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Aula 01

Legenda:

FG – Fato Gerador

OT – Obrigação Tributária

IR – Imposto de Renda

Aula 02

Desse modo, o FG tem a natureza de ato constitutivo, operando efeitos “ex nunc” (isto é, para
frente). De fato, só após o FG e a subsunção, será possível falar em devedor e credor de um
tributo, no bojo de uma OT.

 Quando nos tornamos devedor de um tributo?

Nós nos tornamos devedor de um tributo após o FG.

A OT possui 4 elementos:

1. Sujeito ativo;
2. Sujeito passivo;
3. Objeto; e
4. Causa.

No direito civil, aprendemos os 4 elementos de toda obrigação: (i) credor; (ii) devedor; (iii)
prestação; e (iv) vínculo jurídico. Note que os elementos da OT resgatam a essência do direito
civil, apenas trazendo uma terminologia própria.

1. Sujeito ativo da OT.

É o ente credor do tributo/multa. Assim, todo o tributo é pago para o sujeito ativo de uma OT,
logo para aquele ente que irá se apropriar dessa receita pública.

O sujeito ativo, como ente credor, é o Estado, coloquialmente conhecido na seara tributária
como Fisco ou, ainda, como Fazenda Pública.

Na verdade, o Estado tributante se manifesta, em nossa Federação, por meio das entidades
políticas ou federadas: (i) União; (ii) Estados; (iii) Municípios; e (iv) Distrito Federal.

Assim, é fácil perceber que um tributo federal será pago para o ente credor União. Da mesma
forma, um tributo municipal será pago para o ente credor Município (e para o DF).

A União cria, arrecada e fiscaliza os tributos federais. Naturalmente, a União possui órgãos, e
um deles é responsável por arrecadar e fiscalizar os tributos federais: Receita Federal do Brasil.
Da mesma forma, o Estado membro cria, arrecada e fiscaliza os tributos estaduais, possuindo
os órgãos para a sua estrutura. A propósito, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) é o órgão que
arrecada e fiscaliza os tributos estaduais.

O trabalho de instituir o tributo, como se viu, será feito pela União, Estados, Municípios e DF,
sempre por meio de lei. Esse poder de criar o tributo recebe o nome de competência
tributária.
A competência tributária está ligada, portanto, à atuação dos entes políticos. A referida
competência é indelegável, exemplo: o imposto sobre grandes fortunas é um imposto federal,
logo somente a União poderá instituí-lo. Assim, o Estado de SP não pode pretender fazê-lo, de
forma substitutiva, porque a competência tributária é indelegável.

Importante: Existe uma situação muito pontual em que a União cria o tributo (competência
tributária), mas não realiza, ela própria, o trabalho de arrecadação e fiscalização. Nesse caso, o
trabalho de arrecadar e fiscalizar será delegado a um outro ente, quase sempre autárquico, na
busca da melhor eficiência na administração. É possível, assim, que ocorra uma delegação
desse trabalho de arrecadar e fiscalizar, chamada de delegação de capacidade tributária ativa.
Portanto, os órgãos fiscalizadores das profissões (OAB, CRM, CRC) quando cobram as
anuidades (tributos federais), atuam por delegação de capacidade tributária ativa, uma vez
que a competência tributária da União é indelegável. (Ler os arts. 7º e 119 do CTN.) Vale
destacar, ainda, que estes entes delegatários (quem recebe a delegação) ou parafiscais
(paralelos) se apropriam integralmente do valor arrecadado/fiscalizado.

No caso do ITR, desde a Emenda Constitucional nº 42/2003, a União, que detém competência
tributária para este imposto, pôde delegar para Municípios optantes o trabalho de arrecadar e
fiscalizar o ITR, podendo estes ficarem com 100% do volume arrecadado. Aqui também é
possível cogitar de uma delegação de capacidade tributária ativa.

2. Sujeito passivo da OT.

É o ente devedor do tributo/multa. Logo, será aquele ente que paga o tributo para o sujeito
ativo da OT. Esse ente devedor pode ser uma pessoa física, pessoa jurídica, o espólio, pecunia
non olet, massa falida etc. Com maior rigor, o devedor de tributos pode assumir uma de duas
roupagens: (i) contribuinte; ou (ii) responsável.

Contribuinte: É aquele que tem uma relação pessoal e direta com o FG. Exemplo: IPVA, no qual
o contribuinte é o proprietário do veículo.

Responsável: É a terceira pessoa escolhida por lei para pagar o tributo, sem ter realizado o FG.
Exemplo: Menor = contribuinte (pais = responsáveis); Contribuinte falece (serão responsáveis:
(i) o espólio; (ii) o inventariante; ou (iii) o sucessor).

Aula 03

Solidariedade tributária

Quando temos, por exemplo, vários irmãos donos de um apartamento, devemos saber que
eles são codevedores de IPTU. No direito privado, aprendemos isso como “solidariedade”.
Portanto, esses irmãos, coproprietários, são devedores solidários de IPTU. Caso não se pague o
imposto, o Fisco irá cobrá-lo que quem?

Na solidariedade tributária, o Fisco poderá cobrar todo o tributo (100%) de qualquer um dos
codevedores, uma vez que não se admite benefício de ordem (art. 124, parágrafo único, do
CTN). Logo, não é o caso de, havendo 3 irmãos, cobrar 1/3 ou 33,33% de cada um. É claro que
o escolhido para pagar o montante integral poderá se acertar com os demais, fora do campo
tributário.

História do inquilino
No contrato de locação de um bem imóvel, é muito comum o locador inserir uma cláusula
deslocando o dever de pagar IPTU para o inquilino. Sabemos que o contribuinte do IPTU é o
proprietário. Diante disso, caso o inquilino não pague o IPTU, o Fisco irá cobrá-lo de quem?

O Fisco irá cobrar o IPTU do contribuinte proprietário. Este, se quiser, regressivamente, poderá
tentar receber do inquilino o que este prometeu pagar, mas aqui a órbita é de direito privado
(art. 123 do CTN).

3. Objeto da OT

Toda a obrigação tem uma prestação, e a OT tem a sua. Quando alguém realiza o FG,
auferindo renda, quais os deveres surgirão?

O contribuinte deverá pagar o IR e, ainda, entregar a declaração do IR. Note que temos uma
prestação pecuniária e, ainda, uma prestação não pecuniária.

 Prestação pecuniária = obrigação principal = ato de pagar o tributo/multa (art. 113,


§1º, do CTN).
 Prestação não pecuniária = obrigação acessória = todas as prestações diversas do
pagamento, por exemplo: emitir notas fiscais, entregar declarações, escrituras livros
contábeis etc. (art. 113, §2º, do CTN).

Dica final 1: O descumprimento da OT acessória faz nascer uma OT principal com relação à
multa (e não o tributo), por exemplo, se não emitiu a nota fiscal, será multado pelo Fisco.

Dica final 2: História do caminhão: Supondo um transporte de mercadoria isenta de ICMS, é


fácil notar que não haverá imposto a pagar. Nesse caso, mesmo sem imposto a pagar, o
transporte deverá ser acompanhado com nota fiscal?

A obrigação principal e a obrigação acessória são independentes/autônomas, então é possível


não haver uma obrigação principal, mas existir uma obrigação acessória. Portanto, na seara
tributária, não se aplica a máxima: o acessório segue o principal. Nesse caso do caminhão,
haverá a imposição de multa, sem prejuízo de outras sanções.

4. Causa da OT

A causa da OT é o vínculo jurídico justificador do dever correspondente. Se temos duas OTs


que correspondem, respectivamente, aos deveres patrimonial e instrumental, teremos duas
causas:

 Causa da OT principal: lei tributária (art. 114 do CTN) - só devemos pagar o tributo
previsto em lei.
 Causa da OT acessória: é a legislação tributária (art. 115 do CTN) – a expressão
“legislação tributária” tem mais de um sentido, mas aqui quer significar o conjunto de
normas infralegais (regulamento, portaria, instrução normativa etc.). Desse modo,
uma IN deverá tratar de uma OT acessória, jamais avançar sobre OT principal, pois esta
demanda lei. É claro que uma lei pode também tratar da OT acessória, pois quem pode
o mais, pode o menos, mas não será possível o contrário.

Aula 04

Responsabilidade Tributária
O responsável tributário é um dos dois tipos de devedor na seara tributária (contribuinte e
responsável). Já estudamos que a figura do responsável é necessária, pois o Fisco, em certas
situações, terá interesse de cobrar o tributo do responsável, mesmo que este não tenha
realizado o FG. Note que a figura do responsável é algo necessário, devendo haver a previsão
em lei. A propósito as leis dos tributos deverão ter como referência os artigos do CTN sobre
responsabilidade (

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