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18/02/2021 Função Social da Escola

FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA


CAPÍTULO 1 - QUAL O PAPEL SOCIAL
DA ESCOLA?
Tatiana Gomes dos Santos Peterle

INICIAR

Introdução
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18/02/2021 Função Social da Escola

 O pedagogo e a função social da escola são os temas centrais deste capítulo. Aqui
você estudará os aspectos que englobam a diversidade cultural, a promoção da
cidadania e a educação integral, considerados como domínios da formação do
pedagogo. Refletirá tambémsobre a função social da escola a partir de outros
espaços educativos na perspectiva histórica e cultural, considerando as relações
entre as concepções epistemológicas e os modelos pedagógicos presentes em seu
cotidiano, tendo emvista as representações de educadores e alunos acerca do
ensinar e do aprender que refletem sobre as possibilidades de transformação da
escola. Vale destacar que a disciplina tem por objetivo oportunizar a você a
compreensão de como se dá a construção da postura acadêmica investigativa e
problematizadora da realidade educacional.
Para iniciar seus estudos, é importante refletir sobre algumas questões
norteadoras para a compreensão do papel do pedagogo e da função social
da escola. Como promover a cidadania observando as políticas e as
diversidades culturais? O que é educação integral,considerando os domínios
essenciais da atuação do pedagogo dentro desse contexto? Como explorar a
função social da escola, tendo por base os subsídios teóricos a partir do
cotidiano escolar? E qual a importância da pesquisa-ação no cotidiano
escolar para a problematização do ensino?
A partir dessas reflexões, você terá a oportunidade de conhecer e aprender
como, no cotidiano escolar, as questões que compreendem o papel do
pedagogo e a função social da escola podem colaborar para a construção e
formação cidadã,com vistas à emancipação social e o pleno exercício da
cidadania.
Bom estudo!

1.1  A construção da postura


acadêmica investigativa e
problematizadora da realidade
educacional

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Na escola contemporânea, muitos são os desafios cotidianos que nos levam


a refletir sobre a importância da postura investigativa e da pesquisa para as
questões que envolvem o ensino. Você já ouviu falar em pesquisa-ação? Ou
como a pesquisa-ação pode favorecer tanto a formação docente quanto o
ensino-aprendizagem? Ou, ainda, como o profissional pode discutir sobre as
práticas do ensino? A partir dessas reflexões vamos mostrar como a
pesquisa, inserida na prática docente pode favorecer o ensino. Portanto, ao
estudar os pressupostos que subsidiam uma prática investigativa, você
compreenderá como o pedagogo e a escola podem desenvolver o papel de
mediadores do processo de aprendizagem, de modo a garantir qualidade no
ensino além de uma formação cidadã.

1.1.1    A importância da pesquisa-ação no cotidiano escolar


Muitos são os desafios da escola contemporânea, tendo em vista a busca
pela formação integral e transformação social. Esses desafios atravessam
questões que colocam em evidência a prática docente e a necessidade de o
professor assumir uma prática investigativa que favoreça o processo de
ensino-aprendizagem.
Diante desse contexto, é importante que o docente desenvolva
competências,com vistas à aprendizagem significativa, e se torne um
mediador na relação entre o conhecimento e o aluno. Mas o grande
questionamento é: como isso poderá ocorrer? O que é necessário para que o
docente exerça sua função com sucesso?
O professor, ao organizar sua prática docente, elabora objetivos que
precisam ser planejados sob a intencionalidade da aprendizagem futura do
aluno. Para tanto, as questões metodológicas são fundamentais, pois além
de direcionar o trabalho do educador, oportunizam também a formação
docente. Uma alternativa metodológica com essas características é a
pesquisa-ação, uma vez que permite, conforme Franco (2012, p. 180), “[...]
um esclarecimento das teorias implícitas na prática e favorecimento aos
sujeitos da prática melhor apropriação crítica de algumas teorias
educacionais.” Desse modo, também leva o docente a “[...] produzir a
transformação de suas concepções sobre o fazer pedagógico e,
emdecorrência, transformações em suas práticas” (FRANCO, 2012, p. 180).
De acordo com Thiollent (2008, p. 16), pesquisa-ação é definida como:

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 [...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada
em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo.

Portanto, quando o docente opta por desenvolver seu trabalho na


perspectiva da pesquisa-ação, ele investe indiretamente na sua própria
formação enquanto pesquisador. E mais:investe na formação do aluno, que
constrói seu conhecimento a partir da relação entre sujeitos envolvidos no
estudo-pesquisa.

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Figura 1 - Pesquisa-ação e prática docente. Fonte: Poznyakov,


Shutterstock, 2018.

É importante compreendermos que a pesquisa-ação é um instrumento que


necessita de planejamento, contudo é muito flexível, o que o difere de outros
tipos de pesquisa, pois não possui uma forma rígida. As trocas de

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experiências e os diálogos constantes entre docentes e alunos colaboram


para decisões a serem tomadas no processo de investigação.

VOCÊ SABIA?
  Além de uma excelente metodologia para a educação, a
pesquisa-ação é uma prática muito utilizada no contexto
empresarial, pois é compreendida como uma estrutura que
oferece interação entre clientes/pesquisadores.Dessa forma,
demonstra que, assim como na educação,é um método que
colabora para o diagnóstico dos possíveis problemas, auxilia
na elaboração do planejamento sempre apontando caminhos
e ações – além de promover uma aprendizagem pautada na
experiência e na relação com o outro.

Enfim, a pesquisa-ação é uma forma de investigação na qual o processo


compreende o investigador e o objeto a ser estudado (o aluno e seu processo
de aprendizagem), porém de forma participativa, todos implicados a elucidar
a realidade na qual estão inseridos seus problemas, experimentando,
coletivamente, a produção e o uso do conhecimento. 

1.1.2 Práticas problematizadoras do ensino


A produção do conhecimento está diretamente relacionada à capacidade dos
indivíduos solucionarem os problemas que surgem em seu cotidiano e na
sociedade de modo geral. Na educação, a busca pela solução de problemas
ocorre com maior intensidade, o que faz com que essa área mereça atenção
especial, pois o tempo todo é importante resolver os conflitos entre teoria e
prática, e entre o ensino e a realidade dos educandos.
Nesse sentido, essa relação nos mostra que o conhecimento, assim como o
próprio ensino, não é algo pronto; ambos são produzidos coletivamente,
advindos do processo ensino-aprendizagem. Assim, experimentando a
resolução de problemas no cotidiano escolar, é que adquirimos os conteúdos
necessários para a compreensão de mundo em que vivemos e a necessidade
de transformação da realidade.  

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Figura 2 - A construção do conhecimento na história da educação


representa a importância do saber para a mudança da realidade. Fonte:
ESB Professional, Shutterstock, 2018.

Contudo, para que a prática problematizadora ocorra, é importante compreender


o contexto em que ela se dá, pois sustenta-se na dialogicidade da relação entre o
professor e o aluno, de modo que todo o processo de aprendizagem contribua
para uma visão mais integradora e crítica do mundo que cerca os envolvidos, que
a partir do conhecimento os liberta e os permite superar o individualismo
alienante.Desse modo, sobre a dialogicidade,Freire (1980, p. 42) afirma:

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O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo, para


designá-lo. Se ao dizer suas palavras, ao chamar ao mundo, os homens o
transformam, o diálogo impõe-se como o caminho pelo qual os homens
encontram seu significado enquanto homens; o diálogo é, pois, uma
necessidade existencial.

Dessa maneira, entendemos que a educação inserida na concepção


problematizadora do ensino exige maior dedicação e conhecimento do
professor, sendo ele responsável por motivar o aluno, assim como instigar
suas inquietações e curiosidades, de modo que a reflexão e acrítica façam
parte do cotidiano do estudante e, também, da escola. “Quem ensina
aprende ao ensinar e quem aprende, ensina ao aprender. Quem ensina,
ensina alguma coisa a alguém” (FREIRE, 1996, p. 23). Quando a escola
assume uma postura problematizadora em relação ao ensino, propicia ao seu
aluno uma formação crítica e reflexiva na qual cada sujeito nela inserido seja
autônomo para buscar sua emancipação social e promovê-la na sociedade.
 

VOCÊ O CONHECE?

Paulo Freire (1921-1997) foi o mais importante educador brasileiro,


reconhecido internacionalmente. Sua maior contribuição para a educação
está na sua proposta metodológica de alfabetização de adultos, que possui
um caráter pedagógico assumidamente político. Para Freira, o maior objetivo
da educação é conscientizar o aluno, em especial aqueles que pertencem à
parcela menos favorecida da sociedade, tendo em vista liberá-los da situação
de opressão que o capitalismo os coloca. O principal livro de Freire,
Pedagogia do Oprimido (2011), traz conceitos que o revelam um grande
educador.

As práticas problematizadoras são caminhos para assegurar um bom


processo de aprendizagem, além de favorecer uma aprendizagem mais
crítica e humanizadora.  Na sequência, você conhecerá alguns aspectos da
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pesquisa no contexto profissional, que também é fundamental para a escola


desempenhar seu papel com sucesso.

1.1.3 A pesquisa no contexto profissional


Agora que você já compreendeu a importância da pesquisa-ação e da prática
problematizadora para o processo de ensino-aprendizagem, irá refletir sobre a
relevância da pesquisa no contexto profissional. Você pode estar se perguntando:
qual a relação da pesquisa com a minha atuação profissional? 
Para encontrar a resposta, comece partindo da compreensão de que quanto maior
o interesse do aluno, maior sua disposição para o ensino. Assim também não é
diferente com o docente, quanto maior seu interesse por novas práticas e
metodologias, melhor será seu desempenho profissional, pois “[...] a prática
docente crítica implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico,
dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer.” (FREIRE, 1996, p. 38). Nesse
contexto, é importante compreender que:

Um saber escolar transformado em instrução não cumpre a sua finalidade


essencial que é de sugerir procedimento e, o que é pior, induz a uma
memorização puramente mecânica, enquanto que o professor que usa a
informação com a finalidade de “ensinar” sugere o confronto dessa
informação com a realidade, capacitando o aluno a refletir experiências
pessoais em face de instrução contida no texto (ANTUNES, 2014, p.31). 

Daí a importância da pesquisa para a formação docente e discente, pois é


por meio da pesquisa que construímos novos conceitos e os relacionamos
com os conhecimentos já instituídos socialmente. Essas relações, trocas e
produções de novos saberes apresentam ligação direta com as práticas
problematizadoras, pois levam aluno e docente a refletir, discutir, explicar,
relatar; enfim, a produzir seu “[...] próprio conhecimento por meio da
interação entre o pensar, sentir e fazer.” (AZEVEDO, 2004, p. 22). Desse
modo cabe ao educador realizar uma reflexão crítica de sua prática o que
implicará na contribuição para o desenvolvimento de todos na escola e
sociedade.

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1.2   Diversidade cultural e a promoção


da cidadania
Antes de iniciar o estudo deste tópico, reflita sobre a questão: o que você
entende por diversidade cultural?
O processo de globalização facilitou – e muito – a integração dos povos e
suas culturas no último século por meio da dinâmica da comunicação;
contudo, não conseguiu produzir uma sociedade homogênea.
Devido à imensa dimensão territorial do Brasil, a intenção de minimizar as
diferenças entre os povos não surtiu muito efeito, pois diversas
comunidades, apesar do acesso à informação, continuam a seguir com seus
costumes e tradições. Nas cinco regiões do país – Sul, Sudeste, Norte,
Nordeste e Centro-Oeste –, muitas são as influências recebidas e praticadas,
que vieram principalmente com as imigrações e que hoje são abordadas no
currículo escolar.
Evidentemente, toda a diversidade cultural que hoje é abordada na escola
não ganhou seu espaço de maneira simples, pois muitos debates foram
postos para uma reflexão mais aprofundada desse tema. Isso, além da
institucionalização de políticas públicas que visassem garantir o respeito às
diversas culturas, pois “[...] ensinar é diferente de instruir, pois instruir
significa apenas dar informações sobre algo ou do que se deve fazer, por
exemplo, uma receita, um manual de instrução entre outros.” (ANTUNES,
2014, p. 30).
Em seguida, você compreenderá o papel da escola diante a diversidade
cultural, tendo em vista a promoção da cidadania.

As diferenças fazem parte de um processo social e cultural e que não são


para explicar que homens e mulheres negros e brancos distinguem entre si,
é antes entender que ao longo do processo histórico, as diferenças foram
produzidas e usadas socialmente como critérios de classificação, seleção,
inclusão e exclusão.

Assim, a compreensão do que é diversidade é elementar na vida escolar dos


educandos, para que o respeito às diferenças e suas complexidades ganhem
espaço no cotidiano de todos. Sabemos que, na escola, a diversidade cultural se
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faz presente diariamente, por isso a importância de se atentar para esse tema nas
aulas. E uma excelente forma de colocar em pauta esse debate no ambiente
escolar é propor uma apropriação política a respeito de toda a produção científica
da cultura dos povos, tendo em vista que todo conhecimento está para além de
uma simples informação técnica, constituindo uma construção coletiva de
saberes.

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Figura 3 - Diversidade cultural na escola: as diferenças colaboram para


uma formação mais crítica e humanizadora. Fonte: Rawpixel,
Shutterstock, 2018.

Portanto, a escola precisa propiciar aos seus estudantes um espaço em que


se priorize e estimule o respeito às diferenças, o respeito ao outro e a si
mesmo. Vejamos agora como podemos trabalhar com a diversidade cultural
na escola.

1.2.1 Como trabalhar diversidade cultural na escola

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Sabemos que a escola possui um papel elementar na abordagem das


diversas culturas do país, pois ao abordar a diversidade cultural o professor
precisa estar preparado para realizar um trabalho que busque romper as
barreiras do preconceito tendo em vista mostrar que não existe uma cultura
melhor que a outra, e que há a necessidade de ampliar o conhecimento
acerca dessa diversidade para todos os estudantes.
  Mas como podemos trabalhar a diversidade cultural tendo em vista a
promoção da cidadania nas escolas? Observe o exemplo descrito no caso a
seguir.

CASO
Um exemplo de como trabalhar a diversidade cultural é
partir do conhecimento dos próprios estudantes. O
professor, sempre com apoio do pedagogo da escola,
deve inicialmente questionar os alunos sobre os
aspectos culturais do Brasil, e de onde vêm. Logo, o
professor poderá dividir a turma em grupos, de modo
que cada grupo fique com uma região – sobre a qual
será realizada uma pesquisa. A pesquisa poderá contar
com estudos sobre as danças populares, culinárias,
religião ou outras manifestações culturais, sempre
oportunizando explorar ao máximo tanto o potencial do
grupo quanto o individual. Por fim, o ideal é que
promovam debates, apresentações, seminários etc.,
colocando em evidência as principais manifestações
culturais de cada região. A culminância poderá contar
com uma belíssima e organizada mostra cultural, na
qual cada grupo terá a oportunidade de mostrar suas
descobertas para toda a comunidade escolar.

Quando a escola realiza um trabalho pautado na necessidade de abordar toda a


diversidade cultural que se encontra no Brasil, possibilita que professores e alunos
conheçam um pouco mais sobre o conceito de diversidade, além de aprenderem a

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conviver em harmonia e com respeito às diferenças. A escola que zela pela


promoção da cultura e valorização das diferenças tende a realizar com maior
qualidade sua função de mediadora do conhecimento, promovendo, assim, a
cidadania. 

1.2.2 Cultura, política e cidadania


A diversidade cultural não é um tema que deve ser apenas discutido nas
escolas, pois envolve questões que são de interesse de toda uma sociedade.
Por se tratar de um assunto de tamanha abrangência, também ganhou
espaço nas pautas das políticas públicas.  A respeito do conceito de política
cultural, Certeau (1995, p. 195) afirma que é “[...]um conjunto mais ou menos
coerente de objetivos, de meios e de ações que visam à modificação de
comportamentos, segundo critérios ou princípios explícitos.”
A verdadeira democracia deve assegurar a todos o direito de preservar e/ou
criar novas culturas.E as políticas culturais direcionam o país a lidar, de
maneira democrática, com os diversos paradigmas e ações culturais de modo
a romper com todo o processo discriminatório causados pelas visões
tradicionais e elitistas que envolvem a arte e a cultura.
Desse modo, as políticas culturais vêm para fomentar e garantir a liberdade
cultural de cada povo. Nestas políticas, os conceitos de diversidade cultural e
de cidadania representam os esforços de toda a sociedade.
Nesse sentido, podemos afirmar que a não só a escola, mas todas as
entidades governamentais e a sociedade devem primar pelas questões que
envolvem a diversidade cultural, pois a ação conjunta de todos é uma
possibilidade de garantir a efetivação da cidadania. A escola, ao assumir para
si o debate da diversidade cultural, encontra uma forma de realizar a sua
função social.

VOCÊ SABIA?
Na educação nacional, há uma modalidade de ensino que
contempla a educação integral, pois aborda – além dos
conteúdos do currículo básico – uma parte direcionada à
educação profissional. Dessa maneira, oferece formação
técnica profissional de nível médio. Esse tipo de informação

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encontra-se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (LDB), Lei 9.394/1996), capítulo sobre Educação
Profissional (BRASIL, 1996).

A partir do que estudou até o momento, você pôde compreender o quanto a


diversidade cultural é elementar para a prática pedagógica na educação
emancipadora. A seguir, você conhecerá alguns aspectos da educação
integral e da formação do pedagogo, e entenderá como interferem na
formação cidadã.

1.3 Educação integral, domínios da


formação do pedagogo
Desde o final do ano 2000, mas principalmente ao longo da década de 2010,
a educação integral vem sendo debatida com maior intensidade, pois para
que ocorra a transformação social que todos desejam, os sujeitos precisam
estar nutridos de uma formação que os tornem competentes não somente
para o trabalho, mas para também para a vida. Nesse sentido, o que você
compreende como formação integral e como se relaciona à formação do
pedagogo? Para esclarecer esta e outras questões, este tópico abordará a
educação integral no contexto político-social brasileiro como possibilidade de
transformação e emancipação social.
Sabemos que a sociedade e a comunidade escolar exigem uma escola de
tempo integral, além de profissional preparado para os desafios desse novo
modelo de escola, o que faz desses pontos pré-requisitos para que a
educação integral ocorra. Desse modo, nossa discussão atravessará não só a
temática da educação integral, mas também suas implicações para a
melhoria da qualidade do ensino, entendendo os ranços e avanços dessa
modalidade, além de pesquisar domínios essenciais de atuação para o
pedagogo dentro do contexto da educação integral.

1.3.1 Educação integral e a história da educação

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A educação brasileira, ao longo de sua história, experimentou diversas


abordagens teóricas, metodológicas e filosóficas influenciadas por
perspectivas diversas. Essas tantas experiências fizeram com que a
educação nacional adquirisse peculiaridades que determinam uma maneira
própria de assegurar a educação para todos, assim como a formação dos
profissionais docentes.
Dessa maneira, o grande desafio da educação e da escola contemporânea é
o de desenvolver nos sujeitos as habilidades e as competências que
permitam a eles um comprometimento com a sociedade democrática, uma
vez que “[...] ensinar quer dizer ajudar e apoiar os alunos a confrontar uma
informação significativa e relevante no âmbito da relação que estabelecem
com uma realidade, capacitando-os para construir os significados atribuídos
a essa realidade e a essa relação.” (ANTUNES, 2014, p. 30). Outro grande
desafio está em oportunizar a todos as mesmas condições de acesso,
permanência, formação (humana e profissional). E esses entraves merecem
discussão, pois não fogem da realidade de alunos e professores.
Nesse contexto de diversidade de experiências, além da forma de pensar e
fazer, a educação nacional se ancora a concepção de educação integral. A
educação integral que discutimos aqui é aquela que, além das concepções de
formação humana, omnilateral (formação que integra o homem social e o
trabalho), não só para o mercado de trabalho, mas principalmente para a vida
em sociedade, mas que também conta com a ampliação dos tempos e
espaços escolares, pautadas em um ensino de qualidade que promova a
diversificação dos conhecimentos por meio das culturas, dos esportes, da
arte e do lazer.

VOCÊ QUER LER?

A Resolução CNE/CEB nº 01/2016 foiaprovada em27 de janeiro de 2016. Define diretrizes operacionais
para o credenciamento institucional e a oferta de cursos e programas de Ensino Médio, de Educação
Profissional Técnica de Nível Médio e de Educação de Jovens e Adultos. Também nas etapas do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio, na Modalidade de Educação a Distância, em regime de colaboração
entre os Sistemas de Ensino, com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 13/2015. O documento na
íntegra está disponível no endereço: <http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=33201-cne-ceb-parecer-n01-2016-

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pdf&category_slug=fevereiro-2016-pdf&Itemid=30192 (http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=33201-cne-ceb-parecer-n01-2016-
pdf&category_slug=fevereiro-2016-pdf&Itemid=30192)>. 

Na história da educação brasileira, podemos perceber que a humanidade


produziu e socializou conhecimento de forma diversificada por meio da
educação, e essa diversidade se resume em toda a construção histórica dos
saberes acumulados. Contudo, toda a produção do conhecimento atravessou
desafios – e são justamente esses avanços e entraves que vamos discutir a
seguir.

1.3.2 Educação integral, seus avanços e entraves


O anterior Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2001) já preconizava a
educação integral no Brasil. Já o novo PNE (BRASIL, 2014), previsto para
vigorar até 2024, prevê em sua meta 03 a ampliação significativa do número
de escolas em tempo integral.
De imediato, o país precisaria dobrar o seu número de escolas para atender a
todos. Sabemos que num contexto de crises políticas e econômicas isso está
distante de ocorrer, principalmente em um país que ainda não adotou uma
reforma educacional que atenda de fato as necessidades do mundo industrial
e globalizado. Entre os colaboradores das grandes reformasda educação
brasileira no século XX, Anísio Teixeira foi o pioneiro na idealização e
implantação de escolas públicas e gratuitas para todos – na época do
manifesto dos pioneiros, já dizia que a escola deve fazer bem aquilo que ela
pretende fazer, portanto o fato de assinar uma legislação educacional não
garante que os problemas com a qualidade da educação serão resolvidos.
Quanto à educação em tempo integral, a ampliação do período de
atendimento ainda é uma possibilidade distante da realidade que vivemos,
considerando que em muitas regiões ainda faltam escolas comuns. Diante
disso, precisamos ter um olhar crítico para entender o que vem acontecendo
a respeito da educação integral, pois:

Na impossibilidade de ampliar o atendimento em horário integral – até hoje


considerado um privilégio pelo investimento que envolve – muitas redes
municipais vêm oferecendo atividades extraclasses que representam algumas

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horas a mais na escola. Em algumas redes, permite-se que alunos do ensino


fundamental frequentemos dois turnos escolares, numa forma precária e
improvisada de oferta de horário integral (FARIA, 2002, p. 85).

Se esse é o verdadeiro contexto da educação integral no Brasil, por outro


lado, é a educação integral que pressupõe a construção de conhecimentos,
de possibilidades de interação entre os sujeitos, tendo em vista o
desenvolvimento da formação integral. 

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Figura 4 - Educação integral prepara o profissional para o trabalho e para


a vida. Fonte: kurhan, Shutterstock, 2018.

Para que a educação seja ofertada em tempo integral, também é importante


oferecer condições para a formação plena do educando.Dessa maneira, o
espaço educativo precisa ser valorizado, assim como as práticas que
compreendem a pesquisa, que promovem o prazer nos estudos – além do
ensino com qualidade. Todas essas questões dependem de uma escola
pautada nos princípios democráticose comprometida com as expectativas da
comunidade escolar, sempre em prol do sucesso do processo de ensino-
aprendizagem.

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Nesse contexto, Faria (2002) colabora ao dizer que o perfil dos docentes
ganha outro rumo, pois devem apresentar – como proposta de trabalho –
competências e habilidades de pesquisadores, de mediadores da
aprendizagem e de críticos reflexivos diante das práticas pedagógicas.
Enfim, a educação integral ainda precisará de muito investimento e boa
vontade para que saia efetivamente do papel. E cabe à escola, aos
professores e pedagogos, à comunidade e à sociedade exigir que o direito a
uma formação integral em tempo integral se concretize.

1.3.3 O pedagogo e a educação integral


Como você viu anteriormente, a educação integral exige um trabalho diferenciado
de professores e da escola. Assim, nesse contexto, o pedagogo ganha um papel
fundamental – oportunizar formação não só para os alunos, mas também para os
professores.
Podemos dizer que a identidade do pedagogo da escola de educação integral
precisa apresentar alguns aspectos: a própria formação inicial e continuada,
desejo pela carreira profissional, boa relação com as rotinas escolares e processos
de avaliação do seu papel na escola. Todos esses aspectos colaboram para que o
papel do pedagogo seja realizado tendo em vista a qualidade do ensino.
É evidente que o pedagogo que atua na escola de educação integral não possui as
mesmas atribuições que outro que atue em escolas regulares, pois a escola de
tempo integral, hoje, ainda não consegue efetivar seus objetivos e, portanto,
necessita de muita orientação e adequações. Para dar conta de superar tantos
desafios, o pedagogo dessa escola precisará estar ligado a todos os debates sobre
formação integral.
De imediato, a educação integral propõe para o estudante a integralidade em
vários aspectosem sua formação, como cognitivos, culturais, políticos, sociais e
afetivos. E para que isso aconteça, caberá ao pedagogo e ao gestor escolar o papel
de mediar todas as questões que compreendam a formação em tempo integral.

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Figura 5 - A educação integral exige planejamento e olhar pedagógico.


Fonte: pedrosek, Shutterstock, 2018.

Por fim, entendemos que o maior desafio do pedagogo nesse contexto é o de


tornar-se um profissional capaz de instigar professores, alunos e comunidade
escolar ao interesse pelo conhecimento, tendo como prioridade o
desenvolvimento pleno do ser humano. Somente quando a educação passar
a ser significativa para o aluno (consonância entre disciplinas, conteúdos e
atividades extras), ultrapassando os muros da escola e sendo reconhecida no
cotidiano de todos– seja em espaços públicos ou não – é que a formação de
uma sociedade mais justa, autônoma e democrática será realidade.

1.4 A função social da escola 


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Comece este estudo refletindo sobre as questões: qual é a função da escola?


Para que serve a escola na contemporaneidade? Para saber as respostas, é
preciso conhecer o contexto que levou à criação da escola e o papel atribuído
a essa instituição, entre outros aspectos que serão abordados neste tópico.
Durante os processos de transformação da natureza, entre os quais o
processo de industrialização, o ser humano elaborou as leis que regem sua
convivência em sociedade.
Nesse contexto, a escola, que também é uma invenção humana, só se
legitima e se justifica quando consegue desempenhar o seu papel. Sendo
assim, qual é – de fato – o papel da escola? A escola foi criada para quê?
O principal papel da escola é o de formadora de sujeitos, em um ambiente
que possibilite o acesso aos conhecimentos socialmente constituídos, além
da produção de novos saberes. Assim, pensar na função da escola implica
em problematizar todo o processo de aprendizagem, pois ao refletirmos que
tipo escola precisaremos para um futuro próximo, também nos questionamos
sobre qual o papel da escola.

1.4.1 A escola e seu papel na sociedade


Na história da educação, a escola passou por grandes reformas que, de
algum modo, acompanharam também as mudanças na sociedade. Todavia,
muitas dessas reformas, como as que ocorrem na atualidade – a exemplo da
reforma do Ensino Médio – revela o descompasso entre a função da escola e
o que vive a sociedade; ambas caminham em sentidos opostos. Essa
disparidade ocorre porque a sociedade evolui de maneira acelerada,
enquanto a escola ainda conserva práticas do século passado.
Mesmo diante dessa discrepância no ritmo das transformações, a função
social da escola não pode – e não deve – perder o seu foco principal, que é o
de assegurar ao aluno todo o conhecimento sistematizado ao longo da
história humana, saberes que atuam como norteadores da sociedade,
garantindo o bom convívio social. De acordo com Saviani (1991, p. 21), a
educação precisa ser “[...] o ato de produzir direta e intencionalmente, em
cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e
coletivamente pelo conjunto de homens.” Dessa maneira, é importante que o

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profissional da educação possua uma formação comprometida com o


trabalho, tendo em vista propiciar conhecimento sistematizado e relacioná-lo
à realidade dos alunos.
Nesse sentido, atualmente a escola conta com um recurso disponível para o
bem do ensino: o Projeto Político Pedagógico (PPP), um documento no qual
se encontra toda a fundamentação teórica e metodológica da instituição
educacional, além das suas projeções em curto, médio e longo prazo. Por ser
um documento flexível e de grande abrangência escolar, tem o poder de
direcionar o trabalho de todos os sujeitos que compreendem o processo
educacional.
Além das inúmeras informações contidas no PPP, nele também se encontra o
currículo, que, segundo Saviani (1991, p.23), “[...] é o conjunto das atividades
nucleares desenvolvidas pela escola”. É essencial que a escola também
defina, dentro de sua função, o que é elementar para ser estudado na escola,
determinando quais são os conteúdos primordiais, de modo a buscar
harmonia entre os conteúdos básicos, as necessidades e aspirações dos
alunos e tornar a aprendizagem significativa para os estudantes. É
importante lembrar que, ao definir o planejamento do que será estudado,
deve-se respeitar a diversidade cultural que se encontra na escola.

VOCÊ QUER LER?

A revista “Pensar a Prática” publica entrevista com o Dr. José Carlos Libâneo,
na qual o professor explicita sua compreensão sobre a educação situada
nesse momento de crise. Eleensina, ainda, de que modo a escola pode
superar a crise da educação no mundo contemporâneo. Leia a entrevista na
íntegra, disponível no endereço:
<https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/8/2613
(https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/8/2613)>.

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Nesse processo, cabe ao pedagogo acompanhar e zelar para que a função da


escola cumpra com seus objetivos, assegurando a qualidade da educação e o
direito social para todos.

1.4.2 A escola que temos e a escola que queremos


Temos observado no Brasil uma exposição de teóricos que afirmam que a escola
brasileira ainda encontra-se situada no século passado, pois ainda apresenta
comportamentos e posturas de escolas tradicionais como o enfileiramento das
carteiras, quadros de giz etc., o que dificulta a formação dos estudantes para
atender as demandas do século XXI. Atualmente, nossos alunos apresentam maior
prazer em ficar nas redes sociais em vez de aprender algo novo – ou simplesmente
ler um livro.
Também é comum encontrarmos profissionais que não possuem conhecimento
apropriado, sem sequer conseguir elaborar argumentos que sustentem as
tentativas de melhorias da escola, pois apresentam críticas superficiais e distantes
do cotidiano escolar.
Nas escolas públicas, encontramos um sucateamento dos espaços físicos e uma
enorme desvalorização do trabalho docente. Segundo Kohle Oliveira (2014), a
realidade das escolas públicas, em maioria, não é a mesma das escolas privadas, o
que promove um distanciamento da qualidade do serviço público comparado ao
privado. Não podemos ignorar que espaços inadequados para a aprendizagem,
vidros quebrados, falta de refeitórios, ausência de lâmpadas nas salas de aula,
falta de ventilador, inexistência de recursos tecnológicos modernos nas escolas
causa ineficiência, além de provocar desânimo em ensinar e aprender.

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Deslize sobre a imagem para Zoom

Figura 6 - A qualidade desigual entre as escolas públicas e privadas


evidencia a realidade do ensino no Brasil. Fonte: karen roach,
Shutterstock, 2018.

Ao discutirmos educação, precisamos refletir sobre qual é o real papel da


escola para a sociedade, e devemos nos perguntar: qual é a escola que
queremos? Será que em todos os lugares do mundo a educação se encontra
como a do Brasil? Qual é o tipo de profissional que precisamos para atuar
numa sociedade globalizada? Quando nos questionamos e questionamos os
outros sobre essas questões, encontramos diferentes respostas, contudo
dificilmente encontramos a indicação de um caminho a seguir.
Diante da diversidade tecnológica disponível a grande parte dos estudantes,
além do sedentarismo provocado pelas facilidades impostas pela
modernidade, pensar em como a escola pode contribuir para uma mudança
de atitude já é um enorme desafio. Da mesma maneira que pensar sobre
como tornar a vida mais produtiva e o futuro melhor.
É possível afirmar que algumas habilidades continuarão fazendo parte dos
requisitos essenciais para a vida em sociedade nos próximos séculos, como a
capacidade de conviver com as diferenças, ler, escrever, interpretar, possuir
criticidade, possuir bom raciocínio lógico e sempre fazer e aprender para
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além do que está sendo colocado como essencial, pois quem não alcançar o
dinamismo da modernidade não passará por ela, ficará inerte vendo o mundo
acontecer.
Não podemos nos esquecer que os avanços de uma nação partem da sua
capacidade de leitura e escrita, além da sua produção de valores – o que não
requer muitos investimentos. Todavia, a qualidade do ensino e o potencial
produtivo precisam de força e investimentos políticos para que consigam
executar com primor sua proposta. Aí é que entra a necessidade de reformas
educacionais que estejam em consonância com a sociedade. Se houvesse
investimento com qualidade nas necessidades elementares da educação,
como a escola pública de formação básica, com certeza o desempenho do
país seria outro. 

VOCÊ QUER VER?

Em entrevista ao grupo editorial da Record, a professora Viviane Mosé relata


os principais desafios da escola na contemporaneidade, apontando ainda
sobre a escola que temos e a escola que queremos ter. A docente aborda
também temas que abrangem o uso das tecnologias por professores e
alunos, além da necessidade de a escola acompanhar as transformações da
sociedade. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0lsJSsKbH7g
(https://www.youtube.com/watch?v=0lsJSsKbH7g)>.

Por isso é tão importante definir que tipo de escola queremos. Por exemplo,
instalar um equipamento tecnológico, sem que haja a capacidade operá-lo,
não apresenta funcionalidade para a sociedade. Ou seja, o investimento em
novas tecnologias nas escolas só terá resultado a instituição investir também
na formação docente, na capacitação para aplicar esses recursos
tecnológicos com eficácia.
Ter consciência da escola que temos e da escola que queremos é o primeiro
passo para buscar alternativas que nos permitam romper com os entraves e
seguirmos em frente, acompanhando os avanços. São desafios da escola

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contemporânea, como o da ação-reflexão-ação, que você verá a seguir.

1.4.3 Ação-reflexão-ação 
De acordo com o que você estudou, os desafios da escola contemporânea
são muitos. Dentre tantos, destacaremos aqui a importância da ação-
reflexão-ação nas práticas escolares. Professores, pedagogos e escola
precisam desenvolver a prática de avaliação institucional e, ainda, uma
prática de avaliação individual. Realizar críticas no exercício da docência é
necessário para a própria valorização da profissão docente, assim como da
melhoria dos saberes já consolidados e, ainda, da própria escola enquanto
espaço de formação.

Deslize sobre a imagem para Zoom

Figura 7 - A reflexão da prática pedagógica contribui para o trabalho


docente na investigação e produção do conhecimento. Fonte: ESB
Professional, Shutterstock, 2018.

A reflexão da práxis pedagógica favorece o trabalho do professor como


investigador e produtor de conhecimento, pois ele próprio poderá refletir
sobre suas metodologias de ensino e resultados encontrados em sala de

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aula. Repensar e problematizar a ação educativa tendo em vista a formação


continuada exige revisitar os saberes, técnicas, metodologias e estratégias
interativas para que de fato ocorra a formação continuada.
A ação-reflexão-ação, que pode ser compreendida como um método que
garante uma prática mais reflexiva e crítica do professor, compreende os
saberes presentes nas ações profissionais e demonstra o potencial técnico e
de solução de problemas que cada profissional possui ao planejar suas
ações.  Segundo Alarcão (1996), é preciso acreditar no potencial do
“paradigma da formação do professor reflexivo”, pois esse perfil de
profissional produz novos conhecimentos, portanto:

O professor tem de assumir uma postura de empenhamento autoformativo e


autonomizante, tem de descobrir em si as potencialidades que detém, tem de
conseguir ir buscar ao seu passado aquilo que já sabe e que já é e, sobre isso,
construir o seu presente e o seu futuro, tem de ser capaz de interpretar o que
vê fazer, de imitar sem copiar, de recriar, de transformar. Só o conseguirá se
refletir sobre o que faz e sobre o que vê fazer (ALARCÃO, 1996, p. 18). 

Considerando o autor citado, é possível concluir que o profissional reflexivo


possui maior clareza de seu trabalho, de suas limitações e potencialidades,
além de estar sempre disposto a mudar para alcançar seus objetivos. Porque,
se essa não for sua principal intenção ao realizar um trabalho reflexivo, ele
não será necessário. Nesse sentido, a prática reflexiva mediante a
disponibilidade da ação faz com que escola, professores e alunos saiam
vitoriosos no processo de desenvolvimento do ensino-aprendizagem.

Síntese
Concluímos a primeira etapa dessa disciplina, que abordou o papel do
pedagogo e a função social da escola. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
estudar os aspectos que englobam a diversidade cultural, a promoção da
cidadania e a educação integral; 

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entender a importância das políticas culturais;


compreenderos domínios da formação do pedagogo no contexto das
práticas problematizadoras do ensino;
refletir sobre a função social da escola na perspectiva histórica e cultural,
considerando entender como a prática investigativa pode colaborar para a
formação docente.
conhecer melhor a educação integral, seus desafios na sociedade atual e a
atuação do pedagogo nesse contexto;
explorar a função social da escola, relacionando-a com o cotidiano escolar e
as práticas da tríade ação-reflexão-ação.

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caminhos da educação, Grupo Editorial Record, 7 out. 2013, vídeo, 02min
09s. Disponível em: < (https://www.youtube.com/watch?
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