Você está na página 1de 4

Resumo

Portugal Povo de suicidas

A obra de Miguel de Unamuno é mal conhecida em Portugal. Foi


membro proeminente da chamada geração espanhola de 98 tocada
pelo sentido de decadência da sua própria pátria ou como Oliveira
Martins diria pela perda de consciência da dignidade colectiva.

Fez amizade com os maiores Autores Portugueses como Guerra


Junqueiro, Eugénio de Castro, Antero de figueiredo , António Ferro ,
entre muitos outros. Foi alguém que muito se interessou pelo nosso
Pais e que o definiu como “ terra por fora risonha e branda por dentro
atormentada e trágica”.

Impressionado pelo suicídio dos muitos Autores portugueses nos


menciona “ Aquele que se mata é porque não espera morrer” nista
expressão pode ser vislumbrada uma dimensão espiritual da veia
Portuguesa tão ligada ao culto do Espírito Santo Terra que embora
formada por homens “ tristes e resignados , é certo, mas também
inteiros e verdadeiros e um ser inteiro e verdadeiro é mais que um
semideus.

O maior lírico português , João de Deus Ramos , toda a sua obra


contida num breve volume “ Campo das Flores” possui um
encantador prodígio de graça , frescura e sentimento. Antero de
Quental tem com frequência algo de duro e ossudo mas uma
profundidade de desespero e uma intensidade de angústia de facto
excepcionais.

Em Portugal a nota zombeteira e satírica anda de braço dado com a


nota erótica-elegíada. Dois portugueses mais enérgicos e bravos são
Camilo Castelo Branco alma tormentosa e apaixonada segundo
Ramalho Ortigão, critico cultissimo , e Oliveira Martins o historiador
artista mais penetrante com a sua obra “ História da Civilização
Ibérica” nela encontra-se muita psicologia , sociologia e mais
doutrina. Pois aos espíritos Ibéricos estão destinados grandes
destinos!

Eugénio de Castro delicadíssimo poeta Português como se pode ver


em “Cristalizações da morte” com duas notas dominantes, se assim
se pode dizer, a elegíada e a amorosa. Em “ O amor de Perdição” de
Camilo castelo Branco podemos ver um culto da dor que parece ser
um dos sentimentos mais característicos deste melancólico e saudoso
Portugal.

O espanhol mais crente em alturas críticas deixa escapar da boca –“


Quero que se lixe ou algo pior, enquanto o português diria – “ Valha-
me nossa senhora!” E deste exemplo podem-se tirar muitas
conclusões.

A alma sonhadora e dolorosa em Portugal , uma amena serenidade , a


sua ironia aliada ao desespero e desalento como uma saudade de ser
inteiro. Portugueses puristas como Eugénio de castro estão ligados a
uma tradição – Tradição ligada ao culto do Espírito santo. Teixeira de
Pascoais na sua obra “ Vida Etérea” pode bem ser um exemplo.

Nesta língua que segundo o Autor e uma carícia os nossos escritores


dão-nos saudades , suspiros , queixumes e efusões líricas como se de
músicos e filósofos se tratasse.

A Poesia é como um Cristal cristalizando sensações , ideias e


sentimentos belos como que um coração que “ procura a noite
quando tudo é alma” , que desafia fundi-se com a natureza perder a
sombra do corpo na sombra Universal.

O abraço da dor e da morte constitui fonte eterna de poesia como


que uma “ nebulosa que se sente. Já grávida de deus! De Teixeira de
Pascoaes.

Acima de todos os amores devemos colocar o amor á verdade. Foi


talvez por isso , segundo o autor , que foi erro gravíssimo D. Carlos
falar da Pátria dizendo:- Isto é uma Piolheira! E tal como diz o Autor
pecados contra o espírito santo não tem remissão nem nesta nem na
outra vida - tal foi o desprezo do soberano pelo seu povo.

O povo Português tem fama de sofrido, resignado e brando mas


cuidado com a sua fúria pois a ira mais terrível é a dos mansos.

A consciência dos povos adormecidos só desperta com actos de


violência mas por vezes infelizmente pode-se ficar por apenas um
abanão doloroso.

Os antigos diziam que as dores são menores com o pão. Segundo o


autor Portugal está sempre em festa e a mendicidade parece ser uma
instituição mais enraizada que em Espanha.

Segundo o republicano Português Chagas a felicidade em Portugal


passa pela diversão e há festas em todas as santas terrinhas. O
Português que é constitucionalmente pessimista está temperado pela
arte e folga nas festividades.

Oliveira Martins era um pessimista mas a literatura era não um


diletantismo mas uma missão segundo Garrett “ Portugal encontram-
se bem os que não sentem a necessidade de ideias transcendentes,
com a falta de um elevado ideal colectivo – Portugal perdeu o ideal
religioso e sem este ideal temos mais rebeldia sem fé que
independência na qual se pode encontrar o culto da morte ligada á
paz derradeira.

O culto das almas do purgatório é segundo o autor maior aqui em


Portugal que em Espanha. É como que uma fé na predestinação e
uma tradição do culto do espírito santo em que na obra de Alexandre
Herculano – Tristezas do desterro – encontra o autor conceitos
formosos como “ nem o altar e a oração constituem consolo para o
desterrado; o templo alheio está como que ermo de Deus, e nesse
crânio de mármore arqueado. Do gigante edifício as tristes preces;
em língua estranha proferida.

Talvez a alma se purifique sem sair do próprio corpo. Portugal “ um


jardim á beira mar plantado “ pois que o mar é sua Mãe que lhe deu
eternidade, o devorou mas também o iniciou. Quanto simbolismo
existe nesta frase!

Muitos são os autores portugueses que cometeram suicídio e isto


tocou o autor alguns ele conheceu pessoalmente.

Sim porque a frase mais vale cada um contentar-se com o que tendo
que ambicionar ou procurar obter o que lhe agradaria é uma Doutrina
Horrível para o autor. Antero de Quental escrevia :- “Talvez seja
pecado procurar-te mas não sonhar contigo e adorar-te, não ser, que
és o Ser único absoluto.” Antero bem poderia ter sido companheiro de
S Bento ou de s Francisco de Assis.

Segundo o autor Homens como este quando morrem dormem na mão


de Deus pois já em vida sentiam e viviam o que está sem se ver, nos
princípios da igualdade, liberdade e fraternidade

Os portugueses vêem a vida segundo uma lógica afectiva que


pudendo de facto turvar a visão é a única no entanto que pode unir
conhecimento e fé e como tal alcançar a inteligência do coração. Ou
seja , adivinhar e compreender a verdade do espírito.

Segundo o autor o importante é o uso que se faz desta vida pois esta
vida realmente vivida supera qualquer vida eterna mas inútil.
Manuel laranjeira evoca que a brandura do povo português está
apenas á superfície “ raspem-na e encontrarão uma violência plebeia
que até assusta”. O autor concorda que ”Se a paixão o leva á vida, a
mesma paixão, consumido o alimento, leva-o á morte” e podendo
esta ser uma razão para tantos suicídios

Laranjeira alma ansiosa de liberdade suprema, de eterna ventura que


sofria na vida deixa um livro de sabedoria e não de ciência segundo o
autor Laranjeira afirma;- “Há um outra paz mais sagrada que a do lar”
mas “ não deve tentar voos de águia quem não tenha asas de águia”.

O Homem só adquire a Verdade á custa de uma desilusão. Segundo o


autor Laranjeira “repousa a sua fronte no regaço de Deus”.

Em resumo e tal como o autor menciona na sua obra “não me


perguntem portanto pelas coisas de agora. Eu busco as de sempre” e
“ vim aqui em busca dos meus sonhos de eternidade, por cima ou por
baixo de todas as mudanças que , num ou noutro sentido, trazem os
terramotos sociais”.

Desta forma um título que parece cruel – Portugal um pais de suicidas


é uma homenagem àqueles que como ele percorreram, cada um á
sua maneira o caminho que conduz a –“ Eu busco as coisas de
sempre”.

Você também pode gostar