Você está na página 1de 10

(https://outraspalavras.net/)

OUTRASPALAVRAS
A ameaça nada sutil do Colonialismo Digital 

(HTTPS://OUTRASPALAVRA Com a cumplicidade de governos, um punhado de corporações age para


impor aos países do Sul internet de baixa autonomia e criatividade;
vigilância permanente e captura maciça de dados. Duas portas de entrada:
universidades e polícia

OUTRASPALAVRAS TECNOLOGIA EM DISPUTA


(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/TECNOLOGIAEMDISPUTA/)

por Michael Kwet Publicado 15/03/2021 às 19:43 - Atualizado 15/03/2021 às


(https://outraspalavras.net/author/mkwet/) 19:49

ps://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
alismo-

A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://twitter.com/intent/tweet?
alismo-

Aca-
ça
l/)
/lialismo
://api.whatsapp.com/send?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-

ça
ca-
l/)
/lialismo
://telegram.me/share/url?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-

ct=A
ça
ca-
l/)
l&body=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ialismo
o:?
alismo-

Por Michael Kwet, no Longreads TNI (https://longreads.tni.org/digital-colonialism-the-


evolution-of-us-empire) | Tradução: Simone Paz | Ilustração: Zoran Svilar

Em 2020, os bilionários se deram bem feito bandidos. Os ativos pessoais de Jeff Bezos
aumentaram de 113 para 184 bilhões de dólares. Elon Musk eclipsou Jeff Bezos por um
momento, com um aumento do patrimônio líquido de US$27 bilhões para mais de US$185
bilhões.

Para os burgueses que dão as cartas nas “Big Techs”, a vida é grandiosa.

No entanto, embora o extenso domínio dessas corporações dentro de seus próprios mercados
domésticos seja objeto de inúmeras análises críticas, seu alcance global é um fato raramente
discutido, especialmente pelos principais intelectuais do império americano.

Na verdade, ao investigarmos sua mecânica e seus números, torna-se aparente que a Big Tech
não só é global em escopo, mas possui um caráter fundamentalmente colonial e é dominada
pelos Estados Unidos. Este fenômeno é chamado de “colonialismo digital
(https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3232297)”.

Vivemos em um mundo onde o colonialismo digital corre o risco de tornar-se uma ameaça para
o Sul Global tão significativa e de longo alcance quanto o colonialismo clássico foi nos séculos
anteriores. Os acentuados aumentos de desigualdade, o crescimento da vigilância estatal-
corporativa e as tecnologias policiais e militares sofisticadas são apenas algumas das
consequências desta nova ordem mundial. O fenômeno pode parecer novo para alguns, mas ao
longo das últimas décadas, ele se enraizou no status quo global. Se não houver um nenhum
movimento de contra-poder considerável, a situação ainda vai piorar muito.
 O que é o Colonialismo Digital
(https://outraspalavras.net/)
Colonialismo digital é o uso da tecnologia digital para a dominação política, econômica e social

OUTRASPALAVRAS
de outra nação ou território.

Sob o colonialismo clássico, os europeus apoderaram-se terras estrangeiras e as colonizaram.



Instalaram infraestrutura como fortes militares, portos marítimos e ferrovias. Utilizaram-se de

(HTTPS://OUTRASPALAVRA
embarcações para a penetração econômica e conquista militar. Construíram maquinaria pesada
e exploraram a mão de obra para extrair matérias-primas. Ergueram panópticos para os
funcionários da polícia. Organizaram os engenheiros para uma exploração econômica avançada
(por exemplo, químicos para extração de minerais). Desviaram o conhecimento indígena para
processos de fabricação. Embarcaram matérias-primas de volta para seu país de origem, para
produzir bens manufaturados. Minaram os mercados do Sul Global com produtos
manufaturados baratos e perpetuaram a dependência de povos e nações do Sul, numa divisão
global desigual do trabalho. Além disso, expandiram a dominação diplomática, militar e de
mercado, tendo como alvos o lucro e a pilhagem.

Em outras palavras, o colonialismo dependia da propriedade e do controle de territórios e


infraestrutura, da extração de trabalho, do conhecimento, das mercadorias e do exercício do
poder de Estado.

Esse processo evoluiu ao longo dos séculos, com novas tecnologias acrescentadas à fórmula, à
medida que eram desenvolvidas. No final do século XIX, cabos submarinos facilitaram as
comunicações telegráficas a serviço do império britânico. Avanços na gravação, arquivamento e
organização de informações foram explorados pela inteligência militar dos EUA, usada pela
primeira vez na conquista das Filipinas.

Hoje, no Sul Global, as “Veias Abertas” de Eduardo Galeano são as “veias digitais” que cruzam
ps://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
alismo- os oceanos, conectando um ecossistema de tecnologia que pertence e é controlado por um
punhado de corporações cujas sedes ficam, principalmente, nos Estados Unidos. Alguns das
A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://twitter.com/intent/tweet?
alismo-
redes de fibra óptica transoceânicos são formados por cabos pertencentes ou alugados por
Aca-
ça
l/)
/lialismo
://api.whatsapp.com/send?
alismo- empresas como Google e Facebook para promover a extração e monopolização de dados. O
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
maquinário pesado de hoje são as fazendas de servidores de nuvem, dominados pela Amazon e
ça
ca-
l/)
/lialismo
://telegram.me/share/url?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
pela Microsoft, usadas para armazenar, agrupar e processar Big Data, proliferando como bases

ct=A
ça
ca-
l/)
militares para o império dos EUA. Os engenheiros são exércitos corporativos de programadores
l&body=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ialismo
o:?
alismo-
de elite, com generosos salários de 250 mil dólares ou mais. Os trabalhadores explorados são as
pessoas que extraem os minerais no Congo e na América Latina, os exércitos de mão de obra
barata tomando nota de dados de inteligência artificial na China e na África, e os trabalhadores
asiáticos que sofrem de transtorno do estresse pós-traumático por limpar o conteúdo
perturbador das plataformas de mídia social. As plataformas e centros de espionagem (como a
NSA) são os panópticos, e os dados são a matéria-prima processada para serviços baseados em
inteligência artificial.

De forma mais ampla, o colonialismo digital é da consolidação de uma divisão desigual de


trabalho, onde os poderes dominantes fizeram uso das suas propriedades de infraestrutura
digital, conhecimento e controle dos meios de computação para manter o Sul em uma situação
de dependência permanente. Essa divisão desigual do trabalho evoluiu. Economicamente, a
manufatura caiu na hierarquia de valor, e foi substituída por uma economia de alta tecnologia
avançada, em cujo comando as firmas de big tech estão firmemente instaladas.

A arquitetura do Colonialismo Digital


O colonialismo digital está enraizado no domínio das “coisas” que constituem os meios de
computação no mundo digital: software, hardware e conectividade de rede.

Isso inclui as plataformas que atuam como gatekeepers (“guardiões de portões”), os dados
extraídos por provedores de serviços intermediários e os padrões do setor, bem como o domínio
privado da “propriedade intelectual” e da “inteligência digital”. O colonialismo digital tornou-se
altamente integrado às ferramentas convencionais do capitalismo e do governo autoritário,
incluindo desde a exploração do trabalho, a captura de políticas e o planejamento econômico até
os serviços de inteligência, a hegemonia da classe dominante e a propaganda.
Começando pelo software: um processo onde o código era livre e amplamente compartilhado

por programadores tornou-se cada vez mais privatizado e sujeito a direitos autorais. Nas
(https://outraspalavras.net/)

OUTRASPALAVRAS
décadas de1970 e 80, o Congresso dos Estados Unidos começou a fortalecer (http://digital-law-
online.info/lpdi1.0/treatise17.html)os direitos autorais de software. Houve uma contra-
tendência a isso na forma de licenças de “Software Livre e de Código Aberto” (FOSS, na sigla em
inglês), que concediam aos usuários o direito de usar, estudar, modificar e compartilhar 
software. Isso trouxe benefícios claros para os países do Sul Global, pois criou um “espaço

(HTTPS://OUTRASPALAVRA digital comum”, livre de controle corporativo e da busca por lucros. No entanto, à medida que o
movimento do Software Livre se espalhava para o Sul, foi provocando uma reação corporativa. A
Microsoft humilhou o Peru (https://opensource.org/docs/msFUD_to_peru.php) quando seu
governo tentou abandonar o software. Também tentou impedir que governos africanos
(https://www.wsj.com/articles/SB122332198757908625) usassem o sistema operacional
GNU/Linux FOSS em ministérios e escolas do governo.

Junto com a privatização do software, veio a rápida centralização da Internet nas mãos de
provedores de serviços intermediários como Facebook e Google. Crucialmente, a mudança em
direção aos serviços de nuvem anulou as liberdades que as licenças FOSS tinham concedido aos
usuários. porque o software é executado nos computadores das corporações Big Tech. As nuvens
corporativas privam as pessoas da capacidade de controlar seus computadores. Os serviços em
nuvem fornecem petabytes de informações para empresas, que usam esses dados para treinar
seus sistemas de inteligência artificial. A inteligência artificial usa Big Data para “aprender”.
São necessárias milhões de imagens para reconhecer a letra “A” em suas diferentes fontes e
formas, por exemplo. Quando aplicados a humanos, os detalhes sensíveis da vida pessoal das
pessoas tornam-se um recurso incrivelmente valioso que os gigantes da tecnologia tentam
extrair incessantemente.

No Sul, a maioria das pessoas está essencialmente presa a smartphones de baixa capacidade,
ps://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
alismo- com pouca folga no pacote de dados. Como resultado, muitos milhões de pessoas experimentam
plataformas como o Facebook como se fosse “a internet”, enquanto seus dados são consumidos
A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://twitter.com/intent/tweet?
alismo-
por imperialistas estrangeiros.
Aca-
ça
l/)
/lialismo
://api.whatsapp.com/send?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
A retroalimentação da Big Data agravam a situação: aqueles que têm mais e melhores dados
ça
ca-
l/)
/lialismo
://telegram.me/share/url?
alismo- podem criar melhores serviços de inteligência artificial, o que atrai mais usuários, e com isso
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
têm ainda mais dados para melhorar o serviço, e assim por diante. Assim como no colonialismo
ct=A
ça
ca-
l/)
l&body=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ialismo
o:?
alismo-
clássico, os dados foram ingeridos como matéria-prima pelas potências imperialistas, que os
processam, produzem os serviços e os devolvem ao público global, o que fortalece ainda mais
sua dominação e coloca todos os demais em uma situação subordinada de dependência.

Cecilia Rikap, em seu próximo livro, Capitalism, Power and Innovation: Intellectual Monopoly
Capitalism Uncovered (https://www.routledge.com/Capitalism-Power-and-Innovation-
Intellectual-Monopoly-Capitalism-Uncovered/Rikap/p/book/9780367357634) [“Capitalismo,
Poder e Inovação: Capitalismo de monopólio intelectual revelado”], mostra como os gigantes da
tecnologia estadunidenses baseiam seu poder de mercado em seus monopólios intelectuais,
comandando uma complexa cadeia de empresas subordinadas, com o fim de extrair dividendos
e explorar trabalho. Isso deu a eles a capacidade de acumular o “know-who” e o “know-how”
(conhecimento de pessoas e métodos) para planejar e organizar cadeias de valor globais, bem
como para privatizar os saberes e expropriar os bens comuns do conhecimento e os resultados
da pesquisa pública.

A Apple, por exemplo, extrai dividendos da propriedade intelectual e da marca de seus


smartphones e coordena a produção ao longo da cadeia de commodities. Os produtores de nível
inferior, como os montadores de telefones nas fábricas da taiwanesa Foxconn, os minerais
extraídos no Congo para a fabricação das baterias e os fabricantes de chips que abastecem os
processadores, estão todos subordinados às demandas e caprichos da Apple.

Em outras palavras, os gigantes da tecnologia controlam as relações comerciais ao longo de toda


a cadeia de produção, lucrando com o conhecimento, capital acumulado e domínio de
componentes funcionais essenciais. Isso lhes permite impor preços ou até dispensar
corporações relativamente grandes que produzem seus componentes em massa, como
subordinados. As universidades são cúmplices. As mais prestigiadas, nos países imperialistas
centrais, são atores dominantes no espaço da produção acadêmica, enquanto que universidades
mais vulneráveis da periferia ou semiperiferia são mais exploradas, muitas vezes carentes de

fundos para pesquisa e desenvolvimento, de conhecimento ou capacidade de patentear
(https://outraspalavras.net/)

OUTRASPALAVRAS
descobertas, e desprovidas de recursos para reagir quando seu trabalho é expropriado.

A colonização da Educação

Um exemplo de como a colonização digital opera no setor da educação.

(HTTPS://OUTRASPALAVRA Conforme exponho detalhadamente em minha tese de doutorado


(https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3496049) sobre tecnologia educacional
na África do Sul, a Microsoft, o Google, a Pearson, a IBM e outros gigantes da tecnologia, vêm
exercitando seus músculos em sistemas educacionais de todo o Sul Global. Para a Microsoft, isso
não é novidade. Como mencionado acima, ela tentou forçar os governos africanos a substituírem
o software livre pelo Microsoft Windows, inclusive nas escolas.

Na África do Sul, a Microsoft possui um exército de treinadores


(https://www.schoolnet.org.za/overview) para ensinar os professores a usarem o software da
Microsoft no sistema educacional. Também forneceu tablets Windows e software Microsoft para
universidades como a Universidade de Venda, numa parceria que anunciou extensivamente.
Mais recentemente, fez parceria com o provedor de serviços móveis Vodacom (propriedade
majoritária da multinacional britânica Vodafone) para fornecer educação digital a alunos sul-
africanos.

Embora a Microsoft seja a principal fornecedora, com contratos em pelo menos cinco dos nove
departamentos de educação provinciais da África do Sul, o Google também busca participação
no mercado. Em parceria com a startup sul-africana CloudEd, eles procuram fechar o primeiro
contrato com um departamento provincial.

l/)
://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
alismo- A Fundação Michael e Susan Dell também entrou nessa disputa, oferecendo uma plataforma
ps://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
Data Driven District (DDD) para os governos provinciais. O software DDD é projetado para
A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://twitter.com/intent/tweet?
alismo- coletar dados que rastreiam e monitoram professores e alunos, incluindo notas, frequência e
“questões sociais”. Enquanto as escolas carregam os dados coletados semanalmente, o objetivo
Aca-
ça
l/)
/lialismo
://api.whatsapp.com/send?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
final é poder fornecer esse monitoramento do comportamento e desempenho do aluno em
ça
ca-
l/)
/lialismo
://telegram.me/share/url?
alismo- tempo real para gerenciamento burocrático e “análise de dados longitudinais” (análise de dados
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
coletados sobre o mesmo grupo de indivíduos no longo prazo).
ct=A
ça
ca-
l/)
l&body=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ialismo
o:?
alismo-
O governo sul-africano também está expandindo a nuvem do Departamento de Educação Básica
(DBE), que, em certo ponto, poderá ser usada para a vigilância tecnocrática invasiva. A
Microsoft abordou o DBE com uma proposta de coletar dados “para o ciclo de vida do usuário”,
começando na escola e, para aqueles que mantêm contas do Microsoft Office 365, até a idade
adulta, para que o governo possa conduzir análises longitudinais sobre coisas como a relação
entre educação e emprego.

O colonialismo digital da Big Tech espalha-se rapidamente pelos sistemas educacionais do Sul.
Desde o Brasil, Giselle Ferreira e seus co-autores afirmam
(https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/17439884.2019.1666872): “A semelhança
entre o que acontece no Brasil e a análise de Kwet (2019) do caso sul-africano (e provavelmente
outros países do Sul Global) é impressionante. Em particular, quando as empresas GAFA
[Google, Amazon, Facebook, Apple] oferecem generosamente tecnologias a alunos menos
favorecidos, os dados são extraídos sem obstáculos e, subsequentemente, tratados de uma
maneira que torna as especificidades locais desprovidas de importância.”

As escolas são lugares perfeitos para a expansão do controle da Big Tech sobre os mercados
digitais. As pessoas pobres do Sul geralmente dependem de governos ou corporações para
usufruir de um dispositivo sem custo, e isso as torna dependentes de terceiros para decidir qual
software usarão. Há melhor maneira de conquistar a participação do mercado do que pré-
carregar o software de uma Big Tech em dispositivos oferecidos a crianças — que podem ter
pouco ou nenhum outro acesso à tecnologia para além desse telefone? Isso tem o benefício
adicional de capturar futuros desenvolvedores de software, que podem vir a preferir, digamos, o
Google ou a Microsoft (em vez de soluções de tecnologia baseadas em software livre) depois de
passar anos usando seu software e se acostumando com sua interface e recursos.

Exploração do trabalho
O colonialismo digital também fica evidente na forma como os países de todo o Sul Global são

fortemente explorados no trabalho braçal, para fornecer insumos essenciais para as tecnologias
(https://outraspalavras.net/)

OUTRASPALAVRAS
digitais. Há muito tempo observa-se que a República Democrática do Congo fornece mais de
70% de todo o cobalto do mundo, um mineral essencial para as baterias usadas em carros,
smartphones e computadores. Quatorze famílias do Congo estão atualmente processando a
Apple, Tesla, Alphabet, Dell e Microsoft, acusando-as de se beneficiarem do trabalho infantil na 
indústria de mineração de cobalto. O próprio processo de mineração desses metais tem um

(HTTPS://OUTRASPALAVRAimpacto muitas vezes adverso na saúde dos trabalhadores e nos habitats vizinhos.

Quanto ao lítio, as principais reservas estão localizadas no Chile, Argentina, Bolívia e Austrália.
Os salários dos trabalhadores em todos os países da América Latina são baixos para os padrões
dos países ricos, principalmente, ao considerarmos as condições de trabalho que enfrentam.
Embora a disponibilidade de dados varie, no Chile os empregados das minas ganham algo entre
1.430 e 3.000 dólares por mês, enquanto na Argentina os salários mensais podem ser tão baixos
quanto entre US$300 e US$1.800. Em 2016, o salário mínimo dos mineiros na Bolívia foi
aumentado para 250 dólares por mês. Em contraste, os mineiros australianos ganham cerca de
9.000 dólares por mês e podem chegar a 200.000 por ano.

Os países do Sul também oferecem uma abundância de mão de obra barata para os gigantes da
tecnologia. Isso inclui o registro de dados para conjuntos de inteligência artificial, funcionários
de call centers e moderadores de conteúdo para gigantes das mídias sociais como o Facebook.
Os moderadores de conteúdo limpam os feeds de mídia social de conteúdo perturbador, como
sangue ou material sexualmente explícito, o que muitas vezes os deixa psicologicamente
perturbados. Ainda assim, um moderador de conteúdo em um país como a Índia pode ganhar
apenas 3.500 dólares por ano — e isso após um aumento salarial de US$1.400.

Império digital chinês ou norte-americano?


ps://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
alismo-
No Ocidente, muito se fala sobre “uma nova Guerra Fria
l/)
://twitter.com/intent/tweet?
alismo- (https://www.washingtonpost.com/outlook/2020/12/03/will-president-elect-biden-wage-new-
A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
cold-war-with-china)”, com os EUA e a China lutando pela supremacia tecnológica global. No
Aca-
ça
l/)
/lialismo
://api.whatsapp.com/send?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
entanto, um olhar mais atento sobre o ecossistema de tecnologia mostra que as corporações dos
EUA são muito mais dominantes na economia global.
ça
ca-
l/)
/lialismo
://telegram.me/share/url?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-

ct=A
ça
ca-
l/)
A China, após décadas de alto crescimento, gera cerca de 17% do PIB global e prevê-se que
l&body=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ialismo
o:?
alismo-
ultrapasse os EUA em 2028, alimentando as alegações de que o império norte-americano está
em declínio (uma narrativa que anteriormente era popular com a ascensão do Japão). Ao medir
a economia chinesa pela paridade do poder de compra, ela já é maior do que a dos EUA. No
entanto, como aponta o economista Sean Starrs, essa visão trata erroneamente os Estados como
unidades independentes, como se eles “interagissem feito bolas de bilhar numa mesa”. Starrs
afirma que, na realidade, o domínio econômico americano “não diminuiu, ele se globalizou”.
Isso é particularmente verdadeiro quando se olha para a Big Tech.

No período pós-Segunda Guerra Mundial, a produção corporativa espalhou-se por redes de


produção transnacionais. Por exemplo, na década de 1990, empresas como a Apple começaram
a terceirizar a fabricação de eletrônicos dos EUA para a China e Taiwan, explorando
trabalhadores em fábricas precárias, empregados por empresas como a Foxconn. As
transnacionais norte-americanas de tecnologia, por exemplo, muitas vezes asseguram a
propriedade intelectual sobre roteadores de alto desempenho (como a Cisco), enquanto
terceirizam a capacidade de produção para fabricantes de hardware no Sul.

Starrs traçou o perfil das duas mil principais empresas de capital aberto do mundo, conforme
classificado pela Forbes Global 2000, e as organizou em 25 setores, mostrando o domínio das
transnacionais dos Estados Unidos. Em 2013, eles dominavam 18 dos 25 principais setores —
em termos de participação nos lucros. Em seu próximo livro O poder americano globalizado:
repensando o poder nacional na era da globalização, Starrs mostra que os EUA continuam
dominando. Em software e serviços de TI, a participação dos EUA nos lucros é de 76% contra
10% da China; para Tecnologia de Hardware e Equipamentos, é de 63% para os EUA contra 6%
para a China, e para Eletrônicos, é de 43% e 10%, respectivamente. Outros países, como Coréia
do Sul, Japão e Taiwan, costumam sair-se melhor do que a China no quesito de lucros.

Retratar os EUA e a China como concorrentes iguais na batalha pela supremacia global da
tecnologia, como costuma ser feito, é, portanto, altamente enganoso. Por exemplo, um relatório
de “Economia Digital” (https://unctad.org/webflyer/digital-economy-report-2019) elaborado
pelas Nações Unidas em 2019, afirma que: “A geografia da economia digital está altamente

concentrada em dois países” — os Estados Unidos e a China. Mas o relatório não apenas ignora
(https://outraspalavras.net/)

OUTRASPALAVRAS
fatores identificados por autores como Starrs, mas também deixa de levar em conta o fato de
que a maior parte da indústria de tecnologia da China é dominante apenas dentro do próprio
país — exceto um punhado de produtos e serviços importantes, como 5G (Huawei), câmeras
CCTV (Hikvision, Dahua) e redes sociais (TikTok), que também detêm grandes quotas de 

mercado no estrangeiro. A China também tem investimentos substanciais em algumas empresas

(HTTPS://OUTRASPALAVRAestrangeiras de tecnologia, mas isso dificilmente sugere uma ameaça genuína ao domínio dos
EUA, que também tem uma parcela muito maior de investimentos estrangeiros.

Na realidade, os EUA são o império tecnológico supremo. Fora das fronteiras dos Estados
Unidos e da China, os Estados Unidos lideram nas categorias de mecanismos de pesquisa
(Google); navegadores da web (Google Chrome, Apple Safari); sistemas operacionais para
smartphones e tablets (Google Android, Apple iOS); sistemas operacionais de desktop e laptop
(Microsoft Windows, macOS); softwares de escritório (Microsoft Office, Google G Suite, Apple
iWork); infraestrutura e serviços de nuvem (Amazon, Microsoft, Google, IBM); plataformas de
redes sociais (Facebook, Twitter); transporte (Uber, Lyft); redes de negócios (Microsoft
LinkedIn); streamings de entretenimento (Google YouTube, Netflix, Hulu) e publicidade online
(Google, Facebook) — entre outros.

Enfim, seja você um indivíduo ou uma empresa, se estiver usando um computador, as empresas
norte-americanas serão as que mais se beneficiarão. Eles são os donos do ecossistema digital.

A dominação política e os meios de violência


O poder econômico dos gigantes da tecnologia norte-americana anda de mãos dadas com sua
influência nas esferas política e social. Assim como em outros setores, existe uma porta giratória
entre os executivos da tecnologia e o governo dos Estados Unidos, e as corporações de
ps://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
alismo-
tecnologia e alianças de negócios gastam muito fazendo lobby por regulamentos que tragam
l/)
://twitter.com/intent/tweet?
alismo- políticas favoráveis a seus interesses — e ao capitalismo digital, em geral.
A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-

Aca-
ça
l/)
/lialismo
://api.whatsapp.com/send?
alismo- Por sua vez, governos e agências de aplicação da lei formam parcerias com gigantes da
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
tecnologia para fazer o trabalho sujo. Em 2013, Edward Snowden revelou que Microsoft, Yahoo,
ça
ca-
l/)
/lialismo
://telegram.me/share/url?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
Google, Facebook, PalTalk, YouTube, Skype, AOL e Apple compartilhavam informações com a
Agência de Segurança Nacional por meio do programa PRISM. Mais revelações se seguiram, e o
ct=A
ça
ca-
l/)
l&body=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ialismo
o:?
alismo-
mundo aprendeu que os dados armazenados por empresas e transmitidos pela Internet são
sugados por enormes bancos de dados governamentais, para exploração pelos Estados. Países
do Sul têm sido alvos de vigilância da NSA, desde o Oriente Médio até a África e América Latina.
(https://www.reuters.com/article/uk-usa-security-latinamerica/u-s-nsa-spied-on-most-latin-
american-nations-brazil-paper-idUKBRE9680Z020130709)

A polícia e os militares também trabalham com empresas de tecnologia, e estas ficam felizes em
receber cheques recheados pelo fornecimento de produtos e serviços de vigilância, inclusive em
países do Sul. Por exemplo, por meio de sua pouco conhecida Divisão de Segurança Pública e
Justiça, a Microsoft construiu um amplo ecossistema de parceria com fornecedores de vigilância
“policiais”, que executam sua tecnologia na infraestrutura de nuvem da Microsoft. Isso inclui
uma plataforma de vigilância de comando e controle que abrange uma cidade por inteiro, que se
chama “Microsoft Aware”. Ela foi comprada pela polícia no Brasil e na Cingapura; e possui,
também, uma solução de veículo policial com câmeras de reconhecimento facial, que foi
implementada nas cidades do Cabo e Durban, na África do Sul.

A Microsoft também está profundamente envolvida com a indústria carcerária. Ele oferece uma
variedade de soluções de software prisional que cobrem todo o processo, desde “infratores”
juvenis até o pré-julgamento e liberdade condicional, passando pela cadeia e outros tipos de
prisão, bem como aqueles que foram libertados e colocados em liberdade condicional. Na África,
a Microsoft fez parceria com uma empresa chamada Netopia Solutions, que oferece uma
plataforma de software de gerenciamento de prisão (PMS) que inclui “gerenciamento de fuga” e
análises de prisioneiros.

Embora não esteja precisamente claro onde esse gerenciamento de prisões da Netopia é
implantado, a Microsoft afirmou que “a Netopia é [um parceiro/fornecedor da Microsoft] no
Marrocos, com foco centrado na profunda transformação digital dos serviços governamentais da
África do Norte e África Central”. O Marrocos possui um forte histórico de tortura de dissidentes

e prisioneiros, e recentemente, os Estados Unidos reconheceram sua anexação do Saara
(https://outraspalavras.net/)

OUTRASPALAVRAS
Ocidental, na contramão do direito internacional.

Durante séculos, as potências imperiais primeiro testavam as tecnologias de policiamento e


controle de seus cidadãos em populações estrangeiras — desde o trabalho pioneiro de Sir 
Francis Galton em impressões digitais, aplicadas na Índia e na África do Sul, até a combinação

(HTTPS://OUTRASPALAVRA
da biometria e de inovações na gestão de estatísticas e dados que formaram o primeiro aparelho
moderno de vigilância para pacificar as Filipinas. Como demonstrado pelo historiador Alfred
McCoy, (https://ojs.library.queensu.ca/index.php/surveillance-and-
society/article/view/philip/philippines) a série de tecnologias de vigilância implantadas nas
Filipinas ofereceu um campo de testes para um modelo que acabou sendo reintroduzido nos
Estados Unidos, com o objetivo de ser usado contra dissidentes domésticos. Os projetos de
vigilância de alta tecnologia da Microsoft e de seus parceiros sugerem que os africanos
continuam a servir como laboratório de experimentos carcerários.

Conclusão
A tecnologia digital e a informação desempenham um papel central na política, economia e vida
social em qualquer lugar do mundo. Como parte do projeto do império americano, as
corporações transnacionais dos EUA estão reinventando o colonialismo no Sul por meio da
aquisição e controle da propriedade intelectual, da inteligência digital e dos meios de
computação. A maior parte da infraestrutura básica, indústrias e funções desempenhadas por
computadores são propriedade privada de corporações transnacionais norte-americanas, que
são amplamente dominantes fora das fronteiras dos Estados Unidos. As maiores empresas,
como a Microsoft e a Apple, dominam as cadeias de suprimentos globais como monopólios
intelectuais.
ps://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
alismo-
Segue-se um intercâmbio e divisão do trabalho desiguais, que reforçam a dependência na
l/)
://twitter.com/intent/tweet?
alismo- periferia, enquanto perpetuam a miséria em massa e a pobreza global.
A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-

Aca-
ça
l/)
/lialismo
://api.whatsapp.com/send?
alismo- Em vez de compartilhar conhecimento, transferir tecnologia e fornecer ferramentas para
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
construir uma prosperidade global, em termos de igualdade, os países ricos e suas corporações
ça
ca-
l/)
/lialismo
://telegram.me/share/url?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
visam proteger sua vantagem e sacudir o Sul em busca de mão de obra barata e extração de
renda. Ao monopolizar os principais componentes do ecossistema digital, impondo sua
ct=A
ça
ca-
l/)
l&body=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ialismo
o:?
alismo-
tecnologia em escolas e programas de treinamento, e fazendo parcerias com elites corporativas e
estatais no Sul, a Big Tech conquista mercados emergentes. Inclusive para lucrar com os
serviços de vigilância fornecidos aos departamentos de polícia e prisões.

Mesmo assim, contra as forças do poder concentrado, sempre há aqueles que se defendem. A
resistência à Big Tech no Sul Global tem uma longa história, que remonta aos dias dos protestos
internacionais contra IBM, Hewlett Packard e outras empresas que faziam negócios na África do
Sul do apartheid. No início dos anos 2000, os países do Sul Global adotaram o software livre e
os bens comuns globais como um meio de resistir ao colonialismo digital por um tempo, mesmo
que muitas dessas iniciativas tenham desaparecido desde então. Nos últimos anos, novos
movimentos contra o colonialismo digital vêm surgindo.

Há muito em andamento, nesse cenário. Uma crise climática criada pelo capitalismo ameaça,
cada vez mais rápido, destruir permanentemente a vida na Terra — e as soluções para a
economia digital (https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3670986) devem se
encontrar com a justiça ambiental e com lutas mais amplas pela igualdade.

+ Quem contribui com Outras Palavras ganha 25% de desconto nos livros da
editora Autonomia Literária (https://outraspalavras.net/outrosquinhentos)

Para erradicar o colonialismo digital, precisamos de uma estrutura conceitual diferente, que
desafie as causas raízes e os principais atores, em sintonia com os movimentos de base dispostos
a enfrentar o capitalismo e o autoritarismo, o império norte-americano e seus apoiadores
intelectuais.

Gostou do texto? Contribua para manter e ampliar nosso jornalismo de


profundidade: OUTROSQUINHENTOS
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/OUTROSQUINHENTOS/)
TAGS
 BIG TECH (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/BIG-TECH/) , CAPA (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/CAPA/),
(https://outraspalavras.net/)
CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/CAPITALISMO-DE-VIGILANCIA/), CAPTURA DE

OUTRASPALAVRAS
DADOS (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/CAPTURA-DE-DADOS/), COLONIALISMO DIGITAL
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/COLONIALISMO-DIGITAL/), CORPORAÇÕES DE INTERNET
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/CORPORACOES-DE-INTERNET/), DOMINAÇÃO 
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/DOMINACAO/), ECONOMIA DIGITAL

(HTTPS://OUTRASPALAVRA
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/ECONOMIA-DIGITAL/), PLATAFORMAS DIGITAIS
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/PLATAFORMAS-DIGITAIS/), POLÍCIAS
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/POLICIAS/), SUL GLOBAL (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/SUL-
GLOBAL/), UNIVERSIDADES (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TAG/UNIVERSIDADES/)

 (https://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
u=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-ameaca-
nada-sutil-do-colonialismo-digital/) 
(https://twitter.com/intent/tweet?
text=A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalav
ameaca-nada-sutil-do-colonialismo-digital/) 
(https://api.whatsapp.com/send?text=A ameaça nada sutil do
Colonialismo Digital -
https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-ameaca-
ps://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
alismo-
nada-sutil-do-colonialismo-digital/) 
A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://twitter.com/intent/tweet?
alismo-
(https://telegram.me/share/url?url=A ameaça nada sutil do
Aca-
ça
l/)
/lialismo
://api.whatsapp.com/send?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
Colonialismo Digital -
ça
ca-
l/)
/lialismo
://telegram.me/share/url?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-ameaca-
ct=A
ça
ca-
l/)
l&body=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ialismo
o:?
alismo-
nada-sutil-do-colonialismo-digital/)

MICHAEL KWET
Pós-doutor em Sociologia da Universidade de Rhodes e pesquisador-visitante do Projeto da Sociedade da
Informação na Escola de Direito de Yale. Ele é o autor de "Colonialismo Digital: O Império dos EUA e novo
imperialismo no Sul GLobal".
(https://outraspalavras.net/author/mkwet/)

LEIA TAMBÉM:

(https://outraspalavras.net/outrasmidias/os- (https://outraspalavras.net/outrasmidias/o- (https://outraspalavras.net/outrasmidias/nos-


desafios-para-resgatar-a-pluralidade-da- libera-geral-dos-dados-pessoais-sob- apps-do-governo-sua-privacidade-de-
internet/) bolsonaro/) bandeja/)

OUTRASMÍDIAS OUTRASMÍDIAS OUTRASMÍDIAS

(https://outraspalavras.net/outrasmidias/os- (https://outraspalavras.net/outrasmidias/o- (https://outraspalavras.net/outrasmidias/nos-


desafios-para-resgatar-a-pluralidade-da- libera-geral-dos-dados-pessoais-sob- apps-do-governo-sua-privacidade-de-
internet/) bolsonaro/) bandeja/)
Os desafios para resgatar a O libera geral dos dados Nos apps do governo, sua
pluralidade da internet pessoais, sob Bolsonaro privacidade de bandeja
Os fatores que permitiram a popularização Apenas neste ano, dois vazamentos Sem consulta ou diálogo, Amazon, Google,
 do “zap” no Brasil — e sua captura pela expuseram a privacidade de 223 milhões. Microsoft, TikTok e Ministério da
(https://outraspalavras.net/)
ultradireita. A permissividade das Além dos tropeços do governo em gestão de Cidadania discutem adesão a programas

OUTRASPALAVRAS
corporações de internet. Por que regulação, dados, regulação da internet no país não sociais via celular. Informações valiosas
transparência e “desplataformizar” acompanha a sofisticação de crimes privadas incluiriam polêmica técnica de
operadores de fake news podem ser digitais. Empresas querem lavar as mãos reconhecimento facial

caminhos
(https://outraspalavras.net/outrasmidias/o- (https://outraspalavras.net/outrasmidias/nos-

(HTTPS://OUTRASPALAVRA
(https://outraspalavras.net/outrasmidias/os- libera-geral-dos-dados-pessoais-sob- apps-do-governo-sua-privacidade-de-
desafios-para-resgatar-a-pluralidade-da- bolsonaro/) bandeja/)
internet/) TECNOLOGIA EM DISPUTA TECNOLOGIA EM DISPUTA
TECNOLOGIA EM DISPUTA (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/TECNOLOGIAEMDISPUTA/)
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/TECNOLOGIAEMDISPUTA/)
| por Brasil de Fato | por Repórter Brasil
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/TECNOLOGIAEMDISPUTA/)
(https://outraspalavras.net/author/brasildefato/) (https://outraspalavras.net/author/reporterbrasil/)
| por IHU (https://outraspalavras.net/author/ihuinstituto/)

(https://outraspalavras.net/outrasmidias/a- (https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/origem-
(https://outraspalavras.net/outrasmidias/o-
hipotese-do-tecnofeudalismo/) limites-do-capitalismo-de-vigilancia/) arduo-trabalho-de-proteger-a-wikipedia-
das-fake-news/)

OUTRASMÍDIAS OUTRASPALAVRAS

OUTRASMÍDIAS

(https://outraspalavras.net/outrasmidias/a- (https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/origem-
hipotese-do-tecnofeudalismo/) limites-do-capitalismo-de-vigilancia/) (https://outraspalavras.net/outrasmidias/o-
A hipótese do Origem e limites do arduo-trabalho-de-proteger-a-wikipedia-
Tecnofeudalismo Capitalismo de Vigilância das-fake-news/)

ps://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
alismo- Cédric Duran, economista francês que Em obra emblemática, Soshana Zuboff O árduo trabalho de
cunhou o termo, explica-o: domínio das recorre a Marx, Harvey e até Skinner para proteger a Wikipedia das
A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://twitter.com/intent/tweet?
alismo- mega-plataformas criou dependência e descrever a nova fase do sistema. Mas fake news
controle muito mais graves que os da era talvez lhe escape que, muito além de
Como uma obra coletiva, que dá a centenas
Aca-
ça
l/)
/lialismo
://api.whatsapp.com/send?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
industrial. Em breve, pode não haver vida superlucros, trata-se de garantir controle
de milhares de usuários o direito de alterar
econômica fora do território dos gigantes máximo sobre o comportamento humano
ça
ca-
l/)
/lialismo
://telegram.me/share/url?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a- conteúdos, resiste a uma das tendências
(https://outraspalavras.net/outrasmidias/a- mais retrógradas do século XXI? A equipe
(https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/origem-
ct=A
ça
ca-
l/)
l&body=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ialismo
o:?
alismo- hipotese-do-tecnofeudalismo/) limites-do-capitalismo-de-vigilancia/) que protege o verbete “Aquecimento
Global” ajuda a encontrar a resposta
TECNOLOGIA EM DISPUTA TECNOLOGIA EM DISPUTA
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/TECNOLOGIAEMDISPUTA/) (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/TECNOLOGIAEMDISPUTA/)
(https://outraspalavras.net/outrasmidias/o-
| por IHU (https://outraspalavras.net/author/ihuinstituto/) | por Rob Lucas (https://outraspalavras.net/author/roblucas/)
arduo-trabalho-de-proteger-a-wikipedia-
das-fake-news/)
TECNOLOGIA EM DISPUTA
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/TECNOLOGIAEMDISPUTA/)
| por aPública (https://outraspalavras.net/author/apublica/)

DEIXE UMA RESPOSTA


O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

COMENTÁRIO

NOME *
E-MAIL *

(https://outraspalavras.net/)

SITE
OUTRASPALAVRAS 

(HTTPS://OUTRASPALAVRA
SALVAR MEUS DADOS NESTE NAVEGADOR PARA A PRÓXIMA VEZ QUE EU COMENTAR. PUBLICAR COMENTÁRIO

OUTRASPALAVRAS
JORNALISMO DE PROFUNDIDADE E PÓS-CAPITALISMO

INSTITUCIONAL NOSSOS CANAIS ASSINE O


BOLETIM
SOBRE (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/SOBRE/) OUTRASPALAVRAS (/)
EQUIPE (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/EQUIPE/) OUTRASMÍDIAS seu e-mail aqui

TRADUTORES (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TRADUTORES/) (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/OUTRASMIDIAS/) ASSINAR


AJUDE A SUSTENTAR (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/OUTROSQUINHENTOS) BLOGDAREDAÇÃO
CONTATO (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CONTATO/) REDES
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/BLOGDAREDACAO/)
SOBRE OUTRA SAÚDE (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/OUTRA-SAUDE-QUEM- OUTRASAÚDE
SOMOS/)

(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/OUTRASAUDE/)
ps://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ca-
l/)
://www.facebook.com/sharer/sharer.php?
alismo- (https://www.facebook.com/outraspal
LIVRARIA OP (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/LIVRARIAOP/)
OUTROSLIVROS (/LIVRARIAOP)
ca-
l/)
://twitter.com/intent/tweet?
alismo- OUTROSQUINHENTOS
A+amea%C3%A7a+nada+sutil+do+Colonialismo+Digital&url=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a- LICENÇA
PRINCIPAIS CATEGORIAS
(HTTP://WWW.OUTRASPALAVRAS.NET/OUTROSQUINHENTOS/)
Aca-
ça
l/)
/lialismo
://api.whatsapp.com/send?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
VÍDEOS PODCASTS
OUTROS BLOGS
ça
ca-
l/)
/lialismo (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/VIDEOS/)
://telegram.me/share/url?
alismo-
/outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a- (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/PODCASTS/)
PÓS-CAPITALISMO TRABALHO E PRECARIADO site pelo hacklab/
ct=A
ça
ca-
l/)
l&body=https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/a-
ialismo
o:?
alismo- TERRA
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/POS-
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/TRABALHOEPRECARIADO/)
EM TRANSE (https://hacklab.com.br/)
CAPITALISMO/) (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TERRAEMTRANSE/)
MOVIMENTOS E REBELDIAS CIDADES EM TRANSE
GAVIN
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/MOVIMENTOSEREBELDIAS/) ADAMS
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/CIDADESEMTRANSE/)
DESCOLONIZAÇÕES FEMINISMOS (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/GAVINADAMS/)
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/DESCOLONIZACOES/)
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/FEMINISMOS/)
LUIZA
TECNOLOGIA EM DISPUTA POÉTICAS SANSÃO
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/TECNOLOGIAEMDISPUTA/) (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/LUIZASANSAO/)
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/POETICAS/)
CRISE BRASILEIRA MERCADO X DEMOCRACIA MAURÍCIO
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/CRISE- AYER
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/MERCADOVSDEMOCRACIA/)
BRASILEIRA/) (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/MAURICIOAYER/)

ALCEU
REDAÇÃO REDE PARCEIRA CASTILHO
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/ALCEUCASTILHO/)
Rua Araújo, 124 - O JOIO
República - São E O TRIGO

Paulo/SP (HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/OJOIOEOTRIGO/)
DE OLHO
NOS RURALISTAS
(HTTPS://DEOLHONOSRURALISTAS.COM.BR/)
TERRA
EM TRANSE
(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/TERRAEMTRANSE/)

Você também pode gostar