- A representação social da agricultura brasileira a associa a grandes
propriedades monocultoras produzindo para o mercado internacional com um moderno padrão tecnológico; - Amnésia social fenômeno que nega a contribuição do campesinato brasileiro para a sociedade; - Campesinato é uma forma social de produção, cujos fundamentos e necessidades estão voltadas para a família. Supõe cooperação entre os envolvidos além de corresponder a um modo de vida e cultura;
2. As formas precárias de acesso à terra: a posse precária e o sistema de
moradia
- “Vazio” jurídico entre 1822 (Independência colonial) a 1850 (Lei de Terras)
favoreceu a ocupação precária de terras sem titulação jurídica por pequenos agricultores que produziam para manutenção familiar e também para o mercado; - Áreas distantes do litoral foram ocupados por camponeses “posseiros”; - A instalação de famílias de trabalhadores no interior da fazendas em pequenas áreas chamadas de “sítios”, na qual o podia-se plantar para consumo próprio da família, estava condicionada ao vínculo de trabalho com o patrão na cultura principal; - Estas formas de acesso à terra eram vistas pelo proprietário da terra como recrutamento de mão-de-obra e para os moradores ou colonos como a única via de acesso a uma organização produtiva de caráter familiar, mesmo em condições precárias; - Destaca-se na região do Sul, a concessão de pequenos lotes de terras a migrantes estrangeiros alemãs, italianos e poloneses que se instalaram nessa parte do país a partir do século XIX; - Também na região Sul do país, existe os chamados “produtores integrados” àqueles que fornecem produtos agropecuários as agroindústrias;
3. A modernização da agricultura: descampesinização e campesinização
- Modernização da agricultura em 1960;
- Adoção de máquinas, equipamentos e insumos de origem industrial nos processos de produção agrícola e o incentivo, através de políticas públicas, a ocupação de espaços por grandes empresas; - Expulsão dos trabalhadores residentes passando a contratá-los apenas nos momentos de necessidade para o trabalho, especialmente nas colheitas que permaneceram sendo realizadas manualmente; - Estatuto do Trabalhador Rural em 1963; - “Ligas Camponesas” que defendem o discurso da reforma agrária; - A modernização agrícola brasileira é considerada conservadora; - 1984 é fundado o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST); - Fortalecimento do Movimento Sindical Rural através da liderança da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - Contag; - Um dos pontos centrais da discussão política é o reconhecimento de que as unidades familiares de produção não são incompatíveis com o desenvolvimento agrícola.
4- Conceituação de campesinato: uma disputa política por reconhecimento
- Campesinato corresponde, para muitos, às formas mais tradicionais da
agricultura realizada em pequena escala, com poucos recursos produtivos e pouco integrado ao mercado e à vida urbana; - A agricultura familiar apesar de ter as mesmas condições estaria mais integrada às cidades e aos mercados; - A palavra “camponês” possui forte conteúdo político porque está relacionada ao movimento camponês duramente perseguido entre os anos de 1965 a 1984 pelo governo militar; - Em 1990 o Estado adota o termo agricultura familiar que junto aos programas de apoio (Pronaf) valoriza e reconhece positivamente a condição do produtor agrícola; - Atualmente percebe-se uma revalorização das categorias camponês e campesinato, associada a uma profunda crítica aos processos de modernização conservadora e às práticas agroecológicas; - Mais importante do que a heterogeneidade dos termos é o reconhecimento da existência, no meio rural brasileiro, de produtores agrícolas com vínculos familiares, de vizinhança e ligados a grupos sociais que constroem um modo de vida e de trabalho de forma particular tendo como base essas relações estabelecidas.
5- Perfil atual da agricultura familiar no Brasil:
- Todos os estudos aplicados reiteram que a agricultura familiar é
significativamente responsável pela produção de alimentos no Brasil; - A agricultura familiar para manter a intensa e diversificada atividade ocupa uma grande contingente de trabalhadores ; - O censo de 2006 confirma a importância dessa forma de organização e produção, assim como aponta seus limites relacionados à concentração fundiária; - Destaca-se que metade dos estabelecimentos familiares concentram-se na região Nordeste do país.
6- A pobreza rural:
- Os dados revelam que a pobreza rural é a mais expressiva no país porque
atinge mais da metade da população do campo; - Os programas de transferência de renda tem conseguido alterar essa realidade provocando aumento nos níveis de renda e redução da desigualdade social; - Amplia-se a definição de pobreza para além das questões monetárias, incluindo elementos que podem ser de ordem cultural ou social; 7- “Franjas periféricas”, “pobres do campo”, “camponeses”: olhares distintos, políticas diferenciadas
- Franjas periféricas: conjunto marginal de estabelecimentos, desvalidos, Não
podem ser considerados produtores de baixa renda já que não possuem nenhuma renda proveniente da produção agropecuária. Suas ocupações são temporárias e precárias e seus estabelecimento são considerados mais locais de residências; - Pobres do campo: Esta referência substitui as expressões periféricos, desvalidos e marginais e passa a ser definida como próprio público alvo dos programas territoriais, a quem se reconhece na condição de agricultor familiar e a quem se destina o apoio às atividades agrícolas; - Camponeses: A incorporação deste conceito, permite superar o que ainda resta de viés operacional no tratamento aos pobres do campo. Permite fundamentar politicamente as escolhas da sociedade a respeito dos agricultores familiares em suas distintas categorias.