CONTABILIDADE
EMPRESARIAL
E
ANÁLISE DE
BALANÇOS
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MÓDULO I
CONTABILIDADE
EMPRESARIAL
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INTRODUÇÃO
A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE
Mas são poucos aqueles que conhecem de modo claro o papel dos levantamentos contábeis
em relação aos fatos empresariais. Ainda hoje se ouve de personalidades de destaque, que a
contabilidade das empresas não lhes diz respeito e que deve ser tratada por contabilistas.
Tal atitude não é aceitável nem produtiva, pois são cada vez mais importantes as relações
entre a empresa e organizações externas, bem como ficam cada vez mais estreitas as
ligações entre as diversas funções empresariais (técnica, comercial, administrativa etc).
DEFINIÇÃO DE CONTABILIDADE
Trata-se de uma metodologia que estuda e organiza os registros dos fatos que afetam a
situação patrimonial, financeira e econômica da empresa.
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PATRIMÔNIO
É o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade, registrados no Balanço
Patrimonial.
BENS
Tudo aquilo que a empresa possui está em seu domínio. Ex. Dinheiro em Caixa, Estoques,
Veículos, Máquinas, Imóveis etc.
DIREITOS
Tudo aquilo que a empresa possui e está temporariamente sob domínio de terceiros. Ex.
Duplicatas a Receber, Impostos a Restituir, Aplicações Financeiras etc.
OBRIGAÇÕES
Tudo o que a empresa deve a terceiros. Ex. Salários e Impostos a Pagar, Financiamento,
Fornecedores etc.
BALANÇO PATRIMONIAL
Trata-se de uma demonstração estática, porque mostra a situação econômica, financeira e
patrimonial da empresa em um determinado momento.
O termo “Balanço” origina-se de balança, nos dá a idéia de equilíbrio entre os dois lados
(origem = aplicação).
O corpo do Balanço é constituído por 2 colunas. A da direita (Passivo e Patrimônio
Líquido), nos mostra a origem, ou seja, a fonte de recursos da empresa.
A coluna da esquerda (Ativo) nos mostra onde os recursos da empresa estão sendo
investidos.
Em resumo, Balanço Patrimonial, significa, demonstração de forma equilibrada dos bens,
direitos e obrigações em um único relatório, em que estão claramente evidenciados o ativo,
o passivo e o patrimônio líquido da entidade.
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☛ ATIVO
Compreende os bens e os direitos de uma empresa. São discriminados no lado esquerdo
do balanço.
☛ PASSIVO
São as obrigações a pagar, isto é, as dívidas para com terceiros. Compõem o lado direito
do balanço.
☛ PATRIMÔNIO LÍQUIDO
É formado pelos recursos dos sócios e lucros obtidos por meio da atividade da empresa,
sendo considerado capital próprio. A representação quantitativa do patrimônio líquido é
dada pela equação:
BALANÇO PATRIMONIAL
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RAZÃO
São registros dos lançamentos a débito ou crédito das contas do ativo, do passivo e do
patrimônio líquido.
Na prática não é possível preparar um balanço após cada operação, porque elas se sucedem
a cada instante, ocasionando aumentos e diminuições no ativo, no passivo e no patrimônio
líquido. Esses aumentos e diminuições são registrados em contas.
TÍTULO DA CONTA
débito crédito
A diferença entre o total de débito e o total de crédito feitos em uma conta, será chamada de
saldo. Se o valor dos débitos for superior ao valor dos créditos, a conta terá um saldo
devedor. Se acontecer o contrário, a conta terá um saldo credor.
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CONTAS DO ATIVO
Entrada de Valor - débito
Saída de Valor - crédito
CONTAS DO PASSIVO
Entrada de Valor - crédito
Saída de Valor - débito
1) Para aumentar o saldo das contas no Ativo, temos de fazer lançamentos a débito. Isso,
porque, as contas do Ativo apresentam saldo devedor.
Perceba que “saldo devedor”, em termos contábeis, significa que o saldo remanescente está
do lado do débito e não do crédito. Não podemos confundir com saldo devedor em conta-
corrente.
Por outro lado, para diminuir o saldo das contas do Ativo, faremos lançamentos a crédito.
2) As contas do Passivo e do Patrimônio Líquido, apresentam saldo credor. Isso quer dizer
que, para aumentá-las, faremos lançamentos a crédito e para diminuí-las, a débito.
PARTIDAS DOBRADAS
É o método de escrituração contábil usado universalmente, apresentado no século XII pelo
Frade Luca Paccioli.
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APRESENTAÇÃO DO BALANÇO
Se o Balanço Patrimonial fosse demostrado como um “amontoado de contas”, teríamos
dificuldade em ler, interpretar e analisá-lo. Por isso, é importante apresentar o Balanço
agrupando-se as contas de mesma característica.
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
TOTAL TOTAL
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☛ ATIVO CIRCULANTE
Agrupam-se as contas que já são dinheiro (caixa, bancos) com aquelas que se
converterão em dinheiro no curto prazo* (duplicatas a receber, estoques etc). É um
grupo com elevado grau de liquidez.
*Curto Prazo: As contas cujo prazo, para conversão em dinheiro, seja de até um ano, a
contar da data de encerramento do Balanço Patrimonial.
*Longo Prazo: As contas cujo prazo, para conversão em dinheiro, seja acima de um
ano, a contar da data de encerramento do Balanço Patrimonial.
☛ ATIVO PERMANENTE
Agrupam-se as contas que dificilmente serão transformadas em dinheiro; normalmente
não são vendidos, são utilizados como meio de consecução dos objetivos operacionais
da empresa. Aqui estão os itens com caráter de permanência da empresa.
Investimentos
São contas financeiras de caráter permanente que geram rendimentos e não são
necessárias à manutenção da atividade fundamental da empresa. Ex.: Ações de outras
empresas, imóveis a título de investimento, obras de arte etc.
Imobilizado
São itens de natureza permanente que serão utilizados para a manutenção da atividade
básica da empresa. Ex.: Edifícios, imóveis, máquinas, equipamentos, veículos etc.
Diferido
São gastos com serviços que beneficiarão resultados de exercícios futuros. Ex.: Projetos,
pesquisas, divulgação etc.
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☛ PASSIVO CIRCULANTE
Representam as dívidas com terceiros. Em primeiro lugar agrupam-se as contas que
serão pagas mais rapidamente. Ex.: salários a pagar, impostos a recolher, empréstimos e
financiamentos que vencem no curto prazo, fornecedores de mercadorias etc.
☛ PATRIMÔNIO LÍQUIDO
São os recursos dos proprietários aplicados na empresa. Os recursos significam o capital
social mais o seu rendimento - lucros ou prejuízos acumulados e reservas.
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R$
Receita Operacional Bruta
( = ) Resultado Bruto
( - ) Despesas Operacionais
( = ) Resultado Operacional
( = ) Resultado Líquido
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☛ DEDUÇÕES
São impostos que incidem sobre o faturamento bruto (IPI, ISS, ICMS etc); abatimentos
concedidos, vendas canceladas ou devoluções de mercadorias, cujos valores são
deduzidos da Receita Operacional Bruta.
Exemplo:
Matéria-prima, mão-de-obra, material de embalagem, energia elétrica etc.
☛ RESULTADO BRUTO
É o resultado da Receita Operacional Líquida menos o C.P.V.
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☛ DESPESAS OPERACIONAIS
São despesas decorrentes da atividade principal da empresa, podendo ser classificadas
em:
Despesas Administrativas:
Representam os gastos com a direção ou administração da empresa, como:
➨ honorários da administração;
➨ salários e encargos do pessoal;
➨ material de escritório;
➨ impostos e taxas etc.
☛ RESULTADO OPERACIONAL
É o resultado (lucro ou prejuízo) obtido por meio da atividade principal da empresa.
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☛ RESULTADO
Será lucro quando as receitas forem maiores que as despesas.
DRE
Receita – Crédito
Despesa – Débito
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☛ COMPRA DE MERCADORIAS
Débito
Conta estoques.
Crédito
Conta caixa ou fornecedores.
débito crédito
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☛ VENDA DE MERCADORIAS
Crédito
Conta de receita operacional pelo valor total da venda.
Débito
Conta caixa ou duplicatas a receber pelo valor total da venda.
Crédito
Conta estoques pelo custo dos produtos vendidos.
Débito
Conta custo dos produtos vendidos.
débito crédito
débito crédito
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Depreciação é a perda da capacidade produtiva dos bens. Como a maior parte dos elementos
do ativo imobilizado tem a sua vida útil limitada no tempo, o custo correspondente deve ser
rateado e distribuído pelos períodos de sua vida útil estimada. Esse procedimento é
conhecido como:
Depreciação
Quando se referir à amortização de bens tangíveis como edifícios, máquinas e
equipamentos, veículos etc.
A tendência de um grande número de empresas é simplesmente adotar as taxas admitidas
pela Legislação Fiscal, cujos critérios básicos de depreciação estão consolidados no
Regulamento do Imposto de Renda. Abaixo relacionamos algumas taxas anuais de
depreciação, constantes de publicações da Secretaria da Receita Federal:
Procedimento Contábil
Débito
Despesas operacionais ou custo dos produtos.
Crédito
Conta de depreciação acumulada no ativo imobilizado.
crédito débito
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☛ PROCEDIMENTO CONTÁBIL
Débito
Despesas do exercício seguinte pelo valor total gasto.
Crédito
Conta caixa.
No final de cada período beneficiado pelo gasto:
Débito
Despesas operacionais (pelo valor proporcional).
Crédito
Despesas do exercício seguinte.
DESP. OPERACIONAIS
2) Débito
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RECEITAS ANTECIPADAS
São recebimentos adiantados que vão gerar um passivo para uma prestação de serviço futura
ou a entrega posterior de bens. Integram o grupo Resultado de Exercícios Futuros, cuja
denominação de conta mais comum é Receitas Antecipadas.
☛ PROCEDIMENTO CONTÁBIL
Débito
Caixa (pelo valor total recebido).
Crédito
Receitas antecipadas.
Débito
Receitas antecipadas.
Crédito
Receitas operacionais.
RECEITAS OPERACIONAIS
Crédito 2)
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RESERVAS
São constituídas para complementar o capital na formação do patrimônio líquido das
empresas. Podem ser:
Reservas de capital
São constituídas com valores recebidos pela empresa e que não transitam pelo resultado
como receitas, por se referirem a valores destinados a reforço de capital. Como exemplo
temos o ágio na emissão de ações, as doações recebidas e a correção monetária do
capital realizado.
Reservas de reavaliação
Constituídas pelas reavaliações dos ativos a preços de mercado.
Reservas de lucros
Constituídas após a apuração do resultado com o objetivo de dar proteção aos
acionistas. As principais são a reserva legal, a estatutária, a de contingências etc.
PROVISÕES
Elementos de redução do ativo ou verdadeiro passivo. Representam despesas já incorridas,
com total, muitas vezes, apenas estimado e, portanto, deverão ter como contrapartida um
débito em conta de despesa.
Exemplos:
Provisões para devedores duvidosos de duplicatas a receber e provisão para imposto de
renda.
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MÓDULO II
ANÁLISE DE
BALANÇOS
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A análise não pára nos itens elencados acima. Após a apuração desses índices, teremos à
mão uma gama de informações que poderão ser confirmadas por meio de visitas, informações
cadastrais e gerenciais, que aliadas ao seu conhecimento a respeito da empresa, lhe darão
condições mais confiáveis para operar com as mesmas.
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ANÁLISE VERTICAL
A Análise Vertical é importante para todas as demonstrações contábeis, principalmente para
o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício.
Tem por objetivo fornecer a representatividade em porcentagem de cada conta em relação à
Demonstração Contábil a que pertence e, por meio da comparação com padrões do ramo ou
com percentuais da própria empresa em anos anteriores, observar se há itens fora das
proporções normais.
Observe que os percentuais a Análise Vertical, nos permite ter uma visão interpretativa, que é
extremamente difícil nos valores absolutos.
BALANÇO PATRIMONIAL
Fórmula
Conta
AV = x 100
Total Ativo / Passivo
Exemplo:
Estoque = R$ 22.520,00
Total do Ativo = R$ 248.730,00
22.520,00
AV = x 100 = 9%
248.730,00
O resultado acima mostra que do total de Ativos que a empresa possui, 9% estão investidos
em estoques.
Fórmula:
Conta
AV = x 100
Receita Operacional Líquida
(Vendas / Faturamento)
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Exemplo:
C.P.V. = R$ 102.740,00
R.O.L. = R$ 291.630,00
102.740,00
AV = x 100 = 35%
291.630,00
O resultado mostra que o Custo dos Produtos Vendidos é de 35% em relação às Vendas,
portanto conclui-se que a Margem Bruta (Lucro Bruto) é de 65%.
Ao se efetuar a análise das Contas de Resultados, deve-se atentar aos seguintes itens:
Margem Bruta, Margem Operacional e Margem Líquida, que são termômetros para análise
dos demais itens. Assim, por exemplo, se a Margem Operacional de uma empresa for de 28%
e a Margem Líquida de 2%, conclui-se que houveram contas (Despesas não operacionais) que
afetaram o resultado significativamente.
Fórmulas:
Resultado Bruto
Margem Bruta = x 100
Receita Operacional Líquida
Resultado Operacional
Margem Operacional = x 100
Receita Operacional Líquida
Resultado Líquido
Margem Líquida = x 100
Receita Operacional Líquida
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É o montante ou conjunto de recursos que não está imobilizado. Estes recursos estão em
constante movimentação no dia-a-dia da empresa para compra de matéria-prima, pagamento
de impostos, salários e outras despesas. Para realização destes compromissos é necessário ter
Capital de Giro, que não se limita somente ao numerário “em Caixa”, mas também são
considerados os valores que serão transformados em numerário dentro de certo espaço de
tempo (um exercício social).
Circulante {
Capital de Giro
ou
ATIVO
CIRCULANTE
PATRIMÔNIO
ATIVO
LÍQUIDO
PERMANENTE
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O Capital Circulante Líquido (CCL) representa a folga financeira a curto prazo, ou seja, são
recursos que a empresa dispõe para o seu giro e que não serão exigíveis naquele exercício.
Sendo uma equação aritmética, seu resultado pode ser positivo ou negativo, indicando se a
empresa está numa situação favorável ou não. Porém, é necessário considerar o perfil setorial
e a natureza do negócio, por exemplo, há setores que têm como característica vender à vista e
comprar a prazo. Outros, fazem o contrário por imposição de seu mercado. Outros ainda,
devem pedir adiantamento a seus clientes, ou devem fazer adiantamento a seus fornecedores.
Tudo, enfim, acaba por delinear o Capital de Giro e o Capital de Giro Líquido da empresa.
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
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O Capital de Giro Próprio (CGP) é a parcela do Capital de Giro (Ativo Circulante) que é
financiada por recursos próprios da empresa. Em outras palavras, é a parte do Patrimônio
Líquido que não está investida no Ativo Permanente ou no Realizável a Longo Prazo.
Partindo deste entendimento, temos a seguinte equação aritmética.
Portanto, o resultado pode ser positivo ou negativo, sendo que para sua análise deve ser
sempre lembrado o ramo de atividade que a empresa está inserida.
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE
CIRCULANTE
Exigível a Longo Prazo
CGP>0 {
Realizável a Longo Prazo
PATRIMÔNIO
ATIVO LÍQUIDO
PERMANENTE
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE
CIRCULANTE
ATIVO PATRIMÔNIO
PERMANENTE LÍQUIDO
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ANÁLISE HORIZONTAL
Tem por objetivo avaliar a evolução ou involução das contas do Balanço Patrimonial e da
Demonstração de Resultados, de um exercício para outro ou de vários exercícios seguidos.
Esta comparação permite perceber o “comportamento” da empresa no mercado e as
tendências para o futuro.
Quando há a comparação de índices ou de contas de uma série de exercícios, ocorre o
problema da inflação, por estar comparando valores cujo poder aquisitivo da moeda é
diferente em cada período. Portanto, para efetuar o cálculo da variação percentual dos itens a
serem analisados, o primeiro passo é converter os valores em moeda do último ano (mesmo
poder aquisitivo) corrigindo monetariamente as contas a serem analisadas. Esta técnica de
inflacionar é a mais recomendada, porém pode-se também trazer os valores do ano atual para
o ano anterior fazendo o deflacionamento.
Exemplo:
Valores
Estoque (ano atual) = R$ 22.520,00
Estoque (ano anterior) = R$ 4.350,00
Inflação anual = 350%
22.520,00
AH = − 1 x 100 = 15%
19.575,00
O resultado indica que houve crescimento real de estoque, do ano anterior para o atual em
15%.
Todavia, freqüentemente a Análise Horizontal ganha sentido apenas quando aliada à vertical.
Por exemplo, o disponível pode ter crescido em valores absolutos, mas sua participação
percentual sobre o Ativo Circulante ou Total do Ativo pode ter-se mantido constante ou até
ter diminuído por causa do aumento do giro ou das dimensões da empresa.
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Índice é a relação entre contas ou grupos de contas de Demonstrações Contábeis, que visa
evidenciar determinados aspectos da situação econômica e financeira de uma empresa,
permitindo ao analista extrair tendências e comparar índices com padrões pré-estabelecidos.
A finalidade da análise não é somente retratar o que aconteceu no passado, mas sim, também
fornecer bases para deduzir o que poderá ocorrer no futuro.
Liquidez
Situação Financeira
Estrutura
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ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Bons índices de liquidez significam que a empresa tem condições de ter boa capacidade de
pagar suas dívidas, mas não estará obrigatoriamente, pagando suas dívidas em dia em função
de outras variáveis.
Para que estes índices sejam considerados adequadamente convém observar dois
aspectos limitativos:
Fórmula
Ativo Circulante
LC =
Passivo Circulante
Este índice relaciona os recursos em reais disponíveis e os que serão convertidos dentro de
um prazo de até 360 dias, em relação as dívidas dentro do mesmo prazo.
O resultado revela até que ponto os investimentos do Ativo Circulante são suficientes ou não
para cobrir as dívidas do Passivo Circulante.
Indica: quanto a empresa possui no Ativo Circulante para cada R$ 1,00 de Passivo
Circulante.
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Exemplo:
Valores:
AC = R$ 110.500,00
PC = R$ 80.600,00
110.500,00
LC = = 1,37
80.600,00
Conclusão: O índice 1,37 indica que os investimentos no Ativo Circulante são suficientes
para cobrir as dívidas de curto prazo e ainda permite uma folga de 0,37 centavos para cada
R$ 1,00 de dívida.
LIQUIDEZ GERAL
Fórmula
Este índice detecta a saúde financeira da empresa, no que se refere a liquidez, considerando a
curto e longo prazo.
Indica: quanto a empresa possui no Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para cada
R$ 1,00 de dívida total.
Interpretação: quanto maior, melhor.
Exemplo:
Valores:
AC = R$ 110.500,00
RLP = R$ 55.600,00
PC = R$ 80.600,00
ELP = R$ 20.450,00
110.500,00 + 55.600,00
LG = = 1,64
80.600,00 + 20.450,00
O resultado 1,64 indica que, para cada R$ 1,00 de dívida total, a empresa tem R$ 1,64 de
investimentos realizáveis, ou seja, consegue pagar suas dívidas e ainda dispõe de uma folga
ou margem de R$ 0,64 (64%).
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LIQUIDEZ SECA
Fórmula:
Indica: quanto a empresa possui do Ativo Circulante, para cada R$ 1,00 de dívida de curto
prazo, independente dos estoques.
Exemplo:
Valores:
AC = R$ 110.500,00
Estoque = R$ 56.300,00
PC = R$ 80.600,00
110.500,00 − 56.300,00
LS = = 0,67
80.600,00
O índice 0,67 indica que a empresa somente conseguiria pagar 67% de suas dívidas de curto
prazo, sem depender dos Estoques.
Obs.: Na liquidez seca, deve-se sempre levar em conta o ramo de atividade da empresa,
pois existem ramos em que não há estoques e outros que vivem basicamente de
estoques, que é o caso dos supermercados, onde o cálculo deste índice não leva a
conclusão nenhuma.
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GRAU DE SOLVÊNCIA
Este grau relaciona o total de investimentos (Total do Ativo) com o total de Capital de
Terceiros (Passivo Circulante mais o Exigível a Longo Prazo).
Fórmula:
Ativo Total
GS = x 100
Exigível Total
Exemplo:
Valores:
240.150,00
GS = x 100 = 258,64%
92.850,00
Conclusão: O seu patrimônio total representa 258,64% do valor total de suas dívidas.
Portanto, o total dos seus Ativos, é suficiente para cobrir 2,5 vezes suas dívidas.
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ÍNDICES DE ESTRUTURA
GRAU DE ENDIVIDAMENTO
Exigível Total
GE = x 100
Patrimônio Líquido
Indica: quanto a empresa tomou de Capitais de Terceiros para cada R$ 100,00 de capital
próprio investido.
Exemplo:
Valores:
PC = R$ 80.600,00
ELP = R$ 12.250,00
PL = R$ 147.300,00
80.600,00 + 12.250,00
GE = x100 = 63%
147.300,00
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Fórmula:
Instituições Financeiras
DB = x 100
Patrimônio Líquido
Exemplo:
Valores:
Bancos = R$ 37.140,00
PL = R$ 147.300,00
37.140,00
DB = x100 = 25%
147.300,00
Conclusão: O resultado indica que em cada R$ 100,00 de Capital Próprio (P.L.) a empresa
tomou R$ 25,00 em Instituições Financeiras.
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GRAU DE IMOBILIZAÇÃO
Ativo Permanente
GI = x 100
Patrimônio Líquido
Quanto mais a empresa investir no Ativo Permanente, menos recursos próprios sobrarão para
o Ativo Circulante e, maior será a dependência de capitais de terceiros para o financiamento
do giro da empresa.
Indica: quantos reais a empresa aplicou no Ativo Permanente para cada R$ 100,00 de
Patrimônio Líquido.
Exemplo:
Valores:
AP = R$ 108.980,00
PL = R$ 147.300,00
108.980,00
GI = x100 = 74%
147.300,00
Obs.: Para dizer se imobilizou muito ou pouco, necessita-se de padrões de comparação, isto
é, comparar com índices estabelecidos por empresas do mesmo ramo.
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GIRO DO ATIVO
Vendas Líquidas
GA =
Ativo Total
Exemplo:
Valores:
291.630,00
GA = = 1,21
240.150,00
O volume de vendas tem relação direta com o montante de investimentos. Não se pode dizer
se uma empresa está vendendo pouco ou muito olhando-se apenas para o valor absoluto de
suas vendas. Uma empresa que vende R$ 100.000,00 por mês tem vendas elevadas se o seu
ativo for de R$ 40.000,00. Certamente suas vendas serão baixas se o ativo for de R$
2.000.000,00.
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Fórmula:
Lucro Líquido
IR = x 100
Patrimônio Líquido
Indica: quanto a empresa obteve de lucro para cada R$ 100,00 de Capital Próprio investido.
Exemplo:
Valores:
29.530,00
IR = x100 = 20%
147.300,00
Este índice revela a situação econômica da empresa, se está ou não, por meio da estrutura,
gerando lucros.
O objetivo desta análise, como parte da Análise de Crédito, é a de avaliar a Taxa de Retorno
sobre o Patrimônio Líquido, isto é, qual foi o retorno sobre os recursos próprios investidos no
negócio por uma empresa.
Essa taxa pode ser comparada com a de outros rendimentos alternativos no mercado, como
Caderneta de Poupança, CDB, Ações etc, para avaliar se a empresa oferece rentabilidade
superior ou inferior.
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Basicamente são três os Índices de Prazos Médios que podem ser encontrados a partir das
Demonstrações Financeiras.
Estoque Médio
PMRE = x 360
CPV
Obs.: Do valor da Receita Operacional Bruta devem ser excluídas as devoluções e vendas
canceladas.
Fornecedor Médio
PMPF = x 360
Compras
Os índices de Prazos Médios não devem ser analisados individualmente, mas sempre em
conjunto, assim permitem avaliar se as políticas utilizadas pela empresa vem sendo
adequadas.
A precisão dos índices de prazos médios está diretamente ligada à uniformidade das vendas e
compras. Se a empresa tem vendas e compras aproximadamente uniformes durante o ano, os
índices de Prazos Médios calculados a partir dos dados do Balanço e da Demonstração de
Resultado refletirão satisfatoriamente a realidade. Agora, se as vendas e/ou compras
flutuantes tiverem picos e vales ou concentração em determinadas épocas do ano, os índices
poderão estar completamente distorcidos.
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Exemplo:
Valores:
Compras = CPV - EI + EF
19.575,00 + 22.520,00
PMRE = 2 x 360 = 74 dias
102.740,00
20.480,00 + 27.110,00
PMRD = 2 x 360 = 29 dias
292.630,00
18.020,00 + 11.900,00
PMPF = 2 x 360 = 51 dias
105.685,00
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CAIXA
"Duplicatas a Receber"
São adquiridas "Matérias-primas"
são cobradas 6 e contraídas dívidas com
1 "Fornecedores"
5
"Produtos Acabados" 4
são vendidos; são geradas
2
Despesas Administrativas, "Produtos em Elaboração":
de Vendas e Tributárias; 3 valor é acrescido às matérias-primas
são geradas são geradas "Despesas Provisionadas"
"Duplicatas a Receber" (salários, energia etc.)
Obs.: Nota-se, na figura, acima a ausência de financiamentos bancários, porque estes são
fontes complementares de recursos e não fontes primárias que devem sempre estar
presentes no conjunto de eventos que compõem o ciclo operacional. Os empréstimos
só ocorrem quando o “CAIXA”, não é suficiente para pagamento de fornecedores,
encargos, despesas etc, em tempo necessário para completar cada etapa do ciclo.
A soma dos prazos PMRE + PMRD representa o que se chama Ciclo Operacional, ou seja, o
tempo decorrido entre compra e o recebimento da venda da mercadoria.
Graficamente tem-se:
Ciclo Operacional
compra venda recebimento
PMRE PMRD
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CICLO FINANCEIRO
Ciclo Operacional
compra venda recebimento
PMRE PMRD
Pagamento
PMPF
Ciclo Financeiro
PMRE = 74 dias
PMRD = 29 dias
PMPF = 51 dias
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Ciclo Operacional
compra 103
venda recebimento
PMRE PMRD
Pagamento 74 29
PMPF
51 Ciclo Financeiro
Conclusão: O Ciclo Operacional é de 103 dias, isto é, o período entre a compra da matéria-
prima e o recebimento das vendas, enquanto o Ciclo Financeiro é de 52 dias,
pois os fornecedores estão financiando apenas 51 dias. O ciclo financeiro é a
parcela do Ciclo Operacional que não é financiada pelos fornecedores, no qual a
empresa precisa buscar capital de giro de outras fontes.
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3 Quando o Capital de Giro necessário para manter o Ativo Circulante Operacional for maior
que o valor originado pelo Passivo Circulante Operacional, diz-se que a empresa tem
Necessidade de Capital de Giro (NCG).
Necessidade de Capital de Giro (NCG)
Para encontrar a necessidade de Capital de Giro de uma empresa, é preciso em primeiro lugar
reclassificar as contas do balanço, conforme abaixo:
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Financeiro Financeiro
Ativo Circulante Passivo Circulante
Operacional Operacional
Ativo Passivo
Não Não
Circulante Circulante
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R.L.P.
Não Circulante e E.L.P. e P.L.
Permanente
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Logo NCG é a diferença entre os valores do Ativo Circulante Operacional e Passivo Circulante
Operacional.
Os recursos necessários para financiar a NCG deveriam ser oriundos de fontes permanentes, ou
seja, a diferença entre o Passivo não Circulante e o Ativo não Circulante.
As contas do Ativo Circulante Operacional são freqüentes nos balanços, pois uma empresa em
atividade terá sempre saldo em estoque e duplicatas a receber, portanto quando essas contas
estão sendo financiadas com empréstimos de Curto Prazo (Saldo de Tesouraria), a situação
torna-se desconfortável para a empresa, tendo em vista a pouca confiabilidade desse tipo de
empréstimo como fonte de recursos renováveis, além do alto custo financeiro.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Contabilidade Introdutória
Autor: Equipe de professores da FEA/USP
Editora Atlas - ano 1990 - 7ª edição
Administração Financeira
Autor: Eliseu Martins e Alexandre Assaf Neto
Editora Atlas - ano 1985 - 1ª edição
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