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Se confirmado o envolvimento de Bolsonaro no caso de corrupção, o humor do
Congresso pode se virar contra ele
Escândalo na tragédia
Não bastasse a catástrofe sanitária, a CPI da Covid agora tem de investigar a denúncia
de um deputado bolsonarista que acusa o governo de corrupção na compra de vacinas
indianas. Ele diz que avisou Bolsonaro
25.06.21
ANDRÉ SPIGARIOL
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Apesar das advertências, o presidente avalizou a assinatura do
contrato e, em 25 de fevereiro, o documento foi finalmente
assinado com a nebulosa Precisa Medicamentos, contratada
de maneira atípica pelo Ministério da Saúde para o
fornecimento de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, do
laboratório indiano Bharat Biotech. Em qualquer governo sério
do mundo, caberia ao presidente da República tomar
providências para ao menos saber se a aquisição dos
imunizantes poderia ser lesiva aos cofres públicos. Ou, se
como advertiu o deputado, havia indícios de práticas pouco
republicanas na negociação. Mas Bolsonaro teria feito ouvidos
moucos para os alertas, que prosseguiram.
®® O
deputado Luis Miranda diz que alertou Bolsonaro ao menos
três vezes sobre irregularidades na compra das vacinas
indianas
Antes de ser recebido pelo presidente no Alvorada, o
deputado, que até esta semana integrava a base mais fiel de
Bolsonaro no Congresso, registrou por escrito qual seria o
tema da conversa, justamente para conferir ao encontro a
relevância necessária. A um assessor presidencial, mandou a
seguinte mensagem: “Avise ao PR (presidente da
República) que está rolando um esquema de corrupção
pesado na aquisição das vacinas dentro do Ministério da
Saúde. Tenho provas e as testemunhas. Sacanagem da p… a
pressão toda sobre o presidente e esses ‘FDPs’ roubando”. Em
resposta, o assessor do Planalto enviou a imagem de uma
bandeira do Brasil. Uma hora depois, Luis Miranda
reforçou: “Não esquece de avisar o presidente. Depois, não
quero ninguém dizendo que eu implodi a República. Já tem PF
e o c. no caso. Ele precisa saber e se antecipar”.
O Planalto, mais uma vez, não se moveu e o presidente
entabulou uma promessa. Afirmou a Miranda, nas palavras do
deputado, que “ele comunicaria a Polícia Federal
imediatamente”. Mas não há nenhum registro na PF de
investigação ou inquérito aberto sobre a compra da vacina
indiana Covaxin. Ou seja, o presidente, novamente, preferiu
lavar as mãos – o que, na letra fria da lei, pode significar um
grande problema para ele, já que deixar de agir mediante
indícios de crime contra a administração pública configura
crime.
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carta branca dada ao ex-juiz Sergio Moro, então ministro da
Justiça, designou um procurador-geral da República fora da
lista da lista tríplice para atuar de acordo com seus interesses
à frente do Ministério Público Federal, aliou-se a figuras
controversas do Judiciário nacional e não só interveio como
aparelhou a PF para proteger a primeira-família, em especial
seu filho 01, Flavio Bolsonaro, apanhado em um esquema de
rachid na na Assembleia do Rio. Por tudo isso, nada do que
vem à tona agora chega a surpreender. O que muda,
sobretudo do ponto de vista político, é o possível
envolvimento pessoal do presidente da República com um
caso claro e manifesto de corrupção.
Mateus
Bonomi/Agif/Folhapress
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Ricardo Barros apresentou a emenda que abriu caminho para
o negócio
A julgar pelos movimentos que fez ao longo da semana, o
deputado parece disposto a contar tudo o que sabe. A
interlocutores, Miranda revelou ter novas informações que
seriam explosivas. Uma delas envolve a Madison Biotech,
sediada em Cingapura e criada em fevereiro de 2020, no
mesmo endereço de outras 600 empresas. Suspeita-se que
seja uma empresa de fachada. A offshore seria utilizada pela
Precisa Medicamentos para receber um adiantamento de uma
bolada milionária do contrato com a Covaxin. Em 19 de
março, a Madison emitiu uma nota fiscal para o Ministério da
Saúde no valor de 45 milhões de dólares, que deveriam ser
pagos de forma antecipada, por um lote de 3 milhões de
vacinas. A cobrança não estava nem sequer prevista no
contrato firmado pelo governo com a Precisa. O pagamento só
não foi feito porque a burocracia da pasta estranhou e impôs
obstáculos ao pagamento.
A empresa, com capital social de mil dólares de Cingapura e
cujas ações pertencem à Biovet, uma firma indiana
responsável por produzir vacinas para gado, ainda emitiu uma
segunda fatura para pagamento antecipado no mesmo dia.
Foi esse documento que o irmão de Luis Miranda, funcionário
da Saúde, se recusou a assinar para autorizar a ordem de
pagamento – por isso, segundo o parlamentar, ele foi
perseguido internamente. O acordo com a Precisa excluía a
possibilidade de pagamento antecipado e previa a entrega do
primeiro lote com 4 milhões de vacinas no prazo de 20 dias
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após a assinatura. O papelório já está em poder da CPI. “Esse
documento sem dúvida seria uma prova fundamental, porque
o contrato com a Precisa prevê pagamento após a entrega e aí
se cria uma pressa para pagamento antecipado, totalmente
fora do contrato. É uma coisa gravíssima”, afirmou o senador
Alessandro Vieira, integrante da comissão.
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perguntar: ‘E aí, a empresa mandou documentação?’, ‘Como é
que tá?’, ‘Cobra a empresa’”. Ele também afirmou que era
pressionado constantemente pelo coronel Alex Lial,
coordenador da área e homem de confiança do então ministro
Eduardo Pazuello.
Eduardo Matysiak/Futura
Press/Folhapress
Reação
de Onyx Lorenzoni deu a medida do desespero do governo
A Precisa, juntamente com outras empresas do grupo, é
conhecida por contratos estranhos na área de saúde. No curso
de um inquérito civil, o Ministério Público Federal identificou
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indícios de crime em um negócio fechado pelo grupo com o
Ministério da Saúde na época em que Ricardo Barros, o atual
líder do governo Bolsonaro na Câmara, era ministro. Entre as
irregularidades sob investigação, estão cláusulas benevolentes
e quebra contratual, com desrespeito aos prazos acertados.
Ricardo Barros é um dos alvos da apuração. A firma também é
investigada por vender testes de Covid a preços supostamente
superfaturados para o governo do Distrito Federal. A aquisição
da Covaxin também já havia virado objeto de investigação
antes mesmo dos relatos do deputado bolsonarista. Entre os
motivos da apuração, está o valor negociado com o ministério:
15 dólares, ou 80,7 reais, por dose. Para efeito de comparação,
a dose da vacina da Pfizer custou aos cofres públicos 56,3
reais.
Além dos fios desencapados do contrato e de a Covaxin ter
sido negociada em tempo recorde, chama a atenção a
maneira como a compra foi feita – a vacina indiana foi a
terceira a ser contratada pelo governo federal, logo depois da
fórmula da AstraZeneca e da Coronavac. Nas outras
aquisições, o Ministério da Saúde fechou diretamente com os
fabricantes.
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histórico de falcatruas junto ao governo, a Global Gestão em
Saúde. Foi justamente a Global que arrastou o líder do
governo na Câmara e autor da emenda que abriu caminho
para a compra das vacinas da Covaxin para o banco dos réus
em uma ação por improbidade administrativa ajuizada pelo
MP. A empresa foi contratada pelo Ministério da Saúde para
fornecer medicamentos de alto custo para o SUS ao preço de
20 milhões de reais. O governo pagou o valor contratado, mas
não recebeu os remédios.
Kevin David/A7
Press/Folhapress
O
Ministério Público viu indícios de crime na negociação da
Covaxin, ao custo de 80,7 reais por dose
Maximiano não é o único personagem enrolado em confusões
pretéritas. O próprio deputado Luis Miranda, que agora
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ameaça implodir o governo, já foi acusado de aplicar golpes no
Brasil e nos Estados Unidos, onde vivia antes de ser eleito em
2018 na onda do bolsonarismo e do discurso de renovação da
política. Miranda vendia cursos nas redes sociais em que
ensinava a “ganhar dinheiro fácil”. O parlamentar era, até
recentemente, recebido com tapete vermelho nos principais
gabinetes do governo e passeava de moto com o presidente,
além de frequentar o Palácio da Alvorada. Miranda diz que,
depois de ter levado a Bolsonaro as evidências de
irregularidades na aquisição das vacinas, o tratamento
mudou. Até promessas de repasses de recursos para projetos
apadrinhados por ele deixaram de ser cumpridas.
As reações do governo ao longo da semana evidenciam que a
cúpula do poder em Brasília está atordoada com o que o
deputado disse e ainda poderá dizer. Primeiro, Bolsonaro
resolveu se livrar do queimado ministro do Meio Ambiente,
Ricardo Salles, que pediu demissão exatamente no mesmo dia
em que o deputado expôs publicamente a trama. Na
sequência, coube ao ministro da Secretaria-Geral da
Presidência da República, Onyx Lorenzoni, em tom
intimidatório, dizer que os documentos apresentados pelo
deputado e seu irmão eram falsos e informar que Bolsonaro,
agora sim, pediria à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da
República, para investigar a dupla por “denunciação
caluniosa”. “O governo Bolsonaro vai continuar, sim, sem
corrupção”, disse o ministro.
O dilema da Coronavac
Procuramos saber qual é o plano das nossas autoridades para evitar que a baixa eficácia da
vacina mais aplicada nos brasileiros até agora gere uma nova onda de contágios. A resposta é
preocupante
25.06.21
DUDA TEIXEIRA
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tema já vem sendo discutido e medidas já foram ou estão
sendo implementadas neste momento – alguns governos que
também adotaram a Coronavac já decidiram aplicar uma
terceira dose, por exemplo, como forma de reforçar a
proteção.
O caso do Chile
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De abril para maio, porém, o número de novos casos diários
pulou de 50 para 400, para atualmente ficar na faixa de 150.
Flickr/Prefeitura de
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Pelotas
Ponto de vacinação no Brasil: a taxa de transmissão segue
preocupante
O problema brasileiro
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A experiência de Serrana
A eficácia da Coronavac
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casos moderados e 100% para casos graves. No entanto, um
estudo feito por pesquisadores do grupo Vebra Covid-19 (sigla
para Vaccine Effectiveness in Brazil Against Covid-19), que
inclui cientistas de vários países, mostrou uma eficácia média
de 42% entre pessoas com mais de 70 anos. Dividindo os
voluntários segundo a idade, o quadro fica mais preocupante.
Entre os indivíduos de 75 a 79 anos, a eficácia foi de 49%. Para
aqueles com mais de 80 anos, ficou em apenas 28%.
Flickr
Em idosos com mais de 80 anos, eficácia da Coronavac é de
28%
Em nota enviada a Crusoé, o Butantan contestou os dados do
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estudo. “Cabe esclarecer que foram usados dados secundários
e de qualidade duvidosa, além de baixo número amostral,
sobre o percentual de casos positivos de infecção pelo
coronavírus entre idosos com 80 anos ou mais vacinados com
as duas doses”, diz o texto. O trabalho feito pelo Vebra Covid-
19, porém, foi o maior já feito com pessoas com mais de 70
anos, ao incluir 15,9 mil voluntários desse grupo etário. É uma
amostra considerável. No estudo clínico feito pelo próprio
Butantan, apenas 1.260 pessoas com mais de 60 anos foram
avaliadas.
O mecanismo de ação
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Nas pessoas imunizadas com Coronavac ou com a vacina da
Sinopharm, o processo é mais longo e complexo.
A terceira dose
Reprodução
®® O
presidente turco Recep Erdogan: terceira dose garantida
A combinação de vacinas
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farmacologia da Universidade Autônoma de Madri, que
também participou do estudo espanhol. “Mas acredito que o
melhor para o Brasil seria fazer um estudo semelhante ao
nosso, para avaliar a resposta imunológica e a segurança da
combinação. Isso ajuda na tomada de decisões ”, diz.
A solução
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A Times Square já revive o alvoroço de tempos normais
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campanhas publicitárias insistem em convencer os ainda
reticentes de que é preciso se imunizar.
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“A vida segue em frente. Aprendemos muito ao longo do
último ano, conquistamos muito ao longo do último ano. O
nosso desafio tem de ser reimaginar Nova York e dizer que
vamos fazer uma Nova York que seja melhor do que nunca.
Temos de capitalizar este momento, aproveitar este momento
de transformação”, comemorou o democrata Cuomo ao
anunciar a novidade. Fogos de artifício estouraram em vários
pontos da cidade para festejar o fim de quase todas as
restrições.
Ainda há marcas da tragédia. Hotéis se readaptando à rotina,
pontos comerciais abandonados no meio da crise e outros,
recém-reabertos, tentando retomar a atividade – alguns, em
áreas menos nobres, com produtos absurdamente
empoeirados postos à mostra – remetem à ideia de uma
megalópole que sobreviveu a uma catástrofe, como nos
filmes. Mas meses depois de rodarem o mundo imagens
deprimentes da Times Square deserta e de lojas icônicas da
Quinta Avenida de portas cerradas, a economia da cidade se
refaz. Há muitos sinais a confirmar o boom de crescimento
esperado para depois da pandemia. Placas em vitrines com
ofertas de emprego podem ser vistas em várias partes. Há
obras e operários da construção civil trabalhando por todo
canto, bem mais do que o normal, como se a cidade estivesse
correndo para recuperar o tempo perdido.
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Crusoé
Famílias curtem o dia na Little Island, a nova atração da
cidade: aglomeração com segurança
As condições de acesso à vacina, inclusive para estrangeiros,
revelam um mundo bem distante da realidade do Brasil, que
teve a oportunidade de garantir milhões de doses ainda no
ano passado e esnobou, oficialmente, as ofertas. Em um dos
centros de imunização mais procurados da cidade, no
segundo andar de uma antiga loja da liga nacional de futebol
americano, bem no miolo da Times Square, é possível escolher
a vacina e sair imunizado em menos de quarenta minutos, a
depender do dia e do horário. Na fila, há nova-iorquinos
retardatários e visitantes de várias nacionalidades.
Crusoé conversou, dias atrás, com uma família do Rio de
Janeiro que fez uma viagem-relâmpago de quatro dias a Nova
York para ser vacinada. Do aeroporto, pai, mãe e filho
seguiram direto para o posto de vacinação. Os três optaram
pela fórmula da Janssen, de dose única – nos Estados Unidos,
a segunda dose da Pfizer é aplicada em 21 dias e a da
Moderna, em 28 dias. No interior do centro de vacinação, em
um cartaz gigante afixado na parede, americanos e
estrangeiros de várias partes do mundo agradecem, em
mensagens escritas com pincéis coloridos, a oportunidade de
receber a vacina. No canto inferior, um brasileiro protestou
em letras garrafais: “Bolsonaro genocida”. Bem ao lado, um
colombiano inconformado seguiu na mesma toada. “Ivan
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Duque também”, escreveu, referindo-se ao presidente do país,
igualmente criticado pela atenção dispensada ao combate à
pandemia.
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recebeu, recomendamos que ela seja repetida para assegurar
a proteção. A dose administrada de maneira inadequada não
será considerada para a série completa da vacina. A dose a ser
repetida pode ser aplicada imediatamente (sem período de
espera) no braço oposto”, dizia o e-mail, antes de pedir
desculpas pela falha e por eventuais preocupações dela
decorrentes. As autoridades sanitárias garantiam, a quem
perguntasse, que a repetição da dose não oferecia riscos à
saúde. A equipe que trabalhava no posto foi demitida em
razão da falha.
Mais de 178,3 milhões de pessoas – precisamente 53,7% da
população – já foram vacinadas nos Estados Unidos com ao
menos uma dose. Nova York é a maior vitrine da imunização
no país e tem servido para puxar as demais regiões para o
retorno à vida normal. O exemplo da cidade não poderia ser
melhor. De compras no mercado a um simples café na
esquina, situações comuns do cotidiano que haviam
desaparecido da rotina das pessoas no ano passado voltaram
a ser vividas com doses extras de satisfação. A retomada da
normalidade dá força, mais do que nunca, à máxima de que é
preciso valorizar até os hábitos mais comezinhos do dia a dia.
Os museus, como o Metropolitan, estão cheios. Nos espaços
públicos de lazer, do Central Park à novíssima Little Island, a
“ilha” construída no lugar de um velho píer à margem do rio
Hudson, a imagem de famílias inteiras aglomeradas podendo
aproveitar novamente um dia de sol é a prova de que, sim,
com vacina, a vida pode continuar após o longo e tenebroso
inverno da pandemia.
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O plenário da Câmara vazio: mudança na regra favorece quem tem votos garantidos
ANDRÉ SPIGARIOL
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que preside o movimento de renovação Acredito.
Adriano
Machado/Crusoé
Lira:
tendência é que seja aprovado um modelo misto
Além da ampliação do poder dos coronéis, os aspectos
financeiros da proposta também fazem crescer o olho de
legendas do Centrão em prol da mudança – e, por isso, o
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presidente da Câmara, Arthur Lira, resolveu encampá-la num
primeiro momento. Líderes do bloco fisiológico acreditam que,
com o apoio do governo, devem conseguir os votos para
aprovar o novo modelo no plenário da Câmara. O sistema
poderia valer já para 2022, a depender da velocidade com que
a proposta será examinada pelo Senado. O prazo final é
outubro, um ano antes da eleição. Para tentar vencer as
resistências dos maiores partidos, a relatora da proposta, a
deputada Renata Abreu, presidente do Podemos, tem
defendido um modelo misto, em que metade das vagas de
cada estado na Câmara seriam definidas pelo distritão e a
outra metade pelo atual modelo proporcional. A expectativa é
que um consenso possa ser formado na próxima semana.
Atualmente, a Câmara tem três frentes distintas e simultâneas
de trabalho que discutem uma reforma política-eleitoral no
país. Mudanças específicas são debatidas desde 1996, quando
uma primeira comissão especial foi instalada na Câmara para
modificar as regras eleitoras. Mas, desde então, nunca se
discutiu um conjunto tão grande de alterações de uma só vez
como agora. O risco, como sempre, é o de favorecer os atuais
caciques políticos. Ou, para variar, beneficiar a impunidade.
Na quinta-feira, 24, sem alarde, a Câmara aprovou um golpe
na Lei da Ficha Limpa. O projeto permite que gestores que
cometeram atos de improbidade e tenham sido
punidos “apenas” com multa sejam eleitos. O projeto ainda
precisa da aprovação do Senado para entrar em vigor. Quando
o plano é legislar em causa própria, o Congresso funciona às
mil maravilhas.
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"O que vemos é um procedimento ilegal. E com o conhecimento do presidente, o que
torna o episódio mais grave"
Caso de impeachment
O senador Tasso Jereissati diz que o escândalo da compra das vacinas indianas eleva o
patamar da crise e pode empurrar Jair Bolsonaro para fora do Palácio do Planalto
25.06.21
SÉRGIO PARDELLAS
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chamada terceira via para disputar a Presidência em 2022.
Apontado como uma das opções no PSDB, ele diz que é
preciso haver, nos partidos que tentam costurar uma
candidatura alternativa, a consciência de que o momento do
país exige unidade para enfrentar a polarização. “Se nós
decepcionarmos por falta de desprendimento, por projetos
exclusivos e não tivermos capacidade de fazer a convergência,
nem que seja de transição de quatro anos para depois ficar
mais claro, essa geração de políticos toda, e eu me incluo nela,
merece sair do jogo.”
impeachment do presidente?®®
“Medida extrema” seria a abertura de um processo de
“Esse
fato novo derruba o último pilar. A casa desmorona”
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A tese de “deixar o presidente sangrar” até o fim do governo
para chegar cambaleante nas eleições ainda é defendida por
setores da oposição, inclusive pelo PT. Ela perde força agora?
Não vejo isso como uma questão eleitoral. É uma questão
fundamental para o país. Para o futuro próximo e de longo
prazo. Estamos falando de mortes, 500 mil mortes. Existe um
sentimento anticorrupção tão grande na sociedade, devido à
longa tradição de corrupção de governos anteriores, que essa
questão passou a ser muito forte na população. A decepção
desses segmentos, até entre os que votaram em Bolsonaro, e
não estou falando dos fanáticos, vai ser tão grande que esse
pilar desaba e não há como levantá-lo novamente. Vai ser uma
decepção com o candidato em quem esse eleitor acreditou.
Se o governo se inviabilizar, a solução é com o vice Hamilton
Mourão?
Até hoje no meio político, e falo da Câmara, Senado,
governadores, partidos políticos, ninguém havia levado a sério
a possibilidade do impeachment. Nunca se discutiu isso a
sério porque Bolsonaro ainda é sustentado na opinião pública,
em parte por esse discurso de que ele não rouba.
Aparentemente é sustentado pelas Forças Armadas, e ele faz
questão de exibir esse apoio, falando em “meu Exército”, e nas
polícias militares, um setor da sociedade onde ele tem mais
penetração, e por ter uma militância própria violenta. Essas
condições não levariam a um ambiente positivo para o
impeachment. Agora, do ponto de vista da opinião pública,
tem essa questão moral. O que se imaginava até então era
que ele é desajeitado, grosseiro, mas não cometia malfeitos.
Com isso mudando, temos outro cenário. E a solução, nesse
caso, tem que ser pela Constituição. Não há outra. A saída, se
os indícios se confirmarem, é o vice-presidente assumir.
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Vai depender de nós, políticos que temos alguma liderança
nos nossos partidos. Tem que haver um pouco de
desprendimento e de consciência da gravidade do país.
Mesmo com um lampejo de crescimento no país, o longo
prazo não é bom. Temos 14 milhões de desempregados e um
déficit fiscal altíssimo. Isso sem falar na questão da pandemia.
Se nós decepcionarmos por falta de desprendimento, por
projetos exclusivos e não tivermos capacidade de fazer a
convergência, nem que seja de transição de quatro anos para
depois ficar mais claro, essa geração de políticos toda, e eu me
incluo nela, merece sair do jogo. Não estaríamos à altura para
enfrentar esse desafio.
Pedro
Ladeira/Folhapress
“Acho
que o Doria vai ter que cair nessa realidade. A realidade não é
aquela que a gente quer”
O sr. tem defendido que o PSDB não precisa necessariamente
encabeçar a chapa de uma candidatura da terceira via. Mas o
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partido tem um candidato que, aparentemente, não abre mão
de concorrer ao Planalto, que é o governador João Doria.
Como resolver essa questão?
Eu, por exemplo, que sou um dos nomes citados para
concorrer à Presidência, tenho conversado com Eduardo Leite
e o Arthur Virgílio, que também são pré-candidatos. E nós
acertamos que, se notarmos que existe uma disposição mais
ampla de convergência ao redor de um nome que consiga
agregar mais do que nós, tranquilamente, sem nenhum ruído,
vamos com empolgação para essa alternativa. Acho que o
Doria vai ter que cair nessa realidade. A realidade não é
aquela que a gente quer. A realidade é a que está
acontecendo. Não vai ser essa obstinação dele que vai levar ao
ponto de não perceber isso.
O sr. vai disputar as prévias do PSDB?
Estamos avaliando ainda. Nesse contexto, estou tentando
fazer papel de aglutinação. Tenho conversado com outros
partidos, com outros presidenciáveis. Não vejo objeção ao
andamento dessas conversas. Se meu nome unir, eu vou. Se
não, me junto a outro nome.
Pedro
Ladeira/Folhapress
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“Se nós
não tivermos capacidade de fazer a convergência, essa
geração de políticos toda, e eu me incluo nela, merece sair do
jogo”
O sr. já presenciou um cenário político tão delicado como esse
no Brasil?
Não. Nada nem parecido. Aliás, nunca esperei que um homem
com a mentalidade e o primarismo do Bolsonaro chegaria à
Presidência da República. E com essas atitudes. O que ele faz,
o que diz, como ele age, como se relaciona com amigos,
adversários políticos, imprensa, é tudo com muita brutalidade.
Posso dizer que é o pior presidente da história do Brasil. O
governo não é orgânico. São ilhas ao redor de um chefão do
qual todos têm medo, e que não tem um projeto de país, mas
um projeto de poder. Para piorar, temos um ambiente de
ódio, muito por causa das redes sociais. Não se discute nada
profundamente. Nem sobre economia, sobre educação e
outros temas importantes. Chegamos ao ponto de debater o
que é e o que não é ciência. E tudo sem argumento e com
muito ódio. Perdi amigos de longa data depois que passei a
criticar mais fortemente o governo. Esse clima, eu nunca vi. E é
desse clima que devemos sair.
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Bolsonaro está emitindo todos os sinais de que pode resistir
se tiver que deixar o poder. Acredita que os militares dariam
guarida a essa aventura?
Concordo com você. A grande dúvida é como se comportarão
as Forças Armadas. Estamos nesse caminho e acho que
podemos ter mesmo problemas enormes pela frente. Só
entendo que ele não vai ser bem-sucedido. Em 1964, havia o
apoio da grande imprensa, dos americanos, da Igreja, de parte
da sociedade e o Congresso era, em boa parte, composto por
udenistas que tinham histórico de golpismo. Agora, a grande
diferença é que Bolsonaro não tem apoio da imprensa, não vai
ter apoio político e ficará isolado do resto do mundo. Ele não
tem a conjunção das forças a favor. E tenho dúvidas se
metade das Forças Armadas vai pactuar com isso. Isso pode
até acontecer, mas será temporário. Não deve durar muito.
DIOGOMAINARDINA ILHA DO
DESESPERO
Aposta em Eduardo Leite
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25.06.21
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deve crescer ainda mais a partir desta sexta-feira, com os
depoimentos do próprio Luis Miranda e, sobretudo, de seu
irmão, que testemunhou as obscenidades dos militares
bolsonaristas no Ministério da Saúde.
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Esforcei-me bastante para conquistar alguns desses desafetos;
em relação a outros, não foi preciso muito esforço. Existem
antipatias naturais que se impõem a quaisquer coincidências
de gosto ou ideias. Quanto às simpatias que se esvanecem,
constato a verdade do lugar-comum: os piores desafetos são
os ex-amigos. Ex-amigo é que costuma ser para sempre.
Felizmente, como não sou homem de muitos amigos, tenho
poucos ex-amigos. Na condição de ex-amigo, contudo,
contrario o clichê e sou efêmero. Eles simplesmente deixam
de existir para mim. Para ser sincero, é assim em relação a
todos os meus antípodas. Talvez por desvio psicológico (longe
de mim achar que tenho superioridade moral), não nutro
rancores eternos — o que não significa que sairia abraçando
por aí quem me odeia. Enemies, enemies, will never be
friends, como canta a Charlotte Gainsbourg. É pela ausência
de rancores eternos que posso me divertir com a ideia de
convidar todos os meus desafetos para uma grande festa de
60 anos.
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Ele foi o meu primeiro entrevistado. Eu tinha 22 anos, havia
começado a trabalhar na Folha, como responsável pela seção
de resenhas de livros, e o Raduan, escritor que falava pouco
com a imprensa, concordou em dar uma entrevista ao jornal.
Fui entrevistá-lo juntamente com outro jornalista, chamado
Augusto Massi, hoje professor de Letras na USP.
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na Veja. Dessa vez, ele disse que bom mesmo era dormir.
Entrevista publicada, o diretor da revista na época, Mario
Sergio Conti (está na minha lista da festa dos 60 anos), quis
conhecê-lo. Fomos almoçar no Fasano, que ainda não era no
hotel porque hotel não havia. O Raduan no Fasano era uma
cena bastante improvável. A improbabilidade foi explicitada
quando o maître comunicou que o carro dele (velho, barato e
vermelho, não necessariamente nessa ordem) havia sido
lavado por cortesia. O subtexto é que a lata-velha estava suja
demais para ficar estacionado na frente do restaurante, ao
lado dos carrões reluzentes da clientela rica.
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com a minha sogra, com Lula, com Bolsonaro, com Moro, com
todo mundo que não estivesse naquele momento no chão.
CARLOS FERNANDODOS SANTOS LIMA
Ou o Brasil mata a corrupção, ou a
corrupção mata o Brasil
25.06.21
“Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção
no governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação”,
afirmou Jair Bolsonaro, em outubro de 2020, confessando-se
orgulhoso assassino da investigação iniciada em 2014, mas
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também se assoberbando de que em seu governo não havia
corrupção. Se a primeira afirmação é parcialmente verdade,
pois o presidente foi mais um da turba de políticos e seus
representantes na imprensa que promoveu o linchamento
público do combate à corrupção, a segunda é completamente
mentirosa.
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Pfizer, tecnologicamente mais avançada, foi adquirida por 10
dólares a dose, o mesmo valor pago pela dose da vacina da
Janssen, braço farmacêutico da gigante Johnson & Johnson,
que ainda tinha a vantagem de imunizar em dose única.
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no Brasil – o que, aliás, é o caso da Covaxin.
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sobre esses ou quaisquer outros fatos suspeitos. Gostaria de
ver, por exemplo, se a subprocuradora Lindôra Araújo terá a
mesma gana investigativa que teve contra os governadores e
prefeitos adversários de Bolsonaro. Não acredito nisso, pois,
“de onde menos se espera, é que não saí nada mesmo ”.
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Olimpíadas, quanto em comprar vacinas superfaturadas ou
medicamentos ineficazes. Como disse recentemente o General
Paulo Chagas, o “Centrão, hoje no controle geral da gestão
pública, está a aprovar o salvo conduto para roubar. Parabéns!
Nem no governo de Lula, o Ali Babá, eles foram tão longe! ”. Eu
acrescentaria apenas que a corrupção mais uma vez governa o
país de dentro do Palácio do Planalto.
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ALEXANDRESOARES SILVA
Em defesa da tolice
25.06.21
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os argumentos que derrubavam essa tolice foram esquecidos
também, e têm que ser reinventados do nada.
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DISCÍPULO: Ah, eis que o encontro! Por que passais, ó
Sócrates, dias inteiros lendo tolices, quando todos os que o
admiram sentem fome e sede da sua sabedoria?
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SÓCRATES: Não, mas ele deve frequentar –
DÍSCIPULO: Ele deve frequentar os tolos, Sócrates. Eu já tinha
entendido lá atrás.
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Exatamente como nós, os sábios da antiguidade não sairiam
dessa biblioteca nunca mais. E por que sairiam, também, se
nela podem ter acesso às obras- primas da Era de Ouro da
Tolice?
Rolos em comum
25.06.21
Adriano
Machado/Crusoé
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O
dono da Precisa, que fechou contrato bilionário com o
Ministério da Saúde, era ligado a petistas
Reserva de luxo
25.06.21
Gil Ferreira/Agência
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CNJ
Lindôra é o plano B do Planalto para a PGR, mas diz que não
gosta da ideia
Geladeira eterna
25.06.21
Pedro
Ladeira/Folhapress
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José Cruz/Agência
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Brasil
Valdemar: antes do desembarque, ele aproveita o quanto
pode
O ‘corretor’ Salles
25.06.21
Gilberto
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Soares/MMA
Salles
comprou a casa por valor bem abaixo da avaliação de
mercado
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Dobradinha Rio-SP
25.06.21
André
Bueno//CMSP
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o animal nas costas, e a opinião pública não perdoa: “Olha lá
os dois burros carregando um terceiro nas costas!” .
Errado: nas redes, nada é tão irrelevante que não possa ser
objeto de polêmica. Direitistas, por exemplo, ficaram
irritadinhos com a campanha “lacradora” da Nestlé (só faltou
Jair Bolsonaro se manifestar dizendo que não vai passar mais
isso daí no pão, talquei?). Mas veio da esquerda a melhor peça
de humor involuntário: o site do PT publicou um artigo
dizendo, a sério, que a mudança do rótulo do Leite Moça
evidenciava uma “visão utilitarista da pauta feminista”,
promovia a “invisibilidade da mulher do campo” e escondia
a “lógica nefasta do marketing de alimentos ultraprocessados” .
Não consigo imaginar nada MENOS parecido com uma
camponesa brasileira, ou uma sem-terra filiada ao MST, do
que a moça do Leite Moça, mesmo na versão modernizada do
desenho mais recente. Talvez tenha faltado à Nestlé ser mais
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inclusiva e colocar uma imagem do Lula entre as “ mulheres
reais” homenageadas: como sabemos, ninguém pode ser mais
mulher trans negre não-binárie e do campo que o chefão
petista.
A GOIABICE DA SEMANA
Pedro
Ladeira/Folhapress
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Aécio
pensando em quem é mais enrolado —ele ou o rocambole de
Lagoa Dourada