gênese freudiana
9 de junho de 2015 Hudson Eygo Livro, Cinema, TV & Literatura
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Aos 26 anos Sigmund Freud recebeu seu diploma de medicina e, tendo-se casado
1886, precisou abandonar a carreira teórica em busca de melhores salários, desse
modo ele se tornou interno no principal hospital de Viena onde fez o curso de
Psiquiatria. Ainda apaixonado pelas explorações científicas, entre 1884 e 1887
Freud realizou pesquisas relevantes sobre a cocaína e seu efeito no Sistema
Nervoso Central, mas logo ele mudou essa posição ao constatar os malefícios de
suas propriedades viciantes, interrompendo essa pesquisa (FADMAN & FRAGER,
1986, p.04).
Freud dedica sua vida a desenvolver, ampliar e consolidar sua teoria. Em 1900 ele
publica um de seus trabalhos mais revolucionários, a Interpretação de Sonhos.
Logo uma serie de médicos interessados pelo seu trabalho formam um circulo em
torno de Sigmund Freud e a psicanalise é disseminada, após sua conferencia em
1910 nos Estados Unidos da América (EUA), suas obras são traduzidas para o
inglês e sua teoria é disseminada pelo mundo, influenciando principalmente a
Medicina, a Psiquiatria e a Psicologia (FADMAN & FRAGER, 1986, p.05).
1ª Lição
Na primeira lição, Freud fala de seu trabalho com o médico Joseph Breuer (1842 –
1925), e confessa ter sido o próprio Breuer o primeiro a utilizar a técnica que,
tempos depois, viria a ser chamada de Psicanálise.
O primeiro caso relatado por Freud, diz de uma jovem vienense, 21 anos com um
quadro sintomatológico muito particular:
É importante ressaltar que, como mencionado pelo próprio Freud (1910, p.9), para
a medicina daquele período, os quadros de histeria eram descreditados, e/ou
enfrentados com descaso pela comunidade médica. Comparado com alguém que
apresentava um quadro patológico com causa orgânica comprovada via exame
objetivo, o paciente histérico era deixado para segundo plano, “pois não obstante
as aparências, o mal daquele é muito menos grave” (idem).
[…] A própria paciente, que nesse período da moléstia só falava e entendia inglês,
deu a esse novo gênero de tratamento o nome de `talking cure’ (cura de
conversação) qualificando-o também, por gracejo, de `chimney sweeping’ (limpeza
da chaminé) (Freud, 1910, p.09).
A análise do caso levou Freud a concluir que “onde existe um sintoma, existe
também uma amnésia, uma lacuna da memória, cujo preenchimento suprime as
condições que conduzem à produção do sintoma”(FREUD, 1910, p.14).
Freud e Breuer ainda notaram que, nem sempre, o sintoma histérico era causado
por um único evento. Comumente, estes quadros patogênicos eram resultados de
cadeias de traumas interligados de forma análoga e repetida. A cura, portanto, se
dava pela reprodução dos traumas psíquicos em ordem cronológica inversa, ou
seja, do ultimo trauma para o primeiro, até chegar-se ao evento traumático
originário do transtorno (idem).
2ª Lição
Freud relata a forte influencia das pesquisas de Charcot sobra à histeria exerceram
em seu trabalho e a necessidade que ele teve em abandonar o método da hipnose
em seus atendimentos, uma vez que nem todos os seus pacientes era
sugestionáveis à hipnose e pelo caráter de não cientificidade da técnica utilizada
por Breuer.
Uma vez que o conteúdo reprimido retorna à consciência, ou seja, após desfeitas
as resistências – o que se da por meio da análise psicanalítica – o conflito psíquico
se desfaz, dando fim ao sintoma. Freud entende que existem três mecanismos
relacionados com fim do sintoma (cura da neurose),
Esse material associativo que o doente rejeita como insignificante, quando em vez
de estar sob a influência do médico está sob a da resistência, representa para o
psicanalista o minério de onde com simples artifício de interpretação há de extrair
o metal precioso(FREUD, 1910, p. 21).
Para Freud (1910, p.23), os pesadelos, contudo, não se contrapõem ao que foi dito
até agora, mas eles demostram uma clara relação com a ansiedade para realizar o
desejo reprimido. do neurótico. Pode-se concluir que a interpretação de sonhos,
quando não a não nos direcionam para o excesso de resistências do paciente,
leva-nos ao conhecimento dos seus desejos ocultos e reprimidos, como no caso
dos pesadelos.
Outro elemento de peso na análise dos conteúdos inconsciente são os atos falhos.
Eventos cotidianos sem importância aparente, mas que para a psicanálise, dado o
Determinismo Psíquico, tem forte relevância. Como o esquecimento de coisas que
deveriam saber (como nome de pessoas próximas), ou lapsos de linguagem, além
de gestos rotineiros (manias) como piscar um olho, roer unha, etc., são elementos
fundamentais da clínica psicanalítica por serem de fácil interpretação e terem
relação direta com o trauma reprimido. Para o autor, esses atos/impulsos dizem de
conteúdos que deveria permanecer reprimidos no inconsciente. Eles são de
grande valor, pois “testemunham a existência da repressão e da substituição
mesmo na saúde perfeita” (FREUD, 1910, p.24).
4ª Lição
Nessa lição Freud alude para o fato de como a teoria psicanalítica relaciona os
sintomas mórbidos com a vida erótica do paciente. Para ele, o sintoma tem ligação
direta com componentes instintivos eróticos, logo, as “perturbações do erotismo
têm a maior importância entre as influências que levam à moléstia, tanto num
como noutro sexo” (FREUD, 1910, p. 26).
Na quarta lição Freud aborda a ligação dos sintomas mórbidos com a vida erótica
do paciente, contudo, ele alega uma grande dificuldade em se conceber –
principalmente para a medicina – que o quadro patológico do paciente tenha
relação direta com sua vida sexual. Freud chega a afirmar que sua experiência
clínica não lhe deixa dúvidas (1910, p. 26). Certo de sua premissa, ele alega que
uma das principais dificuldades do tratamento psicanalítico é o fato de as pessoas
terem dificuldade em falar abertamente de sua vida sexual. Comumente eles
omitiam detalhes e/ou distorciam informações, o que, segundo ele, diz de uma
tendência social, e não exclusiva de seus pacientes. Logo, eles apenas repetiam
um modelo que já existe há séculos, uma espécie de pacto coletivo, que nos
impede de falar da vida erótica sem restrições (idem).
Ainda nesta lição ele faz uma afirmação ainda hoje criticada pela sociedade: a
constatação da sexualidade infantil. Para o autor,
A criança possui, desde o princípio, o instinto e as atividades sexuais. […] Não são
difíceis de observar as manifestações da atividade sexual infantil; ao contrário,
para deixá-las passar desapercebidas ou incompreendidas é que é preciso certa
arte(FREUD, 1910, p. 27).
5ª Lição
Nesta lição Freud ainda identifica três mecanismos pelos quais ele acredita que o
sintoma neurótico pode ser desfeito:
Por ultimo ele aponta a plasticidade, uma característica nata do ser humano: a
plasticidade dos instintos sexuais por intermédio da sublimação contínua e cada
vez mais intensa das pulsões (idem).
Em última análise