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DOIS HORIZONTES

Formacao e Transformacao da
Paisagem Urbana em Cataguases, MG

Mariana Silva Rossin


Universidade Federal de Juiz de Fora
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Mariana Silva Rossin

DOIS HORIZONTES

Formação e Transformação da Paisagem Urbana em Cataguases, MG

Monografia apresentada à Faculdade de


Arquitetura e Urbanismo, da Universidade
Federal de Juiz de Fora, como requisito parcial
para conclusão da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso I.

Orientador: Profª. Drª. Ana Aparecida Barbosa


Pereira

Juiz de Fora
Agosto/ 2016
Mãe, Beinha e Diego, por estarem
sempre ao meu lado.
Agradecimentos

Agradeço a Professora Ana Barbosa, minha orientadora neste trabalho, por me


acolher como orientanda, pela paciência dedicada, pela sensibilidade em conduzir às
orientações me mostrando luz onde eu já não via, me cobrando um olhar técnico, como
deve ser o de um arquiteto e urbanista. Além de me inspirar pela inteligência e
competência profissional.

Ao Departamento Municipal de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de


Cataguases (DEMPHAC), em especial à Virgínia que, desde o primeiro momento me
recebeu e me orientou sobre onde e como encontrar dados para esta pesquisa.

Ao Sr. Nem (Museu da Energisa) que, quando estava quase desistindo me


atendeu com tanto carinho fornecendo a referência bibliográfica, de histórico, mais
preciosa para este trabalho.

À Divisão de Patrimônio Cultural de Juiz de Fora (DIPAC) pelos dois anos mais
valiosos da faculdade, onde tive a oportunidade de aprendizado e convívio diário com o
mestre Paulo Gawryszewski, que me ensinou a amar e olhar o patrimônio cultural de uma
maneira mais realista.

À Taís pela companhia nas longas tardes de TCC, pelos conselhos e palavras
tranquilizadoras. E, também, a todos os meus amigos que sempre estiveram do meu
lado, me apoiando e incentivando quando necessário.

Agradeço ainda, ao arquiteto Paulo Alonso, pela atenção que me dispensou e pelo
seu trabalho em prol da preservação e valorização do Patrimônio Cultural de Cataguases
que, se tornou a pedra fundamental, sobre o que seria esta pesquisa.

À minha mãe, pela vida dedicada e Beinha, por ser minha melhor amiga, por saber,
sempre, quais palavras preciso ouvir, por me ajudar, aconselhar e questionar coisas que
devo saber. E Diego, pelo companheirismo, por muitas vezes acreditar mais em mim do
que eu mesma, por me apoiar, me inspirar e dividir seus planos comigo.
Esta paisagem? Não existe. Existe espaço

vacante, a semear

de paisagem

DRUMMOND, Carlos
Nem o tintim áspero dos padeiros.
Nem a buzina incômoda dos tintureiros.
À Carlos Drummond de Andrade Teus leiteiros ainda levam o leite em
(Ascânio Lopes, 1927) burricos.
Os padeiros deixam o pão às janelas
Nem Belo Horizonte, colcha de retalhos (cidade mineira).
iguais, Teu amanhecer é suave.
cidade europeia de ruas retas, árvores Que alegria de só ter gente conhecida, faz
certas, teu habitante voltar-se para
casas simétricas, cumprimentar todos que passam.
crepúsculos bonitos, sempre bonitos; Delícia de não encontrar estrangeiros de
nem Juiz de Fora: ruído. Rumor. olhar agudo,
Apitos. Klaxons. esperto, mau, a suspeitar riquezas nas
Cidade inglesa de céu esfumaçado, cheio terras.
de chaminés negras: Alegria dos fordes, brincando (são dois)
nem Ouro Preto, cidade morta, na praça.
Bruges sem Rodenbach, (Depois vão dormir juntinhos numa só
onde estudantes passadistas continuam a garagem).
tradição das coisas que já Jacaré!
esquecemos; João Arara!
nem Sabará, cidade relíquia, onde não se João Gostoso!
pode tocar Teus tipos populares.
para não desmanchar o passado A criançada atira-lhes pedras e eles se
arrumadinho; voltam imprecando
nem Estrela do Sul, a sonhar com Rondas alegres de meninas nas ruas, às
tesouros, tardes, sem perigo de veículos.
tesouros nos cascalhos extintos de seu rio Papagaios que se embaraçam nos fios de
barrento; luz, balões que sobem,
nem Uberaba, nem, nem, cidades foguetes obrigatórios nas festas da
arrivistas, de gente que pretende ficar; chegada do chefe político.
Não! Cataguases.... Há coisa mais bela e Jardins onde meninas ariscas passeiam
serena oculta nos teus flancos. meia hora só antes do cinema.
Nas tuas ruas brinca a inconsciência das Ar morno e sensual de voluptuosidade
cidades gostosa que vibra
que nunca foram, que não cuidam ser. nas tuas tardes chuvosas, quando as
Não sabes, não sei, ninguém goteiras pingam nos passantes
compreenderá, jamais, o que desejas, o e batem isócronas nos passeios furados.
que serás. Há em ti a delícia da vida que passa
Não és do futuro, não és do passado; não porque vale a pena passar,
tens idade. que passa sem dar por isso, sem supor
Só sei que és que se vai transformando.
a mais mineira cidade de Minas Gerais. Em ti se dorme tranquilo, sem guardas-
Nem geometria, nem estilo europeu, nem noturnos.
invasão americana de platibandas, Mas com o cricri dos grilos,
nem bangalôs dernier-cri. o ranram dos sapos.
Tuas casas são largas casas mineiras O sono é tranquilo como o de uma criança
feitas na previsão de muitos hóspedes. de colo.
Não há em ti o terror das cidades Vale a pena viver em ti.
plantadas na mata virgem Nem inquietude.
nem o ramerrão dos bondes atrasados Nem peso inútil de recordações,
cheios de gente apressada. mas a confiança que nasce das coisas
que não mudam bruscas,
nem ficam eternas.
Resumo

O tema abordado neste trabalho é o estudo da paisagem urbana do sítio histórico da


cidade de Cataguases, em Minas Gerais. Para tal, foi utilizado como referência os
estudos apresentados pelas Escolas Inglesa e Italiana de Morfologia Urbana e, ainda,
questões apontadas pelo Catàlog de Paisatge de Catalunya, através da leitura da
evolução da forma urbana e a formação dos diferentes tecidos urbanos que compõe
a paisagem local. O crescimento e desenvolvimento da cidade, devem levar em conta
e garantir a qualidade da paisagem urbana deste sítio histórico, respeitando seu
caráter edificado e seus traçados, ou seja, suas características morfológicas e
tipológicas. O que não está ocorrendo, principalmente em relação às intervenções e
elaboração de planos urbanos, provocando a perda da identidade da cidade, no geral.
Devido às novas necessidades e ofertas não há como impedir o desenvolvimento e
renovação da cidade, porém é necessário coordená-lo e ordená-lo, afim de que o
crescimento seja equilibrado, fazendo com que o interesse privado não prevaleça
sobre o interesse coletivo. Portanto, este trabalho visa um estudo sobre esta paisagem
urbana para que, através dele, possam ser elaborados planos e ações de
planejamento e preservação adequados para as necessidades de Cataguases.

Palavras-chave

Cataguases (MG). Paisagem Urbana. Patrimônio Cultural. Morfologia. Planejamento


Urbano.
Abstract

The issue covered in this monograph is the study of the urban landscape of the
historical site of the city of Cataguases, Minas Gerais. Studies presented by the
English and Italian Urban morphology Schools were used as reference, and also
issues highlighted by Catàlog de Paisatge de Catalunya, through interpretation of the
evolution of urban form and the formation of different urban fabric that makes up the
local landscape.

The growth and development of the city, should take into account and ensure the
quality of the urban landscape of this historic site, built respecting its character and its
strokes, its morphological and typological characteristics. And that is what is not
happening, especially in relation to assistance and preparation of urban plans, causing
the loss of the city's identity in general.

Due to new needs and offers there is no way to prevent the development and renewal
of the city, but it is necessary to coordinate and order it, to insure that this growth is
balanced, and that private interests do not prevail over the collective interest.
Therefore, this monograph is intented to study this urban landscape so that, through
it, to be drawn up plans and action of preservation suitable for Cataguases needs.

Key-Words

Cataguases (MG). Urban Landscape. Cultural Heritage. Morphology. Urban Planning.


Lista de Figuras

Figura 1 Vila de Cataguases em 1878 ........................................................................... 21

Figura 2 Rua Cel. João Duarte ....................................................................................... 22

Figura 3 Rua Cel. João Duarte ....................................................................................... 22

Figura 4 Praça Governador Valadares .......................................................................... 23

Figura 5 Rua Manoel da Silva Rama ............................................................................. 23

Figura 6 Av. Astolfo Dutra ............................................................................................... 24

Figura 7 Av. Astolfo Dutra ............................................................................................... 24

Figura 8 Cataguases em 1923 ....................................................................................... 25

Figura 9 Antiga Igreja Santa Rita de Cássia .................................................................. 26

Figura 10 Paço Municipal ............................................................................................... 26

Figura 11 Teatro Recreio ............................................................................................... 26

Figura 12 Grupo Escolar Coronel Vieira ........................................................................ 27

Figura 13 Antigo Hospital ............................................................................................... 27

Figura 14 Ponte Metálica sobre o Rio Pomba, na inauguração .................................... 27

Figura 15 Chácara Dona Catarina, 1900 ....................................................................... 28

Figura 16 Chácara Dona Catarina ................................................................................. 28

Figura 17 Antigo cortiço no Bairro Vila Tereza ............................................................. 28

Figura 18 Bairro Vila Tereza com Antigo Hospital (prédio de duas torres) ................... 28

Figura 19 Fábrica de Fiação e Tecelagem de Cataguases .......................................... 29

Figura 20 Cia. Industrial de Cataguases ........................................................................ 31

Figura 21 Cia. Industrial de Cataguases e a Ponte Metálica ........................................ 32

Figura 22 Edifício dos Correios ...................................................................................... 32

Figura 23 Edifício à Rua Cel. João Duarte ..................................................................... 32

Figura 24 Edifício à Rua Cel. João Duarte ..................................................................... 33


Figura 25 Edifício da Câmara Municipal ........................................................................ 33

Figura 26 Capela do Colégio N. Sra. Do Carmo ........................................................... 33

Figura 27 Escola Normal do Rio de Janeiro .................................................................. 33

Figura 28 Colégio Nossa Sra. do Carmo - Antiga Escola Normal de Cataguases ...... 34

Figura 29 Antigo Ginásio Municipal ................................................................................ 35

Figura 30 Vista Aérea de parte da Cidade ..................................................................... 38

Figura 31 Praça Rui Barbosa (Antigo Largo do Comércio) ........................................... 38

Figura 32 Bairro Jardim .................................................................................................. 38

Figura 33 Construção da Escola Guido Marlieri ............................................................ 39

Figura 34 Vista aérea do Bairro Jardim .......................................................................... 39

Figura 35 Cataguases em 1939 ..................................................................................... 40

Figura 36 Residência de Francisco Ignácio Peixoto à Rua Major Vieira, 154


........................................................................................................................................... 42

Figura 37 Colégio Cataguases ....................................................................................... 43

Figura 38 Colégio Cataguases - Painel externo de Paulo Werneck ............................. 43

Figura 39 Hotel Cataguases ........................................................................................... 43

Figura 40 Igreja Matriz Santa Rita de Cássia (construção) ........................................... 43

Figura 41 Igreja Matriz Santa Rita de Cássia ................................................................ 43

Figura 42 Igreja Matriz Santa Rita de Cássia ................................................................ 43

Figura 43 Painel externo Educandário Dom Silvério ..................................................... 44

Figura 44 Pilotis do Edifício IAPI (Previdência Social) ................................................... 44

Figura 45 Circulação interna do Edifício A Nacional ..................................................... 44

Figura 46 Vista aérea da Praça Rui Barbosa ................................................................ 44

Figura 47 Coreto à Praça Rui Barbosa .......................................................................... 45

Figura 48 Cine Teatro Edgard ........................................................................................ 45

Figura 49 Monumento à José Inácio Peixoto As Fiandeiras .................... 45

Figura 50 Residência José Inácio Peixoto ..................................................................... 45


Figura 51 Residência Nanzita ........................................................................................ 50

Figura 52 Residência Nanzita Painel externo ............................................................. 50

Figura 53 Residência Nanzita Painel interno ............................................................. 46

Figura 54 Residência Mauro Carvalho Ramos .............................................................. 46

Figura 55 Cataguases em 1958 ..................................................................................... 47

Figura 56 Distrito Industrial ............................................................................................. 47

Figura 57 Distrito Industrial ............................................................................................. 47

Figura 58 Cataguases em 1980 (provável) .................................................................... 48

Figura 59 Cataguases em 2016 ..................................................................................... 49

Figura 60 Réplica do Tiradentes Colégio Cataguases ................................. 51

Figura 61 Praça Governador Valadares - Estação Ferroviária .................................... 59

Figura 62 Praça Governador Valadares ........................................................................ 59

Figura 63 Praça Governador Valadares com novas edificações .................................. 61

Figura 64 Manifesto publicado no Jornal Cataguases .................................................. 63

Figura 65 Localização do Município de Cataguases MG .......................................... 66

Figura 66 Ocupação Urbana de Cataguases ................................................................ 69

Figura 67 Tecidos Urbanos de Cataguases .................................................................. 72

Figura 68 Croqui de Implantação e Perfil de Tipologia do Tecido Urbano 1 ................ 73

Figura 69 Localização do Tecido Urbano 1 Sítio Histórico ........................................ 74

Figura 70 Edificações Ecléticas à Rua Cel. Vieira ......................................................... 75

Figura 71 Edificações à Praça Governador Valadares (Antiga R. da Estação) ........... 75

Figura 72 Localização do Tecido Urbano 2 Ocupações de Encostas ....................... 76

Figura 73 Croqui de Implantação e Perfil de Tipologia do Tecido Urbano 2 ................ 77

Figura 74 Forma de Ocupação Típica do Tecido Urbano 2 .......................................... 78

Figura 75 Implantação do Tecido Urbano 2 Bairro Haidêe Fajardo .......................... 78

Figura 76 Localização do Tecido Urbano 3 Ocupações Beira-Rio ............................ 79


Figura 77 Croqui de Implantação e Perfil de Tipologia do Tecido Urbano 3 ................ 81

Figura 78 Implantação e uso típicos do Tecido Urbano 3 ............................................. 81

Figura 79 Implantação típica do Tecido Urbano 3 ......................................................... 81

Figura 80 Croqui de Implantação e Perfil de Tipologia do Tecido Urbano 4 ................ 82

Figura 81 Localização do Tecido Urbano 4 Ocupações de Baixo Declive ................ 83

Figura 82 Implantação e uso típicos do Tecido Urbano 4 ............................................. 84

Figura 83 Implantação e uso típicos do Tecido Urbano 4 ............................................. 84

Figura 84 Localização do Tecido Urbano 5 Vilas e Ocupações Operárias ............... 85

Figura 85 Conjunto de Residências Operárias à Rua Francisca de Souza Peixoto, Bairro


Jardim ............................................................................................................................... 86

Figura 86 Vila Operária, Bairro Jardim ........................................................................... 86

Figura 87 Conjunto Habitacional da Praça Sandoval Azevedo .................................... 87

Figura 88 Vila Operária Manoel Peixoto Ramos ........................................................... 88

Figura 89 Conjunto Operário à Rua Fernando Peixoto ................................................ 88

Figura 90 Croqui de Implantação e Perfil de Tipologia do Tecido Urbano 5 ................ 89

Figura 91 Localização do Tecido Urbano 6 Equipamentos Urbanos (Fringe Belts)


........................................................................................................................................... 90

Figura 92 Implantação do Tecido 6 Cia. Industrial Cataguases, Bairro Jardim ......... 91

Figura 93 Implantação do Tecido 6 Indústria Química, Bairro Vila Reis ................... 91

Figura 94 Implantação do Tecido 6 Bairro Industrial .................................................. 92

Figura 95 Implantação do Tecido 6 Bairro Industrial .................................................. 92

Figura 96 Localização da Área para Análise da Paisagem Urbana de Cataguases ... 95

Figura 97 Topografia e Hidrografia de Cataguases ....................................................... 97

Figura 98 Gabaritos e Áreas Verdes no Sítio Histórico de Cataguases em 1993 ........ 99

Figura 99 Gabaritos e Áreas Verdes no Sítio Histórico de Cataguases em 2016 ........101

Figura 100 Paisagem Urbana de Cataguases Vista aérea da Praça Rui Barbosa ...102

Figura 101 Paisagem Urbana de Cataguases Vista a partir da Ponte Nova .............102
Figura 102 Paisagem Urbana de Cataguases Vista do Hospital ...............................102

Figura 103 Edificação à esquina das Avenidas Humberto Mauro e Astolfo Dutra .......103

Figura 104 Aumento do gabarito no centro Praça Sandoval Azevedo ......................103

Figura 105 Aumento do gabarito no centro Praça Governador Valadares ................104

Figura 106 Aumento do gabarito no centro Rua Major Vieira ....................................104

Figura 107 Letreiros e pintura inadequados .................................................................105

Figura 108 Letreiros inadequados ................................................................................105

Figura 109 Letreiros inadequados ................................................................................105

Figura 110 Letreiros e pintura inadequados .................................................................105

Figura 111 Inserção de elementos na volumetria de edificações e pinturas inadequadas


..........................................................................................................................................106

Figura 112 Descaracterização do Patrimônio Tombado pelo Iphan ............................106

Figura 113 Localização do Município de Pelotas RS .................................................108

Figura 114 Construções Ecléticas do centro de Pelotas ..............................................109

Figura 115 Construções do centro de Pelotas ..............................................................109

Figura 116 Construções sendo engolidas no centro de Pelotas ..................................111

Figura 117 Novas edificações erguidas sem afastamentos .........................................111

Figura 118 Zonas de Preservação do Patrimônio Cultural de Pelotas (ZPPCs) ..........112


Sumário

Introdução ..................................................................................................................... 16

1. Formação Urbana de Cataguases ..........................................................................18

1.1. Os Vieira Rezende: O Café e a Política entre 1828 e 1930 ..............................18

1.2. Os Peixoto: A industrialização e o desenvolvimento a partir de 1930 .............. 28

1.3. Tombamento Federal de Cataguases ............................................................... 49

1.4. Institutos e Diretrizes de Preservação ................................................................58

2. A Formação Estrutural Urbana de Cataguases ................................................... 66

2.1. Tecidos Urbanos ................................................................................................ 71

2.1.1. Tecido 1 O Sítio Histórico ....................................................................... 73

2.1.2. Tecido 2 Ocupações de Encostas .......................................................... 75

2.1.3. Tecido 3 Ocupações Beira-Rio ............................................................... 78

2.1.4. Tecido 4 Ocupações em Baixo Declive .................................................. 82

2.1.5. Tecido 5 Vilas e Ocupações Operárias .................................................. 84

2.1.6. Tecido 6 Equipamentos Urbanos (Fringe Belts) .................................... 89

2.2. A Paisagem Urbana no Sítio Histórico de Cataguases ..................................... 92


3. Estudo de Caso ..........................................................................................................107

3.1. A cidade de Pelotas: A Paisagem Urbana e suas Zonas de Preservação do


Patrimônio Cultural ......................................................................................................... 107

Conclusão ......................................................................................................................117

Bibliografia .................................................................................................................... 118

Apêndices .................................................................................................................... 124

I. Tabela de Bairros e suas características

II. Bens Tombados em nível Federal e Municipal de Cataguases


Introdução

Este trabalho surge a partir dos estudos sobre Patrimônio Cultural e como o tema
possibilita ações sob uma ótica holística, na escala de uma cidade, por exemplo. Tendo
como origem a formação de um arraial, percebe-se em seu traçado viário a presença de
ações urbanísticas que, com o passar dos anos vão se modificando, se tornando mais
complexos para atender às novas demandas dos usuários. A cada modificação realizada
pelo homem, no relevo, curso hídrico ou massa verde, a paisagem também se modifica,
porém mantém resquícios de todas as suas camadas históricas anteriores, formando,
segundo CONZEN (apud PEREIRA COSTA; GIMMLER NETTO, 2015) palimpsestos. Os
palimpsestos são complementares à historicidade no estudo da compreensão da
paisagem urbana, pois o primeiro reflete à dinâmica da transformação local e o segundo
representa a permanência da forma com o passar dos anos.

A procura pelo entendimento da formação urbana, em diversos lugares no mundo,


gerou diferentes correntes, sendo as principais, a Inglesa, a Italiana e a Francesa,
conhecidas como Escolas (PEREIRA COSTA; GIMMLER NETTO, 2015). Foram
estudadas as duas primeiras linhas de pensamento, onde a abordagem da identificação
das modificações no parcelamento do solo, principalmente, em relação aos quarteirões,
através de arruamentos de determinados períodos na evolução da ocupação urbana.
Assim torna-se possível fazer a leitura morfológica da cidade e suas regiões. Já a Escola
Italiana, prioriza a escala arquitetônica, identificando tipos que, reunidos, tornam-se
Tecidos Urbanos. Através dos Tecidos é possível efetuar a leitura de macro ou micro
áreas da cidade com necessidades semelhantes, podendo contribuir na elaboração de
planos de preservação e planejamento urbano integrado.

O objeto de estudo escolhido para a elaboração deste trabalho é Cataguases


(MG). Localizada no vale da bacia hidrográfica do Rio Pomba1. A cidade se desenvolveu

1 Dados retirados do site: http://comites.igam.mg.gov.br/comites-estaduais/bacia-do-rio-paraiba-do-


sul/ps2-cbh-rio-pomba-e-muriae/1236-conheca-a-bacia-ps2. Acesso em: 25/07/2016.

16
com a industrialização e se tornou expoente da cultura modernista brasileira. Seu
conjunto arquitetônico e paisagístico, possui exemplares da arquitetura, não só
modernista, mas também, eclético e art déco, os quais esses últimos não recebem o
reconhecimento devido para uma preservação mais ampla das áreas de interesse cultural
cidade.

As políticas públicas vigentes, atualmente, não se mostram eficazes para a


adequada preservação da paisagem urbana da cidade, que passa constantemente por
modificações.

A partir do conhecimento da cidade, suas transformações e do estudo de sua


ocupação e da historicidade que a compõe, é possível compreender o espaço afim de
que se possa contribuir com a definição de diretrizes capazes de colaborar com ações de
conservação integrada de regiões como o sítio histórico e minimizar impactos que
possam fragilizar a identidade da cidade.

O trabalho é dividido em três capítulos, onde o primeiro aborda a evolução da


ocupação urbana de Cataguases, para um melhor entendimento da cidade, do
tombamento federal de seu Conjunto Histórico, Arquitetônico e Paisagístico e, as outras
diretrizes que atuam sobre a transformação da paisagem da cidade.

O segundo capítulo, aborda a formação estrutural de Cataguases, sua localização,


dados técnicos, físicos e naturais que condicionam sua implantação, além das formas de
ocupação que, através de suas semelhanças formam os tecidos urbanos, descritos e
estudados seguindo os preceitos da Escola Italiana de Morfologia Urbana, abordado por
PEREIRA COSTA e GIMMLER NETTO (2015). No final deste capítulo, após os estudos
e análises anteriores, é identificada uma determinada área de Cataguases, no qual é
realizada uma análise da sua paisagem urbana, com intuito de embasamento para
futuras proposições. Outra importante referência utilizada foi o Catàlog de Paisatge de
Catalunya, cujas fases de estudo são incorporadas na expectativa de se completar todas.
Ainda, como referência para ampliar os estudos da paisagem, foram utilizados autores
como Kevin Lynch e Gordon Cullen.

Por fim, no terceiro capítulo, apresenta-se como estudo de caso a cidade gaúcha
de Pelotas, onde diretrizes urbanísticas implantadas, mostram-se adequadas à
preservação do patrimônio urbano e de sua paisagem.

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1. Formação Urbana de Cataguases

A região da Zona da Mata mineira teve sua ocupação, intrinsecamente,


relacionada à escassez do ouro na região das Minas. A Coroa Portuguesa exercia grande
controle para evitar o contrabando e desvio do ouro, a mata mineira proibida de receber
estradas e caminhos e rigorosamente fiscalizada, devido à proximidade com o Rio de
Janeiro. Sendo esta medida revogada no início do século XIX, com a escassez do ouro,
novas regiões foram exploradas marcando, assim, o início do processo de ocupação da
região e o surgimento de diversas cidades, entre elas, Cataguases. (CARNEIRO;
MATOS, 2010)

1.1. Os Vieira Rezende: O Café e a Política entre 1828 e 1930

Em maio de 1828 o francês Guido T. Marlière, Coronel Comandante, à serviço da


Coroa, viajando para inspecionar a estrada de Minas à Campos dos Goytacazes chegou
em Porto dos Diamantes, entre os habitantes o sargento Henrique de Azevedo que, com
a chegada do oficial, doou parte de seus terrenos para a construção de uma capela, em
homenagem à Santa Rita, de onde se traçou os primeiros limites para o povoado e
também as primeiras regras e diretrizes para o seu desenvolvimento e progresso como
apresentado a seguir:

Ficava a povoação apoiada, pelo lado do poente, no rio Pomba, e pelo nascente
em o ribeirão Meia-Pataca, limitando pela outra face com os terrenos do doador.
Desde logo a povoação tomou o nome de Meia Pataca. (REZENDE E SILVA,
1908, p. 2)

18
O nome Meia Pataca, segundo Dr. Moreira Pinto (apud REZENDE E SILVA, 1908)
se deu quando, no início do século XIX, alguns exploradores extraíram meia pataca2 de
ouro no rio, o qual leva o nome até os dias de hoje.

O povoado, inicialmente, contava apenas com alguns índios e uns brasileiros.


Após a construção da igreja, que se limitava apenas à capela-mor, o lugar passou a se
chamar Santa Rita do Meia Pataca, tendo seu curato3 pertencente à freguesia de São
Januário de Ubá. (REZENDE E SILVA, 1908)

Já em meados do século XIX chegou nas localidades, o major Joaquim Vieira da


Silva Pinto o qual, fundou a Fazenda Nossa Senhora da Glória, grandes extensões de
terra, distando alguns quilômetros do povoado que surgia, onde se estabeleceu como
patriarca de uma família que se tornaria fundamental na história da construção da cidade.

Lá chegando fundou a Fazenda Nossa Senhora da Glória, nome em


homenagem a Virgem Maria, de devoção familiar, cuja imagem, em mármore
policromado, ocupava o altar da Capela da morada. A construção, infelizmente
hoje desaparecida, era ampla e espaçosa, refletindo a própria imagem e caráter
do Major Vieira. (CALDAS, 2012, p.5)

Provindo de uma família, cuja a descendência foi fortemente envolvida na política


do Império e da República, o major recém instalado, inquietou-se em melhorar as
condições do pequeno arraial. E, com tantos esforços, em outubro de 1851, através da
lei provincial nº 534, o curato de Santa Rita do Meia Pataca foi elevado à categoria de
freguesia, passando assim a possuir exclusivos benefícios eclesiásticos. (REZENDE E
SILVA, 1908)

Segundo Rezende e Silva (1908), ao longo dos anos, várias modificações foram
se fazendo na região. Curatos tornando-se freguesias, desmembramentos de paróquias,
entre outras. Tendo assim, em 1874, a seguinte descrição:

Já então após esse decurso de tempo muitas, e em grande número as fazendas


que floresciam no seu solo opulento; abundante a exportação do café; fartas as
colheitas de cereais; em todos os sentidos as estradas de rodagem; diminuídas

2Meia Pataca, correspondia à quantidade de 160 réis (1 pataca = 320 réis). Também responsável pela
origem do ditado popular que designa alguma coisa de pouco valor ou de má qualidade: "Isso não vale
meia-pataca!", ou seja, "isso não vale nada!".
3 Segundo CORONA & LEMOS, divisão eclesiástica onde se localiza a casa do pároco da Igreja.
19
as distâncias; devassadas as matas em todos os recantos. O arraial já
apresentava sortidas e bem aparelhadas casas de comércio de todo gênero e a
população crescia rapidamente. (REZENDE E SILVA, 1908, p. 10)

O rápido desenvolvimento da freguesia e o crescimento populacional na região fez


surgir, o anseio em elevar à Vila o arraial do Meia Pataca, tomando frente o Coronel José
Vieira de Rezende e Silva usando da influência de seu pai, o Major. (REZENDE E SILVA,
1908)

Parte do rápido desenvolvimento local, dava-se devido ao crescimento produção


de café na região que, segundo Mercadante (1973 apud MELLO, 2014) assumiu
importância econômica entre 1847 e 1851, principalmente quando as cidades de
Leopoldina e Além Paraíba surgiram nos mapas de exportações da Província,
contribuindo com o início da produção cafeeira na região da Zona da Mata. O impulso na
produção do café se deu como alternativa pela escassez do ouro na região das minas.

Com o fim do ouro fácil, os mineradores buscavam alternativas para seus


investimentos. A lavoura mostrou-se uma solução viável e as terras férteis da
Zona Proibida tornavam-se atraentes. Até porque muitos os desbravadores
contavam com escravos em grande número de escravos, um facilitador para
tarefas de desmatamento, plantio e colheita. (MELLO, 2014, p. 58)

Em novembro de 1875, sob a lei nº2180, a qual declarou a criação do município


de Cataguazes4, composto pelas freguesias do Meia Pataca, Laranjal, Empoçado, Santo
Antônio do Muriahé e Capivara, tendo sua sede no Meia Pataca, elevado à Vila. Esta
mesma lei anexou à freguesia da vila o território da margem esquerda do Rio Novo e do
da Fazenda de Manoel Fortunato Ribeiro. (REZENDE E SILVA, 1908)

Em 1877, somente dois anos após a criação, a Vila foi inaugurada, juntamente
com o trecho da Estrada de Ferro Leopoldina, que passava pela região. Sua construção,
iniciada cinco anos antes, tinha o objetivo de facilitar o transporte do café produzido na

anha a fazenda do Bom Retiro, onde nasceu, situada na região da Lagoa Dourada,

20
região da Zona da Mata até a capital, Rio de Janeiro. O ramal da linha férrea que passava
por Cataguases5 atravessava os mais prósperos municípios da região. (MELLO, 2014)

Tinha a Vila de Cataguazes, na data de sua inauguração seis ruas e duas praças.
As ruas eram: O caminho do PassaCinco (depois rua José de Alencar e hoje,
Alferes Vicente de Azevedo), do Pomba (hoje, Major Vieira), Sobe-Desce
(Coronel Vieira), do Meio (Rebello Horta), Cemitério (Duque de Caxias), e
caminho da Estação (hoje rua da Estação ou Marechal Deodoro). Os largos
eram: da Matriz e do Rosário (hoje do Comércio ou Praça Marechal Floriano).
(REZENDE E SILVA, 1908, p. 53) (Ver figura 1)

Figura 1 Vila de Cataguases em 1878

Fig.2
Fig. 3

Fonte: MELLO, 2014, p. 83, adaptado por Mariana Rossin (2016)

5Pela lei estadual nº 336, de 27-12-1948, o município de Cataguazes teve sua grafia alterada para
Cataguases.
21
A chegada do trem na região trazia a modernidade, transpunha os limites físicos,
abria novas ruas (figura 2 e figura 3), trazia novidade, o trabalho livre, a industrialização
e a República. A vila foi elevada à cidade em setembro de 1881, mesmo ano do
falecimento do Coronel José Vieira, personalidade relevante para a história da cidade,
tendo vários feitos em seu nome além da influência que exercia, principalmente como
primeiro presidente da Câmara Municipal de Cataguases. Diante das novidades trazidas
pela chegada da linha férrea e do trem, estava a chegada dos imigrantes, sendo os
italianos os primeiros a se instalarem, por volta de 1870. (CAPELA E CANTONI, 2011
apud MELLO, 2014)

Figura 2- R. Cel. João Duarte Figura 3 R. Cel. João Duarte

Autor: Aberto Londoes (1897). Fonte: Autor: Aberto Londoes (1900). Fonte:
facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016 facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso:
maio/2016

A presença destes imigrantes na cidade foi essencial para o desenvolvimento


cultural região. Eles traziam novidades da capital e de suas culturas, modificando
drasticamente as características locais.

Tiveram, por exemplo, os imigrantes que trabalhavam com fotografia, como


Alberto Landoes, Gallotti Serra, Ianini e Pedro Comello; os comerciantes, Antero
Ribeiro, José dos Santos Júnior, Juvenal Viana e Manoel da Silva Rama; os
jornaleiros como os irmãos Armando e Giovanni Leone; Augusto Rousseau e
Gaetano Mauro, engenheiros; [...] Eva Comello, atriz [...] João Batista da Silva
Aral, responsável pela construção da ponte metálica em Cataguases [...] Manuel
Ignácio Peixoto, comerciante e industrial; Osvaldo Abritta, professor e poeta do
Movimento Verde; [...]. Além dos vários portugueses que se dedicaram ao
comércio e atividades industriais. (MELLO, 2014, p. 68)

Na arquitetura, traziam influências europeias, onde a Revolução Industrial com


seus ferros, vidros e ladrilhos hidráulicos, tomava as construções em estilo Eclético,
promovendo o embelezamento da cidade (figuras 4 e 5).

22
Figura 4 Praça Governador Valadares Figura 5 R. Manoel da Silva Rama

Autor: Foto Lídice (1960). Fonte: Autor: Alberto Landoes (1916). Fonte:
facebook/arquivopublicomunicipal. facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso:
Acesso: maio/2016 maio/2016

De acordo com Resende (apud MELLO, 2014) em 1889, teve início algumas
modificações, novas atividades comerciais, saúde e lazer foram implantadas na cidade.
Neste mesmo período, devido à falta de infraestrutura adequada e o grande crescimento
urbano, Cataguases sofreu uma grave epidemia de febre amarela, levando a contratação
através do, então presidente da Câmara Luiz Vieira de Rezende e Silva, dos engenheiros
André Gustavo Paulo de Frontin6 e Henrique Batista para desenvolverem um projeto de
saneamento para a cidade, sendo realizada a primeira planta cadastral de Cataguases
e, concluindo a obra em 1892.

A chegada do século XX, com suas modernidades e, também, com a crise cafeeira
levou Cataguases à industrialização sendo criadas, logo nos primeiros anos do século
XX, a Fábrica de Fiação e Tecelagem e a Companhia Força e Luz Cataguases
Leopoldina, ambas em 1905. Obras de infraestruturas realizadas na cidade promoveram
grandes mudanças urbanas e novas áreas foram sendo ocupadas. A partir da lei nº198
de 1906 (MELLO, 2014), terrenos às margens do córrego Lava Pés foram adquiridos para
a construção de uma avenida, sendo feito, ali, a canalização do córrego e às suas
margens foram construídas duas vias de rolamento para veículos e para a linha férrea,

6Engenheiro, professor e político brasileiro, foi senador, deputado federal e prefeito do Rio de Janeiro.
Foi responsável por importantes modificações urbanas no Rio, comandou a construção da Av. Rio
Branco, em 1904, durante o governo de Pereira Passos. Executou o alargamento da Av. Atlântica e
construiu as avenidas Delfim Moreira e Niemeyer.
23
inaugurando a Av. Astolfo Dutra, com traçado semelhante aos bulevares europeus7
(figuras 6 e 7).

Figura 6 Av. Astolfo Dutra Figura 7 Av. Astolfo Dutra

Autor desconhecido (Início do século XX). Autor desconhecido (Década 1920). Fonte:
Fonte: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso:
maio/2016 maio/2016

Foi, então, nas primeiras décadas do século XX, que se intensificou a ocupação
da região no entorno da Av. Astolfo Dutra com palacetes burgueses, tipicamente
ecléticas, com porões alteados e exuberantes ornamentações. Outra região ricamente
ocupada à época, foi o entorno da Estação Ferroviária, possuía vários comércios, bancos
e o Grande Hotel Villas, este, representava a importância e prosperidade da cidade, no
momento. A Estação Ferroviária, assim como, a linha férrea foram grandes símbolos de
ocupação na cidade (figura 8). Após suas construções, novas regiões começaram
tiveram suas ocupações efetivadas, através do prolongamento da linha férrea até o
distrito de Vista Alegre, das regiões dos bairros Vila Reis e Justino.

7 Segundo SILVA (2007) os bulevares parisienses representavam toda a alavanca para a modernidade
do século XIX, transformando a antiga Paris num espetáculo sedutor. Essas largas avenidas, ricas em
paisagismo, de Napoleão e Haussmann, revolucionaram o urbanismo conhecido, até então, se
tornaram modelo da urbanização moderna sendo reproduzidos em vários lugares do mundo.
24
Figura 8 Cataguases em 1923

Fonte: LINS, 2012, p. 46, adaptado por Mariana Rossin (2016).

A modernidade chegava também, segundo MELLO (2014), em forma de


substituição de antigas construções por outras, novas e num estilo arquitetônico que
atendesse ao momento da cidade, o Eclético. E assim, prédios públicos existentes foram
substituídos, como a Igreja Matriz (figura 9), onde a antiga capela deu lugar à um edifício
maior.

A reforma manteve a forma da cruz grega, implantada no meio de um dos lados


do quadrilátero que define a Praça Santa Rita. Além da entrada principal, voltada
para a praça, outras duas entradas foram abertas nas fachadas laterais em seus
transeptos. [...] A reconstrução do novo templo foi finalizada no ano de 1909.
(COSTA, 1977 apud MELLO, 2014, p.98)

25
Figura 9 Antiga Igreja Santa Rita de Cássia

Autor desconhecido (Década 1940). Fonte: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016

Em frente à praça, que também sofreu modificações, foi construído o Paço


Municipal (figura 10), com características ecléticas, datado em 1895. Além de outras
obras públicas, como antigo Teatro Recreio (figura 11), 1896, o Grupo Escolar Coronel
Vieira (figura 12), de 1913, o antigo Hospital (figura 13), do início do século XX e a Ponte
Metálica (figura 14), em substituição à antiga de madeira. (MELLO, 2014)

Figura 10 Paço Municipal Figura 11 Teatro Recreio

Fonte: Mariana Rossin (2016) Autor desconhecido (s/d). Fonte:


facebook/arquivopublicomunicipal.
Acesso: maio/2016
26
Figura 12 Grupo Escolar Coronel Vieira Figura 13 Antigo Hospital

Figura 16 Chácara Dona Catarina

Autor: Alberto Landoes (1915). Fonte: Autor: Alberto Landoes (1905). Fonte:
facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016 facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso:
maio/2016

Figura 14 Ponte Metálica sobre o Rio Pomba, na inauguração

Autor: Alberto Landoes (1915). Fonte: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016

Outro tipo de construção comum à época, foi o estilo chalé, carregava


características das fazendas sem deixar de apresentar a modernidade da cidade. O
principal representante deste tipo arquitetônico, na cidade, é a residência de João Duarte
Ferreira, implantada num terreno em frente à Estação Ferroviária, a Chácara Dona
Catarina, como é conhecida, carrega elementos como lambrequins e rendilhados em sua
ornamentação8 (figuras 15 e 16).

8 A casa, hoje, pertence à Prefeitura Municipal e abriga a Biblioteca Municipal Ascânio Lopes e seu
terreno, forma a Praça Dona Catarina, espaço público de grande centralidade na cidade.
27
As primeiras reestruturações urbanas foram até a década de 1930. O prefeito
Pedro Dutra em seu governo, iniciado em 1931, trabalhou com obras de higienização e
saneamento da cidade, como a canalização de córregos, construção do matadouro,
atendendo requisitos de higiene, de vias e calçamentos, demolições de cortiços
existentes, principalmente na margem esquerda do Rio Pomba permitindo, assim, o início
da ocupação regular dessa parte da cidade (figuras 17 e 18).

Figura 15 Chácara Dona Catarina, 1900 Figura 16 Chácara Dona Catarina

Autor desconhecido (1900). Fonte: Fonte: Mariana Rossin (2016)


facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016

Figura 17 Antigo cortiço no Bairro Vila Figura 18 Bairro Vila Tereza com Antigo
Tereza Hospital (prédio de duas torres)

Autor desconhecido (Década 1930). Fonte: Autor desconhecido (Década 1930). Fonte:
facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016 facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016

1.2. Os Peixoto: A industrialização e o desenvolvimento a partir de 1930

Para melhor entendimento da evolução urbana da cidade a partir da década de


1930, devemos voltar alguns anos quando, efetivamente, os Peixoto chegaram na
cidade.
28
A trajetória dos Peixoto em Cataguases teve início nos primeiros anos do século
XX quando, após chegar na cidade, para trabalhar na construção da Linha Férrea, o
comerciante português Manuel Inácio Peixoto, uniu-se ao empreendedor João Duarte
Ferreira, em 1910, e criaram o Ginásio e a Escola Normal de Cataguases9, no ano
seguinte adquiriu a recém montada Fábrica de Fiação e Tecelagem (figura 19) que,
segundo Alonso e Castriota (sem data), passava por grave crise econômica. Após a
compra da Fábrica, Manuel passou seu nome para . Quatro
anos mais tarde, com o falecimento do patriarca, a Fábrica passou a ser chamada de
, sob o comando dos filhos, Altamiro, José e Manoel. Em 1935,
transformou-se em sociedade anônima, tendo seu nome modificado para
(COSTA, 1977)

A fábrica foi um importante polarizador da cidade, à época, pois devido sua


implantação - próxima à Estação Ferroviária deu-se início a ocupação daquela parte da
cidade surgindo, assim, o bairro Vila Domingos Lopes, nos seus arredores.

Figura 19 Fábrica de Fiação e Tecelagem de Cataguases

Autor: Foto Lídice (Década 1930). Fonte: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016

9 Precedentes do atual, projeto de Oscar Niemeyer, Colégio Cataguases, de 1943.


29
A partir daí iniciou-se a consolidação da Indústria Têxtil na cidade, tornando-se o
motor econômico. Como evidência desta consolidação, consta que, em 1936 o prefeito
Joaquim Martins da Costa Cruz, elegeu uma delegação para estudar a implantação de
uma nova fábrica têxtil na cidade, alegando que com a instalação desta nova fábrica
também se instalariam na cidade, novas vilas operárias, marceneiros, pedreiros,
aumentando consideravelmente a renda e a população cataguasense. Assim feito, a
nova fábrica foi fundada no mesmo ano, a Companhia Industrial de Cataguases,
localizada à margem esquerda do Rio Pomba, resultado da união do poder público com
três grupos de poder privado, os Irmãos Peixoto e os senhores Ormeo Junqueira Botelho
e Severino Pereira da Silva tendo, posteriormente, à frente da nova fábrica a família
Peixoto, representada por José Ignácio Peixoto. (MELLO, 2014)

A indústria selou, também, a afirmação da Família Peixoto no poder de


Cataguases, fornecendo privilégios e dividindo entre dois clãs de poderes na cidade, os
Peixoto e os Vieira Rezende. Conforme MELLO (2014) a crise do café e o crescimento
da industrialização, fez surgir uma nova classe de trabalhadores, a classe operária, a qual
rapidamente foi se tornando significativa para os interesses políticos das duas famílias,
pois representavam uma parcela considerável de eleitores. A classe operária ia, também,
tornando-se símbolo cultural, eram novos costumes e novas formas de inserção na
sociedade que deixaram marcas na história da cidade, como a Banda de Música da
Indústria Irmãos Peixoto, Operário Futebol Clube e outros.

Todos esses elementos que estruturaram a Cataguases do tempo da indústria


deixam ver que, mesmo com a manutenção de certos hábitos, prevaleceu a
inserção de novos padrões na trajetória da história local: da família de tradição
política para a família descendente do imigrante; do domínio de caráter
oligárquico gerado pelo vínculo familiar para o domínio regido por interesses
comuns estabelecidos entre profissionais liberais, comerciantes e industriais; da
economia agrícola pautada no café para a economia urbana pautada no
comércio e na indústria; do trabalho com resquícios da escravidão para o
proletariado regido por uma inicial política trabalhista. [...] promovendo outras
formas de sociabilidade, de agrupamentos e de reuniões sociais que, por sua
vez, criaram também lugares de convívio, de formação e de informação, opondo-
se ou justapondo-se aos já existentes. (MELLO, 2014, p. 235)

A partir deste momento a história da indústria, na cidade, passou a ter relação


intrínseca com a história da arquitetura em Cataguases. Marcando a mudança do, até
então usado, estilo eclético ou o estilo fabril inglês, no caso da Fábrica de Fiação e
30
Tecelagem, para novas formas, inauguradas com implantação da Cia. Industrial
Cataguases. A nova indústria (figura 20), proporcionou o desenvolvimento urbano
daquela região, até então, pouco habitada. A posição da Companhia foi também em
frente a outro marco da cidade, a Ponte Metálica, datada de 1912-15 (MELLO, 2014).

Para Cardoso (1955, apud FRANZINI, 2014) até então, a cidade demostrava
sua subordinação às áreas planas, desenvolvendo-se ao longo do Rio Pomba, mais
tarde ao ribeirão Meia Pataca e posteriormente, ao córrego Lava Pés. E, a partir da
instalação da Cia. Industrial, com a inserção das casas operárias na porção posterior
da fábrica, é que se iniciou as ocupações em encostas, pela cidade.

A nova construção em estilo Art Déco, possuía uma linguagem mais moderna,
predominante nas construções de galpões fabris europeus, como as Fábricas de
Turbinas AEG e Fagus, de Walter Gropius e Adolf Meyer, respectivamente. Em Minas
Gerais, várias construções fabris foram erguidas, entre as décadas de 1930 e 1940,
sendo esta, em Cataguases, o exemplo da introdução do Art Déco fabril mineiro. Com
esquina marcada voltada para a ponte metálica (figura 21), platibandas simplificadas
e horizontalidade marcada pelo ritmo das janelas, em básculas, feitas de ferro e vidro.
(MELLO, 2014)

Figura 20 Cia. Industrial Cataguases

Autor: Foto Lídice (1933). Fonte: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016

31
Figura 21 Cia. Industrial Cataguases e a Ponte Metálica

Fonte: Arquivo Público Mineiro apud MELLO (2014)

Figura 22 Edifício dos Correios Figura 23 Edifício à R. Cel. João


Duarte
Figura 25 Capela
do Colégio Carmo

Fonte: https://www.google.com.br/maps (2011). Fonte: Mariana Rossin (2016)


Acesso: julho/2016

A década de 1930 consolidou o Art Déco na cidade (figuras 23, 24, 25 e 26) e,
ainda que, posteriormente, o Modernismo tenha invadido Cataguases, aquele não
deixou de ser reproduzido por toda a década seguinte, marcando a modernidade que
chegava e, ao mesmo tempo, se contraponto ao ecletismo que, até então dominava e
remetia aos Vieira Rezende. Recebendo até programas de normalização de
edificações públicas que, segundo SEGAWA (2010, p. 69)
projeto nacional de normalização arqu , ocorrido no Departamento de
Correios e Telégrafos e com exemplar em Cataguases (figura 22),
(SEGAWA, 2010, p. 71),
incentivando iniciativas privadas a reproduzirem o mesmo estilo arquitetônico.

32
Figura 24 Edifício à R. Cel. Figura 25 Edifício da Figura 26 Capela
João Duarte Câmara Municipal do Colégio N.Sra.
Carmo

Fonte: Mariana Rossin (2016) Fonte: Mariana Rossin (2016) Fonte: Mariana Rossin
(2016)

Ainda que o Art Déco fosse o estilo arquitetônico da década de 1930, segundo
MELLO (2014), outro estilo também surgia na cidade, o Neocolonial representado,
principalmente, pela construção do Colégio Normal de Cataguases - atual Colégio
Nossa Senhora do Carmo - 1940/42 (figura 28). O novo colégio seguia os padrões
arquitetônicos da Escola Normal do Rio de Janeiro 1926/30 (figura 27).

Figura 27 Escola Normal do Rio de Janeiro

Fonte: museusocioambiental.wpg.uol.com.br. Acervo do Centro de Memória do SERJ. Acesso: junho/2016

33
Figura 28 Colégio Nossa Senhora do Carmo - Antiga Escola Normal de
Cataguases

Fonte: Mariana Rossin (2016)

Paralelamente fase industrial que se firmava na cidade, ainda nas primeiras


décadas do século XX, movimentos culturais surgiram. O cineasta Humberto Mauro e
Pedro Comello iniciavam seus trabalhos na dramaturgia produzindo filmes, que tinham
como protagonista a atriz Eva Comello, filha de Pedro que, posteriormente, ficou
conhecida como Eva Nil. Com apresentações no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte,
Humberto Mauro rapidamente ganhou notoriedade encontrando patrocinadores e
apoiadores para seus filmes. Como descorre Mello (2014), a visibilidade alcançada
por um dos filmes produzidos, Thesouro Perdido, lançado em 1927, colocou Humberto
Mauro na lista dos jovens brasileiros cineastas no período. O Cineteatro Recreio foi o
palco das diversas aventuras cinematográficas de Humberto Mauro e fez a ligação
entre o cineasta, Pedro Comello, o cinema e Cataguases.

Assim como no caso do cinema, outra ligação importante que ocorreu na cidade,
contemporaneamente, foi entre o Ginásio Cataguases (figura 29) e os integrantes do
grupo Verde, fenômeno literário que ocorreu no ambiente estudantil, gerando marcas
culturais na cidade.

...mas surgiu o fenômeno Cataguases, o fenômeno literário em Cataguases.


Era o que eu achava, pois era um negócio esquisito um fenômeno literário
em uma cidade tão pequena. Surge em 1927, por efeito de um ginásio muito

34
bem estruturado, onde se aprendia realmente alguma coisa; por efeito de
uma boa casa de espetáculos, onde realmente se podia projetar filmes; por
efeito dos jornais do Rio de Janeiro, que chegavam lá todos os dias às 17:05
da tarde pela estrada de ferro Leopoldina... (CÉSAR, 1978, p.65 apud
MELLO, 2014, p. 170)

O ginásio, como já dito, fundado em 1910, pelo português Manuel Ignácio Peixoto
e João Duarte Ferreira, representando a vontade de crescimento concomitante ao
crescimento econômico da população. (GONÇALVES, 2005; HAIDAR, 1972 apud
MELLO, 2014).

Figura 29 Antigo Ginásio Municipal

Autor desconhecido (1930). Fonte: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016

As leituras obrigatórias e diárias, no Ginásio, foram o início de uma grande


influência modernista que os alunos tiveram, que começaram a escrever sobre o tema.
Em 1914, foi fundado o Grêmio Literário Machado de Assis onde, em seus encontros, os
estudantes liam poemas românticos. Na mesma época, o jornal O Estudante, serviu de
vitrine para os textos feitos pelos acadêmicos, oferecendo até premiações para os
trabalhos mais interessantes e se tornando um ensaio para as primeiras crônicas do
grupo Verde. (MELLO, 2014)

Os jovens da capital vivam influencias diretas das vanguardas modernistas


europeias, pois passavam temporadas no continente tornando-se aqui, pioneiros, através
de divulgações, em jornais da época, de poemas com versos livres e termos futuristas.
Essas influências chegaram rapidamente em Cataguases, através das revistas e jornais,
mas principalmente, através do Grêmio Literário.

35
O Grêmio pode ser visto, portanto, como o principal formador da competência
literária e, através do jornal, o veículo inicial para os poemas revolucionários
dos estudantes Guilhermino César, Ascâncio Lopes, Camilo Soares, Fonte
Bôa, Francisco Ignácio Peixoto, Oswaldo Abritta e Rosário Fusco. Com eles
Martins Mendes e Enrique de Resende, já mais velhos e com a vida
profissional consolidada, fundaram o grupo Verde. (MELLO, 2014, p.174)

Estes personagens, segundo Mello (2014) estão nos registros históricos


brasileiros como membros do grupo Verde de Cataguases, responsáveis pela fundação,
em 1927, de uma das revistas vanguardistas mais importantes de nosso país. Foram seis
edições da revista, mas seus escritores não se limitavam apenas a ela, livros também
foram lançados com maior ou menor grau de ligação com o Movimento Moderno. Sobre
o assunto da revista, tem-se a seguir um trecho da primeira edição da Revista Verde, de
setembro de 1927:

Minas acompanha S. Paulo e Rio em todas as suas modernas manifestações


esthéticas [sic], não desmentindo, assim, que sempre foi, é, e há de sempre
ser o berço dos que se degladiam pelas supremas aspirações, hontem
[sic], a liberdade política, hoje, a liberdade de pensamento. Mas o movimento
modernista em Minas não se limita ao de Bello-Horisonte [sic] e Juiz de Fora.
Também aqui, nesta pequenina cidade de algumas milalmas [sic], cresce a
flor maravilhosa do espirito moderno. Vindo de um centro de intellectuaes [sic]
aqui vivi dois anos [sic] e meio na mais completa ignorância de que em

líric
(VERDE, 01/09/1927, p.10)

Os Verdes defendiam a modernidade expressa na liberdade formal, considerado


o maior legado do movimento, construindo assim, textos livres e arrojados, demonstrando
total domínio da proposta modernista que ocorria. E, segundo Wilson Martins (apud
por isso, a experiência dos Verdes não foi superficial, tendo sido

E foi assim que, a partir da década de 1930 a população de Cataguases já


vivenciava as produções cinematográficas de Humberto Mauro e experimentava os
avanços e efervescências do grupo Verde enquanto novos princípios estéticos iam se
introduzindo na sociedade que se modificava gradativamente, sendo substituídos os
trabalhadores rurais das fazendas de café, por operários das indústrias, transformando a
cidade, antes rural em, essencialmente, urbana.
36
Não tinha nada por aqui (Avenida Artur Cruz). Tinha essas casas todas aí,
antigas. A avenida (Astolfo Dutra) era só lá embaixo. Não era calçado não.
Depois foi calçando. Naquele tempo não tinha nada, era só o cinema Recreio.
Uma beleza de prédio...[...]

Lá pelo lado da Vila (Domingos Lopes) não tinha quase nada, tinha uma mina

Sereno. Mas eram poucas casas...

Ali na avenida (Astolfo Dutra) plantava arroz ali. Naquele tempo tudo era
brejo... O Toninho Carroceiro plantou muito arroz ali.

Em 1926, a maior produção era das indústrias. Já tinha os Peixoto, as fábricas


dos Peixoto espalhadas por aí, por tudo enquanto é lado. O movimento era
grande! A lavoura era braçal, na época. O que tinha aqui era ela (indústria)
mesmo! Quase que não tinha nada aqui, era só o comércio e a indústria (...).
(Carlos Carvalho, comerciante de 90, apud Memória e Patrimônio Cultural,
vol.1, 2012, p. 65)

A partir dos anos 40 a expansão industrial já dominava a cidade e moldava uma


nova forma e ocupação (figuras 30, 31 e 33). As áreas planas já se encontravam bem
adensadas e valorizadas, deixando para os que chegavam das zonas rurais e de
outras cidades, a opção de ocupar as encostas (figura 34). A necessidade de novos
espaços para ocupação da classe operária só crescia (figura 32), assim como o
número de fábricas instaladas na cidade, principalmente, entre as décadas de 1940 e
1960, promovendo o surgimento de novos bairros. Houve um crescimento no sentido
norte-sul da cidade ocasionado, principalmente, pelas instalações fabris que iam
chegando na cidade faziam surgir assim novos bairros, como Granjaria (projetado
para ser, exclusivamente, residencial), Popular e Haideê Fajardo, como mostra a
figura 35. (FRANZINI, 2014)

37
Figura 30 Vista aérea de parte da Figura 31 Praça Rui Barbosa (Antigo
cidade Largo do Comércio)

Autor: Foto Lídice (1933). Fonte: Autor: Alberto Landoes (1930). Fonte:
facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016 facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016

Figura 32 Bairro Jardim

Autor: Foto Lídice (Década 1930). Fonte: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016

38
Figura 33 Construção da Escola Guido Marlieri

Autor desconhecido (1929). Fonte: facebook/arquivopublicomunicipal. Acesso: maio/2016

Figura 34 Vista aérea do Bairro Jardim

Fonte: Secretaria de Cultura de Cataguases (s/d) apud ALONSO, 2010, p. 56

39
Figura 35 Cataguases em 1939

Fonte: LINS, 2012, p. 47, adaptado por Mariana Rossin (2016).

O racionalismo carioca ganhou a cidade, tendo como principal personagem de


conexão entre o Modernismo, o Rio de Janeiro e Cataguases a figura de Francisco
Ignácio Peixoto, filho mais velho do português Manuel Ignácio Peixoto. Francisco
morou no Rio de Janeiro entre os anos de 1928 e 1936, ao mesmo tempo em que
ajudava na produção do grupo Verde. Estudou Direito na Faculdade Nacional, tendo
se graduado em 1930. Assim como ele, outros jovens modernistas que, também,
estavam estudando Direito, eram filhos de fazendeiros que enriqueceram com a
produção de café ou pela inserção de indústrias no interior do país. (MELLO, 2014)

A década de 30 foi efervescente no campo político e cultural:

[...] anos 30, mais que um período de mudanças políticas, um período de


mudanças nos padrões culturais; um momento de transformações nas
estruturas de poder em que se buscava destituir de privilégios os velhos
padrões. A contestação ao estabelecido foi comandada pelo elemento

40
intelectual ao recrutar artistas e, principalmente, escritores para assumir
posições políticas.

Simultaneamente, a Escola Nacional de Belas Artes (ENBA) havia se tornado


um dos campos de disputa estilística e ideológica tendo como principal
embate o posicionamento entre a continuidade e ruptura com a herança
passadista no ensino de arquitetura. Não poderíamos deixar de mencionar
que, por essa época, em 1929, Le Corbusier com suas palestras já havia feito
fervilhar estudantes e arquitetos descontentes com o modelo de ensino
vigente que ainda guardava a forte influência Beaux-Arts. (MELLO, 2014, p.
250)

A concretização do movimento se fez com a construção de edifícios públicos


que se tornaram, imediatamente, ícones como o prédio da sede do Ministério da
Educação e Saúde, no Rio de Janeiro, em 1936, que lançou jovens arquitetos
brasileiros, como Oscar Niemeyer.

Francisco Peixoto, enquanto vivia no Rio de Janeiro já era escritor adepto ao


modernismo, já apoiava a causa e já se envolvia com grupos modernistas de São
Paulo, Belo Horizonte e do Rio. Ao retornar para Cataguases, sua família já possuía
o poder político e econômico da cidade, o que contribuiu para que o jovem colocasse
em prática o que viu do cenário carioca, através da reforma política atrelada à reforma
cultural, tendo como instrumento base, a arquitetura e, assim, iniciando um processo
de renovação da arquitetura local. Em 1941, contratou Oscar Niemeyer para elaborar
o projeto de sua residência, mesmo período em que o arquiteto, contratado por
Juscelino Kubistchek, projetava a Pampulha, em Belo Horizonte. A partir daí vários
projetos foram idealizados pelo jovem, juntamente com alguns amigos, como Marques
Rebelo com quem trocava cartas sobre possíveis mudanças na pequena cidade. 10
(ALONSO; CASTRIOTA, s/d)

Novos rumos eram traçados para Cataguases, incluindo demolições de


edifícios simbólico para a cidade, como o cineteatro Recreio, palco das inovações
cinematográficas de Humberto Mauro e Pedro Comello e a Matriz de Santa Rita de

10 Cartas mencionadas por MIRANDA (1994) apud MELLO (2014, p. 253)


41
Cássia, que já havia sido reconstruída no início do século, era marco religioso doado
à Guido Marlière na época de formação da cidade. (MELLO, 2014)

A residência de Francisco Ignácio Peixoto (figura 36) marcou a nova fase da


ocupação da cidade. Sua localização, à Rua Major Vieira, uma das seis ruas que
conformavam a cidade no século XIX, inseriu naquela região e, depois, nas Avenidas
Astolfo Dutra e Humberto Mauro diversos exemplares da arquitetura modernista na
cidade.

Figura 36 Residência de Francisco Ignácio Peixoto à R. Major Vieira, 154

Fonte: BATISTA, José Luiz (org.). Revelando minha cidade: Informe Cultural, 2009.

O próximo projeto de Niemeyer em Cataguases foi do Colégio Cataguases


(figura 37), entre 1945-49, localizado em uma das extremidades da cidade, na Av.
Humberto Mauro. Sobre o projeto do Colégio Cataguases:

Em virtude da linearidade, materialidade e linguagem compositiva o prédio se


destaca, porém é absorvido pela relação com seu entorno imediato. Pois este
é configurado por uma densa massa vegetal, a qual absorve esta escala
necessária ao número de alunos proposto pelo programa.

A relação do prédio com o entorno, do ponto de vista topográfico, por se tratar


de um terreno em aclive, foi baseado na manipulação do relevo, de modo a
criar uma grande área plana para inserção da barra que caracteriza o prédio.
Este fato gerou um talude de aproximadamente 5 metros de altura em relação
ao terreno onde se localiza a área da piscina e do campo de futebol. (BRINO;
BRINO, 2012, p. 11)

42
O imponente Colégio ainda contava com móveis de Joaquim Terneiro,
esculturas de Jan Zach, Paisagismo de Roberto Burle Marx e painéis de Cândido
Portinari (interno) e de Paulo Werneck (externo) (figura 38).

Figura 37 Colégio Cataguases Figura 38 Colégio Cataguases


painel externo de Paulo Werneck

Fonte: flickriver.com. Acesso: junho/2016 Fonte: Mariana Rossin (2014)

Figura 39 Hotel Cataguases Figura 40 Igreja Matriz Santa Rita


de Cássia (construção)

Fonte: Mariana Rossin (2016) Fonte: Centro Cultural Eva Nil (s/d) apud ALONSO
(coord.), 2012, p. 42

Figura 41 Igreja Matriz Santa Rita de Figura 42 Igreja Matriz Santa Rita de
Cássia Cássia

Fonte: ALONSO (coord.), 2012, p. 40 Fonte: facebook/cataguasesfotoseimagens. Acesso:


maio/2016
43
As décadas de 1940 e 1950 foram de intensa produção da arquitetura
modernista em Cataguases. Niemeyer, Burle Marx (figura 39 jardim), Francisco
Bolonha (figuras 47 e 51), MM Roberto (figura 45), Aldary Henriques Toledo (figura
39), Joaquim Terneiro (grande parte do mobiliário das edificações projetadas na
época), Candido Portinari (figura 49), Djanira (figura 41 - painel), Paulo Werneck
(figura 50 painel), Edgar Guimarães do Valle (figuras 40, 41, 42 e 50), Anysio de
Medeiros (figuras 43 painel externo, 52 painel externo ), José Vicente Nogueira
(figura 44), Luzimar Goes Teles (figuras 46 praça e 54), Carlos Leão (figura 48),
Emeric Marcier (figura 53 painel interno) e tantos outros arquitetos e artistas
deixaram suas marcas na cidade. A década de 1960, apesar da diminuição do ritmo,
ainda apresentou importantes projetos do estilo.

Figura 43 Painel externo Educandário Dom Figura 44 Pilotis do Edifício IAPI


Silvério (Previdência Social)

Fonte: Mariana Rossin (2016) Fonte: ALONSO (coord.), 2012, p. 117

Figura 45 Circulação
Figura 46 Vista aérea da Praça Rui
interna do Edifício A
Barbosa
Nacional

Fonte: ALONSO (coord.),


2012, p. 112 Fonte: Mariana Rossin (2016)

44
Figura 47 Coreto à Praça Rui Figura 48 Cine Teatro Edgard
Barbosa

Fonte: Mariana Rossin (2016) Fonte: ALONSO (coord.), 2012, p. 98

Figura 49 Monumento à José Inácio Figura 50 Residência José Inácio Peixoto


Peixoto -

Fonte: ALONSO (coord.), 2012, p. 88 Fonte: ALONSO (coord.), 2012, p. 96

Figura 51 Residência Nanzita Figura 52 Residência Nanzita


Painel externo

Fonte: ALONSO (coord.), 2012, p. 64 Fonte: Mariana Rossin (2016)

45
Figura 53 Residência Nanzita Figura 54 Residência Mauro
Painel interno Carvalho Ramos

Fonte: Mariana Rossin (2014) Fonte: ALONSO (coord.), 2012, p. 124

O modernismo delimitou uma nova área para ocupação, em Cataguases, nos


arredores da Avenida Humberto Mauro onde, inicialmente, se implantou o Colégio. A
partir da década de 1950 iniciou-se a ocupação, através de diversas construções
modernistas, na região da avenida (figura 55).

Em 1954 foi inaugurada uma nova ponte sobre o Rio Pomba, localizada à leste
da Ponte Metálica, dessa vez de concreto armado, construída para atender às novas
demandas da crescente urbanização na margem esquerda do Rio.

A cidade progredia com seu desenvolvimento industrial, já possuía a área


central com grande saturação, sem capacidade para receber novas indústrias, por
falta de espaço físico e infraestruturas. Devido a isso a Prefeitura Municipal, seguindo
aos moldes das grandes cidades brasileiras, criou uma área própria para instalação
de futuras indústrias. O Projeto do Distrito Industrial previa desde rede de
abastecimento de água satisfatório até construção de estrada para facilitar o acesso
a importantes rodovias. Em uma extensa área plana às margens do rio Pomba,
distando, aproximadamente, 3km do centro, o Distrito Industrial foi inaugurado em
1971, sem fins lucrativos, apenas compatibilizando-o com o crescimento da cidade.

Assim, mais uma vez, novos bairros, como Taquara Preta, Santa Clara, Ibrahim
e outros, foram surgindo e se desenvolvendo, desta vez, graças à instalação do
grande equipamento urbano, com apoio, inclusive de programas do governo para
construção de habitações de interesse social, próximos ao Distrito (figuras 56 e 57).

46
Figura 55 Cataguases em 1958

Fonte: Revista IBGE, 1958, p. 82, adaptado por Mariana Rossin (2016).

Figura 56 Distrito Industrial Figura 57 Distrito Industrial

Fonte: Mariana Rossin (2016) Fonte: Mariana Rossin (2016)

47
O processo de urbanização da região em que o Distrito Industrial foi implantado,
na década de 1970, continuou ao longo dos anos até a década de 1990, quando houve
uma estabilização. Atualmente, essa região está, novamente, sendo vetor de
crescimento da cidade, através de empreendimentos que estão sendo implantados na
área, como o bairro São Cristóvão, com habitações do tipo Minha Casa, Minha Vida
Figura 58). (FRANZINI, 2014)

Figura 58 Cataguases em 1980 (provável)

Fonte: IBGE, s/d, adaptado por Mariana Rossin (2016).

Ainda hoje a cidade permanece, fundamentalmente, industrial. Há diversas


indústrias espalhadas pelos bairros, área central e distrito industrial, sendo fortes
polarizadores de crescimento urbanos essas áreas, ainda hoje.

As áreas centrais, por estarem ais adensadas (figura 59) e, até mesmo,
saturadas, estão sofrendo, em alguns pontos, substituições de edificações antigas por
novos prédios, verticalizando a região e, alguns bairros que também estão passando
por essa transformação, aumentando o contingente populacional e promovendo uma

48
certa especulação imobiliária, como nos bairros Bandeirantes, Colinas e Bela Vista.
Além de construção de condomínios horizontais em bairros mais afastados do centro,
seguindo moldes de cidades maiores.

Figura 59 Cataguases em 2016

Fonte: PDP (2006) e Google Earth (2016), adaptado por Mariana Rossin (2016).

1.3. Tombamento Federal de Cataguases

Como descrito nas seções anteriores deste capítulo, Cataguases teve sua
formação, principalmente cultural, diretamente relacionada com a produção da arte e
arquitetura modernista, tornando-se um vasto acervo do estilo. Esta conformação apenas
se fez possível, devido ao desenvolvimento econômico ímpar ocasionado pela
industrialização da cidade. Outro fator decisivo, foi o olhar vanguardista de um grupo de
industrialistas que mantinham uma vida cultural intensa e deixava refletir no cotidiano
local. Neste momento, a família Peixoto merece destaque, por promover tamanho
desenvolvimento da cidade, através de construção de diversos edifícios públicos como,
49
cineteatro, hospital, moradia para funcionários de suas indústrias, escola e praças além
de suas próprias residências.

Segundo LINS (2012) a perda de uma das obras mais significativas da cidade, o
Painel Tiradentes - encomendado por Francisco Peixoto à Cândido Portinari para o Salão
Nobre do Colégio Cataguases e aclamado em exposição no Museu de Arte Moderna no
Rio de Janeiro, em 1949 após ser vendido para o Estado de São Paulo.11 Marcou o
início do movimento para o tombamento do conjunto da cidade.

Francisco Ignácio Peixoto faleceu em 1986. No ano seguinte teve início a parceria
entre a Prefeitura Municipal de Cataguases com a 7ª DR SPHAN/ Fundação Nacional
Pró-Memória (FNPM) de Minas Gerais e a Faculdade de Filosofia e Letras de Cataguases

(ALONSO, 2010), puderam desenvolver projetos de pesquisa, inventários e outros


movimentos de resgate à memória e cultura da cidade que, até então encontrava-se em
constante desvalorização. Na década seguinte, seu filho, Francisco Inácio Peixoto Filho
foi secretário de Cultura de Cataguases, participando ativamente do processo de
tombamento do conjunto da cidade. (LINS, 2012)

De acordo com Maria das Dores Freira (apud ALONSO, 2012, p. 31) técnica do
SPHAN/Pró-Memória, inicialmente responsável pelos trabalhos do SPHAN em
foi uma surpresa encontrar uma cidade que buscava o apoio do SPHAN
, pois o
órgão era visto com reservar pelas gestões municipais de outras cidades, como
fiscalizador e principalmente, as cidades mineiras do ciclo do ouro, primeiras tombadas.
Por Cataguases não possuir nenhuma experiência anterior com políticas de preservação,
era possível outras formas, novas, de trabalho, com abertura a iniciativas
preservacionistas, com divulgação e valorização das formas culturais da cidade, através
de educação patrimonial, diferentemente do que vinha sendo feito nas outras cidades
tuteladas pelo SPHAN. Não havia intenção inicial de tombamento, apenas de promover
a preservação do patrimônio local, como nota-se no trecho da entrevista dada por
FREIRE (2009) para ALONSO (2010, p. 126):

11 Atualmente o Painel Tiradentes encontra-se no Memorial da América Latina, na cidade de São Paulo.
50
Porque eles não chamaram a gente pra tombar nada. [...] A gente apostava que
a comunidade poderia ser a melhor guardiã de seu patrimônio.

chegar...Nem foi estratégico para chegar ao tombamento. Não era isso. O projeto
era aquilo mesmo: trabalhar com a cidade valorizando a sua memória, o seu
patrimônio cultural que seria revelado neste trabalho...ia sendo revelado...

[...] pra mim (o tombamento) era uma contramão do nosso jeito, do nosso projeto
original.

Em 1994, aconteceu em Cataguases um evento do Instituto de Arquitetos do Brasil MG,

artes plásticas, mobiliário, cinema e literatura publicada na cidade, sendo uma das
primeiras publicações detalhadas sobre as manifestações culturais da cidade e servindo
como embasamento técnico para o futuro dossiê de tombamento. Além disso, na ocasião,
houve a instalação da réplica do Painel Tiradentes (figura 60) no Colégio Cataguases.

Figura 60 Colégio Cataguases

Fonte: Mariana Rossin (2014)

No mesmo ano o, então presidente do Instituto Brasileiro do Patrimônio Cultural


(IBPC), Sr. Glauco Campello solicita a 13ª Coordenação Regional MG, a elaboração de

51
estudos indispensáveis ao exame de conveniência do tombamento do Centro Histórico
de Cataguases. (ALONSO, 2010)

Em depoimento, à época do tombamento Cláudia Lage, coordenadora do IPHAN,


discorreu:

[O tombamento] partiu de mim, pessoalmente.... Enquanto superintendente e


com o conhecimento de um trabalho que já vinha sendo feito em Cataguases e
a intenção não era fazer um tombamento repressivo, jamais. Mas, um
tombamento de reconhecimento de valor, não só do aspecto.... Porque naquela
época, nós já estamos falando disso há quinze anos, quinze anos atrás nós
tínhamos muito arraigado de tombamento como proteção no sentido de se evitar
que se aconteça alguma coisa, na verdade acabou acontecendo isso em
Cataguases, mas não era essa a intenção. Foi um tombamento feito, inclusive,
junto com a Pampulha. Arquitetura moderna. Então era assim, questão de
reconhecer o valor nacional de Cataguases. Era essa a premissa do tombamento
de Cataguases. Então foi partindo disso que eu levei a proposta de tombamento
ao presidente do IPHAN, na época Glauco Campello, que assumiu os dois e até
foi feito num tempo bem rápido porque ele queria que fosse feito.... Não me
lembro.... Mas, enfim, ele me deu todo o apoio para que a gente fizesse isso e foi
um trabalho.... Uma proposta regional com o apoio da presidência do IPHAN.
(LAGE, 2009, apud ALONSO, 2010, p.34)

A partir daí o tombamento federal de Cataguases é iminente, sendo no final do


mesmo ano, após uma reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural com
unanimidade na votação, efetivado o tombamento da cidade através da delimitação de
um perímetro que abrangia os bens móveis, imóveis e integrados. (ALONSO, 2010)

O tombamento federal de Cataguases, publicado em 05 de dezembro de 1994 no


Diário Oficial da União12 tem seu embasamento no artigo 216 da Constituição Federal de
1988, o qual amplia a definição de Patrimônio Cultural dada pelo Decreto Lei nº 25 de
1937,
imóveis existentes no País e cuja a conservação seja de interesse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor
(BRASIL, 1937) e passa a ser, [...]
constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,

12 ALONSO, 2010, p.35.


52
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação,
. (BRASIL,
1988)

A inscrição nos Livros de Tombo Histórico, Belas Artes e Arqueológico, Etnográfico


e Paisagístico do IPHAN no dia 17 de novembro de 2003, excluindo os bens móveis.

O dossiê de tombamento de Cataguases possui seu capítulo quatro intitulado

que participou do grupo de trabalho que elaborou o documento (IPHAN, 1994). Neste
capítulo o arquiteto dá seu parecer técnico recomendando o tombamento.

Os minuciosos estudos realizados pela 13ª Coordenação Regional constituem


argumentos suficientes para afirmar a importância e a necessidade da definição
de medidas em benefício de seu reconhecimento, proteção e valorização.

Coloca-se, contudo, a dificuldade de se traduzir a real dimensão dos processos


culturais ali ocorridos na seleção de um conjunto de bens para efeito de sua
respectiva inscrição nos Livros de Tombo.

[...] Restrito o tombamento às obras de arquitetura mais representativas, não há


como evitar a redução do sentido e o significado do movimento moderno
alcançados na cidade. Há o risco, inclusive, destas obras virem a ser
compreendidas como referências significativas no quadro da produção de
arquitetos ilustres, autores de seus respectivos projetos, e que têm assegurado
lugar de destaque na historiografia da arquitetura moderna no Brasil,
dissociando-as, portanto, das peculiares condições em que foram produzidas em
Cataguases, e de seus antecedentes. (ANDRADE apud IPHAN, 1994, p. 47-48)

A transcrição acima demonstra, claramente, o desafio que era o tombamento de


Cataguases à época, para o IPHAN, visto que o conjunto presente na cidade se
diferenciava claramente dos conjuntos encontrados nas cidades homogêneas,
principalmente as mineiras, onde o órgão, até então havia trabalhado, como Ouro Preto
e Diamantina, por exemplo. As obras modernistas em Cataguases encontram-se
disseminadas pela cidade, misturando-se com outras edificações de outros estilos
arquitetônicos, como eclético, art déco e neocolonial e outras. Segundo ALONSO (2010)
o reconhecimento, por parte dos técnicos, de somente obras modernistas de valor
significativo poderia causar o não reconhecimento de todo o processo cultural, social e
econômico que formou Cataguases. Necessitando, assim, de incorporar mais

53
amplamente os conceitos do patrimônio, mas o desafio maior seria de como aplicar tais
conceitos.

Cataguases revelava- centro histórico


heterogêneo, principalmente quando se tratando de um período mais recente de sua
história.

Cataguases revela na complexidade de sua história um novo conceito de


Centro Histórico, considerando-se, sobretudo, os seus períodos mais
recentes. Conceito que rompe os limites impostos pelo peso da herança
adquirida irrefletidamente da cultura europeia, acostumada a circunscrever
os interesses prioritários aos remanescentes da sociedade pré-industrial cujo
ideal de harmonia sempre estimulou os sentimentos de admiração e respeito.

Cataguases não é a Ouro Preto da modernidade; representa uma espécie de


síntese da história recente do país, potencializada, realçados os seus tons com
tintas fortes, sensíveis e brilhantes. Nessa medida, afirma-se como patrimônio
nacional, testemunho de sucessos e reveses. E como "Centro Histórico" haverá
de ter seus limites traçados. Como "Centro Histórico" haverá de dispor de critérios
e normas que disciplinem sua gestão. (ANDRADE apud IPHAN, 1994, p. 51)

Andrade (1994) transcorre sobre formas diferenciadas para proteção do


Patrimônio de Cataguases, visto que a preservação de seu Centro Histórico, com suas
características excepcionais, seria dificultada pelas formas tradicionais de preservação,
sendo necessário para isso, a delimitação de um perímetro de proteção. O arquiteto ainda
sugere algumas diretrizes de preservação, diferentes dos que vinham sendo adotados
até o momento, em outros casos.

Os limites traçados para o perímetro do Centro Histórico, primeiramente, não


deverão acarretar na aplicação pragmática dos preceitos que vigoram para as
cidades tombadas, ou seja, obriguem o controle rígido sobre quaisquer obras
novas ou reformas que se pretendem empreender em seu interior. Trata-se no
caso de uma espécie de declaração de área de interesse cultural, ao menos num
primeiro momento.

Nesta área serão selecionados os exemplares mais representativos; estes sim


tombados individualmente.

Recorrendo aos efeitos do tombamento, previstos no artigo 18 do Decreto Lei


nº 25/37, no interior do perímetro deverão ser relacionados um novo conjunto de
bem imóveis, por intermédio de um minucioso inventário que procure levar em

54
consideração o processo de formação e desenvolvimento da cidade e sua
correspondente fisionomia urbana. Os bens inventariados permanecerão
sujeitos, exclusivamente, nos casos de demolições, reformas ou novas
construções, à anuência prévia do Instituto do Patrimônio Artístico Nacional. Os
demais imóveis não inventariados no interior do perímetro estarão totalmente
liberados do controle do IPHAN, subordinando-se, tão somente, às posturas
municipais. (ANDRADE apud IPHAN, 1994, p. 51)

O tombamento do centro histórico de Cataguases se apresenta como uma área


com registros edificados isolados de um movimento cultural específico, ocorrido em
dado momento de sua história, que se mescla com outras edificações de outras
épocas, representando outros momentos culturais da cidade, mas que no caso, não
foram o foco do documento de tombamento federal, apesar das exceções não -
modernistas presentes no tombamento.

Usando destas diretrizes traçadas, o arquiteto finaliza seu parecer com a descrição
das quatro zonas, as quais acredita ser o espelho da formação e desenvolvimento urbano
de Cataguases:

A primeira zona está delimitada pelo baixo terraço que se eleva junto ao Rio
Pomba e seu tributário Meia Pataca, definindo o sítio escolhido para a
implantação do primitivo núcleo, a zona antiga da cidade. A segunda
compreende a primeira área de expansão urbana, determinada pelo traçado
da ferrovia, região onde se acham a estação ferroviária, depósitos e
armazéns, as instalações pioneiras das Indústrias Irmãos Peixoto, vilas
operárias, o Hotel Villas, etc. A terceira abriga o novo bairro surgido após a
canalização do Córrego Lava-pés, integrando a várzea insalubre à estrutura
urbana; trata-se da área mais nobre da cidade. Persegue os eixos das
avenidas Astolfo Dutra e Humberto Mauro, tendo como limite extremo o
Colégio Cataguases. A última está situada na margem direita do Rio Pomba
e envolve as novas instalações da Companhia Industrial de Cataguases, a
vila operária, o hospital, maternidade e o cemitério. (ANDRADE apud IPHAN,
1994, p. 52)

Sobre o perímetro de tombamento, ele diz:

Inicia-se na Praça Getúlio Vargas, confluência da Avenida Astolfo Dutra e Rua


Cel. João Duarte, segue em direção à Estação Ferroviária obedecendo o traçado
da antiga ferrovia, atual Rua Visconde do Rio Branco, abraçando, na Praça

dependências da Indústria Irmãos Peixoto, pela mesma Rua Visconde do Rio

55
Branco, envolvendo-a, inclusive as vilas operárias existentes às Ruas Gama
Cerqueira e Manoel Peixoto Ramos. Deste ponto retorna em direção à Praça
Getúlio Vargas, seguindo pela linha de cumeada do morro lindeiro, daí
perseguindo a Avenida Astolfo Dutra, pela margem esquerda do Córrego
Lavapés. Segue pela Avenida Humberto Mauro até atingir o Colégio Cataguases,
envolvendo-o e retornando à Praça Dr. Cunha Neto. Neste ponto toma a Rua
Eduardo Del Peloso, alcançando a Avenida Cel. Artur Luz. Segue por esta até
encontrar a Avenida Astolfo Dutra, cruzando-a e seguindo-a pela Rua Araújo
Porto; em seu término, na Rua Dr. Lobo Filho, inflete à direita e logo após a
esquerda, alcançando o Rio Pomba pela Travessa São Vicente de Paula.
Cruzando o Rio Pomba envolve o cemitério e a Companhia Industrial de
Cataguases, seguindo após pela Rua Francisca Peixoto, compreendendo a
Praça José Inácio Peixoto. Segue pela Rua José de Almeida Kneipp; em seu
término, junto ao eixo de cotovelo do Rio Pomba, volta a atravessá-lo, seguindo
pela margem esquerda até alcançar o ponto de confluência do Ribeirão Meia
Pataca. Neste ponto persegue a direção da Rua Ascânio Lopes até a altura da
Rua Prof. Alcântara13 até atingir a Praça Sandoval de Azevedo. Segue após pela
Rua Joaquim Peixoto Ramos até atingir a Praça Rui Barbosa, onde inflete à
direita pela Rua João Duarte, retornando ao ponto de partida, na Praça Getúlio
Vargas. 14 (ANDRADE apud IPHAN, 1994, p. 52-53)

Ainda apresenta uma lista de dezesseis imóveis inseridos no interior do perímetro


descrito que deveriam ser tombados individualmente, os bens móveis e integrados que
também deveriam ser tombados, juntamente com os imóveis aos quais pertencem, além
da pavimentação das ruas e avenidas.

Ao final da lista dos imóveis, o arquiteto acrescenta uma observação no relatório:

O Inventário de Bens Móveis e Integrados da Secretaria Municipal de


Cultura/Prefeitura Municipal de Cataguases, cujas cópias passam a fazer
parte do presente processo de tombamento, deverá ser completado com
relação aos seguintes imóveis tombados: Residência Francisco Inácio
Peixoto, Residência O. A. Gomes, Residência Josélia Peixoto Medeiros e

13Rua Professor Alcântara nº134, última residência de Dona Eva Comello, a atriz Eva Nil do Ciclo de
Cataguases do Cinema Brasileiro.
14Tendo sido adotadas como referências para o limite do perímetro os eixos de ruas e avenidas, deverá
ser considerada parte integrante deste perímetro os imóveis limítrofes cujas testadas estejam voltadas
para os aludidos eixos.
56
Hotel Cataguases, uma vez que o tombamento deverá estender-se ao
mobiliário e acervo artístico. (ANDRADE apud IPHAN, 1994, p. 55)

Segundo ALONSO (2010) a ausência dos inventários, tanto os existentes quanto


os que o arquiteto recomenda que sejam feitos, foi responsável pela retirada dos bens
móveis do Tombamento. Após pedidos de impugnações de cinco das dezesseis
residências presentes na lista para tombamento individual, todos negados, discussão se
voltou para o que seria o acervo móvel e artístico de cada imóvel, que não fora muito bem
descrito no dossiê.

Sendo assim, em 2001, o parecer do departamento jurídico do IPHAN, para que


pudesse ser homologado o tombamento afirmava:

[...]

Passados cinco anos, nem o Município nem a 13ª SR/IPHAN atenderam ao


solicitado, já que até o momento não constam dos autos as referências
necessárias e indispensáveis à identificação do acervo móvel.

E, considerando que a proteção incidente sobre os bens móveis demanda a


realização de inventário contendo dados cadastrais que permitam a plena
identificação dessas peças, melhor será no momento, não contabilizar tal
categoria na pretendida homologação do tombamento.

[...]

A proposta de portaria ministerial, portanto, poderá se basear no teor


constante do ofício GAB/IPHAN nº 231/94, de 02.12.94, dirigido ao Município
de Cataguases, com exclusão expressa aos bens móveis, nos termos da
minuta que se apresenta, em anexo.15

Sendo, a partir daí efetivada a exclusão dos bens móveis do Tombamento do


Conjunto Histórico, Arquitetônico e Paisagístico da Cidade de Cataguases.

15 IPHAN, 1994, fl. 261-263. ANEXO K apud ALONSO, 2010, p. 80.


57
1.4. Institutos e Diretrizes de Preservação

Em 1985, através do Decreto nº1118, foi criado o Conselho Municipal de


Patrimônio Histórico e Artístico de Cataguases, primeiro órgão de proteção do patrimônio
da cidade, com poder de instituir o tombamento à nível municipal (LINS, 2012). No ano
seguinte foram realizados os primeiros tombamentos municipais, a Chácara Dona
Catarina e os galpões industriais do Cel. João Duarte Ferreira, denominado pela

preocupação inicial com a primeira fase de ocupação da cidade, até então sem
prioridades no tombamento federal. Em 1995, o Conselho Municipal de Patrimônio
Histórico e Artístico é dissolvido e suas funções são transferidas para o Conselho
Municipal de Cultura. Em 2000, é criado o Departamento Municipal do Patrimônio
Histórico e Artístico de Cataguases (DEMPHAC).

No dossiê de tombamento encontrado, atualmente, na DEMPHAC, intitulado


-
parecer técnico do, então, presidente do Conselho Municipal de Cultura, Geraldo Majella
Abritta Alves, o qual um trecho está transcrito abaixo:

O tombamento de bens imóveis em Cataguases se faz necessário em


razão da sua importância histórica-cultural e econômica do município.

No decorrer dos anos, alguns imóveis foram tombados, mas muito ficou
por fazer, buscando resgatar essa preocupação com o bem público e particular
em Cataguases, foi iniciado uma nova fase, mais criteriosa para realizarmos
esses tombamentos. (ALVES apud MUNICÍPIO DE CATAGUASES, 1998)

Logo após o parecer técnico há no processo a listagem dos bens imóveis


tombados pelo município (ver apêndice II).

Os tombamentos municipais não fazem um recorte temporal e não focam numa


tipologia arquitetônica específica. O único conjunto tombado é o da Praça Governador
Valadares (figuras 61 e 62).

58
Figura 61 Praça Governador Figura 62 Praça Governador Valadares
Valadares Estação Ferroviária

Fonte: Mariana Rossin (2016) Fonte: Mariana Rossin (2016)

Segundo LINS (2012, p. 37):

A intenção do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, ao tombar esses bens


arquitetônicos, foi a proteção exclusiva desses bens singulares, justificada pela
importância histórica e artística de cada um per se. Não houve intenção
declarada em construir uma ideia de conjunto, nem de criar uma relação
simbólica entre os bens. As poligonais que delimitam as áreas de entorno dos
bens tombados repetem, acanhadamente, os perímetros externos das
edificações, revelando assim não haver intenção em criar áreas de influência ou
de amortecimento de impactos que pudessem funcionar como mecanismos de
preservação da ambiência dos bens ou de outros bens vizinhos.

Outro instrumento de preservação existente na cidade é Código de Zoneamento,


Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo Urbano, Lei nº 2427 de 1995, que já estava em
estudo de elaboração no momento do Tombamento Federal do Conjunto Urbano da
cidade, visto que em uma das correspondências recebidas pelo IPHAN, em meio ao
decorrer do processo, declarando seu apoio o, então presidente da Associação de
Engenheiros e Arquitetos de Cataguases (ASSEA), Alberico Dutra de Siqueira Filho,
citou:

Na oportunidade, sugerimos que todo e qualquer trabalho relativo à


preservação do patrimônio de nossa cidade, seja feito em sintonia e se possível,
incorporado ao Anteprojeto de Lei de Zoneamento de Uso, Ocupação e
Parcelamento do Solo Urbano de Cataguases, que se apresenta atualmente em
fase final de elaboração, através do departamento de Engenharia da Prefeitura
Municipal de Cataguases. (SIQUEIRA FILHO, 1994 apud LINS, 2012, p. 67)

59
Neste trecho da carta do presidente da ASSEA nota-se a preocupação em
interligar as diretrizes do Tombamento com as Legislações Municipais que estavam em
processo de elaboração. Nota-se também que esta preocupação não se estendia à
vinculação com as legislações nacionais e, somente, as municipais.

A Lei 2427/1995 determina, através de modelos de ocupações e uso de solo


planejado, a legislação urbanística para controle da administração pública municipal. O
zoneamento da cidade foi dividido de acordo as tendências de ocupação, sendo duas
zonas de maior interesse deste trabalho, a primeira, Zona Central (ZC), descrita pelo
artigo 6 desta forma:

A Zona Central caracteriza-se por concentrar as principais atividades


comerciais e de serviços, de gestão pública e privada, de alta densidade
predial, cujos limites encontram-se no mapa anexo.

Parágrafo Único: para a ZC propõe-se a permitir o adensamento vertical


controlado, através de parâmetros de ocupação do solo que garantam a
qualidade do quadro construído, assim como impedir a implantação de
atividades geradoras de poluição e demais usos conflitantes com sua função.

E a zona denominada Áreas especiais de proteção (ZEP) descrita, no artigo 12,


assim:

As Zonas Especiais de Proteção (ZEP) dizem respeito:

ZEP1 - Às faixas de proteção ao longo do Rio Pomba e demais cursos


d'água.

ZEP2 - Aos terrenos com declividades superiores a trinta por cento.

ZEP3 Às áreas cujos terrenos encontram-se em processo de erosão.

ZEP4 Às seguintes áreas de proteção ambiental: Parque Florestal de


Cataguases e as matas existente nos bairros Menezes e Thomé, as que
circundam o conjunto habitacional João Paulo II, as que envolvem as fazendas
da Pedreira, Santa Cristina e o colégio Francisco Inácio Peixoto, as da escola
Manoel Inácio Peixoto e as da encosta contígua às ruas Gama Cerqueira,
Visconde do Rio Branco e praça Governador Valadares.

Parágrafo 1o. Para as ZEP 1 deverão ser observadas as faixas de


proteção nas respectivas margens, de vinte e cinco metros para o rio Pomba,

60
quinze metros para o rio Meia Pataca e cinco metros para os córregos e demais
cursos d'água situados no perímetro urbano.

Parágrafo 2o. Nas ZEP 2 deverão ser observadas as disposições da Lei


Federal no. 6.766/79, que dispõe sobre a limitação do parcelamento do solo
urbano em áreas com declividades superior a trinta por cento.

Parágrafo 3o. As áreas classificadas como ZEP 2 poderão ser objeto de


programa de florestamento com essências nativas e ficarão isentas de tributação
municipal.

Parágrafo 4o. As ZEP 3 serão objetos de ocupação controladas caso a


caso pelo setor técnico da Prefeitura Municipal, na medida em que abrigam
terrenos em processo de erosão.

Parágrafo 5o. Quanto às ZEP 4, o município deverá demarcar as


unidades nele relacionadas, cujos limites, formas de utilização e de tributação
serão definidos em Lei.

Os novos parâmetros urbanísticos aprovados pela Prefeitura Municipal de


Cataguases permitiram a modificação da paisagem urbana da cidade, através do
surgimento de edificações de grande porte onde, anteriormente, predominavam
edificações térreas ou sobrados, principalmente, na área central, como mostra a foto
abaixo (figura 63).

Figura 63 Praça Governador Valadares com novas edificações

Fonte: Mariana Rossin (2016)

61
Paralelamente ao Código de Zoneamento, Parcelamento, Ocupação e Uso do
Solo Urbano foi, também, criada a Lei nº2428/1995, esta, alterada pela Lei nº3135 de
2002 que instituía o Código de Obras no município.

Responsáveis pelo surgimento de edificações que alteram, significativamente a


imagem urbana de Cataguases, as duas leis se mostram ineficientes para um adequado
ordenamento territorial. O crescimento desordenado da cidade diverge de seus
propósitos iniciais, como pode-se confirmar com o trecho da correspondência enviada
pela Prefeitura Municipal de Cataguases ao Conselho Consultivo do IPHAN:

Apesar dos instrumentos legais existentes e da nossa disposição em coibir o


crescimento desordenado da cidade, os resultados alcançados têm sido
insignificantes.

Conhecendo as características arquitetônicas da cidade e reconhecendo nossa


incapacidade em evitar sua descaracterização, vimos por meio desta expressar
nossa concordância e desejo de que seja realizado o Processo de Preservação
do Tombamento da cidade de Cataguases. (MUNICIPIO DE CATAGUASES,
1994 apud LINS, 2012, p. 59)

Segundo LINS (2012) este trecho revela a fragilidade do poder público em face ao
momento anterior ao tombamento. Sobre coibir o crescimento desordenado, já haviam
construções em andamento ou à serem iniciadas que não seguiriam às novas diretrizes
e, ao reconhecer a incapacidade em evitar a descaracterização, há uma indicação das
forças econômicas e políticas que regiam a cidade naquele momento e que ainda
perduram na cidade, embora houvesse interesse, por parte do Setor de Engenharia da
Prefeitura - quem desenvolveu as Leis, em conectar os interesses públicos e privados,
afim de que se evitasse conflitos futuros.

Sobre o uso do solo e sua relação com a imagem urbana LINS (2012, p. 66)
decorre:

A Lei de Uso do Solo possibilita um potencial construtivo maior do que os


praticados anteriormente e encontrados na conformação urbana da cidade. O
potencial construtivo é indicado pelo Coeficiente de Aproveitamento do terreno,
aqui denominado CA, que estabelece a quantidade de área a ser edificada em
uma área dada. Este coeficiente relaciona-se diretamente com a densidade de
ocupação da cidade, com a altimetria e com a relação de cheios e vazios. Ou
seja, é um indicador da textura urbana e da sua imagem. A redação da Lei não
inclui o cálculo dos coeficientes de aproveitamento no quadro que estabelece
62
gabaritos e taxas de ocupação máximas. Esse cálculo é feito multiplicando o
número de pavimentos pela taxa de ocupação, e, no caso dessa lei específica,
acrescentando o valor de 30% da taxa de ocupação, referente à possibilidade de
construção na cobertura. São desconsiderados os pavimentos subterrâneos.

Cabe ainda destacar no que se refere as datas das publicações das Leis,
principalmente a nº 2427 (fevereiro de 1995) e o Tombamento Federal de Cataguases
(dezembro de 1994) percebe-se que os dois processos foram simultâneos, ou seja,
desconexos, tornando hoje, o tombamento, para a população, um ato quase que
ilegítimo, gerando conflitos de interesses, desvalorização e, consequente,
descaracterização do patrimônio da cidade. Estes conflitos ficam mais evidentes em
casos como o de 2009, quando um grupo da população entregou ao, então prefeito,
William Lobo de Almeida, um manifesto que foi publicado no Jornal Cataguases de 23 de
janeiro de 2009 e reproduzido a seguir, na figura 64.

Figura 64 Manifesto publicado no Jornal Cataguases

Fonte: Jornal Cataguases, 23 de janeiro de 2009, p. 5, adaptado por Mariana Rossin (2016).

O instrumento urbanístico municipal mais recente é o Plano Diretor Participativo


(PDP) de 2006, instituído através da Lei nº 3546/2006 como instrumento de política de
desenvolvimento físico, econômico, social e ambiental urbano, promovendo a qualidade
de vida e a cidade sustentável para seus habitantes, através de ações públicas e
privadas.
63
O PDP (2006) da cidade foi realizado com apoio financeiro do Ministério da
Cultura, através do Programa Monumenta, por tratar-se de um conjunto urbano tombado
em nível federal. A Prefeitura Municipal contratou uma equipe técnica da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), no início de 2006, através da Escola de Arquitetura.

O capítulo 5 desta lei é direcionada à Preservação e Conservação do Patrimônio


Cultural, o artigo 25 relaciona as intenções do documento para o patrimônio da cidade,
através de inventários, estudos detalhados para que seja feita a integração e
desenvolvimento local, mapeamento dos bens materiais e imateriais, reativação do
Conselho Municipal de Patrimônio que deverá se desmembrar do Conselho Municipal de
Cultura, o qual pertence hoje, criação de arquivo público municipal, assim como, Museu
sobre o Modernista Brasileiro, promover, junto ao IPHAN a instalação de um escritório do
órgão na cidade, entre outros.

Já no artigo seguinte o foco passa a ser as Intervenções Urbanísticas e


Arquitetônicas como segue-se abaixo:

As intervenções urbanísticas e arquitetônicas dentro do perímetro da Zona de


Proteção Cultural [...] estão sujeitas às seguintes diretrizes:

I. Preservação da totabilidade do acervo arquitetônico-urbano-paisagístico


determinada por meio da manutenção das seguintes características:

a. O quadro natural e a paisagem circundante;

b. A morfologia urbana e o traçado dos logradouros;

c. As tipologias arquitetônicas;

d. A relação das áreas edificadas e as não edificadas;

e. A unidade dos conjuntos urbanos;

f. A diversidade e a multiplicidade de usos;

g. Os espaços públicos de reunião e encontro;

h. As manifestações culturais.

II. Preservação da notabilidade do acervo arquitetônico-urbano-paisagístico que


se dá pela unidade e originalidade do seu patrimônio arquitetônico, pela
qualidade do conjunto que constitui esse patrimônio cultural, bem como pela
harmonia da paisagem na qual ele se insere;
64
III. Compatibilização dos valores e as necessidades da vida urbana atual e do
desenvolvimento socioeconômico com a preservação do acervo arquitetônico-
urbano-paisagístico;

IV. Melhoria da qualidade de vida no meio ambiente urbano. (MUNICÍPIO DE


CATAGUASES, 2006)

É evidente a preocupação da equipe técnica em manter a organização do espaço


urbano de forma que a leitura da paisagem da cidade fosse mantida através da
preservação do quadro natural e da paisagem, da morfologia urbana e traçado das vias,
os conjuntos uniformes e, relação entre áreas de cheios e vazios urbanos.

65
2. A Formação Estrutural Urbana de Cataguases

Localizado na Zona da Mata mineira (figura 65), o município de Cataguases surgiu


a partir de trabalhos de fiscalização de estradas no interior da província. Ao longo dos
anos foi se desenvolvendo, com a escassez do ouro nas minas, várias regiões de Minas
Gerais foram se tornando interessantes para exploradores que, cada vez mais, iam
ocupando os interiores. Novas atividades foram começaram à serem desenvolvidas,
como o cultivo do café e de cereais, novas rotas foram traçadas, principalmente, devido
às linhas férreas, que trouxeram a modernidade e a conexão entre as regiões.
(CARNEIRO; MATOS, 2010)

Figura 65 Localização do Município de Cataguases - MG

Fonte: Google imagens, adaptado por Mariana Rossin (2016).

Cataguases possui área de aproximadamente 492 km² 16, com média altimétrica
de 180 metros17. Sua temperatura média anual é de 24,5ºC18. A topografia do município

16 Ibid.
17 Fonte: http://www.cidade-brasil.com.br/municipio-cataguases.html. Acesso em: 05/06/2016.
18 Média retirada de valores calculados a partir de dados de 30 anos. Fonte:
http://www.climatempo.com.br/climatologia/126/cataguases-mg. Acesso em: 05/06/2016.
66
está inserida na unidade denominada Depressão do Rio Paraíba do Sul, a oeste da Serra
da Mantiqueira, onde encontram-se minerais sob o solo, como bauxita, caulim e
manganês. Há presença de intensa rede hidrográfica, como Rio Pomba, Rio Novo,
Ribeirão Meia Pataca, Ribeirão PassaCinco e Ribeirão Cágados e Córregos, sendo o
principal, Lava pés19. Suas distâncias das principais capitais da região sudeste são de,
aproximadamente, 310 km de Belo Horizonte, 260 km do Rio de Janeiro e 580 km de São
Paulo.

Conforme Couto (2004), nos anos de 1940, quando a arte e arquitetura modernista
começaram a ser inseridas na cidade, a população era estimada em vinte mil habitantes,
a grande produção cultural, relacionada à um ambiente de modernidade e inovação,
gerou espanto, pois as características da eram tipicamente encontradas em grandes
centros urbanos ou próximos a eles, o que, neste caso, não se encaixa Cataguases. Em
2010, ano do último senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística20, a população
era de 69.757, com uma estimativa, segundo o IBGE, de que a população alcançasse o
número de 74.171, em 2015, o que não foi confirmado, em visita ao órgão da cidade21.

O desenvolvimento, especialmente, cultural, de Cataguases, muito chama a


atenção de estudiosos e curiosos da área de arquitetura, urbanismo e das artes. O
patrimônio cultural modernista da cidade é significativo, principalmente, quando se
analisa o tamanho populacional e a escala da cidade, assim como sua posição
geográfica, no interior do estado.

Desde o início da ocupação de Cataguases, pode-se notar a forte influência de


elementos naturais para a conformação e determinação do espaço urbano. O relevo não
apresentava grandes desafios e a hidrografia sempre se mostrou abundante e, até,
limitadora, se tornando uma das maneiras de se interpretar a paisagem desta cidade.

Uma das maneiras de interpretar a paisagem urbana é observar as fases da


evolução da ocupação urbana sobre os ecossistemas naturais águas
ribeirinhas e marítimas, restinga manguezal e Mata Atlântica. Isso significa partir

19 COSTA, 1977, p. 591.


20 www.ibge.gov.br. População de 2010. Acesso: 02/06/2016.
21 Visita ao IBGE de Cataguases em maio de 2016.
67
do sistema natural para entender a formação paulatina de uma paisagem urbana,
ou seja, do todo para as partes. (CARNEIRO; DUARTE; MARQUES, 2009, p.3)

A malha urbana da cidade pode ser compreendida, num primeiro momento, pelo
direcionamento que o meio natural induzia. Elementos que funcionem como limites,
podem ser, posteriormente, atravessados. Segundo LYNCH (2011, p.69) estes limites
são elementos lineares não considerados como ruas: são geralmente, mas nem sempre,
as fronteiras entre dois tipos de áreas.

Com a instalação da Linha Férrea na cidade, outro limite foi dado e novas áreas
foram ocupadas, novas vias abertas e novos usos criados. A partir daí, com o passar dos
anos, a cidade teve seu crescimento populacional e territorial ligado às inovações que
sofria, como a industrialização, deixando de ter um limite físico determinante, para se
fazer delimitada pela cultura e economia.

Assim como qualquer cidade, para Cataguases o passar do tempo e as mudanças


nas formas de se viver a cidade produziu a acumulação de formas na paisagem urbana
(CONZEN apud PEREIRA COSTA E GIMMLER NETTO, 2015, p.64), o que nem sempre
se fez de maneira homogênea e uniforme. Estas diferenças que vão se instalando nas
cidades, ao longo dos anos, de acordo com as mudanças de necessidades da população
vão caracterizando os períodos morfológicos do lugar, os quais influenciam na
conformação da paisagem urbana da cidade. A historicidade trabalha também o acúmulo
dos períodos morfológicos, ou seja, com o acúmulo dos elementos formais de certo
período, ampliando a força da cultura e da sociedade na história da cidade e formando
palimpsestos que, ao trabalhar juntamente com a historicidade do local se tornam
primordiais para a compreensão da paisagem urbana (figura 66)

O conceito de palimpsesto é caracterizado pela sobreposição de camadas


históricas que se acumulam no mesmo espaço físico.

M.R.G. Conzen explica que em termos espaciais a historicidade se manifesta


sob a forma heterogênea na paisagem urbana e que essa é mais perceptível nas
áreas centrais, já que o centro histórico possui a maior incidência de fatos
ocorridos. (CONZEN apud PEREIRA COSTA E GIMMLER NETTO, 2015, p.65)

Cada período morfológico pode ser identificado em características da paisagem,


principalmente, nas edificações, as quais refletem o momento social, econômico, cultural
e político de determinada civilização e em dado momento.

68
Figura 66 - Ocupação Urbana de Cataguases

LEGENDA:

Ocupação até 1878


Ocupação até 1923
Ocupação até 1939
Ocupação até 1958
Ocupação até déc. 1980
Ocupação a partir da déc. de 1980
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea

0 300m 600m 1200m Fonte: Imagens das ocupações e desenhos urbanos da cidade, entre 1878 e 2006, mapa 2.20 do PDP de 2006 (evolução urbana
de Cataguases) e fotos antigas da cidade, adaptado por Mariana Rossin (2016). 69
Segundo Muratori (apud PEREIRA COSTA; GIMMLER NETTO, 2015, p. 154)
manifesta em cada
momento e em cada cultura, intrínseco a determinado A capacidade de
reprodução, em outras áreas da cidade, dessas edificações é considerada pelo teórico

automática um edifício, representante de sua cultura e inserido em seu subconsciente,


(MURATORI apud PEREIRA COSTA; GIMMLER NETTO, 2015, p.
154)

Ao se reproduzir as edificações pela cidade, esses tipos ganham


representatividade quanto à população, pois passam a sintetizar o povo e a cultura do
local. Estas edificações tornam-se um modelo de construção, que segundo PEREIRA
COSTA; GIMMLER NETTO, 2015, p.154
herança cultural, denomina-

Ao observar a figura anterior, pode-se notar que, na faixa de ocupação da década


de 1980 em diante, ocorre um crescimento significativo da cidade que, segundo o
Relatório da Leitura Realidade Municipal, presente no PDP de 2006, não se
comprometeu com normas urbanísticas de conforto ambiental e de qualidade urbana,
tendo sido anexados ao mapa urbano da cidade, diversos bairros, caracterizados pela
desordem e falta de organização espacial e estética. Ainda no Relatório:

A forma urbana nas últimas décadas adquire novos contornos: o


aparecimento de novos bairros, muitos periféricos, a ocupação desordenada ao
longo dos córregos e áreas de preservação e o adensamento da central. São os
produtos dos novos tempos, de decadência econômica e pouca
responsabilidade civil trazendo novos modelos a esta cidade, que não valorizam
o seu passado e a sua riqueza cultural.

Áreas com muita homogeneidade podem compor um tecido urbano, estes são
pequenas (ou grandes) parcelas da cidade que quando se juntam formam os
assentamentos e estes, a cidade. (MOUDON, 2011, apud PEREIRA COSTA; GIMMLER
NETTO, 2015)

70
2.1. Tecidos Urbanos

Através das construções tipo, pode-se identificar semelhanças em determinadas


áreas da cidade e, estas semelhanças podem auxiliar no entendimento destas áreas e
em propostas de diretrizes que buscam melhorias e preservação para o local. Neste
trabalho, através da bibliografia utilizada como base, consideramos o município de
Cataguases dividido por seis tecidos urbanos. (PEREIRA COSTA; GIMMLER NETTO,
2015)

No capítulo presente faremos a análise dos Tecidos Urbanos de Cataguases, afim


de, posteriormente, termos base para estudos de como elaborar planos para preservação
das paisagens urbanas da cidade.

Os tecidos urbanos de Cataguases (figura 67) foram caracterizados de acordo


com as semelhanças das áreas. Foram levados em consideração a análise tipo-
morfológica da Escola Italiana de Morfologia Urbana, onde, segundo Pereira Costa e
Gimmler Netto (2015, p. 157) descrevem:

A primeira (etapa) é identificar os edifícios especializados e seus respectivos


usos. A segunda etapa constitui na seleção dos tipos básicos, residenciais [...] tal
como dimensões, complexidades, usos. Em seguida, os tipos básicos são
classificados de acordo com as dimensões das fachadas distribuídas em
intervalos que variam em metros.

A operação seguinte é selecionar a unidade edilícia mais representativa, para


concentrar a análise num só objeto.

Assim como outras características, como visibilidade, impacto visual, densidade,


traçado e vias, declividade, vegetação e padrão de acabamento. (SALGADO, 2010, p.
36)

Portanto, de acordo com as análises morfológicas realizadas, as quais podem ser


observadas no apêndice I, localizado no final deste trabalho, Cataguases foi dividida em
seis tecidos, os quais são apresentados a seguir.

71
Figura 67 - Tecidos Urbanos de Cataguases

LEGENDA:

Tecido Urbano 1
Tecido Urbano 2
Tecido Urbano 3
Tecido Urbano 4
Tecido Urbano 5
Tecido Urbano 6
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea

0 300m 600m 1200m Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
72
2.1.1. Tecido 1 O Sítio Histórico

O primeiro tecido urbano é caracterizado pelas primeiras áreas ocupadas da


cidade, entre 1828 até a década de 1950. É formada, basicamente, pela área central do
município como pode-se notar através da figura 69.

O traçado é retilíneo, porém, irregular, com quarteirões que podem variar entre,
aproximadamente, 9 mil metros quadrados à 80 mil metros quadrados. As vias mais
antigas, seguem o traçado do rio Pomba, as vias mais recentes formam traçados
paralelos e perpendiculares às mais antigas. Há dois eixos estruturantes de maior
importância, o rio Pomba, já citado, e a Av. Astolfo Dutra. Devido à localização deste
tecido ser na área central da cidade, a densidade é alta, podendo atingir, segundo o mapa
4.5 do PDP de 200622, 5 mil domicílios por quilômetro quadrado, os lotes possuem
grandes dimensões, o que se reflete no tamanho das construções, e predominam
implantações nas suas testadas, tendo algumas, quintais na porção posterior do lote e
sem afastamentos laterais. A figura 68 ilustra o modelo de implantação deste tecido.

Figura 68 Croqui de Implantação e Perfil de Tipologia do Tecido Urbano 1

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

22Mapa 4.5 do Plano Diretor Participativo do Município de Cataguases Domicílios X Densidade


Habitacional.
73
Figura 69 - Localização do Tecido Urbano 1 - Sítio Histórico

LEGENDA:
Tecido Urbano 1
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea

0 300m 600m 1200m Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
74
O uso predominante na região próxima à Av. Astolfo Dutra é o residencial, com
construções de um ou dois pavimentos. Já na área próxima à Estação Ferroviária, o uso
é predominantemente, comercial e misto23, podendo haver pequenos prédios com, até,
quatro ou cinco pavimentos, sendo uso comercial no térreo e residencial nos demais
pavimentos. Há ainda, presença recente de alguns edifícios, principalmente residenciais,
que chegam a oito pavimentos. As figuras 70 e 71 ilustram construções tipo do Tecido
Urbano 1.

Figura 70 Edificações ecléticas à R. Cel. Figura 71 Edificações à Praça


Vieira Governador Valadares (Antiga R. da
Estação)

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

2.1.2. Tecido 2 Ocupações de Encostas

O tecido urbano 2 é constituído pelas ocupações em encostas de morros adjacentes à


área central, mas também, nas periferias da cidade. Constituem este tecido os bairros,
Sol Nascente, São Sebastião, Popular, Pouso Alegre, Bela Vista, Independência, Haideê,
Colinas, Bandeirantes, Horto, Ibrahim, Morada da Serra, Santa Clara, Vila Reis, Isabel
Tavares, Leonardo, Dico Leite, Primavera e São Cristóvão, como mostra a figura 72.

23
Mapa de Usos do Centro Histórico, presente no Plano Diretor Participativo do Município de Cataguases.
75
Figura 72 - Localização do Tecido Urbano 2 - Ocupações de
Encostas
N

LEGENDA:
Tecido Urbano 2
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
0 300m 600m 1200m Linha Férrea

Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
76
Esta forma de ocupação pode ser notada em, praticamente, todas as regiões da
cidade e é caracterizado pela implantação das vias e edificações em áreas de relevo com
declividade acentuada, com traçado irregular, que segue a forma de ocupação dos
bairros que o compõem, existindo ainda, vias sem saída. Estas também são mais
estreitas e os calçamentos irregulares e pequenos. Os quarteirões são, em sua maioria,
retangulares, quando não o são, formam polígonos irregulares. Alguns ainda, podem não
conter sua delimitação bem definida, devido à ocupação de encostas, podem ocorrer
presença de vegetação que funciona como limite dos quarteirões e formam massas
verdes que são expressivas na composição da cidade, as quais, segundo o PDP de 2006,
se tornam significativas em algumas regiões24. Possuem densidade que varia de baixa à
alta, podendo alcançar 5 mil domicílios por quilômetro quadrado25. Os lotes diminuem,
quando comparados ao Tecido Urbano 1, e as edificações ocupam, aproximadamente,
85% do lote, como é possível observar no croqui da figura 73.

Figura 73 Croqui de Implantação e Perfil de Tipologia do Tecido Urbano 2

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

A implantação se faz, principalmente, por edificações nas testadas dos lotes, sem
afastamentos laterais e podendo haver quintais ou áreas impermeabilizadas nas porções
posteriores os lotes. E, alguns bairros, à medida em que vai se afastando da via principal

24
Mapa 2.14 do Plano Diretor Participativo do Município de Cataguases Paisagem Urbana.
25
Mapa 4.5 do Plano Diretor Participativo do Município de Cataguases Domicílios X Densidade Habitacional.

77
as construções vão perdendo o padrão, podendo apresentar afastamentos frontais e
laterais e três ou mais pavimentos.

O tipo de uso que mais pode-se notar neste tecido é o residencial, com um ou dois
pavimentos, podendo haver, em algumas edificações, no pavimento térreo, presença de
comércio local. Em alguns bairros que compõem este tecido, há uma ocupação recente,
em espaços que, até então, formavam vazios urbanos. Novas construções de edificações
residenciais de quatro a cinco pavimentos, estão se erguendo, acarretando em certa
especulação imobiliária, em áreas, antes, pouco notadas e modificando a paisagem
urbana local, através do crescimento dos gabaritos. (Figuras 74 e 75)

Figura 74 Forma de ocupação típica do Figura 75 Implantação do Tecido


Tecido Urbano 2 Urbano 2 Bairro Haidêe Fajardo

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

2.1.3. Tecido 3 Ocupações Beira-Rio

O tecido urbano 3 é formado por bairros que tiveram suas ocupações em áreas
beira-rios. São formadores deste tecido os bairros, Vila Tereza, Vila Minalda, Santa
Cristina, Ana Carrara e Beira Rio. A figura 76 mostra a ocorrência deste Tecido.

78
Figura 76 - Localização do Tecido Urbano 3 - Ocupações Beira -
Rio
N

LEGENDA:

Tecido Urbano 3
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea

Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
79
Estes bairros formaram-se principalmente pelo eixo do Rio Pomba, que atravessa
a cidade numa linha de leste à oeste. Segundo o Relatório de Leitura da Realidade
Municipal do PDP (2006) o traçado viário se dá na forma de uma
série de vias paralelas, implantadas em terraços
este traçado é irregular, e foi se formando a partir do eixo estruturante, identificado pelo
Rio Pomba. Os lotes possuem proporções regulares e são perpendiculares ao sistema
viário As vias são estreitas, com aproximadamente, dez metros de largura e funcionam
como mão dupla e o calçamento pode quase não existir em algumas ruas e, quando
existentes, são apertados, com larguras de um metro ou menos, em alguns pontos. Nas
áreas não construídas há presença de vegetação, contribuindo para a qualidade
ambiental e para a paisagem urbana da cidade. A densidade de ocupação deste Tecido
varia entre a baixa até a alta, no Bairro Beira Rio, onde pode ocorrer até cinco mil
domicílios por quilômetro quadrado26. Em casos como do Bairro Santa Cristina, onde o
padrão de acabamento das edificações é ótimo, levando-se em conta todas as fachadas
devidamente acabadas, calçamento e cobertura completos, os lotes são grandes,
analisando os tamanhos das edificações, que variam em valores maiores que cento e
cinquenta metros quadrados e, até podendo ocupar todo o quarteirão, ao qual pertence,
sendo, normalmente, em um único pavimento. Nos outros bairros, onde o padrão de
acabamento varia entre bom e regular27, onde não há revestimento em todas as
fachadas, o calçamento não feito de forma padronizada e há cobertura metálica, para
aproveitamento da laje, os lotes apresentam-se menores, com construções que variam
em, aproximadamente, 100 metros quadrados, podendo ser verticalizadas, em dois ou
três pavimentos.

A implantação das edificações nestes bairros, pode ser afastamentos frontal e nas
laterais, como ocorre no Bairro Santa Cristina ou inseridas nas testadas dos lotes sem
afastamentos laterais e com presença de afastamento posterior, podendo ocorrer
presença de quintais, como no caso dos outros bairros deste tecido, como mostra a figura
77.

26Mapa 4.5 do Plano Diretor Participativo do Município de Cataguases Domicílios X Densidade


Habitacional.
27 Ver definição no Apêndice I, localizada no final deste trabalho.
80
Figura 77 Croqui de Implantação e Perfil de Tipologia do Tecido Urbano 3

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

O uso é predominantemente residencial em quase todos os bairros deste tecido,


com exceção dos Bairros Beira Rio e Vila Tereza (numa ocupação mais recente), onde
podem ocorrer presença de pequenos prédios com, até, quatro pavimentos, onde no
térreo há presença de comércio local (figuras 78 e 79).

Figura 78 Implantação e uso típicos do Figura 79 Implantação típica do Tecido


Tecido Urbano 3 Urbano 3

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

81
2.1.4. Tecido 4 Ocupações de Baixo Declive

O Tecido Urbano 4 é caracterizado pelas ocupações que não ocorrem em


encostas e nem beira-rio. São ocupações em áreas de planícies, sem declividade. É
formado pelos bairros, São Diniz, Marote, Pampulha, São Vicente, Thomé, Vila Domingos
Lopes, Menezes, Taquara Preta, Granjaria e Justino. A figura 81, mostra a ocorrência
deste Tecido.

Possuem traçado irregular que seguem à ocupação e crescimento dos bairros.


Pode ocorrer, em alguns bairros, vias não pavimentadas. Os quarteirões não são
regulares, apresentam-se de acordo com traçado das vias. A densidade deste Tecido é,
em geral, entre baixa e alta28, variando até cinco mil domicílios por quilômetro quadrado,
entretanto, no bairro Leonardo, essa densidade é ainda maior, podendo atingir dez mil
domicílios por quilômetro quadrado. Os lotes podem abrigar mais de uma edificação.

As edificações apresentam-se nas testadas dos lotes, sem afastamentos laterais


e com presença de quintais, que podem ocupar mais que 50% do terreno, em alguns
casos, como mostra a figura 80.

Figura 80 Croqui de Implantação e Perfil de Tipologia do Tecido Urbano 4

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

28 Ver definição no Apêndice I, localizada no final deste trabalho.


82
Figura 81 - Localização do Tecido Urbano 4 - Ocupações de
Baixo Declive
N

LEGENDA:

Tecido Urbano 4
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea
Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
83
O uso predominante neste tecido é o residencial, podendo haver construções de
um ou dois pavimentos, onde no térreo, há comércio local (figuras 82 e 83).

Figura 82 Implantação e uso típicos do Figura 83 Implantação e uso típicos do


Tecido Urbano 4 Tecido Urbano 4

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

2.1.5. Tecido 5 Vilas e Ocupações Operárias

Há na cidade alguns tipos específicos de ocupação, resultantes do processo de


industrialização, ocorrido no início do século XX. São ocupações voltadas para operários
que ocuparam áreas, próximas às fábricas onde trabalhavam. Destacamos, aqui, cinco
conjuntos de interesse, neste tecido. São eles, o Conjunto de Residências Operárias à
Rua Francisca de Souza Peixoto, no Bairro Jardim, a Vila Operária, no mesmo bairro, o
Conjunto Habitacional na Praça Sandoval Azevedo (Praça Dr. Lídio), a Vila Operária
Manoel Peixoto Ramos, à Rua Gama Cerqueira e o Conjunto Operário à Rua Fernando
Peixoto, no Bairro Vila Reis. A figura 84 apresenta a incidência deste Tecido.

84
Figura 84 - Localização do Tecido Urbano 5 - Vilas e Ocupações
Operárias
N

5
4

LEGENDA:

Tecido Urbano 5
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
Linha Férrea

1 Conj. Residências Operárias B. Jardim

2 Vila Operária B. Jardim

3 Conj. Habitacional Pç. Sandoval Azevedo


4 Vila Operária Manoel P. Ramos
5 Conj. Operário B. Vila Reis

Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
85
O primeiro Conjunto (ver 1 na figura 84), é formado por dois edifícios com cinco
apartamentos duplex, cada. É datado da década de 1950 e tem como autor o arquiteto
Francisco Bolonha (figura 85).

Figura 85 Conjunto de Residências Operárias à Rua Francisca de Souza Peixoto,


Bairro Jardim

Fonte: Acervo da autora, 2016.

O segundo é a Vila Operária (ver 2 na figura 84), possui, originalmente, cem


moradias individuais, onde foram acrescentadas, posteriormente, na primeira rua, os
duplex de Bolonha (ALONSO, 2008, p. 56) (figura 86).

Figura 86 Vila Operária, Bairro Jardim

Fonte: ALONSO, 2008, p. 56.

86
O Conjunto Habitacional da Praça Sandoval Azevedo (ver 3 na figura 84), foi
projetado na década de 1960, pelo arquiteto Luzimar Góes Telles, também encomendado
pela família Peixoto, para abrigar funcionários de suas fábricas, sendo formado por sete
apartamentos do tipo duplex (figura 87).

Figura 87 Conjunto Habitacional da Praça Sandoval Azevedo

Fonte: Acervo da autora, 2016.

A Vila Operária Manoel Peixoto Ramos (ver 4 na figura 84), destinada aos
operários da primeira indústria da cidade, (figura 88) a Fábrica de Fiação e Tecelagem,
de 1905 e segundo ALONSO (2008, p. 90):

Nesta vila, as moradias, diferentemente das do Bairro Jardim, obedecem a um


tipo de implantação similar das cidades mineiras do ciclo do ouro: sem
afastamentos frontais e laterais e com telhados em duas águas com cumeeira
paralela à rua. Algumas edificações já foram reformadas com substituição da
técnica construtiva inicial, mas ainda há muitas em pau a pique.

87
Figura 88 Vila Operária Manoel Peixoto Ramos

Fonte: ALONSO, 2008, p. 92.

E, por último, temos o Conjunto Operário à Rua Fernando Peixoto (ver 5 na figura
84), são seis casas térreas que se posicionam no desenho da linha férrea localizada ali.
São construções com baixo padrão de acabamento, quando se comparado às anteriores,
as janelas são de madeira, assim como as portas (figura 89).

Figura 89 Conjunto Operário à Rua Fernando Peixoto

Fonte: Acervo da autora, 2016.

A implantação se faz, no geral, de duas formas. A primeira, típica da Vila do Bairro


Jardim e dos Conjuntos do Bairro Jardim e da Praça Sandoval Azevedo, apresenta-se
com afastamento frontal, com jardins, ausência laterais e, na porção posterior dos lotes,
88
há pequenos quintais ou áreas impermeabilizadas. A outra forma de implantação,
observada no Conjuntos Manoel Peixoto Ramos e Fernando Peixoto, caracteriza-se pela
locação sobre a testada do terreno, a falta de afastamentos laterais e presença de
pequenos quintais ou áreas impermeabilizadas nas porções posteriores dos lotes. A
figura 90 apresenta os dois modelos de implantação descritos anteriormente, sendo o
primeiro modelo representado pelo croqui de cima e o segundo, pelo croqui de baixo.

Figura 90 Croqui de Implantação e Perfil de Tipologia do Tecido Urbano 5

Fonte: Elaborado pela autora, 2016.

2.1.6. Tecido 6 Equipamentos Urbanos (Fringe Belts)

Para encerrar, relaciona-se os Equipamentos Urbanos da cidade, constituídos


pelas indústrias que se tornaram característica do município. Alguns, localizados em
áreas centrais e outros, mais recentes, em periferias, principalmente, no Bairro Industrial
(figura 91).

89
Figura 91 - Localização do Tecido Urbano 6 - Equipamentos
Urbanos (Fringe Belts)
N

LEGENDA:

Tecido Urbano 6

Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córrego Lava Pés
0 300m 600m 1200m
Linha Férrea

Fonte: Mapa 2.21 do PDP de 2006 (Tecidos Urbana), adaptado por Mariana Rossin (2016)
90
Como já citado, no capítulo anterior, as primeiras indústrias da cidade são do início
do século XX, a Fábrica de Fiação e Tecelagem, a Cia. Força e Luz, de eletricidade e,
posteriormente, outras foram se instalando e tornando-se parte expressiva da paisagem
de Cataguases. O Relatório de Leitura da Realidade Municipal do PDP (2006) de
Cataguases possui um tecido para esse tipo de ocupação, onde na descrição há o
seguinte texto:
.29

Estas áreas geram grandes vazios urbanos (figuras 92, 93, 94 e 95), por ocuparem
áreas significativas em zonas mistas e/ou comerciais, se tornando espaços transitórios
delimitados por muros ou grades que cercam grandes espaços e caracterizando-os como
os Fringe Belts, que segundo a definição de Conzen:

[...] os fringe belts são definidos como elementos morfológicos que têm sua
origem relacionada, principalmente, à oscilação da dinâmica econômica e à
demanda de usos institucionais por uma extensa gleba urbana implantada nas
bordas da ocupação formal. (CONZEN apud PEREIRA COSTA; GIMMLER
NETTO, 2015, p. 101)

Figura 92 Implantação do Tecido Figura 93 Implantação do Tecido


Urbano 6 Cia. Industrial Cataguases, Urbano 6 Indústria Química, Bairro
Bairro Jardim Vila Reis

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

29 Relatório de Leitura da Realidade Municipal do PDP (2006) de Cataguases.


91
Figura 94 Implantação do Tecido Figura 95 Implantação do Tecido
Urbano 6 Bairro Industrial Urbano 6 Bairro Industrial

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

A ocupação de novas áreas, pelas indústrias, em Cataguases, colaborou ainda


para a expansão urbana através de suas periferias. Estas expansões, assim como
quaisquer outras, podem gerar especulações imobiliárias nas regiões onde acontecem
necessitando de regulação pelas legislações urbanas, para um crescimento ordenado e
consciente, minimizando impactos para a cidade, seus moradores e sua paisagem
urbana.

A análise feita neste capítulo, das formas urbanas interpretadas como tecidos
urbanos, é uma consequência de ações sociais no meio físico, ao longo do tempo. Estas
ações sociais refletiram nas formas de ocupações que foram ocorrendo na cidade,
juntamente com as legislações vigentes em cada período, ao longo da história, tornando-
se colaboradores pela formação destes tecidos com suas diferentes características,
apresentados acima, e para a conformação da Paisagem Urbana da cidade na atualidade
em sua dinâmica de transformações, as quais pretende-se compreender a seguir.

2.2. A Paisagem Urbana no Sítio Histórico de Cataguases

O conceito de paisagem pode ser entendido, segundo Macedo (2008) como o


resultado formal de processos sociais e naturais sobre um determinado recorte de
espaço. No mesmo sentido a paisagem urbana é definida como a porção do território
preenchida pelas edificações que compõem este espaço, como ruas, edificações,
equipamentos, dentre outros. A paisagem da cidade encontra-se em constante

92
modificação, cujo caráter é resultante das relações entre as ações antrópicas e naturais.
As relações entre as ações humanas e os atributos físicos resultam na paisagem como
um bem cultural, na constante transformação, parte funcional e parte simbólica. A
preservação da paisagem urbana, apesar da idealização de que seria a estabilização da
forma urbana existente, não deve implicar no congelamento da mesma.

Para Gimmler Netto (2014) as diferentes formas de ocupação e estruturação do


ambiente resultam nas maneiras, bem ou mal, sucedidas de urbanização, refletindo
diretamente na identidade de determinada sociedade. A análise integrada da paisagem
permite a identificação do caráter da mesma, ou seja, a leitura de suas qualidades
ambientais, funcionais e estéticas, gerando, consequentemente, artifícios para a
elaboração de diretrizes para uma adequada preservação desta paisagem.

Para análise da paisagem urbana de Cataguases elegeu-se uma área da cidade


(figura 96). Este recorte tende a aproximar do arruamento existente em 1958,
apresentado no capítulo 1, sobre a evolução da ocupação urbana do município. A escolha
deste traçado se dá pela observação de alguns fatores, os quais serão apresentados a
seguir. O primeiro está no fato de que, dentre os traçados e arruamentos encontrados
nas pesquisas históricas e cartográficas para este trabalho, o desenho de 1958 é o que
se apresenta numa fase onde pode-se observar uma consolidação da cidade, em sua
forma urbana, que durou até a década de 1980, quando em decorrência do grande êxodo
rural causado, principalmente, pela industrialização atrelada ao momento histórico,
político e econômico em que o país vivia, não só Cataguases, mas diversas cidades do
Brasil, sofreram uma grande explosão demográfica e espacial na área urbana30.

Outro fator relevante para a escolha da área é a abrangência das primeiras fases
de ocupação da cidade, com suas características de unidades de paisagem31 que,
através dos atributos físicos e sociais contribuíram, ao longo da história, para a

30 O período entre 1950 e 1980 é dominado por políticas de industrialização e substituição de


importação. Criou um poderoso e diversificado mercado urbano de trabalho, a começar pela região
Sudeste, em decorrência do processo de industrialização que a região sofria. Atraídas pelo mercado
de trabalho, as populações rurais migraram para as cidades. Até a década de 1970, o Sudeste perdeu
43,2% de sua população rural e, na década seguinte, 40,3%. (ALVES; SOUZA; MARRA, 2011)
31Segundo Prototipus de Catàlog de Paisatge (apud CARNEIRO, 2009), as Unidades de Paisagem
são porções do território que caracterizam combinações específicas de componentes sociais e físicos
construídos ao longo da história com dinâmica própria, atrelados, também, ao sentimento de
pertencimento da população com o local.
93
conformação do que é Cataguases hoje. E, por fim, a área definida incluí, praticamente,
todas as construções de interesse histórico-cultural da cidade, possibilitando assim,
através dos estudos da paisagem, que sejam observadas o quão essas edificações
sofrem com as intervenções cotidianas, acarretando na descaracterização da paisagem
cultural e na perda da identidade local.

A paisagem cultural faz uma relação entre o patrimônio cultural e o natural de


determinado lugar, tornando assim, as relações entre os ambientes construído e natural
únicas, contribuindo para a preservação ambiental e das formas tradicionais das
populações que vivem nas áreas de interesse de preservação, amenizado, talvez,
processos como gentrificações32.

Segundo Carneiro (2009) esta paisagem conserva valores culturais e patrimoniais


e deve ser preservada. A identificação desta paisagem, em Cataguases, permite mostrar
que o farto sistema hídrico da região delineou o sentindo do assentamento e expansão
da malha urbana da cidade, assim como sua topografia sem grandes altitudes, tendo
estes elementos como os primeiros da paisagem, inclusive, de Cataguases. E como
ainda completa a autora,
pelo homem, ao estabelecer laços de convivência com o sítio, caracterizando o gesto de

32Processo em que áreas urbanas, geralmente, centrais passam por modificações urbanísticas, sociais
e econômicas, podendo acarretar na exclusão da população nativa da região para áreas mais
periféricas e com menos infraestruturas.
94
Figura 96 - Localização da Área para Análise da Paisagem
Urbana de Cataguases

LEGENDA:
Área definida para análise da
Paisagem Urbana
0m 100m 300m 500m

ESCALA GRÁFICA

Fonte de Dados: Google Earth. Acesso: 12/07/2016, adaptado por Mariana Rossin (2016)
95
A figura 97 mostra parte do território do município de Cataguases, incluindo partes
rurais e a área urbana - delimitada pela linha vermelha - cercada pelo Rio Pomba,
Ribeirão Meia Pataca e os diversos córregos que compõem a região. Por ser uma área
de, relativamente, baixa altitude, apresenta-se vários de deságue entre os córregos e o
Rio. A figura mostra também como esta rede hídrica foi de suma importância para a
ocupação pioneira da cidade, como fonte de alimentos e abastecimento de água. No
capítulo 1, este trabalho mostra como o Rio Pomba e o Ribeirão Meia Pataca serviram
de limites para as terras ocupadas por Guido Marlieri.

Para VERAS (2014, p.81):

A paisagem é produto de uma experiência emocional da contemplação, da


visão que recorta da natureza o território da vida do homem. Neste sentido, a
sua criação é uma operação cultural, não necessariamente processada pelo
intelecto, mas pela vivência de quem a constrói no curso da história. O que
se atribui à modernidade, não é então o encantamento do deixar-se
abandonar à paisagem, que também se manifestava em períodos anteriores,
como nos fala Simmel, mas a representação conscientemente elaborada
desta paisagem apreendida.

Através da vivência de cada habitante na cidade há formação de sensações


individuais e coletivas sobre a mesma. Segundo Cullen (1996) a paisagem urbana
representa a arte de tornar coerente e organizado, visualmente, o emaranhado de
edifícios, ruas e espaços que conformam o ambiente urbano. Para descrição e
entendimento desta paisagem pode ser utilizada a visão serial do usuário, a qual, ao
atravessar determinado local, em passos uniformes, revela-se uma sucessão de pontos
de vistas com contrastes súbitos de grande impacto visual que dão vida ao percurso. As
pessoas vivem as cidades, formando a identidade cultural do lugar. A necessidade de se
preservar esta paisagem se faz pelo fato de que o crescimento desordenado promove a
perda da sensibilidade do usuário com o local, perde-se sua identidade.

96
Figura 97 - Topografia e Hidrografia de Cataguases

LEGENDA:

Altitude até 200 metros


Altitude entre 200 e 400 metros
Curvas de Nível (20 em 20 metros)
Curvas Mestras (200 em 200 metros)
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córregos
Linha Férrea
Limite Urbano de Cataguases
0 300 600 1200

Fonte de dados: Mapas 2.3 (Hidrológico), 2.5 (Topográfico) e 2.6 (Hipsométrico) do PDP de 2006, adaptado por Mariana Rossin (2016) 97
O Decreto-Lei nº25 de 1937, em seu capítulo III, artigo 18, determina que na
vizinhança do objeto de tombamento não poderá ser construído nada que impeça ou
reduza a visibilidade do mesmo, nem nele colocar anúncios ou cartazes publicitários sob
pena de multa, caso algum desses artifícios sejam descumpridos, prejudicando a
ambiência e legibilidade33 do bem ou conjunto (BRASIL, 1937). No caso de Cataguases
o termo vizinhança é tão importante quanto o próprio bem, visto que, como um Conjunto
tombado, a vizinhança seria parte do objeto e, uma vez descaracterizada, todo o conjunto
sofre consequências na sua leitura. O impacto de um imóvel em seu entorno dependerá
de sua volumetria, sua escala, assim como qualidade estética e carga simbólica do
edifício.

Em 1994, no momento do tombamento, a área central da cidade já passava por


um processo de verticalização que, mesmo tendo sido freado com a ação do IPHAN na
cidade, posteriormente, com as Legislações Urbanas Municipais e o PDP (2006), não foi
totalmente contido, visto que, a falta de conexão entre estes elementos acarreta em
brechas para que ocorra o aumento inadequado dos gabaritos no centro de Cataguases
(figuras 98 e 99).

33Segundo LYNCH (2011) legibilidade está relacionada a qualidade visual da paisagem, seria a clareza
como conseguimos identificar e organizar as partes num modelo coerente.
98
Figura 98 - Gabaritos e Áreas Verdes no Sítio Histórico de
Cataguases em 1993
N

LEGENDA:

Praças Santa Rita, Praça Rui Barbosa


e Sandoval Azevedo

Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córregos Lava Pés e Romualdinho
Linha Férrea
Edificações com 1 pavimento
Edificações com 2 pavimentos
Edificações com 3 pavimentos
Edificações com 4 a 6 pavimentos
Edificações com mais de 6 pavimentos
Áreas Verdes
0m 50m 100m 200m

Fonte de dados: Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (2006 apud LINS, 2012), adaptado por Mariana Rossin (2016) 99
ESCALA GRÁFICA
A figura 98, apresenta o gabarito das edificações na região definida para o estudo
da paisagem urbana de Cataguases, em 1993. Pode-se notar a presença de,
principalmente, edificações de um pavimento em bege e dois pavimentos em amarelo,
caracterizando o centro da cidade com edificações de baixo gabarito. Há nesta região,
ainda, a presença de algumas edificações com três pavimentos em laranja e, até, seis
pavimentos em vermelho, mostrando, como citado anteriormente, a verticalização que
começou a ocorrer poucos anos antes do tombamento federal do Conjunto Histórico,
Arquitetônico e Paisagístico de Cataguases. Outra característica determinante
apresentada na imagem é a, quase, ausência de edificações com gabaritos superiores à
seis pavimentos em marrom, sendo apresentado, somente, o Hospital Cataguases,
localizado no Bairro Vila Tereza, à margem esquerda do Rio Pomba e o Bevile Hotel, no
início da Avenida Astolfo Dutra.

Há, ainda, presença significativa de áreas verdes em alguns pontos da cidade,


contribuindo para a qualidade do clima e da paisagem urbana e, também, reforçado o
que diz Carneiro (2012) quando afirma que todo bem patrimonial, seja independente seu
tamanho ou complexidade, tem atributos que fazem parte de um sistema, onde seus
elementos interagem entre si, tornando-os únicos e inigualáveis. Devendo sempre serem
considerados em conjunto com suas inter-relações e, esses atributos podem ser: físicos
como as características do solo e relevo, além dos recursos hídricos; biológicos áreas
verdes, fauna presente (onde inclui-se o homem); e, antrópico elementos resultantes
as ações humanas, através de aspectos econômicos, sociais, culturais, históricos e
políticos, que interfiram no bem, como em relação às fachadas, traçados, vias, espaços
livres, implantações e outros - as figuras 100, 101 e 102, mostram alguns pontos da
paisagem do município. Assim, quaisquer modificações no entorno, acarreta em reflexos
diretos e graves no bem cultural. A figura 98 apresenta as alturas das edificações e 2016,
mostrando como a verticalização continua acontecendo atualmente na área central da
cidade.

100
Figura 99 - Gabaritos e Áreas Verdes no Sítio Histórico de
Cataguases em 2016
N

LEGENDA:

Praças Santa Rita, Praça Rui Barbosa


e Sandoval Azevedo
Rio Pomba
Ribeirão Meia Pataca
Córregos Lava Pés e Romualdinho
Linha Férrea
Edificações com 1 pavimento
Edificações com 2 pavimentos
Edificações com 3 pavimentos
Edificações com 4 a 6 pavimentos
Edificações com mais de 6 pavimentos
Áreas Verdes

0m 50m 100m 200m

Fonte de dados: Google Maps. Acesso: julho de 2016, adaptado por Mariana Rossin (2016) 101
ESCALA GRÁFICA
Pode-se notar o aumento significativo de construções acima de quatro pavimentos
em vermelho, principalmente, na região próxima à Estação Ferroviária, inserida no
perímetro de tombamento do Iphan e tombada, como conjunto, pelo município. Observa-
se também, o surgimento de edificações com mais de seis pavimentos em marrom,
aumentando o skyline34 da região central de Cataguases. Este aumento no gabarito das
edificações gera outras consequências, como a substituição, com perda de bens
histórico-culturais, muitas em estilo eclético, representativo da primeira fase de ocupação
da cidade, adensamento do centro da cidade, através da verticalização, perda de
características primárias da área e a desvalorização do patrimônio.

Figura 100 Paisagem Urbana de Figura 101 Paisagem Urbana de


Cataguases Vista aérea da Praça Rui Cataguases Vista a partir da Ponte
Barbosa Nova

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

Figura 102 Paisagem Urbana de


Cataguases Vista do Hospital

Fonte: Acervo da autora, 2016.

34Referente ao horizonte produzido pela paisagem urbana de uma cidade, através de suas edificações
e composição, no geral.
102
A Lei de Uso do Solo permite construções com gabaritos e volumes consideráveis
em áreas onde a horizontalidade é característica. A consequência imediata dessa
permissão é a valorização imobiliária, devido a possibilidade de se construir mais na
mesma área de terreno, favorecendo a substituição das construções antigas, menores,
por outras novas, mais altas ou com maior taxa de ocupação, gerando o maior lucro
possível para o proprietário do lote (figuras 103, 104, 105 e 106).

Como afirma LINS (2012, p. 82):

A Lei de Uso do Solo permite um potencial construtivo muito maior do que o


encontrado atualmente na Zona Central. A possibilidade de multiplicação da área
construída em um mesmo terreno implica na substituição dos imóveis menores,
normalmente os mais antigos, responsáveis em grande parte pela identidade da
imagem urbana.

Figura 103 Edificação à esquina das Figura 104 Aumento do gabarito no


Avenidas Humberto Mauro e Astolfo Dutra centro Praça Sandoval Azevedo

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

103
Figura 105 Aumento do gabarito no Figura 106 Aumento do gabarito no
centro Praça Governador Valadares centro Rua Major Vieira

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

Na elaboração do PDP de 2006, percebe-se a preocupação na manutenção da


preservação dá área de interesse histórico. Foi efetuado um levantamento de campo da
região central da cidade, onde a área correspondente à Zona de Proteção Cultural,
definida pela Prefeitura Municipal, foi maior que o perímetro de tombamento delimitado
pelo IPHAN, com questões do tipo, uso da edificação, tipo de ocupação, afastamentos,
época de construção da edificação e outros. Neste levantamento, fica claro que a
delimitação do perímetro de tombamento efetuado pelo IPHAN, em 1994, deixa dúvidas
quanto à sua eficácia de proteção.

Portanto, numa análise, pode-se decorrer alguns fatos sobre a paisagem urbana
de Cataguases, como surgimento de volumes edificados com gabaritos
consideravelmente maiores, perda de massa verde da cidade, com aumento da taxa de
ocupação do solo, ocasionando também, a substituição de edificações antigas por novas,
como já foi dito e descaracterização dos imóveis que não foram tombados
individualmente e também, não foram tombados pelo município, não estando assim, sob
tutela de nenhuma forma de preservação. Em ampla área da região mais antiga da
cidade, pode-se observar certo descompromisso com o patrimônio local, interpretadas a
partir da percepção das descaracterizações feitas por inserções inadequadas, sem
cuidados necessários. Há ausência de fiscalização rotineira para o controle e adequação
dos letreiros. Sobre estes, o DEMPHAC afirma ter enviado ao setor de fiscalização da
Prefeitura Municipal um relatório sobre os imóveis que devem ser notificados, entretanto
o Departamento não possui controle sobre a situação destas fiscalizações, tornando-se

104
inativo para mais informações e atitudes.35 Quanto ao tratamento das superfícies das
edificações, são desconhecidos parâmetros de ordenação de ações neste tema,
tornando-se aleatórias. Além das áreas de estacionamento que enchem o centro,
aumentando o caos urbano e o desconforto dos usuários. Nota-se a deficiência na
fiscalização tanto da Prefeitura Municipal quanto do IPHAN. As figuras 107, 108, 109,
110, 111 e 112 mostram alguns dos problemas encontrados na área central de
Cataguases que causam a perda da legitimidade do patrimônio cultural da cidade.

Figura 107 Letreiros e pintura Figura 108 Letreiros inadequados


inadequados

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

Figura 109 Letreiros inadequados Figura 110 Letreiros e pintura


inadequados

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

35 Informações orais obtidas em visita ao DEMPHAC em maio de 2016.


105
Figura 111 Inserção de elementos na Figura 112 Descaracterização do
volumetria de edificações e pinturas Patrimônio Tombado pelo Iphan
inadequadas

Fonte: Acervo da autora, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2016.

106
3. Estudo de Caso

O estudo de caso que será apresentado neste capítulo é sobre a cidade de Pelotas
(Rio Grande do Sul). Inicialmente será apresentada a cidade, desde seu surgimento até
sua consolidação urbana para melhor compreensão da paisagem e do patrimônio cultural
edificado. E, posteriormente, será mostrado como as diretrizes urbanísticas da cidade em
conexão com o Plano Diretor Participativo e outros artifícios funcionam para efetivar a
preservação da paisagem urbana da cidade.

3.1. A cidade de Pelotas: A Paisagem Urbana e suas Zonas de Preservação do


Patrimônio Cultural

A região da cidade de Pelotas, RS, (figura 112) teve como início de ocupação a
segunda metade do século XVIII, após a invasão espanhola que promoveu a fuga de
algumas pessoas para o local. Sua ocupação teve início a partir das margens da Lagoa
dos Patos e passou por uma grande expansão com o início da cultura do charque36. O
desenvolvimento urbano foi em decorrência do acúmulo de riquezas geradas através da
produção saladeril37 na região que, por provocar um odor muito forte, fazia com que os
produtores buscassem outros lugares, mais afastados das charqueadas, para
construírem suas casas.38

36 Carne bovina salgada e seca ao sol em mantas, produzidas em propriedades denominadas

37 Produção de carne seca ou charques.


38 Informações retiradas do site oficial da Prefeitura Municipal de Pelotas. Acesso: 21/06/2016.
107
Figura 113 Localização do Município de Pelotas - RS

Fonte: Google Maps. Acesso: julho de 2016, adaptado por Mariana Rossin, 2016.

O povoado surgiu no início do século XIX e, rapidamente, se desenvolveu. Os


primeiros loteamentos foram traçados através de uma malha ortogonal que seguia o
sentido norte / sul leste / oeste, resultando em ruas retilíneas e bem definidas, seguindo
as tradições portuguesas. A arquitetura urbana, desde o edifício até obras de
infraestrutura, era produzida por mão-de-obra escrava. Os escravos também produziam,
nas charqueadas, cerâmica (tijolos e telhas), tornando a arquitetura colonial produzida
em Pelotas, vernácula. (ALMEIDA, 2006)

Conforme afirma Almeida (2006), a partir de meados do século XIX, sob forte
influência europeia trazida com a Missão Francesa, em 1816, a arquitetura pelotense
começou a apresentar os sinais das transformações que o Brasil já vivia, com a
substituição da arquitetura colonial pela eclética, que era levada rapidamente à cidade
através dos imigrantes que lá chegavam.

A construção da cidade de Pelotas, segundo Gutierrez (2004 apud ALMEIDA,


2006, p. 50)

Exemplificando os dois grupos que, inicialmente, construíram a cidade e sua imagem. O


crescimento urbano e o desenvolvimento econômico da cidade acarretaram em obras de
melhorias urbanas e instalação de linha férrea. A riqueza que as charqueadas produziam

108
na cidade possibilitaram a diversificação da economia, promovendo a instalação de
atividades secundárias às saladeris. Ao final do século XIX, com a crise dos charques,
houve um processe de industrialização da cidade, com a instalação de diversas fábricas.

Segundo Almeida e Bastos (2006), pode-se identificar, atualmente, duas correntes


histórico-culturais que marcaram a formação da cidade, a primeira pode-se encontrar às
margens do Arroio Pelotas e representa o período colonial, marcado pela arquitetura das
charqueadas, a outra corrente é encontrada na área central da cidade, conhecido como
centro histórico é marcado pelos primeiros loteamentos com arquitetura em estilo eclético
(figuras 114 e 115).

Figura 114 Construções ecléticas do Figura 115 Construções do centro de


centro de Pelotas Pelotas

www.skyscrapercity.com. Acesso em 12/07/2016. www.hostelpelotas.com.br. Acesso em 12/07/2016.

A política de preservação da cidade teve seu início nos anos 80, com a aprovação
do II Plano Diretor Participativo (PDP), onde foram inscritos os primeiros conceitos de
preservação municipal, porém mantiveram-se somente no campo teórico, pois na prática
não funcionavam, devido à incoerência entre a teoria preservacionista e dos instrumentos
urbanísticos, que incentivavam o uso e ocupação do solo, principalmente na área central,
onde encontram-se a maior quantidade dos bens de interesse histórico-cultural.
Modificando bruscamente a paisagem da cidade, visto que novas construções foram
erguidas (figuras 116 e 117), fora do contexto e sem levar em conta o entorno,
prejudicando a homogeneidade presente e gerando uma descaracterização do local
(ALMEIDA, 2006).

Os pontos estabelecidos como primordiais para a preservação como, necessidade


de criação de Zonas de Preservação do Patrimônio Cultural de Pelotas (ZPPCs),
tombamento de alguns exemplares que representasse o patrimônio cultural do município,
109
elaboração de inventário cultural e a preocupação com o entorno dos prédios históricos
só foram, realmente, postos em prática após vinte anos da criação deste PDP, com a
aprovação da Lei Municipal nº 2708 de 1982, que criou o Conselho Municipal do
Patrimônio Histórico e Cultural (COMPHIC), oficializou o tombamento de bens à nível
municipal, previu a isenção do IPTU para imóveis tombados e a possibilidade da
transferência do direito de construir39, mostrando o avanço e a vanguarda em que se
encontrava a cidade. Entretanto, em 1988, partindo de interesses políticos e econômicos,
houve a aprovação de Lei Municipal nº 312840 que alterou a lei anterior, promovendo um
retrocesso no processo em que Pelotas vivia, desse de 1982. Segundo Almeida e Bastos
(2006), durante o período de atuação do COMPHIC, entre 1982 e 1988, foram analisadas
10.000 edificações, dos quais 1189 foram inventariados e 236 tombados provisoriamente
em 1987.

A principal alteração introduzida pela Lei 3128/88 diz respeito ao


condicionamento do tombamento definitivo à apreciação da Câmara Municipal,
o que transformou um ato tipicamente administrativo, da competência do poder
executivo, como determina o decreto 25/37, em conduta dependente do Poder
Legislativo. Com isso, dos 236 prédios com tombamento provisório, decretado
em 1987, somente 16 foram definitivamente protegidos, sendo que, destes,
quatro são tombados em nível federal [...]. A mesma lei ainda estabelece a
criação de um Conselho Revisor, ao qual foi atribuída a competência de avaliar
as decisões originárias do COMPHIC. Constituído, em sua maioria, por
representantes do mercado imobiliário, o Conselho Revisor desarticulou o grupo
de preservação e impediu que se avançasse à luta pela preservação patrimonial.
(ALMEIDA E BASTOS, 2006, p. 101 - 102)

39Lei Municipal nº 2708 de 10 de maio de 1982 Dispõe a Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural
do município de Pelotas, e dá outras providências. Disponível em: http://camara-municipal-de-
pelotas.jusbrasil.com.br/legislacao/497517/lei-2708-82. Acesso em: 23/06/2016.
40Lei Municipal nº 3128 de 23 de julho de 1988 Altera a Lei Municipal nº 2708 de 10 de maio de 1982.
Disponível em: http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br;rio.grande.sul;pelotas:municipal:lei:1988-07-
23;3128. Acesso em: 23/06/2016.
110
Figura 116 Construções sendo Figura 117 Novas edificações erguidas
engolidas no centro de Pelotas sem afastamentos

www.guriestradeiro.blogspot.com.br. Acesso em www.guriestradeiro.blogspot.com.br. Acesso em


12/07/2016. 12/07/2016.

Somente depois de mais de uma década, quando um grupo de preservacionistas


representados por técnicos do Poder Público Municipal e da Universidade Federal de
Pelotas juntamente com parte da população, pôde-se perceber, novamente, avanços na
área. Foi elaborado um Sistema Municipal de Preservação Cultural (SIMPAC),
responsável pela abordagem de diversas questões envolvendo o patrimônio cultural
local, como formas de preservação, cadastro e classificação de bens imóveis de interesse
cultural, incentivos, restrições, avaliações dos entornos, novas inserções e outros. O
SIMPAC, após muitas discussões e modificações referentes ao projeto original, resultou
na aprovação da Lei Municipal nº 4568/0041 que definiu a delimitação das Zonas de
Preservação do Patrimônio Cultural de Pelotas (ZPPCs) (figura 118). Esta lei é o principal
instrumento de preservação da cidade, ela lista os bens imóveis presentes dentro das
zonas e estabelece a proteção para os imóveis contidos no Inventário do Patrimônio
Histórico e Cultural. As ZPPCs de Pelotas também são protegidas, em nível estadual,
através da Lei Estadual nº 11499 de 2000 (CALDAS E SANTOS, 2013).

Foram determinadas quatro ZPPCs, assim definidas42:

41Lei Municipal nº 4568 de 10 de julho de 2000 Declara área da cidade como zonas de preservação
do Patrimônio Cultural de Pelotas ZPPCs lista seus bens integrantes e dá outras providências.
Disponível em: http://www.pelotas.rs.gov.br/interesse_legislacao/leis/2000/Lei_n_4568.pdf. Acesso
em: 22/06/2016.
42
Informações retiradas da Lei Municipal nº 4568/2000.

111
I Sítio do 1º Loteamento

II Sítio do 2º Loteamento

III Sítio do Porto

IV Sítio da Caieira

Figura 118 Zonas de Preservação do Patrimônio Cultural de Pelotas (ZPPCs)

Fonte: https://sites.google.com/site/pcpelotas/3--zonas-de-preservacao-do-patrimonio-cultural-lei-n-4568-00. Acesso


em 12/07/2016.

Dentro de cada ZPPC devem ser preservadas as fachadas e volumetria das


edificações, as intervenções deverão passar por controle da Divisão de Patrimônio
Histórico, possíveis descaracterização de imóveis poderão acarretar em multas. Em caso
de demolição ilegal o artigo 8 define:

Art. 8º - Ocorrendo descaracterização, mutilação, demolição ou


desequilíbrio de bens constantes do Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural
de Pelotas, total ou parcialmente, com ou sem autorização do Município, estes
ficam sujeitos às seguintes restrições:

I - O uso do solo original deverá ser mantido, mesmo que na ausência


das estruturas físicas e ambientais que lhe deram origem.

112
II - Parcelamento do solo original deverá ser preservado, não sendo
permitidos loteamentos, desmembramentos, remembramentos e quaisquer
outras formas de parcelamento.

III - A área construída e a volumetria originais deverão ser mantidas, não


sendo permitidos nem aumentos, nem diminuições. (MUNICÍPIO DE PELOTAS,
2000)

Na elaboração do Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural de Pelotas os bens


catalogados foram analisados e, posteriormente, classificados em quatro diferentes
níveis de preservação. Segundo Peres; Polidori; Tomiello (2012, s/p),
definidos, quanto ao grau de interesse à preservação, segundo alguns parâmetros
divididos em três instâncias de análise: avaliação intralote; leitura da paisagem; e
.

Para Almeida e Bastos (2006, p. 105) as instâncias de análise assim foram


descritas:

- Relação intralote: analisa as características arquitetônicas e tipológicas do


bem, avaliando seus elementos compositivos e sua identificação com alguma
tipologia arquitetônica representativa;

- Leitura da paisagem: analisa o contexto urbano de localização do bem,


avaliando questões como continuidade dos elementos horizontais, ritmo dos
elementos verticais, equilíbrio, hierarquia e homogeneidade da paisagem;

- Descaracterizações: analisa as intervenções ocorridas no bem, avaliando


seu impacto e a possibilidade ou não de reversibilidade das mesmas.

Assim cada imóvel inventariado, de acordo com suas características e


necessidades foi enquadrado dentro destes níveis de preservação que, segundo
documento da Secretaria de Cultura do Município (apud PERES; POLIDORI; TOMIELLO,
2012, s/p) são definidos desta forma:

Nível 1: Incluem-se neste nível os imóveis que mantém a integridade de suas


características físicas internas e externas. Muitas vezes sua relevância deve-
se a sua conotação histórica. Os bens enquadrados neste nível não poderão,
em hipótese alguma, serem destruídos, descaracterizados ou inutilizados,
podendo vir a ser tombados. Sua preservação é de extrema importância para
o resgate da memória da cidade. Preservação das características
arquitetônicas, artísticas e decorativas internas e externas.

113
Nível 2: Incluem-se neste nível os imóveis que mantém as características
arquitetônicas de composição de fachada que possibilitam a leitura tipológica
do prédio e ainda, aqueles que possuem alguma descaracterização que não
impeça esta leitura. Preservação de suas características arquitetônicas,
artísticas e decorativas externas, ou seja, a preservação integral de sua (s)
fachada (s) pública (s) e volumetria.

Nível 3: Incluem-se neste nível os imóveis que sofreram descaracterizações


na composição de sua fachada alterando significativamente sua leitura,
devendo na maioria das vezes sofrer alguma intervenção para melhorar sua
composição. Preservação devido a características de acompanhamento e
complementaridade paisagística dos imóveis classificados como de nível 1
ou 2.

Nível 4: Incluem-se neste nível os imóveis que sofreram descaracterizações


tais que impossibilitam a leitura de sua tipologia ou que se encontram
descontextualizados espacial ou temporalmente. Podem vir a ser substituídas
sem acarretar maiores perdas ao patrimônio histórico e cultural da cidade.
Sua preservação ocorre por registro no Inventário do Patrimônio Cultural, e a
substituição por outra edificação regulamentada pelos instrumentos
urbanísticos específicos para esse fim.

O Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural de Pelotas concretiza os ideais do


II PDP da cidade da década de 1980. Além disso, atualmente encontra-se de uma forma
atualizada, num formato SIG (Sistemas de Informações Geográficas), este recurso
possibilitam a pesquisa com facilidade e agilidade, oferecendo ao pesquisador todas as
informações encontradas de determinado imóvel.

Após as significativas realizações de 2000, no ano seguinte foi criada a Secretaria


Municipal de Cultura. Em seguida, em 2005, foi instituída a Lei Municipal nº 514643 que
isentou do pagamento do IPTU, ou de parte do mesmo, os proprietários que
preservassem seus imóveis inventariados com diferentes ações de conservação ou
restauro.

43Lei Municipal nº 5146 de 25 de julho de 2005 Reduz alíquotas do IPTU e dá outras providências.
Disponível em: http://www.pelotas.rs.gov.br/interesse_legislacao/leis/2005/lei_5146.pdf. Acesso em:
23/06/2016.
114
Sobre a isenção do IPTU para os proprietários de imóveis inventariados e o
resultado da lei, Almeida e Bastos (2006, p. 104) definiram:

[...] no caso específico de Pelotas, em apenas quatro anos de vigência da lei


já existe um número expressivo de imóveis inseridos no processo de
recuperação e conservação, via isenção de IPTU. Gradativamente, as
melhorias estão sendo percebidas pela comunidade, estão contagiando
outros proprietários e qualificando a paisagem urbana.

Ainda conforme Almeida e Bastos, em 2006, apenas um ano após a instituição da


lei de isenção do IPTU, atingiu objetivos maiores que os idealizados. A diferença no
comportamento da comunidade era notória, promovendo a inclusão da mesma nas
questões sobre preservação do patrimônio local, diversos imóveis foram restaurados,
apesar de ainda haver proprietários insatisfeitos e pressão por parte da indústria da
construção civil.

Em 2008, foi aprovado o novo Plano Diretor de Pelotas, através da Lei Municipal
nº 5502/0844, o qual foi financiado pelo Programa Monumenta45. A abordagem do
patrimônio histórico e cultural da cidade é tema de diversas proposições deste novo PD.
Este segue os modelos de outras cidades brasileiras que, a partir das propostas do
Estatuto da Cidade46, instituem Zonas Especiais de Interesse Social, define, na zona
urbana de Pelotas, onze áreas com planos especiais de desenvolvimento, as Áreas
Especiais de Interesse do Ambiente Cultural (AEIACs). Dentro das AEIACs o PD prevê
Focos Especiais de Interesse Cultural (FEICs), os quais ficaram definidos assim:

[...] pontos específicos localizados nas AEIAC, com características peculiares


que denotam maior relevância sob o aspecto cultural, e cujo entorno compõe
uma área de abrangência, na qual as novas inserções e intervenções devem
obedecer às diretrizes gerais da AEIAC e também às regras específicas de

44 Lei Municipal nº 5502 de 11 de setembro de 2008 - Institui o Plano Diretor Municipal e estabelece as
diretrizes e proposições de ordenamento e desenvolvimento territorial no Município de Pelotas, e dá
outras providências. Disponível em: camara-municipal-de-
pelotas.jusbrasil.com.br/legislacao/484900/lei-5502-08. Acesso em: 23/06/2016.
45
Programa do Ministério da Cultura do Brasil, juntamente com Banco Interamericano de
Desenvolvimento que busca a reforma e resgate do Patrimônio Cultural Urbano em todo país.
46Denominação usual da Lei n° 10.257 de 10 de julho de 2001, a qual regulamenta os artigos 182 e
183 da Constituição Federal. O Estatuto da Cidade "estabelece normas de ordem pública e interesse
social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar
dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental". Fonte: http://www.cliquearquitetura.com.br/artigo/o-
estatuto-da-cidade.html. Acesso em 12/07/2016.
115
composição arquitetônica e controle urbanístico estabelecidos, buscando
manutenção e incremento das características específicas de cada foco da
área. (MUNICÍPIO DE PELOTAS, 2008, p. 20)

Para Gonsales; Santa Catharina; Alquati (2011), a criação de áreas especiais e


com legislação diferenciada abrangendo toda a cidade é uma inovação estratégica na
área de planejamento, visto que, essa ação possibilita uma expansão do olhar
conservacionista que considera não somente os centros históricos (locais já
consolidados) como patrimônio da cidade, mas também as áreas ainda não amplamente
reconhecidas pela comunidade.

116
Conclusão

Através das análises e dos estudos realizados sobre a cidade de Cataguases,


percebe-se a necessidade de diretrizes mais consistentes e mais atenção por parte dos
órgãos responsáveis pela salvaguarda da paisagem urbana local, assim como o
patrimônio individual. E, portanto, o objeto deste trabalho é contribuir para que políticas
públicas sejam implantadas e que sejam de efetiva abordagem.

Embora exista no Plano Diretor, discussão e proposições sobre o tema, assim


como Leis de Uso e Ocupação e Zoneamento, é necessário que estas legislações se
tornem atuantes, assim como a elaboração de políticas públicas e de planejamento da
paisagem urbana da cidade.

No Trabalho de Conclusão de Curso II, pretende-se propor algumas diretrizes


novas, seguindo o modelo da cidade Pelotas, usado como estudo de caso desta pesquisa
e/ou elaborar complementos que possam aumentar a abrangência e eficácia das
legislações existentes, através de um Plano de Preservação que, segundo Mesentier
(s/data) é um instrumento de mediação entre Normas de Preservação e Planos Diretores.

117
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123
Apêndices

124
APÊNDICE I – TABELA DE BAIRROS DE CATAGUASES E CARACTERÍSTICAS TIPOMORFOLÓGICAS
BAIRRO IMPACTO DENSI TRAÇADO DECLIVI VEGETA IMPLANTAÇÃO TIPOS E ACABA OBS.
VISUAL DADE DAS VIAS DADE ÇÃO DAS GABARITOS MENTO
PRINCIPAIS EDIFICAÇÕES
NOS LOTES

São Não há Baixa Traçado Não há. Presença Predomínio de Predomina o Baixo Bairro localizado
Diniz impacto irregular que de implantações uso no limite do
visual segue à vegetação nas testadas residencial município com o
devido à ocupação do nos dos lotes, sem com 1 ou 2 distrito de Sereno
não bairro quintais e, afastamentos pavimentos,
declividad principalm laterais e podendo
e da ente, nos presença de haver
localizaçã morros quintais nas comércio
o do bairro localizado casas local
s nos
arredores
do bairro

Marote Não há Baixa Traçado Pouca Presença Predomínio de Predomina o Médio/ba


impacto irregular que ocupaçã de implantações uso ixo
visual segue à o na vegetação nas testadas residencial
devido à ocupação do encosta nos dos lotes, sem com 2
não bairro. de morro quintais e, afastamentos pavimentos,
declividad presente, principalm laterais e podendo
e da Apenas vias ou seja, ente, nos presença de haver
localizaçã principais baixa morros quintais nas comércio
o do bairro são em declivida localizado casas local
pedras, as de s nos
demais são arredores
terra batida do bairro

Pampul Não há Baixa Traçado Não há. Presença Predomínio de Predomina o Médio/ba
ha impacto irregular que de implantações uso ixo
visual segue à vegetação nas testadas residencial
devido à , dos lotes, sem com 2
não ocupação do principalm afastamentos pavimentos,
declividad bairro ente nos laterais e podendo
e da morros presença de haver
localizaçã localizado quintais nas comércio
o do bairro s nos casas local
arredores
do bairro

Sol Há Média Traçado das Alta Presença Predomínio de Predomina o Médio/ba


Nascent impacto, vias é regular de pouca implantações uso ixo
e baixo, pois com vegetação com residencial
a quarteirões nas afastamentos com 1 ou 2
localizaçã quase calçadas, frontais, sem pavimentos,
o do sempre em afastamentos podendo
bairro, retangulares terrenos laterais e haver
apesar de vazios e presença de comércio
ser em nos quintais nas local
morro está arredores casas
longe da do morro
área
central

São Há Média Traçado Alta Presença Não há padrão Predomina o Médio/ba


Sebastiã impacto, irregular que de pouca para as uso ixo
o baixo, pois segue à vegetação construções. residencial,
a ocupação do nas Algumas podendo
localizaçã bairro calçadas, possuem recuo haver
o do em frontal outras pequenos
bairro, terrenos localizam-se prédios
apesar de vazios e nas testadas residenciais
ser em nos com
morro está arredores comércio no
longe da do morro térreo na via
área principal e
central nas demais,
casas com 1
ou 2
pavimentos,
podendo
haver
comércio
local

Popular Não há Média Traçado Baixa Presença Predomínio de Predomina o Médio/ba


impacto irregular que de pouca implantações uso ixo
visual segue à vegetação nas testadas residencial
devido à ocupação do nas dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro calçadas, afastamentos pavimentos
declividad em laterais e ou pequenos
e da terrenos presença de prédios
localizaçã vazios e quintais nas residenciais
o do bairro nos casas com
arredores comércio no
do morro térreo

Pouso Não há Média Traçado Média Presença Predomínio de Predomina o Médio/ba


Alegre impacto irregular que de pouca implantações uso ixo
visual segue à vegetação nas testadas residencial
devido à ocupação do nas dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro calçadas, afastamentos pavimentos
declividad em laterais e ou pequenos
e da terrenos presença de prédios
localizaçã vazios e quintais nas residenciais
o do bairro nos casas com
arredores comércio no
do morro térreo

Thomé Não há Média Traçado Não há. Presença Predomínio de Predomina o Baixo
impacto irregular que de implantações uso
visual segue à vegetação nas testadas residencial
devido à ocupação do nos dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro quintais e, afastamentos pavimentos,
declividad principalm laterais e podendo
e da ente, nos presença de haver
morros
localizado
localizaçã s nos quintais nas comércio
o do bairro arredores casas local
do bairro

Indepen Grande Alta Traçado Alto Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba


dência impacto irregular que vegetação implantações uso ixo
visual segue à , com residencial
devido à ocupação do concentra afastamentos com 1 ou 2
ocupação bairro da nas frontais, sem pavimentos
de calçadas e afastamentos
encosta e terrenos laterais
localizaçã vazios
o do bairro

Haideê Grande Alta Traçado das Alto Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba - Na medida em
Fajardo impacto vias é regular vegetação implantações uso ixo que vai se
visual com , nas testadas residencial afastando da via
devido à quarteirões concentra dos lotes, sem com 1 ou 2 principal as
ocupação quase da nas afastamentos pavimentos, edificações vão
de sempre calçadas e laterais podendo ficando mais
encosta e retangulares terrenos haver simples;
localizaçã vazios comércio
o do bairro local - Próximo à via
principal pode
ocorrer pequenos
prédios de, até, 4
pavimentos com
comércio no
térreo;

- Ao longo da via
principal há
presença
abundante de
vegetação.

Vila Não há Alta Traçado Não há. Pouca Predomínio de Na via Médio - Há vegetação
Doming impacto irregular que vegetação implantações principal abundante
os visual segue à , nas testadas predomina próximo ao
Lopes devido à ocupação do concentra dos lotes, sem prédios de córrego;
não bairro da nas afastamentos até 4
declividad calçadas e laterais e com pavimentos - Na via principal
e da terrenos quintais com há presença forte
localizaçã vazios comércio no de comércio.
o do bairro térreo. Nas
demais vias,
predominam
residências
de 1 ou 2
pavimentos

Colinas Não há Média Traçado Pouca Bastante Residências Numa Médio/ba - Área com
impacto irregular que vegetação com recuos primeira ixo interesse para
visual segue à nas áreas frontais, laterais ocupação, as especulação
devido à ocupação do não e de fundos. Os edificações imobiliária devido
não bairro ocupadas novos edifícios eram ao crescimento
declividad do bairro e apresentam –se predominant recente
e da nas com emente
localizaçã encostas afastamento residências
o do bairro do entorno frontal, sem de 1 ou 2
recuos laterais e pavimentos.
com recuos
posteriores Atualmente
há presença
de pequenos
prédios
residenciais,
marcando
uma nova
fase de
ocupação

Bandeir Grande Alta Traçado das Alta Pouca Residências Edificações Médio/ba - Área com
antes impacto vias é regular vegetação com recuos de 2 ixo interesse para
visual com , frontais, sem pavimentos, especulação
devido à quarteirões concentra afastamentos na medida imobiliária devido
ocupação quase da nas laterais e de em que vai ao crescimento
de sempre calçadas e fundos, na se recente;
encosta e retangulares terrenos medida em que afastamento
localizaçã vazios vai se da via - Na medida em
o do bairro afastamento da principal, as que vai se
via principal, as edificações afastando da via
edificações vão vão principal as
perdendo o perdendo o edificações vão
padrão padrão ficando mais
simples

Meneze Não há Alta Traçado Não há. Há alguns Predomínio de Predomina o Médio - Área com
s impacto irregular que pontos no implantações uso interesse para
visual segue à bairro com com residencial especulação
devido à ocupação do forte afastamentos com 1 ou 2 imobiliária devido
não bairro presença frontais, sem pavimentos, ao crescimento
declividad de afastamentos podendo recente
e da vegetação laterais e haver
localizaçã , porém, presença de comércio
o do bairro concentra quintais nas local
das casas

Horto Há Média Traçado Média Bastante Predomínio de Predomina o Médio


impacto, irregular que vegetação implantações uso
baixo, pois segue à nas áreas nas testadas residencial
a ocupação do não dos lotes, sem com 1 ou 2
localizaçã bairro ocupadas afastamentos pavimentos
o do do bairro e laterais e com ou pequenos
bairro, nas quintais prédios
apesar de encostas residenciais
ser em do entorno com
morro está comércio no
longe da térreo
área
central
Granjari Não há Média Traçado Não há. Pouca Predomínio de Predomina o Médio
a impacto irregular que vegetação implantações uso
visual segue à , nas testadas residencial
devido à ocupação do concentra dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro da nas afastamentos pavimentos,
declividad calçadas laterais e com podendo
e da da via quintais haver
localizaçã principal comércio
o do bairro local

Morada Grande Baixa Traçado Média Bastante Residências Predomina o Alto


da Serra impacto irregular que vegetação com recuos uso
visual segue à nas áreas frontais, laterais residencial
devido à ocupação do não e de fundos com 1 ou 2
ocupação bairro ocupadas pavimentos
de do bairro, de alto
encosta e nas vias, padrão
localizaçã encostas
o do bairro do entorno
e quintais

Centro Porção Alta Traçado Não há. Bastante As edificações Predomina o Alto
inicial de irregular, vegetação estão nas uso misto
ocupação algumas vias nas vias e testadas dos com 1 ou 2
da cidade, seguem o em pontos lotes, sem pavimentos,
única mesmo específico recuos. na área mais
centralida traçado s como as antiga e com
de e desde o praças Na área mais pequenos
principal início da antiga do centro prédios de
área de povoação da há presença de até 4
comércio cidade quintais com pavimentos,
pontos de tendo
vegetação. Já também,
as áreas de algumas
ocupação mais edificações
recentes do mais altas na
centro, não área mais
possuem recuos recente da
posteriores cidade.

Na área
próxima à
Estação
Ferroviária, o
uso
predominant
e é comercial
e serviços

Bela Grande Baixa Traçado Alta Bastante Predomínio de Predomina o Médio


Vista impacto irregular que vegetação implantações uso
visual segue à nas áreas nas testadas residencial
devido à ocupação do não dos lotes, sem com 1 ou 2
ocupação bairro ocupadas afastamentos pavimentos
de do bairro, laterais e com
encosta e nas vias, quintais
localizaçã encostas
o do bairro do entorno
e quintais

Vila Grande Média Traçado Média Bastante Predomínio de Predomina o Médio/ba


Reis impacto irregular que vegetação implantações uso ixo
visual segue à nas áreas nas testadas residencial
devido à ocupação do de dos lotes, sem com 1 ou 2
ocupação bairro encostas afastamentos pavimentos,
de do entorno laterais e com podendo
encosta e e quintais quintais haver
localizaçã comércio
o do bairro local

Justino Não há Baixa Traçado Não há. Pouca Predomínio de Predomina o Baixo
impacto irregular que vegetação implantações uso
visual segue à , nas testadas residencial
devido à concentra dos lotes, sem com 1 ou 2
não da nas afastamentos pavimentos,
declividad ocupação do encostas laterais e com podendo
e da bairro do entorno quintais haver
localizaçã e quintais comércio
o do bairro local

São Não há Média Traçado das Não há. Pouca Não há padrão Predomina o Baixo
Vicente impacto vias é regular vegetação para as uso
visual com , construções. residencial
devido à quarteirões concentra Algumas com 1 ou 2
não quase da nas possuem recuo pavimentos,
declividad sempre encostas frontal outras podendo
e da retangulares do entorno localizam-se haver
localizaçã e quintais nas testadas comércio
o do bairro local

Isabel Grande Baixa Traçado Alta Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba


Tavares impacto irregular que vegetação implantações uso ixo
visual segue à , nas testadas residencial
devido à ocupação do concentra dos lotes, sem com 1 ou 2
ocupação bairro da nas afastamentos pavimentos,
de calçadas laterais e com podendo
encosta e da via quintais haver
localizaçã principal comércio
o do bairro local

Leonard Grande Baixa Traçado Alta Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba


o impacto irregular que vegetação implantações uso ixo
visual segue à , nas testadas residencial
devido à ocupação do concentra dos lotes, sem com 1 ou 2
ocupação bairro da nas afastamentos pavimentos,
de calçadas laterais e com podendo
encosta e da via quintais haver
localizaçã principal comércio
o do bairro local

Dico Grande Média Traçado Alta Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba


Leite impacto irregular que vegetação implantações uso ixo
visual segue à , nas testadas residencial
devido à ocupação do concentra dos lotes, sem com 1 ou 2
ocupação bairro da nas afastamentos pavimentos,
de calçadas laterais e com podendo
encosta e da via quintais haver
localizaçã principal comércio
o do bairro local

Vila Não há Alta Traçado Não há. Bastante Predomínio de Predomina o Médio/ba - Há presença de
Tereza impacto irregular que vegetação implantações uso ixo grandes
visual segue à nas áreas nas testadas residencial equipamentos
devido à ocupação do não dos lotes, sem com 1 urbanos, como a
não bairro ocupadas afastamentos pavimento na Santa Casa de
declividad do bairro, laterais e com parte mais Misericórdia de
e da nas vias, quintais antiga do Cataguases e o
localizaçã entorno e bairro e 1 ou Clube do Remo;
o do bairro quintais 2 pavimentos
na área de - Localiza-se beira-
ocupação rio
mais recente,
podendo,
também,
haver
pequenos
prédios de
até 4
pavimentos
com
comércio no
térreo

Santa Não há Baixa Traçado Não há. Bastante Residências Predomina o Alto - Localiza-se beira-
Cristina impacto irregular que vegetação com recuos uso rio
visual segue à nas áreas frontais, laterais residencial
devido à ocupação do não e de fundos com 1 ou 2
não bairro ocupadas pavimentos
declividad do bairro, de alto
e da nas vias, padrão
encostas
localizaçã do entorno
o do bairro e quintais

Ana Não há Média Traçado Não há. Bastante Predomínio de Predomina o Médio/ba - Localiza-se beira-
Carrara impacto irregular que vegetação implantações uso ixo rio
visual segue à nas áreas nas testadas residencial
devido à ocupação do não dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro ocupadas afastamentos pavimentos
declividad do bairro, laterais e com
e da nas vias, quintais
localizaçã beira-rio e
o do bairro quintais

Vila Não há Média Traçado Não há. Bastante Predomínio de Predomina o Médio/ba - Localiza-se beira-
Minalda impacto irregular que vegetação implantações uso ixo rio
visual segue à nas áreas nas testadas residencial
devido à ocupação do não dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro ocupadas afastamentos pavimentos
declividad do bairro, laterais e com
e da nas vias, quintais
localizaçã beira-rio e
o do bairro quintais

Primave Não há Média Traçado Alta Bastante Predomínio de Predomina o Médio/ba


ra impacto irregular que vegetação implantações uso ixo
visual segue à nas áreas nas testadas residencial
devido à ocupação do não dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro ocupadas afastamentos pavimentos,
declividad do bairro, laterais e com podendo
e da nas vias, quintais haver
localizaçã encostas comércio
o do bairro do entorno local
e quintais

Ibrahim Não há Baixa Traçado Alta Bastante Predomínio de Predomina o Médio/ba


impacto irregular que vegetação implantações uso ixo
visual segue à nas áreas nas testadas residencial
devido à não dos lotes, sem com 1 ou 2
não ocupação do ocupadas afastamentos pavimentos,
declividad bairro do bairro, laterais e com podendo
e da nas vias, quintais haver
localizaçã encostas comércio
o do bairro do entorno local
e quintais

Santa Não há Média Traçado Alta Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba


Clara impacto irregular que vegetação implantações uso ixo
visual segue à , nas testadas residencial
devido à ocupação do concentra dos lotes, sem com 1 ou 2
não bairro da nas afastamentos pavimentos,
declividad encostas laterais e com podendo
e da do quintais haver
localizaçã entorno, comércio
o do bairro terrenos local
vazios e
quintais

Beira Não há Alta Traçado das Não há. Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba - Composto
Rio impacto vias é regular vegetação implantações uso ixo basicamente pela
visual e segue o , nas testadas residencial, via principal;
devido à desenho do concentra dos lotes, sem podendo
não rio da nas afastamentos haver - Localiza-se beira-
declividad encostas laterais e com pequenos rio
e da do quintais prédios
localizaçã entorno, residenciais
o do bairro terrenos com
vazios e comércio no
quintais térreo na via
principal e
nas demais,
casas com 1
ou 2
pavimentos,
podendo
haver
comércio
local

Taquara Não há Média Traçado das Não há. Pouca Predomínio de Predomina o Médio/ba
Preta impacto vias é regular vegetação implantações uso ixo
visual com , nas testadas residencial
devido à quarteirões concentra dos lotes, sem com 1 ou 2
não quase da nas afastamentos pavimentos,
declividad sempre encostas laterais e com podendo
e da retangulares do entorno quintais haver
localizaçã e quintais comércio
o do bairro local

São Não há Média Traçado das Alta Pouca Predomínio de Predomina o Baixo - Presença de
Cristóvã impacto vias é regular vegetação implantações uso habitações de
o visual com , nas testadas residencial Interesse Social
devido à quarteirões concentra dos lotes, sem com 1
não quase da nas afastamentos pavimento
declividad sempre encostas laterais e com
e da retangulares do entorno quintais
localizaçã e quintais
o do bairro

Fonte Dados: Plano Diretor Participativo (2006) e Google Earth (2016). Elaborado pela autora, 2016.

LEGENDA EM RELAÇÃO ÀS CARACTERÍSTICAS E ÀS CORES

Bairros de baixa declividade

Sítio Histórico

Bairros com alta declividade


Implantação Beira-rio

IMPACTO VISUAL Em relação, principalmente, ao sitio histórico, ou seja, como se faz a visibilidade de determinado local no sítio histórico de
Cataguases, se há ou não influência visual. (Fonte: SALGADO, 2010)

DENSIDADE Corresponde à ocupação do solo, medida através da proporção existente entre os vazios urbanos e a massa construída, sendo
determinado local com alta densidade, quando há intensa ocupação do solo. (Fonte: SALGADO, 2010)

Sistema viário que compõe o local, representando o espaço público em contraposição ao espaço privado. Pode ser regular,
TRAÇADO DAS VIAS quando as vias se apresentam em geral de forma ortogonal ou como irregular ou orgânico, quando o traçado é representado
por vias sinuosas. (Fonte: SALGADO, 2010)

Natureza topográfica do terreno, determinada pelas curvas de nível. As curvas de nível vão indicar se o terreno é plano,
DECLIVIDADE ondulado, montanhoso ou se o mesmo é liso, íngreme ou de declive suave. (Fonte:
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/elementos_representacao.html. Acesso: 24/07/2016)

IMPLANTAÇÃO Como se faz a implantação da arquitetura tipo num lote de determinado bairro. Há afastamentos frontais, laterais e/ou
posteriores ou a implantação se faz na testada do lote e sem afastamentos quaisquer.

Qualificação que se dá ao tipo de ocupação de uma edificação, podendo ser residencial (unifamiliar ou multifamiliar), comercial
TIPOS E GABARITOS ou misto, quando o mesmo objeto assume os dois primeiros usos simultaneamente e à altura ou quantidade de pavimentos que
determinada edificação pode atingir.

Acabamentos diversos desde a utilização de revestimento com reboco, pedras, sem acabamento – tijolo furado aparente
ACABAMENTO (BAIXO) ou com acabamentos MÉDIOS, onde ao menos a fachada frontal recebe algum tratamento ou até mesmo,
acabamentos excelentes (ALTO), onde todas as fachadas recebem algum tipo de cuidado.
APÊNDICE II – BENS TOMBADOS EM NÍVEL FEDERAL E MUNICIPAL DE CATAGUASES
BEM ENDEREÇO PROTEÇÃO DATA/DECRETO OBSERVAÇÕES

Conjunto histórico, Cataguases, MG Federal Nº Processo: 134 2-


arquitetônico e T-94 de 17/02/2003
paisagístico (Centro
Histórico de
Cataguases)

Residência Francisco R. Major Vieira, Federal Nº Processo:134 2- Ano: 1940-42| Projeto: Oscar Niemeyer|
Inácio 154 T-94 de 17/02/2003 Paisagismo: Roberto Burle Marx| Esculturas:
Peixoto Jan Zach e José Pedrosa| Mobiliário:
Joaquim Terneiro

Residência Ottônio Av. Astolfo Dutra, Federal Nº Processo:134 2- Ano: 1957-58| Projeto: Francisco Bolonha|
Alvim Gomes e Nanzita 166 T-94 de 17/02/2003 Painel externo: Anísio Medeiros| Painel
interno: Emeric Marcier| Mobiliário: Joaquim
Terneiro

Residência José Av. Astolfo Dutra, Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1945-47| Projeto: Aldary H. Toledo|
Pacheco de Medeiros 146 T-94 de 17/02/2003 Paisagismo: Francisco Bolonha
Filho

Residência José Av. Astolfo Dutra, Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1948| Projeto: Edgar Guimarães do
Peixoto 116 T-94 de 17/02/2003 Valle| Paisagismo: Roberto Burle Marx|
Painel externo: Paulo Werneck

Hotel Cataguases Rua Major Vieira, Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1948-51| Projeto: Aldary H. Toledo e
56 T-94 de 17/02/2003 Gilberto Lyra de Lemos| Paisagismo: Carlos
Perry| Escultura: Jan Zach
Edifício “A Nacional” Pça. Rui Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 193-57| Projeto: MM Roberto
Barbosa, 68 T-94 de 17/02/2003

Conjunto de Bairro Jardim Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1960| Projeto: Francisco Bolonha
Residências Operárias T-94 de 17/02/2003
Bairro Jardim

Fábrica de Fiação e Pça. Manoel Federal Nº Processo: 134 2- Construção: 1905


Tecelagem Cataguases Ignácio Peixoto T-94 de 17/02/2003

Museu da Eletricidade Av. Astolfo Dutra, Federal Nº Processo: 134 2- Construção: 1922
Cataguases-Leopoldina 41 T-94 de 17/02/2003

Educandário Dom Rua Dr. Lobo Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1951-54| Projeto: Francisco Bolonha|
Silvério Filho, 270 T-94 de 17/02/2003 Painel externo: Anísio Medeiros| Painel
interno: Emeric Marcier

Cine-Teatro Edgard Pça Rui Barbosa, Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1946-52| Projeto: Aldary H. Toledo e
174 T-94 de 17/02/2003 Carlos Azevedo Leão

Municipal 1434 de 27/12/88

Monumento a José Pça. José Inácio Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1953-58| Projeto: Francisco Bolonha|
Inácio Peixoto Peixoto T-94 de 17/02/2003 Painel: Cândido Portinari| Escultura: Bruno
Giorgi
Municipal 2560 de 01/04/98

Estação Ferroviária de Pça. Governador Federal Nº Processo: 134 2- Construção: 1877


Cataguases Valadares T-94 de 17/02/2003

Municipal 1436 de 27/12/1988

Grupo Escolar Coronel Av. Astolfo Dutra, Federal Nº Processo: 134 2- Inaugurado em 1913
Vieira 303 T-94 de 17/02/2003
Municipal 2562 de 01/04/98

Colégio Cataguases (E. Bairro Granjaria Federal Nº Processo: 134 2- Ano: 1945-49| Projeto: Oscar Niemeyer|
E. Manoel Inácio T-94 de 17/02/2003 Paisagismo: Roberto Burle Marx| Escultura:
Peixoto) Jan Zach| Mobiliário: Joaquim Terneiro|
Municipal 1435 de 27/11/88 Painel externo: Paulo Werneck| Painel
interno: Cândido Portinari

Ponte metálica sobre Final da Rua Federal Nº Processo: 134 2- Construção: 1912-15
Rio Pomba Francisco de T-94 de 17/02/2003
Barros
Municipal 2563 de 01/04/98

Conjunto Arquitetônico Praça Municipal --


da Praça Governador Governador
Valadares Valadares

Chácara Dona Catarina Praça Municipal 1211 de 15/04/86 Construção: 1888


Governador
Valadares

Residência Rua Rebelo Municipal -- Construção: Início do século XX


Horta, 55

Prédio da Cia. Brás. De Pça. Governador Municipal 1212 de 16/04/86


Alimentos (COBAL) Valadares, 189

Delegacia de Polícia Rua Major Vieira, Municipal 2559 de 01/04/98 Construção: 1914
83

E. E. Guido Marliére Rua Tenente Municipal 2561 de 01/04/98 Construção: 1930


Luiz Ribeiro, 110
Paço Municipal Praça Santa Municipal 2561 de 01/04/98 Construção: 1898-1900
Rita, 462

Malha Ferroviária com Municipal 2816 de 08/05/2002 Construção: 1877


trilho e dormentes

Estação Ferroviária de Distrito de Municipal 2749 de 15/08/2001 Construção: 1875


Aracati Rua Pastor Aracati
Ferreira

Estação Ferroviária de Distrito do Glória Municipal 2752 de 15/08/2001 Construção: 1895


Glória

Estação Ferroviária de Distrito de Municipal 2750 de 15/08/2001 Construção: 1878


Sinimbu -Fazenda Sinimbú
Sinimbú

Estação Ferroviária de Distrito de Municipal 2753 de 15/08/2001 Construção: 1895


Sereno Sereno

Ponte da Rede Distrito de Vista Municipal 2747 de 15/08/2001 Construção: 1925


Ferroviária Federal Alegre
sobre o Rio Pomba

Ponte da Rede Entre os distritos Municipal 2748 de 15/08/2001 Construção: 1876


Ferroviária Federal de Aracati e
sobre o Rio Pomba Vista Alegre

Estação Ecológica de Horto Florestal Municipal 2751 de 15/08/2001 Desapropriação da Fazenda de café
Água Limpa “Francisco de Souza”, com 100 hectares de
Manuel Jacinto Carreiro em 1912
LISTA DE BENS MÓVEIS E INTEGRADOS – Todos fazem parte do Conjunto Urbano tombado pelo IPHAN
sob Decreto nº 1342-T-94 de 17/02/2003

BEM AUTORIA LOCALIZAÇÃO

Escultura “O Pensador" Jan Zach Colégio Cataguases (E. E. Manoel


Ignácio Peixoto)

Painel de Pastilhas Paulo Werneck Colégio Cataguases (E. E. Manoel


Ignácio Peixoto)

Painel de Azulejos (fachada externa) Anísio Medeiros Residência Ottônio Alvim Gomes e
”Festa Nordestina” Nanzita à Av. Astolfo Dutra n°176

Afresco “A lenda sobre o rapto das Émeric Marcier Residência Ottônio Alvim Gomes e
Sabinas” Nanzita à Av. Astolfo Dutra n°176

Escultura “Mulher” Jan Zach Hotel Cataguases, à Rua Major Vieira


n°56

Escultura “A família” Bruno Giorgi Monumento a José Inácio Peixoto -


Praça José Inácio Peixoto

Painel de azulejos “As Fiandeiras” Cândido Portinari Monumento a José Inácio Peixoto -
Praça José Inácio Peixoto

Painel (fachada externa) Anísio Medeiros Educandário Dom Silvério, à Rua Doutor
Lobo Filho n° 270

Afresco da Capela do Educandário Émeric Marcier Educandário Dom Silvério, à Rua Doutor
“Genesis” Lobo Filho n° 270

Fonte Dados: Plano Diretor Participativo (2006), Lista atualizada de bens tombados no Município de Cataguases – DEMPHAC e Guia da Arquitetura Modernista
de Cataguases (ALONSO (coord.), 2012). Elaborado pela autora, 2016.

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