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Curso de Formação
Auxiliar de Autopsia
Médico Legista
Perito Criminal
NOÇÕES
DE
CRIMINALÍSTICA
Goiânia/GO
Agosto / 2015
ESTADO DE GOIÁS
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA
Superintendência de Policia Técnico-Científico
Gerência de Ensino Policial Técnico-Científico
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO pág. 2
12 - PERÍCIAS pág. 18
1 - INTRODUÇÃO
A Criminalística é uma disciplina jovem que surgiu a partir dos trabalhos desenvolvidos
pela Medicina Legal nos séculos passados.
2 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA
2.1 - MUNDO:
MOISÉS: segundo a Bíblia, quando MOISÉS conduzia o povo de Israel para Canaã, Deus
estabeleceu leis e normas de conduta e leis espirituais. Dentre essas leis, uma que dizia:
"Quando na terra que te der o Senhor teu Deus para possuí-la se achar alguém morto, caído
no campo, sem que se saiba quem o matou, sairão os teus anciãos e os teus juízes, e
medirão a distância até às cidades que estiverem em redor do morto". DEUTERONÔMIO
21:1-2 - EXPIAÇÃO POR MORTE CUJO AUTOR É DESCONHECIDO.
EGITO E ROMA: diante de problemas de terras, havia pessoas especialistas nesse ofício.
VELHA ROMA: CÉSAR aplicara método do exame de local, segundo nos informa TÁCITO. É
que PLANTIUS SILVANUS, tendo jogado de uma janela sua mulher, APRÔNIA, foi levado à
presença de CÉSAR, que foi examinar o seu quarto de dormir e nele encontrou sinais certos
de violência. Este comparecimento de CÉSAR a um suposto local de crime, pode ser,
seguramente, o primeiro exame direto de um local de crime, visando tomar conhecimento do
fato ali, efetivamente, ocorrido e, em resumo, a coleta de provas para a formalização da
convicção.
LEI VALÉRIA: criou a primeira polícia de investigação, instituiu com delegação de poderes do
povo, dois QUESTORES PARRICIDII para presidirem os trabalhos criminais, dirigirem o
processo de instrução e procederem ao julgamento do investigado.
1550 – Ambrósio Pare: falava na França sobre os ferimentos produzidos pelos projéteis de
arma de fogo.
1651 – Paolo Zachias: publicou em Roma uma obra intitulada “Questões Médico Legais”,
conquistando assim o título de PAI DA MEDICINA LEGAL.
1858 – William James Herschel: iniciou estudos sobre as impressões digitais, concluindo pela
sua imutabilidade.
1893 – Hans Gross – Juiz de instrução e professor de Direito Penal, autor da obra "SYSTEM
DER KRIMINALISTIK" - SISTEMA DE CRIMINALÍSTICA, considerado o “PAI DA
CRIMINALISTICA”.
2.2 - BRASIL:
1603 – Com as ordenanças, tem-se notícia de atos técnicos, com o Código do Império
prevendo a realização de exames periciais.
1913 – RUDOLPH ARCHIBALD REISS, Diretor do Instituto de Polícia Técnica da Suíça, vem
ao BRASIL ministrar aulas de Criminalística.
1947 – Aconteceu na cidade de São Paulo o 1º. Congresso Nacional de Polícia Técnica,
sendo formulados conceitos de Criminalística e de Medicina Legal;
1966 – Aconteceu na cidade de São Paulo o 2º. Congresso Nacional de Criminalística, sendo
formulados novos conceitos de Criminalística.
2.3 - EM GOIÁS:
2003 – Lei Estadual nº. 14.628: dá-se ao Instituto de Criminalística de Goiás, o nome de
Instituto de Criminalística Leonardo Rodrigues, ex-diretor do órgão.
2008 – Portaria nº. 793, de 11 de novembro, do Sr. Secretário de Segurança Pública: Criação
do brasão da Polícia Científica de Goiás.
3 - EVOLUÇÃO CONCEITUAL
Ocorrendo uma infração penal (crime ou contravenção) nasce para o Estado o Direito
de punir, sendo concretizado pelo devido processo legal.
É em juízo que deve ser deduzida a pretensão punitiva do Estado, para a aplicação da
Isto só é possível através da Ação Penal (promovida pelo Ministério Público), onde o
Estado deve dispor de elementos mínimos que lhe garanta conhecer a ocorrência do fato
criminoso e sua autoria.
Um dos instrumentos, embora não exclusivo, é o Inquérito Policial, o qual tem por
objetivo a apuração dos fatos, suas circunstâncias e definir sua autoria, com vistas a servir de
base à Ação Penal e às providências cautelares.
No âmbito da legislação vigente, o juiz deverá considerar todo o contexto das provas
(material e imaterial) carreadas para o processo judicial, sendo - no entanto - livre para
escolher aquelas que julgarem convincentes. É claro que ele, em sua sentença, irá discutir o
porquê de sua preferência.
6 - CORPO DE DELITO
6.1 - CONCEITOS:
PIMENTA BUENO
Corpo de delito é a demonstração ou
comprovação judicial da existência do crime ou
fato que se considera criminoso com todas as
suas circunstâncias que devem ser
cuidadosamente examinadas e descritas, pois
que esse todo é à base do procedimento
criminal.
Para os diferentes tipos de exames de Corpo de Delito (Perícias) existem três classes
de peritos oficiais:
No momento em que os peritos chegarem à conclusão que tal vestígio está - de fato -
relacionado ao evento periciado, ele deixará de ser um vestígio e passará a denominar-se
EVIDÊNCIA.
Em suma: INDÍCIO é uma expressão utilizada no meio jurídico que significa cada uma
das informações (periciais ou não) relacionadas com o crime.
Latentes: são aqueles que serão visíveis aos olhos treinados de um especialista em
certas circunstâncias e tornar-se-ão facilmente observáveis através de processos nos
quais se utilizam materiais / equipamentos específicos.
Vestígios relativos: não guardam relação absoluta, identificável de pronto com o seu
autor. Essa relação é revelada por meio da identificação da classe a que pertence.
Vestígios absolutos: permitem estabelecer relação absoluta, direta, com o seu autor
ou com a vítima, como por exemplo, impressão digital e material genético contido em
vestígios biológicos.
A) Tipos de Vestígios:
Vestígio Ilusório: é todo elemento encontrado no local do crime que não esteja
relacionado às ações dos atores da infração e desde que a sua produção não tenha
ocorrido de maneira intencional.
Vestígio Forjado: é todo elemento encontrado no local do crime, cujo autor teve a
intenção de produzi-lo, com o objetivo de modificar o conjunto dos elementos originais
produzidos pelos atores da infração.
8 - MODUS OPERANDI
Dentro dessas discussões doutrinárias, são englobadas outras perguntas, tais como:
ONDE? QUANDO? e POR QUÊ? além daquelas já descritas. Evidentemente, dependendo
dos elementos materiais (os vestígios) que os peritos tenham presentes para examinar.
O QUÊ? O que aconteceu naquele evento examinado. Isto é o que os peritos devem
responder após examinarem um local de crime ou um corpo de delito qualquer.
COMO? Como aconteceu aquele evento objeto dos exames periciais. Por intermédio
da análise dos vestígios presentes, os peritos deverão interpretar e relatar como aconteceu
determinado crime. A resposta a esta pergunta é muito importante, pois ela representa a
forma e metodologias empregadas no desenvolvimento do crime.
QUEM? Quem foi o autor do delito objeto dos exames. Essa é uma das principais
perguntas que os peritos criminais devem responder, baseados nos vestígios, para atender o
objetivo final da Justiça. Claro que não serão em todas as ocasiões que existirão vestígios
suficientes para tal, restando para a polícia responder a essa pergunta ao final de todas as
investigações.
9 - LOCAL DE CRIME
9.1 - CONCEITOS:
O local de crime pode ser definido, genericamente, como sendo uma área física onde
ocorreu um fato – não esclarecido até então – que apresente características e / ou
configurações de um delito.
Mais especificamente, local de crime é todo espaço físico onde ocorreu a prática de
infração penal. Portanto, entende-se como local de crime qualquer área física, que pode ser
externa, interna ou mista.
Enfim, local de crime é toda a área onde tenha ocorrido um fato que, pela sua
natureza, assuma a configuração de delito – crime ou contravenção - e que, portanto, exija as
providências da polícia.
9.2 - CLASSIFICAÇÃO:
Local imediato: é considerado o local propriamente dito, ou seja, o local onde ocorreu o
fato e comumente se encontra o corpo da vítima.
Local relacionado: é aquele que tem relação do mesmo fato em outros locais, por
exemplo, em outros locais são encontrados objetos que tenham relação com o fato
ocorrido naquela área.
Local externo: é aquele em que o fato foi consumado em logradouro público (via,
praça, calçada) ou domínios de um terreno baldio sem obstáculos.
o Local idôneo: é aquele no qual os peritos encontram os vestígios da mesma forma que
foram deixados na ação delituosa, ou seja, não sofreram quaisquer alterações após a
consumação do fato.
o Local inidôneo: é aquele que, quando da chegada dos peritos, encontra-se alterado o
estado original das coisas, ou seja, sofreu alguma alteração após a ocorrência do fato,
sendo chamado também de local violado.
Com o advento da Lei Federal nº. 8.862/94, os peritos passam a ter uma garantia legal
para a preservação e o isolamento de locais de infrações penais, tarefa essa a cargo da
autoridade policial, sob pena de responsabilização futura pelo juiz.
No art. 6º, incisos I e II, ficou expressamente determinada tal obrigatoriedade, senão
vejamos:
Este dispositivo veio trazer uma responsabilidade enorme ao perito criminal. Devemos
compreender que esta exigência visa resguardar o local de crime, para que tenha o devido
isolamento e preservação, assegurando a idoneidade dos vestígios a serem analisados.
É importante salientar que o perito não deve deixar de realizar o exame solicitado por
falta de preservação ou qualquer outra alteração. Deve examinar da forma como encontrou e
ter o cuidado de registrar tudo em seu laudo.
Haverá, o perito, de ter muito bom senso nessa análise, e, se for absolutamente
impossível realizar qualquer exame, deve, pelo menos, registrar no livro de ocorrência e
encaminhar relatório ao seu diretor descrevendo como se encontrava o local.
LEGISLAÇÕES PERTINENTES:
Fraude processual
Art. 347, CP - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou
administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou
o perito:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda
que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro.
Lei nº 5970/73:
Art 1º.: Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro
tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do local, a
imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele
envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego.
Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial lavrará
boletim da ocorrência, nele consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas
as demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade.
Além dessas autoridades, podem requisitar perícias o oficial (encarregado) que preside
o Inquérito Policial Militar (Art. 8º, “g”, art. 13, “f” e Art. 321, do CPPM) - e o presidente de
Comissão Parlamentar de Inquérito, municipal, estadual e federal.
A requisição da autoridade policial deverá ser feita por ofício e deverá constar as
seguintes informações:
a) breve histórico do fato delituoso;
b) relação do material enviado para a perícia;
c) nome da vítima ou suspeito;
d) horário, data e endereço do flagrante (Laudo de Constatação e Laudo Definitivo –
nos casos de exames em substâncias entorpecentes);
e) quesitos.
Nova Perícia: depois que o perito expediu o seu laudo, somente o juiz poderá
determinar a sua revisão ou mesmo a feitura de um novo exame por outros peritos, senão
vejamos:
12 - PERÍCIAS
Existem outras perícias elencadas no CPP, tais como: Autopsia – Art. 162 e Exumação
– Art. 163, sendo essas, no entanto, afetas a Medicina Legal.
12.2.1 - BALÍSTICA:
É uma disciplina, integrante da Criminalística, que estuda as armas de fogo, sua
munição e os efeitos dos tiros por elas produzidos, sempre que tiverem uma
relação direta ou indireta com infrações penais, visando esclarecer e descrever
as circunstâncias para perpetração da ação delituosa.
ESTOJOS/
CÁPSULAS
PROJÉTIL
JAQUETADO
JAQUETA
12.2.2 - PAPILOSCOPIA:
Trata-se das perícias relacionadas à identificação de pessoas através dos
estudos das papilas dérmicas, as quais são classificadas por sua posição.
Plantares: plantas dos pés
Palmares: palmas das mãos
Digitais: pontas dos dedos – são as utilizadas para a identificação civil
A partir de fragmentos de impressão digital coletados em locais de crime é
possível confrontá-los com padrões pré-existentes ou a partir de ficha de
suspeitos. Em muitas situações, considerando o conjunto das informações e
demais vestígios, poderemos ter uma identificação positiva da autoria do delito,
a partir de determinado vestígio de impressão digital.
Tipos de exames:
Desabamento de obras civis.
Deslizamento de terra.
12.2.7 - INFORMÁTICA:
Os crimes da área da informática começaram com a massificação do uso de
computadores pessoais. Principais crimes configurados: direitos autorais – uso
indevido de programas de computadores, crimes contra o consumidor – vendas
e manutenção de máquinas e programas, crimes contra o estado – sonegações
de impostos e fraudes - e crimes contra a pessoa – pedofilia, exploração sexual,
espionagem etc..
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÁSICA:
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2003.
DOREA, Luiz Eduardo Carvalho. As Manhas de Sangue como Indício em Local de Crime.
Salvador-BA: FPE: Franco Produções Editora, 1989.
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FIGINI, Adriano Roberto da Luz. SILVA, José Roberto Leitão e. JOBIM, Luiz Fernando.
SILVA, Moacyr da. Identificação Humana. 2. ed. Campinas-SP: Millennium Editora, 2003.
SILVA, Luiz Antônio Ferreira da. PASSOS, Nicholas Soares. DNA Forense. Maceió-AL: ed.
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STUMVOLL, Victor Paulo, QUINTELA, Victor, DOREA, Luiz Eduardo. Tratado de Perícias
Criminalísticas. 1. ed. Porto Alegre-RS: Editora Sagra Luzzato, 1999.
VELHO, Jesus Antônio, COSTA, Karina Alves, DAMASCENO, Clayton Tadeu Mota. Locais
de crime: dos vestígios à dinâmica criminosa. Editora Millennium. Campinas, SP. 2013.
COMPLEMENTAR (APOSTILAS):
ANDRADE, Marise, RIBEIRO FILHO, Joaquim Camelo. Crimes Contra o Meio Ambiente.
Curso de Formação de Perito Criminal, Gerência de Ensino do Policial Civil, Secretaria de
Segurança Pública e Justiça do Estado de Goiás, 2004.
REIS, Albani Borges dos. Criminalística. Gerência de Ensino Policial Militar da SAESP,
2003.
SOUSA, Wanderli Rodrigues de. Criminalística. Gerência de Ensino Policial Civil – Cursos
de Formação de Delegado de Polícia, de Escrivão de Polícia e de Agente de Polícia, 2004 e
2009. Gerência de Ensino Policial Técnico-Científico – Curso de Formação de Perito Criminal
– 2010.
SOUSA, Wanderli Rodrigues de. Criminalística. Gerência de Ensino Policial Militar – Curso
Operacional de ROTAM – COR 5, COR 7, COR 10 e COR 11.
SOUSA, Wanderli Rodrigues de. Formulação de Quesitos. Gerência de Ensino Policial Civil
– Curso de Formação de Delegado de Polícia, 2004 e 2009, e Curso de Especialização em
Gerenciamento de Segurança Pública - CEGESP, 2007. Gerência de Ensino Policial
Técnico-Científico - Curso de Formação de Perito Criminal, 2010.