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25/02/2021 Função Social da Escola

FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA


CAPÍTULO 2 - QUAL A FUNÇÃO DA
ESCOLA NOS ESPAÇOS FORMAIS E NÃO
FORMAIS DE APRENDIZAGEM? 
Tatiana Gomes dos Santos Peterle

INICIAR

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25/02/2021 Função Social da Escola

Introdução
Nesse capítulo você aprofundará os estudos sobre a função social da escola. Porém,
agora, com enfoque maior nas questões que compreendem a educação em seu
ambiente formal e não formal, de modo que você possa compreender como a escola
exerce sua função. A partir da perspectiva histórica e cultural da educação, a
contribuição das Concepções Epistemológicas na construção dos saberes será
analisada de maneira que você identifique como os modelos pedagógicos colaboram
para a formação docente, além de compreender a evolução desses modelos e sua
funcionalidade no mundo contemporâneo.
Você já se perguntou para que serve a escola? Já parou para pensar como a educação
se deu ao longo da história? Sabemos que a escola é resultado de um processo de
ação-reflexão-ação advindo das construções coletivas sociais ao longo da história da
humanidade, e que traz implicações para a vida em sociedade. Dessa forma, um dos
fins da educação está em habilitar os jovens a modificarem, por meio de ações
pessoais, a si e ao meio em que vivem, transformando, assim, valores culturais do
passado em possibilidades de emancipação do presente.
Portanto, a função da escola está para além dos seus muros. Nesse sentido, onde
você entende que a educação acontece? Apenas nos espaços da sala de aula ou em
salas temáticas? Em quais ambientes a escola pode desempenhar sua função? A
partir desses questionamentos você terá condições de analisar como os ambientes
formais e não formais da educação podem colaborar para uma prática reflexiva, que
tenha por proposta garantir os direitos sociais da educação de modo que a escola, ao
exercer seu papel, possa oportunizar uma formação para a vida.
Bom estudo!

2.1 Função social da escola: ambiente


formal

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Você sabe dizer ao certo em que ambiente a educação acontece? Ou melhor, você
sabe como a escola desempenha sua função social em seu ambiente formal? O que é
o ambiente formal?
Sabemos que a escola é um espaço que tem como responsabilidade primordial
realizar a educação formal, aquela onde os conhecimentos socialmente construídos
ao longo da história, conhecimentos científicos, são repassados para o aluno por
meio da mediação entre professor x conhecimento x alunos.  Podemos afirmar que “a
pessoa se educada se constrói em diversos ambientes – a escola é mais um ambiente
que se soma a estes outros – e a partir de diversas experiências” (SIQUEIRA, 2004, p.
43).
Vamos agora conhecer real papel da escola no contexto do ambiente formal e
interpretar a função social tendo por base a dialeticidade e os pontos paradoxais
dentro da ambiência educativa.

2.1.1 A função social da escola na história


No decorrer da história da humanidade muitas foram as transformações, contudo,
apesar de tantas mudanças, até os dias atuais a escola representa uma instituição
que tem por objetivo principal socializar todo o saber. Desse modo, podemos afirmar
que a escola é o lugar onde o conhecimento foi, é e será difundido para as gerações.
Podemos dizer que diante tantas novidades na sociedade contemporânea, nenhuma
outra instituição foi capaz de substituir a escola. 

Da maneira como existe entre nós, a educação surge na Grécia e vai para Roma,
ao longo de muitos séculos da história de espartanos, atenienses e romanos.
Deles deriva todo o nosso sistema de ensino e, sobre a educação que havia em
Atenas, até mesmo as sociedades capitalistas mais tecnologicamente avançadas
têm feito poucas inovações (BRANDÃO, 2005, p. 35).

Todavia, a estrutura e a organização do ensino passaram por várias modificações ao


longo dos anos – e isso inclui o ensino brasileiro –, mas nenhuma permitiu que
houvesse outro espaço com os mesmos objetivos que a educação escolar. Segundo
Becker (2008), partimos do pressuposto de que o sistema educacional brasileiro

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possui seus alicerces na racionalização e democratização do ensino, contudo, na


prática a escola apresenta formas rígidas de manutenção de características elitistas
da educação, além de uma burocratização como mecanismo de controle do Estado.
Dessa forma, a educação tem como uma de suas principais funções a libertação e a
emancipação do ser humano, e nesse contexto o ambiente formal do ensino é um
dos responsáveis por promover o desenvolvimento de uma nação. 
Compreendemos que formação, instrução, não ocorre somente por meio do ensino
formal. Segundo Brandão (2005, p. 9): “Não há uma forma única nem um único
modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem
seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional
não é o seu único praticante”. Desse modo, entendemos que ensino e educação
interferem diretamente nas ações humanas.
Portanto, precisamos estar atentos e refletir sempre sobre a função da escola não
apenas como um espaço de transmissão de conhecimentos, mas, sobretudo, como
mais um lugar que atua no processo educacional, o qual é o próprio ser humano
quem organiza e estrutura os objetivos e fins da educação. 

2.1.2 O papel da escola no ambiente formal


Compreendemos, por ambiente formal, aquele disponível na escola, espaço em que
o ensino escolar acontece, por exemplo, a sala de aula, o laboratório de informática,
a brinquedoteca etc. Enfim, a escola é a representação do ambiente formal do
ensino. Esse espaço pode ser dividido por etapas ou turmas nas quais os alunos são
dispostos por faixa etária e que se desdobram em série, ano ou ciclo.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394/1996:

Art.1 A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais. § 1  Esta Lei disciplina a educação escolar, que se
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.§
2 A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social
(BRASIL, 1996, s. p.).

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Pautados na LDB 9.394/1996, podemos concluir que a educação formal é aquela que
ocorre no interior da escola sob a mediação do professor, que transfere
conhecimentos aos alunos. Contudo, na escola atual, os muitos desafios encontrados
dificultam esse objetivo. A falta de recursos didáticos, remuneração que estimule
uma prática de formação continuada dos professores, além dos aspectos estruturais
e físicos da escola são os grandes limitadores do trabalho docente.
Nesse cenário, não tem sido fácil para os educadores estimularem os alunos a se
manterem interessados no ensino, pois muitos ao invés de dedicarem sua atenção às
aulas, ocupam-se com o uso de aparelhos eletrônicos, conversas com amigos que
fogem do tema que está sendo ensinado, além dos problemas socioemocionais que
nem sempre os alunos conseguem administrar. E tudo isso faz com que muito do que
é falado em sala de aula pouco seja aprendido. Por isso, podemos dizer que a
educação formal requer de seus envolvidos um esforço pessoal maior, chamado de
extraclasse, ou tarefa de casa.

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Figura 1 - O ensino restrito à sala de aula caracteriza a escola como espaço


formal de aprendizagem. Fonte: joyful designs, Shutterstock, 2018.

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Assim, o real papel da escola nos ambientes formais é o de ensinar ao aluno, além
dos conteúdos dispostos na base curricular comum, a apropriar-se dos seus direitos
de cidadão de modo que ele se torne um sujeito mais crítico e reflexivo e, ainda,
possa desempenhar seu papel de cidadão em prol da emancipação e
desenvolvimento social.
Por fim, vale destacar que a organização dos tempos e espaços na escola para o
processo formativo tanto do aluno, quanto do professor, é necessária, além de
determinar e deixar explícito que tipo de aprendizagem está sendo ofertada.

2.1.3 Os desafios da educação em ambientes formais


Presenciar a rotina escolar significa adquirir uma experiência de vida, vivência que é
flexível e pode variar de acordo com a sociedade, os sujeitos e as culturas. Um dos
grandes desafios da ação pedagógica e da direção escolar é organizar e reorganizar
os tempos, os espaços e o trabalho docente, de forma que outras propostas
pedagógicas possam surgir. E mesmo que isso cause conflitos, às vezes é necessária a
divergência para que se alcance o sucesso.
Sobre o desafio de organizar o ambiente escolar, seu tempo e espaço, a escola deve
superar alguns paradigmas como o tempo cronometrado das aulas, que está
arraigado na ascensão de níveis e em resultados e avaliações. Reorganizar o
ambiente formal de ensino oferece aos alunos condições apropriadas para a reflexão
crítica sobre o conhecimento e sobre a vida. Uma escola tradicional diante de uma
organização minuciosa e incisiva do tempo e espaço escolar faz com que seus
professores não explorem outras possibilidades, muito menos as relações
pedagógicas que se dão nas relações humanas.

VOCÊ QUER VER?

O programa Roda de Conversa exibido em 8 de abril de 2013, pelo Canal Minas


Saúde, traz como tema os espaços não formais do conhecimento: a escola além
da escola. O enfoque apresenta esses locais como ambientes de discussões e

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reflexões sobre o contexto educacional brasileiro. Para assistir, acesse o


endereço: <https://www.youtube.com/watch?v=JdLKPMCVPEY
(https://www.youtube.com/watch?v=JdLKPMCVPEY)>. 

No cotidiano escolar, professores reinventam o currículo, tentam subverter o


conteudismo e constroem novas práticas; elaboram os projetos políticos das escolas,
valorizam a história de vida de seus alunos e resgatam a história da comunidade
escolar. Também interferem na gestão, nas políticas educacionais locais, e rompem
normas rígidas e burocráticas que impõem limites aos tempos e espaços da
organização escolar.

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Figura 2 - O desafio da aprendizagem é o principal papel da escola. Fonte:


michaeljung, Shutterstock, 2018.

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Quando consideramos o aluno como um sujeito de direitos, entendemos melhor


como a educação na escola é importante e necessária, já que é um ambiente que
favorece a aprendizagem, onde professores tornam-se mediadores entre alunos e o
conhecimento. Diante disso, também podemos reconhecer a importância de a escola
organizar tempo e espaço para a formação continuada, na qual o professor poderá
compartilhar e trocar experiências.
Dessa forma, podemos concluir que os ambientes formais de aprendizagem apesar
da sua institucionalização e importância para a sociedade como um todo, ainda
apresentam muitos desafios quanto à organização dos tempos e espaços.
No tópico a seguir, você conhecerá a função da escola a partir do ambiente não
formal de aprendizagem.

2.2 Função social da escola: ambiente


não formal na perspectiva histórica e 
 cultural
Você já parou para pensar que a educação se dá em outros espaços além da escola?
Já sabe como que acontece?  Pois é, a educação também pode ocorrer em ambientes
não formais, já ouviu falar? 
A educação em ambiente não formal permite outras possibilidades de aprendizagem,
por apresentam-se menos burocratizadas, mais rápidas, sem hierarquização,
portanto mais econômicas. Apesar de todas essas características demonstrarem ser
positivas, a educação não formal não deve ser entendida como a solução do sistema
nacional de educação, da educação formal, pois essa perspectiva favorece o fim da
escola pública transferindo a responsabilidade social que o Estado possui para com a
sociedade para o setor privado.

VOCÊ SABIA?

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Os movimentos sociais são fundamentais na sociedade


moderna, pois eles impulsionam as transformações na
sociedade, porque os ativistas desses movimentos, em
coletividade, exigem mudanças, clamam por transformações,
além de serem uma forma de identificar a satisfação do povo
diante dos governantes e gestores. Quanto a um movimento
bem organizado filosófica e politicamente que tende a romper
paradigmas e mobilizar discussões imprescindíveis para o
avanço da sociedade, podemos citar o Movimento dos
Trabalhadores sem Terra, que hoje já conquistou mudanças das
políticas do país (GOHN, 2008).

Vejamos agora o papel da escola não formal na história e sua função social assim
como os sujeitos envolvidos no processo de desenvolvimento da aprendizagem de
mediação do conhecimento. 

2.2.1 A escola não formal na história da educação


A educação não formal aparece na história a partir da Revolução Industrial entre os
séculos XVIII e XIX, um momento de muitas críticas à formalização do ensino. Firmou-
se a partir das diferentes práticas, principalmente que visavam à profissionalização
do trabalhador, sempre mediadas pelas relações entre os envolvidos e como não
obedecia à organização das escolas regulares possuía diferentes modos de
estabelecer e experimentar o processo de ensino-aprendizagem. Porém, tanto o
campo pedagógico quanto outros setores da sociedade identificaram que, apesar de
tantos benefícios, a educação não formal não conseguia responder todas as
necessidades sociais advindas com as transformações do mundo.
Uma das características da educação não formal é o modo de organizar e perceber as
relações do processo de ensino-aprendizagem, entre professor-aluno etc., por isso, a
práxis e os saberes do cotidiano são tão importantes.

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Figura 3 - A educação não formal e sua prática na atualidade. Fonte: Syda


Productions, Shutterstock, 2018.

As mudanças ocorridas com a estrutura das famílias burguesas em detrimento do


processo de industrialização do século XVIII e XIX, além das inúmeras modificações e
novas necessidades advindas com o processo de industrialização e trabalho, foram
também relevantes para o surgimento da educação não formal. Assim, revela o
quanto as instituições que são mantenedoras da educação – como a escola e a
família – não desempenhavam seu papel de maneira satisfatória. E por não darem
conta das demandas da sociedade em transformação, abriram espaços para que
novas propostas fossem criadas, com o intuito de suprir as falhas deixadas pelas
instituições já institucionalizadas.
Veja um exemplo no caso descrito a seguir:

CASO
Um exemplo de ambiente não formal de aprendizagem é a
Casa do Menor Irmão Cavanis, em Ponta Grossa, no
Paraná. Esse é um projeto sem fins lucrativos mantido por
uma entidade de assistência social e educacional, ou seja,
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é uma Organização Não Governamental (ONG). Fundada


em 1969 por padres italianos, desenvolve atualmente
projetos em vários estados do país. Somente na unidade
de Ponta Grossa (PR), atende mais 250 crianças de 6 a 18
anos de idade. A equipe pedagógica é formada por um
pedagogo, coordenador pedagógico e uma assistente
social. Os professores são contratados por meio de
seleção. O projeto também é voltado para a permanência
de jovens no Ensino Médio por meio de um sistema de
proteção social, e auxilia nas tarefas escolares visando à
redução da evasão. A unidade de Ponta Grossa conta com
mais 37 voluntários (PAULA; SANTA CLARA, 2008, p.
185).

Desse modo, podemos afirmar que o direito à formação, tanto por meio dos
ambientes formais quanto em ambientes não formais de acesso ao conhecimento,
deve ser oferecido a todos, assim como as oportunidades dadas pelas instituições
escolares e como as propostas de educação não formal. Dessa maneira, haverá
sempre um trânsito livre e democrático entre os sujeitos, de modo que possam
buscar sua emancipação.

2.2.2 A função social da escola no ambiente não formal.


O principal objeto da educação não formal é a cidadania, e seus aspectos que
compreendem a coletividade, que se dá por meio das práticas sociais. Como a
educação não formal não tem compromisso com a elaboração de um currículo
padronizado, sua proposta está em atender as necessidades e interesses dos sujeitos
participantes das ações e práticas desse modelo de ensino. 

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Figura 4 - Educação em espaços não formais. Fonte: Tyler Olson,


Shutterstock, 2018.

Desse modo, vários objetivos são propostos na educação não formal dentre os quais
enriquecer a biografia dos sujeitos, acrescendo suas experiências formativas. Sendo
assim, na educação não formal é comum a mistura de idades, experimentos em
locais e tempos flexíveis, a não obrigatoriedade de frequência mínima. Podemos citar
como exemplos algumas de suas áreas de abrangência: aprendizagem política e
cidadã, capacitação para o trabalho, práticas e objetivos comunitários voltados para
solução de problemas, aprendizagem de alguns conteúdos da educação formal –
porém, em ambientes diferenciados –, desenvolvimento de práticas que envolvem
diversas mídias (como a eletrônica). Nesse sentido, podemos complementar:

Os espaços onde se desenvolvem ou se exercitam as atividades da educação


não-formal são múltiplas, a saber: no bairro-associação, nas organizações que
estruturam e coordenam os movimentos sociais, nas igrejas, nos sindicatos e nos

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partidos políticos, nas organizações não governamentais, nos espaços culturais, e


nas próprias escolas, nos espaços interativos dessas com a comunidade etc.
(GOHN, 2008, p. 101).

No Brasil, desde 2010, a educação não formal tem apresentado propostas voltadas
para as camadas mais pobres, promovidas pelos órgãos públicos ou por diferentes
segmentos da sociedade, ora também por meio de parcerias entre o público e o
privado, e tem aparecido na mídia com maior frequência quando compreende as
ações relativas às questões ambientais. Temos como exemplo a Agenda 21 brasileira,
que é um “[...] instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento
sustentável do país, resultado de uma vasta consulta à população brasileira” (BRASIL,
2008, s. p.). Foi coordenado pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento
Sustentável (CPDS) e Agenda 21; construído a partir das diretrizes da Agenda 21
Global, e entregue à sociedade, por fim, em 2002 (BRASIL, 2008).

2.2.3 O professor na escola não formal 


O educador da escola não formal precisa voltar-se para as questões que envolvam as
mudanças políticas e sociais no mundo. O professor deve ser um profissional
reflexivo e questionador, fazendo com que sua prática seja sempre autoavaliativa e
tendo em vista a colaboração para uma formação crítica dos alunos, na qual a
aprendizagem é uma troca de experiências. Segundo Gadotti (2007, p. 42): “[...] o
professor precisa saber muitas coisas para ensinar, mas o mais importante não é o
que é preciso saber, mas como devemos ser para ensinar. O essencial é não matar a
criança que existe ainda dentro de nós. Matá-la seria matar o aluno que está à nossa
frente”.

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Figura 5 - Educação como possibilidade de transformação da realidade.


Fonte: alphaspirit, Shutterstock, 2018.

Na educação não formal a flexibilidade na prática docente é de suma importância,


uma vez que não é a atividade em si que vai determinar a educação não formal, mas
sim a escolha do projeto político de experiência do educador que,
consequentemente, refletirá na aprendizagem dos educandos.
Assim, de acordo com Freire (1996, p. 53): “[...] a leitura do mundo precede a leitura
da palavra”, o que permite, na educação não formal, que o educador aguce a
curiosidade dos educandos e promova a reflexão crítica que leva à construção da
autonomia. Nesse sentido, sobre o trabalho docente:

Para os professores, uma oportunidade ímpar de aprender e crescer, um


momento mágico de revisão crítica e decisões corajosas; para os professauros, o
angustiante retorno a uma rotina odiosa, o eterno repetir amanhã tudo quanto de
certo e de errado se fez ontem (ANTUNES, 2014, p.13).

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Importante ressaltar, ainda, que na educação não formal o trabalho docente


necessita de muita dedicação, estudo, vivências e criatividade, pois para que os
alunos se mantenham ativos, as aulas e atividades devem ser dinâmicas, atrativas e
prazerosas, de modo a envolvê-los e permitindo que compreendam o espaço de
aprendizagem não formal como um lugar em que o conhecimento fará deles
cidadãos críticos, reflexivos e atuantes na sociedade.
A partir dos conhecimentos que englobam a educação formal e não formal, a seguir
você conhecerá as contribuições da concepção epistemológica na perspectiva da
construção dos saberes pedagógicos.

2.3 Concepções epistemológicas 


Você sabe o que é epistemologia? Epistemologia é um campo da filosofia que estuda
as etapas e limites do conhecimento humano e sua relação com o conhecimento. Por
isso é também conhecida como teoria do conhecimento.  Segundo Tesser (1994, p.
91) devemos conceituar epistemologia como “discurso (logos) sobre a ciência
(episteme)”. Ou seja, epistemologia (episteme + logos) é a ciência da ciência; filosofia
da ciência. É o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das
diversas ciências. É a teoria do conhecimento (TESSER, 1994).
Então, o que seriam as concepções epistemológicas? Como as concepções
epistemológicas se relacionam com a construção dos saberes pedagógicos?
Sabemos que há três diferentes possibilidades para explicar a relação ente ensino e
aprendizagem na educação, que são o empirismo, apriorismo e construtivismo –
esses seriam os modelos epistemológicos. 
Temos também modelos pedagógicos que, junto com os epistemológicos, colaboram
para representar o processo de desenvolvimento da aprendizagem.
A seguir você saberá um pouco sobre mais sobre esses temas e como eles se
relacionam com a construção dos saberes pedagógicos.

2.3.1 Construção dos saberes a partir das concepções


epistemológicas

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A construção dos saberes contempla a epistemologia no campo das suas


concepções. Um exemplo é quando, ao pensarmos em desenvolvimento de uma
nação numa perspectiva epistemológica, há a necessidade de novos conhecimentos
para que possamos esclarecer os fenômenos ainda não explicados por toda a
humanidade.

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Figura 6 - A construção do conhecimento contempla a epistemologia. Fonte:


iryna, Shutterstock, 2018.

Para compreendermos o processo de ensino e aprendizagem, e como ele se deu ao


longo da história até os dias atuais, é importante que tenhamos claro que tanto o
ensino quanto a aprendizagem estão dispostos em uma relação que pode ser
representada por modelos, ora chamados de modelos pedagógicos, ou até de teorias
da aprendizagem. Um modelo pedagógico apresenta a metodologia de ensino
utilizada para o desenvolvimento do processo. Conforme afirma Becker (2008, p. 01):

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“[...] existem três diferentes formas de representar a relação entre ensino e


aprendizagem escolar ou, mais especificamente, entre o exercício da docência e as
atividades de sala de aula”: 
pedagogia diretiva;
pedagogia não diretiva;
pedagogia relacional.
Esses modelos pedagógicos estão sob os pilares das concepções epistemológicas, e
essas concepções, por sua vez, são a empirista, a apriorista e a construtivista. Esses
modelos têm dialogado desde a década de 1970, diante das críticas da sociologia da
educação e, mais recentemente, da psicologia sócio-histórica. Independentemente
do tempo em que se dá a discussão, o que se busca é uma forma de apontar para
novos caminhos didáticos e metodológicos para a aquisição do conhecimento.

VOCÊ QUER LER?

No livro “Educação e Construção do Conhecimento”, de Fernando Becker


(2008), o autor debate os modelos do conhecimento empirista, apriorista e
construtivista, apontando seus reflexos em sala de aula. Apresenta também a
perspectiva construtivista e sua forma de valorização dos alunos a partir da
aprendizagem crítica e reflexiva. A obra traz grande contribuição para a
educação, na medida em que possibilita análises e reflexões sobre as práticas
pedagógicas adotadas pelos professores, defendendo um ensino menos
passivo.

Toda essa discussão teórica traz avanços para a educação, uma vez que os
conhecimentos científicos ganham espaço privilegiado, ocupando lugar do
conhecimento advindo do senso comum e favorecendo o desenvolvimento da
aprendizagem de maneira mais reflexiva.
A seguir, abordaremos os modelos pedagógicos de forma detalhada.

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2.3.2 Modelos pedagógicos e os processos de aprendizagem


Já sabemos que existem três modelos pedagógicos que auxiliam e podem explicar o
processo de aprendizagem. 
Temos na pedagogia diretiva o conceito de que o aluno só aprende se o professor
ensina, e que pode também ser compreendido pela colocação: o professor fala e o
aluno escuta. Nesse modelo pedagógico, o aluno é compreendido como uma tábua
rasa, vazio de conhecimento, e tudo o que ele virá a conhecer é porque o professor
ensinou. Somente o professor é capar de desenvolver no aluno um conhecimento
novo.

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Figura 7 - Modelos pedagógicos auxiliam o processo de ensino e


aprendizagem. Fonte: Minerva Studio, Shutterstock, 2018.

Já na pedagogia não diretiva, o papel do professor muda: ele passa a ser um


facilitador, um ajudante ou auxiliar do aluno no seu processo de aprendizagem. O
aluno aprende por si mesmo, não há necessidade da interferência do professor, ele
apenas facilita a aprendizagem.

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Todavia, na pedagogia relacional o aluno é visto como um sujeito capaz de aprender


sempre, assim como também ensina. Alunos e professores, juntos, buscam novas
possibilidades de aprendizagem e novos conhecimentos.

VOCÊ QUER VER?

O professor Dr. Mario Sérgio Cortella, no vídeo Conteúdo e conhecimento do


programa Café Literário, discute o que é conhecimento e como, muitas vezes,
nos confundimos com a informação que recebemos. Para assistir, acesse o
endereço: <https://www.youtube.com/watch?v=SargvlQPWNk
(https://www.youtube.com/watch?v=SargvlQPWNk)>. 

É importante compreender que a educação e a construção do conhecimento se dão à


medida que haja interação tanto para o aluno quanto para o professor, o que
favorece a busca pela solução de problemas do cotidiano, da consolidação e
aquisição do conhecimento já constituído e da construção de novos saberes.

2.3.3 Modelos epistemológicos


Podemos dizer que os modelos epistemológicos antecedem os modelos
pedagógicos, contudo os complementam. Desde os primórdios da história, com
Aristóteles na Antiguidade, e principalmente na Idade Moderna entre os séculos XVI e
XVII, com Descartes, o conhecimento é questionável. Para Descartes, os homens
tinham suas opiniões, mas estavam distantes de ter certeza dos fatos e das coisas do
mundo. A partir de então, surge o movimento filosófico chamado empirismo: “[...] só
é verdadeiro aquilo que é demonstrável” (FRANCO, 1986, p. 24).
No modelo empirista, a fonte do conhecimento de todo o mundo está na experiência
vivida no meio físico por meio dos sentidos, do ambiente. O homem nasce vazio,
como uma “tábula rasa”. Segundo Locke (2012), o homem nunca atinge uma verdade
plena, pois sempre haverá nos fatos fonte de explicação para o mundo.

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VOCÊ O CONHECE?

John Locke (1632-1704) foi um filósofo inglês, descrito no site ebiografia (s. d.,
s. p.) como “[...] o principal representante do empirismo, teoria que afirmava que
o conhecimento era determinado pela experiência, tanto de origem externa, nas
sensações, quanto interna, a partir das reflexões. Sua teoria política deixou
grande contribuição ao desenvolvimento do liberalismo, principalmente a noção
de Estado de direito”. Para saber mais, acesse o endereço:
<https://www.ebiografia.com/john_locke/
(https://www.ebiografia.com/john_locke/)>. 

Desse modo, segundo a concepção de Piaget encontrada nos estudos de Becker


(1994), o empirismo “[...] tende a considerar a experiência como algo que se impõe
por si mesmo, como se fosse impressa diretamente no organismo sem que uma
atividade do sujeito fosse necessária à sua constituição.” (BECKER, 1994, p. 12).
Portanto, a concepção empirista na educação dialoga com a pedagogia diretiva, em
que o aluno só aprende se o professor ensinar. O professor acredita na transmissão
do conhecimento, na qual ele é o detentor absoluto do saber: “[...] o professor ainda
é um ser superior que ensina a ignorantes. O educando recebe passivamente os
conhecimentos, tornando-se um depósito do educador.” (FREIRE, 1985, p. 38).
Já o modelo epistemológico apriorista apresenta-se de maneira oposta ao
empirismo, uma vez que o sujeito deixa de ser uma “tábula rasa” para tornar-se um
indivíduo com conhecimentos prévios, que são determinados pelo seu processo de
maturação. Ou seja, o conhecimento se constitui porque o homem possui a
capacidade interna, biológica e, portanto, inata de aprendizagem e de produção do
conhecimento. É uma concepção que retoma a teoria da Gestalt, também conhecida
como a aprendizagem por insight, que veio colocar em pauta o associacionismo
americano (movimento da psicologia que se dedicou à concepção de que a
aprendizagem ocorre por associação de ideias).

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O modelo apriorista possui relação direta com a pedagogia não-diretiva, pois, tanto
em um quanto em outro o professor é um ajudante do aluno sendo, assim, difícil
identificar a sua prática em sala de aula. O aluno é o próprio conhecimento e só
precisa saber organizar seus pensamentos.
Enfim temos o construtivismo, ou interacionismo, advindo da contribuição de Jean
Piaget, com sua teoria construtivista:

[...] a vida é uma criação contínua de formas cada vez mais complexas e uma
equilibração progressiva entre essas formas e o meio. Dizer que a inteligência é
um caso particular de adaptação biológica é, pois, supor que ela é,
essencialmente, uma organização e que sua função consiste em estruturar o
universo da mesma forma que o organismo estrutura o meio imediato (PIAGET,
1979, p. 10).

De acordo com essa concepção, a inteligência se constrói por meio de estruturas


formadas mentalmente. Assim, o pensamento não cria nada novo. O conhecimento é
desenvolvido a partir da interação do sujeito com o objeto. E cada nova
aprendizagem passa por um processo de adaptação, que é o equilíbrio entre a
assimilação do conhecimento e sua acomodação – conhecimento consolidado
pronto para servir de base para um novo conhecimento. Sobre a inteligência, o
teórico construtivista afirma:

A inteligência é assimilação na medida em que incorpora nos seus quadros todo e


qualquer dado da experiência. Quer se trate do pensamento quer graças ao juízo
faz ingressar o novo no desconhecido e reduz assim o universo às suas noções
próprias, quer se trate da inteligência sensório-motora que estrutura as coisas
percebidas, integrando-as nos seus esquemas (Piaget, 1979, p. 1). 

Assim, podemos concluir que o modelo construtivista é relacional, pois “o professor,


além de ensinar, passa a aprender; e o aluno, além de aprender, passa a ensinar.”
(FREIRE apud BECKER, 1994, p. 72).

VOCÊ O CONHECE?
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Jean Piaget (1896-1980), biólogo e cientista, durante a primeira metade do


século XX foi considerado o maior nome do campo da educação. As principais
contribuições de Piaget foram no campo do raciocínio lógico-matemático.
Apesar de nunca ter atuado como pedagogo seus estudos ampliaram as
discussões sobre o processo de aquisição do conhecimento humano
principalmente da criança. Os estudos piagetianos, apensar de seu grande
impacto na pedagogia demonstrou que o processo de transmissão de
conhecimentos é limitado. Para o cientista suíço a criança aprende por um
processo de descoberta, a partir da sua relação com o objeto de aprendizagem
(FERRARI, 2008).

Portanto, considerando as contribuições de Becker (1994), ao traçar o paralelo entre


modelos pedagógicos e modelos epistemológicos compreendemos que ambos se
encontram relacionados e contribuem positivamente para a construção dos saberes
pedagógicos a partir do momento em que abrem possibilidades didáticas e
metodológicas para a prática docente. A partir desse conhecimento, veremos os
modelos pedagógicos e sua importância para a formação docente e para a práxis na
contemporaneidade.

2.4 Modelos pedagógicos


Durante toda a vida nos deparamos com a palavra “modelo”, que pode apresentar
diferentes significados, entre os quais um paradigma, um padrão de beleza, um
boletim, um conjunto de ideias etc. Mas você sabe o que são modelos pedagógicos?
Como podemos defini-los? Há relação entre modelos pedagógicos e a formação do
professor?
De antemão, vamos esclarecer o conceito de modelo pedagógico que iremos
abordar. Modelo pedagógico, muitas vezes, ganha a conotação de teorias da
aprendizagem ou de metodologia de ensino, mas esses não são sinônimos. 
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Um modelo pedagógico é sempre um padrão esquemático fundamentado em teorias


de aprendizagem que colabora e orienta metodologicamente o currículo escolar que
se materializa na práxis docente e na relação entre professor-aluno-conhecimento.
Nesse sentido, na sequência você saberá mais sobre os modelos pedagógicos e sua
relação com a prática e formação docente.

2.4.1 Os modelos pedagógicos e a formação docente


De acordo com o que você estudou nos tópicos anteriores, a escola, durante anos,
teve como objetivo único a transmissão de conhecimentos de forma vertical, na qual
o professor era o detentor do saber. Nessa perspectiva a escola tinha como prática
metodológica a memorização, a repetição de exercícios e o treino, pois se acreditava
que essa era a única forma de alcançar sucesso através do conhecimento.
Hoje, já se sabe que a escola não é a única detentora do conhecimento, e que o
professor não é o dono do saber. Com a globalização e a tecnologia, a escola mudou
muito e, da mesma maneira, também mudaram as práticas pedagógicas que, cada
vez com maior frequência, precisam ser inovadas para atender às demandas da
sociedade contemporânea e quebrar paradigmas arraigados nas posturas de
professores frente aos alunos.
O professor passa a ter uma formação para atuar como mediador do processo de
ensino-aprendizagem, aquele que mostra os caminhos, auxilia na busca e esclarece
as dúvidas para que, juntos, possam buscar conhecimentos e construir novos
saberes. O trabalho docente passa a ser cooperativo e no, fim, todos ensinam e
aprendem. 
Desse modo, os modelos pedagógicos passam por adaptações diante das
necessidades da escola atual. É possível encontramos numa mesma escola diferentes
modelos sendo aplicados, ora porque temos professores que não conseguem romper
com a prática tradicional, ora porque não possuem formação apropriada que lhes dê
condições de refletir sobre os desafios em sala de aula. 
O importante é termos como objetivo, na formação docente, a possibilidade de
conhecer as práticas pedagógicas da história da educação de modo a identificar qual
a que melhor se encaixa no cotidiano escolar, que varia de escola para escola. É

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necessário que o professor seja dinâmico, crítico e reflexivo da sua própria ação de
tal modo que possa buscar caminhos para a garantia do direito a aprendizagem e
acesso ao conhecimento.

2.4.2 O professor e os desafios do uso das Tecnologias da Informação


e Comunicação (TICs)
Como você já viu, a escola hoje apresenta inúmeros desafios, e um deles está
relacionado a saber que práticas e modelos pedagógicos devemos utilizar frente a
essa realidade. Começaremos o estudo desse tema pegando como exemplo o uso
das tecnologias na escola e sua relação com os modelos pedagógicos.
Na escola atual, o professor precisa conhecer muito mais que os conteúdos da sua
formação acadêmica, pois além de saber sobre as teorias do conhecimento a
respeito da aprendizagem, deve também se apropriar dos recursos tecnológicos
disponíveis para que esses conhecimentos cheguem por uma linguagem mais clara
aos alunos – isso inclui o uso da internet. Toda mídia tecnológica e seus recursos
comprovam que tanto alunos quanto professores aprendem.
Sabemos que a internet possibilita não só a busca por informações, mas também
auxilia o trabalho docente no processo de explanação de conteúdo, da pesquisa e na
própria educação a distância, oferecendo novos métodos de aprendizagem por meio
da interação com os alunos. Navegar na rede pode ser uma excelente possibilidade
de aproximar o aluno ao conhecimento que se pretende ensinar. Mas o
questionamento é: como tornar esse uso proveitoso para os alunos e professores?

VOCÊ SABIA?
O Ministério da Educação (MEC) tem um programa de banda
larga para atender as escolas públicas de todo o país. Segundo
dados do MEC, “[...] as tecnologias na educação estão acessíveis
a 24,8 milhões de estudantes das escolas públicas brasileiras. O
número, que corresponde ao total de alunos atendidos pelo
Programa Banda Larga nas Escolas, do Ministério da Educação,
foi anunciado [...] durante a conferência O Impacto das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na Educação”
(BRASIL, 2010, s. p.). Leia mais em:
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<http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/210-
1448895310/15361-na-rede-publica-tecnologia-atende-24-
milhoes-de-alunos (http://portal.mec.gov.br/ultimas-
noticias/210-1448895310/15361-na-rede-publica-tecnologia-
atende-24-milhoes-de-alunos)>. 

É importante compreender que obter conhecimento exige dedicação, e que


perguntas simples para problemas simples não têm resultado positivo, portanto o
segredo está em saber organizar o pensamento e os objetivos da aprendizagem – e
nesse contexto a internet é a grande aliada.
Enquanto professor na escola contemporânea, ter domínio das teorias da
aprendizagem faz toda a diferença, pois quando ele se deparar com os conflitos
advindos da prática será capaz de interagir com os alunos de modo que, em
conjunto, possam utilizar os serviços disponibilizados através das tecnologias.

2.4.3 A formação docente e a escola atual


Sabemos que a formação do professor para a escola contemporânea é um dos
maiores desafios da educação. De fato, é muito importante que o profissional
docente esteja preparado para enfrentar o cotidiano escolar e o processo de
aprendizagem, o que não é fácil, por isso ele deve conhecer tanto as teorias da
aprendizagem já instituídas ao longo da história, quanto os recursos midiáticos e
tecnológicos disponíveis – e que podem ser utilizados nas mais diferentes
metodologias de ensino. 
Para que professor e aluno alcancem resultados positivos no processo de
desenvolvimento da aprendizagem, é importante o uso dos recursos e mídias que
favoreçam a comunicação entre educador e educando, como os aparelhos
tecnológicos de comunicação, os computadores para pesquisa etc., e, até mesmo,
estreitem a relação entre o aprender e o conhecer.

VOCÊ QUER LER?

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O artigo “Mídia e Educação: reflexões, relatos e atuações”, das professoras-


doutoras Jussara Bittencourt de Sá e Heloisa Juncklaus Preis Moraes, analisa
como as mídias podem colaborar no contexto educacional problematizando a
escola em face da “sociedade do espetáculo” e diante das políticas educacionais
que se sobrepõem às mídias e à escola. Para ler, acesse o endereço:
<http://www.uff.br/feuffrevistaquerubim/images/arquivos/artigos/mdia_e_educa
o_jussara_bittencourt_de_s__revista_querubim.pdf
(http://www.uff.br/feuffrevistaquerubim/images/arquivos/artigos/mdia_e_educa
o_jussara_bittencourt_de_s__revista_querubim.pdf)>. 

Por fim, vale ressaltar que atuar de forma a buscar a transformação exige muito
preparo do educador, além da prática de uma ação crítico-reflexiva sobre seu próprio
trabalho. Esses aspectos são elementares, pois tornam o professor um agente
mediador do conhecimento, o que implicará em ações transformadoras da realidade
a partir da sua interação com os alunos.

Síntese
Concluímos este estudo, que abordou o papel do pedagogo e a função social da
escola, contextualizando os conceitos de modelos pedagógicos e epistemológicos,
educação formal e não formal dentro da perspectiva histórica. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
identificar o papel da escola no contexto do ambiente formal;
interpretar a função social tendo por base a dialeticidade e os pontos
paradoxais dentro da ambiência educativa;
compreender a função social da escola dentro do contexto do ambiente não
formal na perspectiva histórica e  cultural;
identificar a polivalência da escola tendo por base os ambientes não formais;
analisar as concepções epistemológicas na perspectiva da construção dos
saberes pedagógicos;

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identificar os modelos pedagógicos e  epistemológicos na perspectiva da


construção dos saberes pedagógicos;
entender a grande  contribuição dos modelos pedagógicos para a formação
docente;
compreender a evolução dos modelos pedagógicos e sua funcionalidade no
mundo contemporâneo.

Referências bibliográficas
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publica-tecnologia-atende-24-milhoes-de-alunos
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https://anhembi.blackboard.com/webapps/late-course_content_soap-BBLEARN/Controller?ACTION=OPEN_PLAYER&COURSE_ID=_667639_1&P… 29/30
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