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PSICOPEDAGOGIA

Síntese da Teoria Psicogenética de Piaget

Daniela Nunes Tavares

2020
Teoria Psicogenética de Piaget

A Teoria Psicogenética de Piaget teve uma grande contribuição no entendimento do


desenvolvimento e aprendizagem. Piaget buscou estudar sobre de que forma ocorria a
construção do conhecimento no sujeito, sua explicação enfatizava a maturação biológica
como aspecto fundamental ao desenvolvimento e aprendizagem. Acreditava que a
inteligência, advinda do desenvolvimento de estruturas biológicas, era a capacidade do
indivíduo de ajustamento em situações complexas ou adversas. O sujeito, portanto,
desenvolve seu intelecto quando possui maturação biológica necessária e ao utilizar-se
de estímulos do ambiente, e seus próprios conhecimentos, para resolver problemas que
lhe são apresentados. Utilizam para isso esquemas de ação, através dos quais
interpretam e organizam sua ação para colocá-la em prática. Nesse sentido é possível
estimular o desenvolvimento das crianças oferecendo-as alguns exercícios e tarefas
próprias a sua faixa de desenvolvimento.

Quando a criança se depara com uma situação nova ela entra em desequilíbrio e busca
novas maneiras de lidar com ela. Nessa busca ela incorpora novas experiências,
informações e conhecimentos as suas estruturas já construídas, esse processo é chamado
de assimilação. Porém a aprendizagem não ocorrerá apenas com a assimilação, é
necessário também que aconteça uma reorganização da estrutura mental da criança para
que ela incorpore esses novos conhecimentos e experiências e os transforme, dando-lhes
significados e apropriando-se deles, o que é chamado de acomodação. Esses conceitos
trazem uma reflexão importante pois a partir deles é possível entender que apenas a
apresentação de informações e conhecimentos aos sujeitos não é suficiente para uma
aprendizagem e desenvolvimentos efetivos, é importante também que estes se
relacionem com os conteúdos que as pessoas já possuem dentro de si. Isso tem um
impacto na escola e em sua forma de ensinar, mesmo que a teoria não tenha essa
intenção, pois ao se entender isso, entende-se também que não se bastam apenas aulas
expositivas que trazem novas informações aos alunos, é importante também estimular
para que eles reflitam sobre o assunto e tragam também suas experiências e
entendimentos pessoais pois assim é possível ter uma aprendizagem mais rica.

Outro aspecto importante abordado por Piaget foi o desenvolvimento cognitivo, que é
compreendido por estágios, que se desenvolvem a partir de estruturas cognitivas
construídas nos estágios anteriores. A sequência em que esses estágios são vivenciados
é sempre a mesma, mudando somente o ritmo no qual cada criança adquire novas
habilidades. São quatro estágios: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto, e
operatório formal.

O Sensório-motor, compreende o período do nascimento até os 2 anos, nesta etapa ainda


não há função simbólica no bebê e não possui representações de pessoas e objetos, não
conseguindo evoca-los quando não estão presentes. A interação com o meio ocorre pelo
funcionamento dos reflexos inatos, e vai se modificando com o desenvolvimento do
sistema nervoso e a consciência da criança sobre o meio externo vai se ampliando.

No estágio pré-operatório, dos 2 aos 7 anos, desenvolve-se na criança uma capacidade


simbólica, agora ela é capaz de representar o meio externo mentalmente. Consegue
constituir esquemas que a permite distinguir um significante, entre imagem, palavras ou
símbolos. Nesta etapa as crianças possuem algumas características marcantes, como o
egocentrismo, o animismo, ou seja, atribui vida a objetos inanimados, e o pensamento
antropomórfico, no qual atribui características humanas a objetos e animais. Além disso,
não possuem pensamento reversível, e apresentam raciocínio transdutivo, em que
tendem a dar a mesma explicação para várias situações, e sempre buscam uma relação
de causa e efeito para tudo.

O operatório concreto, que geralmente ocorre dos 7 aos 13 anos, é caracterizado pelo
desenvolvimento da capacidade lógica, mas ainda muito ligada a realidade concreta. O
egocentrismo começa a declinar e a criança começa a socializar, compreendendo as
regras sociais. Agora a criança já possui pensamento reversível, e substitui o
pensamento transdutivo pelo indutivo, no qual o sujeito tem a capacidade de previsão
dos resultados das ações, que vai do particular para o geral, ou seja, há a universalização
de resultados particulares. Além disso, ocorre um declínio do pensamento fantasioso.

No estágio operatório formal, que acontece após os 13 anos, o sujeito consegue pensar
de maneira lógica não mais preso a realidade concreta, e, portanto, capaz de pensamento
abstrato. Apresenta o raciocínio hipotético dedutivo, através do qual consegue formular
e testar hipóteses independente da realidade concreta. A linguagem está desenvolvida, e
se torna ferramenta para levantar hipóteses e pesquisas.

Esse entendimento sobre os estágios de desenvolvimento de Piaget nos ajuda a


compreender quais tarefas as crianças são capazes de realizar em cada faixa etária, o
que auxilia no planejamento de atividades e brincadeiras para as crianças respeitando as
características típicas daquele momento do seu desenvolvimento.

Além disso também auxilia a compreender em qual etapa o sujeito se encontra e em


qual seria esperado que ele estivesse, caso não se apresente no estágio previsto para sua
faixa etária. E isso é importante por exemplo, quando se realiza um psicodiagnóstico
psicopedagógico pois ao entender a situação do sujeito em relação a aprendizagem e o
desenvolvimento cognitivo é possível buscar caminhos e formas de ajuda-lo.

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