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ENCONTRO REGIONAL TRIÂNGULO DE SAÚDE MENTAL:

+DIREITOS+LIBERDADE+DIVERSIDADE=DEMOCRACIA

Propostas elaboradas no dia 30 de setembro de 2021 em evento


preparatório do Triângulo Mineiro para a 1ª Conferência Popular
Nacional de Saúde Mental Antimanicomial. Evento preparatório
disponível no canal FASM NACIONAL pelo youtube
30 de setembro de 2021

EIXO DIREITOS:

1. Interromper o financiamento de OSs e Terceiro Setor em geral, para que ocupem seu
papel complementar nas redes de Saúde, recuperando para o Estado seus deveres
constitucionais previstos na CF 88, que têm sido progressivamente entregues às
administrações privadas, com grande prejuízo para a população.
2. Interromper a administração privada por OSs e PPPs das redes da Atenção Psicossocial
de Saúde Mental, por seu desconhecimento dos princípios da Saúde Pública e por
atuarem segundo pressupostos de lucratividade, afastados da lógica do bem comum
coletivo.
3. Valorizar os profissionais que estão tendo seus cargos terceirizados por meio de OS e
contratos de gestão, o que acaba precarizando e interrompendo os serviços, sem
respeitar os vínculos já construídos entre usuários, familiares, profissionais e serviços.
4. Retirar as Comunidades Terapêuticas como parte das redes de Atenção Psicossocial,
uma vez que não obedecem aos critérios e exigências do campo da Saúde.
5. Revogar a Emenda Constitucional 95, que impõe um teto para os investimentos nas
políticas públicas por 20 anos, impedindo que esses investimentos acompanhem o
crescimento e as necessidades da população brasileira.
6. Defender o direito a cuidados em liberdade, os direitos da população em situação de
rua, o direito à moradia, o direito a ter as garantias constitucionais respeitadas, bem
como o acesso à assistência social e à saúde
7. Estabelecer/Fortalecer os espaços de cuidado aos cuidadores, em especial os
trabalhadores/as da RAPS
8. Construir diálogos em rede para o cuidado, saindo da lógica que segmenta e não vê os
usuários como sujeitos integrais
9. Favorecer/fortalecer a participação nos espaços de fiscalização e deliberação das
políticas de saúde, como os conselhos de saúde municipais e estaduais, tanto de
usuários, como de familiares e comunidade

EIXO LIBERDADE:
10. Suspender o financiamento abusivo e intencionalmente privilegiado das Comunidades
Terapêuticas, que provoca uma ilegítima inversão no modelo de cuidado das políticas
para álcool e drogas construídas em décadas, trazendo de volta a segregação, a
estigmatização e o isolamento da população usuária de drogas, em total desrespeito
aos seus direitos humanos e à sua liberdade individual e de opção de tratamento.
11. Fechar todos os hospitais psiquiátricos existentes em nossa região Triângulo e no país,
fazendo cumprir o espírito da Lei 10.216 que indica o fechamento progressivo desses
leitos e sua substituição por serviços abertos de base territorial.
12. Investigar as ligações e interesses da Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP com o
governo federal, que resultaram em favorecimentos à sua classe profissional,
especialmente àqueles proprietários de hospitais psiquiátricos, comunidades
terapêuticas e clínicas para internação de pessoas em sofrimento mental,
denunciando claramente seus interesses corporativos e financeiros, em detrimento do
direito das pessoas ao tratamento em liberdade.
13. Proibir legislação do governo federal que flexibilizou o uso de ECT no país.
14. Fortalecer as famílias com políticas públicas para favorecer o cuidado no ambiente
familiar e comunitário, com recursos financeiros e apoio de serviços e profissionais
vinculados à RAPS (como acompanhamento terapêutico, consultórios de rua, redução
de danos) e ao SUAS
15. Ampliar serviços que envolvem casas de acolhimento/passagem, repúblicas e
residências terapêuticas que funcionem segundo o preconizado no SUS e Lei 10.216
16. Manter as políticas de álcool e outras drogas na área da redução de danos
17. Inserir as PICS e alternativas populares nas leis orçamentárias, com intuito de
fortalecer as PICS que respeitam os princípios do SUS, Lei 10.216, CDPC e LBI, e assim
poder diminuir o uso de medicamentos/internações/entre outras
18. Criar/fomentar as Frentes Parlamentares nos municípios
19. Construir com parlamentares comissões ou subcomissões na área de saúde mental
para fomentar as Frentes Parlamentares e a defesa dos direitos dos usuários e
familiares da saúde mental

EIXO DIVERSIDADE:
20. Saúde Mental da população LGBTQIAP+
21. Inserção das pessoas com transtorno mental ao trabalho formal
22. Fornecer cursos de direitos humanos para usuários e familiares
23. Produzir cartazes, material de divulgação e construção de lives com usuários e
familiares dos serviços para garantir a participação e diálogo nos processos de luta
política em defesa da luta antimanicomial

EIXO DEMOCRACIA:
24. Suspender imediatamente todas as portarias da chamada “nova política” de Saúde
Mental, desde a Portaria 3588 de 21 de dezembro de 2017, bem como todas as
portarias e resoluções que a ela se seguiram, por afrontarem os princípios e o espírito
da Lei 10.216 e terem sido impostas sem qualquer discussão com a sociedade e com os
setores envolvidos neste campo.
25. Recuperar o controle dos espaços de decisão e fiscalização das políticas de saúde
mental, como os conselhos e órgãos e mecanismos de fiscalização, muitos deles
fragilizados e ocupados por indicações tendenciosas do governo federal, tirando-lhes a
autonomia e o financiamento.
26. Investigar exemplarmente o CFM e os médicos que apoiaram os chamados
“tratamentos precoces”, expondo à morte milhares de brasileiros com a
desinformação ou contrainformação e com seu criminoso silêncio sobre sua conhecida
ineficácia.
27. Ampliar a cobertura do SUS, especialmente na Atenção Básica e nas redes de Caps,
credenciando os mais de 90 Caps que tiveram seus processos de credenciamento
paralisados pelo governo federal, sufocando ainda mais as redes de Atenção
Psicossocial do país.
28. Discutir e propor que os currículos dos cursos da área da saúde, grupos de estudo e
pesquisa, tenham conteúdos obrigatórios sobre o SUS, a Saúde Mental, os direitos
constitucionais, filosofia e a ética da saúde pública
29. Incentivar a inserção dos graduandos na RAPS (como o PET-Saúde Mental, residências
multiprofissionais em S. Mental) que precisam ser retomadas e receber investimentos
30. Ter nos espaços legislativos representantes que defendam os princípios do SUS e da
luta antimanicomial e possam discutir as diretrizes e o próprio orçamento destinado às
políticas públicas de saúde mental
31. Mobilizar/ articular vereadoras(es) e deputadas(os) da região do Triângulo Mineiro
para levar o debate, as propostas e reivindicações da área da Saúde Mental às
Câmaras legislativas regionais
32. Mobilizar os gestores a colocarem recursos para fortalecimento da RAPS no "pós
Covid", em função do aumento das questões ligadas à Saúde Mental. A maioria dos
recursos vem para aplicação nas questões da Covid, mas não especifica em que
exatamente. A RAPS fica esquecida, deixando os profissionais exaustos com as novas
demandas. Ademais, houve redução das equipes, remanejamentos e demissões em
virtude da diminuição do fluxo de atendimento nos CAPS, devido às medidas de
biossegurança impostos pela pandemia. O Estado de Minas Gerais publicou um
pequeno recurso para fortalecimento (aumentos) da equipe dos CAPS, destinado ao
acompanhamento dos profissionais de Saúde, mas não pagou. O Ministério da Saúde
pagou uma parcela a mais do valor dos CAPS em dezembro de 2020, mas foi só.
33. Estabelecer urgentemente o acesso e democracia digital nos serviços de saúde mental
e da rede SUS, para integrar os serviços em contextos como estamos vivendo na
pandemia, com disponibilização de computadores atualizados e serviços de internet
adequados para a realização de atividades online
34. Criar estratégias via Internet e Whatsapp entre usuários/as e os serviços, além da
gestão garantir às unidades o acesso à Internet, no processo de democratização das
mídias.
35. Integrar usuários, familiares e profissionais no grupo de Whatsapp Saúde Mental no
Triângulo e na FASM para compor nas lutas e calendários de atividades
36. Estudar/capacitar sobre o tema do sofrimento e transtorno mental relacionado à
CDPD - Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, fazendo valer os direitos
previstos tanto na Convenção como na Lei Brasileira de Inclusão, aos usuários e
familiares, em especial.
37. Lutar/articular/pressionar pela implementação da lei de atenção psicossocial nas
escolas na região do Triângulo Mineiro e no Brasil, em especial no âmbito legislativo,
combatendo propostas que têm surgido, contrárias ao cuidado em saúde como
previsto no SUS, Lei 10.216 e CDPD, LBI e Resolução ONU 186/2018, tal como a
proposta legislativa que prioriza acolhimento religioso nas escolas (Projeto de
Capelania em Uberlândia).
38. Implementar Lei 13.935/2019- que dispõe sobre psicólogos/as e assistentes sociais nas
escolas, como forma de enfrentamento aos sofrimentos causados pela pandemia.
39. Expandir a abordagem da saúde mental na atenção primária, como uma das
prioridades para garantir acesso aos serviços e a integralidade da atenção nos
territórios
40. Estimular a formação de movimentos, coletivos, fóruns e organizações de usuários e
familiares
41. Ressaltar/reforçar a política de saúde mental para infância e adolescência nos âmbitos
federal, estadual e municipal, em especial nos serviços da atenção primária em saúde.
42. Ampliar a rede de CAPSi na região do Triângulo Mineiro. Deve-se ressaltar que são
serviços esquecidos e pouco priorizados na gestão de saúde, sendo um dos maiores
vazios na área de atenção à saúde mental na nossa região, em desrespeito aos
princípios previstos no ECA de prioridade absoluta a crianças e adolescentes
43. Criar/fortalecer/retomar as redes de diálogo entre saúde mental e escolas, como as
estratégias do Programa Saúde na Escola.
44. Divulgar as ações e acolher as demandas das temáticas das escolas relacionadas à
saúde mental (álcool e outras drogas, suicídio, entre outros), numa perspectiva que
siga os princípios do SUS, da Lei 10.216, CDPD e LBI
45. Defender que o trabalho de prevenção em saúde nas escolas seja realizado por
profissionais da educação e da saúde, retomando decididamente o financiamento e
parceria do Programa Saúde na Escola, retirando definitivamente os programas de
prevenção de uso de drogas da Polícia Militar, uma vez que não seguem os princípios
do SUS (como redução de danos e escolha livre e consentida dos serviços e de seu
tratamento).
46. Fomentar cursos/rodas de conversa/capacitações com profissionais da comunidade
escolar sobre o papel do serviço social e psicologia dentro das escolas, numa
perspectiva comunitária e territorial, com articulação com as redes SUS e SUAS para
oferta dos serviços especializados
47. Fortalecer a metodologia de apoio matricial na atenção primária em saúde
48. Garantir que os os cargos de gestão, monitoramento, acompanhamento e fomento
dos serviços de saúde mental nos âmbitos federal, estadual e municipal sejam
ocupados por profissionais com formação e capacitação em saúde mental
49. Garantir que o recurso do governo federal para a atenção básica de saúde seja
direcionado com obrigatoriedade de uso especificamente e exclusivamente na atenção
básica.

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