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SEXO PRIVILEGIADO

Teoria do Ginocentrismo
http://sexoprivilegiado.blogspot.com/
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Olhando Fixamente para fora do Abismo

Por Adam Kostakis


"Eu amo uma oposição que tenha convicções" — Frederico, o Grande

Leitura Nº 1

A batalha dos sexos tem sido degenerada em uma guerra suja, e estamos, cada
um de nós, sendo convocados para essa guerra por forças que não se importam nem um
pouco com igualdade nem com justiça.

A propaganda [política], como uma ferramenta de controle, é eficaz somente


na medida em que a visão do mundo que ela apresenta está em harmonia com a percepção
do mundo vivenciado, dia a dia, por seus alvos. Quanto maior o fosso entre o mundo
percebido e o da representação propagandística do próprio mundo, menos eficaz — e
portanto, menos útil — a propaganda será, em última análise. Chegamos a uma conjuntura
em que as mulheres estão cada vez mais rejeitando o feminismo por ser irrelevante ou
inaplicável às suas vidas, porque o mundo que a ortodoxia feminista descreve não parece
ser o planeta Terra. Ao mesmo tempo, estamos nos aproximando do auge do controle
feminista sobre o mundo real habitado, o qual combina repressão estatal com tribalismo de
gênero, ambas as forças se intensificando exponencialmente à medida que usam umas às
outras como alavanca para subir cada vez mais alto.

Lembrei-me de um antigo enigma, que pergunta: “quão alto se pode subir


numa montanha?” A resposta é “ao topo”, porque quando você atinge o cume, só lhe resta
um caminho a seguir: descer. O feminismo não tem encontrado obstáculos; o controle total
está ao seu alcance, e por total, eu quero dizer no sentido de que um dia ele deverá
ser totalitário. O cartão de vítima1 tem servido como um bilhete de entrada pela porta dos
2

fundos em instituições estatais e instituições supranacionais. Agora, empoderadas sobre os


homens, as feministas têm restabelecido os princípios do Scum Manifesto2 de Valerie
Solanas, declarando — em uma linguagem claramente evocativa de Solução Final3 — que
em breve iremos testemunhar O Fim dos Homens4. A “guerra dos sexos” não está
se arrefecendo enquanto as mulheres se aproximam da igualdade com os homens (ou em
alguns casos, superando-os) — ela só está aquecendo. As feministas não apenas estão
incitando publicamente o ódio ao sexo masculino e ficando impunes por isso, como
também estão utilizando seus cargos no Governo, nas instituições acadêmicas, nos grupos
de reflexão e na mídia, para fazerem das suas violentas fantasias uma realidade, advogando
pela renúncia dos mais básicos direitos humanos dos homens.

Para dar um exemplo recente, a Secretária de Estado da nação mais poderosa


do mundo anunciou recentemente que uma unidade móvel internacional de acusação será
estabelecida especificamente para alvejar homens pelo mundo afora. Para dar outro
exemplo recente, uma líder feminista tem sugerido que certos princípios jurídicos
destinados a proteger cidadãos inocentes, de perseguições e de aprisionamentos injustos,
que remontam desde à assinatura da Carta Magna, devem ser retirados dos homens. E o
feminismo não é apenas um problema restrito ao mundo Ocidental. Os homens estão
sujeitos ao poder arbitrário de mulheres na Índia, enfrentando severas penas até por terem
causado, inadvertidamente, a mais simples das ofensas.

Nada disso se harmoniza com o clichê “mulheres-vítimas-de”, o qual tem


servido tão utilmente às feministas a chegarem a esse ponto. No entanto, o feminismo está
firmemente enraizado e está no controle dos mecanismos que ostentam o monopólio do
uso da força física, legítimo ou não. Não há praticamente nenhuma força contrária que
resista. O Ocidente encontrou sua nova Missão Imperial para substituir a Cristandade
Global: a forçada adoração às mulheres. E como qualquer voz discordante é imediata e
violentamente reprimida, as feministas são livres para radicalizarem sua agenda
antimasculina, a ponto de desencadearem no mundo a doença moral e todo tipo de
atrocidades vingativas.

Para você ver, quando a propaganda deixa de ser uma ferramenta eficaz de
controle, simplesmente as feministas procuram controlar outros meios. O controle do
Estado — o monopólio da violência física — é o meio que as feministas têm
procurado. Mas ao contrário da propaganda, a qual manipula a mente, o controle estatal
brutaliza somente o corpo. O poder dos controladores, em última análise, sempre repousa
sobre a resiliência do controlado, daí a necessidade em quererem forjar um consentimento
3

geral. O Império Romano não durou quinhentos anos pelo exercício da força bruta, mas,
sim, pelo apoio das massas; o Imperador era glorificado como um deus vivo, e até mesmo
os menores distritos em seu reino voluntariamente erigiam estátuas e altares em sua
homenagem. Durante muito tempo, os homens têm adorado diante do altar do sexo
feminino, e é tentador acreditar que essa submissão psicológica não irá se render nem
mesmo diante da opressão física ou do extermínio — e que os homens irão marchar para
sua morte como cordeiros oferecidos em sacrifício, na esperança de ganhar, com suas
últimas ações servis, o favor das mulheres. Mas as declarações a respeito do Fim dos
Homens podem muito bem virem a ser tão vazias quanto àquelas que foram feitas há quase
vinte anos, a respeito do Fim da História. O então chamado Choque de Civilizações que se
sucedeu levou o autor a refutar sua própria posição. Nós devemos ficar otimistas quanto a
termos, dentro em breve, um verdadeiro conflito entre os sexos, e daí, vermos as feministas
aficcionadas “comendo corvos”5.

Como o feminismo torna-se cada vez mais poderoso, e começa a realizar suas
ambições mais radicais, simultaneamente, ele irá esgotar sua capacidade de
forjar consentimento. Essas ilusões de cavalheirismo que asseguram o consentimento dos
homens e em que, em última análise, o feminismo se apóia — “mulheres-vítimas-de”,
“mulheres-preciosas”, “mulheres-indefesas”, e assim por diante — tornar-se-ão bastante
mais difíceis de se manter no tempo. Quanto mais forças avançam contra os homens,
controlam e dificultam suas vidas, mais descontentamento será fomentado entre eles. A
bolha misândrica está prestes a estourar, e com toda forma de excesso, e quanto mais
vermos bons homens sendo representados como criminosos e sujeitos a
punições humilhantes e cruéis, uma outra rachadura aparecerá na parede, e outro
passo daremos até o dia em que todo o odioso edifício desmoronará sob seu próprio peso
— e, fundamentamente, sob o nosso.

Nossa tarefa, então, é dupla: primeiro, preparar o terreno, a fim de acelerar o


colapso do feminismo.

Segundo (e complementar ao primeiro): construir as armas ideológicas para


ajudar a prevenir um ressurgimento feminista após seu colapso.

Ambos os objetivos exigem, não força, mas, a influência de nossas próprias


idéias. As coisas estando da maneira que estão, não nos é necessário distorcer a verdade.
Pelo contrário, nós devemos, sobretudo, expor aquelas verdades que os outros têm
distorcido; revelando fatos a um público muito mais amplo e que ainda não tem
4

conhecimento dos mesmos, de forma diligente e sem pedir desculpas. Como um notável
ativista da área explanou recentemente, ele não precisa atacar as feministas — ele diz que
tudo o que precisa é mencioná-las. Basta expor o ódio feminista, usando a luz do sol como
desinfetante e isso bem que poderá ser suficiente para se inverter a maré — razão pela
qual serão gastas enormes energias contra direcionamentos errados, desacreditando,
neutralizando e obscurecendo os argumentos e os defensores da oposição.

Uma estratégia-chave para o cumprimento de nossa tarefa foi anunciada em


uma conferência em abril de 2010 sob a forma de Estudos do Sexo Masculino, uma nova
disciplina que já enfrenta a hostilidade de um mundo acadêmico o qual tem sido um bastião
do feminismo radical. Que este dedo na ferida, esta pedra no sapato da uniformidade
acadêmica provocaria tamanha indignação, como já tem feito, não deve surpreender. Aqui
está uma seleção de temas que os Estudos do Sexo Masculino estão programados a cobrir:

Fatores socioeconômicos liderando o altíssimo envolvimento dos homens


com o sistema de justiça penal e o subemprego, além de oportunidades
limitadas aos pais, resultantes de mudanças na lei da guarda dos filhos
(econômicas, técnico-científicas, legislação, políticas públicas);

Representações misândricas de meninos e de homens adultos nos meios


de comunicação de massa e na publicidade (estudos da mídia, incluindo
cinema, televisão, internet, publicidade);

Relatos da experiência do ser masculino (na história, literatura,


autobiografia);
5

Questões urgentes relacionadas ao bem-estar emocional de


meninos e homens mais velhos, especialmente depressão e suicídio
(psicologia clínica, medicina, psiquiatria e trabalho social).

Friedrich Nietzsche, escrevendo no fim do século 19, advertiu que, se alguém olha muito
tempo para o abismo, então esse alguém encontrará o abismo olhando de volta para
ele. Deve ser profundamente perturbador para as feministas acordarem em uma manhã e
encontrar outras pessoas desconstruindo-as, tendo como missão de vida expor e corrigir as
injustiças feministas.

Esta parece ser a razão para a violenta resposta do setor feminista à idéia de
homens discutindo questões de gênero e de sexismo sem a supervisão das mulheres. Não
importa o que as feministas pensam a respeito dos Estudos do Sexo Masculino, pois, as
feministas não são o público-alvo da disciplina; o êxito nesses estudos não depende da
aprovação das feministas, um fato que sem dúvida haverá problemas em conciliações.
Independentemente disso, mesmo que lancem uma campanha orquestrada para evitar que
os homens discutam suas experiências em fóruns acadêmicos, elas são incapazes de impedir
que isso aconteça em todo lugar. O ponto mais delicado para pretensos ditadores é que
hoje vivemos na Era da Informação. É muito difícil controlar a circulação de informações
quando a nossa própria época é definida por ela. Então vamos discutir tudo isso aqui e a
partir de agora — e contanto que as pessoas possam usar a internet para se reunirem e
falarem o que pensam, nada pode nos parar. Vamos discutir, também, em um milhão de
outros lugares do mundo real — porque se os homens nunca tivessem falado sobre suas
experiências, enquanto homens, nós não estaríamos ansiosos para iniciarmos os Estudos do
Sexo Masculino num futuro próximo.

Já existe um grande número de sites dedicados a questões dos direitos dos


homens; com efeito, estes parecem ter se proliferado nos últimos anos, brotando por toda
a terra, assim como tantos cogumelos deliciosos. Para a maioria desses blogs, não é
necessário que seus conteúdos tenham um tema unificador, a não ser, o de fazer oposição
ao feminismo. Dada a crescente e ativa rede de pessoas preocupadas com as condições dos
homens hoje, tornou-se possível irmos além do que tem sido feito. Este blog pretende
encorajar a cristalização intelectual do que chamamos de Movimento pelos Direitos dos
Homens, através de uma lente de aumento em uma ampla gama de tópicos. Este blog é
dedicado à elucidação da Teoria do Ginocentrismo.
6

O que é a Teoria do Ginocentrismo? Em suma, é um sistema que explica as


relações sociais entre os sexos. Substitui a Teoria do Patriarcado, a pedra fundamental de
todo o pensamento feminista. Agora memética6, a Teoria do Patriarcado tem se revelado
uma enorme ferramenta em negar aos homens os seus direitos, incluindo os seus direitos
humanos mais fundamentais à integridade e à dignidade física, na falsa idéia de que todos
os homens são opressores (ou no mínimo, aliados aos homens opressivos de quem eles
recebem privilégios) e de que todas as mulheres são vítimas do poder masculino. A Teoria
do Ginocentrismo é a articulação de muitos anos de esforço por vários pensadores na
esfera dos Direitos dos Homens para descrever uma visão de mundo que reflete mais
fielmente as experiências dos homens — e de muitas mulheres, também. Em contraste ao
tribalismo simplista e preto e branco da Teoria do Patriarcado, a Teoria do Ginocentrismo
não iguala a auto-realização do sexo masculino com a posse de um poder tirânico sobre
mulheres. A Teoria do Ginocentrismo não aceita que os homens ajam como um bloco de
poder. Pelo contrário, a Teoria do Ginocentrismo expõe a divergência entre as categorias
demográficas e de interesse; fundamentalmente, mostra que, enquanto um minúsculo
número de homens detêm o poder político e social, isso não significa de modo algum que
eles trabalhem em benefício de todos os homens, mas, na realidade, e muito
frequentemente, que eles trabalhem pelo benefício da maioria das mulheres e em detrimento da
maioria dos homens. A Teoria do Ginocentrismo defende que o poder seja entendido como
multifacetado e denuncia que a política tem sido uma questão de apelo, e proteção, às
mulheres.

O acima exposto, sem dúvida, fará as cabeças das pessoas girarem a respeito
do que elas antes supunham de que o poder em todos os níveis possa ser identificado com
o tipo de genitália daqueles que tomam importantes decisões — independentemente daquilo
que eles realmente decidam.

Qualquer coisa a mais deve estar além do escopo desta leitura introdutória. E
assim, vamos continuar com essa linha de pensamento na próxima semana. As Leituras
7

serão atualizadas aos sábados, e estudiosos de todo o mundo estão convidados a participar
— ou acompanharem em seu próprio ritmo e tempo, se preferirem. As discussões serão
realizadas imediatamente após. Diferentemente da maioria dos blogs feministas, cujos
autores tomam Mary Daly como sua mentora ao negar sistematicamente a voz dos
homens, todos serão bem-vindos a falar aqui, apesar de expulsões serem garantidas no caso
de postagens de conteúdos obscenos ou de informações pessoais. Eu prefiro que as
feministas sejam refutadas ponto a ponto do que ter que bani-las, mas os destinos
das trolls realmente persistentes ficarão ao meu critério.

Eu convido você a ter um dia inteiro para refletir sobre isso. Vejo você
novamente.

Mais rápido do que você pensa.


Adam Kostakis

__________
Notas do Tradutor:
[1] Termo utilizado para designar alguém ou grupo que costuma colocar a culpa nos outros por seus próprios
fracassos, por tudo, e que não assume a responsabilidade pelos resultados em suas vidas.
[2] Solução Final ou Solução Final da Questão Judaica (do alemão Endlösung der Judenfrage)
refere-se ao plano nazista de genocídio sistemático contra a população judaica durante a Segunda Guerra
Mundial.
[3] SCUM Manifesto é um livro escrito por Valerie Solanas em 1967 que apresenta uma proposta para a
destruição total do sexo masculino.
[4] Livro da jornalista israelense Hanna Rosin, a qual decretou o Fim dos Homens e a ascenção das mulheres
no atual mercado de trabalho.
[5] Humilhadas pela prova de que estavam erradas.
[6] Memética é o estudo formal dos memes. A idéia de meme pode ser resumida por tudo aquilo que é
copiado ou imitado e que se espalha com rapidez entre as pessoas.
__________
KOSTAKIS, Adam. Olhando Fixamente para fora do Abismo [Staring Out From the Abyss]
[em linha]. Tradução e notas de Charlton Heslich Hauer. [S.l.]: Gynocentrism Theory, 2011.
Disponível em: <http://gynotheory.blogspot.com/2011/01/staring-out-from-abyss.html>.
Acesso em: 07 out. 2015.

Atualizada e revisada em: 07 out. 2015 às 13:42h.


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A Mesma História Repetida

Este é o segundo artigo (de uma série de doze) sobre a Teoria do Ginocentrismo.

Clique aqui para ler o 1º artigo: Olhando Fixamente para fora do Abismo

Por Adam Kostakis

Leitura N° 2

"Não fui feito com o seu molde. Não leio a mesma história repetida" — Pennywise

Meus leitores devem compreender que as preocupações abordadas


pela Teoria do Ginocentrismo não estão limitadas ao feminismo. O feminismo é
ainda bastante novo em cena, enquanto que o Ginocentrismo tem estado ao redor
do mundo desde que a História foi registrada. O Movimento dos Direitos dos
Homens visa abordar problemas relacionados com o feminismo, mas não limita
sua atenção para estes problemas. Muitos destes problemas já existiam antes do
final do século 19, quando surgiu o feminismo propriamente dito, embora eles
tenham sido ampliados e agravados desde então. O feminismo é apenas a
embalagem moderna do Ginocentrismo, um produto antigo, tornado possível na
sua forma atual pelas amplas medidas de bem-estar público do período pós-
guerra.
9

Apesar de sua radical retórica, o conteúdo do feminismo, ou


poderíamos dizer, a sua essência, é notavelmente tradicional; tão tradicional, de
fato, que suas idéias principais são simplesmente tomadas como certas, como
dogmas inquestionáveis e indiscutíveis, desfrutando uniforme parecer favorável em
todo o espectro político. O feminismo é distinguível somente porque tem uma certa
idéia tradicional — a deferência de homens para mulheres — a um extremo
insustentável. Extremismo político, um produto da modernidade, deverá
adequadamente pôr fim à própria idéia tradicional, isto é, na consequência de seu
assombro, todos cantam, todos dançam o ato final.

Permita-me esclarecer. A idéia tradicional em discussão é o sacrifício


masculino para o benefício das mulheres, a qual chamamos de Ginocentrismo.
Esta é a norma histórica, e é assim que o mundo sempre funcionou, muito antes
de qualquer coisa chamada “feminismo” ter se dado a conhecer. Há uma
continuidade imensa entre o código de classe cavalheiresca, a qual surgiu na
Idade Média, e o feminismo moderno, por exemplo. Que os dois são
distinguíveis está suficientemente claro, mas o segundo é simplesmente uma
extensão progressiva do primeiro ao longo de vários séculos, tendo conservado a
sua essência durante um longo período de transição. Pode-se dizer que eles são a
mesma entidade, a qual hoje existe em uma forma mais madura — certamente,
não estamos lidando com duas criaturas distintas. Pegue qualquer um dos grandes
impérios que varreram o globo — o Romano, o Otomano, o Espanhol, o Britânico
— e você encontrará o Ginocentrismo como a ordem do dia. Tantas grandiosas
iniciativas geopolíticas, tantos testamentos históricos para o triunfo do homem
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sobre a terra e o mar, foram construídos e conservados por homens perfeitamente


acostumados à ideia de morrer em prol de suas mulheres. É uma idéia que tem
sobrevivido a quase todas as outras, e perdura até hoje no nosso Império
Americano. Que os homens devem se sacrificar totalmente — sua própria
essência, o seu ser e sua identidade, para salvar as mulheres que eles nem
sequer conhecem — isso está bem resumido naquela frase popular, “mulheres e
crianças, primeiro”.

(E se você prestar especial atenção, você irá notar que a frase nunca é
pronunciada como “crianças e mulheres, primeiro”. Só de pensar nisso é um
absurdo! Isto porque o que realmente a frase quer dizer é “as mulheres em
primeiro lugar, crianças em segundo.”)

A resistência desses códigos social e de classe não deve nada ao


controle totalitário. Mesmo quando as manobras de revoltas sangrentas contra os
monarcas tirânicos desbancavam as elites, os homens que aspiravam ao
poder não mexiam no código Ginocêntrico. O auto-sacrifício dos homens é uma
constante sexual que sobreviveu a todas as mudanças de regime. O
Ginocentrismo, ao que parece, não deixou os homens completamente sem
benefício; em tempos de paz, um homem podia ficar razoavelmente assegurado
de que teria uma estrutura familiar estável, e seguro de sua própria paternidade
para as crianças que ele ajudou a criar. Apesar de tudo disso, o que era oferecido
aos homens era essencialmente compensatório. Durante a maior parte da história,
os homens, aparentemente, consideraram esta compensação uma coisa bastante
razoável — ou talvez, o Ginocentrismo estivesse tão profundamente arraigado que
eles simplesmente não refletiam nada sobre isso. Mediante suas ações, afirmaram
(e renovaram) o Ginocentrismo, e se fizeram pela honra do nome, pela nobreza,
pelo cavalheirismo, ou pelo feminismo, o que se vê é que a essência do
Ginocentrismo tem permanecido inalterada. Continua a ser um dever
peculiarmente masculino ajudar as mulheres a ir até os botes salva-vidas,
enquanto os próprios homens enfrentam uma morte certa e gelada.

Só agora, com os acontecimentos políticos e sociais do século XX que


levaram a uma ruptura entre os sexos, que o tipo de pensamento encontrado neste
blog pôde emergir. A modernidade tardia nos fornece novos recursos conceituais
— novas maneiras de pensar, que podem ser reconstituídos de volta ao
Iluminismo dos séculos XVII e XVIII. Fora deste caldeirão intelectual, um dia saiu
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rastejando da toca o feminismo, uma mistura vingativa de Ginocentrismo clássico,


de fetichização de vítima, de utopismo radical e de pressupostos liberais.

Seria excessiva simplificação dizer que as feministas se propuseram a


ter só ganhos. Pelo contrário, elas fizeram exigências para ambos, ganhos e
perdas. Elas queriam ganhar os direitos dos homens, mas perder as suas
tradicionais responsabilidades do sexo feminino. Isso, aparentemente, seria
colocar as mulheres em uma posição social igual a dos homens. Era um
argumento enraizado nas tendências liberais de individualismo, igualdade cívica e
autodefinição. Em retórica, senão na realidade, o feminismo afirmou os seus
pontos de concordância com os aspectos mais admiráveis do liberalismo
tradicional: a igualdade perante a lei, a abnegação do governo arbitrário, e assim
por diante. A extensão de direitos para todas as mulheres apareceu, logicamente,
para ser a fase sucessiva de libertação humana na sequência da extensão de
direitos a todos os homens.

Supunha-se — mais um engano nosso — que uma vez concedida à


igualdade de direitos, as mulheres iriam assumir voluntariamente as respectivas
responsabilidades a que os homens sempre cumpriram. Isto não aconteceu. As
feministas ficaram felizes em ganhar direitos dos homens, e perder as
responsabilidades das mulheres, mas elas ficaram horrorizadas com a sugestão
de que elas deveriam assumir as responsabilidades dos homens como um
corolário. Em vez de homens e mulheres partilharem os fardos do mundo, nós
tínhamos a Campanha da Pena Branca:
Esta campanha teve início no início da Primeira Guerra Mundial, na Grã-
Bretanha, onde as mulheres foram incentivadas a colocar penas brancas sobre os homens
jovens que não estavam com uniforme militar. A esperança era que esta marca de
covardia fosse constrangê-los a "cumprir sua parte" na guerra. A prática logo se espalhou
para o Canadá, onde mulheres patriotas, em resposta ao declínio nos números de voluntários
para o recrutamento, organizaram comitês para emitir penas brancas aos homens em roupas
civis e denunciar publicamente os “preguiçosos” e “mandriões”.

E certamente vale a pena ressaltar que muitas destas mulheres eram


sufragistas, e assim, mesmo enquanto faziam campanha pela igualdade de direitos
com os homens, elas usaram o constrangimento como um instrumento para
garantir que os homens, e somente homens, cumprissem as suas obrigações
12

tradicionalmente masculinas. Particularmente, o dever de dar as suas próprias


vidas, porque eles eram homens, em prol das mulheres. Sejam quais forem as
desvantagens que as mulheres possam ter enfrentado naquele tempo, não há
certamente maior coerção do que a morte.

Muita coisa mudou desde a Primeira Guerra Mundial, e o projeto


feminista para relaxar e esquivar as mulheres de responsabilidades,
enquanto estendeu a permissão para elas agirem do modo que bem entendessem,
encontrou enorme sucesso. E é justamente este estado de coisas que são
suscitadas certas perguntas, possibilitadas pelos recursos conceituais que
herdamos do Iluminismo: e se um homem não quiser viver assim? Por que razão
os homens devem continuar a cumprir ou desempenhar suas obrigações
tradicionais, quando as mulheres não correspondem as deles, e nem mesmo vão
adotar as responsabilidades correspondentes aos seus direitos no momento?
Surgem as perguntas: os homens estavam errados, todo esse tempo, a se
sacrificar pelo bem das mulheres? Devemos, de fato, não ter obrigações de
qualquer natureza com as mulheres?

A razão pela qual o Movimento dos Direitos dos Homens desperta tanta
hostilidade, tanto da Esquerda quanto da Direita, é porque é a primeira tentativa na
história de um sexo tentar abdicar de seu papel tradicional. O feminismo não é
assim; ele é o fortalecimento do poder que as mulheres já detinham. Hoje, o
Movimento dos Direitos dos Homens vai muito além de simples acusações dos
delitos feministas. Seus adeptos trabalham na análise histórica e em crítica social,
e, com a vantagem de dois séculos e meio de imaginação e de inovação
decorrente do Iluminismo, pôde facilmente conceber um mundo em que os
homens, pela primeira vez na história, não são obrigados a se sacrificar pelas
mulheres.
13

Sem dúvida, o futuro é este, e é uma reação contrária inevitável —


assim, uma consequência involuntária — do feminismo propriamente dito. Em
tempos passados, quando os homens podiam reivindicar uma compensação para
seu auto-sacrifício, eles aceitaram que isso era simplesmente o caminho do
mundo. Na ausência de compensação, e com as pressões sendo impostas cada
vez mais de forma rigorosa aos homens em todas as esferas da vida, eles são
provocados a questionar o novo poder arbitrário, e a formular seu próprio projeto
de libertação como resposta.

Minha afirmação feita anteriormente — de que o extremismo político, o


produto da modernidade, deve pôr fim à ideia tradicional — já deve estar clara. O
feminismo, que é a forma extrema de Ginocentrismo, deve pôr fim completamente
ao Ginocentrismo através da reação que ele gera. Estamos há cinquenta anos
dentro de um tremendo ato final; uma grandiosa apresentação orquestral, uma
exibição teatral fazendo uso sem precedentes de som e luz para confundir e lançar
ilusão. Mas se todo o mundo é realmente um palco, então todos os homens e
mulheres são atores — com papéis que nós próprios podemos escolher, agora
livres para deixar de lado os roteiros que lhes foram entregues e criar uma nova
história no lugar da antiga.

E quando a cortina finalmente cair, eu acredito que não haverá bis.

Adam

__________
KOSTAKIS, Adam. A Mesma História Repetida [The Same Old Story] [em linha]. Tradução de
Charlton Heslich Hauer. [s.l.]: Gynocentrism Theory, 2011. Disponível em:
<http://sexoprivilegiado.blogspot.com.br/2012/04/mesma-repetida-
historia.html>. Acesso em: 21 jan. 2015.

Atualizada e revisada em: 21 jan. 2015.


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Refutando o Apelo ao Dicionário


Vamos ao 3º artigo sobre a Teoria do Ginocentrismo.

Clique a seguir para ler o 1º artigo: Olhando Fixamente para fora do Abismo
Clique a seguir para ler o 2º artigo: A Mesma História Repetida

Por Adam Kostakis

Leitura Nº 3

“Alguma vez você já olhou, realmente, a palavra feminista em um dicionário? Significa:


igualdade entre os sexos. Não se trata de odiar os homens. Isto é muito simples e você
saberia, se realmente tivesse olhado” – Diva

Na seqüência do artigo anterior, sobre a visão geral do Ginocentrismo


do passado e atual, eu proponho haver um ponto comum de culto às mulheres,
passando por, e ligando, concepções tradicionais de masculinidade —
historicamente expressas naquilo que poderíamos chamar de “patriarcado” — e o
feminismo, o qual se apoderou do Estado e de instituições supranacionais, e está
prestes a desencadear a perseguição explícita aos homens.

Isso pode, muito bem, levar a muito mais artigos até ser completamente
elucidado, mas eu o menciono aqui por dois motivos. O primeiro é um lembrete de
que a referência a esse ponto comum, passa por todas estas reflexões: que o
Ginocentrismo tem estado conosco há muito, muito tempo, e só mudou a sua
forma, e não seu conteúdo. Este é o cerne da Teoria do Ginocentrismo, e essa é a
perspectiva a qual eu assumo uma ampla gama de assuntos.

O segundo é transferir a discussão para o feminismo. Existe o perigo de


se ler na Teoria do Ginocentrismo, uma minimização dos efeitos do feminismo,
considerando que este é apenas a versão mais moderna de um fenômeno que tem
séculos de idade. Por outro lado, ele [o feminismo] é a forma mais ativa de
Ginocentrismo que devemos tratar atualmente; é o inimigo, e como a este respeito
“todos cantam e todos dançam o tremendo ato final”1, ele é um fenômeno digno de
estudo a sua própria consideração.
15

Melhor o diabo que você conhece! Dizem que é melhor conhecer o teu
inimigo, mas as feministas são altamente eficazes em obscurecer suas próprias
intenções, ações, história e sua propensão para o uso da erística. Em meio a
fumaça e espelhos, um coro de vozes estridentes vindo de todas as direções pode
ser ouvido proclamando: “não é o nosso trabalho elucidar pra vocês sobre o que
seja o feminismo!”

Bem — então teremos de procurar desejosamente por nós mesmos,


escavarmos pérolas do conhecimento, e alcançarmos com esforço nossos próprios
juízos sobre o que o feminismo é. E já que as próprias feministas têm repudiado o
papel delas em nos explicar, as conclusões a que chegaremos não deveriam
resultar em nenhuma sanção por parte delas. Se não é trabalho delas explicar
para nós o que é o feminismo, então essa tarefa não poderia ser de quaisquer
outros a não ser de nós mesmos, poderia? No entanto, estranhamente, quando
nós mesmos buscamos o significado, feministas se opõem veementemente aos
nossos achados, como se elas cobiçassem de fato o papel de educadoras depois
de tudo. Elas têm repetidamente sugerido que deveríamos ver isso no dicionário.

Este é um pedido ilegítimo, até porque não existe “o dicionário”.


Existem, sim, dicionários (no plural). O apelo ao dicionário é aquele que é feito por
pessoas que, para falar francamente, não são muito brilhantes. Tais pessoas
aparentemente acreditam que a língua é um conjunto finito de palavras, cada uma
com uma única definição objetiva, e que o árbitro final é O Dicionário.

No mundo real, a linguagem é sempre variável e corruptível. É uma


coleção de significados, designados por termos (ou vocábulos) — mas, em larga
medida, estes são configurados e determinados pelos caprichos do tempo e do
lugar! E, muito frequentemente, as pessoas discordam sobre como os termos são,
16

ou deveriam ser, designados em significados — e como os significados são, ou


deveriam ser, designados em termos.

A própria existência da contestada terminologia, então, parece refutar o


Apelo ao Dicionário. Em caso de litígio sobre a definição ou uso de um termo, esta
é uma indicação de que temos vários significados (ou idéias, ou conceitos, se você
preferir), amontoados sob uma mesma palavra genérica. Colocando isso de outra
forma: existem várias coisas, mas todas elas são designadas pela mesma palavra.
Uma determinada configuração de termos para os significados podem beneficiar
determinadas pessoas, e ser de prejuízo para algumas outras!

Vamos dar um exemplo — muitas vezes, a alegação de que o


feminismo encoraja as mulheres a fazer falsas denúncias de estupro, tem sido
contestada por uma referência recorrente de que o feminismo defende a igualdade
entre os sexos. “Feminismo”, uma feminista diria, “fala sobre igualdade entre os
sexos, e nada mais.”

E ainda, as falsas denúncias de estupro continuam existindo — com a


cumplicidade feminista no que elas mesmas construíram. Essa questão tem sido
carente de reconhecimento na língua. A feminista tem obscurecido habilmente a
cumplicidade do feminismo na fabricação de falsas alegações de estupro,
branqueando a ideologia como se esta fosse algo que apenas falasse “sobre
igualdade sexual, e nada mais.” Se aceitarmos o argumento dela de que o
feminismo só se refere à defesa da igualdade entre os sexos, então já não teremos
condições que nos permitam discutir ou analisar as falsas denúncias de estupro,
além de visualizá-las como uma série de incidentes não relacionados. Certamente,
não seríamos mais capazes de considerar as falsas denúncias em seu próprio
contexto, do qual está como parte de um sistema de controle e perseguição. O
fenômeno da denúncia falsa de estupro definitivamente não é explicável pelo que
entendemos quando falamos em “igualdade entre os sexos”, e já que o feminismo
não seria nada mais do que aquilo, ficamos sem recursos linguísticos com os
quais, significativamente, poderíamos falar sobre o assunto; temos sido
pressionados a ficar mudos. Em suma, temos uma coisa existente, mas que não é
designada por quaisquer palavras. Como, então, poderíamos chamar a atenção,
criticar, se opor a isso?
17

Vejamos outro exemplo. Uma feminista pode muito bem criar uma
partição falsa no problema dos Direitos dos Pais, definindo-o de tal forma que a
culpabilidade feminista seja ignorada. Ela poderia, por exemplo, dizer que “o
patriarcado é o culpado pelo tratamento desigual dado aos pais.” E mais uma vez,
ela teria controlado a linguagem — os significados são divididos entre os termos,
ou eles são compactados em apenas um, e o resultado pretendido é que a
parte culpada não seja responsabilizada pelo que faz.

Agora, você pode pensar – “O que isso importa? Uma feminista pode
dizer isso ou aquilo, mas eu não acredito nela; minhas próprias experiências me
dizem que aquilo que ela diz não é verdadeiro, e eu dificilmente serei enganado
pelo o que ela diz.”

Bom, está tudo muito bem. Mas há um monte de gente por aí afora
que vai ser enganada por aquilo que ela diz — incluindo aquelas pessoas que
possuem o poder físico real para encarcerá-lo, destruí-lo ou afastá-lo de seus
entes queridos. As feministas não estão apenas dizendo isso a pessoas como
você e como eu — seus absurdos jorram em todas as direções, como petróleo
bruto a partir de um ducto estourado, fluindo para os ouvidos de todas as pessoas,
e, especialmente, para aquelas que podem “fazer algo a respeito”. A mensagem é
concretizada, mais forte do que uma cachoeira, queira você ouvi-la ou não, e todo
o projeto delas depende da repetição incansável de uma dúzia ou mais de
mantras, e o investimento de suas opiniões para dentro do inconsciente coletivo.
É por isso que elas tagarelam incansavelmente, normalmente papagueando frases
feitas, como células subordinadas em uma mente-colméia2! Elas fazem isso
porque funciona — pelo menos, até que alguém se levante e aponte que “o
Imperador está nu”3.

E então, o mundo desaba!


18

Foi necessário falar longamente sobre esse ponto, porque temos de


perceber que a linguagem política nunca é neutra, e as consequências estão
sempre escondidas na configuração de idéias e termos. O papel de Defensores
dos Direitos dos Homens é avaliar criticamente o uso da linguagem feminista, a fim
de determinar onde estaríamos em melhores condições de separar várias idéias
que são referidas a um termo, ou para compactar vários termos em um só. Nós
nunca devemos responder a um argumento feminista sem primeiro olhar
criticamente os termos por meio dos quais está sendo conduzido. Para colocá-la
em “Gamespeak”4, nós devemos “controlar o quadro!”

O Apelo ao Dicionário pode ser sumariamente descartado. Dicionários


oficiais representam as posições do sistema estabelecido. O feminismo, como está
em voga, é oficialmente definido da forma que seus adeptos gostariam que
o mundo visse o feminismo; não é definido de uma forma que descreve, ou
representa, a totalidade do plano. Aquilo que aconteceu, ou ainda acontece, mas
não reflete a visão do sistema, é simplesmente ignorado. Definir o feminismo como

a defesa dos direitos das mulheres em razão da igualdade política, social e


econômica com os homens

é deixar de lado grande parte da sua história desagradável — e privar


os céticos, dos recursos para uma extraoficial análise linguística e histórica do
termo. Esta revisão antiga da página “Feminismo e Igualdade” da Wikipedia,
contém muito material que contesta em preto-e-branco a definição do dicionário,
embora a própria página foi vítima das mesmas forças que procuram estabelecer
limites para as alternativas linguísticas de seus críticos. Felizmente, as versões
antigas dos artigos da Wikipedia ficam arquivados, por isso os esforços de um Nick
Levinson em expor de maneira explícita o teor de várias famosas obras feministas
não foram em vão. Vamos lá!

Jill Johnston, em Nação Lésbica, convidava os homens a eliminar as qualidades


que possuem enquanto homens. “O homem é algo completamente não relacionado com a
natureza. Natureza é a mulher. O homem é o intruso. O homem que ressintoniza-se com a
natureza é o homem que desmasculiniza-se ou elimina-se como homem [...] Um pequeno, mas
significativo número de mulheres enfurecidas e aficcionadas na história, compreendem a
19

revolução das mulheres no sentido visionário de um fim à catastrófica irmandade e um


retorno à antiga glória e a sábia equanimidade dos matriarcados.”

Mary Daly, em “Gino/Ecologia”, escreveu em favor da reversão do poder entre os


gêneros [...] “Como uma cristalização criativa do movimento para além do estado de Paralisia
Patriarcal, este livro é um ato de Desapropriação; e assim, em um sentido para além dos
limites do rótulo antimasculino, isso é absolutamente Antiandrocrático, In-crivelmente
Antimasculino, Furiosamente e Finalmente feminino.”

“As mulheres precisam de terra e um exército...; ou um governo feminista no


exílio? Ou mais simples: a cama pertence à mulher; a casa pertence à mulher; qualquer terra
pertence à mulher; se um parente homem é violento, ele é retirado do local onde é ela que tem
o direito superior e inviolável, ele é detido, com liberdade condicional negada, e processado...
Poderiam as mulheres definirem um preço elevado ao nosso sangue”?Andrea Dworkin

Phyllis Chesler, em “Mulheres e Loucura”, baseava-se na história matriarcal,


mitologia das amazonas, e na psicologia e, com alguma ambivalência, na confiança apenas na
biologia como uma justificação, argumentava que uma guerra entre os sexos tem sempre
estado em curso e que as mulheres se beneficiariam do uso de seus plenos poderes para serem
as detentoras exclusivas do poder político para produzir uma sociedade desigual na qual os
homens viveriam, mas seriam relativamente fracos, mesmo que tal sociedade não fosse mais
justa do que um patriarcado, e convidar as mulheres feministas a dominar as instituições
públicas em favor dos seus próprios interesses. “A sociedade das amazonas, como mitologia,
história e pesadelo universal masculino, representa uma cultura em que as mulheres reinam
culturalmente de forma suprema por causa do gênero delas [...] Na sociedade das amazonas,
apenas os homens, quando eles eram autorizados a permanecer, foram, em muitos graus
diferentes, impotentes e oprimidos [...] Se as mulheres levam seus corpos a sério — e
idealmente nós deveríamos — assim, a sua plena expressão, em termos de prazer,
maternidade, e força física, parece sair-se melhor quando as mulheres controlam os meios de
produção e reprodução. Deste ponto de vista, isso simplesmente não é do interesse das
mulheres apoiar o patriarcado ou até mesmo uma lendária ‘igualdade’ com os homens.”

Uma organização que foi nomeada “As feministas” estava interessada no


matriarcado. Dois membros queriam “a restauração do governo feminino”.
20

A menos que a organização e os livros acima mencionados realmente


não existam, somos forçados a concluir que o feminismo não fala apenas da
defesa dos direitos das mulheres com base na igualdade com os homens. No
mínimo, o que devemos dizer é que algumas feministas podem ter apoiado a
igualdade, enquanto outras feministas têm negligenciado a igualdade e têm
abertamente apoiado a superioridade feminina. E nem pode o último grupo ser
reduzido a um punhado de lunáticas marginais. Como Nick Levinson aponta (e
para grande desgosto das feministas moderadas), foram vendidas dois e meio
milhões de cópias de Mulheres e loucura, de Phyllis Chesler.

Isso é puro ódio.

E um monte de energia é gasta ativamente para varrer esse tipo de


coisa para debaixo do tapete por aqueles que percebem o quão prejudicial pode
ser para o seu caso. As feministas modernas são muito mais retoricamente
disciplinadas do que as suas francas antepassadas, e concluíram que os planos
impopulares não são apoiados em massa se discutidos abertamente. A disciplina
retórica acrescenta uma nova camada de subterfúgio para tudo o que foi dito a
respeito da designação de termos para idéias. Não bastará apenas olhar para o
que elas dizem, devemos vigiar cuidadosamente o que elas fazem. Não têm
algumas das recomendações acima se cumprido pelas ações das feministas? Não
é a mesma situação na qual os parentes do sexo masculino acusados de
violência são removidos de seu lar onde a mulher tem o direito superior e
inviolável, como Andrea Dworkin esperava? Não tem as mulheres dominado as
instituições públicas para seus próprios benefícios, como Phyllis Chesler defendia?
Como a Teoria do Ginocentrismo nos diz, as mulheres já tinham um “alto preço em
seu sangue” — muito maior que o dos homens, em quase todas as épocas da
21

história. Este simples fato é a razão pela qual foi possível para as prescrições de
feministas radicais serem alcançadas em primeiro lugar — e para os dissidentes
terem sido tão facilmente marginalizados.

Ainda assim, os tempos mudam. Os sistemas são derrubados, e as


palavras são oficialmente redefinidas. Se a nova definição de uma palavra
demonstra ser mais precisa, então ela deve ter existido há muito
tempo, extraoficialmente, antes da revisão da palavra. Às vezes, os
sistemas devem mudar antes que os termos se padronizem. O dicionário está
aquém da definição, porque o sistema está atolado em lama. Eu prevejo que, à
medida que alcançamos uma massa crítica contra o feminismo, e pouco antes de
seu colapso, é bem possível que vejamos algumas concessões na forma de
definições alternativas do termo virem a se tornar aceitas.

Adam

__________
Notas do Tradutor:
[1] Aspas minhas. Aquela expressão já foi tocada na postagem anterior: “todos cantam e todos
dançam o tremendo ato final”. Talvez o autor tenha se referido a Macbeth, a maior tragédia
criada por Shakespeare, onde no Ato III, cena IV, no primeiro encontro entre as bruxas e os
generais Macbeth e Banquo, fica evidente a excitação das bruxas quando dançam e cantam:
“Bruxas da terra e do mar, / Toca, Toca A Cirandar, / E roda que rodopia! Três voltas para a
direita, Três para a esquerda, e está feita / A preceito a bruxaria” (p. 23). Esse discurso é
alusivo a Newes From Scotland, no qual, a dança feminina, em círculos à beira mar, fazia parte
da celebração das bruxas.
Ou talvez o autor tenha cunhado essa expressão por influência de Nietzsche. Na
visão “Nietzscheneana”, isso seria o mesmo que “já que todos estão participando disso sem
nenhuma escolha, é melhor viver, lutar, ou seja, cantar e dançar”. Nietzsche sempre costumou
usar a expressão “dançar diante do abismo”.
Ou ainda, "all-singing, all-dancing" também é uma expressão idiomática nos EUA, que quer
dizer "cheio de vitalidade". Talvez o autor quisesse sugerir que é assim que o feminismo
deveria ser combatido.
[2] A mente-colméia, que também é muitas vezes referida como consciência coletiva, é um
conjunto de atitudes, crenças e conhecimentos que são compartilhados por um grupo de
pessoas. Na maioria dos casos, os indivíduos de uma sociedade estão conscientes de suas
individualidade e informação na mente-colméia, muito embora, são casos extremos que podem
22

levar muitas pessoas a se tornarem absorvidas pelo pensamento de grupo. Os grupos podem
formar comunidades inteiras ou subgrupos dentro de uma comunidade.
[3] Aspas minhas. Refere-se ao livro de mesmo nome “O Imperador está nu” escrito por Jack
Herer que por sua vez colocou esse título em homenagem ao famoso conto de fadas de Hans
Christian Andersen: A roupa nova do rei. O livro oferece $100,000 para quem puder provar que
uma premissa nele está errada (ver a premissa e demais informações em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Emperor_Wears_No_Clothes)
[4] Uma conversa, ou parte de uma conversa, entre um homem e uma mulher em que ambos
são atraídos um pelo outro. Ao utilizar Gamespeak, significados literais não são muito
importantes. É preciso “ler nas entrelinhas” sobre o que o homem ou a mulher realmente quer
dizer. (Fonte: http://www.urbandictionary.com/define.php?term=gamespeak).

__________
KOSTAKIS, Adam. Refutando o Apelo ao Dicionário [Refuting the Appeal to
Dictionary] [em linha]. Tradução e notas de Charlton Heslich Hauer. [S.l.]:
Gynocentrism Theory, 2011. Disponível em:
<http://gynotheory.blogspot.com.br/2011/01/refuting-appeal-to-dictionary.html>.
Acesso em: 02 dez. 2014.

Atualizada e revisada em: 02 dez. 2014.


23

“Pig Latin”¹ – Brincando com as palavras

Vamos dar continuidade, então, à Teoria do Ginocentrismo.

Clique aqui para ler o 1º artigo: Olhando Fixamente para fora do Abismo
Clique aqui para ler a 2º artigo: A Mesma História Repetida
Clique aqui para ler a 3º artigo: Refutando o Apelo ao Dicionário

Por Adam Kostakis


Leitura N° 4

“É como se a língua comum que usamos todos os dias tivesse um conjunto oculto de sinais,
uma espécie de código secreto” - William Stafford

Para recapitular o artigo anterior: os Defensores dos Direitos dos


Homens não devem ter medo de brincar com as palavras; de redefinir o debate; de
reformular a linguística convencional e usá-la como quiserem. Não tenham medo
de fazer um jogo. Usem palavras — e os significados que vocês escolherem para
atribuir a elas — para zombar, humilhar e confundir seus inimigos. Vejamos um
bom exemplo — temos abaixo um tipo de uso de típica fraseologia feminista, mas
com uma diferença importante:

Nem todos os patriarcas são assim. Eu sou um patriarca — e me orgulho disso —


mas isso não significa que eu, pessoalmente, sou responsável pelo que os outros patriarcas
fazem, não particularmente aqueles patriarcas radicais. Mas o patriarcado não é uma
entidade monolítica. Não existe apenas um tipo de patriarcado. Há muitos tipos diferentes de
patriarcas que possuem opiniões diferentes.

Note que definir-se como um patriarca não implica necessariamente


que você se define como as feministas pensam que patriarcas deveriam ser. As
feministas não são árbitros linguísticos; você é absolutamente livre para chamar a
si mesmo de patriarca usando a sua própria definição do termo, a qual pode ou
não coincidir, em certa medida, com a definição delas. No entanto, seja qual for o
caso, você certamente não precisa explicar que as qualidades que você possui,
em seu entender, tornar-lhe-á patriarcal. No entanto, ao anunciar que você é um
patriarca, você possivelmente encontrará as feministas tentando induzi-lo a dar
alguns contornos precisos para o seu patriarcado; depois que os contornos tiverem
24

tomado forma na mente de uma feminista, a tarefa dela agora é fazer você
reconhecer isso. Ela irá dizer algo emotivo como, “oh, então você acha que os
homens devem ter permissão para violar as mulheres impunemente?”
Sua resposta inicial, é claro, será uma testa franzida. Então você irá
dizer: “é claro que eu não acho isso. E ainda continuo sendo, sem dúvida alguma,
um patriarca.”

Neste exemplo, você pode definir o patriarcado da maneira que você


quiser; tendo decidido de antemão que o feminismo é algo em que não se pode
acreditar, você rejeitará qualquer noção feminista do que seja patriarcado. Você
pode até, se quiser, definir-se como um patriarca como alguém que apóia a
igualdade entre homens e mulheres. Sim, esse tipo de jogo de palavras vai
enganá-las por um bom tempo, porque o feminismo depende de uma configuração
peculiar de palavras e significados, que não podem ser contornados sem sinalizar
uma ameaça para a base de poder ideológica.

A sugestão acima soa absurdo? Bem, eu posso conduzi-lo até um


exemplo real, àquele movimento social, cujo sucesso tem dependido, em grande
parte, de sua destreza em manipulação linguística. Estou falando, é claro, do
feminismo, cujas adeptas realizam suas atividades reformulando percepções da
realidade através da redefinição das palavras. Mas esta arma está disponível para
todos aqueles que são marginalizados; são os grupos de pessoas detentores do
poder dentro de uma sociedade é que devem defender sua ortodoxia, não os
excluídos. E embora as feministas tenham feito largo uso dessa estratégia no
campo de batalha linguística, isso se tornou um ponto de vulnerabilidade para elas
que controlam a máquina agora, ao invés de protestarem violentamente contra
ela. Agora, veja você, elas devem consolidar seus ganhos, elas devem conservar o
que elas criaram, e assim, elas são colocadas na defensiva, protegendo suas
ortodoxias etimológicas daqueles que discordam. Como eu disse no primeiro
artigo, a capacidade que elas têm de controlar as percepções da realidade está
fraquejando. A chapa está quente. É hora de atacar!
25

Mas será que eu fui rápido demais em ter rejeitado a definição de


feminismo oferecida pelas feministas? Eu acho que talvez posso ter sido.
Mesmo conceitos essencialmente contestados, como W. B. Gallie referiu-se a eles,
devem ter significados que são maiores do que os normativos, senão a
comunicação sobre eles tornar-se-ia impossível. Isto é — deve haver algum grau
de consenso geral sobre o que é o feminismo, entre feministas e antifeministas, ou
não seríamos capazes de discutir sobre isso! Apesar das diferenças entre a visão
feminista sobre o feminismo e a nossa própria visão, algum conteúdo em comum
deve existir em algum nível, do contrário estaríamos falando de coisas
completamente diferentes. Elas podem falar sobre o movimento feminista,
enquanto eu estou falando de criação de cavalos, embora ambos estejam se
referindo de forma respectiva ao tema “feminismo” — mas não teríamos muito a
dizer uns aos outros se esse fosse o caso, teríamos?

Portanto, vou postular a seguinte definição como universalmente


aplicável ao feminismo; isto é, adaptável a todos os critérios para o que o
feminismo é, apesar das diferentes perspectivas que várias pessoas possuem
sobre a sua natureza. É uma definição apropriadamente limitada, uma vez que ela
pode englobar apenas as partes do feminismo das quais todas as definições têm
em comum. Assim, aqui está: o feminismo é o projeto para ampliar o poder das
mulheres.

Isso, então, é o que todas as pessoas que discutem sobre feminismo


têm em comum sobre o conceito, quer sejam elas favoráveis, céticas ou
26

niilisticamente indiferentes. Nenhuma feminista, penso eu, iria negar que isto é, no
mínimo, o “esqueleto” do feminismo, mesmo que ela prefira discorrer sobre o tema
em muito mais detalhes. Mas isso não fará, para além desta estreita inferência,
com que nós discordemos uns dos outros. Para sermos o mais objetivo possível,
então, devemos levar em conta apenas o que todo mundo concorda acima, e essa
é a nossa definição universalmente aplicável.

Note que ali não há menção sobre igualdade. Isto porque, como eu
desmascarei na semana passada, com a ajuda de um Nick Levinson, há um
número de feministas que explicitamente não buscava a igualdade, mas sim, a
supremacia. Assim, a igualdade não se encaixa na definição universal de
feminismo, uma vez que certas próprias feministas — que eram muito famosas,
inequivocamente feministas — desmentiram isso. Dizer que o feminismo fala
“sobre igualdade”, então, seria colocar-se em oposição diametral a várias
feministas extremamente influentes! E por isso, seria algo... misógino!

Nem pode se dizer que o feminismo é o projeto para aumentar o poder


das mulheres em relação aos homens, uma vez que, essa visão contrafeminista
freqüentemente deixa as feministas bastante satisfeitas para poderem aumentar o
poder das mulheres em um sentido absoluto. Ou seja, elas se esforçam
para agarrar tudo o que puderem para as mulheres, sem referência à condição dos
homens. A frase “em relação aos homens”, a essa altura, só serve para dizer que
as mulheres são menos poderosas em relação aos homens no momento, assim
lançando o feminismo a uma perspectiva favorável, injustamente. Na realidade,
uma vez que as mulheres alcançam o poder que está em um nível igual ou
equivalente ao dos homens, as exigências de feministas não param. O que
descobrimos é que o poder feminino torna-se enraizado, e estendido, e quando ele
supera o poder masculino, isso é simplesmente referido como “igualdade” e
ignorado pelas feministas — pelo menos, quando não estão se gabando da
recente falta de poder dos homens.

Também não somos capazes de enumerar, em nossa definição


universal, os domínios específicos da vida, ou esferas, nas quais o projeto
feminista se aplica. Isso ocorre porque o feminismo é inerentemente
universalizante; ele pretende colonizar e dominar cada faceta da vida, onde
homens e mulheres se encontram. Tem como objetivo à dominação em todos os
âmbitos da vida, real e potencial.
27

Você pode discordar de alguns dos pontos acima, especialmente se for


partidário do feminismo. Mas isso não muda a nossa definição universal, porque
tudo o que podemos dizer sobre aqueles pontos é que eles são controversos. Isto
é, feministas e não feministas, que estudaram sobre o feminismo, discordam sobre
estes aspectos do feminismo, e seria simplesmente tendencioso tomar como certo
um ou outro ponto de vista. Isso seria como consultar apenas Jacobinos sobre as
conquistas históricas do Clube Jacobino, ou como
entrevistar apenas conservadores para explicar o liberalismo moderno. Seria um
bom exemplo de fraca metodologia, e ajudar-nos-ia muito pouco em nossa busca
pela verdade. Certo? Então, a nossa definição universalmente aplicável não pode
ser ampliada para além do que dissemos antes: o feminismo é o projeto para
ampliar o poder das mulheres.

Não devemos ser influenciados por tentativas feministas de negar a


tendência universalizante inerente ao feminismo. Em suas tentativas de ganhar o
debate sobre o que o feminismo é, as feministas são famosas por abreviarem sua
própria ideologia para uma pequena parte do seu todo, e apresentam o apoio
delas pelo — e sua dissenção do — feminismo como inteiramente apoiado sobre
uma única questão. Permitam-me dar um exemplo, em que você será confrontado
com o Apelo à Franqueza. Você acabou de dizer que você não apóia o feminismo.
O próximo movimento de sua adversária feminista é reduzir a totalidade do
feminismo à conquista das mulheres ao direito de votar — o que implicaria dizer
que você se opõe a isso, já que você afirmou que se opunha ao feminismo. Você
deve simplesmente lembrar a todos os espectadores que o feminismo é mais do
que isso e não pode ser reduzido a um único item como ela tentou fazer. Você
pode abertamente declarar seu apoio para esse único item — neste caso, o voto
— embora mantendo sua antipatia para com o feminismo, não sendo este, de
nenhuma maneira, redutível a apenas o direito de votar das mulheres.

Essencialmente, sua consciência estará limpa, e você estará livre para


rotular a si mesmo um não-feminista — e até mesmo, um antifeminista —
diferente da implicação de que você, portanto, apóia todas as coisas que o se
opõem ao feminismo.

Então, para recapitular: a única coisa que todos nós vamos ser capazes
de concordar é que o feminismo é o projeto para ampliar o poder das mulheres.
Como você deve ter notado, as feministas vão um pouco mais longe ao falar sobre
28

o que elas pensam sobre o que seja o feminismo, e elas terão muitas meias-
verdades e mistificações para oferecer se você lhes perguntar educadamente o
suficiente — mas lembre-se, não é trabalho delas nos esclarecer sobre estas
coisas.

Como tal, podemos abandoná-las às suas próprias fantasias sem


sentido, e passarmos da definição universal e avançarmos para uma que mais
precisamente conte as experiências do mundo dos homens.

Então, aqui está a definição que eu ofereço: “o feminismo é a mais


recente, e atualmente, a forma mais culturalmente dominante de Ginocentrismo. É
uma ideologia de vitimização que explicitamente defende a supremacia feminina,
em todas as facetas da vida nas quais homens e mulheres se encontram; procede
em conformidade com a sua tendência universalizante e, assim, age em cada
esfera da vida, inclusive, se estendendo para além das esferas política, social,
cultural, pessoal, emocional, sexual, espiritual, econômica, governamental e legal.
Por supremacia feminina, refiro-me à noção de que as mulheres deveriam possuir
superioridade de condição, poder e proteção em relação aos homens. É o
paradigma cultural dominante no mundo ocidental e mais além. É moralmente
indefensável, embora seus adeptos continuem assegurando a sua hegemonia e
fazendo com que siga de forma incontestável mediante a dominação das
instituições sociais e do uso da violência do Estado.”
29

Em resposta ao artigo anterior, Primal ofereceu sua própria definição de


feminismo, à qual não é exatamente igual a minha, mas as duas são certamente
complementares:

Gênero-feminismo é uma ideologia global construída sobre uma pilha de


mentiras descaradas. Como a principal superstição reverso-sexista da era Pós-Moderna, ela
constituiu a base para a supremacia do sexo feminino em nome da igualdade de “gênero”.
Como outras estúpidas fantasias utópicas, tem em seu cerne o totalitarismo. É formado por
uma mistura aterrorizante de recicladas, porém, des-creditadas relíquias ideológicas de um
amontoado de lixo da história ... relíquias como o Marxismo, o Romantismo e o Classismo².
Seus defensores orgulhosamente destroem os padrões clássicos bem estabelecidos para forçar
os outros a tomar a sério sua ideologia. Seus adeptos se espalharam como patógenos
cancerígenos em instituições autoritárias ... que é onde o poder é pervertido por razões
políticas. É a filosofia disparatada, circular e interesseira. Como a base moral principal dos
grupos de ódio dominantes que operam em nome dos Direitos das Mulheres em todo o mundo,
o gênero-feminismo é um dogma perigoso que não tem lugar no discurso civil.

Ambas as definições são bastante longas, embora eu ache que é útil ter
uma definição do que queremos dizer exatamente com o termo. Poderia ser muito
reduzida e apresentada da seguinte forma: o feminismo é igual ao supremacismo
feminino.

Que a versão abreviada é mais memorável é compensada por suas


implicações infelizes de que i) somente as mulheres são feministas, e ii) todas as
mulheres apóiam o feminismo. Nem i) nem ii) está correto. A acusação de
supremacismo por si só não é realmente suficiente para nossos propósitos; ela
deixa muita coisa que não foi dita sobre o que este supremacismo seja, e o quanto
de sucesso o feminismo teve até agora. Para fins de taquigrafia, faremos isso, mas
deve-se lembrar que é uma redução de definições mais amplas como funcionou
aqui e alhures.

O que pode ser mais útil para os nossos propósitos em apresentar


nossa visão do que é o feminismo, é uma breve definição de seus objetivos. O
feminismo visa essencialmente aos seguintes objetivos:

(1) A expropriação dos recursos dos homens para as mulheres.

(2) A punição de homens.


30

(3) Aumentar (1) e (2) em termos de alcance e intensidade


indefinidamente.

Eu sinto que essa definição vai acertar em cheio às próprias feministas


— porque bate certinho com a realidade. Que os efeitos do mundo real do projeto
feminista têm sido de fato (1) e (2), e que estes têm aumentado em abrangência e
intensidade ao longo dos anos (3) é, francamente, irrefutável.

O tempo se rendeu à verdade sobre o que acontece quando mulheres


de espírito feminista vêm a ocupar os cargos mais poderosos na sociedade, ou
seja, ocorre que os Direitos dos Homens são sistematicamente destruídos. Quanto
mais poder as feministas têm, mais novas leis são criadas para realizar maior
confisco de propriedade dos homens e intensificar as violações de suas liberdade,
integridade física, e de suas próprias vidas.

Mas há esperança. Pois é isso, ações, não palavras, são o que


devemos dirigir aos nossos inimigos. Que todos tenham um fim de semana
agradável.

Adam

__________

Notas do Tradutor:

[1]. Pig Latin é um jogo de alterações de linguagem em Inglês. Para formar a Pig Latin de uma
palavra em Inglês, a primeira consoante (ou encontro consonantal ) é movida para o final da
palavra e um ay é afixada (por exemplo, pig yields igpay and computer yields omputercay or
truancy yields uancytray). O objetivo é esconder o significado das palavras de outras pessoas
não familiarizadas com as regras. A referência a Latin é um deliberado equívoco, pois é
simplesmente uma forma de jargão, usado somente para as suas conotações em inglês como
"língua estranha e de estrangeira sonoridade." [Fonte:Wikipedia]. No Brasil, um jogo
semelhante a esse é a "Língua do P".

[2]. Classismo: (Sociologia) é o preconceito ou discriminação com base na classe social; crença
de que pessoas de determinadas classes sociais ou econômicas são superioras a outras.

__________
KOSTAKIS, Adam. "Pig Latin" – Brincando com as palavras [Pig Latin] [em
linha]. Tradução e notas de Charlton Heslich Hauer. [s.l.]: Gynocentrism Theory,
31

2011. Disponível em <http://gynotheory.blogspot.com.br/2011/01/pig-latin.html>


Acesso em: 09 ago. 2013.

Atualizada e revisada em: 30 dez. 2018


32

Anatomia de uma Ideologia da Vitimização

Chegamos a mais um grandioso artigo sobre a Teoria do Ginocentrismo,


desenvolvida pelo brilhante filósofo, Adam Kostakis, com o intuito de refutar a
mentirosa e fraudulenta “Teoria do Patriarcado” e de ajudar a fortalecer a
consciência em defesa dos Direitos mais básicos de Homens e Meninos.

Clique aqui para ler o 1º artigo: Olhando Fixamente para fora do Abismo

Clique aqui para ler o 2º artigo: A Mesma História Repetida

Clique aqui para ler o 3º artigo: Refutando o Apelo ao Dicionário

Clique aqui para ler o 4º artigo: "Pig Latin"¹ – Brincando com as palavras

Por Adam Kostakis

Leitura Nº 5

“A maior fraqueza dos homens é sua fachada de força; a maior força das mulheres é sua
fachada de fraqueza” — Warren Farrell

Entre os piores erros que os amantes da liberdade podem cometer,


está o de estereotipar as feministas como um pequeno e heterogêneo grupo de
lésbicas revoltadas que há muito deixaram de ser relevantes. Tome nota: esse
estereótipo as ajuda.

Devo repetir: esse estereótipo as ajuda.

Deixemos isso bem claro. Toda vez que você subestimou as feministas,
ao considerá-las um bando de bruxas velhas mal-humoradas que ninguém leva a
sério, você ajudou a obscurecer o programa delas e, de fato, suas próprias
existências como uma forma de poder organizado. Depreciá-las, você deve — mas
fazê-lo de uma forma que as exponha, não que as obscureça! O feminismo está
muito longe de ser uma relíquia do passado. O movimento feminista é levado
muito a sério por aqueles que têm o poder de impor os seus principais objetivos:
33

(1) A expropriação dos recursos dos homens para as mulheres.

(2) A punição de homens.

(3) Aumentar (1) e (2) em termos de alcance e intensidade, indefinidamente.

A obscuridade auxilia a concretização destes objetivos ao criar dúvida


entre potenciais adversários. O erro na identificação do feminismo como um
artefato cultural que já não detém o domínio sobre as operações do governo e da
sociedade, é um produto da própria metamorfose do feminismo. Note que
a essência, ou a substância do feminismo, não mudou ao longo dos anos, apenas
a sua forma, ou a embalagem. A mudança de embalagem tem se mostrado tão
eficaz que alguns agora negam que o produto ainda exista.

Pelo contrário. Assim como os tempos mudaram com o feminismo, o


feminismo mudou com os tempos. Na transformação do feminismo, de um
movimento de oposição ao governo e à sociedade em geral, em um movimento
que controla o Estado e a opinião pública — e usa essa posição para perseguir os
novos inimigos do Estado — suas estratégias sofreram certa transformação
cultural. Hoje, as feministas não precisam ter acessos de raiva para conseguirem o
que querem, pois, enquanto no passado elas protestavam violentamente contra a
máquina, agora elas controlam-na. Esta é a mudança verdadeiramente profunda
nas sociedades ocidentais desde o auge da consciência sobre o feminismo, em
meados do século passado; não é verdade que as feministas têm se
tornado menos relevantes, ao contrário, muito mais.

Como Fidelbogen colocou recentemente:

O feminismo agora está entremeado nas estruturas institucionais, portanto,


“respeitável”. Eu poderia compará-lo ao crime organizado, onde no início os bandidos
cometiam atividades criminosas, abertamente, mas, uma vez que eles inseriram seu pessoal
para dentro do governo, e da política eleitoral, aprenderam a usar gravata de seda e jogar o
jogo de uma forma diferente.

Quando as feministas estavam fora do consenso, causar ofensa foi


uma de suas armas principais — mal-disfarçada de avanço vanguardista dos
limites. Quem não se lembra desta “adorável” peça propagandística de ódio,
publicada na década de 1970?
34

“Castração livre quando necessária


Um direito da mulher decidir”

A descrição acima é exatamente o tipo de coisa que as feministas de


hoje gostam de fingir que nunca aconteceu. Agora que as feministas chegaram a
um consenso, elas são obrigadas a defender os seus ganhos; em 1970, quando a
imagem acima foi produzida, elas atacavam do lado de fora, e tentavam derrubar a
moral oficial, em vez de (como fazem agora) defini-la e ditá-la.

E qual a melhor maneira de manter o controle senão punir aqueles que


atacam, ou que possam atacar o novo status quo? Naturalmente que estamos nos
referindo aos homens, quem mais estão perdendo com os três objetivos
fundamentais do projeto feminista listados acima. Hoje, as feministas acreditam
que as mulheres têm o direito inalienável de não se sentirem ofendidas, e não
hesitam em empregar a violência do Estado para fazer valer isso. Processar
aqueles (os homens) que causam ofensa é a nova arma delas, que têm substituído
a antiga (ofender). Evidentemente, perseguir as pessoas apenas por serem
ofensivas é bem menos tolerante do que os homens foram para as feministas
antes de elas terem assumido o controle. Mas, como a Teoria do Ginocentrismo
nos conta, os homens foram bem tolerantes com as mulheres ofensivas nos
primeiros dias do feminismo porque elas já exerciam um controle substancial.

Feministas acreditam que estão agindo corretamente? A resposta é um


rotundo sim vindo da maioria delas — elas realmente acreditam que elas são um
povo justo, e mesmo quando elas se tornam cientes de que estão agindo
erradamente, elas racionalizam também que estão, simultaneamente, agindo
corretamente. Como pode ser isso? Bem, deixe-me mostrar-lhe como isso
funciona, traçando a anatomia de uma ideologia da vitimização.
35

Depois que um período de conscientização propaga a crença de que os


membros de um grupo são — por essência natural deles enquanto membros do
grupo — vítimas, o grupo deve perseguir dois objetivos:

(1) Igualar-se com o grupo “inimigo” designado;

(2) Forjar a sua própria “identidade de vítima”, distinta do


grupo “inimigo” e livre de qualquer responsabilidade para com este mesmo
grupo.

Você vai notar que, enquanto o primeiro objetivo traz o grupo “vítima”
para mais perto do grupo “inimigo”, em termos de status, expectativas, autonomia
etc., o segundo amplia o abismo entre eles. O primeiro objetivo, como dissemos,
vai nos unir em nossa humanidade comum, e trazer a liberdade para todos, e
outras coisas bonitas como essa. Mas assim que chegamos perto disso, tende-se
a haver uma inclinação para proclamações a respeito da importância do segundo
objetivo. Nada será suficiente o bastante para satisfazer as pessoas do
grupo “vítima” , porque elas se vêem como essencial e inerentemente vítimas do
grupo “inimigo”, independentemente do que possa ter mudado na realidade. A
ideologia da vitimização é anticontextual, e seus seguidores — os autodesignados
“vítimas” — nunca se vêem como nada mais além disso. A condição de vítima
dessas pessoas é afirmada a priori, e os fatos devem ser montados para se
enquadrar nessa narrativa. Em outras palavras, elas vão reinterpretar qualquer
situação como sendo elas as mais duramente tratadas.

Esta é a razão pela qual feministas como a Hillary Clinton podem sair
por aí dizendo coisas como:

as mulheres sempre foram as principais vítimas da guerra. As mulheres perdem


seus maridos, seus pais, seus filhos em combate.

Bem, com certeza — perder membros da família em mortes horríveis é


muito pior do que realmente morrer daquelas formas horríveis. Isto só se a sua
visão de mundo estiver toda contaminada pelo sexismo e se você reduz a
condição dos homens a de Objetos Protetores/Provedores. Na citação de Hillary
Clinton, não há humanidade nenhuma atribuída aos homens. O verdadeiro
problema não é, em si, eles serem traumatizados, mutilados e despedaçados; e
sim, que por estarem sujeitos a atrocidades, os homens não serão capazes de
cumprir seus papéis de protetores/provedores tão eficazmente. Nisso, por
36

conseguinte, são as mulheres que perdem, porque os homens, na verdade, não


têm importância, exceto na medida em que podem prestar assistência às
mulheres. Este é, precisamente, o tipo de atitude que emerge de uma ideologia de
vitimização. A totalidade da existência, em toda sua complexidade maravilhosa, é
reduzida a primitivismo preto-e-branco: meu povo importa, o seu não. Ou, como
veremos, minha gente é boa, sua gente é má. Tudo que for bom para meu povo é
bom, não importa se é bom ou ruim para o seu povo.

Esse tipo de pensamento é conhecido como Essencialismo


Maniqueísta, e é a pedra angular metafísica de todo o feminismo. Décadas de
conscientização têm garantido que as mulheres sejam, automaticamente, levadas
a se considerarem injustiçadas, quaisquer que sejam os fatos. Sempre que
exemplos reais de mulheres sendo injustiçadas não podem ser encontrados, um
privilégio compensatório torna-se o objetivo sancionado. Isto é, as mulheres são
tratadas mais lenientemente no seguinte aspecto, porque se acredita que são
desfavorecidas em um assunto não relacionado, ou até mesmo desfavorecidas no
sentido geral. Um exemplo recente disso, vindo do Reino Unido, é
a ordem emitida por Dame Laura Cox aos juízes, onde eles devem tratar os
criminosos do sexo feminino com maior leniência, uma decisão que,
simultaneamente, reduziu os homens britânicos a uma condição de segunda
classe, enquanto deu um sinal verde a mulheres abusivas que, de outra forma,
poderiam ter sido desencorajadas.
37

Há quem vá mais longe do que isso. A Baronesa Corston que,


explicitamente, identifica-se como uma feminista, acredita, realmente, que as
mulheres não merecem serem punidas de maneira nenhuma quando cometem
crimes. Seu relatório de governo de 2007 defendia que todas as prisões femininas
deveriam ser fechadas, e que até mesmo as criminosas mais violentas e abusivas
não deveriam ser presas. Com efeito, elas

não iriam mais para alguma das 15 prisões femininas do país, as quais todas
seriam fechadas. Em vez disso, assassinas como Rose West, em vez de pegarem prisão
perpétua pelo assassinato de dez jovens mulheres e meninas, seriam enviadas para “singelas”
unidades de custódia locais. Lá, elas seriam autorizadas a: viver como uma “unidade familiar”
com entre 20 e 30 outras prisioneiras, organizar suas próprias compras e orçamentos, além
de cozinhar. As unidades também permitiriam que elas ficassem mais próximo de suas
famílias … Todas as prisões femininas iriam fechar na próxima década, e poderiam, em vez
disso, ser convertidas em prisões para os homens ... O relatório afirma: “Mulheres e
homens são diferentes. A igualdade de tratamento entre homens e mulheres não resulta em
desfechos iguais.”

A descrição acima é um exemplo clássico de Novilíngua Orwelliana.


Antifeministas de todos os tipos vêm dizendo há décadas que homens e mulheres
são essencialmente diferentes. Feministas têm insistido que homens e mulheres
são essencialmente iguais, e que por isso devemos ter igualdade de tratamento.
Mas, assim que a igualdade vai de encontro ao objetivo de empoderamento
feminino, ela é descartada como uma batata quente, e as feministas se contorcem
em incríveis ginásticas semânticas para justificar a completa mudança repentina.

Além disso, as mulheres (sic) nunca serão enviadas para a cadeia para
“ensinarmos a elas uma lição”.

É claro que elas não devem. As mulheres não deveriam ter, realmente,
que aprender a respeitar a lei, muito menos a se comportar como membros da
civilização. Elas devem ser autorizadas a comportar-se de maneira desregrada e
livre, abusar e destruir qualquer coisa que quiserem, com a licença absoluta. Elas
não devem nem mesmo levar uma bronca pelo mau comportamento delas — já
que isso seria violência doméstica, você não sabe?
38

Mas se o feminismo luta, verdadeiramente, por igualdade, não


deveriam as feministas estar pressionando por novas leis para criminalizar mais as
mulheres, ao invés da abordagem anti-igualitária delas de aprisionar menos
mulheres e mais homens? Ou será que a igualdade só importa quando as
mulheres é que são consideradas por estarem em condições desiguais? (Por si só,
isso implica fortemente que as mulheres são uma classe privilegiada como
nenhuma outra.)

A taxa de encarceramento feminino é apenas um oitavo da dos homens


nos Estados Unidos (Wikipédia, acessado em 10 de outubro de 2010), enquanto
as mulheres representam apenas 5,7% dos presos na Grã-Bretanha (acessado em
10 de outubro de 2010). Certamente, se a igualdade fosse a meta, iríamos
flexibilizar as leis de inspiração feminista e punitivas contra os homens, e, em vez
disso, buscar punir mais mulheres. Não consigo pensar em nenhum outro lugar da
sociedade moderna tão dominado por homens, ou sem representatividade, do que
o sistema penal — algo que, no interesse da igualdade entre os sexos, precisa
mudar.

Mas não — categoricamente contrárias aos princípios de justiça neutra


e imparcial, feministas consideram uma coisa boa, em si, prender menos
mulheres! É como se as mulheres culpadas de crimes, não fossem, realmente,
culpadas — e que, portanto, fossem vítimas de tudo o que fosse feito para elas
como punição. Trata-se de uma noção popular de que as mulheres estão em
desvantagem — geralmente, inerentemente e essencialmente dentro do seio da
própria fibra do ser delas — e igualmente, deve estar presente em cada área
específica de suas vidas; assim, qualquer coisa feita para ajudá-las deve ser no
sentido de reduzir essa injusta desvantagem. Qualquer pessoa de espírito racional
pode ver como tudo isso é um absurdo, e eu incluo as líderes feministas nisso,
pois elas são astutas, não estúpidas. Punições merecidas, a dissuasão, o
tratamento justo, a própria civilização, tudo isso que se dane; isso é o
Ginocentrismo em ação.
39

Para recapitular, ideologias da vitimização, como o feminismo, buscam:

(1) Igualar-se com o grupo “inimigo” designado;

(2) Forjar a sua própria “identidade de vítima”, distinta do


grupo “inimigo” e livre de qualquer responsabilidade com este mesmo
grupo.

Que estes dois objetivos estão em contradição não é apenas uma falha
lógica, é parte de uma estratégia que permite que o grupo “vítima” mude sua
postura de acordo com as circunstâncias necessárias. O objetivo (1) poder ser
sistematicamente perseguido até certo tempo. Mas, se o movimento está sob
análise por estar desfavorecendo o grupo “inimigo”, as “vítimas” podem
simplesmente mudar para o objetivo (2) e enfatizar a importância de suas próprias
singularidades, de maneira que a igualdade não seja suficiente. Ou, como a
feminista Germaine Greer coloca:

Em 1970, o movimento era denominado “Liberação da Mulher”, ou,


desdenhosamente (sic), “Lib da Mulher”. Quando o nome “Libbers” foi abandonado e trocado
para “feministas”, nós ficamos todas aliviadas. Mas o que nenhuma de nós percebeu foi que o
ideal de libertação foi desaparecendo com a palavra. Nós nos conformamos com a
igualdade. Lutas de libertação não são sobre assimilação, mas sobre afirmar
40

diferenças, dotando essas diferenças com dignidade e prestígio, e insistindo sobre elas como
condição de autodefinição e autodeterminação. … as feministas visionárias do final dos
anos sessenta e início dos anos setenta sabiam que as mulheres nunca poderiam
encontrar a liberdade por concordar em viver a vida dos não-livres homens.

Uma vez que a condição de igualdade é alcançada, a retórica da


igualdade pode ser descartada, pois, quem quer ser apenas igual a um homem,
afinal? Aqui, de forma inequívoca, temos uma afirmação de supremacia feminina.

Tudo como sempre foi.

Se a igualdade tivesse sido a meta final, então as desvantagens dos


homens teriam sido abordadas a sério, e não exacerbadas enquanto os próprios
homens eram prejudicados. Até hoje, o único momento em que uma feminista
incomoda-se com um problema de desvantagem masculina é quando isso
beneficia as mulheres em algum ponto — como no caso da licença-paternidade.
Igualdade forçada entre licença-paternidade e licença-maternidade afastaria
qualquer desincentivo que os empregadores teriam ao contratar mulheres. Uma
feminista deixará de lado seu clichê “todos os pais são estupradores e
agressores”, apenas o suficiente para insistir que os homens deveriam ter direitos
iguais enquanto pais — mas isso, normalmente é apresentado como uma
exigência para que os homens assumam os encargos de criar os filhos, a fim de
que as mulheres possam ser empoderadas no mercado de trabalho. Mesmo
quando as injustiças contra eles estão sendo corrigidas, homens são ferramentas
em benefício do sexo feminino.

Tudo como sempre foi.

Outro exemplo é o estupro masculino nos presídios. Isso é


ocasionalmente destacado pelas feministas, mas apenas porque os homens
podem ser mostrados como opressores, o que permite a elas atacar a
masculinidade em si. Feministas aproveitam a “chama acesa” depois que o
estuprador fez a parte dele; elas concluem com a humilhação sexual do
homem vitimado pelo estupro destruindo a auto-identidade dele; envenenam sua
mente com calúnias de que a masculinidade em si é a culpada por ele ter
sido vitimado; e que, portanto, o elemento fundamental e imutável dele próprio é
que foi a causa de seu estupro. Elas forçam sobre ele a identificação do
estuprador com a vítima do estupro, e o aviltamento de “masculinidade tóxica” que
41

elas fazem, serve para que ele aceite que compartilha as características abusivas
daquele que o abusou. Por outro lado, o elevado nível de culpabilidade do sexo
feminino em casos de abuso infantil, tanto sexual quanto não-sexual, é ignorado
ou negado.

É por isso que a nossa definição universalmente aplicável de feminismo


não poderia incluir qualquer referência à “igualdade” — não é uma declaração
razoável a fazer, se estamos usando ferramentas analíticas mais incisivas do que
o Essencialismo Maniqueísta. A definição universal permanece, e nenhum terreno
pode, eventualmente, ser cedido: o feminismo é o projeto para ampliar o poder das
mulheres.

Poder em que sentido? Poder para fazer o que? Tais questões surgem,
inevitavelmente. A resposta, se você estiver acompanhando de perto, é óbvia — o
que quer que elas queiram, não importa quem esteja sendo prejudicado. Calar não
é consentir, mas é cumplicidade, quando você tem o poder de chamar a atenção
para o abuso e para os recursos para parar tudo isso, e ainda assim deixa de fazê-
lo, alegando que os abusadores têm órgãos genitais que se assemelham aos
seus.

É disso que se trata, pessoal — nós estamos lidando com primitivas em


terninhos femininos.

Adam

___________
KOSTAKIS, Adam. Anatomia de uma Ideologia da Vitimização [Anatomy of a
Victim Ideology] [em linha]. Tradução e introdução de Charlton Heslich
Hauer. [S.l.]: Gynocentrism Theory, 2011. Disponível em:
<http://gynotheory.blogspot.com/2011/01/anatomy-of-victim-ideology.html>. Acesso
em: 12 set. 2016.

Tradução atualizada e revisada em: 30 dez. 2018.


42

Vinho Velho, Garrafas Novas

Continuação da Teoria do Ginocentrismo

Por Adam Kostakis

Leitura n º 6
“O que esmaga a individualidade é o despotismo, seja lá o nome pelo qual isso possa ser
chamado” — J.S. Mill

Dominação. Muito da análise feminista gira em torno deste conceito.


Um homem que bate em sua esposa não está apenas zangado com ela; ele está
tentando dominá-la. Um homem que não concorda com uma mulher e discute com
ela não está apenas sendo rude, ele está tentando dominá-la. Um estuprador não
está realmente com vontade de fazer sexo; seu crime é uma demonstração de
poder, ele só queria dominar a mulher.

Vejam vocês, o fato é que todos estes julgamentos absolutamente não


são suficientes para aquelas que criticam fortemente o sexo masculino pelo mundo
inteiro; pois elas sempre exigem mais combustível para a usina misândrica. Punir
verdadeiros criminosos é uma coisa, mas isso, simplesmente, não é gratificante o
suficiente para deixar como está — elas precisam articular o que sua “intuição
feminina” sempre disse a elas, e vão para o ataque contra todos os homens. O
problema, é claro, é que a grande maioria dos homens não ataca as mulheres de
alguma forma perceptível qualquer. A solução, que feministas encontraram, é
pegar o Dr. Freud e postular algo subconsciente, alguma motivação subjacente —
uma mentalidade sombria, sexual, desviante e violenta, que atue como uma
explicação universal para o comportamento masculino.

Vejam vocês, mesmo quando os homens não estão realmente


envolvidos em atos criminosos, a criminalidade ainda está lá; ela está apenas
latente — isso é o que as feministas querem nos fazer crer. A idéia de que todos
os homens possuem um mal inerente e latente, e que as mulheres não, serve de
útil cobertura para todo o discurso de ódio sexista contra os homens. Nós
encontramos isso no esforço em diatribes sem sentido contra uma não-falseável
“cultura do estupro”, em campanhas para proibir o consumo privado de
43

pornografia, e na apologia a mulheres mal-intencionadas que falsamente acusam


os homens de crimes sexuais. Considere esta declaração de Mary Koss: “O
estupro representa um comportamento extremo, mas é aquele que está em um
continuum, com o usual comportamento masculino dentro da cultura”.
O inerente comportamento desviante masculino, é assim que elas
dizem (ou insinuam), manifesta-se como um continuum de masculinidade
disfuncional, cobrindo tudo, desde um simples desentendimento verbal, evoluindo
até o assassinato de um cônjuge. Todos os atos masculinos que não contribuem
para o projeto feminista — ampliar o poder das mulheres — estão a ser tomados
como prova de uma inata masculinidade viciada, que buscaria, acima de tudo,
dominar o belo sexo.
Coloque da seguinte forma: Você diria que o fato de se ser assassinado
ajudaria a aumentar o poder de uma mulher?
Não?
Bem, o que dizer então de perder uma discussão verbal — isso ajuda a
aumentar o poder dela? Ou não? Certamente, ela vai aparentar ter maior
autonomia se puder mais facilmente convencer os outros de que sua visão é a
correta.
Assim, se ambos os exemplos acima existem em um continuum de
perda do poder das mulheres, cujo corolário é a dominação patriarcal, então,
naturalmente os homens são os culpados. Isto é, se nossa análise estiver baseada
em suposições duvidosas, feministas.
O conceito de dominação, assim dado como certo em sua forma atual,
é um exemplo supremo de mudança linguística a qual eu
havia discutido anteriormente. Como um termo, ele carrega um contrabando
ideológico, escamoteado numa túnica de justiça. Originalmente, o
termo dominação, que tem sua raiz no Latim dominus, referia-se especificamente
ao poder exercido por um senhor de escravos. Como tantos outros termos que as
feministas aproveitaram a fim de manipular a percepção da realidade,
a dominação tornou-se um objeto de branqueamento semântico.
44

O que realmente é interessante nisso tudo, é que o nosso novo


conceito de dominação — como hierarquia injusta, a ser combatida e atacada —
tem sido utilizada em um sentido específico: como um patrocinador para
o verdadeiro despotismo. O sinal de perigo mais óbvio que marca o caminho para
o governo despótico é a invasão da esfera pública na vida privada dos indivíduos.
O despotismo é precisamente o tipo de hierarquia injusta com os quais nós
identificamos a dominação; mas, se o último termo é suficientemente ampliado,
para abranger todos os domínios da vida privada, então uma ditadura esmagadora
e brutal é o resultado inevitável.
Este é o contexto em que devemos entender o slogan feminista que
teve o maior poder de permanência: o pessoal é político. Note que (de acordo com
o slogan), o pessoal não é apenas uma questão de interesse ao político; não faz
parte do político; não é de importância equivalente ao político. Na verdade, é o
político. Os dois termos são apresentados como se eles fossem idênticos e
intercambiáveis.
O pessoal é político.
Se isso é verdade, então não existe o menor espaço de privacidade, o
que é um problema para cada indivíduo isoladamente — isto é, sobre o qual o
indivíduo é soberano. É bem verdade que uma vida privada não valeria a pena e
não seria possível sem uma estrutura pública abrangente — é a lei que protege
todas as liberdades que tornam possíveis a vida privada e os interesses. Usando a
analogia favorita de J. F. Stephen, a lei é o tubo por meio do qual as águas fluem
livremente. É quando a vida pública — o Estado — não consegue reconhecer seus
próprios limites, que a sociedade torna-se ameaçada pelo governo despótico.
Intelectuais de todas as épocas aparecem com as mais engenhosas
das razões de porque seus modos de pensar são superiores a tudo o que passou
45

anteriormente. A maioria das pessoas simplesmente tem assumido isso sem a


necessidade de qualquer justificativa. O que é tipicamente moderna é a construção
de fronteiras artificiais entre o nosso tempo e épocas passadas. Nós, por exemplo,
não nos consideramos a viver no mesmo plano histórico, como o da Europa
Medieval, muito menos o da Grécia Antiga. Estes são tempos inexplicáveis e
inacessíveis para nós. Trata-se de uma fantasia sedutora explicar todos os medos
evocados pelos horrores dos livros de história. Nós gostamos de acreditar que
autocracias sangrentas irão, seguramente, se limitar a aquelas páginas, e que tais
coisas não poderiam acontecer aqui, não agora; não na vida real.
Certamente, nós já estamos além de tudo aquilo. Nós somos iluminados, ao
contrário dos seres humanos que existiram antes de nós.
Mas não estamos no mesmo plano histórico que deu origem ao
Comunismo Soviético e ao Partido Nazista? Estes reinados particulares de terror
ocorreram no último século, não importa o quanto gostemos de pensar em nós
mesmos como evoluídos para além de tais barbáries. Supostamente, nós no
mundo Ocidental abominamos os regimes totalitários, e no entanto, a ascensão
dos dois regimes mencionados anteriormente é o indicativo de uma tendência
existente no seio da nossa cultura política. No meio da bagagem que herdamos do
Iluminismo temos o conceito de utopia. O termo foi criado no século XVI, e é
designada, pela primeira vez, a noção de uma ordem sócio-política perfeita. Com o
nascimento desta idéia, as sementes foram semeadas para a limpeza de
impedimentos humanos como um programa político operacionalizado.

Antes do Iluminismo, a vida humana era essencialmente assumida a


ser cíclica. Tão certo quanto o sol nascer pela manhã e se pôr mais uma vez à
noite, e poderes tão grandes ascenderem e declinarem, apenas para os mais
46

novos tomarem o seu lugar. Tal era a ciência de Polybius, cujas obras históricas
não dispunham eventos em ordem cronológica, mas que apresentavam a
experiência humana como uma unidade. Dinastias, impérios, culturas, pessoas e
suas comunidades nasciam e morriam nas oscilações do pêndulo cósmico.
Uma das grandes inovações conceituais da modernidade é
o progresso como o ideal orientador na política e na sociedade. Não apenas
assumimos que estamos constantemente mudando nossa própria história; a
crença persiste que tudo é apenas questão de tempo para que cada problema
tenha uma solução. A fé no conhecimento humano nunca foi tão grande quanto
agora na Era da Informação; nós buscamos ativamente superar o que por muito
tempo eram considerados fatos insolúveis da vida.
O propósito dessa digressão não é lançar dúvidas sobre as
possibilidades do conhecimento humano, nem sugerir que uma tentativa de
melhorar a condição humana seja uma busca ignóbil. É salientar que somos todos
filhos do Iluminismo, independente de qual espectro político possamos cair. É
salientar que existem determinados pressupostos peculiares, que formam a base e
os andaimes do pensamento político ocidental, e é sobre estes pressupostos que
ideologias tão diversas como o conservadorismo, o liberalismo, o nacional-
socialismo e o feminismo são construídos.
O –ismo em si é um fenômeno totalmente moderno. Um ismo (ou
poderíamos dizer, uma “ideologia”) assume uma diferença entre como a sociedade
é e como ela deveria ser, pautada numa visão moral específica do mundo. Isto é
obviamente verdadeiro para aquelas ideologias que defendem explicitamente a
mudança — o socialismo, o liberalismo, o feminismo, e assim por diante. Isso é
verdade para o conservadorismo e o tradicionalismo também, ideologias que
(como se vê) pretendem ressuscitar o bebê que foi jogado fora junto com a água
do banho dos séculos.
Normalmente, o que os ideólogos acham tão censurável sobre o mundo
é sua existente configuração de poder. Os grandes textos e articuladores da
ideologia descrevem uma configuração de poder, argumentam para seu
reconhecimento sobre a injustiça, e em seguida, apresentam os meios para
alcançar a mudança desejada. Os meios podem envolver um trabalho por meio
das existentes instituições do Estado, ou eles podem exigir sua derrocada, ou
podem evitar práticas tradicionais de uma maneira geral e defender a magia do
trabalho deles por meio da sociedade civil.
Qualquer que seja a ideologia implicada na prática, essa é uma
diferença marcante do que se passou anteriormente. É o progresso, não a
47

repetição, a raiz de toda a expectativa política. Se é um progresso em direção a


uma sociedade sem classes, ou à pureza étnica, ou para o retorno de virtudes
tradicionais, o progresso é a constante. A visão de que algo está errado e que algo
precisa ser feito a esse respeito, como uma declaração política, é uma invenção
recente, a qual define a nossa cultura política comum. Os conservadores são
apanhados na mesma teia “progressista”, como também assim são os
iconoclastas, que sinalizam a sua conformidade com os modos convencionais de
pensamento ao mesmo tempo em que afirmam as suas intenções para o
rompimento. Quanto mais eles lutam contra essa inevitabilidade, mais presos se
encontram. Para dar um exemplo relevante, às vezes as feministas têm declarado
que elas estão se afastando de pressupostos completamente “patriarcais”, e
construindo a sua própria visão de mundo a partir do zero, totalmente não-viciada
pela influência masculina. Na verdade, ninguém começa do zero, e o feminismo
permanece profundamente enraizado nos modos de pensamento que evoluíram
ao longo de séculos, exclusivamente através da mente dos homens. A ideologia
feminista, e todas as suas inovações, simplesmente não ocorreram previamente
sem séculos de trabalho feito por homens.
A leitura da próxima semana terá um olhar mais atento na afirmação
feminista de que o pessoal é político, e as implicações ocultas contidas neste
slogan. Nas semanas que se seguem, vamos considerar o conceito de utopia, que
foi mencionado apenas de passagem aqui. Um breve comentário aqui será o
suficiente: a utopia é a extensão lógica de progresso, na medida em que é o fim de
todo o progresso, o estágio final da existência humana. É uma idéia
profundamente perigosa, responsável pelos regimes mais opressivos e pelas
revoluções mais sangrentas que o mundo já conheceu. Enquanto o poder e a
glória pessoais podem ter sido a força motivadora por trás das ações dos
indivíduos despóticos ainda na memória recente, foi uma visão coletiva e utópica
que despertou seus seguidores a manifestar a mais violenta das fantasias. Em
todos os casos onde utópicos pegam as rédeas do poder, os seres humanos que
não se encaixam em sua visão de uma nova ordem mundial são tratados como lixo
vivo de um regime desbotado.
É com repulsa e horror que o Ocidente olha para trás os déspotas
utópicos do século XX, e ainda estes despotismos particulares correspondem a
uma tendência que forma a infra-estrutura de nossa própria política. A repulsa e o
horror são suficientemente reais, porém, e talvez, a maior mudança
verdadeiramente progressiva nos últimos tempos seja a rejeição do extremismo,
48

em todas as suas formas, por populações determinadas a deixarem para trás o


século do genocídio.

Só que não é tão simples. Você pode puxar as partes de cima, e


arrancar os caules limpos da terra, mas a menos que você desenterre as raízes,
você vai encontrar essas flores brotando novamente antes do tempo. O utopismo,
com a limpeza de impedimentos humanos que sempre acarreta, está codificado
em nosso DNA político. A repulsa generalizada aos totalitarismos recentes e
fracassados não irá fazer isso ir embora, só pode fazer a tendência despótica cair
em silêncio por pouco tempo. Um novo despotismo só pode emergir se ele faz isso
silenciosamente, disfarçado como algo completamente diferente — talvez como
oposição organizada a certas formas de dominação injusta, a solução pela qual é
sempre aumentar o poder do Estado em relação à autonomia do indivíduo.

O pessoal é político, dizem as feministas.

Já posso ouvir os passos de ganso* se aproximando.

Adam

__________
Notas do Tradutor:
* passos de ganso eram uma forma especial de marchar com as pernas levantadas e retas. Os
soldados de Hitler costumavam a marchar dessa forma.
E como eu já afirmei anteriormente, ainda continuo escrevendo seguindo a “antiga” Ortografia
Brasileira.

___________
49

KOSTAKIS, Adam. Vinho Velho, Garrafas Novas [Old Wine, New Bottles] [em
linha]. Tradução e notas de Charlton Heslich Hauer. [S.l.]: Gynocentrism Theory,
2011. Disponível em: <http://gynotheory.blogspot.com/2011/02/old-wine-new-
bottles.html>. Acesso em 31 out. 2012.

Atualizada e revisada em: 30 dez. 2018.


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O Pessoal em Contraste ao Político

Mais um espetacular artigo sobre a Teoria do Ginocentrismo, do genial filósofo


Adam Kostakis. Chegamos então a seu sétimo artigo de um total de doze. Mais
abaixo estão os links dos artigos anteriores para aqueles que ainda não leram
ou querem se lembrar de tudo o que foi feito até o momento.

Leitura Nº 1: Teoria do Ginocentrismo — Olhando Fixamente para Fora do Abismo


Leitura Nº 2: A Mesma História Repetida
Leitura Nº 3: Refutando o Apelo ao Dicionário
Leitura Nº 4: "Pig Latin"¹ – Brincando com as palavras
Leitura Nº 5: Anatomia de uma Ideologia da Vitimização
Leitura Nº 6: Vinho Velho, Garrafas Novas

Por Adam Kostakis

Leitura Nº 7

“Eles se orgulhavam de pertencer a um movimento, como algo distinto de um partido, pois


sabiam que um movimento não deveria estar vinculado a um programa.” — Hannah Arendt

Na semana passada, vimos como o conceito de dominação tornou-se


uma justificativa para a invasão do despotismo. Esse tipo de coisa não deve ser
tomado como surpresa pelos leitores atentos, já que praticamente toda palavra-
chave no léxico feminista é utilizada de forma semelhante. Se o termo que está
sendo discutido é a misoginia ou o estupro ou o patriarcado, a tendência é a de
ampliar o seu significado para cobrir o maior campo semântico possível, praticando
o máximo possível de contrabando ideológico dentro de uma túnica de justiça. O
efeito de tudo isso na vida real é restringir a autonomia masculina através da
criminalização das ações dos homens. As possibilidades sem limites para o
branqueamento semântico correspondem a longas penas de prisão e multas muito
danosas. A intenção é criminalizar a norma. Todo movimento que um homem fizer
deve causar um arrepio na espinha dele, deve forçá-lo a olhar por cima do ombro,
com uma expressão tomada de pânico, perguntando-se: “qual a nova lei que eu
infringi?” Os homens estão a viver em um perpétuo estado de vigilância e culpa
presumida — uma existência panóptica1 em que são repetidamente castigados por
51

terem feito o mal. Isto é, de acordo com um padrão moral invasivo e alienígena
que eles são convidados a obedecer, não compreender, e certamente, não
questionar ou refutar.
Mas quando o comportamento criminalizado cai dentro do domínio de
ações em que ambos, homens e mulheres, estão envolvidos, o argumento exige
um corolário de que isso é diferente, e é pior, quando os homens é que o fazem.
Por exemplo, certos indivíduos desagradáveis de ambos os sexos se envolvem
em assédio sexual, mas temos a obrigação de entender que quando os homens
fazem isso às mulheres, isso é giz, e quando as mulheres fazem aos homens, isso
é queijo. Os dois, assim nos garantem, são incomparáveis, independentemente de
como um homem vitimado possa ver as coisas — afinal, mesmo sendo vítima, ele
está míope por seu privilégio2.
Todo o conto de fadas é apropriadamente resumido no mantra
feminista, o pessoal é político. Conforme foi discutido na semana passada, o
próprio contexto em que essa afirmação deve ser visualizada é a história recente
do mundo ocidental. O enfoque particular deve ser dado a uma corrente dentro de
nossa cultura política comum, que deu origem ao governo despótico e que ameaça
fazê-lo novamente. Senão, como é que vamos interpretar uma declaração de que
todas as coisas dentro do domínio do indivíduo são, de fato, o negócio do
governo? Se não possuirmos ou controlarmos as coisas que são pessoais para
nós, não pode haver nada a falar do que possuímos ou controlamos, incluindo
nossas vidas.
Mas seria um erro ver aquele mantra simplesmente como uma
declaração de crença, ou seja, que seu articulador apenas acredite que o pessoal
seja político. Todos os tipos de pessoas têm todo o tipo de teorias excêntricas, e
um grupo de pessoas comunicando sua crença de que todos os aspectos de
nossas vidas são geridos pelo Estado, seria tão preocupante quanto os teóricos da
conspiração “papel de alumínio”3 ou os da “Sociedade da Terra Plana”4. Quando
uma feminista diz que o pessoal é político, no entanto, ela não está simplesmente
declarando uma crença, ela está fazendo uma chamada à ação. Há implicações
ocultas dentro da frase.
A discussão da semana passada envolveu uma parte sobre as
ideologias, e os pressupostos progressistas nas raízes da cultura política ocidental.
Para recapitular, ideologias assumem uma diferença entre como a sociedade
é e como ela deveria ser, dependente de uma visão moral específica do mundo. O
que isso significa, no que diz respeito à análise feminista, é que se o pessoal não é
atualmente político, então ele deve ser feito dessa forma. Praticamente toda a
52

inovação feminista consiste em fazer as coisas que são pessoais em assuntos


políticos. O desfecho lógico encontra-se onde não exista ações estritamente
pessoais, nem pronunciamentos pessoais, intenções, pensamentos ou convicções;
todos estes, expressados publicamente ou em particular, seriam estritamente
políticos. Cada decisão, até os detalhes de minúcias da vida cotidiana, torna-se
uma questão política para que os indivíduos sejam responsabilizados, não como
transgressores individuais, mas como membros de uma classe opressora que
deve responder por seus pecados.

“O político” é mais um daqueles conceitos essencialmente


contestados — em outras palavras, é um daqueles conceitos mais abertos ao
abuso. É uma idéia difícil de compreender, que pode até ser captada, mas nunca
exatamente definida — e tentar fazer isso é tão difícil quanto tentar agarrar todo o
ar de um colchão inflável. Uma das coisas que podemos dizer sobre “o político”, é
que ele nem sempre foi identificado com o “ideológico” — o que parece bastante
sensato, uma vez que “o ideológico” é um produto da modernidade, algo
relativamente novo comparado à política.
Antigamente, “o político” era um termo que se referia aos reis, rainhas,
cortesãos e aos nobres, suas lutas e suas sucessões; mas certamente, não à
doutrina. Essa mudança ocorreu de forma gradual, com a queda constante do
fervor religioso que hoje marca a modernidade.
Estou ciente de que estou indo rapidamente em direção a uma falácia
etimológica, então me deixe esclarecer o que estou argumentando. Eu não estou
reclamando que há um significado apropriado para termos como “o político”, mas
que saiu de moda. Eu já reconheci anteriormente que a linguagem está sempre em
fluxo. Como corolário, eu reconheço que definições objetivamente corretas são
53

uma raridade. Meu propósito, em chamar a atenção para a mudança linguística, é


fazer um correlato destaque com a mudança social! Uma delas raramente sofre
uma mudança de paradigma sem trazer a outra junto. Há um imenso poder na
linguagem, não apenas para refletir, mas para definir o mundo experiencial. Se
quisermos entender como as coisas vieram a estar do jeito que elas estão,
devemos lançar um facho de luz ardente sobre as mudanças históricas no
vocabulário — é aqui que vamos encontrar as células fictícias germinativas que
deram origem à doença feminista.
Tal como no caso do “político”. Hoje, tudo controverso é reflexivamente
considerado uma questão política. Se nós estamos discutindo o estilo de vida
incomum de uma pessoa, ou uma nova obra de arte que rompe limites, ou um site
que apresenta uma visão de mundo inovadora, sentimo-nos absolutamente certos
de que o que estamos discutindo é uma declaração política. O controverso, então,
é político; ou talvez fosse mais correto dizer que o incomum é político. Não-
conformistas de todos os tipos são levados a dar algum propósito político a suas
ações ou crenças. O efeito deste próprio desafio público é prender os indivíduos
em um sistema de controle invasivo; sair da linha transformará o indivíduo em um
alvo.
E isso é precisamente o que o feminismo exige — que os homens
mantenham-se na linha, além de tomar como alvo aqueles que não se
mantiverem. É muito mais fácil perseguir o projeto para ampliar o poder das
mulheres quando se pode efetivamente amordaçar aqueles que estão a perder o
máximo de sua reputação.
O outro lado de tudo isso é ampliar exponencialmente e
“compensatoriamente” a liberdade das mulheres. Isso resulta em homens
sozinhos cujas vidas privadas estão sendo encarceradas no sistema de controle
público; as mulheres, em contrapartida, estão aí para desfrutar os despojos da
vitória em uma nova era de anarquismo sexual feminino. Talvez o único consolo
que podemos realisticamente assumir é que despotismos são grandes geradores
de iluminação espiritual entre os oprimidos. Foi a perseguição dos primeiros
cristãos que levou homens e mulheres devotos a viverem sozinhos no deserto, à
imitação de Jesus Cristo — foi apenas no século V que esses monges foram
cooptados para a Igreja, tendo procurado uma existência puramente ascética
como uma alternativa para o mundo material que tinha os expulsado. Da mesma
forma, os regimes opressivos do período helenístico levaram muitos nas cidades-
estados gregas a abraçar filosofias místicas que defendiam o afastamento do
mundo. Dado que estamos caminhando bem em direção ao despotismo feminista,
54

não é nenhuma surpresa que uma mudança paralela se inicie, sob a forma do
movimento Homens que Seguem o Seu Próprio Caminho (MGTOW 5). Os MGTOW
têm rejeitado a demanda ginocêntrica de que os homens devem se definir de
acordo com a sua proeza sexual. Conseqüentemente libertados, muitos MGTOW
têm tomado a deliberação introspectiva sobre a natureza do homem e da
masculinidade — discussões que são androcêntricas e, portanto, que não prestam
contas à ortodoxia feminista. Na sua essência, o movimento MGTOW se afasta do
mundo — do casamento, dos filhos, do emprego do auto-sacrifício, e se afasta
completamente até de relacionamentos com mulheres — buscando o consolo em
meio aos agentes hostis como fizeram os ascetas e místicos do mundo antigo.
Embora eu apoie o estilo de vida MGTOW, estou consciente de que
não é o suficiente — para que os homens sintam-se plenamente realizados ou
para a sua sobrevivência. O feminismo não é apenas o negócio de deixar os
homens sozinhos. É uma ideologia progressista, o que significa que ele só
continua a crescer, com a ausência de controles internos sobre as suas
atividades; Ele não tem freios! Todas as tentativas de autocrítica cederam à
radicalização. Incapazes de perceber o mundo do lado de fora da bolha feminista,
seus discípulos pensam e agem de forma anticontextual, abstrata. As únicas
fiscalizações sobre as atividades de tais ideologias devem vir de fora — ou seja,
do resto da sociedade. Se o feminismo não vai abrandar e parar por conta própria,
então os agentes externos é que devem construir uma parede de tijolos em sua
trajetória. Essa é uma exigência moral — a alternativa é permitir que ele reine
livremente, caso em que, inevitavelmente, acabará em despotismo. Até agora, o
feminismo tem se mostrado extraordinariamente sociodinâmico, e tem muito pouco
enfrentado a resistência política — o que significa que a velocidade de
perseguição ainda vai aumentar.
Eu gostaria de esclarecer. A palavra “feminismo” pode se referir a mais
de uma coisa. Obviamente com maior frequência, o feminismo movimento não é
exatamente a mesma coisa que o feminismo ideologia; mais precisamente, o
primeiro é impulsionado pelos ditames do último. O Feminismo ideologia é uma
ideologia de vitimização, o que significa que ele existe em defesa de uma certa
classe de pessoas que tenham sido declaradas como as vítimas. O duplo objetivo
de uma ideologia da vitimização é, como eu havia observado anteriormente:

(1) Igualar-se com o grupo “inimigo”;


(2) Forjar a sua própria “identidade de vitimização”, distinta do grupo
“inimigo” e livre de qualquer responsabilidade para com esse mesmo grupo.
55

Se o objetivo (1) é sempre alcançado, então a ideologia simplesmente


deixa de existir, o que significa que o movimento também deixa de existir. O
movimento, no entanto, não é uma entidade inorgânica que mecanisticamente
atende às necessidades da ideologia. Ele é composto de pessoas que se tornaram
dependentes dele, psicologicamente e financeiramente. O fim da desigualdade,
por mais que tenha sido calculado no início, causaria um desastre para os
graduados em Estudos sobre as Mulheres, em toda parte. Por exemplo, a
incapacidade das organizações feministas em admitir que as taxas de estupro
estão caindo e que as acusações falsas estão atingindo níveis epidêmicos, é
devido às perdas que seriam sofridas pelos ideólogos sentados em (geralmente
vazios) centros de crise de estupro. Não se pode permitir que a ideologia morra —
existe um demasiadíssimo dependente dela, ou seja, o movimento, e sejam quais
forem os mocinhos, seus atores principais têm conseguido impor o seu jugo. Tal
como acontece com muitas pessoas, o risco de deserção é o suficiente para trazer
um conservadorismo linha-dura, que insiste, neste caso, na existência de
opressões completamente novas ainda a serem superadas. Há uma enorme
quantidade de dinheiro dependendo da percepção contínua de que as mulheres
estão em desvantagem. O feminismo não é mais meramente
um movimento qualquer, mas uma indústria — apropriadamente referida por
alguns como a indústria das denúncias sexuais.
Se esta indústria quebrar, isso deixaria um espaço vazio, nas bolsas
das feministas de carreira, quase tão grande quanto o vazio que seria deixado
naquele lugar que fica entre suas orelhas. A alternativa para o contínuo apoio
estatal para a superação das novas opressões é quase impensável. Isto não só
significaria um fim para os subsídios à perseguição dos próprios homens — seria
também um risco de deixar um vácuo psíquico nas mentes das feministas
profissionais. Por tudo o que elas fazem, não deveriam ser privadas de seu
dinheiro sujo de sangue?
As feministas, evidentemente, têm um plano B. Remeto-vos ao objetivo
(2). A razão pela qual as ideologias da vitimização tendem a custar a morrer
quando a igualdade ou mesmo a supremacia do grupo “vítima” é alcançada, é
esta: elas mudam seus objetivos para a distinção inerente dos grupos “vítima” e
“'inimigo”, e se recusam a ter responsabilidade com o resto do mundo. Na verdade,
qualquer tentativa por parte de uma pessoa externa ao grupo denominado “vítima”,
de manter os membros do referido grupo responsável por suas transgressões, é
maculada como um esforço para reverter o objetivo (1) — e a pessoa que se
56

atreveu a levantar queixa será rotulada por um número qualquer de nomes


horríveis.
Uma ideologia da vitimização é necessariamente tripartite em sua
compreensão de tempo. O passado é identificado com a Opressão, o presente
com a Luta, e o futuro com a Liberação. Esta historiografia tripartite é uma
constante. Se qualquer um dos três estados — Opressão, Luta ou Liberação —
for removido, então não temos mais uma ideologia de vitimização. Desmorona,
devido à sua inconsistência. Não deve ter sido a Opressão do passado, aquela
que justifica a Luta do presente, que também se verifica no caso em apreço, uma
questão de tautologia — o que estamos nos referindo? A Luta deve estar em
direção a alguma coisa, e essa coisa é a Liberação, prometida para o futuro.
Abaixo está uma representação em diagrama, apresentada a partir da perspectiva
feminista:

É uma caricatura infantil, montagem de uma visão de mundo infantil.


Observe o que é exigido para a tripartite Opressão, Luta, Liberação fazer sentido
— os atores que fizeram a opressão, a quem devem ser combatidos, e de quem as
denominadas vítimas devem ser liberadas. Trata-se, evidentemente, dos homens.
A imagem acima é apresentada a partir da perspectiva feminista, em
que o tempo se move horizontalmente, da esquerda para a direita. No mundo real,
a seta do tempo é quebrada. Estamos permanentemente congelados na fase
atual, e a partir daí, o tempo se move verticalmente e para baixo:
57

Simplesmente, há dependência demais no feminismo (ou seja, na


indústria das denúncias sexuais) para permitir que a libertação efetiva das
mulheres seja reconhecida. Se fosse para ser admitido que as mulheres não estão
apenas não-libertadas, como também são as beneficiárias de uma série de
vantagens sobre os homens, então o movimento e a ideologia, e, portanto,
a indústria que é o feminismo, tornar-se-ia discutível. A posição atual da mulher,
que é talvez mais apropriadamente descrita como Privilegiada, não é sequer
concebível no tempo feminista. A Liberação deve ser sempre uma meta futura, e
nunca pode ser permitida como uma conquista presente. O feminismo é auto-
sustentável dessa maneira — por sempre impelir-se em novas Lutas. O
entendimento tripartite do tempo é independente do contexto, é fundamentalmente
abstrato e anticontextual. A tripartite é assumida antes que a verdade sobre o
mundo, em um dado momento, seja averiguada, e os fatos do mundo devem,
então, serem forjados em uma forma que não prejudiquem as feministas.
É de pouca importância que todas as grandes Lutas tenham sido
vencidas. Feministas, simplesmente, podem criar novas. E já que os homens são
58

(no caso, devem ser sempre) os opressores a serem combatidos, é bastante


justificável tirar qualquer poder que eles ainda possuem.
Até que eles não possuam nenhum.
Adam

__________
Notas do Tradutor:

[1]
Ao estudar a "Sociedade Disciplinar", Foucault constata que a sua singularidade reside na
existência do Desvio diante a Norma. E assim, para "normalizar" o sujeito moderno, foram
desenvolvidos mecanismos e dispositivos de vigilância, capazes de interiorizar a culpa e
causar no indivíduo remorsos pelos seus atos.
Dentre os dispositivos de vigilância do início do século, podemos destacar o Panóptico, de
Jeremy Bentham, um mecanismo arquitetural, utilizado para o domínio da distribuição de
corpos em diversificadas superfícies (prisões, manicômios, escolas, fábricas).
O Panóptico era um edifício em forma de anel, no meio do qual havia um pátio com uma torre
no centro. O anel dividia-se em pequenas celas que davam tanto para o interior quanto para o
exterior. Em cada uma dessas pequenas celas, havia, segundo o objetivo da instituição, uma
criança aprendendo a escrever, um operário a trabalhar, um prisioneiro a ser corrigido, um
louco tentando corrigir a sua loucura, etc. Na torre havia um vigilante.
Como cada cela dava ao mesmo tempo para o interior e para o exterior, o olhar do vigilante
podia atravessar toda a cela; não havia nenhum ponto de sombra e, por conseguinte, tudo o
que o indivíduo fazia estava exposto ao olhar de um vigilante que observava através de
persianas, de postigos semicerrados de modo a poder ver tudo sem que ninguém ao contrário
pudesse vê-lo. O panoptismo corresponde à observação total, é a tomada integral por parte do
poder disciplinador da vida de um indivíduo. Ele é vigiado durante todo o tempo, sem que veja
o seu observador, nem que saiba em que momento está a ser vigiado. Aí está a finalidade do
Panóptico,
...nduzir no detido um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o
funcionamento autoritário do poder. Fazer com que a vigilância seja permanente nos seus
efeitos ... que a perfeição do poder tenta tornar inútil a atualidade do seu exercício...
Foucault,(1997),pag:166
Fonte: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/sociedade%20disciplinar/Pan
%C3%B3ptico.htm
[2]
Ali o autor faz uma ironia.
[3]
Aspas minhas. Era uma teoria onde as pessoas usavam touca de alumínio em suas cabeças
na crença de que ele protegeria o cérebro de campos eletromagnéticos, para evitar o controle
59

da mente e / ou leitura da mente, ou para limitar a transmissão de vozes diretamente no


cérebro. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Tin_foil_hat
[4]
Aspas minhas. Em 1956, Samuel Shelton fundou uma sociedade que defendia a teoria sobre
a forma da Terra - ou seja, que era plana. Shelton baseou sua teoria no que chamou de senso
comum e observação pessoal. Ele chamava de "dogmática" a prova científica de que a Terra
era redonda, significando que os cientistas estavam fazendo essa afirmação sem evidências
adequadas. Posteriormente, quando as pessoas mostraram a ele fotos da Terra tiradas por
satélites, Shelton disse que elas eram falsas. Ele e os membros de sua sociedade continuaram
sustentando a idéia de que a Terra é plana e que aqueles que discordam fazem parte de uma
conspiração para manter escondida a verdade sobre a Terra.
Fonte: http://ciencia.hsw.uol.com.br/dez-teorias-conspiracao8.htm
[5]
MGTOW ou Men Going Their Own Way, quer dizer, Homens Que seguem/seguindo o seu
próprio Caminho. Mais informações de como foi originalmente criado o MGTOW
em: http://www.mgtowhistory.com/

__________
KOSTAKIS, Adam. O Pessoal em Contraste ao Político [The Personal, as
Contrasted to the Political] [em linha]. Tradução e notas de Charlton Heslich Hauer.
[S.l.]: Gynocentrism Theory, 2011. Disponível em:
<http://gynotheory.blogspot.com/2011/02/personal-as-contrasted-to-political.html>.
Acesso em 26 jun. 2014.

Atualizada e revisada em: 05 jul. 2019.


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Perseguindo Arco-íris

Oitavo artigo sobre a Teoria do Ginocentrismo.

Por Adam Kostakis

Leitura Nº 8

1
“Igualdade, corretamente entendida como nossos pais fundadores a entenderam, leva à
liberdade e à emancipação de diferenças criativas; mal compreendida, como tem sido tão
tragicamente em nosso tempo, leva primeiro à conformidade e, em seguida, ao despotismo." —
Barry Goldwater

O que é que nos permite viver a vida de uma forma mais significativa?
Esta é uma questão com uma longa história, e depois de mais de dois mil anos
coçando a cabeça tentando encontrar as respostas, nossa espécie não está muito
mais sábia quanto a isso. Respostas são descartadas tão facilmente quanto elas
surgem. Talvez a única e verdadeira sabedoria a ser transmitida por séculos de
busca espiritual é a de que a solução não pode ser reduzida à percepção de
apenas um valor. Esforços para trazer um sistema social baseado em cima da
percepção de um valor em particular — seja ele a doutrina religiosa, a vontade da
nação, ou a igualdade social — invariavelmente resultaram em repressão
generalizada, e não numa era de ouro de paz e virtude como postulada por seus
ideólogos. Ao contrário disso, as sociedades que conseguiram criar e manter o
espaço para que as pessoas vivessem o que poderíamos chamar de “vidas mais
significativas” foram aquelas que mantiveram uma série de valores em equilíbrio.
Esta não é uma solução muito empolgante, mas é melhor estar insatisfeito com os
grandes mistérios da vida do que se tornar servo ou se transformar num
“desaparecido” por um regime, em busca de um imperativo mais atraente.
Qualquer que seja o caso, o argumento de autonomia parece
convincente — equilibrada, como deve ser, com outros valores. É difícil ver como
uma vida poderia ser considerada mais significativa, se ela não possuísse sequer
os mais básicos direitos de autodeterminação. Sobre este ponto, eu estou,
superficialmente, de acordo com as feministas, que fizeram da autonomia
(e não da igualdade) seu princípio orientador. É claro que, no caso delas, é só a
autonomia das mulheres o que importa, e que esta deve ser estendida tanto
61

quanto possível. No entanto, concordamos que a autonomia, em si, é uma coisa


boa, embora eu qualifique o meu apoio com o corolário de que ela deva ser
equilibrada com outros valores, de modo que ela não se torne uma licenciosidade.
É a ironia mais espetacular, então, que, enquanto elas permanecem
feministas, as mulheres jamais conscientemente irão saborear a liberdade. O
feminismo é uma ideologia da vitimização que congela as mulheres perpetuamente
em Luta; elas não podem se dar ao luxo de entrar em Libertação, senão o jogo
acaba. Para continuar jogando, as feministas têm de imaginar que elas estão sob o
controle de forças externas que são responsáveis por cada destino que lhes
acontece. Elas têm um nome para esse delírio de massa: O Patriarcado. Toda
decisão ruim, cada consequência indesejada, cada pequeno inconveniente podem
ser rastreados até a este sistema, místico, mítico e invisível, de controle que
exerceria influência sobre as mulheres, em grande parte da mesma forma que
tribos animistas explicavam severos fenômenos meteorológicos relacionando estes
eventos a divindades enfurecidas e vingativas. Se as feministas estão a fingir que
a Luta ainda é relevante, então não pode ser admitido que as mulheres estejam no
controle de suas próprias ações; isso implicaria que elas são agentes morais livres.
As mulheres devem ser levadas a acreditar que elas são vasos delicados que são
atirados sobre uma tempestade no oceano, com navegação e direção tornadas
fúteis, e sem terra à vista. Talvez pudéssemos contrastar isso com o movimento
MGTOW, que se assemelha a uma série de canoas de madeira, leves, mas
resistentes, cujos ocupantes remam sozinhos sobre mares tranquilos — pelo
menos, por enquanto.

Mesmo quando as mulheres são privilegiadas para além de seus


sonhos mais selvagens — o que é inconcebível na teoria feminista — elas ainda
62

não podem ser consideradas livres. As mulheres não estão autorizadas a gozar de
liberdade, que deve ser negada para que a ideologia sobreviva. Ela deve ser
reiterada, até que venha reflexivamente à mente, que “ainda vivemos em um
patriarcado”, e que “as mulheres ainda não alcançaram a igualdade”, e assim por
diante. Adeptas do feminismo nunca podem descansar, porque elas não se
permitem. Elas estão sempre perseguindo arco-íris.

Elas estão mentalmente em barricadas, desligadas do mesmo mundo


que elas impõem seus projetos. Elas são obrigadas a conceberem-
se Lutando para sempre, para que não se tornem Libertadas, e, portanto,
irrelevantes. Como eu disse na semana passada, uma percepção tripartite da
história (passado como Opressão, presente como Luta, e futuro como Liberação) é
uma constante do feminismo, e isso é decidido com antecedência dos fatos.
Independentemente do contexto, o presente é a Luta, com
a Liberação perpetuamente num futuro distante. Como diz o provérbio, o amanhã
nunca chega.

Como mencionei anteriormente, o feminismo é fundamentalmente


anticontextual, decidindo a história com antecedência, e em seguida, encaixando
os fatos em torno desta. O processo é simples. Toma os pontos-chave sobre uma
determinada situação, e através do uso da dislogia, da erística, do relativismo
moral, do simbolismo, da autocontradição e da fantasia onírica, estrutura o
discurso, de forma que as mulheres se movimentem da Opressão à Libertação,
mas nunca cheguem lá sem a Luta feminista.

Isso não quer dizer que o feminismo funcione estaticamente. O primeiro


passo do processo acima descrito é o de atrair os fatos da vida real. Se as
feministas não fizessem isso, sua pregação teria apelo zero para o setor não-
feminista, porque me parece que não teriam influência sobre o mundo experiencial.
O feminismo é anticontextual no sentido de que a história é decidida antes dos
fatos, mas que é dependente do contexto de qualquer situação particular. O
contexto da vida real deve primeiro ser vivenciado e compreendido, e só então
pode ser cooptado para o discurso feminista. Para dar um exemplo claro, as
feministas nos Estados Unidos hoje não se agitam sobre o direito de votar das
mulheres. Elas não chegariam a lugar nenhum se o fizessem, porque, tendo
conquistado o direito de voto, elas não têm lugar nenhum para onde ir mais (a
esse respeito). O direito de votar não é agora uma questão relevante no contexto
do mundo real. Por outro lado, o fato de que a maioria dos líderes empresariais
63

são homens, será verificado pela maioria das experiências das pessoas do mundo;
isso, então, pode ser elaborado no discurso feminista como um exemplo
de Opressão.

Perdoe-me por estar sendo demasiado simplista. Deve ficar claro como
o processo de fabricação de Luta está desempenhando um papel fundamental na
natureza mutável dos direitos.

O que é um direito? Como tem sido tipicamente entendido, o direito é


uma alegação de que, em circunstâncias normais, é inviolável. Em outras palavras,
se eu tenho um direito, então eu tenho algum tipo de reivindicação — a permissão
para fazer algo que eu gostaria de fazer, ou de ser protegido de algo que eu
desejaria evitar — e outros indivíduos não podem me privar desta reivindicação.
Para dar um exemplo claro, eu tenho o direito de não ser agredido — outras
pessoas não têm permissão para me agredir. Elas podem, no entanto, fazê-lo,
caso em que teriam transgredido o meu direito; elas teriam feito o que não estão
autorizadas a fazer, e me impedido de fazer (ou evitar) as coisas que eu estou
autorizado a fazer (ou evitar). Conseqüentemente, eu estaria autorizado a buscar
compensação pela violação do meu direito.

Uma teoria de direitos exige um executor, a fim de prevenir as


transgressões dos direitos e fornecer compensação para aqueles cujos direitos
tenham sido violados. O executor com o qual estamos familiarizados é o Estado,
particularmente, aquelas instituições envolvidas na criação e na prática da lei: o
legislativo, o judiciário, a polícia, e assim por diante. É necessário que o Estado
possua o monopólio do uso da força, do contrário, sua autoridade não teria
efetividade, e não haveria nenhum impedimento contra violações de direitos. Em
um caso extremo, os cidadãos podem se levantar e derrubar um Estado fraco,
posteriormente, instituir sua própria forma de justiça que pode estar longe de ser
imparcial. Max Weber famosamente descreveu o estado como “o monopólio do
uso legítimo da força.” Eu deixei de fora a palavra “legítimo” da minha definição,
aqui, porque me parece um julgamento inteiramente subjetivo, sem mencionar um
aspecto inevitável do ponto de vista dos que estão no controle do Estado. Aqueles
que tomam o poder e utilizam-no para perseguir uma parte da população,
certamente irão acreditar ser legítimo seu próprio monopólio sobre o uso da força
— na verdade, eles provavelmente irão acreditar ser de maior legitimidade seu
próprio uso da força do que o regime que eles depuseram, não importa o quanto
aquele regime se conduzia.
64

Notem que não há nenhuma limitação inerente ao conceito de direitos;


não há um sistema integrado de freio. Nunca haverá um ponto em que possamos
dizer, “agora temos todos os direitos.” Potencialmente, haverá sempre mais
direitos que podemos ter. Isso não quer dizer, categoricamente,
que devemos possuir mais direitos. A posse total de todos os possíveis direitos
seria uma licenciosidade inconcebível — autonomia total, em que todas as
reivindicações seriam permitidas. Isso significaria que a pessoa com uma
licenciosidade estaria livre para violar os direitos dos outros. Nesse caso, os
direitos dos outros não teriam sentido sempre que se deparassem com a pessoa
com licenciosidade. Logicamente, as pessoas não podem ter a posse total de
todos os direitos porque cada uma teria permissão para infringir os direitos de
todas as outras — o que significa que os direitos de ninguém estariam seguros, e o
indivíduo ou o grupo mais forte teriam o direito de estabelecer uma autoridade
arbitrária unicamente pela força física.

Claramente, precisamos de limitações, e a Constituição dos Estados


Unidos da América é um clássico exemplo com respeito a isso. Como a melhor
declaração de liberdade pessoal e de democracia representativa que o mundo já
conheceu, ela existe para proteger uma série de direitos fundamentais de serem
derrubados pelo mais forte conjunto de indivíduos — ou seja, o governo. Leis
podem ir e vir, mas, contanto que a Constituição seja mantida, os direitos
fundamentais do cidadão são imutáveis — ou, pelo menos, são extremamente
difíceis de remover ou alterar. Onde um governo repetidamente viola sua própria
Constituição, ele (idealmente, pelo menos) corre o risco de ser derrubado por um
levante dos cidadãos, que, em conjunto, formariam um coletivo mais poderoso.
65

A Constituição dos Estados Unidos, aprovada em 1787, foi baseada em


cima da filosofia liberal da época, sobretudo da de John Locke. As Seções da
Declaração de Independência, assinadas 11 anos antes, foram mais ou menos
levantadas a partir do seu Segundo Tratado sobre o Governo. As idéias expressas
nesse trabalho não são aquelas do liberalismo que conhecemos hoje; elas se
assentam agora em algo mais próximo para o que chamaríamos
de libertarianismo. Foi apenas na segunda metade do século XIX que o liberalismo
sofreu a profunda transformação para a ideologia coletivista que nós associamos
mais facilmente com o termo de hoje.

Em seu Ensaio em 1859, Sobre a Liberdade, J. S. Mill introduziu uma


nova articulação da defesa moral liberal tradicional dos direitos individuais. É algo
assim: os indivíduos têm o direito de fazer o que quiserem, desde que isso não
prejudique os outros. Mill usou de cautela ao analisar a aplicação deste princípio:
não estaria sendo prejudicado, por exemplo, aquele que perdesse na concorrência
aberta (por exemplo, no livre mercado). Seguindo Tocqueville, ele expressou a
preocupação de que a democracia, se não moderada, podia transformar-se em
tirania da maioria.

Podemos agradecer aos sucessores de Mill pela perversão do


liberalismo individualista para uma filosofia coletivista e autoritária. Daí foi um
pequeno passo do axioma de Mill — os indivíduos têm o direito de fazer o que
quiserem, desde que isso não prejudique os outros — para a doutrina do Novo
Liberalismo3: se eu não posso fazer o que quero fazer, então alguém deve estar
me prejudicando. Foi o autoproclamado “socialista liberal”, Leonard Trelawny
Hobhouse, que se baseou em cima das premissas de Mill e acrescentou uma nova
distorção: que a liberdade não é boa em si mesma, mas deve estar subordinada a
algo de maior efeito. Segue-se que qualquer liberdade que não está subordinada a
esse fim superior não é moralmente justificável. Foi o radical social Richard Henry
Tawney, baseando-se neste desenvolvimento, quem defendia uma sociedade
igualitária baseada na premissa de que “a liberdade para o peixão é a morte para
os peixinhos” — em outras palavras, que certos grupos identificáveis não são
merecedores de autonomia igual, mas deve ter sua participação restrita. E foi
Lester Frank Ward que repudiou o indivíduo por completo e argumentou que o
Estado deve direcionar todo o desenvolvimento social e econômico, incluindo a
felicidade dos seus cidadãos. Talvez o mais revelador de tudo seja que ele era um
entusiasta da idéia de que as mulheres são superioras aos homens de forma inata.
Para citar uma passagem especialmente relevante:
66

E agora, do ponto de vista do desenvolvimento intelectual em si, encontramo-la


lado a lado e ombro a ombro com ele, suprindo, desde o início, remontando aos tempos pré-
histórico, pré-social, e até mesmo pré-humano, o complemento necessário para o seu
diferente, de caminho unilateral, irrefletido e errático, sem o qual ele logo teria deformado e
distorcido o curso da vida e o tornado incapaz de se fazer muito progresso, o qual ele,
exclusivamente, afirma inspirar. E por essa razão novamente, até no domínio do intelecto,
onde ele iria reinar ao seu bel-prazer de forma suprema, ela provou completamente ser igual a
ele e tem direito a partilhar de todo crédito atribuído ao progresso humano
alcançado.

O propósito deste desvio para a natureza mutável dos direitos foi


aprimorar os desenvolvimentos históricos que precipitaram certos aspectos do
feminismo moderno. Alguns colaboradores do Movimento por Direitos dos Homens
têm um pouco abstratamente atacado a “modernidade” e os “valores do
Iluminismo”. Isso é bom se a intenção deles é a de atacar a autonomia individual
em geral, mas temos de olhar com mais cuidado se quisermos realmente chegar à
raiz dos problemas enfrentados pelos homens, como homens, hoje — nos quais,
eu argumentaria, coalescem-se na privação da autonomia masculina. É a
modernidade, e em particular o pensamento iluminista, que fez da autonomia
individual uma possibilidade — e é o liberalismo social, e mais especialmente o
feminismo, que estão transformando-a em uma impossibilidade para os homens.

A inovação do liberalismo social é conspícua na parte da citação acima


de Ward, a qual eu enfatizei. É o direito; a criação de novas obrigações para os
outros cumprirem; a construção de reivindicações de direitos, e não, direitos dos
indivíduos, a ser realizada de forma igual, mas contra um segmento identificado da
população (o grupo “inimigo”). Naturalmente, todo o direito, se for levado a sério,
67

exige obrigações dos outros — se eu tenho o direito de não ser agredido, então
você não deve me agredir, e vice-versa. A diferença entre tal afirmação e as
afirmações do Novo Liberalismo é que o primeiro é uma obrigação de inação,
enquanto o último é uma obrigação de ação. Minhas obrigações de inação
significam que eu não posso transgredir certos limites — os direitos de outras
pessoas. Eu não posso machucá-las, roubá-las ou danificar os seus pertences.
Estou proibido de fazer certas coisas nas quais interfeririam com a autonomia dos
outros, mas, fora isso, eu sou livre para fazer o que eu quiser. As obrigações de
ação são de um tipo completamente diferente: o que me prende a tal obrigação
tem o poder de me comandar. Disseram-me como agir, e eu estou proibido de agir
de outra maneira. Isso restringe a minha autonomia.

Por exemplo, se você precisar de algum objeto, a fim de realizar um


determinado projeto, então a sua autonomia estaria sendo cerceada, caso você
não possuísse o objeto. Portanto, você teria uma reivindicação pelo meu objeto,
presumindo que possuo um. Não importa se eu ganhei legitimamente ou não o
meu próprio objeto; a teoria diz que você deve tê-lo de qualquer maneira. As
reivindicações de posse e o mérito estariam subordinadas à autonomia dos
indivíduos, os quais traduzem o querer (e não, as necessidades) dos
especialmente identificados grupos “vítimas”. Se, digamos, eu esteja entrevistando
um homem e uma mulher para um cargo numa empresa, e a mulher exigisse que
a ela fosse dado esse trabalho, como um passo crucial em seu plano de
carreira, eu estaria negando sua autonomia se eu não a empregasse, mesmo que
ela fosse o candidato menos qualificado. Ela precisa do cargo, a fim de conseguir
o que ela quer, em última análise, e por isso ela estaria sendo prejudicada se não
o conseguisse. A doutrina do Novo Liberalismo — se eu sou incapaz de fazer o
que quero fazer, então alguém deve estar me prejudicando — serve claramente a
agenda de vítima do feminismo. Qualquer limite, por menor que seja, sobre as
ações das mulheres, incluindo aqueles introduzidos em nome da justiça e da
imparcialidade, podem ser tomados como uma nova Opressão de acordo com
esta doutrina.

O “Novo” liberalismo ou liberalismo “social” é de fato a perversão e a


corrupção do liberalismo — e encontra sua máxima expressão no sistema de
castas dos direitos do qual feministas estão concentradas na sua criação. Direitos
da Mulher, um lema uma vez trompeteado como uma marcha progressiva para um
futuro mais justo, tornou-se a carta trunfo que nunca perde o seu valor, pronta para
ser jogada a qualquer hora que uma mulher quiser “superar os rapazes”. Nos
68

primeiros dias, a idéia de Luta era mais meritória, e até parecia admirável em
retrospecto. As mulheres lutaram por direitos que os homens possuíam: o direito
ao voto, o direito à propriedade, o direito ao divórcio, o direito ao mesmo salário
que um homem fazendo o mesmo trabalho. Uma vez, era perfeitamente plausível,
para um observador imparcial, que o feminismo pretendesse trazer a igualdade
entre os sexos. Isso não quer dizer que esta visão está inerentemente correta,
apenas que era crível, a partir de um ponto de vista externo ao feminismo, que o
projeto feminista carregava essa meta altruísta.

Mas quais são os direitos da mulher defendidos hoje? O direito de


confiscar o dinheiro dos homens, o direito de cometer alienação parental, o direito
de cometer fraude de paternidade, o direito a igual remuneração por menos
trabalho, o direito de pagar menos imposto, o direito de mutilar os homens, o
direito de confiscar esperma, o direito de assassinar crianças, o direito à proteção
contra opiniões diferentes das suas, o direito de escolha reprodutiva e o direito de
fazer essa escolha pelos homens também. Em um paradoxo jurídico interessante,
alguns têm defendido — com sucesso — que as mulheres devem ter o direito de
não serem punidas por crimes, absolutamente. A consequência final disso é uma
espécie de feudalismo sexual, onde as mulheres governam arbitrariamente, e os
homens são mantidos em cativeiro, com menos direitos e muito mais obrigações.
Até hoje, a transformação de direitos em obrigações de ação nos deram um
Estado de bem-estar social em que, de acordo com The Futurist,

praticamente, todos os gastos do governo [...] desde o Medicare 4 ao Obamacare5 à


Previdência Social aos empregos do setor público para mulheres até a expansão da população
carcerária, ou é uma rede de transferência de riqueza dos homens para as mulheres, ou um
subproduto da destruição do casamento 1.0 6. Em qualquer caso, o “feminismo” é o culpado [...]
Lembre-se mais uma vez que os ganhos dos homens pagam 70% a 80% de todos os impostos.

O feminismo vê a independência de cada cidadão como uma barreira,


não uma salvaguarda. A autonomia pessoal impede o progresso do feminismo em
moralizar o mundo e de sangrar financeiramente os homens para o benefício das
mulheres.

Direitos da Mulher? Não passam de um assalto ao poder.


Adam.
69

__________
Notas do Tradutor:
[1] Os Pais Fundadores dos Estados Unidos (em inglês: Founding Fathers of the United States)
são os líderes políticos que assinaram a Declaração de Independência ou participaram da
Revolução Americana como líderes dos Patriotas, ou que participaram da redação da
Constituição dos Estados Unidos da América onze anos mais tarde. Durante a Guerra da
Independência, os Pais Fundadores se opuseram aos Lealistas, que apoiavam a monarquia
britânica e eram contra a independência (grande parte dos Lealistas permaneceram nos EUA
após 1783 e apoiaram o novo governo). A expressão Founding Fathers ("Pais Fundadores") é
creditada a Warren G. Harding, senador e 29ª presidente dos Estados Unidos.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pais_Fundadores_dos_Estados_Unidos
[2] Traduzido do inglês também para libertarismo.
[3] Não confunda com Neoliberalismo. Apesar de “neo” significar novo, Novo Liberalismo (ou
Liberalismo Social) e Neoliberalismo não são exatamente a mesma coisa.
[4] Nos Estados Unidos, o Medicare é o programa nacional de seguro social, administrado pelo
governo federal dos EUA desde 1965, que garante o acesso ao seguro de saúde para os
americanos com mais de 65 anos e os jovens com deficiência, bem como pessoas com doença
renal terminal. Saiba mais sobre em: http://en.wikipedia.org/wiki/Medicare_(United_States)
[5] A Lei de Proteção ao Paciente e Serviços de Saúde Acessíveis ("The Patient Protection and
Affordable Care Act", em inglês), conhecida também como Obamacare, é uma lei de reforma
de saúde assinada pelo presidente Barack Obama, prevista para começar em 2014, que,
basicamente, estabelece que todo mundo que vive nos EUA está obrigado a ter um seguro de
saúde — quem não tiver terá que pagar uma taxa (chamada de "imposto" pelo novo texto da
lei). Saiba mais sobre em: http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/atualidades-
vestibular/tag/obamacare/ e
aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Patient_Protection_and_Affordable_Care_Act
[6] É o termo que a Comunidade Masculina dos EUA dá ao casamento bíblico ou
casamento tradicional.

__________
KOSTAKIS, Adam. Perseguindo Arco-íris [Chasing Rainbows] [em linha].
Tradução e notas de Charlton Heslich Hauer. [S.l.]: Gynocentrism Theory, 2011.
Disponível em: <http://gynotheory.blogspot.com/2011/02/chasing-rainbows.html>.
Acesso em: 26 jun. 2014.

Atualizada e revisada em: 03 out. 2015, 02:03.


70

Falsa Consciência e Manipulação-Kafka

Mais um notável artigo sobre a Teoria do Ginocentrismo.

Artigos anteriores desta Teoria:


Leitura Nº 1: Olhando Fixamente para fora do Abismo
Leitura Nº 2: A Mesma História Repetida
Leitura Nº 3: Refutando o Apelo ao Dicionário
Leitura Nº 4: "Pig Latin"¹ – Brincando com as palavras
Leitura Nº 5: Anatomia de uma Ideologia da Vitimização
Leitura Nº 6: Vinho Velho, Garrafas Novas
Leitura Nº 7: O Pessoal em Contraste ao Político
Leitura Nº 8: Perseguindo Arco-íris

Por Adam Kostakis

Leitura N º 9

“Não importa se Crítias ou Sócrates é a pessoa refutada. Concentre-se apenas no argumento


em si, e pondere, afinal, qual será o destino dele, caso seja examinado.” — Sócrates de Atenas

É necessário, neste momento, deixar de lado o fio da meada que eu


vinha construindo, e fazer um desvio no extenso deserto da lógica feminista. A
frase lógica feminista vai atingir a maioria dos meus leitores como um contra-senso
— senão um oxímoro! — Então deixe-me tranquilizá-los sobre o que eu realmente
quero dizer com tentativa de lógica feminista. E não há nada de lógico nisso, eu
lhe asseguro.
Em primeiro lugar, por que o uso da lógica é tão ameaçador para as
feministas? Sabemos, seguramente, que ela é — com algumas feministas
chegando ao ponto de afirmar que a lógica não é outra coisa senão uma
ferramenta do patriarcado. Naturalmente, isso é um absurdo. O argumento lógico
é, por definição, um conjunto de inferências válidas — por isso, não é possível
argumentar contra a lógica. Dito de outra forma, você não pode argumentar contra
o raciocínio [lógico], porque a própria tentativa de fazer isso envolve o(a) (tentativa
do) uso da razão. A única maneira de atacar a lógica sem usar (ou tentar usar) a
lógica seria a de atacá-la mais aleatoriamente — isto é, sem o uso da implicação
71

lógica. Os pontos argumentativos que você fizesse, em ataque à lógica, não


deveriam ter nenhuma relação uns com os outros. Você não poderia dizer, por
exemplo:
Os homens usam a lógica para derrotar as mulheres na argumentação,
portanto, a lógica é uma ferramenta do patriarcado

porque o uso do “portanto” indica uma conseqüência lógica, isto é,


indica implicação, a qual é uma questão de lógica! Isso deixa a feminista com duas
opções desfavoráveis: ela pode afirmar que a lógica é uma ferramenta do
patriarcado, sem referência a premissas, evidências, exemplos, definições, e
assim por diante — sem nenhuma referência, na verdade, à realidade; ou ela pode
aceitar que o seu próprio argumento, porque este tenta ligar duas proposições
juntas em uma base lógica, é em si uma ferramenta do patriarcado — assim ela
também estaria defendendo o argumento!
Assim, a resposta apropriada para o argumento feminista de que “a
lógica não pode ser confiável porque é uma ferramenta do patriarcado”, é dizer:
“Ei! e você também — como uma patriarca, eu aprecio que você esteja fazendo o
meu trabalho para mim!”
72

Mas novamente, por que a lógica é tão ameaçadora às feministas?


Será que as feministas estão simplesmente equivocadas sobre a natureza da
lógica? Isso é duvidoso. Depois de ter visto as feministas derrotadas pela lógica
muitas vezes, tenho a certeza de que elas temem-na, porque as suas crenças não
podem resistir a ela. Como qualquer seita, o feminismo não permite que seus
membros investiguem a verdade, nem tolera a discussão livre e aberta de suas
crenças fundamentais. Ainda assim, nada disso faz a mínima diferença
para nós — como não-feministas, não há nenhuma autoridade humana
obrigando-nos a manter nossos pensamentos ou discursos no âmbito do
feminismo.

Sim, as feministas temem a lógica porque ela contradiz outras formas


de “conhecer” o mundo — que digam a você o que pensar, por exemplo. Elas
também temem que a lógica lance o descrédito sobre “verdades” ideológicas. As
feministas querem que você veja o mundo como elas dizem que você deveria vê-
lo — elas certamente não querem que você chegue a suas próprias conclusões!
Sobretudo a conclusões críticas à ortodoxia feminista, derivadas, por exemplo, do
processo de fazer perguntas e receber respostas insatisfatórias. E, no entanto,
essa é precisamente a consequência que as feministas garantem, quando suas
preocupações mais críticas e as conseqüências de uma discussão aberta levam-
nas a reagir, de forma intempestiva, com táticas de constrangimento.

O que pensaria um neutro observador perspicaz quando ouvisse uma


pergunta razoável ser respondida com um ataque contra o caráter do interlocutor?
Será que isto vai inspirá-lo a adotar todos os princípios do questionado sistema de
crenças? É mais provável que ele se sinta intimidado a ser submisso pela tática de
constrangimento usada contra o provocador, ou se sinta ofendido por procuração
pela maneira evasiva e insultante da ideóloga?

Ideólogos não tendem a fazer reflexões como essas. Não é de se


admirar, então, que a palavra “ideologia” nasceu como um termo de abuso. Não
era assim, até Marx e Engels escrever A Ideologia Alemã, e então a expressão
assumiu a caracterização que associamos hoje com as políticas de identidade.
Sua ideologia, afirmavam eles, é o produto de sua posição social — isto é, ou se é
um proletário ou um burguês. O proletariado socialista são os donos da ideologia
73

que reflete a verdade, enquanto a burguesia capitalista possui apenas uma “falsa
consciência”. Nunca é explicado como se sabe que as coisas são dessa maneira e
não de outra — isto é, por que a burguesia não pode possuir a verdadeira
ideologia, e o proletariado estar sujeito à falsa consciência? Essa pergunta não
precisa ser respondida, porque o marxismo é um sistema fechado de pensamento.
É como um homem que não está no chão, mas de alguma forma, sobre seus
próprios pés; qualquer parte do marxismo se sustenta sobre as outras partes da
teoria, e não depende dos caprichos do mundo experiencial como apoio. Em
outras palavras, o que acontece no mundo real não importa — o marxismo
é autoconfirmante. A verdade que fundamenta suas alegações está
localizada dentro da teoria, totalmente independente de qualquer evidência em
contrário que pode ser obtida a partir das experiências reais de pessoas reais.

Ele é muito parecido com o feminismo, logo — de existência abstrata e


anticontextual, decidindo sobre a história antes que os fatos sejam conhecidos. O
Feminismo, para as feministas, não necessita de justificação fora de si mesmo. É
impenetrável pelo argumento externo, e, portanto, irrefutável — porque é
inerentemente irracional. Ou seja, ele não pode ser chamado à razão. É uma
perda de tempo tentar sensibilizar as feministas, e cada MRA1 logo descobrirá que
será mais fácil ele espremer sangue de uma pedra. O único discurso que fará com
que as feministas sentem-se e mudem suas maneiras é o discurso de poder, e
este é um discurso que deve ser sustentado por ação. Antifeministas devem se
sentir à vontade com a idéia de exercerem o poder sobre as feministas, pelo
menos o suficiente para marginalizá-las na irrelevância. Este é o fim do jogo.
Criação de massa crítica é o modo como atingiremos esse objetivo, mas damos
um passo para trás cada vez que condescendemos com as feministas em seus
sofismas.

Tomemos, por exemplo, o sofisma feminista de que estamos “presos”


em uma perspectiva determinada pelo sexo ao qual pertencemos. Qualquer
argumento contrafeminista lançado por um homem, não importa quão precisas
sejam suas observações, não importa quão suas afirmações sejam evidências,
pode ser descartado, alegando-se que foi feito por um homem. O argumento é o
seguinte: “Você só está dizendo isso porque você é um homem. Se você não fosse
um homem, você não teria uma perspectiva masculina, e assim você não estaria
dizendo isso.” A implicação é a de que uma perspectiva masculina é
74

inerentemente errada — que o homem, em virtude do fato de ser um homem, é


incapaz de perceber a verdade. Como você pode ver, esse é verdadeiramente o
mesmo artifício da “falsa consciência” praticado por Marx e Engels e seus
seguidores — a feminista não explicou como ou porque razão é que a perspectiva
de uma mulher, em virtude de ela ser uma mulher, é, necessariamente, a única
que reflete a verdade.

O artifício da “falsa consciência” é, em última análise, uma evasiva. Em


um movimento desonroso, a feminista tem evitado o argumento em si e atacado o
interlocutor — “você não pode estar certo, porque você é homem.” Para a
feminista, isso é suficiente. Ela considera o assunto encerrado, e segue em frente.
Pelo mesmo motivo não revelado pelo qual Marx sabia que o proletariado era
senhor da verdade, a feminista “sabe” (ou seja, está absolutamente convicta) que
a sua própria ideologia possui a verdade. Mas esse raciocínio não revelado,
qualquer que seja ele, não funciona em sentido inverso. A feminista está confiante
o suficiente de que um contra-argumento, usado com a mesma tática — “você não
estaria dizendo isso se você não fosse uma mulher” — é inaplicável e impossível.
A implicação é a de que as mulheres feministas vêem o mundo objetivamente,
enquanto que apenas os homens estão “presos” a uma perspectiva privilegiada e
não podem ver a maneira como as coisas realmente são. Um ataque contra a
perspectiva de um homem, pelo fato de ser uma perspectiva masculina — até
mesmo a identificação de uma perspectiva como peculiarmente “masculina” — é
nada menos que uma declaração de supremacia feminina.

Quanto às mulheres não-feministas, elas também estariam sendo


oprimidas pela “falsa consciência”. Veja você, quando as mulheres usam suas
próprias mentes para decidir as coisas por si mesmas, é dito que elas estão sendo
manipuladas pelo patriarcado! Mas quando elas param de pensar por si mesmas,
e acatam a consciência feminista, sem questionamento, nesse momento é que
suas mentes estariam sendo “libertadas!” Percebe como isso funciona?

Agora, eu odeio estragar a diversão delas por ser um homem que diz
coisas que não diria se não fosse um homem, mas há algo que não faz sentido em
tudo isso. O que as feministas estão tentando transmitir é uma espécie
de determinismo sexual. Ou seja, a noção que elas estão tentando propagar é
75

aquela que afirma que as nossas ações e comportamentos são determinados de


acordo com o nosso sexo, e que não temos liberdade de escolha no assunto. De
que nós somos robôs morais, condicionados desde o nascimento a ver o mundo
de uma maneira particular, a partir do qual não podemos desviar.

Essa teoria só teria sentido se ela pudesse nos dizer como os homens
e as mulheres agem ou pensam. No entanto, tanto homens quanto mulheres são
muito menos previsíveis do que as estereotipadoras do mundo gostariam que eles
fossem. Há, por exemplo, feministas que são homens, MRAs que são mulheres, e
pessoas de ambos os sexos que contrariam todas as tendências que possamos
imaginar. O determinismo sexual feminista, então, tornou-se uma teoria inútil; se
há alguma verdade nela, está limitada aos aspectos do comportamento humano
que não podem ser identificados. Ela foi reduzida à tautologia: nós sempre vamos
fazer as coisas que sempre vamos fazer!

Não é necessário afirmarmos que homens e mulheres não são duas


classes opostas e internamente homogêneas de pessoas. Feministas gostariam
muito que fossem. De fato, o feminismo se apóia nessa percepção defeituosa. A
idéia de que homens e mulheres devem ser opostos um ao outro é uma
construção feminista, e qualquer desvio a isso é uma ameaça a toda a iniciativa
feminista — daí o imperativo de destruição familiar. É também por isso que os
ataques mais venenosos são reservados aos aliados feministas do sexo
masculino. Esse pequeno número de homens que exerce a mais rigorosa
autodisciplina está sob fogo maior por não ser feminista o suficiente de acordo com
a ortodoxia feminista. Isso acontece porque todo homem que é pró-feminino no
mínimo é uma pedra no sapato do feminismo tanto quanto a mais declarada
76

mulher antifeminista (talvez mais ainda: no caso dos homens feministas, não existe
argumento equivalente ao da “falsa consciência” usado para repudiar mulheres
antifeministas). Deve ser negada a idéia de que os homens feministas possam ser
considerados feministas o suficiente! A ilusão de que os homens são “o inimigo”
deve ser mantida — e isso significa repudiar as intenções amigáveis de aliados
masculinos. Ao declararem-se feministas, os homens não estão em conformidade
com o determinismo sexual feminista, contrariando, assim, a teoria feminista, e
ameaçando o progresso de todo o movimento. Mas não é tão fácil pintá-los como
selvagens primitivos, e isso se deve em grande parte a seus próprios esforços em
se tornarem receptivos — que é precisamente por isso que eles recebem tal
mordaz desprezo.

Retomando o assunto: o Marxismo e o feminismo têm mais coisas em


comum do que o Apelo à Falsa Consciência. Ambos se encaixam em um
determinado modelo sobre o qual podemos mapear qualquer ideologia radical
moderna. Novamente, são os desdobramentos na linguagem e no pensamento
que permitem configurações teóricas possibilitando movimentos sociais como o
feminismo. O socialismo só foi possível uma vez que o Estado e a economia
foram distinguidos conceitualmente — nos tempos feudais, a distinção entre os
dois não era perceptível, tornando discutível a possibilidade de um sistema
socialista ser idealizado. Foi em resposta à ascensão do capitalismo, com tudo o
que isso implicou — o pensamento iluminista, o individualismo econômico,
mercados livres, o trabalho livre, um fim aos impostos agrícolas, a formação das
classes empresarial e trabalhadora — que o socialismo Utópico e (mais tarde) o
Marxismo tornaram-se possíveis no reino da imaginação.

Da mesma forma, o nacionalismo — em sua forma moderna, como uma


ideologia — só se tornou possível uma vez que a sociedade e a cultura foram
distinguidas em pensamento e linguagem. Nossa questão aqui é: o que tinha de
ser distinguido antes do feminismo se tornar uma possibilidade?

Esta é uma pergunta que levaria uma grande quantidade de espaço


para responder — mais espaço do que eu tenho disponível aqui. Basta dizer que a
escalada de liberdades sendo concedidas aos homens resultou em uma
divergência de expectativas entre homens e mulheres. Razoavelmente suficiente,
77

podemos pensar, um pequeno número de mulheres começou a questionar por que


razão a noção iluminista de liberdade individual se estendia somente aos homens.
No entanto, o que muitas vezes passa despercebido é que essas mulheres
começaram a partir de uma posição de força — elas já eram as beneficiárias de
códigos Ginocêntricos culturais que as colocavam acima dos homens, sobre
pedestais. Ao longo das décadas seguintes, os homens tropeçaram em si mesmos
ao entregar tudo o que as mulheres exigiam. É provável que a maioria deles
sinceramente acreditava que a liberdade individual deveria ser estendida para as
mulheres assim como para os homens. Mas o próprio fato de que o Ginocentrismo
já estava em pleno vigor indicava que a supremacia feminina seria a única
conseqüência possível do feminismo. A “igualdade” que as feministas buscavam
era uma “igualdade” para fazer todas as coisas que os homens podiam
fazer, e manter suas tradicionais vantagens sobre os homens, acumuladas ao
longo de séculos de Ginocentrismo. As beneficiárias de vantagens adicionais não
são, obviamente, iguais, de maneira nenhuma, mas, privilegiadas em detrimento
de todos os outros. Esta sempre foi a intenção.

Apesar das eventuais alegações das feministas de que estão


renunciando a todas as formas de pensamento masculino e criando um novo, o
feminismo se encaixa perfeitamente com outras ideologias radicais que o
precederam (e que foram, obviamente, idealizadas por homens). Tendo como
base formas de associação como aquilo mais evidente sobre modernas ideologias
radicais — os marxistas opõem o proletariado à burguesia, os nacionalistas opõem
a sua própria cultura ou raça a uma sociedade culturalmente ou racialmente
diversificada, e as feministas opõem as mulheres aos homens. As relações-chave,
utilizadas pelos ideólogos como explicações totais para todos os fenômenos
humanos, correspondem às formas de associação acima salientadas. Para Marx, a
principal relação é econômica — o controle dos trabalhadores pelos capitalistas é
uma relação econômica, e tudo o mais (política, religião, cultura) seria mera
“superestrutura” sobre esta “base”. A superestrutura pode mudar, mas nada
de fundamental alterar-se-á a menos que a relação econômica das classes seja
reconfigurada. Da mesma forma, para os nacionalistas, a relação fundamental é
cultural (ou racial, se os dois são diferenciados). Esta é a “base” sobre a qual tudo
é construído. As alterações nas estruturas superficiais na parte superior da “base”
(por exemplo, modificações em instituições políticas e sociais) são irrelevantes; a
única mudança fundamental só aconteceria via transformações na demografia
cultural e/ou racial.
78

Encontramos o mesmo padrão no feminismo. Opondo mulheres aos


homens, a relação fundamental para as feministas é, naturalmente, sexual. É a
relação entre homens e mulheres que determinaria todo o resto (política,
economia, cultura, religião, e assim por diante). Os elementos da superestrutura
podem muito bem mudar, mas até que a dominação das mulheres pelos
homens seja esmagada no nível básico, nada de significativo seria alcançado.

É essa crença que em última análise explica a tentativa lógica


feminista. Suas tentativas de argumentação racional são obscurecidas por uma
crença na culpa coletiva — de que todos os problemas ou inconvenientes
enfrentados pelas mulheres resultam dessa relação-base (a dominação das
mulheres pelos homens), de modo que, enquanto os problemas ou inconvenientes
permanecerem, seguramente os homens (coletivamente) estariam dominando as
mulheres (coletivamente). Não importa se um homem em particular é inocente —
ele ainda é “o inimigo”, como as feministas estão mais do que dispostas a admitir
(ver, em inglês: O Redstockings Manifesto). Também não importa se uma mulher,
em particular, é culpada — ela é absolvida em nome da inocência coletiva.

E por esse motivo, nos deparamos com a peculiar tática de debate


feminista chamada Manipulação-Kafka. Eu não inventei o termo; o crédito deve ser
dado a Eric S. Raymond, cujo artigo original sobre o assunto está linkado
abaixo2 do texto. Nem Eric tinha a intenção de que o termo fosse
utilizado apenas para as feministas — qualquer membro de uma ideologia de
vitimização pode efetivamente Kafka-Manipular seus adversários. O
nome Manipulação-Kafka é uma referência à obra O Processo, de Franz Kafka, na
qual é dito ao protagonista que ele é muito, muito culpado, embora seu crime
nunca seja especificado; e, como ele logo descobre, a única “saída” é admitir sua
culpa (embora ele não saiba de que), consentindo, assim, com sua própria
destruição.

Nas próprias palavras de Eric, uma Manipulação-Kafka é:

uma afirmação infalsificável, sobre crime de pensamento, e que


pretende induzir culpa, de modo que o sujeito torne-se manipulável.
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A coisa mais assustadora sobre esta tática é que a Kafka-Manipuladora


declara que a sua mente está inacessível para você — o julgamento dela é uma
rejeição da opinião que você tem sobre seus próprios pensamentos. Você acha
que sabe o que pensa? Pense novamente, amigo!

Agora, vou reproduzir, do blog do Eric, seis modelos de Manipulação-


Kafka que as feministas vão usar contra você. Aprenda-as. Conheça-as.
Reconheça-as pelo que elas são: nada mais do que evasivas ad hominem. Apelar
para uma tática, como uma Manipulação-Kafka, é suficiente para a sua refutação.

(Nota: nos exemplos a seguir, eu usei os termos “sexista” e “sexismo”,


mas estes podem ser substituídos por “misoginia”, “ódio à mulher”, “patriarcado”,
etc.)

Modelo A de Manipulação-Kafka
Sua recusa em reconhecer que você é culpado de sexismo confirma que você é
culpado de sexismo.

Modelo C de Manipulação-Kafka
Mesmo que você não se sinta culpado de sexismo, você é culpado porque você
tem se beneficiado com o comportamento sexista de outros no sistema.

Modelo P de Manipulação-Kafka
Mesmo que você não se sinta culpado de sexismo, você é culpado porque você
tem uma posição privilegiada no sistema sexista.

Modelo S de Manipulação-Kafka
O ceticismo sobre qualquer relato anedótico de sexismo em particular, ou qualquer
tentativa de negar que o específico episódio implica um problema sistêmico em
que você é um dos culpados, é em si suficiente para estabelecer a sua culpa.

Modelo L de Manipulação-Kafka
80

Sua insistência em aplicar um ceticismo racional para avaliar as asserções de


sexismo generalizado em si demonstra que você é sexista.

Modelo D de Manipulação-Kafka
O ato de exigir uma definição de sexismo que pode ser consequentemente
verificada e falsificada prova que você é sexista.

É o último modelo, o Modelo D, o qual eu considero o mais intrigante.


Isso implica — e minha experiência com feministas prova — que simplesmente
perguntar como não ser sexista será tomado como evidência de um sexismo. A
razão pela qual eu me concentrei tão fortemente em definições em minhas leituras
anteriores é por causa da utilidade de fixar significados concretos para termos. Se
nós temos uma definição concreta de sexismo, por exemplo, eu poderia verificar
minha própria conduta contra esta definição, e, potencialmente, descobrir que eu
não satisfaço nenhum dos critérios — ou seja, que eu não sou sexista. Mas isso
não satisfaz a noção feminista de culpa coletiva. Parece-me uma reação em
pânico por parte delas, assim, insistir que qualquer homem que tenta descobrir se
ele é ou não sexista simplesmente o faria automaticamente sexista por tentar
descobrir isso. Em outras palavras, ele seria um sexista por não querer ser um
sexista. Poderia haver alguma indicação mais clara do que essa que mostre que
feministas querem que homens e mulheres sejam duas classes conflitantes de
pessoas?

O propósito da Manipulação-Kafka é não deixar absolutamente nenhum


espaço para o indivíduo manipulado acreditar em sua própria inocência. A
negação de que ele é opressor seria mais uma prova de que ele é opressor; a
única outra opção seria admitir que ele é opressor, a qual também seria prova de
que ele é opressor. (Observe o seguinte na Roda da Violência, concebido pelo
Projeto de Intervenção da Violência Doméstica: “dizer que o abuso não aconteceu”
é abusivo. Então, veja você, se você se declarar “culpado” ou “inocente” em um
tribunal de justiça , ambos os fundamentos são a prova de sua culpa.) A opressão
é alegada porque o indivíduo é membro de um grupo — mas não necessariamente
aquele grupo com o qual ele se identifica. A identificação com o grupo primário
é atribuída ao indivíduo pela operadora da Manipulação-Kafka. Citando Eric, mais
uma vez,
81

Crimes Verdadeiros — transgressões reais contra indivíduos


de carne e osso — geralmente não são especificados. O objetivo
da Manipulação-Kafka é produzir um tipo de culpa flutuante no sujeito, uma
convicção de pecaminosidade que pode ser manipulada pela operadora para fazer
o sujeito dizer e fazer coisas que são convenientes para os objetivos pessoal,
político ou religioso da operadora.

Que as transgressões reais não são especificadas é verdadeiro para


todos os modelos com exceção do Modelo S, no qual uma transgressão
determinada é especificada, mas qualquer dúvida a respeito do relato de coisas da
suposta vítima é tomada como evidência de que o questionador é culpado,
juntamente com o suposto agressor. Quão familiar tudo isso parece, não é?! Não é
a experiência precisa de alguém que se defronta com feministas que discutem a
prevalência de falsas acusações de estupro? Na mesma nota, vou encaminhá-lo
para um comentário da feminista Amanda Marcotte, a qual ela rapidamente o
apagou, mas não antes de Fidelbogen ter salvado uma cópia:

[Imagem com tradução do texto da imagem anterior (clique nela para ampliá-la):]
82

Vamos falar sobre Amanda Marcotte um pouco mais, vamos? De fato,


em sua homenagem, eu gostaria de definir um sétimo modelo de Manipulação-
Kafka, o Modelo J:

Modelo J de Manipulação-Kafka
Mesmo que sua inocência seja provada em um tribunal de justiça, isso não só
confirma a sua culpa; também confirma a culpa do sistema (legal) que o declarou
inocente.

A Exibição feita dos modelos A até o J foi devido a uma série de


comentários que Amanda Marcotte fez em decorrência do caso Duke Lacrosse
sobre falsas acusações de estupro. Incapaz de aceitar que os homens acusados
poderiam ser inocentes (ei, por que mesmo houve os processos?), ela disse o
seguinte:

Nesse meio tempo, eu estive meio que por acaso, enquanto estava na
sala de espera, escutando a CNN apregoando em alto e bom som, e, porra, bom
Deus!, aquele canal é pura maldade. Por um longo tempo eu tive que escutar
como os pobres queridos jogadores do Lacrosse da [Universidade de] Duke
estavam sendo perseguidos só porque eles dominaram-na e foderam-na contra a
vontade dela — estupro, não, é claro, porque as acusações foram descartadas.
Não é possível que alguns meninos brancos abusem sexualmente de mais uma
mulher negra sem que as pessoas se revoltem contra isso? Tão injusto.

Deixando de lado o conteúdo de sua diatribe violenta, o estilo de escrita


dela não parece com a de uma criança de doze anos de idade, talvez aquela que
descobriu palavrões recentemente, e que acredita que usá-los tanto quanto
possível seja “legal”? No espírito desse post, então, e dada a evidência diante de
nós, eu, por meio disto, acredito que Amanda Marcotte tem, na verdade, 12 anos
de idade. Qualquer argumento em contrário, venha de Amanda ou de qualquer
outra pessoa, será tomado como mais uma prova de que ela tem 12 anos de
idade.

Tudo bem, então. Já que ela não teve uma boa educação, vou
recomendar um regime de disciplina que, em breve, deixará ela falando como uma
boa moça! Sugiro, em primeiro lugar, que Amanda Marcotte tenha a boca
83

vigorosamente lavada com sabão; em seguida, ela deverá receber severas


palmadas no bumbum nu (sobre o colo de algum patriarca, é claro), e então, ela
deverá ser enviada para cama, sem jantar, durante uma semana. Isso logo a
colocará nos eixos! E já que eu me recuso a acreditar em qualquer prova em
contrário da minha opinião de que ela tem 12 anos de idade, qualquer divergência
com as minhas opiniões sobre este assunto deverá apenas reforçar o meu
argumento de que ela é totalmente merecedora dessa punição. E agora, o que
acha disso?

Adam

__________
Notas do Tradutor:
1: MRA: Men's Rights Advocate/Actvist, ou seja, Defensor/Ativista dos(por) Direitos dos
Homens.
2: Eric S. Raymond. Kafkatrapping [artigo em inglês]

__________
KOSTAKIS, Adam. Falsa Consciência e Manipulação-Kafka [False
Consciousness & Kafka-Trapping] [em linha]. Tradução e notas de Charlton
Heslich Hauer. [s.l.]: Gynocentrism Theory, 2011. Disponível em:
<http://gynotheory.blogspot.com.br/2011/02/false-consciousness-kafka-
trapping.html>. Acesso em 30 maio 2016.

Atualizada e revisada em 30 maio 2016 às 23:22h.


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A Conseqüência Final do Feminismo, Parte I

Décimo artigo sobre a Teoria do Ginocentrismo.


Artigos anteriores desta Teoria:
Leitura Nº 1: Olhando Fixamente para fora do Abismo
Leitura Nº 2: A Mesma História Repetida
Leitura Nº 3: Refutando o Apelo ao Dicionário
Leitura Nº 4: "Pig Latin"¹ – Brincando com as palavras
Leitura Nº 5: Anatomia de uma Ideologia da Vitimização
Leitura Nº 6: Vinho Velho, Garrafas Novas
Leitura Nº 7: O Pessoal em Contraste ao Político
Leitura Nº 8: Perseguindo Arco-íris
Leitura Nº 9: Falsa Consciência e Manipulação-Kafka

Por Adam Kostakis


Leitura Nº 10

“Os fundadores de uma nova colônia, seja qual for a utopia sobre a virtude e a felicidade
humanas que tenham projetado de partida, invariavelmente aceitam, como uma de suas
primeiras necessidades práticas, escolher um pedaço de terra virgem para servir de cemitério e
uma segunda porção de terreno para construir uma prisão” — Nathaniel Hawthorne

Parece sensato, nesta fase, colocar a seguinte questão: por que tudo
isso está acontecendo? A resposta que posso oferecer, para efeito da presente
leitura, não é histórica, mas psicológica: ela oferece uma explicação mediante
referência ao estado mental dos operadores do feminismo. Há, certamente,
processos históricos em curso, explorados em outros campos, mas nenhum
movimento social sobrevive unicamente por causa de sua história. Ninguém nasce
feminista. Deve haver algum estímulo, ou estímulos, trabalhando previamente para
remodelar homens e mulheres não-feministas em feministas atuantes. Mas não
podemos explicar a conversão feminista em circunstância da agitação dos já
existentes ativistas feministas. Podemos certamente acreditar que o ativismo
feminista desempenha um papel no recrutamento, mas isso não é suficiente como
explicação. Por que um indivíduo, então, compromete-se com o feminismo, em vez
de com qualquer outro movimento social particular cujos defensores se engajem
em agitação para efeitos de recrutamento ideológico?
85

Deve ser porque o feminismo oferece a esses indivíduos algo que


outros movimentos não oferecem. Eu proponho que, ao abrir um espaço
absolutamente recompensador e coletivo de ódio ao homem, o feminismo oferece
uma forma de catarse avidamente assimilada por aqueles já predispostos à
misandria. Existem provavelmente tantas racionalizações para a misandria quanto
existem indivíduos feministas — nós teríamos que explorar os detalhes íntimos da
vida de uma pessoa feminista, particularmente sua cultura mental, para chegar a
uma conclusão sobre quando e por que ela decidiu culpar um sexo inteiro por cada
um de seus inconvenientes. O que é comum a todas essas pessoas é a hostilidade
à masculinidade, ou seja, a tudo aquilo que é característico do sexo masculino1.
Quando o entusiasmo inicial provocado pela condescendência mútua no ódio
sexual desvanece, as linhas de comunicação entre as feministas permanecem em
aberto. O feminismo fornece mais do que a oportunidade de catarse. A feminista
logo percebe que ela não precisa restringir-se a câmaras de eco2, mas pode tentar
experimentar uma mudança real. A emoção corre através dela na idéia de não
apenas depreciar, mas, na verdade, de prejudicar os homens. Apoiada por um
movimento amplamente organizado, generosamente e institucionalmente
financiado — movimento conectado — aquele que goza de uma auspiciosa
reputação como defensor da maior virtude do nosso tempo, a igualdade — ela se
lança a trabalhar. O feminismo é o sonho de uma misandrista.

Implícito naquilo que escrevi acima está o corolário de que o


feminismo não cria misandria. O feminismo promove, endossa, reforça, organiza e
engrandece a misandria, mas não a gera absolutamente. Uma mulher que não é
antipática para com os homens não se tornará assim pela exposição ao
pensamento feminista. Mais provavelmente, ela recuará na sua filosofia odiosa. O
feminismo simplesmente fornece um espaço para mulheres e homens que já
estavam misandricamente inclinados a se reunir e fazer planos.

O precursor do feminismo foi o Ginocentrismo tradicional, um sistema


social auto-sustentável que ensinou as mulheres que os homens devem se
sacrificar em nome delas, e que ensinou aos homens que eles eram mulheres
defeituosas. O privilégio feminino inerente a esta ecologia sexual veio,
indubitavelmente, acompanhado e reforçado pela animosidade para com os
homens — o sexo “falho” — mais particularmente para com aqueles homens que
não estavam em conformidade com o papel Ginocêntrico esperado deles. O
feminismo se afasta deste modelo, não só no sentido de que ele proporciona
86

organização para esta misandria, mas também na instabilidade das suas


operações. O feminismo exige implacavelmente maior sacrifício masculino em
benefício das mulheres. Este é um processo a ser intensificado, sem um ponto
final. Tal processo carece de planejamento antecipado ou qualquer arremedo de
equilíbrio. Restrições cada vez maiores são colocadas sobre a mesma classe de
pessoas cujo trabalho e cujo gênio sustentam a ordem social na qual o feminismo
pôde prosperar. O parasita está matando seu hospedeiro, e, ou será expurgado ou
morrerá junto com ele. O feminismo é simplesmente não-sustentável.

Mas, na realidade, as feministas não pensam nestes termos. Apesar de


suas incursões em temas tão recônditos como jurisprudência e pós-modernismo, o
pensamento feminista, por fim, decide pela validação de emoções primitivas. Os
princípios centrais dos sistemas de justiça ao estilo ocidental, evoluindo como
aconteciam sob o patriarcado, aspiravam à imparcialidade e à objetividade em
todos os processos. Estamos falando de habeas corpus, do direito a julgamento
por um júri, da presunção de inocência, de punições adequadas, em vez de
punições que ultrapassam a proporcionalidade dos crimes, e assim por diante.
Que essas doutrinas de liberdade cívica têm durado por tantos séculos, é só mais
uma prova da integridade das gerações de homens das quais herdamos.
Feministas, em seus esforços para substituir estas instituições “ultrapassadas,
patriarcais”, não se envolvem em algo como o pensamento profundo que gerou a
meticulosa construção destas instituições. Muito menos cogitam a noção de
imparcialidade. Toda inovação jurídica feminista — seja introduzindo a presunção
de culpa (para os homens), seja defendendo um sistema inquisitorial ao invés de
assegurar o princípio do contraditório (para os homens), ou propondo que as
mulheres não devem ser punidas de forma nenhuma quando elas cometem crimes
— brota de uma mesma fonte: as violentas e vingativas emoções de cada
operador feminista. O feminismo é tão perigoso porque ele existe para validar
estas emoções, e atribuir-lhes um lugar permanente nas discussões sobre como a
sociedade pode ser mais bem organizada.
87

O sucesso do feminismo a este respeito pode ser compreendido


quando consideramos a popularidade da culpa coletiva, anátema que é para os
princípios da neutralidade e imparcialidade que sustentam os nossos sistemas de
justiça liberais. A culpa coletiva é uma descarga emocional, um efeito visível de um
concentrado ódio de classe. Trata-se de um atentado contra a verdade verificável
de agência moral individual. Sob um sistema de culpa coletiva, as ações de
alguém não têm nenhuma influência sobre o seu destino. Os seres humanos são
enviados para a forca pelas circunstâncias de seu nascimento. Não há um
propósito nos julgamentos, ou qualquer instituição que exista para apurar os fatos
em causa e para atribuir culpa. A culpa já foi atribuída, os fatos são irrelevantes. O
que se segue à culpa coletiva é uma punição coletiva.

Feministas ainda não estão em uma posição poderosa o suficiente para


distribuir punição coletiva para a totalidade do sexo masculino. Em vez disso, elas
lançam a rede o mais ampla e profundamente possível, na esperança de
capturarem o maior número de homens e meninos o quanto podem. Onde quer
que um homem individualmente identificável apareça no radar delas, ele se torna o
último pária, mesmo que as acusações contra ele sejam fracas e infundadas. Isso
é irrelevante; tudo o que importa é que ele tenha sido identificado. Em seguida, ele
se torna o alvo de uma desenfreada angústia, uma pichorra pública, uma efígie de
todos os homens, de tudo aquilo que é característico do sexo masculino em si. Ele
se torna a personificação de todo o sexo masculino, e a punição coletiva que as
feministas anseiam a distribuir para todos os homens é infligida sobre ele. Mesmo
depois que ele provou ser inocente de todas as acusações, os ataques se
intensificam, como se a relutância do mundo a reconhecer a sua culpa fosse um
prejuízo ainda maior do que as acusações feitas contra ele. Em pouco tempo, ele
88

será esquecido, e um novo bode expiatório será descoberto. Até lá, as feministas
vão tentar superar umas às outras em editoriais, discursos e nas seções de
comentários dos jornais e blogs, apelando para as mais grotescas mutilações e
atos de violência contra ele.

Um sistema legal imparcial, que trata os seres humanos como


indivíduos, é uma barreira contra a punição coletiva. Eliminá-la completamente
seria permitir a punição de muitos mais homens, com base no pressuposto de que
são homens, razão pela qual as feministas têm lutado incansavelmente para
derrubar a imparcialidade. Pouco a pouco, os agentes feministas dentro do
governo, das instituições acadêmicas e do sistema legal têm substituído a agência
moral individual e o Estado de Direito pela microgestão de pessoas. Como diz o
mantra, o pessoal é político — isso é, cada vez mais, o negócio do Estado. Mesmo
quando não explicitamente formulado assim, o princípio subjacente de toda
inovação feminista é fazer o Estado avançar de forma ameaçadora, cada vez mais
de perto, sobre nossas vivências cotidianas, pessoais. Se o pessoal realmente é a
mesma coisa que o político, então o politicamente correto deve ser a correção
pessoal — um sistema perverso e generalizado de controle que escrutina cada
movimento de um indivíduo, a fim de tolhê-lo. Você deve ser pessoalmente
correto, em termos de suas crenças, seus desejos, suas buscas, seus gostos —
até nas piadas que você está autorizado a rir — de acordo com os padrões delas.
São elas as autodeclaradas “vítimas” da sociedade, no entanto, as que são
poderosas o suficiente para desfrutar de um almoço com o Presidente e definir os
termos em que o Governo está a comandar a sua vida.

A idéia não é a de que os homens devam superar todos os obstáculos


em sua luta para serem politicamente/pessoalmente corretos. Afinal de contas,
aqueles que estão exigindo que os homens executem este desafio diário são as
mesmas pessoas que se dispõem a espancá-los com pedaços de pau enquanto
eles tentam. A idéia é a de que os homens devam, por assim dizer, morrer
tentando. A intenção é a de que os homens não consigam. Enquanto os homens
medianos conseguirem viver pacificamente, e até mesmo com sucesso, mais e
maiores incursões em seu espaço pessoal serão exigidos. É no ponto de falha —
quando os homens não conseguirem viver de acordo com as regras cada vez mais
constritivas estabelecidas para eles — é que eles podem ser punidos. A prova fica
mais difícil a cada dia e a cada aprovação de uma nova legislação.
89

No extremo de microgestão social, encontramos Estados como a


Coréia do Norte, uma ditadura brutal, totalitária, que controla todas as formas de
mídia, impõe severas restrições às liberdades de expressão, de associação, de
circulação e ao acesso à informação, e detém os dissidentes e suas famílias em
campos de concentração, onde muitos morrem de fome ou em experiências
médicas. As sociedades ocidentais são separadas do continuum de despotismo,
no qual podemos encontrar a Coréia do Norte, por um pequeno número de
princípios básicos, alguns dos quais já foram mencionados: o respeito pela
autonomia do indivíduo, a presunção da inocência, a separação dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário, etc. Estas doutrinas correspondem exatamente
àquelas que o feminismo pretende derrubar. As emoções violentas, vingativas das
quais brota o feminismo são, por natureza, irracionais; não existe nenhum limite
interno, racional, a sugerir que já chega depois que certo ponto de referência é
atingido. Os impulsos furiosos no coração do feminismo não param de construir
um regime totalitário que restringe a liberdade de expressão dos homens, sua
liberdade de associação e seu direito de ir e vir, e os detém em campos de
concentração e em campos de trabalho onde eles estão sujeitos à fome e à
mutilação.

Será que estamos tão longe de regimes selvagens como o da Coréia


do Norte, e que esta não é uma possibilidade? Não devemos nos deixar enganar
pelos apelos de que vivemos em uma democracia, e que os líderes são, em última
instância, responsáveis perante o povo. Nossa democracia é apenas aparente,
que oferece pouca escolha real. O consenso bipartidário entre os principais
partidos certifica que o Estado continua a crescer, e que a agenda feminista é
promovida ainda mais, quer o novo governo se esconda em vermelho, quer em
azul. Diante de nenhuma oposição política séria, os governantes não têm que se
curvar ao povo para garantir o seu mandato. Toda condescendência pública é
superficial, apesar de altamente eficaz, da mesma forma que todos os totalitários
têm desfrutado da popularidade das massas. Por definição, totalitários devem ser
populistas: o apoio que devem mobilizar, a fim de permanecerem no poder, não
pode ser aquele de uma minoria armada somente. Em troca do patrocínio das
massas, totalitários acariciam os seus egos, dando entusiástico louvor a elas pela
coragem delas, declarando-lhes a inspiração de todo o progresso. No mínimo, a
maior parte delas é enaltecida. Os grupos que não são favoráveis são, em
contraste, tratados com desprezo antes de sua destruição. É a maioria que se
torna tirânica — como Alexis De Tocqueville advertiu — quando os líderes isolam
90

um determinado segmento da população para a culpa e castigo. Desfrutando de


sua glorificação em nome do líder, a maioria escolhida se juntará contra os
indesejáveis, e irá tratá-los com malícia abominável. Trata-se de uma história que
tem se desenrolado, várias vezes, ao longo da história — e não menos importante,
nas tiranias populistas do século XX. Hoje, os nossos líderes exaltam o feminino e
difamam o masculino — um preconceito corrente tão profundo que se tornou
normalizado, a ponto de poucos considerarem anormal o fato do Presidente criticar
severamente os homens em pleno Dia dos Pais. Os homens — que estão, de fato,
em minoria, perfazendo 49% da população, estão sofrendo as fases iniciais da
tirania da maioria. Líderes de todos os partidos adulam, em primeiro lugar e acima
de tudo, a maioria do sexo feminino, e particularmente os grupos de pressão
criados (supostamente) em função de seus interesses. Mais pernicioso do que isso
é a entrada das mulheres na política — não por causa do fato de que elas sejam
mulheres, mas porque quase todos os políticos do sexo feminino, seja qual for a
sua filiação partidária, fazem das questões femininas a sua prioridade. Em
contrapartida, políticos do sexo masculino juram fidelidade aos princípios de seu
partido e às exigências de seus eleitores, mas não às questões dos homens. Não
há políticos que fazem das questões dos homens uma prioridade, mas há muitos
— homens e mulheres — que trabalham na suprapartidária plataforma das
questões das mulheres. O mundo não é tão simples que podemos dizer que
homens estão sobre-representados porque eles estão presentes em maior
número. Apesar de existir um número maior de homens na política, são as
mulheres que estão sobre-representadas, porque mais políticos representam-nas
do que representam os homens. O sexo do político não faz diferença para a
legislação que ele aprova. Em cortejar o voto feminino, e, particularmente, em seus
esforços para agradar a grupos feministas (misandria organizada), ele perpetuará
e estenderá o cavalheirismo, ele depreciará publicamente o seu próprio sexo, e ele
aprovará cada vez mais legislações antimasculinas, sancionando a brutalização de
homens comuns.
91

A destruição sistemática segue o desprezo sistemático. A consequência


final do feminismo é nada menos do que um Holocausto, o todo-poderoso
crescendo para marcar o sucesso de um século ou mais de guerra sexual e a
demonização/degradação do masculino. Aqueles homens, tais como os políticos
do sexo masculino que têm alimentado as chamas do tribalismo de gênero para
ganhar votos e beneficiar suas próprias carreiras, tornar-se-ão os facilitadores dos
campos de concentração e os executores dos programas de redução da
população. Eles serão os Pais Tomás, os Judenräte montados sobre cavalos
brancos, e que acabarão por encontrar o mesmo destino que os homens que eles
ajudaram a exterminar. A violência antimasculina, homicida e genocida na retórica
feminista está bem documentada:

“O homem é um animal doméstico que, se tratado com firmeza…


pode ser treinado para fazer muitas coisas” — Jilly Cooper, SCUM (Society For
Cutting Up Men)

“Eu quero ver um homem espancado até sangrar e com um salto alto
enfiado na sua boca, tipo uma maçã enfiada na boca de um porco” — Andrea
Dworkin

“Mate seus papais” — Robin Morgan


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“Sendo a vida nesta sociedade, na melhor das hipóteses, um tédio


absoluto, e nenhum aspecto da sociedade tendo a menor relevância para as
mulheres, só resta às fêmeas politizadas, conscientes, responsáveis, em busca
de emoções, derrubar o governo, destruir o sistema monetário, instituir
a automação completa e destruir o sexo masculino” — Valerie Solanas, SCUM
Manifesto

“Não é por acaso que nos matriarcados antigos os homens eram


castrados, abatidos em sacrifício e excluídos das formas públicas de poder; nem
é por acaso que algumas supremacistas femininas agora acreditam que
os homens sejam uma espécie ou uma raça distinta e inferior. Onde quer que o
poder esteja acessível ou a integridade física seja reverenciada sobre a base em
atributo biológico, a crueldade sistematizada permeia a sociedade e o assassínio e
a mutilação contamina-a. Nós não seremos diferentes” — Andrea Dworkin

“Por que termos poucos homens?... A proporção de homens deve ser


reduzida e mantida em aproximadamente dez por cento da raça humana” — Sally
Miller Gearhart

“Se a vida é sobreviver neste planeta, deve haver uma


descontaminação da Terra. Eu acho que isso vai ser acompanhada por um
processo evolutivo que irá resultar em uma redução drástica da população de
homens” — Mary Daly

A resposta padrão feminista é a de salientar que estas citações são de


feministas radicais, as quais não possuem um papel ativo há muito tempo, e que
não representam a corrente principal do feminismo. Embora não seja exatamente
verdade que elas não representem a corrente principal do feminismo, podemos
encontrar exemplos mais recentes de posições feministas:

“Está na hora do governo ter uma estratégia de ruptura do poder dos


homens e da opressão masculina como parte de sua estratégia para as mulheres
e para a justiça de gênero... Mudar agendas futuras para as mulheres implica
mudar os homens; mudar os homens implica desconstruir os homens e reduzir o
poder dos homens, e, ainda em longo prazo, poder implicar até mesmo na
abolição dos homens” — EuroPRO-Fem, uma rede européia de homens pró
feministas
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O seguinte foi extraído de uma recente discussão em um blog


feminista:

Allecto: Eu acho que há uma solução muito simples para o “problema” do esporte
coletivo de estupro coletivo que é tão popular quanto uma forma de união gay
masculina entre jogadores de futebol. Castração obrigatória de todos os homens
que jogam futebol e de todos os homens que assistem futebol. Esta seria uma
solução rápida e fácil.
bonobobabe: Eu gosto da sua idéia de castração. Eu daria um passo adiante e
castraria todos os bebês do sexo masculino ainda no nascimento.
Mary Sunshine: Não há outro remédio para esta situação além de impedir o
surgimento de quaisquer seres humanos do sexo masculino.

Duas advertências devem ser adiantadas antes de prosseguirmos. A


primeira não é um compromisso; não é autocensura ou moderação. É a
constatação de um fato. A maioria esmagadora das mulheres não apóia, e não
apoiaria, o extermínio dos homens. A questão de se saber se todas ou a maioria
ou apenas algumas feministas apóiam o extermínio dos homens é tal que eu vou
abordar daqui a duas semanas. Claramente, há feministas que não apóiam
abertamente o extermínio de homens. No entanto, elas têm um papel a
desempenhar no processo, como fazem todos os misandristas. Por enquanto, é
suficiente dizer que toda a auto-reflexão e toda a auto-crítica feministas passam
pelo veredito de que elas não estão sendo “feministas o suficiente”, ou seja,
resultando em uma maior radicalização. Eu cito a partir da contracapa do livro O
Futuro Radical do Feminismo Liberal de Zillah Eisenstein, um texto feminista que
chega a esta mesma conclusão:

Eisenstein mostra que o feminismo liberal é ‘autocontraditório’ porque


‘aceita o liberalismo e, ao mesmo tempo, rejeita a sua base patriarcal.’ No entanto,
na verdade, o feminismo é ‘potencialmente subversivo’, tanto para o liberalismo
quanto para o Estado capitalista patriarcal, e isso pode e deve tornar-se
radicalizado, pois vai de encontro aos limites do que pode ser feito dentro do
contexto do Estado... Eisenstein apresenta a opinião de que o feminismo liberal
contém dentro de si as sementes da mudança radical.
94

O ponto significativo sobre a citação acima é que Eisenstein, a autora


feminista, rejeita a “base patriarcal” de todas as instituições liberais, ou seja, ela
aceitaria de bom grado acabar com a imparcialidade da lei, a igualdade perante a
lei, a inocência presumida, e assim por diante. A conservação destas doutrinas, as
quais existem para proteger as pessoas inocentes, não está na agenda feminista,
e Eisenstein chega à mesma conclusão que eu tenho apresentado nesta leitura:
que o feminismo liberal vai se tornar radical quando ele conseguir tudo o que puder
mediante o Estado liberal. As emoções violentas e vingativas não serão saciadas,
nunca. Assim que o feminismo chegar tão longe quanto puder por meio do Estado
liberal, as “feministas liberais” se voltarão contra ele e tramarão a sua derrubada.
A segunda advertência é que a destruição física dos homens não é
inevitável. É a consequência lógica do feminismo, mas o nosso futuro não está
escrito em pedra. Tendo em conta que feministas têm explicitamente apelado pelo
trabalho masculino forçado e pela remoção da presunção de inocência quando
homens são acusados de estupro, e que os legisladores estão seriamente
propondo a sugestão de que os culpados de crimes sexuais devem ser fisicamente
castrados, podemos concluir que já estamos de alguma forma descendo a estrada
feminista para o inferno. O feminismo não tem freios internos; uma vitória não
tempera as emoções violentas da feminista, mas fornece o ímpeto para
impulsioná-la por melhores resultados, com o conhecimento de que ela pode sair
impune por prejudicar os homens. Qualquer barreira para o progresso do
feminismo, portanto, tem que vir de fora do feminismo. Cabe aos agentes externos
construir uma parede de tijolos no caminho do feminismo.
Estamos há mais de sessenta anos em um processo orgânico que
deixará a humanidade com uma sociedade irrevogavelmente modificada. O
catalisador para a abolição do Ginocentrismo é a sua própria expressão radical e
insustentável no feminismo. Essas mesmas mudanças sociais e conceituais que
tornaram o feminismo possível motivaram a questão de saber por que razão os
homens devem suportar qualquer forma de Ginocentrismo. A massa crítica de
oposição ao Ginocentrismo, resultando na derrocada deste, será alcançada logo
que feminismo for exposto ao mundo. O que resta saber é se o feminismo deve se
expor, ou se vai ser exposto por contrafeministas. A primeira ocorrerá se o
movimento se tornar poderoso o suficiente para lançar explicitamente a destruição
física dos homens. A minha opinião é a de que as feministas vão fazer esta jogada
de dados final, e que elas serão, no fim, malsucedidas, embora muitos homens
sofrerão mortes tortuosas. A outra possibilidade é a de que o feminismo será
exposto em antecipação a isto, evitando grande parte da violência, e possibilitando
95

a revogação de toda a regra Ginocêntrica, com derramamento mínimo de sangue.


Seja qual for o caso — se o feminismo vai se expor, ou se será exposto — isso
será feito. Lançado na luz solar desinfetante do olhar do mundo, responsabilizado
por suas gravíssimas transgressões, nunca mais o feminismo será tolerado.
Adam

__________
Notas do Tradutor:
[1] Propriedades características do sexo masculino [grifo meu]: é a tradução da palavra
inglesa: maleness. Geralmente, essas características são propriedades biológicas associadas
com o sexo.
[2] câmaras de eco [grifo meu]: Uma câmara de eco é um espaço de comunicação insular onde
todo mundo concorda com a informação e que nenhuma intervenção externa é permitida
(Fonte: http://www.urbandictionary.com/define.php?term=echo%20chamber); Na mídia, uma
câmara de eco é uma situação na qual informações, idéias ou crenças são amplificadas ou
reforçadas pela transmissão dentro de um espaço "fechado", muitas vezes abafando opiniões
externas.(Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Echo_chamber_(media)).

__________
KOSTAKIS, Adam. A Conseqüência Final do Feminismo, Parte I [The Eventual
Outcome of Feminism, Part I] [em linha]. Tradução e notas de Charlton Heslich
Hauer. [s.l.]: Gynocentrism Theory, 2011. Disponível em:
<http://gynotheory.blogspot.com/2011/03/eventual-outcome-of-feminism-part-
i.html>. Acesso em: 08 nov. 2015.

Atualizada e revisada em 08 nov. 2015


96

A Conseqüência Final do Feminismo, Parte II

Penúltimo artigo sobre a Teoria do Ginocentrismo.

Artigos anteriores desta teoria:

Leitura Nº 1: Olhando Fixamente para fora do Abismo


Leitura Nº 2: A Mesma História Repetida
Leitura Nº 3: Refutando o Apelo ao Dicionário
Leitura Nº 4: "Pig Latin"¹ – Brincando com as palavras
Leitura Nº 5: Anatomia de uma Ideologia da Vitimização
Leitura Nº 6: Vinho Velho, Garrafas Novas
Leitura Nº 7: O Pessoal em Contraste ao Político
Leitura Nº 8: Perseguindo Arco-íris
Leitura Nº 9: Falsa Consciência e Manipulação-Kafka
Leitura Nº 10: A Conseqüência Final do Feminismo, Parte I

Por Adam Kostakis

Leitura Nº 11

1
“A propaganda , como patriotismo invertido, alimenta-se dos pecados do inimigo. Se não
houver pecados, ela inventa-os! O objetivo é fazer com que o inimigo pareça um monstro tão
grande que ele perca os direitos de um ser humano.” — Sir Ian Hamilton

A destruição física do ser masculino é a consequência lógica da


governança feminista. Quanto mais houver governança feminista, mais haverá
perseguição antimasculina, e mais próximo do Holocausto nos
encontraremos. Mais feminismo não irá resultar em uma maior igualdade entre
homens e mulheres. Mais feminismo não é a solução para os problemas
enfrentados pelos Ativistas dos Direitos dos Homens. O feminismo é o problema. E
como poderia ser diferente? As feministas acreditam que há uma dívida para com
elas de responsabilidade de todos os homens, e elas estão perfeitamente
contentes em recuperar esta dívida em meio a sangue e sofrimento. Não importa
quanta dor elas infligem ao mundo, isso nunca será o suficiente para saciar suas
emoções violentas, vingativas. Pelo contrário, quanto mais mal elas infligem aos
97

homens, mais normalizado isso se torna, e — como uma toxicodependência —


elas vão precisar de doses cada vez mais “altas” para satisfazer o ódio,
culminando com a Punição Final, a erradicação total dos homens.

Observe que eu não estou usando meias palavras. Eu não vou pegar
leve em torno deste assunto. Não recorrerei ao eufemismo ou esconderei a minha
mensagem nas “entrelinhas”. Eu não vou deixá-lo com a mera insinuação de que o
Holocausto Masculino seja a conseqüência final do feminismo, antes de passar
rapidamente a falar de outras coisas, como se ventilar a idéia devesse causar um
constrangimento no interlocutor. Estou plenamente ciente de que a minha visão é
uma visão marginal do feminismo, e pode ser considerada por alguns como
“extrema”, mas a verdade é que o mal-entendido e a deturpação generalizados
do que é o feminismo são apenas mais um sintoma da doença sobre a qual estou
descrevendo. Vou afirmar, com toda a franqueza, que esta é a conclusão à qual
cheguei, depois de ter considerado todas as evidências disponíveis, e é uma
conclusão que eu não encorajaria ninguém a tomar de ânimo leve. A iminente
tentativa de erradicação de metade da raça humana exige a escrita desimbuída de
leviandade ou fantasia. Isso não me permite entrar em debate civil com aquelas
que estão se esforçando por essa erradicação ou que estariam aclamando-a à
margem. Não há nenhuma matéria em questão para um respeitoso intercâmbio de
opiniões com essas pessoas; a própria idéia parece, para mim, ser uma feia
paródia do discurso verdadeiramente civilizado — algo como Neville Chamberlain
tentando apaziguar Adolf Hitler. Não, o meu objetivo é convencer o maior número
de pessoas possível de que esta é, de fato, a verdade, e, portanto, impulsioná-las
a fazer o que podem para impedir uma catástrofe humana antes que ela comece.
Para esse efeito, vou descrever as coisas tais como elas são, e denominar as
inimigas da humanidade como eu as vejo — e elas são as feministas, que estão
neste exato momento, enquanto você lê estas palavras, trabalhando duro para
estampar esse selo oficial em seu princípio fundamental de Culpa Coletiva
Masculina.
98

Não importa o quão longe na toca do coelho ela tenha descido, a


feminista é sabedora, em algum nível, do fato de que uma pessoa deve realmente
ter cometido um crime para que possa ser culpada disso. Inicialmente, este fato
aparece diante dela, fantasmático, como uma verdade inconveniente, um ponto de
atrito, irritante — como um nó na garganta, ou um cisco no olho, que simplesmente
não sai. Esta verdade irritante é um interceptor lógico, uma pilha de destroços
deixados em uma via. Ela se pergunta: — “Devo parar e virar para algum lugar? O
meu feminismo, este veículo maravilhoso para a minha catarse, pode ser
reconciliado com os meus pressupostos de individualidade humana e
imparcialidade legal?” É claro que não é possível, e se ela continua a ser uma
feminista, ela abandona estes últimos. Tratar as pessoas como indivíduos destrói
qualquer apelo legítimo à Culpa Coletiva e à Punição Coletiva, e vice-versa: a
subscrição de noções de Culpa Coletiva e de Punição Coletiva nega a
possibilidade de tratar as pessoas como indivíduos. Tendo feito a sua escolha, ela
ignora esta verdade, que as pessoas devem cometer individualmente os atos para
que se sintam individualmente responsáveis por eles. Isso se torna irrelevante; a
vingança fala mais alto em sua lista de prioridades. A responsabilidade individual
deixou de ser relevante para ela, e deveria deixar de ser relevante para os outros
também. Aqueles que a fazem lembrar disso, são atacados (à base de táticas de
constrangimento) e, finalmente, o próprio fato é atacado. A responsabilidade
individual seria o produto da falsa consciência; todos os homens carregariam
culpa. O essencialismo biológico, que já foi a característica típica da extrema
direita fascista, é ressuscitado como justificador da Nova Esquerda autoritária.

Feministas não têm interesse pela verdade. Elas não formulam seus
princípios com base na análise das verdades colhidas. O ponto de partida para
99

todo o feminismo é a emoção misândrica, e os princípios subseqüentes são


formulados em cima disso. A verdade torna-se, na maioria das vezes, secundária.
Ela é muito apreciada quando parece coincidir com os argumentos feministas, e
atacada diretamente quando não; aí neste caso, ela é irrelevante. Os fatos tornam-
se uma ferramenta do patriarcado; o feminismo tem por objetivo elevar as paixões
e vontades subjetivas ao mesmo nível das coisas que são objetivamente
verificadas.

As detratoras permanecem, é claro, ressaltando as delicadas,


inconvenientes e irrefutáveis “verdades”. Por exemplo: mesmo que aceitemos
o falacioso argumento de que uma em cada quatro mulheres é estuprada, isso
implicaria que, no máximo, um em cada quatro homens comete estupro, supondo
que cada estuprador cometa apenas um estupro. Mas isso não é muito realista,
uma vez que sabemos que existem estupradores em série, cuja reincidência
levaria o número de culpados para baixo significativamente. Poderia qualquer
pessoa que apregoa o número “uma em cada quatro” discordar realisticamente
desta avaliação? Tais pessoas são obrigadas a concluir, conosco, que pelo menos
três quartos dos homens nunca estupraram e nunca estuprarão ninguém; em
outras palavras, eles são comprovadamente não-estupradores. Não é monstruoso,
então, pichar cem por cento de um grupo da população pelos crimes cometidos
por menos de um quarto desse grupo? Talvez devêssemos realizar comícios, no
estilo do Take Back the Night e similares, no qual cantaríamos “três-em-quatro!
Três-em-quatro!” até que as pessoas recebessem a mensagem de que a
esmagadora maioria dos homens não são estupradores e não merecem ser
rotulados como tal. O que você acha?

Seja qual for o caso, a Culpa Coletiva deveria ser descartada — mas
nós subestimamos a criatividade feminista. Enquanto algumas das seguidoras
mais dementes do feminismo têm afirmado que “toda relação sexual é estupro”,
transformando quase todos os homens em estupradores por terem praticado sexo
consensual em algum momento, inclusive aquele iniciado por mulheres — a maior
parte da “terceira onda” gravitou para uma racionalização fajuta de que uma
“cultura do estupro” persiste em massa entre os homens. A doutrina da cultura do
estupro sustenta que, apesar de uma minoria de homens de fato cometer o ato de
estupro, os outros setenta e cinco por cento (ou, se quisermos ser realistas, uma
porcentagem significativa maior) estariam aclamando-os à margem, vicariamente
tendo prazer no conhecimento de que as mulheres estão sendo atacadas
sexualmente. A Culpa Coletiva, então, estaria assegurada. E a verdade — que os
100

homens são mais histriônicos do que as mulheres quando se trata de alegações


de estupro — torna-se imaterial e poderia seguramente ser negada ou ignorada.
Outros exemplos de criatividade feminista — como encontrar formas inovadoras
para culpar todos os homens pelos crimes de um pequeno número — podem ser
encontrados em todos os assuntos sobre os quais elas escrevem a respeito. Eu
não vou enumerá-los aqui porque nossa discussão deve avançar. Bastará dizer
que toda essa criatividade resolveria o mito do “patriarcado” — que cada um dos
homens que não controlam ou não abusam de mulheres, não obstante, de alguma
forma, simplesmente porque eles são homens, estariam apoiando ativamente os
processos por meio dos quais os outros homens controlam as mulheres. A única
coisa que um homem deve fazer para ser culpado disso é apenas ser do sexo
masculino; logo, ele torna-se culpado apenas por existir. Toda criatividade
feminista de culpa-masculina é uma variação no tema bio-essencialista, e tudo isso
serve para legitimar a Culpa Coletiva e a Punição Coletiva.

O processo de destruição dos homens e de tudo aquilo que é


característico do sexo masculino não necessariamente seguirá um plano definido.
E nem precisa! Até hoje, os historiadores continuam a debater se alguma vez
houve uma ordem direta dada para a Solução Final, ou se o Holocausto foi o
resultado da radicalização cumulativa dentro da burocracia estatal totalitária e anti-
semita da Alemanha Nazista. No mínimo é possível imaginar, então, que o
assassinato de milhões de pessoas pode ser alcançado de forma orgânica após
um período significativo de demonização que deixa a maior parte da população
indiferente (senão hostil) para com o bode expiatório. Pouquíssimas pessoas são
realmente necessárias para levar a cabo um genocídio — geralmente menos de
dez por cento de uma população, muitas vezes menos do que cinco. A indiferença
é tudo o que é exigido da população restante.

Dito isto, há pelo menos um plano explícito para o Holocausto


Masculino, o qual, decididamente, não foi escrito como uma sátira, mesmo que a
sua autora tenha posteriormente ignorado questões preocupantes com essa
alegação. Enquanto o SCUM Manifesto é sempre lembrado hoje como uma
relíquia bizarra que em nada representava o feminismo convencional, é importante
ressaltar que o texto só alcançou o status de “clássico” por causa de sua imensa
popularidade. Mesmo que nós o distorcêssemos, levando-nos a crer que Valerie
Solanas tinha a intenção de fazer do texto uma brincadeira, não podemos acreditar
o mesmo de suas seguidoras. Destas, talvez a mais famosa seja Robin Morgan,
que incluiu trechos do SCUM em sua antologia A Irmandade é Poderosa, e
101

declarou seu objetivo sincero de que a “Revolução Feminista” não iria conseguir
“um estado falso de igualdade”, mas “um altivo mundo ginocrático.”

Ainda assim, o SCUM não chega a conter todos os planos para o


extermínio do sexo masculino. O projeto feminista não seguiu o SCUM ao pé da
letra, isso, talvez, porque não haja nenhuma letra a seguir. O texto é mais uma
declaração do que um programa; é o violento, o emocionalismo vingativo
desnudado, a desmascarada e feia face do feminismo, o conteúdo dissecado de
uma bomba suja anteriormente disfarçada de presente de aniversário. No longo
prazo, a publicação do SCUM provavelmente beneficiou, sobretudo, os
antifeministas. Ele é a prova de que o feminismo apóia, pelo menos em parte, a
supremacia feminina e a eliminação dos homens; e que esses pontos de vista,
quando começaram a ser divulgados, foram recebidos com apoio suficiente do
setor feminista, tornando, assim, o livro famoso. Será que as feministas de hoje
estariam tão desdenhosas do SCUM se antifeministas não tivessem se valido dele
como prova?

Retomando o assunto: enquanto certamente há pessoas que trabalham


dentro de burocracias estatais cujo principal objetivo na vida é fazer com que os
homens sofram — e, de fato, os departamentos do governo foram criados para
este fim — uma ordem oficial para eliminar os homens (ainda) não foi dada, até
onde sabemos. Mas não é preciso que ela seja dada, pois a situação pode
acontecer organicamente. Durante décadas, os homens têm sido sujeitos à pior
demonização possível nos meios de comunicação de massa — inclusive, como no
início deste ano, onde bebês recém-nascidos foram retratados como
inerentemente maus, estupradores-anunciados. As calúnias feitas contra todos os
homens, as quais não podem ser justificadas com o pretexto de que estão apenas
dissuadindo aquele pequeno número de homens dispostos a cometer crimes, são
típicas de uma campanha de desumanização. Os objetivos desta longa cruzada de
ódio são três. Em primeiro lugar, que as mulheres, ao serem expostas ao ciclo de
ódio feminista sendo repetido interminavelmente, adotem a visão de que os
homens são violentos, opressores desumanos, e que sejam, portanto,
merecedores de todo o mal que eles sofrem. Embora a maioria das mulheres,
inicialmente, irá se opor a esta mensagem, o ciclo de ódio repetido
indefinidamente, por ser tão persistente e generalizado, acabará por quebrar a
resistência psicológica. Depois que o ciclo de ódio tiver ganhado força o suficiente
para continuar de forma independente, e for se tornando maior o tempo todo, como
uma bola de neve rolando morro abaixo, então nossos “guardiães culturais”
102

necessitarão apenas intervir, ocasionalmente, a fim de ajustar o seu conteúdo. Por


exemplo, não era suficiente que uma mulher tivesse medo apenas de “homens
estranhos”; tiveram que transmitir a ela que seu próprio marido, seu pai, seu filho,
etc, são células ativadas no “patriarcado” que estão oprimindo-a, e que cada um
deles é um “violador em potencial”, e assim por diante.

O segundo objetivo da campanha de desumanização é conseguir que


os homens voltem-se uns contra os outros. Que isso faz parte da metodologia
feminista não é de se surpreender, já que a exploração da masculinidade e da
musculatura física masculina, para serem usadas contra outros homens em
benefício das mulheres, é o elemento central do Ginocentrismo histórico. E com os
apelos aos homens poderosos para que estes aprovem uma legislação punitiva
que permita a brutalização de seus irmãos menos poderosos, as feministas
estabelecem uma cisão entre os homens comuns. Ao promover aos homens a
mensagem de que seu próprio sexo é cheio de estupradores, abusadores e
pedófilos, os homens estarão menos inclinados a se identificar com os outros
homens, ou com os homens em geral, e muito menos sentir-se-ão no caminho do
apoio mútuo ou da simpatia mútua. Mesmo que a indústria das queixas sexuais
expanda indefinidamente os significados das palavras comoventes como “estupro”,
“violência” e “pedofilia”, qualquer homem acusado (nem mesmo responsável, muito
menos condenado) por qualquer destes atos torna-se uma persona non grata entre
o seu próprio sexo. Pior ainda, o homem falsamente acusado (ou o homem
“culpado” de acordo com as novas definições desses termos) encontrar-se-á vítima
da justiça pelas próprias mãos de homens indignados que engoliram a linha
feminista de que os abusadores do sexo masculino se alastraram por todos os
lugares (e que, portanto, este homem acusado deve ser culpado). Quando os
falsamente acusados e os recém-criminalizados estiverem sendo carregados em
vagões de trem para deportação a campos de extermínio, os homens que ainda
não tiverem sido acusados irão virar a cabeça, consolando-se com o pensamento
de que aqueles homens devem ser realmente abusadores, e que por isso são
merecedores de tudo o que vier acontecer a eles. Os homens que ainda não forem
acusados se deixarão enganar por uma falsa sensação de segurança, acreditando
que eles estarão seguros, desde que continuem a obedecer ao Estado feminista.

O terceiro objetivo da campanha de desumanização é normalizar a


brutalidade contra os homens. As feministas estão fervendo o sapo, como diz o
provérbio. A brutalização cumulativa dos homens ocorre em incrementos, cada um
dos quais parece ser questionável, mas não tão terrivelmente (exceto, talvez, para
103

aqueles que estão prestando atenção suficiente para perceber o despotismo


sorrateiro). Neste exato momento, temos passado por situações que teriam
provocado os homens a se derramarem sobre as ruas em revolta, caso eles
tivessem percebido de uma vez por todas — a escravização dos homens pelas
varas de família e leis de apoio à criança; julgamentos de estupro realizados em
segredo e sem um júri na Suécia; a negação da presunção de inocência para os
homens em vários Estados; as leis de detenção obrigatória para homens que
chamam a polícia pelo fato de suas namoradas terem cravado facas em seus
peitos; o fato dos homens serem encarcerados e vendidos como escravos sexuais
nas prisões para devedores porque suas esposas ficaram simplesmente
aborrecidas, e assim por diante.

Como a brutalização dos homens torna-se a norma, praticada por mais


e mais pessoas, um número maior de misandristas ficará encorajado a colocar em
ação o seu ódio. O feminismo não implica “perda de privilégios” dos homens, ou
sofrimento destes por pouco tempo, até que os dois sexos estejam em equilíbrio e
a vida torne-se uma perfeita harmonia. Quanto mais feminismo houver, mais as
coisas ficarão piores para os homens, até o ponto de extermínio. O nível de
perseguição corresponde precisamente ao nível de governança feminista. Quando
uma grande massa de burocratas feministas lança-se ao trabalho, encontrando
formas inovadoras para perseguir os homens, cada burocrata feminista percebe
que não há limite para a sua impunidade.

Eu gostaria de falar um pouco mais sobre exatamente o porquê disso


acontecer. Desde seus primeiros dias, o feminismo foi concebido como uma guerra
104

cultural. Fazer da perseguição misândrica uma realidade, significaria que a


desumanização e a brutalização dos homens tinham que se tornar um fenômeno
normalizado — ruído de fundo; aqueles aspectos da existência que ninguém move
uma pálpebra sequer; aqueles fatos da vida que os adultos se conformam; o
dissabor pelo qual pode ser explicado por mantras derrotistas tais como “é assim
que as coisas são”; “é uma porcaria, mas o que podemos fazer sobre isso?”; e
“homens e mulheres são diferentes, por isso seja homem e aceite isso.” Criar este
tipo de indiferença hostil para com os Direitos dos Homens era necessário porque
esse é o alicerce sobre o qual a perseguição ativa fica de pé. Dizer que a
indiferença hostil tem se tornado normalizada é outra maneira de dizer que é
normal as pessoas praticarem a indiferença hostil. Em outras palavras, basta que
as pessoas pratiquem a indiferença hostil para que isso seja considerado normal.
Ou seja, se um grande número de pessoas pratica a indiferença hostil, e elas não
são chamadas à atenção por isso, é porque é suficientemente comum descartar a
possibilidade de que indivíduos sejam chamados à atenção por isso.

O que temos, então, é a indiferença hostil para com homens como uma
característica de todo um organismo social, e é dentro de burocracias estatais que
as feministas se reúnem para construir perseguição ativa em cima dessa
indiferença hostil normalizada. A hostilidade e a indiferença para com os homens
permitem a elas que saiam impunes disso, porque isso proporciona a cada pessoa
misândrica, o anonimato e a irresponsabilidade. Ela não cria esta situação; ela não
é pessoalmente responsável por isso. Ela não é a única pressionando pela
perseguição ativa; todas as outras são (no mínimo) indiferentes a este respeito, ou
seja, existem muitas outras trabalhando no mesmo sentido. Sendo
antecipadamente “deixadas impunes” por meio do anonimato e da
irresponsabilidade, cada feminista faz parte de um bando cujos membros podem
desfrutar de um sentimento de poder invencível, o que lhes permite ceder a
emoções que, do contrário, teriam sido contidas. Considerações puramente
numéricas — a força delas em números — permitem a cada operadora se livrar de
todas as questões de culpa e culpabilidade. Elas se tornam meras engrenagens,
cuja existência e cujo propósito ficam sem sentido quando elas são separadas da
máquina maior. Elas simplesmente fazem o que lhes é dito; elas simplesmente “se
alinham” com o que todas as outras estão fazendo — algo aparentemente
inofensivo, normal e respeitável.

Onde um Estado procura atingir alguma meta ideológica, sua


burocracia torna-se o modelo arquetípico da consciência humana esmagada pela
105

psicologia das massas. Todo coletivo age coletivamente, isto é, sem nenhuma
pausa para permitir que os indivíduos reflitam, sem consultar os indivíduos, sem
exigir que eles dêem seu parecer de forma entusiástica. O coletivo age com
imediatismo, de acordo com a sua vontade, não deixando absolutamente nenhum
espaço para críticas de indivíduos de dentro ou de fora. Os indivíduos dentro do
coletivo agem como todos os outros. Eles são, por definição, anônimos e livres de
qualquer responsabilidade. Entusiasmados com uma idéia, e entregando-se ao
poder dos números, um coletivo não permite ou não admite que alguma coisa
possa impedir o cumprimento da sua vontade.

O bando feminista age da mesma forma que todos os coletivos que se


baseiam em uma ideologia agem — ampliam as minúsculas transgressões feitas
contra o coletivo e banalizam as atrocidades perpetradas contra os outros. Um
exemplo quase perfeito disso vem do site feminista Sociological Images. Em
primeiro lugar, a ampliação do minúsculo. Em setembro de 2010, uma das autoras
do site anunciou sua indignação quanto a uma linha de réguas (isto é, aquelas
varetas de medição) que celebrava grandes cientistas da história, que incluía
Marie Curie sob o título “Grandes Mulheres - Réguas da Ciência”2. Uma “terrível
injustiça”, não é? Ainda que, neste momento, possamos simplesmente supor que
aquelas pessoas que estão se habituando ao blog sejam sensíveis, encontrando-
se facilmente ofendidas por qualquer coisa na vida — podemos imaginar que elas
sentir-se-iam da mesma forma quando se deparassem com alguma versão
equivalente dessas réguas com os sexos invertidos.

Poderíamos pensar que este é o caso, até o momento em que formos


até a seção de comentários e encontrarmos uma acusação de que o site A Voice
for Men do Paul Elam nada mais é que uma carga de “choradeiras”. Ora, nas duas
semanas anteriores ao comentário feito, A Voice for Men havia discutido o
seguinte:

Um estado policial que prende e encarcera homens vítimas de violência doméstica


e que permite que agressoras do sexo feminino continuem com seu comportamento criminoso;
uma diferença de dez mortes para uma, no que diz respeito a pena de morte aplicada contra os
homens em relação às mulheres; uma diferença de cinco mortes de homens para uma de
mulher, relacionadas ao suicídio; a evasão impressionante de homens no ensino superior e nos
empregos; a total falta de direitos reprodutivos para os homens, e a incidência de falsas
acusações de estupro contra os homens, onde até mesmo a polícia está chamando de epidemia.
106

À primeira vista, a dissonância cognitiva é espantosa. Poderia a


feminista realmente descartar a discussão de tais questões de interesse humano
como estas, enquanto seu próprio contramovimento não tem nada mais
desagradável para falar a não ser de títulos em réguas (as quais na verdade estão
destacando, de forma clara, o fato de ter havido grandes mulheres cientistas)?
Como Paul sucintamente colocou, “a choradeira das mulheres [é
encarada como] = busca da justiça. Já a busca dos homens pela justiça [é
encarada como] = choradeira”. Seguindo estas máximas simples, as feministas
aderem perfeitamente aos elementos sombrios da psicologia das massas: ampliam
o minúsculo quando se refere a elas, e banalizam atrocidades quando estas são
cometidas contra os outros.
Tal como todos os outros coletivos regidos pelos princípios da
psicologia das massas, as feministas têm uma tendência para o poder da
sugestão: o de que uma idéia só precisa ser falada em voz alta para que possa ser
tomada como a verdade completa. Naturalmente, isso só funciona com certos tipos
de idéias — a maioria, obviamente, aquelas que ajudam na ampliação do
minúsculo, mas não certamente aquelas que chamam a atenção para as
atrocidades não-triviais sofridas pelos outros. Não importa que os gritos sobre
estupro sugiram — “Uma em cada quatro” — e sejam baseados em um estudo
cuja metodologia é tão viciada que qualquer pesquisador sério teria transferido
diretamente da impressora para aquele grande recipiente circular. Mulheres jovens
continuarão a ir para as ruas cantando — “uma em cada quatro! Uma em cada
quatro!” — Por que razão? Porque, terem sido transgredidas de tal maneira, serve
à multidão, pois isso confere a elas aqueles sentimentos de justa indignação, os
quais servem como um trampolim a partir do qual elas podem dar início à
perseguição ativa contra a classe direcionada. Nenhum indivíduo precisará se
preocupar em checar os fatos, e a multidão, de qualquer maneira, não prestará
nenhuma atenção naqueles que os fabricaram. Como exemplo desse poder de
sugestão em ação dentro de uma burocracia estatal feminista, não precisamos ir
além da ex-ministra do Reino Unido para as Mulheres e Igualdade, Harriet
Harman, que finalmente foi ordenada por uma juíza a parar de circular a mentira
de que o estupro tem apenas uma taxa de condenação de seis por cento. Mesmo
assim, grupos de defesa contra o estupro, como o Women Against Rape,
têm continuado a se referir a esses números completamente inventados.
Evidenciando que as próprias comprovações são uma questão insignificante, e
que estão subordinadas à necessidade de incitar o bando.
107

O poder da sugestão é particularmente acentuado no meio do público


feminista, pois este é, na sua maioria, composto de mulheres, e as mulheres são
mais impressionáveis que os homens. Esta não é uma diferença inerente entre os
sexos, mas sim, um defeito socializado. Uma vida de privilégios, de exploração
parasitária e de direitos, do sumo dos frutos do trabalho de outro, deixou muitas
mulheres desprovidas de caráter, com visões de mundo irrealistas, que as
deixaram abertas a certos tipos de manipulação pelos quais os homens não se
deixam enganar tão facilmente. O feminismo é o óleo de cobra3 ideológico, e as
mulheres impressionáveis são seus clientes. Se uma idéia as estimula, se essa
estatística de uma em quatro envia um arrepio em suas espinhas, se faz com que
elas sintam algo tão forte, então deve haver ao menos um elemento verdadeiro
nisso — de modo que os processos mentais inconscientes operem. Como pode
algo que não é real afetar a feminista de uma forma que pareça tão
real? Impossível, poder-se-ia pensar. Mas depois que as feministas
compreenderam e se deram conta da influenciabilidade das mulheres, as
feministas tiveram apenas que apresentar chocantes estatísticas que, quando
incessantemente recitadas, até o ponto que estas se tornassem ruído de fundo,
existissem em algum plano para além da verdade e da falsidade, no plano do
consenso popular, e por isso não pudessem ser refutadas por evidências, as quais
a maioria dos homens teria exigido ao ouvir de início essas alegações.

Pela mesma razão, encontramos as tendências entre feministas:


simplificar e, imediatamente, ir a extremos. Um exemplo excepcional de violência
contra a mulher torna-se, para as feministas, a regra que é praticada contra todas
as mulheres, em todos os lugares. Um estudante universitário fazendo uma piada
108

de estupro aos seus irmãos de fraternidade torna-se um microcosmo de toda uma


sociedade. No mesmo contexto, fazer uma piada de estupro é a mesma coisa que,
para as feministas, fazer apologia ao estupro real de seres humanos. Não há
espaço para nuances, nem explicações para os mil tons de cinza que existem
entre o preto e o branco; apenas duas cores percebidas pelas monocromáticas
essencialistas maniqueístas. Uma piada de estupro pode, de forma concebível e
coerente, ser feita por pessoas que abranjam todo o espectro de opinião sobre o
estupro, da mesma forma que as pessoas podem fazer piadas sobre bebês
mortos, mesmo que sejam piadas sem graça, sem necessariamente estarem
apoiando ou contribuindo para o infanticídio. Isso é o que diz o bom senso, mas o
bom senso não excita as paixões dos bandos ideológicos. Coletivos, tais como o
feminismo, valem-se, para a sua compreensão comum, de uma total falta de
nuance — para apelar infalivelmente a todos os seus seguidores, a um coletivo
ideológico que deve propagar um pequeno número de idéias simplistas, excitantes,
imagéticas. No caso do feminismo, que é um coletivo ideológico baseado na
validação de sentimentos violentos e vingativos realizados em relação aos
homens, não devemos ficar surpresos ao descobrir que essas idéias imagéticas
são tantas vezes caracterizadas pela violência.

A validação das idéias imaturas, simplistas, exageradas, generalizadas


e extremas do feminismo resulta em violenta emoção como um princípio orientador
de justiça — em outras palavras, a Culpa Coletiva e a Punição Coletiva que eu já
havia discutido. A jurisprudência feminista flui diretamente das emoções violentas
e antimasculinas de cada operadora feminista; emoções que são, por sua vez,
validadas pelo coletivo ideológico que construiu com sucesso um clima de
indiferença hostil para com os homens. Não há nem mesmo a pretensão de
imparcialidade na jurisprudência feminista — ela é abertamente “antinormativa”,
procurando condições favoráveis para mulheres criminosas, enquanto ampliam
indefinidamente o escopo de desvio masculino punível. Aquelas que a defendem e
praticam estão assumindo seu sexismo vingativo, e suas reformas continuam
“voando sob o radar”, passando despercebidas. Estamos caminhando para a
perseguição explícita aos homens porque não há nenhum outro lugar onde tudo
isso possa chegar, e porque há pouquíssimas pessoas dispostas ou informadas o
suficiente para se levantar e dizer “não”.

Para aqueles que negam que o feminismo tolera e defende a violência


contra os homens, eu preciso apenas direcioná-los às próprias criações delas.
Aqui está o banner do site feminista Feministe:
109

Agora, apesar do conteúdo relativamente manso deste determinado


site, não parece imaginável que o alvo da arma de fogo desta pequena garota seja
um homem adulto? Trata-se de um truque engenhoso, porque o alvo não é
mostrado, permitindo a negativa plausível por parte dos membros do site.
Afinal, as feministas não atiram nas pessoas, atiram? Como Fidelbogen coloca:

Tente olhar para a menina em contexto com a palavra FEMINISTE a qual está
diretamente atrás dela. Observe a sinergia entre os dois elementos, como eles se combinam em
uma unidade visual-conceitual da mensagem — efetivamente ampliando e reforçando um ao
outro.

Seguindo em frente, podemos prestar atenção na hilária ironia


das feministas, expressando preocupações sobre a possibilidade do Pick-Up
Artist4, Roosh Vorek, ser violento, enquanto simultaneamente elas fazem ameaças
violentas contra ele:

Eu tenho que descobrir o seu verdadeiro nome, e então, se algum dia eu encontrá-
lo por aí, eu poderei dar um soco surpresa nos genitais dele.
Eu penso que Roosh seja um grande exemplo ... daquilo que realmente precisa ser
expurgado.
Pergunto-me se o blog dele não é violento o suficiente para notificá-lo ao gabinete
da promotoria.

Eu me faço essa pergunta também. Mas o que mais eu me pergunto é


por que a frase “dissonância cognitiva” é usada a torto e a direito por antifeministas
em situações como estas, uma vez que o comportamento das feministas é
perfeitamente coerente. O que acontece é que elas têm ampliado todas as
minúsculas transgressões contra as mulheres — por exemplo, um comentário
vagamente insultante de um Pick-Up Artist — e têm banalizado todas as
atrocidades contra os homens. Quando se considera que as manobras feministas
110

são todas caracterizadas por padrões duplos nas suas relações com homens e
mulheres, compreender-se-á que não há “dissonância” de maneira nenhuma aqui,
cognitiva ou não — o seu comportamento é totalmente coerente com seus dois
pressupostos: o de que todos os inconvenientes que uma mulher enfrenta é uma
tragédia humanitária, e o de que os que homens enfrentam não significam
absolutamente nada. Assim, após décadas de um ranger de dentes feminista a
respeito dos “horrores da violência doméstica”, falando de como este é um assunto
tão sério, e que nunca deveria ser levado na brincadeira ou tomado de ânimo leve,
agora vemos o site feminista Jezebel produzindo um infame artigo se regozijando
sobre a maior incidência de violência doméstica perpetrada por mulheres, e
emitindo ameaças diretas aos homens em geral, onde as autoras do site
prometem que vão agir de forma abusiva em relação aos homens sempre que eles
“ferrarem com” elas. Mas como os homens são as vítimas, torna-se aceitável
postar fotos de homens agredidos de forma cômica; referir-se ao abuso perpetrado
por mulheres como “chutar a bunda deles”; referir-se a vítimas do sexo masculino
como “os caras”, e empregar-se táticas de constrangimento de forma velada,
impingindo culpa nos próprios homens por eles não reagirem. Se você clicar no
link, confira os comentários, por gentileza — certifique-se de clicar em “Todos” e
role para baixo para ter uma idéia adequada do que as feministas realmente são
quando elas pensam que estão seguramente fora dos olhares do mundo.

As idéias imagéticas que o feminismo emprega não são ligadas


por vínculos lógicos, embora sejam todas coerentes na base, porque todas elas
contribuem para o aumento do poder das mulheres. Para os leigos, parece que as
várias peripécias de ativistas feministas não são todas conectadas, e que as idéias
mais diferentes e contraditórias não são compatíveis. Por exemplo, as feministas,
simultaneamente, defendem a censura da pornografia softcore5 dirigida a homens
e lamentam que não existe, para o consumo das mulheres, uma pornografia mais
explícita, com homens nus e excitados. Isso só leva a uma balbuciação de
acusações de “dissonância cognitiva” quando tomamos como certo que as
feministas assumem que a sua própria filosofia seja universalizável. Se elas
assumissem isso — se seu objetivo fosse realmente a igualdade entre os sexos e
a imparcialidade — então seria de fato verdade que as feministas seriam
irracionais e poder-se-ia dizer que elas sofrem de dissonância cognitiva. Mas este
não é o caso. Sua filosofia não se destina a ser universalizável. O objetivo não é a
aplicação de um padrão uniforme para homens e mulheres, é fazer com que as
111

mulheres atinjam cada vez mais uma posição de superioridade, e que os homens
desçam a uma condição cada vez mais de inferioridade. É conceder mais direitos
às mulheres, por tempo indeterminado, e forçar novas obrigações para os
homens, por tempo indeterminado. Dois pesos e duas medidas são a regra
feminista, não a exceção.

E qual é a conseqüência lógica — se amanhã, por exemplo, as


feministas conquistarem tudo aquilo que elas estão defendendo hoje? Estaríamos
mergulhados imediatamente em um sistema de dois níveis de direitos e
obrigações, onde homens e mulheres formariam castas distintas de cidadão; a
primeira sobrecarregada pelas obrigações que permitiriam a esta última a deleitar-
se com a sua autonomia total. As mulheres viveriam literalmente sem lei, enquanto
que cada movimento dos homens seria ditado de cima, voltado para o objetivo de
prover todas as necessidades e desejos femininos. Não seria impróprio chamar tal
sistema de feudalismo sexual, e, cada vez que leio um artigo feminista, esta é a
impressão que eu tenho: que elas estão a construir uma nova aristocracia,
composta apenas de mulheres, enquanto os homens permanecerão excluídos,
serão obrigados a cultivar nos campos, lutar nos exércitos delas, e rastejar aos pés
delas por salários de fome. Toda inovação e toda legislação feminista criam novos
direitos para as mulheres e novos deveres para os homens; assim isso tenderá
para a criação de uma classe inferior masculina, a realização da qual será o
primeiro passo para o extermínio dos homens.

Atualmente, o feminismo exibe todas as características de um perigoso


movimento prestes a se tornar fascista: suas seguidoras exigem submissão cega a
dogmas, elas são incapazes de discutir os seus princípios, elas desejam
disseminar sua ideologia (por qualquer meio necessário), elas são intolerantes
com aqueles que não adotam essa ideologia, elas imediatamente apressam-se em
generalizações, elas exigem autenticidade e conformidade a um rigoroso padrão
de moralidade, e elas utilizam a retórica bio-essencialista e imagens violentas para
denegrir os seus alvos. A (literalmente freqüente) desumanização dos homens,
juntamente com a governança feminista, não poderia levar a nenhum outro
lugar que não a aplicação da Punição Coletiva, o ponto final idealizado de um
princípio de justiça baseado na validação de emoções violentas, primitivas. Nem
um pingo de simpatia, de sentimento humano para com os seus semelhantes, é
para ser sentido em relação a homens inocentes sujeitos às piores atrocidades.
112

O Holocausto é a visão utópica final de algumas feministas radicais, e elas estão


perfeitamente abertas sobre isso, discutindo o mundo do futuro, livre dos homens,
tão insipidamente, como se elas estivessem discutindo planos para férias. Outras
feministas radicais imaginam um futuro em que os números de homens serão
muito reduzidos, e que os homens restantes deverão ser mantidos como escravos.
Outras ainda sonham com uma sociedade semelhante à nossa, mas com
mulheres na liderança em todas as esferas da vida, com toda a pretensão à
igualdade abandonada. Feministas Bem-intencionadas, entretanto, não
necessariamente planejam qualquer um desses resultados, mas como elas são
membros do coletivo, elas irão atuar como membros do coletivo, e mesmo que
elas não participem da perseguição ativa aos homens, elas serão proibidas —
como uma regra tácita — de exibir, de nenhuma maneira, qualquer simpatia pelos
homens, não importa o quanto eles venham a sofrer. Aquelas que o fizerem serão
prontamente expulsas, rotuladas de antifeministas, e sujeitas a ataques ferozes
por parte do grupo. Nenhuma feminista irá abandonar o processo de eliminação
dos homens, nem sentirá qualquer arrependimento depois de concluído, enquanto
ela continuar sendo uma feminista.

A destruição dos homens não requer nem mesmo que uma maioria de
feministas esteja “a bordo”; é um processo orgânico que se desenvolve
naturalmente no tempo, e depois que um certo ponto for ultrapassado, não haverá
nenhuma interrupção do intento. Mulheres como Hannah Rosin, que não desejam
a igualdade, mas a supremacia feminina, com os homens sendo uma classe
inferior permanente, descobrirão que as forças psíquicas que as levaram a agitar
por tudo isso, não desaparecerão simplesmente depois que o feudalismo sexual
for alcançado. O feminismo é um movimento baseado na gratificação dessas
forças psíquicas, as permanentes e odiosas necessidades de mulheres
misândricas, e sem estarem sujeitas a quaisquer limites enquanto for necessário
fazer os homens sofrerem ainda mais.

Visões utópicas supostamente apresentam a sociedade perfeitamente


justa e moral, mas na verdade, elas prevêem o fim da moralidade completamente.
Utopia é aquilo em que ninguém toma uma decisão imoral; assim, ninguém
realmente faz escolhas morais. Ao contrário, elas foram tão bem socializadas —
por meio da intimidação ou de lavagem cerebral — que elas sempre fazem as
mesmas escolhas. Esta pequena fantasia boba tem inspirado tiranos a enviar
milhões de pessoas para a morte. O início da modernidade é marcado pelos dois
exemplos mais proeminentes disto: as Revoluções Francesa e Russa. Ambas
113

foram travadas na premissa de que o antigo regime daria lugar a uma nova era da
perfeição humana. Ambas terminaram em fracasso, mas não antes de banhar
seus países em sangue. O historiador Hippolyte Taine escreveu que, foi invocando
“a liberdade, a igualdade, a fraternidade” que os arquitetos da Revolução Francesa
foram capazes de “instalar um despotismo digno de Daomé, um tribunal
semelhante ao da Inquisição, e de realizar hecatombes humanas semelhantes às
do Antigo México”. Da mesma forma, presumia-se que o Comunismo era a
realização da liberdade e de todo o potencial humano — até ser efetivamente
realizado. Países comunistas reprimiam e matavam de fome suas populações,
faziam-nas trabalharem até o ponto de exaustão, proibiram a liberdade de
expressão, expurgaram os dissidentes e invadiram outros países com um
entusiasmo para a conquista imperial que deve ter se mostrado muito
surpreendente para aqueles que viam o comunismo como uma ideologia de paz. E
tudo isso, não para qualquer objeto existente — não por terras, ou por recursos, ou
pela liberdade — mas por uma ordem social que nunca existiu e que apenas
foi imaginada.

Não devemos esperar que os países Feministas — com F maiúsculo,


estabelecidos pela Governança Feminista — sejam diferentes. Países feministas
sofrerão repressão e morrerão de fome, eles irão enviar homens e mulheres
dissidentes para campos de trabalhos forçados, eles irão proibir a discussão
aberta, cometerão assassinatos em grande escala e eles irão invadir outros
países, tudo em nome da liberação das mulheres. Se há alguma coisa que
podemos aprender com os últimos cem anos, é que a humanidade falha
repetidamente em aprender as lições importantes. Depois dos homens, qual grupo
será perseguido? Será que todos nós ficaremos dando voltas no espaço e tempo,
como se nossas características biológicas nos fizessem representantes daqueles
que parecem semelhantes a nós? Após os horrores do Regime Soviético e do
Holocausto, não é sensato estarmos todos de acordo em parar de julgar grupos
heterogêneos de pessoas pelos padrões bio-essencialistas, e parar de condená-
los todos ao inferno na terra por causa dos aparentes crimes de uma minoria (seja
em referência aos Sábios de Sião ou ao “patriarcado”)?

Agora, eu estou bastante ciente que, fazer estas perguntas


simplesmente não vai mudar nada. Certamente não vai mudar nenhuma mente
feminista. Mas eu não estou aqui para suplicar às feministas. Estou aqui para
interrogá-las, para envergonhá-las em seus planos futuros, e para espalhar a
palavra a respeito do que esses planos são. Porque mesmo o
114

autoproclamado iluminado e progressista movimento feminista não aprendeu a


lição de que a humanidade deve agora estar bem mais experimentada.

Em contraposição a elas, eu digo — que a paz esteja convosco.


Adam

__________
Notas do Tradutor:
1 Refere-se à propaganda política.
2 Uma imagem das tais réguas disponível em: <http://www.neatoshop.com/product/Great-
Women-Rulers-of-Science>
3 Ver em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Snake_oil>
4 Pick-Up Artist [PUA] é um homem ou grupo de homens [PUAs] não-feminista que possui uma
maior preocupação em fornecer aos homens, ferramentas para que eles possam ter maiores
habilidades sexuais e sedutoras com as mulheres; O sexo é sua meta. PUAs também se
preocupam com o estilo de vida dos homens, incentivando o auto-aperfeiçoamento deles em
vários campos de suas vidas, como técnicas de auto-ajuda.
5 Softcore: Soft core ou softcore é um gênero pornográfico contendo apenas nudez, sexo e
cenas sexualmente sugestivas. A presença de cenas (ou fotos) contendo pênis eretos,
penetração e ejaculação é vetada. [Citação em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Softcore>].

__________
KOSTAKIS, Adam. A Conseqüência Final do Feminismo, Parte II [The Eventual
Outcome of Feminism, Part II] [em linha]. Tradução de Charlton Heslich Hauer.
[s.l.]: Gynocentrism Theory, 2011. Disponível em:
<http://gynotheory.blogspot.com/2011/03/eventual-outcome-of-feminism-part-
ii.html>. Acesso em 05 out. 2015.

Atualizado e revisado em 05 out. 2015 às 17:02h


115

Como Quebrar uma Dialética

Décimo segundo e último artigo sobre a Teoria do Ginocentrismo

Artigos anteriores desta teoria:


Leitura Nº 1: Olhando Fixamente para fora do Abismo
Leitura Nº 2: A Mesma História Repetida
Leitura Nº 3: Refutando o Apelo ao Dicionário
Leitura Nº 4: "Pig Latin"¹ – Brincando com as palavras
Leitura Nº 5: Anatomia de uma Ideologia da Vitimização
Leitura Nº 6: Vinho Velho, Garrafas Novas
Leitura Nº 7: O Pessoal em Contraste ao Político
Leitura Nº 8: Perseguindo Arco-íris
Leitura Nº 9: Falsa Consciência e Manipulação-Kafka
Leitura Nº 10: A Conseqüência Final do Feminismo, Parte I
Leitura Nº 11: A Conseqüência Final do Feminismo, Parte II

Por Adam Kostakis

Leitura Nº 12

“O feminismo ajuda os homens também!” — Ditado popular do final do século 20

Se você dispôs, ainda que de um curto período de tempo, visitando os


sites e blogs da esfera dos Direitos dos Homens, você, sem dúvida, já deve ter
encontrado uma ou duas detratoras feministas afirmando que “Nem Todas as
Feministas São Assim.” Isso se tornou tão comum que os Defensores dos Direitos
dos Homens têm se referido a isso como “a defesa NTFSA”. Mas essa alegação
deve ser assim, prontamente rejeitada? Dependendo do contexto, a feminista pode
muito bem estar certa. Uma suposta feminista que tenha encontrado
acidentalmente minhas duas últimas postagens, as quais apontam como
conseqüência final do feminismo o extermínio físico dos homens, pode muito bem
116

contestar que não é esse o futuro que ela espera, e, portanto, que ela Não É
Assim — e ela não estaria necessariamente errada.

Naturalmente que a nossa suposta feminista não teria lido com o


cuidado suficiente aquilo que eu claramente afirmei, que é mais provável que o
extermínio físico dos homens venha a ser posto em prática como o resultado de
um processo orgânico, começando com uma indiferença hostil, seguido da
perseguição ativa mediante burocracias estatais, sem a exigência de que o
extermínio seja conscientemente articulado ou defendido por mais do que um
pequeno número de feministas. As outras só precisam pactuar com o programa;
elas não precisam entender onde tudo isso vai acabar. No coração de tudo isso
está a dicotomia entre as Feministas Bem-intencionadas e as Feministas Radicais.

Em face disso, esta distinção parece sugerir que, como feministas


gostam de dizer, o feminismo não é monolítico. Em outras
palavras, algumas feministas podem ler a partir do “evangelho” de Mary Daly,
enquanto outras apenas quererem um negócio justo para as mulheres. Esta é uma
versão mais elaborada da NTFSA, mas não explica porque duas ideologias
ostensivamente conflitantes são chamadas pelo mesmo nome: feminismo. De fato,
afirmar que o feminismo é não-monolítico escamoteia a questão de como todos
esses diferentes subfeminismos se relacionam entre si e com todo o feminismo.
Será que o feminismo ainda seria feminismo se um de seus subfeminismos fossem
removidos? Possivelmente. A morte do ecofeminismo não seria um desastre para
o feminismo em geral, ou para qualquer outro subfeminismo em particular. Mas o
que aconteceria com os dois principais pilares do feminismo — O Feminismo
Radical, que é abertamente misândrico, e o Feminismo Bem-intencionado, cujos
adeptos “só querem um negócio justo”? Poderia o feminismo sobreviver à morte de
qualquer um deles? Ou será que toda a ideologia deve sua existência à
reciprocidade deles? A relação entre eles é inerentemente e intrinsecamente
simbiótica?

Eu continuo a afirmar que as diferenças entre Feministas Bem-


intencionadas e Feministas Radicais são superficiais, explicando apenas as
diferenças percebidas entre as próprias feministas. A distância intelectual entre os
dois tipos de feministas em desacordo, pode parecer, para elas, realmente grande;
um Grand Canyon filosófico! Mas para os não-feministas, que estão longe de
ambos os tipos, e observam o feminismo à distância, os dois tipos de ideólogas
117

briguentas estão muito próximas umas da outras. Sim, podemos apenas vê-las no
horizonte — duas pequenas figuras, berrando de um buraco.

A feminista, tendo automaticamente excluído a legitimidade de qualquer


espaço que não seja feminista, percebe o feminismo como se este fosse o mundo
inteiro, e sobre este pequeno plano de existência, o intervalo de poucos metros
torna-se colossal — grande o suficiente para justificar o desenho de uma linha de
giz no chão, e dizer: “esse é o seu espaço, este é o meu, e não gostamos um do
outro. Certamente, não somos um monólito!” Mas, para o não-feminista, que não
está limitado pela ideologia e, assim, percebe muito mais do mundo em geral, as
feministas, à distância, estão de pé quase em cima umas das outras enquanto
disputam suas reivindicações por um pequeno pedaço de terra.

Em outras palavras: a distância entre os objetos torna-se mais


significativa quanto mais próximo você estiver deles. E caso não se dê atenção
para quaisquer coisas que não sejam esses objetos, então, esses objetos
parecerão ser o mundo inteiro! E, assim, qualquer distância entre eles vai parecer
enorme, porque se faltaria qualquer senso de escala. As feministas não estão em
qualquer tipo de posição para saber o quanto elas diferem umas das outras, a
partir da perspectiva do mundo não-feminista; elas não podem julgar porque a elas
faltam o não-feminismo como pré-requisito.

Assim, quando uma feminista tenta fazer passar a elaborada


defesa NTFSA, como apologia para si mesma ou para o comportamento atroz de
suas irmãs, você deve lembrá-la de que ela não está em posição de julgar o
quanto ela difere de outras feministas! As diferenças percebidas por ela podem
parecer muito significativas do próprio ponto de vista subjetivo dela, mas ela
precisa entender que ela é uma participante do organismo social
chamado feminismo, que ela fala de dentro da “grande tenda”, e, portanto, não tem
absolutamente nenhum direito de nos dizer, estando nós do lado de fora, como
devemos olhar para a mesma tenda! O mundo não-feminista, é necessário
explicar, experimenta a força do feminismo a partir de uma direção em particular, e
quando nos voltamos para olhar nessa direção, vemos infalivelmente que a
Feminista Bem-intencionada está orgulhosamente, lado a lado, com a Radical.

Agora, eu presumo que tal arranjo que existe entre as Feministas Bem-
intencionadas e as Radicais é próprio da necessidade. O feminismo requer tanto a
plausível face visível do vendedor (confiável, apenas tentando ganhar a vida
118

honestamente), quanto o impulso, aquele ímpeto interior que mantém liderando


todo o show (desonesto, subornando as pessoas no chão de fábrica). Um não
poderia existir sem o outro. Se existisse apenas a face visível do Feminismo Bem-
intencionado, este não chegaria a lugar nenhum, pois não haveria núcleo fundido
de misandria sem um gerador em seu centro para motivar a ação. Por outro lado,
se apenas o motor de combustão do Feminismo Radical existisse, o movimento
iria dobrar de um dia para o outro, sendo exposto imediatamente como política de
ódio. Sem o motor, tudo que você tem é um objeto que parece bom, mas não sai
do lugar. Esqueça a pintura, pois ninguém iria querer comprá-lo.

Seja como for, o feminismo precisa ser comercializável se quiser ser


bem sucedido — assim a sua comercialização por si só não pode nos dizer nada
sobre o que ele é.

Boas intenções e Radicalismo são dois lados da mesma moeda


feminista. A dicotomia permite ataques radicais contra os homens, seguidos pela
veemente defesa de que o feminismo é uma boa doutrina, ou no mínimo, pela
defesa de que ele não é monolítico, e, além disso, de que quem está contra ele
“apenas odeia as mulheres”. Os dois lados se encaixam como duas peças de um
quebra-cabeça, e a imagem só faz sentido quando elas são combinadas.

Sim, o feminismo é uma entidade única, simples, monolítica nas suas


aspirações, apenas apresentando faces diferentes dependendo do contexto. As
várias manifestações do feminismo, quer se destinem ao consumo público ou não,
têm em comum a constante que elas buscam: ampliar o poder das mulheres. Este
é o locus, o centro de gravidade do feminismo — quer ele apareça como uma
119

crença na inata superioridade feminina, quer como uma aspiração à dominação


feminina em termos materiais, a realização do poder feminino estará presente de
uma forma ou de outra. Sem este epicentro, em torno do qual tudo gira, o
movimento não poderia sobreviver; sua implosão repentina iria enviar seus
membros a girar fora de órbita em todas as direções diferentes. A única coisa que
une as feministas entre si é a crença de que o status da mulher deve ser elevado e
que as condições dos homens devem ser relegadas; que as mulheres devem se
tornar mais superioras, e os homens, mais inferiores. Fora isso, só existem
questões secundárias, argumentos que não têm qualquer relação com a tese
principal de supremacia feminina. Estas questões secundárias são uma distração
para o resto do mundo, permitindo que o feminismo permaneça intacto e coerente,
mesmo quando seus militantes parecem esbarrar em disputas.

Agora, já temos a perfeita noção dos objetivos das Feministas Radicais.


Já descrevi os planos que elas têm para os homens e para tudo aquilo que é
característico do sexo masculino. As Radicais gostariam que todos os homens
fossem exterminados ou escravizados. Elas abertamente têm declarado guerra
contra os homens, e o futuro, se elas conseguirem o que querem, pode ser
resumido por aquelas fotos abomináveis nas quais aparecia, em seu pequeno
uniforme, a soldado Lynndie England, humilhando sexualmente homens nus,
usando cães para atacar seus órgãos genitais, e assim por diante. A Feminista
Radical sonha com estes abusos, não limitados apenas a uma prisão iraquiana,
mas normalizados em todo o mundo. Os vitimados não seriam os iraquianos, como
iraquianos, mas os homens, como homens. Muito parecido com aqueles militares
que imaginavam que estavam aplicando punição coletiva a membros de uma
classe de pessoas coletivamente culpada em Abu Ghraib, Feministas Radicais
acreditam no conceito de Culpa Coletiva Masculina, e na necessidade de aplicar
punição a todos os homens.

Na mente da Feminista Radical, todos os homens são culpados,


inerentemente, como homens. “Todos os homens são estupradores” não é apenas
uma relíquia do passado; é o horizonte para o qual o Feminismo Radical está nos
empurrando. Com isso, não estou dizendo que todos os homens tornar-se-ão
estupradores, mas, sim, que todos os homens serão indiciados
como estupradores. Toda punição, então, não importa quão extrema ela for,
tornar-se-á justificada contra esta classe de “abusadores hediondos” e
“violadores”. (Note que, em uma das fotos da tortura em Abu Ghraib, os soldados
escreveram sobre a coxa de um dos seus vitimados “Eu sou um estuprador (sic)”
120

— embora fossem os próprios soldados que executassem os estupros. O paralelo


com o Feminismo Radical é assustador).

Nós já conhecemos a respeito das Feministas Radicais, mas e quanto


àquelas que “não são assim” — ou seja, as Feministas Bem-intencionadas? É bem
verdade que muitas, talvez a maioria, das Feministas Bem-intencionadas não
tenham como expectativa um futuro onde os homens sejam escravizados ou
exterminados. O papel destas não é o de desapropriar os homens e enfiá-los em
prisões, mas o de nos convencer de que não existe uma guerra dos sexos. Mesmo
que os homens sejam presos, torturados e assassinados por agentes estatais
agindo em nome do feminismo, Feministas Bem-intencionadas vão fingir que não
existe nenhuma guerra acontecendo. De fato, a eficácia do projeto feminista
depende da percepção equivocada de que uma guerra não está acontecendo. Elas
enquadram esta situação desesperadora como algo diferente do que realmente é,
como: “o progresso no sentido da igualdade”, a “abertura de diálogos”, a “liberação
das pessoas de seus restritivos papéis de gênero”, e assim por diante.

Não. Esta é uma guerra, e é uma guerra que as feministas declararam


abertamente. A verdadeira insídia das feministas torna-se mais evidente quando
se considera que, depois de terem declarado guerra, passem a exigir que seus
combatentes inimigos mostrem-lhes respeito, continuem a protegê-las e venham a
prover o seu bem-estar. A hipocrisia em fingir que a guerra não está acontecendo,
mesmo com uma sendo travada, é um elemento necessário do estilo de guerra
feminista. O cavalheirismo deve ser mantido para que o feminismo possa avançar.
O bem-estar das mulheres deve continuar sendo uma prioridade para os homens.
Do contrário — se os homens em massa, de repente, tornassem-se cientes da
guerra que foi declarada contra eles, eles iriam se organizar e encontrar iniciativas
permanentes para se defenderem. Eles iriam buscar remover os privilégios
femininos. Não haveria nenhuma garantia de que eles parariam, e uma vez que a
paridade tivesse sido restaurada para homens e mulheres, eles poderiam até
mesmo continuar a fazer pressão contra as mulheres — é difícil saber o que
aconteceria em uma situação dessas!

Uma guerra dos sexos, travada no estilo bélico tradicional, na qual os


homens se apresentassem para lutar com os mesmos números das mulheres, sem
dúvida, resultaria em vitória masculina, devido à força física e a aptidão para o
domínio técnico dos homens. Uma guerra travada no estilo tradicional, então, seria
uma estratégia perdedora para as feministas. Elas precisam travar a guerra de
121

uma maneira diferente, o que implica necessariamente a negação ativa de que a


guerra está acontecendo. Mas, e quanto à própria linguagem de “guerra de
gêneros”? Não foi essa linguagem que nasceu da retórica feminista? Nasceu
desta, de fato, mas ela pertence àquele período da história recente antes dos
homens estarem dispostos a defender a si próprios. Os homens começaram a
fazer frente à misandria em um ponto crítico do desenvolvimento feminista —
aquele ponto aonde o ódio explícito chegou a um ápice, e em seguida,
rapidamente diminuiu. A “terceira onda” nasceu. Aparentemente uma nova versão
do feminismo, onde a única diferença verdadeira entre a terceira e as “ondas”
anteriores está no nível de disciplina retórica. Não mais ouvimos falar de uma
guerra contra os homens (pelo menos, não das Feministas Bem-intencionadas), e
ainda a guerra continua inabalável. E quando os homens reagem à guerra contra
eles, como se fosse uma guerra, eles são informados de que o feminismo é
apenas uma questão de igualdade, e o ato de lutar contra seus perseguidores os
transforma em “misóginos horríveis”.

Após arrasar cidades e culturas inteiras, depois de esmagar inúmeros


homens com as esteiras dos seus tanques, o exército feminista é confrontado por
um só homem, o qual pega uma pedra e está pronto para jogá-la. Com lágrimas
nos olhos, e seu lábio inferior tremendo, a líder do batalhão clama: “pare de ser tão
detestável!”

A transição da segunda para a terceira onda não fez do feminismo algo


menos hostil ou odioso. Essa mudança foi superficial, uma reformulação retórica
— um revestimento de maquiagem sobre a face visível para o consumo público.
Enquanto as feministas da segunda onda admitiram abertamente odiar todos os
homens, as Feministas Bem-intencionadas dos dias de hoje reconhecem certas
categorias de homens que não são merecedores de ódio — conjurando exceções
para manter mais facilmente a regra geral. Feministas Bem-intencionadas são
menos propensas a dizer “eu odeio os homens”, e são mais propensas a dizer “eu
só odeio aqueles homens que são abusivos ou que não agem contra homens
abusivos.” Ainda assim, isso são praticamente todos os homens. Os homens que
não são nem abusivos nem que atuam contra os homens abusivos são a grande
maioria odiada — a regra geral. Claro, existem inúmeras razões pelas quais um
homem pode não dedicar seu tempo a participar ativamente contra os homens
abusivos — ele pode até não ter esse tempo livre, ao contrário de sua colega
feminista típica. Não é preciso explorar as razões pelas quais um homem não se
envolveria ativamente contra os homens abusivos. Basta dizer que ele não tem
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obrigação moral de sê-lo, especialmente porque a guerra foi declarada contra ele,
e as próprias pessoas pelas quais ele está sendo chamado a proteger são aquelas
que desejam destruí-lo. Torna-se direito feminino puro — privilégio Ginocêntrico —
esperar que os homens devam agir como os seus guarda-costas pessoais. E
aqueles homens que são atuantes contra as mulheres abusivas não são
admirados por suas contribuições para a humanidade, é claro — eles são ainda
mais odiados por isso.

Feministas Bem-intencionadas não são necessariamente conscientes


de seu papel como negacionistas. Elas não precisam ser. Elas cumprem o papel
com a mesma eficácia que quando elas acreditam ser de forma diferente. Pode-se
pensar, então, que as Feministas Bem-intencionadas têm sido mal orientadas,
manipuladas mesmo, pelas Radicais. Mas tenha em mente que elas são apenas
tão bem-intencionadas quanto são feministas. Sim, elas ainda são feministas, e
não foram “aliciadas” para essa identidade. Trata-se de uma identidade escolhida
livremente. A Feminista Bem-intencionada, lembre-se, encontra-se lado a lado com
a Radical; a primeira também irá Kafka-manipular você, ela irá acusá-lo
falsamente, ela irá pichar o seu sexo de um modo geral. A diferença entre
Feministas Bem-intencionadas e Feministas Radicais pode ser resumida da
seguinte forma: enquanto a Radical incentiva abertamente e celebra a propagação
da misandria, a Feminista Bem-intencionada a banaliza, desculpa-a e a justifica.
Para além disso, não há nenhuma diferença, e ambas procuram aumentar o poder
das mulheres sobre o dos homens.

Sem a falsa aparência de razoabilidade da Feminista Bem-


intencionada, o feminismo não teria feito nenhum progresso. Como
contrafeministas, temos de reconhecer que o aspecto de razoabilidade de qualquer
pessoa que se identifica como “feminista” é um ardil. Por trás da fachada está a
motivação ideológica, e não a capacidade de entrar num consenso; está o desejo
de dominar a discussão, não o de encontrar soluções coletivas; está o
emocionalismo antimasculino, e não a racionalidade imparcial. Um típico
estratagema da Feminista Bem-intencionada é o de bradar “tente ver as coisas do
meu ponto de vista” — insinuando imparcialidade, neutralidade, objetividade, e
assim por diante. E, no entanto, ela não tem a menor intenção de tentar ver as
coisas do seu ponto de vista, porque você não é um feminista, e as perspectivas
não-feministas seriam, por definição, ilegítimas. O que ela quer dizer não é “vamos
ambos tentar ver as coisas a partir das perspectivas de cada um”, mas, “eu vou ver
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as coisas da minha perspectiva, você veja as coisas da minha perspectiva


também.”

Feministas Bem-intencionadas exercem uma forma de controle que as


Radicais não podem, porque as últimas abandonaram qualquer pretensão de
imparcialidade. Para as Feministas Bem-intencionadas, isso é apenas um pretexto,
porque a ideologia supera tudo. Somente um “compromisso” que adira totalmente
à doutrina feminista pode ser aceitável.

É claro, certas Feministas Bem-intencionadas vão mais longe do que


isso, e sugerem que elas já incorporaram as perspectivas dos homens em seu
programa: “o feminismo ajuda os homens também!” Uma aposta justa é a de que
você nunca vai ouvir as Radicais proferindo tal absurdo, porque prejudicar os
homens é a sua intenção consciente e elas são francas em relação a isso. Ainda
assim, as Feministas Bem-intencionadas podem realmente acreditar que esta é
uma declaração precisa, pois elas não são necessariamente conscientes dos
efeitos nocivos que o feminismo necessariamente exerce sobre os homens. Mas
isso não as torna sinceras. Uma abordagem sincera para “ajudar os homens
também” envolveria, na verdade, perguntar aos homens como eles poderiam ser
mais bem ajudados, e, em seguida, incorporar essas respostas na ordem do dia.
Em vez disso, a prática da Feminista Bem-intencionada envolve em dizer aos
homens aquilo que irá ajudá-los, sem que entenda necessário angariar mais do
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que um punhado de desocupados homens pró-feministas.

A idéia feminista de “ajuda” está enraizada na “Teoria do Patriarcado”


— ou seja, ela está enraizada na mesma animosidade para com os homens, a
qual é a causa dos problemas que um considerável número de homens realmente
identifica como problemas. Dito de outra forma, a cura é apenas mais da doença.
Dado que as feministas, fundamentalmente não podem aceitar a culpa de seu
próprio movimento em causar ou contribuir para alguma coisa negativa, elas
sempre só poderão localizar a causa dos problemas dos homens em fenômenos
sociais que não no feminismo. O feminismo não vai aceitar nem mesmo a menor
parcela de culpa para as condições opressivas que ele trouxe diretamente à
existência. Os problemas dos homens só poderiam ser remontados aos próprios
homens, e, portanto, ao “Patriarcado” histórico.

É por essa razão que, quando Feministas Bem-intencionadas afirmam


que o feminismo “ajuda os homens também”, você não as vê, pois,
fazendo lobby contra falsas acusações de estupro ou por direitos iguais à
paternidade. Pelo contrário, esse tipo de lobby prejudicaria os interesses
feministas; homens são de interesse secundário, e só podem ser ajudados a partir
daqueles problemas que eles causaram para eles mesmos. Por isso, a “terrível
tragédia” dos homens não estarem autorizados a usar vestidos, mesmo enquanto
as mulheres podem caminhar confortavelmente de calças, é infalivelmente a
prioridade número um de uma Feminista Bem-intencionada que se propõe a
“ajudar os homens também.” O fato de a esmagadora maioria dos homens não se
preocupar com essa questão e não ser pessoalmente afetada por ela, torna-se
irrelevante; essa questão pode ser remontada a uma marca do Patriarcado, e
também é uma boa desculpa para promover a emasculação. Feministas Bem-
intencionadas, assim como as Radicais, patologizam a masculinidade normal. Elas
culpam os homens por estes não quererem usar vestidos; ou seja, elas culpam os
homens por eles não terem os problemas que elas nos dizem que devemos ter. É,
assim dizem elas, o condicionamento social imposto pelos homens que os faz ter
“medo” de parecer femininos. Todas as evidências sugerem que a grande maioria
dos homens tem problemas maiores do que esse, e não vivem com medo de
parecer femininos. Mas isso é o que se encaixa na narrativa feminista.

A noção de que o feminismo está a ajudar a “libertar ambos os sexos


dos rígidos papéis de gênero” é particularmente risível, considerando que o
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feminismo é totalmente dependente de homens que estão sendo forçados a


manter seu papel tradicional de protetor e provedor. Isso já foi abordado em outro
lugar.

Quando os homens tentam levantar suas próprias preocupações, as


feministas recusam-se a reconhecê-las. Elas culpam os vitimados — por exemplo,
“os homens são responsáveis por seus próprios problemas” — e tentam trazer a
discussão de volta para aquilo que elas acham que devem ser os nossos
problemas. Com efeito, aos homens lhes é negado o direito de decidir quais são os
seus próprios problemas. O nosso verdadeiro problema, Feministas Bem-
intencionadas empenhadamente explicam, é que somos apenas masculinos
demais. Apesar do que por nós é declarado como são os nossos problemas — que
as propriedades características do sexo masculino estão cada vez mais
cerceadas, que as propriedades características do sexo masculino vêm sendo
patologizadas, tornaram-se motivo de discriminação aceitável — a resposta
feminista é que as propriedades características do sexo masculino são, na
verdade, patológicas e que precisam ser cerceadas ainda mais.

Como é que o feminismo “ajuda os homens”, imputando atributos


negativos às propriedades características do sexo masculino? Diga-me, alguém
está sendo ajudado por outros que o imputam atributos negativos a esse alguém?
Ou você diria que isso o prejudica? O feminismo “ajuda os homens”, incentivando-
os a deixar de ser homens; a renunciar à sua natureza; a odiar a si mesmos; a
acreditar que a sua sexualidade é inerentemente viciada e uma força para o mal!
Que ajuda é essa?

Aqui está uma divertida pequena justaposição:

“Tudo se resume a isso: Os homens, não as mulheres, precisam ser os


únicos a criar os espaços para discutir as questões dos homens.” Citação do
blog finallyfeminism101 (Vídeo: Feministas Tumultuando um Fórum sobre Maridos
Vitimados por Violência Doméstica)

Pegou o espírito da coisa? É um jogo que os organismos encarregados


da aplicação da lei vêm desempenhando há décadas. O “bom policial” é razoável,
até mesmo simpático, embora, naturalmente, ele insista que a responsabilidade
pelo seu crime repousa inteiramente em você. O “mau policial” só irá gritar com
você até você se entregar. E quando você finalmente desistir, porque você foi
subjugado, você murmurará suas queixas, e os bons policiais, como os
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do finallyfeminism101, irão lembrá-lo daquilo que dizem o tempo todo: que você
precisa ser o único a assumir a responsabilidade para discutir suas próprias
questões. Você vê como isso funciona? Não é culpa deles. É sua.

Sim, as Feministas Bem-intencionadas têm apoiado propostas radicais


em cada etapa do processo — quer se trate de negar direitos de paternidade aos
homens, quer se trate de criar leis de proteção contra o estupro para negar
evidências de inocência, e prender, de forma mais eficiente, homens inocentes,
quer se trate de desviar medidas de incentivo dos homens atingidos pela recessão
para as mulheres que nem sequer perderam seus empregos. O único nível em que
Feministas Bem-intencionadas discordam significativamente das Radicais é o da
retórica. Uma Radical pode dizer “matem todos os homens”, e uma Feminista
Bem-intencionada pode dizer: “Eu não concordo com isso”, mas ela segue adiante
e defende que a diferença nos programas de saúde deve ser aumentada ainda
mais, mesmo com o pleno conhecimento de que os homens continuam morrendo
mais cedo e sofrendo mais com problemas de saúde de uma maneira geral.

Feministas Bem-intencionadas distanciam-se da retórica extremista das


Radicais, mas isso é apenas a forma como a dialética funciona — atinge-se o
objetivo lentamente, pouco a pouco, levando o outro lado a se comprometer com a
sua ala moderada. Feministas Bem-intencionadas são os bons policiais — aqueles
com os quais se deseja chegar a um acordo antes daqueles desagradáveis maus
policiais voltarem. O que é muitas vezes esquecido é que todos eles são policiais.
Firme o compromisso com as moderadas Feministas Bem-intencionadas a
respeito de uma determinada questão, e a posição centrista muda: agora o acordo
que se chegou é dado como certo, e a fantasia radical está um passo mais
próximo. O que as Feministas Bem-intencionadas fazem, então? Descansam
sobre os louros conquistados, contentes com o meio-termo ao qual chegaram?
Não, elas vêem a oportunidade de conquistar ainda mais para as mulheres, e por
isso elas lutam por mais. Chega-se a um novo compromisso, e a posição centrista
desloca-se ainda mais em direção ao radicalismo.

Felizmente, eu conheço uma maneira de quebrar a dialética, a qual é


plantar seus pés firmemente no chão e se recusar a ceder um só milímetro. Não
transigir, absolutamente, em nenhum problema. É simples assim. Basta ter em
mente que por trás da aparência de razoabilidade está a motivação ideológica, a
qual fará aproximar a realidade da fantasia radical pela qual você está ativamente
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perseguido. Se você puder manter isso em mente, torna-se muito fácil de recusar
até mesmo o menor compromisso com uma feminista.

Por fim, as feministas devem ser ignoradas. Não adianta tentar debater
com elas, pois sua motivação ideológica supera a possibilidade de admitir
incorreção. Lembre-se de que a ideologia feminista é adotada a fim de saciar
emoções violentas e vingativas, não como um resultado do pensamento lógico.
Aqueles em que devemos fazer um esforço em atrair são os não-feministas, mas
eles não são contrafeministas. Ou seja, eles ainda não estão ativos na luta contra
o feminismo. É possível dividir as pessoas em três categorias conforme a seguir:

 Revolucionários (contrafeministas)
 Reacionários (feministas)
 Civis (não-feministas)

O objetivo, então, é recrutar civis para o lado contrafeminista antes que


a facção feminista chegue a fazê-lo. Dado o rápido e exponencial crescimento do
Movimento pelos Direitos dos Homens, estamos claramente já desfrutando o
sucesso a este respeito.

Adam

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KOSTAKIS, Adam. Como Quebrar uma Dialética [How to Break a Dialectic] [em
linha]. Tradução de Charlton Heslich Hauer. [S.l.]: Gynocentrism Theory, 2011.
Disponível em: <http://gynotheory.blogspot.com/2011/03/how-to-break-
dialectic.html>. Acesso em: 05 out. 2015.

Atualizada e revisada em 05 out. 2015. às 19:50h.

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