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Brasil: Modo de Usar

   

Eleições
Você sabe o que fazem os candidatos quando eleitos?

Antonio Carlos Olivieri*


Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Divulgação/Senado Federal

O plenário do Senado, no
interior do Congresso

Em seu artigo 1º, a Lei 9.504/97, que estabelece as normas para as


eleições no Brasil, diz que elas: "[...] dar-se-ão, em todo o País, no primeiro
domingo de outubro do ano respectivo". (O adjetivo "respectivo", no caso,
refere-se ao fato de as eleições municipais não ocorrerem no mesmo ano
que as federais e estaduais.)

Então, em 1º de outubro de 2006, por exemplo, teve lugar a disputa para


os cargos de presidente da República, governadores de Estado,
senadores, deputados federais e estaduais. A imprensa acompanhou a
campanha, que, nos últimos dias, foi maculada por mais um escândalo: a
chamada "crise do dossiê", que levou a eleição presidencial para segundo
turno.

Porém, vamos deixar de lado os fatos e pensar a eleição pelo seu aspecto
institucional. Você, por acaso, sabe quais são as atribuições básicas de
cada um dos cargos que foram pleiteados pelos candidatos? Não? Então
vale a pena apresentá-las resumidamente nas linhas que seguem. Caso
queira conhecê-las detalhadamente você deve remeter-se à Constituição
federal.

Chefe de Estado e de Governo


Para começar, o presidente da República. Ele é o chefe de Estado e do
Governo brasileiro. Nos regimes parlamentaristas, o chefe de Estado, isto
é, aquele que representa a nação, pode ser um presidente, um rei, rainha
ou imperador. Já quem efetivamente cuida dos negócios do governo é o
primeiro-ministro. Num regime presidencialista como o nosso, o presidente
assume os dois papéis.

Nessas funções, o ocupante da Presidência, auxiliado por seu ministério,


cuida da defesa nacional e das relações com outros países, também
define as regras de comércio exterior e quanto o país deve poupar para
pagar as suas dívidas, que no caso brasileiro não são poucas.

Além disso, ele é responsável pela infra-estrutura nacional (transportes,


comunicações, fontes de energia, etc.), bem como pelas políticas de
saúde, cultura e educação. Finalmente, ele aprova as leis formuladas no
Congresso, e também pode propor leis - o que deveria acontecer de modo
excepcional, uma vez que fazer leis é a função principal do Legislativo.

A função do Senado
O poder Legislativo, por sua vez, é constituído pelo Congresso nacional,
que se divide em duas casas, ou repartições, por assim dizer: o Senado e
a Câmara dos Deputados. Os senadores representam os interesses dos
Estados pelos quais foram eleitos. Entre suas principais atribuições estão
debater e aprovar os projetos que passaram pelos deputados federais.

Também lhes cabe fiscalizar as ações do presidente da República, aprovar


a nomeação dos ministros do Supremo Tribunal Federal, bem como os
acordos internacionais que vão vigorar no território nacional. Ainda é de
sua responsabilidade autorizar empréstimos externos tomados por
governos estaduais e municipais.

Finalmente, se a Câmara dos Deputados aprovar um processo de


impeachment contra o presidente da República, por crime de
responsabilidade, são os senadores que vão julgá-lo, como aconteceu no
caso de Fernando Collor de Mello, em 1992. (Só para lembrar, Collor
renunciou no último momento para evitar o impeachment.)

O papel da Câmara
Quanto aos deputados federais, são eles que fazem, debatem e aprovam
as leis nacionais, bem como aprovam emendas à Constituição federal.
Eles também aprovam o orçamento anual da União proposto pelo poder
Executivo (Ministério do Planejamento).

A Câmara fiscaliza as contas e os atos do presidente, do vice e dos


ministros, podendo convocá-los a se explicar e abrir Comissões
Parlamentares de Inquérito, as CPIs, que se tornam cada vez mais
comuns no dia-a-dia da vida política nacional.

O Brasil é uma República Federativa. Isso significa que o país é a reunião


de vários Estados num só. No entanto, cada um deles conta com uma
autonomia interna, um governo próprio e suas próprias Constituições.
Nesse sentido, pode-se estabelecer um paralelo entre as funções do
presidente da República e do governador de Estado, assim como as dos
deputados federais e estaduais.

Os governos estaduais
De qualquer modo, para dar uma idéia mais definida do papel dos poderes
Executivo e Legislativo nos Estados, pode-se dizer que o governador, com
seu secretariado, gerencia a administração estadual, colocando em prática
planos para estimular as vocações econômicas das regiões estaduais.
Para isso, ele defende os interesses do Estado junto à Presidência e
busca investimentos e obras federais.

Nos dias que correm, dado ao aumento da criminalidade e ao avanço do


crime organizado, é importante lembrar que o governador é o responsável
pela segurança pública, controlando as Polícias Civil e Militar, bem como
construindo e administrando presídios.

Já aos deputados estaduais cabe fiscalizar as ações do governador e


secretários de Estado, podendo convocá-los a prestar contas e a abrir
CPIs. Eles também fazem, debatem e aprovam as leis de interesse
estadual, assim como criam os impostos e taxas estaduais. Finalmente,
junto com o governador, eles elaboram o orçamento do Estado.

*Antonio Carlos Olivieri é escritor, jornalista e diretor da Página 3


Pedagogia & Comunicação. olivieri@pagina3ped.com

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