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2019
XI. Simpósio de Iniciação Científica
Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto
08 e 09 de novembro de 2019
Apresentação
Comissão Científica
Prof. Dr. Anderson Manzoli
Profa. Dra. Carla Duque Lopes
Profa. Dra. Catherine D’Andrea
Prof. Dr. Everton de Brito Oliveira Costa
Profa. Dra. Jessamine Thaize Sartorello Salvini
Profa. Dra. Juliana Issa Hori
Profa. Dra. Marilia Gomes Godinho
Profa. Dra. Pâmela Borges Nery
Profa. Dra. Patrícia Rossi Carraro
Prof. Dr. Renato Augusto Zorzo
Prof. Me. Saulo Valmor Batista
Realização:
Presidente do Evento:
Apoio:
Resumo: A partir de revisão de literatura, o objetivo desse estudo foi investigar a importância da família
para o desenvolvimento infantil. Realizou-se um levantamento bibliográfico, através dos sistemas
informatizados de busca: SciELO, PePSIC e no buscador Google Acadêmico, no período de 2008 a 2018,
cujos descritores foram: desenvolvimento infantil, família, parentalidade, estilos parentais. Os resultados
revelaram que o papel da família é de extrema importância para a educação e desenvolvimento da criança
e a partir da integração com as pessoas de convívio próximo, ela começa a aprender a lidar com a sociedade,
na qual está inserida. Os estilos parentais são relevantes no contexto da formação do indivíduo. Conclui-se
que a família e o ambiente são partes importantes para o desenvolvimento do ser.
Palavras-chave: Desenvolvimento infantil. Família. Parentalidade. Estilos parentais.
Revista Multidisciplinar de Iniciação Científica, Ribeirão Preto, v.11, n.11, Jan-Dez. 2019
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8. Prática parentais: uma revisão da MAFIOLETTI, Samira Arquivos Brasileiros v.62 n.1 p.215-
2010
literatura brasileira Macarini; et al de Psicologia 229
9. Questionário de estilos parentais PIRES, Mônica; HIPÓLITO, Artigo apresentado
2010
para pais: validação preliminar João; JESUS, Saul Neves de em Conferencia
10. Cuidado paterno e BASSARDI, Carina Nunes; v.44 n.1 p.205-
2010 Ciências humanas
desenvolvimento infantil VIEIRA, Mauro Luís 221
11. Estimulação precoce: sinais de
Revista de educação
alerta e benefícios para o 2010 PERIN, Andréa Eugênia v.5 n.12
do IDEAU
desenvolvimento
12. A criança em desenvolvimento 2011 BEE, Helen; BOYD, Denise Livro 12. ed. 588p.
13. A criança em crescimento 2011 BEE, Helen; BOYD, Denise Livro 622p.
14. Psicologia do desenvolvimento
humano: tornando os seres humanos 2011 BRONFENBRENNER, Urie Livro 151p.
mais humanos
15. O desenvolvimento cognitivo na Artigo - apresentado
GOMES, Ruth Cristina Soares;
visão de Jean Piaget e suas 2011 no VIII Encontro 10 p.
GHEDIN, Evandro
implicações a educação científica Nacional de Pesquisa
16. Percepção materna em relação ao FROTA, Mirna de Revista Brasileira em v.24 n.3 p.245-
2011
cuidado e desenvolvimento infantil Alburquerque; et al promoção da saúde 250
VELUDO, Marcelo Batista;
17. Parentalidade e o desenvolvimento v.22 n.51
2012 VIANA, Terezinha de Paidéia
psíquico na criança p.111-118
Camargo
18. A importância das relações LEITE, Samuel de Castro
interpessoais satisfatória: uma revisão 2012 Bellini-; VARGAS, Pedrita CES revista v.26 n.1
da literatura sobre habilidades sociais. Reis; IRENO, Esther de Matias
19. Considerações sobre Publicações
2012 ROSSI, Francieli Santos v.1 n.1
psicomotricidade na educação infantil acadêmicas
20. Estímulo ao desenvolvimento
FALBO, Bruna Cristine Peres; Revista Brasileira de v.65 n.1 p.148-
infantil: produção do conhecimento 2012
et al enfermagem 154
em enfermagem
PAPALIA, Diane E.;
21. Desenvolvimento humano 2013 Livro 12 ed. 800p.
FELDMAN, Ruth Diskin
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A segunda etapa caracteriza-se pela leitura e biológico. Existem traços hereditários e influências
análise dos materiais selecionados com o objetivo ambientais que circundam o desenvolvimento
de reunir informações relevantes que contribuam humano. Contudo, qual exerce mais influência? A
para o presente estudo, compreendê-las e cada estudo descobrem-se mais maneiras para
categorizá-las, da forma que serão apresentadas mensurar a influência exercida pelas experiências
neste artigo. e pela genética. “Teóricos e pesquisadores
contemporâneos estão mais interessados em
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seguir, será apresentado o conceito de descobrir meios de explicar como genética e
desenvolvimento humano e infantil e os aspectos ambiente operam juntos do que argumentar sobre
que circundam tal assunto. Num segundo qual dos fatores é mais importante” (PAPALIA;
e estilos parentais e sua influência para o nota-se que existe uma evolução contínua, que nem
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de um organismo ao meio que está inserido. Para que a natureza contribui para haver variações de
que isso aconteça é preciso que o indivíduo tenha um indivíduo para outro (BEE; BOYD, 2009).
capacidade de assimilar conteúdos, criando Bronfenbrenner (2011) ressalta que o
esquemas de aprendizagem, chamado de regulação desenvolvimento é mais do que mudança. É o
ativa, na qual o indivíduo estará sempre em estudo sobre diferenças individuais com
desenvolvimento. influências ambientais e genéticas. Ao mesmo
Já Molon (2017) defende a teoria de Vygotsky, e tempo percebe-se que os seres humanos estão em
considera que seria outro autor importante quando um mundo imenso e cheio de oportunidades,
se trata de desenvolvimento. Esta teoria se constrói podendo melhorar a sua própria vida e a dos que
dentro das relações e suas significações, sendo que estão juntos com eles nesta jornada. Nesse sentido,
o aspecto da linguagem traz em si toda a riqueza se dá a importância do estudo do desenvolvimento
do desenvolvimento social e o princípio humano, sempre com o foco nos seres humanos,
organizador de desenvolvimento da consciência a nos seus ambientes reais e suas interações. É
qual é inseparável da palavra. necessário estudar e observar os indivíduos da
Entender os processos do estudo de forma mais natural possível.
desenvolvimento humano é de extrema Souza e Veríssimo (2015, p. 2), “o
importância para encontrar formas de ajudar desenvolvimento infantil é parte fundamental do
professores, terapeutas, pais e profissionais que desenvolvimento humano, destacando-se que, nos
atuam nessa área, desenvolvendo teorias e primeiros anos, é moldada a arquitetura cerebral, a
conduzindo pesquisas, tendo sempre o foco em partir da interação entre herança genética e
prever, influenciar e descrever o desenvolvimento influências do meio em que a criança vive”.
(BEE; BOYD, 2009). Com relação ao desenvolvimento infantil, os
Bee e Boyd (2011) consideram que o campo da teóricos desta área ressaltam a importância dos
ciência do desenvolvimento humano utiliza teorias diferentes tipos de desenvolvimento, a saber:
e pesquisas de disciplinas e perspectivas diferentes, cognitivo, motor, emocional e social.
assim como: psicologia, antropologia, sociologia, Conforme Gomes e Ghedin (2011), o
medicina, biologia e economia. Ao se apropriar de desenvolvimento cognitivo considera que quanto
métodos científicos em seu estudo correlaciona mais interagimos com o mundo, mais a inteligência
mudanças de comportamento, emoção, se desenvolve. Além disso, o ser humano aprende
personalidade e pensamento. mais quando são estimulados a produzir e não
A ideia de tendências inatas tenta explicar os somente reproduzir um processo.
padrões e sequências do desenvolvimento. Para Rossi (2012), se o desenvolvimento
Consideram que todas as crianças passam pelo psicomotor for mal construído, pode acarretar
mesmo processo para se desenvolver e só se difere problemas em diversas áreas importantes para a
dentro do conceito de maturação, a qual se constata vida do ser humano, como por exemplo:
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necessidades, na qual envolve o cuidar, o guiar e questionar suas decisões. Valorizam a obediência
proteger a criança em todo seu caminho de como uma virtude para conter os impulsos e
amadurecimento, com compromisso e carinho desejos dos filhos. Acreditam que manter a criança
(BARROSO; MACHADO, 2010). em um lugar que possa restringir sua autonomia e
Mondin (2008) enfatiza que as complexidades atribuem mais atividades domésticas, para deixar
sociais em que as famílias estão inseridas e os claro o respeito que ela deve ter em relação ao
riscos novos que podem aparecer em decorrência trabalho (BAUMRIND, 1966).
do ambiente, vêem uma importância e atenção Já o estilo autoritativo é o mais aceitável em
maior ao papel dos pais em relação à educação e relação à educação da criança. É como se fosse
desenvolvimento do filho. Tanto a família como o uma junção dos estilos: autoritário e permissivo.
ambiente têm como proporcionar condições Os pais tentam direcionar as atividades das
estimuladoras para o desenvolvimento saudável da crianças de uma forma mais racional, quando ela
criança. Os relacionamentos nos contextos não quer obedecer. Eles trazem todo um raciocínio
familiares podem possibilitar quais político para entender o porquê a criança não quer
comportamentos à criança pode levar como obedecê-los e explicam o motivo que ela deve
adequado ou não adequado. obedecer. Tanto a autonomia da criança quanto a
Cada família tem uma forma de educar seus filhos, sua conformidade com a disciplina é considerada
conforme experiência de vida, a forma como os pelos pais. Eles sempre vão ressaltar as qualidades
pais ou cuidadores lidam com o dia a dia, trabalhos, da criança. Esse estilo é usado para resolver
relações conjugais entre outros aspectos. A partir algumas antíteses como: responsabilidade e
desses comportamentos foram definidos os estilos liberdade, prazer e dever (BAUMRIND, 1966).
parentais, que são considerados um componente Por fim, o estilo permissivo, o qual o pai tenta se
fundamental na dinâmica das relações familiares e comportar de uma maneira não punitiva, mais
no desenvolvimento infantil. Eles auxiliam os pais compreensível e aceitável em relação aos impulsos
ou cuidadores a educar a criança (PIRES; e desejos da criança. Ele está mais aberto para que
HIPOLITO; JESUS, 2010). a criança discuta com ele sobre as regras da família
São três estilos parentais apontados por Baumrind e está disposto a ouvi-la também. Além disso, não
(1966), os quais definem três modelos teóricos: faz muitas exigências, permite que a criança tenha
estilo autoritário, autoritativo e indulgente autonomia para realizar suas atividades. Nesse
(permissivo). São como protótipos de controle dos estilo, os pais tentam não controlar tanto a criança
adultos com a criança e sua educação. (BAUMRIND, 1966).
No estilo autoritário, os pais tentam moldar, Esses modelos parentais podem ser tanto positivos
modificar, controlar e avaliar cada passo que a quanto negativos. Com relação aos pontos
criança possa dar. Mostra-se para a criança como positivos, pode-se ressaltar que seriam quando os
uma autoridade superior, na qual ela não pode pais conseguem estabelecer regras para o convívio
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social da criança e desenvolve comportamentos também que existem outros fatores que
através do afeto. Com isso conseguem que a influenciam a educação destes pais, suas práticas
criança tenha autonomia, autocontrole, parentais para com seus filhos, a saber, a sua
autoconfiança e mesmo com as regras passadas própria história de vida, o seu desenvolvimento,
pelos pais, saiba caminhar sozinha e lidar com a bem como as suas experiências atuais, como seu
sociedade fora do seu vínculo familiar. Já os pontos trabalho, escolaridade, renda e parte emocional
negativos, por outro lado, podem causar muitas (PIRES; HIPOLITO; JESUS, 2010).
consequências ruins para o desenvolvimento Por fim, a partir das colocações dos autores, pode-
infantil, a saber, a negligência, o abandono, a falta se ressaltar que os estilos parentais auxiliam muito
de afeto, abusos físicos e psicológicos, fazendo os pais na educação da criança e estimulam o
com que a criança não tenha autonomia suficiente. desenvolvimento dela. Todavia, cabe a eles
As consequências são quase que irreversíveis para conseguirem uma forma adequada de colocar em
o adulto que irá se tornar ao longo dos anos prática a sua educação e encontrar uma maneira de
(LINHARES, 2015). usar os pontos positivos de cada estilo para que não
Diante desses três estilos de autoridade parental, o prejudique o crescimento da criança.
autoritativo demonstra mais pontos positivos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
quando usado na educação da criança, e que mostra A partir dos objetivos propostos neste estudo,
uma predominação maior nas famílias. A forma de pode-se contatar a complexidade do
ensinarem seus filhos mostra que elas trazem desenvolvimento infantil e do papel da família. Os
muito os valores culturais já adquiridos ao longo estudos apontam que as primeiras relações que o
da vida, tornando mais fácil o diálogo entre eles, e ser humano estabelece, acontece no seio familiar,
geram maior entendimento e disciplina nos filhos independente da sua vontade. É a família que
(PIRES; HIPOLITO; JESUS, 2010). determina o contexto social em que ela vai viver.
Contudo, para Mafioletti et al. (2010, p 30) A criança é um membro aceito por aquelas pessoas
Vale ressaltar a complexidade das relações e desde o nascimento já tem um espaço composto
familiares e das variáveis que influenciam
naquele meio. Ou seja, é o primeiro espaço, no qual
nas práticas dos pais em relação ao cuidado
dos filhos, como as características a criança irá desenvolver suas habilidades
específicas da criança e dos pais, a relação
comportamentais, sociais, morais e psicológicas da
estabelecida entre os cônjuges, a história de
criação e desenvolvimento dos progenitores, criança.
bem como o contexto sociocultural em que
As pesquisas revelam que as crianças aprendem
estão inseridos.
através de seus pais/progenitores, não só com o que
Além disso, os pais diante das características
eles ensinam e educam, mas com o que fazem e
específicas da criança, como por exemplo, a sua
como lidam com seus problemas. Outros estudos
personalidade, comportamento, forma de lidar com
apontam que o vínculo e o afeto que os
certos assuntos, podem ser obrigados a mudar
pais/progenitores oferecem, proporcionam uma
algumas dessas práticas parentais. Ressalta-se
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REFERÊNCIAS
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Maceió: Uful, 2008. ref. Acesso: 19 abr. 2020
ANDRADE, S. A. et al. Ambiente familiar e BEE, H; BOYD, D. A criança em crescimento.
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v. 39, n. 4, p. 606-611. Disponível em:
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em: 29 fev. 2020 BOSSARDI, C. N; VIEIRA, M. L. Cuidado
BARROSO, R. G., MACHADO. C. Definições, paterno e desenvolvimento infantil. Ciências
dimensões e determinantes da parentalidade. Humanas, Florianópolis. v. 44, n. 1, p. 205-221,
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Acesso em: 19 fev. 2020 Acesso em: 24 mar. 2020
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Resumo: A partir de revisão de literatura, o objetivo deste estudo foi compreender a importância da
neurociência para o processo de ensino-aprendizagem. Realizou-se um levantamento bibliográfico, através
dos sistemas informatizados de busca: SciELO, PePSIC e no buscador Google Acadêmico, no período de
2000 a 2019, cujos descritores foram: neurociência, aprendizagem e educação. Foram utilizados 14 artigos,
uma monografia, uma dissertação e 4 livros. Os resultados demonstraram que o conhecimento acerca do
funcionamento cerebral possibilita uma melhor compreensão da aprendizagem, bem como dos déficits
cognitivos. Conclui-se que no contexto escolar, a neurociência é um conhecimento fundamental para a
formação e para a prática docente.
Palavras-chave: Neurociência. Aprendizagem. Educação.
São Paulo (USP). Docente do Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto, patricia.carraro@live.estacio.br.
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da neurociência e da educação, bem como sua (...) elas não propõem uma nova pedagogia
função e quais os aportes que oferece a esta área. nem prometem soluções definitivas para as
dificuldades da aprendizagem. Podem,
A neurociência contribui na compreensão de como contudo, colaborar para fundamentar
as crianças apreendem o mundo, bem como seu práticas pedagógicas que já se realizam com
sucesso e sugerir ideias para intervenções,
desenvolvimento e representações mentais. demonstrando que as estratégias
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pedagógicas que respeitam a forma como o indivíduo, auxiliadas pela educação oferecerá a
cérebro funciona tendem a ser mais
criança uma aprendizagem significativa. A
eficientes. Os avanços das neurociências
possibilitam uma abordagem mais científica neurociência cognitiva junto com a educação pode
do processo ensino-aprendizagem,
contribuir de maneira significativa no trabalho
fundamentada na compreensão dos
processos cognitivos envolvidos docente e na formação de possíveis estratégias
(COZENSA; GUERRA, 2011, p. 34).
pedagógicas (SANTIAGO-JÚNIOR; BARBOSA,
As neurociências passaram a ser estudadas a partir
2017).
da chamada Década do Cérebro (1990-1999).
A partir das colocações dos autores citados, nota-
Nesse sentido, várias áreas se dedicaram aos
se que a neurociência surgiu de modo a estudar o
estudos do Sistema Nervoso. As pesquisas
funcionamento do Cérebro e do Sistema Nervoso
apontam que ao nascer, o bebê já inicia as
Central e, no âmbito educacional atua como um
interações com diversos ambientes e apresenta
suporte as práticas docentes e possibilita ao
diversos comportamentos e, o cérebro junto ao
professor a compreensão do funcionamento
Sistema Nervoso processa esses estímulos,
cerebral e sua influencia para uma aprendizagem
fazendo com que o mesmo seja capaz de aprender
significativa.
de modo significativo, uma vez que nós seres
O cérebro e a aprendizagem
humanos aprendemos por prazer. O
A seguir serão descritas as ideias acerca da relação
comportamento humano, também está relacionado
do cérebro com a aprendizagem, bem como de que
às atividades do sistema nervoso (VENTURA,
forma esse órgão atua em tal processo.
2010).
O estudo do cérebro é um campo multidisciplinar O cérebro humano é um órgão complexo,
responsável por coordenar muitas
e as pesquisas ligadas à educação e à neurociência informações vindas dos sentidos, sistema
oferecem suporte para o entendimento do cérebro imunológico e também das emoções. Ele é o
centro de controle do movimento, sono,
e da mente, que se torna um alicerce para a fome, sede e quase todas as atividades vitais
realização de processos de ensino-aprendizagem. necessárias à sobrevivência. Emoções, como
o amor, o ódio, o medo, a ira, a alegria e a
A união da educação e da neurociência não obteve tristeza, também são controladas por esse
resultados no passado, porém na atualidade existe órgão, que ainda recebe e interpreta os
inúmeros sinais enviados pelo organismo e
grande interesse pelo assunto, e é o que causa cada pelo ambiente (SOUZA; GOMES, 2015, p.
vez mais a aproximação das duas áreas. Neste 107).
momento, a neurociência torna-se uma base para Com o surgimento da ciência moderna, tornou-se
as pesquisas teóricas sobre os processos cerebrais necessário a realização do estudo do cérebro que
durante a aprendizagem (OLIVEIRA, 2014). mesmo com toda sua complexidade, é capaz de
As pesquisas ressaltam que a Neurociência estruturar inúmeras informações e emoções (como
Cognitiva é responsável pelo estudo da fala, amor, ódio, medo e alegria). Este órgão também
linguagem, emoções e memória, as quais são pode ser considerado, o responsável pela maioria
fundamentais para o desenvolvimento do das atividades necessárias para a sobrevivência
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humana. A plasticidade cerebral exerce uma mudança estrutural do SNC, ou seja, uma
importante influência às práticas docentes, realocação de informações e processos podendo
auxiliando os professores a encontrarem novas e ser consequências de experiências já vividas
inovadoras didáticas (SOUZA; ALVES, 2017). (MORAES; MALUF, 2015).
O cérebro continua sendo caracterizado como um No processo de aprendizagem, o cérebro assume
órgão do corpo humano, e por ser considerado o um papel importante, porém, o ambiente, o
“órgão pessoal”, no qual são armazenadas as aprendiz, o professor e, também o emocional, são
informações, a identidade de uma pessoa, bem componentes determinantes. A memória também é
como seus sentimentos e emoções, está longe de considerada outro fator importante da
ser transplantado. Nesse sentido, o cérebro passou aprendizagem, pois quando processada no cérebro
a ser o sinônimo de indivíduo, e um personagem gera uma lembrança do que já foi presenciado ou
central na definição da identidade de cada ser mencionado, e assim provoca uma mudança
humano (AZIZE, 2010). significativa. Todo esse processo de
O sistema nervoso funciona através dos neurônios, aprendizagem, emoções e memória ocorre no
os quais atuam no processamento e sistema nervoso centra e, este é defendido segundo
armazenamento das informações e, o cérebro é o ponto de vista dos Neurobiológicos (RIESGO,
responsável por interagir com os meios internos 2016).
recebendo informações de dentro do próprio corpo Segundo os Neurofisiológicos, a aprendizagem
e do meio, ao qual está inserido. O cérebro também não é abstrata, e sim algo que acontece e que possui
é responsável por externalizar respostas um alicerce orgânico, estrutural e químico e os
voluntárias ou involuntárias através do corpo, para estímulos que as crianças recebem são
interagir-se com o meio externo (COSENZA; determinantes na sua aprendizagem. Conforme a
GUERRA, 2011). criança é estimulada, cresce suas ramificações
A aprendizagem humana inclui alguns cerebrais, e suas conexões neurais aumentam e
procedimentos e habilidades que estão diretamente possibilita o amadurecimento. Uma forma de
relacionados à memória, que pode ser de curto ou provar que o estímulo é determinante seria
longo prazo. A aprendizagem escolar está comparar as ramificações de uma criança que teve
diretamente ligada a memória declarativa, que se um estímulo desde pequena e outra que não teve
encontra no consciente, já o hábito de estudar e quando foi abandonada (DOMINGUES, 2007).
aprender, faz parte da memória não-declarativa Durante toda a vida o docente experimenta várias
(BRITO; RAMOS, 2014). mudanças. Este está em constante formação
Compreender o processo de aprendizagem de uma buscando sempre inovar para melhorar suas
criança é a melhor maneira para se contribuir de estratégias educacionais. Nesse sentido, a
modo significativo em seu desenvolvimento. A neurociência traz importantes contribuições para
aprendizagem pode ser considerada como uma formação inicial e continuada do professor. Esta
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mostra a educação como ciência da aprendizagem, x aluno, ou ainda questões pessoais e familiares.
uma arte em constante construção, e por estar Para que esta dificuldade possa ser sanada, a
sempre produzindo, o docente deve buscar pessoa principal seria o professor, que deve
entender como os sistemas neurais se reconhecer tais complicações e encaminhá-las à
desenvolvem, para que se houver algum tipo de profissionais capazes de determinar o real motivo
atraso ou dificuldade ele consiga compreender e de tal dificuldade (MORAIS, 2006).
intervir (OLIVEIRA, 2011) No processo de aprendizagem cabe ao professor se
Considera-se a partir dos autores citados preocupar mais com aprendizagem do que com o
anteriormente, que o cérebro é o principal órgão do conteúdo. O professor deve estimular o aluno com
sistema nervoso e apesar de ser complexo, é o seu planejamento e metodologia. A relação
responsável pela maior parte das atividades professor e aluno (um ponto importante na
necessárias para sobrevivência humana, bem como aprendizagem) deve ser uma base de colaboração,
o armazenamento de informações pessoais e pois as ações do professor em sala de aula servem
individuais caracterizando sua identidade, de influência para seus alunos, podendo ser
emoções e sentimentos, externalizando respostas negativa ou positiva no processo de aprendizagem,
voluntárias e involuntárias de modo a fazer com o o que pode tornar essa relação bem complexa. O
corpo se interaja com o meio externo. Nesse professor também deve procurar saber quais são os
sentido, é de suma importância este conhecimento interesses de seus alunos para que possa
para o professor em formação e para a sua prática desenvolver a eficácia no processo de ensino
auxiliando assim no processo ensino- (SANTOS, 2001).
aprendizagem. A aprendizagem colaborativa parte da ideia de que
a aprendizagem é um consenso realizado entre um
O processo de ensino-aprendizagem
A seguir apresentar-se-á o processo de ensino- determinado grupo. É algo construído em conjunto
aprendizagem da criança em idade escolar e de que e não algo que possa ser “passado de cabeça para
Todas as crianças são capazes de aprender e pelo encorajamento do aluno, fazendo com que ele
gostam deste processo, desde que tenham a seu construa seu conhecimento, que seja ativo no
alcance todas as condições necessárias para processo e que coopere de maneira afetiva com o
realização do mesmo. Contudo, quando não grupo. Essa aprendizagem em grupo de maneira
acontece, é evidente que há algo de errado, e os cooperativa proporciona aos alunos a troca de
profissionais ligados ao processo de ensino- informações, na qual cada aluno fica responsável
aprendizagem deste aluno devem se questionar pela sua própria aprendizagem, e de certa forma
sobre os motivos de tal problema, que podem ser contribui com a do outro devido a troca de
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aprendizagem, as crianças devem ser estimuladas teóricos para a ação docente, uma vez que a
a refletir, compreender, raciocinar e resolver compreensão de como o cérebro se organiza e
situações que lhe foram propostas e para uma funciona permite um melhor entendimento da
criança que apresenta algum tipo de deficiência aprendizagem e o conseqüente aprimoramento da
esses estímulos podem não dar resultados. A transposição didática. O autor aponta a
neurociência pode ser uma alternativa buscando necessidade de revisão curricular dos cursos de
estimular a cognição desse aluno, não só a formação de professores, principalmente as
cognição, como também a memória e a licenciaturas, orientando como alternativa a
aproximação da realidade em que essa criança está inserção de disciplinas, ou a reestruturação de
inserida, seja uma criança com dificuldade ou não. disciplinas já existentes, com intuito de propiciar a
Esta busca dá suporte para a realização de inter-relação entre neurociência, ensino e
estratégias pedagógicas durante o processo de aprendizagem.
aprendizagem (CUNHA, 2015). Carvalho e Boas (2018) realizaram uma pesquisa,
Considera-se a partir das colocações apontadas na qual relataram que a educação é um problema
anteriormente, que o processo de ensino- estrutural, ou seja, o problema está em como a
aprendizagem é um sistema composto e educação está organizada. Ressaltam que, para
influenciado pela interação do professor com o contornar essa situação deve haver mudanças
aluno. Cabe ao docente, a função de estimular esse importantes no currículo e na formação dos
aluno de forma que a aprendizagem possa ser professores e visualizar a educação como uma
significativa, aproveitando as experiências e o ciência que valoriza os mecanismos neurais da
conhecimento do mesmo. A neurociência vem aprendizagem. Assim, educadores poderão utilizar
nesse sentido oferecer subsídios para a prática esse conhecimento para adequar seus métodos de
docente. ensino considerando o funcionamento neural.
Nesse sentido, pensando na preocupação da
As pesquisas acerca da neurociência e da
educação formação dos professores foi criado um Centro
A seguir serão apresentadas pesquisas relacionadas para Pesquisa em Educação e Inovação (CEI). Este
à Neurociência e à Educação. Estas retratam a centro seria um mecanismo de auxílio para
importância da inserção da Neurociência na professores serem capazes de identificar
formação e na prática docente. habilidades e déficit de seus alunos. A mudança no
Carvalho (2010) em seus estudos buscou sistema educacional, que se inicia com a formação
compreender a importância da inserção da dos educadores, poderia aumentar a eficiência do
neurociência nos componentes curriculares das ensino e preparar melhor novos profissionais para
instituições que formam os futuros educadores. as necessidades do mercado de trabalho, gerando
Ressalta que esses saberes, que fundamentam um ganhos à economia e à equidade de uma região.
saber pedagógico, proporcionam pressupostos O estudo de Sousa e Alves (2017) visou investigar
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de professores abordem tal assunto, para que seus sempre adquira novos conhecimentos durante toda
professores sejam preparados para identificar sua vida, e apresente interesse em buscá-los por
possíveis habilidades ou dificuldades de conta própria tornando-se autônomo.
aprendizagem. Por fim, os artigos e livros encontrados, no âmbito
Outro aspecto relevante a ser considerado nas educacional, consideram que a neurociência é
pesquisas é que a neurociência é uma vertente da fundamental para que os educadores compreendam
medicina que procura esclarecer o funcionamento o funcionamento do cérebro quando recebe novas
do cérebro para auxiliar diversas áreas do informações, bem como de que forma essas
conhecimento, a entender o desenvolvimento informações são armazenadas e transformadas em
humano de acordo com as bases neurais. A conhecimento, o que pode proporcionar a seus
plasticidade cerebral é apontada como algo educandos uma aprendizagem significativa e
fundamental que possibilita que a criança crie desenvolvimento integral de suas potencialidades.
diversas conexões com os neurônios, o que com o
intermédio do professor, faz com que o aluno
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SILVA, Adriel Douglas Oliveira Soares1; FOCHI, Leonardo Giovinazzo2; CARRARO, Patrícia Rossi3.
Resumo: Este estudo teve como objetivo, a partir de revisão de literatura, compreender a participação da
família, da escola e os efeitos do bullying e do cyberbullying para a compreensão da construção da
indisciplina escolar. Foi realizado um levantamento bibliográfico, através dos sistemas informatizados de
busca: SciELO, PePSIC, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e no Google Acadêmico, no período de 2008
a 2018. Os resultados apontaram que a indisciplina escolar relaciona-se a diversos fatores. A família em
primeiro lugar, pois inicia o indivíduo em suas experiências e relações interpessoais. Em segundo temos a
escola, que precisa estabelecer normas e regras respeitando a individualidade do aluno. Por fim, temos um
olhar contemporâneo sobre as relações estabelecidas através do mundo virtual que quebram barreiras e
estimulam um comportamento agressivo e sem limites. Conclui-se assim que quando se trata de indisciplina
escolar todos são responsáveis.
Palavras-chave: família, escola, bullying, cyberbullying, indisciplina.
São Paulo (USP). Docente do Centro Universitário Estácio de Ribeirão Preto, patricia.carraro@live.estacio.br.
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Virtual em Saúde (BVS), e no buscador Google textos legislativos, normas, instruções normativas,
Acadêmico, publicados no período de 2008 a 2018. regimentos específicos, orientações e demais
Neste sentido, a estratégia de busca foi elaborada documentos.
por meio de consulta aos descritores: indisciplina, Nesta etapa foram encontrados 40 artigos, 5
escola, família, bullying e o cyberbullying. monografias e 10 dissertações. Contudo,
A primeira etapa do levantamento consistiu na considerando-se os critérios citados, utilizou-se 15
reunião de artigos que pudessem ser incluídos nos artigos, 2 monografias e 2 dissertações (cf. Quadro
critérios assumidos acima. Foram descartados 1, abaixo).
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Posteriormente, procedeu-se a leitura e análise dos pais, por outro lado, em sua maioria entendem que
respectivos artigos buscando identificar o tipo de o âmbito escolar que seus filhos frequentam é
contribuição que propiciavam ao tema. Para em satisfatório, portanto não compreendem a
seguida sumarizá-los na forma em que será indisciplina de seus filhos. Os alunos por sua vez,
apresentada neste artigo. sentem-se deixado de lado, insatisfeitos por não
fazerem parte da construção das regras e por não
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Serão apresentadas, a seguir, pesquisas que se serem explicadas de forma mais compreensiva
vários aspectos, desde a família, como o ambiente os gestores, por sua vez concordam que as famílias
escolar, e por fim as influências sociais e culturais por estarem estremecidas e por não serem rígidas
relativas ao meio em que o jovem está inserido. com seus filhos, encontram dificuldade em como
conseguir apoio.
Pesquisas com o foco na Família
Para Carvalho (2010), desde sua infância, o
A família é vista pelos autores estudados como a
indivíduo tende a ter atitudes agressivas como,
primeira relação social do indivíduo. É através dela
morder, bater, chutar e etc., por isso é
que são construídas as primeiras noções do que é
indispensável para os pais à criação de estratégias
ou não permitido, sendo assim, as primeiras
para mudar esses comportamentos. O meio, no
impressões sobre limites dentro das relações
qual a criança está inserida é muito importante para
interpessoais se constrói a partir do convívio
a agressividade. Portanto, é de suma importância
familiar. A criança tende a usar os pais e a família
que os pais ajudem na construção da conduta dos
como espelho, por isso a importância da família
filhos. Atitudes como rejeitar a criança, não saber
estruturada para a construção de noções básicas de
impor limites, não parecer se importar, dentre
relações adequadas.
outras, são essenciais para que a criança não lide
Em seu estudo Siqueira (2017) investigou como a
bem com a sua agressividade e carregue esse tipo
família e as escolas poderiam cooperar para
de comportamento para a vida adulta.
combater a indisciplina. Realizou-se uma pesquisa
Carvalho (2016) destaca que, os atos praticados
em duas escolas de ensino fundamental da rede
pelos estudantes costumam ter grande influência
municipal no Município de Tacaratu-PE, com
de sua família. Muito antes da escola, a família já
alunos, pais e coordenadores e gestores. O método
lida e trabalha com a educação da criança, tendo
quali/quanti foi aplicado para ter uma maior
uma importante participação no processo de
compreensão da causa da indisciplina escolar.
construção de valores e padrões culturais da
Notou-se que os docentes acreditam que a família
sociedade. Os pais tendem a estabelecer limites e
contemporânea esteja estremecida, contribuindo
punições, definir regras e papéis que possam ser
para que seus filhos se transformem em pessoas
obedecidas ou quebradas, formando assim papéis
mais agressivas e reflete no âmbito escolar. Os
que nem sempre são bem definidos, além do fato
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de que a criança passa a maior parte do seu tempo jovem deixando de perguntar o que seus pais
convivendo com a família, construindo acham de determinado assunto que é importante
comportamentos como, obediência, organização, para ele, e assim a opinião dos pais não tem mais a
timidez e apreensão no caso de famílias mais mesma importância. Os pais justificam essa
autoritárias, e diante disso, gera baixa autonomia e ausência de diálogo por ter a vida corrida e por
autoestima, assim como problemas de ansiedade. . estarem dando aos seus filhos o que não tiveram
Rodrigues e Teixeira (2011) entendem que se quando crianças, ao invés de instruir seus filhos
devem estabelecer limites, com afeto e cuidados. como devem ser, acabam trocando valores, e seus
Porém famílias pouco estruturadas e com baixa filhos compreendem como eles podem ter as
escolaridade não conseguem compreender a coisas.
relevância de se relacionar com a instituição de Constata-se ao observar os estudos apresentados
ensino, e assim não se preocupam com os que os autores citam que a família é a estrutura da
obstáculos que seus filhos possam estar pessoa, auxiliando na construção da maior parte
enfrentando, e consequentemente levam seus dos hábitos e modos que serão moldados durante a
filhos a serem alunos indisciplinados. Existem vida. A relação com a família é o primeiro contato
vários fatores que contribuem para os pais social e o berço de exemplo do comportamento.
deixarem de impor limites, falta de tempo, Esta é muito importante na sua formação.
demanda de trabalhos, desestruturação familiar,
Pesquisas com o foco na Escola
indecisão e receio de se equivocar. Portanto, A vida social escolar é um momento importante
muitos pais são complacentes e omissos. Se os pais para todas as pessoas, Depois da família é o
exercessem mais autoridade, estabeleceriam contexto social mais importante para uma criança.
limites através de afetos e cuidados, e seus filhos Segundo Aron, Milicic e Armijo (2012), o clima
não causariam indisciplina e não gerariam social escolar é um tema de extrema relevância
dificuldades na escola. quando se busca entender a construção da
Para Belucci (2009), a família é a formadora inicial indisciplina. Neste, pode-se constatar a percepção
das crianças, é com ela que a criança pode do aluno sobre seu contexto e como se estabelece
desenvolver sua própria personalidade, ser mais suas relações dentro da escola. Vários fatores
altruísta, entender o significado de amor, ou seja, influenciam a construção de um clima social
consegue ter uma relação interpessoal com pessoas escolar positivo, dentre eles pode-se citar: sensação
do seu convívio social. A falta de diálogo é outro de respeito e dignidade, reconhecimento,
problema atual. Os pais assistem aos programas de percepção de justiça e conhecimento de normas e
televisão enquanto seus filhos estão na internet, suas transgressões. Sendo assim, é importante
deixando assim o diálogo de lado, não buscam destacar que existem também fatores que facilitam
formas de interação para incentivar os sonhos dos a criação de um ambiente social escolar tóxico,
seus filhos e a consequência, disso é a criança e o dentre eles têm-se: foco somente nos erros,
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de cada aluno com o relacionamento interpessoal psicológicas, que tem gerado atos criminosos,
em sala corrobora para que esse aluno enfrente suicídios e homicídios, com consequências
cada dia uma nova situação desafiadora, negativas à juventude e à sociedade. Embora o
conflituosa, porém cabe ao professor mediar, termo violência abrigue o conceito de indisciplina,
através de conversas abertas, entendendo o ponto de reação à ordem ou à disciplina, pois o ato de
de vista de cada aluno, respeitando e explicando violência é na verdade uma ruptura na ordem e de
que todos devem respeitar as diferenças e opiniões contrariedade das normas socialmente
mesmo quando são contrárias as suas crenças. estabelecidas, a indisciplina revela-se em atitudes
Constata-se a partir dos estudos, a relevância que a de transgressão, nem sempre com o objetivo de
escola tem para contribuir ou diminuir atitudes que causar danos. Enquanto a violência em seu cerne
levam a indisciplina. Dentro do ambiente escolar traz o uso da força e tem por resultado
os alunos estabelecem vários tipos de relações consequências negativas. Analisar a escola e a
como: aluno-instituição, aluno-professor e aluno- sociedade, com seus traços de indisciplina e de
aluno, e as questões de indisciplina podem violência, permite-nos retratar o fenômeno
acontecer em uma ou mais dessas relações. Saber bullying como fruto das mudanças causadas pela
diferenciar aonde está o problema do aluno dentro inversão dos papéis e valores sociais.
da instituição se torna o primeiro passo para Considerando que a escola apesar de ser uma
controlar atos de que fogem das normas instituição que reproduz mecanismos sociais,
estabelecidas. acaba por produzir suas formas de indisciplina e de
violência. O controle do bullying, seu combate no
Pesquisas com o foco no Bullying
A escola vem ocupando um espaço cada vez maior ambiente escolar conduz à redução das condutas
no cotidiano das crianças, como as redes sociais e desviantes, previne a formação de sujeitos
escolar tende a ter maior visibilidade social, assim Para Wendt, Campos e Lisboa (2010), o bullying é
acontece com a violência e o bullying. A partir uma intimidação que pode ter início de modo não
deste pensamento pode-se constatar que estes têm proposital e que o resultado é um indivíduo
sido termos recorrentes em debates públicos e vitimizado que passa por maus tratos recorrentes
políticos, dentro da mídia e também nas conversas do agressor e são reforçados pela agressão. A
De acordo com Pereira (2014), o bullying é caracterizada pelo contexto social competitivo e
considerado como uma das formas de transgressão cultural egoísta, no qual o aluno esteja inserido, e
institucional. Dentre as formas de violência, o riscos para promoção da clareza do aluno nos dias
bullying tem se destacado, por ser uma modalidade atuais. O aluno que é vítima desses atos pode ter o
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desanimado, e pode não ser observado pelos categorias para especificar o bullying. Na primeira
professores, sendo assim, é necessário promover seria o bullying físico, na qual o agressor agride
um ambiente mais confiável, acolhedor, que haja através de pontapés, tapas e ameaças. Já na
um maior respeito entre todos e respeitando sua segunda categoria, o agressor utiliza de apelidos,
subjetividade de cada um. sarcasmo e caretas para oprimir e por fim, na
Segundo Alves (2016), o conceito de violência e terceira estão os comportamentos de exclusão e
de bullying se torna muito relativo aos indivíduos rejeição. Conclui-se que os agressores costumam
que estão vivenciando o ambiente escolar, pois é não ter empatia por suas vítimas, têm notas baixas,
preciso que se respeite a subjetividade do e geralmente uma constituição física mais
indivíduo, mas ao mesmo tempo também é preciso avantajada. Os oprimidos tendem a ser mais
que se estabeleçam regras e normas iguais, introvertidos e quietos, com problemas de
tornando assim o trabalho dos profissionais autoestima e porte físico fraco, geralmente assim
envolvidos na escola cada vez mais complexo. É como os agressores costumam tirar notas baixas.
preciso que a instituição tenha boa liderança e boa Carvalho, Izbich e Melo (2014) objetivaram
coordenação, aplicando estratégias de regulação e comparar os problemas de comportamentos
prevenção de situações de ofensas, com apoio aos relatados por adolescentes utilizando da Escala de
professores e também a individualidade dos Violência Escolar. Participaram desse
alunos. procedimento 50 adolescentes de duas turmas de
Matos e Gonçalves (2009) investigaram os Ensino Fundamental de uma escola pública
comportamentos do bullying entre alunos das paulista. Os testes utilizados para a maior parte
escolas públicas. Realizou-se uma pesquisa com dessas avaliações são o inventário de
6131 estudantes do 6°, 8° e 10° ano, que comportamento da criação e o inventário de auto-
responderam a um questionário sócio-demográfico avaliação para adolescentes além da lista de
e questões relacionadas à escola e à saúde. Notou- verificação comportamental para professores. Os
se que alunos usuários de álcool e drogas tendem a motivos pelos quais ocorrem o bullying são
ser com maior frequência praticantes ou vítimas de variados, desde a forma como o jovem interage
bullying, praticam violência dentro das escolas, e com as pessoas de sua convivência quanto as
também passam a ter uma insatisfação com a diferenças da perspectiva dos informantes das
percepção que tem sobre a segurança no ambiente ações do próprio jovem, professores e outros
escolar. Em muitos casos é importante que haja jovens. Essas observações estabelecem, se os
algum tipo de intervenção com a família ou mesmo comportamentos do outro são apropriados ou não.
de um trabalho mais específico como, por Constata-se assim que, segundo os testes
exemplo, um psicólogo ou um psicopedagogo. A aplicados, a maior parte dos problemas que torna
violência escolar acontece com mais frequência um aluno vítima ou opressor nos casos de bullying
entre os homens do com as mulheres, e existem três é de difícil acesso aos professores que lidam com
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muitos indivíduos, e muitas vezes têm dificuldade disciplinares em seus alunos, visando estimular
de dar a atenção a todos. É preciso estudar os uma convivência pacifica por meio de normas
comportamentos dos jovens não apenas no coletivas. Quando se trata de ambiente escolar
ambiente escolar, mas no seu contexto familiar e notam-se algumas hierarquias impostas no
social. Não se pode conhecer e intervir sobre o ambiente, a saber: os que classificam os melhores
comportamento de um aluno sem saber o seu e os piores alunos segundo seu rendimento escolar,
repertório comportamental em todos os contextos. têm também as que classificam o indivíduo pelas
Para Krawczun e Platt (2015), muitos alunos não habilidades corporais, entre outras. O foco da
conseguem ver sentido em permanecer na escola instituição deve ser ao máximo diminuir as
por tantos anos, não entendem e não se identificam diferenças, evitar hierarquias e preconceitos com
com os métodos de ensino propostos, acabam por ajuda dos familiares e das políticas sociais, sempre
se sentir submissos a um sistema de normas. A prestando atenção para diferenciar autoridade de
partir deste contexto, o bullying se torna uma responsabilidade, estabelecendo normas e regras
forma do aluno que geralmente não gosta de justas que respeitem o livre arbítrio do aluno e ao
estudar e não se adaptou ao sistema escolar, mesmo tempo estabelecendo limites justo para
descontar suas frustrações em outros alunos. com todos.
Entende-se que a indisciplina sempre existiu A partir das colocações apontadas anteriormente,
durante a história, mas tem atingido proporções ressalta-se que o conceito de bullying se dá pela
alarmantes, pois na sociedade contemporânea a prática de atos violentos, intencionais e repetidos,
ideia de limites vem desaparecendo ao longo do podendo causar danos físicos e psicológicos. Pode
tempo e consequentemente as crianças também ser considerado como uma das formas de
têm acompanhado essas mudanças. Para que se transgredir as normas e uma reação a disciplina
volte a estabelecer um equilíbrio é preciso que as institucional.
instituições e os professores se adequem a nova Este tema vem se tornando cada vez mais presente
realidade, fugindo do excesso de autoritarismo, no ambiente escolar e muitos estudos investigam
buscando o diálogo e novas formas de ensinar e suas motivações, características, e principalmente
interagir, com ajuda de coordenações políticas e como pode ser evitado, pois vários jovens têm
públicas para aliar os interesses comuns. adquiridos patologias e traumas, a partir destes
Crochik (2012) aponta que, o bullying e a tipos de ato de violência dentro do ambiente
indisciplina estão envolvidos por esferas escolar.
psicológicas e políticas, com divisões hierárquicas
Pesquisas com o foco no Cyberbullying
escolares, estabelece-se presença ou ausência de A seguir serão apresentados alguns estudos acerca
autoridades e inúmeras contradições sociais. Sendo do cyberbullying. Pesquisas apontam que o
assim, a escola é uma instituição que tem como bullying considerado um fenômeno dentro dos
objetivo desenvolver as características limites da escola passa a acompanhar os alvos fora
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menos adaptados. Este seria uma das formas de relações interpessoais satisfatórias.
transgressão às normas, de reação à disciplina Por fim considera-se que os materiais analisados
escolar. Uma de suas vertentes é o cyberbullying revelam que existem diversos fatores responsáveis
que se tornou um grande catalizador de problemas de alguma forma pela indisciplina escolar, seja por
psicopatológicos, pois as relações virtuais são frias meio do exemplo pessoal físico ou virtual, como
dificultando o aprendizado do jovem na criação de por meio da maneira que as pessoas se comportam
sentimentos de empatia e no desenvolvimento de coletivamente.
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Resumo: O objetivo do estudo foi analisar a produção científica sobre o bullynig nas escolas em periódicos.
Foi realizado um levantamento bibliográfico no SciELO e PePSIC, no período de 2009 a 2019, a partir dos
descritores: bullying e escolas. Elaborou-se uma ficha catalográfica para cada um dos trabalhos utilizados.
Os resultados revelaram que existe um crescimento significativo das pesquisas sobre o tema ao longo dos
anos. As pesquisas são em sua maioria, exploratório-descritiva, por 2 autores, e pesquisadores do sexo
feminino. Profissionais com Doutorado foram encontrados na maior parte dos artigos e o eixo temático que
se destacou foi causas do bullying, influência e a atuação da escola. A categoria professor ficou em
evidência. O estado de São Paulo foi o local de maior publicação. Conclui-se que as pesquisas nesta área
necessitam de maior empenho e ter continuidade.
Palavras-chave: Bullying. Escola. Produção Científica.
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na verificação das variáveis individuais principais fatores para a causa da evasão escolar é
relacionadas a esse processo, assim como no bullying. Todavia, existe a despreparação do
desenvolvimento de intervenções que possam professor para enfrentar este problema escolar. Um
minimizar ou prevenir o sofrimento psíquico dos dos papéis do professor no mundo contemporâneo
envolvidos. Constata-se uma carência de pesquisas é lidar e mediar relações que causem o
que possibilitem um maior esclarecimento acerca desequilíbrio harmônico do ambiente escolar,
das habilidades sociais dos envolvidos no processo utilizando metodologias ativas que busca a
de bullying. integralidade escolar embasada no processo de
Segundo Pereira (2014), o fenômeno bullying respeito mútuo, causando um melhor desempenho
ocorre essencialmente no ambiente escolar. Apesar escolar.
de que se considera o ambiente familiar e o A partir das colocações acima, considera-se o
trabalho como suscetíveis da ocorrência deste tipo bullying um problema gravíssimo encontrado no
de violência, dada a sua constituição socialmente meio escolar, todavia, é urgente que deva existir
heterogênea. Este fator é condicionante para que o uma interligação entre escola/família/sociedade,
bullying ocorra, posto que são nas relações de buscando métodos que possibilite a amenização
poderes que o desequilíbrio social se estabelece e deste problema.
características de personalidade e condutas
Pesquisas acerca do bullying
desviantes se evidenciam.O bullying tem se O estudo de Oliveira-Menegotto, Pasini e
destacado como uma modalidade de violência Levandowski (2013) buscou investigar os artigos
caracterizada por agressões físicas ou psicológicas, científicos sobre bullying escolar, publicados em
que tem gerado atos criminosos, suicídios e revistas científicas nacionais até o final de 2011.
homicídios, com consequências negativas à Para isso, pesquisamos a expressão "bullying
juventude e à sociedade. escolar" nos bancos de dados do SciELO e Google
Maluf (2009) ressalta que as crianças estão se Acadêmico. Foram encontrados 37 artigos
tornando cada vez mais agressivas e neste científicos publicados entre 2009 e 2011. A revisão
contexto, estudos apontam que há grande número apontou que o fenômeno vem ganhando cada vez
de aspectos que aumentam o risco do aparecimento mais destaque nas publicações científicas,
de condutas violentas e de jovens envolvidos com despertando o interesse de diferentes áreas de
o bullying, a saber: ter vivido cenas violentas ou conhecimento, como a psicopedagogia, o direito, a
sofrido violência, abuso sexual, físico, excessiva educação física e a pedagogia, que desenvolveram
exposição à violência através de jogos, televisão, pesquisas a partir de diferentes métodos, objetivos
uso de drogas e álcool, fatores socioeconômicos e focos.
prejudicados, família desestruturada, problemas A pesquisa de Silva e Rosa (2013) procurou
psiquiátricos, entre outros. compreender o bullying na formação de
Para Silva, Gomes e Lima (2017), um dos professores, tendo como intuito refletir o que seria
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este fenômeno, as ações que poderiam ser pesquisa realizada pelo autor teve como objetivo
realizadas, e as demandas para a formação docente. descrever as estratégias utilizadas para identificar
Foram entrevistados seis professores em uma situações de bullying no país e discutir o alcance e
escola municipal do Recife e seis licenciandos da limitações destas medidas de avaliação. Foram
Universidade Federal de Pernambuco. Os selecionados estudos publicados entre 2000 e
resultados revelaram que os participantes tiveram 2012, nas bases de dados Lilacs, PepSIC e
dificuldade em definir o bullying e de caracterizar SciELO, utilizando-se "bullying" como descritor.
sua abrangência na escola. Apontaram que o tema Foram encontrados 178 artigos e utilizados 25.
é relevante, embora apontem que está pouco Situações de bullying foram identificadas,
presente nos cursos de formação. Com relação às principalmente por meio de escalas e de
ações, propõem o diálogo e o envolvimento de pais questionários padronizados em outros países, sem
e de autoridades públicas. Conclui-se que o evidências de validade para a realidade brasileira,
bullying é reconhecido como problema e por meio de instrumentos criados pelos próprios
concernente às escolas e aos professores, porém pesquisadores. Verificou-se fragilidade
não se constitui num tópico de estudo sistemático metodológica na produção sobre rastreamento de
na formação de licenciados. bullying no Brasil. Espera-se que este estudo possa
Silva et al. (2013) realizaram um estudo, com contribuir para a elaboração e utilização de
intuito de verificar se os professores de 6º ano do medidas mais eficazes de identificação de
Ensino Fundamental compreendem o que seria o bullying.
bullying em sala de aula, e quais são suas atitudes O estudo de Coelho (2016) teve como objetivo
nessas situações. Os resultados indicaram que os analisar as pesquisas recentes publicadas no Brasil
participantes possuíam uma compreensão sobre o bullying no contexto escolar. Foi realizada
fragmentada do fenômeno e que as lacunas no uma revisão sistemática de literatura mediante uma
conhecimento incidiam na capacidade de busca eletrônica de artigos indexados nas bases
identificação e atuação nas agressões entre alunos. SciELO e PEPSIC, publicados no período de 2009
Denotou-se também que as ações empreendidas a 2014. Considerando critérios de
geralmente ficavam circunscritas ao espaço da sala inclusão/exclusão foram selecionadas 26
de aula ou consistiam em encaminhar a situação à publicações para análise. Tais publicações foram
direção da escola, sinalizando carência de um lidas na íntegra e analisadas com relação à autoria,
projeto escolar de combate à violência e ao ano de publicação, participantes da pesquisa,
articulação entre os profissionais. instrumento utilizado para a coleta dos dados,
De acordo com Alckmin-Carvalho (2015), os principais resultados, foco de análise e discussão.
estudos sobre bullying no Brasil, são recentes e não Os resultados indicam predominância de estudos
existe um acordo quanto aos métodos mais descritivos e correlacionais sobre a temática do
eficazes para a identificação do fenômeno. A bullying escolar publicados recentemente no
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produção científica bullying nas escolas, através artigos em inglês, da área da saúde e
dos sistemas informatizado de busca: Scientific organizacional.
Electronic Library Online (SciELO) e Periódicos Foram encontrados ao todo 119 artigos (68 –
Eletrônicos em Psicologia (PePSIC). Os trabalhos SciELO e 51 – PePSIC). Contudo, a partir dos
compreenderam o período de 2009 a 2019, com os critérios citados foram analisados 32 artigos da
seguintes descritores: Bullying e Escolas. O tipo de base de dados SciELO e 12 na base de dados
Pesquisa realizada pode ser considerado de PePSIC.
natureza quantitativa e qualitativa. Posteriormente, procedeu-se a leitura e análise dos
O instrumento de coleta de dados elaborado foi respectivos artigos, o preenchimento das fichas
constituído por uma Ficha Catalográfica para cada catalograficas buscando identificar o tipo de
um dos trabalhos encontrados, contendo os contribuição que propiciavam ao tema. Após a
seguintes aspectos: número de artigos publicados realização das fichas realizou-se a elaboração das
por ano; tipo de pesquisa; a área de pesquisa tabelas e suas análises.
(saúde, educação e escola); localidade da
RESULTADOS E DISCUSSÃO
publicação, categoria profissional; titulação; Análise da Produção Científica acerca do
quantidade de profissionais envolvidos no bullying nas escolas de 2009 a 2019, no
SciELO e PePSIC.
trabalho; autores por gênero; o nome do periódico;
Nesta parte, serão apresentados a partir das tabelas,
eixo temático e tipo de instituição escolar.
os resultados dos quarenta e oito artigos analisados
A primeira etapa do levantamento consistiu na
sobre o bullying nas escolas.
reunião de artigos que pudessem ser incluídos nos
critérios assumidos acima. Foram descartados
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Ao analisar a Tabela 02, observa-se que os artigos publicados na abordagem exploratória (03).
em sua maioria foi realizado no tipo de pesquisa de Verifica-se que ocorreu um aumento significativo
natureza qualitativa (20). Já a pesquisa de natureza de pesquisas de natureza qualitativa. Ao longo dos
quantitativa encontrou-se 17 artigos, na tempos, constata-se que a pesquisa desta natureza
qualitativa/quantitativa e revisão de literatura (04). vem sendo cada vez mais valorizada no âmbito
Em uma proporção menor encontraram-se artigos educacional.
Na Tabela 3, destaca-se as pesquisas com o tema menor proporção encontraram-se artigos que
bullying realizadas por 2 autores (17), depois por 3 foram publicados por 7 autores ou 1 (03), 4 (04), e
(17), e posteriormente por 6 autores (09). Em por último 5 autores (2).
Na tabela 4, constatou-se que as pesquisas em sua sexo feminino. Foram cento e dez mulheres (110)
maioria foram realizadas por pesquisadores do e somente cinquenta e oitos homens (58). Talvez,
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esse fato esteja relacionado pelo fato que as trabalho. Já os homens buscam de imediato se
mulheres continuam os estudos tendo esse como inserir no mercado de trabalho, deixando os
seu primeiro plano. Além disso, as mulheres vêm estudos como segundo ou terceiro plano.
ocupando um espaço cada vez maior no mundo do
A partir da tabela 5, verificou-se que a maior parte constatou-se que 91 pesquisadores não revelaram
dos profissionais envolvidos com as pesquisas sua titulação. Talvez estes dados revelem que, por
acerca do bullying tem Doutorado (29). estes profissionais trabalharem em Universidades
Posteriormente, pesquisadores com Mestrado (23). existe um interesse maior por publicações
Já Pós-Doutores e especialistas foram encontrados científicas, possibilitando se capacitarem melhor e
(9), e graduados (8). Nos artigos também manterem seu currículo atualizado.
Na tabela 6, verificou-se que o eixo temático que sequência tem-se diversos papéis do bullying (05);
se destaca é “Consequência do bullying - gênero e Valorização do ser: vítima do bullying (03) e A
idade” (10). Posteriormente, Bullying na distribuição social do bullying entre os jovens (02).
contemporaneidade; A visão do professor sobre o Constata-se um grande interesse por parte dos
bullying; Saúde escolar para quem sofre bullying e pesquisadores em estudos na Consequência do
A importância da família contra o bullying (07). Na bullying, talvez pelo fato de buscar auxiliar e
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conscientizar os educadores.
Tabela 7: Distribuição de artigos segundo a categoria profissional dos autores, no período de 2009 a 2019.
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Na tabela 8, verificou-se que a cidade de São Paulo publicação. De um modo geral, nota-se que a
(17) destaca-se como o maior local de publicação, grande maioria das pesquisas foi publicada mais no
seguida da cidade de Maringá (07), Rio de Janeiro estado de São Paulo, em relação ao Estado do Sul,
e Ribeirão Preto (5). Constatou-se também que Centro-Oeste e Nordeste. Supõe-se que este
Porto Alegre (4) Belo Horizonte (2), Florianópolis resultado relaciona-e ao fato do estado de São
(2), Natal (2), Marília; Brasília; Recife e Itatiba (1) Paulo ser um grande centro de universidades
aparecem em menor proporção como local de públicas/particulares e de pesquisas.
Na Tabela 9, notou-se que os artigos encontram-se que parece haver um maior interesse dos
distribuídos em periódicos da área de Psicologia pesquisadores em publicar artigos em periódicos
(25), Saúde (15), Educação (8). Os dados mostram na área da psicologia e na área da saúde.
Tabela 10: Distribuição de artigos segundo a rede de ensino, no período de 2009 a 2019.
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Na Tabela 10, notou-se que os artigos analisados nos cursos de graduação e dar continuidade aos
em sua maioria relacionam-se as escolas públicas estudos.
(19), públicas/privadas (13), sem especificações Nos artigos analisados, verificou-se que a maioria
(11). Os dados revelam que parece haver um maior dos profissionais envolvidos com as pesquisas tem
interesse em pesquisar em escolas públicas. Doutorado, posteriormente encontram-se em
Talvez, pelo fato de estar ocorrendo um maior maior número pesquisadores com Mestrado.
índice nestes locais. Levando mais uma vez a Considera-se que estes dados revelem que, por
importância do estudo do tema bullying. O fato de estes profissionais trabalharem em Universidades,
não ter muitas pesquisas em escolas particulares existe certa “cobrança” das instituições, e um
pode estar relacionado ao fato do pesquisador não interesse maior dos profissionais buscarem a
conseguir realizar seus estudos nestes espaços. capacitação, com vistas a melhores posições nas
Nem sempre as escolas particulares mostram seus universidades.
problemas internos. Para a característica eixo temático, a que mais se
destacou foi: Consequência do Bullying - gênero e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do objetivo do estudo - analisar a produção idade, seguido por Bullying na
científica acerca do “Bullying nas Escolas” - nota- contemporaneidade; A visão do professor sobre o
se que ocorreu um aumento significativo das Bullying; Saúde escolar para quem sofre Bullying;
pesquisas relacionadas a este fenômeno. Nesse A importância da família contra o Bullying, tendo
sentido, esta informação é relevante, pois parece ainda: Diversos papéis do Bullying, valorização do
retratar uma preocupação com o que vem ser: vítima do bullying e A distribuição social do
acontecendo nas Escolas. Os gestores, professores Bullying entre jovens. Supõe-se com estes dados,
pesquisa de natureza qualitativa. Esta abordagem entre as demais. Talvez esta informação esteja
vem tendo espaço cada vez maior nos estudos. relacionada ao fato de o professor de universidade
visões dos envolvidos. publicá-las. Além disso, pode retratar que o tema
pesquisadores do sexo feminino. Talvez, esse dado Com relação à localização da publicação,
esteja relacionado ao fato da mulher ser a maioria verificou-se que a cidade de São Paulo, destaca-se
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como local de publicação, seguida de Maringá, Rio se que a preparação da escola e dos professores é
de Janeiro e Ribeirão Preto. De um modo geral, fundamental para identificar e intervir
nota-se que a grande maioria das pesquisas foi adequadamente nas situações de bullying no
publicada mais no estado de São Paulo, em relação contexto escolar. É preciso dar continuidade às
ao Estado do Sul, Centro-Oeste e Nordeste. pesquisas e aos programas antibullying.
Por fim, a partir dos estudos analisados considera-
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Resumo: A partir de revisão de literatura, este estudo teve como objetivo compreender a relevância do
professor pesquisador e do professor reflexivo no contexto escolar. Como instrumento metodológico foi
realizado um levantamento bibliográfico acerca do Professor Pesquisador, do Professor Reflexivo e da
Formação Continuada no SciELO e no Google Acadêmico, no período de 2000 a 2020. Além disso, foram
utilizados livros. Os resultados revelaram que as capacidades técnicas dos profissionais devem ser
superadas pela: reflexão, empatia, criatividade, humanização, curiosidade aguçada, criticidade e interação
com seu meio. Conclui-se que o profissional deve estar em constante e incansável aprendizado sempre
apoiado em bases teóricas, éticas e científicas.
Palavras-chave: Professor Pesquisador. Professor Reflexivo. Educação continuada.
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A segunda etapa caracteriza-se pela leitura e passando-se ao largo das questões da relação
análise dos materiais selecionados com o objetivo pesquisa – produção de saber. A questão começa a
de reunir informações relevantes que contribuam ser posta como um dos desafios do ensino.
para o presente estudo, compreendê-las e A respeito do que aprendemos com essa
categorizá-las, da forma que serão apresentadas experiência, como professores
pesquisadores que tiveram como objeto de
neste artigo. estudo o estágio com pesquisa, e que
simultaneamente fizeram estágio com
RESULTADOS E DISCUSSÃO
pesquisa, tivemos a oportunidade de
A relevância do professor pesquisador constatar que essa prática, além de contribuir
Serão apresentados abaixo, os estudos para o amadurecimento como professor,
também ajuda compreender a sala de aula
relacionados à relevância de um professor como um espaço de construção da cidadania,
pesquisador. Freire (2001) afirma que “não há princípio básico da educação científica
(OLIVEIRA; GONZAGA, 2012, p.701).
ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino” (p.
O conhecimento científico tem grande poder
29). A pesquisa, como princípio educativo, exige
potencial, pois frequentemente é utilizado na
profunda competência e sua renovação contínua,
definição de políticas e estratégias em diversas
pois necessita diálogo crítico e criativo com a
áreas da sociedade. Portanto, este é um aspecto a
realidade, uma prática constante do “aprender a
ser considerado, pois num mundo onde a
aprender” (DEMO, 2001, p.64).
informação implica capacidade de modificar
A pesquisa em sala de aula é uma forma de
políticas, estratégias e ações, essa força potencial
envolver alunos e professores, questionar o
deve ser regulada de alguma forma, de tal maneira
discurso, as verdades nas formações discursivas,
que os julgamentos que são emitidos, baseados
propiciando dessa maneira a elaboração de
nesse conhecimento, sejam legítimos às fontes de
argumentos que levem a novas verdades. “A
onde eles surgiram. Uma investigação realizada
pesquisa em sala de aula pode representar um dos
sem o rigor necessário pode conduzir
modos de usufruir no fluxo do rio. Envolver-se
conhecimentos que não correspondem à realidade
nesse processo é acreditar que a realidade não é
e conduzir a sociedade a caminhos insertos
pronta, mas que se constitui a partir de uma
(TAQUETTE, 2020).
construção humana” (MORAES; GALIAZZI;
O que se denomina de pesquisa cientifica é a
RAMOS, 2004, p. 12).
atividade básica da ciência de indagação e
De acordo com Gatti (2003), a ideia de “professor
construção da realidade. As questões que se
pesquisador” é uma tarefa complexa, pois esse é
investigam têm suas origens direta ou
professor em determinada área de conhecimento.
indiretamente nos interesses da sociedade. Toda
Um longo e árduo caminho se abre, pois é tomado
pesquisa se inicia por meio de uma pergunta, uma
como suficiente para a docência em nível superior
questão, um problema que se quer responder ou
de algum domínio do conhecimento a ser ensinado,
resolver. Os conhecimentos anteriores servem
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como base na busca da criação de novas respostas professores não ocorre num vazio, mas sim num
(BORGES, 2020). contexto psicossocial em um contexto ecológico
A partir das colocações dos autores citados acima, que os tornam sujeitos reflexivos, construtores do
constatam-se que estes validam com suas seu próprio conhecimento, de índole prática,
contribuições à relevância do professor adquirindo na dinâmica da realidade em que
pesquisador. Uma discussão que perdura até os intervêm, assumindo-se como profissionais que
dias atuais. tomam decisões perante situações complexas.
Alarcão (1996) revela que o professor é um
A relevância do professor reflexivo
A ação, tomada de decisão, atos espontâneos, profissional da ação cuja atividade implica um
comunicação baseadas na reflexão segue nesse conjunto de atos que envolvem seres humanos.
tópico com os seguintes estudos observando a Como tal, a racionalidade que impregna a sua ação
prática reflexiva: Acadêmica: que se refere à Perrenoud (2002) evidencia que o professor
reflexão sobre as disciplinas e a representação e a precisa aprender a reinventar seu plano de ação e
tradução do saber das disciplinas em compreensão reconhecer que esse reinventar é necessário para
do aluno; Eficiência social: que acentua a aplicação que ele possa entender que a aprendizagem é
pela investigação; Desenvolvimentista: na qual o reinventar significa avaliar e mudar ações feitas
professor reflete sobre os alunos (ensino voltado diversas vezes em sala de aula e ao longo de muitos
aos interesses dos alunos); Reconstrução social: anos, transformando-as em linguagem que pode
que acentua a reflexão sobre o contexto social e ser representada por recortar, organizar, excluir e
Segundo Schon (1998), uma das contribuições que uma forma complexa, mas altamente valiosa
se constitui em uma referência aos estudos, foi a Carraro e Andrade (2009) aponta para uma
prática pedagógica, com base em três ideias aprofunda a investigação, muito além das palavras
ação e a reflexão sobre a reflexão na ação. O parte constante das atividades grupais dos
docente que se opõe à racionalidade técnica, isto é, professores, bem como pertencer à formação
seus saberes e sua prática de forma reflexiva. necessidade da formação de um docente reflexivo,
Pacheco (1995) salienta que o pensamento dos capaz de questionar suas ações e analisar a própria
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prática educativa, encontrando novas alternativas Campos (2005) esclarece “[...] há evidencias de
para o processo de ensino. que os indivíduos com melhor formação geral
“[...] ao mesmo tempo, exige uma atitude adquirem competências para o trabalho de forma
observadora e indagadora por parte dos mais rápida, pois possuem habilidades básicas já
professores, que as impulsionem a analisar o que desenvolvidas” (p.110).
acontece e tomar decisões para reorientar a Gil (2001) justifica que para facilitar o processo de
situação quando for necessário” (ZABALA, 1998, aprendizagem pode se valer de alguns princípios
p. 220). da Psicologia da Aprendizagem: diferenças
Na resolução de problemas, na resiliência, a busca individuais, motivação, atenção, feedback,
do professor interessado em se especializar conta retenção, transferência, exposição, discução em
com a teoria a ajudar na prática. A partir das visões grupo,demonstração, estudo de caso,
dos autores, ressalta - se a relevância do professor dramatização...e também as estratégias como os
reflexivo. jogos, leituras e instrução programada entre outros
para proporcionar maior envolvimento.
As contribuições do professor pesquisador e
reflexivo no contexto escolar O pensamento crítico diminui essa deturpação e
A seguir serão apresentados estudos relacionados resgata a liberdade como capacidade de
com as contribuições do professor pesquisador e moldarmos nossa vida e o sentido da sociedade. A
reflexivo no contexto escolar. crítica boa é sempre também autocrítica. Só assim
Nóvoa (1992) transmite que o professor se abre espaço para um conhecimento que melhor
pesquisador e o professor reflexivo, no fundo, corresponde ao real sempre cambiante. Pensar
correspondem aos conceitos diferentes para dizer a criticamente é dar as boas razões para aquilo que
mesma coisa. São nomes distintos, maneiras queremos e também implica situar o ser humano e
diferentes dos teóricos da literatura pedagógica. A o mundo no quadro geral das coisas e do universo
realidade é que o professor pesquisador é aquele em evolução (BOFF, 2004).
que pesquisa ou que reflete sobre a sua prática. Através da prática da pesquisa é possível estimular
Portanto, aqui estamos dentro do paradigma do a melhoria do ensino-aprendizagem dos
professor reflexivo. É evidente que podemos estudantes. Levando os professores a refletir
encontrar dezenas de textos para explicar a maneiras relevantes de abordar as aulas
diferença entre esses conceitos, mas creio que, no desnaturalizando questões aparentemente
fundo, no fundo, eles fazem parte de um mesmo “normais”, como por exemplo, o fato dos alunos
movimento de preocupação com um professor que não aprenderem porque uma determinada matéria
é um professor indagador, que é um professor que seja difícil (SILVA; COMPIANI, 2015).
assume a sua própria realidade escolar como um “outra área em que o movimento de pesquisa-ação
objeto de pesquisa, como objeto de reflexão, como pode ser potencialmente catalisador de mudanças e
objeto de análise. em que ele tem dado uma contribuição
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diversos países nos Estados Unidos da América, no nós constrói a sua identidade profissional define
Canadá, na Austrália, na Holanda, na Noruega e na modos distintos de ser professor, marcados pela
Tailândia. definição de ideais educativos próprios, pela
Goméz (1992) aponta que a situação da formação adoção de métodos e práticas que cola melhor com
do professor faz diversas críticas em relação ao a nossa maneira de ser, pela escolha de estilos
modelo da racionalidade técnica e defende a pessoais de reflexão sobre a ação. É por isso que,
questão do professor como profissional reflexivo, em vez de identidade, prefiro falar de processo
no processo de formação de professores precisa ser identitário, um processo único e complexo graças
renovado e que o pensamento reflexivo precisa ser ao qual cada um de nós se apropria do sentido da
valorizado, levando o professor à conscientização sua história pessoal e profissional.
dos próprios atos, atividades e situações “as práticas da pesquisa fazem com que os alunos
problemáticas que envolvem o ensino, criando na consigam desenvolver suas próprias habilidades de
ação condições de possíveis soluções. aprender e de lidar com suas dificuldades, essa
A formação continuada não pode ser desvinculada experiência torna-se uma forma de aprendizagem
das ocorrências da escola. Ao contrário. Quanto significativa” (SEVERINO; SOARES , 2018, p.
mais o processo formativo estiver relacionado ao 372).
fazer diário do professor, à sua disciplina, aos seus A formação de professores profissionais para a
horários, às suas salas de aula, ao seu jeito de educação básica tem que partir de seu campo de
trabalhar junto aos alunos, maior é o impacto da prática e agregar a este os conhecimentos
atividade formativa (SILVA; COMPIANI, 2015). necessários selecionados como valorosos, em seus
“[...] na perspectiva de um ensino reflexivo que se fundamentos e com as mediações didáticas
apóia no pensamento prático do professor, a prática necessárias, sobretudo por se tratar de formação
e a figura do formador são a chave do currículo de para o trabalho educacional com crianças e
formação profissional dos professores” adolescentes (GATTI, 2010).
(SCHON,1998, p.113). “[...] formação terá como base uma reflexão dos
É preciso insistir que tudo quanto fazemos sujeitos sobre sua prática docente, de modo a
em aula, por menor que seja, incide em maior permitir que examinem suas teorias implícitas,
ou menor grau na formação de nossos
alunos. A maneira de organizar a aula, o tipo seus esquemas de funcionamento, suas atitudes,
de incentivos, as expectativas que realizando um processo constante de autoavaliação
depositamos, os materiais que utilizamos,
cada uma destas decisões veicula que oriente seu trabalho” (IMBERNÓN, 2011).
determinadas experiências educativas, e é É importante que os professores, alunos e suas
possível que nem sempre estejam em
consonância com o pensamento que temos a famílias se apropriem do conhecimento, das novas
respeito do sentido e do papel que hoje em tecnologias, que estejam capacitados para viver
dia tem a educação (ZABALA, 1998, p.
209). neste mundo. Entretanto, mais que isso, é
Segundo Nóvoa (1992), a forma como cada um de necessário um mundo melhor, um mundo mais
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ético, com valores que promovam a solidariedade, profissional tende a descobrir o sentido de sua
o respeito ao próximo e a paz (MOGRABI, 2004). profissão e sobre isso foram usadas reflexões sobre
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reflexivo, o docente conseguirá atingir seus aparecerão novas interpretações contribuindo para
objetivos no que tange ao processo de ensino- uma prática pedagógica sempre em transformação.
aprendizagem, compreendendo que faz parte de Ressalta-se que só se tornará um pedagogo
um processo, o qual ensina e aprende. Pesquisando comprometido com a educação, aquele que se
novas práticas pedagógicas, analisando os adequar a demanda formativa de maneira crítica,
processos positivos e negativos, buscando novas humanizada e em constante harmonia com a ética,
formas de aprendizagem, ocorrerá assim, à direcionando seu olhar para o ensinar e para o
educação continuada. aprender com significado.
Por fim, essa discussão sempre existirá e sempre
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Resumo: O ingresso na graduação pode ser marcado por intensas transformações na vida do estudante e
fatores de resiliência ou vulnerabilidade podem ser fundamentais para a adaptação à vida universitária.
Nesse contexto o objetivo deste estudo foi verificar, por meio de uma revisão da literatura, a adaptação do
estudante á vida universitária sob a ótica dos fatores de resiliência e/ou vulnerabilidade, além de identificar
possíveis correlações entre resiliência e vulnerabilidade, verificar a prevalência de resiliência e/ou
transtornos mentais menores em estudantes universitários e analisar o ambiente acadêmico enquanto
facilitador para o desenvolvimento de transtornos mentais. Trata-se este estudo de pesquisa bibliográfica
de natureza básica com análise quali-quantitativa dos dados coletados nas bases de dados. Como resultados
principais encontrou-se que o ambiente acadêmico universitário é um possível deflagrador de transtornos
mentais menores em estudantes com baixa resiliência, e esta, por sua vez contribui com a boa adaptação do
universitário, havendo, portanto, relação inversamente proporcional entre resiliência e vulnerabilidade. Este
estudo corrobora com a literatura da área que aponta a vivência acadêmica pode colaborar com uma
vulnerabilidade psicossocial, porém é fundamental ainda identificar as facetas específicas do enfrentamento
de adversidades, do desenvolvimento e manutenção da resiliência e apontar estratégias de intervenção que
permitam que o estudante do ensino superior crie recursos para lidar com as demandas da vida acadêmica.
Palavras-chave: Resiliência; Vulnerabilidade; Adaptação; Graduação; Universitários.
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circunstâncias protetivas e/ou de risco ele está sofrimento psíquico entre universitários é superior
exposto, pois, “o conceito de vulnerabilidade à mesma amostra de indivíduos que não frequenta
também está diretamente relacionado com a a universidade, indicando assim a urgência em se
situação de risco”. mapear esse fenômeno e criar estratégias de
Portanto, compreender a resiliência permite enfrentamento aos agentes fragilizantes destes
abranger fatores de vulnerabilidade, uma vez que sujeitos.
segundo Vara et al. (2016) o impacto das O estudo de Vara et al. (2016, p. 575) aponta que o
adversidades na vida do indivíduo é determinado “stress apresenta uma correlação significativa
“pela maneira como é percebido”, tornando negativa fraca com a dimensão competências
vulnerável ou resiliente. pessoais e moderada com a dimensão aceitação de
si e o total de resiliência”, tendo o valor preditivo
Resiliência e Vulnerabilidade em Estudantes
Universitários da resiliência ao stress atingido 31%.
O ensino superior traz diversos desafios, pois além
As correlações positivas encontradas com o
de representar um novo meio onde o indivíduo irá total de resiliência e a dimensão aceitação de
si e da vida são concordantes com a
se inserir e precisa se adaptar às novas demandas,
literatura, sugerindo que a resiliência pode
diz respeito à decisão profissional, à estudos mais aumentar na vida adulta, traduzindo, nesses
casos, o efeito dos sucessos anteriores em
técnicos e específicos, muitas vezes associado à
lidar com a adversidade (VARA et al., 2016,
distância familiar e adaptação de residência - p. 577).
quando o jovem cursa o ensino superior em Padovani et al. (2014, p. 4) procuraram identificar
indivíduo é que cidade diferente de sua origem fatores de bem-estar e vulnerabilidade em
(VARA et al., 2016). É importante ressaltar que estudantes universitários sendo que seu estudo
aspectos de resiliência interferem diretamente na apontou “elevadas taxas de prevalência para
percepção do meio e interpretação das situações, sintomas de ansiedade e depressão em estudantes
definindo-as como estressoras ou não, sendo o universitários, podendo ser, inclusive, superiores
desenvolvimento da resiliência e a forma como o às encontradas na população geral”. Já Vara et al.
indivíduo percebe e interpreta o meio influenciadas (2016, p. 577) também observaram que diversos
pela sua subjetividade (NORONHA et al., 2009). estudos permitiram observar que a conexão entre
Quando um indivíduo não possui ou desenvolve stress e resiliência / auto aceitação / auto eficácia é
resiliência fica vulnerável, sendo que de acordo inversamente proporcional sendo que a resiliência
com Padovani et al (2014) os estudantes atenua o stress, “refletindo-se positivamente no
universitários têm figurado diversos estudos decréscimo de sinais negativos como a ansiedade,
enquanto população com índices alarmantes de a depressão ou a raiva, ao mesmo tempo que
sofrimento psíquico e taxas elevadas de aumenta a saúde emocional”.
diagnóstico de transtornos mentais. Segundo A IV Pesquisa do Perfil socioeconômico e cultural
Benício e Machado (2018) esse alto percentual de dos estudantes de graduação das instituições
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federais de ensino superior brasileiras 2016, p. 218). Neste contexto é possível anuir com
(FONAPRACE, 2016, p. 233) indicou que no ano Vara et al. (2016, p. 569) que concluem que a
de 2014 79,8% do total dos estudantes de resiliência “tem sido considerada um fator protetor
graduação passaram por dificuldades emocionais do stress e depressão, consistindo num processo de
nos últimos doze meses, sendo listadas algumas coping com a adversidade e numa capacidade para
dificuldades emocionais que podem ter interferido se ajustar positivamente a estressores
na vida acadêmica do graduando. Nacionalmente, importantes”.
das dificuldades relatadas destacaram-se ansiedade
OBJETIVOS
citada por 58,36% dos estudantes, desânimo/falta Este estudo procurou verificar, através de uma
de vontade de fazer as coisas por 44,72%, insônia revisão sistemática da literatura, a adaptação do
ou alterações significativas de sono por 32,57%, estudante à vida universitária sob a ótica dos
sensação de desamparo/desespero/desesperança fatores de resiliência e/ou vulnerabilidade, além de
por 22,55% e sentimento de solidão por 21,29% identificar correlações entre resiliência e
(FONAPRACE, 2016, p. 235). vulnerabilidade, verificar a prevalência de
Embora percentualmente os índices de estudantes Resiliência e/ou Transtornos mentais menores em
que reportaram “ideia de morte” (com 6,38%) e estudantes universitários e analisar o ambiente
“pensamento suicida” (com 4,13%) pareçam acadêmico enquanto facilitador para o
baixos, numericamente esses valores são desenvolvimento de transtornos mentais.
alarmantes, representando respectivamente 59.969
HIPÓTESES
e 38.838 dos estudantes analisados
As hipóteses iniciais de pesquisa foram de que
(FONAPRACE, 2016, p. 235).
estudantes universitários com baixa resiliência
Em torno de 20% dos estudantes também tendem a desenvolver transtornos mentais menores
marcaram “tristeza persistente” e “sensação
de desatenção/desorientação/confusão e o ambiente acadêmico de graduação é
mental”. [...] 13% respondeu que passou por deflagrador de transtornos mentais.
problemas alimentares, podendo ser
problemas com alterações de peso ou de MÉTODOS
apetite, bulimia ou anorexia (FONAPRACE,
2016, p. 235). O presente estudo trata-se de pesquisa
Além disso, 30,45% dos estudantes pesquisados já bibliográfica de revisão sistemática da literatura.
procuraram atendimento psicológico, dos quais Para desenvolvimento do estudo foram realizadas
6,86% procuraram esse tipo de atendimento nos pesquisas nas bases de dados Scielo, Psycoinfo e
últimos doze meses; 4,73% ainda fazem Pepsic, utilizando como descritores os termos
8,9% já tomaram, mas não tomam mais, e 3,67% Para inclusão no estudo foram considerados artigos
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desenvolvidos com seres-humanos, com idade descritores nas bases de dados. Os artigos
superior a 17 anos. Foram excluídos estudos identificados nas plataformas de pesquisa foram
envolvendo universitários que não abordassem inicialmente triados segundo seus títulos e
fatores de resiliência e/ou vulnerabilidade a resumos, sel\ ecionando aqueles que se
doenças, bem como revisões de literatura, teses, enquadraram aos critérios de inclusão e exclusão
dissertações, livros, capítulos de livros, cartas ao deste estudo, resultando então em 232 artigos.
editor, estudos de caso, artigos teóricos, resumos Após a triagem, foram selecionados 65 artigos para
de trabalhos apresentados em congressos ou verificação de critérios, resultado em 14 artigos
protocolos de pesquisa. que foram analisados em sua totalidade permitindo
Com a pesquisa nas plataformas foram observar temas de maior incidência.
identificados 1435 estudos a partir da pesquisa dos
Após a seleção dos artigos, o estudo foi (2018), Cerchiari, Caetano e Faccenda (2005),
desenvolvido a partir da análise quali-quantitativa Ferreira et al (2009), Barroso, Oliveira e Andrade
dos dados coletados seguindo a metodologia de (2019) e Soares et al. (2017) realizaram uma
diretrizes dos Principais Itens para Relatar análise exclusiva entre a correlação do transtorno
Revisões sistemáticas e Meta-análises (PRISMA), com o ambiente acadêmico; Bolsoni-Silva e
recomendada para estudos de revisão da literatura Loureito (2016); Soares et al. (2018; 2019);
(MOHER et al., 2015). Escobar-Castellanos et al (2019), Montes,
Lupércio e Gonzáles (2016), Siqueira e Canova
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos artigos selecionados permitiu dividir (2019) e Martinez et al (2016) estudaram o
menores (TMM) a partir de dois grandes enfoques: dos TMM; Chau e Vilela (2017) analisaram ambos
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