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CONTABILIDADE
EMPRESARIAL
E
ANÁLISE DE
BALANÇOS
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MÓDULO I

CONTABILIDADE
EMPRESARIAL
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INTRODUÇÃO

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE

Em um país fortemente industrializado, todos, desde o cidadão comum até os organismos de


dimensão nacional e internacional, estão envolvidos de diversas maneiras e de modo cada
vez mais acentuado nas atividades empresariais. É grande, portanto, o número de agentes
que desejam ser informados a respeito do andamento da vida das empresas.

Mas são poucos aqueles que conhecem de modo claro o papel dos levantamentos contábeis
em relação aos fatos empresariais. Ainda hoje se ouve de personalidades de destaque, que a
contabilidade das empresas não lhes diz respeito e que deve ser tratada por contabilistas.

Tal atitude não é aceitável nem produtiva, pois são cada vez mais importantes as relações
entre a empresa e organizações externas, bem como ficam cada vez mais estreitas as
ligações entre as diversas funções empresariais (técnica, comercial, administrativa etc).

Falar de contabilidade significa, portanto, vir ao encontro das exigências de um número


cada vez maior de indivíduos desejosos de aumentar seus conhecimentos a respeito dos
"fatos empresariais".

DEFINIÇÃO DE CONTABILIDADE

Trata-se de uma metodologia que estuda e organiza os registros dos fatos que afetam a
situação patrimonial, financeira e econômica da empresa.

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PATRIMÔNIO
É o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade, registrados no Balanço
Patrimonial.

 BENS

Tudo aquilo que a empresa possui está em seu domínio. Ex. Dinheiro em Caixa, Estoques,
Veículos, Máquinas, Imóveis etc.

 DIREITOS

Tudo aquilo que a empresa possui e está temporariamente sob domínio de terceiros. Ex.
Duplicatas a Receber, Impostos a Restituir, Aplicações Financeiras etc.

 OBRIGAÇÕES

Tudo o que a empresa deve a terceiros. Ex. Salários e Impostos a Pagar, Financiamento,
Fornecedores etc.

BALANÇO PATRIMONIAL
Trata-se de uma demonstração estática, porque mostra a situação econômica, financeira e
patrimonial da empresa em um determinado momento.
O termo “Balanço” origina-se de balança, nos dá a idéia de equilíbrio entre os dois lados
(origem = aplicação).
O corpo do Balanço é constituído por 2 colunas. A da direita (Passivo e Patrimônio
Líquido), nos mostra a origem, ou seja, a fonte de recursos da empresa.
A coluna da esquerda (Ativo) nos mostra onde os recursos da empresa estão sendo
investidos.
Em resumo, Balanço Patrimonial, significa, demonstração de forma equilibrada dos bens,
direitos e obrigações em um único relatório, em que estão claramente evidenciados o ativo,
o passivo e o patrimônio líquido da entidade.

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☛ ATIVO
Compreende os bens e os direitos de uma empresa. São discriminados no lado esquerdo
do balanço.

☛ PASSIVO
São as obrigações a pagar, isto é, as dívidas para com terceiros. Compõem o lado direito
do balanço.
☛ PATRIMÔNIO LÍQUIDO
É formado pelos recursos dos sócios e lucros obtidos por meio da atividade da empresa,
sendo considerado capital próprio. A representação quantitativa do patrimônio líquido é
dada pela equação:

PATRIMÔNIO LÍQUIDO = ATIVO - OBRIGAÇÕES

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO - APLICAÇÃO DOS RECURSOS PASSIVO - FONTE DOS RECURSOS

Bens: Obrigações (Capital de Terceiros):


- Caixa - Títulos a Pagar
- Estoques - Contas a Pagar
- Imóveis - Financiamentos
- Veículos - Fornecedores
- Máquinas - Impostos a Pagar
- Equipamentos - Salários a Pagar
- Etc. - Etc.

Direitos: Patrimônio Líquido (Capital Próprio):


- Títulos a Receber - Capital Social
- Aplicações Financeiras - Lucro/Prejuízo
- Impostos a Restituir - Reservas
- Empréstimos a Acionistas
- Etc.

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RAZÃO
São registros dos lançamentos a débito ou crédito das contas do ativo, do passivo e do
patrimônio líquido.

Na prática não é possível preparar um balanço após cada operação, porque elas se sucedem
a cada instante, ocasionando aumentos e diminuições no ativo, no passivo e no patrimônio
líquido. Esses aumentos e diminuições são registrados em contas.

Graficamente, pode ser representado por "razonete em T":

TÍTULO DA CONTA

débito crédito

No lado esquerdo do "T" serão relacionados os lançamentos a débito, e do lado direito, os


lançamentos a crédito.

A diferença entre o total de débito e o total de crédito feitos em uma conta, será chamada de
saldo. Se o valor dos débitos for superior ao valor dos créditos, a conta terá um saldo
devedor. Se acontecer o contrário, a conta terá um saldo credor.

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MECANISMOS DO DÉBITO E CRÉDITO

CONTAS DO ATIVO
Entrada de Valor - débito
Saída de Valor - crédito

CONTAS DO PASSIVO
Entrada de Valor - crédito
Saída de Valor - débito

1) Para aumentar o saldo das contas no Ativo, temos de fazer lançamentos a débito. Isso,
porque, as contas do Ativo apresentam saldo devedor.

Perceba que “saldo devedor”, em termos contábeis, significa que o saldo remanescente está
do lado do débito e não do crédito. Não podemos confundir com saldo devedor em conta-
corrente.

Por outro lado, para diminuir o saldo das contas do Ativo, faremos lançamentos a crédito.

2) As contas do Passivo e do Patrimônio Líquido, apresentam saldo credor. Isso quer dizer
que, para aumentá-las, faremos lançamentos a crédito e para diminuí-las, a débito.

PARTIDAS DOBRADAS
É o método de escrituração contábil usado universalmente, apresentado no século XII pelo
Frade Luca Paccioli.

O princípio do método é que não há débito sem crédito e vice-versa. Os lançamentos


contábeis podem ser efetuados em uma ou mais contas, contanto que a soma dos débitos
seja igual a soma dos créditos.

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APRESENTAÇÃO DO BALANÇO
Se o Balanço Patrimonial fosse demostrado como um “amontoado de contas”, teríamos
dificuldade em ler, interpretar e analisá-lo. Por isso, é importante apresentar o Balanço
agrupando-se as contas de mesma característica.

A Lei das Sociedades Anônimas (6404/76), dispõe de uma estrutura de contas


nacionalmente aceita, inclusive por outros tipos de sociedades.

 No Ativo, as contas são agrupadas de acordo com a rapidez de conversão em dinheiro,


em ordem decrescente de liquidez (capacidade de se transformar em dinheiro mais
rapidamente).

 No Passivo e no Patrimônio Líquido estarão as contas representativas das obrigações e


capital próprio respectivamente, sendo que as contas deverão ser agrupadas em ordem
decrescente de exigibilidade.

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

PERMANENTE RESULTADOS DE EXERCÍCIOS


FUTUROS
Investimentos

Imobilizado PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Diferido Capital social

Lucros ou prejuízos acumulados

TOTAL TOTAL

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☛ ATIVO CIRCULANTE
Agrupam-se as contas que já são dinheiro (caixa, bancos) com aquelas que se
converterão em dinheiro no curto prazo* (duplicatas a receber, estoques etc). É um
grupo com elevado grau de liquidez.

*Curto Prazo: As contas cujo prazo, para conversão em dinheiro, seja de até um ano, a
contar da data de encerramento do Balanço Patrimonial.

☛ REALIZÁVEL A LONGO PRAZO


Agrupam-se as contas que se transformarão em dinheiro no longo prazo*. São ativos
com menor grau de liquidez (títulos a receber no longo prazo etc.).

*Longo Prazo: As contas cujo prazo, para conversão em dinheiro, seja acima de um
ano, a contar da data de encerramento do Balanço Patrimonial.

☛ ATIVO PERMANENTE
Agrupam-se as contas que dificilmente serão transformadas em dinheiro; normalmente
não são vendidos, são utilizados como meio de consecução dos objetivos operacionais
da empresa. Aqui estão os itens com caráter de permanência da empresa.

Divide-se em três subgrupos:

Investimentos

São contas financeiras de caráter permanente que geram rendimentos e não são
necessárias à manutenção da atividade fundamental da empresa. Ex.: Ações de outras
empresas, imóveis a título de investimento, obras de arte etc.

Imobilizado

São itens de natureza permanente que serão utilizados para a manutenção da atividade
básica da empresa. Ex.: Edifícios, imóveis, máquinas, equipamentos, veículos etc.

Diferido

São gastos com serviços que beneficiarão resultados de exercícios futuros. Ex.: Projetos,
pesquisas, divulgação etc.

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☛ PASSIVO CIRCULANTE
Representam as dívidas com terceiros. Em primeiro lugar agrupam-se as contas que
serão pagas mais rapidamente. Ex.: salários a pagar, impostos a recolher, empréstimos e
financiamentos que vencem no curto prazo, fornecedores de mercadorias etc.

☛ EXIGÍVEL A LONGO PRAZO


Representam as dívidas com terceiros, que vencem no longo prazo. Ex.: financiamentos
e empréstimos que vencem no longo prazo etc.

☛ RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS


Tratam-se de receitas já recebidas, que devem ser reconhecidas em exercícios futuros.

☛ PATRIMÔNIO LÍQUIDO
São os recursos dos proprietários aplicados na empresa. Os recursos significam o capital
social mais o seu rendimento - lucros ou prejuízos acumulados e reservas.

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


A demonstração do resultado do exercício é a apresentação resumida, das operações
realizadas pela empresa, durante o exercício social, de forma a destacar o resultado líquido
do período (lucro ou prejuízo), subtraindo as despesas das receitas.

R$
Receita Operacional Bruta

( - ) Deduções (abatimentos, devoluções, impostos etc)

( = ) Receita Operacional Líquida

( - ) Custo Produtos Vendidos (matéria-prima, mão-de-obra)

( = ) Resultado Bruto

( - ) Despesas Operacionais

(+/-)Encargos Financeiros Líquidos(receita financ-desp.finac.)

( = ) Resultado Operacional

( + ) Receitas não Operacionais

( - ) Despesas não Operacionais

( = ) Resultado Líquido

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☛ RECEITA OPERACIONAL BRUTA


São as vendas ou faturamento bruto.

É o valor recebido pelas vendas de produtos (empresa industrial), mercadorias (empresa


comercial) ou de serviços (empresa de prestação de serviços).

☛ DEDUÇÕES
São impostos que incidem sobre o faturamento bruto (IPI, ISS, ICMS etc); abatimentos
concedidos, vendas canceladas ou devoluções de mercadorias, cujos valores são
deduzidos da Receita Operacional Bruta.

☛ RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA


É o resultado da Receita Operacional Bruta menos as deduções. Considerada a receita
efetiva da empresa, já que está livre das vendas canceladas e dos impostos.

☛ CUSTO DOS PRODUTOS/MERCADORIAS VENDIDAS (CPV OU CMV)


Para a empresa comercial, custo representa o valor de aquisição dos estoques, já na
indústria custo compreende todo gasto para a transformação da matéria-prima em
produto acabado.

Exemplo:
Matéria-prima, mão-de-obra, material de embalagem, energia elétrica etc.

☛ RESULTADO BRUTO
É o resultado da Receita Operacional Líquida menos o C.P.V.

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☛ DESPESAS OPERACIONAIS
São despesas decorrentes da atividade principal da empresa, podendo ser classificadas
em:

 Despesas com vendas:


Representam os gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos, como:
➨ propaganda e publicidade;
➨ salários e comissões dos vendedores;
➨ distribuição dos produtos etc.

 Despesas Administrativas:
Representam os gastos com a direção ou administração da empresa, como:
➨ honorários da administração;
➨ salários e encargos do pessoal;
➨ material de escritório;
➨ impostos e taxas etc.

☛ ENCARGOS FINANCEIROS LÍQUIDOS (RECEITA/DESPESA


FINANCEIRA)

Representam a diferença entre juros e atualização monetária pagos e recebidos de


instituições financeiras.

☛ RESULTADO OPERACIONAL
É o resultado (lucro ou prejuízo) obtido por meio da atividade principal da empresa.

☛ RECEITAS NÃO OPERACIONAIS


São receitas não provenientes da atividade principal da empresa. Ex.: aluguéis
recebidos, venda de itens do imobilizado por valor superior ao que está contabilizado
etc.

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☛ DESPESAS NÃO OPERACIONAIS


São despesas não provenientes da atividade principal da empresa. Ex.: venda de bens do
imobilizado por valor inferior ao que está contabilizado, multa de trânsito, doações
feitas pela empresa etc.

☛ RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO


É o resultado contábil (lucro ou prejuízo) do exercício.

Se o resultado for lucro, deste valor saem, o imposto de renda, as reservas e os


dividendos, a sobra é transportada para a conta de resultados acumulados no balanço.

☛ RESULTADO
Será lucro quando as receitas forem maiores que as despesas.

Será prejuízo quando as despesas forem maiores que as receitas.

MECANISMO DO DÉBITO E CRÉDITO


Até aqui, vimos lançamentos com contas do Balanço. A partir de agora, trabalharemos,
também, com contas da Demonstração do Resultado do Exercício, também chamadas
“Contas de Resultado”.

DRE

Receita – Crédito

Despesa – Débito

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OPERAÇÕES COM MERCADORIAS

☛ COMPRA DE MERCADORIAS

 Débito
Conta estoques.

 Crédito
Conta caixa ou fornecedores.

ESTOQUES FORNECEDORES OU CAIXA

débito crédito

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☛ VENDA DE MERCADORIAS

 Crédito
Conta de receita operacional pelo valor total da venda.

 Débito
Conta caixa ou duplicatas a receber pelo valor total da venda.

 Crédito
Conta estoques pelo custo dos produtos vendidos.

 Débito
Conta custo dos produtos vendidos.

CAIXA OU DUPLICATAS A RECEBER RECEITA OPERACIONAL

débito crédito

CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS ESTOQUES

débito crédito

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DESPESAS COM DEPRECIAÇÃO

Depreciação é a perda da capacidade produtiva dos bens. Como a maior parte dos elementos
do ativo imobilizado tem a sua vida útil limitada no tempo, o custo correspondente deve ser
rateado e distribuído pelos períodos de sua vida útil estimada. Esse procedimento é
conhecido como:

 Depreciação
Quando se referir à amortização de bens tangíveis como edifícios, máquinas e
equipamentos, veículos etc.
A tendência de um grande número de empresas é simplesmente adotar as taxas admitidas
pela Legislação Fiscal, cujos critérios básicos de depreciação estão consolidados no
Regulamento do Imposto de Renda. Abaixo relacionamos algumas taxas anuais de
depreciação, constantes de publicações da Secretaria da Receita Federal:

BENS TAXA ANUAL VIDA ÚTIL


Edifícios 4% 25 anos
Máquinas e Equipamentos 10% 10 anos
Instalações 10% 10 anos
Móveis e Utensílios 10% 10 anos
Veículos 20% 5 anos
Sist.Processamento de Dados 20% 5 anos

 Procedimento Contábil
 Débito
Despesas operacionais ou custo dos produtos.
 Crédito
Conta de depreciação acumulada no ativo imobilizado.

DEPRECIAÇÃO ACUMULADA DESPESAS OPERACIONAIS

crédito débito

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DESPESAS DO EXERCÍCIO SEGUINTE


Beneficiam mais do que um exercício contábil e que portanto não podem ser encerradas ao
final do exercício, devendo constar do ativo. Ex.: Assinatura de Jornais e Revistas, Seguros
etc.
Figuram no ativo circulante ou realizável a longo prazo, e poderão ser encontrados com as
seguintes denominações: Despesas do Exercício Seguinte, Despesas Diferidas, Despesas
Antecipadas ou Despesas Pagas Antecipadamente.

☛ PROCEDIMENTO CONTÁBIL
 Débito
Despesas do exercício seguinte pelo valor total gasto.
 Crédito
Conta caixa.
No final de cada período beneficiado pelo gasto:
 Débito
Despesas operacionais (pelo valor proporcional).
 Crédito
Despesas do exercício seguinte.

DESP. EXERC. SEGTE. CAIXA

1) Débito Crédito 2) Crédito 1)

DESP. OPERACIONAIS

2) Débito

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RECEITAS ANTECIPADAS
São recebimentos adiantados que vão gerar um passivo para uma prestação de serviço futura
ou a entrega posterior de bens. Integram o grupo Resultado de Exercícios Futuros, cuja
denominação de conta mais comum é Receitas Antecipadas.

☛ PROCEDIMENTO CONTÁBIL
 Débito
Caixa (pelo valor total recebido).

 Crédito
Receitas antecipadas.

No final de cada período efetivo para apropriação da receita:

 Débito
Receitas antecipadas.

 Crédito
Receitas operacionais.

CAIXA RECEITAS ANTECIPADAS

1) Débito 2) Débito Crédito 1)

RECEITAS OPERACIONAIS

Crédito 2)

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RESERVAS
São constituídas para complementar o capital na formação do patrimônio líquido das
empresas. Podem ser:

 Reservas de capital
São constituídas com valores recebidos pela empresa e que não transitam pelo resultado
como receitas, por se referirem a valores destinados a reforço de capital. Como exemplo
temos o ágio na emissão de ações, as doações recebidas e a correção monetária do
capital realizado.

 Reservas de reavaliação
Constituídas pelas reavaliações dos ativos a preços de mercado.

 Reservas de lucros
Constituídas após a apuração do resultado com o objetivo de dar proteção aos
acionistas. As principais são a reserva legal, a estatutária, a de contingências etc.

PROVISÕES
Elementos de redução do ativo ou verdadeiro passivo. Representam despesas já incorridas,
com total, muitas vezes, apenas estimado e, portanto, deverão ter como contrapartida um
débito em conta de despesa.

Exemplos:
Provisões para devedores duvidosos de duplicatas a receber e provisão para imposto de
renda.

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MÓDULO II

ANÁLISE DE
BALANÇOS

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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Um dos objetivos da análise das demonstrações contábeis é o de reduzir o risco de


concessão de crédito às empresas.
Sabemos que há necessidade de equilíbrio e ponderação no processo de concessão de
crédito, sendo fundamental o uso de instrumentos eficazes para avaliação da saúde financeira
das empresas. É indispensável, portanto, conhecer seu mercado, sua estratégia e seu comando.
Vários aspectos devem ser considerados ao se analisar demonstrações financeiras, tais
como:

 Aspectos Econômico-Financeiros dos Últimos Exercícios;


 Participação de Capitais de Terceiros;
 Dependência de Recursos Bancários;
 Composição das Exigibilidades;
 Grau de Liquidez a Curto e Longo Prazo;
 Ciclo Financeiro/Operacional;
 Evolução das Vendas;
 Índice de Retorno do Patrimônio Líquido;
 Necessidade de Capital de Giro;
 Condições do Ramo de Atividade;

A análise não pára nos itens elencados acima. Após a apuração desses índices, teremos à
mão uma gama de informações que poderão ser confirmadas por meio de visitas, informações
cadastrais e gerenciais, que aliadas ao seu conhecimento a respeito da empresa, lhe darão
condições mais confiáveis para operar com as mesmas.

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ANÁLISE VERTICAL
A Análise Vertical é importante para todas as demonstrações contábeis, principalmente para
o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício.
Tem por objetivo fornecer a representatividade em porcentagem de cada conta em relação à
Demonstração Contábil a que pertence e, por meio da comparação com padrões do ramo ou
com percentuais da própria empresa em anos anteriores, observar se há itens fora das
proporções normais.
Observe que os percentuais a Análise Vertical, nos permite ter uma visão interpretativa, que é
extremamente difícil nos valores absolutos.
BALANÇO PATRIMONIAL
Fórmula
Conta
AV = x 100
Total Ativo / Passivo

Exemplo:
Estoque = R$ 22.520,00
Total do Ativo = R$ 248.730,00

22.520,00
AV = x 100 = 9%
248.730,00

O resultado acima mostra que do total de Ativos que a empresa possui, 9% estão investidos
em estoques.

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DO EXERCÍCIO


(Conta de lucros e perdas)

Fórmula:

Conta
AV = x 100
Receita Operacional Líquida
(Vendas / Faturamento)

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Exemplo:

C.P.V. = R$ 102.740,00
R.O.L. = R$ 291.630,00

102.740,00
AV = x 100 = 35%
291.630,00

O resultado mostra que o Custo dos Produtos Vendidos é de 35% em relação às Vendas,
portanto conclui-se que a Margem Bruta (Lucro Bruto) é de 65%.

Ao se efetuar a análise das Contas de Resultados, deve-se atentar aos seguintes itens:
Margem Bruta, Margem Operacional e Margem Líquida, que são termômetros para análise
dos demais itens. Assim, por exemplo, se a Margem Operacional de uma empresa for de 28%
e a Margem Líquida de 2%, conclui-se que houveram contas (Despesas não operacionais) que
afetaram o resultado significativamente.

Fórmulas:

Resultado Bruto
Margem Bruta = x 100
Receita Operacional Líquida

Resultado Operacional
Margem Operacional = x 100
Receita Operacional Líquida

Resultado Líquido
Margem Líquida = x 100
Receita Operacional Líquida

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CAPITAL DE GIRO OU CAPITAL CIRCULANTE

É o montante ou conjunto de recursos que não está imobilizado. Estes recursos estão em
constante movimentação no dia-a-dia da empresa para compra de matéria-prima, pagamento
de impostos, salários e outras despesas. Para realização destes compromissos é necessário ter
Capital de Giro, que não se limita somente ao numerário “em Caixa”, mas também são
considerados os valores que serão transformados em numerário dentro de certo espaço de
tempo (um exercício social).

CAPITAL DE GIRO = ATIVO CIRCULANTE

Circulante {
Capital de Giro
ou
ATIVO
CIRCULANTE

Realizável a Longo Prazo


PASSIVO
CIRCULANTE

Exigível a Longo Prazo

PATRIMÔNIO
ATIVO
LÍQUIDO
PERMANENTE

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CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO OU CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

O Capital Circulante Líquido (CCL) representa a folga financeira a curto prazo, ou seja, são
recursos que a empresa dispõe para o seu giro e que não serão exigíveis naquele exercício.

CCL = ATIVO CIRCULANTE - PASSIVO CIRCULANTE

Sendo uma equação aritmética, seu resultado pode ser positivo ou negativo, indicando se a
empresa está numa situação favorável ou não. Porém, é necessário considerar o perfil setorial
e a natureza do negócio, por exemplo, há setores que têm como característica vender à vista e
comprar a prazo. Outros, fazem o contrário por imposição de seu mercado. Outros ainda,
devem pedir adiantamento a seus clientes, ou devem fazer adiantamento a seus fornecedores.
Tudo, enfim, acaba por delinear o Capital de Giro e o Capital de Giro Líquido da empresa.

ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE

CCL>0 { Exigível a Longo Prazo


Realizável a Longo Prazo
PATRIMÔNIO
ATIVO LÍQUIDO
PERMANENTE

ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE

Realizável a Longo Prazo } CCL<0


Exigível a Longo Prazo
ATIVO
PERMANENTE PATRIMÔNIO
LÍQUIDO

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CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO

O Capital de Giro Próprio (CGP) é a parcela do Capital de Giro (Ativo Circulante) que é
financiada por recursos próprios da empresa. Em outras palavras, é a parte do Patrimônio
Líquido que não está investida no Ativo Permanente ou no Realizável a Longo Prazo.
Partindo deste entendimento, temos a seguinte equação aritmética.

CGP = PATRIMÔNIO LÍQUIDO – ATIVO PERMANENTE – REALIZÁVEL A


LONGO PRAZO

Portanto, o resultado pode ser positivo ou negativo, sendo que para sua análise deve ser
sempre lembrado o ramo de atividade que a empresa está inserida.

ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE
CIRCULANTE
Exigível a Longo Prazo
CGP>0 {
Realizável a Longo Prazo
PATRIMÔNIO
ATIVO LÍQUIDO
PERMANENTE

ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE
CIRCULANTE

CGP<0 { Realizável a Longo Prazo


Exigível a Longo Prazo

ATIVO PATRIMÔNIO
PERMANENTE LÍQUIDO

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ANÁLISE HORIZONTAL

Tem por objetivo avaliar a evolução ou involução das contas do Balanço Patrimonial e da
Demonstração de Resultados, de um exercício para outro ou de vários exercícios seguidos.
Esta comparação permite perceber o “comportamento” da empresa no mercado e as
tendências para o futuro.
Quando há a comparação de índices ou de contas de uma série de exercícios, ocorre o
problema da inflação, por estar comparando valores cujo poder aquisitivo da moeda é
diferente em cada período. Portanto, para efetuar o cálculo da variação percentual dos itens a
serem analisados, o primeiro passo é converter os valores em moeda do último ano (mesmo
poder aquisitivo) corrigindo monetariamente as contas a serem analisadas. Esta técnica de
inflacionar é a mais recomendada, porém pode-se também trazer os valores do ano atual para
o ano anterior fazendo o deflacionamento.

Fórmula do Cálculo da Variação Percentual

 Conta do Exercício Atual 


AH =  − 1 x 100
 Conta do Exercício Anterior 

Exemplo:
Valores
Estoque (ano atual) = R$ 22.520,00
Estoque (ano anterior) = R$ 4.350,00
Inflação anual = 350%

Estoque Corrigido = 4.350,00 (1+3,5) = 19.575,00

 22.520,00 
AH =  − 1 x 100 = 15%
 19.575,00 

O resultado indica que houve crescimento real de estoque, do ano anterior para o atual em
15%.
Todavia, freqüentemente a Análise Horizontal ganha sentido apenas quando aliada à vertical.
Por exemplo, o disponível pode ter crescido em valores absolutos, mas sua participação
percentual sobre o Ativo Circulante ou Total do Ativo pode ter-se mantido constante ou até
ter diminuído por causa do aumento do giro ou das dimensões da empresa.

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ANÁLISE POR ÍNDICES

Índice é a relação entre contas ou grupos de contas de Demonstrações Contábeis, que visa
evidenciar determinados aspectos da situação econômica e financeira de uma empresa,
permitindo ao analista extrair tendências e comparar índices com padrões pré-estabelecidos.
A finalidade da análise não é somente retratar o que aconteceu no passado, mas sim, também
fornecer bases para deduzir o que poderá ocorrer no futuro.

O cálculo e a avaliação do significado de cada índice, é um dos pontos mais importantes da


Análise de Balanços, pois os mesmos relacionam grupos e itens do Balanço e da
Demonstração do Resultado.

A avaliação do número encontrado, dependerá de um exame de consistência e do confronto


com índices apresentados por empresas do mesmo ramo de atividade, e de como o setor vem
se desenvolvendo.

O importante não é o cálculo do grande número de índices, mas de um conjunto de índices


que permita conhecer a situação da empresa segundo o grau de profundidade desejada da
análise, que normalmente, varia de usuário para usuário.

PRINCIPAIS ASPECTOS REVELADOS PELOS ÍNDICES FINANCEIROS

Liquidez

Situação Financeira

Estrutura

Situação Econômica Rentabilidade

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ÍNDICES DE LIQUIDEZ

Os índices desse grupo mostram a base da situação financeira da empresa. Os índices de


liquidez não são índices extraídos de fluxo de caixa que comparam as entradas e saídas de
dinheiro. São índices que, a partir do confronto dos Ativos Circulantes com as Dívidas,
procuram medir quão sólida é a base financeira da empresa.

Bons índices de liquidez significam que a empresa tem condições de ter boa capacidade de
pagar suas dívidas, mas não estará obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função
de outras variáveis.

Para que estes índices sejam considerados adequadamente convém observar dois
aspectos limitativos:

 Primeiro, os índices não revelam a qualidade dos Ativos.

 Segundo, os índices não revelam a sincronização entre recebimentos e pagamentos, ou


seja, não possibilitam identificar se os recebimentos ocorrerão em tempo para pagar
dívidas vincendas.

ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE

Fórmula

Ativo Circulante
LC =
Passivo Circulante

Este índice relaciona os recursos em reais disponíveis e os que serão convertidos dentro de
um prazo de até 360 dias, em relação as dívidas dentro do mesmo prazo.

O resultado revela até que ponto os investimentos do Ativo Circulante são suficientes ou não
para cobrir as dívidas do Passivo Circulante.

Indica: quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada R$ 1,00 de Passivo
Circulante.

Interpretação: quanto maior, melhor.

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Exemplo:
Valores:
AC = R$ 110.500,00
PC = R$ 80.600,00
110.500,00
LC = = 1,37
80.600,00

Conclusão: O índice 1,37 indica que os investimentos no Ativo Circulante são suficientes
para cobrir as dívidas de curto prazo e ainda permite uma folga de 0,37 centavos para cada
R$ 1,00 de dívida.

LIQUIDEZ GERAL
Fórmula

Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo


LG =
Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Este índice detecta a saúde financeira da empresa, no que se refere a liquidez, considerando a
curto e longo prazo.
Indica: quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada
R$ 1,00 de dívida total.
Interpretação: quanto maior, melhor.
Exemplo:
Valores:
AC = R$ 110.500,00
RLP = R$ 55.600,00
PC = R$ 80.600,00
ELP = R$ 20.450,00
110.500,00 + 55.600,00
LG = = 1,64
80.600,00 + 20.450,00

O resultado 1,64 indica que, para cada R$ 1,00 de dívida total, a empresa tem R$ 1,64 de
investimentos realizáveis, ou seja, consegue pagar suas dívidas e ainda dispõe de uma folga
ou margem de R$ 0,64 (64%).

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LIQUIDEZ SECA

O Ativo Circulante da empresa compreende investimentos de risco, enquanto o Passivo


Circulante é líquido e certo: deve ser pago no dia e na quantia combinada.

Daí a idéia de excluir do Ativo Circulante, o item de maior risco, o Estoque.

Fórmula:

Ativo Circulante − Estoque


LS =
Passivo Circulante

A finalidade deste índice é medir o grau de excelência da situação financeira da empresa. Se


o índice encontrado for abaixo do limite, segundo os padrões do ramo, pode indicar alguma
dificuldade de liquidez, porém, se ocorrer o contrário, conjugado com o índice de liquidez
corrente é um reforço à conclusão de que a empresa é um “atleta de liquidez”.

Indica: quanto a empresa possui do Ativo Circulante, para cada R$ 1,00 de dívida de curto
prazo, independente dos estoques.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

Valores:

AC = R$ 110.500,00
Estoque = R$ 56.300,00
PC = R$ 80.600,00

110.500,00 − 56.300,00
LS = = 0,67
80.600,00

O índice 0,67 indica que a empresa somente conseguiria pagar 67% de suas dívidas de curto
prazo, sem depender dos Estoques.

Obs.: Na liquidez seca, deve-se sempre levar em conta o ramo de atividade da empresa,
pois existem ramos em que não há estoques e outros que vivem basicamente de
estoques, que é o caso dos supermercados, onde o cálculo deste índice não leva a
conclusão nenhuma.

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GRAU DE SOLVÊNCIA

Este grau relaciona o total de investimentos (Total do Ativo) com o total de Capital de
Terceiros (Passivo Circulante mais o Exigível a Longo Prazo).

Fórmula:

Ativo Total
GS = x 100
Exigível Total

Indica: A capacidade da empresa em saldar suas dívidas, considerando o total


de seu Patrimônio.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

Valores:

Total do Ativo: R$ 240.150,00

Exigível Total : R$ 92.850,00

240.150,00
GS = x 100 = 258,64%
92.850,00

Conclusão: O seu patrimônio total representa 258,64% do valor total de suas dívidas.
Portanto, o total dos seus Ativos, é suficiente para cobrir 2,5 vezes suas dívidas.

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ÍNDICES DE ESTRUTURA

Os índices desse grupo mostram as grandes linhas de decisões financeiras, em termos de


obtenção e aplicação de recursos.

GRAU DE ENDIVIDAMENTO
Exigível Total
GE = x 100
Patrimônio Líquido

O grau de endividamento demonstra qual a proporção entre Capitais de Terceiros (Passivo


Circulante e Exigível a Longo Prazo) e Patrimônio Líquido utilizado pela empresa, que são as
duas fontes de recursos. É um indicador de riscos ou de dependência de terceiros, por parte da
empresa.
Também pode ser chamado de Índice de Participação de Capitais de Terceiros.

Indica: quanto a empresa tomou de Capitais de Terceiros para cada R$ 100,00 de capital
próprio investido.

Interpretação: quanto menor, melhor.

Exemplo:

Valores:
PC = R$ 80.600,00
ELP = R$ 12.250,00
PL = R$ 147.300,00

80.600,00 + 12.250,00
GE = x100 = 63%
147.300,00

O resultado mostra que em cada R$ 100,00 de Capital Próprio (Patrimônio Líquido), a


empresa tomou R$ 63,00 de Terceiros.
Obs.: A cada apreciação sobre o grau de endividamento é preciso comparar os seus índices
com padrão, isto é, verificar se o nível de endividamento da empresa, está dentro ou
fora de certos padrões de normalidade, obtidos por meio de resultados de outras
empresas do mesmo ramo.

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GRAU DE DEPENDÊNCA BANCÁRIA

Fórmula:

Instituições Financeiras
DB = x 100
Patrimônio Líquido

Indica: Proporção de endividamento bancário em relação ao Patrimônio Líquido.

Interpretação: quanto menor melhor.

Exemplo:

Valores:

Bancos = R$ 37.140,00
PL = R$ 147.300,00

37.140,00
DB = x100 = 25%
147.300,00

Conclusão: O resultado indica que em cada R$ 100,00 de Capital Próprio (P.L.) a empresa
tomou R$ 25,00 em Instituições Financeiras.

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GRAU DE IMOBILIZAÇÃO

Ativo Permanente
GI = x 100
Patrimônio Líquido

O grau de imobilização indica qual a parcela de recursos próprios (Patrimônio Líquido)


investida no Ativo Permanente.

Quanto mais a empresa investir no Ativo Permanente, menos recursos próprios sobrarão para
o Ativo Circulante e, maior será a dependência de capitais de terceiros para o financiamento
do giro da empresa.

O ideal em termos financeiros é a empresa dispor de Patrimônio Líquido suficiente para


cobrir o Ativo Permanente, o Realizável a longo prazo e ainda sobrar uma parcela para giro
da empresa.

Indica: quantos reais a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada R$ 100,00 de
Patrimônio Líquido.

Interpretação: quanto menor, melhor.

Exemplo:

Valores:

AP = R$ 108.980,00
PL = R$ 147.300,00

108.980,00
GI = x100 = 74%
147.300,00

Isto significa, que a empresa imobilizou 74% do seu Patrimônio Líquido.

Obs.: Para dizer se imobilizou muito ou pouco, necessita-se de padrões de comparação, isto
é, comparar com índices estabelecidos por empresas do mesmo ramo.

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GIRO DO ATIVO

Vendas Líquidas
GA =
Ativo Total

Indica: quanto a empresa vendeu para cada R$ 1,00 de investimento total.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

Valores:

ROL (Vendas Líquidas) = R$ 291.630,00


Ativo Total = R$ 240.150,00

291.630,00
GA = = 1,21
240.150,00

Conclusão: Cada R$ 1,00 de investimento total gerou um volume de vendas de R$ 1,21.

O sucesso de uma empresa depende em primeiro lugar de um volume de vendas adequado.

O volume de vendas tem relação direta com o montante de investimentos. Não se pode dizer
se uma empresa está vendendo pouco ou muito olhando-se apenas para o valor absoluto de
suas vendas. Uma empresa que vende R$ 100.000,00 por mês tem vendas elevadas se o seu
ativo for de R$ 40.000,00. Certamente suas vendas serão baixas se o ativo for de R$
2.000.000,00.

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ÍNDICE DE RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Fórmula:

Lucro Líquido
IR = x 100
Patrimônio Líquido

Indica: quanto a empresa obteve de lucro para cada R$ 100,00 de Capital Próprio investido.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Exemplo:

Valores:

Lucro Líquido do Exercício = 29.530,00


Patrimônio Líquido = 147.300,00

29.530,00
IR = x100 = 20%
147.300,00

Conclusão: Para cada R$ 100,00 de Capital Próprio investido, a empresa conseguiu R$


20,00 de lucro.

Este índice revela a situação econômica da empresa, se está ou não, por meio da estrutura,
gerando lucros.

O objetivo desta análise, como parte da Análise de Crédito, é a de avaliar a Taxa de Retorno
sobre o Patrimônio Líquido, isto é, qual foi o retorno sobre os recursos próprios investidos no
negócio por uma empresa.

Essa taxa pode ser comparada com a de outros rendimentos alternativos no mercado, como
Caderneta de Poupança, CDB, Ações etc, para avaliar se a empresa oferece rentabilidade
superior ou inferior.

O Lucro Líquido se acha expurgado da inflação, a Taxa de Retorno do Patrimônio Líquido é


real.

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ÍNDICES DE ATIVIDADE OU PRAZOS MÉDIOS

Basicamente são três os Índices de Prazos Médios que podem ser encontrados a partir das
Demonstrações Financeiras.

- Prazo Médio de Renovação de Estoque

Estoque Médio
PMRE = x 360
CPV

- Prazo Médio de Recebimento de Duplicatas

Duplicata a Receber Médio


PMRD = x 360
Receita Oper. Líquida

Obs.: Do valor da Receita Operacional Bruta devem ser excluídas as devoluções e vendas
canceladas.

- Prazo Médio de Pagamento ao Fornecedor

Fornecedor Médio
PMPF = x 360
Compras

Os índices de Prazos Médios não devem ser analisados individualmente, mas sempre em
conjunto, assim permitem avaliar se as políticas utilizadas pela empresa vem sendo
adequadas.

A precisão dos índices de prazos médios está diretamente ligada à uniformidade das vendas e
compras. Se a empresa tem vendas e compras aproximadamente uniformes durante o ano, os
índices de Prazos Médios calculados a partir dos dados do Balanço e da Demonstração de
Resultado refletirão satisfatoriamente a realidade. Agora, se as vendas e/ou compras
flutuantes tiverem picos e vales ou concentração em determinadas épocas do ano, os índices
poderão estar completamente distorcidos.

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Exemplo:

Valores:

Dupl. a receber, ano anterior (corrigida) = R$ 20.480,00


Dupl. a receber, ano atual = R$ 27.110,00
Estoque, ano anterior (corrigido) = R$ 19.575,00
Estoque, ano atual = R$ 22.520,00
Fornecedor, ano anterior (corrigido) = R$ 18.020,00
Fornecedor, ano atual = R$ 11.900,00
C.P.V. (Custo Prod. Vendido) = R$ 102.740,00
R.O.L. (Receita Oper. Líquida) = R$ 292.630,00
Compras = R$ 105.685,00

Compras = CPV - EI + EF

EI = Estoque Inicial (ano anterior)


EF= Estoque final (ano atual)
C = 102.740,00 - 19.575,00 + 22.520,00
C = 105.685,00

19.575,00 + 22.520,00
PMRE = 2 x 360 = 74 dias
102.740,00

20.480,00 + 27.110,00
PMRD = 2 x 360 = 29 dias
292.630,00

18.020,00 + 11.900,00
PMPF = 2 x 360 = 51 dias
105.685,00

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CICLO OPERACIONAL DE UMA INDÚSTRIA

CAIXA


"Duplicatas a Receber"
São adquiridas "Matérias-primas"
são cobradas 6 e contraídas dívidas com
1 "Fornecedores"
5



"Produtos Acabados" 4
são vendidos; são geradas
2
Despesas Administrativas, "Produtos em Elaboração":
de Vendas e Tributárias; 3 valor é acrescido às matérias-primas
são geradas são geradas "Despesas Provisionadas"
"Duplicatas a Receber" (salários, energia etc.)

"Produtos Acabados: completam-se 


os produtos; são geradas mais
"Despesas Provisionadas"

Obs.: Nota-se, na figura, acima a ausência de financiamentos bancários, porque estes são
fontes complementares de recursos e não fontes primárias que devem sempre estar
presentes no conjunto de eventos que compõem o ciclo operacional. Os empréstimos
só ocorrem quando o “CAIXA”, não é suficiente para pagamento de fornecedores,
encargos, despesas etc, em tempo necessário para completar cada etapa do ciclo.

A soma dos prazos PMRE + PMRD representa o que se chama Ciclo Operacional, ou seja, o
tempo decorrido entre compra e o recebimento da venda da mercadoria.

Graficamente tem-se:

Ciclo Operacional
compra venda recebimento

PMRE PMRD

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CICLO FINANCEIRO

Ciclo Operacional
compra venda recebimento

PMRE PMRD
Pagamento
PMPF
Ciclo Financeiro

Ciclo Operacional = PMRE + PMRD


Ciclo Financeiro = PMRE + PMRD - PMPF

O Ciclo Operacional mostra o prazo de investimento. Paralelamente ao Ciclo Operacional


ocorre o financiamento concedido pelos fornecedores, a partir do momento da compra. Até o
momento do pagamento aos fornecedores, a empresa não precisa preocupar-se com
financiamento, o qual é automático.

− Se o PMPF (Prazo Médio de Pagamento ao Fornecedor) for superior ao PMRE (Prazo


Médio de Renovação de Estoque) então os fornecedores financiarão também uma parte das
vendas. O tempo decorrido entre o momento em que a empresa paga ao fornecedor e o
momento em que recebe as vendas é o período em que a empresa precisa de
financiamento. É o chamado Ciclo Financeiro.

− No gráfico acima observa-se que os fornecedores financiam totalmente os estoques e uma


parte das vendas.

Ciclo Operacional e Financeiro, representado pelos prazos médios anteriormente.

PMRE = 74 dias
PMRD = 29 dias
PMPF = 51 dias

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Ciclo Operacional
compra 103
venda recebimento

PMRE PMRD
Pagamento 74 29
PMPF

51 Ciclo Financeiro

Conclusão: O Ciclo Operacional é de 103 dias, isto é, o período entre a compra da matéria-
prima e o recebimento das vendas, enquanto o Ciclo Financeiro é de 52 dias,
pois os fornecedores estão financiando apenas 51 dias. O ciclo financeiro é a
parcela do Ciclo Operacional que não é financiada pelos fornecedores, no qual a
empresa precisa buscar capital de giro de outras fontes.

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NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO


Capital de Giro sob uma nova ótica é o recurso investido nas contas do balanço (Ativo) ligadas
diretamente ao processo produtivo da empresa. Ex.: Estoque, Duplicatas a Receber, etc (Ativo
Circulante Operacional).
Considera-se que esse capital de giro origina-se em parte ou integralmente por aquelas contas
também ligadas ao processo produtivo da empresa, localizadas no passivo.
Ex.: Fornecedores, Salários a pagar (Passivo Circulante Operacional).

3 Quando o Capital de Giro necessário para manter o Ativo Circulante Operacional for maior
que o valor originado pelo Passivo Circulante Operacional, diz-se que a empresa tem
Necessidade de Capital de Giro (NCG).
Necessidade de Capital de Giro (NCG)
Para encontrar a necessidade de Capital de Giro de uma empresa, é preciso em primeiro lugar
reclassificar as contas do balanço, conforme abaixo:

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Financeiro Financeiro
Ativo Circulante Passivo Circulante
Operacional Operacional

Ativo Passivo
Não Não
Circulante Circulante

Ativo (Aplicação dos recursos)

Ativo Circulante Financeiro


É basicamente representado pelas Disponibilidades, Aplicações Financeiras e outras contas
Realizáveis a Curto Prazo ligadas diretamente à área financeira da empresa.

Ativo Circulante Operacional


É o grupo de contas que se renova de acordo com a produção da empresa, portanto estão
diretamente ligadas à área operacional, normalmente representadas pelas contas Duplicatas a
Receber, Estoques etc.

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Ativo não Circulante


É o grupo de contas de caráter permanente (fixas) da empresa, ou seja, aquelas que não são
movimentadas e substituídas com freqüência. São contas localizadas no Realizável a Longo
Prazo e Permanente.

Passivo (Origem dos recursos)

Passivo Circulante Financeiro


É constituído por financiamentos de curto prazo que representam fontes de recursos ocasionais
Ex.: Empréstimos/Financiamentos, Duplicatas Descontadas e outras contas que não figuram
com freqüência no Passivo Circulante.

Passivo Circulante Operacional


A exemplo do ativo, também são contas ligadas a produção e que se movimentam em função da
produção da empresa. Essas contas são constantemente renovadas Ex.: Fornecedores, Salários a
Pagar, etc.

Passivo não Circulante


São as contas consideradas permanentes, pois seus valores são mantidos com freqüência no
balanço, ou pelo menos por um longo prazo. Incluem-se nesse grupo: Exigível a Longo Prazo e
Patrimônio Líquido.

Resumo das Contas Reclassificadas

Grupos ATIVO PASSIVO


(Aplicações) (Origens)

Circulante Caixa e Banco Financiamentos a


Financeiro Curto Prazo

Circulante Clientes e Estoque Fornecedores


Operacional

R.L.P.
Não Circulante e E.L.P. e P.L.
Permanente

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Logo NCG é a diferença entre os valores do Ativo Circulante Operacional e Passivo Circulante
Operacional.

Ativo Circulante Passivo Circulante


Operacional - Operacional = N.C.G.

Os recursos necessários para financiar a NCG deveriam ser oriundos de fontes permanentes, ou
seja, a diferença entre o Passivo não Circulante e o Ativo não Circulante.

Passivo Não Ativo Não


Circulante
- Circulante
= Fundo Permanente

Quando a empresa necessitar de Capital de Giro e o saldo de Fundos Permanentes for


inexistente ou insuficiente para suprir essa necessidade, ela terá que recorrer a empréstimos de
curto prazo, representados pela diferença entre os valores do Ativo Circulante Financeiro e do
Passivo Circulante Financeiro. (Saldo de Tesouraria)

Ativo Circulante Passivo Circulante Saldo de


Financeiro - Financeiro = Tesouraria

As contas do Ativo Circulante Operacional são freqüentes nos balanços, pois uma empresa em
atividade terá sempre saldo em estoque e duplicatas a receber, portanto quando essas contas
estão sendo financiadas com empréstimos de Curto Prazo (Saldo de Tesouraria), a situação
torna-se desconfortável para a empresa, tendo em vista a pouca confiabilidade desse tipo de
empréstimo como fonte de recursos renováveis, além do alto custo financeiro.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

 Análise Financeira de Balanço


Autor: Dante C. Matarazzo
Editora Atlas - ano 1988 - 2ª edição

 Análise da Correção das Demonstrações Financeiras


Autor: Eliseu Martins
Editora Atlas - ano 1987 - 2ª edição

 Planejamento de Pequenas e Médias Empresas


Autor: Haroldo Vinagre Brasil

 Contabilidade Introdutória
Autor: Equipe de professores da FEA/USP
Editora Atlas - ano 1990 - 7ª edição

 Administração Financeira
Autor: Eliseu Martins e Alexandre Assaf Neto
Editora Atlas - ano 1985 - 1ª edição

 Manual de Contabilidade para não Contadores


Autor: Sérgio de Indícibus e José Carlos Marion
Editora Atlas - ano 1992 - 1ª edição

S/Gráfica/Cursos Bradesco/Treinet – Apostilas/Contabilidade.doc

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