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Processos que passamos


para buscar a cura:

As pessoas costumam me perguntar o que é “A Cabana”, o


que acontece lá e o que abordamos quando estamos durante a
imersão. Então, resolvi trazer pra vocês um pouco do conteúdo
que trabalhamos durante esse processo lindo, intenso e
transformador.

Todos nós passamos por situações que geram dor, só que


nem sempre temos consciência das consequências que a dor
armazenada ao longo dos anos pode ter. O acúmulo de dores,
com o tempo, transborda e respinga nos outros. Até aprendermos
a nos curar dessas dores e a nos esvaziar delas, vamos continuar
transbordando dor e causando dor no outro, mesmo sem querer,
e continuaremos nesse ciclo até nos curarmos verdadeiramente.

Para entender um pouco sobre como funciona o processo de


curar a sua dor, eu trago pra vocês o conceito dos 4 R’s

- Reconhecendo a dor
- Ressignificando a dor
- Reconectando com a sua criança
- Reconstruindo relacionamentos

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Reconhecendo a dor
Nosso corpo, como mecanismo de defesa e sobrevivência,
tende a bloquear e armazenar num arquivo que pouco acessamos
situações que geraram em nós as nossas dores mais profundas.
Mas este arquivo está ativo dentro de nós, na nossa vida,
trabalhando diariamente.

Essa dor armazenada, represada em nós, gera uma confusão


interna tão grande, que chega uma hora que já nem sabemos
onde e porque dói tanto. A vida começa a não fazer tanto sentido,
parece que nenhuma decisão é a correta, nos sentimos estagnados,
como se tivéssemos nos distanciado da “nossa casa”, desejando
voltar, mas sem saber por onde começar. E é nesse momento que
para alguns vem a depressão, as crises de ansiedade e pânico,
alertas internos de nosso corpo para nos sinalizar que algo não
vai bem.

Percebemos, então, que alguma mudança tem que acontecer


para conseguirmos sair dessa estagnação e voltar para casa,
para nossa essência. E para que tudo isso aconteça, precisamos
esvaziar o nosso copo, deixar ir tudo o que precisa ir, que
precisa ser liberado, pois só conseguimos curar aquilo que nós

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conscientemente conseguimos ver e enxergar, reconhecer.
A grande questão é que a maioria de nós não se conhece, não
reconhece as suas próprias dores por tanto tempo acumuladas.

Você reconhece quem você é verdadeiramente?


Pergunte a si mesmo.

O processo de RECONHECER A SUA DOR começa a partir


do momento que você decide tirar o band-aid e reconhecer a
profundidade da sua ferida, olhar para ela, ir fundo não para
entrar num processo de sofrimento e revivê-las, mas para trazê-
las à consciência, buscando compreender onde foi que você
parou, onde em você algo ficou bloqueado, para que você comece
o processo de liberação, de limpeza, de cura. Olhar para você,
esse é o caminho de volta pra casa.

Reconhecer a sua dor é o primeiro e grande passo para iniciar o


seu processo de cura. E é exatamente isso que fazemos ao chegar
à Cabana, numa jornada linda, repleta de amor e acolhimento,
onde esse mergulho é feito, mas num espaço seguro, onde não
há julgamento e sim muito amor e respeito ao processo de cada
um. Um espaço de entrega e transformação.

( Exercício - Qual a dor que preciso reconhecer? O que está


me impedindo de ser feliz? Aonde estão essas feridas e como
elas estão influenciando a minha vida? )

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Ressignificando a Dor

Com o primeiro R, vimos que o reconhecimento da dor é


uma jornada intensa, porém necessária no caminho da cura.
Aprendemos que só podemos curar aquilo que trazemos à
consciência.

Cada um de nós carrega LUZ e SOMBRA dentro de si. Em


nossa jornada, nós marcamos cada pessoa que passa por nossas
vidas e também somos marcados por elas. Quando estamos
cheios de luz, deixamos marcas de esperança, leveza e alegria
nos outros e quando nossa sombra nos domine, podemos deixar
marcas de dor irremediáveis. Ao reconhecermos a dor, seja a que
causamos, seja a que sentimos, nós entendemos melhor o que
temos que lidar e conscientes disso, atribuímos novos sentidos
à ela.

Conhecendo o poder e influência dessas duas forças,


entendemos que nós não somos perfeitos. Reconhecer isso nos
ajuda a compreender a nossa humanidade. Quando entramos
em contato com esse ponto de dor acessando-o a partir da
compreensão da nossa humanidade, liberamos toda a carga de
medo, vergonha, culpa e tudo o que ficou bloqueado dentro de
nós e com isso, conseguimos tirar o peso que carregamos ao
longo dos anos.

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Quando você reconhece sua
dor, você abre caminho para
ressignificá-la.

Perdoar e, principalmente, se perdoar. Liberar,


deixar ir.
Olhar para o outro e para si mesmo e poder dizer:

EU TE LIBERO, EU ME LIBERO.

Esse é o segundo e grande passo no caminho da


cura em direção à liberdade.

É sobre isso que falamos na Cabana, são esses


os processos que vivenciamos ao longo desse
mergulho que a imersão proporciona. Um mergulho
em você, de volta para casa.

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Reconectando com
a sua criança
Introduzimos o primeiro “R” - “Reconhecendo a dor”, pois
acreditamos que só podemos curar aquilo que trazemos à
consciência.

Falamos do segundo “R” - “Ressignificando a dor”, que é a


nossa capacidade de, uma vez conscientes da dor, atribuirmos
novos sentidos, construtivos à ela, ou seja, transformar essa dor
na nossa maior força.

Agora vamos falar do terceiro “R” - “Reconectando com a


nossa criança”, pois a nossa criança carrega muitos dos nossos
traumas e carrega também a nossa essência, que andamos
esquecendo, deixando de lado, abandonando pelo caminho, nos
desconectando de quem nós somos e do modo simples de olhar
a vida e tudo o que amávamos fazer. Agora é hora de voltar pra
casa e nos conectar novamente com ela, com aquilo que um dia
moldou nossos sonhos e o adulto que desejamos ser.

Durante nossa jornada, com todas as situações que vivenciamos,

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muitas vezes vamos nos esquecendo de quem nós somos, daquilo
que nos faz rir, daqueles sonhos que lá atrás um dia sonhamos,
daquela criança cheia de esperança e vontade de viver que um
dia fomos, daquele jeito simples de olhar a vida e tudo ao seu
redor.

Pensando nisso, eu te pergunto: como seria a sua vida hoje,


se você se conectasse de novo com a sua criança? Se você se
reconectasse com aquela criança pequena que ainda estava
enxergando a vida de forma leve, acreditando, rindo e olhando
tudo com um olhar simples? Como seria?

Quando proponho que você se reconecte com a sua criança,


falo de você reconhecer novamente quem você realmente é, na
sua linda essência que um dia você deixou de ser e vivenciar. É
olhando para nossa criança, muitas vezes ferida por situações
traumáticas e dolorosas, que começamos a nos lembrar de quem
fomos, de quem somos. Quando nos olhamos de forma amorosa
e acolhemos a nossa criança, quando nos permitimos esse
momento de reconexão, entramos em contato com algo lindo,
que ficou guardado num lugar tão profundo que acabamos por
acreditar que não estava mais ali.

Então, se você se sente perdido, estagnado, sem saber pra onde


ir e a vida parece não fazer muito sentido, eu tenho um convite
pra te fazer: olhe para a sua criança, seja generoso e amoroso
com ela, embale-a nos seus braços, sorria pra ela, porque quando
você fizer isso, ela sorrirá de volta pra você e tudo fará mais
sentido do que está fazendo agora. Não adianta sair correndo
sem saber pra onde ir. Não é para fora, o movimento é para
dentro. Isso não é sobre o outro, é sobre você, sobre voltar pra
casa e visitar aqueles lugares que você nem mais lembrava que
um dia existiram dentro de você.

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Reconstruindo
Relacionamentos

Chegamos ao último “R”, “Reconstruindo Relacionamentos”.


Como o quarto “R” trata de relacionamento, ponto que se
desdobra em diversos aspectos.

Quando falamos desse “R” propomos que você repense o


significado de cada pessoa na sua vida. Temos uma tendência a
colocar rótulos em relação ao que acreditamos que o outro deveria
ser (família, amigos, companheiro, trabalho) e depositamos
expectativas em cada um desses rótulos, não permitindo que as
pessoas sejam quem elas verdadeiramente são e cumpram o real
propósito que elas têm em nossas vidas. Por conta disso, criamos
um grande problema, o de achar que o outro é responsável pela
nossa felicidade e por preencher os nossos vazios.

E fazemos isso não só com o outro, mas com nós mesmos,


depositando em nós também a responsabilidade de sermos os
melhores em todos os papéis que desempenhamos: melhor
filho, melhor funcionário, melhor companheiro. É a chamada
“síndrome da perfeição”, que está matando a nossa felicidade,

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nossos relacionamentos e roubando de nós a possibilidade de ter
uma vida equilibrada, na qual nos colocamos num movimento de
aceitação, recebendo de braços abertos o que a vida quer nos dar
em vez de negar e de relutar contra este movimento em busca de
uma perfeição que não existe, o que gera frustração e a sensação
de que nada está de fato bom.

Para começar a redefinir e reconstruir seus relacionamentos,


é necessário abandonar a crença de que todos têm uma espécie
de dívida com você. Pare e pense, você tem feito isso com as
pessoas ao seu redor? Nós costumamos acreditar que as pessoas
têm a responsabilidade de nos fazer feliz, de que elas precisam
nos preencher.

Quando você coloca essa responsabilidade no outro você


automaticamente o machuca, porque você não está aceitando e
amando o que ele realmente é. Você entra em relacionamentos
pensando, ainda que inconscientemente, em tudo o que o outro
pode te dar, como alegria, atenção, carinho, conforto, segurança.

O que muitos não sabem é que cada pessoa que conhecemos


tem um propósito que nem sempre é o que nós desejamos.
Nossa idealização faz com que depositemos expectativa em
alguém, sendo que o seu propósito em nossa vida é distinto do
que imaginamos, e isso talvez não nos agrade porque além de
ferir o nosso ego, está fora do nosso controle. Pessoas entram
na nossa vida e nos causam dor, mas até essa dor tem algo a nos
ensinar, não sobre o outro mas sobre nós mesmos. Nem sempre
nosso aprendizado vem num “embrulho bonito”. Muitas vezes
os maiores aprendizados vêm em forma de grandes desafios.

Como relacionamento é um assunto complexo, que envolve


não só a relação com nosso companheiro(a), mas também com

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nossos familiares, amigos e até com nosso trabalho, falamos sobre
redefinir o que cada pessoa significa na sua vida, desdobramos
este ponto e encerramos explicando sobre o propósito que cada
pessoa cumpre em nossa jornada. Entendemos que nem sempre
esse propósito é aquele que desenhamos inicialmente, o que
acaba por nos gerar frustração, diante das expectativas criadas
e por estarmos fechados para todo aprendizado que a presença
daquela pessoa na nossa vida, ainda que seja através da dor,
tenha para agregar ao nosso crescimento.

O “nível da alma”, como gosto de chamar, é um nível de


relacionamento com o outro que é livre de qualquer tipo de
cobrança e que se dá a partir de uma aceitação de quem aquela
pessoa é e o que ela está aqui para nos ensinar e trazer. Quando
entendemos que tudo e todos têm um propósito, paramos de
lutar contra a vida e os relacionamentos.

Muitas vezes, as pessoas que estão próximas de nós (família,


por exemplo) são as que mais vão nos machucar, mas até isso
tem um propósito. Com as crises, aprendemos a ser melhores,
a ser mais fortes, a nos conectarmos com nossa história, a
entender o que é necessário e o que não é; aprendemos perdoar
com profundidade e a encontrar níveis de amor incondicional
independente do outro.

O outro não é uma máquina de preencher nossos vazios. Cada


vez que tentamos fazer isso, a frustração é muito maior, porque o
que o outro tem para dar nunca vai ser o suficiente para preencher
aquele espaço específico que é nosso; somente nós podemos
preenchê-lo. Quando entendemos isso, começamos a nos colocar
nos relacionamentos de uma forma diferente, reconstruindo nossas
relações e a forma como nos relacionamos, pois conseguimos nos
enxergar e enxergar o outro na sua essência, sem expectativas

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e, consequentemente, sem frustrações. Buscando o que pode ser
compartilhado, como podemos compartilhar e como será cada
uma de nossas conexões. Essa é a verdadeira relação, pois nos
relacionamos entendendo que o que vier é para nossa evolução
e crescimento.

Vamos iniciar este momento de começar a preencher nossos


vazios com a pessoa certa: VOCÊ. Tire um dia para você, para
gerar conexão com você mesmo. Tire um dia para fazer algo
sozinho e desfrutar da sua companhia, sentindo prazer com
a oportunidade que está se dando de passar tempo com você.
Depois volte aqui pra nos contar como foi.

Compartilhar com o outro é diferente de nos preencher do


outro. É disso que se trata reconstruir as nossas relações. Começa
por reconstruir a nossa relação com nós mesmos, nos amar como
somos independente do outro, pois saiba: independente do que
você passou, da dor que você viveu, sempre existe um caminho
de volta pra casa, um lugar seguro que existe dentro de você,
que se você se conecta com esse lugar, você se torna capaz de
curar qualquer coisa na sua vida.

Quando reconstruirmos esse relacionamento com nós mesmos,


vamos conseguir CONSTRUIR relacionamentos mais saudáveis
com as pessoas ao nosso redor, entendendo que tudo tem um
propósito. E diante disso, entender que nem todos vêm para ficar,
as pessoas vem para nos ensinar algo. Então, sabendo disso, não
retenha...libere, para não transformar dor em sofrimento.

Não se preocupe, a vida


está cuidando de você!
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Anote

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