida no contrato.

12.2 Alocação de riscos e matriz de riscos

Toda execução contratual envolve riscos. Esses riscos podem ter diversas naturezas, como os riscos do
próprio negócio, riscos decorrentes da natureza, riscos decorrentes de atos de terceiros, etc.

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Por exemplo: a construção de um prédio poderá sofrer riscos de diversas naturezas, como o risco de greve
de funcionários, falta de matéria prima por questões alheias à vontade do contratado, riscos decorrentes
de flutuação de preços da matéria-prima, entre outros.

Alguns riscos são imprevisíveis e, portanto, caso concretizados, exigirão a revisão do contrato ou a sua
extinção, sem culpa das partes.

Outros riscos, todavia, são passíveis de previsão ou podem ser presumidos. Nesse caso, o contrato poderá
identificar os riscos contratuais previstos e presumíveis e prever matriz de alocação de riscos, alocando-
os entre contratante e contratado, mediante indicação daqueles a serem assumidos pelo setor público ou
pelo setor privado ou daqueles a serem compartilhados (art. 103).

Com efeito, o art. 18, X, da Lei de Licitações define que, na fase preparatória do processo licitatório
(planejamento) deverá se indicar a análise dos riscos que possam comprometer o sucesso da licitação e a
boa execução contratual. Logo, toda licitação será precedida de análise dos riscos contratuais.31

Ademais, em alguns casos, essa análise de riscos ensejará na elaboração da matriz de riscos.

Nessa linha, a matriz de alocação de riscos poderá definir quem será responsável pelos encargos de cada
risco que se consumar, definindo o que ficará a cargo da administração, o que ficará a cargo do contratado
e o que será repartido entre as partes.

Por exemplo: na minha cidade, é comum chover muito em determinado período. Assim, as chuvas podem
atrasar a execução de determinadas obras. Contudo, não se trata de situação totalmente imprevisível,
tendo em vista que é comum ter bastante chuva. Assim, o contrato poderá alocar os riscos, definindo, por
exemplo, que “até o volume X de chuvas” o contratado deverá arcar com os riscos. Logo, se houver chuva
(risco), mas abaixo do volume definido no contrato, caberá ao contratado arcar com as consequências,
cumprindo ainda assim com os prazos. Por outro lado, o contrato poderá definir um limite, acima do qual
os prazos serão prorrogados. Nesse caso, a administração arcará com os custos da prorrogação, mas
somente naquilo que decorrer do excesso de chuvas (além do que foi definido no contrato).

Para a melhor compreensão do assunto, vamos analisar o conceito de matriz de risco (art. 6º):

XXVII - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e de responsabilidades


entre as partes e caracterizadora do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato,
em termos de ônus financeiro decorrente de eventos supervenientes à contratação,
contendo, no mínimo, as seguintes informações:

a) listagem de possíveis eventos supervenientes à assinatura do contrato que possam


causar impacto em seu equilíbrio econômico-financeiro e previsão de eventual
necessidade de prolação de termo aditivo por ocasião de sua ocorrência; [...].

31
Não confunda a análise de riscos com a matriz de riscos. Conforme destaca Joel de Menezes Niebuhr (2021), a matriz de riscos,
em regra, é facultativa, mas a análise de riscos é obrigatória, pois serve para que a administração identifique e trate os riscos da
licitação e da contratação. Logo, enquanto a matriz de risco é documento contratual, facultativo (em regra), a análise de riscos
é essencialmente uma atividade de planejamento e, portanto, é obrigatória.

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Basicamente, a matriz de risco define os riscos e as responsabilidades que formam o equilíbrio econômico-
financeiro. Todo contrato envolve riscos. Alguns desses riscos poderão desequilibrar o contrato. É para isso
que serve a matriz de risco, para estimar eventos que poderão se concretizar ou não, definindo a
responsabilidade de cada envolvido.

Assim, a matriz de alocação de riscos define:

a) os riscos e as responsabilidades, caracterizando o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato;


b) os possíveis eventos supervenientes à assinatura do contrato que possam causar impacto em seu
equilíbrio econômico-financeiro;
c) previsão de quando isso exigirá a celebração de termo aditivo (revisão do contrato).

Em regra, a matriz de alocação de riscos é facultativa. Mas ela será obrigatória para:

a) obras e serviços de grande vulto;


b) regimes de contratação integrada e semi-integrada.

Facultativa (regra)
Matriz de Obras e serviços de grande
alocação de vulto (+ R$ 200 milhões)
riscos
Obrigatória (exceção)
Contratação integrada e
semi-integrada

Ademais, a matriz de risco surge desde a fase de planejamento da licitação. Sendo assim, o edital de
licitação já poderá constar com a matriz de alocação de riscos. Nesse contexto, o art. 22 dispõe que o
edital poderá contemplar matriz de alocação de riscos entre o contratante e o contratado, hipótese em
que o cálculo do valor estimado da contratação poderá considerar taxa de risco compatível com o objeto
da licitação e com os riscos atribuídos ao contratado, de acordo com metodologia predefinida pelo ente
federativo.

Essa “taxa de risco” funciona como um “escape” para determinadas situações. Por exemplo, a proposta do
contratado já considerará um valor para cobrir determinados riscos. Assim, com eles previamente definidos
na matriz de alocação de riscos, quando concretizados, não justificarão a revisão contratual, uma vez que
já estarão cobertos pela taxa de risco.

Outra coisa que poderá constar no contrato, em virtude da alocação realizada na matriz de risco, é a
exigência de seguros obrigatórios previamente definidos no contrato, hipótese em que o custo de
contratação será integrado ao preço ofertado.

Perceba, portanto, que o contrato poderá contemplar, nos termos da matriz de risco: (i) taxa de risco; e (ii)
seguros obrigatórios. Nos dois casos, os custos decorrentes já serão considerados na oferta de preço do
licitante. Assim, se os riscos cobertos pela taxa ou pelo seguro se concretizarem, não haverá necessidade
de revisar o contrato.

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Por esse motivo, a alocação dos riscos contratuais será quantificada para fins de projeção dos reflexos de
seus custos no valor estimado da contratação (art. 102, § 3º). Ademais, os riscos que tenham cobertura
oferecida por seguradoras serão preferencialmente transferidos ao contratado (art. 102, § 2º). Tal medida
guarda compatibilidade com a contratação de seguros, daí porque tais riscos deverão ser atribuídos ao
contratado.

Outro papel muito importante da matriz de alocação de riscos é definir o equilíbrio econômico-financeiro.

Por isso, a NLLC dispõe que a matriz de alocação de riscos definirá o equilíbrio econômico-financeiro inicial
do contrato em relação a eventos supervenientes e deverá ser observada na solução de eventuais pleitos
das partes. Assim, sempre que atendidas as condições do contrato e da matriz de alocação de riscos, será
considerado mantido o equilíbrio econômico-financeiro, renunciando as partes aos pedidos de
restabelecimento do equilíbrio relacionados aos riscos assumidos (art. 103, § 5º).

Por exemplo: a matriz de alocação de riscos poderá definir que o contratado será encarregado do
ressarcimento de moradores da região, caso as perfurações causem impactos nas residências vizinhas,
mesmo que todos os cuidados sejam observados. Nessa situação, o próprio contrato terá definido este
risco como encargo do contratado. Se o dano se confirmar, será dele a responsabilidade.

Dessa forma, nem todo risco, se concretizado, exigirá a revisão do contrato. No exemplo acima, a proposta
da empresa já deveria considerar os eventuais impactos desses ressarcimentos.

Logo, considera-se mantido o equilíbrio econômico-financeiro quando: (i) atendidas as condições do


contrato; e (ii) atendidas as condições definidas na matriz de alocação de riscos.

Entretanto, a matriz de risco não contempla as mudanças decorrentes de (art. 103, § 5º):

a) alterações unilaterais;
b) aumento ou redução, por legislação superveniente, dos tributos diretamente pagos pelo contratado
em decorrência do contrato.

As alterações unilaterais constituem cláusulas exorbitantes, configurando o que a doutrina denomina de


álea administrativa. Nesse caso, se a administração promover alterações, deverá preservar o equilíbrio
econômico-financeiro (art. 104, § 2º). Já o aumento decorrente de mudanças na tributação configura fato
do príncipe, enquadrando-se na denominada teoria da imprevisão, podendo exigir a revisão do contrato.
Esse tópico será estudado daqui a pouco.

Apenas para fins de aprofundamento, vamos debater uma segunda parte do conceito de matriz de risco.
Já vimos acima que a definição de matriz de risco consta no art. 6º, XXVII, da NLLC. Porém, anteriormente,
listamos apenas a alínea “a” do mencionado conceito. Agora, vamos analisar as outras duas alíneas:

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XXVII - matriz de riscos: cláusula contratual definidora de riscos e de responsabilidades


[...], contendo, no mínimo, as seguintes informações:

b) no caso de obrigações de resultado, estabelecimento das frações do objeto com


relação às quais haverá liberdade para os contratados inovarem em soluções
metodológicas ou tecnológicas, em termos de modificação das soluções previamente
delineadas no anteprojeto ou no projeto básico;

c) no caso de obrigações de meio, estabelecimento preciso das frações do objeto com


relação às quais não haverá liberdade para os contratados inovarem em soluções
metodológicas ou tecnológicas, devendo haver obrigação de aderência entre a execução
e a solução predefinida no anteprojeto ou no projeto básico, consideradas as
características do regime de execução no caso de obras e serviços de engenharia;

As obrigações de resultado são aquelas em que os profissionais contratados se comprometem a entregar


um resultado específico. Por exemplo: uma empresa é contratada para fazer uma obra, comprometendo-
se a diminuir os custos com energia elétrica em 50%. O que a administração deseja, nesse caso, é o
resultado (diminuir os cursos de energia) pouco importando o meio (a obra).

As obrigações de meio, por sua vez, ocorrem quando a contratada se compromete a entregar os seus
conhecimentos e técnicas na realização do empreendimento contratado, podendo existir uma expectativa
de resultado, mas sem que este (o resultado) seja de responsabilidade da contratada. Por exemplo: a
administração contrata uma empresa para construir uma escola, tendo o objetivo de melhorar a qualidade
do ensino. A responsabilidade da contratada é de meio (construir a escola), mas o resultado fica a cargo da
administração (melhorar o ensino).

Nas obrigações de resultado, a matriz poderá definir alguma margem de liberdade quanto aos meios, uma
vez que se preocupa com o resultado. Nas obrigações de meio, por outro lado, a matriz definirá justamente
os meios em que o contratado não poderá inovar, pois, nesse caso, o que interessa é o meio.

ALOCAÇÃO DE RISCOS

§ Cláusula contratual definidora de riscos e de responsabilidades entre as partes.


§ Caracteriza o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato.
§ Regra: facultativa.
Matriz de risco
§ Será obrigatória:
§ obras e serviços de grande vulto;
§ regimes de contratação integrada e semi-integrada.

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§ O equilíbrio econômico-financeiro do contrato será mantido quando:


§ atendidas as condições do contrato; e
§ atendidas as condições definidas na matriz de alocação de riscos.
§ A matriz de risco não contempla as mudanças decorrentes de:
§ alterações unilaterais;
§ aumento ou redução, por legislação superveniente, dos tributos diretamente
pagos pelo contratado em decorrência do contrato.

12.3 Equilíbrio econômico-financeiro (reajuste e revisão)

O equilíbrio econômico-financeiro do contrato é a relação estabelecida, na assinatura do contrato, entre


o encargo assumido pelo contratado e a contraprestação assegurada pela administração. 32 Funciona
como uma balança. De um lado, estão as obrigações do contratado, de outro a contraprestação assegurada
pela administração. Ao assinar o contrato, esta balança está em equilíbrio e assim permanecerá sempre
que houver o cumprimento do contrato e o atendimento das condições definidas na matriz de riscos.

Conforme consta no Estatuto de Licitações e Contratos, as cláusulas econômico-financeiras e monetárias


dos contratos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado (art. 104, § 1º). Dessa
forma, assegura-se a estabilidade da relação econômico-financeira inicial.

Entretanto, o valor do contrato poderá ser atualizado, por diversas razões, sendo algumas previsíveis e
outras imprevisíveis. Nesse momento, torna-se oportuno esclarecer as diferenças entre reajuste e revisão.

12.3.1 Reajuste, repactuação e revisão

O termo reajuste, ou reajuste em sentido amplo, se subdivide em (art. 6º, LVIII e LIX):

a) reajustamento em sentido estrito: forma de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro de


contrato consistente na aplicação do índice de correção monetária previsto no contrato, que deve
retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou
setoriais;
b) repactuação: forma de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro de contrato utilizada para
serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão
de obra, por meio da análise da variação dos custos contratuais, devendo estar prevista no edital com
data vinculada à apresentação das propostas, para os custos decorrentes do mercado, e com data
vinculada ao acordo, à convenção coletiva ou ao dissídio coletivo ao qual o orçamento esteja
vinculado, para os custos decorrentes da mão de obra;

Os conceitos citados acima são um pouco complicados, mas vamos simplificar. O reajuste (em sentido
amplo) se subdivide em duas categorias. O primeiro é denominado reajustamento ou reajuste em sentido
estrito, e se refere à atualização do valor do contrato em virtude dos efeitos da inflação. Assim, o reajuste

32
Di Pietro, 2017.

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em sentido estrito costuma ter previsão nos contratos na forma de índices oficiais de inflação, que serão
aplicados sobre o valor do contrato.

Por outro lado, a repactuação somente acontece nos contratos de serviços contínuos com regime de
dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão de obra. O objetivo da repactuação é
atualizar especificamente os custos da mão de obra, em decorrência da atualização do salário dos
funcionários, em virtude de acordo, convenção coletiva ou dissídio coletivo. Por exemplo: o piso dos
profissionais de vigilância era “X”, mas após convenção coletiva de trabalho foi definido um novo piso,
majorando o valor anterior. Nesse caso, os contratos de serviços de vigilância sofrerão os impactos dessa
atualização e, portanto, terão repactuação.

Com isso, já conseguimos fazer a diferenciação essencial de reajuste em sentido estrito e de repactuação.

Aplicação do índice de correção


Reajuste monetária
(sentido estrito)
Efeitos da inflação
Reajuste
(sentido amplo) Serviços contínuos com dedicação
exclusiva ou predom. de mão de obra

Repactuação Atualização dos custos de mão de obra

Acordo, convenção ou dissídio coletivo

Agora, vamos aprofundar um pouco mais!

Independentemente do prazo de duração do contrato, será obrigatória a previsão no edital de índice de


reajustamento de preço, com data-base vinculada à data do orçamento estimado e com a possibilidade
de ser estabelecido mais de um índice específico ou setorial, em conformidade com a realidade de
mercado dos respectivos insumos (art. 92, § 3º).

Assim, podemos resumir que o reajuste (em sentido estrito):

a) é obrigatório, não importa o prazo de duração do contrato;


b) possui data-base vinculada à data do orçamento estimado (não confunda com a data da proposta);
c) poderá ter estabelecido mais de um índice específico ou setorial.

Porém, nos contratos de serviços contínuos, precisamos analisar um detalhe. Primeiro que o reajuste, seja
por reajuste em sentido estrito ou por repactuação, dependerá do interregno mínimo de um ano (art. 25,
§ 8º; e art. 92, § 4º). Além disso, se houver dedicação exclusiva ou predominante de mão de obra, teremos
a repactuação. Por outro lado, se não houver a dedicação exclusiva ou predominante de mão de obra,
teremos o reajustamento em sentido estrito.

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Logo, teremos “ou um ou outro”, conforme exista (repactuação) ou não (reajuste em sentido estrito)
dedicação exclusiva ou predominante de mão de obra.

Quando não há dedicação exclusiva ou


Reajuste em predominante de mão de obra
sentido estrito
Índices específicos ou setoriais
Serviços
contínuos
Dedicação exclusiva ou predominante
de mão de obra
Repactuação
Reajuste em Demonstração analítica da variação dos custos
sentido
amplo
Independe do prazo de duração

Obrigatória previsão
Outros casos
Índice de reajustamento de preço

Data-base vinculada ao orçamento estimado

De qualquer forma, perceba uma característica do reajuste em sentido amplo: ele decorre de condições
previsíveis, que devem e podem ser definidas no próprio contrato. Assim, sabemos que o contrato será
atingido pelos efeitos da inflação, logo podemos definir contratualmente um índice de reajuste. Na mesma
linha, nos contratos de serviços contínuos em regime de dedicação exclusiva ou predominante de mão de
obra, sabemos que, em algum momento, o valor terá que ser atualizado, em virtude da repactuação.
Portanto, o reajuste em sentido estrito e a repactuação são executados conforme previsto no contrato.
Logo, não constituem hipóteses de alteração contratual, podendo ser realizados por simples apostila (art.
136, I).

Mas o que é a revisão? A Lei 14.133/2021 não trouxe expressamente a definição de revisão. Porém,
entenda como revisão a alteração do contrato realizada com o objetivo de reestabelecer o equilíbrio
econômico-financeiro do contrato, em virtude de:

a) alteração unilateral das cláusulas de execução, que venham a afetar a equação econômico-
financeira inicial;
b) eventos imprevisíveis e extraordinários, que causem impacto na relação econômico-financeira
inicial.

Como exemplo, podemos mencionar o aumento dos quantitativos. A administração firmou contrato para
adquirir 100 computadores, ao custo de R$ 5 mil cada. Nesse caso, o valor total do contrato será de R$ 500
mil. Se a administração aumentar em 25% as quantidades, terá que revisar o contrato, atualizando o seu
valor em 25%. Perceba que, nesse caso, não se admite que a administração eleve os quantitativos para 125,
sem aumentar correspondentemente o valor contratual. Se o fizesse, haveria um desequilíbrio econômico-
financeiro. Por isso, a NLLC dispõe que na hipótese de alteração unilateral as cláusulas econômico-

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financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual. A alteração
unilateral se enquadra no grupo de riscos denominado álea administrativa, ou seja, trata-se de um risco
cuja responsabilidade é imputável à administração. Assim, se a administração aumenta as quantidades ou
altera os projetos, ela própria terá que arcar com os custos desta alteração.

O segundo caso trata de situações excepcionais, como eventos da natureza (ex.: terremoto); eventos de
terceiros (ex.: greve de caminhoneiros); alteração de tributos; atraso na liberação dos locais da obra, entre
outros.

Note que a revisão não decorre de algo periódico como a inflação ou a convenção coletiva de trabalho. Não
há, por exemplo, um “índice” de revisão que poderia ser revisto no contrato. Daí porque a revisão
representa uma efetiva alteração contratual, devendo ser firmada por intermédio de aditamento do
contrato.

Assim, tanto o reajuste como a revisão objetivam a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do


contrato. Entretanto, o reajuste, nas suas duas formas, é previsível e consta no próprio contrato, devendo
ser registrado por apostila. Por outro lado, a revisão é, a priori, imprevisível, constituindo alteração do
contrato e devendo ser formalizada por aditamento.

Previsível e periódico

Critério definido no contrato


Reajuste
(sent. amplo)
Não é alteração contratual

Manutenção do Formalizado por apostila


equilíbrio econ.-
financ. do contrato Imprevisível (em regra)

Não há como definir no contrato


Revisão
É alteração contratual

Formalizada por aditamento

Já vimos, nesta aula, as hipóteses de revisão decorrentes de alteração unilateral (qualitativa e quantitativa).
Em tópico específico, vamos estudar a teoria da imprevisão, que constitui a segunda hipótese de revisão
dos contratos.

Antes, porém, vamos aprofundar algumas outras questões sobre reajuste, repactuação e revisão.

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12.3.2 Formalização das alterações e dos reajustes

Os contratos administrativos são alterados mediante aditamento. Com efeito, a NLLC exige, para os
aditamentos, as mesmas formalidades dos contratos. Em regra, eles terão a forma escrita (art. 91) e serão
públicos (exceto nas hipóteses admitidas de sigilo), devendo ser publicados no PNCP como condição de
eficácia (art. 94).

Por outro lado, nas situações que não caracterizam alteração do contrato, os registros serão efetuados por
simples apostila, dispensada a celebração de termo aditivo (art. 136). A NLLC citou exemplos de situações
que dispensam o termo aditivo, pois não configuram alteração contratual, vejamos:

I – variação do valor contratual para fazer face ao reajuste ou à repactuação de preços


previstos no próprio contrato;

II – atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições


de pagamento previstas no contrato;

III – alterações na razão ou na denominação social do contratado;

IV – empenho de dotações orçamentárias.

Por exemplo, o contratado entregou o objeto do contrato, mas a administração não realizou o pagamento
no prazo e, por isso, teve que pagar o valor corrigido (atualização monetária). Isso não configura alteração,
bastando registrar por meio de apostila.

Por sinal, eventuais alterações determinadas pela administração deverão ser formalizadas mediante termo
aditivo (ou aditamento). Dessa forma, a formalização do termo aditivo é condição para a execução, pelo
contratado, das prestações determinadas pela administração no curso da execução do contrato (art. 132).
Todavia, em caso de justificada necessidade de antecipação de seus efeitos, será possível cumprir as
determinações, formalizando-se o aditivo no prazo máximo de um mês. Assim, em regra, o aditivo deverá
ser prévio, mas se admite a formalização posterior (no prazo de até um mês) em caso de justificada
necessidade.

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Aditamento
Alteração
contratual Mesmas formalidades dos contratos
(escrito, público, divulgação no PNCP)

Formalizações Reajuste e repactuação


Registros Apostila
que não são Atualização ou penalização
alteração financeira
contratual Exemplos
Alteração da razão social

Empenho de dotação
orçamentária

12.3.3 Aprofundamento sobre a repactuação

Bom, já vimos que, no reajuste em sentido estrito, a data-base é a data do orçamento estimado realizado
pela administração. Mas qual será a data-base da repactuação?

A resposta encontra-se no art. 135 do Estatuto de Licitações:

Art. 135. Os preços dos contratos para serviços contínuos com regime de dedicação
exclusiva de mão de obra ou com predominância de mão de obra serão repactuados para
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro, mediante demonstração analítica da
variação dos custos contratuais, com data vinculada:

I – à da apresentação da proposta, para custos decorrentes do mercado;

II – ao acordo, à convenção coletiva ou ao dissídio coletivo ao qual a proposta esteja


vinculada, para os custos de mão de obra.

Existem duas datas de referência, tendo em vista que a repactuação é realizada conforme os custos de
planilha. Em outros termos, a repactuação poderá ser realizada em virtude de custos de mercado ou dos
custos de mão de obra, realizando-se avaliação analítica da variação dos custos para definir a atualização
do valor do contrato. Logo, enquanto o reajuste em sentido estrito incide de forma linear, a repactuação
dependerá da avaliação dos componentes dos custos da proposta.

Adicionalmente, o art. 135 apresenta uma série de disposições sobre a repactuação:

a) a administração não se vinculará às disposições contidas em acordos, convenções ou dissídios


coletivos de trabalho que tratem de matéria não trabalhista, de pagamento de participação dos
trabalhadores nos lucros ou resultados do contratado, ou que estabeleçam direitos não previstos

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em lei, como valores ou índices obrigatórios de encargos sociais ou previdenciários, bem como de
preços para os insumos relacionados ao exercício da atividade;
b) é vedado a órgão ou entidade contratante vincular-se às disposições previstas nos acordos,
convenções ou dissídios coletivos de trabalho que tratem de obrigações e direitos que somente se
aplicam aos contratos com a administração pública;
c) a repactuação deverá observar o interregno mínimo de um ano, contado da data da apresentação da
proposta ou da data da última repactuação;
d) a repactuação poderá ser dividida em tantas parcelas quantas forem necessárias, observado o
princípio da anualidade do reajuste de preços da contratação, podendo ser realizada em momentos
distintos para discutir a variação de custos que tenham sua anualidade resultante em datas
diferenciadas, como os decorrentes de mão de obra e os decorrentes dos insumos necessários à
execução dos serviços;
e) quando a contratação envolver mais de uma categoria profissional, a repactuação poderá ser dividida
em tantos quantos forem os acordos, convenções ou dissídios coletivos de trabalho das categorias
envolvidas na contratação;
f) a repactuação será precedida de solicitação do contratado, acompanhada de demonstração analítica
da variação dos custos, por meio de apresentação da planilha de custos e formação de preços, ou do
novo acordo, convenção ou sentença normativa que fundamenta a repactuação.

12.3.4 Vedação às revisões nas contratações integradas e semi-integradas

Os regimes de contratação integrada ou semi-integradas têm o objetivo de resolver as questões sobre


responsabilidades em empreendimentos que, ordinariamente, exigiriam múltiplos contratos. Por exemplo:
a construção de um hospital poderia exigir um contrato para elaboração dos projetos, outro para execução,
outro para compra de equipamentos, outro para instalação dos equipamentos. O problema de gerenciar
tantos contratos se maximiza quando há alguma falha, situação em que a identificação do responsável se
torna bastante complicada.

Assim, nesses dois regimes contratuais, o contratado se encarrega de quase toda a implementação do
empreendimento, com a diferença de que, na contratação integrada, o contratado elabora inclusive o
projeto básico, ao passo que na contratação semi-integrada o projeto básico fica a cargo do poder público.

Consequentemente, pela natureza desses regimes, as alterações contratuais são muito limitadas.

Nas contratações integradas ou semi-integradas, os riscos decorrentes de fatos supervenientes à


contratação associados à escolha da solução de projeto básico pelo contratado deverão ser alocados como
de sua responsabilidade na matriz de riscos. Isso diminui significativamente as hipóteses de revisão do
contrato.

Dessa forma, nas hipóteses em que for adotada a contratação integrada ou semi-integrada, é vedada a
alteração dos valores contratuais, exceto nos seguintes casos (art. 133):

a) para restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro decorrente de caso fortuito ou força


maior;

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b) por necessidade de alteração do projeto ou das especificações para melhor adequação técnica aos
objetivos da contratação, a pedido da administração, desde que não decorrente de erros ou
omissões por parte do contratado, observados os limites estabelecidos na Lei de Licitações;
c) por necessidade de alteração do projeto nas contratações semi-integradas, nos termos do § 5º do
art. 46 da NLLC;33
d) por ocorrência de evento superveniente alocado na matriz de riscos como de responsabilidade da
administração.

Caso fortuito ou força maior

Melhor adequação técnica aos


Alteração objetivos da contratação
qualitativa
Limites previstos em lei
Alteração nas
contratações
integrada e semi- Somente na semi-integrada
integrada Alteração de
projeto
Soluções "melhores"

Alocado na matriz de risco


Evento
superveniente Responsabilidade da
administração

12.3.5 Revisão após a extinção do contrato

De acordo com a Lei 14.133/2021, a extinção do contrato não configurará óbice para o reconhecimento
do desequilíbrio econômico-financeiro, hipótese em que será concedida indenização por meio de termo
indenizatório.

Imagine, por exemplo, que uma empresa solicitou a revisão do contrato. Porém, enquanto a administração
analisava o pedido, o objeto foi concluído pela contratada e recebido pela administração, extinguindo o
contrato. Mesmo assim, a administração poderá reconhecer o direito à revisão do contrato, realizando a
indenização por meio de termo indenizatório.

33
Art. 46. [...] § 5º Na contratação semi-integrada, mediante prévia autorização da Administração, o projeto básico poderá ser
alterado, desde que demonstrada a superioridade das inovações propostas pelo contratado em termos de redução de custos,
de aumento da qualidade, de redução do prazo de execução ou de facilidade de manutenção ou operação, assumindo o
contratado a responsabilidade integral pelos riscos associados à alteração do projeto básico.

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Contudo, o pedido de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro deverá ser formulado durante


a vigência do contrato e antes de eventual prorrogação.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) O reajustamento em sentido estrito aplica-se aos contratos de serviços
contínuos prestados em regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou predominância de mão de
obra, mediante demonstração analítica da variação dos custos.
Comentário:
A assertiva traz o conceito de repactuação. No caso do reajustamento em sentido estrito, refere-se ao
reajustamento de preços cabível quando não houver regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou
predominância de mão de obra, mediante previsão de índices específicos ou setoriais (art. 92, §4°, I e II).
Gabarito: errado.

EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO

§ Reajustamento em sentido estrito:


§ forma de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro;
§ consistente na aplicação do índice de correção monetária (inflação) previsto
no contrato;
§ Repactuação:
§ forma de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro de contrato;
§ ocorre nos serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de
Reajuste em obra ou predominância de mão de obra;
sentido amplo
§ por meio de análise da variação dos custos contratuais;
§ considera: convenção coletiva ou ao dissídio coletivo: custos decorrentes da
mão de obra.
§ Em resumo, o reajuste em sentido estrito atualiza o valor da inflação, enquanto a
repactuação atualiza, principalmente, os valores dos custos de mão de obra.

§ Previsível e periódico.
§ Critério definido no contrato.

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§ Não é alteração contratual.


§ Formalizado por apostila.

§ A revisão é alteração do contrato realizada com o objetivo de reestabelecer o


equilíbrio econômico-financeiro do contrato, em virtude de:
§ alteração unilateral das cláusulas de execução, que venham a afetar a equação
econômico-financeira inicial;
§ eventos imprevisíveis e extraordinários, que causem impacto na relação
Revisão econômico-financeira inicial.

§ Imprevisível (em regra).


§ Não há como definir no contrato.
§ É alteração contratual.
§ Formalizada por aditamento.

13 INEXECUÇÃO SEM CULPA E A TEORIA DA IMPREVISÃO


Os contratos devem ser executados conforme os termos definidos pelas partes. Assim, se uma das partes,
seja a administração ou o particular, deixar de cumprir com as suas obrigações, teremos um caso de
inadimplência contratual.

Todavia, essa inadimplência poderá ocorrer com ou sem culpa das partes, com diferentes consequências,
conforme cada caso.

Vejamos um exemplo: uma empreiteira atrasa a entrega de uma obra pública, em virtude de falhas na sua
gestão. Esse caso, será uma hipótese de inadimplência com culpa do contratado, que poderá ensejar a
aplicação das sanções, a execução da garantia ou até mesmo a extinção por culpa do contratado.

Por outro lado, imagine que o atraso decorreu de um grande terremoto. Nesse caso, o cronograma poderá
atrasar em decorrência dessa situação imprevisível. Aqui, também teremos uma inadimplência contratual,
mas agora sem culpa das partes. Ou seja, as consequências serão outras, não existindo motivo para a
aplicação de penalidades, por exemplo.

Já vimos no capítulo sobre a extinção as consequências da extinção do contrato com ou sem culpa do
contratado.

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Mas o que nos interessa, neste momento, é saber que existem situações denominadas inexecução sem
culpa. Nesse caso, a parte não cumpre com as suas obrigações em virtude de fatos supervenientes34 a
celebração do contrato, que impedem ou dificultam a execução do contrato.35

São situações que ensejam onerosidade excessiva para uma das partes da relação contratual, elevando ou
diminuindo significativamente as obrigações e causando desequilíbrio na equação econômico-financeira
do contrato.

São diversos os nomes que podemos dar aos casos de inexecução sem culpa, e a doutrina apresenta
diferentes classificações. Porém, como forma de simplificar o assunto, e ainda seguindo o posicionamento
regularmente adotado em concursos, vamos denominar essas hipóteses de teoria da imprevisão.36

Assim, genericamente falando, a teoria da imprevisão abrange os fatos extracontratuais, extraordinários


e imprevisíveis – ou previsíveis, mas que ocorreram num grau imprevisível – surgidas ou descobertas após
a celebração do contrato, que acarretam, na execução do contrato:

a) maior demora;
b) excessiva onerosidade para uma das partes; ou
c) a impossibilidade absoluta de execução.

Como consequência, o contrato terá que ser revisado, para alterar os prazos ou os valores, ou extinto sem
culpa das partes.

Mas qual é o fundamento da teoria da imprevisão? Inicialmente, sob o aspecto doutrinário, precisamos
entender que os contratos fazem lei entre as partes e, por isso, devem ser cumpridos conforme pactuados.
Essa regra é denominada de pacta sunt servanda, ou seja, os contratos devem ser cumpridos.

Ocorre que um contrato é firmado dentro de um contexto. Assim, eles devem ser cumpridos enquanto as
condições em que foram acordados permanecerem inalteradas. Por outro lado, ocorrendo significativa
alteração do contexto fático, não haverá como cumprir o contrato exatamente como pactuado. Nesse
contexto, surge uma cláusula implícita de todo contrato, denominada rebus sic standibus, que significa que
os acordos não permanecem em vigor se as coisas não permanecerem como eram no momento da
celebração.37

Em resumo, os contratos devem ser cumpridos (pacta sunt servanda), mas somente enquanto as coisas
permanecerem nas condições em que os acordos foram firmados (rebus sic standibus).

34
Veremos adiante que nem todo fato será superveniente ao contrato. Alguns, serão pré-existentes, mas somente conhecidos
após a assinatura, denominados de interferências imprevistas.
35
Carvalho Filho, 2017.
36
Há autores que utilizam o gênero “inexecução sem culpa”, dividindo-o em três espécies: teoria da imprevisão, fato do príncipe
e caso fortuito e força maior. Nesse caso, a “teoria da imprevisão” seria apenas um caso (uma espécie), entre outros, de
inexecução sem culpa. Entretanto, preferimos adotar, nesta aula, o conceito de Hely Lopes Meirelles (2013) e de Marcelo
Alexandrino e Vicente Paulo (2020), que classificam a teoria da imprevisão como gênero, tendo como espécies os casos que
serão estudados ao longo da aula, com algumas adaptações.
37
Di Pietro, 2017.

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Por exemplo: um lojista assina um contrato com a administração combinando o fornecimento de 1000
aparelhos de telefone, de origem importante, ao preço de R$ 3.000,00, com fornecimentos de 100 unidades
por mês, ao longo dos próximos 10 meses. Porém, alguns meses após a assinatura do contrato, surge uma
crise internacional e o preço do dólar triplica. Consequentemente, o valor de custo do celular aumentou
significativamente. Vamos considerar que custo de aquisição também triplicou. Ora, as condições em que
o contrato foi firmado mudaram significativamente, por evento alheio à vontade das partes e imprevisível.
Trata-se, pois, de hipótese de aplicação da teoria da imprevisão.

Com efeito, as situações que permitem a inadimplência contratual sem culpa das partes se subdividem em
quatro38 categorias:

a) caso fortuito e força maior;


b) fato do príncipe;
c) fato da administração;
d) interferências imprevistas.

Vamos analisar cada um desses casos.

Nesta aula, vamos adotar a corrente que considera a “teoria da imprevisão” como gênero, e caso fortuito
e força maior; fato do príncipe; fato da administração; e interferências imprevistas como as suas espécies.

Entretanto, é muito importante ressaltar que parcela significativa da doutrina não adota esta classificação.
Para vários autores, existem diversos riscos de um contrato, sendo que a teoria da imprevisão é apenas
uma espécie. Para essas correntes, não se confunde a “teoria da imprevisão”, com o fato do príncipe, fato
da administração, força maior, etc. Cada um desses casos serão diferentes hipóteses de situações que
podem justificar a inadimplência do contrato, sem culpa das partes. O resultado é essencialmente o
mesmo, mudando principalmente a forma de classificação, com pequenas divergências em outros temas.

Maria Di Pietro, por exemplo, adota a seguinte classificação dos riscos relativos aos contratos
administrativos:

a) Álea ordinária ou empresarial: refere-se aos riscos de qualquer negócio, que devem ser suportados
pelo contratado. Por exemplo: o aumento da concorrência, os riscos de uma gestão ruim da empresa,
etc. Assim, a álea ordinária não justifica a inadimplência contratual e não é motivo para a revisão dos
contratos;
b) Álea administrativa, que se subdivide em três espécies:
i) poder de alteração unilateral do contrato: trata-se de cláusula exorbitante, para melhor
atendimento do interesse público. Os riscos dessa mudança devem ser suportados pela

38
Se subdividirmos o caso fortuito e a força maior em dois, seriam cinco casos. Porém, optamos por considerá-los em conjunto.

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administração pública, tendo em vista que a alteração do equilíbrio econômico-financeiro foi


promovida voluntariamente pelo poder público;
ii) fato do príncipe: ato de autoridade, não diretamente relacionado ao contrato, mas que o atinge
reflexamente. É o que ocorre, por exemplo, no aumento da tributação. Novamente, este risco é
de responsabilidade da administração, que deverá arcar com a recomposição do equilíbrio
econômico-financeiro;
iii) fato da administração: toda ação ou omissão do poder público que incide de forma direta e
específica sobre o contrato, ensejando atraso ou dificultando a sua execução. É o caso, por
exemplo, do atraso na liberação do local da obra. Aqui, novamente, o ônus do reequilíbrio
econômico-financeiro cabe à administração;
c) Álea econômica (teoria da imprevisão): corresponde às situações externas ao contrato, alheias à
vontade das partes, imprevisíveis, excepcionais e inevitáveis, que causam grande desequilíbrio na
equação econômico-financeira. Note que este único caso é denominado, pela autora, como teoria da
imprevisão.

Mas professor, qual corrente está “certa”? Qual corrente eu devo adotar na prova? Bom, nenhuma das
correntes está certa ou errada. Ambas ensejam basicamente o mesmo resultado: a necessidade de alterar
o contrato para recompor o equilíbrio econômico-financeiro ou a extinção do contrato sem culpa do
contratado. Para fins de prova, eu recomendo “conhecer” a corrente que acabamos de citar, mas dar ênfase
para o posicionamento que vamos trabalhar nas linhas a seguir. Em geral, as questões de prova não
costumam entrar nessa polêmica.

13.1 Caso fortuito e força maior

Há significativa variação nos conceitos adotados pela doutrina para descrever caso fortuito e força maior.
Por esse motivo, adotaremos o sentido genérico para designar o caso fortuito e a força maior como eventos
extraordinários, inevitáveis e imprevisíveis – ou previsíveis, mas de consequências incalculáveis -, alheios à
vontade das partes que acarretem onerosidade excessiva, retardamento ou impossibilidade de execução
do objeto do contrato.39

Com efeito, a Lei 14.133/2021 atribui os mesmos efeitos aos dois eventos, motivo pelo qual não é
necessário fazer a distinção entre caso fortuito ou força maior.

A Nova Lei de Licitações menciona o caso fortuito ou força maior em três momentos:

a) como fundamento para extinção dos contratos, sem culpa das partes (art. 137, V):40 “constituirão
motivos para extinção do contrato: [...] “caso fortuito ou força maior, regularmente comprovados,
impeditivos da execução do contrato”;
b) como fundamento para a alteração dos contratos, mediante acordo das partes, para (art. 124, II,
“d”): “restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato em caso de força maior, caso

39
Nessa linha, o Código Civil, ao tratar do tema, no parágrafo único do art. 393, dispõe o seguinte: “o caso fortuito ou de força
maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir”.
40
Literalmente, a NLLC não afirma que esta é uma hipótese de extinção “sem culpa das partes”. Porém, o próprio conceito de
caso fortuito e força maior nos permite fazer esta afirmação.

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fortuito [...] em decorrência de fatos imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis,


que inviabilizem a execução do contrato tal como pactuado, respeitada, em qualquer caso, a
repartição objetiva de risco estabelecida no contrato”;
c) como fundamento para a alteração excepcional dos contratos firmados sob regime de contratação
integrada ou semi-integrada: “nas hipóteses em que for adotada a contratação integrada ou semi-
integrada, é vedada a alteração dos valores contratuais, exceto nos seguintes casos: I - para
restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro decorrente de caso fortuito ou força maior;
[...]”.

O fundamento das letras “b” e “c” são essencialmente os mesmos, mas o caso da letra “b” tem uma
aplicação mais genérica, aos contratos em geral. Por outro lado, a previsão da letra “c” é para justificar
excepcionalmente a alteração dos contratos nos regimes de contratação integrada ou semi-integrada.

Extinção do contrato Sem culpa das partes

Consensual

Restabelecer o equilíbrio
Consequências do Alteração dos contratos econômico-financeiro
caso fortuito ou
força maior
Situações imprevisíveis,
extraordinárias

Contratação integrada ou
semi-integrada
Alteração dos contratos
Restabelecer o equilíbrio
econômico-financeiro

Como já dito, a situação deve caracterizar-se como imprevisível, inevitável e com impossibilidade total do
cumprimento das obrigações nos termos iniciais. Fora disso, os fatos serão considerados álea normal
inerente aos riscos de qualquer contrato41.

Com efeito, o contratado só pode invocar o caso fortuito e a força maior como eventos justificadores da
inexecução do contrato se provar que não contribuiu para colocar-se em situação prejudicada pelo evento.
Por exemplo, imagine que uma tempestade imprevisível causou sérios danos a uma obra contratada.
Porém, o cronograma estava atrasado injustificadamente e por culpa do contratado. Se restar comprovado
que os danos só ocorreram em virtude do atraso, o contratado não poderá utilizar o evento como causa
justificadora para a inexecução de suas obrigações. Vale dizer, se a obra estivesse em dia, a tempestade
não teria gerado os danos e, portanto, isso não seria justificativa para a inexecução da avença.

41
Nesse sentido podemos citar: Meirelles (2013, p. 251); Carvalho Filho (2014, p. 214); e Justen Filho (2014, p. 552).

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13.2 Fato do príncipe

O fato do príncipe é uma determinação estatal geral, imprevisível ou inevitável, que atinge reflexamente
o contrato, ocasionando oneração excessiva ao particular, independentemente da vontade deste. Por
conseguinte, o fato do príncipe autorizará a revisão ou a rescisão do contrato, neste último caso quando
tornar impossível o cumprimento das obrigações.

Segundo Marçal Justen Filho, a teoria do fato do príncipe consagra o direito de indenização a um particular
em vista da prática de ato lícito e regular imputável ao Estado. Ademais, a determinação estatal deve ser
geral, influenciando no contrato apenas de forma reflexa ou indireta. Por exemplo, a elevação da carga
tributária incidente sobre a execução da prestação devida pelo particular.

O fato do príncipe difere do fato da administração porque este corresponde a uma ação ou omissão do
Poder Público que reflete diretamente na execução do contrato, ou seja, direcionado especificamente ao
contrato; enquanto os efeitos daquele surgem de forma indireta. Por exemplo, o aumento da carga
tributária não se direciona especificamente ao contrato, mas pode atingi-lo de maneira reflexa. Agora se a
administração pública não liberar um bem que estava previsto no contrato para viabilizar a sua execução,
teremos um ato da administração, uma vez que se vocacionou especificamente ao contrato.

O fato do príncipe está previsto no art. 124, II, “d” como uma forma de alteração bilateral, ou seja, por
acordo das partes, buscando garantir o reequilíbrio econômico-financeiro.

Além disso, o art. 134 da NLLC dispõe que os preços contratados serão alterados, para mais ou para menos,
conforme o caso, se houver, após a data da apresentação da proposta, criação, alteração ou extinção de
quaisquer tributos ou encargos legais ou a superveniência de disposições legais, com comprovada
repercussão sobre os preços contratados.

Tal dispositivo representa hipótese de fato do príncipe, uma vez que decorre de alterações em tributos,
encargos legais ou outras disposições legais. Nesse caso, essas mudanças não atingem o contrato
administrativo de forma direta e específica, mas de forma indireta, reflexa, em virtude de disposição
normativa de alcance geral. Por exemplo: o aumento dos impostos sobre tijolos alcança qualquer tipo de
construção, inclusive os contratos administrativos.

Observe, ainda, que o dispositivo exige a alteração tanto para mais como para menos, resguardando,
assim, também os interesses da administração. Isso ocorreria, por exemplo, no caso de extinção ou redução
de um tributo que incide sob o objeto do contrato.

Por fim, vale destacar que a maior parte dos administrativistas42 considera o fato do príncipe como um ato
estatal geral, independentemente de qual esfera de governo o tenha editado; porém, Maria Sylvia Di Pietro
apresenta um posicionamento divergente. Segundo a autora, só é fato do príncipe o ato geral oriundo da
mesma esfera de governo em que se celebrou o contrato. Nesse caso, em um contrato municipal, somente
seria fato do príncipe as determinações estatais gerais do próprio município. Por outro lado, quando
decorrentes de outros entes da Federação, as determinações estatais gerais seriam enquadradas na teoria
da imprevisão (lembrando que a autora adota um sentido estrito para “teoria da imprevisão”).

42
e.g. Carvalho Filho. 2014, p.213-214; e Justen Filho, 2014, 548-549.

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Todavia, conforme já destacado, esse não é o posicionamento majoritário, motivo pelo qual concluímos
que o fato do príncipe alcança todos os atos estatais gerais do poder público, independentemente da
esfera de governo.

13.3 Fato da administração

O fato da administração é toda ação ou omissão do poder público, que incide direta e especificamente
sobre o contrato, retardando ou impedindo a sua execução.

Nesse contexto, o fato da administração é uma ação ou omissão do poder público na qualidade de parte
contratante. Representa, portanto, descumprimento das obrigações contratuais por parte da
administração, o que permite que o contratado busque o reparo, seja por acordo com a própria
administração, seja por meio judicial ou arbitral.

Ocorre, por exemplo, quando a administração deixa de entregar o local da obra ou serviço, não providencia
as desapropriações necessárias, atrasa os pagamentos, ou pratica qualquer ato impeditivo dos trabalhos a
serem desenvolvidos pela outra parte43. Nessa esteira, podemos mencionar como hipóteses de fato da
administração as situações previstas no § 2º do art. 137 da Lei 14.133/2021, vejamos:

§ 2º O contratado terá direito à extinção do contrato nas seguintes hipóteses:

I - supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou compras que acarrete


modificação do valor inicial do contrato além do limite permitido no art. 125 desta Lei;

II - suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da Administração, por prazo


superior a 3 (três) meses;

III - repetidas suspensões que totalizem 90 (noventa) dias úteis, independentemente do


pagamento obrigatório de indenização pelas sucessivas e contratualmente imprevistas
desmobilizações e mobilizações e outras previstas;

IV - atraso superior a 2 (dois) meses, contado da emissão da nota fiscal, dos pagamentos
ou de parcelas de pagamentos devidos pela Administração por despesas de obras,
serviços ou fornecimentos;

Nesses casos, o contratado terá direito de pleitear a extinção ou a suspensão do contrato, por culpa da
administração.

Mas não são apenas nesses casos que podemos observar o fato da administração. De certa forma, os
atrasos indevidos nos encargos da administração, como a liberação do pátio para a realização das obras,
realização de pagamentos, desapropriações a cargo do poder público, entre outras medidas, podem ensejar
a revisão do contrato. Nesse caso, podemos ter a prorrogação de prazos, revisão de valores, extinção ou
suspensão do contrato sem culpa do contratado.

43
Meirelles, 2013, p. 254.

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13.4 Interferências imprevistas

Segundo Hely Lopes Meirelles, as interferências imprevistas são ocorrências materiais, não cogitadas pelas
partes na celebração do contrato, mas que surgem na sua execução de modo excepcional e
surpreendente, dificultando ou onerando extraordinariamente o prosseguimento e a conclusão dos
trabalhos.

Diferentemente das outras hipóteses da teoria da imprevisão que estudamos, as interferências imprevistas
já existiam quando da celebração do contrato, no entanto não eram conhecidas pelas partes.

Imagine, por exemplo, que a descrição do objeto de uma obra considerava a existência de um terreno
arenoso. Porém, ao iniciar as escavações, descobre-se que o solo é rochoso, fato este que implicará em
gastos excessivamente maiores que os previstos inicialmente.

Com efeito, as interferências imprevistas não são causas impeditivas da execução do contrato, mas geram
maiores dificuldades e onerosidades, ensejando, portanto, a adequação dos preços e dos prazos.

Eventos da natureza ou atos de terceiros, de caráter


Caso fortuito
extraordinário, imprevisível e inevitável, que oneram ou
ou força maior
impedem a execução contratual.

Fato do Atos gerais do Estado que oneram o contrato de forma


príncipe indireta/reflexa.
Teoria da
imprevisão
Fato da Ações ou omissões do Estado que atingem o contrato de
Administração forma direta e específica.

Ocorrências preexistentes, descobertas na execução


Interferências
contratual, que oneram, mas não impedem a conclusão
imprevisíveis
dos trabalhos.

(Cebraspe – EBSERH/2018) Uma empresa foi contratada por um hospital público para fornecer e instalar
cinco equipamentos hospitalares, com prazo de execução de instalação de um equipamento por mês,
sem afetar o funcionamento dos atendimentos médico-hospitalares. Durante a execução dos serviços, a
contratada solicitou à fiscalização uma dilação de prazo de execução devido à dificuldade de realizar os
trabalhos com o prédio ocupado.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos a ela relacionados, julgue o item subsecutivo.

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Caso seja necessário o trabalho noturno para manter o cronograma contratual, a contratada tem direito a
um reequilíbrio econômico para cobrir os custos com adicional noturno e horas extras.
Comentário:
A empresa somente poderia pleitear o reequilíbrio econômico se houvesse uma situação nova, decorrente
de fatos imprevisíveis, extraordinários e extracontratuais. No entanto, as condições são as mesmas do
momento da propositura do contrato, pois a empresa já sabia que deveria instalar os equipamentos com o
hospital em funcionamento. Logo, não poderia pleitear o reequilíbrio econômico-financeiro.
Gabarito: errado.
(Cebraspe – SEFAZ RS/2018) Vencedora em regular processo licitatório, determinada sociedade
empresária assinou contrato com a administração pública para a execução de determinada obra. No
início dos trabalhos, constatou-se a presença de muitas rochas, fator que dificultaria e encareceria a
fixação das fundações. Essa informação não foi indicada no projeto apresentado pela administração
pública.
Nessa situação hipotética, a presença das rochas
a) permite ao contratado rescindir o contrato.
b) permite ao contratado a revisão do contrato, em razão de sujeição imprevista.
c) é considerada caso fortuito, o que afasta a necessidade de revisão do preço contratual.
d) é considerada força maior, o que afasta a necessidade de revisão do preço contratual
e) é um fato da administração, que dá ensejo à revisão do preço contratual.
Comentário:
O que ocorreu foi uma interferência imprevista (ou, como colocado, uma sujeição imprevista), que são
situações pré-existentes ao contrato, mas que não eram conhecidas no momento da elaboração das
propostas. As interferências imprevistas não são causas impeditivas da execução do contrato, mas geram
maiores dificuldades e onerosidades, ensejando, portanto, a adequação dos preços e dos prazos. Por esse
motivo, o gabarito é a letra B. Vamos analisar as demais opções:
a) não compete à contratada, em nenhum caso, rescindir o contrato. O que ela pode fazer é pedir a rescisão,
consensual ou determinada (art. 138, II e III), desde que haja justificativa para isso – ERRADA;
c) e d) força maior e força maior normalmente são indicados como eventos da natureza ou de terceiros
imprevisíveis, ou previsíveis, mas com consequências incalculáveis, que ocorrem após a assinatura do
contrato. Por exemplo: um tufão em uma região não sujeita a esse tipo de fenômeno, ou uma inundação
imprevisível que cause estragos onerosos no local de execução, ou ainda uma greve que paralise o
transporte da matéria prima. Em qualquer caso, as pedras existentes não se enquadram neste conceito –
ERRADAS; e
e) não poderia ser fato da administração, pois este é toda ação ou omissão do poder público, que incide
direta e especificamente sobre o contrato, retardando ou impedindo a sua execução (ex.: quando a
Administração deixa de entregar o local da obra ou serviço) – ERRADA.
Gabarito: alternativa B.

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INEXECUÇÃO SEM CULPA E TEORIA DA IMPREVISÃO

§ Pacta sunt servanda: os contratos devem ser cumpridos.


§ Rebus sic standibus: os acordos não permanecem em vigor se as coisas não
Introdução permanecerem como eram no momento da celebração.
§ Teoria da imprevisão: justifica a inexecução do contrato, sem culpa das partes,
exigindo a alteração das suas condições ou extinção contratual sem culpa.

§ Fatos extracontratuais, extraordinários e imprevisíveis – ou previsíveis, mas que


ocorreram num grau imprevisível – surgidas ou descobertas após a celebração do
contrato, que acarretam, na execução do contrato:
§ maior demora;
§ excessiva onerosidade para uma das partes; ou
Teoria da
imprevisão § a impossibilidade absoluta de execução.
(conceito) § Espécies:
§ caso fortuito e força maior;
§ fato do príncipe;
§ fato da administração;
§ interferências imprevistas.

§ Conceito de caso fortuito e força maior:


§ eventos da natureza ou de terceiros;
§ alheios à vontade das partes;
§ que acarretem onerosidade excessiva, retardamento ou impossibilidade de
Caso fortuito execução do objeto do contrato.
ou força maior § Consequências:
§ extinção dos contratos, sem culpa das partes;
§ alteração dos contratos, mediante acordo das partes;
§ alteração excepcional dos contratos firmados sob regime de contratação
integrada ou semi-integrada (também mediante acordo).

§ Conceito de fato do príncipe;


Fato do
§ determinação estatal geral, imprevisível ou inevitável;
príncipe
§ que atinge reflexamente o contrato (indiretamente);

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§ ocasionando oneração excessiva ao particular, independentemente da


vontade deste.
§ Fundamento: poder de império do Estado.
§ Exemplo: criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais
ou a superveniência de disposições legais

§ Conceito de fato da administração;


§ toda ação ou omissão do poder público;
§ que incide direta e especificamente sobre o contrato;
Fato da
administração § retardando ou impedindo a sua execução.
§ Ação ou omissão do poder público na qualidade de parte contratante.
§ Exemplo: descumprimento das obrigações contratuais por parte da administração;
ou atraso na liberação do pátio da obra.

§ Conceito de interferências imprevistas:


§ ocorrências materiais, não cogitadas pelas partes na celebração do contrato,
mas que surgem na sua execução de modo excepcional e surpreendente,
dificultando ou onerando extraordinariamente o prosseguimento e a
Interferências conclusão dos trabalhos.
imprevistas
§ Diferentes das demais, as interferências imprevistas já existiam na data da
assinatura do contrato, mas ainda não eram conhecidas.
§ Exemplo: após o início da obra, constata-se que o terreno, ao invés de arenoso
(conforme estudos prévios), é rochoso, elevando os custos da escavação.

14 MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE


CONTROVÉRSIAS

Não é difícil de imaginar que ao longo da execução do contrato podem ocorrer divergências entre a
administração e o contratado. São comuns divergências sobre as condições de restabelecimento do
equilíbrio econômico-financeiro, cumprimento das obrigações ou até mesmo sobre o cálculo das
indenizações cabíveis.

Algumas dessas divergências são resolvidas diretamente entre as partes. Porém, há casos em que as partes
não conseguem chegar a um acordo.

Antigamente, essas controvérsias acabavam chegando ao Poder Judiciário. Todavia, a solução judicial é
demorada, cara e burocrática. Consequentemente, a solução para a questão, na via judicial, acaba sendo
ruim para as duas partes, sem falar no prejuízo para o interesse público.

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Por isso, é cada vez mais frequente a utilização dos denominados métodos alternativos de resolução de
controvérsias, também denominados de métodos adequados de resolução de conflitos.

Nessa linha, nas contratações regidas pela Lei de Licitações, poderão ser utilizados meios alternativos de
prevenção e resolução de controvérsias, notadamente (art. 151, caput):

a) a conciliação,
b) a mediação,
c) o comitê de resolução de disputas; e
d) a arbitragem.

Com efeito, a lista é meramente exemplificativa, conforme se percebe pela utilização da expressão
“notadamente” no caput do art. 151.

É pouco provável que uma questão de concurso questione a diferença entre mediação e conciliação quando
tratar de licitações e contratos, tendo em vista que este é um assunto do direito processual civil.

Contudo, de forma simples, vamos fazer pequenas explicações. Na conciliação o conciliador participa de
forma mais efetiva na solução do conflito, apresentando inclusive propostas. Já na mediação o mediador
apenas conduz e facilita o diálogo, mas não propõe soluções para a questão.

O comitê de resolução de disputas, ou dispute boards, é um método de resolução de conflitos no qual as


partes nomeiam, conjuntamente, um corpo de profissionais independentes para acompanhar a execução
contratual de forma permanente. Dessa forma, o comitê poderá auxiliar na resolução das controvérsias de
forma rápida, técnica e objetiva, uma vez que já estará ambientado com as condições contratuais e com a
sua execução.

Nos três métodos indicados acima (conciliação, mediação e comitê de resolução de disputas), as partes
continuam responsáveis pela tomada de decisão. Assim, a resolução da controvérsia será consensual, mas
terá o apoio de atores externos.

E como funciona a arbitragem? Este método é diferente dos demais, pois na arbitragem o árbitro toma a
decisão pelas partes. Na verdade, a arbitragem é o método que mais se aproxima da via judicial,
funcionando como uma “jurisdição privada”. Assim, ao invés de recorrer ao Poder Judiciário, as partes
recorrem a um árbitro “privado”, que adotará a decisão vinculante para as partes. A vantagem, nesse caso,
é que a decisão será adotada de forma mais célere do que na via judicial.

Os métodos alternativos serão aplicados às controvérsias relacionadas a direitos patrimoniais disponíveis,


como as questões relacionadas ao restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, ao
inadimplemento de obrigações contratuais por quaisquer das partes e ao cálculo de indenizações (art.
151, parágrafo único).

Em alguns casos, o método alternativo solucionará a controvérsia e permitirá a continuidade da execução


contratual. Porém, esses métodos também poderão ser adotados como mecanismo para a extinção
consensual, no caso da conciliação, da mediação ou do comitê de resolução de disputas – ou por
determinação – no caso da arbitragem (art. 138, II e III).

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A arbitragem será sempre de direito e observará o princípio da publicidade (art. 152). Além disso, o
processo de escolha dos árbitros, dos colegiados arbitrais e dos comitês de resolução de disputas observará
critérios isonômicos, técnicos e transparentes (art. 154).

Ademais, os contratos poderão ser aditados para permitir a adoção dos meios alternativos de resolução de
controvérsias (art. 153).

MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS

§ Instrumentos não judiciais para a prevenção ou resolução de controvérsias.


§ Podem ser adotados às controvérsias relacionadas a direitos patrimoniais
disponíveis, como:
O que são?
§ restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro;
§ inadimplemento de obrigações por quaisquer das partes; e
§ cálculo de indenizações.

§ a conciliação,
Quais são os § a mediação,
instrumentos § o comitê de resolução de disputas; e
§ a arbitragem.

§ Consensual:
§ a conciliação,
§ a mediação,
Extinção
§ o comitê de resolução de disputas; e
§ Por determinação: arbitragem.
Observação: existem outras hipóteses de extinção no art. 138.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) A mediação, a conciliação e a arbitragem são meios alternativos de
prevenção e resolução de controvérsias admitidos no âmbito das contratações públicas.
Comentário: nas contratações regidas pela Lei n° 14.133/2021, poderão ser utilizados meios alternativos
de prevenção e resolução de controvérsias, notadamente a conciliação, a mediação, o comitê de resolução
de disputas e a arbitragem, nos termos do art. 151 e seguintes.
Gabarito: correto.

15 IRREGULARIDADES
A Nova Lei de Licitações e Contratos destacou um título próprio para tratar das irregularidades nos
processos de licitação. Apesar de o título ser “das irregularidades”, na verdade há outros assuntos que nele
são abordados, como as impugnações, pedidos de esclarecimentos, recursos e controle das contratações.
Além disso, o capítulo aborda as infrações administrativas e as sanções que poderão ser aplicadas.

Então, vamos começar a tratar desses temas!

15.1 Infrações administrativas


Segundo a Lei 14.133/2021, o licitante ou o contratado será responsabilizado administrativamente pelas
seguintes infrações:

a) dar causa à inexecução parcial do contrato;


b) dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave dano à administração, ao
funcionamento dos serviços públicos ou ao interesse coletivo;
c) dar causa à inexecução total do contrato;
d) deixar de entregar a documentação exigida para o certame;
e) não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente devidamente justificado;
f) não celebrar o contrato ou não entregar a documentação exigida para a contratação, quando
convocado dentro do prazo de validade de sua proposta;
g) ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto da licitação sem motivo justificado;
h) apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar declaração falsa
durante a licitação ou a execução do contrato;
i) fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do contrato;
j) comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer natureza;
k) praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da licitação;
l) praticar ato lesivo previsto na Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013, art. 5º).

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Perceba que, nas três primeiras infrações, há uma hierarquia, que começa com uma “simples” inexecução
parcial; depois vai para uma inexecução parcial que cause grave lesão; e, por fim, chega na inexecução
total. Isso tem um motivo, conforme vamos analisar adiante, tendo em vista que as penalidades são
escalonadas conforme a gravidade da infração.

Além disso, o contratado que não mantiver a sua proposta, exceto em virtude de fato superveniente, ou
que não celebrar o contrato, quando convocado dentro do prazo de validade de sua proposta, também
estará cometendo infração.

Nesse caso, é preciso ficar atento, pois a convocação deverá ocorrer dentro do prazo de validade das
propostas. Nessa linha, a Lei de Licitações dispõe que a administração convocará o licitante vencedor para
assinar o termo de contrato dentro do prazo e nas condições estabelecidas no edital de licitação. Assim,
não existe um prazo fixo de validade da proposta, cabendo ao edital definir o prazo de validade. Por outro
lado, se a convocação ocorrer após o prazo de validade, a empresa poderá se recusar a assinar o contrato,
sem sofrer qualquer penalidade.

Ademais, a Lei 12.846/2013 (Lei Anticorrupção) enumera, em seu art. 5º, os atos lesivos à administração
pública, nacional ou estrangeira, praticados por pessoas jurídicas, que atentem contra o patrimônio
público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos
internacionais assumidos pelo Brasil.

Assim, de acordo com a Lei Anticorrupção, são atos lesivos à administração pública, no tocante às licitações
e contratos (art. 5º, IV):44

a) frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o


caráter competitivo de procedimento licitatório público;

b) impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento


licitatório público;

c) afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de


vantagem de qualquer tipo;

d) fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente;

e) criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação


pública ou celebrar contrato administrativo;

f) obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou


prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em
lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais;
ou

44
Na aula, estamos citando os atos lesivos previstos na Lei Anticorrupção que são específicos das licitações e contratos (art. 5º,
IV). Todavia, pelo menos de forma expressa, a infração poderia ocorrer com a prática de qualquer ato lesivo previsto no art. 5º
da Lei Anticorrupção, incluindo aqueles previstos nos “demais incisos” do art. 5º.

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g) manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados


com a administração pública;

Agora, vamos entender as penalidades que poderão ser aplicadas.

15.2 Sanções administrativas


15.2.1 Aspectos iniciais

Pelo cometimento de infrações administrativas, serão aplicadas ao responsável as seguintes sanções:

a) advertência;
b) multa;
c) impedimento de licitar e contratar;
d) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

Advertência

Multa
Sanções
Impedimento de licitar e contratar

Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar

A multa citada acima é também denominada multa por infrações administrativas ou multa
compensatória. Essa denominação ocorre para distingui-la de outra multa, conhecida como “multa de
mora”, prevista no art. 162 da Nova Lei de Licitações.

Portanto, existem dois tipos de multas:

a) multa de mora (art. 162): aplicada em virtude de atraso injustificado, na forma prevista em edital ou
em contrato;
b) multa por infrações administrativas (ou multa compensatória) (art. 156, II): aplicada em virtude das
infrações administrativas previstas na Lei de Licitações.

Assim, se uma empresa atrasa a entrega do objeto, ela poderá sofrer uma multa de mora. Porém, imagine
que a empresa se atrasou muito. Nesse caso, a administração poderá converter a multa de mora em multa
compensatória, permitindo a extinção unilateral do contrato com a aplicação cumulada de outras sanções
(art. 162, parágrafo único).

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Note ainda que a extinção do contrato, em si, não é uma sanção. Dessa forma, a administração poderá
determinar a extinção do contrato, de forma unilateral e escrita, sem prejuízo de aplicar as sanções
previstas na legislação (art. 139).

A multa 45 pode ser aplicada em conjunto com as outras sanções. Dessa forma, é possível aplicar a
advertência e a multa; ou o impedimento e a multa; ou a declaração de inidoneidade e a multa. Todavia,
não é possível combinar as demais penalidades entre si. Por exemplo, não é possível aplicar a advertência
com a declaração de inidoneidade.

15.2.2 Aplicação das sanções

Na aplicação das sanções serão considerados (art. 156, § 1º):

a) a natureza e a gravidade da infração cometida;


b) as peculiaridades do caso concreto;
c) as circunstâncias agravantes ou atenuantes;
d) os danos que dela provierem para a administração pública;
e) a implantação ou o aperfeiçoamento de programa de integridade, conforme normas e orientações
dos órgãos de controle.

Natureza e gravidade da infração

Peculiaridades do caso

Agravantes
Fatores considerados
Circunstâncias
na aplicação de sanções
Atenuantes

Danos para a administração

Programa de integridade

A sanção de advertência será aplicada exclusivamente pela infração administrativa de “dar causa à
inexecução parcial do contrato”, quando não se justificar a imposição de penalidade mais grave (art. 156,
§ 2º).

Por outro lado, a sanção de multa tem alguns pontos que precisamos explicar. Primeiro que ela será
calculada na forma do edital ou do contrato, não podendo ser inferior a 0,5% (cinco décimos por cento)

45
Nesse caso, estamos falando da multa compensatória. Quando utilizarmos apenas o termo “multa”, considere que estamos
falando da multa compensatória, tendo em vista que é assim que a Lei 14.133/2021 faz.

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nem superior a 30% (trinta por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com contratação direta e
será aplicada ao responsável por qualquer das infrações administrativas (art. 156, § 3º).

Calma aí, vamos fazer um resumo sobre a multa:

a) o cálculo ocorrerá na forma do edital;


b) será aplicada entre 0,5% e 30% do valor do contrato (licitado ou contratado diretamente);
c) poderá ser aplicada em virtude de quaisquer das infrações administrativas.

Por sua vez, a sanção de impedimento de licitar e contratar será aplicada ao responsável pelas infrações
administrativas de, quando não justificarem a aplicação da pena mais grave: (a) dar causa à inexecução
parcial do contrato que cause grave dano à administração, ao funcionamento dos serviços públicos ou ao
interesse coletivo; (b) dar causa à inexecução total do contrato; (c) deixar de entregar a documentação
exigida para o certame; (d) não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente
devidamente justificado; (e) não celebrar o contrato ou não entregar a documentação exigida para a
contratação, quando convocado dentro do prazo de validade de sua proposta; (f) ensejar o retardamento
da execução ou da entrega do objeto da licitação sem motivo justificado.

Com efeito, o impedimento de licitar e contratar impedirá o responsável de licitar ou contratar no âmbito
da administração pública direta e indireta do ente federativo que tiver aplicado a sanção, pelo prazo
máximo de três anos.

Por exemplo: a Empresa Dilapidando o Erário S.A. foi contratada pela Secretaria de Saúde de Vitória (ES).
Todavia, a empresa não cumpriu com as suas obrigações, causando grave prejuízo à administração pública.
Por isso, foi aplicada a pena de impedimento de licitar e contratar. Nesse caso, a empresa Dilapidando o
Erário S.A. não poderá participar de licitações ou firmar contratos com quaisquer dos órgãos e entidades
do município de Vitória. Ela não poderá, por exemplo, firmar contratos com outras secretarias do
município, ou com entidades da administração indireta (por exemplo: com autarquias), ou com a Câmara
Municipal. Assim, a penalidade alcançará todo o ente federativo, ou seja, todos os órgãos e entidades do
município de Vitória (ES). Por outro lado, a empresa poderia participar de licitações ou firmar contratos
com outros municípios, como o município de Vila Velha (ES), ou poderia licitar com os estados ou até
mesmo com a União. Logo, o alcance do impedimento seria restrito aos órgãos e entidades do município
de Vitória.

Por fim, a sanção de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar é a mais grave de todas. Essa
penalidade será aplicada ao responsável que cometer alguma das seguintes infrações: (a) apresentar
declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar declaração falsa durante a licitação
ou a execução do contrato; (b) fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do contrato; (c)
comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer natureza; (d) praticar atos ilícitos com
vistas a frustrar os objetivos da licitação; (e) praticar ato lesivo previsto na Lei Anticorrupção.

Também se aplica a declaração de inidoneidade no caso das infrações da “lista” do impedimento de licitar,
mas quando elas justificarem a imposição de penalidade mais grave. Por exemplo: dar causa à inexecução
parcial do contrato que cause grave dano à administração enseja, em regra, a aplicação da pena de
impedimento de licitar. Porém, se a penalidade justificar a imposição de pena mais grave, será possível
aplicar a declaração de inidoneidade.

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A declaração de inidoneidade para licitar ou contratar impedirá o responsável de licitar ou contratar no


âmbito da administração pública direta e indireta de todos os entes federativos, pelo prazo mínimo de
três anos e máximo de seis anos.

Note, portanto, que essa penalidade é mais grave do que a anterior. Primeiro pelo seu alcance, pois ela
impede de contratar em toda a administração pública, direta e indireta, de todos os entes da Federação.
Naquele mesmo exemplo que citamos anteriormente, se o Secretário de Saúde aplicasse a pena de
declaração de inidoneidade à empresa Dilapidando o Erário S.A., ela não poderia participar de licitações e
contratos em todos os entes da Federação. Assim, ela não poderia participar de licitações ou contratar com
o município de Vitória, com outros municípios, com os estados, com o DF ou com a União.

A segunda diferença é o prazo. O impedimento tem prazo de até três anos, enquanto a declaração de
inidoneidade tem prazo de três a seis anos.

Ademais, a aplicação da sanção de declaração de inidoneidade, que dependerá de análise jurídica, será de
competência exclusiva (art. 156, § 6º):

a) quando aplicada por órgão do Poder Executivo: de ministro de Estado, de secretário estadual ou de
secretário municipal;
b) quando aplicada por autarquia ou fundação: da autoridade máxima da entidade;
c) quando aplicada por órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, pelo Ministério Público e pela
Defensoria Pública no desempenho da função administrativa: de autoridade de nível hierárquico
equivalente às autoridades referidas nas letras anteriores, na forma de regulamento.

Assim, a declaração de inidoneidade e o impedimento de licitar ou contratar possuem três diferenças: (i) o
alcance; (ii) o prazo; e (iii) a competência para aplicá-las.

Impedimento Declaração de inidoneidade


Alcance No ente Federação Todos os entes
Prazo Até 3 anos De 3 a 6 anos
Competência Sem definição Competência exclusiva de ministros de Estado ou
secretários; autoridade máxima de autarquia ou
fundação; ou equivalente nos demais Poderes.

Ademais, a aplicação das sanções não exclui, em hipótese alguma, a obrigação de reparação integral do
dano causado à administração pública (art. 156, § 9º). Isso porque o ressarcimento não é uma penalidade,
mas a recomposição do patrimônio público, em virtude do dano causado. Logo, não se esqueça: a aplicação
de penalidades não afasta o dever de reparar o dano causado ao erário.

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Multa de mora P/ atraso injustificado

Converta em multa compensatória

Promova a extinção unilateral do


Não impede que a administração
contrato
Com a aplicação cumulada de
outras sanções

Advertência 0,5% a 30% do valor do contrato

Sanções Pode ser aplicada em conjunto


Multa
com as demais sanções

Cabe contra qualquer infração

Licitar e contratar
Impedimento
Alcance Ente federativo que aplicou

Prazo Até 3 anos

Mínimo para reabilitação: 1 ano


Por infrações
administrativas
Licitar e contratar
Declaração de
inidoneidade
Alcance Todos os entes federativos

Prazo De 3 a 6 anos

Mínimo para reabilitação: 3 anos

Ministro de Estado e secretários


Executivo estaduais ou municipais
Competência Autoridade máxima: autarquias
exclusiva e fundações públicas

Demais Equivalentes

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INFRAÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS

§ Advertência;
§ Multa;
Sanções
§ Impedimento de licitar e contratar;
§ Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

§ Por dar causa à inexecução parcial do contrato (quando não justificar pena mais
Advertência
grave).

§ Multa compensatória (ou simplesmente “multa”): pelo cometimento de infrações


administrativas.
§ A multa (somente ela) pode ser aplicada em conjunto com as outras sanções.
§ Calculada na forma do edital ou do contrato.
§ De 0,5% a 30% do valor do contrato.
Multas
§ Pode ser aplicada em virtude de quaisquer das infrações administrativas.

§ Multa de mora:
§ atraso injustificado;
§ pode ser convertida em multa compensatória, sem prejuízo de outras
sanções e da extinção unilateral.

§ Impedirá o responsável de licitar ou contratar.


§ Âmbito:
§ administração pública direta e indireta;
Impedimento
§ do ente federativo que tiver aplicado a sanção.
§ Prazo máximo: três anos.
§ Reabilitação: pode pedir a partir de um ano.

§ Impedirá o responsável de licitar ou contratar.


§ Âmbito:
Declaração de § administração pública direta e indireta
inidoneidade § de todos os entes federativos.
§ Prazo: três anos a seis anos.
§ Reabilitação: pode pedir a partir de três anos.

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§ Competência exclusiva:
§ ministros de Estado ou secretários;
§ autoridade máxima de autarquia ou fundação; ou
§ equivalente nos demais Poderes.

Reparação § A aplicação das sanções não exclui, em hipótese alguma, a obrigação de reparação
integral do integral do dano causado à administração pública.
dano

Advertência
§ I - dar causa à inexecução parcial do contrato;
• se não justificar pena mais grave.

Multa (0,5 a 30% do valor do contrato)


§ Por qualquer das infrações administrativas.

Impedimento de licitar e contratar (no ente federativo / por até 3 anos)


§ II – dar causa à inexecução parcial do contrato que cause grave dano à Administração, ao
funcionamento dos serviços públicos ou ao interesse coletivo;
§ III – dar causa à inexecução total do contrato;
§ IV – deixar de entregar a documentação exigida para o certame;
§ V – não manter a proposta, salvo em decorrência de fato superveniente devidamente justificado;
§ VI – não celebrar o contrato ou não entregar a documentação exigida para a contratação, quando
convocado dentro do prazo de validade de sua proposta;
§ VII – ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto da licitação sem motivo
justificado.
§ Quando não se justificar a imposição de pena mais grave.

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Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar (todos os entes federativos / entre 3 e 6 anos)
§ VIII – apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar declaração
falsa durante a licitação ou a execução do contrato;
§ IX – fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na execução do contrato;
§ X – comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude de qualquer natureza;
§ XI – praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os objetivos da licitação;
§ XII – praticar ato lesivo previsto no art. 5º da Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013.
§ Também nos casos dos incisos II a VII, quando for o caso de impor pena mais grave.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Pela inexecução total do contrato, a administração pode impor a sanção
de advertência, que acarreta o impedimento de licitar e contratar em procedimentos licitatórios futuros,
pelo prazo de três anos.
Comentário:
A NLLC dispõe em seu art. 156, § 4ª, que a penalidade cabível nos casos de inexecução total seria o
impedimento de licitar e contratar (art. 156, III c/c art. 155, III), e não a advertência. A advertência é a
sanção aplicada para os casos em que há a infração de inexecução parcial do contrato, e não total.
Além disso, não é correto dizer que a sanção de advertência “acarreta” o impedimento de licitar e contratar,
pois são sanções distintas e independentes.
Por fim, a sanção de impedimento de licitar e contratar impede o responsável de licitar ou contratar no
âmbito da administração pública direta e indireta do ente federativo que tiver aplicado a sanção, pelo prazo
máximo de 3 (três) anos.
Gabarito: errado.
(Prof. Herbert Almeida - Inédita) É possível a aplicação da penalidade de multa de forma cumulativa com
as demais sanções; contudo, o pagamento da multa exclui a obrigação de reparação integral do dano
causado à administração, ocorrendo a compensação desses valores.
Comentário:
Realmente, as sanções previstas na Lei 14.133/2021 poderão ser aplicadas cumulativamente com a de
pena de multa. Contudo, a aplicação das sanções, inclusive a de multa, não exclui, em hipótese alguma, a
obrigação de reparação integral do dano causado à administração pública (art. 156, §9°).
Gabarito: errado.

15.3 Procedimento de apuração


A aplicação de penalidades depende da apuração da infração e da concessão do contraditório e da ampla
defesa. Nessa linha, a Lei 14.133/2021 definiu o procedimento para a aplicação das penalidades.

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Todavia, não houve menção expressa ao procedimento para aplicação da advertência. Ainda que seja uma
pena mais leve, não há como imaginar a aplicação de penalidade sem a concessão de contraditório e ampla
defesa, em homenagem ao previsto nos incisos LV e LVI do art. 5º da Constituição Federal. É provável que
uma solução para esse caso seja definida no futuro, por meio de regulamento ou jurisprudência.

Por outro lado, na aplicação da multa, a administração concederá defesa do interessado no prazo de 15
(quinze) dias úteis, contado da data de sua intimação (art. 157). Nesse caso, a concessão do direito de
defesa poderá ser no próprio procedimento da contratação, uma vez que não há necessidade de constituir
comissão específica para este fim.

Por fim, no caso de impedimento de licitar ou declaração de inidoneidade, a administração terá que
instaurar o processo de responsabilização.

Advertência Não houve definição

Defesa no prazo de 15 dias úteis


Procedimento para
aplicação das Multa
penalidades Não há necessidade de processo específico

Impedimento e declaração
Processo de responsabilização
de inidoneidade

E como funciona o processo de responsabilização?

De acordo com a Lei 14.133/2021, a aplicação das sanções de impedimento de licitar e contratar ou de
declaração de inidoneidade requererá a instauração de processo de responsabilização, que funcionará da
seguinte forma (art. 158):

a) será conduzido por comissão composta de dois ou mais servidores estáveis;


b) a comissão avaliará fatos e circunstâncias conhecidos
c) a comissão intimará o licitante ou o contratado para, no prazo de quinze dias úteis, contado da data
de intimação, apresentar defesa escrita e especificar as provas que pretenda produzir.

Todavia, em órgão ou entidade cujo quadro funcional não seja formado de servidores estatutários, a
comissão será composta de dois ou mais empregados públicos pertencentes aos seus quadros
permanentes, preferencialmente com, no mínimo, três anos de tempo de serviço no órgão ou entidade.

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Caso ocorra o deferimento de pedido de produção de novas provas ou de juntada de provas consideradas
indispensáveis pela comissão, o licitante ou o contratado poderá apresentar alegações finais no prazo de
quinze dias úteis, contado da data da intimação (art. 158, § 2º).

Portanto, o licitante ou contratado tem um prazo inicial de apresentação de defesa escrita, de quinze dias
úteis. Nesse prazo inicial, ele poderá solicitar a produção de provas. Caso o pedido seja deferido, realizando-
se a produção das provas ou juntadas de provas indispensáveis, então o licitante ou contratado terá um
novo prazo de quinze dias úteis, agora para a apresentação das alegações finais.

Entretanto, serão indeferidas pela comissão, mediante decisão fundamentada, provas ilícitas,
impertinentes, desnecessárias, protelatórias ou intempestivas.

Defesa escrita

Inicialmente 15 dias úteis

Pode especificar provas que


Defesa no processo pretenda produzir
de responsabilização
Alegações finais
Se houver deferimento da
produção ou juntada de
provas
15 dias úteis

Além disso, os atos previstos como infrações administrativas na Lei de Licitações, ou em outras leis de
licitações e contratos, que também sejam tipificados como atos lesivos na Lei Anticorrupção, serão
apurados e julgados conjuntamente, nos mesmos autos, observados o rito procedimental e a autoridade
competente definidos na Lei Anticorrupção.

Por exemplo: “fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente” é um ato lesivo previsto na Lei
Anticorrupção (art. 5º, IV, “d”). Se um licitante cometer um ato que seja considerado fraude, que seja
enquadrado em alguma das infrações da Lei 14.133/2021, a apuração da infração da Lei Anticorrupção e

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da Lei 14.133/2021 ocorrerá em conjunto, conforme procedimento e autoridade competente previstos na


Lei Anticorrupção.

Esse dispositivo, entretanto, terá que ser analisado com muita cautela. Em questões de concurso, fique
ligado mais para cobranças literais, do tipo: “um ato tipificado como lesivo na Lei Anticorrupção e que
também seja infração administrativa na Lei de Licitações será apurado conjuntamente”. Por outro lado, não
tente fazer “interpretações”. Por exemplo, não tente ler uma infração da Lei 14.133/2021 e deduzir que ela
também está prevista na Lei Anticorrupção. Isso porque, ao analisar as infrações da Lei Anticorrupção e da
Lei 14.133/2021, vamos identificar muita coisa em comum. Logo, aplicando o dispositivo “ao pé-da-letra”,
muitas das infrações da Lei 14.133/2021 acabarão sendo apuradas com base na Lei Anticorrupção. Todavia,
as questões de concurso, em regra, não costumam fazer esse tipo de associação. Logo, somente considere
a aplicação do procedimento da Lei Anticorrupção se expressamente a questão estiver tratando sobre o
tema ou se expressamente ela informar que a infração está prevista tanto nas normas de licitação quanto
na Lei Anticorrupção. Fora isso, julgue a questão mais pela literalidade, de tal forma que uma infração
prevista na Lei 14.133/2021, a princípio, será apurada conforme o procedimento desta Lei.

Outro ponto importante é a desconsideração da personalidade jurídica.

Nessa linha, a personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do
direito para (art. 160):

a) facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos;


b) provocar confusão patrimonial.

Exemplo: uma empresa sofre diversas sanções e é declarada inidônea para licitar e contratar. Então, os
seus sócios criam outra empresa, somente para poder “escapar” dos efeitos da penalidade, voltando a
cometer os mesmos ilícitos, sucessivamente.

Nesse caso, os efeitos das penalidades alcançarão:

a) administradores e sócios com poderes de administração;


b) pessoa jurídica sucessora; ou
c) empresa do mesmo ramo com relação de coligação ou controle, de fato ou de direito, com o
sancionado.

Contudo, em todos os casos, serão observados o contraditório, a ampla defesa e a obrigatoriedade de


análise jurídica prévia.

Vamos dar um exemplo: a Empresa X tem como sócios João e Maria. Porém, após fraude comprovada em
licitação, a Empresa X foi devidamente penalizada com a declaração de inidoneidade. Porém, João e Maria
abriram uma nova empresa, agora denominada Empresa Y, com o objetivo de poder participar de novas
licitações e cometer novas fraudes. Perceba que o problema aí são os sócios e não a empresa. Nesse caso,
a personalidade jurídica da Empresa X será desconsiderada, estendendo os efeitos da penalidade para os
dois sócios. Logo, se eles abrirem uma nova empresa, esta nova empresa também não poderá licitar ou
contratar, tendo em vista que os seus sócios foram penalizados, desconsiderando-se a personalidade
jurídica das empresas.

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PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO

Advertência § Não houve definição do procedimento.

§ Defesa do interessado no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado da


Multa
data de sua intimação.

§ Processo de responsabilização:
§ conduzido por comissão composta de dois ou mais servidores
estáveis;
§ se não houver servidor estatutário:
Impedimento ou § empregados públicos do quadro permanente /
declaração de preferencialmente + 3 anos no órgão / entidade.
inidoneidade
§ comissão intimará o licitante ou o contratado para, no prazo de
quinze dias úteis, apresentar defesa escrita e especificar as provas
que pretenda produzir;
§ se houver deferimento de produção ou juntada de provas:
alegações finais no prazo de quinze dias úteis.

§ Se o ato for tipificado como infração administrativa em normas de


licitações e contratos e também for “ato lesivo” para a Administração
na Lei Anticorrupção:
Procedimento da Lei § apuração e julgamento serão realizados conjuntamente, nos
Anticorrupção mesmos autos, observando a definição da Lei Anticorrupção
quanto:
§ ao rito procedimental; e
§ à autoridade competente.

§ A PJ poderá ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do


direito para (art. 160):
§ facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos;
§ provocar confusão patrimonial.
Desconsideração da
§ Nesse caso, os efeitos das penalidades alcançarão:
personalidade jurídica
§ administradores e sócios com poderes de administração;
§ pessoa jurídica sucessora; ou
§ empresa do mesmo ramo com relação de coligação ou controle,
de fato ou de direito, com o sancionado.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Em regra, o processo de responsabilização, instaurado para aplicação
das sanções de impedimento de licitar e contratar e de declaração de inidoneidade para licitar ou
contratar será conduzido por uma comissão formada por no mínimo dois servidores estáveis.
Comentário:
A aplicação das sanções de impedimento de licitar e contratar e de declaração de inidoneidade para licitar
ou contratar requererá a instauração de processo de responsabilização, a ser conduzido por comissão
composta de dois ou mais servidores estáveis, que avaliará fatos e circunstâncias conhecidos e intimará o
licitante ou o contratado para, no prazo de quinze dias úteis, contado da data de intimação, apresentar
defesa escrita e especificar as provas que pretenda produzir (art. 158, caput).
Essa é a regra. Entretanto, em órgão ou entidade cujo quadro funcional não seja formado de servidores
estatutários, a comissão será composta de dois ou mais empregados públicos pertencentes aos seus
quadros permanentes, preferencialmente com, no mínimo, três anos de tempo de serviço no órgão ou
entidade (art. 158, § 1º).
Gabarito: correto.

15.4 Prescrição
A prescrição ocorrerá em cinco anos, contados da ciência da infração pela administração, e será (art. 158,
§4º):

a) interrompida pela instauração do processo de responsabilização;


b) suspensa pela celebração de acordo de leniência previsto na Lei Anticorrupção;
c) suspensa por decisão judicial que inviabilize a conclusão da apuração administrativa.

A interrupção faz o prazo “zerar”. Assim, o prazo começa a correr novamente, desde o início. Por exemplo,
vamos supor que já tenha decorrido o prazo de dois anos, desde o conhecimento da infração pela
administração. Com a instauração do processo de responsabilização, esse prazo “zera”, ou seja, começa a
contar novamente.

A suspensão, por outro lado, apenas “congela” o prazo. Logo, quando terminar a causa da suspensão, o
prazo começa a correr de onde parou. Por exemplo: a administração firmou acordo de leniência com o
licitante ou contratado, nos termos da Lei Anticorrupção, após ter decorrido o prazo de três anos desde a
ciência da infração. Nesse caso, o prazo prescricional ficará suspenso. Se, eventualmente, a pessoa jurídica
descumprir os termos do acordo de leniência, após três anos desde a sua assinatura, então a administração
poderá instaurar o processo de responsabilização. Perceba que a soma dos prazos (3 + 3 anos) daria um
resultado superior ao prazo de cinco anos. Porém, como o prazo ficou suspenso, esses últimos três anos
não são contabilizados. Logo, será possível instaurar o processo de responsabilização.

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O acordo de leniência funciona como uma “delação premiada”. O procedimento está previsto nos
arts. 16 e 17 da Lei Anticorrupção, tendo como objetivo identificar os demais envolvidos na
infração, quando couber; e obter, de forma mais célere, informações e documentos que
comprovem o ilícito sob apuração.

Nesse caso, a pessoa jurídica envolvida com a infração e a administração firmam um acordo, em
que a pessoa jurídica apresentará provas e informações para auxiliar a administração na apuração
dos fatos, tendo como contrapartida a isenção de algumas penalidades e a redução de outras.

Em tese, o prazo prescricional refere-se apenas às penalidades de impedimento de licitar e


contratar e a declaração de inidoneidade para licitar ou contratar. Isso porque o tópico sobre a
prescrição consta no § 4º do art. 158, sendo que o caput desse artigo versa somente sobre essas
duas penalidades.

Logo, o legislador, expressamente, não fixou prazo prescricional para a advertência ou para a
multa. Isso não significa que tais penalidades são imprescritíveis, tendo em vista o atendimento
do princípio da segurança jurídica.

Por isso, até é plausível ampliar o alcance do prazo prescricional para as demais penalidades.
Porém, pelo menos de forma expressa, o legislador não o fez.

Ainda assim, como o § 4º do art. 158 menciona apenas que “a prescrição ocorrerá em 5 (cinco)
anos, contados da ciência da infração pela Administração”, é bastante provável que as bancas
cobrem o tema generalizando o prazo para qualquer infração ou penalidade. Enfim, será um tema
que vamos amadurecer com o tempo.

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PRESCRIÇÃO

§ A prescrição ocorrerá em cinco anos, contados da ciência da infração pela


Prazo
administração.

§ Interrupção: pela instauração do processo de responsabilização.


Suspensão e § Suspensão:
interrupção § pela celebração de acordo de leniência previsto na Lei Anticorrupção;
§ por decisão judicial que inviabilize a conclusão da apuração administrativa.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração tem o prazo de cinco anos para instaurar procedimento
que vise apurar condutas dos licitantes que possam levar à aplicação das sanções de declaração de
inidoneidade de licitar ou contratar, contados da ciência da infração, suspendendo-se a prescrição
quando da instauração do processo de responsabilização.
Comentário:
De fato, o prazo prescricional para instauração do processo de responsabilização, que pode levar à
aplicação da penalidade de declaração de inidoneidade, é de cinco anos, contados da ciência da infração
pela administração. Contudo, a instauração do processo de responsabilização interrompe o prazo
prescricional, na forma do art. 158, § 4°, I, da Lei 14.133/2021.
Gabarito: errado.

15.5 Reabilitação do licitante ou contratado


A reabilitação ocorre quando a administração admite que o licitante ou contratado penalizado com o
impedimento ou com a declaração de inidoneidade possa voltar a participar de licitações ou de contratos.

Nessa linha, é admitida a reabilitação do licitante ou contratado perante a própria autoridade que aplicou
a penalidade, exigidos, cumulativamente (art. 163):

a) reparação integral do dano causado à administração pública;


b) pagamento da multa;
c) transcurso do prazo mínimo de:
i) 1 (um) ano da aplicação da penalidade, no caso de impedimento de licitar e contratar; ou

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ii) 3 (três) anos da aplicação da penalidade, no caso de declaração de inidoneidade;


d) cumprimento das condições de reabilitação definidas no ato punitivo;
e) análise jurídica prévia, com posicionamento conclusivo quanto ao cumprimento dos requisitos
definidos acima.

Além das exigências acima, existem duas infrações que exigem um quesito extra, que é a implantação ou
aperfeiçoamento de programa de integridade pelo responsável. Assim, terá que implantar ou aperfeiçoar
o programa de integridade, como condição de reabilitação do licitante ou contratado (art. 163, parágrafo
único):

a) apresentar declaração ou documentação falsa exigida para o certame ou prestar declaração falsa
durante a licitação ou a execução do contrato;
b) praticar ato lesivo previsto na Lei Anticorrupção.

Reparação integral do dano

Pagamento da multa

Cumprimento das condições de reabilitação definidas no ato punitivo

Análise jurídica
Requisitos para
reabilitação
Impedimento 1 ano
Prazo mínimo
Declaração de inidoneidade 3 anos

Declaração falsa
Condição especial
(programa de integridade)
Ato lesivo previsto na Lei Anticorrupção

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REABILITAÇÃO DO LICITANTE OU CONTRATADO

§ Requisitos cumulativos:
§ reparação integral do dano causado à administração pública;
§ pagamento da multa;
§ transcurso do prazo mínimo, desde a aplicação da pena, de:
§ 1 (um) ano, no caso de impedimento de licitar e contratar; ou

Requisitos para § 3 (três) anos, no caso de declaração de inidoneidade;


reabilitação § cumprimento das condições de reabilitação definidas no ato punitivo;
§ análise jurídica prévia.
§ Se o responsável cometeu: (i) a infração de apresentação de declaração ou
documentação falsa; (ii) ato lesivo previsto na Lei Anticorrupção, exige-se
também a implantação ou aperfeiçoamento de programa de integridade.
§ Observação: a reabilitação deverá ocorrer perante a autoridade que aplicou a
penalidade.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) No caso de aplicação da pena de impedimento de licitar e contratar, o
licitante ou contratado poderá pleitear a reabilitação, perante a própria autoridade que aplicou a
penalidade, desde que atenda aos requisitos previstos em lei, como, por exemplo, o transcurso do prazo
mínimo de um ano da aplicação da penalidade.
Comentário:
Isso aí. Para que seja considerado reabilitado, o licitante deve atender a requisitos cumulativos, previstos
no art. 163 da Lei 14.133/2021. São eles: reparação integral do dano causado à administração pública;
pagamento da multa; transcurso do prazo mínimo de um ano da aplicação da penalidade, no caso de
impedimento de licitar e contratar, ou de três anos da aplicação da penalidade, no caso de declaração de
inidoneidade; cumprimento das condições de reabilitação definidas no ato punitivo; análise jurídica prévia,
com posicionamento conclusivo quanto ao cumprimento dos requisitos exigidos.
Nesse caso, como a questão tratou do impedimento de licitar e contratar, de fato, o prazo mínimo é de um
ano, conforme informado na assertiva.
Ademais, há casos, ainda, que além dos requisitos previstos acima, o responsável terá que comprovar a
implantação ou o aperfeiçoamento de programa de integridade (art. 163, parágrafo único).

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Gabarito: correto.

15.6 Execução da multa e indenizações


De acordo com a Lei de Licitações e Contratos, se a multa aplicada e as indenizações cabíveis forem
superiores ao valor de pagamento eventualmente devido pela administração ao contratado, além da
perda desse valor, a diferença será descontada da garantia prestada ou será cobrada judicialmente (art.
156, § 8º).

Esse dispositivo trata da autoexecutoriedade das multas e da cobrança das indenizações e a sua leitura
deverá ser realizada em conjunto com o art. 139, incisos III e IV.46

Vamos explicar! Se a administração aplica uma multa de trânsito, em virtude do exercício do poder de
polícia, tal multa não gozará de autoexecutoriedade. Isso significa que, se o particular não realizar o
pagamento, a administração terá que cobrar o valor na via judicial.

Por outro lado, com as multas contratuais as coisas são diferentes. Nos contratos administrativos, a
administração poderá exigir garantia contratual. Além disso, a administração tem que pagar o valor relativo
à execução do contrato. Dessa forma, se for aplicada alguma multa, a administração poderá descontar
diretamente o valor dos pagamentos devidos e da garantia contratual. Logo, não haverá necessidade de
acionar o Poder Judiciário para executar as multas. Por isso que falamos que existe autoexecutoriedade.

A mesma lógica se aplica às indenizações eventualmente devidas pelo contratado à administração. Vamos
supor que o contrato foi extinto pela inexecução do objeto, fato que causou dano à administração. Logo, o
contratado terá que indenizar os prejuízos causados à administração, nos termos do art. 120 da Lei de
Licitações. Nesse caso, o valor da indenização também poderá ser descontado da garantia contratual e dos
pagamentos devidos.

Todavia, quando os valores das multas e das indenizações superarem os valores de garantia e de
pagamentos devidos, o excedente terá que ser cobrado na via judicial. Logo, a autoexecutoriedade está
limitada ao valor da garantia e dos valores devidos.

Por exemplo: em um contrato administrativo, a administração deve para o contratado o valor de R$ 200
mil pela parcela do objeto já executada. Além disso, o contratado depositou, a título de garantia contratual,
o valor de R$ 100 mil. Porém, em virtude da inexecução parcial por culpa do contratado, a administração
extinguiu o contrato, aplicando uma multa no valor de R$ 30 mil. Ademais, a inexecução ensejou um dano
ao erário no montante de R$ 180 mil. Vejamos os valores e os saldos:

§ Pagamentos devidos pela administração: R$ 200 mil;


§ Garantia contratual: R$ 100 mil;

46
Art. 139. A extinção determinada por ato unilateral da Administração poderá acarretar, sem prejuízo das sanções previstas
nesta Lei, as seguintes consequências: empregados na execução do contrato e necessários à sua continuidade; [...] III – execução
da garantia contratual para: a) ressarcimento da Administração Pública por prejuízos decorrentes da não execução; b)
pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias, quando cabível; c) pagamento das multas devidas à
Administração Pública; d) exigência da assunção da execução e da conclusão do objeto do contrato pela seguradora, quando
cabível; IV – retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à Administração Pública e das
multas aplicadas.

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§ Multa: R$ 30 mil;
§ Dano ao erário (indenização devida pelo contratado à administração): R$ 180 mil;
§ Saldo: 200 + 100 – 30 – 180 = R$ 90 mil.

Nesse caso, a administração desconta integralmente a multa e as indenizações, e ainda sobra o valor de R$
90 mil, correspondente ao “que sobrou” da garantia contratual.

Por outro lado, vamos supor que o prejuízo causado ao erário seja de R$ 320 mil e o valor da multa seja de
R$ 100 mil. Nesse caso, teremos o seguinte resultado:

§ Saldo: 200 + 100 – 100 – 320 = (R$ 120).

Nesse caso, mesmo após descontar todos os valores devidos e a garantia contratual, ainda assim o
contratado fica devendo para a administração o montante de R$ 120 mil. Este excedente terá que ser
executado na via judicial.

EXECUÇÃO DA MULTA E DAS INDENIZAÇÕES

Execução da § 1) Descontadas dos pagamentos devidos.


multa e das § 2) Se superiores aos pagamentos devidos, descontadas da garantia contratual.
indenizações § 3) Os valores excedentes: cobrados judicialmente.

15.7 Cadastros nacionais


Os órgãos e entidades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os entes federativos deverão,
no prazo máximo quinze dias úteis, contado da data de aplicação da sanção, informar e manter atualizados
os dados relativos às sanções por eles aplicadas, para fins de publicidade no Cadastro Nacional de
Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e no Cadastro Nacional de Empresas Punidas (Cnep), instituídos
no âmbito do Poder Executivo federal (art. 161).

O objetivo é dar transparência à aplicação das penalidades. Assim, tanto a administração poderá ter
informações sobre empresas já punidas em outros órgãos e entidades, como a sociedade poderá ter
conhecimento das infrações cometidas por essas empresas.

Além disso, para fins de aplicação das sanções na Lei de Licitações, o Poder Executivo regulamentará a
forma de cômputo e as consequências da soma de diversas sanções aplicadas a uma mesma empresa e
derivadas de contratos distintos.

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16 IMPUGNAÇÕES, PEDIDOS DE ESCLARECIMENTO E


RECURSOS
16.1 Impugnações e pedidos de esclarecimento
As impugnações acontecem quando alguém não concorda com os termos do edital de licitação. Assim,
impugnar é como um “recurso” contra o edital. Por exemplo: a administração colocou um prazo entre a
divulgação do edital e a data da sessão pública inferior ao previsto em lei. Nesse caso, será possível
impugnar esta regra, para a correção do edital.

Por outro lado, os pedidos de esclarecimento servem para compreender melhor os termos do edital. Por
exemplo: se alguma regra sobre a formulação das propostas não ficar muito clara, será possível pedir à
administração esclarecimento para sua melhor compreensão.

Nessa linha, qualquer pessoa é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade na
aplicação da Lei de Licitações ou para solicitar esclarecimento sobre os seus termos. A impugnação ou
pedido de esclarecimento deverá ser protocolada até três dias úteis antes da data de abertura do certame
(art. 164).

Perceba que “qualquer pessoa” pode realizar o pedido. Portanto, não precisa ser “licitante” nem ter
interesse direto na realização do certame. Basta ser “qualquer pessoa”. É lógico que os licitantes também
podem formular os pedidos, tendo em vista que se inserem na condição de “qualquer pessoa”.

A resposta à impugnação ou ao pedido de esclarecimento será divulgada em sítio eletrônico oficial no


prazo de até três dias úteis, limitado ao último dia útil anterior à data da abertura do certame. Assim, em
regra, a resposta será formulada em até três dias úteis; porém, se o pedido for formulado em data próxima
à realização da abertura (exemplo: pedido formulado quando faltam exatos três dias úteis para a data da
abertura), então a resposta terá que ser formulada em prazo menor, tendo em vista que terá que ser
realizada no máximo até o último dia útil anterior à data da abertura do certame.

Para fins de esclarecimento, a Lei de Licitações adotou a expressão “data da abertura do certame”, que
deverá ser interpretada, nesse caso, como a data da abertura da sessão pública de apresentação das
propostas.

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IMPUGNAÇÕES E PEDIDOS DE ESCLARECIMENTOS

§ Impugnação: alegação de possíveis irregularidades no edital de licitação.


O que é? § Pedido de esclarecimento: questionamento sobre termos do edital, para a sua
melhor compreensão.

§ Qualquer pessoa.
§ Protocolo: até 3 dias úteis antes da abertura do certame.
§ Resposta:
Condições
§ Em até 3 dias úteis;
§ Limitada ao último dia útil anterior à data da abertura do certame.
§ Divulgada em sítio eletrônico oficial.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) João tomou ciência da ocorrência de diversas irregularidades em edital
de licitação de procedimento para compra de ambulâncias em sua cidade. Nessa situação, ele poderá
apresentar impugnação quanto ao edital, sendo que a resposta deverá ser formulada no prazo de até
três dias úteis, limitado ao último dia útil anterior à data da abertura do certame.
Comentário:
O art. 164 da NLCC diz que qualquer pessoa é parte legítima para impugnar edital de licitação por
irregularidade na aplicação da Lei de Licitações ou para solicitar esclarecimento sobre os seus termos,
devendo protocolar o pedido até três dias úteis antes da data de abertura do certame.
Além disso, a resposta à impugnação ou ao pedido de esclarecimento será divulgada em sítio eletrônico
oficial no prazo de até três dias úteis, limitado ao último dia útil anterior à data da abertura do certame.
Então, João pode sim apresentar impugnação, e a resposta deverá ser divulgada no prazo de até três dias
úteis, limitado ao último dia útil anterior à data da abertura do certame, como diz a assertiva.
Gabarito: correto.

16.2 Recursos
Dos atos da administração decorrentes da aplicação da Lei de Licitações cabem (art. 165):

a) recurso, no prazo de três dias úteis, contado da data de intimação ou de lavratura da ata, em face
de:
i) ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação de interessado ou de inscrição em registro
cadastral, sua alteração ou cancelamento;
ii) julgamento das propostas;
iii) ato de habilitação ou inabilitação de licitante;
iv) anulação ou revogação da licitação;
v) extinção do contrato, quando determinada por ato unilateral e escrito da administração;
b) pedido de reconsideração, no prazo de três dias úteis, contado da data de intimação, relativamente
a ato do qual não caiba recurso hierárquico.

De fato, o legislador facilitou bastante a sistematização dos recursos, tendo em vista que existem apenas
duas espécies: recurso (ou recurso hierárquico ou recurso em sentido estrito); e o pedido de
reconsideração. Além disso, os prazos, nos dois casos, são de três dias úteis. Porém, veremos adiante que
os recursos e pedidos de reconsideração sobre a aplicação de sanções seguem o prazo de 15 dias úteis para
apresentação.

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Prazos dos Contra os atos da administraçao "em geral" 3 dias úteis


recursos e
pedidos de
reconsideração Contra a aplicação de sanções 15 dias úteis

Quanto ao recurso apresentado em virtude de julgamento das propostas ou de ato de habilitação ou


inabilitação de licitante, serão observadas as seguintes disposições (art. 165, § 1º):

a) a intenção de recorrer deverá ser manifestada imediatamente, sob pena de preclusão, e o prazo
para apresentação das razões recursais será iniciado na data de intimação ou de lavratura da ata de
habilitação ou inabilitação ou, na hipótese de adoção da inversão de fases, da ata de julgamento;
b) a apreciação dar-se-á em fase única.

Funciona assim: se o licitante entender que foi prejudicado nas fases de julgamento e de habilitação, ele
terá que, no mesmo momento, informar que vai recorrer. Nesse caso, ele não estará apresentando o
recurso em si, mas informando que vai recorrer. Se o fizer, ele terá direito de apresentar o recurso, no
prazo de três dias úteis, a contar da data de intimação ou de lavratura da ata de habilitação ou inabilitação.
Por outro lado, se o licitante não manifestar imediatamente a intenção de recorrer, haverá a “preclusão”,
ou seja, a perda da possibilidade de apresentar o recurso.

Sabe quando você vai organizar uma viagem e consulta os seus amigos previamente, mas somente quatro
falam que possuem interesse em viajar? Mas, depois, em cima da hora, aparece um quinto perguntando
se ele pode viajar, mas não existe mais vaga. Então, nesse caso, ocorreu a “preclusão”, pois ele deveria ter
informado que gostaria de viajar lá no começo. No seu dia a dia, você até pode agir com o coração de mãe
e arrumar uma vaga para o seu amigo, mas nos recursos nas licitações isso não será possível!

O prazo para a apresentação do recurso sobre as fases de julgamento e de habilitação, em regra, conta a
partir da ata ou da intimação sobre o resultado da fase de habilitação, considerando que, na Lei
14.133/2021, a habilitação ocorre, em regra, após a fase de julgamento. Entretanto, se houver a inversão,
o prazo contará após a ata de julgamento. Porém, lembrando que, nos dois casos, a manifestação da
intenção de recorrer deverá ser imediata.

Além disso, também em ambos os casos, a apreciação do recurso será realizada em fase recursal única.
Assim, com ou sem inversão de fases, somente haverá uma fase de recurso, após a fase de habilitação
(regra), ou, no caso de inversão, somente após a fase de julgamento.

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Essa “fase recursal única”, no caso de inversão de fases, poderá gerar muitas polêmicas. No rito normal, é
natural realizar a fase recursal única, como já acontecia no procedimento do pregão, na Lei 10.520/2002.
Como a habilitação acontece após o julgamento, todos os licitantes participam desta última fase, e somente
o licitante classificado em primeiro, em regra, participa da habilitação. Com isso, não haverá prejuízo para
ninguém. E mesmo que um recurso seja provido (por exemplo: o segundo colocado apresenta recurso para
desclassificar o primeiro), não haverá prejuízo, pois todos já participaram da fase competitiva.

Porém, com a inversão (habilitação antes do julgamento), quem for inabilitado não poderá participar da
fase de julgamento. Logo, se após o julgamento o recurso de um licitante que foi inabilitado for provido,
haverá prejuízo para a fase de julgamento, tendo em vista que este licitante ficou de fora desta fase.

A solução para o caso talvez esteja no art. 168, que dispõe que: “o recurso e o pedido de reconsideração
terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que sobrevenha decisão final da autoridade
competente”. Nesse caso, quem for inabilitado e apresentar recurso, poderá prosseguir na licitação,
participando da fase competitiva. Porém, se o seu recurso for desprovido, o licitante será eliminado da
licitação. Esta poderá ser a solução pretendida pelo legislador, mas somente o tempo poderá nos esclarecer
melhor.

De qualquer forma, pelo menos por enquanto, vamos ter que aceitar o comando previsto em lei: seja na
ordem normal ou com a inversão de fases, a apreciação dos recursos ocorrerá em fase recursal única.

O recurso será dirigido à autoridade que tiver editado o ato ou proferido a decisão recorrida, que, se não
reconsiderar o ato ou a decisão no prazo de três dias úteis, encaminhará o recurso com a sua motivação à
autoridade superior, a qual deverá proferir sua decisão no prazo máximo de dez dias úteis, contado do
recebimento dos autos.

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Além disso, aos demais interessados será concedido prazo para apresentação de contrarrazões, que será o
mesmo do recurso e terá início na data de intimação pessoal ou de divulgação da interposição do recurso.
Por exemplo: o licitante B, até então classificado em primeiro, foi desclassificado e apresentou recurso.
Nesse caso, os demais licitantes possuem interesse no resultado do recurso, tendo em vista que, se provido,
o licitante B voltará a ser o primeiro colocado; se desprovido, todos os demais licitantes ganharão uma
posição no certame. Então, todos eles terão o prazo para contrarrazões, para argumentar, a princípio,
contra o deferimento do recurso.

Ademais, será assegurado ao licitante vista dos elementos indispensáveis à defesa de seus interesses.

Além disso, o acolhimento do recurso implicará invalidação apenas de ato insuscetível de aproveitamento.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) A empresa X, inconformada com o resultado do julgamento de sua
proposta, decidiu apresentar recurso contra essa decisão. Nesse caso, deverá observar o prazo de quinze
dias para apresentação de suas razões recursais, não obstante o dever de manifestar de forma imediata
a sua intenção de recorrer.
Comentário:
O prazo previsto no art. 165, I, da Lei 14.133/2021, para apresentação de recurso contra o julgamento das
propostas, é de três dias úteis, e não quinze dias. De qualquer forma, caso pretenda recorrer, realmente a
empresa vai ter que manifestar imediatamente a sua intenção.
Gabarito: errado.

16.3 Recursos contra a aplicação de sanções


Contra a aplicação de sanções, cabem os seguintes instrumentos (arts. 166 e 167):

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b) recurso, no prazo de quinze dias úteis, contado da data da intimação, contra a aplicação das sanções
de:
i) advertência;
ii) multa;
iii) impedimento de licitar e contratar;
c) pedido de reconsideração, no prazo de quinze dias úteis, contado da data da intimação, contra a
aplicação da sanção de declaração de inidoneidade.

O recurso (letra “a”) será dirigido à autoridade que tiver proferido a decisão recorrida, que, se não a
reconsiderar no prazo de cinco dias úteis, encaminhará o recurso com sua motivação à autoridade superior,
a qual deverá proferir sua decisão no prazo máximo de vinte dias úteis, contado do recebimento dos autos.

O pedido de reconsideração, que será o único instrumento cabível contra a declaração de inidoneidade,
será decidido no prazo máximo de 20 dias úteis, contado do recebimento. Note que, nesse caso, somente
cabe a própria reconsideração, tendo em vista que a competência é exclusiva da própria autoridade que
aplicou a sanção.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Em face da aplicação da sanção de multa, caberá recurso no prazo de
quinze dias úteis, podendo haver a reconsideração por parte da autoridade que tiver proferido a decisão
recorrida, no prazo de cinco dias úteis.
Comentário:
O recurso apresentado em face da aplicação das sanções de advertência, multa ou impedimento de
contratar será dirigido à autoridade que tiver proferido a decisão recorrida, que pode reconsiderar sua
decisão no prazo de 5 (cinco) dias úteis, como prevê o art. 166 da NLLC.
Caso não o faça, encaminhará o recurso com sua motivação à autoridade superior, a qual deverá proferir
sua decisão no prazo máximo de 20 (vinte) dias úteis, contado do recebimento dos autos.
Gabarito: correto.

16.4 Efeitos dos recursos e assessoramento jurídico


O recurso e o pedido de reconsideração terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que
sobrevenha decisão final da autoridade competente (art. 168). O efeito suspensivo, como o nome diz, faz
com que a decisão recorrida deixe de produzir os seus efeitos. É o que ocorre, por exemplo, quando há a
aplicação de uma penalidade. Se o licitante ou contratado punido recorrer, a sanção não produzirá efeitos
enquanto a autoridade não tomar a decisão final sobre o recurso.

Além disso, dispõe a Lei de Licitações que, na elaboração de suas decisões, a autoridade competente será
auxiliada pelo órgão de assessoramento jurídico, que deverá dirimir dúvidas e subsidiá-la com as
informações necessárias (art. 168, parágrafo único).

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RECURSOS

§ Recurso:
§ no prazo de três dias úteis, contado da data de intimação ou de lavratura
da ata, em face de:
§ deferimento ou indeferimento de pré-qualificação e inscrição em
registro cadastral, sua alteração ou cancelamento;
§ julgamento das propostas;

Recurso e § ato de habilitação ou inabilitação de licitante;


pedido de § anulação ou revogação da licitação;
reconsideração
§ extinção unilateral do contrato;
“em geral”
§ dirigido à autoridade que tiver editado o ato recorrido:
§ três dias úteis para reconsiderar ou encaminhar à autoridade superior;
§ autoridade superior: decisão em até dez dias úteis, a contar do
recebimento.

§ Pedido de reconsideração:
§ no prazo de três dias úteis, quando não caiba recurso hierárquico.

Recurso contra § Manifestação da intenção de recurso: imediatamente, sob pena de preclusão.


julgamento, § Apreciação em fase única (mesmo na inversão de fases).
habilitação e
inabilitação)

§ Possibilidade de os demais interessados apresentarem as suas considerações


sobre o recurso de outro interessado.
Contrarrazões
§ Mesmo prazo do recurso.
§ Conta a partir da intimação ou da divulgação da interposição do recurso.

§ Recurso:
§ prazo de quinze dias úteis, contra a aplicação das sanções de:
Recurso e
pedido de § advertência;
reconsideração § multa;
contra sanções
§ impedimento de licitar e contratar;
§ dirigido à autoridade que tiver proferido a decisão recorrida;

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§ terá cinco dias úteis para


§ reconsiderar
§ encaminhar o recurso à autoridade superior;
§ autoridade superior terá até vinte dias úteis para decidir (a contar do
recebimento).

§ Pedido de reconsideração:
§ prazo de quinze dias úteis, contra a aplicação da sanção de declaração de
inidoneidade.
§ dirigido: à autoridade que aplicou a pena;
§ prazo: vinte dias úteis para decidir.

Efeitos § O recurso e o pedido de reconsideração gozam de efeito suspensivo.

(Prof. Herbert Almeida - Inédita) O pedido de reconsideração, apresentado em face da aplicação da


sanção de declaração de inidoneidade, não terá efeito suspensivo.
Comentário:
O recurso e o pedido de reconsideração terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que
sobrevenha decisão final da autoridade competente, nos termos do art. 168 da Lei de Licitações.
Lembrando que, em relação à aplicação da declaração de inidoneidade, caberá apenas pedido de
reconsideração, nos termos do art. 167 da Lei.
Gabarito: correto.

17 CONTROLE DAS CONTRATAÇÕES


Não poderia deixar de existir, na Nova Lei de Licitações e Contratos, um capítulo dedicado ao controle das
contratações públicas, uma vez que muitas das críticas à legislação anterior era justamente o fato de se
tratar de norma muito burocrática, mas que ao mesmo tempo não impedia a prática de atos de corrupção.

Nesse contexto, as contratações públicas deverão submeter-se a práticas contínuas e permanentes de


gestão de riscos e de controle preventivo, inclusive mediante adoção de recursos de tecnologia da
informação, e, além de estar subordinadas ao controle social (art. 169, caput). A implementação dessas
práticas será de responsabilidade da alta administração do órgão ou entidade.

Ademais, as contratações estarão sujeitas às seguintes linhas de defesa:

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a) primeira linha de defesa, integrada por servidores e empregados públicos, agentes de licitação e
autoridades que atuam na estrutura de governança do órgão ou entidade;
b) segunda linha de defesa, integrada pelas unidades de assessoramento jurídico e de controle interno
do próprio órgão ou entidade;
c) terceira linha de defesa, integrada pelo órgão central de controle interno da Administração e pelo
tribunal de contas.

Entenda as linhas de defesa como “camadas” na proteção. As camadas mais internas (primeira linha) estão
diretamente ligadas na condução das licitações e contratos. Assim, possuem maior capacidade de
identificar falhas e fraudes, mas ao mesmo tempo são justamente aquelas que estão mais sujeitas a estes
tipos de irregularidades. Por outro lado, na camada intermediária, encontramos as unidades de
assessoramento jurídico e de controle interno, que não estão “no dia a dia” das contratações, mas podem
auxiliar a primeira linha com informações e apoio na aplicação da legislação, ao mesmo tempo que podem
fornecedor informações para terceira linha na realização do controle. Por fim, a terceira camada é a mais
externa. Por estar mais afastada, não tem a mesma capacidade de identificar pequenas falhas, mas por
outro lado goza de maior autonomia, sofrendo menos interferências indevidas.

Servidores e empregados públicos

1ª linha Agentes de licitação

Autoridades de governança

Linhas de Unidades de assessoramento jurídico


defesa 2ª linha
Unidades de controle interno

Órgão central de controle interno


3ª linha
Tribunal de contas

Para a realização de suas atividades, os órgãos de controle deverão ter acesso irrestrito aos documentos
e às informações necessárias à realização dos trabalhos, inclusive aos documentos classificados pelo órgão
ou entidade nos termos da Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação), e o órgão de controle com o
qual foi compartilhada eventual informação sigilosa tornar-se-á corresponsável pela manutenção do seu
sigilo.

Portanto, nem mesmo as informações protegidas por sigilo poderão ser negadas aos órgãos de controle.
Este, no entanto, será corresponsável pela manutenção do sigilo, de tal forma que eventuais vazamentos
poderão ensejar a responsabilidade dos agentes envolvidos.

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Com efeito, os integrantes das linhas de defesa observarão o seguinte:

a) quando constatarem simples impropriedade formal, adotarão medidas para o seu saneamento e
para a mitigação de riscos de sua nova ocorrência, preferencialmente com o aperfeiçoamento dos
controles preventivos e com a capacitação dos agentes públicos responsáveis;
b) quando constatarem irregularidade que configure dano à administração, sem prejuízo das medidas
anteriores, adotarão as providências necessárias para a apuração das infrações administrativas,
observadas a segregação de funções e a necessidade de individualização das condutas, bem como
remeterão ao Ministério Público competente cópias dos documentos cabíveis para a apuração dos
ilícitos de sua competência.

Logo, a legislação divide os vícios em dois grupos: (i) impropriedade formal; (ii) irregularidade que configure
dano.

No caso de impropriedade formal, serão adotadas as medidas para o saneamento e mitigação de riscos.
Por exemplo: uma licitação pública não seguiu adequadamente todas as regras da Lei de Licitações, mas
ainda assim o certame foi competitivo e o preço da contratação foi compatível com o de mercado. Nesse
caso, talvez, só tenha ocorrido uma impropriedade formal, de tal forma que não haverá penalização aos
servidores.

Por outro lado, se houver alguma falha mais grave, ao ponto de ensejar dano à administração, ocorrerá a
apuração da infração, com a punição dos responsáveis, considerando a conduta de cada um.

Os órgãos de controle adotarão, na fiscalização da Lei de Licitações, critérios de oportunidade,


materialidade, relevância e risco. Além disso, os órgãos de controle deverão considerar as razões
apresentadas pelos órgãos e entidades responsáveis e os resultados obtidos com a contratação (art. 170,
caput). Trata-se, portanto, de uma forma de observar o contraditório e a ampla defesa. Ademais, a
preocupação do legislador foi em considerar que o órgão de controle não deverá olhar apenas para a
infração, mas também para os resultados obtidos.

Com efeito, qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica poderá representar aos órgãos de
controle interno ou ao tribunal de contas competente contra irregularidades na aplicação da Lei de
Licitações. Não existe um prazo para a representação. Logo, podemos dizer que ela poderá ocorrer em
qualquer fase da licitação ou da contratação.

Com efeito, além do licitante e contratado, qualquer outra pessoa física ou jurídica poderá representar,
ensejando um alcance amplo para essa prerrogativa.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Como forma de controle das licitações, é assegurado o acesso irrestrito
aos órgãos de controle quanto a documentos e informações necessárias, exceto se se tratar de
informações classificadas como sigilosas pela Lei de Acesso à Informação.
Comentário:
Como forma de se garantir um amplo controle aos procedimentos licitatórios, a Nova Lei de Licitações
assegurou que, para a realização de suas atividades, os órgãos de controle deverão ter acesso irrestrito aos
documentos e às informações necessárias à realização dos trabalhos, inclusive aos documentos
classificados pelo órgão ou entidade nos termos da Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação), e o
órgão de controle com o qual foi compartilhada eventual informação sigilosa tornar-se-á corresponsável
pela manutenção do seu sigilo. Então, o sigilo não impede que os órgãos de controle tenham acesso às
informações.
Gabarito: errado.

17.1 Suspensão cautelar realizada pelo Tribunal de Contas


Um dos temas mais polêmicos da NLLC trata da suspensão cautelar do processo licitatório. Imagine, por
exemplo, que o Tribunal de Contas receba uma representação sobre irregularidades em processo de
licitação, cuja sessão de julgamento será realizada em alguns dias. Certamente, não haveria tempo hábil de
concluir todo o processo na Corte de Contas, com instrução, defesa, julgamento e recursos. Em regra, esses

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processos demorariam meses ou anos. Então, em casos urgentes, os Tribunais de Contas podem editar
medidas cautelares, que são medidas adotadas quando há fortes indícios de irregularidades e urgência na
decisão.

Segundo a Lei de Licitações, ao suspender cautelarmente o processo licitatório, o tribunal de contas deverá
pronunciar-se definitivamente sobre o mérito da irregularidade que tenha dado causa à suspensão no prazo
de 25 (vinte e cinco) dias úteis, contado da data do recebimento das informações prestadas pelo órgão ou
entidade, prorrogável por igual período uma única vez, e definirá objetivamente:

a) as causas da ordem de suspensão;


b) o modo como será garantido o atendimento do interesse público obstado pela suspensão da
licitação, no caso de objetos essenciais ou de contratação por emergência.

Há bastante polêmica nesse dispositivo, pois ele fixa um prazo para o Tribunal decidir, interferindo em
questões que deveriam ser disciplinadas na legislação processual de controle externo (lei orgânica e
regimento interno do Tribunal). Além disso, o dispositivo força o órgão de controle externo a propor uma
solução que deveria ser tomada pelo gestor público.

Apesar da polêmica, o fato é que a Lei de Licitações fixa o prazo (25 dias úteis, prorrogável uma vez) e exige
que o Tribunal apresente uma solução para o atendimento do interesse público.

O prazo de vinte e cinco dias úteis conta a partir da prestação de informações pelo órgão ou entidade.
Nessa linha, ao ser intimado da ordem de suspensão do processo licitatório, o órgão ou entidade deverá,
no prazo de dez dias úteis, admitida a prorrogação:

a) informar as medidas adotadas para cumprimento da decisão;


b) prestar todas as informações cabíveis;
c) proceder à apuração de responsabilidade, se for o caso.

Com efeito, o descumprimento da decisão do Tribunal de Contas ensejará a apuração de responsabilidade


e a obrigação de reparação do prejuízo causado ao erário.

Ademais, a decisão que examinar o mérito da medida cautelar deverá definir as medidas necessárias e
adequadas, em face das alternativas possíveis, para o saneamento do processo licitatório, ou determinar
a sua anulação. Logo, em sua decisão final, o Tribunal de Contas ou manda corrigir (sanear) ou determina
que o órgão promova a anulação.

Além da competência de exercer o controle das licitações e das contratações, os tribunais de contas
deverão promover, por meio de suas escolas de contas, eventos de capacitação para os servidores efetivos
e empregados públicos designados para o desempenho das funções essenciais à execução da Lei de
Licitações, incluídos cursos presenciais e a distância, redes de aprendizagem, seminários e congressos sobre
contratações públicas (art. 173).

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CONTROLE DAS CONTRATAÇÕES

§ 1ª linha: servidores e empregados públicos, agentes de licitação, autoridades de


Linhas de governança;
defesa § 2ª linha: unidades de assessoramento jurídico; unidades de controle interno.
§ 3ª linha: Unidades de controle interno; Tribunal de Contas

§ Os órgãos de controle deverão ter acesso irrestrito aos documentos e às


Acesso às informações necessárias à realização dos trabalhos.
informações § Os órgãos de controle poderão acessar inclusive as informações classificadas
como sigilosas.

§ Simples impropriedade formal:


§ adoção das medidas de saneamento e mitigação;
§ preferencialmente: aperfeiçoamento dos controles preventivos e com a
Vícios capacitação dos agentes públicos;
§ Irregularidade que configure dano à administração:
§ providências para a apuração das infrações administrativas;
§ remessa ao MP para apuração de ilícitos de sua competência.

§ Quem pode fazer: qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica.


Representação § Para quem: controle interno e Tribunal de Contas.
§ Sobre: irregularidades na aplicação da NLLC.

§ TC deverá se pronunciar sobre o mérito em 25 dias úteis, contado da data do


recebimento das informações prestadas, prorrogável 1x por igual período.
§ Ao se pronunciar, o TC definirá objetivamente:
§ as causas da ordem de suspensão;
Suspensão § o modo como será garantido o atendimento do interesse público, no caso de
cautelar objetos essenciais ou de contratação por emergência.
§ O órgão ou entidade, ao ser intimado, deverá, no prazo de dez dias úteis,
admitida prorrogação: (i) prestar informações; (ii) informar as medidas adotadas
para cumprir a determinação do TC; (iii) proceder a apuração de
responsabilidade, se for o caso.

Qualificação § Os TCs deverão promover eventos de capacitação.

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(Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os tribunais de contas compõem a primeira linha de defesa no controle
das contratações públicas, uma vez que, como órgão de controle externo, possuem o protagonismo na
proteção da regularidade das contratações públicas.
Comentário:
Na verdade, os tribunais de contas compõem, juntamente com o órgão central de controle interno da
administração, a terceira linha de defesa. Por outro lado, a primeira linha de defesa é formada por
servidores e empregados públicos, agentes de licitação e autoridades que atuam na estrutura de
governança do órgão ou entidade. Há, por fim, a segunda linha de defesa, integrada pelas unidades de
assessoramento jurídico e de controle interno do próprio órgão ou entidade.
Gabarito: errado.

18 PORTAL NACIONAL DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS


A Lei de Licitações e Contratos criou o Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP), sítio eletrônico
oficial destinado à (art. 174, caput):

a) divulgação centralizada e obrigatória dos atos exigidos por esta Lei;


b) realização facultativa das contratações pelos órgãos e entidades dos Poderes Executivo, Legislativo
e Judiciário de todos os entes federativos.

Assim, uma parte das funcionalidades do PNCP será de adoção obrigatória. Essa parte trata dos atos que
deverão ser divulgados nos termos da Lei de Licitações. Nessa linha, o PNCP conterá, entre outras, as
seguintes informações acerca das contratações (art. 174, § 2º):

a) planos de contratação anuais;


b) catálogos eletrônicos de padronização;
c) editais de credenciamento e de pré-qualificação, avisos de contratação direta e editais de licitação
e respectivos anexos;
d) atas de registro de preços;
e) contratos e termos aditivos;
f) notas fiscais eletrônicas, quando for o caso.

Além disso, facultativamente, os órgãos e entidades poderão promover as suas contratações pelo PNCP.
Assim, considerando que, em regra, o processo de licitação será eletrônico, o PNCP vai dispor de um modulo
para a realização da licitação pública eletronicamente. Porém, como se trata de utilização facultativa, os
entes da Federação poderão também dispor de sistemas próprios para a condução de suas licitações.

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Nessa linha, o PNCP deverá, entre outras funcionalidades, oferecer (art. 174, § 3º):

a) sistema de registro cadastral unificado;


b) painel para consulta de preços, banco de preços em saúde e acesso à base nacional de notas fiscais
eletrônicas;
c) sistema de planejamento e gerenciamento de contratações, incluído o cadastro de atesto de
cumprimento de obrigações dos licitantes (vide art. 88, § 4º);
d) sistema eletrônico para a realização de sessões públicas;
e) acesso ao Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas (Ceis) e ao Cadastro Nacional de
Empresas Punidas (Cnep);
f) sistema de gestão compartilhada com a sociedade de informações referentes à execução do contrato,
que possibilite:
i) envio, registro, armazenamento e divulgação de mensagens de texto ou imagens pelo
interessado previamente identificado;
ii) acesso ao sistema informatizado de acompanhamento de obras (vide art. 19, III);
iii) comunicação entre a população e representantes da administração e do contratado designados
para prestar as informações e esclarecimentos pertinentes, na forma de regulamento;
iv) divulgação, na forma de regulamento, de relatório final com informações sobre a consecução
dos objetivos que tenham justificado a contratação e eventuais condutas a serem adotadas para
o aprimoramento das atividades da administração.

Enfim serão várias funcionalidades, permitindo a execução, via PNCP, de muitas das exigências da Lei
14.133/2021.

Todavia, os entes federativos poderão instituir sítio eletrônico oficial para divulgação complementar e
realização das respectivas contratações (art. 175). Nesse caso, eles deverão observar as divulgações que
obrigatoriamente deverão ocorrer no PNCP, sem prejuízo de também divulgá-las em seus sítios eletrônicos.

Além disso, desde que mantida a integração com o PNCP, as contratações poderão ser realizadas por meio
de sistema eletrônico fornecido por pessoa jurídica de direito privado, na forma de regulamento (art. 175,
parágrafo único). Nesse caso, a legislação permite que a iniciativa privada forneça soluções, desde de que
elas sejam integradas ao PNCP e atendam aos requisitos definidos em regulamento.

O PNCP adotará o formato de dados abertos e observará as exigências previstas na Lei nº 12.527/2011. O
tal “formato de dados abertos” permite que qualquer pessoa possa extrair as informações, de forma
irrestrita e automatizada. Isso facilita a utilização dos dados, inclusive por meio de ferramentas eletrônicas
para processar e interpretar os dados disponíveis.

Com efeito, o PNCP será gerido pelo Comitê Gestor da Rede Nacional de Contratações Públicas, a ser
presidido por representante indicado pelo Presidente da República e composto de:

a) três representantes da União indicados pelo Presidente da República;


b) dois representantes dos Estados e do Distrito Federal indicados pelo Conselho Nacional de Secretários
de Estado da Administração;

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c) dois representantes dos Municípios indicados pela Confederação Nacional de Municípios.

Logo, o Comitê Gestor da Rede Nacional de Contratações Públicas contará com membros representantes
de todas as categorias de entes federativos (União, estados ou DF e municípios).

Os municípios com até 20.000 (vinte mil) habitantes terão o prazo de seis anos, contado da data
de publicação da Lei de Licitações, para cumprimento das regras sobre:

a) os requisitos dos agentes de contratação e dos demais agentes que atuam na licitação;
b) da obrigatoriedade de realização da licitação sob a forma eletrônica;
c) das regras relativas à divulgação em sítio eletrônico oficial.

Nesse caso, enquanto não adotarem o PNCP, os municípios com até 20 mil habitantes deverão:

a) publicar, em diário oficial, as informações que a Lei de Licitações exige que sejam divulgadas
em sítio eletrônico oficial, admitida a publicação de extrato;
b) disponibilizar a versão física dos documentos em suas repartições, vedada a cobrança de
qualquer valor, salvo o referente ao fornecimento de edital ou de cópia de documento, que
não será superior ao custo de sua reprodução gráfica.

PORTAL NACIONAL DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

§ Divulgação centralizada e obrigatória dos atos exigidos pela NLLC.


Objetivo § Realização facultativa das contratações pelos órgãos e entidades de todos os
entes federativos.

§ Planos de contratação anuais;


§ Catálogos eletrônicos de padronização;
Informações § Editais de credenciamento e de pré-qualificação, avisos de contratação direta e
que constarão editais de licitação e respectivos anexos;
no Portal § Atas de registro de preços;
§ Contratos e termos aditivos;
§ Notas fiscais eletrônicas, quando for o caso.

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§ Sistema de registro cadastral unificado;


§ Painel para consulta de preços, banco de preços em saúde e acesso à base
nacional de notas fiscais eletrônicas;
§ Sistema de planejamento e gerenciamento de contratações e cadastro de atesto
Funcionalidades de cumprimento de obrigações dos licitantes;
§ Sistema eletrônico para a realização de sessões públicas;
§ Acesso aos cadastros de empresas punidas, inidôneas ou suspensas;
§ Sistema de gestão compartilhada com a sociedade de informações referentes à
execução do contrato.

§ Os entes federativos poderão instituir sítio eletrônico oficial para divulgação


Outros portais
complementar e realização das respectivas contratações.

§ Presidente indicado pelo Presidente da República.


§ Membros:
§ 3 representantes da União, indicados pelo PR;
Comitê
§ 2 representantes dos Estados e DF, indicados pelo Conselho de Secretários de
Administração;
§ 2 representantes dos municípios, indicados pela Confederação dos Municípios.

19 QUESTÕES

1. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) As cláusulas contratuais devem ser claras e precisas, contendo
sua finalidade, bem como os direitos, obrigações e responsabilidade das partes.

Comentário: a Lei n° 14.133/2021 estabelece que todo contrato deverá mencionar os nomes das partes e
os de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou sua lavratura, o número do processo da
licitação ou da contratação direta e a sujeição dos contratantes às normas da Lei de Licitações e às cláusulas
contratuais.

Ademais, os contratos deverão estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução,
expressas em cláusulas que definam os direitos, as obrigações e as responsabilidades das partes, em
conformidade com os termos do edital de licitação e os da proposta vencedora ou com os termos do ato
que autorizou a contratação direta e os da respectiva proposta (art. 89, §§ 1° e 2°).

Gabarito: correto.

2. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A convocação do licitante vencedor para assinar o contrato
deverá ocorrer dentro do prazo estabelecido no edital, autorizando-se a prorrogação por igual período
caso haja solicitação da parte, devidamente justificada.

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Comentário: a Lei 14.133/2021 dispõe que o prazo de convocação é estabelecido em edital, e poderá ser
prorrogado uma vez, por igual período, mediante solicitação da parte durante seu transcurso, devidamente
justificada, e desde que o motivo apresentado seja aceito pela administração (art. 90, § 1°).

Gabarito: correto.

3. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O licitante pode pedir a prorrogação do prazo para assinatura do
contrato, mesmo que o prazo inicial estabelecido pela administração já tenha se esgotado.

Comentário: caso queira solicitar a prorrogação do prazo para assinatura do termo de contrato, o licitante
vencedor deve apresentar solicitação à administração durante o transcurso do prazo inicialmente
estabelecido, justificando seu pedido (art. 90, § 1°)

Gabarito: errado.

4. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Na hipótese de o licitante vencedor não assinar o termo de
contrato, a administração pode convocar os licitantes remanescentes, realizando, em qualquer caso, a
contratação nos termos e condições das respectivas propostas.

Comentário: quando a administração convoca o licitante vencedor e esse não comparece para assinar o
termo de contrato, faculta-se a convocação dos licitantes remanescentes, obedecida a ordem de
classificação e desde que aceitem celebrar o contrato nas condições propostas pelo licitante vencedor
(art. 90, § 2º). Somente se não houver sucesso na contratação, é que a administração poderá partir para a
negociação e, depois, para a convocação nas condições das propostas de cada um (art. 90, § 4º).

Gabarito: errado.

5. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração, ao final do procedimento licitatório, convocou


o licitante vencedor para assinar o contrato e cumprir as condições de sua proposta. Passado o prazo
estipulado no edital, o vencedor não compareceu. Por essa razão, foram convocados os licitantes
remanescentes, que também não aceitaram assinar o contrato nas condições propostas pelo licitante
vencedor. Nessa situação, a administração pode propor uma negociação com os licitantes
remanescentes, visando a obter um preço melhor, vedado o aceite de valor acima do preço do
adjudicatário.

Comentário: nos casos em que nenhum dos licitantes aceitar a contratação nos mesmos moldes do
proposto pelo licitante vencedor, a administração, observados o valor estimado e sua eventual atualização
nos termos do edital, poderá convocar os licitantes remanescentes para negociação, na ordem de
classificação, com vistas à obtenção de preço melhor, mesmo que acima do preço do adjudicatário (art.
90, §4°, I).

Então, na negociação, a administração pode aceitar uma proposta com valor acima do preço originalmente
vencedor. Nesse caso, a negociação busca obter o preço melhor do que a proposta de cada licitante, ainda
que seja pior do que a proposta do licitante até então vencedor.

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Gabarito: errado.

6. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O licitante remanescente, convocado para negociação, sofrerá
as penalidades cabíveis, incluindo a perda da garantia, caso não aceite firmar o contrato nas condições
propostas pela administração.

Comentário: não seria justo penalizar o licitante convocado para negociação, caso este não aceite as
condições propostas pela administração. Nesse sentido, a regra quanto a aplicação de penalidades e perda
de garantia não se aplica aos licitantes remanescentes convocados para negociação, nos termos do art. 90,
§ 6º da NLLC.

Gabarito: errado.

7. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os contratos devem ser divulgados e mantidos à disposição do
público em sítio eletrônico oficial, exceto nos casos em que o sigilo for imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado.

Comentário: realmente, os contratos e seus aditamentos terão forma escrita e serão juntados ao processo
que tiver dado origem à contratação, divulgados e mantidos à disposição do público em sítio eletrônico
oficial. Contudo, será admitida a manutenção em sigilo de contratos e de termos aditivos quando
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, nos termos da legislação que regula o acesso à
informação (art. 91, § 1°).

Gabarito: correto.

8. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Como condição para prorrogação dos contratos, deverá ser feita
a verificação quanto a regularidade fiscal do contratado, bem como a emissão de certidões negativas de
inidoneidade, de impedimento e de débitos trabalhistas.

Comentário: antes de formalizar ou prorrogar o prazo de vigência do contrato, a administração deverá


verificar a regularidade fiscal do contratado, consultar o Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e
Suspensas (Ceis) e o Cadastro Nacional de Empresas Punidas (Cnep), emitir as certidões negativas de
inidoneidade, de impedimento e de débitos trabalhistas e juntá-las ao respectivo processo (art. 91, § 4°).

Gabarito: correto.

9. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O contrato deve, necessariamente, conter cláusulas que
estabeleçam o objeto e seus elementos característicos, além da legislação aplicável à execução do
contrato, inclusive quanto aos casos omissos.

Comentário: o art. 92 da Lei de Licitações lista uma série de cláusulas necessárias a todos os contratos.
Entre elas, consta a cláusula que estabeleça o objeto e seus elementos característicos e a legislação
aplicável à execução do contrato, inclusive quanto aos casos omissos (incisos I e III), entre outras.

Gabarito: correto.

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10. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os contratos administrativos devem necessariamente conter
cláusula estabelecendo a data-base e a periodicidade do reajustamento de preços, assim como o prazo
para resposta a eventual pedido de repactuação de preços.

Comentário: de fato, essas são cláusulas necessárias estabelecidas no art. 92, incisos V e X da Lei de
Licitações:

Art. 92. São necessárias em todo contrato cláusulas que estabeleçam: [...]

V - o preço e as condições de pagamento, os critérios, a data-base e a periodicidade do


reajustamento de preços e os critérios de atualização monetária entre a data do
adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento; [...]

X - o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços, quando for o caso;

Gabarito: correto.

11. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração deve fazer constar no contrato cláusula que
declare competente o foro de sua sede, inclusive quando o objeto for a aquisição de bens e serviços
realizada por unidades administrativas com sede no exterior.

Comentário: a regra é que os contratos celebrados pela administração pública com pessoas físicas ou
jurídicas, inclusive as domiciliadas no exterior, deverão conter cláusula que declare competente o foro da
sede da administração para dirimir qualquer questão contratual, ressalvadas algumas hipóteses, entre as
quais, quando se tratar de aquisição de bens e serviços realizada por unidades administrativas com sede
no exterior (art. 92, §1°, III). Então, nesses casos, pode ser estabelecido outro local para a resolução de
eventuais conflitos entre as partes.

Gabarito: errado.

12. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Desde que compatível com o regime de execução aplicado, as
medições realizadas nos contratos de obras e serviços de engenharia devem ser semestrais.

Comentário: nos contratos de obras e serviços de engenharia, sempre que compatível com o regime de
execução, a medição será mensal, e não semestral como diz a assertiva (art. 92, §5°).

Gabarito: errado.

13. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) É cláusula necessária dos contratos a que prevê o prazo para
resposta ao pedido de repactuação de preços, que deverá ser preferencialmente de um mês, quando se
tratar de prestação de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra.

Comentário: nos contratos para serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra ou
com predominância de mão de obra, o prazo para resposta ao pedido de repactuação de preços será
preferencialmente de um mês, contado da data do fornecimento da documentação prevista em lei (art.

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92, §6°). Ademais, é cláusula necessária a que prevê que deve constar o prazo para resposta ao pedido de
repactuação, na forma do art. 92, X.

Gabarito: correto.

14. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A repactuação será precedida de solicitação do contratado,
acompanhada de demonstração analítica da variação dos custos.

Comentário: a repactuação visa à manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, devendo


ser precedida de solicitação do contratado, acompanhada de demonstração analítica da variação dos
custos, por meio de apresentação da planilha de custos e formação de preços, ou do novo acordo,
convenção ou sentença normativa que fundamenta a repactuação (art. 135, § 6º).

Gabarito: correto.

15. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Determinada empresa saiu vencedora em procedimento
licitatório para fornecimento de serviços técnicos especializados, relativos ao desenvolvimento de um
software para ser implementado na gestão dos serviços de saúde de um município. Nesse caso, o autor
do projeto deverá ceder todos os direitos patrimoniais a eles relativos para a administração pública.

Comentário: de fato, a Lei 14.133/2021 estabelece que, nas contratações de projetos ou de serviços
técnicos especializados, inclusive daqueles que contemplem o desenvolvimento de programas e aplicações
de internet para computadores, máquinas, equipamentos e dispositivos de tratamento e de comunicação
da informação (software) – e a respectiva documentação técnica associada –, o autor deverá ceder todos
os direitos patrimoniais a eles relativos para a administração pública, exatamente como diz a assertiva
(art. 93, caput).

Gabarito: correto.

16. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Determinada empresa saiu vencedora em procedimento
licitatório para fornecimento de serviços técnicos especializados, relativos ao desenvolvimento de um
software para ser implementado na gestão dos serviços de saúde de um município. Nessa situação,
apesar de receber a cessão dos direitos patrimoniais relativos ao projeto, a administração fica impedida
de realizar alterações sem antes pedir autorização do seu autor.

Comentário: realmente, o autor do projeto deve ceder os direitos patrimoniais relativos a ele para a
administração. Contudo, o que a NLLC prevê é que a administração pode livremente utilizar e alterar o
projeto, sem necessidade de nova autorização do autor (art. 93, caput).

Gabarito: errado.

17. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Em procedimento licitatório para fornecimento de serviços
técnicos especializados, o autor do projeto deve ceder os direitos patrimoniais à administração e, apesar

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de não precisar autorizar eventuais modificações no projeto, deverá ser comunicado caso a
administração o altere.

Comentário: na hipótese de posterior alteração do projeto pela Administração Pública, o autor deverá ser
comunicado, e os registros serão promovidos nos órgãos ou entidades competentes (art. 93, § 3°)

Gabarito: correto.

18. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A divulgação dos contratos no Portal Nacional de Contratações
Públicas (PNPC) é condição indispensável para sua eficácia, devendo ser publicados no prazo de vinte
dias úteis contados da data de sua assinatura, no caso de licitação.

Comentário: a divulgação no Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) é condição indispensável


para a eficácia do contrato e de seus aditamentos e deverá ocorrer nos seguintes prazos, contados da data
de sua assinatura: 20 (vinte) dias úteis, no caso de licitação; 10 (dez) dias úteis, no caso de contratação
direta (art. 93 da NLLC).

Gabarito: correto.

19. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) No caso de obras, devem ser divulgados em sítio oficial tanto os
quantitativos e os preços unitários e totais que contratar quanto os quantitativos efetivamente
executados e os preços praticados.

Comentário: no caso de obras, a administração divulgará em sítio eletrônico oficial (art. 94, § 3º):

(i) em até 25 dias úteis após a assinatura do contrato: os quantitativos e os preços unitários e totais
que contratar; e,
(ii) em até 45 dias úteis após a conclusão do contrato: os quantitativos executados e os preços
praticados.
Gabarito: correto.

20. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Nas compras de entrega imediata e das quais não resultem
obrigações futuras, será dispensado o instrumento de contrato, desde que se trate de licitação
considerada como de baixo valor.

Comentário: realmente, o instrumento de contrato pode ser substituído por outros instrumentos hábeis
(carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço),
no caso de compras com entrega imediata e integral dos bens adquiridos e dos quais não resultem
obrigações futuras, inclusive quanto a assistência técnica. Contudo, isso ocorre independentemente de seu
valor, e não apenas nas licitações de baixo valor (art. 95. II). Assim, a questão misturou as duas hipóteses
em que o instrumento de contrato poderá ser dispensado.

Gabarito: errado.

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21. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) É vedada a celebração de contratos verbais com a administração,
exceto aqueles firmados para pequenas compras, especificamente na modalidade pregão.

Comentário: em regra, é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal firmado com a administração. Contudo,
a NLLC autoriza os contratos verbais para pequenas compras ou para prestação de serviços de pronto
pagamento, assim entendidos os de valor não superior a R$ 10 mil (art. 95, § 2º).

Então, é admitida a celebração de contratos verbais, e a exceção não está atrelada a uma modalidade
licitatória, mas sim ao valor pré-determinado na Lei de Licitações.

Gabarito: errado.

22. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A previsão de garantia contratual é cláusula necessária, ou seja,
obrigatória, o que torna sua instituição, em regra, uma decisão vinculada da autoridade competente.

Comentário: as garantias contratuais são instituídas a critério da autoridade competente (ou seja, é uma
decisão discricionária, e não vinculada), em cada caso (art. 96).

A previsão da estipulação de garantia realmente consta como cláusula necessária. Na forma do art. 92, XII,
é necessária em todo contrato cláusulas que estabeleçam as garantias oferecidas para assegurar sua plena
execução, quando exigidas. Então, quando não for exigida a garantia, essa cláusula também não precisa
constar do contrato.

Parece estranho, mas é assim: ela é uma cláusula necessária, mas apenas quando for exigida a garantia.

Gabarito: errado.

23. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A garantia contratual poderá ser majorada para até dez por cento
nas contratações de obras, desde que haja justificativa por razões de complexidade técnica e com base
nos riscos envolvidos.

Comentário: nas contratações de obras, serviços e fornecimentos, a garantia poderá ser de até 5% (cinco
por cento) do valor inicial do contrato, autorizada a majoração desse percentual para até 10% (dez por
cento), desde que justificada mediante análise da complexidade técnica e dos riscos envolvidos (art. 98).

Gabarito: correto.

24. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O valor da garantia é calculado com base no valor inicial do
contrato, salvo nas contratações de serviços contínuos com vigência superior a um ano, em que o
percentual será calculado com base no valor anual do contrato.

Comentário: nas contratações de serviços e fornecimentos contínuos com vigência superior a 1 (um) ano,
assim como nas subsequentes prorrogações, será utilizado o valor anual do contrato para definição e
aplicação dos percentuais de 5% ou 10%, conforme previsto no caput do art. 98, parágrafo único. Nos
demais casos, segue-se a regra de calcular o valor da garantia a partir do valor inicial do contrato (art. 98,
caput).

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Gabarito: correto.

25. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O contratado pode atuar como depositário dos bens a serem
entregues à administração, hipótese em que o valor desses bens será acrescido ao valor da garantia.

Comentário: nos casos de contratos que impliquem a entrega de bens pela administração, dos quais o
contratado ficará depositário, o valor desses bens deverá ser acrescido ao valor da garantia (art. 101 da Lei
n° 14.133/2021).

Gabarito: correto.

26. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital
poderá exigir a prestação da garantia na modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a
seguradora, em caso de inadimplemento pelo contratado, assumir a execução e concluir o objeto do
contrato.

Comentário: isso é verdade, e corresponde à previsão literal do art. 102 da NLLC. O segurador, nesse caso,
assume a responsabilidade de concluir e executar o objeto. Tal situação é denominada step in right, que
significa que a seguradora assumi a obrigação de gerenciamento, execução e entrega do empreendimento
quando a contratada falhar no cumprimento de suas obrigações.

Gabarito: correto.

27. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Na contratação de obras e serviços de engenharia, o contrato
pode exigir a prestação de seguro-garantia, e, em caso de inadimplemento do contratado, a seguradora
ficará autorizada a subcontratar a conclusão do objeto contratual, total ou parcialmente.

Comentário: na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital poderá exigir a prestação da


garantia na modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a seguradora, em caso de inadimplemento
pelo contratado, assumir a execução e concluir o objeto do contrato. Nessa hipótese, entre outras
providências, a seguradora poderá subcontratar a conclusão do contrato, total ou parcialmente (art. 102,
III da NLLC).

Gabarito: correto.

28. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) As cláusulas exorbitantes, fundamentadas no princípio da


supremacia do interesse público sobre o privado, colocam a administração posição de verticalidade
perante o particular.

Comentário: as chamadas cláusulas exorbitantes, previstas principalmente no art. 104 da NLLC, constituem
cláusulas de direito público que colocam a administração em posição de verticalidade perante o particular,
e, por isso, têm seu fundamento no princípio da supremacia do interesse público sobre o privado.

Gabarito: correto.

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29. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Nos contratos de serviços contínuos, a administração poderá
extinguir o contrato antes do prazo fixado em edital, sem ônus, quando entender que o contrato não lhe
oferece mais vantagens.

Comentário: a administração pode celebrar contratos com prazo de até cinco anos, nas hipóteses de
serviços e fornecimentos contínuos. Nesse sentido, nos termos do art. 106 da Lei, fica assegurada à
administração a possibilidade de extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos
orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece vantagem
(inciso III).

Gabarito: correto.

30. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O prazo máximo de duração dos contratos de serviços contínuos
será de dez anos, incluídas eventuais prorrogações, devendo a administração atestar que os preços
permanecem vantajosos ao longo desse período.

Comentário: a NLLC diz que os contratos de serviços e fornecimentos contínuos poderão ser prorrogados
sucessivamente, respeitada a vigência máxima decenal (ou seja, de dez anos), desde que haja previsão em
edital e que a autoridade competente ateste que as condições e os preços permanecem vantajosos para a
administração, permitida a negociação com o contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer
das partes (art. 107).

Gabarito: correto.

31. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os contratos de eficiência poderão ter prazo de vigência de até
trinta e cinco anos, quando houver investimento por parte do contratado, desde que as benfeitorias
permanentes sejam revertidas ao patrimônio da administração ao final do contrato.

Comentário: no contrato de eficiência que gere economia para a administração, os prazos serão de até 35
(trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento, assim considerados aqueles que impliquem a
elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas exclusivamente a expensas do contratado, que serão
revertidas ao patrimônio da administração pública ao término do contrato (art. 110, II, Lei n° 14.133/2021).

Gabarito: correto.

32. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O contrato firmado sob o regime de fornecimento e de prestação
de serviço associado terá a sua vigência máxima definida pela soma do prazo relativo ao fornecimento
inicial ou à entrega da obra com o prazo relativo ao serviço de operação e manutenção, este limitado a
cinco anos contados da data de recebimento do objeto inicial, autorizada a prorrogação na forma da lei.

Comentário: a questão trata dos contratos firmados sob o regime de fornecimento e prestação de serviço
associado. Nesses casos, a vigência máxima será definida pela soma do prazo relativo ao fornecimento
inicial ou à entrega da obra com o prazo relativo ao serviço de operação e manutenção. Este último (prazo
do serviço) está limitado a cinco anos, contados da data de recebimento do objeto inicial, autorizada a
prorrogação (art. 113).

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Gabarito: correto.

33. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) É possível a prorrogação do prazo de quinze anos, previsto como
prazo máximo de vigência dos contratos de operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia
da informação.

Comentário: nos termos do art. 114 da NLLC, o contrato que previr a operação continuada de sistemas
estruturantes de tecnologia da informação poderá ter vigência máxima de 15 (quinze) anos. A Lei
14.133/2021, entretanto, nada fala sobre a possibilidade de prorrogação.

Anota-se, ainda, que os contratos de operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da


informação são aquelas relativos aos programas de TI imprescindíveis para a atuação da administração,
cuja descontinuidade possa gerar prejuízos para a atividade administrativa, como os sistemas de pessoal,
sistemas de gestão de patrimônio, sistemas financeiros, etc.

Gabarito: errado.

34. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A obra de reforma de um edifício público está paralisada há mais
de um mês, atrasando o cronograma de entrega inicialmente previsto. Nessa situação, a Lei de Licitações
e Contratos determina que sejam divulgados em sítio eletrônico oficial e em placa no local da obra os
motivos e os responsáveis pela paralisação, indicando a data prevista para o reinício dos trabalhos.

Comentário: agora, na NLLC, há a determinação de que quando se tratar de obras, havendo paralisação
por mais de 1 (um) mês, a administração deverá divulgar, em sítio eletrônico oficial e em placa a ser afixada
em local da obra de fácil visualização pelos cidadãos, aviso público de obra paralisada, com o motivo e o
responsável pela inexecução temporária do objeto do contrato e a data prevista para o reinício da sua
execução (art. 115, §6°).

Gabarito: correto.

35. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Ao longo de toda a execução do contrato, o contratado deverá
cumprir a reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência, indicando para a administração
a relação dos empregados que preenchem referidas vagas, sempre que solicitado.

Comentário: ao longo de toda a execução do contrato, o contratado deverá cumprir a reserva de cargos
prevista em lei para pessoa com deficiência, para reabilitado da Previdência Social ou para aprendiz, bem
como as reservas de cargos previstas em outras normas específicas. Ademais, sempre que solicitado pela
administração, o contratado deverá comprovar o cumprimento da reserva de cargos, com a indicação dos
empregados que preencherem as referidas vagas (art. 116).

Gabarito: correto.

36. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada
por um ou mais fiscais do contrato, que devem, entre outros requisitos, ser preferencialmente servidores
efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes da administração pública.

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Comentário: nos termos do art. 117 da nova Lei, a execução do contrato deverá ser acompanhada e
fiscalizada por 1 (um) ou mais fiscais do contrato, representantes da administração especialmente
designados conforme requisitos estabelecidos no art. 7º, ou pelos respectivos substitutos, permitida a
contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los com informações pertinentes a essa atribuição.

Nesse sentido, o(s) fiscal(is) do contrato deverão atender aos requisitos do art. 7º da Lei de Licitações, que
são os seguintes:

I – sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou empregado público dos quadros


permanentes da Administração Pública;

II – tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos ou possuam formação


compatível ou qualificação atestada por certificação profissional emitida por escola de
governo criada e mantida pelo poder público; e

III – não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou contratados habituais da


Administração nem tenham com eles vínculo de parentesco, colateral ou por afinidade,
até o terceiro grau, ou de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista
e civil.

Portanto, está correta a assertiva.

Gabarito: correto.

37. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A responsabilização objetiva atribuída aos terceiros auxiliares
dos fiscais retira desses últimos qualquer responsabilidade sobre a fiscalização do contrato.

Comentário: a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o fiscal do contrato, nos limites
das informações recebidas do terceiro contratado. Lembrando que o terceiro assume responsabilidade civil
objetiva pela veracidade e pela precisão das informações prestadas, na forma do art. 117, § 4°, I e II da
NLLC.

Gabarito: errado.

38. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O contratado é responsável pelos danos causados diretamente
à administração ou a terceiros em razão da execução do contrato, mas a fiscalização e o
acompanhamento pelo contratante reduzirá essa responsabilidade.

Comentário: realmente, o contratado será responsável pelos danos causados diretamente à Administração
ou a terceiros em razão da execução do contrato, mas não excluirá nem reduzirá essa responsabilidade a
fiscalização ou o acompanhamento pelo contratante, nos termos do art. 120 da Lei n° 14.133/2021.

Gabarito: errado.

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39. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Em nenhuma hipótese a inadimplência do contratado em relação
aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais transferirá à administração a responsabilidade pelo seu
pagamento.

Comentário: o art. 121, § 1º da Lei n° 14.133/2021, dispõe que “a inadimplência do contratado em relação
aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transferirá à administração a responsabilidade pelo seu
pagamento e não poderá onerar o objeto do contrato nem restringir a regularização e o uso das obras e
das edificações, inclusive perante o registro de imóveis”.

Todavia, há uma ressalva ao final no parágrafo subsequente, definindo que, exclusivamente, “nas
contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, a administração
responderá solidariamente pelos encargos previdenciários e subsidiariamente pelos encargos
trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado”.

Então, não se pode afirmar que a administração não terá responsabilidade em nenhuma hipótese pelos
encargos trabalhistas.

Gabarito: errado.

40. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A subcontratação de partes da obra é permitida e não exime o
contratado de suas responsabilidades legais e contratuais.

Comentário: na execução do contrato e sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, o


contratado poderá subcontratar partes da obra, do serviço ou do fornecimento até o limite autorizado, em
cada caso, pela administração, na forma do art. 122 da Lei de Licitações.

Gabarito: correto.

41. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os editais de licitação não poderão vedar ou restringir a
subcontratação da execução dos contratos.

Comentário: a subcontratação poderá ser vedada, restringida, ou poderão ser estabelecidas condições para
seu implemento, por regulamento ou edital, na forma do art. 122, § 2º, da NLLC.

Gabarito: errado.

42. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A extinção do contrato deverá ser formalmente motivada nos
autos do processo, assegurados o contraditório e a ampla defesa.

Comentário: essa é a previsão literal do art. 137, que traz um rol de situações que ensejam a extinção do
contrato: “constituirão motivos para extinção do contrato, a qual deverá ser formalmente motivada nos
autos do processo, assegurados o contraditório e a ampla defesa, as seguintes situações: [...]”.

Gabarito: correto.

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43. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O contratado tem direito subjetivo à extinção do contrato
quando houver suspensão da sua execução por prazo superior a dois meses consecutivos ou sessenta
dias intercalados.

Comentário: a Lei n° 14.133/2021 traz como hipóteses em que o contratado terá direito à extinção do
contrato, entre outras: a “suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da administração, por
prazo superior a três meses” e as “repetidas suspensões que totalizem noventa dias úteis” (art. 137, §2°
II e II).

Assim, se o prazo superar três meses consecutivos ou se a soma de diversas suspensões totalizar noventa
dias úteis, o contratado poderá exigir a extinção do contrato.

Gabarito: errado.

44. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração está há trinta dias atrasada nos pagamentos
devidos à contratada. Nesse caso, caberá à contratada requerer a extinção contratual, podendo paralisar
imediatamente a execução do objeto.

Comentário: a Lei 14.133/2021 prevê que o atraso superior a dois meses, contado da emissão da nota
fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de pagamentos devidos pela administração por despesas de obras,
serviços ou fornecimentos ensejará o direito do contratado de exigir a extinção contratual (art. 137, § 2º,
IV). Assim, a questão está errada, pois o prazo é de dois meses. Após este período, o contratado poderá
exigir a extinção do contrato ou a suspensão do cumprimento de suas obrigações.

Gabarito: errado.

45. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A empresa X é contratada pela administração para a prestação
de serviços contínuos de varrição das vias públicas. Ocorre que o contrato foi extinto por culpa exclusiva
da administração. Nesse caso, a empresa poderá ser ressarcida dos prejuízos regularmente
comprovados, e terá direito à devolução da garantia.

Comentário: esse é um caso em que o contratado não deu causa a extinção, e, portanto, não poderá ser
prejudicado por isso. Assim, a NLLC dispõe que, quando a extinção decorrer de culpa exclusiva da
administração, o contratado será ressarcido pelos prejuízos regularmente comprovados que houver
sofrido e terá direito a (art. 138, §2°):

I – devolução da garantia;

II – pagamentos devidos pela execução do contrato até a data de extinção;

III – pagamento do custo da desmobilização.

Assim, está correta a assertiva.

Gabarito: correto.

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46. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Ao extinguir o contrato por ato unilateral, a administração
poderá ocupar e utilizar o local, as instalações, os equipamentos, o material e o pessoal empregados na
execução do contrato e necessários à sua continuidade.

Comentário: a extinção unilateral poderá ter como consequências (art. 139):

(i) assunção imediata do objeto do contrato, no estado e local em que se encontrar, por ato próprio da
Administração;
(ii) ocupação e utilização do local, das instalações, dos equipamentos, do material e do pessoal
empregados na execução do contrato e necessários à sua continuidade;
(iii) execução da garantia contratual para: (a) ressarcimento da administração pública por prejuízos
decorrentes da não execução; (b) pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e previdenciárias,
quando cabível; (c) pagamento das multas devidas à administração pública; (d) exigência da assunção
da execução e da conclusão do objeto do contrato pela seguradora, quando cabível;
(iv) retenção dos créditos decorrentes do contrato até o limite dos prejuízos causados à administração
pública e das multas aplicadas.

A aplicação dessas medidas ficará a critério da administração, que poderá dar continuidade à obra ou ao
serviço por execução direta ou indireta (§1° do art. 139).

Gabarito: correto.

47. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Ao constatar uma irregularidade na execução contratual, caso
não seja possível seu saneamento, a administração somente declarará sua nulidade caso isso se revele
medida de interesse público, analisando-se, entre outros aspectos, os impactos econômicos e financeiros
decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do objeto do contrato.

Comentário: nos termos do que dispõe o art. 147 da NLLC, constatada irregularidade no procedimento
licitatório ou na execução contratual, caso não seja possível o saneamento, a decisão sobre a suspensão
da execução ou sobre a declaração de nulidade do contrato somente será adotada na hipótese em que
se revelar medida de interesse público, com avaliação, entre outros, dos impactos econômicos e
financeiros decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do objeto do contrato (inciso I).

Vale destacar que, nos casos em que a anulação não se revelar medida de interesse público, o poder público
deverá optar pela continuidade do contrato e pela solução da irregularidade por meio de indenização por
perdas e danos, sem prejuízo da apuração de responsabilidade e da aplicação de penalidades cabíveis.

Gabarito: correto.

48. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Mesmo após a declaração de nulidade do contrato, é possível,
por decisão da autoridade, que o serviço continue sendo prestado por um prazo de até seis meses,
prorrogável uma vez, para que se tenha tempo hábil para se efetuar nova contratação.

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Comentário: ao declarar a nulidade do contrato, a autoridade, com vistas à continuidade da atividade


administrativa, poderá decidir que ela só tenha eficácia em momento futuro, suficiente para efetuar nova
contratação, por prazo de até seis meses, prorrogável uma única vez (art. 148, § 2º).

Gabarito: correto.

49. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) São requisitos para a realização da contratação a caracterização
adequada de seu objeto, bem como a indicação dos créditos orçamentários, sob pena de nulidade.

Comentário: nos termos do art. 150, nenhuma contratação será feita sem a caracterização adequada de
seu objeto e sem a indicação dos créditos orçamentários para pagamento das parcelas contratuais
vincendas no exercício em que for realizada a contratação, sob pena de nulidade do ato e de
responsabilização de quem lhe tiver dado causa.

Gabarito: correto.

50. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O recebimento provisório das compras realizadas pela
administração é feito de forma sumária, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização,
verificando-se de imediato a conformidade do material com as exigências contratuais.

Comentário: em se tratando de compras, o objeto do contrato será recebido provisoriamente, de forma


sumária, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, com verificação posterior da
conformidade do material com as exigências contratuais, nos termos do art. 140, II, “a” da Lei n°
14.133/2021. Então, o responsável recebe provisoriamente as compras, deixando a verificação de sua
conformidade com o que foi contratado para momento posterior.

Gabarito: errado.

51. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Nos casos de grave perturbação da ordem, situação de
emergência ou calamidade pública, poderá haver alteração da ordem cronológica dos pagamentos feitos
pela administração, mediante prévia justificativa e posterior comunicação aos órgãos de controle interno
e externo da administração.

Comentário: em regra, no dever de pagamento pela administração, será observada a ordem cronológica
para cada fonte diferenciada de recurso. Contudo, essa ordem poderá ser alterada, mediante prévia
justificativa da autoridade competente e posterior comunicação ao órgão de controle interno da
Administração e ao tribunal de contas competente, exclusivamente nos casos permitidos pelo art. 141, §
1º da Lei de Licitações, entre os quais se incluem a grave perturbação da ordem, a situação de emergência
ou a calamidade pública.

Gabarito: correto.

52. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Admite-se o estabelecimento de remuneração variável na


contratação de obras, fornecimentos e serviços, inclusive de engenharia.

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Comentário: na contratação de obras, fornecimentos e serviços, inclusive de engenharia, poderá ser


estabelecida remuneração variável vinculada ao desempenho do contratado, com base em metas,
padrões de qualidade, critérios de sustentabilidade ambiental e prazos de entrega definidos no edital de
licitação e no contrato, conforme disposto no art. 144 da NLLC.

Gabarito: correto.

53. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Ao licitante que cometer alguma infração administrativa prevista
na Lei n° 14.133/2021 poderão ser aplicadas as sanções de advertência, multa, impedimento de licitar ou
contratar e declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

Comentário: as sanções aplicáveis no âmbito da NLLC estão previstas no art. 156, que assim dispõe:

Art. 156. Serão aplicadas ao responsável pelas infrações administrativas previstas nesta Lei as
seguintes sanções:

I – advertência;

II – multa;

III – impedimento de licitar e contratar;

IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

Está correta a assertiva, portanto.

Gabarito: correto.

54. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A sanção de impedimento de licitar e contratar pode ter prazo
máximo de três anos, e abrange toda a administração pública, federal, estadual ou municipal.

Comentário: ao sofrer a sanção de impedimento de licitar e contratar, o responsável fica impedido de licitar
ou contratar no âmbito da administração pública direta e indireta do ente federativo que tiver aplicado a
sanção, pelo prazo máximo de três anos.

Então, o prazo está correto, mas a abrangência da sanção restringe-se à administração direta e indireta
apenas do órgão federativo que a aplicou (art. 156, § 4°).

Gabarito: errado.

55. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Nos casos em que uma empresa contratada é declarada inidônea
para licitar ou contratar, esta ficará impedida de licitar ou contratar no âmbito da administração pública
direta e indireta de todos os entes federativos, pelo prazo mínimo de 3 (três) anos e máximo de 6 (seis)
anos.

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Comentário: a aplicação da sanção de declaração de inidoneidade impedirá o responsável de licitar ou


contratar no âmbito da administração pública direta e indireta de todos os entes federativos, pelo prazo
mínimo de 3 (três) anos e máximo de 6 (seis) anos (art. 156, §5°).

Gabarito: correto.

56. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Eventuais diferenças entre a multa aplicada à contratada e as
indenizações devidas pela administração podem ser descontadas da garantia prestada no contrato.

Comentário: a Lei de Licitações esclarece que, quando a multa aplicada e as indenizações cabíveis forem
superiores ao valor de pagamento eventualmente devido pela administração ao contratado, além da perda
desse valor, a diferença será descontada da garantia prestada ou será cobrada judicialmente (art. 156, §
8º).

Gabarito: correto.

57. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O prazo prescricional para aplicação das sanções é de cinco anos,
contados da ciência da infração pela administração, vedada sua interrupção.

Comentário: apesar de o prazo ser realmente de cinco anos, o art. 158, § 4º, prevê hipóteses em que a
prescrição será interrompida ou suspensa (interrompida pela instauração do processo de
responsabilização; suspensa pela celebração de acordo de leniência; suspensa por decisão judicial que
inviabilize a conclusão da apuração administrativa).

Gabarito: errado.

58. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A Lei n° 14.133/2021 traz a possibilidade de desconsideração da
personalidade jurídica, quando esta for utilizada com abuso de direito, facilitando a prática de atos
ilícitos relacionados aos processos licitatórios.

Comentário: essa previsão consta do art. 160 da Lei, segundo o qual a personalidade jurídica poderá ser
desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito para facilitar, encobrir ou dissimular a prática
dos atos ilícitos previstos na Lei de Licitações ou para provocar confusão patrimonial.

Gabarito: correto.

59. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Ao contratado que atrase de maneira injustificada a execução do
contrato poderá ser aplicada multa de mora.

Comentário: a multa de mora (art. 162) é aplicada em virtude de atraso injustificado na execução do
contrato.

Gabarito: correto.

60. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A própria autoridade que aplicou a penalidade é competente
pela reabilitação do contratado, desde que atendidos os requisitos cumulativos previstos na Lei n°

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14.133/2021, entre os quais se destaca a necessidade de reparar integralmente o dano causado à


administração.

Comentário: nos termos do art. 163 da Lei de Licitações, é admitida a reabilitação do licitante ou contratado
perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, exigidos, cumulativamente (entre outros
requisitos), a reparação integral do dano causado à administração pública.

Gabarito: correto.

61. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Considere que a administração descubra que um contratado
apresentou declaração ou documentação falsa exigida para o certame, além de ter prestado declaração
falsa durante a licitação. Nessa situação, o contratado responderá com as sanções cabíveis, e sua
reabilitação será condicionada à implantação ou aperfeiçoamento de programa de integridade pelo
responsável.

Comentário: a sanção pela infração mencionada na questão exige, como condição de reabilitação do
licitante ou contratado, a implantação ou aperfeiçoamento de programa de integridade pelo responsável,
nos termos do art. 163, parágrafo único da Lei 14.133/2021.

Gabarito: correto.

62. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) João, morador da cidade de São Paulo, tomou conhecimento da
publicação de edital de licitação para compra de materiais de consumo da prefeitura que já tinham sido
licitados há pouco tempo. Além disso, não havia qualquer justificativa sobre os quantitativos a serem
licitados. A fim de exercer seu papel de cidadão, João pretende impugnar os termos do edital. Nessa
situação, é possível que João apresente impugnação, no prazo de até três dias úteis antes da data prevista
para abertura do certame.

Comentário: nos termos do art. 164, qualquer pessoa é parte legítima para impugnar edital de licitação
por irregularidade na aplicação desta Lei ou para solicitar esclarecimento sobre os seus termos, devendo
protocolar o pedido até 3 (três) dias úteis antes da data de abertura do certame. Assim, é possível a
apresentação de impugnação por parte de João.

Gabarito: correto.

63. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) João, morador da cidade de São Paulo, tomou conhecimento da
publicação de edital de licitação para compra de materiais de consumo da prefeitura que já tinham sido
licitados há pouco tempo. Além disso, não havia qualquer justificativa sobre os quantitativos a serem
licitados. A fim de exercer seu papel de cidadão, João pretende impugnar os termos do edital. Nessa
situação, a administração terá até três dias úteis para divulgar a resposta à impugnação.

Comentário: a resposta à impugnação ou ao pedido de esclarecimento apresentada pelo interessado será


divulgada em sítio eletrônico oficial no prazo de até 3 (três) dias úteis, limitado ao último dia útil anterior à
data da abertura do certame, nos termos do art. 164, parágrafo único.

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Gabarito: correto.

64. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Caso o licitante pretenda apresentar recurso em face da decisão
que anulou o procedimento licitatório, deverá observar o prazo de cinco dias úteis, contados da data de
intimação ou de lavratura da ata.

Comentário: dos atos da administração decorrentes da aplicação da Lei de Licitações, cabe recurso, no
prazo de 3 (três) dias úteis, contado da data de intimação ou de lavratura da ata, em face de.

Gabarito: errado.

65. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O pedido de reconsideração tem efeito suspensivo e somente
será apresentado em face de ato contra o qual não caiba recurso hierárquico.

Comentário: pedido de reconsideração é cabível relativamente a ato do qual não caiba recurso hierárquico
(art. 165, II). Além disso, nos termos do art. 168, o pedido de reconsideração dará efeito suspensivo ao ato
ou à decisão recorrida, até que sobrevenha decisão final da autoridade competente.

Gabarito: correto.

66. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O licitante que pretenda apresentar recurso contra sua a decisão
de inabilitação deverá manifestar imediatamente sua intenção de recorrer, apresentando suas razões no
prazo de três dias úteis.

Comentário: nos recursos apresentados em face do julgamento das propostas ou do ato de habilitação ou
inabilitação de licitante, os interessados devem manifestar intenção de recorrer imediatamente, sob pena
de preclusão, e o prazo para apresentação das razões recursais, que é de três dias úteis, será iniciado na
data de intimação ou de lavratura da ata de habilitação ou inabilitação ou, na hipótese de adoção da
inversão de fases, da ata de julgamento (art. 165, §1°, I).

Gabarito: correto.

67. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A autoridade competente, ao receber o recurso, poderá
reconsiderar sua decisão no prazo de cinco dias úteis; caso não reconsidere, deverá encaminhar o recurso
à autoridade superior no prazo de dez dias úteis, com a devida motivação.

Comentário: o recurso será dirigido à autoridade que tiver editado o ato ou proferido a decisão recorrida.
Essa autoridade pode reconsiderar o ato ou a decisão no prazo de 3 (três) dias úteis, e, caso não
reconsidere, vai encaminhar o recurso, com a sua motivação, à autoridade superior, a qual deverá proferir
sua decisão no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, contado do recebimento dos autos.

Então, está quase tudo ok, menos o prazo para apreciação do pedido de reconsideração, que é de três dias
úteis, e não cinco dias úteis (art. 165, §2°).

Gabarito: errado.

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68. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A empresa X participa de procedimento licitatório e no curso do
procedimento sofreu as sanções de advertência e multa. Caso pretenda recorrer da cominação, deverá
apresentar recurso no prazo de quinze dias úteis.

Comentário: nos termos do art. 166, da aplicação das sanções previstas nos incisos I, II e III do caput do art.
156 desta Lei – advertência, multa e impedimento de licitar ou contratar – caberá recurso no prazo de 15
(quinze) dias úteis, contado da data da intimação.

Gabarito: correto.

69. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A empresa X participa de procedimento licitatório e no curso do
procedimento sofreu as sanções de advertência e multa. Nesse caso, apresentado o recurso pela empresa
e não tendo sido a decisão reconsiderada, a autoridade superior terá que proferir sua decisão no prazo
máximo de vinte dias úteis, contado do recebimento dos autos.

Comentário: diante das sanções aplicadas, o interessado pode apresentar recurso. Nesse caso, a
autoridade que proferiu a decisão pode reconsiderá-la no prazo de 5 (cinco) dias úteis. Caso não o faça,
encaminhará o recurso com sua motivação à autoridade superior, a qual deverá proferir sua decisão no
prazo máximo de 20 (vinte) dias úteis, contado do recebimento dos autos (art. 166, parágrafo único).

Gabarito: correto.

70. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O pedido de reconsideração apresentado em face da sanção que
declarar a inidoneidade do licitante deve ser apresentado no prazo de vinte dias úteis e decidido no prazo
de quinze dias úteis.

Comentário: os prazos estão trocados. No caso da sanção de declaração de inidoneidade, caberá apenas
pedido de reconsideração, que deverá ser apresentado no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado da data
da intimação, e decidido no prazo máximo de 20 (vinte) dias úteis, contado do seu recebimento (art. 167).

Gabarito: correto.

71. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A critério da autoridade competente, poderá ser atribuído efeito
suspensivo aos recursos e aos pedidos de reconsideração.

Comentário: a nova Lei de Licitações não traz a atribuição de efeito suspensivo como sendo uma decisão
discricionária da autoridade. Dessa forma, o art. 168 determina que o recurso e o pedido de reconsideração
terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que sobrevenha decisão final da autoridade
competente.

Gabarito: errado.

72. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) As contratações públicas estão sujeitas ao controle social e
submetem-se a práticas contínuas e permanentes de gestão de riscos e de controle preventivo, cuja
implementação será de responsabilidade da alta administração do órgão ou entidade.

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Comentário: as contratações públicas deverão submeter-se a práticas contínuas e permanentes de gestão


de riscos e de controle preventivo, inclusive mediante adoção de recursos de tecnologia da informação,
além de estar subordinadas ao controle social, nos termos do que dispõe o art. 169 da nova Lei. Ademais,
a implementação dessas práticas será de responsabilidade da alta administração do órgão ou entidade e
levará em consideração os custos e os benefícios decorrentes de sua implementação.

Gabarito: correto.

73. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O controle das contratações públicas submete-se a três linhas de
defesa, integradas, por servidores, unidades de assessoramento jurídico e órgãos de controle interno,
tribunais de contas, entre outros.

Comentário: as contratações públicas devem submeter-se a práticas contínuas e permanentes de gestão


de riscos e de controle preventivo, inclusive mediante adoção de recursos de tecnologia da informação, e,
além de estar subordinadas ao controle social, sujeitar-se-ão às seguintes linhas de defesa:

I – primeira linha de defesa, integrada por servidores e empregados públicos, agentes de


licitação e autoridades que atuam na estrutura de governança do órgão ou entidade;

II – segunda linha de defesa, integrada pelas unidades de assessoramento jurídico e de controle


interno do próprio órgão ou entidade;

III – terceira linha de defesa, integrada pelo órgão central de controle interno da Administração
e pelo tribunal de contas.

Então, de maneira geral, está correta a afirmativa.

Gabarito: correto.

74. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) As contratações públicas deverão submeter-se a práticas
contínuas e permanentes de gestão de riscos e de controle preventivo, a cargo da alta administração do
órgão ou entidade, visando produzir resultados vantajosos focados na eficiência, eficácia e efetividade
nas contratações públicas.

Comentário: a implementação das práticas de controle e de gestão preventiva de riscos será de


responsabilidade da alta administração do órgão ou entidade e levará em consideração os custos e os
benefícios decorrentes de sua implementação, optando-se pelas medidas que promovam relações íntegras
e confiáveis, com segurança jurídica para todos os envolvidos, e que produzam o resultado mais vantajoso
para a administração, com eficiência, eficácia e efetividade nas contratações públicas, nos termos do
previsto pelo art. 169, §1° da Lei de Licitações.

Gabarito: correto.

75. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Para a realização de suas atividades, os órgãos de controle
deverão ter acesso irrestrito aos documentos e às informações necessárias à realização dos trabalhos,

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exceto quanto aos documentos classificados pelo órgão ou entidade nos termos da Lei de Acesso à
Informação (Lei nº 12.527/2011).

Comentário: não é isso o que prevê a Lei de Licitações. Na verdade, a lei diz que, para a realização de suas
atividades, os órgãos de controle deverão ter acesso irrestrito aos documentos e às informações
necessárias à realização dos trabalhos, inclusive aos documentos classificados pelo órgão ou entidade nos
termos da Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação).

Nessa situação, o órgão de controle com o qual foi compartilhada eventual informação sigilosa tornar-se-á
corresponsável pela manutenção do seu sigilo, nos termos do art. 169, § 2º.

Gabarito: errado.

76. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os integrantes das linhas de defesa nas contratações devem
adotar medidas para o saneamento, quando identificarem simples impropriedades formais, buscando
evitar que ocorram novamente, através do aperfeiçoamento do controle preventivo e da capacitação dos
agentes públicos responsáveis.

Comentário: quando os integrantes das linhas de defesa constatarem simples impropriedade formal, a lei
diz que eles devem adotar medidas para o seu saneamento e para a mitigação de riscos de sua nova
ocorrência, preferencialmente com o aperfeiçoamento dos controles preventivos e com a capacitação dos
agentes públicos responsáveis (art. 169, § 3º, I).

Gabarito: correto.

77. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os órgãos de controle devem adotar critérios de oportunidade,
materialidade, relevância e risco na fiscalização dos atos decorrentes da aplicação da Lei n° 14.133/2021.

Comentário: de fato, o art. 170 da NLLC diz que os órgãos de controle adotarão, na fiscalização dos atos
previstos na Lei, critérios de oportunidade, materialidade, relevância e risco e considerarão as razões
apresentadas pelos órgãos e entidades responsáveis e os resultados obtidos com a contratação.

Gabarito: correto.

78. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O tribunal de contas pode suspender cautelarmente o processo
licitatório, devendo-se pronunciar definitivamente sobre o mérito da irregularidade que tenha dado
causa à suspensão no prazo de vinte e cinco dias úteis, contado do recebimento das informações
prestadas pelo órgão ou entidade, prorrogável por igual período uma única vez.

Comentário: ao suspender cautelarmente o processo licitatório, o tribunal de contas deverá pronunciar-se


definitivamente sobre o mérito da irregularidade que tenha dado causa à suspensão no prazo de 25 (vinte
e cinco) dias úteis, contado da data do recebimento das informações prestadas, prorrogável por igual
período uma única vez (art. 171, § 1º).

Gabarito: correto.

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79. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A decisão do tribunal de contas que analisar o mérito da
suspensão cautelar do procedimento deverá definir as medidas necessárias e adequadas para o
saneamento do processo, desde que isso não implique a sua anulação.

Comentário: na verdade, o tribunal pode sim determinar a anulação do procedimento. Nesse sentido, o
art. 171, § 3° diz que a decisão que examinar o mérito da medida cautelar deverá definir as medidas
necessárias e adequadas, em face das alternativas possíveis, para o saneamento do processo licitatório, ou
determinar a sua anulação.

Gabarito: errado.

Ufa! Concluímos contratos administrativos e infrações administrativas na Nova Lei de Licitações e


Contratos. Parabéns por chegar até aqui. Não se esqueça de usar os resumos que constam ao final de cada
subtítulo para realizar as suas revisões.

Abraços!

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20 LISTA DE QUESTÕES

1. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) As cláusulas contratuais devem ser claras e precisas, contendo
sua finalidade, bem como os direitos, obrigações e responsabilidade das partes.
2. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A convocação do licitante vencedor para assinar o contrato
deverá ocorrer dentro do prazo estabelecido no edital, autorizando-se a prorrogação por igual período
caso haja solicitação da parte, devidamente justificada.
3. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O licitante pode pedir a prorrogação do prazo para assinatura
do contrato, mesmo que o prazo inicial estabelecido pela administração já tenha se esgotado.

4. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Na hipótese de o licitante vencedor não assinar o termo de
contrato, a administração pode convocar os licitantes remanescentes, realizando, em qualquer caso, a
contratação nos termos e condições das respectivas propostas.

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5. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração, ao final do procedimento licitatório, convocou


o licitante vencedor para assinar o contrato e cumprir as condições de sua proposta. Passado o prazo
estipulado no edital, o vencedor não compareceu. Por essa razão, foram convocados os licitantes
remanescentes, que também não aceitaram assinar o contrato nas condições propostas pelo licitante
vencedor. Nessa situação, a administração pode propor uma negociação com os licitantes
remanescentes, visando a obter um preço melhor, vedado o aceite de valor acima do preço do
adjudicatário.
6. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O licitante remanescente, convocado para negociação, sofrerá
as penalidades cabíveis, incluindo a perda da garantia, caso não aceite firmar o contrato nas condições
propostas pela administração.
7. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os contratos devem ser divulgados e mantidos à disposição do
público em sítio eletrônico oficial, exceto nos casos em que o sigilo for imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado.
8. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Como condição para prorrogação dos contratos, deverá ser feita
a verificação quanto a regularidade fiscal do contratado, bem como a emissão de certidões negativas de
inidoneidade, de impedimento e de débitos trabalhistas.
9. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O contrato deve, necessariamente, conter cláusulas que
estabeleçam o objeto e seus elementos característicos, além da legislação aplicável à execução do
contrato, inclusive quanto aos casos omissos.
10. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os contratos administrativos devem necessariamente conter
cláusula estabelecendo a data-base e a periodicidade do reajustamento de preços, assim como o prazo
para resposta a eventual pedido de repactuação de preços.

11. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração deve fazer constar no contrato cláusula que
declare competente o foro de sua sede, inclusive quando o objeto for a aquisição de bens e serviços
realizada por unidades administrativas com sede no exterior.
12. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Desde que compatível com o regime de execução aplicado, as
medições realizadas nos contratos de obras e serviços de engenharia devem ser semestrais.
13. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) É cláusula necessária dos contratos a que prevê o prazo para
resposta ao pedido de repactuação de preços, que deverá ser preferencialmente de um mês, quando se
tratar de prestação de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra.
14. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A repactuação será precedida de solicitação do contratado,
acompanhada de demonstração analítica da variação dos custos.
15. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Determinada empresa saiu vencedora em procedimento
licitatório para fornecimento de serviços técnicos especializados, relativos ao desenvolvimento de um

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software para ser implementado na gestão dos serviços de saúde de um município. Nesse caso, o autor
do projeto deverá ceder todos os direitos patrimoniais a eles relativos para a administração pública.
16. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Determinada empresa saiu vencedora em procedimento
licitatório para fornecimento de serviços técnicos especializados, relativos ao desenvolvimento de um
software para ser implementado na gestão dos serviços de saúde de um município. Nessa situação,
apesar de receber a cessão dos direitos patrimoniais relativos ao projeto, a administração fica impedida
de realizar alterações sem antes pedir autorização do seu autor.

17. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Em procedimento licitatório para fornecimento de serviços
técnicos especializados, o autor do projeto deve ceder os direitos patrimoniais à administração e, apesar
de não precisar autorizar eventuais modificações no projeto, deverá ser comunicado caso a
administração o altere.
18. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A divulgação dos contratos no Portal Nacional de Contratações
Públicas (PNPC) é condição indispensável para sua eficácia, devendo ser publicados no prazo de vinte
dias úteis contados da data de sua assinatura, no caso de licitação.
19. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) No caso de obras, devem ser divulgados em sítio oficial tanto os
quantitativos e os preços unitários e totais que contratar quanto os quantitativos efetivamente
executados e os preços praticados.
20. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Nas compras de entrega imediata e das quais não resultem
obrigações futuras, será dispensado o instrumento de contrato, desde que se trate de licitação
considerada como de baixo valor.
21. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) É vedada a celebração de contratos verbais com a administração,
exceto aqueles firmados para pequenas compras, especificamente na modalidade pregão.

22. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A previsão de garantia contratual é cláusula necessária, ou seja,
obrigatória, o que torna sua instituição, em regra, uma decisão vinculada da autoridade competente.
23. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A garantia contratual poderá ser majorada para até dez por
cento nas contratações de obras, desde que haja justificativa por razões de complexidade técnica e com
base nos riscos envolvidos.
24. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O valor da garantia é calculado com base no valor inicial do
contrato, salvo nas contratações de serviços contínuos com vigência superior a um ano, em que o
percentual será calculado com base no valor anual do contrato.
25. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O contratado pode atuar como depositário dos bens a serem
entregues à administração, hipótese em que o valor desses bens será acrescido ao valor da garantia.
26. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Na contratação de obras e serviços de engenharia, o edital
poderá exigir a prestação da garantia na modalidade seguro-garantia e prever a obrigação de a

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seguradora, em caso de inadimplemento pelo contratado, assumir a execução e concluir o objeto do


contrato.
27. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Na contratação de obras e serviços de engenharia, o contrato
pode exigir a prestação de seguro-garantia, e, em caso de inadimplemento do contratado, a seguradora
ficará autorizada a subcontratar a conclusão do objeto contratual, total ou parcialmente.
28. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) As cláusulas exorbitantes, fundamentadas no princípio da
supremacia do interesse público sobre o privado, colocam a administração posição de verticalidade
perante o particular.
29. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Nos contratos de serviços contínuos, a administração poderá
extinguir o contrato antes do prazo fixado em edital, sem ônus, quando entender que o contrato não lhe
oferece mais vantagens. ==15cf17==

30. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O prazo máximo de duração dos contratos de serviços contínuos
será de dez anos, incluídas eventuais prorrogações, devendo a administração atestar que os preços
permanecem vantajosos ao longo desse período.
31. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os contratos de eficiência poderão ter prazo de vigência de até
trinta e cinco anos, quando houver investimento por parte do contratado, desde que as benfeitorias
permanentes sejam revertidas ao patrimônio da administração ao final do contrato.
32. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O contrato firmado sob o regime de fornecimento e de prestação
de serviço associado terá a sua vigência máxima definida pela soma do prazo relativo ao fornecimento
inicial ou à entrega da obra com o prazo relativo ao serviço de operação e manutenção, este limitado a
cinco anos contados da data de recebimento do objeto inicial, autorizada a prorrogação na forma da lei.
33. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) É possível a prorrogação do prazo de quinze anos, previsto como
prazo máximo de vigência dos contratos de operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia
da informação.
34. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A obra de reforma de um edifício público está paralisada há mais
de um mês, atrasando o cronograma de entrega inicialmente previsto. Nessa situação, a Lei de Licitações
e Contratos determina que sejam divulgados em sítio eletrônico oficial e em placa no local da obra os
motivos e os responsáveis pela paralisação, indicando a data prevista para o reinício dos trabalhos.
35. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Ao longo de toda a execução do contrato, o contratado deverá
cumprir a reserva de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência, indicando para a administração
a relação dos empregados que preenchem referidas vagas, sempre que solicitado.
36. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada
por um ou mais fiscais do contrato, que devem, entre outros requisitos, ser preferencialmente servidores
efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes da administração pública.

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37. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A responsabilização objetiva atribuída aos terceiros auxiliares
dos fiscais retira desses últimos qualquer responsabilidade sobre a fiscalização do contrato.
38. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O contratado é responsável pelos danos causados diretamente
à administração ou a terceiros em razão da execução do contrato, mas a fiscalização e o
acompanhamento pelo contratante reduzirá essa responsabilidade.
39. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Em nenhuma hipótese a inadimplência do contratado em
relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais transferirá à administração a responsabilidade pelo
seu pagamento.
40. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A subcontratação de partes da obra é permitida e não exime o
contratado de suas responsabilidades legais e contratuais.
41. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os editais de licitação não poderão vedar ou restringir a
subcontratação da execução dos contratos.
42. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A extinção do contrato deverá ser formalmente motivada nos
autos do processo, assegurados o contraditório e a ampla defesa.
43. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O contratado tem direito subjetivo à extinção do contrato
quando houver suspensão da sua execução por prazo superior a dois meses consecutivos ou sessenta
dias intercalados.
44. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A administração está há trinta dias atrasada nos pagamentos
devidos à contratada. Nesse caso, caberá à contratada requerer a extinção contratual, podendo paralisar
imediatamente a execução do objeto.
45. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A empresa X é contratada pela administração para a prestação
de serviços contínuos de varrição das vias públicas. Ocorre que o contrato foi extinto por culpa exclusiva
da administração. Nesse caso, a empresa poderá ser ressarcida dos prejuízos regularmente
comprovados, e terá direito à devolução da garantia.
46. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Ao extinguir o contrato por ato unilateral, a administração
poderá ocupar e utilizar o local, as instalações, os equipamentos, o material e o pessoal empregados na
execução do contrato e necessários à sua continuidade.
47. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Ao constatar uma irregularidade na execução contratual, caso
não seja possível seu saneamento, a administração somente declarará sua nulidade caso isso se revele
medida de interesse público, analisando-se, entre outros aspectos, os impactos econômicos e financeiros
decorrentes do atraso na fruição dos benefícios do objeto do contrato.
48. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Mesmo após a declaração de nulidade do contrato, é possível,
por decisão da autoridade, que o serviço continue sendo prestado por um prazo de até seis meses,
prorrogável uma vez, para que se tenha tempo hábil para se efetuar nova contratação.

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49. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) São requisitos para a realização da contratação a caracterização
adequada de seu objeto, bem como a indicação dos créditos orçamentários, sob pena de nulidade.
50. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O recebimento provisório das compras realizadas pela
administração é feito de forma sumária, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização,
verificando-se de imediato a conformidade do material com as exigências contratuais.
51. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Nos casos de grave perturbação da ordem, situação de
emergência ou calamidade pública, poderá haver alteração da ordem cronológica dos pagamentos feitos
pela administração, mediante prévia justificativa e posterior comunicação aos órgãos de controle interno
e externo da administração.
52. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Admite-se o estabelecimento de remuneração variável na
contratação de obras, fornecimentos e serviços, inclusive de engenharia.
53. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Ao licitante que cometer alguma infração administrativa prevista
na Lei n° 14.133/2021 poderão ser aplicadas as sanções de advertência, multa, impedimento de licitar ou
contratar e declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.
54. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A sanção de impedimento de licitar e contratar pode ter prazo
máximo de três anos, e abrange toda a administração pública, federal, estadual ou municipal.
55. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Nos casos em que uma empresa contratada é declarada inidônea
para licitar ou contratar, esta ficará impedida de licitar ou contratar no âmbito da administração pública
direta e indireta de todos os entes federativos, pelo prazo mínimo de 3 (três) anos e máximo de 6 (seis)
anos.
56. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Eventuais diferenças entre a multa aplicada à contratada e as
indenizações devidas pela administração podem ser descontadas da garantia prestada no contrato.

57. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O prazo prescricional para aplicação das sanções é de cinco anos,
contados da ciência da infração pela administração, vedada sua interrupção.
58. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A Lei n° 14.133/2021 traz a possibilidade de desconsideração da
personalidade jurídica, quando esta for utilizada com abuso de direito, facilitando a prática de atos
ilícitos relacionados aos processos licitatórios.
59. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Ao contratado que atrase de maneira injustificada a execução do
contrato poderá ser aplicada multa de mora.
60. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A própria autoridade que aplicou a penalidade é competente
pela reabilitação do contratado, desde que atendidos os requisitos cumulativos previstos na Lei n°
14.133/2021, entre os quais se destaca a necessidade de reparar integralmente o dano causado à
administração.

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61. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Considere que a administração descubra que um contratado
apresentou declaração ou documentação falsa exigida para o certame, além de ter prestado declaração
falsa durante a licitação. Nessa situação, o contratado responderá com as sanções cabíveis, e sua
reabilitação será condicionada à implantação ou aperfeiçoamento de programa de integridade pelo
responsável.
62. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) João, morador da cidade de São Paulo, tomou conhecimento da
publicação de edital de licitação para compra de materiais de consumo da prefeitura que já tinham sido
licitados há pouco tempo. Além disso, não havia qualquer justificativa sobre os quantitativos a serem
licitados. A fim de exercer seu papel de cidadão, João pretende impugnar os termos do edital. Nessa
situação, é possível que João apresente impugnação, no prazo de até três dias úteis antes da data prevista
para abertura do certame.
63. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) João, morador da cidade de São Paulo, tomou conhecimento da
publicação de edital de licitação para compra de materiais de consumo da prefeitura que já tinham sido
licitados há pouco tempo. Além disso, não havia qualquer justificativa sobre os quantitativos a serem
licitados. A fim de exercer seu papel de cidadão, João pretende impugnar os termos do edital. Nessa
situação, a administração terá até três dias úteis para divulgar a resposta à impugnação.
64. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Caso o licitante pretenda apresentar recurso em face da decisão
que anulou o procedimento licitatório, deverá observar o prazo de cinco dias úteis, contados da data de
intimação ou de lavratura da ata.
65. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O pedido de reconsideração tem efeito suspensivo e somente
será apresentado em face de ato contra o qual não caiba recurso hierárquico.
66. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O licitante que pretenda apresentar recurso contra sua a decisão
de inabilitação deverá manifestar imediatamente sua intenção de recorrer, apresentando suas razões no
prazo de três dias úteis.
67. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A autoridade competente, ao receber o recurso, poderá
reconsiderar sua decisão no prazo de cinco dias úteis; caso não reconsidere, deverá encaminhar o recurso
à autoridade superior no prazo de dez dias úteis, com a devida motivação.
68. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A empresa X participa de procedimento licitatório e no curso do
procedimento sofreu as sanções de advertência e multa. Caso pretenda recorrer da cominação, deverá
apresentar recurso no prazo de quinze dias úteis.
69. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A empresa X participa de procedimento licitatório e no curso do
procedimento sofreu as sanções de advertência e multa. Nesse caso, apresentado o recurso pela empresa
e não tendo sido a decisão reconsiderada, a autoridade superior terá que proferir sua decisão no prazo
máximo de vinte dias úteis, contado do recebimento dos autos.

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70. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O pedido de reconsideração apresentado em face da sanção que
declarar a inidoneidade do licitante deve ser apresentado no prazo de vinte dias úteis e decidido no prazo
de quinze dias úteis.

71. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A critério da autoridade competente, poderá ser atribuído efeito
suspensivo aos recursos e aos pedidos de reconsideração.
72. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) As contratações públicas estão sujeitas ao controle social e
submetem-se a práticas contínuas e permanentes de gestão de riscos e de controle preventivo, cuja
implementação será de responsabilidade da alta administração do órgão ou entidade.
73. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O controle das contratações públicas submete-se a três linhas de
defesa, integradas, por servidores, unidades de assessoramento jurídico e órgãos de controle interno,
tribunais de contas, entre outros.
74. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) As contratações públicas deverão submeter-se a práticas
contínuas e permanentes de gestão de riscos e de controle preventivo, a cargo da alta administração do
órgão ou entidade, visando produzir resultados vantajosos focados na eficiência, eficácia e efetividade
nas contratações públicas.
75. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Para a realização de suas atividades, os órgãos de controle
deverão ter acesso irrestrito aos documentos e às informações necessárias à realização dos trabalhos,
exceto quanto aos documentos classificados pelo órgão ou entidade nos termos da Lei de Acesso à
Informação (Lei nº 12.527/2011).
76. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os integrantes das linhas de defesa nas contratações devem
adotar medidas para o saneamento, quando identificarem simples impropriedades formais, buscando
evitar que ocorram novamente, através do aperfeiçoamento do controle preventivo e da capacitação dos
agentes públicos responsáveis.
77. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) Os órgãos de controle devem adotar critérios de oportunidade,
materialidade, relevância e risco na fiscalização dos atos decorrentes da aplicação da Lei n° 14.133/2021.
78. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) O tribunal de contas pode suspender cautelarmente o processo
licitatório, devendo-se pronunciar definitivamente sobre o mérito da irregularidade que tenha dado
causa à suspensão no prazo de vinte e cinco dias úteis, contado do recebimento das informações
prestadas pelo órgão ou entidade, prorrogável por igual período uma única vez.
79. (Prof. Herbert Almeida - Inédita) A decisão do tribunal de contas que analisar o mérito da
suspensão cautelar do procedimento deverá definir as medidas necessárias e adequadas para o
saneamento do processo, desde que isso não implique a sua anulação.

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Herbert Almeida, Equipe Direito Administrativo
Aula 09

21 GABARITO

1. C 11. E 21. E 31. C 41. E 51.C 61. C 71. E

2. C 12. E 22. E 32. C 42. C 52. C 62. C 72. C

3. E 13. C 23. C 33. E 43. E 53. C 63. C 73. C

4. E 14. C 24. C 34. C 44. E 54. E 64. E 74. C

5. E 15. C 25. C 35. C 45. C 55. C 65. C 75. E

6. E 16. E 26. C 36. C 46. C 56. C 66. C 76. C

7. C 17. C 27. C 37. E 47. C 57. E 67. E 77. C

8. C 18. C 28. C 38. E 48. C 58. C 68. C 78. C

9. C 19. C 29. C 39. E 49. C 59. C 69. C 79. E

10. C 20. E 30. C 40. C 50. E 60. C 70. C

22 REFERÊNCIAS
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 28ª Ed. Rio de Janeiro:
Método, 2020.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 31ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2014.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 31ª Edição. São Paulo: Atlas, 2017.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 30ª Edição. Rio de Janeiro: Forense, 2017.

COUTO, Daniel Uchôa Costa. A controvérsia sobre os limites das alterações qualitativas dos contratos
administrativos. Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. v. 70 - n. 1 - ano XXVII, pp. 78 a
92. Janeiro de 2009. Disponível em: <https://revista1.tce.mg.gov.br/Content/Upload/Materia/394.pdf>
Acesso em: 24/5/2021.

NIEBUHR, Joel de Menezes; et al. Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativo. 2ª Edição. Curitiba:
Zênite, 2021. Disponível em: <https://www.zenite.com.br/books/nova-lei-de-
licitacoes/nova_lei_de_licitacoes_e_contratos_administrativos.pdf> Acesso em: 24/5/2021.

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