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CESC-CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR CONTINUADA

CARGA HORÁRIA DE
PESQUISA EXTERNA:

(6 horas)

As Competências Socioemocionais nas Práticas Educativas

Aluno: Natália Tombolato Montagner


Curso: Arteterapia
Prof.: Washington Pissuto
Data da aula:03/07/2021
Disciplina: A prática educativa socioemocionais

POLO – PRESIDENTE PRUDENTE – SP


2021
SUMÁRIO

1.SOBRE EMOÇÕES E SENTIMENTOS: BREVES


CONSIDERAÇÕES...................................................................................................02

2. AS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS EM
CENA.......................................................................................................................04

3. PRÁTICAS SOCIOEMOCIONAIS NO CENÁRIO ESCOLAR.............................05

REFERÊNCIAS..........................................................................................................07

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1. SOBRE EMOÇÕES E SENTIMENTOS: BREVES
CONSIDERAÇÕES

Buscar definir bem o que é uma emoção, é algo inerente à todas as áreas
que se propõem a trabalhar com relações humanas que, de modo geral a
descrevem como uma resposta emocional e física a um estímulo externo, baseada
em memórias emocionais, com cargas afetivas, ou seja, a emoção está relacionada
à aspectos de nossa personalidade, temperamento e motivação, como uma espécie
de condutor emocional que movimenta o ser humano.

Apesar de ser bastante comum escutarmos sobre emoções em filmes,


novelas, livros e músicas, a reflexão sobre o assunto não é igualmente popularizada
o que traduz em possíveis confusões entre o que é uma emoção e o que é um
sentimento e, principalmente se há distinções entre duas palavras que sugerem
coisas semelhantes. São estes vernáculos que necessitam de uma diferenciação
clara, entre eles, para que a reflexão proposta pelo presente artigo aconteça:
Emoção versus Sentimento (PIRES,2016).

A emoção pode ser entendida como algo de ordem do primitivo, mais


intensa e considerada de curta duração, ao passo que sentimento tem sua
compreensão quando visto enquanto consequência da emoção, com menor
intensidade e maior duração, como apontou Pires (2016).

No mesmo estudo, o autor considera ainda que sem emoção não pode
haver mudança, portanto afeto e representação deste eram dois pares indissociáveis
no início da psicanálise, por exemplo. Para Freud (1985/1969, p.296) a evocação de
memórias do passado só seria terapêutica se fosse acompanhada pelo reviver do
afeto que lhe estava associado (PIRES,2016).

Ainda de acordo com o autor supracitado, a reflexão seguida de técnica


de ensino, quando bem conduzidas, permitem ao sujeito expressar de forma mais
clara o que sente, dizer o que nunca disse, proporcionando um alívio para um
sofrimento acumulado, por exemplo.

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Ainda que não tenha publicado uma obra específica sobre o tema
educação, esse assunto sempre esteve presente nos escritos de Freud.
A exemplo disso, há o texto O futuro de uma ilusão (1927), que é
considerado por muitos, uma espécie de contribuição pedagógica freudiana
(MARIOTTO,2017).
Pesquisas feitas por Mariotto (2017) apontam que nesta reflexão, Freud
define que a finalidade da educação é a instauração do princípio de realidade,
ajudando a criança a renunciar ao seu modo de funcionamento quase todo
submetido ao princípio do prazer.
Portanto, o ato educativo se refere à inscrição de marcas que operam a
passagem de pura satisfação das pulsões para um universo simbólico onde a lei,
representada pela palavra do educador, introduz o futuro sujeito ao “civilizado”.
Dessa forma, é possível entender que todo ato educativo refere-se a operações de
transmissão – de um legado, de um saber, de um desejo –, e de transformação do
sujeito.
Para fazer o laço a cerca desse olhar temos que, para Freud, educar é
transferir um legado de pai para filho. Partindo da suposição de que a relação
pedagógica está implícita na relação humana, a educação se desenvolve muito mais
pelo laço que se estabelece do que pelo conhecimento adquirido que expressamos
ao outro.
De modo que, pensar a educação no âmbito do enlaçamento que um faz
com o outro exige introduzir a subjetividade num campo em que o saber fazer
normalmente se sobrepõe ao saber ser, assim como exige extrair do dispositivo
conceitual da transferência elementos que nos auxiliem nessa reflexão
(MARIOTTO,2017).

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2. AS COMPETÊNCIAS EMOCIONAIS EM CENA

Estudos realizados na área pedagógica apontaram para a necessidade de


atualizar as definições de aprendizagens nos âmbitos social e emocional:
A aprendizagem social e emocional (ASE) é parte integrante da educação
e do desenvolvimento humano, é o processo pelo qual todos os jovens e adultos
adquirem e aplicam os conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver
identidades saudáveis, gerenciar emoções e atingir objetivos pessoais e coletivos,
sentir e mostrar empatia pelos outros, estabelecer e manter relacionamentos de
apoio e tornar responsáveis e decisões cuidadosas:

(...) A ASE promove a igualdade e a excelência educacional por


meio de parcerias autênticas entre escola, família e comunidade
para estabelecer ambientes de aprendizagem e experiências que
apresentam relacionamentos de confiança e colaboração, currículo
e instrução rigorosos e significativos e avaliação contínua (...) pode
ajudar a abordar várias formas de desigualdade e capacitar jovens e
adultos a co-criar escolas prósperas e contribuir para comunidades
seguras, saudáveis e justas. (MACHADO,et.al,2008)

Falar a respeito das emoções, diferenciando-as de sentimentos para poder


relacioná-los da melhor forma possível no âmbito educacional, requer grande
dedicação na construção de todo esse sentido trançado de saberes subjetivos, daí a
necessidade de mais algumas definições de termos que comumente lemos e
ouvimos e pouco nos atentamos com devida precisão:
Portanto, um breve vocabulário explicativo enuncia alguns desses
pressupostos e facilitam a compreensão daquilo que será tratado neste capítulo:
Competência: entendida como a capacidade de mobilizar, articular e colocar
em prática conhecimentos, valores, atitudes e habilidades, seja no aspecto cognitivo,
seja no aspecto socioemocional, ou na interrelação dos dois.

No aspecto da competência socioemocional, temos que são fundamentais


para se relacionar com os outros e consigo mesmo, tal como compreender e gerir
emoções, estabelecer e atingir objetivos ou mesmo tomar decisões autônomas e
responsáveis e enfrentar situações adversas de maneira criativa e construtiva.

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As competências socioemocionais priorizadas nesse contexto são aquelas
que desempenham um papel crucial na obtenção do sucesso escolar e na vida
futura das crianças e jovens.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), são 10 as principais


competências socioemocionais por ela estabelecida homologadas em 2017 e
obrigatoriamente incluídas nos currículos escolares a partir de 2020 e citadas a
seguir:

1.CONHECIMENTO

3. PENSAMENTO

(Científico, crítico, criativo)

4. REPERTÓRIO CULTURAL

5. COMUNICAÇÃO

6. CULTURA DIGITAL

7. TRABALHO E PROPÓSITO DE VIDA

8. ARGUMENTAÇÃO

9. AUTO-CONHECIMENTO/

AUTO-CUIDADO

10. EMPATIA E COOPERAÇÃO

11. RESPONSABILIDADE E CIDADANIA

3. PRÁTICAS SOCIOEMOCIONAIS NO CENÁRIO ESCOLAR

Para ilustrar como tais competências aparecem no cenário escolar,


compartilho aqui um estudo recente que traz à luz práticas que viabilizaram esse
acontecimento por um viés dos docentes, haja vista que não atuo em escolas no
momento presente.

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O estudo é de Alves (2021), no qual o objetivo geral do projeto de
investigação mais amplo era analisar a percepção dos/as docentes sobre as práticas
relacionadas com a aprendizagem socioemocional (ASE) em contexto escolar,
identificando, ainda, os fatores que contribuem e impactam na sua implementação,
tendo sido realizado junto de educadores/as de infância, professores/as do 1.º, 2.º e
3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário, por meio de questionários
semiestruturados entregue aos docentes.

Como resultado, o estudo mostra que dada a devida importância e


influência das crenças dos/as docentes à ASE, esta foi uma das variáveis analisada
no presente estudo, especificamente: importância atribuída ao bem-estar social e
emocional das crianças comparativamente ao sucesso académico; se consideram
que os/as docentes devem ser responsáveis por implementar atividades de ensino
ou programas de ASE; quem desempenha um papel importante na promoção de
competências socioemocionais; razões que justificam promover estas competências
nas crianças em idade de iniciação escolar (ALVES,2021).

Uma vez que 10,5% das educadoras participantes da pesquisa responderam


que a instituição implementava programas de ASE, procurou-se perceber quais os
programas e obtivemos as seguintes respostas: Oficina das Emoções; Projeto
GentilMente; Bússola 21; Projeto Crescer a Brincar; prevenção de bullying e
aceitação de diferenças; Filosofia para crianças; yoga; educação para os valores e
Projeto Crescer+. A autora destaca ainda que, os docentes ressaltaram como
maiores dificuldades em colocar em prática ações voltadas para a ASE, a falta de
envolvimento das famílias das crianças, assim como a falta de formação dos
professores (ALVES,2021).

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REFERÊNCIAS

ALVES, I.C.M, Aprendizagem socioemocional em idade pré-escolar: crenças,


formação e práticas de educadores/as de infância. Dissertação de Mestrado em
Psicologia Escolar e da Educação: Instituto Universitário da Maia –ISMAI,2021

FREUD, S. (1895/1969). A psicoterapia da histeria. In: Freud, S. [Autor],


Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund
Freud (p. 271-316). Rio de Janeiro: Imago.

FREUD, S. O futuro de uma ilusão. (Edição Standard Brasileira das Obras


Psicológicas Completas de Sigmund Freud) (1927), Imago: Rio de Janeiro, 1976.

MACHADO, P. et al. Relações entre o conhecimento das emoções, as competências


acadêmicas, as competências sociais e a aceitação entre pares,2008. Disponível
em:
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-
82312008000300008>.Acesso em 19/07/2021

MARIOTTO, R. M. M. Algumas contribuições da psicanálise à educação a partir dos


conceitos de Transferência e Discurso. In: Educar em Revista; n. 64, p. 35-48,
abr./jun. Curitiba,2017

PIRES, A.P. Psicoterapia Psicanalítica focada nas emoções: in: Revista Tempo
Psicanalítico, v. 48.2, p. 114-134. Rio de Janeiro, 2016

LINKS
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-
praticas/aprofundamentos/195-competencias-socioemocionais-como-fator-de-
protecao-a-saude-mental-e-ao-bullying> Acesso em 19/07/2021

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