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PROIBIDO
CHARLOTTE BYRD
CONTENTS
COPYRIGHT
SOBRE ENCONTRO PROIBIDO
ELOGIOS A CHARLOTTE BYRD
JUNTE-SE À MINHA LISTA DE NEWSLETTERS!
LIVROS POR CHARLOTTE BYRD
SOBRE CHARLOTTE BYRD
1. ELLIE
2. ELLIE
3. ELLIE
4. ELLIE
5. ELLIE
6. ELLIE
7. ELLIE
8. ELLIE
9. ELLIE
10. ELLIE
11. ELLIE
12. ELLIE
13. ELLIE
14. ELLIE
15. ELLIE
16. MR. BLACK
17. ELLIE
18. ELLIE
19. ELLIE
20. ELLIE
21. ELLIE
22. ELLIE
23. MR. BLACK
24. ELLIE
25. ELLIE
26. ELLIE
27. ELLIE
28. ELLIE
29. ELLIE
30. ELLIE
SOBRE CHARLOTTE BYRD
LIVROS POR CHARLOTTE BYRD
COPYRIGHT
Se você não conseguir encontrá-lo, por favor, envie um e-mail para Charlotte @
charlotte-byrd. com
3. Trono de York
Séria Estranho Perigoso
Estranho Perigoso
Dor Perigosa
Obsessão Perigosa
Mentiras Perigosas
Amor Perigoso
SOBRE CHARLOTTE BYRD
Quer ser o primeiro a saber sobre minhas próximas vendas, novos lançamentos e
brindes exclusivos?
“O que diabos você estava pensando para sair com aquele idiota?” pergunta
Caroline com desdém.
Estamos na Elle’s, uma boutique pequenininha no Soho, onde você só é atendida
com hora marcada.
Eu nem fazia ideia de que locais assim existiam até Caroline me apresentar ao
conceito.
Caroline não é muito fã de Tom.
Eles nunca se deram muito bem, pelo menos desde que ele a chamou de esnobe
em nossa festa de Natal do primeiro ano em Yale e ela retrucou chamando-o de
poser da classe média.
Nenhum dos insultos foi muito criativo, mas os insultos foram melhorando com
o passar dos anos, à medida que crescia o ódio que sentiam um pelo outro.
Sabe nos filmes, quando dois personagens se odeiam no começo e sempre
acabam se apaixonando até o final?
Bem, por algum tempo, eu realmente pensei que isso aconteceria com eles.
Se não se apaixonar, pelo menos, transar. Mas não, eles permaneceram firmes
em seu ódio.
“Esse cara se acha demais! Quero dizer, quem diabos ele é para te dizer o que
fazer? Não é como se você fosse a namorada dele", diz Caroline, colocando um
vestido repleto de contas de prata em seu corpo e jogando a perna direita para
frente.
Caroline é realmente sedutora.
1,75m e 55 quilos, com suas pernas longérrimas.
De longe, ela parecia ser feita somente de cabelos loiros e belas pernas. Nada
mais.
"Eu acho que ele só estava preocupado, considerando todas as coisas que estão
dizendo sobre essa festa."
"Ok, primeiro, você tem que parar de chamar de festa."
"Por quê? O que é, então?"
“Não é uma festa. É como chamar um casamento de festa. É uma festa? Sim.
Mas é bem maior que isso.”
“Eu não fazia ideia de que você era tão sensível à linguagem. Bem. Como você
quer que eu chame?”
"Uma experiência", ela anuncia, completamente séria.
"Você está brincando? Não mesmo. Não vou chamar de experiência.”
Nós exploramos as araras e manequins em silêncio por alguns momentos.
Alguns dos vestidos, tops e sapatos são bonitos, outros não.
Eu sou a primeira a admitir que não tenho o vocabulário ou conhecimento
necessários para apreciar um lugar como este.
Já Caroline…
"Meu Deus, estou apaixonada por todas essas peças exclusivas que você tem
aqui", ela diz para a vendedora, que imediatamente começa a irradiar orgulho.
"Precisamos ficar com essas!"
“Essas bolsas clutch e os detalhes dessas botas! É de morrer, certo?” Caroline
diz, e ambas se voltam para mim.
"Sim, totalmente", eu finjo concordar.
"E essas peças de alta costura, eu poderia usar isso todos os dias!" Caroline puxa
uma blusa de mangas curtas cor creme com uma bainha de franjas e uma
vestimenta mais solta.
Não tenho certeza do que faz com que a blusa seja uma peça-chave para o look,
mas concordo categoricamente.
Estou fora do meu habitat natural e sei disso.
"Ok, então o que devemos vestir para essa experiência, se nem mesmo sabemos
o que irá acontecer lá?"
"Não sei direito, mas definitivamente não iremos de jeans e camiseta", diz
Caroline, referindo-se ao meu traje básico. “Mas o convite também dizia para
não se preocupar. Eles têm todos os básicos, caso esqueçamos de algo.”
Enquanto continuo a procurar em meio às peças, sem objetivo, minha mente
começa a vagar.
E volta para o Tom.
Eu conheci Tom num jogo Harvard versus Yale.
Ele era o melhor amigo do colegial do namorado da minha colega de quarto e
veio visitá-lo num fim de semana.
Nos tornamos amigos imediatamente.
Um sorriso dele, mesmo por Skype, fazia todas as minhas preocupações
desaparecerem.
Ele meio que me ganhou, de um jeito que ninguém nunca conseguiu.
Após a formatura, nos candidatamos para trabalhar em um milhão de diferentes
revistas online e agências de notícias, mas o BuzzPost foi o único lugar que
conseguimos.
Não tínhamos planejado acabar no mesmo lugar, foi meio que uma coincidência.
Ele até perguntou se eu queria dividir um apartamento com ele - mas eu já tinha
concordado em ficar com Caroline.
Ele acabou num quarto andar de merda no Hell's Kitchen - um dos únicos
edifícios que ainda não foram gentrificados.
Então, o aluguel ainda era acessível. Como eu disse, Tom gosta de pensar em si
mesmo como um herói da classe média, embora sua criação esteja longe disso.
Sempre que ele vinha ao nosso apartamento, ele sempre zombava de quão caro
era o lugar, mas sempre se divertindo com isso.
Pelo menos, parecia, naquela época.
Agora?
Não tenho mais tanta certeza.
"Você acha que Tom realmente vai se casar?" pergunto a Caroline enquanto
estamos provando as roupas.
Ela abre a cortina do meu provador na frente de toda a loja.
Estou de topless, mas felizmente estou de costas para ela e a assistente está
entretida no celular.
"Merda, Caroline, o que você está fazendo?" Eu grito e puxo a cortina.
"O que você está pensando?" Ela grita de volta.
Consigo pegar uma camisa e me cobrir antes que Caroline abra novamente a
cortina.
Ela está de pé diante de mim em apenas um sutiã e uma calcinha combinando -
completamente confiante, cheia de si e sem remorso.
Acho que, no fundo, ela me representa.
“Quem liga pro Tom?” Caroline exige.
"Eu ligo" digo, humildemente.
"Bem, não deveria. Ele é um idiota e você é boa demais para ele. Eu nem
entendo o que você vê nele.”
"Ele é meu amigo" digo, como se isso explicasse tudo.
Caroline sabe há quanto tempo estou apaixonada por Tom.
Ela sabe de tudo.
Às vezes, eu gostaria de não ter sido tão aberta.
Mas, por outro lado, é bom ter alguém para conversar.
Mesmo que ela não seja exatamente compreensiva.
"Você não pode andar por aí louca por ele, Ellie. Você consegue coisa muito
melhor que ele. Você estava com o seu ex e Tom apenas ficou esperando e
esperando. Nunca te disse como se sentia. Nunca fez nenhum grande gesto.”
Caroline é, de fato, grande em gestos.
Quanto maior, melhor.
Ela assiste a muitos filmes e exige que seus encontros sigam os roteiros.
E o engraçado é que, muitas vezes, você recebe exatamente o que você pede do
mundo.
"Eu não me importo com isso", eu digo. “Estávamos no lugar errado, na hora
errada um para o outro.”
Eu tinha uma pessoa e, depois, não estava pronta para entrar em outro
relacionamento logo em seguida.
E, então... ele e Carrie ficaram juntos.
"Não existe isso de hora certa. A sua vida é você quem faz, Ellie. Você está no
controle da sua vida. Odeio o fato de você ficar agindo como se você não fosse a
personagem principal do seu próprio filme.”
"Nem sei do que você está falando", digo.
“Estou dizendo que você merece alguém que te diga como se sente. Alguém que
não tem medo de rejeição. Alguém que não tem medo de botar para fora.”
"Talvez essa pessoa seja quem você quer", eu digo.
"E não é isso que você quer?" Caroline diz, dando um passo para longe de mim.
Eu penso sobre isso por um instante.
"Bem, não, eu não diria bem assim... É quem eu quero!”, eu finalmente digo.
“Mas eu namorava naquela época, e Tom e eu éramos amigos. Eu não podia
esperar que ele…”
"Você não podia esperar que ele botasse tudo para fora? Que ele dissesse como
se sente e corresse o risco de se machucar?” Caroline me interrompe.
Eu odeio admitir, mas é exatamente o que eu queria.
Isso é exatamente o que eu queria dele na época.
Eu não queria que ele ficasse próximo sendo apenas meu amigo, fazendo-me
questionar meus sentimentos por ele.
Se ele tivesse feito isso, se ele tivesse me dito como se sentia sobre mim antes,
antes do meu péssimo término, eu teria mergulhado de cabeça.
Teria terminado imediatamente para poder ficar com ele.
“Então, o que é que eu devo fazer agora? Agora que as coisas estão meio
invertidas?”, pergunto.
"O que você quer dizer?"
“Quero dizer, agora que é ele quem está num relacionamento. Devo colocar tudo
pra fora? Dizer a ele como me sinto? Jogar as cartas na mesa?”
Caroline leva um tempo para pensar.
Acho cômico o quão pouco ela pensa dele.
"Porque não sei se consigo", acrescento.
"Talvez essa seja sua resposta, bem aí", Caroline finalmente diz. “Se você o
quisesse, se realmente quisesse tê-lo para si, então você não conseguiria ficar em
silêncio sobre o que está sentindo. Você teria que se abrir para ele.”
Volto para o meu provador e fecho a cortina.
Eis que me olho no espelho.
A garota pálida de olhos verdes e longos cabelos escuros é uma covarde.
Ela tem medo da vida.
Tem medo de viver, viver de verdade.
Será que isso vai mudar algum dia?
4
“V ocê está pronta?” Caroline entra no meu quarto. “Nosso táxi já está lá
embaixo.”
Não, eu não estou pronta.
Definitivamente não.
Mas eu vou.
Dou uma última olhada no espelho e pego minha mala.
Enquanto o taxista coloca nossas malas no porta-malas, Caroline pega minha
mão, quase tonta de animação.
Animada não é exatamente como eu descreveria meu estado de espírito no
momento.
Estava mais para relutante.
Ou aterrorizada.
Quando entro no táxi, meu estômago se contorce e sinto que vou vomitar.
Mas então o sentimento passa.
"Não acredito que isso realmente está acontecendo", digo.
"Eu também! Estou tão feliz por você estar fazendo isso comigo, Ellie. De
verdade. Não sei se conseguiria ir sozinha.”
Depois de dez minutos vagando pelas complicadas ruas da Baixa Manhattan, o
táxi nos deixa em frente a um prédio de escritórios aleatório.
“A festa seria… aqui?”, pergunto.
Caroline balança a cabeça com um pequeno sorriso no rosto.
Ela sabe de algo que eu não sei.
Esse olhar travesso em seu rosto deixa isso bem claro.
"O que está acontecendo?", pergunto.
Mas ela não cede.
Ao invés disso, ela apenas me empurra para dentro, em direção ao segurança
parado na recepção.
Ela lhe entrega um cartão; ele acena com a cabeça e nos leva até o elevador.
"Último andar", diz ele.
Quando chegamos ao último andar, as portas do elevador se abrem no terraço e
uma forte rajada de vento sopra em meus cabelos.
De canto de olho, observo. Lá está ele.
Um helicóptero.
As hélices já estão em movimento, freneticamente.
Um homem se aproxima e pega nossas malas.
"O que estamos fazendo aqui?" Eu grito do fundo de meus pulmões.
Mas Caroline não me ouve.
Eu a sigo para dentro do helicóptero, abaixando a cabeça para não bater.
Alguns minutos depois, decolamos.
Nós voamos sobre o céu de Manhattan, manobrando por entre os edifícios como
se fôssemos pássaros.
Nunca antes estive em um helicóptero, e uma parte de mim gostaria que eu
tivesse tido algum tempo para processar essa experiência.
"Não te contei porque achei que você iria surtar!"
Bem, ela me conhece muito bem.
Ela pega o celular e tiramos várias selfies.
"É tão lindo aqui", eu digo, olhando pela janela.
No pôr do sol, o horizonte de Manhattan é realmente de tirar o fôlego.
O brilho vermelho amarelado transparece por trás dos edifícios de vidro e brilha
no crepúsculo.
Não sei para onde estamos indo, mas pela primeira vez em muito tempo, eu não
me importo.
Apenas respiro fundo e aprecio o momento.
Subitamente, os arranha-céus e as intermináveis pontes desaparecem, e tudo o
que permanece abaixo de nós é o brilho do mar azul profundo.
E então, de repente, à distância, vejo o iate.
No início, parece apenas uma mancha no horizonte.
Mas, conforme nos aproximamos, ele vai ficando maior e maior.
Enfim, no momento em que pousamos, ele parece ser do tamanho da própria
ilha.
ELLIE
QUANDO MANDAM VOCÊ SE TROCAR PELA PRIMEIRA VEZ…
ELLIE
QUANDO VOCÊ CONHECE UM ESTRANHO…
ELLIE
QUANDO OUTRO ESTRANHO TE INTRIGA…
ELLIE
QUANDO VOCÊ ACHA QUE A FESTA ACABOU, ELA ACABOU DE COMEÇAR…
A ssim que retorno para nosso quarto, me deparo com Caroline jogada sobre
sua cama, ainda em seu vestido preto.
Ela guarda um olhar preocupado no rosto enquanto cutuca as unhas recém feitas.
"O que há de errado?" Eu pergunto.
"É que...", diz ela. "Agora, na verdade, é que vamos descobrir quem vai ficar e
quem vai embora."
Não sei o que exatamente ela quer dizer com isso.
Mas ela é rápida em me explicar que, aparentemente, o coquetel foi um tipo de
evento de classificação.
Nem todos os convidados que comparecem ficam para o evento principal.
"Você quer dizer... no baile de máscaras?" Eu pergunto.
"Eu realmente não sei", ela dá de ombros. "Há tantos boatos correndo por aí."
Sento-me em frente à penteadeira e examino meu rosto de perto.
Estou tentada a tirar meus cílios, mas Caroline me interrompe antes que eu
comece.
“Não se atreva a tirar a maquiagem ou trocar de roupa. Haverá mais coisas
acontecendo hoje à noite e você não vai querer se arrumar de novo.”
Eu reviro os olhos.
De jeito nenhum eu farei mais alguma coisa hoje.
Tudo o que quero fazer agora é tirar os saltos altos, arrancar esse vestido
apertado do corpo e relaxar com um saco de salgadinhos vestindo os meus
pijamas.
Ficar bonita assim é exaustivo.
Mas se haverá mais festividades, como Caroline mencionou, eu definitivamente
não quero ter que passar de novo por todo o processo de me arrumar.
“Tudo bem, mas eu não vou esperar muito”, digo, olhando de relance para ela.
“Uma hora no máximo.”
Eu ligo a TV e começo a passar os canais.
Caroline reaplica o batom e checa se seus dentes estão livres de qualquer sujeira.
Eu pego uma água do frigobar e derramo um pouco no meu vestido ao abrir.
"Merda", eu digo, abanando o lugar para que seque mais rápido, sem muito
sucesso.
De repente, alguém bate na porta.
Caroline congela. Eu reviro os olhos e vou abrir a porta.
"Vocês duas, por favor, poderiam se juntar a mim na cabine principal em cinco
minutos?", pergunta Lizbeth.
Eu a olho de cima a baixo.
Dessa vez, ela está com uma roupa completamente diferente.
Muito arrumada, ela está usando um longo vestido preto, que aperta sua fina
cintura em um espartilho e empurra seus seios perfeitos para cima.
"Sim... Claro", eu digo.
Lizbeth lança um sorriso educado, mas desaprovador.
Assim que fecho a porta, Caroline praticamente pula em minha direção.
"Ah meu Deus! Meu Deus, Ellie!” Ela grita. "Você sabe o que isso significa?"
"Não, não faço ideia..."
“Nós causamos uma boa impressão! Eles nos querem!”
"Para quê?"
Eu a corto por um momento com a pergunta.
Ela olha para mim como se eu a tivesse pedido para multiplicar 345 por 257 de
cabeça.
"Eu não faço idéia!", ela grita, e corre para a penteadeira para checar seu cabelo
e maquiagem e se vestir novamente.
“Você acha que nós duas temos que ir?” pergunto.
“O quê?” ela se vira em minha direção, quase derrubando o vidro de perfume em
sua mão.
“Escute, o coquetel foi muito divertido e tal, mas é que estou cansada. Quero
dizer, foi um dia bem longo.”
“Ellie, você TEM que ir! Sério, você precisa ir.”
Eu balanço a cabeça.
Dado seu entusiasmo, sei que não terei escapatória.
Decido apenas engolir em seco toda a situação e seguir em frente.
Quanto antes isso tudo começar, antes acabará, de qualquer forma.
Assim que chegamos à cabine principal, há mulheres por todos os lados.
Tipo, realmente por todos os lados.
Elas estão sentadas nos sofás, no bar, nas mesas.
Todas usam vestidos impecáveis, e também estão impecáveis em seus trajes
perfeitos e saltos altos.
Algumas poucas têm cabelos curtos.
A maioria entra na categoria padrão almejada de beleza física - incrivelmente
altas, magras, fabulosas.
Algumas têm peitos grandes, outras, pequenos.
“Onde estão todos os homens?” pergunto a Caroline.
“Não faço ideia, talvez em outra cabine?”
Após Caroline e eu pegarmos nossos drinks no bar, encontramos um local e nos
posicionamos contra a parede.
Todos os assentos já foram tomados.
Lizbeth toca um sino para chamar a atenção de todas.
Ela está parada na parte da frente do iate, cercada por janelas.
Todo mundo olha para cima e se acalma quando ela bate a sineta pela segunda
vez.
"Senhoritas. Obrigada a todas por se juntarem a nós hoje. Foi realmente um
prazer servir a todas vocês.”
Essa palavra novamente.
Servir.
É impressão minha, ou é uma palavra realmente incomum de se usar?
Há tantas outras opções, como "foi um prazer hospedá-las" ou "foi um prazer tê-
las aqui". Mas servir?
“Então, deixem-me aproveitar essa oportunidade para inteirá-las sobre o que irá
acontecer daqui por diante. Eu sei, eu sei, há vários boatos circulando sobre o
que acontece nessa festa, nesse iate, e vou contar para vocês agora.”
“Meu deus, estou tão animada, acho que vou fazer xixi nas calças!” Caroline
sussurra em meu ouvido.
“Esta noite, nós temos uma apresentação muito especial planejada. Teremos um
leilão.”
Um silêncio percorre toda a cabine.
Ótimo, penso.
Não tenho um tostão sequer.
Leilões só são divertidos para pessoas que têm muito dinheiro disponível para
gastar deliberadamente.
“Mas não se trata de qualquer leilão. Nenhuma de vocês irá comprar nada. Na
verdade, é muito mais emocionante do que um leilão tradicional.”
Bem, isso é bom, penso.
Ao menos não se trata de um daqueles bailes de caridade com leilões, nos quais
é esperado que você gaste uns milhares de dólares só para participar.
Eu já estive nesses eventos algumas vezes quando a empresa do Mitch comprava
uma mesa e chamava todos os sócios para preencher os lugares com suas
esposas e crianças.
Esses leilões nunca eram tão legais quanto os organizadores gostavam de
acreditar que seriam.
“O leilão do Sr. Black é diferente de qualquer leilão em que vocês já estiveram
ou do qual tenham ouvido falar. O que o torna tão singular e especial é que, uma
vez que vocês decidam participar, vocês serão o item leiloado.”
Espere um momento. Eu olho para Caroline.
Eu ouvi direito?
“Deixem-me explicar. Os homens que vocês conheceram hoje mais cedo,
durante o coquetel, são apenas alguns dos homens que estarão participando,
vulgo dando lances no leilão. Se vocês escolherem por participar, vocês serão
apresentadas no palco e os homens darão lances por vocês. O que eles estarão
comprando, na verdade, é uma noite com vocês, na qual poderão fazer o que
quiserem. Sexualmente falando.”
“Mas que diabos…” digo para Caroline.
Mas ela está completamente hipnotizada por Lizbeth, ouvindo atenta cada
palavra.
“E, pela manhã, vocês ganharão um cheque com o lance vencedor.”
Uma moça mais à frente levanta a mão imediatamente. Lizbeth acena para que
fale.
“Então… quanto, mais ou menos, as mulheres daqui valem?”
“Ah, sim, é claro…” Lizbeth sorri. “Não sabemos exatamente como os lances
irão se suceder, portanto, não podemos prometer nada. Mas todas vocês foram
pré-selecionadas e todas são muito belas. E todos os homens que lá estarão têm
muito dinheiro. Não é incomum vermos lances de oitenta, noventa mil dólares.
Alguns chegam a cento e cinquenta mil. Uma vez, tivemos um lance que foi a
trezentos mil dólares.”
Puta merda.
Eu ouvi direito?
Todos meus débitos estudantis, dos quatro anos, somam cento e sessenta mil
dólares. Será mesmo que eu valeria um cheque de tudo isso?
Mas parece bom demais para ser verdade.
“E o que significa que o vencedor pode fazer tudo o que quiser? Sexualmente
falando?” a garota ao meu lado se apressa para perguntar.
“Significa literalmente o que você acabou de dizer. Alguns homens vão querer
conversar um pouco, depois transar. Outros vão querer um oral. Outros vão
querer tudo de que têm direito: oral; ele por cima; você por cima; anal; você
fazendo um anal, usando um strap-on... Cada um com seus fetiches.”
“E se a gente nunca tiver feito anal antes?” pergunta outra garota.
“Bem, tenho certeza de que você pode ser franca com ele e ele será muito mais
gentil. Além disso, haverá muito lubrificante disponível para vocês.”
“Você vai?” Caroline sussurra para mim.
Eu dou de ombros.
Eu odeio admitir, mas há algo realmente tentador na proposta.
Os caras do coquetel eram todos muito bonitos.
Eu não me importaria de dormir com um ou dois deles de graça.
“Tudo bem, se não tiverem mais perguntas, vou começar a distribuir os
contratos. Por favor, leiam com cuidado. Vocês estarão prestes a ser leiloadas,
então, por favor, assinem e me devolvam. O leilão começa em uma hora. Caso
alguma de vocês não esteja interessada, pode pegar o helicóptero de volta para
Manhattan. Infelizmente, se assim for, você não poderá se juntar a nós no
restante das festividades.”
Lizbeth começa então a circular pela cabine, distribuindo papéis e canetas para
todas nós.
Eu leio o contrato cuidadosamente.
“Isso aqui parece bem normal,” diz Caroline. Paro e olho para ela como se ela
estivesse louca.
“Bem normal? Não tem nada de normal nisso aqui.”
“Ah, você sabe o que eu quero dizer… Só coloca em termos jurídicos o que ela
acabou de nos falar. Além do mais, olha só essa parte. Aqui diz que assim que o
leilão acabar, antes de a noite de fato começar, eles vão te enviar o valor total
para uma conta de sua escolha ou vão te dar um cheque.”
“Você acha que eles valem a pena?”, brinco.
“Pelos caras desse iate, com certeza!”
Já conheci e andei com muita gente rica, mas só de imaginar alguém escrevendo
um cheque ou depositando oitenta, noventa mil dólares em uma conta em troca
de uma noite… parece surreal!”
“Não entendi por que antes de a noite começar.” digo, lendo o contrato.
Lizbeth escuta.
“Pois tudo que acontece é opcional. Depende de você.”
Não faz muito sentido, para dizer a verdade, mas não a questiono. Assim que ela
sai de perto, viro para Caroline.
“Acho que é porque, se não fosse assim, seria considerado prostituição. Desse
jeito, acaba sendo meio que uma forma de presente ou jogo, algo do tipo.” eu
digo.
Caroline e eu nos sentamos por alguns minutos e debatemos se realmente
devemos ir a fundo com isso.
Honestamente, eu não sei.
Por um lado, parece insano.
Um leilão.
Um leilão sexual. No século XXI.
Somos mulheres.
Deveríamos ser livres e libertas.
Podemos transar com quem bem entendemos.
Por outro lado, ser livre e liberta também significa que sou livre para escolher
participar de um leilão desse tipo, se eu assim quiser.
Certo?
Isso faria de mim uma prostituta?
Ou há algum tipo de passe livre, fazendo isso por uma só noite?
Quero dizer, já passei uma única noite com homens após um primeiro encontro
com jantar legal.
De que forma isso poderia ser diferente?
Enquanto uma parte de mim continua se questionando, outra é rápida em
arranjar uma resposta.
É diferente pois eu não fui leiloada.
Para um estranho.
Para que faça o que quiser comigo por uma noite.
Essa é a diferença, droga!
“E então, o que você acha?” pergunto.
“Eu não sei… mesmo!” Caroline se encolhe.
Confesso que fico chocada.
Caroline adora uma boa transa e qualquer coisa pomposa.
O que poderia ser mais pomposo do que um cara rico e gostoso pagar o dobro da
média salarial anual norte-americana para que ela passe a noite com ele?
“Você tá falando sério?” pergunto. “Eu podia jurar que você estaria dentro, sem
nem pensar.”
“Por quê? É porque você acha que eu sou uma vadia?”
“Não, não, é claro que não. Você sabe que não acho. Mas achei que você iria
achar divertido.”
“Eu acho divertido,” ela solta, hesitante. “Mas eu não tenho certeza. Algo sobre
tudo isso me parece estranho.”
Eu concordo com ela. Realmente. Algo soa muito estranho.
Uma garota que está ao nosso lado chama Lizbeth.
“Eu tenho mais uma perguntinha. Como é o leilão? A gente só fica lá com a
roupa que estamos usando agora e eles começam a dar lances?” ela pergunta.
"Bem, há um leiloeiro que estará supervisionando o leilão", diz Lizbeth. “Ele
fica em um pódio e você ficará no palco, perto dele. O leiloeiro organiza os
lances em incrementos padronizados de cerca de dez mil dólares, e os possíveis
compradores levantam a raquete se quiserem fazer um lance com esse
incremento específico. Quanto às roupas... você irá vestir o que está vestindo
agora. Os licitantes não têm o direito de pedir-lhe para remover qualquer roupa
ou mostrar seus seios, nem qualquer coisa do tipo. Isso é só para mais tarde.
"Uau, isso foi uma explicação bem completa", eu sussurro para Caroline.
“Certo, meninas,” Lizbeth fala bem alto. “Se vocês estiverem prontas para
participar, por favor, entreguem seus contratos assinados para mim.”
Eu olho bem para Caroline.
É agora ou nunca.
Não é como se fôssemos fazer isso juntas, mas é reconfortante ter uma amiga
para encarar uma situação assim com você.
“Não posso fazer isso,” ela diz baixinho.
“Você tem certeza? Mesmo?” pergunto.
Ela acena que sim, largando a caneta em cima do contrato.
“Então… acho que isso quer dizer que vamos para casa, né?” ela pergunta. “Que
droga.”
“Bem, na verdade, acho que vou participar.”
“O quê?!”
“Não sei”, eu me encolho. “É muito dinheiro. E os caras são lindos!”
9
ELLIE
QUANDO VOCÊ É DEIXADA SOZINHA E COMEÇA A SE ARREPENDERDE SUAS DECISÕES…
ELLIE
QUANDO O LEILÃO COMEÇA…
L izbeth nos encontra no corredor antes de entrarmos e nos leva para outro
quarto.
O lugar é, na verdade, uma sala de espera, com alguns refrescos no fundo.
Começo a contar quantas garotas além de mim há no local, enquanto esperamos
o leilão começar.
Dez. Há dez garotas lá, em diferentes graus de nudez.
Quatro estão completamente nuas, sentadas, conversando tão naturalmente como
se estivessem de pijamas.
Há mais duas de sutiã e calcinha, duas apenas de calcinha e, por fim, mais duas
que ainda estão em seus vestidos.
Eu sou uma delas.
De repente, me sinto muito bem vestida para a ocasião, como se tivesse
aparecido em um jogo de beisebol usando um vestido de baile.
O palco fica bem à nossa frente e Lizbeth sobe no pódio.
Ela mesma será a leiloeira.
Espio com cuidado para dar uma olhada nos homens que estão na sala.
Há vários rostos conhecidos, incluindo Blake Garrison e Harrison Brooks.
Alguns são jovens como eles, mas também há muitos homens velhos.
Eu nunca fiquei com alguém com mais de trinta.
Mas esses homens em questão da platéia não são apenas velhos. Eles são muito
velhos. Acho que anos cinquenta e sessenta. Talvez até mais velhos. Cabelos
grisalhos, excesso de peso. Merda. O que eu esperava? Quer dizer, é um super
iate de luxo. Não há, de fato, muitos homens bonitões em seus vinte e poucos
anos que podem pagar por esse tipo de festa.
Lizbeth se apresenta para o público e repassa todas as regras.
Eles devem permanecer em silêncio e levantar as raquetes quando quiserem dar
um lance.
Uma vez que ela gritar um preço três vezes e ninguém der um lance mais alto,
então a garota vai para aquele licitante.
Eles devem assinar um cheque, uma ordem de pagamento ou uma transferência
bancária para a conta da garota antes de poderem levá-la à sua cabine.
Eu martelo meus dedos na mesa freneticamente esperando começar.
Após alguns minutos, finalmente começa.
Lizbeth chama o primeiro nome.
Arabella, nua, muito animada, vai correndo para o palco em seus saltos de dez
centímetros.
Fico observando e esperando pelo momento em que ela vai tropeçar, mas não,
ela parece ter nascido para isso.
Quando ela chega no início do palco, respira fundo e começa a desfilar com
muita pose e confiança.
Uma luz fluorescente atinge seu corpo enquanto o restante do salão fica escuro.
Lizbeth a apresenta, anunciando seu nome e altura, mas não diz nada além disso.
Os lances começam em dez mil.
Rapidamente, as raquetes começam a subir.
O preço começa a subir.
Quando chega em cinquenta mil, o sorriso de Arabella vai de orelha a orelha, ela
fica tímica.
Suas pernas estão separadas na distância dos ombros e sua cabeça inclina-se até
o chão numa perfeita pose de ioga.
Os lances continuam a subir. Mais e mais altos.
Logo, estão em noventa mil.
Lizbeth anuncia o valor três vezes. Noventa mil dólares.
Lizbeth então anuncia “vendida por noventa mil dólares para o cavalheiro ali ao
fundo.”
Eu não posso mais conter minha curiosidade.
Vou para o canto mais distante do palco e dou um salto para conseguir enxergar
quem a comprou.
Os homens na parte de trás cumprimentam um cara mais velho que está
claramente na casa dos sessenta.
Meu coração palpita.
Sério?
Eu realmente vou ter que dormir com um velho de sessenta anos?
Mas Arabella retorna até nós com a cabeça erguida.
Ela está completamente realizada.
“Ganhei ao todo quarenta mil no ano passado limpando quartos de hotel”, ela
anuncia para a amiga. “Noventa mil, sem impostos, por uma noite? Fala sério!”
Um homenzinho minúsculo de óculos e com uma maleta caminha até ela e a
pergunta como ela vai querer o pagamento.
Enquanto eles resolvem a papelada, Lizbeth volta para o leilão.
Agora, ela chama Olivia. Seus olhos estão arregalados e ela respira bem fundo.
“Boa sorte”, sussurro para ela.
Ela finge um sorriso no rosto e vai em direção ao palco.
Definitivamente não está animada como Arabella.
Mas ela vai até lá com a cabeça erguida.
Mais uma vez, Lizbeth anuncia que os lances começam em dez mil dólares.
Esse valor parece ser o ponto de partida. Valor mínimo de qualquer lance.
Ao contrário de Arabella, ela não faz nada a não ser ficar lá parada com as mãos
na cintura.
Ela está de lingerie, e seu sob a luz fluorescente dos holofotes, parece que seu
corpo está coberto em glitter.
Dez mil pode não ser noventa, mas ainda é um valor absurdo, asseguro para mim
mesma.
Então, mesmo que eu só saia por dez mil, tudo bem.
Mas não importa o quanto eu tente me convencer disso, eu ainda sinto que vou
vomitar só com a ideia de que logo terei de subir no palco.
Os lances para Olivia sobem até os oitenta mil e, por fim, ela é comprada por um
cara que aparenta uns quarenta anos.
Quando ela volta até nós, ela parece bem satisfeita com o valor.
Bem, eu também ficaria.
Acho que dez mil já é o suficiente para valer a pena dormir com alguém que
seja, bem, mais jovem que o homem da Arabella.
Quando o senhor baixinho com a maleta vem na direção de Olivia, ela pergunta
se pode pegar todo o dinheiro em espécie.
Ele diz que não teria toda aquela grana ali, no momento.
Ela pondera se deve pegar um cheque ou pedir uma transferência direta para sua
conta.
Ela está pensando nas deduções dos impostos.
Óbvio, em espécie seria melhor, assim ela não perderia trinta por cento para o
governo.
Mas quem quer circular por Nova Iorque com noventa mil dólares em dinheiro
vivo?
Finalmente, ela dá os dados de sua conta a ele.
Eu fico tão entretida na conversa dos dois que nem percebo que Lizbeth já
começou de novo.
E ela chamou meu nome!
“Ellie!” chama Lizbeth mais uma vez.
Olivia me dá uma cutucada.
Fui pega tão de surpresa que nem deu tempo de processar o que realmente iria
acontecer.
“Vai, ela está te chamando.” diz Olivia.
Eu concordo e me levanto.
Isso está mesmo acontecendo?
Sigo para o palco. Me sinto um zumbi caminhando até lá.
11
ELLIE
QUANDO CHEGA MINHA VEZ…
ELLIE
QUANDO USO UMA MÁSCARA…
"V OCÊ FICOU DECEPCIONADA , MINHA QUERIDA ?" Ele pergunta, com meu mamilo
direito entre os dentes. Ele está brincando comigo. Me provocando. E eu gosto
disso.
Eu aceno com a cabeça e digo que sim através do tecido em minha boca.
"Bem, você vai ter que se acostumar com isso."
O pensamento de insatisfação faz com que um arrepio percorra minhas pernas e
paire em algum lugar na minha pelve. Depois de alguns minutos acariciando
meus seios, ele finalmente diz: "Ok, pode abrir as pernas agora".
Minhas pernas se abrem imediatamente, sem qualquer dificuldade. Eu me sinto
exposta e frágil, mas incrivelmente sexy ao mesmo tempo. Sinto como se
estivesse oferecendo meu corpo a ele. Esperando para que ele me tome para si.
Só a ideia de ele vindo, entrando em mim, faz com que arrepios percorram meu
corpo. Nunca me senti assim com alguém desconhecido antes. Alguém cujo
rosto eu nem mesmo vi. Mas agora, não estou raciocinando. Estou apenas
sentindo. Estou existindo inteiramente em outra dimensão - uma dimensão feita
só de sensações.
Ele passa as mãos em volta das minhas coxas e em torno do meu umbigo. Então
ele desce até as minhas coxas. Começa nos joelhos e sobe. Eu o ouço lambendo
seus lábios e sinto seus olhos fitando meu corpo. Admirando-o. Seus dedos
subitamente correm para cima e traçam um caminho lento entre meus seios,
descendo de novo até minha barriga. Eu fecho os olhos sob a máscara e gemo.
Suas mãos são tão suaves que seu toque parece pequenos beijos de uma
borboleta. Toda a experiência não é apenas sexual, é também muito sensual.
Eu relaxo os punhos nas algemas e afasto minha mente, como que em uma
fantasia. No fundo, eu o sinto dentro de mim, e minhas coxas começam a se
mover de acordo. Eu finjo para mim que nos conhecemos há muito tempo, mas
que esta é a primeira vez que estamos transando. De repente, seu toque fica mais
e mais intenso. Suas mãos envolvem minhas pernas e percebo o quão grandes
elas de fato são. Muito maiores do que pareciam quando apenas sentia o toque
de seus dedos.
Ele pega o laço da minha camisola e passa por cima do meu abdome. A metade
inferior do meu corpo geme, entra em puro êxtase, e eu fecho minhas pernas
como que para tentar empurrar um pouco disso tudo para longe.
"Oh, não, você não pode fazer isso", diz o Sr. Black, afastando novamente
minhas pernas uma da outra. Meu coração quase pula pela minha boca, começa a
bater extremamente rápido.
Então ele pega a ponta da bainha de penas da camisola e começa a passar pelo
meu clitóris. Meu corpo quase grita por mais. Ele corre as penas ao longo das
minhas coxas e depois em torno da minha vagina. Os lábios se abrem pedindo
mais, e ele ri. Então ele se ajoelha na frente das minhas coxas abertas e começa a
me chupar.
"Meu Deus", murmuro, soltando o som entre o tecido da gravata que prende
minha boca.
“Ei, lembre-se, você prometeu. Você não vai ter nenhum orgasmo sem que eu
permita, vai?”
"Não, senhor", eu murmuro. No entanto, nesse ponto, já estou chegando muito
perto. Geralmente, leva muito tempo para eu chegar a um orgasmo. Diria que
não sou naturalmente uma pessoa muito sexual. Mas há algo sobre o Sr. Black
que me deixa muito excitada. Não há outro jeito, nenhum outro jeito mais
delicado de descrever tudo isso.
Depois de colocar as penas para o lado, ele se posiciona bem na frente das
minhas coxas abertas. Meu Deus. Ele vai me beijar. Ou enfiar um dedo em mim.
Ele vai fazer algo para liberar todo esse prazer que ele fez se acumular dentro de
mim.
Mas, para minha surpresa, ao invés disso, ouço um som de vibração quase
silencioso. E então algo me toca. Meu clitóris. Um grito agudo de prazer-dor
atravessa meu corpo enquanto a sensação de vibração se espalha através de mim.
Eu me vejo intoxicada com esse novo tipo de sensação, brusca, mas deliciosa.
Minhas pernas se abrem mais e mais, enquanto o fato de meus punhos estarem
amarrados parece cair no esquecimento.
“Boa menina”, diz o Sr. Black. “Você gosta?”
“É maravilhoso.” Eu murmuro.
De repente, a sensação de vibração pára e o som desaparece.
“Ei, você lembra do que eu disse sobre me chamar de senhor? Se você não fizer
o que eu mando, você infelizmente não vai mais ter o prazer que eu estou
querendo dar a você”, diz ele.
"É maravilhoso, senhor", murmuro rapidamente. "Por favor, não pare, senhor.
Por favor... senhor."
Ele coloca o vibrador de volta em mim, só que desta vez, mais fundo na minha
vagina, e as vibrações ficam mais fortes. Elas também são mais rápidas desta
vez, fazendo-me quase engasgar com a minha própria respiração.
"Você é muito sexy, Ellie", diz o Sr. Black. "Eu acho que você merece algo a
mais só por ser tão sexy."
"Obrigado, senhor", murmuro, flutuando para longe em grandes doses de dor e
prazer.
E quando eu pensei que não poderia me sentir melhor, de repente, sinto sua
respiração no meu clitóris. Ele inala profundamente. E, então, exala. E pressiona
sua língua macia, quase líquida, em cima dele. Sinto minhas costas arquearem na
cama e meu corpo vai ainda mais em sua direção, como que para encher sua
boca ainda mais. Ele geme, aprovando, empurrando o vibrador mais fundo
dentro de mim.
“É isso, Ellie. Mostre-me do que você é capaz, linda.” ele sussurra e começa a
massagear meu clitóris com a língua, dessa vez, muito mais agressivo.
“Meu deus. Eu acho que estou chegando, senhor.” Digo, sentindo aquele calor
subindo pelas minhas pernas. Os dedos dos meus pés já estão anestesiados.
“Me diga quando você for ter um orgasmo.” ele ordena. Eu concordo.
“Agora, agora, senhor.” Eu começo a gemer e sinto que estou chegando ao
clímax do momento.
E, subitamente, tudo pára. Ele afasta sua boca de mim e desliga o vibrador.
“Não tão cedo, Ellie.” Ele diz, com uma voz meio tímida.
Espera, o quê? Não estou entendendo. Minhas pernas caem na cama de
frustração.
“Você não pode chegar lá tão cedo, querida” diz ele, correndo as mãos sobre
meu seio. “A noite é uma criança. A gente está só começando.”
Minha mente fica muito confusa. Não entendo nada do que ele está dizendo.
Leva alguns minutos para que eu volte ao normal. Minha frequência cardíaca
também vai retornando ao normal. Minha temperatura cai e começo a sentir frio
de novo. Nunca na vida senti tanto desgosto.
13
ELLIE
QUANDO A MÁSCARA CAI…
D epois que o Sr. Black pára com tudo sem me deixar gozar, sinto raiva.
Muita raiva. Quem diabos ele pensa que é? Por que diabos ele está
brincando assim comigo? Ele pode até ter pagado para passar a noite comigo,
mas isso não significa nada. Eu sou uma mulher livre e ele não tem o direito de
fazer isso comigo.
"Que porra você está fazendo?" Eu pergunto. Eu devo tê-lo pegado
desprevenido, porque ele não responde por alguns momentos. Eu queria que
meus braços não estivessem mais algemados, então eu poderia tirar essa maldita
máscara.
"O quê?", ele pergunta. O tom de sua voz muda.
"Por que você não me deixou gozar?" Eu pergunto.
"Porque... isso é apenas o começo."
"Ou talvez seja o fim", eu digo. Estou de mau humor. Aborrecida. Eu acho que
isso é o que os homens chamam de broxar, porque é o que estou sentindo agora e
é muito ruim. Minhas bochechas estão queimando de raiva.
Ele se inclina sobre mim. Eu viro o rosto para longe dele. Fique longe de mim,
seu idiota, tenho vontade de dizer. Mas, quando ele tira a gravata da minha boca
e tira a minha venda, fico feliz que fiquei de boca fechada.
As luzes da sala diminuíram, fazendo o lugar parecer iluminado pela luz das
velas e a penumbra ao fundo. Quando meus olhos se focam no Sr. Black, fico um
pouco surpresa.
Não sei o quê exatamente eu estava esperando, mas por alguma razão, achava
que ele estaria usando algo com couro.
Só o fato de eu estar amarrada não é exatamente BDSM, mas ele com certeza
gostava da coisa.
Pelo que eu já li na internet sobre o assunto, o código de vestimenta parece ser
muito importante para a comunidade de praticantes.
Mas o Sr. Black está vestido em um terno impecavelmente feito sob medida.
Não ficaria surpresa se tivesse custado alguns milhares de dólares e tivesse sido
encomendado de algum estilista famoso. É cinza escuro e as calças são ajustadas
confortavelmente, acentuando suas pernas esguias e musculosas. Ele é alto e tem
ombros largos, e eu imediatamente tento imaginá-lo nu. Com o que será que ele
se parece sem todas aquelas roupas? Meus olhos lentamente se aproximam do
rosto dele.
"Você vai me desamarrar?" Eu pergunto.
Ele sorri do canto da boca.
"Você é meio briguenta, não é?"
“Olha, eu posso ter assinado um contrato sobre fazer qualquer coisa com você na
cama, mas você claramente não queria terminar o que começou. Então acho que
essa parte acabou... por enquanto.”
Quem está dizendo isso? São mesmo minhas palavras, saindo da minha boca?
Há algo sobre ser amarrada que está me deixando incrivelmente confiante. E
arrogante, também. Normalmente, sou a garota que está encolhida no canto, mas
agora, ironicamente, sinto que sou a mulher mais poderosa do mundo.
"E então, você vai me desamarrar?" Eu pergunto novamente. Desta vez, eu uso
uma voz ainda mais forte, coerciva.
Enquanto o Sr. Black desliza para a cama - ele não caminha como os outros
homens, não, ele desliza - eu encaro seus profundos olhos azul-esverdeados. Eles
são um complemento perfeito para sua pele bronzeada, que parece que foi
beijada e acariciada pelo sol. Calafrios sobem pela minha espinha. Sr. Black
parece perigoso, e eu gosto disso. Ele vai até a cabeceira e desata minhas mãos,
ocasionalmente olhando para mim. Quando nossos olhos se encontram, é preciso
toda a minha força para não desviar o olhar. Mas estou cansada de ficar
encolhida. E ele, de ter vantagem em todo esse jogo.
Quando minhas mãos finalmente estão livres, esfrego meus pulsos e pergunto
onde fica o banheiro. Ele me aponta para a porta do outro lado da suíte. O
banheiro é todo amadeirado e tem um teto muito alto, assim como o resto da
suíte. Eu já estive em barcos a vela, mas apenas nos pequenos, com no máximo
trinta pés, com painéis de madeira velhos e cômodos bem apertados no interior.
Nunca antes estive em um barco desse tamanho. Quando paro para pensar sobre
isso, é realmente difícil acreditar que isso aqui é um barco de verdade. O iate é
tão grande que você mal consegue sentir que está em movimento. O único
indício de que se trata de fato de um barco é a vista panorâmica da imensidão
azul do mar que se tem de cada janela.
Eu me inclino sobre a penteadeira de madeira e mármore e encaro minha
imagem refletida no espelho. A camisola com os detalhes de penas até que cai
bem. As penas escondem todas as imperfeições do meu corpo e me fazem sentir
muito chique e sexy. Eu me curvo e ajeito o cabelo algumas vezes. Deitada de
costas por tanto tempo, fiz com que ele ficasse sem volume e tento brincar com
ele a fim de que ganhe um pouco de volume de volta.
Em seguida, checo a maquiagem ao redor dos olhos e nas minhas pálpebras.
Meu delineador está um pouco manchado no olho direito, dando-lhe uma
aparência de olho esfumaçado não intencional. Eu limpo um pouco e dou um
sorriso. Eu geralmente não sou tão vaidosa. Na verdade, eu pouco me importo
com maquiagem e roupas e essas coisas todas. Mas há algo sobre o Sr. Black e
este iate que me faz querer tentar.
Mas o que diabos você está fazendo, Ellie? Eu pergunto silenciosamente, me
olhando no espelho. Essa cena toda, isso não é você. Se alguém faria tudo isso,
esse alguém é Caroline, mas foi demais para ela. Então por que é que você está
aqui? Ah, claro, a resposta usual. Eu devo mais de cento e cinquenta mil dólares
em empréstimos estudantis. E enquanto eles não se pagam, Mitch e minha mãe
estão mais do que felizes em cobrir as minhas despesas. Meu Deus, eles nem
sequer queriam que eu fizesse os empréstimos. Queriam ter pagado por tudo.
Então, por que eu fui fazer? Orgulho. É esse orgulho teimoso da classe média
que eu devo ter herdado do meu pai, que também se recusa a receber dinheiro da
minha mãe. Mas pelo menos meu pai tem uma desculpa, ela é sua ex-mulher.
Ainda assim, há algo importante sobre pagar pelas suas próprias coisas. Eu sei
que não estou pagando meu próprio aluguel, mas estou pagando por todo o resto.
Eu sempre pensei que isso realmente significaria algo se ao menos eu fosse
capaz de pagar meus empréstimos por conta própria. Talvez isso significasse que
eu sou autossuficiente. Que eu sou um sucesso. Que eu consegui ser boa o
suficiente no meu trabalho, que tive sucesso como escritora.
E quando esta oportunidade surgiu... Eu não sei, apenas pareceu certo. Mas mais
que isso, foi emocionante. E além de ser teimosa, eu também não sou o tipo de
garota que faz muitas coisas emocionantes, eu diria. Por exemplo, eu nunca
fumei maconha na escola porque era muito covarde. Eu mal tomei um gole de
cerveja até os dezoito anos. Eu nunca me permiti fazer nada. Eu queria fazer
uma audição para a peça da escola no meu último ano, mas me acovardei e não
fui. Eu queria fazer um intercâmbio, estudar no exterior por um semestre, mas
novamente, eu era muito covarde. Não que eu seja velha, mas por toda a minha
vida, vivi enjaulada. E isso se deve, principalmente, às minhas próprias decisões.
Então, quando este leilão surgiu, decidi que já havia sido covarde o suficiente.
Chega de sentir medo. Chega de não se arriscar. Chega de não viver a minha
vida ao máximo.
“Tudo bem com você aí dentro?” pergunta o Sr. Black do outro lado da porta. De
repente, me dou conta de que já estou aqui no banheiro há muito tempo.
“Sim, já vou sair.”
Me olho no espelho uma última vez. Não sei o que o resto da noite guarda para
mim, mas, ao menos, estou fazendo algo inesperado. Estou vivendo a vida no
limite. Estou saltando de uma montanha sem paraquedas. O que pode ser mais
emocionante do que isso?
Eu saio do banheiro de cabeça erguida. Endireito meus ombros e mostro ao sr.
Black um sorriso travesso. Ele está em pé na frente da grande mesa circular no
meio da suíte da sala de estar com uma garrafa de champanhe em uma mão e
duas taças na outra.
"Pensei que um pouco de champanhe poderia cair bem", diz ele. Ao fazer meu
caminho até a mesa, vejo uma grande tigela de morangos vermelhos brilhantes.
"Isso parece bom."
"Sim, eles são ótimos. Orgânicos. Recém colhidos da horta de um fazendeiro.”
Eu sou um amante de frutas. E se eles são realmente da horta de um fazendeiro,
e eles parecem tão bonitos, eles devem ter custado uns dez dólares a bandeja.
Champagne, por outro lado, é algo que eu realmente não conheço muito bem.
Mas dado onde estamos e quem é o Sr. Black, duvido que seja do corredor de
desconto.
Ele abre a garrafa e enche duas taças. Então ele se senta e olha para mim.
"Por que você não senta aqui?", Pergunta ele, dando dois tapinhas em sua coxa.
Há muitos lugares para se sentar ao redor, mas eu cumpro seu pedido. Toda sua
confiança, que está quase beirando uma arrogância, é quase intoxicante.
Quando me sento em sua coxa e fico confortável, a primeira coisa que sinto é a
protuberância nas suas calças. É bem grande e fico bem satisfeita com isso. Quer
dizer, o tamanho do pênis não faz muita diferença para mim. No entanto, é bom
saber que tudo sobre o Sr. Black é proporcional, começando com seu enorme
iate, sua enorme suíte e terminando com seu rosto lindo, corpo esguio de ombros
largos e o, bem, volume generoso nas suas calças. É bom saber que todo esse
dinheiro na conta bancária não é apenas uma forma de compensar um déficit em
outro lugar.
Depois que estou no colo dele, o Sr. Black molha um morango na taça de
champanhe.
"Abra bem", ele instrui. Quando o morango, coberto de bolhas frias, passa pelo
meu lábio inferior, arrepios percorrem todo o meu corpo e uma sensação quente
começa a se formar em algum lugar entre as minhas pernas. Eu mordo o
morango e me maravilho com sua doçura enquanto ele passa pela minha
garganta.
"Huuuum", eu digo, lambendo meus lábios. Antes que eu tenha a chance de
terminar o meu morango, deixo um pouco de champanhe cair na minha
clavícula. Estou prestes a limpar com a mão, quando o Sr. Black afasta meus
dedos e, ao invés disso, pressiona os lábios contra minha pele. Depois de me
beijar levemente, ele lambe minha pele e chupa com um pouco de força. Eu
lanço minha cabeça para trás e fecho os olhos, para aproveitar o momento.
"Huuuum”, eu digo novamente. "Isso é ainda melhor."
Depois de beijar intensamente minha clavícula e pescoço, ele toma um gole de
seu champanhe.
"Então, eu queria te perguntar uma coisa", eu digo.
Ele olha para mim e aguarda a pergunta.
"Qual o seu nome?"
"Eu pensei que você soubesse o meu nome."
"Bem, eu só te chamo de Sr. Black", eu digo.
"E é assim que você pode continuar me chamando", diz ele e toma outro gole.
Ele está falando sério? Eu olho para ele, mas meus olhares não parecem
incomodá-lo nem um pouco. De repente, me sinto uma idiota completa. O que
estou fazendo aqui com um homem que nem sequer me disse seu nome
verdadeiro?
“Escute, não quero parecer rude, mas não nos conhecemos assim tão bem. Eu
quero mudar isso, na verdade. Mas, por ora, por favor, só continue me chamando
de Sr. Black.” Ele diz. Sua voz é apaziguadora e tem um tom de quem se
desculpa, mas não me deixa satisfeita.
“Ah, e mais uma coisa”, ele adiciona, dando uma piscadinha com um dos olhos.
“Não esqueça de sempre me chamar se senhor.”
Aceno com a cabeça, sem saber exatamente como responder. Ele está flertando e
exigindo de mim ao mesmo tempo. Uma parte de mim se sente insultada. Como
ele ousa falar comigo dessa maneira? Quem ele pensa que é? Mas outra parte
sabe que é apenas um jogo. Eu sou sua por essa noite e se ele quer que eu o
chame de senhor por duzentos e cinquenta mil dólares, por que não? Qual é o
grande problema?
"Aqui, eu tenho uma surpresa para você", diz ele e pega um controle remoto,
mesmo que não haja uma televisão à vista. Ele aponta para as cortinas a nossa
frente. Pressionando o botão, as cortinas se abrem.
Esperando ver o enorme oceano azul escuro e um céu estrelado, eu acabo
ficando genuinamente surpresa com o show que está acontecendo diante dos
meus olhos. Chocada, para dizer a verdade. Lá, em um palco alto, atrás de um
vidro, como se estivessem em um aquário, há três pessoas em diferentes graus de
nudez. Três pessoas, duas garotas e um cara. Eles estão fazendo sexo.
“Você gosta?” pergunta o Sr. Black.
Eu olho para o palco, depois para o Sr. Black, depois de volta ao palco. Na
verdade, não sei como responder a essa pergunta. Nunca vi nada assim antes. Eu
me levanto para ver mais de perto. Há três deles. A garota loira está vestida com
um sutiã rosa e calcinha fio dental. A morena está de quatro, beijando os seios da
loira e depois descendo sobre ela. O loiro bronzeado, musculoso, com o físico de
um deus grego, beijando a bunda da morena e inserindo o dedo nela devagar.
“O que é isso?” Pergunto.
“É um showzinho particular. Para entrarmos no clima.”
Eu não achei que precisávamos de algo assim entrar no clima. Embora, eu odeio
admitir isso, mas de repente percebo o quanto eu estava excitada.
"Eu nunca vi nada assim", eu digo.
“Sim, acho que a maioria das pessoas nunca viram. Não é exatamente como
assistir pornografia, não é mesmo?” Pergunta o Sr. Black.
Eu sacudo minha cabeça negativamente. Não, não é. É muito mais real. Há um
grau de autenticidade extremo no grupo. Quero dizer, eles estão realmente aqui.
Bem diante de nós. Fazendo coisas uns com os outros. Eu olho mais de perto
seus rostos para tentar identificar se algum deles me parece familiar.
"Você não os conheceu no coquetel", diz o Sr. Black. "Eles são atores, e não
convidados."
"Atores?" Eu pergunto.
"Sim". Ele dá de ombros despreocupadamente. “Isso é o que eles fazem da vida.
Eles são contratados por entidades privadas muito exclusivas como atores. Eles
só fazem sexo uns com os outros as cenas todas são muito bem coreografadas e
ensaiadas para que sejam sempre excitantes de se assistir.”
Atores do sexo? Além de strippers e prostitutas acompanhantes, nunca ouvi falar
desse tipo específico de profissional sexual. Uau, que mundo.
O Sr. Black encosta duas grandes poltronas macias, que parecem muito mais
confortáveis do que as que estão em volta da mesa da sala de jantar. Ele as
posiciona bem na frente da janela.
"Venha aqui", o Sr. Black bate no assento ao lado dele. "Não fique analisando
demais tudo isso. Vamos apenas aproveitar.”
Sento-me na minha cadeira e olho para o palco. A morena está de quatro com a
língua na buceta da loira. O cara está transando com ela por trás. Alguns minutos
depois, ele sai dali e vai até a loira. Ela o lambe e percorre seu corpo enquanto a
morena usa um grande vibrador nela, fazendo-a gritar de prazer.
“Você está excitada?” Pergunta o Sr. Black.
Eu aceno com a cabeça – mas isso é o eufemismo do século. Eu nunca estive tão
excitada na minha vida. Eu cruzo e descruzo minhas pernas para tentar fazer
com que o calor entre elas suma, mas isso não acontece. Ele já havia me
provocado o suficiente, me levado ao limite e agora qualquer pensamento me
leva de volta à excitação total, que dirá uma performance ao vivo, bem em frente
aos meus olhos.
De repente, eu não posso mais manter minhas mãos paradas. Começo a
massagear meus seios levemente e minhas mãos correm pelo meu corpo sem
pedir consentimento ou permissão. Quando eu toco meu clitóris e alcanço dentro
de mim, eu sei imediatamente que ele não vai demorar muito.
“Ei, ei, ei!” Sr. Black vira para mim, segurando minhas mãos. Ele lambe
cuidadosamente meus dedos, um por um, e olha profundamente em meus olhos.
“O que você acha que está fazendo?”
“Isso é muito excitante, senhor.”
“Sim, eu sei.” ele diz com um sorrisinho. “Mas você não pode ter um orgasmo
agora. Não sem a minha permissão.”
Eu olho para ele, não processando direito as palavras que saem de sua boca.
“Você quer transar, então?” Pergunto. “Senhor?”
“Ah, querida, essa noite não será assim tão simples.”
“Não estou entendendo, senhor, desculpe.”
“Você é minha pela noite toda, Ellie. E isso significa que eu digo quando você
pode gozar. Neste momento, estamos apenas nas preliminares”.
Eu sacudo minha cabeça.
"Decepcionada?" Ele pergunta, piscando para mim e sorrindo com seus dentes
brancos.
"Eu já tive as preliminares, senhor."
“Sim, eu reparei. E senti o gosto, também.”
Volto meu olhar para o palco e tento me concentrar em outra coisa. Mas é muito
difícil. Tudo que vejo diante de mim me traz de volta à realidade, ao que
aparentemente não posso fazer. A morena está deitada de costas com a loira em
cima dela, de quatro. Eles estão comendo uns aos outros enquanto o cara vai e
volta entre ganhar um boquete e comer uma e depois a outra. Meu anseio se
confunde com raiva e frustração e, francamente, não sei como lidar com isso.
Eu olho para o Sr. Black. Seus olhos estão paralisados no palco também. Eu
decido que esta é minha chance. Talvez eu possa fazer isso e ficar bem quietinha.
Eu pego minha mão esquerda, a que está mais longe dele, e deslizo lentamente
sob a minha bunda. Para minha surpresa, eu nem preciso ir muito longe. De
repente, uma sensação calorosa esmagadora invade todo o meu corpo e eu gemo
de prazer.
Quando volto à realidade, abro os olhos e vejo os olhos do Sr. Black olhando
para mim.
“Me desculpe, senhor”, eu digo baixinho. “Não pude evitar.”
O Sr. Black balança a cabeça em reprovação. Eu não o conheço bem o suficiente
para saber se, por dentro, ele está gostando disso ou não.
“Bem, então, Ellie”, ele diz devagar. “Você foi uma menina má. E você sabe o
que acontece com meninas más?”
“Não, senhor.”
“Elas são punidas.”
14
E u não sabia exatamente o que significaria ser punida, mas confesso que ver
seu olhar de desaprovação me deixou ainda mais excitada. Algo no jeito
como ele disse que iria me punir fez com que calafrios percorressem meu corpo.
O Sr. Black então se levantou de sua cadeira e caminhou até a cama.
“Venha até aqui”, ele instruiu. O tom de sua voz deu arrepios em meu corpo. De
repente, fiquei ainda mais animada do que antes. O que diabos ele ia fazer
comigo? Eu mal podia esperar para descobrir.
"Tire essa sua camisola."
Eu hesito por um momento. Por todo esse tempo, minha camisola decorada com
penas foi minha protetora. Meu escudo. E agora, eu iria tirá-la e ficar aqui, nua,
diante dele e em toda a minha glória.
"Tire logo", diz ele. "Ou eu vou tirar para você."
Eu considero a opção. Talvez eu deva apenas forçá-lo a fazer isso. Mas no final,
eu amarelo. Eu abro o robe e o deixo cair no chão.
"Suba na cama e fique de quatro", diz ele. "De frente para a cabeceira."
Depois que eu estou posicionada, ele vem com mais cintos e algemas. Observo
enquanto ele prende algemas de couro ao redor dos meus tornozelos, antes de
amarrar os cintos pretos presos a elas nos pés da cama. Deito-me de barriga para
baixo enquanto ele faz isso, mas ele levanta minha bunda para o ar, certificando-
se de que minha bunda e minha boceta fiquem totalmente expostas. Então ele
coloca as algemas de couro ao também redor dos meus punhos e as amarra na
cabeceira da cama. Os cintos estão bem apertados, mas não tão firmemente, ao
ponto em que ainda consigo ficar de barriga para baixo sem ser completamente
esticada.
O Sr. Black caminha lentamente ao redor da cama.
"Você foi uma menina má, Ellie", ele diz. Eu concordo.
"Você foi uma menina má?"
“Sim, senhor.” Eu sussurro. Calafrios percorrem meu corpo e uma sensação de
calor repousa entre minhas coxas. O Sr. Black passa os dedos pelas minhas
costas e dá um tapa na minha bunda. Então ele caminha para o lado e segura
meus seios, passando a palma da mão por baixo deles, segurando-os. Meus
mamilos petrificados caem suavemente em suas mãos. Ele os massageia
suavemente e depois um pouco mais forte. Ele então aperta meus mamilos entre
os dedos, levando-me ao limite entre dor e prazer.
Então ele segue para as minhas coxas. Eu nunca estive nessa posição na frente
de um homem antes. Não é nem o fato de estar amarrada, mas estou tão exposta,
como se estivesse em exibição. Eu tento deixar tudo isso de lado e curtir o
momento.
O Sr. Black passa o dedo pelas minhas nádegas e pela parte interna das minhas
coxas, brincando com elas. Ele desenha grandes círculos com os dedos em
minha pele. Rapidamente, eles se tornam menores e menores. Ele está agora
focando na minha vagina e clitóris, mas não os toca. Está flertando comigo, me
provocando. Não tenho certeza de quanto mais disso posso suportar. E então, de
repente, ele coloca o dedo no meu ânus. Eu o sinto indo mais e mais fundo e a
sensação é irresistível. Ele chupa um pouco os lábios, expostos e excitados, mas
não os toca, fazendo-me querer gritar.
"Meu Deus", eu gemo mais e mais.
De repente, ele dá uma pequena lambida. Sua língua áspera corre sobre o meu
clitóris, brevemente passando para dentro de mim, enquanto seu dedo continua a
se mover no meu ânus. A sensação é tão irresistível que sinto que vou desmaiar.
Sinto meu corpo derretendo em seus lábios.
"Olhe para o palco", diz ele. Abro os olhos e viro a cabeça em direção ao palco.
A cena se parece muito com a nossa, exceto que ninguém está amarrado. A
morena também está de quatro, com o dedo do cara em seu ânus e os lábios dele
em sua vagina.
Ver o que estava sendo feito comigo ser feito em outra pessoa me enlouquece
completamente. Eu me sinto chegando ao clímax. De repente, minhas pernas
estão bambas e meu corpo começa a tremer. Não tenho controle sobre nada,
incluindo o quão alto eu grito. Quando eu chego ao clímax, o Sr. Black segue os
ritmos do meu corpo, como se fosse uma dança coordenada. Ele acelera
enquanto eu acelero, e sigo por uma longa onda de prazer até cair deitada na
cama.
"Isso foi muito bom", eu digo depois de voltar um pouco à realidade. "Eu não
sinto minhas pernas."
"Que bom", diz o Sr. Black com um sorriso e começa a me desamarrar da cama.
O que eu sinto pelo Sr. Black começa a mudar. O que antes foi apenas sexual,
de repente muda e se torna algo mais profundo e mais forte. O que é isso que
estou sentindo? Sem que eu consinta, meus pensamentos voltam para Tom. Eu
realmente não sei porque ele aparece na minha cabeça, exceto que eu estou
apaixonada por ele há muito tempo. Era sempre a certa distância e, como
resultado, sempre houve uma distância entre nós. Mas, pensando em Tom agora,
na presença do Sr. Black, quase sinto vontade de rir. Toda a excitação que eu
sentia ao pensar nele não é nada em comparação com o que estou sentindo
agora. Eu me sinto muito, muito atraída pelo Sr. Black. Como se eu tivesse que
tê-lo para mim e fosse gritar se não tivesse. Mas eu não falo apenas sobre tê-lo
sexualmente. Eu também o desejo emocionalmente. Merda. Isso não vai acabar
bem.
Eu o observo caminhando até o bar e se servindo de uma dose de uísque. Ele
pergunta se eu também quero uma, mas eu recuso.
Isso é muito, muito errado, Ellie. Você não pode se deixar levar por ele. Ele é um
homem que administra uma grande empresa multinacional e é dono de um iate e
sabe-se lá o que mais. Seja gentil consigo mesma e proteja seu coraçãozinho. Ele
provavelmente só quer você por uma noite e é isso.
"Por que você deu lances em mim?" Eu pergunto. Eu não sei o que me fez fazer
essa pergunta neste momento, exceto que talvez isso me dê uma ideia de como
ele realmente se sente sobre mim.
“Eu te vi quando você embarcou no iate pela primeira vez. E no coquetel. Você
não era como as outras garotas de lá. Eu me encantei por você imediatamente.”
Ele diz sem hesitar.
"É por isso que você me mandou usar esse vestido?”
“Sim”, ele acena com a cabeça. “Eu fico hipnotizado com a ideia de ordenar às
mulheres que vistam o que eu quero.”
Eu suspiro bem fundo. Lá vem, de novo. Mulheres. Ele não queria apenas me
vestir. Ele gosta de escolher as roupas para mulheres. Não, eu não consigo me
envolver mais com ele, emocionalmente falando, do que eu já o fiz. E seria
melhor, inclusive, me envolver um pouco menos. Este não é o tipo de homem
que pode me dar o que eu quero.
"O que há de errado, Ellie?" Pergunta ele.
Dou de ombros.
"Nada. Eu não sei”, eu digo. E então, antes que eu tenha a chance de fechar
minha boca, deixo escapar: “Eu me sinto diferente estando aqui com você.
Diferente de tudo que já senti.”
Cale a boca, Ellie. Mas que merda você está fazendo? O que vai vir em seguida?
Você vai falar para ele que acha que está apaixonada por ele? Você acabou de
conhecê-lo!
“Difetente como?” Ele pergunta.
“Um diferente bom. Mas, ao mesmo tempo, assustador, eu acho. Quero dizer, eu
não sei quase nada sobre você.”
“O que você gostaria de saber?” Pergunta o Sr. Black. Err, seu nome, talvez, é o
que penso em dizer - mas mordo a língua. Ele já deixou claro que não quer que
eu saiba seu nome.
“Você já foi casado?” Pergunto.
“Sim.”
Sou pega totalmente de surpresa com a sua franqueza. Eu definitivamente não
esperava por essa resposta. O Sr. Black não faz o tipo de homem casado. Ele
parece mais um eterno universitário, mas talvez não seja bem assim.
“E o que aconteceu?” Pergunto.
Ele pára por um momento, olha para a mesa e volta a olhar em meus olhos.
“Eu geralmente não falo sobre isso com ninguém.” Ele diz. Eu lanço um sorriso
para ele e espero.
“Eu me casei durante a faculdade. A gente namorou por dois anos e um dia eu
simplesmente a pedi em casamento. Foi bem espontâneo e romântico.”
“Parece mesmo. E aí, o que aconteceu?”
“Não sei direito. A gente estava caminhando pelo centro um dia, perto da
prefeitura, e simplesmente aconteceu. Mas aí as coisas começaram a dar errado.
Ela dizia se sentir culpada por não termos feito uma festa enorme para
convidarmos todos nossos amigos e familiares. Daí ela disse que precisava de
um tempo e foi para a casa dos pais em Ohio. Não muito tempo depois disso, ela
me liga e diz que quer o divórcio porque está grávida do namorado do ensino
médio.”
Consigo ver a dor expressa em sua face enquanto ele me conta a história toda.
Ele não consegue encontrar o meu olhar e, quando ele finalmente olha para cima
e para mim, ele limpa uma pequena lágrima que escorre da sua bochecha.
“Foi a experiência mais difícil que eu já tive”, ele diz. “E eu nunca tinha contado
isso para ninguém. Nem mesmo para meu terapeuta.”
Eu me curvo e envolvo seus ombros largos e fortes com meus braços. De fora,
ele parece um homem completamente forte, inabalável. Mas agora, consigo ver
um pouco da verdade. As pessoas têm tantas camadas e eu só quero começar a
descobrir todas as dele, uma a uma.
“E então, por que você me contou?” Pergunto. Ele dá de ombros e vira o rosto,
envergonhado.
“Não sei. Mas tem algo em você, Ellie. Eu sinto que posso te contar qualquer
coisa, meus mais profundos e obscuros segredos, e que vai ficar tudo bem.”
“Você pode”, eu sussurro em seu ouvido.
Eu examino seu rosto, cada ângulo, cada poro. Páro e admiro a angulação de
seus lábios e a força de sua mandíbula definida. Removo cuidadosamente as
duas mechas de cabelo que caem sobre seu olho direito.
“E você, já foi casada?” Ele pergunta.
Eu rio e balanço a cabeça.
“E já esteve perto disso?”
“Não, não mesmo. Há alguns anos, sou apaixonada por um amigo meu, mas ele
está noivo de outra pessoa agora.”
Merda. Soltei aquela palavra. Apaixonada. Pode até ser verdade, mas não sei por
que eu deixei isso escapar da minha boca e sair em voz alta. Falei logo para o Sr.
Black, dentre todas as pessoas para quem poderia ter dito. Não é algo que um
cara na posição dele queira ouvir.
“Isso pode ser difícil de lidar”, ele diz, depois de um momento. “Amor não
correspondido.”
“Bem, não sei se era ou não amor. Provavelmente só paixão, ou mesmo afeto.”
“Essa não é a parte engraçada do amor?” Ele pergunta. “Até você começar a
sentir algo mais forte, você não percebe que o que sentira antes definitivamente
não era amor.”
Eu nunca pensei dessa forma. Mas ele pode estar certo. A partir do momento que
você tem novas experiências é que você começa a perceber o que você realmente
sentia nas experiências prévias.
“Então, deixe eu te perguntar outra coisa, Ellie”, diz ele. “Qual o seu maior
medo?”
Eu não sei bem como responder a essa pergunta. Será que ele quer dizer algum
medo tipo de altura ou é mais para um medo do tipo nunca me tornar uma
escritora? Ou o medo de que eu nunca irei me apaixonar e ter a pessoa
correspondendo?
“Qualquer coisa”, diz ele. “Todos têm medos.”
“Por que a pergunta?”
“Porque eu tenho uma teoria. Eu acredito que aquilo de que mais sentimos medo
é justamente do que precisamos correr atrás na vida, pois nossos medos nos
fazem compreender quem realmente somos.”
“Então você acha que pessoas que têm medo de falar em público deveriam, sei
lá, virar apresentadores de TV?”
“Sim, provavelmente. Eles têm medo disso por alguma razão, e uma vez que eles
consigam identificar essa razão e se tornar maiores que seus medos, eles
provavelmente se tornarão pessoas melhores.”
Eu admito, é uma forma bem legal de se pensar sobre o assunto.
“Eu tenho medo de muitas coisas, na verdade”, respondo. “Mas eu não gosto
muito de falar dessas coisas.”
Ele acena com a cabeça, como dizendo que entende.
“Por que não?” ele pergunta.
“Não sei… Falar sobre elas me dá a sensação de estar pelada ou algo assim.”
Um sorriso tímido invade seu rosto.
“Tenho uma ideia”, ele continua. “Por que a gente não vai até a cama, você tira
sua camisola e começa a me contar do que você tem medo.”
Só de pensar nisso já sinto calafrios percorrendo minha espinha.
“Não, não posso fazer isso.”
“Você já fez bem mais do que isso”, ele ri.
“Eu sei, mas isso é… particular.”
“Não é particular… é só algo de que você tem medo. Por que ao menos não
tentamos?”
Eu o encaro profundamente. Há um tom de honestidade e verdade em seus olhos
que eu nunca vi antes em outro ser humano. Uma parte de mim acha que isso é
uma coisa maluca de se fazer e está resistindo completamente. Mas outras partes
apenas perguntam "e se...". E se eu fizesse isso? Seria tão horrível? De repente,
meu coração começa a bater mais rápido. O pensamento de fazer isso me deixa
ansiosa, mas de um jeito bom. Animada.
Vou até a cama e tiro minha camisola. Deixo-a cair no chão e subo na cama. Sr.
Black me segue e se deita do outro lado.
Estou deitada completamente nua em sua frente, enquanto ele ainda está em seu
terno sob medida e gravata. Ele nem mesmo tirou o paletó ou os sapatos. E,
apesar disso, algo sobre estar aqui deitada ao lado dele me tranquiliza. Não sinto
o peso do julgamento. Seus olhos são carregados apenas de adoração e amor.
Ele corre os dedos pelo meu braço, ao redor da minha clavícula e desce até meu
seio esquerdo, pausando brevemente para admirar meu mamilo.
Eu respiro fundo e solto o ar rápido.
“Do que você tem medo, Ellie?” Sussurra o Sr. Black.
Eu fecho os olhos.
“Eu tenho medo de tudo. Tenho tanto medo de cometer erros que vivo a vida
sem correr riscos. Quero me tornar uma escritora, mas tenho tanto medo de não
conseguir que passo meus dias escrevendo testes idiotas ao invés de fazer algo
que realmente me interesse.”
“E o que te interessa?” ele pergunta, e seus dedos seguem caminho até meu
umbigo.
“Bem, agora? Sexo.”
“E o que você acha de escrever sobre sexo?” Ele pergunta, me provocando.
“Nunca pensei nisso antes. Mas parece uma coisa um pouco assustadora de se
fazer. Quero dizer, e se pessoas que eu conheço pessoalmente lerem meus
livros?”
“E se escrever sobre isso satisfizesse todos os seus desejos e apagasse todo
medo? E se isso fizesse de você uma escritora? Você aproveitaria a chance?”
Eu aceno com a cabeça, abrindo meus olhos.
“Me diga como você gostaria de perder sua virgindade, Ellie”, diz o Sr. Black.
“O que você quer dizer com isso?”
“As histórias de como perdemos nossas virgindades são geralmente carregadas
de conflitos e são bem tristes, ao ponto que gostaríamos de mudá-las se
pudéssemos. Pelo menos, essa é a minha experiência. Então, quero que você me
diga como você gostaria de ter perdido a sua virgindade, caso pudesse fazê-lo de
novo. Me conte as suas fantasias, Ellie.”
Fecho os olhos e tento pensar na pergunta que ele acabara de me fazer. Nunca
pensei muito nisso, para dizer a verdade. Mas meus pensamentos pairam sobre o
que aconteceu no iate hoje. Foi uma das melhores experiências da minha vida, a
mais erótica e sensual, com certeza. Como seria se tivesse perdido minha
virgindade aqui?
“Acho que teria que ser num leilão.” Anuncio.
“Um leilão? Sério?” Ele fica bem surpreso com minha resposta.
“Bem, sim. Foi muito sexy a sensação de não saber quem iria me comprar, sabe?
O que me tranquilizou foi que a maioria dos caras no barco eram lindos.”
Respondo, rindo.
“Sério? E quanto aos caras velhos?”
“Certo, então nesse leilão da virgindade de mentirinha, só os caras gostosos iam
poder participar.”
“Ah, sim, claro. Caras gostosos com muito dinheiro”, ele diz. “Certo, continue,
quero saber mais sobre sua fantasia.”
“Bem, eu estou no palco do leilão e o leiloeiro me manda tirar as roupas. Eu
tenho que tirar todas as peças.”
“Huuum”, ele lambe os lábios.
“Os lances começam a subir. Há um frenesi de lances, porque todos os homens
me querem.”
“Entendo. E eles chegam a duzentos e cinquenta mil?”
“Sim, na verdade, passam disso. Eu sou uma virgem, lembra?” Eu digo.
“Uau, isso sim é de dar tesão. Explorar um território nunca antes explorado por
outro homem.”
“E aí um cara alto, moreno, muito bonito lá do fundo dá o lance vencedor. Eles
transferem o dinheiro para a minha conta e ele me leva para sua suíte e faz coisas
comigo.”
“Que tipo de coisas?”
“Nada que tenhamos feito, é claro. Quero dizer, eu sou virgem. Mas ele
realmente sabe me dar prazer. E eu também dou prazer a ele.”
“Gosto de como isso soa”, ele diz. De repente, ele se inclina e me beija. Seus
lábios são suaves, mas firmes, e forçam os meus para que se abram. Quando
nossas línguas se tocam, uma sensação morna percorre todo meu corpo.
Ele vem para cima de mim. Passa o braço ao redor de meu pescoço com suas
mãos enormes e envolve meu corpo com o seu, maior e poderoso. Quando ele
começa a se esfregar em mim, eu sinto aquele mesmo volume que já senti antes,
mas ainda não vi.
“Devagar”, eu sussurro. Ele me observa conforme vai se afastando da minha
boca devagar.
“Quero ver você se despir”, digo.
Eu sinto a dinâmica de poder entre nós mudar de repente. Não sou mais sua
servente, agora eu é que estou no comando, dando as ordens. Ele sorri para mim
e pisca.
“Certo”, ele diz, e pula para fora da cama.
Ele fica de pé com as pernas um pouco afastadas uma da outra e começa a tirar
suas roupas. Primeiro, ele desata a gravata e a joga sobre mim. De brincadeira,
eu coloco o colarinho na cabeça e deixo que ela caia entre meus peitos.
“Essa é uma cena deliciosa.”
“Continue”, eu ordeno.
Em seguida, o Sr. Black tira o paletó e vai desabotoando sua camisa branca.
Quando termina de desabotoar, eu tenho um leve vislumbre daqueles músculos
fortes que eu sentia através das roupas. Quando ele tira a camisa, eu admiro a
definição de cada músculo de seu peito. Sua pele é bronzeada e macia, sem um
pelo sequer. Seu abdome é definido mesmo quando só fica em pé e parado, sem
fazer esforço. Os músculos de seus ombros são tensionados, dando aos ombros
já largos uma impressão ainda mais ampla, me deixando ainda mais molhada do
que já estava.
Eu vejo como suas mãos se movem até suas calças e ele lentamente solta o cinto
e o botão da calça. Ele abre com facilidade o zíper. De repente, as calças caem
no chão, expondo seus músculos das coxas, fortes e poderosos.
“Alguém não faltou no treino de pernas”, eu brinco.
“Não mesmo”, ele balança a cabeça.
Uma vez que ele tira as calças e as meias, tudo o que resta é apertado, curto...
sua cueca. Ela é preta e veste seu corpo como uma luva, acentuando
perfeitamente a ereção enorme debaixo dela.
"Você gosta disso?" Ele pergunta.
Eu assinto e mordo os lábios. Quando ele tensiona os músculos do abdome para
tirar a cueca, um V definido se forma nas extremidades do abdome seguindo
para a pelve, apontando diretamente para seu pênis. Eu inalo profundamente,
incapaz de acreditar que estou prestes a ter tudo isso dentro de mim.
Seu corpo é tão perfeito que eu tenho que me beliscar apenas para me convencer
de que isso não é um sonho e que eu acidentalmente não morri e fui para o céu.
"Você está babando?" Ele pergunta, tirando a cueca.
Eu enxugo minha boca e percebo que sim, eu estava mesmo.
“Bem, não é todo dia que uma garota vê algo assim.”
Eu tenho que me forçar fisicamente a desviar o olhar de seu corpo e de seu rosto.
Mas assim que ele se levanta, eu sei que não sou capaz disso. Há um enorme e
lindo pênis ereto me encarando.
"Beije-me", ele sussurra.
"Eu pensei que você nunca fosse dizer isso", eu digo e agarro seu pau,
envolvendo meus lábios ao redor dele.
"Oh, uau, não foi bem isso que eu quis dizer..., mas tudo bem assim..." ele diz,
gemendo de prazer.
Eu não sou uma garota que curte muito boquetes. Na verdade, geralmente, nem
penso em fazer, a menos que o cara pergunte. Mas o Sr. Black é diferente.
Depois de tudo o que ele fez comigo hoje à noite, depois de toda a provocação e
do flerte, eu só tive que fazê-lo. Eu amo o jeito que seu pênis enche minha boca
e fico molhada só de imaginar como seria tê-lo dentro de mim. Eu quero tê-lo
como eu nunca desejei ter ninguém. Não, é mais do que querer. Eu preciso tê-lo.
Ele coloca as mãos em volta da minha cabeça e move seu corpo mais e mais
rápido dentro e fora da minha boca. Quando eu olho para ele, vejo que ele está
com a cabeça inclinada para trás e os olhos fechados de prazer. Mas então, de
repente, ele diminui a velocidade e sai de dentro de mim.
"Me beije", diz ele, levantando meu queixo para cima com as pontas dos dedos.
Eu me levanto, de forma que ficamos com os olhos quase no mesmo nível. Sua
voz soa tão desesperada, crua e carente que causa arrepios em meu corpo.
Eu pressiono meus lábios contra os dele. Seu lábio inferior é um pouco mais
carnudo que o superior, e meus lábios colidem suavemente com os dele. Nós
entramos num ritmo tão perfeito que parece uma dança muito bem ensaiada.
Primeiro, ele inclina minha cabeça para um lado, e depois, para o outro. De
alguma forma, ainda conseguimos respirar. Nossas línguas se entrelaçam e se
tornam uma só.
Eu me afasto um pouco, mas depois ele me puxa para mais perto. Ele coloca a
mão direita na minha mandíbula e, lentamente, a desliza até a minha nuca. Seus
dedos percorrem meus cabelos e os puxam levemente. A sensação é tão boa que
quase perco o controle. Seus lábios me sugam com mais força, mais e mais. É
como se eles tentassem me devorar. Tirar o máximo de mim. Eu me derreto na
suavidade do ar quente que escapa de seus lábios entre nossos beijos.
Silenciosamente, começo a gemer. Estou perdendo todo o controle, a começar
pelos sons que estão escapando da minha boca. Seu corpo se aproxima mais e
mais do meu. Eu sinto a espessura do seu pênis gigante perto do meu quadril, e
minhas pernas se abrem instantaneamente. Seu pênis começa a me cutucar entre
as minhas coxas, não realmente me penetrando, apenas me provocando. Só então
ele se afasta por um segundo e coloca um preservativo. É bom que ao menos um
de nós esteja preocupado com sexo seguro, porque estou tão perdida em seu
corpo que, no momento, sequer passou pela minha cabeça a ideia de sexo
seguro.
Alguns segundos depois, ele está novamente parado em minha frente. Forçando
seu corpo contra o meu. Me provocando com seus beijos. De repente, minhas
pernas cedem e caímos na cama. Mesmo que eu sinta que não aguento mais,
quero mais. Eu preciso de mais, mais de seu corpo, mais dele. Finalmente,
desliza para dentro de mim e grito de prazer. Ele está me dando tudo aquilo que
eu nunca soube que precisava ou queria. Eu nunca senti prazer assim. É como se
todas as moléculas do meu corpo estivessem subitamente excitadas e dançando,
coordenadas.
Ele continua a entrar e sair de mim e eu continuo a gemer a cada impulso. Eu
sinto que estou à beira do orgasmo, mas eu não quero chegar lá ainda. Preciso
que dure mais tempo. Porque eu quero ficar neste momento para sempre. De
repente, sem sair de mim, ele inclina a cabeça e coloca meu peito em sua boca.
"Você tem os seios mais perfeitos que eu já vi, Ellie", ele sussurra. "Eu quero tê-
los na minha boca para sempre."
Ele morde um pouco meu mamilo, enviando uma sensação de prazer misturado
com dor por todo o meu corpo. Qualquer espaço existente entre nós se enche de
prazer. Eu fecho os olhos e me permito sentir tudo, cada pedacinho delicioso de
seu corpo e desse momento.
"Meu Deus", eu gemo. Ele também geme, em cima de mim, penetrando-me
ainda mais fundo. De repente, perco todo o controle. Sou pura euforia e começo
a ver estrelas, tanto com os olhos fechados quanto abertos. Meus quadris o
circundam e seu calor percorre todo meu corpo. É tremendamente quente e
excitante. Eu começo a ter algo como pontadas de calor enquanto meu corpo
praticamente convulsiona debaixo do dele. Eu o desejo mais do que qualquer
coisa que já desejei em toda minha vida. Só a ideia de ele saindo de mim neste
momento é o suficiente para me fazer chorar. De repente, sem querer, lágrimas
começam a escorrer pelas minhas bochechas. Elas apenas vêm, como resultado
do prazer do orgasmo.
"Uau", ele sussurra no meu ouvido, enquanto continua a me penetrar, agora
muito mais lenta e suavemente. "Como foi?"
Enxugo minhas lágrimas e estico meus dedos dos pés. Não consigo sentir
minhas pernas e mal posso senti-lo dentro de mim.
“Maravilhoso”, eu sussurro.
"Eu meio que percebi isso", ele sorri.
Ele continua a me penetrar, mais e mais rápido. Suas mordidas ficam mais
apressadas e seus beijos se tornam mais leves. Ele está perdendo o controle,
posso ver isso acontecendo. Ele inclina a cabeça para trás de prazer. Ele também
se afasta do meu rosto, expondo seu peitoral esculpido. Enquanto ele me penetra
mais e mais profundamente, eu observo como cada músculo se tensiona e relaxa
repetidamente. Eu sinto um formigamento sobre o meu corpo novamente. Estou
começando a ficar excitada de novo. Quantos destes eu posso ter em uma noite?
"Ellie", ele sussurra, enquanto empurra seu pênis para dentro e fora de mim mais
e mais rápido. Sua respiração está muito acelerada e, então, ele finalmente goza.
Cada músculo em seu corpo tensiona, inclusive seu rosto, antes que uma enorme
sensação de alívio o atravesse. Ele dá mais algumas pequenas investidas, antes
de desmoronar em cima de mim, coberto de suor.
"Meu Deus, Ellie", ele diz, tentando recuperar o fôlego. "Isso foi incrível."
"Sim, foi", eu aceno com a cabeça, concordando.
O quarto fica em um silêncio mortal enquanto ambos pensamos no que acabou
de acontecer. A experiência foi além de qualquer coisa que eu já experimentei na
vida ou que irei experimentar, imagino.
“Parecia que estávamos dançando, não acha? Tipo, em sincronia total?” Ele
pergunta.
Eu concordo. “Parecia que éramos um só.”
Ele balança a cabeça e rola para o meu lado, depois tira o preservativo num
movimento rápido. Gotas de suor reluzem em seu abdome e preciso de toda a
minha força de vontade para não me inclinar e lambê-las.
Eu corro meu dedo para cima e para baixo em seu abdome tanquinho, parando a
cada relevo.
"Seu corpo é... surreal", eu digo. Ele sorri.
"Tenho só sete por cento de gordura corporal", ele se gaba.
"Uau. Deve ter se esforçado muito para chegar nesse nível.”
“No começo, sim", diz ele. “Mas virou um hábito, virou rotina. Eu amo me
exercitar. Eu começo a me sentir mal se ficar um ou dois dias sem exercício.”
“E então, isso que acabamos de fazer? Isso conta como exercício?” Pergunto,
com uma risada tímida.
"Dada o quanto estou suando, eu diria sim."
Ficamos lá deitados, olhando para o espaço por algum tempo. Demora alguns
minutos olhando para o teto e pensando sobre o que aconteceu para perceber o
quão confortável essa cama realmente é. Os lençóis são tão luxuosos que
provavelmente são de mil fios. Os travesseiros são macios o suficiente sem
perder a forma, moldando-se perfeitamente à forma da minha cabeça. Eu fecho
meus olhos para saborear o momento ao máximo.
M AIS TARDE , eu finalmente acordo. Não sei quanto tempo se passou, mas o Sr.
Black não está na cama ao meu lado. Eu me alongo, fico encantada novamente
com o conforto dos lençóis e, finalmente, junto forças para sair da cama. Quando
caminho até as janelas e abro as cortinas, vejo que o sol está brilhando bem alto
no céu. É a luz do amanhecer.
A noite de ontem parece um sonho. Nada além de um sonho. Aconteceu mesmo?
Será que aquilo tudo realmente aconteceu? Francamente, eu tenho dificuldade
em acreditar que o Sr. Black é mesmo real. Pessoas como ele existem mesmo?
Tão gentil e carinhoso, mas ao mesmo tempo exigente. Alguém que é, ao mesmo
tempo, um mistério tão grande e um livro aberto?
Eu olho em volta e, depois, de confirmar que ele não está lá, eu saio e caminho
em direção à minha própria cabine. Lá, eu corro para o chuveiro e lavo todo o
suor e o sexo da noite passada do meu corpo. Por um lado, o banho é refrescante,
mas por outro lado, me deixa triste. É muito bom sentir o cheiro do Sr. Black em
minhas mãos e em todo meu corpo, e agora parece que uma pequena parte dele
se foi.
Depois de colocar um pouco de delineador e rímel e preencher um pouco minhas
sobrancelhas, ouço uma batida na porta. É Lizbeth.
“Vim até aqui para ver como você está. Como foi a noite passada?” Ela
pergunta.
“Ótima”, respondo. “Na verdade, foi incrível.”
“E tudo certo com sua conta bancária?” Ela pergunta.
“Na verdade, não sei. Boa pergunta.”
“Bem, posso esperar enquanto você confere de novo, sem problema.”
Não era exatamente o que eu tinha em mente, mas tudo bem. Eu pego meu
celular e entro no aplicativo para checar minha conta bancária. 251.459,39. É
exatamente o valor do meu saldo. Os duzentos e cinquenta da noite passada,
mais uns trocados que eu usaria para sobreviver pelo resto do mês. Que, para
dizer a verdade, até agora não pareciam um trocadinho assim.
“Sim, tudo em ordem, Lizbeth.”
“Bom saber. De qualquer forma, vim também para te avisar que tem café da
manhã prontinho na sala de jantar. E um helicóptero à sua espera para te levar de
volta à Manhattan quando você desejar.”
Espere um pouco. O quê? Um helicóptero? Fico estarrecida.
“Eu preciso mesmo voltar agora?” Pergunto.
“Não, claro que não. Pode tomar um café e comer algo antes, se quiser.”
“Não, não foi isso que eu quis dizer”, respondo, hesitando um pouco. “O que eu
quis dizer, na verdade, foi que… eu achava que ficaria por todo o fim de semana.
Já estava achando que teria outra festa mais tarde…”
Lizbeth lança um sorriso misterioso em minha direção.
“Ah, então você realmente se divertiu noite passada”, ela diz. Minhas bochechas
se coram e eu devo ter ficado ainda mais vermelha só de pensar em ter ficado
envergonhada.
“O Sr. Black realmente é sensacional, não é mesmo?” Ela pergunta.
Pelo seu tom de voz, parece-me que ela não é uma estranha à cama dele. Pensar
nisso me deixa bem brava, mas tento me conter.
“Esqueça. Acho que fui informada errado.” Eu resmungo e me volto para a
minha mala, fingindo arrumar minhas coisas.
“Escute, a festa foi coisa de uma noite só. Quero dizer, a festa continua, mas
haverá outro leilão hoje à noite. Novas garotas. Os homens por aqui gostam de
carne nova, por assim dizer.”
“Sim, claro. Eu sou uma idiota.”
“Não, não é”, diz Lizbeth, passando o braço por trás de meus ombros. “Você só
não sabia.”
Há um certo carinho nesse momento. Sinto que ela sabe exatamente como eu me
sinto. Um sentimento de frustração e arrependimento misturado com raiva e
ciúme. Quero saber mais sobre ela.
“Então, como foi que você começou a trabalhar aqui?” Pergunto.
“Eu vim parar aqui pela primeira vez assim como você, há alguns anos. Alguém
me comprou e tivemos uma experiência maravilhosa. Então ele me pediu que
ficasse por mais uma semana. Depois, por mais um mês. Por fim, acabei ficando
para servi-lo o tempo todo.”
“O que você quer dizer com isso?” Pergunto.
“Bem, nós temos uma relação de dominância e submissão, por assim dizer.
Estou aqui para servi-lo e fazer qualquer coisa que ele queira. Por tempo
indeterminado.”
“E você gosta disso?”
“Sim, muito.” Ela acena com a cabeça. “Nunca na vida eu havia tido uma
relação assim, tão excitante. O fato de sermos tão compatíveis no sexo também
ajuda, é claro.”
“Então, quem é ele? Seu mestre, seu dominador?” Pergunto. Essas palavras
soam tão desconfortáveis saindo da minha boca que acabo me encolhendo um
pouco ao falar. Mas também há nelas algo de excitante.
“Ele é um amigo do Sr. Black. Nesse momento, ele está no exterior a negócios,
por isso estou aqui recebendo todo mundo no iate do Sr. Black. Se não, estaria
no iate dele.”
“Como ele se chama?” Pergunto.
“Sr. White.”
Eu solto uma gargalhada. “Eles todos têm nomes assim?”
“Sim, têm”, ela confirma com a cabeça. “Eles fazem parte de uma sociedade
chamada Clube dos Garotos Bilionários. Os membros são todos donos de iates.
Os outros homens que estavam no leilão no salão são candidatos a membros do
Clube.”
“Uau, eu nem fazia ideia.” Respondo.
“É uma espécie de sociedade secreta. Eles não gostam muito de falar sobre isso
abertamente porque vários administram multinacionais enormes com muitos
acionistas. São muitas pessoas a quem devem explicações.”
“Mas então, há quanto tempo você está com esse Sr. White?” Pergunto. “E vocês
estão juntos mesmo?”
“Sim, sim. Nosso relacionamento já é fechado há mais de dois anos. Ele até já
me pediu em casamento.”
“Uau, parabéns!” Digo.
Ela sorri. “Definitivamente não é a ideia de futuro que meus pais do Kentucky
têm para mim, mas eu o amo. Muito.”
E, com isso, Lizbeth se despede de mim. Antes de sair, ela me diz que, se o Sr.
Black quiser entrar em contato comigo de novo, ele irá. Do contrário,
provavelmente nunca mais o verei.
Decido pular o café da manhã e ir direto para o helicóptero. Se eu não fui
convidada para ficar aqui por mais tempo, tudo bem por mim. Eu tenho meus
duzentos e cinquenta mil dólares e várias memórias dessa noite maravilhosa.
Assim que chego ao heliporto, vejo que sou a única pessoa ali. Logo, piloto
acena para mim. Puxando minha mala atrás de mim, caminho até o helicóptero.
O piloto me pergunta o meu endereço e diz que ele vai pousar em cima de um
prédio a apenas alguns quarteirões de distância. Ele me ajuda com minha
bagagem e me entrega um fone de ouvido para usar. Eu subo e me sento no
banco de trás.
Um comando vem pelo rádio e o ordena que esperar. Acho que há mais meninas
que voltarão comigo, então eu me sento na minha poltrona e olho para o oceano
azul e profundo que ocupa todo o horizonte.
"Ei”, diz uma voz profunda e familiar. Quando me viro, vejo que não é ninguém
menos que o Sr. Black.
Arrepios percorrem minha espinha e um grande sorriso largo toma meu rosto.
"Você não achou mesmo que iria se livrar de mim tão cedo, achou?", diz ele
enquanto me ajuda a sair do helicóptero.
"O que você está fazendo aqui?" Pergunto.
“Só queria me despedir de você. Depois da noite que tivemos, precisamos de
uma despedida adequada, não acha?”
Eu assinto e pressiono meus lábios contra os dele devagar. Jogo os braços por
cima de seus ombros fortes e deixo que ele me segure e me beije de volta.
“Desculpe. Eu iria pedir para você passar mais uma noite aqui, mas tenho uma
reunião de trabalho em Nova Iorque.” Ele diz, finalmente afastando seu corpo do
meu.
"Tudo bem, eu entendo."
“Então, eu queria te desejar um bom passeio de helicóptero e dizer que quero
muito te ver novamente. Logo.”
Um sorriso enorme toma conta de meu rosto. Consigo sentir minhas pálpebras
piscarem de felicidade. Sei que não é uma boa ideia, mas algo parece me puxar
em sua direção. Só quero estar com ele. Sinto que preciso estar com ele de um
jeito quase indescritível.
“Eu adoraria”, respondo tímida, tentando não deixar transparecer tanta
ansiedade.
“Que bom”, ele diz. “Aqui, fique com meu cartão. Tem meu número privado.”
Olho para o cartão executivo muito elegante dele, feito de um papel com
gramatura grossa, parece caro. Pode até ser um cartão executivo, mas não o que
ele usa no trabalho. No cartão, está escrito Sr. Black.
“Você precisa do meu também?” Pergunto.
“Na verdade, Lizbeth já me deu o seu. Ela pegou junto com a papelada que você
preencheu para o leilão.”
Não sei o que dizer, então só o beijo mais uma vez. Ele corresponde com
carinho.
“Aliás, meu nome é Aiden.” Ele cochicha no meu ouvido e depois separa seu
corpo do meu. “Aiden Black.”
Subo de volta no helicóptero como se estivesse caminhando sobre nuvens. Antes
de fechar a porta, ele beija minha mão e me deseja um bom voo.
Mantenho meus olhos fixos em Aiden enquanto levantamos voo e continuo
observando-o, junto com o iate, até que desapareçam na imensidão do oceano.
Quando a selva de concreto de Nova Iorque surge em nossa frente no horizonte,
meu celular apita com uma notificação, e deslizo meu dedo sobre a tela para ler a
mensagem.
“Agora, você tem os 250 mil todinhos para ser inconsequente. Vá viver a vida ao
máximo. Corra atrás de seus sonhos. Nada no mundo vale mais do que eles.”
O número é exatamente o mesmo que consta no cartão que Aiden me deu. Levo
um tempo para processar o que ele quer dizer com ‘os 250 mil todinhos’. Mas
não consigo acreditar até ver com meus próprios olhos. Checo a conta do meu
débito estudantil. Ao invés dos $151.329 que o aplicativo mostrava que eu devia
no mês passado, a conta agora mostra $0.
“Você pagou meus empréstimos??” envio para Aiden.
“Sim.”
“Por quê?”
“Porque você merece os 250 mil para ser inconsequente.”
Balanço a cabeça, não conseguindo acreditar que nada disso é real. Quem diabos
é você, Aiden Black?
16
ELLIE
QUANDO AS COISAS NO TRABALHO NÃO VÃO TÃO BEM...
C arrie Warrenhouse.
Ela é a atual editora do BuzzPost e filha de Edward Warrenhouse, o
proprietário do BuzzPost.
Seria um problema se ela fosse uma idiota incompetente, mas ela não é.
De forma alguma.
Ela é inteligente e muito forte.
Apesar de sua rica família, ela provavelmente teria conseguido entrar em
Harvard por conta própria, só com seu esforço.
Ela é cinco anos mais velha do que Tom e eu e, nos últimos anos, ela conseguiu
tornar o BuzzPost um concorrente real no mercado das notícias relevantes.
Ele deixou sua marca na internet com todos os vídeos malucos e testes
engraçados, mas nos últimos anos, desde que ela assumiu como editora-chefe, a
empresa realmente começou a transicionar para reportagens sobre pautas
políticas e internacionais importantes.
E, ao contrário de outras revistas e jornais on-line, eles continuam ganhando
dinheiro com isso.
Os anunciantes nos amam e o dinheiro continua vindo.
"Por favor, sente-se, Ellie", diz Carrie, apontando para a cadeira apeluciada à
frente de sua mesa.
Seu escritório tem janelas do chão ao teto pelas quais tenho uma bela vista do
horizonte.
"Desculpe o atraso", murmuro e me encolho na cadeira.
Não sei o que iremos discutir, mas reuniões assim sempre me deixam super
nervosa.
Sinto quase como se tivesse sido chamada à sala do diretor na escola, e agora ele
está prestes a ligar para minha mãe e contar tudo o que fiz de errado.
Carrie é a epítome da chiqueza.
O cabelo ela é todo estiloso, com um corte long bob curtinho, sem uma mecha
fora de lugar.
Em comparação, minhas madeixas despenteadas e compridas, que mais se
parecem com ondas de um mar turbulento, poderiam ser descritas como pouco
profissionais e fora de controle.
Eu giro uma mecha ao redor do meu dedo indicador, lamentando o fato de que
eu sequer me incomodei em passar um pente nelas hoje de manhã.
“Queria discutir um pouco com você o último artigo que você escreveu.” Ela
diz.
Esse lugar tem uns dez editores, mas Carrie é tão minimalista e viciada em
trabalho que ela consegue enxergar cada parte mínima do BuzzPost com uma
precisão extrema.
“Ah, sim.” Aceno com a cabeça.
Eu juro que sequer consigo me lembrar do tema do último artigo.
“É esse aqui, sobre as Kardashians e sua nova linha de maquiagem.” Diz ela.
Ah, sim, é claro.
Jornalismo sério: a gente vê por aqui.
“Dei uma lida nele e deu para perceber que você não estava muito interessada no
tema”, diz ela, apontando para o artigo impresso sobre sua mesa.
Dou uma olhada e percebo que está todo sublinhado em vermelho, com várias
anotações nos cantos do papel. Merda.
“Bem, é fofo.”
Merda. Merda, mais uma vez. Não podia ter dito isso.
“Fofo?” Carrie pergunta com uma expressão chocada. “Você está falando sério?”
“Não, o que eu quero dizer é que…” Tento voltar atrás, mas não vem nada à
minha mente. “Eu não quis dizer isso, na verdade.”
“Eu espero.” ela diz, cruzando os braços.
Que cachorra. Preciso me esforçar muito para não revirar os olhos.
“É só uma postagem patrocinada sobre a nova linha de maquiagem.” Eu digo.
“Exatamente. Uma postagem patrocinada, o que quer dizer que estamos sendo
pagos para publicá-la. E é por isso que um artigo assim precisa de uma autora
que consiga ao menos fingir um mínimo interesse sobre os produtos da linha que
está descrevendo.”
Sério?
Quero gritar.
Quero dizer que nós duas estudamos em universidades da Ivy League e agora ela
está me pedindo que mostre mais interesse pelas Kardashians?
Nada contra elas.
É só que não sei bulhufas sobre elas e não poderia me importar menos.
Mas, é claro, não posso dizer isso. Ao invés disso, mordo a língua e concordo
com ela. “Eu entendo.”
“O problema, Ellie, é que não foi algo pontual.” Continua Carrie. “Isso está
virando um hábito seu. Estive revisando alguns de seus outros trabalhos e,
francamente, você é muito melhor do que isso.”
Finjo concordar com ela.
Bem, não há nada a dizer, já que eles já publicaram meus outros artigos.
“Eu sei que o seu editor direto parece estar satisfeito, mas eu esperava mais de
você. Eu quero que o BuzzPost seja um dos maiores veículos mundo afora, e nós
não conseguiremos isso se os autores não derem seu máximo.”
“Certo, vou tentar”, resmungo.
Mas Carrie não fica satisfeita. Ela continua me dando puxões de orelha.
“Não preciso que você tente, Ellie. Preciso que você faça.”
Não aguento mais.
“Eu realmente não sei o que você quer que eu diga.” Respondo, após alguns
momentos de silêncio em que tentei me controlar. “Quero dizer, desculpe se você
não acha meu trabalho bom o suficiente, mas eu acho. Francamente, acho que eu
fiquei tão animada com a nova linha de maquiagem das Kardashians quanto
qualquer outra pessoa normal. Mas se você prefere contratar uma adolescente
obcecada por celebridades para escrever no meu lugar, vá em frente.”
Meu Deus.
Não acredito no que acabei de dizer.
Não sou uma pessoa extrovertida, e nunca banco a durona desse jeito.
Pelo olhar de Carrie, ela provavelmente não esperava por isso também.
Ela ajusta o casaco de seu terninho e se ajeita na cadeira.
De repente, uma mecha de seus cabelos perfeitamente escovados se desalinha do
restante, e ela não parece mais tão assustadora.
“Não sei o que dizer sobre isso, Ellie”, ela diz após um momento. “Exceto que
você não parece estar muito feliz aqui.”
“Na verdade, não estou mesmo. Definitivamente não estou. Não curto escrever
esses artigos fofos que fingem ser jornalismo, mas que na verdade são só
publicidade disfarçada e que sempre acabam sobrando para mim. Não é para isso
que eu trabalho aqui.”
“Então provavelmente esse não é o lugar certo para você.”
Paro e penso no que ela acabou de dizer.
Ela está certa.
Acho que, pela primeira vez, eu tenho que concordar com Caroline.
“Não, não é mesmo”, respondo, me levantando. “Considere isso como meu aviso
prévio.”
Antes de eu chegar à porta do escritório, ela anuncia: “Na verdade, não precisa
de aviso prévio. Temos estagiários para ocupar seu lugar.”
Uau, sério?
Eu trabalhei aqui por quase dois anos e agora ela me diz que colocará os
estagiários no meu lugar.
E não precisa pagar nada a eles.
Perfeito.
Eu nem preciso voltar e reconhecer que ela está fazendo a coisa certa.
Ao invés disso, eu saio de seu escritório e vou direto para minha mesa.
19
ELLIE
QUANDO NÃO SINTO MAIS O MESMO POR ELE…
“A onde você vai?” Tom vem em minha direção logo que chego à minha
mesa.
Junto minha bolsa do chão e começo a colocar coisas pessoais de cima da mesa
dentro dela.
“O que você está fazendo? O que está acontecendo, Ellie?”
Dou de ombros.
Não quero fazer uma cena agora, na frente de todo mundo.
Mas do jeito que conheço Tom, sei que ele não é um bom entendedor e precisa
de mais do que meia palavra.
“Eu acabo de me demitir.” Respondo.
Na verdade, levando em conta toda a situação, não tenho certeza se foi assim
mesmo.
Quero dizer, eu ia sair em duas semanas, mas Carrie disse que eu poderia ir logo
embora.
Isso conta como se demitir? Ou será que eu fui demitida?
Percebo que perdi o controle sobre tudo que se passa na minha cabeça nesse
momento.
E não tenho respostas.
“O quê? Por quê?” Tom suspira.
Dou de ombros novamente.
“Já estava esperando por isso. Quero dizer, eu já estava mesmo farta de escrever
publicidades disfarçadas de artigos. Ou testes idiotas.”
Tom sabe bem do que estou falando.
Ele fez Ciência Política na Yale.
Ele é aficionado por política e, apesar de ele ser muito talentoso e estar noivo da
editora-chefe, ele ainda passa seus dias criando testes do tipo “Escolha um
design para seu apartamento e diremos quem é você nessa série ou de qual casa
de Hogwarts você faria parte.”
Depois de enfiar quase todas as minhas coisas na bolsa, vou me despedir de
alguns colegas e sigo para o elevador.
Não sou amiga de ninguém aqui, exceto Tom, e moramos perto um do outro,
então não é como se eu não fosse esbarrar com ele por aí logo. Ele me segue.
“Ellie, o que está acontecendo?” Pergunta Tom, agarrando meu braço.
Eu o sacudo para que me solte.
“Nada. É que eu já estava pensando nisso há algum tempo. Quero dizer, esse
lugar é bem legal, mas não posso continuar trabalhando aqui.”
“Esse é um dos melhores lugares de Nova Iorque se você quer se tornar uma
escritora”, diz Tom. “Eu sei que a Carrie pode ser uma cadela às vezes. O que foi
que ela te disse?”
Ele realmente falou assim da noiva? Eu balanço a cabeça.
“Não é ela. É tudo. Eu quero escrever sobre o que eu quero escrever, Tom. E
estou cansada de estar aqui. Já tomei minha decisão.”
Pegamos o elevador juntos em silêncio.
“Mas e o dinheiro? Você vai querer ficar dependendo do Mitch para tudo de
novo?” Ele pergunta.
“Uau, é sério, Tom? Você quer mesmo entrar nesse assunto agora?”
Somos amigos de longa data.
E, como consequência disso, ele conhece bem meus dramas familiares
envolvendo meu padrasto.
Eu cresci numa família de classe média que sobrevivia do salário do mês, sem
rendas extras ou economias. Mas depois que meus pais se divorciaram, quando
eu tinha oito anos, minha mãe aceitou um emprego como professora da filha de
cinco anos de Mitch Willoughby.
Mitch era viúvo e vice-presidente de um dos principais bancos de ações de Nova
Iorque.
Eles se apaixonaram e se casaram logo depois disso, e são felizes juntos há
muitos anos.
Eu realmente não tenho qualquer problema com Mitch, exceto que ele quer fazer
um pouco demais por mim.
Ele quer pagar por tudo e, às vezes, até fica ofendido quando eu quero pagar por
minhas próprias coisas.
Uma das razões pelas quais eu arranjei esse trabalho depois da formatura era que
eu queria conseguir pagar pelas minhas coisas, nem que só parcialmente.
Ele ainda paga pela minha parte do aluguel que eu divido com Caroline, porque,
de outra maneira, eu não conseguiria pagar.
Como o pai do Tom também é bastante endinheirado e ele vive em péssimas
condições no seu apartamento de quarto andar e se recusa a pegar dinheiro
emprestado, pensei que, diferente de qualquer outra pessoa que conheçamos, ele
realmente entenderia a minha situação familiar.
"Eu simplesmente não entendo o que você está fazendo, Ellie. De repente,
quando as coisas ficam um pouco difíceis, você resolve desistir? Você sabe que,
sem o emprego, não será capaz de bancar suas coisas sem a ajuda do Mitch,
certo?”
É difícil acreditar que o orgulho é uma das coisas que eu realmente admirei nele
antes.
"Você realmente vai fazer eu me sentir culpada por isso?"
"Sim! Quer dizer, não, não quero que você se sinta culpada. Eu só quero que
você fique. Você é, tipo, minha única amiga aqui.”
"Você não está esquecendo de alguém?"
Ele olha para mim.
"Carrie? A editora-chefe? Sua noiva?”
“Sim, é claro. Mas você entende o que quero dizer. Ela não é do mesmo mundo
que nós. Você é a única que realmente entende.”
Me sinto insultada.
“A questão, Tom, é que você veio de uma família rica. Seu pai é um famoso
advogado em um dos escritórios mais prestigiados de Boston. Você passava
férias em Cape Cod. Você estudou em Yale. Você vai se casar com a herdeira da
família Warrenhouse, dona de metade de Nova Inglaterra. Mitch pode até ter
dinheiro, mas meu pai não tem. Ele é professor. Você pode simpatizar com os
pobres e querer viver como se fosse um, mas no fundo você sabe que é tudo
mentira.”
“Vá se foder, Ellie. Eu nem mesmo pego dinheiro do meu pai para você me dizer
essas coisas. Vivo do que ganho aqui. Desculpe se trinta mil não compram muita
coisa em Nova Iorque.”
"Não." eu concordo.
"E você não acha que eu não quero largar isso aqui? Você não acha que eu não
preferiria acompanhar a campanha presidencial e escrever sobre isso? Claro que
eu queria. Mas também quero sobreviver aqui. Sem ajuda dos outros.”
"Bem, talvez você não devesse pensar assim", eu digo. “Quero dizer, se seu pai
está disposto a pagar por você para começar uma carreira como jornalista
político, por que não o deixa? Ele te ama. Você não vai chegar a lugar algum
trabalhando aqui, escrevendo testes idiotas, fazendo o que você não gosta.”
“Eu não acredito que você está me dizendo isso”, diz Tom.
Para ser sincera, eu também não acredito.
Essa sequer era a minha opinião na semana passada.
Eu admirava Tom e o seu esforço.
Vivendo a vida por conta própria.
Mas agora, com duzentos e cinquenta mil dólares na conta, minha percepção
sobre o dinheiro é diferente.
Existe uma certa liberdade que vem com o dinheiro.
A liberdade de não fazer merda nenhuma que você não esteja a fim.
Eu posso escrever e ir atrás dos meus sonhos.
E ganhar todo esse dinheiro também não foi tão ruim.
Foi bem excitante, na verdade.
Um calafrio percorre minha espinha quando começo a pensar no fim de semana.
“Ellie? Você nem está me ouvindo”, diz Tom. Ele já estava falando há um
tempo, mas confesso que não prestei atenção a uma palavra do que ele disse.
“Escute, está feito. Eu vou para casa agora. Podemos conversar mais sobre isso
depois, se você quiser.” Eu digo, e caminho para longe dele.
Não sei se é por conta do dinheiro ou de ter conhecido o Sr. Black, mas não me
sinto mais como um cachorrinho carente buscando atenção perto de Tom.
Até a semana passada, eu passava os dias esperando que ele viesse à minha mesa
e conversasse comigo.
Eu vivia só esperando pelos momentos de papo furado que trocávamos durante o
almoço ou na hora do café.
Eu fiquei obcecada com sua relação com a Carrie e o noivado.
Mas agora, as coisas ficaram diferentes. Tom ainda é meu amigo, mas o que
sentia por ele parece ter se dissipado.
Como se fosse um balão que subitamente foi estourado, fazendo com que toda a
pressão em seu interior escapasse.
Quando chego em casa, nem me preocupo em tirar as coisas bolsa, só a derrubo
em um canto. Sento-me no sofá com meu laptop e abro um documento em
branco.
A história que eu começo ainda não está completa na minha cabeça, mas, bem, já
tenho um começo.
Eu não sei onde ela irá terminar, mas no momento eu só tenho uma vontade
insaciável de escrever sobre tudo o que aconteceu.
Não consigo decidir por onde começar: acabo começando com Caroline
recebendo o convite para a festa no iate.
Meus dedos correm pelo teclado e já tenho um título, “Leiloada para ele”, e
assim continuo.
E, assim, as palavras parecem saltar de dentro de mim e meus dedos não
conseguem acompanhar a velocidade das minhas ideias.
20
ELLIE
QUANDO EU OUÇO SUA VOZ DE NOVO…
O Sr. Black transfere duzentos e cinquenta mil dólares para minha conta
apenas algumas horas após nossa chamada.
Agora, tenho meio milhão de dólares na conta.
A quantia me parece uma ilusão. Não pode ser de verdade.
Quando a semana começa? Não tenho ideia, o Sr. Black quer que seja uma
surpresa.
Meu trabalho, por ora, é viver meus dias normalmente, fazendo o que quer que
eu faça no dia-a-dia e, eventualmente, ele vai aparecer e me surpreender.
Ele vai me ligar e me pedir para encontrá-lo em algum lugar e eu devo cumprir
suas ordens imediatamente.
Só a ideia de ele me chamar, exigir que eu vá para algum lugar, já me deixa
excitada.
Claro, eu nunca iria concordar com algo do tipo em um relacionamento de
verdade.
Mas isso não é o que temos.
O que eu e ele temos está mais para um jogo. Ele me quer em certos termos, e eu
me entrego a ele em certos termos.
Assim que Caroline chega em casa, ela já está planejando como será sua noite.
Para ela, se arrumar é um longo processo que envolve um banho de uma hora e
uma escolha cuidadosa de roupas e sapatos.
Ela geralmente ouve música muito alto enquanto faz isso, e experimenta umas
dez roupas, me chama para pedir opinião e me diz que ela não tem nada para
vestir em seu closet inteiro antes de acabar decidindo pelo primeiro vestido que
experimentou.
“Por favor, saia hoje. Por favor, por favorzinho”, implora Caroline.
"Sério?" Eu rio. "Eu não ouvia alguém falando assim desde os anos noventa."
"Bem, você me conhece, eu sou vintage", diz ela, tirando um vestido vermelho
perfeitamente fino e trocando o sutiã e a calcinha antes de experimentar a
próxima roupa. “Mas, sério, vamos hoje à noite. Vai ser tão divertido!”
Após alguns minutos debatendo, finalmente decido me juntar a ela.
Não vou a uma balada há muito tempo.
Caroline sempre está indo, mas eu faço mais o tipo caseira.
Provavelmente porque a noite para ela não começa antes das onze, enquanto eu,
nesse horário, já estou de pijamas em minha cama lendo alguma coisa em meu
Kindle.
“Isso!” Caroline pula freneticamente e vem me abraçar. “Eu conheci umas
garotas hoje. Elas foram à galeria e compraram um quadro de cem mil dólares
para seu apartamento novo, na Park Avenue. Elas são podres de ricas, claro.”
Apesar de ter tanto dinheiro, Caroline ainda fica de queixo caído quando se
depara com outras pessoas ricas. Sinceramente, esperava que ela já estivesse
acostumada, nesse ponto.
Eu vou para o meu quarto e abro meu guarda-roupa bem menos luxuoso do que
o dela para procurar algo adequado para vestir.
Infelizmente, eu só tenho dois pares de sapatos de festa e dois vestidos
apropriados para a ocasião.
Eu acho que eu poderia colocar um par de jeans skinny, mas ainda está
relativamente quente e eu quero tentar aproveitar ao máximo o calor que ainda
está disponível para mim antes que o inverno frio e escuro desça sobre
Manhattan.
Enquanto olho minhas roupas, algo me ocorre.
Eu poderia ter comprado esse quadro de Caroline também.
Não que eu fosse gastar tanto em uma pintura.
Em algumas regiões do país, cem mil compram uma bela casa de dois quartos,
mas ainda é um pensamento interessante a considerar. Uau. Eu. Imagina só!
Por volta das dez e meia, Caroline finalmente está pronta.
Esperando por ela há uma eternidade, consegui ler quase metade de um novo
romance que está no topo das paradas da Amazon.
Como estudei Inglês na faculdade, romances são meu prazer secreto.
Adoro me perder pela complexidade das relações, e as cenas de sexo também
não são de todo mal.
Já Caroline não gosta muito deles.
Ela acha que são um lixo e limita suas leituras aos gêneros que os autores
tradicionais gostam de chamar de ficção.
O único problema nisso é que ela mal lê, enquanto eu consigo ler alguns livros
por semana.
Conhecemos as novas amigas de Caroline no fim da fila enorme e cheia de
meninas animadas vestidas em suas melhores roupas para a noite de sábado.
Ambos são loiras, bonitas e parecem ter nascido para andar em saltos stiletto de
dez centímetros.
Eu, por outro lado, sinto que vou cair a qualquer momento.
A fila é longa, mas parece estar andando rapidamente.
Os seguranças fazem seus julgamentos rapidamente e quem não tiver a altura
certa ou não estiver bem vestido não entra.
Homens solteiros basicamente não têm muita sorte.
Pessoalmente, duvido que eles me deixassem entrar se eu não estivesse com uma
companhia tão atraente.
A música dentro do lugar está bombando e a sala está quente e úmida.
O problema das boates em Nova Iorque é que você nunca pode trazer uma
jaqueta ou casaco com você, mesmo quando está dez graus do lado de fora,
porque nenhum lugar tem cabides na entrada e o interior sempre é muito quente
para usá-los, além de ser irritante ficar carregando casacos a noite toda.
Felizmente, as noites ainda estão quentes o suficiente nesse início do outono,
então isso não é um problema.
Caroline e as meninas vão direto para o bar e esperam alguma companhia
masculina vir até elas pagar-lhes uma bebida.
Estou prestes a comprar um drinque para mim, quando Caroline me pára.
“Ei, o que você está fazendo?” Ela pergunta. “Os coquetéis aqui são quinze
dólares.”
Definitivamente, é bem caro. Mas, a esse ponto, não sei se realmente estou a fim
de ficar conversando com um cara em troca de um drinque.
Minha conta bancária está cheia, e minha mente está ocupada pelo Sr. Black.
Já faz mais do que algumas horas desde que concordei em ser dele por uma
semana, e eu ainda não sei exatamente quando essa semana começará.
Seria eufemismo se dissesse que estou ansiosa.
“Tudo bem, de verdade.” Digo. “Quero um Old Fashioned, por favor.”
Isso é meio que um drinque de homem, mas o gosto de laranja amarga é bem
sedutor.
Caroline e suas amigas só balançam a cabeça.
Não importa que sejam ricas. Elas fazem o tipo que nem tentariam pagar por
algo quando um homem pode fazer isso por elas.
Quando meu drinque chega e Caroline está de papo com um cara bonito que faz
o tipo investidor ou banqueiro rico, sinto meu celular vibrando contra minha
coxa. Olho para a tela.
É o Sr. Black.
Me encontre na esquina da Avenida A com a East Second.
10 minutos.
Meu coração acelera.
Não sei onde fica, então procuro o endereço no celular.
Mas não aparece nada.
Estranho.
A única coisa que sei sobre o lugar é que o clube de comédia Upright Citizen’s
Brigade fica bem na esquina. Já estive lá algumas vezes e sempre me diverti
muito.
Cutuco Caroline no ombro e a digo que preciso ir.
“Ah, não, por quê?”
“Preciso me encontrar com o Sr. Black”, sussurro em seu ouvido.
“Sério? Sr. Black?”
Seus olhos se arregalam e um sorriso enorme invade seu rosto.
Claramente, minha intenção de manter a informação em segredo não funcionou.
“Quem é Sr. Black?” Pergunta de imediato uma das garotas.
“Depois eu te conto.” Diz Caroline.
“Não, não conta. Porque você prometeu, lembra?” Eu advirto. “Ele é um amigo
meu.”
“Certo, certo, não vou contar nada.” Caroline sinaliza. Não acredito muito nela,
mas deixo passar.
“Divirta-se!” As garotas dizem com entusiasmo.
Decido ir a pé até o endereço ao invés de chamar um táxi ou usar o Uber.
A noite está incrivelmente quente e Nova Iorque está maravilhosa.
Após alguns quarteirões, meus pés começam a doer dentro dos stilettos, mas a
essa altura, estou muito perto do lugar para me dar ao trabalho de pegar um táxi.
O Sr. Black está parado de pé na esquina, de costas para mim.
Meus olhos pousam em sua bunda, perfeitamente atrevida.
Quando ele se vira, vejo que seu belo corpo está em um terno de três peças sob
medida.
Observando-me enquanto me aproximo, seu olhar frio se derrete e um pequeno
sorriso que se forma nos cantos de sua boca.
Eu sinto um estalo no ar que se forma quando me aproximo mais e mais dele.
É quase como se nossos corpos estivessem exalando eletricidade. A ansiedade é
ensurdecedora.
Quando estou a mais ou menos um braço de distância dele, paramos um
momento para examinar um ao outro. O homem que está olhando para mim é
misterioso, perigoso e, o melhor, é meu por toda a semana.
Eu olho para o rosto dele e fico perdida, como se estivesse em transe. Suas
bochechas parecem ter sido esculpidas por Michelangelo, e suas sobrancelhas
escuras formam uma moldura perfeita para seus olhos profundos com cílios
longos.
Seu nariz é proeminente e forte, para combinar com sua mandíbula e aquela boca
carnuda.
Meus joelhos tremem só com as lembranças do que ele fez comigo no último fim
de semana.
O Sr. Black me pega pelos ombros e me puxa para mais perto dele.
Quando ele aperta seus lábios contra os meus, todo o meu corpo queima por ele.
"Ei, linda", ele sussurra.
Muitos homens usam essa frase, mas saindo de suas bocas ela parece banal e
chata.
Como uma mentira.
Mas quando é o Sr. Black que sussurra essas palavras para mim, sei que ele está
dizendo a verdade.
“Está pronta para hoje à noite?”
“Depende. O que você planejou para nós?” Pergunto.
“Algo muito emocionante”, ele diz devagar.
O tom de sua voz faz calafrios percorrerem meu corpo.
Não sou muito fã de surpresas, mas até agora o Sr. Black me proporcionou
apenas as mais agradáveis.
Ele me encara com tanta intensidade que acho que vou desmaiar.
Ainda não estou acostumada ao poder que tem seu olhar.
É distante, frio e, ao mesmo tempo, extremamente quente.
O Sr. Black pega minha mão e me leva a uma entrada sem placas, que parece
levar a um pequeno prédio de apartamentos.
Nós entramos no elevador de serviço e subimos. Quando saímos, um homem
alto com uma prancheta nos encontra. Ele pede nossos nomes e o Sr. Black dá a
ele o seu e diz que eu sou o seu par.
O homem sorri com aprovação, verifica-o e aponta para que sigamos para a
porta atrás dele.
"Que lugar é este?" Eu pergunto.
"É um clube privado."
22
ELLIE
QUANDO ELE LIGA DE NOVO...
E u bato a porta com toda minha força assim que Tom sai.
Eu o odeio pelo que disse.
Por que ele tem que ser tão idiota às vezes?
Eu sei que ele está enfrentando vários problemas, mas isso não significa que ele
tem o direito de fazer com que eu me sinta mal.
De repente, todas as coisas que eu poderia ter dito vêm à minha cabeça.
Esse é um dos meus problemas.
Quando me insultam, eu geralmente fico sem palavras. Fico tão chocada com o
que a pessoa acabou de falar que sequer respondo.
Eu o coloquei para fora, mas eu poderia ter dito tantas coisas para ele.
Por exemplo, ‘e quanto a você? você finge não se importar com dinheiro e vai se
casar com uma das mulheres mais ricas de Nova Iorque?’.
Ou então ‘ao menos eu gosto do Aiden. E você? Você está noivo mas, no fundo,
não aguenta mais a Carrie e tenta beijar sua melhor amiga’.
Ouço o toque do meu celular, de novo, estragando meu fluxo de pensamentos.
Olho para a tela.
É o Sr. Black.
De novo.
Deve ser a sétima chamada dele desde ontem à noite.
Penso em não atender, mas meu dedo aperta o botão antes mesmo de eu
conseguir me segurar.
“Alô?”
“Ellie, é você?”
Sua voz é apressada, frenética até.
Preocupada.
Este não é o Sr. Black chamando.
Este é o homem por trás de todo o mistério.
É Aiden.
"O que você quer, Aiden?" Eu pergunto.
"Eu não sei se você recebeu todas as minhas outras mensagens, mas eu só queria
me desculpar novamente. Me desculpe por ter levado você até lá. Eu
sinceramente não sabia que isso seria um problema. Mas eu deveria ter
imaginado.”
"Ok", eu digo devagar.
"Posso fazer as pazes com você?"
“Escute, Aiden, eu posso devolver seu dinheiro.”
"Eu não dou a mínima para dinheiro."
“Não acho que essa vida é para mim. O iate foi maravilhoso, mas acho que é
demais.”
“Eu entendo. Estamos indo rápido demais.”
“Eu não sei se quero fazer isso de novo. Acho que temos interesses diferentes.”
Há uma pausa do outro lado da linha.
“Ellie, eu só quero te conhecer melhor. Só isso. O clube foi demais para você, e
eu sei disso agora. Mas posso te levar para um encontro normal? Um jantar, e
nada mais? Só para nos conhecermos melhor.”
“Só um jantar?” Pergunto. “Sem compromissos. Sem Sr. Black?”
“Não, nada de Sr. Black. Só um encontro normal comigo, Aiden Black.”
Penso nisso por um momento.
Eu realmente gosto da ideia.
Há muita química entre Aiden e eu, mas a noite no iate me fez querer conhecê-lo
melhor.
Quem é Aiden Black de verdade?
“Tudo bem.” Eu digo após um momento. “Tudo bem.”
“Tudo bem mesmo? Ótimo. O que você acha de amanhã às sete? Passo na sua
casa te buscar.”
“Uau, vai ser um encontro bem tradicional, então?”
“É exatamente o que eu prometi. E eu sempre mantenho minhas promessas.”
ELLIE
QUANDO ELE ME CHAMA PARA SUA CASA…
Mas isso só me deixa ainda mais animada para ir com ele para casa.
ELLIE
O QUE ACONTECE DEPOIS…
F icar deitada na cama após fazer amor com Aiden me faz sentir viva e
revigorada.
É quase como se eu estivesse dormindo há muito tempo e, agora, estou
finalmente acordando.
Eu olho para Aiden e analiso a forma como os lençóis envolvem seu torso forte,
fazendo-o parecer ainda mais bronzeado e sexy.
"Ellie, você está olhando para mim?" Aiden pergunta, mantendo os olhos
fechados.
"Sim", eu digo, puxando levemente as cobertas. Eles facilmente expõem toda
sua masculinidade, expondo todos os pedaços gostosos de seu peito.
"Eu preciso de uma pausa, querida", ele murmura. "Você me esgotou."
Eu rio.
Enquanto me sinto cheio de energia, as atividades da noite passada claramente
drenaram as forças de Aiden.
Depois de alguns momentos, ele abre os olhos e me dá um daqueles olhares que
atravessam minha alma.
Se eu já não estivesse nua, me sentiria completamente nua. Exposta.
No entanto, o sentimento não é ameaçador, não mesmo.
Eu me sinto segura com ele.
Segura e bem cuidada.
"Já que você não parece estar nem um pouco cansada", diz Aiden, virando-se
para mim e apoiando a cabeça para cima com a mão. "Por que não
conversamos?"
"Eu gosto da ideia", eu digo. "Então, de onde você é? Como é a sua família?"
A expressão em seu rosto me diz que ele não estava pronto para minhas
perguntas rápidas, mas essas coisas estão em minha mente desde que nos
conhecemos. Quer dizer, eu mal sei uma ou duas coisas sobre ele.
"Eu acho que você ainda não me procurou no Google."
"Não, eu procurei", eu digo. “Mas, você sabe, artigos de jornal. Eles geralmente
estão cheios de baboseiras. Além disso, quero ouvir de você.”
“Certo… bem, eu cresci em uma família bem mediana. Meus pais brigavam
muito, mas se recusavam a se divorciar. Eu acho que eles não poderiam se dar ao
luxo de viver separados, então eles ficaram juntos e fizeram a vida de todos uma
merda.”
"Ah, sinto muito", eu digo.
"Tudo bem. Já superei isso. Minha maneira de lidar com isso era apenas gastar
todo o meu tempo mexendo com computadores.”
"Onde você cresceu?"
“Perto de Boston. Minha mãe era enfermeira em um hospital, muitas vezes
trabalhava no plantão noturno. Meu pai era lixeiro. Ele não trabalhava muito
durante o dia, então passava a maior parte do seu tempo livre bebendo.”
"Eu sinto muito."
Ele encolhe os ombros e olha para longe. “Eles me amavam do jeito deles, eu sei
disso. Mas eu sabia desde criança que a única maneira de eu não ter a mesma
vida que eles tinham era estudar muito e ir para a faculdade.”
"É por isso que você foi para Yale?"
"Aham. Era a faculdade dos meus sonhos, na verdade. E ainda me sinto mal por
desistir para começar a Owl.”
"Mesmo que você seja o fundador da Owl e que ela seja uma empresa tão grande
agora?"
"Sim, mesmo assim", diz ele. “Pensando agora, acho que não teria feito muita
diferença se eu tivesse acabado o curso, sabe? Quer dizer, o que é um ano,
analisando assim, no fim das contas?”
Eu nunca pensei nisso. Por mais que eu tenha gostado da minha experiência na
faculdade, não tenho certeza se gostaria de ficar por mais um ano.
“Como foi a faculdade para você?” Ele pergunta.
"Foi divertido. Teve seus momentos difíceis. Mas principalmente, foi
sensacional. Além disso, muito diferente do mundo real.”
"Conte-me mais sobre isso."
"Eu acho que o que eu mais gostei foi que me senti nesse intervalo entre o ensino
médio e a idade adulta. Quer dizer, somos adultos, mas não somos adultos. Não
de fato, sabe? Eu só penso em todas aquelas pessoas que não vão para a
faculdade e vão direto para o mercado de trabalho. Ou têm filhos muito cedo. Eu
realmente os admiro porque eu definitivamente não conseguiria fazer isso. Eu
nem estou madura o suficiente para muitas coisas hoje, imagina quando eu tinha
dezoito anos.”
Aiden balança a cabeça, concordando.
Nenhum de nós diz nada por alguns instantes e então outro pensamento me vem
à cabeça.
"Então, e sobre o seu casamento?" Eu pergunto.
"O que você quer saber?"
“Como foi? Para se casar tão jovem, quero dizer?
"Eu não sei o que me deu. Acho que eu estava apaixonado. Ela foi minha
primeira namorada de verdade e eu lembro de realmente querer se casar com ela.
Seus pais não ficaram satisfeitos com o pedido de casamento na prefeitura e as
coisas foram dando errado depois disso. Ela disse que nos apressamos e ela não
poderia realmente viver assim.”
"Você a conhecia da escola?" Eu pergunto.
"Não." Aiden balança a cabeça. "Ela era de uma família bem tradicional e antiga
de Ohio."
“Bem, você sabe que todas as famílias têm basicamente da mesma idade, né?
Não existe uma família antiga. Algumas apenas mantêm registros melhores”, eu
brinco. Ele força um sorriso.
“Ao contrário da minha família, a dela era muito conhecida na comunidade. Eles
tinham uma das maiores casas de todo o estado. E naquela época eu não tinha
muito dinheiro.”
Eu sei um pouco sobre os ricos de antigamente.
Não importa quanto dinheiro você tenha agora, eles não são do tipo que recebem
gente nova de braços abertos.
“Acho que o que estou tentando dizer é que éramos de dois mundos diferentes e
a família dela nunca me aceitou. Acho que ela perdeu a cabeça
momentaneamente casando comigo, mas depois recuperou quando nos
divorciamos.”
De repente, sinto uma pontada no peito.
"Parece que você ainda tem sentimentos por ela", eu digo.
"Não, não, de jeito nenhum", ele diz rapidamente. “Nós éramos muito bons
amigos e muito próximos, e acho que uma parte de mim ainda sente falta dessa
amizade.”
Eu aceno, me sentindo um pouco aliviada.
Na verdade, eu sei exatamente o que ele quer dizer.
Isso é praticamente o que sinto em relação ao Tom.
"E depois dela?" Eu pergunto.
"O que você quer dizer?"
"Algum relacionamento marcante?"
"Não, depois do meu casamento, estou bem acomodado na vida de solteiro."
“Sim, eu vi isso online. Muitos modelos e atrizes”, eu digo.
Eu tento não parecer com ciúmes, mas não consigo.
Estou com ciúmes.
Mesmo que elas estejam em seu passado. Claro, não tenho como saber com
certeza. Quero dizer, elas estão mesmo no passado dele?
"Mas ninguém especial?"
"Não até você", diz Aiden, tirando uma mecha de cabelo dos meus olhos.
"O quê?" Eu me sento na cama.
“Eu me sinto diferente em relação a você, Ellie. Diferente do que eu já senti
antes. E eu não sou do tipo que diz isso às mulheres. Na verdade, na maioria das
vezes eu não sinto absolutamente nada pelas mulheres com quem passo tempo. E
então você veio... e mudou tudo isso.”
Eu não posso deixar de corar. Eu viro meu rosto para esconder minhas
bochechas vermelhas.
"Você é tão bonita, Ellie." Ele me puxa para mais perto dele e me beija nos
lábios.
"Agora, é a sua vez", diz ele. "Diga-me algo que você nunca disse a ninguém
antes."
Eu tento pensar em algo que nunca compartilhei com ninguém. O problema é
que eu não sou uma garota com muitos segredos. Eu queria ser mais misteriosa,
mas não sou.
"Eu gosto dos seus jogos", eu digo depois de um momento. "Eu nunca fui
amarrada antes, mas me senti muito bem. Isso só me fez sentir muito livre, de
certa forma.”
"Sério?" Aiden sorri. "Isso é emocionante."
"Sim. Emocionante e assustador. Quero dizer, eu fiquei completamente imóvel e
ainda tinha algo muito libertador sobre aquilo tudo. Eu não sei o que.”
"Eu também não sei", diz ele. "Mas fico feliz que você esteja gostando."
"E você?" Eu pergunto.
"Você quer dizer que você quer que eu te diga uma coisa que eu nunca contei a
ninguém?"
Eu concordo.
"Temo que, se eu parar de trabalhar, voltarei a ser pobre. Pobre como quando
criança. Quero dizer, meus pais tinham uma casa de dois quartos, mas depois
perderam, e foi aí que começamos a nos mudar, passando por várias casas
alugadas. Eu sempre ficava preocupado com o lugar onde iríamos morar em
seguida. Proprietários irritados estavam sempre batendo na nossa porta porque
meus pais não pagavam o aluguel, ameaçando nos expulsar. Minha mãe dizia
que eram ameaças inúteis, mas não eram o tempo todo. Nós fomos despejados
algumas vezes e tivemos que viver nos sofás das pessoas.”
“Sinto muito. De verdade.”
“Eu nunca contei isso para ninguém, Ellie.”
“Obrigada por me contar.”
“E apesar de todo o dinheiro que tenho agora, tenho medo de viver assim de
novo. Não tendo dinheiro para comer ou pagar por um teto.”
“Bem, o teto que você tem agora custa uma fortuna.” Eu brinco. Ele sorri.
“Mas, de verdade, eu sinto muito”, adiciono. “Quero dizer, você passou por
muita coisa quando criança e deve ter sido assustador ter sido despejado.”
“Um dia, um caminhão parou em frente ao nosso prédio e eles entraram e
levaram todos os nossos móveis e a televisão. Aparentemente, minha mãe não
pagou as dívidas do aluguel, então elas pegaram tudo o que tínhamos. Eu tive
que dormir no chão com meu travesseiro e cobertor.”
Eu sacudo minha cabeça.
Não sei o que dizer.
Eu envolvo meus braços ao redor dele e digo a ele que tudo vai ficar bem.
Que estou aqui para ele, mas ainda assim, isso não soa suficiente.
Adormecemos nos braços um do outro e só acordamos quando o sol entra pela
janela.
Quando eu abro meus olhos, vejo Aiden de pé vestido em seu terno impecável
bem na minha frente.
"Eu sinto muito, mas eu tenho que ir trabalhar", ele diz, me dando um beijo na
testa.
"Tudo bem", murmuro com sono.
“Eu estava apenas pensando... você gostaria de ser minha por uma semana de
novo?” Aiden pergunta. "Eu prometo que sem clubes de sexo dessa vez."
Um sorriso se forma em meus lábios antes que eu tenha a chance de responder.
"Isso é um sim?"
"Sim, senhor, Sr. Black."
28
N ão vou mentir, uma parte de mim ficou muito curiosa sobre como era
Alexis quando Aiden me contou sobre ela pela primeira vez. Mas agora
que a vi… bem, eu não estava esperando que ela fosse tão bonita.
De pé do lado de fora do bar, ainda não consigo acreditar que ela estragou nosso
encontro.
E essa tal secretária do Aiden?
Ela realmente contou para Alexis onde estaríamos?
Já faz anos desde que eles foram casados e ainda... a relação entre os dois ainda
parece muito próxima. Eu quero sair e ir para casa, mas Aiden me pede para
ficar.
Ele me convence com o seu 'por favor'. Eu espero enquanto Aiden termina sua
conversa com Alexis e a coloca em um táxi.
Quando ele volta para mim, ele me convida de volta para dentro. Mas esse lugar
parece ter sido contaminado. Agora, tudo em que consigo pensar é em sua ex-
mulher e no quanto as pernas dela são mais longas e bonitas do que as minhas.
"Eu sinto muito, sinto muito por isso", diz Aiden. "Você tem que acreditar em
mim. Não há nada entre nós.”
“Então, por que ela ainda aparece por aí? Eu pensei que ela morasse em Ohio.
Por que ela está agindo como se você não fosse só um ex?”
Uma rajada de vento frio sopra e me arrependo por não ter trazido um casaco. As
noites quentes de verão estão desaparecendo rapidamente com a chegada do
outono.
“Não, agora ela mora em Nova Iorque com o marido e filha. Os pais dela estão
pagando pelo apartamento deles. A questão é que Alexis tem muitos problemas.
Depois que terminamos, ela engravidou imediatamente do namorado do colegial.
Eles se casaram porque seus pais insistiram, e o casamento deles não foi bom
para nenhum dos envolvidos, incluindo o bebê. Ela sofreu um acidente de carro
há alguns anos e ficou viciada em analgésicos, e ela vive entrando e saindo da
reabilitação desde então.”
“Mas o que você tem a ver com isso tudo?” Pergunto. Aiden tira o casaco e
coloca-o em volta dos meus ombros. Está quente com o calor do seu corpo e eu
me delicio com a sensação dele ali.
"Francamente, eu não sei." Ele encolhe os ombros. “Exceto que, de alguma
forma, nos tornamos amigos de novo ao longo dos anos e eu sempre estive lá
para ela entre as suas idas e vindas da reabilitação e todos os seus problemas. Eu
era a única pessoa a quem ela poderia confiar.”
"Vocês dois... já voltaram alguma vez?" Eu pergunto, escolhendo
cuidadosamente minhas palavras. Primeiros amores são difíceis de se superar e
tendem a viver com as pessoas por toda a vida, mesmo que só em memória. E
isso sem falar dos que foram casados.
"Não." Aiden balança a cabeça. "Absolutamente não. Eu a superei antes mesmo
de nos divorciamos oficialmente, Ellie. Ela é apenas esse aspecto complicado da
minha vida com o qual ainda preciso lidar. Eu sou um amigo. Eu me importo
com a filha dela. Eu quero que ela melhore e encontre um cara melhor. Mas eu
não quero, juro, não quero mesmo que esse homem seja eu.”
Aiden olha diretamente nos meus olhos quando ele diz isso. Há certeza no tom
de sua voz e a convicção com a qual ele fala me faz sentir um alívio. Ele está
dizendo a verdade. Eu sei isso.
"Se você não quiser voltar para o bar, você pelo menos quer ir para minha casa
para tomar uma bebida?" Pergunta Aiden.
"Uma saideira normalmente não é mais no fim da noite?" Eu pergunto, piscando-
lhe e dando um sorriso.
"Bem, esta noite não foi nada além de emocionante, você não acha?"
Quer ser o primeiro a saber sobre minhas próximas vendas, novos lançamentos e
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3. Trono de York
Séria Estranho Perigoso
Estranho Perigoso
Dor Perigosa
Obsessão Perigosa
Mentiras Perigosas
Amor Perigoso