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07/03/2021 Função Social da Escola

FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA


CAPÍTULO 3 - QUAL A
REPRESENTAÇÃO DO ALUNO E DO
PROFESSOR NO CONTEXTO SOCIAL
CONTEMPORÂNEO?
Tatiana Gomes dos Santos Peterle

INICIAR

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Introdução
Antes de começar seus estudos, reflita: o que você compreende quando escuta o
termo representação social? Qual seria a representação do aluno e do professor
no contexto social contemporâneo? Enfim, o que é representação social? Você
encontrará as respostas para estas e outras questões neste capítulo, no qual
abordaremos as representações de educadores e de educandos na sociedade.
Vivemos em uma sociedade definida por representações sociais. Essas
representações se dão em espaços e tempos conforme seu papel neste contexto.
Assim, podemos definir que as representações sociais são aquelas que englobam
as crenças, ideias e comportamento de um grupo de indivíduos,e essas
representações são resultados de ações coletivas comuns entre eles, ou seja,
resultado da interação social.
Essas representações também acontecem na escola, onde professores e alunos
assumem papéis importantes na luta por transformações sociais. Dessa maneira,
as representações sociais são fundamentais para entendermos como a realidade
constrói os símbolos presentes no nosso cotidiano, e ao mesmo tempo, como
pode revelar as necessidades diante o desafio da função social da escola no
processo de desenvolvimento da aprendizagem.
Bom estudo!

3.1 Representação do educador


Frente aos grandes desafios presentes na educação escolar, devemos nos
perguntar: por que alguém decide ser professor ou professora? O que motiva
um sujeito a seguir seus estudos no campo das licenciaturas? Há vantagens
em ser educador ou educadora?
Não é difícil responder, afinal, a educação é algo fantástico, sublime! Pois, por
meio da educação, a sociedade se desenvolve a amplia suas possibilidades
de bem-estar social.
A educação adquire esse encanto quando durante uma aula, por exemplo, o
professor é capaz de levar o aluno do século XXI a viajar pelo Egito antigo e a
perceber como a história tem influência nos dias atuais. Dessa forma,
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estimula a imaginação do estudante enquanto transmite conhecimentos e,


também, produz novo saberes – essa magia contagia os educadores. Assim,
todo o educador ganha uma representação social importante para a
humanidade.

3.1.1 O ser professor


Ser professor é ser um contínuo estudante, alguém que sempre busca
aprimorar-se para desempenhar cada vez mais e melhor sua função. É estar
sempre comprometido com a educação e a tarefa de ensinar. Portanto, ser
professor está para além do simples dom de educar, e é preciso demonstrar
qualidade e competência para que a aprendizagem realmente ocorra.

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Figura 1 - Ser professor é muito mais do que transmitir conhecimento em


sala de aula. Fonte: Shutterstock, 2018.

No desempenho de sua função, o professor deve apresentar habilidades


emocionais, filosóficas, éticas, políticas, entre outras, e acima de todas ter o
domínio do conhecimento de tal modo, que tenha capacidade de ser um
constante pesquisador.
Sobre a importância da pesquisa, Fazenda (2008, p. 10) afirma que:

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Aprender a pesquisar, fazendo pesquisa, é próprio de uma educação


interdisciplinar, que, segundo nossos dados, deveria se iniciar desde a pré-
escola. Uma das possibilidades de execução de um projeto interdisciplinar na
universidade é a pesquisa coletiva, em que exista uma pesquisa nuclear que
catalise as preocupações dos diferentes pesquisadores, e pesquisas-satélites
em que cada um possa ter o seu pensar individual e solitário. Na pesquisa
interdisciplinar, está a possibilidade de que cada pesquisador possa revelar a
sua própria potencialidade, a sua própria competência.

Desse modo, ser professor ou professora é trabalhar para a evolução crítica e


reflexiva dos alunos, oportunizando que o conhecimento possa ser
manipulado e reconstruído pelos educandos. É dar aos estudantes a
possibilidade de transformar suas vidas e das pessoas a sua volta. Contudo,
esse conhecimento só apresentará resultados positivos por meio de uma
educação transformadora, como propunha Paulo Freire (1980), uma
formação que eduque para a vida problematizando a condição do ser
humano, sempre em busca de aprimorar os sujeitos para viverem em
sociedade.
Nesse sentido, para a sociedade, a representação do professor é a garantia
de construção de um futuro melhor, de transformação social.

3.1.2 Ser professor no Brasil


Podemos afirmar que ser professor ou professora no Brasil é travar uma luta
diária contra a desvalorização profissional e as péssimas condições de
trabalho, ou contra a visão de que a formação docente serve apenas como
um “trampolim” para outras profissões.
Não é raro encontrarmos professores que dizem atuar nessa profissão
enquanto não conseguem coisa melhor. Se por um lado a docência traz
tantos encantos por possuir o dom de transformar mentes, as mazelas
encontradas nas escolas e os baixos salários são os principais motivadores
do abandono desse ofício.

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Figura 2 - Momento
de ensino-aprendizagem: relação entre professor e aluno. Fonte: ESB
Professional, Shutterstock, 2018.

A Finlândia é um bom exemplo de país que decidiu ampliar seus


investimentos em educação. Desde os últimos 50 anos até os dias atuais,
garantiu que mais de 90% de seus habitantes adultos tenham ensino
superior. Lá, o trabalho docente é compreendido como o mais importante,
pois foi por meio dos professores que o país elevou enormemente seu PIB
(Produto Interno Bruto) e reduziu índices de criminalidade, homicídios e
outros (ASSOCIAÇÃO GENTE DE BEM, 2017).

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Aqui no Brasil a realidade é muito diferente, pois mesmo tendo praticamente


dobrado os investimentos entre os anos de 2000 e 2012, apenas 4,7% do
PIB era investido em educação básica até 2016. Apesar da melhora na
qualidade das escolas brasileiras, avaliados pelo Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes (PISA), o resultado ainda é baixo quanto à
qualidade do ensino que temos hoje (BRASIL, 2015). Essa informação pode
ser constatada nas várias divulgações em 2016 da avaliação do Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) que coloca o Brasil, numa
lista de 70 países na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª
colocação em matemática (ASSOCIAÇÃO GENTE DE BEM, 2017).
Contudo, vale ressaltar que a tarefa do educador está para além da simples
transmissão do conteúdo, mas também na sua capacidade de lidar com os
problemas diários da educação brasileira, conseguir produzir conhecimento
e, ainda, manter uma interação produtiva com seus alunos.

3.1.3 O trabalho interdisciplinar e a representação do professor


O mundo de hoje busca por soluções para os mais diversificados problemas
da humanidade. Porém, apresenta dificuldades em identificar o que
realmente é necessário para a transformação dos sujeitos e seu ambiente.
Segundo Romanowsky (2012, p. 5): “[...] a sociedade contemporânea
caracteriza-se por transformações no mundo do trabalho, avanço da ciência
e da tecnologia, ampliação das informações, reestruturação econômica e
proposições de alteração nas políticas de bem-estar social”. Contudo
também é notório que toda e qualquer transformação exige mudanças e
essas, por sua vez, ocorrem sempre mediadas por outros sujeitos ou fatos.
Conforme foi visto, é inquestionável que professores e professoras são
mediadores no processo de transformação do sujeito estudante, e essa
mediação se faz mais fácil e ganha maior impacto quando o educador se
utiliza da interdisciplinaridade.  Construindo relações entre os saberes
socialmente construídos e as situações de vida do cotidiano, o docente é
capaz de tornar a aprendizagem mais significativa para os seus alunos,
favorecendo uma formação crítica.
Entretanto, atuar como um mediador do conhecimento e da realidade requer
muita dedicação, além de controle entre a razão e a emoção, uma vez que o
educador tem de lidar diretamente com um mundo de incertezas.

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Desse modo, a educação é uma área de atuação que compreende relações


complexas entre o meio, o saber e o ser humano em busca de novas
possibilidades de enxergar o mundo. A partir desses novos olhares, a
educação se entrelaça com outras áreas do conhecimento, tendo em vista a
proposição de novos caminhos para a emancipação social.

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Figura 3 - A educação como caminho da emancipação social. Fonte:


razorbeam, Shutterstock, 2018.

A representação do professor frente à contemporaneidade está, sobretudo,


na capacidade de relacionar as mais diversas disciplinas de maneira inter e
transdisciplinar, pois assim ele garante um aprendizado mais denso e eficaz
para os alunos, que são os possíveis transformadores da sociedade atual.
Isso significa que o educador deve tomar posse do pensamento complexo
para realizar seu trabalho, pois segundo Severino (2003, p. 43):

[...] dadas as nossas condições e a complexidade da prática, precisamos de


múltiplos enfoques mediatizados pelas abordagens das várias ciências
particulares; mas não se trata apenas de uma justaposição de múltiplos
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saberes: é preciso chegar à unidade na qual o todo se reconstitui como uma


síntese que, nessa unidade, é maior do que a soma das partes. Por isso,
precisa ser também prática transdisciplinar.

Portanto, assim como o conhecimento encontra-se de maneira entrelaçada,


também entrelaçado está o significado do ser humano enquanto sujeito
sócio-histórico capaz de pensar e agir trabalhando em prol do
desenvolvimento da humanidade. Esse desenvolvimento está relacionado à
representação do aluno, conforme você estudará a seguir.

3.2 Representação do aluno


No cotidiano escolar, os alunos também têm representação significativa. Mas
como se dá essa representação? De maneira mais evidente, ocorre na relação
afetiva entre professor-aluno. Sem dúvidas, em sala de aula, o afeto entre
professor-alunos e alunos-alunos tem um papel importante, pois é o elo para
a aquisição do conhecimento.
Perceber o que acontece nas escolas e sua relação com as representações
dos alunos é elementar para o processo de ensinar e aprender.

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Figura 4 - A relação entre professor e aluno em sala de aula deve ser


afetiva. Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2018.

Nesse sentido, assim como a relação professor-aluno é importante para o


educador, é ainda mais importante para o estudante compreender seu papel
na sociedade.

VOCÊ QUER VER?

Em vídeo produzido pelo Grupo Editorial Record sobre o livro “A escola e os


desafios contemporâneos”, da professora Viviane Mosé, a autora relata os
principais desafios da escola na contemporaneidade, apontando ainda sobre
a escola que temos e a escola que queremos ter. A docente também aborda
a utilização das tecnologias por professores e alunos, além da necessidade
de a escola acompanhar as transformações da sociedade. Para assistir,
acesse o endereço: <https://www.youtube.com/watch?v=0lsJSsKbH7g
(https://www.youtube.com/watch?v=0lsJSsKbH7g)>. 

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Dessa maneira, podemos dizer que a representação do aluno ocorre por meio
do afeto, pois esse sentimento oferece subsídios para compreender que a
aprendizagem só ocorrerá quando o estudante tiver consciência de que o
cotidiano da sala de aula é um fenômeno, e se articula com a sua jornada no
processo de aprendizagem.

3.2.1 A representação do aluno: vínculo afetivo


Conforme você estudou, a representação do aluno para o professor – e vice-
versa – em sala de aula se dá por meio da relação afetiva. E essa relação é
que possibilita, ou não, que o processo de ensino-aprendizagem avance de
maneira positiva. Assim, as representações sociais são conceituadas por
Kupfer (2000, p. 7):

[...] é a partir da análise dessa relação que se pode pensar no que faz um aluno
aprender. O que o faz acreditar no professor, permitindo que um ensino seja
eficaz. Pois, superando instituições escolares castradoras, coibitivas,
“achatadoras” de individualidades, surgem alunos pensantes, desejosos de
saber, capazes mesmo de produzir teorias.

Segundo Ornellas (2009), o conceito de representação social é compreendido a


partir dessa análise como um conhecimento do senso comum, que ocorre por
meio das relações afetivas entre os sujeitos e seu cotidiano. Ou seja, no caso do
aluno, da sua relação com o professor e a sala de aula durante o seu processo de
escolarização.

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Figura 5 - Em sala de aula, a convivência do aluno com seus pares


consolida sua representação social. Fonte: Pressmaster, Shutterstock,
2018.

Ornellas (2009) compreende que as representações sociais são aquelas presentes


nas relações da vida cotidiana, apesar de reconhecer que é difícil fazer a
observação e identificação delas, pois é algo complexo, já que o tempo em que as
relações são construídas nem sempre é o suficiente para que seja feita uma
definição dessas interações. Por isso, o tempo do aluno com o professor na escola
é fundamental para que sua representação enquanto estudante se torne
perceptível.
Em sala de aula, a convivência com seus pares faz com que os alunos consolidem
sua representação social de modo a deixar sua marca, e essa será positiva ou
negativa dependendo do afeto disponibilizado na interação entre professor e
aluno. Por isso, as representações são estudadas no campo da psicanálise.

3.2.2 As representações a partir do olhar da psicanálise


Ao falarmos de aspectos afetivos entre professor e alunos, adentramos os
estudos da psicanálise – teoria formulada por Freud que estuda o
comportamento e os processos mentais (AULETE, 2018) – para

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compreender as relações humanas e suas implicações no desenvolvimento


dos sujeitos. Assim, as representações dos alunos construídas em sala de
aula podem apontar para o exemplo de escola que queremos ter.
Kupfer (2005) afirma que o grande desejo de Freud era o de que a
psicanálise tivesse contribuição direta para a sociedade e, de forma mais
especial, para a educação. Segundo a autora, Freud observava os
movimentos sociais e as representações dos sujeitos para tentar
compreender todas as áreas do conhecimento, e assim aos pouco conseguiu
adentrar os muros da escola.

VOCÊ O CONHECE?

Sigmund Schlomo Freud (1856-1939), médico neurologista, foi o criador da


psicanálise. Iniciou seus estudos a partir da utilização da hipnose no
tratamento de pacientes com histeria, motivação de seus estudos sobre o
inconsciente. Suas teorias e seus tratamentos foram controversos, e até hoje
continuam a ser muito debatidos. Sua teoria é de grande influência na
psicologia atual e, além do contínuo debate sobre sua aplicação no
tratamento médico, também é frequentemente discutida na educação e
analisada como obra de literatura e cultura geral (FERRARI, 2008). Para
saber mais sobre Freud, acesse o artigo disponível em:
<https://novaescola.org.br/conteudo/1912/sigmund-freud-o-explorador-da-
mente (https://novaescola.org.br/conteudo/1912/sigmund-freud-o-
explorador-da-mente)>.

Contudo, apesar do espaço que a psicanálise tem hoje na educação, esta


teoria não traz fórmulas sobre o que fazer para que a aprendizagem
aconteça, mas ajuda a refletir como o comportamento do aluno e seus
aspectos afetivos na sua relação com o professor, e com a escola, dialogam
com o seu sucesso ou fracasso escolar.
Basicamente, a representação do aluno pode ser compreendida a partir de
sua relação afetiva com o professor, quase sempre identificada a partir do
“bem-estar” ou “mal-estar” vividos no cotidiano da sala de aula. De acordo
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com Ornellas (2009), isso nos leva a refletir que:

A psicanálise fala que a relação transferencial pressupõe enamoramento, o


que permite dizer que a transferência coloca o amor como referência, a qual
alimenta a relação. (...) Em 1912, Freud distingue a transferência positiva, feita
de ternura e amor, da transferência negativa, feita de sentimentos hostis e
agressivos (ORNELLAS, 2009, p. 178-179).

Portanto o bem-estar ou o mal-estar na escola pode ter diversas faces.


Segundo afirmam Outeiral e Cerezer (2003, p. 1 apud Ornellas, 2009, p.
177), mais especificamente sobre o mal-estar na escola, esse “[...] tem
diversas faces para serem olhadas e pensadas: é como se olhássemos um
cubo, que tem seis faces, como sabemos, mas só podemos, de um
determinado lugar, ver três faces, é necessário que nos desloquemos para
que vejamos todas as faces”.
Dessa forma, podemos concluir que as representações dos alunos podem ser
identificadas a partir de um olhar cuidadoso sobre sua relação de afeto com o
professor e com a escola, e que o professor possui um papel elementar na
contribuição para que essa relação seja favorável ao processo de
desenvolvimento do aluno. Compreender que existe uma relação entre a
psicanálise e a educação é um bom caminho para identificar a representação
dos alunos enquanto sujeitos históricos e de direitos.

3.2.3 A sala de aula como espaço de escuta da representação do


aluno
Se a psicanálise é um caminho para a compreensão da representatividade
dos alunos, a sala de aula é o consultório para se identificar esse processo.
Portanto, a sala de aula é um espaço de escuta das representações dos
alunos e do próprio ato educativo.
É na sala de aula que a escuta da interação professor-aluno é compreendida
como um instrumento da mediação entre os sujeitos e a disciplina do aluno
ganha centralidade na análise dessa interação. Ter domínio da disciplina do
aluno tornou-se um dos grandes desafios para o professor.
Na escola da atualidade, quando um professor adentra a sala de aula,
depara-se com a dificuldade de administrar a falta de atenção às aulas, o
interesse pelas atividades propostas, a dispersão, entre outros problemas.
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Esses desalentos encontrados pelo professor provocam mal-estar no


ambiente escolar, exigindo, assim, uma escuta pedagógica atenta na
expectativa de superar essas dificuldades. É nesse momento de escuta
pedagógica que a representação do aluno é identificada com maior nitidez,
podendo demonstrar o quanto a relação afetiva entre ele e o professor
interfere em seu comportamento. Assim, o momento de escuta precisa ser
um instrumento de trabalho da escola:

Uma leitura que inclua o discurso social que circula em torno do educativo e do
escolar (...) estará produzindo uma inflexão na ação do psicanalista e o levará a
uma prática que não coincida mais com a clínica psicanalista “ortodoxa”, pois
ele terá de se movimentar o suficiente para ouvir pais e escola. Isso amplia o
campo de ação do psicanalista, que passa a incluir a instituição escola como
lugar de escuta (KUPFER, 2000, p. 34).

Nesse sentido, mais uma vez a psicanálise entra como um recurso para a
compreensão das representações sociais. Escutar é uma forma de dar
sentido ao mundo que cerca o aluno. Segundo Ornellas (2009, p. 188): “[...] a
escuta da fala do outro é, na verdade, um diálogo dentro de nós mesmos,
com as muitas falas que nos constituíram e nos constituem. Escutar e falar
faz parte do processo educativo, porém este binômio na escola parece ter
pesos diferentes entre os atores.”
A partir dos momentos de escuta em sala de aula, escola e professores
podem trabalhar para produzir mais e melhor a qualidade do ensino. A
representação do ensinar e aprender é um aspecto que também merece
atenção no processo escolar, conforme você estudará a seguir.

3.3 Representação do ensinar e


aprender
Como podemos pensar em educação sem considerar as habilidades e
competências que se desenvolvem na relação entre professor e aluno? Você
já se perguntou como a educação pode interferir na transformação da

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sociedade? Já tentou compreender o que o processo de ensinar e aprender


pode representar?

VOCÊ QUER VER?

Como futuro professor, é importante que você comece a observar


comportamentos que favoreçam uma prática reflexiva. Assim, vale a pena
assistir ao vídeo Reflexões sobre o processo de ensino-aprendizagem, no
qual o Doutor em Educação João Luiz Gasparin    apresenta aspectos da
teoria do conhecimento Materialismo Histórico-dialético. Assista ao vídeo e
saiba como ele poderá refletir na atuação docente, acessando o endereço:
<https://www.youtube.com/watch?v=d-DqNak7nU8
(https://www.youtube.com/watch?v=d-DqNak7nU8)>.

Diante de uma educação plural, em que a diversidade encontra-se presente


em todos os seus campos e aspectos, pensar na representação do ensinar e
do aprender torna-se essencial para assegurar o processo de
desenvolvimento dos alunos.
A educação é um processo reflexivo que envolve alunos e professores numa
dinâmica em prol do conhecimento; assim, o aprender e o ensinar são a
chave-mestra da qualidade da educação. É importante que a escola
oportunize a professores e alunos refletirem sobre seus papéis e suas
condições de ensinantes e aprendizes.

3.3.1 O ensino e a aprendizagem na escola contemporânea


Os avanços obtidos ao longo da história da educação permitiram que o
processo de aprendizagem se tornasse reflexivo. Mas não só isso; na
atualidade encontramos alunos, de diferentes níveis de ensino, familiarizados
com as novas tecnologias de maneira surpreendente, principalmente com as
tecnologias de comunicação – o que favorece muito a capacidade de
produção de cada sujeito diante das mais diversas situações do cotidiano.

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Contudo, essa é uma realidade entre alunos, mas nem sempre os professores
detêm as mesmas habilidades e competências. Daí a necessidade de o
professor buscar formação e pesquisa constantes. 

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Figura 6 - No processo de ensino-aprendizagem, a linguagem utilizada


pelo professor deve ser compreendida por todos os alunos. Fonte: ESB
Professional, Shutterstock, 2018.

Assegurar a aprendizagem depende da capacidade que o ensinante tem de


interagir com os conhecimentos, de modo que a linguagem utilizada em sala
de aula esteja ao alcance de todos. É nesse contexto que as tecnologias são
fundamentais no favorecimento da aprendizagem dos alunos que já nascem
tendo acesso a elas.
Quando os recursos tecnológicos não são utilizados como mediadores do
processo de ensino-aprendizagem, o canal de comunicação entre professor e
alunos fica comprometido, pois o mundo que cerca os estudantes está
repleto de novas tecnologias e, portanto, fazem parte do seu dia a dia.
Ensinar sem ter condições de traçar relação com a vida cotidiana é
comprometer a qualidade da aprendizagem, além de causar dispersão,
desinteresse e indisciplina na sala de aula.
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Para entender melhor, observe os exemplos descritos no caso a seguir.

CASO
Um exemplo de estudo de caso são os programas
televisivos. Diariamente, os alunos estão expostos às
inúmeras programações da TV que, por sua vez, trazem
várias temáticas que poderiam ser aproveitadas em sala
de aula.
O telejornal em tempo real transmite todas as ações
políticas que implicam diretamente no direito dos
cidadãos. As novelas abordam temas complexos como
a diversidade de gênero, as crenças religiosas e as
diferentes culturas no mundo. E o estudante
experimenta tudo isso passivamente, sentado no sofá!
Não dar vez, nem voz ao que o aluno assiste todos os
dias é ignorar que ele já tenha algum conhecimento
sobre esses assuntos. Sem contar o fato de que muito
do que é passado na TV, principalmente nas novelas,
pode ter significativa proximidade com a vida do aluno
fora dos muros da escola.
O professor que consegue trazer para a sala de aula
exemplos que fazem parte do dia a dia da turma, que
tenta valorizar a vivência do estudante, terá menos
dificuldades de desenvolver o seu trabalho. Em
contrapartida, quando o aluno identifica-se com o
assunto trazido pelo professor de determinada
disciplina, ou em determinada aula, é possível notar que
o interesse desse aluno muda, pois para ele a
aprendizagem passa a ter significado.
Nesse sentido, a representação do ensinar e do
aprender pode ser identificada de maneira mais fácil a
partir do uso das tecnologias, quando o professor
oportuniza momentos de debates, seminários e
pesquisas. Ao expressar sua opinião, o aluno
demonstrará se aprendeu ou não determinado conceito,
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o que não é tarefa fácil, mas quando o conhecimento é


aproximado da realidade de vida do estudante, a
aprendizagem passa a ter um significado especial e
motivador, além de melhorar a relação com o professor.

Portanto, trabalhar o ensinar e o aprender, em consonância com a tecnologia,


proporciona uma educação mais prazerosa. Com isso, aumenta a
possibilidade de garantir que a escola cumpra o seu papel social na formação
do cidadão, conforme você verá a seguir.

3.3.2 O ensino e a aprendizagem na formação cidadã


A função da escola hoje está para além da transmissão de conhecimentos,
pois essa instituição é também responsável pela formação cidadã de todos
na sociedade. Dessa forma, a escola passa a ser vista dentro de uma
totalidade uma instituição que compreende o ser humano e suas relações
desde o nascimento.
Assim, cabe à escola preocupar-se com conceitos, valores e atitudes dos
educandos, uma vez que ela também é responsável pela formação e
orientação dos estudantes para viverem em sociedade. Desse modo, a gama
de atribuições da escola aumenta e, com ela, a responsabilidade pelo
sucesso ou fracasso escolar, pois no caso do fracasso, poderá significar falha
na execução de sua função – o que refletirá incisivamente na sociedade.
Nesse sentido, a elaboração de um projeto de vida para os estudantes pode
motivar o sujeito a correr atrás de objetivos e lutar por eles. Um projeto de
ensino também deve ser realizado para que tanto alunos quanto professores
tenham claro um caminho a seguir, um norte que os desvie dos obstáculos
impostos no interior da escola e pela sociedade, como as questões que
envolvem as diferenças de raças, credos, gêneros e classes sociais.

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Figura 7 - A educação deve ser compreendida como formação para a


cidadania. Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2018.

O processo de ensino-aprendizagem é compreendido como algo que precisa


ser arquitetado para que não haja interferências na sua execução e para que
ele alcance todos os objetivos traçados. No entanto é um processo de mão
dupla que abraça tanto o professor quanto o aluno, de modo que ambos, em
algum momento, serão ensinantes e, em outro, serão aprendizes.
Hoje, o ensinar e o aprender são responsáveis pela construção de um mundo
melhor, em que professores e alunos, por meio do conhecimento, podem
transformar a realidade em que vivem a partir de uma prática cidadã, crítica e
reflexiva, tendo em vista sempre a emancipação social.

3.3.3 Ensinar e aprender são atos dialógicos


Não há como pensarmos em educação, em aprendizagem, sem que haja
diálogo. O diálogo é o principal recurso do professor, pois nele há troca de
informações e conhecimentos que favorecem a autoaprendizagem, já que na
educação contemporânea professores e alunos aprendem entre si.

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Desse modo, ensinar é fazer com que os alunos estejam sempre


comprometidos com a dialogicidade, desenvolvendo estratégias de
aprendizagem. É possibilitar ao estudante uma análise mais profunda sobre o
papel da escola e o seu próprio papel. Assim, ensinar é o mesmo que orientar
os alunos de maneira que, a partir do diálogo, possam se apropriar dos
conhecimentos específicos de cada ano ou série escolar para que ocorra a
“interiorização do saber sistematizado, historicamente acumulado.” (LOPES,
1996, p. 111).
Ensinar é dar as condições básicas para que os alunos desenvolvam
habilidades que os façam capazes de dominar as diversas linguagens. É
também ajudá-los a desenvolver sua capacidade reflexiva, de maneira a
buscar as soluções para as angústias do dia a dia. Mais do que um diálogo, a
aprendizagem é também uma forma de colaboração entre professores e
alunos propiciando aos estudantes a ajuda mútua na investigação e análise
dos dados. Assim, a relação entre alunos também faz parte do processo de
aprendizagem. 
Nesse sentido, da mesma forma que a interação entre professor e aluno, a
relação aluno-aluno e professor-professor se dá de forma colaborativa no
processo de aprendizagem, permitindo a constituição e trocas de
experiências tão importantes para o desenvolvimento pessoal.
Todavia, a formação inicial do professor precisa oferecer condições
necessárias para que o profissional atue como um colaborador e, também, se
compreenda como colaborativo, num processo dialógico da construção do
saber.

3.4 Transformação da escola


A relação entre educação e sociedade é caracterizada pelos paradigmas que
sustentam os modelos pedagógicos e as práticas de ensino que, ao longo da
história da educação, foram se modificando mediante as necessidades da
sociedade. Você já parou para pensar por que a escola sofreu tantas
modificações? Como os aspectos filosóficos podem ter influenciado nessas
tantas mudanças? Atualmente, a educação ainda é compreendida como
caminho para a transformação da sociedade?

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Sabemos que muitas foram as mudanças na educação. Por exemplo, o aluno


deixou de ser um depósito de informações, e a educação passou a
preocupar-se com as relações afetivas e as interações dos alunos no meio
em que vivem, e com os professores.
Vamos agora aprender um pouco mais sobre a transformação da escola e
sobre o modo como os contextos filosóficos apontam para as carências em
que vivem as escolas e também para os caminhos que indicam a superação
dos desafios impostos pela sociedade contemporânea.

3.4.1 Paradigmas sociais e a educação


Partimos do pressuposto de que a educação é um fenômeno social que
dialoga diretamente com os contextos políticos, culturais, econômicos e
científicos de uma nação. Esse conceito nos leva a inferir que a educação é
um processo em constante transformação, que atravessa a história
rompendo tempos e lugares sempre na busca por um mundo menos
desigual.

O estudo das raízes históricas da educação contemporânea nos mostra a


estreita relação entre a mesma e a consciência que o homem tem de si mesmo,
consciência esta que se modifica de época para época, de lugar para lugar, de
acordo com um modelo ideal de homem e de sociedade (SAVIANI, 1991, p.
55).

Fica evidente, a partir da consideração de Saviani (1991), que a educação


enquanto processo social se enquadra numa concepção de sociedade que
varia conforme os interesses de uma classe. Assim, o fenômeno educativo
precisa ser compreendido de maneira unificada e sólida, e não fragmentado
da realidade, interpondo-se entre os valores culturais, políticos e éticos que
fazem parte da vida humana.

VOCÊ SABIA?
A Escola Básica Integrada de Aves/São Tomé de Negrelos,
conhecida como Escola da Ponte, é uma instituição pública de
ensino, localizada em Vila das Aves e São Tomé de Negrelos,
em Santo Tirso, no distrito do Porto, em Portugal. No sistema
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idealizado pelo educador José Pacheco “as crianças e os


adolescentes que lá estudam definem quais são suas áreas de
interesse e desenvolvem projetos de pesquisa, tanto em
grupo quanto individuais. O sistema tem se mostrado viável
por pelo menos dois motivos: primeiro, porque os educadores
estão abertos a mudanças; segundo, porque as famílias dos
alunos apóiam e defendem a escola idealizada por Pacheco”
(MARANGON, 2004, s. p.). Para saber mais, leia o artigo
disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/335/jose-
pacheco-e-a-escola-da-ponte
(https://novaescola.org.br/conteudo/335/jose-pacheco-e-a-
escola-da-ponte)>.

Temos assim instalada uma crise paradigmática que precisa ser analisada
enquanto fenômeno cultural que se relaciona diretamente com a história.
  Podemos pensar que a construção da ciência moderna compreende a
educação como um modelo único de conhecimento, materializado a partir da
produção de novos saberes que podem ser cientificamente comprovados,
razão principal da crise. Desse modo, a perspectiva do conhecimento
científico dominante adquire maior rigor, colocando o modelo racionalista em
profunda crise. Todavia, “os sinais nos permitem tão só especular acerca do
paradigma que emergirá desse período revolucionário.” (SANTOS, 1996, p.
123).

VOCÊ QUER LER?

“Epistemologias do Sul”, livro organizado por Boaventura de Sousa Santos e


Maria Paula Meneses (2009), aborda o pensamento epistemológico do
ocidente sobre os padrões da hierarquização das culturas dominantes.
Destaca a necessidade de resgatar o diálogo como uma possibilidade de
saberes. Discute as sobre cultura, intersubjetividades e relações  sociais no
processo epistemológico e, sua obra nos permite compreender as suas
relações e desdobramentos das transformações sociais.

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Portanto, as transformações da escola, tanto teórica quanto práticas,


desenvolvem-se a partir dos paradigmas dominantes de um determinado
período histórico, o que faz com que a educação aconteça, quase que
exclusivamente, como um instrumento reprodutor dos interesses políticos,
econômicos e culturais da sociedade demarcada por interesses da classe
dominante.

3.4.2 As transformações do mundo contemporâneo e a escola


As transformações políticas, sociais e culturais que ocorreram em todo o mundo
impactaram a escola e colocaram em pauta o seu papel na sociedade, já que hoje
é exigido um perfil de trabalhador mais flexível e empreendedor, que precisa estar
sempre atualizado para mostrar diversidade de competências. Nesse cenário, a
escola passa a ter a responsabilidade de formar esses sujeitos dinâmicos e plurais,
capazes de exercer sua cidadania de maneira autônoma, crítica e criativa. De
forma ampla, a sociedade contemporânea busca, nos diferentes processos
educativos, a reprodução das relações sociais, o que significa que a classe
dominante busca na escola a possibilidade de reprodução das necessidades
impostas pela industrialização e sua estrutura econômica. As mudanças e
inovações tecnológicas que impõem a divisão do trabalho, assim como a força de
trabalho, fazem da escola um espaço de formação humana que atenda a essas
demandas. Mészáros (1981, p. 260), sobre as mudanças no mundo do trabalho e a
educação, afirma que:

Além da reprodução, numa escala ampliada, das múltiplas habilidades se nas


quais a atividade produtiva não poderia ser realizada, o complexo sistema
educacional da sociedade é também responsável pela produção e reprodução
da estrutura de valores dentro da qual os indivíduos definem seus próprios
objetivos e fins específicos. As relações sociais de produção capitalistas não se
perpetuam automaticamente.

Assim, a sociedade do conhecimento como é conhecida de todo o mundo, deixou


de lado o modelo pedagógico que valoriza o trabalho taylorista/fordista “fundadas
na divisão entre o pensamento e ação, na fragmentação de conteúdos e na
memorização, em que o livro didático era responsável pela qualidade do trabalho
escolar” (SANTOS, 2018, s. p.).

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As transformações do mundo permitem que os sujeitos aprendam nos mais


diferentes espaços educativos – na TV, no computador, na rua, entre outros.
Desse modo, os espaços educativos foram ampliados; isso não significa que
a escola formal tenha chegado ao fim, mas um alerta que indica a
necessidade urgente de mudanças estruturais nessas escolas para atender
às demandas da contemporaneidade. De acordo com Frigotto (1999, p. 26):

Na perspectiva das classes dominantes, historicamente, a educação dos


diferentes grupos sociais de trabalhadores deve dar-se a fim de habilitá-los
técnica, social e ideologicamente para o trabalho. Trata-se de subordinar a
função social da educação de forma controlada para responder às demandas
do capital.

A partir da citação deste autor, podemos afirmar que a educação é a


instituição na qual a sociedade molda seus participantes segundo seus
interesses. Isso revela, dentro do contexto educacional, que a diversidade e
os sujeitos variam segundo os diferentes contextos sociais aos quais
pertencem e são constituídos.

VOCÊ QUER LER?

Gaudêncio Frigotto (1984) escreveu o livro “A produtividade da escola


improdutiva” sob uma postura metodológica que busca entender a educação
no interior da totalidade social, envolvendo, assim, uma análise articulada
com dimensões econômicas, políticas, filosóficas e socioculturais. Nesse
sentido, essa obra é fonte obrigatória para pesquisadores e professores da
educação (economia, filosofia, política, sociologia), das áreas de
planejamento, administração, orientação e supervisão da educação, como
também para profissionais que atuam nas ciências sociais.

Dessa maneira, é possível perceber que as transformações no mundo


contemporâneo também transformam a escola, bem como todo o processo
de escolarização e formação humana.
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3.4.3 A representação da escola na contemporaneidade


A escola representa uma solidificação de meios que servem como
mecanismos de participação da família nos diversos espaços educativos de
socialização do conhecimento e de informações, que ganham importância no
Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola.

VOCÊ SABIA?
A participação dos professores na construção do Projeto
Político Pedagógico da escola está prevista na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Em seu Título IV –
Da Organização da Educação Nacional –, a lei define no artigo
Art. 14 que os sistemas de ensino definirão as normas da
gestão democrática do ensino público na educação básica, de
acordo com as suas peculiaridades e conforme alguns
princípios; e um deles está no Inciso I, que é a garantia da
participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto pedagógico da escola (BRASIL, 1996).

As transformações tecnológicas e a globalização fazem com que a docência


seja reconfigurada, adquirindo um caráter ideológico frente às necessidades
do mundo do trabalho. Dessa forma, a escola deve superar e romper com os
modelos tradicionais do ensino para fazer diferença e buscar soluções aos
novos desafios da sociedade.

No movimento de reconfiguração de trabalho e formação docente, outro


aspecto parece constituir objeto de consenso a possibilidade da presença das
chamadas “novas tecnologias” ou, mais precisamente, das tecnologias da
informação e da comunicação (TIC). Essa presença tem sido cada vez mais
constante no discurso pedagógico, compreendido tanto como o conjunto das
práticas de linguagem desenvolvidas nas situações concretas de ensino
quanto as que visam a atingir um nível de explicação para essas mesmas
situações (SANTOS, 2018, s. p.).

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Assim, segundo Santos (2018), as tecnologias de informação e comunicação (TICs)


têm sido fundamentais na construção dos discursos atuais sobre o ensino.
Todavia, apesar de esse tema estar entre os mais discutidos pelos estudiosos da
educação das academias, a sua aplicação tem ganhado sentidos tão diferentes
que acabam desqualificando as leituras mais específicas, mostrando que não há
um consenso para a sua utilização no processo formativo.
Diante desse contexto de transformação, a instituição escolar tem como função
não só garantir o acesso e a permanência de jovens e crianças na escola, mas
também permitir que esses sujeitos tenham a possibilidade de suprir suas
necessidades e realizar seus desejos. Da mesma forma, deve prepará-los para lidar
com as demandas do mundo capitalista, industrializado e contemporâneo.
Por fim, a educação de qualidade é aquela que consegue oferecer aos alunos uma
formação plena que atenda a necessidade de uma formação profissional assim
como a formação propedêutica, social, política e cultural da sociedade.

Síntese
Você concluiu esta etapa da disciplina, que abordou a representação do
aluno e do professor no contexto social contemporâneo, mostrando como as
relações entre esses sujeitos podem interferir e determinar o processo de
aprendizagem e a função social da escola.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
compreender a identidade do educador como um profissional do ensino,
assim como a sua representação no contexto social;
refletir sobre a representatividade do educador na perspectiva de uma
sociedade dinâmica e polivalente;
identificar a representação do aluno, tendo por base o vínculo afetivo;
entender que a representação social do aluno contribui positivamente no
cotidiano escolar;
perceber os benefícios que partem dos princípios de ensinar e aprender
como ícones estruturadores da prática educativa;
refletir sobre a transformação da escola no mundo contemporâneo;
conhecer as reais necessidades de transformação da escola que queremos.
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