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BELO HORIZONTE – MG
2019
ISEIB- INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO IBITURUNA
MARCELO TADEU ALVES BONTEMPO
BELO HORIZONTE – MG
2019
1
RESUMO
A preocupação básica deste estudo é refletir sobre o papel do STF (Supremo Tribunal Federal) no
arranjo institucional nacional, bem como sobre os riscos, para Estado Democrático de Direito, da
adoção, por parte da Corte, da doutrina neoconstitucionalista. Este artigo tem como objetivo trazer à
baila algumas questões recorrentes na academia sobre a atuação do Supremo, pelo prisma da
interpretação constitucional, no atual contexto político e institucional brasileiro. Realizou-se, nesta
perspectiva, uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como Jorge
Octávio Lavocat Galvão, Lênio Luiz Streck e Oscar Vilhena Vieira, entre outros. Concluiu-se que a
adoção de uma postura de ativismo judicial por parte do Supremo Tribunal Federal, baseada nas
doutrinas neoconstitucionalistas e suas ferramentas de interpretação, sem a adoção, em termos
acadêmicos e jurisprudenciais, de uma teoria normativa de um lado, e da normatização dos
parâmetros de julgamento da Corte de outro, põe em risco os pilares do Estado Democrático de
Direito, ao enfraquecer os seus objetivos e finalidades.
1) Introdução
O presente artigo tem como objetivo trazer à baila, de forma crítica e através
de autores como Jorge Octávio Lavocat Galvão, Lênio Luiz Streck e Oscar Vilhena
Vieira, entre outros, algumas questões recorrentes na academia brasileira sobre a
atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) no atual contexto político e institucional
brasileiro.
Com a opção brasileira por uma forma super-rígida de Constituição,
prevalecendo o constitucionalismo sobre a maioria democrática, o STF passou a
ocupar uma posição central no sistema político brasileiro. O protagonismo da Corte,
aliado a uma exposição crescente de seus Ministros e de seus julgados, inclusive
através de uma TV ligada ao judiciário (TV Justiça), trouxe à tona para o grande
público o peso da Corte para os rumos do país, bem como evidenciou o peso da
interpretação constitucional para as sua decisões.
A principal questão aqui tratada, refere-se aos riscos, para o Estado
Democrático de Direito brasileiro, da tendência atual de adoção por parte do STF,
1
Bacharel em Ciências Políticas pela UFMG e Oficial de Apoio Judicial TJMG
2
2) Desenvolvimento
necessário se faz recorrer às luzes lançadas por Jorge Otávio L. Galvão na relação
entre o neoconstitucionalismo e o Estado de Direito, em sua tese de doutoramento
“O neoconstitucionalismo e o fim do estado de direito”, o que passamos a fazer.2
Para Galvão, não há dúvidas de que o Estado de Direito é um ideal político
altamente venerado. Entre as razões mais óbvias dessa veneração, estariam a
limitação do poder dos agentes públicos e a previsibilidade das consequências
jurídicas das ações dos indivíduos. No entanto, um terceiro fator ganha cada vez
mais importância, ao levarmos em conta a pluralidade das sociedades
contemporâneas: trata-se do “modo digno como as instituições públicas se
apresentam aos cidadãos.” (GALVÃO, 2012, p. 5).
Nas sociedades contemporâneas, a perspectiva de consenso entre os
cidadãos sobre qualquer tema, inclusive aqueles de relevância para a vida social, é
mínima. Daí a necessidade de uma estrutura institucional que possibilite o agir
coletivo, mesmo em meio à todo tipo de desacordo e divergência. Tal contexto não
pode jamais ser ignorado por nenhum tipo de escola jurídica.
Nesse sentido, como ressaltado por Galvão,
2
GALVÃO, Jorge Octávio Lavocat. O neoconstitucionalismo e o fim do estado de direito, tese de doutorado,
Faculdade de Direito/USP, São Paulo, 2012.
5
(...) nos últimos anos, o Supremo não apenas vem exercendo a função de
órgão de “proteção de regras” constitucionais, face aos potenciais ataques
do sistema político, como também vem exercendo, ainda que
subsidiariamente, a função de “criação de regras”; logo, o Supremo estaria
acumulando exercício de autoridade constitucional, inerente a qualquer
intérprete, com exercício de poder (VIEIRA, 2008, p.445).
Por fim, vale citarmos ainda mais dois casos, mais atuais, que evidenciam o
tipo de preocupação que habita os argumentos de alguns dos ministros do STF. O
primeiro deles, refere-se à execução da pena após a condenação em segunda
instância, e o segundo, à possibilidade de candidaturas avulsas para pleitos
majoritários.
Nas palavras de Galvão,
3
MS 26.603/DF, Supremo Tribunal Federal. Voto do Ministro Celso de Mello, p. 50.
10
3) Conclusão
Referências
STRECK, Lenio Luiz; BARRETTO, Vicente de Paulo; OLIVEIRA, Rafael Tomaz de.
Ulisses e o Canto Das Sereias: Sobre Ativismos Judiciais e os Perigos da
Instauração de um “Terceiro Turno da Constituinte”. RECHTD: Revista de Estudos
Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito, São Leopoldo, 2009, v. 1, n. 2,
Jul-Dez.
VIEIRA, Oscar Vilhena. Império da lei ou da corte?. Revista USP, São Paulo, 1994,
n. 21, p. 70-77, 30 maio.
__________. Supremocracia. In: Revista Direito GV. São Paulo, 2008, 4 (2), p.441-
464, jul-dez.