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importador e o distribuidor em caso de reprodução no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98).
T355c
ISBN 978-85-309-7041-6
1. Brasil [Código de Processo Civil (1973)]. 2. Processo civil – Brasil.
PREFÁCIO
TABELAS DE CORRESPONDÊNCIA
LEGISLAÇÃO ESPECIAL
ÍNDICES
PARTE GERAL
LIVRO I
DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
LIVRO II
DA FUNÇÃO JURISDICIONAL
Capítulo I – Da Competência
Seção I – Disposições Gerais – arts. 42 a 53
Seção II – Da Modificação da Competência – arts. 54 a 63
Seção III – Da Incompetência – arts. 64 a 66
Capítulo I – Da Assistência
Seção I – Disposições Comuns – arts.119 e 120
Seção II – Da Assistência Simples – arts.121 a 123
Seção III – Da Assistência Litisconsorcial – art. 124
Capítulo I – Dos Poderes, Dos Deveres e da Responsabilidade do Juiz – arts. 139 a 143
LIVRO IV
DOS ATOS PROCESSUAIS
LIVRO V
DA TUTELA PROVISÓRIA
Capítulo II – Do Procedimento da Tutela Antecipada Requerida em Caráter Antecedente – arts. 303 a 304
Capítulo III – Do Procedimento da Tutela Cautelar Requerida em Caráter Antecedente – arts. 305 a 310
LIVRO VI
DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO
PARTE ESPECIAL
LIVRO I
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
TÍTULO I – Do Procedimento Comum
LIVRO II
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
LIVRO III
DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES
JUDICIAIS
TÍTULO I – Da Ordem dos Processos e dos Processos de Competência Originária dos Tribunais
Capítulo VI – Dos Recursos para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justiça –
arts. 1.027 a 1.028
Seção II – Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial
– Disposições Gerais – arts. 1.029 a 1.035
– Do Julgamento dos Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos – arts. 1.036 a 1.041
Seção III – Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário – art. 1.042
Seção IV – Dos Embargos de Divergência – arts. 1.043 a 1.044
Ação Popular
Advogado
Alienação Fiduciária
Alimentos
Alimentos Gravídicos
Arbitragem
Bem de Família
Depositário Infiel
Desapropriação
Estatuto do Idoso
Fax
Habeas Data
Improbidade Administrativa
Investigação de Paternidade
Juizados Especiais
Justiça Federal
Locação
Magistratura Nacional
Código de Ética
Mandado de Segurança
Medidas Cautelares
Prescrição Quinquenal
Processo Eletrônico
Registros Públicos
Súmula Vinculante
Súmulas
Tutela Antecipada
Usucapião Especial
Usura
A
AC – Ação cautelar; Apelação cível
ac. – Acórdão
ACJ – Apelação Cível do Juizado Especial (abreviatura utilizada nos julgados do TJDFT)
Ag – Agravo
Amagis – Revista da Associação dos Magistrados Mineiros (periódico); Associação dos Magis-trados
Mineiros
AO – Ação ordinária
AP – Ação popular
Ap. – Apelação
AR – Ação Rescisória
Art. – Artigo
B
BACEN – Banco Central do Brasil
C
c/ – Com
CA – Conflito de Atribuições
Câm. – Câmara
Cap. – Capítulo
Caps. – Capítulos
CC/1916 – Código Civil Brasileiro de 1916 (Lei nº 3.071, de 01.01.1916; revogada pela Lei nº
10.406, de 10.01.2002)
Cív. – Cível/Cíveis
Cons. – Conselheiro
Coord. – Coordenador(es).
CPInd – Código da Propriedade Industrial (Lei nº 5.772, de 21.12.1971) – Observação: revogado pela
LPI (Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279, de 14.05.1996)
CR – Carta Rogatória
Crim. – Criminal
D
DCM – Decreto do Conselho de Ministros
Dec. – Decreto
Dec.-lei. – Decreto-lei
Dep. – Deputado
Des. – Desembargador(a)
desp. – Despacho
DI – Dissídio individual
DL – Decreto-Lei
E
EA – Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906, de 04.07.1994)
EC – Emenda Constitucional
ed. – Edição
Emb. – Embargos
Est. – Estadual
et al/ ou – Rubrica que, na citação bibliográfica, indica que a obra a que se faz referência tem mais de um
et alii autor e se menciona, por concisão, apenas o primeiro, omitindo os demais.
Ext. – Extradição
F
FDD – Fundo Federal de Defesa de Direitos Difusos
Fed. – Federal
Fl./Fls. – Folha/Folhas
FMU – FMU Direito – Revista da Faculdade de Direito das Faculdades Metropolitanas Uni-das de São
Paulo (periódico)
FPJC – Fórum Permanente dos Juízes Coordenadores dos Juizados Especiais Cíveis e Crimi-nais do Brasil
G
g.n. – Grifo nosso
Gr. – Grupo
H
HC – Habeas corpus
HD – Habeas data
I
i.e. – Isto é
IC – Inquérito civil
IF – Intervenção Federal
Inq. – Inquérito
ínt. – Íntegra
IP – Inquérito Policial
J
JB/JBCC – Jurisprudência Brasileira – Cível e Comercial (periódico)
jul. – Julgado em
Jur. It. – Juris Itnera – Revista do Ministério Público do Estado do Maranhão (periódico)
L
LA – Lei de Alimentos (Lei nº 5.478, de 25.07.1968)
LC – Lei Complementar
LDRA – Lei de Desapropriação de Imóvel Rural para fins de Reforma Agrária (LC nº 76, de
06.07.1993)
LE – Lei Estadual
LINDB – Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, antes denominada Lei de Introdu-ção ao
Código Civil – LICC (Decreto-lei nº 4.657, de 04.09.1942)
LM – Lei Municipal
LOEMP – Lei Orgânica Estadual do Ministério Público (abreviatura seguida da sigla do Estado
correspondente)
LOJDF – Lei de Organização Judiciária do Distrito Federal (Lei nº 8.185, de 14.05.1991)
LPB – Lei dos Planos de Benefícios da Previdência Social (Lei nº 8.213, de 24.07.1991)
LUG – Lei Uniforme sobre Letra de Câmbio e Nota Promissória (Decreto nº 57.663, de
24.01.1966)
M
m.v. – Maioria de votos
MC – Medida Cautelar
MI – Mandado de Injunção
Min. – Ministro(a)
MS – Mandado de segurança
N
nº – número
O
OAB – Ordem dos Advogados do Brasil
ob. – Obra
Obs. – observação
OJ – Orientação Jurisprudencial
ONU – Organização das Nações Unidas
Org. – Organizador(es)
P
p. – Página
p/ – Para
PA – Processo administrativo
parág./ – Parágrafo
§
Pet. – Petição
PL – Projeto de Lei
Prec. – Precatório
Prelim. – Preliminar
Pres. – Presidente
princ. – Princípio(s)
Priv. – Privado
Proc. – Processo
Prov. – Provimento
PU – Pedido de uniformização da jurisprudência das decisões divergentes das Turmas Recur-sais dos
Juizados Especiais Federais
Publ. – publicado em
Públ. – Público
Q
QO – Questão de Ordem (nos julgados do STF, a abreviatura é precedida pela abreviatura do recurso ou ação
sobre a qual houve uma questão de ordem. V.g. ADPF-QO).
R
RA – Revista do Advogado (periódico)
RC – Revisão Criminal
Rcl – Reclamação
RE – Recurso Extraordinário
Rec. – Recurso
REO – Remessa ex officio. Para julgados do TRF-1ª Região, a abreviatura significa recurso
ordinário.
Res. – Resolução
Rev. – Revisão
RO – Recurso Ordinário
Rp – Representação
RR – Recurso de Revista
S
S. – Seção
s/ – Sem
SE – Sentença estrangeira
segs. – Seguintes
Sen. – Senador
SJ – Seção Judiciária
SL – Suspensão de Liminar
SS – Suspensão de Segurança
T
t. – Tomo
T. – Turma
tít. – Título
TJ – Tribunal de Justiça
Trat. – Tratado
TR – Turma Recursal
ts. – Tomos
TUJEF – Turma de Uniformização das Decisões das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais
U
UF – União Federal
UJur – Uniformização da jurisprudência
últ. – Último
ún. – Único
unân. – Unânime
V
v. – Ver; veja
vol./v. – Volume
O Brasil presencia a entrada em vigor de um novo Código de Processo Civil, editado pela Lei nº
13.105, de 16 de março de 2015. Não se operou, entretanto, uma ruptura completa com a codificação
anterior, cujos méritos são de todos reconhecidos.
A evolução dos costumes e as exigências do moderno direito constitucional, bem como do
dinamismo da ordem jurídica material como um todo reclamavam o aprimoramento dos instrumentos de
acesso à tutela jurisdicional civil.
Alguns institutos procedimentais realmente novos foram concebidos pelo NCPC, enquanto outros,
havidos como obsoletos, foram eliminados. Em grande proporção, todavia, a sistemática do CPC de
1973 se manteve, e a orientação jurisprudencial traçada firmemente pelos tribunais superiores durante o
regime da legislação substituída pelo NCPC restou prestigiada, quase sempre.
Daí por que esta 20ª edição do Código de Processo Civil Anotado, a par das referências
doutrinárias esclarecedoras da evolução normativa ocorrida, conserva grande parte dos precedentes
pretorianos, sempre que se mostrem úteis e consentâneos com a nova lei.
Observaram-se, finalmente, as alterações que a recente Lei nº 13.256, de 04 de fevereiro de 2016,
editada durante a vacatio legis do NCPC, inseriram em seu texto.
O Autor.
Fevereiro de 2016.
PREFÁCIO
Já vi atribuírem a Ramalho Ortigão o dito, registrado também por Pitigrilli, de que o prefácio é algo
que se escreve depois do livro, que se imprime antes, mas que não se lê, nem antes nem depois. Isso me
tranquiliza, dando-me a certeza de que estas supérfluas palavras, se nada acrescentam a esta obra,
também não diminuem o seu imenso valor. Fica o prefácio como a coisa julgada em relação a terceiros:
nec prodest, nec nocet.
Encontrei, na leitura deste Código de Processo Civil Anotado, outra manifestação da presença
marcante de Humberto Theodoro Júnior na processualística contemporânea, traduzida nas dezenas de
obras com que esse admirável jurista vem enriquecendo a doutrina, na qual ele se destaca pela
excelência das suas lições, fruto do que acumularam anos de estudo, reflexão e de intensa militância, no
magistério, na magistratura, na advocacia.
Escrevendo com a eficiente colaboração dos Drs. Geraldo Magela Alves e Francisco Bilac M.
Pinto Filho,1 o eminente e aclamado Professor Humberto Theodoro Júnior oferece, agora, mais um
motivo para a admiração e o respeito intelectual da comunidade jurídica do país. Produziu, aqui, obra
singular, que é, ao mesmo tempo, repositório do texto atualizado da lei, de referências legislativas, de
doutrina e de jurisprudência.
Neste livro, a cada artigo do Código de Processo Civil segue-se, sob a rubrica referência
legislativa, a remissão aos dispositivos legais correlatos, que permite uma visão da norma no conjunto
das regras por ela integrado, de modo a propiciar a interpretação e a consequente aplicação do texto, sem
se abstrair o contexto. Vêm, logo depois, os breves comentários, nos quais Humberto Theodoro Júnior
resume, com aquele invejável poder de síntese, só alcançado pelos sabedores, o que há de essencial no
artigo, assim permitindo a sua exata compreensão. Depois, a indicação doutrinária de obras nacionais e
estrangeiras, inclusive do próprio autor, relativas à matéria do artigo, a fim de que se possa consultar,
prestamente, o que de melhor existe sobre o tema. Afinal, a jurisprudência selecionada, que é tópico em
que se colocaram, transcrevendo-os nos pontos essenciais, os mais importantes julgados pertinentes à
norma.
O Código de Processo Civil Anotado, digno do notabilíssimo processualista, que o escreveu, e da
Editora Forense, que o editou, atende, plenamente, as necessidades dos estudiosos e profissionais, que
não podem dispensar um texto atualizado, de pronta e repetida consulta, feita sempre com a segurança de
quem sabe estar lendo obra de um mestre, cuja autoridade é repetidamente invocada pela doutrina e pelos
tribunais. E, dentre as suas muitas qualidades, não faltam a este livro aquelas duas, que Carlos de Laet
apontou como vantagens da sua famosa Antologia Nacional: é econômico e portátil.
Rio de Janeiro, setembro de 1995.
Sergio Bermudes
Professor de Direito Processual Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Advogado.
1 Os colaboradores citados fizeram parte da edição suprarreferida.
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
(LEI 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015)
Um sistema processual civil que não proporcione à sociedade o reconhecimento e a realização1 dos
direitos, ameaçados ou violados, que têm cada um dos jurisdicionados, não se harmoniza com as
garantias constitucionais2 de um Estado Democrático de Direito.3
Sendo ineficiente o sistema processual, todo o ordenamento jurídico passa a carecer de real
efetividade. De fato, as normas de direito material se transformam em pura ilusão, sem a garantia de sua
correlata realização, no mundo empírico, por meio do processo.4
Não há fórmulas mágicas. O Código vigente, de 1973, operou satisfatoriamente durante duas
décadas. A partir dos anos noventa, entretanto, sucessivas reformas, a grande maioria delas lideradas
pelos Ministros Athos Gusmão Carneiro e Sálvio de Figueiredo Teixeira, introduziram no Código
revogado significativas alterações, com o objetivo de adaptar as normas processuais a mudanças na
sociedade e ao funcionamento das instituições.
A expressiva maioria dessas alterações, como, por exemplo, em 1994, a inclusão no sistema do
instituto da antecipação de tutela; em 1995, a alteração do regime do agravo; e, mais recentemente, as
leis que alteraram a execução, foram bem recebidas pela comunidade jurídica e geraram resultados
positivos, no plano da operatividade do sistema.
O enfraquecimento da coesão entre as normas processuais foi uma consequência natural do método
consistente em se incluírem, aos poucos, alterações no CPC, comprometendo a sua forma sistemática. A
complexidade resultante desse processo confunde-se, até certo ponto, com essa desorganização,
comprometendo a celeridade e gerando questões evitáveis (pontos que geram polêmica e atraem atenção
dos magistrados) que subtraem indevidamente a atenção do operador do direito.
Nessa dimensão, a preocupação em se preservar a forma sistemática das normas processuais, longe
de ser meramente acadêmica, atende, sobretudo, a uma necessidade de caráter pragmático: obter-se um
grau mais intenso de funcionalidade.
Sem prejuízo da manutenção e do aperfeiçoamento dos institutos introduzidos no sistema pelas
reformas ocorridas nos anos de 1992 até hoje, criou-se um Código novo, que não significa, todavia, uma
ruptura com o passado, mas um passo à frente. Assim, além de conservados os institutos cujos resultados
foram positivos, incluíram-se no sistema outros tantos que visam a atribuir-lhe alto grau de eficiência.
Há mudanças necessárias, porque reclamadas pela comunidade jurídica, e correspondentes a
queixas recorrentes dos jurisdicionados e dos operadores do Direito, ouvidas em todo país. Na
elaboração deste Anteprojeto de Código de Processo Civil, essa foi uma das linhas principais de
trabalho: resolver problemas. Deixar de ver o processo como teoria descomprometida de sua natureza
fundamental de método de resolução de conflitos, por meio do qual se realizam valores constitucionais.5
Assim, e por isso, um dos métodos de trabalho da Comissão foi o de resolver problemas, sobre cuja
existência há praticamente unanimidade na comunidade jurídica. Isso ocorreu, por exemplo, no que diz
respeito à complexidade do sistema recursal existente na lei revogada. Se o sistema recursal, que havia
no Código revogado em sua versão originária, era consideravelmente mais simples que o anterior, depois
das sucessivas reformas pontuais que ocorreram, se tornou, inegavelmente, muito mais complexo.
Não se deixou de lado, é claro, a necessidade de se construir um Código coerente e harmônico
interna corporis, mas não se cultivou a obsessão em elaborar uma obra magistral, estética e tecnicamente
perfeita, em detrimento de sua funcionalidade.
De fato, essa é uma preocupação presente, mas que já não ocupa o primeiro lugar na postura
intelectual do processualista contemporâneo.
A coerência substancial há de ser vista como objetivo fundamental, todavia, e mantida em termos
absolutos, no que tange à Constituição Federal da República. Afinal, é na lei ordinária e em outras
normas de escalão inferior que se explicita a promessa de realização dos valores encampados pelos
princípios constitucionais.
O novo Código de Processo Civil tem o potencial de gerar um processo mais célere, mais justo,6
porque mais rente às necessidades sociais7 e muito menos complexo.8
A simplificação do sistema, além de proporcionar-lhe coesão mais visível, permite ao juiz centrar
sua atenção, de modo mais intenso, no mérito da causa.
Com evidente redução da complexidade inerente ao processo de criação de um novo Código de
Processo Civil, poder-se-ia dizer que os trabalhos da Comissão se orientaram precipuamente por cinco
objetivos: 1) estabelecer expressa e implicitamente verdadeira sintonia fina com a Constituição Federal;
2) criar condições para que o juiz possa proferir decisão de forma mais rente à realidade fática
subjacente à causa; 3) simplificar, resolvendo problemas e reduzindo a complexidade de subsistemas,
como, por exemplo, o recursal; 4) dar todo o rendimento possível a cada processo em si mesmo
considerado; e, 5) finalmente, sendo talvez este último objetivo parcialmente alcançado pela realização
daqueles mencionados antes, imprimir maior grau de organicidade ao sistema, dando-lhe, assim, mais
coesão.
Esta Exposição de Motivos obedece à ordem dos objetivos acima alistados.
1) A necessidade de que fique evidente a harmonia da lei ordinária em relação à Constituição
Federal da República9 fez com que se incluíssem no Código, expressamente, princípios constitucionais,
na sua versão processual. Por outro lado, muitas regras foram concebidas, dando concreção a princípios
constitucionais, como, por exemplo, as que preveem um procedimento, com contraditório e produção de
provas, prévio à decisão que desconsidera da pessoa jurídica, em sua versão tradicional, ou “às
avessas”.10
Está expressamente formulada a regra no sentido de que o fato de o juiz estar diante de matéria de
ordem pública não dispensa a obediência ao princípio do contraditório.
Como regra, o depósito da quantia relativa às multas, cuja função processual seja levar ao
cumprimento da obrigação in natura, ou da ordem judicial, deve ser feito logo que estas incidem.
Não podem, todavia, ser levantadas, a não ser quando haja trânsito em julgado ou quando esteja
pendente agravo de decisão denegatória de seguimento a recurso especial ou extraordinário.
Trata-se de uma forma de tornar o processo mais eficiente e efetivo, o que significa,
indubitavelmente, aproximálo da Constituição Federal, em cujas entrelinhas se lê que o processo deve
assegurar o cumprimento da lei material.
Prestigiando o princípio constitucional da publicidade das decisões, previu-se a regra inafastável de
que à data de julgamento de todo recurso deve-se dar publicidade (todos os recursos devem constar em
pauta), para que as partes tenham oportunidade de tomar providências que entendam necessárias ou, pura
e simplesmente, possam assistir ao julgamento.
Levou-se em conta o princípio da razoável duração do processo.11 Afinal a ausência de celeridade,
sob certo ângulo,12 é ausência de justiça. A simplificação do sistema recursal, de que trataremos
separadamente, leva a um processo mais ágil.
Criou-se o incidente de julgamento conjunto de demandas repetitivas, a que adiante se fará
referência.
Por enquanto, é oportuno ressaltar que levam a um processo mais célere as medidas cujo objetivo
seja o julgamento conjunto de demandas que gravitam em torno da mesma questão de direito, por dois
ângulos: a) o relativo àqueles processos, em si mesmos considerados, que, serão decididos
conjuntamente; b) no que concerne à atenuação do excesso de carga de trabalho do Poder Judiciário – já
que o tempo usado para decidir aqueles processos poderá ser mais eficazmente aproveitado em todos os
outros, em cujo trâmite serão evidentemente menores os ditos “tempos mortos” (períodos em que nada
acontece no processo).
Por outro lado, haver, indefinidamente, posicionamentos diferentes e incompatíveis, nos Tribunais,
a respeito da mesma norma jurídica, leva a que jurisdicionados que estejam em situações idênticas,
tenham de submeter-se a regras de conduta diferentes, ditadas por decisões judiciais emanadas de
tribunais diversos.
Esse fenômeno fragmenta o sistema, gera intranquilidade e, por vezes, verdadeira perplexidade na
sociedade.
Prestigiou-se, seguindo-se direção já abertamente seguida pelo ordenamento jurídico brasileiro,
expressado na criação da Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF) e do regime de
julgamento conjunto de recursos especiais e extraordinários repetitivos (que foi mantido e aperfeiçoado)
tendência a criar estímulos para que a jurisprudência se uniformize, à luz do que venham a decidir
tribunais superiores e até de segundo grau, e se estabilize.
Essa é a função e a razão de ser dos tribunais superiores: proferir decisões que moldem o
ordenamento jurídico, objetivamente considerado. A função paradigmática que devem desempenhar é
inerente ao sistema.
Por isso é que esses princípios foram expressamente formulados. Veja-se, por exemplo, o que diz o
novo Código, no Livro IV: “A jurisprudência do STF e dos Tribunais Superiores deve nortear as
decisões de todos os Tribunais e Juízos singulares do país, de modo a concretizar plenamente os
princípios da legalidade e da isonomia”.
Evidentemente, porém, para que tenha eficácia a recomendação no sentido de que seja a
jurisprudência do STF e dos Tribunais superiores, efetivamente, norte para os demais órgãos integrantes
do Poder Judiciário, é necessário que aqueles Tribunais mantenham jurisprudência razoavelmente
estável.
A segurança jurídica fica comprometida com a brusca e integral alteração do entendimento dos
tribunais sobre questões de direito.13
Encampou-se, por isso, expressamente princípio no sentido de que, uma vez firmada jurisprudência
em certo sentido, esta deve, como norma, ser mantida, salvo se houver relevantes razões recomendando
sua alteração.
Trata-se, na verdade, de um outro viés do princípio da segurança jurídica,14 que recomendaria que a
jurisprudência, uma vez pacificada ou sumulada, tendesse a ser mais estável.15
De fato, a alteração do entendimento a respeito de uma tese jurídica ou do sentido de um texto de lei
pode levar ao legítimo desejo de que as situações anteriormente decididas, com base no entendimento
superado, sejam redecididas à luz da nova compreensão. Isto porque a alteração da jurisprudência,
diferentemente da alteração da lei, produz efeitos equivalentes aos ex tunc. Desde que, é claro, não haja
regra em sentido inverso.
Diz, expressa e explicitamente, o novo Código que: “A mudança de entendimento sedimentado
observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando o imperativo de
estabilidade das relações jurídicas”;
E, ainda, com o objetivo de prestigiar a segurança jurídica, formulou-se o seguinte princípio: “Na
hipótese de alteração da jurisprudência dominante do STF e dos Tribunais superiores, ou oriunda de
julgamentos de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e
no da segurança jurídica” (grifos nossos).
Esse princípio tem relevantes consequências práticas, como, por exemplo, a não rescindibilidade de
sentenças transitadas em julgado baseadas na orientação abandonada pelo Tribunal. Também em nome da
segurança jurídica, reduziu-se para um ano, como regra geral, o prazo decadencial dentro do qual pode
ser proposta a ação rescisória.
Mas talvez as alterações mais expressivas do sistema processual ligadas ao objetivo de harmonizá-
lo com o espírito da Constituição Federal, sejam as que dizem respeito a regras que induzem à
uniformidade e à estabilidade da jurisprudência.
O novo Código prestigia o princípio da segurança jurídica, obviamente de índole constitucional,
pois que se hospeda nas dobras do Estado Democrático de Direito e visa a proteger e a preservar as
justas expectativas das pessoas.
Todas as normas jurídicas devem tender a dar efetividade às garantias constitucionais, tornando
“segura” a vida dos jurisdicionados, de modo a que estes sejam poupados de “surpresas”, podendo
sempre prever, em alto grau, as consequências jurídicas de sua conduta.
Se, por um lado, o princípio do livre convencimento motivado é garantia de julgamentos
independentes e justos, e neste sentido mereceu ser prestigiado pelo novo Código, por outro,
compreendido em seu mais estendido alcance, acaba por conduzir a distorções do princípio da
legalidade e à própria ideia, antes mencionada, de Estado Democrático de Direito. A dispersão
excessiva da jurisprudência produz intranquilidade social e descrédito do Poder Judiciário.
Se todos têm que agir em conformidade com a lei, ter-se-ia, ipso facto, respeitada a isonomia. Essa
relação de causalidade, todavia, fica comprometida como decorrência do desvirtuamento da liberdade
que tem o juiz de decidir com base em seu entendimento sobre o sentido real da norma.
A tendência à diminuição16 do número17 de recursos que devem ser apreciados pelos Tribunais de
segundo grau e superiores é resultado inexorável da jurisprudência mais uniforme e estável.
Proporcionar legislativamente melhores condições para operacionalizar formas de uniformização do
entendimento dos Tribunais brasileiros acerca de teses jurídicas é concretizar, na vida da sociedade
brasileira, o princípio constitucional da isonomia.
Criaram-se figuras, no novo CPC, para evitar a dispersão18 excessiva da jurisprudência. Com isso,
haverá condições de se atenuar o assoberbamento de trabalho no Poder Judiciário, sem comprometer a
qualidade da prestação jurisdicional.
Dentre esses instrumentos, está a complementação e o reforço da eficiência do regime de julgamento
de recursos repetitivos, que agora abrange a possibilidade de suspensão do procedimento das demais
ações, tanto no juízo de primeiro grau, quanto dos demais recursos extraordinários ou especiais, que
estejam tramitando nos tribunais superiores, aguardando julgamento, desatreladamente dos afetados.
Com os mesmos objetivos, criou-se, com inspiração no direito alemão,19 o já referido incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas, que consiste na identificação de processos que contenham a mesma
questão de direito, que estejam ainda no primeiro grau de jurisdição, para decisão conjunta.20
O incidente de resolução de demandas repetitivas é admissível quando identificada, em primeiro
grau, controvérsia com potencial de gerar multiplicação expressiva de demandas e o correlato risco da
coexistência de decisões conflitantes.
É instaurado perante o Tribunal local, por iniciativa do juiz, do MP, das partes, da Defensoria
Pública ou pelo próprio Relator. O juízo de admissibilidade e de mérito caberão ao tribunal pleno ou ao
órgão especial, onde houver, e a extensão da eficácia da decisão acerca da tese jurídica limita-se à área
de competência territorial do tribunal, salvo decisão em contrário do STF ou dos Tribunais superiores,
pleiteada pelas partes, interessados, MP ou Defensoria Pública. Há a possibilidade de intervenção de
amici curiae.
O incidente deve ser julgado no prazo de seis meses, tendo preferência sobre os demais feitos, salvo
os que envolvam réu preso ou pedido de habeas corpus.
O recurso especial e o recurso extraordinário, eventualmente interpostos da decisão do incidente,
têm efeito suspensivo e se considera presumida a repercussão geral, de questão constitucional
eventualmente discutida.
Enfim, não observada a tese firmada, caberá reclamação ao tribunal competente.
As hipóteses de cabimento dos embargos de divergência agora se baseiam exclusivamente na
existência de teses contrapostas, não importando o veículo que as tenha levado ao Supremo Tribunal
Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça. Assim, são possíveis de confronto teses contidas em recursos
e ações, sejam as decisões de mérito ou relativas ao juízo de admissibilidade.
Está-se, aqui, diante de poderoso instrumento, agora tornado ainda mais eficiente, cuja finalidade é
a de uniformizar a jurisprudência dos Tribunais superiores, interna corporis.
Sem que a jurisprudência desses Tribunais esteja internamente uniformizada, é posto abaixo o
edifício cuja base é o respeito aos precedentes dos Tribunais superiores.
2) Pretendeu-se converter o processo em instrumento incluído no contexto social em que produzirá
efeito o seu resultado. Deu-se ênfase à possibilidade de as partes porem fim ao conflito pela via da
mediação ou da conciliação.21 Entendeu-se que a satisfação efetiva das partes pode dar-se de modo mais
intenso se a solução é por elas criada e não imposta pelo juiz.
Como regra, deve realizar-se audiência em que, ainda antes de ser apresentada contestação, se
tentará fazer com que autor e réu cheguem a acordo. Dessa audiência, poderão participar conciliador e
mediador e o réu deve comparecer, sob pena de se qualificar sua ausência injustificada como ato
atentatório à dignidade da justiça. Não se chegando a acordo, terá início o prazo para a contestação.
Por outro lado, e ainda levando em conta a qualidade da satisfação das partes com a solução dada
ao litígio, previu-se a possibilidade da presença do amicus curiae, cuja manifestação, com certeza tem
aptidão de proporcionar ao juiz condições de proferir decisão mais próxima às reais necessidades das
partes e mais rente à realidade do país.22
Criou-se regra no sentido de que a intervenção pode ser pleiteada pelo amicus curiae ou solicitada
de ofício, como decorrência das peculiaridades da causa, em todos os graus de jurisdição.
Entendeu-se que os requisitos que impõem a manifestação do amicus curiae no processo, se
existem, estarão presentes desde o primeiro grau de jurisdição, não se justificando que a possibilidade de
sua intervenção ocorra só nos Tribunais Superiores. Evidentemente, todas as decisões devem ter a
qualidade que possa proporcionar a presença do amicus curiae, não só a última delas.
Com objetivo semelhante, permite-se no novo CPC que os Tribunais Superiores apreciem o mérito
de alguns recursos que veiculam questões relevantes, cuja solução é necessária para o aprimoramento do
Direito, ainda que não estejam preenchidos requisitos de admissibilidade considerados menos
importantes. Trata-se de regra afeiçoada à processualística contemporânea, que privilegia o conteúdo em
detrimento da forma, em consonância com o princípio da instrumentalidade.
3) Com a finalidade de simplificação, criou-se,23 v. g., a possibilidade de o réu formular pedido
independentemente do expediente formal da reconvenção, que desapareceu. Extinguiram-se muitos
incidentes: passa a ser matéria alegável em preliminar de contestação a incorreção do valor da causa e a
indevida concessão do benefício da justiça gratuita, bem como as duas espécies de incompetência. Não
há mais a ação declaratória incidental nem a ação declaratória incidental de falsidade de documento, bem
como o incidente de exibição de documentos. As formas de intervenção de terceiro foram modificadas e
parcialmente fundidas: criou-se um só instituto, que abrange as hipóteses de denunciação da lide e de
chamamento ao processo. Deve ser utilizado quando o chamado puder ser réu em ação regressiva;
quando um dos devedores solidários saldar a dívida, aos demais; quando houver obrigação, por lei ou
por contrato, de reparar ou garantir a reparação de dano, àquele que tem essa obrigação. A sentença dirá
se terá havido a hipótese de ação regressiva, ou decidirá quanto à obrigação comum. Muitos24
procedimentos especiais25 foram extintos. Foram mantidos a ação de consignação em pagamento, a ação
de prestação de contas, a ação de divisão e demarcação de terras particulares, inventário e partilha,
embargos de terceiro, habilitação, restauração de autos, homologação de penhor legal e ações
possessórias.
Extinguiram-se também as ações cautelares nominadas. Adotou-se a regra no sentido de que basta à
parte a demonstração do fumus boni iuris e do perigo de ineficácia da prestação jurisdicional para que a
providência pleiteada deva ser deferida. Disciplina-se também a tutela sumária que visa a proteger o
direito evidente, independentemente de periculum in mora.
O Novo CPC agora deixa clara a possibilidade de concessão de tutela de urgência e de tutela à
evidência. Considerou-se conveniente esclarecer de forma expressa que a resposta do Poder Judiciário
deve ser rápida não só em situações em que a urgência decorre do risco de eficácia do processo e do
eventual perecimento do próprio direito. Também em hipóteses em que as alegações da parte se revelam
de juridicidade ostensiva deve a tutela ser antecipadamente (total ou parcialmente) concedida,
independentemente de periculum in mora, por não haver razão relevante para a espera, até porque, via
de regra, a demora do processo gera agravamento do dano.
Ambas essas espécies de tutela vêm disciplinadas na Parte Geral, tendo também desaparecido o
livro das Ações Cautelares.
A tutela de urgência e da evidência podem ser requeridas antes ou no curso do procedimento em
que se pleiteia a providência principal.
Não tendo havido resistência à liminar concedida, o juiz, depois da efetivação da medida, extinguirá
o processo, conservando-se a eficácia da medida concedida, sem que a situação fique protegida pela
coisa julgada.
Impugnada a medida, o pedido principal deve ser apresentado nos mesmos autos em que tiver sido
formulado o pedido de urgência.
As opções procedimentais acima descritas exemplificam sobremaneira a concessão da tutela
cautelar ou antecipatória, do ponto de vista procedimental.
Além de a incompetência, absoluta e relativa, poderem ser levantadas pelo réu em preliminar de
contestação, o que também significa uma maior simplificação do sistema, a incompetência absoluta não é,
no Novo CPC, hipótese de cabimento de ação rescisória.
Cria-se a faculdade de o advogado promover, pelo correio, a intimação do advogado da outra parte.
Também as testemunhas devem comparecer espontaneamente, sendo excepcionalmente intimadas por
carta com aviso de recebimento.
A extinção do procedimento especial “ação de usucapião” levou à criação do procedimento edital,
como forma de comunicação dos atos processuais, por meio do qual, em ações deste tipo, devem-se
provocar todos os interessados a intervir, se houver interesse.
O prazo para todos os recursos, com exceção dos embargos de declaração, foi uniformizado: quinze
dias.
O recurso de apelação continua sendo interposto no 1º grau de jurisdição, tendo-lhe sido, todavia,
retirado o juízo de admissibilidade, que é exercido apenas no 2º grau de jurisdição. Com isso, suprime-
se um novo foco desnecessário de recorribilidade.
Na execução, se eliminou a distinção entre praça e leilão, assim como a necessidade de duas hastas
públicas. Desde a primeira, pode o bem ser alienado por valor inferior ao da avaliação, desde que não se
trate de preço vil.
Foram extintos os embargos à arrematação, tornando-se a ação anulatória o único meio de que o
interessado pode valer-se para impugná-la.
Bastante simplificado foi o sistema recursal. Essa simplificação, todavia, em momento algum
significou restrição ao direito de defesa. Em vez disso deu, de acordo com o objetivo tratado no item
seguinte, maior rendimento a cada processo individualmente considerado.
Desapareceu o agravo retido, tendo, correlatamente, sido alterado o regime das preclusões.26 Todas
as decisões anteriores à sentença podem ser impugnadas na apelação. Ressalte-se que, na verdade, o que
se modificou, nesse particular, foi exclusivamente o momento da impugnação, pois essas decisões, de que
se recorria, no sistema anterior, por meio de agravo retido, só eram mesmo alteradas ou mantidas quando
o agravo era julgado, como preliminar de apelação. Com o novo regime, o momento de julgamento será o
mesmo; não o da impugnação.
O agravo de instrumento ficou mantido para as hipóteses de concessão, ou não, de tutela de
urgência; para as interlocutórias de mérito, para as interlocutórias proferidas na execução (e no
cumprimento de sentença) e para todos os demais casos a respeito dos quais houver previsão legal
expressa.
Previu-se a sustentação oral em agravo de instrumento de decisão de mérito, procurando-se, com
isso, alcançar resultado do processo mais rente à realidade dos fatos.
Uma das grandes alterações havidas no sistema recursal foi a supressão dos embargos
infringentes.27 Há muito, doutrina da melhor qualidade vem propugnando pela necessidade de que sejam
extintos.28 Em contrapartida a essa extinção, o relator terá o dever de declarar o voto vencido, sendo este
considerado como parte integrante do acórdão, inclusive para fins de prequestionamento.
Significativas foram as alterações, no que tange aos recursos para o STJ e para o STF. O Novo
Código contém regra expressa, que leva ao aproveitamento do processo, de forma plena, devendo ser
decididas todas as razões que podem levar ao provimento ou ao improvimento do recurso. Sendo, por
exemplo, o recurso extraordinário provido para acolher uma causa de pedir, ou a) examinam-se todas as
outras, ou, b) remetem-se os autos para o Tribunal de segundo grau, para que decida as demais, ou, c)
remetem-se os autos para o primeiro grau, caso haja necessidade de produção de provas, para a decisão
das demais; e, pode-se também, d) remeter os autos ao STJ, caso as causas de pedir restantes constituam-
se em questões de direito federal.
Com os mesmos objetivos, consistentes em simplificar o processo, dando-lhe, simultaneamente, o
maior rendimento possível, criou-se a regra de que não há mais extinção do processo, por decisão de
inadmissão de recurso, caso o tribunal destinatário entenda que a competência seria de outro tribunal. Há,
isto sim, em todas as instâncias, inclusive no plano de STJ e STF, a remessa dos autos ao tribunal
competente.
Há dispositivo expresso determinando que, se os embargos de declaração são interpostos com o
objetivo de prequestionar a matéria objeto do recurso principal, e não são admitidos, considera-se o
prequestionamento como havido, salvo, é claro, se se tratar de recurso que pretenda a inclusão, no
acórdão, da descrição de fatos.
Vê-se, pois, que as alterações do sistema recursal a que se está, aqui, aludindo, proporcionaram
simplificação e levaram a efeito um outro objetivo, de que abaixo se tratará: obter-se o maior rendimento
possível de cada processo.
4) O novo sistema permite que cada processo tenha maior rendimento possível. Assim, e por isso,
estendeu-se a autoridade da coisa julgada às questões prejudiciais.
Com o objetivo de se dar maior rendimento a cada processo, individualmente considerado, e,
atendendo a críticas tradicionais da doutrina,29 deixou, a possibilidade jurídica do pedido, de ser
condição da ação. A sentença que, à luz da lei revogada seria de carência da ação, à luz do Novo CPC é
de improcedência e resolve definitivamente a controvérsia.
Criaram-se mecanismos para que, sendo a ação proposta com base em várias causas de pedir e
sendo só uma levada em conta na decisão do 1º e do 2º graus, repetindo-se as decisões de procedência,
caso o tribunal superior inverta a situação, retorne o processo ao 2º grau, para que as demais sejam
apreciadas, até que, afinal, sejam todas decididas e seja, efetivamente, posto fim à controvérsia.
O mesmo ocorre se se tratar de ação julgada improcedente em 1º e em 2º graus, como resultado de
acolhimento de uma razão de defesa, quando haja mais de uma.
Também visando a essa finalidade, o novo Código de Processo Civil criou, inspirado no sistema
italiano30 e francês,31 a estabilização de tutela, a que já se referiu no item anterior, que permite a
manutenção da eficácia da medida de urgência, ou antecipatória de tutela, até que seja eventualmente
impugnada pela parte contrária.
As partes podem, até a sentença, modificar pedido e causa de pedir, desde que não haja ofensa ao
contraditório. De cada processo, por esse método, se obtém tudo o que seja possível.
Na mesma linha, tem o juiz o poder de adaptar o procedimento às peculiaridades da causa.32
Com a mesma finalidade, criou-se a regra, a que já se referiu, no sentido de que, entendendo o
Superior Tribunal de Justiça que a questão veiculada no recurso especial seja constitucional, deve
remeter o recurso do Supremo Tribunal Federal; do mesmo modo, deve o Supremo Tribunal Federal
remeter o recurso ao Superior Tribunal de Justiça, se considerar que não se trata de ofensa direta à
Constituição Federal, por decisão irrecorrível.
5) A Comissão trabalhou sempre tendo como pano de fundo um objetivo genérico, que foi de
imprimir organicidade às regras do processo civil brasileiro, dando maior coesão ao sistema.
O Novo CPC conta, agora, com uma Parte Geral,33 atendendo às críticas de parte ponderável da
doutrina brasileira. Neste Livro I, são mencionados princípios constitucionais de especial importância
para todo o processo civil, bem como regras gerais, que dizem respeito a todos os demais Livros. A
Parte Geral desempenha o papel de chamar para si a solução de questões difíceis relativas às demais
partes do Código, já que contém regras e princípios gerais a respeito do funcionamento do sistema.
O conteúdo da Parte Geral (Livro I) consiste no seguinte: princípios e garantias fundamentais do
processo civil; aplicabilidade das normas processuais; limites da jurisdição brasileira; competência
interna; normas de cooperação internacional e nacional; partes; litisconsórcio; procuradores; juiz e
auxiliares da justiça; Ministério Público; atos processuais; provas; tutela de urgência e tutela da
evidência; formação, suspensão e extinção do processo. O Livro II, diz respeito ao processo de
conhecimento, incluindo cumprimento de sentença e procedimentos especiais, contenciosos ou não. O
Livro III trata do processo de execução, e o Livro IV disciplina os processos nos Tribunais e os meios de
impugnação das decisões judiciais. Por fim, há as disposições finais e transitórias.
O objetivo de organizar internamente as regras e harmonizá-las entre si foi o que inspirou, por
exemplo, a reunião das hipóteses em que os Tribunais ou juízes podem voltar atrás, mesmo depois de
terem proferido decisão de mérito: havendo embargos de declaração, erro material, sendo proferida
decisão pelo STF ou pelo STJ com base nos artigos 543-B e 543-C do Código anterior.
Organizaram-se em dois dispositivos as causas que levam à extinção do processo, por indeferimento
da inicial, sem ou com julgamento de mérito, incluindo-se neste grupo o que constava do art. 285-A do
Código anterior.
Unificou-se o critério relativo ao fenômeno que gera a prevenção: o despacho que ordena a citação.
A ação, por seu turno, considera-se proposta assim que protocolada a inicial.
Tendo desaparecido o Livro do Processo Cautelar e as cautelares em espécie, acabaram sobrando
medidas que, em consonância com parte expressiva da doutrina brasileira, embora estivessem
formalmente inseridas no Livro III, de cautelares, nada tinham. Foram, então, realocadas, junto aos
procedimentos especiais.
Criou-se um livro novo, a que já se fez menção, para os processos nos Tribunais, que abrange os
meios de impugnação às decisões judiciais – recursos e ações impugnativas autônomas – e institutos
como, por exemplo, a homologação de sentença estrangeira.
Também com o objetivo de desfazer “nós” do sistema, deixaram-se claras as hipóteses de cabimento
de ação rescisória e de ação anulatória, eliminando-se dúvidas, com soluções como, por exemplo, a de
deixar sentenças homologatórias como categoria de pronunciamento impugnável pela ação anulatória,
ainda que se trate de decisão de mérito, isto é, que homologa transação, reconhecimento jurídico do
pedido ou renúncia à pretensão.
Com clareza e com base em doutrina autorizada,34 disciplinou-se o litisconsórcio, separando-se,
com a nitidez possível, o necessário do unitário.
Inverteram-se os termos sucessão e substituição, acolhendo-se crítica antiga e correta da
doutrina.35
Nos momentos adequados, utilizou-se a expressão convenção de arbitragem, que abrange a cláusula
arbitral e o compromisso arbitral, imprimindo-se, assim, o mesmo regime jurídico a ambos os
fenômenos.36
Em conclusão, como se frisou no início desta exposição de motivos, elaborar-se um Código novo
não significa “deitar abaixo as instituições do Código vigente, substituindo-as por outras, inteiramente
novas”.37
Nas alterações das leis, com exceção daquelas feitas imediatamente após períodos históricos que se
pretendem deixar definitivamente para trás, não se deve fazer “taboa rasa” das conquistas alcançadas.
Razão alguma há para que não se conserve ou aproveite o que há de bom no sistema que se pretende
reformar.
Assim procedeu a Comissão de Juristas que reformou o sistema processual: criou saudável
equilíbrio entre conservação e inovação, sem que tenha havido drástica ruptura com o presente ou com o
passado.
Foram criados institutos inspirados no direito estrangeiro, como se mencionou ao longo desta
Exposição de Motivos, já que, a época em que vivemos é de interpenetração das civilizações. O Novo
CPC é fruto de reflexões da Comissão que o elaborou, que culminaram em escolhas racionais de
caminhos considerados adequados, à luz dos cinco critérios acima referidos, à obtenção de uma sentença
que resolva o conflito, com respeito aos direitos fundamentais e no menor tempo possível, realizando o
interesse público da atuação da lei material.
Em suma, para a elaboração do Novo CPC, identificaram-se os avanços incorporados ao sistema
processual preexistente, que deveriam ser conservados. Estes foram organizados e se deram alguns
passos à frente, para deixar expressa a adequação das novas regras à Constituição Federal da República,
com um sistema mais coeso, mais ágil e capaz de gerar um processo civil mais célere e mais justo.
A Comissão de Juristas
Brasília, 8 de junho de 2010.
1 Essencial que se faça menção a efetiva satisfação, pois, a partir da dita terceira fase metodológica do direito processual civil, o processo
passou a ser visto como instrumento, que deve ser idôneo para o reconhecimento e a adequada concretização de direitos.
2 Isto é, aquelas que regem, eminentemente, as relações das partes entre si, entre elas e o juiz e, também, entre elas e terceiros, de que são
exemplos a imparcialidade do juiz, o contraditório, a demanda, como ensinam CAPPELLETTI e VIGORITI (I diritti costituzionali delle
parti nel processo civile italiano. Rivista di diritto processuale, II serie, v. 26, p. 604-650, Padova, Cedam, 1971, p. 605).
3 Os princípios e garantias processuais inseridos no ordenamento constitucional, por conta desse movimento de “constitucionalização do
processo”, não se limitam, no dizer de LUIGI PAOLO COMOGLIO, a “reforçar do exterior uma mera ‘reserva legislativa’ para a
regulamentação desse método [em referência ao processo como método institucional de resolução de conflitos sociais], mas
impõem a esse último, e à sua disciplina, algumas condições mínimas de legalidade e retidão, cuja eficácia é potencialmente
operante em qualquer fase (ou momento nevrálgico) do processo” (Giurisdizione e processo nel quadro delle garanzie costituzionali.
Studi in onore di Luigi Montesano, v. II, p. 87-127, Padova, Cedam, 1997, p. 92).
4 É o que explica, com a clareza que lhe é peculiar, BARBOSA MOREIRA: “Querer que o processo seja efetivo é querer que
desempenhe com eficiência o papel que lhe compete na economia do ordenamento jurídico. Visto que esse papel é instrumental
em relação ao direito substantivo, também se costuma falar da instrumentalidade do processo. Uma noção conecta-se com a
outra e por assim dizer a implica. Qualquer instrumento será bom na medida em que sirva de modo prestimoso à consecução dos
fins da obra a que se ordena; em outras palavras, na medida em que seja efetivo. Vale dizer: será efetivo o processo que
constitua instrumento eficiente de realização do direito material” (Por um processo socialmente efetivo. Revista de Processo. São
Paulo, v. 27, nº 105, p. 183-190, jan./mar. 2002, p. 181).
5 SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, em texto emblemático sobre a nova ordem trazida pela Constituição Federal de 1988, disse,
acertadamente, que, apesar de suas vicissitudes, “nenhum texto constitucional valorizou tanto a ‘Justiça’, tomada aqui a palavra
não no seu conceito clássico de ‘vontade constante e perpétua de dar a cada um o que é seu’, mas como conjunto de
instituições voltadas para a realização da paz social” (O aprimoramento do processo civil como garantia da cidadania. In:
FIGUEIREDO TEIXEIRA, Sálvio. As garantias do cidadão na Justiça. São Paulo: Saraiva, 1993. p. 79-92, p. 80).
6 Atentando para a advertência, acertada, de que não o processo, além de produzir um resultado justo, precisa ser justo em si mesmo, e
portanto, na sua realização, devem ser observados aqueles standards previstos na Constituição Federal, que constituem desdobramento
da garantia do due process of law (DINAMARCO, Cândido. Instituições de direito processual civil, v. 1. 6. ed. São Paulo: Malheiros,
2009).
7 Lembrando, com BARBOSA MOREIRA, que “não se promove uma sociedade mais justa, ao menos primariamente, por obra do
aparelho judicial. É todo o edifício, desde as fundações, que para tanto precisa ser revisto e reformado. Pelo prisma jurídico, a
tarefa básica inscreve-se no plano do direito material” (Por um processo socialmente efetivo, p. 181).
8 Trata-se, portanto, de mais um passo decisivo para afastar os obstáculos para o acesso à Justiça, a que comumente se alude, isto é, a
duração do processo, seu alto custo e a excessiva formalidade.
9 Hoje, costuma-se dizer que o processo civil constitucionalizou-se. Fala-se em modelo constitucional do processo, expressão inspirada
na obra de Italo Andolina e Giuseppe Vignera, Il modello costituzionale del processo civile italiano: corso di lezioni (Turim,
Giapicchelli, 1990). O processo há de ser examinado, estudado e compreendido à luz da Constituição e de forma a dar o maior
rendimento possível aos seus princípios fundamentais.
10 O Novo CPC prevê expressamente que, antecedida de contraditório e produção de provas, haja decisão sobre a desconsideração da
pessoa jurídica, com o redirecionamento da ação, na dimensão de sua patrimonialidade, e também sobre a consideração dita inversa, nos
casos em que se abusa da sociedade, para usá-la indevidamente com o fito de camuflar o patrimônio pessoal do sócio. Essa alteração
está de acordo com o pensamento que, entre nós, ganhou projeção ímpar na obra de J. LAMARTINE CORRÊA DE OLIVEIRA. Com
efeito, há três décadas, o brilhante civilista já advertia ser essencial o predomínio da realidade sobre a aparência, quando “em verdade [é]
uma outra pessoa que está a agir, utilizando a pessoa jurídica como escudo, e se é essa utilização da pessoa jurídica, fora de
sua função, que está tornando possível o resultado contrário à lei, ao contrato, ou às coordenadas axiológicas” (A dupla crise
da pessoa jurídica. São Paulo: Saraiva, 1979, p. 613).
11 Que, antes de ser expressamente incorporado à Constituição Federal em vigor (art. 5º, inciso LXXVIII), já havia sido contemplado em
outros instrumentos normativos estrangeiros (veja-se, por exemplo, o art. 111, da Constituição da Itália) e convenções internacionais
(Convenção Europeia e Pacto de San Jose da Costa Rica). Trata-se, portanto, de tendência mundial.
12 Afinal, a celeridade não é um valor que deva ser perseguido a qualquer custo. “Para muita gente, na matéria, a rapidez constitui o
valor por excelência, quiçá o único. Seria fácil invocar aqui um rol de citações de autores famosos, apostados em estigmatizar a
morosidade processual. Não deixam de ter razão, sem que isso implique – nem mesmo, quero crer, no pensamento desses
próprios autores – hierarquização rígida que não reconheça como imprescindível, aqui e ali, ceder o passo a outros valores. Se
uma justiça lenta demais é decerto uma justiça má, daí não se segue que uma justiça muito rápida seja necessariamente uma
justiça boa. O que todos devemos querer é que a prestação jurisdicional venha ser melhor do que é. Se para torná-la melhor é
preciso acelerá-la, muito bem: não, contudo, a qualquer preço” (BARBOSA MOREIRA, José Carlos. O futuro da justiça: alguns
mitos. Revista de Processo, v. 102, p. 228-237, abr./jun. 2001, p. 232).
13 Os ingleses dizem que os jurisdicionados não podem ser tratados “como cães, que só descobrem que algo é proibido quando o bastão toca
seus focinhos” (BENTHAM citado por R. C. CAENEGEM, Judges, Legislators & Professors, p. 161).
14 “O homem necessita de segurança para conduzir, planificar e conformar autônoma e responsavelmente a sua vida. Por isso, desde cedo
se consideravam os princípios da segurança jurídica e da proteção à confiança como elementos constitutivos do Estado de Direito. Esses
dois princípios – segurança jurídica e proteção da confiança – andam estreitamente associados, a ponto de alguns autores considerarem o
princípio da confiança como um subprincípio ou como uma dimensão específica da segurança jurídica. Em geral, considera-se que a
segurança jurídica está conexionada com elementos objetivos da ordem jurídica – garantia de estabilidade jurídica, segurança de
orientação e realização do direito – enquanto a proteção da confiança se prende mais com os componentes subjetivos da segurança,
designadamente a calculabilidade e previsibilidade dos indivíduos em relação aos efeitos dos actos” (JOSÉ JOAQUIM GOMES
CANOTILHO. Direito constitucional e teoria da constituição. Almedina, Coimbra, 2000, p. 256).
15 Os alemães usam a expressão princípio da “proteção”, acima referida por Canotilho (ROBERT ALEXY e RALF DREIER, Precedent in
the Federal Republic of Germany, in Interpreting Precedents, A Comparative Study, Coordenação NEIL MACCORMICK e ROBERT
SUMMERS, Dartmouth Publishing Company, p. 19).
16 Comentando os principais vetores da reforma sofrida no processo civil alemão na última década, BARBOSA MOREIRA alude ao
problema causado pelo excesso de recursos no processo civil: “Pôr na primeira instância o centro de gravidade do processo é
diretriz política muito prestigiada em tempos modernos, e numerosas iniciativas reformadoras levam-na em conta. A rigor, o ideal
seria que os litígios fossem resolvidos em termos finais mediante um único julgamento. Razões conhecidas induzem as leis
processuais a abrirem a porta a reexames. A multiplicação desmedida dos meios tendentes a propiciá-los, entretanto, acarreta o
prolongamento indesejável do feito, aumenta-lhe o custo, favorece a chicana e, em muitos casos, gera para os tribunais
superiores excessiva carga de trabalho. Convém, pois, envidar esforços para que as partes se deem por satisfeitas com a
sentença e se abstenham de impugná-la” (Breve notícia sobre a reforma do processo civil alemão. Revista de Processo. São Paulo, v.
28, nº 111, p. 103-112, jul./set. 2003, p. 105).
17 O número de recursos previstos na legislação processual civil é objeto de reflexão e crítica, há muitos anos, na doutrina brasileira. EGAS
MONIZ DE ARAGÃO, por exemplo, em emblemático trabalho sobre o tema, já indagou de forma contundente: “há demasiados
recursos no ordenamento jurídico brasileiro? Deve-se restringir seu cabimento? São eles responsáveis pela morosidade no
funcionamento do Poder Judiciário?” Respondendo tais indagações, o autor conclui que há três recursos que “atendem aos
interesses da brevidade e certeza, interesses que devem ser ponderados – como na fórmula da composição dos medicamentos –
para dar adequado remédio às necessidades do processo judicial”: a apelação, o agravo e o extraordinário, isto é, recurso especial e
recurso extraordinário (Demasiados recursos? Revista de Processo. São Paulo, v. 31, nº 136, p. 9-31, jun. 2006, p. 18).
18 A preocupação com essa possibilidade não é recente. ALFREDO BUZAID já aludia a ela, advertindo que há uma grande diferença
entre as decisões adaptadas ao contexto histórico em que proferidas e aquelas que prestigiam interpretações contraditórias da mesma
disposição legal, apesar de iguais as situações concretas em que proferidas. Nesse sentido: “Na verdade, não repugna ao jurista que
os tribunais, num louvável esforço de adaptação, sujeitem a mesma regra a entendimento diverso, desde que se alterem as
condições econômicas, políticas e sociais; mas repugna-lhe que sobre a mesma regra jurídica deem os tribunais interpretação
diversa e até contraditória, quando as condições em que ela foi editada continuam as mesmas. O dissídio resultante de tal
exegese debilita a autoridade do Poder Judiciário, ao mesmo passo que causa profunda decepção às partes que postulam
perante os tribunais” (Uniformização de Jurisprudência. Revista da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul, 34/139, jul. 1985).
19 No direito alemão a figura se chama Musterverfahren e gera decisão que serve de modelo (Muster) para a resolução de uma
quantidade expressiva de processos em que as partes estejam na mesma situação, não se tratando necessariamente, do mesmo autor
nem do mesmo réu. (RALF-THOMAS WITTMANN. Il “contenzioso di massa” in Germania, in GIORGETTI ALESSANDRO e
VALERIO VALLEFUOCO, Il Contenzioso di massa in Italia, in Europa e nel mondo, Milão, Giuffrè, 2008, p. 178).
20 Tais medidas refletem, sem dúvida, a tendência de coletivização do processo, assim explicada por RODOLFO DE CAMARGO
MANCUSO: “Desde o último quartel do século passado, foi tomando vulto o fenômeno da ‘coletivização’ dos conflitos, à
medida que, paralelamente, se foi reconhecendo a inaptidão do processo civil clássico para instrumentalizar essas
megacontrovérsias, próprias de uma conflitiva sociedade de massas. Isso explica a proliferação de ações de cunho coletivo,
tanto na Constituição Federal (arts. 5º, XXI; LXX, ‘b’; LXXIII; 129, III) como na legislação processual extravagante,
empolgando segmentos sociais de largo espectro: consumidores, infância e juventude; deficientes físicos; investidores no
mercado de capitais; idosos; torcedores de modalidades desportivas, etc. Logo se tornou evidente (e premente) a necessidade da
oferta de novos instrumentos capazes de recepcionar esses conflitos assim potencializado, seja em função do número expressivo
(ou mesmo indeterminado) dos sujeitos concernentes, seja em função da indivisibilidade do objeto litigioso, que o torna
insuscetível de partição e fruição por um titular exclusivo” (A resolução de conflitos e a função judicial no Contemporâneo
Estado de Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 379-380).
21 A criação de condições para realização da transação é uma das tendências observadas no movimento de reforma que inspirou o processo
civil alemão. Com efeito, explica BARBOSA MOREIRA que “já anteriormente, por força de uma lei de 1999, os órgãos
legislativos dos ‘Lander’ tinham sido autorizados, sob determinadas circunstâncias, a exigirem, como requisito de
admissibilidade da ação, que se realizasse prévia tentativa de conciliação extrajudicial. Doravante, nos termos do art. 278,
deve o tribunal, em princípio, levar a efeito a tentativa, ordenando o comparecimento pessoal de ambas as partes. O órgão
judicial discutirá com elas a situação, poderá formular-lhes perguntas e fazer-lhes observações. Os litigantes serão ouvidos
pessoalmente e terá cada qual a oportunidade de expor sua versão do litígio...” (Breves notícias sobre a reforma do processo
civil alemão, p. 106).
22 Predomina na doutrina a opinião de que a origem do amicus curiae está na Inglaterra, no processo penal, embora haja autores que
afirmem haver figura assemelhada já no direito romano (CÁSSIO SCARPINELLA BUENO, Amicus curiae no processo civil
brasileiro, Ed. Saraiva, 2006, p. 88). Historicamente, sempre atuou ao lado do juiz, e sempre foi a discricionariedade deste que
determinou a intervenção desta figura, fixando os limites de sua atuação. Do direito inglês, migrou para o direito americano, em que é,
atualmente, figura de relevo digno de nota (CÁSSIO SCARPINELLA BUENO, ob. cit., p. 94 e seguintes).
23 Tal possibilidade, rigorosamente, já existia no CPC de 1973, especificamente no procedimento comum sumário (art. 278, parágrafo 1º) e
em alguns procedimentos especiais disciplinados no Livro IV, como, por exemplo, as ações possessórias (art. 922), daí porque se
afirmava, em relação a estes, que uma de suas características peculiares era, justamente, a natureza dúplice da ação. Contudo, no Novo
Código, o que era excepcional se tornará regra geral, em evidente benefício da economia processual e da ideia de efetividade da tutela
jurisdicional.
24 EGAS MONIZ DE ARAGÃO, comentando a transição do Código de 1939 para o Código de 1973, já chamava a atenção para a
necessidade de refletir sobre o grande número de procedimentos especiais que havia no primeiro e foi mantido, no segundo diploma.
Nesse sentido: “Ninguém jamais se preocupou em investigar se é necessário ou dispensável, se é conveniente ou inconveniente oferecer
aos litigantes essa pletora de procedimentos especiais; ninguém jamais se preocupou em verificar se a existência desses inúmeros
procedimentos constitui obstáculo à ‘efetividade do processo’, valor tão decantado na atualidade; ninguém jamais se preocupou em
pesquisar se a existência de tais e tantos procedimentos constitui estorvo ao bom andamento dos trabalhos forenses e se a sua
substituição por outros e novos meios de resolver os mesmos problemas poderá trazer melhores resultados. Diante desse quadro é de
indagar: será possível atingir os resultados verdadeiramente aspirados pela revisão do Código sem remodelar o sistema no que tange aos
procedimentos especiais?” (Reforma processual: 10 anos. Revista do Instituto dos Advogados do Paraná. Curitiba, nº 33, p. 201-215,
dez. 2004, p. 205).
25 Ainda na vigência do Código de 1973, já não se podia afirmar que a maior parte desses procedimentos era efetivamente especial. As
características que, no passado, serviram para lhes qualificar desse modo, após as inúmeras alterações promovidas pela atividade de
reforma da legislação processual, deixaram de lhes ser exclusivas. Vários aspectos que, antes, somente se viam nos procedimentos ditos
especiais, passaram, com o tempo, a se observar também no procedimento comum. Exemplo disso é o sincretismo processual, que passou
a marcar o procedimento comum desde que admitida a concessão de tutela de urgência em favor do autor, nos termos do art. 273.
26 Essa alteração contempla uma das duas soluções que a doutrina processualista colocava em relação ao problema da recorribilidade das
decisões interlocutórias. Nesse sentido: “Duas teses podem ser adotadas com vistas ao controle das decisões proferidas pelo juiz
no decorrer do processo em primeira instância: ou, a) não se proporciona recurso algum e os litigantes poderão impugná-las
somente com o recurso cabível contra o julgamento final, normalmente a apelação, caso estes em que não incidirá preclusão
sobre tais questões, ou, b) é proporcionado recurso contra as decisões interlocutórias (tanto faz que o recurso suba
incontinente ao órgão superior ou permaneça retido nos autos do processo) e ficarão preclusas as questões nelas solucionadas
caso o interessado não recorra” (ARAGÃO, E. M. Reforma processual: 10 anos, p. 210-211).
27 Essa trajetória, como lembra BARBOSA MOREIRA, foi, no curso das décadas, “complexa e sinuosa” (Novas vicissitudes dos
embargos infringentes, Revista de Processo. São Paulo, v. 28, nº 109, p. 113-123, jul./ago. 2004, p. 113).
28 Nesse sentido, “A existência de um voto vencido não basta por si só para justificar a criação de tal recurso; porque, por tal
razão, se devia admitir um segundo recurso de embargos toda vez que houvesse mais de um voto vencido; desta forma poderia
arrastar-se a verificação por largo tempo, vindo o ideal de justiça a ser sacrificado pelo desejo de aperfeiçoar a decisão”
(ALFREDO BUZAID, Ensaio para uma revisão do sistema de recursos no Código de Processo Civil. Estudos de direito. São Paulo:
Saraiva, 1972, v. 1, p. 111).
29 CÂNDIDO DINAMARCO lembra que o próprio LIEBMAN, após formular tal condição da ação em aula inaugural em Turim,
renunciou a ela depois que “a lei italiana passou a admitir o divórcio, sendo este o exemplo mais expressivo de impossibilidade
jurídica que vinha sendo utilizado em seus escritos” (Instituições de direito processual civil. v. II, 6. ed. São Paulo: Malheiros,
2009, p. 309).
30 Tratam da matéria, por exemplo, COMOGLIO, Luigi; FERRI, Corrado; TARUFFO, Michele. Lezioni sul processo civile. 4. ed.
Bologna: Il Mulino, 2006. t. I e II; PICARDI, Nicola. Codice di procedura civile. 4. ed. Milão: Giuffrè, 2008. t. II; GIOLA, Valerio de;
RASCHELLÀ, Anna Maria. I provvedimento d´urgenza ex art. 700 Cod. Proc. Civ. 2. ed. Experta, 2006.
31 É conhecida a figura do référré francês, que consiste numa forma sumária de prestação de tutela, que gera decisão provisória, não
depende necessariamente de um processo principal, não transita em julgado, mas pode prolongar a sua eficácia no tempo. Vejam-se arts.
488 e 489 do Nouveau Code de Procédure Civile francês.
32 No processo civil inglês, há regra expressa a respeito dos “case management powers”. CPR 1.4. Na doutrina, v. NEIL ANDREWS, O
moderno processo civil, São Paulo, Ed. RT, 2009, item 3.14, p. 74. Nestas regras de gestão de processos, inspirou-se a Comissão autora
do Anteprojeto.
33 Para EGAS MONIZ DE ARAGÃO, a ausência de uma parte geral, no Código de 1973, ao tempo em que promulgado, era compatível
com a ausência de sistematização, no plano doutrinário, de uma teoria geral do processo. E advertiu o autor: “não se recomendaria que
o legislador precedesse aos doutrinadores, aconselhando a prudência que se aguarde o desenvolvimento do assunto por estes
para, colhendo-lhes os frutos, atuar aquele” (Comentários ao Código de Processo Civil: v. II. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991,
p. 8). O profundo amadurecimento do tema que hoje se observa na doutrina processualista brasileiro justifica, nessa oportunidade, a
sistematização da teoria geral do processo, no novo CPC.
34 CÂNDIDO DINAMARCO, por exemplo, sob a égide do Código de 1973, teceu críticas à redação do art. 47, por entender que “esse
mal redigido dispositivo dá a impressão, absolutamente falsa, de que o litisconsórcio unitário seria modalidade do necessário”
(Instituições de direito processual civil, v. II, p. 359). No entanto, explica, com inequívoca clareza, o processualista: “Os dois
conceitos não se confundem nem se colocam em relação de gênero a espécie. A unitariedade não é espécie da necessariedade.
Diz respeito ao ‘regime de tratamento’ dos litisconsortes, enquanto esta é a exigência de ‘formação’ do litisconsórcio.”
35 “O Código de Processo Civil dá a falsa ideia de que a troca de um sujeito pelo outro na condição de parte seja um fenômeno de
substituição processual: o vocábulo ‘substituição’ e a forma verbal ‘substituindo’ são empregadas na rubrica em que se situa o
art. 48 e em seu § 1º. Essa impressão é falsa porque ‘substituição processual’ é a participação de um sujeito no processo, como
autor ou réu, sem ser titular do interesse em conflito (art. 6º). Essa locução não expressa um movimento de entrada e saída. Tal
movimento é, em direito, ‘sucessão’ – no caso, sucessão processual” (DINAMARCO, C. Instituições de direito processual civil, v.
II, p. 281).
36 Sobre o tema da arbitragem, veja-se: CARMONA, Carlos Alberto. Arbitragem e Processo um comentário à lei nº 9.307/96. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2009.
37 ALFREDO BUZAID, Exposição de motivos, Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL ANOTADO
LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015
Código de Processo Civil
A Presidenta da República:
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
PARTE GERAL
LIVRO I
DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
Título Único
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS
PROCESSUAIS
Capítulo I
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, arts. 1º e 5º.
BREVES COMENTÁRIOS
Na Parte Geral o Novo Código dispensou grande atenção à constitucionalização do processo,
dedicando seus doze artigos iniciais para definir aquilo que denominou de Normas Fundamentais do
Processo Civil, dentre as quais merecem especial destaque os princípios do contraditório sem surpresas;
da cooperação entre partes e juiz na atividade de formulação do provimento jurisdicional; da sujeição de
todos os participantes do processo ao comportamento de acordo com a boa-fé; da duração razoável do
processo; da dignidade da pessoa humana; da eficiência da prestação a cargo do Poder Judiciário; da
submissão do próprio juiz ao contraditório; da fundamentação adequada das decisões judiciais; da
vedação de privilégios da ordem de julgamento das causas. Entre as normas fundamentais figura também
a que estimula a prática da justiça coexistencial (juízo arbitral, conciliação e mediação).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Marco Félix Jobim, Elaine Harzheim Macedo, Das normas fundamentais do processo e o projeto de novo
Código de Processo Civil – repetições e inovações, RBDPro, ano 22, n. 87, p. 123-134, jul.-set. 2014;
Oscar Valente Cardoso, A aplicação das normas processuais no novo Código de Processo Civil, Revista
Dialética de Direito Processual, n. 150, p. 78-86.
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as
exceções previstas em lei.
CPC/1973
ART. 2º.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 2º (impulso processual); 141 (decisão ultra petita); 492 (decisão extra ou ultra
petita).
BREVES COMENTÁRIOS
Consagrando o princípio da demanda ou da ação, a prestação da tutela jurisdicional só se
exercitará quando o juiz for provocado pela parte ou pelo interessado, uma vez que a autoridade
judiciária em regra não atua ex officio ou sem ação própria.
Embora a jurisdição seja função ou atividade pública do Estado, versa quase sempre sobre
interesses privados – direitos materiais subjetivos das partes –, donde não tem cabimento a prestação
jurisdicional, a não ser quando solicitada, nos casos controvertidos, pela parte interessada. Daí dizer-se
que a jurisdição é atividade “provocada” e não espontânea do Estado: ne procedat iudex ex officio.
Ainda quando o Estado se põe em conflito com particulares ou outros organismos públicos, seja no plano
do direito público ou privado, não cabe ao Poder Judiciário tomar iniciativa de regular o litígio por
conta própria. O Poder Público, por meio de órgãos ou agentes específicos, terá também de exercitar o
direito de ação, como faz qualquer pessoa, para quebrar a inércia da jurisdição e obter o provimento
capaz de solucionar o litígio em que se acha envolvido. O Judiciário é sempre um estranho à relação
jurídica litigiosa, e se conserva indiferente enquanto um dos interessados (públicos ou privados) não
tome a iniciativa de invocar a intervenção pacificadora.
Nesse sentido, nosso Código é expresso em determinar que “o processo começa por iniciativa da
parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei” (art. 2º). Entre as
raríssimas hipóteses de instauração de processo por iniciativa judicial, podem ser lembradas a
decretação de falência (Lei nº 11.101/2005, art. 56, § 4º) e a arrecadação da herança jacente (NCPC, art.
738).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lopes da Costa, A Administração Pública e a ordem jurídica privada: jurisdição voluntária, Belo
Horizonte: B. Alvares, 1961; Bernardo Álvares; Humberto Theodoro Júnior, Princípios gerais do direito
processual civil, RP 23/173; Ajuris 34/161; José Carlos Barbosa Moreira, Notas sobre o problema da
atividade do processo, Ajuris 29/77; Paulo Cezar Pinheiro Carneiro. In: Teresa Arruda Alvim Wambier;
Fredie Didier Jr.; Eduardo Talamini; Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Leonard Ziesemer Schmitz, O direito de estar em juízo e
a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 245-259.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, XXXV.
BREVES COMENTÁRIOS
Tendo em conta o direito fundamental de acesso à Justiça assegurado pelo art. 5º, XXXV, da
Constituição, o art. 3º do NCPC dispõe que “não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão
a direito”.
É de se ter em conta que, no moderno Estado Democrático de Direito, o acesso à justiça não se
resume ao direito de ser ouvido em juízo e de obter uma resposta qualquer do órgão jurisdicional. Por
acesso à Justiça hoje se compreende o direito a uma tutela efetiva e justa para todos os interesses dos
particulares agasalhados pelo ordenamento jurídico. Nele se englobam tanto as garantias de natureza
individual como as estruturais, ou seja, o acesso à justiça se dá individualmente, por meio do direito
conferido a todas as pessoas naturais ou jurídicas de dirigir-se ao Poder Judiciário e dele obter resposta
acerca de qualquer pretensão, contando com a figura do juiz natural e com sua imparcialidade; com a
garantia do contraditório e da ampla defesa, com ampla possibilidade de influir eficazmente na formação
das decisões que irão atingir os interesses individuais em jogo; com o respeito à esfera dos direitos e
interesses disponíveis do litigante; com prestação da assistência jurídica aos carentes, bem como com a
preocupação de assegurar a paridade de armas entre os litigantes na disputa judicial; e com a coisa
julgada, como garantia da segurança jurídica e da tutela jurisdicional efetiva.
Do ponto de vista estrutural, o acesso à Justiça exige que concorra, por parte dos órgãos e sistemas
de atuação do Judiciário, a observância de garantias como: a da impessoalidade e permanência da
jurisdição; a da independência dos juízes; a da motivação das decisões; a do respeito ao contraditório
participativo; a da inexistência de obstáculos ilegítimos; a da efetividade qualitativa, capaz de dar a
quem tem direito tudo aquilo a que faz jus de acordo com o ordenamento jurídico; a do respeito ao
procedimento legal, que, entretanto, há de ser flexível e previsível; a da publicidade e da duração
razoável do processo; a do duplo grau de jurisdição; e, enfim, a do respeito à dignidade humana.
Tem-se como legítima a substituição voluntária da justiça estatal pelo juízo arbitral, na forma da lei
(art. 3º, § 1º). Além disso, ao mesmo tempo que o legislador assegura o acesso irrestrito à justiça,
preconiza também as virtudes da solução consensual dos conflitos, atribuindo ao Estado o encargo de
promover essa prática pacificadora, sempre que possível (NCPC, art. 3º, § 2º). E nessa linha de política
pública, recomenda que “a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos
deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial” (NCPC, art. 3º, § 3º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Leonardo Greco, Justiça civil, acesso à justiça e garantias, In: Donaldo Armelin (coord.),
Tutelas de urgência e cautelares, São Paulo: Saraiva, 2010, p. 831; Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini; Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Luciano Picoli Gagno, O
novo CPC e o modelo constitucional de processo, RDDP, n. 148, p. 72, jul. 2015; João Luiz Lessa Neto,
O novo CPC adotou o modelo multiportas!!! E agora?!, Revista de Processo, n. 244, p. 427, jun. 2015;
Sérgio Chiarloni, Sempre aberta a possibilidade de reformas do processo civil: primeiras reflexões
sobre a transferência para a arbitragem e negociação assistida, por força da Lei 162/2014, Revista de
Processo, n. 244, p. 443, jun. 2015; Sérgio Luiz de Almeida Ribeiro, O direito de estar em juízo e a
coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 381-397; Cláudio Aparecido Ribas da Silva,
Novo Código de Processo Civil: principais alterações do sistema processual civil, São Paulo: Rideel,
2014; Rodolfo de Camargo Mancuso, Novo Código de Processo Civil: principais alterações do sistema
processual civil, São Paulo: Rideel, 2014; Oriana Piske de Azevêdo Barbosa, Cristiano Alves da Silva,
Os métodos consensuais de solução de conflitos no âmbito do novo Código de Processo Civil brasileiro
(Lei nº 13.105/2015), Jurisplenum, n. 64, ano XI, p. 91-106, jul.-ago. 2015.
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LXXVIII.
BREVES COMENTÁRIOS
Entre os direitos fundamentais ligados à garantia do processo justo figura o do inc. LXXVIII do art.
5º da CF, em que se assegura, a um só tempo, (i) a razoável duração do processo, bem como (ii) o
emprego dos meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
O Novo CPC, por seu turno, prevê que essa garantia de duração razoável do processo aplica-se ao
tempo de obtenção da solução integral do mérito, que compreende não apenas o prazo para
pronunciamento da sentença, mas também para a ultimação da atividade satisfativa. É que condenação
sem execução não dispensa à parte a tutela jurisdicional a que tem direito. A função jurisdicional
compreende, pois, tanto a certificação do direito da parte, como sua efetiva realização. Tudo isso deve
ocorrer dentro de um prazo que seja razoável, segundo as necessidades do caso concreto.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Nelson Nery Júnior, Princípios do processo na Constituição Federal, 10. ed., São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2010; Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa Arruda Alvim Wambier; Fredie Didier
Jr.; Eduardo Talamini; Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com
a boa-fé.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 113 e 422.
BREVES COMENTÁRIOS
A má-fé subjetiva (conduta dolosa, com o propósito de lesar a outrem) sempre foi severamente
punida, no âmbito tanto do direito público como no do privado. Há, porém, uma outra visão da boa-fé,
que se desprende do subjetivismo, para se localizar objetivamente no comportamento do agente, como
exigência de ordem ético-jurídica. Essa boa-fé objetiva assumiu maior relevo em nosso direito positivo
com o advento do Código do Consumidor e do novo Código Civil, que a adotaram como um dos
princípios fundamentais do direito das obrigações. A infração à boa-fé objetiva é sancionada,
independentemente de dolo ou culpa do agente.
Consiste o princípio da boa-fé objetiva em exigir do agente que pratique o ato jurídico sempre
pautado em valores acatados pelos costumes, identificados com a ideia de lealdade e lisura. Com isso,
confere-se segurança às relações jurídicas, permitindo-se aos respectivos sujeitos confiar nos seus
efeitos programados e esperados.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Rosangela Gazdovich, O direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2014, p. 363-371.
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LXXVIII.
BREVES COMENTÁRIOS
O princípio da cooperação é um desdobramento do princípio moderno do contraditório assegurado
constitucionalmente, que não mais pode ser visto apenas como garantia de audiência bilateral das partes,
mas que tem a função democrática de permitir a todos os sujeitos da relação processual a possibilidade
de influir, realmente, sobre a formação do provimento jurisdicional. É, também, um consectário do
princípio da boa-fé objetiva, um dos pilares de sustentação da garantia constitucional do processo justo,
como já se viu.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Leonardo Carneiro da Cunha, O princípio do contraditório e a cooperação no processo, Revista
Brasileira de Direito Processual, Belo Horizonte, n. 79; Alexandre Pereira Bonna, Cooperação no
processo civil – a paridade do juiz e o reforço das posições jurídicas das partes a partir de uma nova
concepção de democracia e contraditório, Revista Brasileira de Direito Processual, n. 85, Belo
Horizonte, p. 77, jan.-mar. 2014; Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas. Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Luis Alberto Reichlt, Sistemática recursal, direito ao
processo justo e novo Código de Processo Civil: os desafios deixados pelo legislador ao intérprete,
Revista de Processo, n. 244, p. 15, jun. 2015; Adriano C. Cordeiro, O desenvolvimento do processo
cooperativo e a submissão da coisa julgada material ao interesse das partes. O controle proporcional da
jurisdição, RBDPro, ano 23, n. 89, p. 13-28, jan.-mar. 2015.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LV.
BREVES COMENTÁRIOS
A igualdade de tratamento decorre do princípio do contraditório e não pode se dar apenas
formalmente. Se os litigantes se acham em condições econômicas e técnicas desniveladas, o tratamento
igualitário dependerá de assistência judicial para, primeiro, colocar ambas as partes em situação
paritária de armas e meios processuais de defesa. Somente a partir desse equilíbrio processual é que se
poderá pensar em tratamento paritário no exercício dos poderes e faculdades pertinentes ao processo em
curso. E, afinal, somente em função dessas medidas de assistência judicial ao litigante hipossuficiente ou
carente de adequada tutela técnica, é que o contraditório terá condições de se apresentar como efetivo,
como garante o art. 7º do NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Cristiane Rodrigues Iwakura, Contraditório no direito processual civil moderno,
Revista Dialética de Direito Processual, n. 150, p. 9-20; Oscar Valente Cardoso, Normas fundamentais
do novo Código de Processo Civil: o novo princípio do contraditório, Revista Dialética de Direito
Processual,n. 151, p. 83-93, out. 2015.
Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do
bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art 1º, III, art. 5º, II, art. 37; LINDB, art. 5º.
BREVES COMENTÁRIOS
No Estado de Direito, ninguém é obrigado fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da
lei (CF, art. 5º, II). E esse regime não se limita à esfera da atividade privada, pois a Administração
Pública também se acha constitucionalmente sujeita a só agir nos limites da legalidade (CF, art. 37,
caput). Não é novidade, portanto, que o NCPC atribua ao juiz o dever de “aplicar o ordenamento
jurídico”, deixando expresso que a atuação do Poder Judiciário, no desempenho da função jurisdicional,
tem de observar o princípio da legalidade (NCPC, art. 8º).
Por outro lado, a lei nunca se exaure no texto que o legislador lhe deu. Como linguagem, a norma
legal, antes de ser aplicada pelo juiz, terá de ser interpretada; e a interpretação, in casu, é ato complexo,
pois terá de descobrir o sentido que seja compatível com o sistema normativo total em que a lei se
insere; terá, ainda, de ter em conta o fim visado pelo legislador; e, por último, terá de analisar e encontrar
o modo com que a norma abstrata incidirá sobre o quadro fático em que eclodiu o litígio. É nessa
conjuntura que incide a regra do art. 5º da Lei de Introdução, reafirmada pelo art. 8º do NCPC, segundo a
qual, ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum.
Para o art. 8º do NCPC, a aplicação do ordenamento jurídico, para atender aos fins sociais e às
exigências do bem comum, deverá resguardar e promover a dignidade da pessoa humana, um dos
princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito (CF, art. 1º, III). E ocorrendo conflito entre os
elementos importantes para a configuração dos fins sociais e das exigências do bem comum, deverão ser
observados, para a respectiva superação, os critérios hermenêuticos da proporcionalidade e da
razoabilidade.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Maria Helena Diniz, Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro interpretada, 4. ed., São Paulo:
Saraiva, 1998; Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LV.
BREVES COMENTÁRIOS
As decisões judiciais não podem surpreender a parte que terá de suportar suas consequências,
porque o contraditório moderno assegura o direito dos sujeitos do processo de não só participar da
preparação do provimento judicial como de influir na sua formulação. Aqui o Código garante, com
nitidez, o princípio da “não surpresa” no encaminhamento e conclusão do processo.
O parágrafo único do art. 9º, todavia, abre três exceções para permitir decisões em detrimento de
parte ainda não ouvida nos autos. Não se trata, porém, de afastar em definitivo o contraditório, mas
apenas de protraí-lo. Pelas necessidades e conveniências do caso, decide-se a questão proposta de
imediato, sem prévia audiência do interessado. Uma vez, porém, ultimada a medida excepcional, abrir-
se-á a oportunidade de discussão da matéria e defesa da parte afetada, podendo o juiz então, se for o
caso, confirmar, modificar ou revogar o provimento emergencial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando da Fonseca Gajardoni, Pontos e contrapontos sobre o projeto do Novo CPC, Revista dos
Tribunais, v. 950, p. 19, dez. 2014; Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Oscar Valente Cardoso, Normas fundamentais do novo
Código de Processo Civil: o novo princípio do contraditório, Revista Dialética de Direito Processual,
n. 151, p. 83-93, out. 2015.
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de
matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LV.
BREVES COMENTÁRIOS
Não se permite ao juiz decidi-la mediante fundamento ainda não submetido à manifestação das
partes, ainda que a questão tenha sido debatida amplamente. A vedação prevalece mesmo quando se trate
de matéria apreciável de ofício. Mais uma vez o Código prestigia o princípio da “não surpresa”.
Dessa forma, resta consagrada a imposição legal do contraditório efetivo, para interditar as
“decisões de surpresa”, fora do contraditório prévio, tanto em relação a questõesnovas como a
fundamentos diversos daqueles com que as questões velhas foram previamente discutidas no processo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Oscar Valente Cardoso, Normas fundamentais do novo Código de Processo Civil: o
novo princípio do contraditório, Revista Dialética de Direito Processual, n. 151, p. 83-93, out. 2015.
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das
partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 93, IX; NCPC, art. 189.
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 11 do NCPC reproduz a regra constitucional que impõe sejam públicos os julgamentos dos
órgãos do Poder Judiciário, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade (CF, art. 93, IX).
Explica-se a exigência constitucional pela circunstância de que na prestação jurisdicional há um
interesse público maior do que o privado defendido pelas partes. Trata-se da garantia da paz e harmonia
social, procurada através da manutenção da ordem jurídica. Daí que todos, e não apenas os litigantes, têm
direito de conhecer e acompanhar tudo o que se passa durante o processo. Aliás, a publicidade é
exigência do Estado Democrático que não se limita aos atos do Judiciário, pois a Constituição a impõe
como princípio fundamental da administração pública praticada na esfera de qualquer dos poderes
institucionais (CF, art. 37).
A Constituição, quando tolera a excepcionalidade de processos “em segredo de justiça”, não o faz
em caráter absoluto, visto que o sigilo não privará às partes e seus advogados de acesso a todos os
trâmites do processo. Além disso, estando em jogo interesses de ordem pública (repressão penal, risco
para a saúde pública, dano ao Erário, ofensa à moralidade pública, perigo à segurança pública etc.), os
atos processuais praticados nos moldes do “segredo de Justiça” podem ser investigados e conhecidos por
outros, além das partes e advogados, por autorização do juiz.
O novo Código explicita de forma mais minuciosa os casos de segredo de justiça (art. 189), além de
ampliar a regra às situações que envolvam dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade e
aos litígios que versem sobre arbitragem e cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade
estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo (art. 189, III e IV).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luis Alberto Reichelt, A exigência de publicidade dos atos processuais na perspectiva do direito ao
processo justo, Revista de Processo 234, p. 84-85, ago. 2014; Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Pablo Zuniga Dourado, Processo
civil constitucional e os princípios da publicidade e motivação, RBDPro, ano 22, n. 88, p. 231-248, out.-
dez. 2014; Daniel Nobre Morelli, A garantia constitucional da motivação e os fundamentos das decisões
judiciais no Novo Código de Processo Civil, Revista Dialética de Direito Processual, n. 150, p. 20-27;
Rodrigo Ramina de Lucca, O dever de motivação das decisões judiciais, Salvador: JusPodivm, 2015;
José Rogério Cruz e Tucci, O direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014, p. 217-225.
BREVES COMENTÁRIOS
As sentenças ou acórdãos deverão ser proferidos, preferencialmente, com obediência à ordem
cronológica de conclusão, segundo determina o art. 12 do NCPC (com a nova redação da Lei nº
13.256/2016). Com isso, quer a lei impedir que ocorra escolha aleatória dos processos a serem julgados,
dando preferência injustificável a um ou outro feito, independentemente do momento em que a conclusão
para julgamento tenha se dado.
Se “todos são iguais perante a lei” (CF, art. 5º, caput), e se ao órgão judicial incumbe “assegurar às
partes igualdade de tratamento” (NCPC, art. 139, I), é óbvio que a garantia de isonomia restará quebrada
se a escolha do processo a ser julgado, dentre os diversos pendentes de decisão, pudesse ser feita sem
respeitar a ordem cronológica de conclusão. A garantia constitucional não pode conviver com privilégio
desse tipo.
Para que a observância da regra em foco seja controlada, o § 1º do art. 12 do NCPC obriga a
manutenção permanente da lista dos processos aptos a julgamento à disposição para consulta pública em
cartório e na rede mundial de computadores.
O § 2º do mesmo artigo enumera as hipóteses excepcionais em que o julgamento, por diversas
razões, fica fora da exigência de respeito à ordem cronológica.
Ressalva a lei que os requerimentos formulados depois que o processo já se encontra na lista do §
1º do art. 12 não alteram a ordem cronológica para julgamento (§§ 4º e 5º). Por igual razão, os processos
que retornam da instância superior para rejulgamento, em virtude de anulação da sentença ou acórdão,
entram em primeiro lugar na lista em questão, salvo quando houver necessidade de diligência ou de
complementação da instrução (§ 6º, I). Também ocupam a primeira posição os processos represados no
tribunal de origem, depois de decididos os recursos especiais ou extraordinários de conteúdo repetitivo,
quando for o caso da reapreciação prevista no art. 1.040, II, do NCPC (art. 12, § 6º, II, do NCPC).
A ressalva que flexibilizou a ordem cronológica, prevendo a sua observância apenas
preferencialmente, não anula a importante norma do art. 12, visto que se aplica-rá tão somente quando o
juiz tiver justificação aceitável para seu afastamento.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Capítulo II
DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as
disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil
seja parte.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 1º.
BREVES COMENTÁRIOS
Como atividade soberana do Poder Público, a jurisdição civil será, em princípio, regida pelo
Código de Processo Civil e demais normas processuais brasileiras (arts. 1º e 13), segundo o princípio da
lex fori, prevalente em direito internacional privado, em decorrência do caráter de ordem pública que
predomina na respectiva legislação. Ressalva, porém, o art. 13 a eventualidade de submissão do
processo nacional a procedimento diverso, em decorrência de previsões especiais contidas em tratados,
convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em
curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência
da norma revogada.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, XXXVI; LINDB, art. 6º.
BREVES COMENTÁRIOS
Diante do reconhecimento de que a lei processual nova é de efeito imediato, atingindo inclusive os
processos em andamento, já houve teoria antiga que defendia o caráter retroativo de tal lei. A doutrina
contemporânea, já há bastante tempo, demonstrou o engano em que incide semelhante afirmação.
Com efeito, também a lei processual respeita o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada (Constituição Federal, art. 5º, inc. XXXVI, e Lei de Introdução, art. 6º). Assim, mesmo quando a
lei nova atinge um processo em andamento, nenhum efeito tem sobre os fatos ou atos ocorridos sob o
império da lei revogada. Alcança o processo no estado em que se achava no momento de sua entrada em
vigor, mas respeita os efeitos dos atos já praticados, que continuam regulados pela lei do tempo em que
foram consumados.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacyr Amaral Santos, Primeiras linhas de direito processual civil, 3. ed., São Paulo: Max
Limonad, 1971, v. I, n. 23; Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Cabe ao Código de Processo Civil não apenas disciplinar a jurisdição civil, mas também funcionar
como a principal fonte do direito processual no ordenamento jurídico brasileiro. Toca, pois, ao estatuto
civil o papel de fonte de preenchimento de todas as lacunas dos outros diplomas processuais.
INDIC]AÇÃO DOUTRINÁRIA
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
LIVRO II
DA FUNÇÃO JURISDICIONAL
TÍTULO I
DA JURISDIÇÃO E DA AÇÃO
Art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território
nacional, conforme as disposições deste Código.
CPC/1973
Art. 1º.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 318 (procedimento comum); 539 a 702 (procedimentos especiais de jurisdição
contenciosa); 719 a 765 (procedimentos especiais de jurisdição voluntária) e 1.046 (territorialidade e
vigência).
Lei nº 9.494, de 10.09.1997 (Tutela Antecipada – ver Legislação Especial), art. 2º-A (limite da
competência territorial na ação de caráter coletivo).
Lei nº 9.099, de 26.09.1995 (Juizados Especiais – ver Legislação Especial).
Lei nº 10.259, de 12.07.2001 (Juizado Especial Federal – ver Legislação Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
A jurisdição é a função estatal de declarar e realizar, de forma prática, a vontade da lei diante de
uma situação jurídica controvertida, que constitui atividade própria do Poder Judiciário, e se exerce não
só por intermédio de juízes, individualmente considerados, como também por órgãos colegiados
(tribunais). O objeto da jurisdição civil é fixado por exclusão (residual): aquilo que não couber na
jurisdição penal e nas jurisdições especiais, será alcançado pela jurisdição civil.
Será contenciosa quando os fatos levados ao juízo forem objeto de litígio; considera-se voluntária
a que se exerce sobre relações jurídicas não controvertidas, mas de interesse pessoal ou patrimonial
privado, sujeito a controle administrativo da autoridade judiciária.
As fontes normativas a que se sujeita a jurisdição civil não se esgotam no Código de Processo Civil.
Existem várias leis extravagantes que instituem procedimentos especiais e que se aplicam
complementarmente à tramitação e julgamento das causas civis. Além disso, há um conjunto de regras e
garantias fundamentais dentro da Constituição, no qual se identificam os requisitos e objetivos do acesso
à Justiça e os requisitos do devido processo legal (ou, mais modernamente, do processo justo). Até
mesmo os tratados internacionais são reconhecidos como possíveis fontes de garantia de direitos do
homem, podendo prevalecer sobre leis processuais internas que com eles não se compatibilizam (CF, art.
5º, §§ 1º e 2º), como aconteceu, v.g., com a prisão civil do depositário infiel (autorizada pelo art. 904,
parágrafo único, do CPC/1973, sem correspondência no NCPC), que foi afastada pela adesão do Brasil
ao “Pacto Internacional dos Direitos Civis e políticos” (art. 11) e à “Convenção Americana sobre
Direitos Humanos” (art. 7º, n. 7).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil, Forense, v. I; Chiovenda,
Instituições de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, v. II, n. 137; Humberto Theodoro Júnior,
Curso de direito processual civil, Forense, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Jurisdição e competência,
Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais 38/145; Humberto
Theodoro Júnior, Jurisdição voluntária: testamento e curatela dos interditos, Revista Jurídica Mineira
10/13; Humberto Theodoro Júnior, Novos rumos do direito processual civil: efetividade da jurisdição e
classificação das ações – ação executiva lato sensu – tutela de urgência, Revista Dialética de Direito
Processual 26/20; Humberto Theodoro Júnior, A missão política do Poder Judiciário, RF 266/363;
Humberto Theodoro Júnior, Princípios informativos e a técnica de julgar no processo civil, RF 268/103;
José Carlos Barbosa Moreira, Miradas sobre o processo civil contemporâneo, RF 331/135; Luiz
Guilherme Marinoni, E a efetividade do direito de ação?, RF 36/337; Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio
Cruz Arenhart, Manual de processo de conhecimento, São Paulo: Revista dos Tribunais; Ada Pellegrini
Grinover, Antônio Carlos de Araújo Cintra e Cândido Rangel Dinamarco, Teoria geral do processo, São
Paulo: Malheiros; Carreira Alvim, Teoria geral do processo, Rio de Janeiro: Forense; Leonardo Greco,
Teoria da ação no processo civil, São Paulo: Dialética; Arruda Alvim, Manual de direito processual
civil, São Paulo: Revista dos Tribunais; Cândido Rangel Dinamarco, Instituições de direito processual
civil, São Paulo: Malheiros; Humberto Dalla Bernardina de Pinho, Teoria geral do processo civil
contemporâneo, Rio de Janeiro: Lumen Juris; Ernane Fidélis dos Santos, Manual de direito processual
civil, São Paulo: Saraiva; Alexandre Freitas Câmara, Lições de direito processual civil, Rio de Janeiro:
Lumen Juris; Fredie Didier Júnior e Eduardo Ferreira Brandão, Teoria do processo: panorama
doutrinário mundial; Fredie Didier Júnior, Curso de direito processual civil, Salvador: JusPodivm, v. I;
Marcus Vinicius Rios Gonçalves, Novo curso de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, v. I;
Vicente Greco Filho, Direito processual civil brasileiro, São Paulo: Saraiva, v. I; Luiz Fux, Curso de
direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense; Leonardo Faria Schenk, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Arlete Inês Aurelli, Institutos fundamentais do
processo civil: jurisdição, ação e processo, RBDPro, ano 23, n. 89, p. 31-45, jan.-mar. 2015; Mônica
Pimenta Júdice, O direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014,
p. 343-357.
Art. 3º.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, XXXV.
NCPC, arts. 19 (interesse do autor); 18 (interesse alheio); 109 (alienação da coisa litigiosa); 119
(assistente); 337, XI (carência da ação); 485, VI, e 354 (extinção do processo sem resolução do mérito);
330, II e III (indeferimento da petição inicial); 493 (direito subjetivo superveniente); 967 (legitimidade
para propor ação rescisória).
SÚMULAS
Súmulas do STJ:
N° 506: “A Anatel é parte legítima nas demandas entre a concessionária e o usuário de telefonia
decorrentes de relação contratual.”
BREVES COMENTÁRIOS
Interesse (ou interesse de agir) é a necessidade que a parte tem de usar o processo para sanar o
prejuízo já ocorrido ou para afastar o perigo da ameaça de lesão. Compreende também a adequação do
remédio processual escolhido à pretensão da parte.
Legitimidade para a causa (legitimatio ad causam) é a qualidade para agir juridicamente, como
autor, ou réu, por ser a parte o sujeito ativo ou passivo do direito material controvertido ou declaração
que se pleiteia (José Náufel).
Para que se verifique a legitimação ad causam é necessário que haja identidade entre o sujeito da
relação processual e as pessoas a quem ou contra quem a lei concede a ação (Pedro Batista Martins).
A legitimação para a causa difere da legitimação para o processo ou para estar em juízo na medida
em que as pessoas que não têm a livre disposição de seus direitos, como, v.g., o menor, o interdito etc.,
considerados incapazes para os atos da vida civil, devem fazer-se representadas, assistidas ou
autorizadas a ingressar em juízo.
Embora não utilize literalmente a expressão condição da ação e carência da ação, o NCPC não
rompeu com a teoria eclética de Liebman das três categorias processuais. Tanto assim é que o art. 485,
ao tratar da extinção do processo sem resolução do mérito, prevê como situações distintas a fundada na
ausência de pressupostos processuais (inciso IV) e aquela decorrente da falta de legitimidade ou de
interesse processual (inciso VI).
O momento processual adequado para a arguição da carência de ação por falta de interesse jurídico
ou por ilegitimidade de parte são as preliminares da contestação (art. 337, XI, do NCPC). Não ocorre,
porém, preclusão pelo silêncio da parte, visto que se trata de matéria de ordem pública, apreciável até
mesmo de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado
(art. 485, § 3º, do NCPC).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Antônio Carlos de Araújo, Ada Pellegrini Grinover, Cândido R. Dinamarco, Teoria geral do
processo, São Paulo: Malheiros, sobre interesse: “em princípio, é titular de ação apenas a própria pessoa
que se diz titular do direito subjetivo material cuja tutela pede (legitimidade ativa), podendo ser
demandado apenas aquele que seja titular da obrigação correspondente (legitimidade passi-va)”; Luiz
Rodrigues Wambier e outros, Curso avançado de processo civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, v. I,
n. 8.3: o autor “deve ser o titular da situação jurídica afirmada em juízo (art. 6º do CPC)”; e quanto ao
réu, “é preciso que exista relação de sujeição diante da pretensão do autor”; José Afonso da Silva, Curso
de direito constitucional positivo, São Paulo: Malheiros, destaca que a Constituição de 1988 alterou o
sistema tradicional da legitimatio ad causam individual, para instituir também casos de “representação
coletiva de interesses coletivos ou mesmo individuais integrados numa coletividade”; L. A. da Costa
Carvalho, Direito processual civil brasileiro, v. I; Chiovenda, Ensayos de derecho procesal civil, trad.
argentina, Buenos Aires: Ejea; Eduardo Couture, Fundamentos de direito processual civil, trad. bras.,
São Paulo: Saraiva, 1946; Humberto Theodoro Júnior, Condições da ação, Revista Forense 259/39;
Leonardo Faria Schenk, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Karina Cardoso de Oliveira, Breve análise sobre o contrato de consórcio empresarial, Revista de
Direito Bancário e do Mercado de Capitais, n. 66, 2014, p. 131; Carlos Augusto da Silveira Lobo,
Contratos associativos – sociedade e consórcio, Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais,
n. 66, 2014, p. 97; Renato Resende Beneduzi, Legitimidade extraordinária convencional, RBDPro, ano
22, n. 86, p. 127-142, abr.-jun. 2014; Willian Santos Ferreira, O direito de estar em juízo e a coisa
julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 407-443; Pedro Henrique Pedrosa Nogueira, O
direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 569-581.
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo
ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como
assistente litisconsorcial.
CPC/1973
Art. 6º.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, arts. 5º, XXI (legitimação extraordinária das entidades associativas), LXX, b (mandado de
segurança coletivo), LXXIII (ação popular); 8º, III (sindicatos); 129, III (legitimação Ministério Público).
NCPC, arts. 75 (representação em juízo); 109 (alienação da coisa litigiosa); 125, I; e 127
(denunciação da lide); 485, VI; e 486 (extinção do processo sem resolução de mérito por carência de
ação); 330, I (indeferimento da petição inicial por inépcia); 337, XI (arguição de preliminar de carência
de ação na contestação); 354 (extinção do processo).
Código Comercial, art. 527 (ação de embargos por avarias).
CLT, art. 513, a (representação por sindicato).
Lei nº 4.717, de 29.06.1965 (Ação Popular – ver Legislação Especial).
Lei nº 818, de 18.09.1949, arts. 24 e 35, § 1º (cancelamento e nulidade da naturalização).
Lei nº 3.502, de 21.12.1958, art. 5º, § 2º (sequestro e perdimento de bens por enriquecimento
ilícito).
Lei nº 12.016, de 07.08.2009 (Mandado de Segurança – ver Legislação Especial), arts. 3º (mandado
de segurança impetrado por terceiro) e 21 (legitimidade para impetração de mandado de segurança
coletivo).
Lei nº 8.906, de 04.07.1994 (Advogado – ver Legislação Especial), art. 44, II (representação pela
OAB).
Lei nº 8.625, de 12.02.1993 (Ministério Público – ver Legislação Especial), art. 25.
Lei nº 6.404, de 15.12.1976 (Sociedade Anônima).
SÚMULAS
Súmulas do STF:
nº 630: “A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a
pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.”
nº 629: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos
associados independe da autorização destes.”
Súmulas do STJ:
nº 306: “Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade
da própria parte.”
nº 329: “O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública em defesa do
patrimônio público.”
BREVES COMENTÁRIOS
A defesa de direito alheio, em nome próprio, caracteriza a denominada legitimação anômala ou
extraordinária. A Lei Processual admite, em certos casos, a atuação do MP como substituto processual,
por exemplo, ao réu preso (art. 9º, II), ao interditando (art. 1.182, § 1º) e na especialização da hipoteca
legal em caso de tutela ou curatela (art. 1.188, parágrafo único). A CF/1988 prevê legitimação
extraordinária no chamado mandado de segurança coletivo, que poderá ser impetrado por partido com
representação no Congresso Nacional e por organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída há pelo menos um ano em defesa dos interesses de seus membros ou associados
(art. 5º, LXX). Prevê, ainda, a Constituição a possibilidade de as associações agirem em nome próprio,
em quaisquer ações civis, na defesa de seus associados, desde que expressamente autorizados (pelo
estatuto ou por deliberação assemblear) (art. 5º, XXI).
Um dos principais efeitos da substituição processual consiste na aptidão para a coisa julgada,
formada no processo do substituto, operar na esfera jurídica do substituído (STJ, REsp 44.925/GO, Rel.
Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul. 21.06.1994, DJ 15.08.1994).
O novo Código adotou o entendimento de parte da doutrina segundo o qual a legitimação
extraordinária pode ser atribuída sem previsão expressa de lei em sentido escrito, desde que seja
possível identificá-la no ordenamento jurídico, visto como sistema. Dispôs, ainda, no parágrafo único do
art. 18, que, havendo substituição processual, o substituído poderá intervir no processo como assistente
litisconsorcial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Augusto Delgado, Aspectos controvertidos da substituição processual, RF 298/61; Ajuris
38/14; RP 47/7; Celso Agrícola Barbi, Mandado de segurança, Rio de Janeiro: Forense, 2009;
Francisco Barros Dias, Substituição processual (algumas hipóteses da nova Constituição), RF 304/77;
Araken de Assis, Substituição processual, Ajuris 93/61; RSDCPC 26/45; Lopes da Costa, Direito
processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 1959, v. I; Goldschmidt, Derecho procesal civil, Rio de
Janeiro: Labor, 1936; Leonardo Faria Schenk, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 4º.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 17 (interesse e legitimidade, supra), 292 (valor da causa), 313, V, a (questão
prejudicial), 515 (execução de sentença declaratória), 784 (títulos executivos extrajudiciais) e 539 (ação
declaratória substitutiva da ação de consignação de pagamento).
Lei nº 6.830, de 22.09.1980 (LEF), art. 38.
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 258: “É admissível reconvenção em ação declaratória.”
Súmulas do STJ:
nº 181:“É admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto a exata interpretação de
cláusula contratual.”
nº 242: “Cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins
previdenciários.”
BREVES COMENTÁRIOS
Em regra, toda ação é declaratória, porque visa sempre a uma declaração positiva ou negativa de
fato ou de direito.
Ação declaratória, estrito senso, conforme ressuma do art. 4º do CPC, é aquela meramente
declaratória, que não constitui nem extingue direitos ou obrigações, mas simplesmente declara a
existência ou inexistência de relação jurídica e a autenticidade ou falsidade de documento, declaração
esta que servirá de título hábil para a propositura da ação própria, de natureza condenatória, se for o
caso.
A ação declaratória não pode ser colocada como requisito ou pressuposto para o ajuizamento de
ação condenatória ou constitutiva, porque é direito do autor optar por ação de efeitos mais amplos, que
englobam a própria declaração (RTJ 107/877).
Por opção do legislador, tem o autor a faculdade de limitar-se à ação declaratória mesmo quando já
possível a condenatória ou constitutiva, e nada se opõe a que num só processo sejam cumulados pedidos
de declaração, condenação e constituição.
A sentença meramente declaratória não é título executivo judicial a respeito do direito subjetivo
declarado.
A ação declaratória objetiva é sempre uma relação jurídica concreta, não podendo se estender a
relações futuras meramente prováveis.
A ação declaratória, como veículo de pretensão à certeza jurídica, não prescreve. Mas se o direito
material subjetivo que se quer declarar já incorreu em prescrição, falta ao autor interesse processual para
justificar a declaratória.
Essas ações são manejáveis em caráter principal. No sistema do CPC de 1973, a ação declaratória
também poderia ser proposta em caráter incidental, na forma de uma cumulação sucessiva de pedidos
(art. 5º do Código anterior). Essa sistemática não foi seguida pelo Código atual. No entanto, mesmo não
existindo uma ação nova, é ampliada a coisa julgada material, de modo que o art. 503, § 1º, inclui nos
seus limites objetivos a “questão prejudicial, decidida expressa e incidentalmente no pro-cesso”. Sendo
assim, sem o rótulo e o procedimento do direito velho, as questões prejudiciais continuam passíveis de
ser incluídas no objeto litigioso e, assim, solucionadas sob a autoridade da coisa julgada. Dever-se-á,
todavia, observar rigorosamente o contraditório.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Alfredo Buzaid, Mandado de segurança, RF 164/10 e A ação declaratória no direito brasileiro,
São Paulo: Saraiva, 1986; Humberto Theodoro Júnior, Ação declaratória e a interrupção da prescrição,
RJ 233/39; Humberto Theodoro Júnior, Ação declaratória e incidente de falsidade, RP 51/32; Savigny,
Sistema del derecho romano atual, trad. esp., 2. ed., v. IV; Celso Agrícola Barbi, Ação declaratória
principal e incidental, RF 246/85; Celso Agrícola Barbi, Ação declaratória principal e incidente, 7. ed.,
Rio de Janeiro: Forense, 1995; Celso Agrícola Barbi, Comentário ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. I;
Adroaldo Furtado Fabrício, Ação declaratória incidental, 2. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995;
Leonardo Faria Schenk, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Guilherme Toshihiro Takeishi, O direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014, p. 203-217.
Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do
direito.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
A ação declaratória é passível de ser ajuizada ainda quando haja ocorrido a violação do direito,
previsão esta que já constava do art. 4º, parágrafo único, do CPC/1973.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Alfredo Buzaid, Mandado de segurança, RF 164/10; Alfredo Buzaid, A ação declaratória no direito
brasileiro, São Paulo: Saraiva, 1986; Humberto Theodoro Júnior, Ação declaratória e a interrupção da
prescrição, RJ 233/39; Humberto Theodoro Júnior, Ação declaratória e incidente de falsidade, RP 51/32;
Savigny, Sistema del derecho romano atual, trad. esp., 2. ed., v. IV; Celso Agrícola Barbi, Ação
declaratória principal e incidental, RF 246/85; Celso Agrícola Barbi, Ação declaratória principal e
incidente, 7. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995; Celso Agrícola Barbi, Comentário ao CPC, Rio de
Janeiro: Forense, v. I; Leonardo Faria Schenk, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
1. Ação declaratória. Violação do direito. “O ordenamento jurídico assegura à parte o direito de
obter a declaração de inexistência de relação jurídica, ainda que tenha ocorrido a violação do direito.
Todavia, também a ação meramente declaratória se sujeita ao preenchimento das condições da ação,
dentre as quais merece destaque o interesse de agir, consubstanciado, segundo a melhor doutrina, na
presença do binômio necessidade/utilidade da prestação jurisdicional, o que não ocorre na espécie”
(STJ, AgRg no REsp 1.470.000/ RS, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, jul. 23.09.2014, DJe
06.10.2014).
Título II
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL E DA COOPERAÇÃO
INTERNACIONAL
Capítulo I
DOS LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa
jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
CPC/1973
Art. 88.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 75, X, e § 3º (representação em juízo; pessoas jurídicas estrangeiras), e 784, §§ 2º e 3º
(execução por título extrajudicial).
Lei nº 5.478, de 25.07.1968, art. 26 (alimentos).
CF, art. 105, I, i (homologação de sentença estrangeira e exequatur).
Resolução nº 9 – STJ de 04.05.2005 (homologação de sentença estrangeira e exequatur).
BREVES COMENTÁRIOS
Os arts. 21 a 24 do novo CPC traçam objetivamente, no espaço, os limites da jurisdição dos
tribunais brasileiros diante da jurisdição dos órgãos judiciários de outras nações.
Essa delimitação decorre do entendimento de que só deve haver jurisdição até onde o Estado
efetivamente consiga executar soberanamente suas sentenças. Não interessa a nenhum Estado avançar
indefinidamente sua área de jurisdição sem que possa tornar efetivo o julgamento de seus tribunais.
Limita-se, assim, especialmente a jurisdição pelo princípio da efetividade.
Os arts. 21 e 22 do novo CPC enumeram casos em que a ação pode ser ajuizada tanto aqui como
alhures, configurando, assim, exemplos de jurisdição cumulativa ou concorrente.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Carnelutti, Limiti della giurisdizione del giudice italiano, Riv. di Diritto Processuale, 1931, v. VIII,
parte II, p. 218 e ss. – sobre os limites da jurisdição; Osiris Rocha, Curso de direito internacional
privado, 4. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1986, p. 160-168; Amílcar de Castro, Direito internacional
privado, Rio de Janeiro: Forense, 1995; Enrico Tullio Liebman, Os limites de jurisdição brasileira, RF
92/647; J. J. Calmon de Passos, Da jurisdição, Salvador: Progresso, 1957, p. 36-37 – sobre a influência
do princípio da efetividade; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio
de Janeiro: Forense, 2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester
Camila Gomes Norato Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil
brasileiro, Rio de Janeiro: Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed.,
Salvador: JusPodivm, 2015, v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil
comentado, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de
direito processo civil, São Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil,
São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de
processo civil,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo
Código de Processo Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil:
introdução ao direito processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa
Maria de Andrade Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.),
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa
Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério
Licastro Torres de Melo, Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Os arts. 21 e 22 do novo CPC enumeram casos em que a ação pode ser ajuizada tanto aqui como
alhures, configurando, assim, exemplos de jurisdição cumulativa ou concorrente.
Compete à autoridade judiciária brasileira, sem exclusividade, processar e julgar as ações nos
casos previstos neste artigo.
BREVES COMENTÁRIOS
Aluisio Gonçalves de Castro Mendes e Henrique Ávila, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
CPC/1973
art. 89.
BREVES COMENTÁRIOS
Os casos do art. 23 se submetem com absoluta exclusividade à competência da Justiça Nacional,
isto é, se alguma ação sobre eles vier a ser ajuizada e julgada no exterior, nenhum efeito produzirá em
nosso território, o que não ocorre nas hipóteses de competência concorrente.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 489/494; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I; Luiz Cezar Ramos
Pereira, A competência internacional da autoridade judiciária brasileira, RF 286/15; José Carlos de
Magalhães, Competência internacional do juiz brasileiro e denegação de justiça, RT 630/52; Aluisio
Gonçalves de Castro Mendes e Henrique Ávila, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie, Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 24. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não induz litispendência e não obsta a
que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas,
ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no
Brasil.
Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a
homologação de sentença judicial estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
CPC/1973
Art. 90.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 57 (reunião de ações) e 337, §§ 1º a 4º (contestação; litispendência; coisa julgada;
ações idênticas).
BREVES COMENTÁRIOS
O problema da concorrência de ações sobre um mesmo litígio na justiça brasileira e na estrangeira
não vinha sendo decidido de maneira uniforme pelo Superior Tribunal de Justiça. Havia decisões que se
recusavam a homologar sentença estrangeira pelo simples fato de já existir julgamento por tribunal local
relacionado com o objeto da causa, mesmo que tal julgamento não tivesse ainda feito coisa julgada.
Pretendia-se, com esse entendimento, preservar a soberania nacional. Outros, adotando posicionamento
antigo do Supremo Tribunal Federal, decidiam que o ajuizamento de ação perante a justiça brasileira,
após o trânsito em julgado das referidas sentenças proferidas pela justiça estrangeira, não constituía
óbice à homologação destas. O novo Código supera a divergência adotando a tese clara de que “a
pendência de causa perante a jurisdição brasileira não impede a homologação de sentença judicial
estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil” (art. 24, parágrafo único). Somente a coisa
julgada ocorrida no Brasil impedirá a homologação da sentença estrangeira sobre a mesma causa.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Caetano Morelli, Derecho procesal civil internacional, Buenos Aires: Ejea, 1953, n. 94; Arruda
Alvim, Ensaio sobre a litispendência no direito processual civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
1970, v. II, p. 419-425; José Carlos Barbosa Moreira, Relações entre processos instaurados, sobre a
mesma lide civil, no Brasil e em país estrangeiro, RF 252/34, RP 7/51, RBDP 5/65; Aluisio Gonçalves
de Castro Mendes e Henrique Ávila, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Quanto à cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro, inserida em contrato ajustado fora do
país, adotando posicionamento divergente da antiga orientação do STJ (4ª T., REsp 1.168.547/RJ, Rel.
Min. Luís Felipe Salomão, ac. 11.05.2010, Informativo de Jurisprudência nº 0434, 10 a 14 de maio de
2010), o Código novo afasta a competência da autoridade judiciária brasileira se o réu alegar a
incompetência em preliminar de contestação (art. 25). A hipótese, contudo, é de incompetência relativa,
podendo ser prorrogada na ausência de impugnação (art. 63, §§ 1º a 4º). Mas, se a eleição de foro
estrangeiro ocorrer em situação abrangida pela competência exclusiva da justiça pátria, a cláusula será
nula, devendo prevalecer o foro brasileiro (art. 25, § 1º).
É de se rejeitar, outrossim, a eleição, quando abusiva, de modo a impedir ou dificultar a defesa de
parte hipossuficiente.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Aluisio Gonçalves de Castro Mendes e Henrique Ávila, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção I
Disposições Gerais
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e
observará:
I – o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente;
II – a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em
relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos
necessitados;
III – a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira
ou na do Estado requerente;
IV – a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de
cooperação;
V – a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§ 1º Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base
em reciprocidade, manifestada por via diplomática.
§ 2º Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1º para homologação de sentença estrangeira.
§ 3º Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem
ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado
brasileiro.
§ 4º O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de
designação específica.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Decreto nº 2.067/1996 (Protocolo de Cooperação de Assistência Jurisdicional em Matéria Civil,
Comercial, Trabalhista e Administrativa); Decreto nº 2.626/1998 (Protocolo de Medidas Cautelares).
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código atribuiu maior importância à cooperação internacional, levando em conta a
necessidade de colaboração entre os Estados em razão da crescente globalização. Nesse cenário, os
tratados internacionais ganham extrema relevância, na medida em que ditam regras de cooperação para a
prática de atos processuais entre os diversos países. A jurisdição de um Estado, como ato de soberania,
adstringe-se à sua área territorial. Não houvesse, pois, essa colaboração, várias decisões ficariam sem
efeito, por impossibilidade de cumprimento fora dos limites jurisdicionais.
Atento a essa circunstância, o novo Código previu que a cooperação jurídica internacional será
regida por tratado de que o Brasil seja parte, observados os critérios previstos neste artigo.
A eventual ausência de tratado internacional, contudo, não impede a cooperação, que poderá levar
em consideração a reciprocidade, manifestada por via diplomática (NCPC, art. 26, § 1º). Para a
homologação de sentença estrangeira, no entanto, o Código não exige a reciprocidade (art. 26, § 2º).
Apesar de se aceitar a eficácia, no país, de atos proferidos por juízes estrangeiros, a cooperação
não será admitida se tais atos contrariarem ou produzirem resultados incompatíveis com as normas
fundamentais que regem o nosso Estado (art. 26, § 3º). Dessa maneira, os fundamentos institucionais da
jurisdição brasileira jamais poderão ser desrespeitados, a pretexto de colaboração com justiça
estrangeira.
A cooperação internacional será operada por meio de uma autoridade central, encarregada da
recepção e transmissão dos respectivos pedidos (art. 26, IV). No plano diplomático, a função será ser
exercida pelo Ministério da Justiça, quando inexistir designação específica de órgão diverso por lei
federal (art. 26, § 4º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Teori Albino Zavascki, Cooperação jurídica internacional e a concessão de exequatur,
Jurisplenum, n. 64, ano XI, p. 131-144, jul.-ago. 2015; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito
processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda
Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o
novo direito processual civil brasileiro,Rio de Janeiro: Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de
direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários
às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo
Código de Processo Civil comentado,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim
Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo
Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de
direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart,
Daniel Mitidiero, Curso de processo civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira
Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil, Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco,
Instituições de processo civil: introdução ao direito processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva
Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo, Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
BREVES COMENTÁRIOS
Este artigo dispõe sobre os objetos da cooperação internacional.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
André Luís e Fabiane Verçosa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Seção II
Do Auxílio Direto
Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de
autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.
BREVES COMENTÁRIOS
O auxílio direto é cabível, no âmbito das práticas judiciais, quando a medida pretendida decorrer de
ato decisório de autoridade jurisdicional estrangeira não submetido a juízo de delibação no Brasil, i.e.,
decisão que, segundo a lei internacional, não dependa de homologação pela justiça brasileira. Se houver
tal necessidade, a cooperação só ocorrerá pelas vias judiciais previstas para a homologação de
sentenças estrangeiras (arts. 960 a 965).
A cooperação internacional, todavia, não se restringe aos atos do Poder Judiciário. Muitas vezes, a
medida solicitada é de natureza administrativa e pode ser prestada, por exemplo, por meio de
informações dos registros públicos, atos policiais ou alfandegários etc., quando então poderá, até mesmo,
ser atendida sem participação direta da justiça.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
André Luís e Fabiane Verçosa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 29. A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado à
autoridade central, cabendo ao Estado requerente assegurar a autenticidade e a clareza do pedido.
BREVES COMENTÁRIOS
Para viabilizar a cooperação nacional, a autoridade estrangeira interessada deverá enviar o pedido
à autoridade central brasileira que, na ausência de designação específica, será o Ministério da Justiça
(NCPC, art. 26, § 4º), na forma estabelecida pelo tratado respectivo. O Estado requerente assegurará,
ainda, a autenticidade e clareza do pedido (art. 29).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
André Luís e Fabiane Verçosa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 30. Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os
seguintes objetos:
I – obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos
administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso;
II – colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de
competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira;
III – qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
André Luís e Fabiane Verçosa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 31. A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas congêneres e, se
necessário, com outros órgãos estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela execução de
pedidos de cooperação enviados e recebidos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições
específicas constantes de tratado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
André Luís e Fabiane Verçosa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 32. No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não
necessitem de prestação jurisdicional, a autoridade central adotará as providências necessárias
para seu cumprimento.
BREVES COMENTÁRIOS
Na hipótese de o ato solicitado pela autoridade estrangeira não necessitar da participação do Poder
Judiciário, a própria autoridade central adotará as providências necessárias ao seu cumprimento,
recorrendo às autoridades administrativas competentes.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
André Luís e Fabiane Verçosa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à
Advocacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada.
Parágrafo único. O Ministério Público re-quererá em juízo a medida solicitada quando for
autoridade central.
BREVES COMENTÁRIOS
Quando o ato demandar participação judicial, a autoridade central encaminhará o pedido à
Advocacia-Geral da União, para que requeira em juízo a medida solicitada. Se forem conferidas ao
Ministério Público as funções de autoridade central, no procedimento da cooperação internacional, não
haverá necessidade de intervenção da Advocacia-Geral da União. O próprio Ministério Público
requererá a medida jurisdicional cabível diretamente ao juiz federal competente.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
André Luís e Fabiane Verçosa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 34. Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar
pedido de auxílio direto passivo que demande prestação de atividade jurisdicional.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
André Luís e Fabiane Verçosa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Seção III
Da Carta Rogatória
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 35 dispunha que “Dar-se-á por meio de carta rogatória o pedido de cooperação entre órgão
jurisdicional brasileiro e órgão jurisdicional estrangeiro para prática de ato de citação, intimação,
notificação judicial, colheita de provas, obtenção de informações e cumprimento de decisão
interlocutória, sempre que o ato estrangeiro constituir decisão a ser executada no Brasil”. Esse artigo foi
vetado pela Presidência da República, segundo política de facilitação da cooperação internacional.
Dessa maneira, os atos referidos poderão ser praticados tanto por carta rogatória quanto pelas vias da
cooperação internacional.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fabio Guido Tabosa Pessoa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 260.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fabio Guido Tabosa Pessoa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Seção IV
Disposições Comuns às Seções Anteriores
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 38.
BREVES COMENTÁRIOS
O Novo CPC traça algumas normas modernizadoras destinadas a facilitar e incrementar a
cooperação internacional, aplicáveis tanto aos mecanismos tradicionais (cartas rogatórias) como à
inovadora cooperação direta (realizável sem a solenidade das cartas rogatórias). Acham-se, tais normas,
enunciadas nos arts. 37 a 41.
Em todos os casos de cooperação internacional ativa, a autoridade brasileira enviará o pedido à
autoridade central (Ministério da Justiça ou outro órgão definido em lei federal) acompanhado dos
documentos que o instruem, devidamente traduzidos para a língua oficial estrangeira (art. 38), a qual o
remeterá ao Estado requerido para lhe dar o devido andamento.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fabio Guido Tabosa Pessoa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 37.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fabio Guido Tabosa Pessoa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 39. O pedido passivo de cooperação jurídica internacional será recusado se configurar
manifesta ofensa à ordem pública.
BREVES COMENTÁRIOS
Será recusado o pedido de cooperação jurídica internacional passiva sempre que se configurar
“manifesta ofensa à ordem pública”. Não se procederá, outrossim, pelas vias da cooperação jurídica
internacional, aos atos de execução de decisão judicial estrangeira, caso em que se deverá adotar o
regime da carta rogatória ou da ação de homologação de sentença estrangeira (art. 40, c/c o art. 960),
salvo no caso de cumprimento de decisões interlocutórias e de despachos que ordenam citação,
intimação, notificação judicial, colheita de provas e obtenção de informações (veto ao art. 35 do NCPC).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fabio Guido Tabosa Pessoa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira dar-se--á
por meio de carta rogatória ou de ação de homologação de sentença estrangeira, de acordo com o
art. 960.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
ncpc, art. 39.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fabio Guido Tabosa Pessoa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
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Art. 41. Considera-se autêntico o documento que instruir pedido de cooperação jurídica
internacional, inclusive tradução para a língua portuguesa, quando encaminhado ao Estado
brasileiro por meio de autoridade central ou por via diplomática, dispensando-se ajuramentação,
autenticação ou qualquer procedimento de legalização.
Parágrafo único. O disposto no caput não impede, quando necessária, a aplicação pelo Estado
brasileiro do princípio da reciprocidade de tratamento.
BREVES COMENTÁRIOS
O Novo Código reduziu as formalidades da cooperação, dispensando a ajuramentação, a
autenticação ou qualquer outro procedimento de legalização de documentos estrangeiros, sempre que o
pedido for encaminhado ao Estado brasileiro por meio de autoridade central ou por via diplomática.
Entretanto, quando necessário, o Estado brasileiro poderá aplicar o princípio da reciprocidade de
tratamento.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fabio Guido Tabosa Pessoa, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
TÍTULO III
DA COMPETÊNCIA INTERNA
Capítulo I
DA COMPETÊNCIA
Seção I
Disposições Gerais
Art. 42. As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua
competência, ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.
CPC/1973
Art. 86.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 9.307, de 23.09.1996 (Lei de Arbitragem).
Lei nº 9.099, de 26.09.1995, arts. 3º e 4º (juizados especiais).
Lei nº 10.259, de 12.07.2001 (juizado especial federal cível).
Dec. nº 4.311, de 23.07.2002 (execução de sentença arbitral estrangeira).
SÚMULAS VINCULANTES
Nº 22: “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as causas relativas a
indenizações por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por
empregado contra empregador, alcançando-se, inclusive, as demandas que ainda não possuíam, quando
da promulgação da EC nº 45/2004, sentença de mérito em primeiro grau.”
Nº 23: “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações possessórias ajuizadas
em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.”
SÚMULAS
Súmulas do STF:
Nº 433: “É competente o Tribunal Regional do Trabalho para julgar mandado de segurança contra
ato de seu presidente em execução de sentença trabalhista.”
Nº 498: “Compete à Justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos
crimes contra a economia popular.”
Nº 501: “Compete à justiça ordinária estadual o processo e o julgamento, em ambas as instâncias,
das causas de acidente do trabalho, ainda que promovidas contra a União, suas autarquias, empresas
públicas ou sociedades de economia mista.”
Nº 508: “Compete à Justiça estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que
for parte o Banco do Brasil S/A.”
Súmulas do STJ:
Nº 3: “Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na
respectiva região, entre Juiz federal e Juiz estadual investido de jurisdição federal.”
Nº 42: “Compete à Justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte
sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.”
Nº 180: “Na lide trabalhista, compete ao Tribunal Regional do Trabalho dirimir conflito de
competência verificado, na respectiva região, entre Juiz estadual e Junta de Conciliação e Julgamento.”
Nº 209: “Compete à Justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e
incorporada ao patrimônio municipal.”
Nº 363: “Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional
liberal contra cliente.”
Nº 365: “A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA)
desloca a competência para a Justiça federal ainda que a sentença tenha sido proferida por Juízo
estadual.”
Nº 367: “A competência estabelecida pela EC nº 45/2004 não alcança os processos já
sentenciados.”
BREVES COMENTÁRIOS
A competência, dessa forma, é pressuposto da regularidade do processo e da admissibilidade da
tutela jurisdicional. O primeiro dever do juiz, quando recebe a inicial de uma ação, é verificar se é ou
não o competente para tomar conhecimento da causa.
A EC 45/2004 (vide Legislação Especial) ampliou a competência da Justiça do Trabalho,
transferindo-lhe matéria anteriormente atribuída à Justiça comum. Têm despertado maior interesse as
causas relativas a danos morais e materiais decorrentes da relação de trabalho, que, em linha de
princípio, devem ser apreciadas pela Justiça laboral. Já existem duas súmulas vinculantes a respeito
dessa questão (22 e 23). Uma questão, entre as muitas, provocadas pela aplicação da EC nº 45/2004 é a
que se refere aos dissídios entre o Poder Público e seus servidores temporários. O Supremo Tribunal
Federal já se manifestou que mesmo no sistema constitucional em vigor continua prevalecendo a tese
anterior de que cabe à Justiça comum estadual processar e julgar todas as causas instauradas entre a
Administração Pública e seus servidores submetidos ao regime especial. O fundamento é que o regime
em foco é estatutário, próprio do direito público, não sendo possível assimilá-lo ao contrato de trabalho
afetado à jurisdição trabalhista (STF, ADI 3.395 MC/DF, DJ 10.11.2006; STF, RE 573.202/AM, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, jul. 21.08.2008).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processual civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Chiovenda, Instituições de direito processual civil, trad. bras., São Paulo, 1942, v. II, n. 137, p. 11 –
sobre o conceito de jurisdição; Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, n.
467/471, v. I; Eduardo J. Couture, Fundamentos del derecho procesal civil, Buenos Aires: Ejea, 1974, n.
25, p. 40 – sobre o conceito de jurisdição.
CPC/1973
Art. 87.
SÚMULAS
Súmulas do STJ:
Nº 58: “Proposta a execução fiscal, a posterior mudança de domicílio do executado não desloca a
competência já fixada.”
Nº 367: “A competência estabelecida pela EC nº 45/2004 não alcança os processos já
sentenciados.”
BREVES COMENTÁRIOS
Na hipótese de subdivisão da circunscrição territorial do juízo, também os processos são divididos
entre os dois órgãos judiciários resultantes da alteração de organização judiciária. Assim, o juiz da
comarca desmembrada será o competente para a continuação dos processos iniciados na outra,
observando-se as regras gerais, como o do critério de localização do domicilio do réu. O deslocamento
dos processos para a comarca desmembrada será imperativo, sobretudo se se tratar de feitos sujeitos à
competência funcional ou ratione materiae, já que, em tais hipóteses, não vigora de maneira alguma o
princípio da perpetuatio iurisdictionis, como ressalva o artigo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Chiovenda, Instituições de direito processual civil, trad. bras., São Paulo: Saraiva, 1942, v. I, n.
344, p. 303 – sobre a modificação do estado do direito; Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, 3ª ed.,
Rio de Janeiro: Forense, 1995, tomo II, p. 200-205; Paulo Roberto de Gouvêa Medina, A competência no
CPC, RF 260/47, RT 498/11; José de Moura Rocha, A competência e o novo CPC, Ajuris 3/5, RP 4/38;
Iran de Lima, O momento da ocorrência da perpetuatio jurisdictionis, Ajuris 6/80; Edson Ribas
Malachini, A perpetuatio jurisdictionis e o desmembramento de comarca, RP 47/273, RBDP 53/53;
Arruda Alvim, A perpetuatio jurisdictionis no CPC brasileiro, RP 4/13; Salomão Viana, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Com base no valor dado à causa, as Normas de Organização Judiciária podem atribuí-la à
competência de um ou outro órgão judicante. Isso, porém, é matéria pertinente à organização local da
Justiça, e que, por isso mesmo, não vem regulado no Código de Processo Civil.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Salomão Viana, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 45 Tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao juízo federal
competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, ou
conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro
interveniente, exceto as ações:
I – de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho;
II – sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho.
§ 1º Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do
juízo perante o qual foi proposta a ação.
§ 2º Na hipótese do § 1º, o juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da
incompetência para apreciar qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que exista
interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empresas públicas.
§ 3º O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal
cuja presença ensejou a remessa for excluído do processo.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 9.469/1997, art. 5º; Lei nº 11.101/2005, art. 6º.
BREVES COMENTÁRIOS
Se a causa entre terceiros iniciar-se em foro estranho ao da União ou de suas empresas públicas,
entidades autárquicas e fundações, ou conselho de fiscalização de atividade profissional, mas uma dessas
entidades vier posteriormente a intervir nela, ocorrerá, em razão da intervenção, um deslocamento de
competência para o foro especial. Os autos, por isso, serão remetidos ao juiz federal competente, logo
após a intervenção.
Não ocorre, todavia, o deslocamento de competência nos processos de insolvência civil,
recuperação judicial, falência, acidente do trabalho, bem como nas ações sujeitas à justiça eleitoral e do
trabalho. Tampouco nos casos de intervenção anômala da União, como assistente, sem interesse jurídico,
prevista na Lei nº 9.469/1997, art. 5º.
O novo Código prevê ainda que, nos casos de cumulação de pedidos, os autos não serão remetidos
ao juízo federal competente se entre eles houver algum cuja apreciação seja de competência do juízo
junto ao qual a ação foi proposta (§ 1º). A hipótese trata da cumulação de pedidos, em que os juízos para
apreciar e decidir cada um deles são diferentes.
Essa situação poderia justificar sucessivos conflitos de competência, levando até mesmo à extinção
do feito em razão da incompetência dos juízos para julgar todos os pedidos. O novo Código traz,
portanto, inovação salutar, que preserva a eficácia do processo ao impossibilitar que eventual alegação
de incompetência leve à extinção do feito. Nesses casos, o juiz estadual decidirá a lide sem, contudo,
apreciar o mérito do pedido em que exista interesse da União, suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, por ser incompetente em relação a essa demanda (§ 2º). Ou seja, o juiz irá simplesmente
desconsiderar a cumulação, julgando a ação nos limites de sua competência. A parte interessada, se
assim o quiser, deverá ajuizar nova ação, com o pedido não decidido, perante o juízo federal competente.
Uma vez remetido o processo ao juiz federal competente, os autos serão restituídos ao juízo estadual
sem que seja suscitado o conflito, se o ente federal cuja presença ensejou a remessa for excluído do
processo (§ 3º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Salomão Viana, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta,
em regra, no foro de domicílio do réu.
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for
encontrado ou no foro de domicílio do autor.
§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de
domicílio do autor, e se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de
qualquer deles, à escolha do autor.
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do
lugar onde for encontrado.
CPC/1973
Art. 94.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 53 (foros especiais), 62 e 63 (competência em razão da matéria e da hierarquia;
inderrogabilidade e modificabilidade).
CC, arts. 70 a 78 (domicílio civil).
Art. 2º-A da Lei nº 9.494/1997, introduzido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24.08.2001
(limite da competência territorial na ação de caráter coletivo).
Lei nº 8.245, de 18.10.1991, art. 58, II (fixa a competência territorial nas ações relativas a contratos
de locação de imóveis urbanos).
BREVES COMENTÁRIOS
Denomina-se competência territorial a que é atribuída aos diversos órgãos jurisdicionais levando
em conta a divisão do território nacional em circunscrições judiciárias. O novo Código, nos arts. 46 e
ss., regula a competência territorial, também chamada de competência de foro. A distribuição interna
dessa competência, chamada competência de juízo, é matéria reservada às organizações judiciárias
locais. As leis de organização judiciária dividem os estados em circunscrições territoriais (foros de
primeiro grau), denominadas comarcas, que internamente podem se dividir em varas (juízos). Há, ainda,
em algumas grandes comarcas, a instituição de foros regionais ou varas distritais, cuja competência
também é definida pela legislação local.
Há, para o sistema do Código, um foro geral ou comum e vários foros especiais: aquele é fixado em
razão do domicílio do réu (art. 46), e estes levam em conta a natureza da causa, a qualidade da parte, a
situação da coisa, o local de cumprimento da obrigação ou da prática do ato ilícito etc. (arts. 47 a 53).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Chiovenda, Instituições de direito processual civil, trad. bras., São Paulo: Saraiva, 1942, v. II, p.
214-215 e 271 e ss.; Ruggiero, Instituciones de derecho civil, Madri: Reus, 1945, v. I, p. 392-393, § 39
– conceito de residência; Planiol-Ripert; Boulanger, Traité elementaire de droit civil, 5ª ed. Paros:
LGDJ, 1950, v. I, n. 536, p. 218 – sobre a necessidade de duração da moradia; Orlando Gomes,
Introdução ao direito civil, Rio de Janeiro: Forense, n. 101; Caio Mário da Silva Pereira, Instituições
de direito civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 63 a 66; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito
processual civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I; Salomão Viana, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação
da coisa.
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não
recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de
nunciação de obra nova.
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem
competência absoluta.
CPC/1973
Art. 95.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 73 (ações reais imobiliárias; consentimento e citação do cônjuge), 554 a 568 (ações
possessórias), 569 a 598 (ação de divisão e de demarcação de terras particulares).
Lei nº 6.766, de 19.12.1979, art. 48 (parcelamento do solo urbano).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 11: “A presença da união ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta
a competência do foro da situação do imóvel.”
BREVES COMENTÁRIOS
Não basta que a ação seja apenas sobre imóvel (como a de despejo, p. ex.). Para incidir o foro
especial, é necessário que verse sobre direito real (reivindicatória, divisória, usucapião etc.). A
competência em questão é territorial e, por isso, naturalmente relativa (art. 63). Mas torna-se
excepcionalmente absoluta e inderrogável quando o litígio versar sobre “direito de propriedade,
vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova” (art. 47, § 1º). Dessa
maneira, nem toda ação sobre direito real imobiliário estará sujeita a uma competência absoluta (p. ex., a
ação hipotecária não figura no rol do questionado dispositivo, e por isso se sujeita ao critério comum da
competência relativa).
Uma particularidade interessante foi a inclusão das ações possessórias entre as reais imobiliárias,
feita desde o Código de 1973 e mantida pela atual codificação (art. 47, § 2º). Com isso, uma antiga
polêmica doutrinária e jurisprudencial foi superada.
Para as demais ações reais imobiliárias não contempladas na ressalva do art. 47, § 1º (competência
absoluta), instituiu o legislador uma faculdade para o autor: pode ele optar pelo foro do domicílio (foro
comum) ou pelo de eleição (foro contratual).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Orlando Gomes, Direitos reais, Rio de Janeiro: Forense, n. 2 – sobre a distinção entre direito real e
pessoal; Chiovenda, Instituições de direito processual civil, trad. bras., São Paulo: Saraiva, 1942, v. II,
n. 191, p. 259 – sobre a divisão dos direitos reais; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito
processual civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I; Salomão Viana, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a
partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação
de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha
ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I – o foro de situação dos bens imóveis; II – havendo bens imóveis em foros diferentes,
qualquer destes;
III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
CPC/1973
Art. 96.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 23 (competência internacional exclusiva), 610 a 673 (inventário e partilha), 735 a 737
(testamentos e codicilos), 738 a 743 (herança jacente).
BREVES COMENTÁRIOS
O foro do inventário é universal, de sorte que, além do processo sucessório, atrai para si a
competência especial relativa a todas as ações em que o espólio seja réu. A norma, entretanto, pressupõe
procedimento sucessório ainda em curso. Se o inventário já se encerrou por sentença trânsita em julgado,
a regra especial de fixação de competência não incide. Da mesma forma, não se aplica o foro do art. 48
em relação às ações reais imobiliárias em que o espólio seja réu, porque sujeitas à competência absoluta
do foro da situação do imóvel. Igual exceção ocorre diante da ação de desapropriação, que será sempre
ajuizada no foro em que o imóvel se localizar.
Se, porém, o espólio for autor na causa, não haverá a atração do foro universal do inventário, e a
competência será, então, a do foro comum (do domicílio do réu) ou alguma outra especial que acaso
incida na espécie (como a do forum rei sitae).
Cuida-se, no dispositivo em análise, de competência territorial e, por isso, relativa. De tal sorte, o
inventário proposto fora do juízo nele previsto não pode ser rejeitado pelo juiz de ofício. A competência
para o processo sucessório é prorrogável se não houver impugnação por parte de algum interessado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I; Celso
Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 545/552; Celso Agrícola Barbi,
Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, 1975, v. I, t. II, n. 550; Salomão
Viana, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio,
também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições
testamentárias.
CPC/1973
Art. 97.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, art. 22; NCPC, art. 744.
BREVES COMENTÁRIOS
Ausente, para os efeitos do art. 49, é aquele que desaparece do local em que tinha domicílio sem
deixar representante ou procurador para administrar seus bens. A ele a lei civil manda nomear curador
(CC, art. 22, e NCPC, art. 744), e a lei processual institui um foro especial para as ações que contra ele
vierem a ser propostas, que corresponde ao de seu último domicílio. Trata-se de uma competência geral,
que, todavia, não afeta a competência para as ações propostas pelo curador do ausente, nem aquelas em
que, sendo ele o demandado, se sujeitem a foros não vinculados ao domicílio (v.g., ações reais
imobiliárias, foro de eleição, foro do local do fato etc.).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao Código de Processo Civil, 3. ed., Rio de Janeiro: Forense,
1996, t. II, p. 261; Salomão Viana, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu
representante ou assistente.
CPC/1973
Art. 98.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, art. 36 (domicílio civil dos incapazes).
BREVES COMENTÁRIOS
A competência definida no art. 50 do NCPC deriva da regra de direito material que atribui ao
incapaz o domicílio de seu representante ou assistente (CC, art. 76, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Salomão Viana, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio
do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou no
Distrito Federal.
CPC/1973
Art. 99.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, arts. 108 (competência dos TRF) e 109 (competência dos juízes federais).
NCPC, art. 908 (concurso de credores).
Parágrafo único do art. 2º-A da Lei nº 9.494/1997, introduzido pela Medida Provisória nº 2.180-35,
de 24.08.2001 (nas ações coletivas contra o Poder Público, o dispositivo passou a exigir a instrução da
inicial com a assembleia da entidade associativa dispondo do nome dos associados e seus endereços, e o
caput do art. 2º-A limitou a competência territorial nessas ações).
SÚMULAS
Súmulas do STF:
Nº 218: “É competente o Juízo da Fazenda Nacional da capital do estado, e não o da situação da
coisa, para a desapropriação promovida por empresa de energia elétrica, se a União Federal intervém
como assistente.”
Nº 250: “A intervenção da União desloca o processo do Juízo cível comum para o fazendário.”
Súmula do STJ:
Nº 11: “A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial, não
afasta a competência do foro da situação do imóvel.”
BREVES COMENTÁRIOS
O foro especial da União deve ser examinado em duas circunstâncias diferentes:
(a) se for autora, a União proporá a ação perante a Justiça Federal no foro da Seção Judiciária onde
o réu tiver seu domicílio;
(b) se a União for ré, o autor poderá optar entre um dos seguintes foros para o ajuizamento da ação:
1º) o do Distrito Federal;
2º) o da Seção Judiciária onde o autor tiver seu domicílio;
3º) o da Seção Judiciária onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda;
4º) o da Seção Judiciária onde estiver situada a coisa litigiosa.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 561/573; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 164; Aluísio
Gonçalves de Castro Mendes, Competência civil da Justiça Federal, 2. ed., São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2006; Salomão Viana, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor estado ou o
Distrito Federal.
Parágrafo único. Se estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta
no foro de domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de
situação da coisa ou na capital do respectivo ente federado.
BREVES COMENTÁRIOS
O foro especial dos estados e Distrito Federal deve ser examinado em duas circunstâncias
diferentes:
(a) se forem autores os entes federados, as ações deverão ser propostas perante a justiça comum no
foro de domicílio do réu;
(b) se forem eles réus, o autor poderá optar entre um dos seguintes foros para o ajuizamento da
ação:
1º) foro do domicílio do autor;
2º) foro da ocorrência do ato ou fato que originou a demanda;
3º) foro da situação da coisa; e
4º) foro da capital do respectivo ente federado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Salomão Viana, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 100.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 109 (competência dos juízes federais).
NCPC, arts. 46, § 1º (pluralidade de domicílios); 63, § 3º (nulidade de foro de eleição); 516
(cumprimento da sentença; competência); 781 (execução por título extrajudicial) e 540 (ação de
consignação em pagamento).
Lei nº 6.515, de 26.12.1977 (Divórcio – ver Legislação Especial), arts. 3º, §§ 1º e 5º (separação
judicial); 35 (conversão de separação em divórcio); 40 (ação direta de divórcio).
Lei nº 9.307, de 23.09.1996 (Arbitragem – ver Legislação Especial), arts. 6º, parágrafo único, e 20,
caput e § 1º.
Lei nº 8.245, de 18.10.1991 (Locação – ver Legislação Especial), art. 58, II (competência
territorial).
Lei nº 4.886, de 09.12.1965 (representantes comerciais autônomos), art. 39: “Para julgamento das
controvérsias que surgirem entre representante e representado é competente a Justiça comum e o Foro do
domicílio do representante, aplicando-se o procedimento sumaríssimo previsto no art. 275 do Código de
Processo Civil, ressalvada a competência do Juizado de Pequenas Causas”.
Lei nº 10.741, de 01.10.2003 (Estatuto do Idoso – ver Legislação Especial), art. 80 (ações de
proteção judicial ao idoso).
Lei nº 5.478, de 25.07.1968 (Alimentos – ver Legislação Especial), art. 26.
SÚMULAS
Súmulas do STF:
Nº 363: “A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou
estabelecimento, em que se praticou o ato.”
Súmulas do STJ:
Nº 1: “O foro do domicílio ou da residência do alimentando é o competente para a ação de
investigação de paternidade, quando cumulada com a de alimentos.”
Nº 33: “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.”
Nº 206: “A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a competência
territorial resultante das leis de processo.”
Nº 383: “A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em
princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.”
BREVES COMENTÁRIOS
Todas as hipóteses do art. 53 são de competência relativa.
Ao contrário do sistema do Código anterior, o atual não institui, em regra, foro especial para as
ações matrimoniais (anulação de casamento, divórcio, separação etc.). O NCPC define apenas o foro
especial para tais ações quando o casal tenha filho incapaz. Prevalece, também, foro privilegiado ao
alimentando, nas ações em que se pedem alimentos. Assim, o art. 53 estabeleceu dois casos de foros
especiais, em busca de melhor tutela a interesses de parte, que o legislador considerou em posição de
merecer particular tratamento:
(a) A do domicílio do guardião do filho incapaz, para a ação de divórcio, separação, anulação de
casamento, reconhecimento ou dissolução de união estável. Portanto, caso não haja filho incapaz,
observar-se-á o seguinte critério: (i) foro de último domicílio do casal; ou (ii) se nenhuma das partes
residir no antigo domicílio, a ação deverá ser ajuizada no foro de domicílio do réu.
(b) A do foro do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação de alimentos (art. 53, II).
Aqui, também, é lícito ao autor optar pelo foro comum (o do domicílio do réu), por não se tratar de
competência absoluta, mas apenas de um privilégio de caráter relativo. Convém lembrar que, havendo
cumulação de pedido de alimentos com investigação de paternidade, prevalece o foro especial do
alimentando (Súmula nº 1 do STJ).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Salomão Viana, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Clóvis Beviláqua, Código Civil, 6ª ed., Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1943, v. I, art. 35, p. 254 –
sobre a escolha do domicílio por parte da pessoa jurídica; Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de
direito civil, 27. ed. São Paulo: Forense, 2015, v. II, n. 155 – sobre a determinação do lugar de
pagamento; Leo Rosenberg, Derecho procesal civil, trad. arg., Buenos Aires: Ejea, 1955, v. I, n. 5, p. 190
– sobre o lugar do ato ou fato; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de
Janeiro: Forense, 2014, v. I.
Seção II
Da Modificação da Competência
Art. 54. A competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência,
observado o disposto nesta Seção.
CPC/1973
Art. 102.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 113, II (litisconsórcio), 43 (perpetuatio jurisdictionis), 21 (competência internacional
concorrente), 24 (competência internacional; litispendência e conexão), 286 (distribuição por
dependência), 327 (requisitos da cumulação), 299 (processo cautelar).
BREVES COMENTÁRIOS
O Código institui regras de modificação de competência (NCPC, arts. 54 a 63), que se aplicam a
processos sujeitos apenas a critérios de competência relativa, permitindo falar-se a seu respeito em
prevenção e prorrogação.
Dá-se a prorrogação de competência quando se amplia a esfera de competência de um órgão
judiciário para conhecer de certas causas que não estariam, ordinariamente, compreendidas em suas
atribuições jurisdicionais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 1958, v.
I, n. 221; Gabriel Rezende Filho, Curso de direito processual civil, 5. ed., São Paulo: Saraiva, 1959, v. I,
n. 113, p. 114 – sobre competência absoluta; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual
civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I; José Carlos Barbosa Moreira, Prevenção de competência, RP 7/197,
Parecer; Fredie Didier Jr. Curso de direito processual civil, 14 ed., Salvador: JusPodivm, 2012, v. 1, p.
162; Bruno Silveira de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a
causa de pedir.
§ 1º Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já
houver sido sentenciado.
§ 2º Aplica-se o disposto no caput:
I – à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento relativa ao mesmo ato jurídico;
II – às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3º Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação
de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre
eles.
CPC/1973
Art. 103.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 47 (direito real sobre imóveis), 61 (ação acessória), 286 (distribuição por
dependência), 319 (requisitos da petição inicial), 337, §§ 1º a 4º (litispendência; coisa julgada; ações
idênticas), 516 (cumprimento da sentença), 299 (tutela provisória) e 676 (embargos de terceiro).
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 704: “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados.”
Súmula do STJ:
Nº 235: “A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.”
Nº 383: “A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em
princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda.”
BREVES COMENTÁRIOS
A conexão e a continência são as formas mais comuns de modificação ou prorrogação legal de
competência relativa. O novo Código supera a divergência acerca da possibilidade de conexão entre
processo de conhecimento e processo de execução, reconhecendo-a legítima, certamente em razão de
similitude não do pedido, mas da causa de pedir.
O Código admite duas modalidades de conexão: a) pelo pedido comum; e b) pela mesma causa de
pedir. Não gera prorrogação de competência, portanto, a chamada conexão subjetiva, aquela que
corresponde à identidade de partes em diversas causas. É legalmente relevante apenas a conexão
objetiva, ou seja, derivada da comunhão de pedido ou de causa de pedir quando ocorrida entre os
processos iniciados perante juízos diferentes.
Exemplificativamente, ocorre conexão entre as ações: a) de divórcio e de separação judicial;
b) de alimentos e de investigação de paternidade;
c) demarcatória e possessória;
d) de usucapião e reivindicatória;
e) de manutenção de posse e o interdito proibitório;
f) de prestação de contas e consignatória;
g) de despejo e consignatória.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 1958, v.
III, n. 696/698 – sobre o sentido amplo da conexão na visão de Chiovenda; Humberto Theodoro Júnior,
Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 171; Paulo Roberto de Gouvêa
Medina, A conexão no CPC, RT 516/20; Bruno Silveira de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às
partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
CPC/1973
Art. 104.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 319 (requisitos da petição inicial) e 337, §§ 1º a 4º (litispendência; coisa julgada;
ações idênticas).
BREVES COMENTÁRIOS
A continência é maior do que a conexão, dado que uma das causas se contém por inteiro dentro da
outra, e não apenas no tocante a alguns elementos da lide, como se passa entre as ações conexas. A
relação é de continente para conteúdo, de modo que todos os elementos da causa menor se fazem também
presentes na maior. Envolvem a continência, pois, os três elementos da lide: sujeitos, pedido e causa
petendi.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I; Miguel
Reale, Da competência por dependência, RT 538/31; Celso Agrícola Barbi, Ação cautelar e ação
executiva – distribuição e varas diversas – prevenção de competência, RF 278/133; Bruno Silveira de
Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no
processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso contrário, as
ações serão necessariamente reunidas.
CPC/1973
Art. 105.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 685 (oposição), 43 (perpetuatio jurisdictionis) e 66, III (conflito de competência
acerca de reunião ou separação de processos).
BREVES COMENTÁRIOS
No caso de reconhecimento da continência os efeitos nem sempre são os mesmos. Há de se verificar
qual ação foi proposta primeiro:
(a) Se a precedência for da ação continente, o processo relativo à ação contida será extinto sem
resolução de mérito (art. 57, 1ª parte). É que existirá litispendência parcial entre elas de modo que a ação
menor incorrerá na hipótese de extinção prevista no art. 485, V.
(b) Se a ação de pedido menor (a contida) for a que primeiro se ajuizou, a reunião das ações será
obrigatória (art. 57, in fine). A regra se aplica se, naturalmente, os dois processos se acharem em
situações de desenvolvimento que permitam o julgamento simultâneo, pois se a ação menor já tiver sido
sentenciada, por exemplo, não haverá como reuni-la com a continente.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 609; Pontes de
Miranda, Comentários ao CPC, 3ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, tomo II, p. 299-302; Marília
Fragoso, Competência, prevenção e conexidade, RCDUFU 11/173; Bruno Silveira de Oliveira, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 58. A reunião das ações propostas em separado far-se-á no juízo prevento, onde serão
decididas simultaneamente.
CPC/1973
Art. 106.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 240 (comarcas diferentes).
BREVES COMENTÁRIOS
É de ordem pública o princípio que recomenda o julgamento comum das ações conexas, para
impedir decisões contraditórias e evitar perda de tempo da justiça e das partes com exame das mesmas
questões em processos diferentes. Não pode, por isso, o juiz deixar de acolher o pedido de reunião de
ações, nos termos do art. 58. Negada a fusão dos processos conexos, haverá nulidade da sentença que
julgar separadamente apenas uma das ações, se se verificar, de fato, o risco de julgamentos conflitantes.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2014, v. I;
Bruno Silveira de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
BREVES COMENTÁRIOS
No regime do Código anterior, a prevenção observava regras diferentes, conforme se aplicasse entre
juízes da mesma circunscrição territorial ou de comarcas diversas. Levava-se em conta ora o despacho
da inicial (CPC/1973, art. 106) ora a realização da citação (CPC/1973, art. 219). O novo Código adota
critério único e diferente do anterior. Agora, em qualquer situação, o que importa é o registro ou a
distribuição da petição inicial. Com essa medida processual, define-se o juiz da causa, estabelecendo-se
sua prevenção para todas as futuras ações conexas.
A regra legal, portanto, é a de que a competência a ser prorrogada é a do juízo em que uma das
causas ligadas por conexão ou continência for primeiro registrada ou distribuída.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Bruno Silveira de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 60. Se o imóvel se achar situado em mais de um estado, comarca, seção ou subseção
judiciária, a competência territorial do juízo prevento estender-se-á sobre a totalidade do imóvel.
CPC/1973
Art. 107.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 58 e 59 (prevenção), 240 (idem), 286 (distribuição por dependência) e 312 (formação
do processo).
BREVES COMENTÁRIOS
Se o imóvel litigioso estiver situado em mais de uma circunscrição judiciária, qualquer um dos
foros que o jurisdiciona será competente para as ações reais a ele relativas, fixando-se a competência
pelo critério da prevenção.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Bruno Silveira de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 61. A ação acessória será proposta no juízo competente para a ação principal.
CPC/1973
Art. 108.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 55 (conexão), 286 (distribuição por dependência) e 299 (processo cautelar).
BREVES COMENTÁRIOS
O Código anterior tratava separadamente, para efeito de prevenção, as ações acessórias (art. 108) e
as ações incidentais (art. 109). Pelas acessórias se entendiam as que se processavam à parte, vinculando-
se, porém, a outro processo, dito principal, em cujo resultado poderia influir. As incidentais
correspondiam a demandas supervenientes, que se processavam cumulativamente com a principal,
correndo nos próprios autos desta.
O Código atual abandonou essa discriminação e resumiu todas as cumulações sucessivas de ações
na categoria de ação acessória, submetendo-as ao critério comum de definição de competência para o
juízo da ação principal (art. 61). Nessa categoria incluem-se, por exemplo, as antigas acessórias, como a
prestação de contas do inventariante, a restauração de autos, a habilitação incidente, a ação de depósito,
ou de prestação de contas, contra o depositário do bem penhorado, e outras que respeitam ao terceiro
interveniente (como a oposição e os embargos de terceiros); e as chamadas incidentais, como a
reconvenção e as ações de garantia (nos casos de garantia da evicção ou de direito regressivo contra
terceiros).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Chiovenda, Instituições de direito processual civil, trad. bras., São Paulo: Saraiva, 1942, v. II, n.
206-B, p. 298-299 – sobre a relação de acessoriedade; Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, 3. ed.,
Rio de Janeiro: Forense, 1995, t. II, p. 308-312; Sérgio Sahione Fadel, CPC comentado, 7. ed., Rio de
Janeiro: Forense, 1988, v. I, p. 234-235; Bruno Silveira de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 111.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 47 (competência territorial; direito real sobre imóvel), 63, § 3º (foro; contrato de
adesão) e 781 (competência; execução por título extrajudicial).
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 335: “É válida a cláusula de eleição do foro para os processos oriundos do contrato.”
Súmula do TASP:
Nº 14: “A cláusula de eleição de foro constante do contrato de transporte ou do conhecimento de
embarque é ineficaz em relação à seguradora sub-rogada” (RT 624/101).
BREVES COMENTÁRIOS
A divisão da competência em absoluta e relativa se dá conforme a possibilidade de sofrer ou não
alterações. Absoluta é a competência insuscetível de sofrer modificação, seja pela vontade das partes,
seja pelos motivos legais de prorrogação (conexão ou continência de causas). Trata-se de regra fixada
em atenção ao interesse público. Relativa, ao contrário, é a competência passível de modificação por
vontade das partes ou por prorrogação oriunda de conexão ou continência de causas, porque atende
principalmente ao interesse particular.
São relativas, segundo o Código, as competências que decorrem do valor ou do território (art. 63), e
absolutas a ratione materiae, ratione personae e a funcional (art. 62).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Araken de Assis, Controle da eficácia do foro de eleição em contratos de adesão, Ajuris 48/219;
Dirceu Galdino, Eleição de foro nos contratos bancários, RT 633/29; Bruno Silveira de Oliveira, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo
foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir
expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de
ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.
§ 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação,
sob pena de preclusão.
CPC/1973
Art. 111.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 62.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Bruno Silveira de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Seção III
Da Incompetência
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação.
§ 1º A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição e deve
ser declarada de ofício.
§ 2º Após manifestação da parte contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de
incompetência.
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo
competente.
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão
proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo
competente.
CPC/1973
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 335: “É válida a cláusula de eleição do foro para os processos oriundos do contrato.”
Súmula do STJ:
Nº 33: “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.”
Súmula do TRF da 2ª Região:
Nº 15: “O § 3º do art. 109 da Constituição Federal de 1988, institui, quanto às causas de natureza
previdenciária, hipótese de competência relativa, pelo que não elide a competência concorrente da
Justiça federal.”
Súmula do TRF da 3ª Região:
Nº 23: “É territorial e não funcional a divisão da Seção Judiciária de São Paulo em subseções.
Sendo territorial, a competência é relativa, não podendo ser declinada de ofício, conforme dispõe o art.
112 do CPC e Súmula 33 do STJ.”
BREVES COMENTÁRIOS
A legislação revogada previa procedimentos distintos para a alegação de incompetência do juízo:
um para a incompetência absoluta e outro para a relativa. A absoluta poderia ser alegada pela parte por
meio de simples petição, a qualquer tempo, ou em preliminar da contestação. A incompetência relativa,
por sua vez, demandava a instauração de um incidente próprio, em autos apartados, denominado de
exceção de incompetência.
O novo Código optou por simplificar a alegação de incompetência, que deve ser apresentada pelo
réu como questão preliminar de contestação, seja ela absoluta ou relativa. Atualmente, não importa a
modalidade da incompetência, pois qualquer uma deverá ser arguida pelo demandado como matéria de
defesa na contestação. Não fica, porém, preclusa a incompetência absoluta, já que, por ser de ordem
pública, poderá ser reconhecida a qualquer tempo (art. 64, § 1º).
CPC/1973
Art. 114.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 335 (resposta do réu; prazo).
BREVES COMENTÁRIOS
Desde a modificação no CPC/1973, feita pela Lei nº 11.280, de 16.02.2006, restou sepultada a
tendência de certa jurisprudência considerar absoluta a competência do foro do domicílio da parte débil
do contrato de adesão. Uma vez prorrogada a competência convencional não rejeitada pelo juiz da causa,
lícito não mais será ao tribunal questioná-la em grau de recurso.
Dá-se a prorrogação de competência quando se amplia a esfera de competência de um órgão
judiciário para conhecer de certas causas que não estariam, ordinariamente, compreendidas em suas
atribuições jurisdicionais.
A prorrogação pode ser:
(a) legal (ou necessária): quando decorre de imposição da própria lei, como nos casos de conexão
ou continência (NCPC, arts. 54 a 56);
(b) voluntária: quando decorre de ato de vontade das partes, como no foro de eleição (art. 63), ou na
falta de alegação de incompetência relativa em preliminar de contestação ou de impugnação com base em
convenção de arbitragem (NCPC, arts. 65 e 337, § 6º).
A prorrogação, no entanto, em quaisquer desses casos, pressupõe competência relativa, visto que
juiz absolutamente incompetente nunca se legitima para a causa, ainda que haja conexão ou continência,
ou mesmo acordo expresso entre os interessados.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Leonardo Faria Schenk, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 115.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, arts. 102, I, o (competência do STF), 105, I, d (competência do STJ), e 108, I, e (competência
do TRF).
Lei Complementar nº 35, de 14.03.1979, arts. 101, § 3º, b, e 110, parágrafo único (competência dos
Tribunais de Justiça).
RISTF, arts. 163 a 168 (conflito no STF).
RISTJ, arts. 193 a 198 (conflito no STJ). NCPC, art. 57 (reunião de ações).
BREVES COMENTÁRIOS
Há conflitos positivos e negativos. Quando os vários juízes se dão por competentes, o conflito é
positivo. Ao contrário, quando os diversos juízes se recusam a aceitar a competência, cada um atribuindo
a outrem a função jurisdicional, o caso é de conflito negativo.
Para dar surgimento ao conflito positivo, não é necessário que haja decisão expressa de um ou de
ambos os juízes a respeito da própria competência e da incompetência de outro. Basta que os diferentes
juízes pratiquem atos em causa idêntica, com reconhecimento implícito da própria competência, como se
dá, por exemplo, quando o mesmo inventário é requerido perante dois juízes diferentes e ambos lhe dão
curso.
A lei anterior não exigia para a configuração do conflito negativo que a divergência se estabelecesse
com a remessa e devolução do feito entre dois juízes que insistissem em atribuir, cada um ao outro, a
competência por ambos recusada. A lei nova, todavia, impõe necessariamente tal reciprocidade, ao
prever que o conflito negativo ocorre quando um juiz atribuir a competência ao outro e vice-versa (art.
66, II). Esclarece, porém, que o juiz que rejeita a declinação não deverá devolver o processo àquele que
primeiro recusou a competência. Caber-lhe-á suscitar o conflito, salvo se atribuir a competência a um
terceiro juízo (art. 66, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Odilon de Andrade, Comentários ao CPC do Distrito Federal, Rio de Janeiro: Forense, 1946, v.
IX, n. 72, p. 100; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro:
Forense, 2015, v. I; Leonardo Faria Schenk, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo II
DA COOPERAÇÃO NACIONAL
Art. 67. Aos órgãos do Poder Judiciário, estadual ou federal, especializado ou comum, em
todas as instâncias e graus de jurisdição, inclusive aos tribunais superiores, incumbe o dever de
recíproca cooperação, por meio de seus magistrados e servidores.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código, na implantação de uma política de informalidade e agilidade destinada a
incrementar a eficiência do serviço judiciário – que leva em conta a necessidade de diligências fora da
base territorial do foro –, instituiu o dever de recíproca cooperação aos órgãos do Poder Judiciário,
estadual ou federal, especializado ou comum, em todas as instâncias e graus de jurisdição, inclusive aos
tribunais superiores, a qual deverá se efetivar por meio de seus magistrados e servidores (NCPC, art.
67). A cooperação preconizada pelo NCPC tem a função de permitir o intercâmbio e o auxílio recíproco
entre juízos numa dimensão que vai além dos limites rígidos e solenes das cartas precatórias ou de
ordem.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Leonardo Faria Schenk, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 68. Os juízos poderão formular entre si pedido de cooperação para prática de qualquer
ato processual.
BREVES COMENTÁRIOS
O dispositivo dá maior amplitude possível ao sistema de cooperação entre os organismos
jurisdicionais, de modo a facilitar e desburocratizar a prática de atos processuais ou diligências fora da
circunscrição territorial do foro da causa, facilitando o cumprimento das precatórias ou até mesmo
dispensando tal solenidade conforme o caso.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Leonardo Faria Schenk, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 69. O pedido de cooperação jurisdicional deve ser prontamente atendido, prescinde de
forma específica e pode ser executado como:
I – auxílio direto;
II – reunião ou apensamento de processos; III – prestação de informações;
IV – atos concertados entre os juízes cooperantes.
§ 1º As cartas de ordem, precatória e arbitral seguirão o regime previsto neste Código.
§ 2º Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir, além de outros, no
estabelecimento de procedimento para:
I – a prática de citação, intimação ou notificação de ato;
II – a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos;
III – a efetivação de tutela provisória;
IV – a efetivação de medidas e providências para recuperação e preservação de empresas; V –
a facilitação de habilitação de créditos na falência e na recuperação judicial;
VI – a centralização de processos repetitivos; VII – a execução de decisão jurisdicional. § 3º O
pedido de cooperação judiciária pode ser realizado entre órgãos jurisdicionais de diferentes ramos
do Poder Judiciário.
BREVES COMENTÁRIOS
Os atos concertados entre os juízes cooperantes poderão consistir, segundo o Código, além de
outros, no estabelecimento de procedimento para: (i) a prática de citação, intimação ou notificação de
ato; (ii) a obtenção e apresentação de provas e a coleta de depoimentos; (iii) a efetivação de tutela
provisória; (iv) a efetivação de medidas e providências para recuperação e preservação de empresas; (v)
a facilitação de habilitação de créditos na falência e na recuperação judicial; (vi) a centralização de
processos repetitivos; e (vii) a execução de decisão jurisdicional (art. 69, § 2º).
O pedido de cooperação pode ser realizado entre os vários órgãos jurisdicionais, inclusive de
diferentes ramos do Poder Judiciário (art. 69, § 3º). Um juiz federal, por exemplo, pode recorrer à
cooperação de juiz estadual ou trabalhista e vice-versa.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Leonardo Faria Schenk, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
LIVRO III
DOS SUJEITOS DO PROCESSO
TÍTULO I
DAS PARTES E DOS PROCURADORES
Capítulo I
DA CAPACIDADE PROCESSUAL
Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar
em juízo.
CPC/1973
Art. 7º.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 7.244, de 07.11.1984 (juizado de pequenas causas), art. 8º, § 2º (menor de 21 anos e maior de
18 anos); Lei nº 9.099, de 26.09.1995 (capacidade nos juizados especiais), arts. 8º a 10; Lei nº
8.906/1994, art. 15, § 1º (aquisição da personalidade jurídica pelas sociedades corporativas).
NCPC, art. 729, I (emancipação judicial).
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 70 cuida da capacidade processual ou legitimidade para o processo, significando um dos
pressupostos processuais para o exercício da demanda. A capacidade processual consiste na aptidão de
participar da relação processual, em nome próprio ou alheio. Em regra geral, a capacidade que se exige
da parte para o processo é a mesma que se reclama para os atos da vida civil, isto é, para a prática dos
atos jurídicos de direito material (Código Civil de 2002, arts. 5º e 40).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Chiovenda, Instituições, Campinas: Bookseller, 2009, v. II; José Frederico Marques, Instituições
de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2000, v. II; Humberto Theodoro Júnior, Curso de
direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior,
Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende (coords.), Primeiras lições
sobre o novo direito processual civil brasileiro,Rio de Janeiro: Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso
de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I; Guilherme Rizzo Amaral,
Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; José Miguel Garcia
Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Daniel
Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo: Método, 2015; Luis Antônio
Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno,
Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz
Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E.
Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil, Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo
Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição,
Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo, Primeiros comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na
forma da lei.
CPC/1973
Art. 8º.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 178, II (intervenção do MP no interesse de incapazes).
CC, arts. 3º (absolutamente incapazes), 4º (relativamente incapazes), 5º (implemento da
maioridade), 115 a 120 (representação), 1.728 a 1.766 (tutela) e 1.767 a 1.783 (curatela).
BREVES COMENTÁRIOS
Os menores impúberes (até 16 anos) serão representados em juízo pelos pais; na ausência destes,
pelos tutores ou curadores; aos menores púberes (entre 16 e 18) será dada assistência; os loucos, os
surdos-mudos e os pródigos estão sujeitos à curatela; os silvícolas, considerados relativamente
incapazes, o regime tutelar especial do Estatuto do Índio (Lei nº 6.001, de 19.12.1973).
O MP deverá intervir obrigatoriamente nas causas em que haja interesse de incapazes (absolutos ou
relativos), sendo necessária a sua intimação, sob pena de nulidade do processo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil, v. II; Orlando Gomes, Direito de
família, n. 201; José Carlos Barbosa Moreira, Convenções das partes sobre matéria processual, RP
33/182; Rogéria Fagundes Dotti, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
I – incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele,
enquanto durar a incapacidade;
II – réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não
for constituído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei.
CPC/1973
Art. 9º.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 245, §§ 4º e 5º (citação do demente), 252 a 254 (citação com hora certa), 256 a 258
(citação por edital), 344 (nomeação de curador especial na hipótese de revelia no processo de execução)
e 671 (nomeação de curador especial ao ausente e ao incapaz no inventário e na partilha).
Lei Complementar nº 80, de 12.01.1994 (Defensoria Pública da União – Ver Legislação Especial),
art. 4º, VI (funções institucionais da Defensoria Pública).
BREVES COMENTÁRIOS
Com o advento do Código Civil de 2002, desapareceu a figura do curador ao vínculo nas ações de
nulidade ou anulação de casamento. Subsistem apenas as hipóteses de curador especial enumeradas nos
incisos do art. 9º.
Se não existir o cargo de curador na comarca nomear-se-á advogado dativo para exercer o munus.
A nomeação de curador não exclui a intervenção do MP.
Aos interessados incertos, citados por edital, mesmo que ninguém compareça, não se aplica a
curatela.
Ao curador incumbe velar pelo interesse da parte tutelada, no que diz respeito à regularidade de
todos os atos processuais, cabendo-lhe ampla defesa dos direitos da parte representada, e podendo, até
mesmo, produzir atos de resposta como a contestação e a reconvenção, se encontrar elementos para tanto,
pois a função da curatela especial lhe dá poderes de representação legal da parte, em tudo que diga
respeito ao processo e à lide nele debatida. Não pode, naturalmente, transacionar, porque a representação
é apenas de tutela e não de disposição.
A regra do ônus da impugnação especificada dos fatos, necessária à contestação do réu, não se
aplica ao curador especial, já que esse não pode confessar (CPC, art. 341, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Calmon de Passos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. III, n. 255.3 e 257;
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, tomo I, p. 250; Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC,
Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 96 a 102; Rogéria Fagundes Dotti, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 196: “Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado
curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.”
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre
direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I – que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação
absoluta de bens;
II – resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; III –
fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
IV – que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel
de um ou de ambos os cônjuges.
§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é
indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos.
CPC/1973
Art. 10.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 114 (litisconsórcio entre cônjuge), 47 (ações imobiliárias), 321 (emenda ou
complementação da petição inicial), 391, parágrafo único (confissão), 589 (ação de divisão) e 626
(inventário).
Lei nº 8.245, de 18.10.1991, art. 3º (vênia conjugal).
CC/2002, arts. 1.647 (consentimento da mulher), 1.225 (direitos reais) e 1.848 (bens da legítima).
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 73 não obriga a formação de litisconsórcio ativo entre os cônjuges nas ações reais
imobiliárias. Exige apenas o consentimento de um à ação proposta pelo outro.
Somente nas ações que versem sobre direitos reais imobiliários é que o cônjuge (varão ou mulher)
dependerá do assentimento de seu consorte para ingressar em juízo. Mas essa restrição à capacidade
processual é, como se vê, recíproca, pois atinge ambos os cônjuges. Observe-se, entretanto, que a
necessidade de anuência do cônjuge e de seu eventual suprimento pressupõe sociedade conjugal em vigor
e a adoção de outro regime de bens que não o de separação absoluta. Extinta esta por separação judicial
ou divórcio, a existência de bens não partilhados passa para o regime do condomínio ordinário, no qual
obviamente não vigora a exigência de vênia conjugal para os atos individuais dos ex-cônjuges.
Só quem pode arguir a ausência de consentimento marital é o marido; identicamente, a arguição de
falta de outorga uxória só pode ser feita pela mulher.
Nas ações de que trata o § 1º ambos os cônjuges deverão figurar no polo ativo (autores), sob pena
de nulidade. No caso de ações reais imobiliárias, o litisconsórcio passivo entre os cônjuges é necessário,
devendo ambos ser citados obrigatoriamente para validação da relação processual, cabendo porém
suprimento da eventual omissão pelo comparecimento espontâneo ao processo.
A propósito das ações possessórias, segundo o magistério de Sergio Bermudes (in Pontes de
Miranda, Comentários ao CPC, 5ª ed., 2ª tir., 1997, t. I, p. 267, nota de rodapé 70-a), “se há composse
(CC/1916, art. 488), obviamente de ambos os cônjuges, o § 2º exige a participação do cônjuge do autor
ou do réu. Optou o legislador da Lei nº 8.952/1994 pelo emprego do substantivo grifado para significar
que, em se tratando de composse dos dois cônjuges, ou de ato possessório praticado por ambos, basta o
consentimento de um deles para que o outro proponha a ação, não se verificando litisconsórcio
necessário ativo, pois o autor litigará sozinho, sem que o consorte integre a relação processual, o que
seria indispensável para que ele alcançasse a qualidade de parte, adquirida pela presença no processo. A
hipótese, aqui, será de representação do cônjuge ausente do processo, mas anuente, pelo seu consorte,
ficando aquele sujeito aos efeitos da sentença. Se, todavia, a ação possessória for proposta para a tutela
de pretensão contrária à composse do casal, ou a ato de posse praticado pelos dois cônjuges, ocorrerá
litisconsórcio necessário passivo, pois se torna indispensável a citação de ambos, aplicando-se o inciso
II do § 1º”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Orlando Gomes, Direitos reais, Rio de Janeiro: Forense; Caio Mário da Silva Pereira, Instituições
de direito civil, Rio de Janeiro: Forense, v. IV, n. 286; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito
processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I; Calmon de Passos, Inovações no CPC, Rio de
Janeiro: Forense, 1995, p. 89; Luiz Paulo da Silva Araújo Filho, Considerações sobre algumas das
reformas do CPC, RF 330/188; Fredie Didier Jr., A participação das pessoas casadas no processo,
RMDCPC 8/5; Rogéria Fagundes Dotti, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 74. O consentimento previsto no art. 73 pode ser suprido judicialmente quando for negado
por um dos cônjuges sem justo motivo, ou quando lhe seja impossível concedê-lo.
Parágrafo único. A falta de consentimento, quando necessário e não suprido pelo juiz, invalida
o processo.
CPC/1973
Art. 11.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 485, VI (extinção do processo sem resolução de mérito por carência de ação), 337, IX
(preliminar de falta de autorização para contestar), 354 (extinção do processo) e 719 a 765
(procedimentos especiais de jurisdição voluntária).
BREVES COMENTÁRIOS
Para evitar situações de recusa caprichosa ou de outros empecilhos, permite o Código que a
autorização do marido e a outorga da mulher possam ser supridas judicialmente, quando um cônjuge a
recuse ao outro sem motivo justo, ou lhe seja impossível dá-la (caput). O procedimento a observar,
anteriormente à propositura da ação, é o comum ou geral de jurisdição voluntária, traçado pelos arts. 719
a 725.
Nas ações do art. 73, a outorga do outro cônjuge é integrativa da capacidade processual; por isso, a
sua falta, desde que não suprida pelo juiz, invalida o processo (art. 74, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I;
Rogéria Fagundes Dotti, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art.12.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 104 (dispensa de apresentação de mandato judicial), 110 (substituto processual), 242
(citação), 485, IV (extinção do processo sem resolução de mérito por carência de representação), 613 e
614 (administrador provisório), 617, VII (nomeação de inventariante judicial), 618, I (inventariante
dativo), 739 (destino dos bens na herança jacente) e 744 (arrecadação dos bens dos ausentes; nomeação
de curador).
CF, arts. 5º, XXI e LXX, e 8º, III (representação pelas associações de classe).
CLT, art. 513, a (idem).
Lei nº 8.906/1994, art. 44, II (representação pela OAB).
Lei nº 5.988, de 14.12.1973, art. 104 (representação dos direitos de autor).
LSA, arts. 68, § 3º (representação dos debenturistas), 138 e 144 (extinção ou fusão de sociedade),
211 (poderes do liquidante), 282 (representação pelo sócio gerente de sociedade em comandita por
ações).
Lei nº 11.101/2005, art. 22, III, n (representação da massa falida pelo administrador).
Lei nº 9.469, de 10.07.1997 (AGU).
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 644: “Ao titular do cargo de procurador de autarquia não se exige a apresentação de instrumento
de mandato para representá-la em juízo.”
BREVES COMENTÁRIOS
Cuida o art. 75 do NCPC da representação das pessoas jurídicas públicas e privadas, bem como das
pessoas formais.
A representação pela OAB, no interesse geral da classe dos advogados, ou no pleito individual
atinente ao exercício da profissão, não legitima a entidade a propor demanda no mero interesse
particular.
A jurisprudência tem entendido que o inventariante dativo não representa o espólio.
Quando o inventariante é herdeiro, sucessor ou meeiro, sua citação dispensa a dos demais herdeiros.
Competente para receber citação na ação intentada contra sociedade liquidanda é o liquidante, e não
os sócios.
Os procuradores da Fazenda Pública estão dispensados da exibição de mandato.
O condomínio é representado pelo síndico, sem necessidade de prévia autorização dos condôminos
para o litígio.
As Câmaras Municipais, mesmo sem dispor de personalidade jurídica, podem demandar em defesa
de suas prerrogativas institucionais. O mesmo se pode afirmar das Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado.
A massa do insolvente civil não foi contemplada no elenco do art. 75. Mas, segundo os arts. 751, II,
e 752 do CPC/1973 (que foram mantidos pelo art. 1.049 do NCPC), trata-se, também, de massa
patrimonial necessária, com capacidade processual ativa e passiva, cuja representação compete ao
administrador nomeado pelo juiz da causa (art. 766, II, do CPC/1973, também mantido pelo art. 1.049 do
NCPC).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Goldschmidt, Derecho procesal civil, p. 192; Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de direito
civil, v. I, p. 185 – sobre pessoa jurídica, n. 59; – sobre sociedade de fato, n. 60; Hely Lopes Meirelles,
Direito administrativo brasileiro, v. I, p. 185 – sobre órgãos da Administração Pública, p. 280; Clóvis
Beviláqua, Teoria geral do direito civil, 2ª ed.´, Rio de Janeiro: Francico Alves, 1929 – sobre
sociedades eclesiásticas, p. 164; Rogéria Fagundes Dotti, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 13.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 103 a 105 (mandato judicial); 111 e 112 (revogação e renúncia ao mandato); 313, I
(suspensão do processo pela perda da capacidade processual); 485, IV (extinção do processo sem
resolução do mérito); e 344 a 346 (revelia).
Lei nº 8.906, de 04.07.1994 (Advogado – ver Legislação Especial), art. 5º.
Lei nº 1.060, de 05.02.1950 (Assistência Judiciária – ver Legislação Especial).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 115: “Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos
autos.”
BREVES COMENTÁRIOS
O momento processual adequado para alegação, pelo réu, da incapacidade processual ou de
irregularidade de representação do autor é a contestação, em preliminar, antes, portanto, da discussão do
mérito da causa (NCPC, art. 337, IX).
Uma vez arguidas as preliminares de incapacidade ou irregularidade, via defesa indireta processual
preliminar, o juiz proferirá julgamento conforme o estado do processo, extinguindo o feito sem resolução
de mérito (NCPC, art. 482, IV), ou decretará a nulidade do processo, quando a iniciativa couber ao autor
e este não tomar as providências necessárias para sanação do defeito no prazo legal.
Se o prazo couber ao réu, e este não o cumprir, de-clarar-se-á a sua revelia, julgando-se
antecipadamente a lide, reputando-se verdadeiros os fatos articulados pelo autor (NCPC, arts. 344 e
355).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I;
Arruda Alvim, Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos Tribunais, v. II; Sérgio
Sahione Fadel, Código de Processo Civil comentado, Rio de Janeiro: J. Konfino, v. I; Marcelo Cintra
Zarif, Reflexões sobre a capacidade postulatória: procuração instrumento do mandato, in: Araken de
Assis e Ada Pellegrini Grinover, Direito civil e processual: estudos em homenagem ao professor
Arruda Alvim, São Paulo: Revista dos Tribunais; Araken de Assis, Suprimento da incapacidade
processual e da incapacidade postulatória, RF 354/27; Celso Agrícola Barbi, Órgãos, partes, despesas
judiciais, intervenção de terceiros e do MP no novo CPC, RF 247/20; Rogéria Fagundes Dotti, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo II
DOS DEVERES DAS PARTES E DE SEUS PROCURADORES
Seção I
Dos Deveres
Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores
e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
I – expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II – não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de
fundamento;
III – não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa
do direito;
IV – cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não
criar embaraços à sua efetivação;
V – declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou
profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer
modificação temporária ou definitiva;
VI – não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no
caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça.
§ 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça,
devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao
responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta.
§ 3º Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2º será inscrita como
dívida ativa da União ou do estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução
observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se aos fundos previstos no art. 97.
§ 4º A multa estabelecida no § 2º poderá ser fixada independentemente da incidência das
previstas nos arts. 523, § 1º, e 536, § 1º.
§ 5º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no § 2º poderá ser
fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário mínimo.
§ 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério
Público não se aplica o disposto nos §§ 2º a 5º, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser
apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará.
§ 7º Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o restabelecimento do
estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos autos até a purgação do atentado, sem
prejuízo da aplicação do § 2º.
§ 8º O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em seu lugar.
CPC/1973
Art. 14.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 139, I (igualdade de tratamento das par-tes); 144, §§ 1º e 2º (proibição de criar
impedimento ao juiz); 189, §§ 1º e 2º (consulta aos autos; requerimento de certidão); 202 (proibição do
lançamento de cotas marginais ou interlineares); 207, parágrafo único (numeração e rubrica dos autos);
289 (fiscalização da distribuição); 379 (prova: deveres da parte); 459, § 2º (testemunhas: tratamento com
urbanidade); 360, II (audiência: poder de polícia do juiz; comportamento inconveniente); 361, parágrafo
único (audiência; atividades do juiz; dever de urbanidade); e 772, I e II (processo de execução; poderes
do juiz).
Lei nº 8.906, de 04.07.1994 (Advogado – ver Legislação Especial), arts. 31 a 33 (deveres gerais
dos advogados); 34 (infrações).
BREVES COMENTÁRIOS
Dentro da sistemática do processo civil moderno, as partes são livres para escolher os meios mais
idôneos à consecução de seus objetivos. Mas essa liberdade há de ser disciplinada pelo respeito aos fins
superiores que inspiram o processo, como método oficial de procura da justa e célere composição do
litígio.
Daí a exigência legal de que as partes se conduzam segundo os princípios da lealdade e probidade,
figuras que resumem os itens do art. 77 do NCPC, em sua acepção mais larga, e decorrem da norma
fundamental do art. 5º.
Entre os casos de abuso processual ofensivos do dever de boafé e lealdade, deve-se incluir a
conduta maliciosa da parte que retarda a execução da sentença ou da medida antecipatória para se
beneficiar com o exorbitante avolumar da multa judicial (astreintes), que às vezes se transforma em ruína
do devedor e em verdadeiro enriquecimento indevido do credor. Quanto à não execução imediata da
condenação, a jurisprudência evita os efeitos do abuso processual, estatuindo que a multa diária não é
exigível senão depois de intimado pessoalmente o devedor a cumprir a obrigação de fazer ou não fazer
(Súmula nº 410 do STJ). Mesmo, porém, quando o devedor tenha sido intimado, a demora exagerada na
execução da multa pode ser tratada como ato de máfé ou deslealdade processual, se dela adveio um
crescimento da medida coercitiva que ultrapasse o valor da obrigação principal e possa acarretar a
insolvência do devedor, ou que se torne medida incompatível com a equidade reclamada pelo dever de
boa-fé no comportamento processual.
É importante ressaltar que a exigência de um comportamento em juízo segundo a boa-fé, atualmente,
não cuida apenas da repressão à conduta maliciosa ou dolosa da parte. O novo Código de Processo
Civil, na preocupação de instituir o processo justo nos moldes preconizados pela Constituição, inclui
entre as normas fundamentais o princípio da boa-fé objetiva (art. 5º), que valoriza o comportamento ético
de todos os sujeitos da relação processual. Exige-se, portanto, que as atitudes tomadas ao longo do
processo sejam sempre conformes aos padrões dos costumes prevalentes no meio social, determinados
pela probidade e lealdade. Não importa o juízo íntimo e a intenção de quem pratica o ato processual.
Não é só a má-fé (intenção de prejudicar o adversário ou a apuração da verdade) que interessa ao
processo justo, é também a avaliação objetiva do comportamento que se terá de fazer para mantê-lo nos
limites admitidos moralmente, ainda quando o agente não tenha tido a consciência e a vontade de infringi-
los.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Virgilio Andrioli, Lezioni di diritto processuale civile, Nápoles: Jovene, 1973, v. I, n. 62.
Art. 78. É vedado às partes, a seus procuradores, aos juízes, aos membros do Ministério
Público e da Defensoria Pública e a qualquer pessoa que participe do processo empregar expressões
ofensivas nos escritos apresentados.
§ 1º Quando expressões ou condutas ofensivas forem manifestadas oral ou presencialmente, o
juiz advertirá o ofensor de que não as deve usar ou repetir, sob pena de lhe ser cassada a palavra.
§ 2º De ofício ou a requerimento do ofendido, o juiz determinará que as expressões ofensivas
sejam riscadas e, a requerimento do ofendido, determinará a expedição de certidão com inteiro teor
das expressões ofensivas e a colocará à disposição da parte interessada.
CPC/1973
Art. 15.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 8.906, de 04.07.1994 (Advogado – ver Legislação Especial), art. 7º, § 2º (imunidade
profissional).
BREVES COMENTÁRIOS
O NCPC, diversamente do que fazia o CPC/1973, preferiu não reprimir as “expressões injuriosas”,
texto que gerava polêmica sobre se havia correspondência ou não com as figuras catalogadas pelo
Código Penal no tratamento dos crimes contra a honra. Falando a lei nova na vedação de “expressões
ofensivas”, o que se exige dos sujeitos processuais é que a linguagem no processo seja a de pessoas
educadas e respeitosas, como, aliás, já vinha sendo entendido pela jurisprudência formada no tempo do
CPC/1973.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando da Fonseca Gajardoni, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, 9. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1994, v. I,
p. 100.
Seção II
Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual
Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou
interveniente
CPC/1973
Art. 16.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 776 (dano processual na execução), 302 (dano processual no processo cautelar).
CC, arts. 402 a 405 (perdas e danos).
BREVES COMENTÁRIOS
Da má-fé do litigante resulta o dever legal de indenizar as perdas e danos causados à parte
prejudicada. Esse dever alcança tanto o autor e o réu como os intervenientes. A responsabilidade, in
casu, pressupõe o elemento objetivo dano e o subjetivo culpa, mas esta não se confunde necessariamente
com o dolo e, pelo casuísmo legal, pode às vezes limitar-se à culpa em sentido estrito, mas de natureza
grave (NCPC, art. 80, I e VI).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando da Fonseca Gajardoni, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 17.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 142 (abuso processual) e 772 a 774 (poderes do juiz; atos atentatórios à dignidade de
justiça; proibição de falar nos autos).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 98: “Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm
caráter protelatório.”
BREVES COMENTÁRIOS
Só a comprovada litigância de má-fé autoriza a condenação do temerário nas perdas e danos.
A simples sucumbência da pretensão da parte não a torna litigante de má-fé.
Para os fins do art. 80 do NCPC, é preciso que o litigante adote intencionalmente conduta maliciosa
e desleal.
A configuração da litigância de má-fé decorre de infração praticada sobretudo contra os deveres
éticos que não podem ser ignorados na função social do devido processo legal. Não seria um processo
justo aquele que deixasse de exigir dos participantes da relação processual a fidelidade à boa-fé, à
veracidade, ao uso regular das faculdades processuais e aos fins privados e sociais da lei. Todos os
incisos do art. 80 correspondem a quebras do princípio da boa-fé no domínio do processo.
Assim, a pretexto de se defender, não é permitido ao litigante deduzir pretensão que, prima facie,
vai de encontro à literalidade da lei ou ao fato que, nos autos, se revela juridicamente grave quando a
parte, de forma intencional, mente acerca dos fatos que irão influir de maneira decisiva na solução
judicial do litígio. A infração do dever de veracidade, nessa perspectiva, é punida sempre que,
maliciosamente, a parte falseia a verdade para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa, seja na
descrição manipulada dos fatos fundamentais do pedido (objeto do processo), seja na inovação
deformada de citações doutrinárias e jurisprudenciais, seja mesmo na deturpação de depoimentos ou
documentos dos autos, a exemplo do que se prevê no art. 34, XIV, do Estatuto da OAB (Lei nº
8.906/1994).
Embora o inc. II do art. 80 fale apenas em “alterar a verdade dos fatos” (conduta ativa), a
jurisprudência entende, com base no inc. V (procedimento “temerário”), que se reputa também litigância
de má-fé “a omissão de fato relevante para o julgamento da causa” (STJ, 2ª Seção, AgRg no CC
108.503/DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, ac. 22.09.2010, DJe 13.10.2010. No mesmo sentido:
TST, Súmula nº 403).
A doutrina, por sua vez, costuma apontar três condutas reprováveis dos litigantes, no campo do
dever de veracidade exigível em processo: a) firmar fato inexistente; b) negar fato existente; e c)
descrever os fatos sem correspondência exata com a realidade (Araken de Assis, Dever de veracidade
das partes no processo civil, Rev. Jurídica, 391/25). Entretanto, em qualquer dessas hipóteses a conduta
da parte somente receberá a sanção da litigância de má-fé se tiver sido dolosa, isto é, se retratar a
vontade real de desfigurar o fato (STJ, REsp 373.847/MA, DJU 24.02.2003, p. 239).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Nelson Nery Júnior, Litigante de má-fé – alteração da verdade dos fatos – hipótese de incidência do
art. 17, II, do CPC, RP 34/216; Celso Agrícola Barbi, Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de
Janeiro: Forense, v. I, n. 159/166; Humberto Theodoro Júnior, Boa-fé e processo – princípios éticos na
repressão à litigância de má-fé – papel do juiz, Juris Plenum 27/33; Humberto Theodoro Júnior, Abuso
de direito processual no ordenamento jurídico brasileiro, RF 344/44; Fernando da Fonseca Gajardoni,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que
deverá ser superior a 1% e inferior a 10% do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária
pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas
que efetuou.
§ 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na
proporção de seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coligaram para
lesar a parte contrária.
§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10
(dez) vezes o valor do salário mínimo.
§ 3º O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo,
liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.
CPC/1973
Art. 18.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 95 (adiantamento de despesas), 96 (reversão das multas processuais decorrentes de má-
fé), 489 (requisitos da sentença), 509 e 510 (liquidação da sentença por arbitramento).
CC, arts. 275 a 285 (solidariedade passiva).
BREVES COMENTÁRIOS
Ocorrendo a litigância de má-fé, a previsão legal é de dupla consequência: sujeição à multa de 1% a
10% do valor da causa corrigido; e indenização dos prejuízos sofridos pela parte contrária (art. 81,
caput).
A reparação, que decorre de ato ilícito processual, será devida, qualquer que seja o resultado da
causa, ainda mesmo que o litigante de máfé consiga, no final, sentença favorável.
Não há necessidade de ação própria para reclamar a indenização. O prejudicado, demonstrando a
máfé do outro litigante, poderá pedir sua condenação, incidentemente, nos próprios autos do processo em
que o ilícito foi cometido.
No caso de pluralidade de litigantes de máfé, o juiz condenará cada um na proporção de seu
respectivo interesse na causa. Mas se os litigantes se unirem para lesar a parte contrária, a condenação
atingirá, solidariamente, aqueles que se coligaram para prejudicar o adversário (art. 81, § 1º). A
condenação do litigante de má-fé será feita mediante:
a) decisão interlocutória, assim que verificado o prejuízo, recorrível por preliminar de apelação ou
contrarrazões (art. 1.012 do NCPC);
b) sentença, de cujo inconformismo cabe apelação.
A jurisprudência tem entendido que não contém a eiva de nulidade a sentença que não se pronuncia
sobre o pedido de imposição de pena ao litigante de má-fé.
Verificada a litigância temerária, a condenação dar--se-á nos próprios autos do processo em que se
comprovou a má-fé.
A aplicação do § 3º do art. 81 facilita a condenação do litigante de má-fé, independentemente de
prova quantitativa do dano suportado pelo adversário. Não quer isso dizer, todavia, que a sanção será
aplicada mesmo sem ter havido dano algum. A litigância de má-fé pressupõe sempre dano sério ao
processo e aos interesses da contraparte. Esse dano tem de ser demonstrado, ainda que nem sempre se
exija prova exata de seu montante.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, tomo I, p. 378-381;
Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, v. I, n. 167/170; Luiz Paulo da Silva Araújo Filho,
Considerações sobre algumas das reformas do CPC, RF 330/190; Calmon de Passos, Inovações no CPC,
Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 92; Arruda Alvim, Sobre as multas instituídas nos arts. 14 e 18 do
Código de Processo Civil, Estudos em homenagem à professora Ada Pellegrini Grinover, São Paulo:
DPJ, 2005.
Seção III
Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas
Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às partes prover
as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-lhes o pagamento,
desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena satisfação do direito reconhecido no
título.
§ 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz determinar de
ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da
ordem jurídica.
§ 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.
CPC/1973
Art. 19.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 88 (adiantamento de despesas nos procedimentos de jurisdição voluntária), 95
(adiantamento de despesas para pagamento do assistente técnico e do perito), 266 a 268 (adiantamento de
despesas para cumprimento de conta), 290 (cancelamento da distribuição por falta de preparo) e 462
(adiantamento de despesas para comparecimento de testemunha).
Lei nº 6.032, de 30.04.1974 (Regimento de Custas da Justiça Federal), arts. 1º, 5º e 9º, IV.
Lei nº 6.899, de 08.04.1981 (correção monetária).
Art. 1º-A da Lei nº 9.494/1997, introduzido pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 24.08.2001
(dispensa de depósito prévio para interposição de recurso os entes do Poder Público).
Lei nº 1.060, de 05.02.1950 (Assistência Judiciária – Ver Legislação Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
As despesas adiantadas serão reembolsadas a final pelo vencido.
O Regimento de Custas da Justiça Federal isenta o MP do pagamento de custas.
O descumprimento do ônus financeiro processual, pelo não pagamento antecipado das despesas
respectivas, conduz à não realização do ato requerido, em prejuízo da parte que o requereu. Assim, se se
requereu o depoimento de testemunha, mas não se depositou a verba necessária para a devida intimação,
a diligência não será praticada e a audiência será realizada sem a coleta do depoimento. Mutatis
mutandis, o mesmo acontecerá com a parte que requereu prova pericial, mas não depositou, no prazo que
o juiz lhe assinou, a importância para cobrir a remuneração do perito e outros gastos da prova técnica.
Se a falta do ato realizado impedir o prosseguimento da marcha processual (citação de litisconsorte
necessário ou promoção de prova determinada pelo juiz como indispensável ao julgamento da causa), o
não pagamento de preparo prévio provocará a figura do abandono da causa e poderá redundar em
extinção do processo, sem resolução de mérito, observado o disposto no art. 485, II e III, § 1º.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, t. I, p. 382-389;
Valdir de Resende Lara, Natureza jurídica das despesas processuais, Rev. Forense 299/410; Luiz
Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Assistência jurídica gratuita:
● Ônus do Estado. Ver jurisprudência do art. 1º da Lei nº 1.060/1950.
● Pessoa jurídica. Ver jurisprudência do art. 4º da Lei nº 1.060/1950.
● Execução. Ver jurisprudência do art. 6º da Lei nº 1.060/1950.
2. Pagamento das despesas. Parte que requereu. “‘Se a nova perícia é requerida por uma das
partes, a ela incumbe adiantar o pagamento correspondente às despesas e à remuneração provisória do
expert (arts. 19 e 33 do CPC)’ (REsp 16826/SP, Rel. Min. Barros Monteiro, 4ª Turma, jul. 03.11.1992,
DJ 30.11.1992, p. 22.619)” (STJ, AgRg no Ag 1.343.148/PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, 4ª Turma,
jul. 04.10.2012, DJe 10.10.2012).
● Desapropriação indireta. “Conforme preveem os arts. 19 e 33 do CPC, cabe à parte que requereu
a prova pericial o ônus de adiantar os honorários periciais, legislação plenamente aplicável à ação de
indenização por desapropriação indireta, regida pelo procedimento comum” (STJ, REsp 1.343.375/ BA,
Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma, jul. 05.09.2013, DJe 17.09.2013).
● Reembolso do valor pago. “Cabe a quem requereu a perícia, ou ao autor, se determinada pelo
juiz, efetuar o pagamento dos honorários do perito. O vencido reembolsará, a final, o vencedor” (STJ,
REsp 4.069/SP, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, 3ª Turma, jul. 27.11.1990, DJ 04.02.1991).
● Despesa requerida de ofício pelo juiz. “Se a produção da prova for requerida pelo autor ou
determinada de ofício pelo juiz, a antecipação dos honorários periciais deve ser feita pelo autor, nos
termos do disposto nos arts. 19 e 33 do Código de Processo Civil” (STJ, REsp 1.420.668/PR, Rel. Min.
Sidnei Beneti, 3ª Turma, jul. 20.05.2014, DJe 02.06.2014). No mesmo sentido: STJ, REsp 930.486/MT,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Turma, jul. 15.05.2008, DJe 29.05.2008.
3. Fazenda Pública. “A jurisprudência majoritária do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de
que cabe à Fazenda Pública e suas autarquias o adiantamento dos honorários periciais, a que derem
causa” (STJ, 5ª Turma, REsp 244.713/ MG, Rel. Min. Gilson Dipp, jul. 21.09.00, DJU 09.10.00, p. 182).
No mesmo sentido: STJ, REsp 140.461/SP, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, 2ª Turma, jul.
08.02.2000, DJ 13.03.2000, p. 166.
● Nomeação de curador especial para representar devedor citado por edital. “A Fazenda Pública
não está obrigada a antecipar os honorários arbitrados em favor de curador especial nomeado para
representar o devedor citado por edital, porque os honorários de advogado não se inserem nas despesas
a que alude o § 2º do art. 19 do Código de Processo Civil, só estando sujeita a pagá-los acaso vencida na
demanda” (STJ, REsp 1.445.237/MG, Rel. Min. Ari Pargendler, 1ª Turma, jul. 22.04.2014, DJe
09.05.2014).
4. Custas finais. “As custas finais devem ser apuradas somente após a existência de julgamento
definitivo do processo, com ou sem resolução de mérito, antes do arquivamento do feito” (STJ, REsp
1.018.641/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Rel. p/ acórdão Min. Marco Buzzi, 4ª Turma, jul.
06.10.2011, DJe 09.02.2012).
5. Inversão do ônus da prova. “Não se pode confundir ônus da prova com obrigação pelo
pagamento ou adiantamento das despesas do processo. A questão do ônus da prova diz respeito ao
julgamento da causa quando os fatos alegados não restaram provados. Todavia, independentemente de
quem tenha o ônus de provar este ou aquele fato, cabe a cada parte prover as despesas dos atos que
realiza ou requer no processo, antecipando-lhes o pagamento (CPC, art. 19), sendo que compete ao autor
adiantar as despesas relativas a atos cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do
Ministério Público (CPC, art. 19, § 2º)” (STJ, REsp 538.807/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1ª
Turma, jul. 03.10.2006, DJ 07.11.2006, p. 231).
● “A simples inversão do ônus da prova, no sistema do Código de Defesa do Consumidor, não gera
a obrigação de custear as despesas com a perícia, embora sofra a parte ré as consequências decorrentes
de sua não produção” (STJ, REsp 639.534/MT, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 2ª Seção, jul.
09.11.2005, DJ 13.02.2006, p. 659). No mesmo sentido: TJDF, Cível, AgI 20000020014250, Rel. Des.
Getúlio Moraes Oliveira, 2ª Turma, DJU 20.09.2000.
● “Acerca da inversão dos ônus da prova e das despesas para custeá-la quando verificada a relação
de consumo, prevalece, no âmbito da Segunda Seção desta Corte Superior de Justiça, que os efeitos da
inversão do ônus da prova não possuem a força de ‘obrigar a parte contrária a arcar com as custas da
prova requerida pelo consumidor’ (cf. REsp 816.524-MG, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJ
08.11.2006). No caso em comento a prova foi determinada pelo magistrado, de ofício, de modo que cabe
ao autor o seu adiantamento, nos precisos termos dos arts. 19 e 33 do Código de Processo Civil” (STJ,
REsp 845.601/SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, 4ª Turma, jul. 06.03.2007, DJ 02.04.2007). Em
sentido contrário: “A inversão do ônus da prova, que passa a ser do fornecedor acionado, enseja
também para ele o dever de suportar as despesas decorrentes da realização de perícia determinada ex
officio pelo juiz, não mais observando-se o art. 19, § 2º, do CPC” (TAMG, AI 231.113-9, Rel. Juiz
Quintino do Prado, 7ª Câm., jul. 20.03.1997).
6. Falência e depósito prévio. “Ao despachar pedido de falência, pode o Juiz exigir depósito
prévio como antecipação de despesas processuais. Inteligência do art. 19 do CPC” (TJMG, Ag 158.007-
5/00, Rel. Des. Abreu Leite, 2ª Câm., jul. 15.02.2000).
7. Processo de execução. “Em sede de execução de sentença, se o executado impugna os cálculos
oferecidos pelo exequente e o juiz ordena a realização de perícia para esclarecer a controvérsia, o
executado, sucumbente no processo de conhecimento, deve arcar com as despesas dos honorários
periciais” (STJ, REsp 116.448/SP, Rel. Min. Vicente Leal, 6ª Turma, DJU 16.06.1997, p. 27.429).
8. Taxa judiciária. Exigência ao final. “A disposição contida no artigo 19 do CPC, determinando
que as partes antecipem as despesas relativas aos atos processuais, não impede que os estados
estabeleçam que a taxa judiciária, tributo que lhes é devido, seja exigível a final” (STJ, REsp 31.391/ SP,
Rel. Min. Eduardo Ribeiro, 3ª Turma, jul. 22.06.1993, DJ 02.08.1993, p. 14.243).
● “Não nega vigência aos arts. 19 e 257 do CPC a decisão que, com base em lei local, difere para
final o pagamento da taxa judiciária, tributo devido aos estados” (STJ, REsp 43.315/SP, Rel. Min. Costa
Leite, 3ª Turma, jul. 29.03.1994, DJ 01.08.1994, p. 18.646).
9. Ação popular. Adiantamento de honorários periciais. Impossibilidade. Ver jurisprudência do
art. 18 da Lei nº 7.347/1985.
10. Julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. Completude. Despesas processuais. “Conhecido
o recurso extraordinário, o Supremo julga a causa, cabendo esgotar a jurisdição inclusive sob o ângulo
das despesas processuais” (STF, AI 823.766 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Rel. p/ acórdão
Min. Marco Aurélio, 1ª Turma, jul. 06.09.2011, DJe 21.10.2011).
Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de residir no
país ao longo da tramitação de processo prestará caução suficiente ao pagamento das custas e dos
honorários de advogado da parte contrária nas ações que propuser, se não tiver no Brasil bens
imóveis que lhes assegurem o pagamento.
§ 1º Não se exigirá a caução de que trata o caput:
I – quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o Brasil faz
parte;
II – na execução fundada em título extrajudicial e no cumprimento de sentença;
III – na reconvenção.
§ 2º Verificando-se no trâmite do processo que se desfalcou a garantia, poderá o interessado
exigir reforço da caução, justificando seu pedido com a indicação da depreciação do bem dado em
garantia e a importância do reforço que pretende obter.
BREVES COMENTÁRIOS
Essa medida tem por intuito resguardar eventual direito do réu que sair vencedor na ação de receber
as custas e os honorários sucumbenciais do vencido.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 84. As despesas abrangem as custas dos atos do processo, a indenização de viagem, a
remuneração do assistente técnico e a diária de testemunha.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 85.
BREVES COMENTÁRIOS
A prestação da tutela jurisdicional é serviço público remunerado, a não ser nos casos de
miserabilidade, em que o Estado concede à parte o benefício da “assistência judiciária” (Lei nº 1.060, de
05.02.1950; NCPC, arts. 98 a 102). Por isso, tirante essa exceção legal, “incumbe às partes prover as
despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo” (art. 82). Essas despesas compreendem as
custas e todos os demais gastos efetuados com os atos do processo, como indenização de viagem, diária
de testemunha e a remuneração de perito e assistentes técnicos (art. 84).
São custas as verbas pagas aos serventuários da Justiça e aos cofres públicos, pela prática de ato
processual conforme a tabela da lei ou regimento adequado. Pertencem ao gênero dos tributos, por
representarem remuneração de serviço público.
Despesas são todos os demais gastos feitos pelas partes na prática dos atos processuais, com
exclusão dos honorários advocatícios, que receberam do novo Código tratamento especial (art. 85).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 20.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 86 (compensação); 87 (concurso de autores ou réus); 88 (jurisdição voluntária); 90
(desistência ou reconhecimento do pedido); 94 e 121 (condenação do assistente ao pagamento de
honorários); 485, § 2º, e 486 (extinção do processo sem resolução de mérito); 826 (remição da
execução); 827 (pagamento na execu-ção); 546 (consignatória em pagamento); e 718 (restauração de
autos).
Lei nº 1.060, de 05.02.1950 (Assistência Judiciária – ver Legislação Especial), arts. 3º; 11, § 1º;
12; 13.
Lei nº 4.717, de 26.06.1985 (Ação Popular – ver Legislação Especial), arts. 12; 13.
Decreto-Lei nº 3.365, de 21.06.1941 (Desapropriação – ver Legislação Especial), art. 27, § 1º.
Lei nº 6.830, de 22.09.1980 (Execução Fiscal – ver Legislação Especial), art. 39.
Lei nº 11.101, de 09.02.2005 (Falência), arts. 5º, II; 88, parágrafo único.
Lei nº 8.245, de 18.10.1991 (Inquilinato – ver Legislação Especial), arts. 61; 62, II.
Lei nº 6.899, de 08.04.1981 (Correção monetária – ver Legislação Especial), art. 1º.
Lei nº 8.906, de 04.07.1994 (Advogado – ver Legislação Especial), arts. 22 a 24 (arbitramento de
honorários).
Lei nº 9.099, de 26.09.1995 (Juizados Especiais – ver Legislação Especial), arts. 54; 55 (despesas).
Lei nº 9.494, de 10.09.1997 (Tutela Antecipada – ver Legislação Especial), arts. 1º-D; 4º
(honorários contra a Fazenda Pública).
SÚMULAS
Súmula Vinculante do STF:
Nº 47: “Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal
devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição
de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa
natureza.”
Súmulas do STF:
Nº 234: “São devidos honorários de advogado em ação de acidente do trabalho julgada
procedente.”
Nº 256: “É dispensável pedido expresso para condenação do réu em honorários, com fundamento
nos arts. 63 ou 64 do CPC.”
Nº 257: “São cabíveis honorários de advogado na ação regressiva do segurador contra o causador
do dano.”
Nº 389: “Salvo limite legal, a fixação de honorários de advogado, em complemento da condenação,
depende das circunstâncias da causa, não dando lugar a recurso extraordinário.”
Nº 512: “Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança.”
Nº 616: “É permitida a cumulação de multa contratual com os honorários de advogado, após o
advento do CPC vigente.”
Súmulas do STJ:
Nº 11: “Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações
vencidas após a sentença.”
Nº 14: “Arbitrados os honorários advocatícios em percentual sobre o valor da causa, a correção
monetária incide a partir do respectivo ajuizamento.”
Nº 105: “Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios.”
Nº 110: “A isenção do pagamento de honorários advocatícios, nas ações acidentais, é restrita ao
segurado.”
Nº 111: “Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre prestações
vencidas após a sentença.”
Nº 131: “Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas
relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas.”
Nº 141: “Os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença
entre a indenização e a oferta, corrigidas monetariamente.”
Nº 201: “Os honorários advocatícios não podem ser fixados em salários mínimos.”
Nº 232: “A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio
dos honorários do perito.”
Nº 303: “Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários advogado.”
Nº 306: “Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade
da própria parte.” Com o NCPC, a Súmula nº 306 deixa de ter aplicação.
Nº 325: “A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação
suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado.”
Nº 326: “Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado
na inicial não implica sucumbência recíproca.”
Nº 345: “São devidos os honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções individuais
de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas.”
Nº 421: “Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a
pessoa jurídica de direito público à qual pertença.”
Nº 453: “Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não
podem ser cobrados em execução ou em ação própria.”
Nº 462: “Nas ações em que representa o FGTS, a CEF, quando sucumbente, não está isenta de
reembolsar as custas antecipadas pela parte vencedora.”
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 85 determina a condenação do vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. São
também devidos honorários de advogado na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou
definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente (art. 85, § 1º).
Qualquer que seja a natureza principal da sentença – condenatória, declaratória ou constitutiva –,
conterá sempre uma parcela de condenação, como efeito obrigatório da sucumbência. Nessa parte
formará, portanto, um título executivo em favor do que ganhou a causa (autor ou réu, pouco importa), ou
mais especificamente, em favor de seu advogado.
No Código anterior, a condenação às despesas processuais era feita em cada incidente e a verba
advocatícia ficava relegada para a sentença. O novo Código só fala de condenação do vencido ao
pagamento das despesas antecipadas pelo vencedor, bem como dos honorários de seu advogado, como
ato integrante da sentença (arts. 82, § 2º, e 85). O regime atual, destarte, é o de que o ressarcimento das
despesas adiantadas para os diversos incidentes e diligências pelo vencedor só seja objeto de decisão
por ocasião da sentença.
O Código anterior permitia a compensação dos honorários, o que foi expressamente vedado pelo
atual, na parte final do § 14 do art. 85. Reconheceu, portanto, o Código, que os honorários de
sucumbência constituem direito autônomo do advogado, e não da parte. Destarte, a Súmula nº 306 do STJ
não tem mais qualquer aplicação. Assim, na sucumbência recíproca, cada advogado receberá a verba
honorária calculada integralmente sobre a parte em que seu cliente saiu vitorioso.
Nos termos amplos em que o princípio da sucumbência foi adotado pelo Código revogado, a ele se
sujeitavam e dele se beneficiavam até mesmo os Poderes Públicos e as empresas privadas que
mantivessem serviços jurídicos permanentes. Entretanto, o posicionamento dos Tribunais Superiores era
no sentido de que a verba honorária não constituía direito autônomo dos advogados públicos, mas
pertenceria ao patrimônio da entidade. O novo Código adotou orientação um pouco diversa, ao
reconhecer o direito do procurador do ente público ao recebimento dos honorários. Doravante, “os
advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei” (art. 85, § 19). O regime
de atribuição e divisão entre os procuradores públicos regular-se-á por lei própria.
A jurisprudência referente à ação cautelar ficou prejudicada, em linhas gerais, pois não há no novo
CPC, em regra, ação cautelar. No entanto, existe possibilidade de a cautelar ser ajuizada de forma
preparatória, podendo ser extinta sem chegar a converter-se em ação principal, hipótese em que caberão
honorários sucumbenciais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Chiovenda, Instituições, v. III, p. 285; Celso Agrícola Barbi, Valor da condenação (porcentagem
sobre), Revista do Instituto dos Advogados Brasileiros, n. 31; Carnelutti, Sistema, v. I, n. 240; Yussef
Said Cahali, Honorários advocatícios, n. 60; José Carlos Barbosa Moreira, Mandado de segurança e
condenação em honorários de advogado, Direito processual civil, p. 238 e O novo processo civil
brasileiro, 28. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2012, § 1º; Calmon de Passos, Inovações no CPC, Rio de
Janeiro: Forense, 1995, p. 94; Humberto Theodoro Júnior, Valor da causa em processo cumulativo: verba
de honorários advocatícios em julgamento desmembrados, Ciência Jurídica 94/335; Carlos Thompson
Flores, Honorários advocatícios: contrato quota-litis; ação de cobrança; prescrição, Revista Forense
359/181; Luiz Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Elaine Harzheim Macedo e Paulo Roberto Pegoraro Junior, Majoração dos honorários
na fase recursal no novo Código de Processo Civil: responsabilidade objetiva ou subjetiva?, Revista
Magister de Direito Civil e Processual Civil, ano XI, n. 66, p. 40-54, maio-jun. 2015; Luiz Antônio
Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil: principais alterações do sistema processual civil,
São Paulo: Rideel, 2014; Luiz Henrique Volpe Camargo, Novo Código de Processo Civil: principais
alterações do sistema processual civil, São Paulo: Rideel, 2014; Paulo Henrique dos Santos Lucon,
Novo Código de Processo Civil: principais alterações do sistema processual civil, São Paulo: Rideel,
2014.
Art. 86. Se cada litigante for, em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente
distribuídas entre eles as despesas.
Parágrafo único. Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por
inteiro, pelas despesas e pelos honorários.
CPC/1973
Art. 21.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 87 (distribuição proporcional).
SÚMULAS
Súmulas do STJ:
Nº 306: “Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência
recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade
da própria parte.” Essa súmula ficou prejudicada pela regra do art. 85, §14, do NCPC.
Nº 326: “Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado
na inicial não implica sucumbência recíproca.”
BREVES COMENTÁRIOS
Opera-se a sucumbência recíproca quando o autor sai vitorioso apenas em parte de sua pretensão.
Tanto ele como o réu serão vencidos e vencedores, a um só tempo. Mas se um litigante decair de parcela
mínima do pedido, o juiz desprezará a sucumbência recíproca e atribuirá ao outro a responsabilidade
pelas despesas e honorários.
Para tanto, ter-seá de calcular o total dos gastos do processo e rateá-lo entre os litigantes na
proporção em que se sucumbiram. Se a sucumbência for maior para uma parte, esta terá de arcar com
maior parcela da despesa. O cálculo, para ser justo, deverá ser sempre total. Mas se um litigante
sucumbir em parte mínima do pedido, o juiz desprezará a sucumbência recíproca e atribuirá por inteiro
ao outro a responsabilidade pelas despesas e honorários.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, t. I; Celso
Agrícola Barbi, Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 193;
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 81; Yussef Said Cahali, Honorários
advocatícios, São Paulo: Revista dos Tribunais; Humberto Theodoro Júnior, Honorários de advogado –
sucumbência recíproca – distribuição e compensação dos honorários sucumbenciais, RMDCPC 26/89.
CPC/1973
Art. 23.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 94 (condenação do assistente nas custas) e 129 (honorários na denunciação da lide).
BREVES COMENTÁRIOS
A expressão em proporção significa que os honorários devem ser repartidos de acordo com o
interesse de cada uma das partes no litígio e da gravidade do prejuízo ocasionado ao vencedor, razão
pela qual as cotas de cada vencido podem ser desiguais. Não há, em princípio, solidariedade entre os
sucumbentes, mas rateio da verba advocatícia.
A sentença, portanto, deverá distribuir de forma expressa a responsabilidade proporcional pelo
pagamento das despesas e honorários. Não o fazendo, os litisconsortes vencidos responderão
solidariamente por essas verbas. Também quando, por força da relação jurídica material, os
litisconsortes vencidos forem solidários, sê--lo-ão igualmente na sujeição à responsabilidade pelos
gastos processuais do vencedor, independentemente de manifestação judicial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso Barbi, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 205 e 206; Pontes de Miranda,
Comentários ao CPC, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, t. I, p. 402-403; Sálvio de Figueiredo
Teixeira, Código de Processo Civil anotado, 2ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1985, p. 25; Yussef Said
Cahali, Honorários advocatícios, 4. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012; Luiz Henrique Volpe
Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 88. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas serão adiantadas pelo
requerente e rateadas entre os interessados.
CPC/1973
Art. 24.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 719 a 770 (procedimentos de jurisdição voluntária).
BREVES COMENTÁRIOS
Não se pode falar em sucumbência nos procedimentos de jurisdição voluntária, por inexistência de
litígio e de parte. Assim, o requerente adiantará o pagamento de todas as despesas, mas terá direito de
rateá-las entre os demais interessados. Havendo impugnação ao pedido, porém, instala-se o
contraditório, que conduzirá à configuração de sucumbência, cabendo então as regras comuns das causas
contenciosas no que diz tanto às despesas comuns do processo como aos honorários de advogado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Sahione Fadel, Código de Processo Civil comentado, Rio de Janeiro: Forense, 1988, v. I, p.
107; Celso Agrícola Barbi, Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, 1999, v.
I, com. ao art. 24; Luiz Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 89. Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as despesas
proporcionalmente a seus quinhões.
CPC/1973
Art. 25.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 569 a 673 (juízos divisórios).
Regimento de Custas da Justiça Federal, art. 10, § 4º (remuneração do perito).
BREVES COMENTÁRIOS
Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as despesas proporcionalmente
aos seus quinhões. Se houver controvérsia entre os condôminos, sua solução será dada na primeira fase
do procedimento, cuja sentença imporá ao vencido o encargo da sucumbência. Na segunda fase,
reservada aos trabalhos divisórios propriamente ditos, as despesas serão sempre rateadas, salvo apenas
aquelas provocadas por impugnações ou recursos, que seguirão a regra comum da sucumbência.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I; Humberto Theodoro Júnior,
Terras particulares, 3. ed., São Paulo: Saraiva, 1992; Luiz Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 26.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 485 (extinção do processo sem resolução de mérito: desistência) e 487
(reconhecimento de procedência de pedido subsidiário).
Regimento de Custas da Justiça Federal, art. 10, § 1º (pagamento de custas e contribuições
exigíveis).
BREVES COMENTÁRIOS
Se o processo terminar por desistência, renúncia ou reconhecimento do pedido, as despesas e os
honorários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou ou reconheceu. Mas se a desistência, a renúncia
ou o reconhecimento for parcial, a responsabilidade pelas despesas e pelos honorários será proporcional
à parte de que se desistiu, se renunciou ou que se reconheceu.
Se as partes transigirem, extinguindo o litígio, a sucumbência seguirá os termos do acordo
celebrado. Contudo, se as partes não dispuserem sobre as despesas na transação, deverão elas ser
divididas igualmente.
O NCPC inovou ao dispor que, sendo a transação realizada antes da sentença, as partes ficarão
dispensadas do pagamento das custas processuais remanescentes, se houver (art. 90, § 3º).
Prestigiando os princípios da boa-fé e da cooperação processual, o NCPC determinou ainda que, se
o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente, cumprir de forma integral e espontânea a
prestação reconhecida, os honorários advocatícios serão reduzidos pela metade (art. 90, § 4º). Não basta,
portanto, que o réu dê sua adesão ao pedido do autor. Para que os encargos dos honorários sejam
reduzidos, é indispensável que ao mesmo tempo se proceda ao reconhecimento do direito e ao imediato
pagamento, espontâneo e integral, da prestação reconhecida.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacyr Lobo da Costa, Confissão e reconhecimento do pedido, Revista da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, v. 2, n. 2, 1967; Sérgio Sahione Fadel, CPC comentado, Rio de Janeiro:
Forense, 1988, v. I, p. 108-109; Luiz Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 91. As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da Fazenda Pública, do
Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas ao final pelo vencido.
§ 1º As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria
Pública poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter os
valores adiantados por aquele que requerer a prova.
§ 2º Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro para adiantamento dos
honorários periciais, eles serão pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o
processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente público.
CPC/1973
Art. 27.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 82, § 1º (adiantamento das despesas) e 485 (extinção do processo sem resolução de
mérito por ausência de depósito prévio da remuneração do perito).
Lei nº 6.830, de 22.09.1980 (execução fiscal), art. 39.
SÚMULAS
Súmulas do STJ:
Nº 178: “O INSS não goza de isenção do pagamento de custas e emolumentos, nas ações
acidentárias e de benefícios propostas na Justiça Estadual.”
Nº 190: “Na execução fiscal, processada perante a Justiça estadual, cumpre à Fazenda Pública
antecipar o numerário destinado ao custeio das despesas com o transporte dos oficiais de justiça.”
Nº 232: “A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio
dos honorários do perito.” (Nota: esta súmula ficará prejudicada com a entrada em vigor do NCPC,
diante da previsão do art. 91, §§ 1º e 2º).
Nº 462: “Nas ações em que representa o FGTS, a CEF, quando sucumbente, não está isenta de
reembolsar as custas antecipadas pela parte vencedora.”
Nº 483: “O INSS não está obrigado a efetuar depósito prévio do preparo por gozar das
prerrogativas e privilégios da Fazenda Pública.”
BREVES COMENTÁRIOS
As despesas de perícia requeridas pelo MP (como parte, custos legis ou curador especial) devem
ser adiantadas pelo autor.
No conceito de Fazenda Pública incluem-se as autarquias, mas não as empresas públicas e as
sociedades de economia mista.
A jurisprudência dominante no tempo do Código anterior ressalvava os gastos a serem feitos fora
dos serviços públicos, como as despesas da diligência pericial ou os honorários do perito não oficial,
por ser inexigível de terceiros a prestação de serviços e a realização de despesas em benefício da
Fazenda Pública sem o imediato ressarcimento (STJ, 2ª T., AgRg no REsp 1.142.477/SC, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, ac. 22.06.2010, DJe 06.08.2010).
O novo Código, contudo, adotou entendimento um pouco diverso, no art. 91, § 1º, ao prever que “as
perícias requeridas pela Fazenda Pública, Ministério Público ou Defensoria Pública poderão ser
realizadas por entidade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter os valores adiantados por aquele
que requerer a prova”. Assim, caso não haja previsão orçamentária para o adiantamento dos honorários
periciais, a despesa deverá ser paga no exercício financeiro seguinte ou no final, pelo vencido, caso o
processo se encerre antes do adiantamento a ser feito pelo ente público (art. 91, § 2º). Instituiu-se, dessa
forma, a obrigação de diligência pericial sem imediata garantia de remuneração do técnico.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, tomo I, p. 409-410;
Zanoni de Quadros Gonçalves, O art. 27 do CPC, Ajuris 23/154; Luiz Henrique Volpe Camargo, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 92. Quando, a requerimento do réu, o juiz proferir sentença sem resolver o mérito, o
autor não poderá propor novamente a ação sem pagar ou depositar em cartório as despesas e os
honorários a que foi condenado.
CPC/1973
Art. 28.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 486.
BREVES COMENTÁRIOS
Não se deverá indeferir a petição inicial, com base no art. 92, sem antes ensejar oportunidade ao
autor para sanar a falta de pagamento dos encargos do processo anterior.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 93. As despesas de atos adiados ou cuja repetição for necessária ficarão a cargo da parte,
do auxiliar da justiça, do órgão do Ministério Público ou da Defensoria Pública ou do juiz que, sem
justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à repetição.
CPC/1973
Art. 29.
BREVES COMENTÁRIOS
A sanção prevista no artigo aplica-se apenas ao adiamento culposo, não a qualquer adiamento. Se há
motivo plausível para o retardamento do ato processual, ele se dará sem a penalidade do art. 93.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
P. Batista Martins, Comentários ao CPC, v. I, n. 166; Jorge Americano, Comentários ao CPC, v. I,
p. 83; Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. I; Luiz Henrique Volpe
Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 94. Se o assistido for vencido, o assistente será condenado ao pagamento das custas em
proporção à atividade que houver exercido no processo.
CPC/1973
Art. 32.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 121 (atuação do assistente; ônus processuais).
BREVES COMENTÁRIOS
Quando houver assistência e ocorrer sucumbência da parte assistida, o assistente será condenado
nas custas em proporção à atividade que houver exercido no processo. Caberá ao juiz arbitrar em que
proporção o assistente atuou no processo, para determinar a sua parcela de responsabilidade pelos
encargos sucumbenciais. Não há, contra ele, condenação em honorários.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacyr Lobo da Costa, Assistência, São Paulo: Saraiva, 1968; Humberto Theodoro Jr., Curso de
direito processual civil, v. I, n. 130; Luiz Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 95. Cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado, sendo
a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia ou rateada quando a perícia for
determinada de ofício ou requerida por ambas as partes.
§ 1º O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do
perito deposite em juízo o valor correspondente.
§ 2º A quantia recolhida em depósito bancário à ordem do juízo será corrigida monetariamente
e paga de acordo com o art. 465, § 4º.
§ 3º Quando o pagamento da perícia for de responsabilidade de beneficiário de gratuidade da
justiça, ela poderá ser:
I – custeada com recursos alocados no orçamento do ente público e realizada por servidor do
Poder Judiciário ou por órgão público conveniado;
II – paga com recursos alocados no orçamento da União, do estado ou do Distrito Federal, no
caso de ser realizada por particular, hipótese em que o valor será fixado conforme tabela do tribunal
respectivo ou, em caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça.
§ 4º Na hipótese do § 3º, o juiz, após o trânsito em julgado da decisão final, oficiará a Fazenda
Pública para que promova, contra quem tiver sido condenado ao pagamento das despesas
processuais, a execução dos valores gastos com a perícia particular ou com a utilização de servidor
público ou da estrutura de órgão público, observando-se, caso o responsável pelo pagamento das
despesas seja beneficiário de gratuidade da justiça, o disposto no art. 98, § 2º.
§ 5º Para fins de aplicação do § 3º, é vedada a utilização de recursos do fundo de custeio da
Defensoria Pública.
CPC/1973
Art. 33.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 84 (despesas: remuneração de assistente técnico); 91 (despesas requeridas pelo MP ou
Fazenda Pú-blica); 485 (extinção do processo sem resolução de mérito por falta de depósito prévio da
remuneração do perito); 996 (recurso do perito quanto à fixação da remuneração).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 232: “A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à exigência do depósito prévio
dos honorários do perito.”
Súmula do TFR:
Nº 69: “Incumbe ao expropriante pagar o salário do assistente técnico do expropriado.”
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 199; Calmon de Passos,
Inovações no CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 99; Luiz Henrique Volpe Camargo, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 96. O valor das sanções impostas ao litigante de má-fé reverterá em benefício da parte
contrária, e o valor das sanções impostas aos serventuários pertencerá ao Estado ou à União.
CPC/1973
Art. 35.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 81 (litigância de má-fé), 202 (cotas marginais ou interlineares), 234, §1º 2º (cobrança
dos autos ao advogado), 234, § 4º (cobrança dos autos ao órgão do MP ou ao representante da Fazenda
Pública), 258 (requerimento doloso de citação por edital), 468 (substituição do perito ou do assistente:
multa por falta de prestação do compromisso), 477, § 1º (atraso na entrega do laudo), 968, II (ação
rescisória; petição inicial; depósito de percentual sobre o valor da causa), 974 (ação rescisória;
restituição ou reversão do depósito), 1.026, §§ 2º e 3º (embargos de declaração protelatórios), 774,
parágrafo único (sanção ao atentado à dignidade da justiça, no processo de execução), 897 (sanção ao
arrematante), 896, § 2º (administração de imóvel de incapaz; arrependimento da arrematação), 777
(cobrança de multas na própria execução), e 302 (responsabilidade objetiva na extinção de medida
cautelar).
BREVES COMENTÁRIOS
Além da litigância de má-fé, há previsão legal de sanção por ato atentatório à dignidade da justiça,
caso em que a multa reverte aos cofres públicos (NCPC, art. 77, § 3º), diversamente do que ocorre em
relação às penas aplicáveis à conduta processual de má-fé (art. 96).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 237/238; Luiz
Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 97. A União e os estados podem criar fundos de modernização do Poder Judiciário, aos
quais serão revertidos os valores das sanções pecuniárias processuais destinadas à União e aos
estados, e outras verbas previstas em lei.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Henrique Volpe Camargo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2015.
Seção IV
Da Gratuidade da Justiça
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos
para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade
da justiça, na forma da lei.
§ 1º A gratuidade da justiça compreende:
I – as taxas ou as custas judiciais;
II – os selos postais;
III – as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em outros
meios;
IV – a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do empregador
salário integral, como se em serviço estivesse;
V – as despesas com a realização de exame de código genético (DNA) e de outros exames
considerados essenciais;
VI – os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor
nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua estrangeira;
VII – o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração da
execução;
VIII – os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação e
para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX – os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de registro,
averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à
continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido.
§ 2º A concessão de gratuidade não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas
processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência.
§ 3º Vencido o beneficiário, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos 5 (cinco) anos subsequentes
ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a
situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo-se,
passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
§ 4º A concessão de gratuidade não afasta o dever de o beneficiário pagar, ao final, as multas
processuais que lhe sejam impostas.
§ 5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou
consistir na redução percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no
curso do procedimento.
§ 6º Conforme o caso, o juiz poderá conceder direito ao parcelamento de despesas processuais
que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
§ 7º Aplica-se o disposto no art. 95, §§ 3º a 5º, ao custeio dos emolumentos previstos no § 1º,
inciso IX, do presente artigo, observada a tabela e as condições da lei estadual ou distrital
respectiva.
§ 8º Na hipótese do § 1º, inciso IX, havendo dúvida fundada quanto ao preenchimento atual dos
pressupostos para a concessão de gratuidade, o notário ou registrador, após praticar o ato, pode
requerer, ao juízo competente para decidir questões notariais ou registrais, a revogação total ou
parcial do benefício ou a sua substituição pelo parcelamento de que trata o § 6º deste artigo, caso
em que o beneficiário será citado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se sobre esse requerimento.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 1.060/1950 (assistência judiciária aos necessitados).
BREVES COMENTÁRIOS
Como regra geral, a parte tem o ônus de custear as despesas das atividades processuais,
antecipando-lhe o respectivo pagamento, à medida que o processo realiza sua marcha. Exigir, porém,
esse ônus como pressuposto indeclinável de acesso ao processo seria privar os economicamente fracos
da tutela jurisdicional do Estado.
Daí garantir a Constituição a assistência judiciária aos necessitados, na forma da lei, assistência
essa que também é conhecida como Justiça gratuita (Constituição Federal, art. 5º, inc. LXXIV). Acha-se a
assistência judiciária regulada, ordinariamente, pela Lei nº 1.060, de 05.02.1950, parcialmente revogada
pelo novo Código (art. 1.072, III, que revogou os arts. 2º, 3º, 4º, caput e §§ 1º a 3º, 6º, 7º, 11, 12 e 17, da
Lei), que passou a tratar, expressamente, da gratuidade da Justiça, nos arts. 98 a 102.
Estabelece a legislação nova que a Justiça gratuita pode ser outorgada tanto aos brasileiros como
aos estrangeiros aqui residentes, desde que necessitados. Importante destacar que, conforme o grau de
necessidade, a assistência judiciária gratuita poderá ser total ou parcial, ou seja, poderá ser concedida
em relação a algum ou a todos os atos processuais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Alexandria de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser
formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a
falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.
§ 4º A assistência do requerente por advogado particular não impede a concessão de
gratuidade da justiça.
§ 5º Na hipótese do § 4º, o recurso que verse exclusivamente sobre valor de honorários de
sucumbência fixados em favor do advogado de beneficiário estará sujeito a preparo, salvo se o
próprio advogado demonstrar que tem direito à gratuidade.
§ 6º O direito à gratuidade da justiça é pessoal, não se estendendo a litisconsorte ou a sucessor
do beneficiário, salvo requerimento e deferimento expressos.
§ 7º Requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o recorrente estará
dispensado de comprovar o recolhimento do preparo, incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o
requerimento e, se indeferi-lo, fixar prazo para realização do recolhimento.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 1.060/1950 (assistência judiciária aos necessitados).
BREVES COMENTÁRIOS
Os benefícios da gratuidade de justiça não requerem postulação em procedimento apartado e são
deferidos de plano, sem depender de prévia manifestação da parte contrária. Não há mais previsão de
procedimento para postulação da gratuidade da justiça antes do ajuizamento da causa, como antigamente
previa a Lei nº 1.060/1950. No sistema novo, tudo se passa incidentemente, no curso do processo,
bastando que o interessado peticione ao juiz competente. Os benefícios podem ser requeridos na petição
inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. Caso o pedido
seja realizado após a primeira manifestação da parte na instância, poderá ser formulado por simples
petição, no bojo do processo, sem suspender o seu curso.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Alexandria de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na
réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por
terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do
próprio processo, sem suspensão de seu curso.
Parágrafo único. Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que tiver
deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título de multa, que
será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita em dívida
ativa.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 1.060/1950 (assistência judiciária aos necessitados).
BREVES COMENTÁRIOS
Caberá à parte contrária, após o deferimento, oferecer impugnação, que pode ser feita na
contestação, na réplica ou nas contrarrazões de recurso. Se a concessão da assistência for superveniente
aos momentos ora aludidos, a impugnação dar-se-á por meio de petição simples, no prazo de quinze dias,
nos autos do próprio processo e sem suspensão do seu curso. Igual regra se observará quando a
gratuidade for deferida a terceiro interveniente.
Quando, por qualquer motivo legal, o benefício da gratuidade for revogado, a parte se submeterá às
seguintes regras: (i) pagará as despesas processuais que tiver deixado de adiantar; (ii) em caso de má-fé,
pagará multa de até o décuplo do valor de referidas despesas, que será revertida em benefício da
Fazenda Pública estadual ou federal e poderá ser inscrita em dívida ativa.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Alexandria de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua
revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença,
contra a qual caberá apelação.
§ 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a
questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.
§ 2º Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado
determinará ao recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob
pena de não conhecimento do recurso.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 1.060/1950 (assistência judiciária aos necessitados).
BREVES COMENTÁRIOS
O dispositivo visa não embaraçar o acesso do recurso ao tribunal por problemas ligados às
despesas de preparo e subida. Em contrapartida, se for confirmada a recusa do juízo a quo, a parte terá
de recolher o preparo em cinco dias, sob pena de não conhecimento do recurso.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Alexandria de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 102. Sobrevindo o trânsito em julgado de decisão que revoga a gratuidade, a parte deverá
efetuar o recolhimento de todas as despesas de cujo adiantamento foi dispensada, inclusive as
relativas ao recurso interposto, se houver, no prazo fixado pelo juiz, sem prejuízo de aplicação das
sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Não efetuado o recolhimento, o processo será extinto sem resolução de
mérito, tratando-se do autor, e, nos demais casos, não poderá ser deferida a realização de nenhum
ato ou diligência requerida pela parte enquanto não efetuado o depósito.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 1.060/1950 (assistência judiciária aos necessitados).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Alexandria de Oliveira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Capítulo III
DOS PROCURADORES
Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem
dos Advogados do Brasil.
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal.
CPC/1973
Art. 36.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 76 (incapacidade processual; consequência), 111 (revogação do mandato), 112
(renúncia do mandato), 313, I (suspensão do processo por morte do advogado), 485, IV e § 3º (extinção
do processo sem resolução de mérito por representação irregular), 354 (extinção do processo) e 1.004
(recurso; falecimento do advogado; consequências).
Estatuto da Advocacia, arts. 8º e 9º (legitimação para o exercício das funções de advogado e
estagiário), 4º (nulidade de atos praticados por pessoas não habilitadas) e 5º, § 3º (renúncia do mandato;
revogação do mandato).
Lei nº 11.101/05, art. 9º (habilitação de crédito em falência).
Lei do Inquilinato, art. 62, II e parágrafo único (ação de despejo por falta de pagamento de aluguéis
e encargos; purga da mora).
Lei nº 4.591, de 16.12.1964 (condomínio e incorporações), art. 63, § 5º.
SÚMULAS VINCULANTES
Nº 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.”
BREVES COMENTÁRIOS
Não se confunde a capacidade processual, que é a aptidão para ser parte, com a capacidade de
postulação, que vem a ser a aptidão para realizar os atos do processo de maneira eficaz. A capacidade de
postulação em nosso sistema processual compete exclusivamente aos advogados, de modo que é
obrigatória a representação da parte em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil (NCPC, art. 103). Trata-se de um pressuposto processual, cuja inobservância
conduz à nulidade do processo (arts. 1º e 3º da Lei nº 8.906, de 04.07.1994).
Entretanto, algumas leis especiais preveem a possibilidade excepcional de a postulação em juízo
ocorrer sem a participação do advogado. Por exemplo: (i) o art. 9º da Lei nº 9.099/1995 permite à
própria parte ajuizar a ação perante os juizados especiais cíveis ou de pequenas causas, sem assistência
de advogado, nas ações cujo valor seja de até 20 salários mínimos. Porém, acima desse valor, a
assistência advocatícia é obrigatória; e (ii) o art. 791 da CLT admite que os empregados e os
empregadores reclamem pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhem as suas reclamações
até o final.
Permite, ainda, o art. 103, parágrafo único, que a parte postule em causa própria, isto é, sem outorga
de mandato a advogado, quando tiver habilitação legal.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Edson Prata, Capacidade postulatória, mandato e direito do advogado, RBDP 31/11; Roberto Rosas,
O advogado no CPC, RFDUU 5/259; Roberto Rosas, O advogado no sistema processual civil, Ajuris
12/125; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 91; Amaral Santos,
Primeiras linhas de direito processual civil, v. I, n. 298.
Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar
preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.
§ 1º Nas hipóteses previstas no caput, o advogado deverá, independentemente de caução,
exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do
juiz.
§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi
praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.
CPC/1973
Art. 37.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CPC, art. 13.
CPC, art. 254 (atos processuais; exibição de procuração).
EOAB, art. 5º (prova do mandato).
Lei de Assistência Judiciária, art. 16 (exibição do mandato na hipótese de assistência judiciária).
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 644: “Ao titular do cargo de procurador de autarquia não se exige a apresentação de instrumento
de mandato para representá-la em juízo.”
Súmula do STJ:
Nº 115: “Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos
autos.” (Observa-se que o novo CPC trata esse vício não mais como inexistência, e sim como ineficácia).
BREVES COMENTÁRIOS
O advogado, em regra, não pode postular sem a exibição do competente instrumento de mandato.
Essa exigência é dispensada provisoriamente em casos de urgência. Assim é que lhe é permitido, em
nome da parte, intentar ação, a fim de evitar preclusão, decadência ou prescrição. E, ainda, poderá
intervir no processo, praticar atos reputados urgentes, como contestar uma ação ou embargar uma
execução, estando ausente a parte interessada.
Apresentada a procuração, o ato praticado estará perfeito e considerar-seá ratificado na data de sua
prática. Mas, não exibido o instrumento no prazo de quinze dias, o ato do advogado sem mandato “será
considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado”, ficando o causídico, ainda,
responsável pelas despesas e perdas e danos que acarretar ao processo (art. 104, § 2º). Superou-se o
entendimento antigo de que ocorreria, na espécie, ato processual inexistente.
CPC/1973
Art. 38.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 111 (revogação mandato), 112 (renúncia ao mandato), 239 (indispensabilidade da
citação inicial do réu), 287 (falta de procuração, nulidade) e 390, § 1º (confissão judicial).
CC, arts. 653 a 655 (mandato) e 692 (mandato judicial).
Lei nº 8.906, de 04.09.1994 (Estatuto da Advocacia – ver Legislação Especial) e art. 5º, § 2º
(procuração geral para o foro).
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial), art. 2º.
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 115: “Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos
autos.”
Súmula do TRF:
Nº 45: “É dispensável a exigência de reconhecimento de firma em procuração com cláusula ad
judicia, outorgada a advogado para postulação em juízo apenas com poderes gerais para o foro.”
BREVES COMENTÁRIOS
Para que o advogado represente a parte no processo, há de estar investido de poderes adequados,
que devem ser outorgados por mandato escrito, público ou particular assinado pela parte. O instrumento
público só é obrigatório para os analfabetos ou para os que não tenham condições de assinar o nome.
Admite-se que a procuração ad judicia seja assinada digitalmente, na forma da lei.
Para o instrumento particular de mandato judicial não se exigem maiores solenidades. Basta que o
documento seja assinado pelo outorgante, sendo desnecessário o reconhecimento de firma. Qualquer
pessoa maior e capaz, mesmo os menores devidamente representados ou assistidos, pode constituir
advogado por instrumento particular.
A procuração judicial não depende de especificação de poderes, pois é suficiente outorgá-la como
“procuração geral para o foro” (procuração ad judicia) para que o advogado esteja habilitado a praticar
todos os atos do processo. Dependem, porém, de outorga expressa em cláusula específica os poderes
para receber a citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir,
renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar
declaração de hipossuficiência econômica.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 39.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 330, IV (indeferimento da petição inicial por postulação em causa própria sem
declaração do endereço ou de comunicação de sua mudança, por ausência de requisitos ou documentos
essenciais).
Lei nº 9.028/1995, art. 6º (intimação do Advogado-Geral da União).
BREVES COMENTÁRIOS
Os direitos e deveres dos advogados acham-se especificados no Estatuto da Ordem dos Advogados
(Lei nº 8.906, de 04.07.1994). O novo Código de Processo Civil, no entanto, especifica certos deveres e
obrigações diretamente ligados a exercício do mandato judicial. Quando o advogado atua por força de
mandato, ele exibirá procuração em que constam seu número de inscrição na OAB e endereço completo.
Se a postulação se der em causa própria, não haverá procuração, mas ao advogado impõem-se os
deveres previstos neste artigo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso Antônio Rossi, A obrigatoriedade do endereço do advogado na petição inicial, RT 479/247;
RF 254/465; Marcus Vinicius Furtado Coelho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 40.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 207, parágrafo único (direito de rubricar folhas do processo), 289 (direito de fiscalizar
a distribuição);
Estatuto da Advocacia, art. 7º, VI, VII, VIII, XII, XIII, XIV, XV (direitos genéricos dos advogados).
Regimento Interno do STF, art. 86 (retirada de autos).
Regimento Interno do STJ, art. 94 (idem).
SÚMULA VINCULANTE
Nº 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”
BREVES COMENTÁRIOS
A faculdade de examinar em cartório os autos (inciso I) pode ser usada a qualquer tempo e mesmo
por advogado que não tenha procuração nos autos; desde que o feito não corra em segredo de Justiça.
Contudo, as faculdades de requerer vista dos autos e retirá-los do cartório (incisos II e III) são
exclusivas dos advogados das partes que litigam no processo e dependem de mandato nos autos.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I; Marcus Vinicius Furtado Coelho,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo IV
DA SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES
Art. 108. No curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária das partes nos casos
expressos em lei.
CPC/1973
Art. 41.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 329, II (formação do processo), 778 e 779 (processo de execução; legitimação das
partes).
SÚMULAS
Súmula do TST:
Nº 256: “O substituído processualmente pode, antes da sentença, desistir da ação.”
BREVES COMENTÁRIOS
O processo, uma vez aperfeiçoada a relação processual pela integração de todos os seus elementos
subjetivos, estabiliza-se. Nesse sentido, dispõe este artigo que somente será lícita a sucessão voluntária
das partes nos casos previstos em lei.
O CPC/1973, nesse ponto, denominava de hipótese de substituição o que era considerado impróprio
pela doutrina. O NCPC passou a denominar de sucessão processual o que, de fato, ocorre, vez que o
dispositivo cuida especificamente de ingresso na causa do sucessor, no lugar do sucedido.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não
altera a legitimidade das partes.
§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou
cedente, sem que o consinta a parte contrária.
§ 2º O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do
alienante ou cedente.
§ 3º Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou
cessionário.
CPC/1973
Art. 42.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 119 a 123 (assistência), 240 (efeitos da citação), 778 e 779 (execução; legitimação),
792 (fraude de execução) e 808 (idem).
BREVES COMENTÁRIOS
O adquirente de coisa ou direito litigioso só pode suceder o alienante com o consentimento da parte
contrária. Isto não quer dizer que o titular do direito material litigioso não possa transferi-lo na
pendência do processo. Pode, mas não deixará de ser a parte da relação processual, em que, a partir da
alienação, passará a agir como substituto processual do adquirente.
A sentença contra o alienante se executa contra o adquirente da coisa litigiosa, como se o bem ainda
pertencesse à parte vencida. A coisa julgada contra um atinge o outro, para impedir que a fraude burle a
prestação jurisdicional. Da mesma forma, a sentença favorável ao cedente será executada a benefício do
cessionário. A coisa julgada, qualquer que seja o teor da sentença, atingirá igualmente a parte primitiva e
o cessionário do direito litigioso.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lopes da Costa, Direito processual civil, v. I, n. 448, p. 320 – sobre despesas do processo que o
vencedor tem direito; Carlos Alberto Álvaro de Oliveira, Alienação da coisa litigiosa, Rio de Janeiro:
Forense, 1984; Arruda Alvim, O terceiro adquirente de bem imóvel do réu, pendente ação reivindicatória
não inscrita no registro de imóveis, e a eficácia da sentença em relação a esse terceiro, no direito
brasileiro, RP 31/189; Marcus Vinicius Furtado Coelho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou
pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1º e 2º.
CPC/1973
Art. 43.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 75 (representação em juízo), 221 (prazo; suspensão por morte do advogado da parte),
313, I (suspensão do processo por morte da parte ou do seu procurador), 1.004 (recurso; falecimento da
parte ou do seu advogado), 618, I (nomeação de inventariante; cônjuge sobrevivente), e 687 a 692
(habilitação).
BREVES COMENTÁRIOS
No caso de morte de qualquer dos litigantes, a sucessão por seu espólio ou seus sucessores é
necessária, salvo a hipótese de ação intransmissível (NCPC, art. 110). Haverá suspensão do processo
para que se promova a habilitação incidente dos interessados (art. 685). O novo Código não reproduziu a
regra do anterior de que, no caso de óbito, estando o feito com a audiência de instrução e julgamento em
curso, deveria o processo continuar até a sentença e só aí dar-se-ia sua suspensão até a efetiva
habilitação dos sucessores ou do espólio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Orione Neto, Sucessão e substituição processual – traços distintivos, RP 46/221; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 97; Marcus Vinicius Furtado Coelho, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 111. A parte que revogar o mandato outorgado a seu advogado constituirá, no mesmo ato,
outro que assuma o patrocínio da causa.
Parágrafo único. Não sendo constituído novo procurador no prazo de 15 (quinze) dias,
observar-se-á o disposto no art. 76.
CPC/1973
Art. 44.
BREVES COMENTÁRIOS
A substituição do advogado no curso do processo pode decorrer de ato de vontade ou de fato
natural. Pode advir de revogação ou renúncia do mandato, da morte ou incapacidade do próprio
advogado. Pode, ainda, decorrer de caso de força maior que o impeça de continuar no patrocínio da
causa.
Quando a parte revogar o mandato outorgado ao seu advogado, no mesmo ato constituirá outro que
assuma sua função nos autos. A desobediência dessa regra levará à extinção do processo se o autor ficar
sem advogado que o represente, pois faltará um pressuposto de desenvolvimento válido da relação
processual (art. 485, IV). Se a omissão for do réu, o processo deverá prosseguir à sua revelia, com as
consequências dos arts. 344 e 346.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. 1; Marcus Vinicius Furtado
Coelho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 112. O advogado poderá renunciar ao mandato a qualquer tempo, provando, na forma
prevista neste Código, que comunicou a renúncia ao mandante, a fim de que este nomeie sucessor.
§ 1º Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante,
desde que necessário para lhe evitar prejuízo.
§ 2º Dispensa-se a comunicação referida no caput quando a procuração tiver sido outorgada a
vários advogados e a parte continuar representada por outro, apesar da renúncia.
CPC/1973
Art. 45.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
EOAB, arts. 5º, § 3º (renúncia ao mandato), 34, XI (infração disciplinar) e 36 (pena de censura).
BREVES COMENTÁRIOS
Quando a representação processual tiver de cessar, em virtude de renúncia do advogado ao seu
mandato, deve-rá este cientificar a parte para que lhe nomeie sucessor. Durante os dez dias seguintes à
cientificação, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para lhe evitar
prejuízo. Não há exigência legal de uma forma solene de cientificação. Qualquer meio de ciência será
válido. Um “ciente” na declaração pessoalmente apresentada, um telegrama, um telex ou fax ou e-mail,
conforme o caso, serão suficientes para a comprovação a ser feita em juízo pelo advogado, para liberar-
se do munus processual de continuar representando a parte.
O novo Código dispensa a comunicação ao mandante, caso a procuração tenha sido outorgada a
vários advogados e a parte continue representada por outro, apesar da renúncia.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, t. I, p. 460-463;
Calmon de Passos, Inovações no CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 95; Marcus Vinicius Furtado
Coelho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou
passivamente, quando:
I – entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II – entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III – ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de
conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida
solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.
§ 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que
recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.
CPC/1973
Art. 46.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 75, § 1º (inventariante dativo), 124 (assistência qualificada), 127 e 128 (denunciação
da lide), 54 (modificações da competência), 57 (reunião de ações), 139 (juiz; direção do processo), 229
(prazo geral), 231, II (intimação; fluência do prazo), 319 (petição inicial; requisitos; causa de pedir),
335, § 1º (resposta do réu; prazo; litisconsórcio passivo), 345, I (efeito da revelia), 385 (depoimento
pessoal), 391 (confissão), 364, § 1º (instrução e julgamento; debates orais; prazo), 506 (coisa julgada;
limites subjetivos; questões de estado), 998 (desistência de recurso), 1.005 (extensão de recurso), 924
(extinção da execução), 575 (ação de demarcação) e 598 (ação de divisão).
Lei nº 7.347, de 24.07.1985, art. 5º, § 2º (ação civil pública).
Lei nº 4.717, de 29.06.1965, arts. 6º, § 5º, e 7º, III (ação popular).
Lei nº 12.016, de 07.08.2009, arts. 10, § 2º, e 24 (mandado de segurança).
Lei nº 9.099, de 26.09.1995, art. 10 (juizados especiais).
Regimento de Custas da Justiça Federal, arts. 10, §§ 2º e 5º, e 12 (preparo de recurso).
Regimento Interno do STF, arts. 68, § 1º, e 132, § 2º (preparo de recurso; sustentação oral).
BREVES COMENTÁRIOS
O elenco do art. 113 compreende, como se vê, o litisconsórcio tanto necessário como o facultativo.
Aliás, como regra geral, os casos arrolados pelo Código, no dispositivo comentado, podem ser havidos
como de litisconsórcio facultativo, pois, segundo o próprio texto legal, as partes podem litigar em
conjunto, mas nem sempre estão forçadas a tanto.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Piaza Merigue da Cunha, Litisconsórcio eventual entre sócios e sociedade empresária quando da
desconsideração da personalidade jurídica, RBDPro, ano 22, n. 86, p. 205-218, abr.-jun. 2014; Ada
Pellegrini Grinover, O direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014, p. 611-615.
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da
relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser
litisconsortes.
CPC/1973
Art. 47.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 240, § 2º (promoção da citação), 485, III (extinção do processo sem resolução de
mérito: abandono da causa), 354 (extinção do processo), 967, II (ação rescisória; propositura por
terceiro interessado), 1.005 (recurso; litisconsórcio; aproveitamento a todos os interessados) e 903
(litisconsórcio necessário em ação anulatória de arrematação).
Código do Consumidor, art. 94 (citação de litisconsortes nas ações coletivas para defesa de
interesse individual homogêneo de consumidores).
Lei nº 12.016, de 07.08.2009 (Mandado de Segurança – ver Legislação Especial), art. 24 (aplicação
subsidiária do CPC).
BREVES COMENTÁRIOS
Conjugando o art. 113 com o 114, conclui-se que, nas mesmas hipóteses do primeiro dispositivo, o
litisconsórcio será necessário (isto é, não poderá ser dispensado pelos litigantes) “quando, pela natureza
da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser
litisconsortes”.
Em síntese, o sistema do Código é de reunir no art. 113 os casos em que litisconsórcio pode ser
facultativo, e no art. 114 especificar as condições para que ele seja necessário.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Guilherme Estellita, Do litisconsórcio no direito brasileiro, Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1955,
p. 179 – sobre a distinção entre “questões” e “causas’’; Lopes da Costa, Direito processual civil, v. I, n.
405, 406, 468 e 469; Instituições, v. I, n. 39-B; Chiovenda, Ensayos de derecho procesal civil, v. III, p.
322 – sobre ineficácia da sentença quando da não formação do litisconsórcio; Vittorio Denti, Appunti sul
litisconsorzio necessario, Rivista di Dir. Proc. Civile, 1959, p. 14;. Luiz Fux, Rodrigo Fux, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será:
I – nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o
processo;
II – ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados.
Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor
que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena
de extinção do processo.
BREVES COMENTÁRIOS
Segundo antigo entendimento doutrinário, a que o NCPC se manteve fiel, o litisconsórcio necessário
ocorre apenas no polo passivo do processo. Não há, pois, litisconsórcio necessário ativo, em regra. A
previsão de litisconsorte necessário é claramente voltada para o litisconsórcio passivo, hipótese em que
sua citação é indispensável, sob pena de, não ocorrendo, acarretar a extinção do processo sem resolução
do mérito. A lei, quando trata de causas que envolvem interesses de mais de uma pessoa, como na
hipótese de marido e mulher, não condiciona a eficácia do processo à presença de todos no polo ativo da
demanda. Cogita apenas de consentimento, que, em caso de recusa, admite suprimento judicial (NCPC,
arts. 73 e 74).
Já no que diz respeito ao polo passivo, o litisconsórcio, quando necessário, não pode ser
descumprido. Verificada a omissão, o juiz ordenará a respectiva superação, como medida necessária à
regularização do processo.
Não cabe ao juiz, todavia, determinar diretamente a inclusão de outros réus na relação processual. É
ao autor que toca identificar contra quem deseja demandar. Por isso, o juiz, in casu, verificando que falta
litisconsórcio necessário no polo passivo da ação proposta, “determinará ao autor que requeira a citação
de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo”
(NCPC, art. 115, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Fux e Rodrigo Fux, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver
de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes.
CPC/1973
Art. 47.
BREVES COMENTÁRIOS
O Código novo, de modo diferente do anterior, reconhece e define os litisconsórcios necessário e
unitário como figuras distintas. O necessário acontece nas situações arroladas no art. 114. O unitário é, na
definição legal, o litisconsórcio formado quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, “o juiz
tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes”. A justificação (lógica e
jurídica), tanto do litisconsórcio necessário quanto do unitário, deita raízes no Direito material que o
processo terá de enfrentar para chegar à composição do litígio. É, como se depreende dos enunciados
dos arts. 114 e 116, a natureza da relação jurídica material controvertida (objeto do processo) que
determinará a configuração do litisconsórcio, ora necessário, ora unitário.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Fux e Rodrigo Fux, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como
litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não
prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar.
CPC/1973
Art. 48.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 1.005 (recurso; litisconsórcio; aproveitamento a todos os interessados).
BREVES COMENTÁRIOS
Em regra, os litisconsortes se consideram litigantes autônomos em seu relacionamento com a parte
contrária. O princípio, no entanto, é de maior aplicação ao litisconsórcio simples, que funciona como
cumulação de ações dos vários litigantes, sendo possível soluções diferentes para cada um dos vários
litisconsortes.
Quando se cuida, porém, de litisconsórcio unitário, a regra é de escassa aplicação ou menor efeito
prático, posto que a decisão final terá de ser proferida de modo uniforme para todos os litisconsortes.
Desse modo, os atos que beneficiarem um litisconsorte unitário beneficiarão também os demais. Mas o
contrário não prevalece, isto é, os atos e as omissões de um litisconsorte unitário potencialmente lesivos
aos interesses dos demais não os prejudicam, porque é evidente que não se pode fazer perecer direito de
outrem.
Em suma: no litisconsórcio unitário, os atos benéficos alcançam todos os litisconsortes, mas não os
atos e as omissões prejudiciais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Alfredo Buzaid, Do ônus da prova, RF 204/412 – sobre prova e litisconsórcio; José Carlos Barbosa
Moreira, Litisconsórcio unitário, p. 174; Amaral Santos, Primeiras linhas de direiro processual civil, v.
II, p. 17; Luiz Fux, Rodrigo Fux, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 118. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo, e todos
devem ser intimados dos respectivos atos.
CPC/1973
Art. 48.
BREVES COMENTÁRIOS
Ainda que seja unitário o litisconsorte, cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do
processo e todos devem ser intimados dos respectivos atos. Para a prática dos atos processuais
prevalece autonomia dos litisconsortes, em qualquer circunstância, seja no que toca à iniciativa, seja no
que se refere à intimação dos atos do juiz, dos outros litisconsortes, ou de outra parte.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Fux e Rodrigo Fux, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
TÍTULO III
DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Capítulo I
DA ASSISTÊNCIA
Seção I
Disposições Comuns
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado
em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de
jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.
CPC/1973
Art. 50.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 361, § 1º (prazo para alegações finais).
Lei nº 9.099, de 26.09.1995 (Juizados Especiais – ver Legislação Especial), art. 10: “Não se
admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o
litisconsórcio.”
Lei nº 9.469, de 10.09.1997 (Advocacia-Geral da União – ver Legislação Especial), art. 5º
(intervenção da União, nas ações contra entes da Administração Indireta).
Lei nº 8.078, de 11.09.1990 (Consumidor – ver Legislação Especial), arts. 90 (aplicação do CPC);
94 (intervenção litisconsorcial na ação civil coletiva).
Lei nº 7.347, de 24.07.1985 (Ação Civil Pública – ver Legislação Especial), art. 5º, § 2º
(habilitação dos colegitimados).
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 218: “É competente o juízo da Fazenda Nacional da capital do estado, e não o da situação da
coisa, para a desapropriação promovida por empresa de energia elétrica, se a União Federal intervém
como assistente.”
Súmula do STJ:
Nº 150: “Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a
presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.”
Súmula do TFR:
Nº 62: “Compete a Justiça Federal processar e julgar ação de desapropriação promovida por
concessionária de energia elétrica, se a União intervém como assistente.”
BREVES COMENTÁRIOS
A intervenção do terceiro, como assistente, pressupõe interesse. Mas seu interesse não consiste na
tutela de seu direito subjetivo, porque não integra ele a lide a solucionar; mas na preservação ou na
obtenção de uma situação jurídica de outrem (a parte) que possa influir positivamente na relação jurídica
não litigiosa existente entre ele, assistente, e a parte assistida.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Marina França Santos, Intervenção de terceiro negociada: possibilidade aberta pelo novo Código de
Processo Civil, Revista de Processo, v. 241/2015, p. 95-108, mar. 2015; Marina França Santos,
Intervenção de terceiro negociada: possibilidade aberta pelo novo Có-digo de Processo Civil, RBDPro,
ano 23, n. 89, p. 155-166, jan.-mar. 2015.
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será
deferido, salvo se for caso de rejeição liminar.
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para
intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo.
CPC/1973
Art. 51.
BREVES COMENTÁRIOS
A assistência deve ser requerida, por petição do terceiro interessado, dentro dos autos em curso.
Ambas as partes serão ouvidas e qualquer delas poderá impugnar o pedido, em quinze dias, contados da
intimação.
Se não houver impugnação, ao juiz caberá, simplesmente, admitir a assistência sem maior
apreciação em torno do pedido, salvo se for caso de rejeição liminar, por evidente descabimento da
pretensão. Não se admite um veto puro e simples à assistência, porque, havendo interesse jurídico do
terceiro, é direito seu intervir no processo como assistente.
Se, todavia, houver impugnação, esta só poderá referir-se à falta de interesse jurídico do terceiro
para interferir a bem do assistido.
Da impugnação decorre um procedimento incidental que não deverá prejudicar nem suspender o
andamento do processo principal; i.e., o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do processo. O
julgamento do incidente provocado pelo pedido de assistência configura decisão interlocutória e, como
tal, desafia recurso de agravo de instrumento.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Manoel Fernandes do Thompson Motta Filho, Do cabimento da assistência no processo de
execução, RP 43/241; José Cretella Júnior, Intervenção da União, como assistente, em desapropriação,
RF 284/121; Marcus Vinicius de Abreu Sampaio, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Assistência em causa pendente. “A intervenção de terceiros como assistente em causa pendente
constitui mero incidente desta, sendo a decisão que a admite ou não de natureza interlocutória, a desafiar
agravo e não apelação” (TJRJ, Ap 35.383, Rel. Des. Fonseca Passos, jul. 14.02.1985).
2. Impugnação. “O assistente recebe o processo no estado em que se encontra (CPC, art. 50,
parágrafo único), mas seu ingresso no processo está sujeito à impugnação quando lhe faltar interesse
jurídico (CPC, art. 51)” (STJ, AgRg na PET nos EDcl no AgRg no Ag 1.159.688/BA, Rel. Min. Ari
Pargendler, Corte Especial, jul. 16.06.2010, DJe 05.08.2010).
● “Requerida a assistência, as partes devem ser ouvidas a respeito, e a petição que eventualmente
venha a impugná-la será desentranhada e autuada em apenso, para o processamento do incidente; até que
o pedido de assistência de uma das pessoas enumeradas no art. 109, inciso I, da Constituição Federal
seja decidido, a competência é da Justiça federal, sem que se caracterize o conflito de competência,
porque só o juiz federal pode encarar o interesse da União, suas autarquias e empresas públicas” (STJ,
CC 25.967/SE, Rel. Min. Ari Pargendler, 2ª Seção, jul. 12.12.2001, DJ 18.03.2002, p. 167).
● “A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus de
jurisdição, mas, se houver impugnação, o juiz determinará, sem suspensão do processo, o
desentranhamento da petição e da impugnação, mandará autuá-las em apenso, autorizará a produção de
provas e decidirá, dentro de cinco dias, o incidente” (TJSC, Ap 22.558, Rel. Des. May Filho, 3ª Câmara,
jul. 23.04.1985).
Ausência de impugnação do pedido de assistência. Deferimento. “O artigo 51 do CPC reclama
exegese compatível com o artigo 50 do mesmo diploma, por isso que o primeiro dispositivo deve ser
interpretado no sentido de que, não havendo impugnação, o pedido do assistente será deferido, desde que
presente o interesse jurídico” (STJ, REsp 821.586/PR, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, jul. 07.10.2008,
DJe 03.11.2008).
Recurso cabível. “Havendo impugnação ao despacho que admitiu a assistência, o agravo de
instrumento e o recurso cabível, não vestindo as características de despacho de mero expediente” (STJ,
REsp 46.102/MG, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma, jul. 20.08.1996, DJ 30.09.1996,
p. 36.637).
Seção II
Da Assistência Simples
Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos
poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será
considerado seu substituto processual.
CPC/1973
Art. 52.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 94 (despesas processuais: sucumbência do assistido), 344 (revelia).
CC, arts. 861 a 875 (gestão de negócios).
BREVES COMENTÁRIOS
Pode o assistente simples produzir provas, requerer diligências e perícias, apresentar razões e
participar de audiências (NCPC, art. 121, caput). Não é diversa a situação do litisconsorte qualificado,
uma vez que se comporta legalmente como litisconsorte, ou seja, como parte do processo em que veio a
integrar-se, supervenientemente (NCPC, art. 124).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Lobo da Costa, Assistência, p. 168 – sobre assistente adesivo; Chiovenda, Instituições, v.
II, p. 329 – sobre assistente adesivo; Arruda Alvim e outros, O gestor de negócios e o curador especial
diante da revelia do réu assistido, RP 10/217; Marcus Vinicius de Abreu Sampaio, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Fredie Didier Júnior, Novo Código
de Processo Civil: principais alterações do sistema processual civil, São Paulo: Rideel, 2014.
Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do
pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos
controvertidos.
CPC/1973
Art. 53.
BREVES COMENTÁRIOS
Essas limitações restringem-se à assistência simples ou adesiva (art. 121). No caso de assistência
litisconsorcial (art. 124), assumindo o assistente a qualidade de litisconsorte, ser-lheá lícito prosseguir
na defesa de seu direito, ainda que a parte originária haja desistido da ação, haja reconhecido a
procedência do pedido ou haja transacionado com o outro litigante.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lopes da Costa, Direito processual civil, v. I, n. 468, p. 422 – sobre assistente adesivo como parte
acessória; Liebman, Manuale de d. proc. civile, v. I, n. 78, p. 155 – sobre assistência adesiva; J. Alberto
dos Reis, CPC anotado, 3ª ed., Coimbra: Coimbra Editora, 1948, v. I, p. 475 – sobre os poderes do
assistente como gestor de negócios; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio
de Janeiro: Forense, v. I, n. 127; Marcus Vinicius de Abreu Sampaio, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este
não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I – pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi
impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II – desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa,
não se valeu.
CPC/1973
Art. 55.
BREVES COMENTÁRIOS
O assistente coadjuvante, não sendo parte, não pode sofrer, no sentido técnico, os consectários da
res iudicata, mesmo porque apenas defende direitos de terceiro, ou seja, do assistido. No entanto, em
razão de sua intervenção voluntária no processo, impõe-lhe o Código uma restrição que consiste em ficar
impedido de voltar a discutir, em outros processos, sobre “a justiça da decisão”. Das ressalvas feitas nos
incisos do art. 123, é fácil concluir que “a justiça da decisão” – sobre a qual o assistente não pode voltar
a discutir – refere-se às questões de fato que influíram na sentença adversa à parte assistida e que, por
isso, terá ferido algum interesse do interveniente. Não há que se pensar em rediscussão direta pelo
assistente, da relação material debatida e alcançada pela coisa julgada, pela razão óbvia de não envolver
aquela relação direito algum do assistente. O que o art. 123 impede é, diante de eventuais efeitos
externos (práticos) da sentença prejudiciais à relação jurídica do terceiro (aquela que justificou a
assistência), venha ele a reabrir a discussão fundada em má-apreciação dos fatos e provas examinados e
julgados em sua presença. Esse quadro fático, salvo as exceções dos itens I e II do art. 123, não poderá
voltar à discussão por iniciativa do assistente, em futuro processo, sobre cujo objeto a sentença anterior
tenha de repercutir, ainda que reflexamente.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso A. Barbi, Comentários ao CPC, 9ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1994, v. I, n. 341/346; Moniz
de Aragão, Ação – intervenção de terceiros no processo, RF 251/161; João Francisco Naves da Fonseca,
Assistência e coisa julgada, RJ 372/79 – sobre a indiscutibilidade da justiça da decisão; Marcus Vinicius
de Abreu Sampaio, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção III
Da Assistência Litisconsorcial
Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença
influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
CPC/1973
Art. 54.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 114 (litisconsórcio necessário) e 229 (prazo para atuação dos litisconsortes).
BREVES COMENTÁRIOS
Quando o terceiro assume a posição de assistente na defesa direta de direito próprio contra uma das
partes, o que se dá é a assistência litisconsorcial. A posição do interveniente, então, passará a ser a de
litisconsorte (parte) e não mais de mero assistente. Esse assistente entra num processo em que a relação
material que o envolve já se acha disputada em juízo, embora a propositura da demanda tenha ocorrido
sem sua participação. O assistente não figurou como litisconsorte na origem do processo, mas poderia ter
figurado como tal.
O pressuposto da assistência litisconsorcial, nessa ordem de ideias, é, em regra, a substituição
processual: alguém está em juízo defendendo, em nome próprio, direito alheio (art. 18). Embora o
terceiro seja titular do direito litigioso, sua defesa em juízo, por alguma excepcional autorização da lei,
está sendo promovida por outrem. Mesmo não sendo parte processualmente, a coisa julgada o atingirá.
Os efeitos da sentença, diversamente do que se passa na hipótese de assistência simples, não são apenas
reflexos, pois incidem diretamente sobre a situação jurídica do substituído, tenha ele participado ou não
do processo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rosemberg, Derecho proc. civil, v. I, p. 277-278 – sobre os poderes do assistente litisconsorcial;
Lent, Dir. proc. civile tedesco, p. 318 – sobre os poderes do assistente litisconsorcial; Luiz Guilherme B.
Marinoni, Sobre o assistente litisconsorcial, RP 58/250; Thereza Alvim, Da assistência litisconsorcial no
Código brasileiro, RP 11/45; Marcus Vinicius de Abreu Sampaio, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo II
DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
CPC/1973
Art. 70.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 19 (ação declaratória); 114 (litisconsórcio necessário); 430 (incidente de falsidade); e
970 (ação rescisória). CC, arts. 447 a 457 (evicção); e 1.197 (posse indireta). Lei nº 8.078, de
11.09.1990 (Consumidor – ver Legislação Especial), art. 101, II.
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 188: “O segurador tem ação regressiva contra o causador do dano, pelo que efetivamente pagou,
até ao limite previsto no contrato de seguro.”
Súmula do STJ:
Nº 150: “Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a
presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas.”
Nº 529: “No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo
terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano.”
BREVES COMENTÁRIOS
No Código de Processo Civil atual do Brasil, a denunciação da lide presta-se à dupla função de,
cumulativamente, (a) notificar a existência do litígio a terceiro; e (b) propor antecipadamente a ação de
regresso contra quem deva reparar os prejuízos do denunciante, na eventualidade de sair vencido na ação
originária.
No sistema do Código anterior, a denunciação da lide era medida qualificada legalmente como
obrigatória, que levava a uma sentença sobre a responsabilidade do terceiro em face do denunciante, de
par com a solução normal do litígio de início deduzido em juízo, entre autor e réu. A obrigatoriedade não
foi adotada pela legislação atual (ver item nº 262, adiante).
A denunciação da lide consiste em chamar o terceiro (denunciado), que mantém um vínculo de
direito com a parte (denunciante), para vir responder pela garantia do negócio jurídico, caso o
denunciante saia vencido no processo.
O Código anterior previa, ainda, a denunciação da lide ao proprietário ou possuidor indireto quando
a ação versasse sobre bem em poder do possuidor direto e só este fosse demandado. O Código atual
suprimiu referida modalidade de intervenção. Assim, na hipótese de o possuidor direto vir a ser
perturbado no uso e gozo da coisa, deverá buscar indenização do possuidor indireto pelas perdas e danos
em razão da não garantia da posse cedida por outro meio, ou seja, por outra ação movida diretamente
contra o responsável pela cessão da posse.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 126. A citação do denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor,
ou na contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos previstos
no art. 131.
CPC/1973
Art. 71.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 335 (resposta do réu; prazo).
BREVES COMENTÁRIOS
Se o denunciado já integra a lide sua citação é desnecessária, cabendo, entretanto, a intimação do
advogado para apresentar sua resposta à denunciação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pedro Soares Muñoz, Da intervenção de terceiros no novo CPC, Estudos sobre o novo CPC, 1974,
v. I, p. 21-22 – sobre a obrigatoriedade da denunciação; Paulo Távora, Situação processual do
denunciado na ação de nulidade de registro imobiliário, RP 26/208; Sandro Gilbert Martins, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 127. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado poderá assumir a posição de
litisconsorte do denunciante e acrescentar novos argumentos à petição inicial, procedendo-se em
seguida à citação do réu.
CPC/1973
Art. 74.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 113 a 118 (litisconsórcio).
BREVES COMENTÁRIOS
Sem embargo de figurar na petição inicial ao lado do réu, o denunciado será citado antes deste, para
ter oportunidade de eventualmente assumir a posição de litisconsorte do autor e aditar, se lhe convier, a
petição inicial, com novos argumentos. Somente depois desse momento processual, consumado com a
resposta do denunciado, ou com o esgotamento do prazo para fazê-la, é que se procederá à citação do
réu, abrindo-lhe prazo próprio para contestar a ação. Dessa maneira, as duas citações – a do denunciado
e a do réu – não são simultâneas, mas sucessivas. Esse mecanismo procedimental permite ao réu
defender-se, numa só contestação, contra os argumentos do autor e do denunciado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sandro Gilbert Martins, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1943
Art. 75.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 344 (revelia).
BREVES COMENTÁRIOS
Ao denunciado o juiz marcará o prazo de resposta (quinze dias) e, após sua citação, poderá ocorrer
uma das seguintes hipóteses:
(a) Se o denunciado aceitar a denunciação, poderá contestar o pedido, no prazo de resposta (15
dias). Nessa hipótese, o denunciado será litisconsorte do denunciante em relação à ação principal (inciso
I).
(b) Se o denunciado for revel, ou seja, não responder à denunciação, o denunciante poderá deixar de
prosseguir em sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atenção à
ação regressiva (inciso II). Diante do desinteresse do denunciado, pode o denunciante desistir da
contestação antes produzida, ou, caso não o faça, e a sentença lhe seja adversa, poderá não usar dos
recursos cabíveis, sem que essa atitude comprometa a garantia de regresso. Nesse caso, o réu-
denunciante passa a se preocupar única e exclusivamente com a ação secundária de garantia, na tentativa
de obter êxito em seu pedido de regresso. Importa ressaltar que semelhante disposição era encontrada na
legislação substancial, em relação à evicção (CC, art. 456, parágrafo único), mas o artigo foi revogado
pelo novo Código (art. 1.072, II). A situação, portanto, é agora regulada e permitida diretamente pelo
NCPC.
(c) Se o denunciado comparecer e confessar os fatos alegados pelo autor na petição inicial, poderá
o denunciante prosseguir na defesa, ou aderir a tal reconhecimento e apenas pedir a procedência da ação
de regresso (NCPC, art. 128, III).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, 2ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1995, t. II, p. 199-202;
Sandro Gilbert Martins, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 129. Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da
denunciação da lide.
Parágrafo único. Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido
examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência
em favor do denunciado.
CPC/1973
Art. 76.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 512 (sentença como título executivo judicial).
CC, arts. 402 a 405 (perdas e danos).
BREVES COMENTÁRIOS
Numa só sentença, duas demandas serão julgadas. Se o denunciante for vencido na ação principal, o
juiz passará ao julgamento da denunciação da lide (art. 129, caput); se vencedor, a ação de denunciação
não terá o seu pedido examinado, mas ficará sujeito aos encargos da sucumbência (art. 129, parágrafo
único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso Barbi, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 426/432; Sandro Gilbert
Martins, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo III
DO CHAMAMENTO AO PROCESSO
CPC/1973
Art. 77.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 9.099, de 26.04.1995, art. 10 (juizado especial cível).
CC, arts. 264 a 285 (solidariedade), 818 a 839 (fiança).
CDC, arts. 88 e 101, II.
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 529: “No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo
terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano.”
BREVES COMENTÁRIOS
Chamamento ao processo é o incidente pelo qual o devedor demandado chama para integrar o
mesmo processo os coobrigados pela dívida, de modo a fazê-los também responsáveis pelo resultado do
feito. Com essa providência, o réu obtém sentença que pode ser executa-da contra o devedor principal ou
os codevedores, se tiver de pagar o débito.
A finalidade do instituto é, portanto, “favorecer o devedor que está sendo acionado, porque amplia a
demanda, para permitir a condenação também dos demais devedores, além de lhe fornecer, no mesmo
processo, título executivo judicial para cobrar deles aquilo que pagar”. O chamamento ao processo é uma
faculdade e não uma obrigação do devedor demandado. Segundo a própria finalidade do incidente, só o
réu pode promover o chamamento ao processo.
A nova conceituação do contrato de seguro de responsabilidade civil feita pelo Código Civil de
2002 teve importante repercussão sobre a intervenção da seguradora na ação indenizatória intentada pela
vítima do sinistro. Pelo art. 787 da atual lei civil, no contrato de que se cuida, a seguradora assume a
garantia do pagamento das perdas e danos devidos pelo segurado ao terceiro. Não é mais o reembolso de
seus gastos que o seguro de responsabilidade civil cobre. O ofendido tem, portanto, ação que pode
exercer diretamente, tanto contra o segurado como contra a seguradora. Havendo, dessa maneira,
obrigação direta de indenizar, quando a ação for proposta apenas contra o causador do dano, este, para
convocar a seguradora para prestar a garantia contratada, terá de utilizar o chamamento ao processo e
não mais a denunciação da lide (CDC, art. 101, II).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo
réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o
chamamento.
Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em
lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses.
CPC/1973
Art. 78.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 332 (resposta do réu; prazo).
BREVES COMENTÁRIOS
O réu deve propor o incidente na contestação. E a citação do chamado deverá ser promovida: (i) no
prazo de trinta dias, se o chamado residir na mesma comarca (ca-put); ou (ii) em dois meses, se residir
em outra comarca, seção ou subseção judiciárias ou em lugar incerto (parágrafo único). Não sendo
promovida a citação no devido prazo, o chamamento tornar-se-á sem efeito.
Haja ou não aceitação do chamamento, pelo terceiro (chamado), ficará este vinculado ao processo,
de modo que a sentença que condenar o réu terá também força de coisa julgada contra o chamado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso Barbi, Da preclusão no processo civil, RF 158/59 – sobre a preclusão por prática de ato
incompatível; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, v.
I, n. 124; Antônio Rodrigues Porto, Do chamamento ao processo no novo CPC, RT 458/261; Edson Prata,
Relato no Simpósio Nacional de Processo Civil, realizado em Curitiba, em 1975, RF 252/26 – sobre a
inadmissibilidade do chamamento no Processo de Execução; Cândido Rangel Dinamarco, Direito
processual civil, 1975, n. 109/110 – sobre nexo obrigacional entre o chamado e o autor da causa; Sandro
Gilbert Martins, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 132. A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que
satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos
codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar.
CPC/1973
Art. 80.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 512 (sentença como título executivo).
CC, arts. 264 a 285 (solidariedade).
BREVES COMENTÁRIOS
Embora o chamamento ao processo não seja obrigatório, quando o réu lança mão do incidente, para
obter título executivo contra o devedor principal ou outros devedores solidários, não cabe ao juiz
denegar-lhe a pretensão.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Ugo Rocco, Trattado di diritto processuale civile, 2ª ed., Turim: Utet, 1966, v. II, n. 10, – sobre o
fato de parte da doutrina italiana rejeitar este tipo de sentença; Chiovenda, Instituições de direito
processual civil, São Paulo, v. I, n. 48 – sobre a admissão deste tipo de sentença como “Condenação para
o Futuro”; J. J. Calmon de Passos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. III, n. 149 e 150 –
“admite-se condenação para o futuro no caso de prestações periódicas” (CPC, art. 290); Sandro Gilbert
Martins, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo IV
DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, art. 50.
BREVES COMENTÁRIOS
A lei processual nova previu duas oportunidades para requerer a desconsideração da personalidade
jurídica: (i) juntamente com a inicial; ou, (ii) em petição autônoma, como incidente processual,
protocolada no curso da ação. Em qualquer caso, o pedido pode ser feito pela parte ou pelo Ministério
Público, quando lhe couber intervir no processo (art. 133, caput). O requerimento deve demonstrar,
ainda, o preenchimento dos pressupostos legais específicos, que, nos termos do art. 50 do CC, são o
desvio de finalidade da pessoa jurídica e a confusão patrimonial entre ela e os sócios (NCPC, arts. 133,
§ 1º, e 134, § 4º).
Segundo o entendimento do STJ, na ausência de previsão legal, o pedido pode ser feito a qualquer
momento no processo, não se aplicando os prazos decadenciais para o ajuizamento das ações revocatória
falencial e pauliana.
As normas previstas no novo Código são aplicáveis, também, à desconsideração inversa da
personalidade jurídica, qual seja, a que atribui à pessoa jurídica responsabilidade por obrigação
contraída por sócio ou diretor (NCPC, art. 133, § 2º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Piaza Merigue da Cunha, Litisconsórcio eventual entre sócios e sociedade empresária quando da
desconsideração da personalidade jurídica, RBDPro, ano 22, n. 86, p. 205-218, abr.-jun. 2014; Gelson
Amaro de Souza, Fraude à execução e a desconsideração da personalidade, Revista Dialética de Direito
Processual, n. 150, p. 35-50.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, art. 50.
BREVES COMENTÁRIOS
Pode o autor, ao ajuizar a ação, apresentar provas da utilização indevida da personalidade jurídica
da empresa e requerer a sua desconsideração, para atingir os bens particulares dos sócios ou
administradores responsáveis pelos atos fraudulentos. Nesse caso, o requerente pro-moverá a citação do
sócio ou da pessoa jurídica para integrar a lide e contestar o pedido de desconsideração (art. 134, § 2º).
Assim, não será necessária a instauração de um incidente específico, nem mesmo a suspensão do
processo, na medida em que a defesa a respeito da desconsideração será apresentada pelos réus com a
contestação. De igual forma, as provas eventualmente requeridas serão realizadas durante a instrução
processual, devendo o juiz julgar o pedido de desconsideração com a sentença.
Se o requerente não tiver conhecimento da fraude ao ajuizar a ação, o pedido pode ser feito
posteriormente, durante a marcha processual, por meio de simples petição em que se comprovem os
requisitos legais. Em tal circunstância, a instauração do incidente suspenderá o processo (art. 134, § 3º).
Ocorrido durante o processo de conhecimento, o incidente de desconsideração da personalidade
jurídica acarre-tará a inclusão do novo responsável no alcance da condenação. Instaurado no processo de
execução ou de cumprimento da sentença, o processo principal ficará suspenso até que o
redirecionamento seja autorizado por decisão judicial de procedência do incidente. O procedimento
seguirá o seguinte esquema: (a) a decisão do incidente, após cumprido o contraditório e respeitada a
ampla defesa, declarará a responsabilidade da pessoa alcançada pela desconsideração; (b) formar-se-á,
assim, o título autorizador da atividade executiva contra o sujeito passivo do incidente; (c) será ele
intimado a pagar o débito exequendo, em quinze dias, se se tratar de cumprimento de sentença (art. 523),
ou em três dias, se for o caso de execução de título extrajudicial (art. 829); (d) transcorrido o prazo de
pagamento sem que este se dê, proceder-se-á à penhora e avaliação, dando-se curso à expropriação dos
bens constritos e à satisfação do crédito do exequente, segundo o procedimento da execução por quantia
certa (arts. 824 a 909).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Gilson Soares Lemes, Responsabilização da pessoa jurídica por dívida do sócio com
desconsideração inversa da personalidade jurídica, Amagis Jurídica, n. 10, p. 29, jan.-jun. 2014;
Alexandre Freitas Câmara, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e
requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, art. 50.
BREVES COMENTÁRIOS
O incidente é contencioso e deve ensejar aos interessados o contraditório e ampla defesa, de modo
que os promovidos tenham oportunidade de impugnar a pretensão do promovente e de produzir as provas
compatíveis com sua resposta.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Gilson Soares Lemes, Responsabilização da pessoa jurídica por dívida do sócio com
desconsideração inversa da personalidade jurídica, Amagis Jurídica, n. 10, p. 29, jan.-jun. 2014;
Alexandre Freitas Câmara, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão
interlocutória.
Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, art. 50.
BREVES COMENTÁRIOS
O incidente deverá ser julgado pelo juiz logo após a defesa ou depois de realizada a instrução, se
necessária, por meio de decisão interlocutória, contra a qual caberá agravo de instrumento (arts. 136,
caput, e 1.015, IV). Se o incidente for resolvido em sede recursal, pelo relator, a decisão será atacável
por meio de agravo interno.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Gilson Soares Lemes, Responsabilização da pessoa jurídica por dívida do sócio com
desconsideração inversa da personalidade jurídica, Amagis Jurídica, n. 10, p. 29, jan.-jun. 2014;
Alexandre Freitas Câmara, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em
fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, art. 50.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Gilson Soares Lemes, Responsabilização da pessoa jurídica por dívida do sócio com
desconsideração inversa da personalidade jurídica, Amagis Jurídica, n. 10, p. 29, jan.-jun. 2014;
Alexandre Freitas Câmara, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Dispõe o novo Código que a partir do acolhimento do pedido de desconsideração, a alienação ou
oneração de bens, havida em fraude de execução, será considerada ineficaz em relação ao requerente.
Por acolhimento, a lei não quer dizer decisão de procedência do incidente, mas simplesmente o
deferimento do processamento do pedido de desconsideração. Ou seja, antes mesmo que ocorra a
penhora, os credores serão acautelados com a presunção legal de fraude, caso ocorram alienações ou
desvios de bens pelas pessoas corresponsabilizadas. Como a penhora só será viável depois da decisão
do incidente, a medida do art. 137 resguarda, desde logo, a garantia extraordinária que se pretende
alcançar por meio da desconsideração. Da mesma forma que se passa com a fraude cometida dentro da
execução ordinária, a presunção legal de fraude do art. 137 pressupõe que o sujeito passivo da
desconsideração da personalidade jurídica já tenha sido citado para o incidente (art. 792, § 3º). Justifica-
se a fixação desse termo a quo pela circunstância de que o sujeito passivo do processo só se integra a ele
através da citação. Portanto, só pode fraudar a execução quem dela já faça parte.
A exigência de prévia citação, porém, só se exige para a configuração da fraude de execução. Se a
insolvência dos devedores acontecer em razão de atos alienatórios anteriores ao incidente, será possível
cogitar-se de fraude pauliana, se presentes os requisitos da lei civil, o que, todavia, só poderá ser
avaliado em ação própria (CC, arts. 158 a 165).
Capítulo V
DO AMICUS CURIAE
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 9.868/1999, art. 7º, § 2º.
BREVES COMENTÁRIOS
A participação do amicus curiae no processo pode dar-se por iniciativa do juiz, de ofício, ou a
requerimento das partes ou do próprio amigo do tribunal. A intervenção somente será cabível se: (i) a
matéria discutida nos autos for relevante; (ii) o tema objeto da demanda for específico; ou (iii) a
controvérsia tiver repercussão social. Presente um desses requisitos, o juiz poderá solicitar ou admitir a
sua manifestação por meio de decisão irrecorrível. Ou seja, o magistrado é livre para decidir acerca da
conveniência ou não da intervenção do amicus curiae, desde que exponha suas razões.
O amicus curiae pode ser pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada. É fundamental, contudo, que tenha conhecimento específico sobre a matéria
objeto da lide, de modo a propiciar ao juiz elementos e informações relevantes para bem solucionar a
causa. Uma vez convocado a se manifestar, o amigo do tribunal deve fazê-lo no prazo de quinze dias a
contar de sua intimação. Sua intervenção é meramente colaborativa, i. é, não tem por função comprovar
fatos, mas sim opinar sobre eles, interpretá-los segundo seus conhecimentos técnicos específicos, a fim
de auxiliar o juiz no julgamento do feito. Pela especialidade da intervenção colaborativa, não se há de
cogitar de preclusão a seu respeito.
A legislação atual foi expressa em determinar que a intervenção do amicus curiae “não implica
alteração de competência”, razão pela qual, ainda que o terceiro seja ente da Administração Pública
Federal, não haverá, nos processos afetos a outras justiças, o deslocamento de competência para a Justiça
federal. Isso se deve à circunstância de que o interveniente, in casu, não assume a qualidade de parte.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
1. Amicus curiae. Natureza jurídica. “O amicus curiae é um colaborador da Justiça que, embora
possa deter algum interesse no desfecho da demanda, não se vincula processualmente ao resultado do seu
julgamento. É que sua participação no processo ocorre e se justifica não como defensor de interesses
próprios, mas como agente habilitado a agregar subsídios que possam contribuir para a qualificação da
decisão a ser tomada pelo tribunal. A presença de amicus curiae no processo se dá, portanto, em
benefício da jurisdição, não configurando, consequentemente, um direito subjetivo processual do
interessado. A participação do amicus curiae em ações diretas de inconstitucionalidade no Supremo
Tribunal Federal possui, nos termos da disciplina legal e regimental hoje vigentes, natureza
predominantemente instrutória, a ser deferida segundo juízo do relator. A decisão que recusa pedido de
habilitação de amicus curiae não compromete qualquer direito subjetivo nem acarreta qualquer espécie
de prejuízo ou de sucumbência ao requerente, circunstância por si só suficiente para justificar a
jurisprudência do tribunal, que nega legitimidade recursal ao preterido” (STF, ADI 3.460 ED, Rel. Min.
Teori Zavascki, Tribunal Pleno, jul. 12.02.2015, DJe 12.03.2015).
TÍTULO IV
DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
Capítulo I
DOS PODERES, DOS DEVERES E DA RESPONSABILIDADE DO JUIZ
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
CPC/1973
Art. 125.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º (princípio da igualdade perante a lei).
NCPC, arts. 76 (verificação de incapacidade processual ou irregularidade da representação); 78
(riscamento de expressões injuriosas); 81 (litigante de má-fé); 57 (reunião de processos); 315, caput
(sobrestamento do feito); 63, § 1º (incompetência absoluta); 370 (indeferimento de diligências inúteis ou
protelatórias); 202 (cotas marginais ou interlineares); 203 a 205 (atos do juiz); 235 (prazo: mora do juiz);
2º (formação do processo; impulso oficial); 485, § 3º (extinção do processo sem resolução do mérito);
337 (questões de ordem pública); 357, § 6º (dispensa de testemunhas); 461 (inquirição ou acareação de
testemunhas); 480 (realização de nova perícia); 481 e 482 (inspeção judicial); 360 (poder de polícia);
359 (tentativa de conciliação); e 772 a 774 (poderes do juiz; atos atentatórios à dignidade da Justiça;
proibição de falar nos autos).
Lei Complementar nº 35, de 14.03.1979 (Magistratura – ver Legislação Especial), art. 35 (deveres
do juiz).
Lei nº 5.010, de 30.05.1966 (Justiça Federal – ver Legislação Especial), art. 55 (deveres do juiz).
Lei nº 9.099, de 26.09.1995 (Juizados Especiais), arts. 5º e 6º (atribuições do juiz).
Código de Ética da Magistratura Nacional, aprovado pelo CNJ em 26.08.2008 (ver Legislação
Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
A um só tempo, o legislador processual põe nas mãos do juiz poderes para bem dirigir o processo e
deveres de observar o conteúdo das normas respectivas. Assim, o juiz tem poderes para assegurar
tratamento igualitário das partes, para dar andamento célere ao processo e para reprimir os atos
contrários à dignidade da Justiça, mas às partes assiste, também, o direito de exigir que o magistrado use
desses mesmos poderes sempre que a causa tomar rumo contrário aos desígnios do direito processual.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
O juiz não pode se eximir de decidir a ação sob o argumento de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico. Assim, não havendo norma legal a respeito do thema decidendum, o juiz, para
julgar, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais do direito (art. 4º da LINDB). A regra
de preenchimento de lacuna pelos princípios gerais refere-se àqueles princípios deduzidos da própria
ordem jurídica infraconstitucional. Quanto aos princípios constitucionais, sua aplicabilidade independe
de lacuna no ordenamento jurídico, uma vez que são dotados de força normativa própria,
independentemente de qualquer regulamentação por lei ordinária (CF, art. 5º, § 1º). Aplicam-se, pois,
seja ou não omisso o direito positivo infraconstitucional.
O recurso à equidade, que consiste em abrandar o rigor da norma legal diante das particularidades
do caso concreto, só é permitido nos casos previstos em lei.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de direito civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 12 –
sobre analogia; Orlando Gomes, Introdução ao direito civil, Rio de Janeiro: Forense, n. 21 e 24 – sobre
o conceito de costumes e os princípios gerais de direito; Elicio de Cresci Sobrinho, O juiz criador do
direito e a interpretação razoável, Ajuris 50/21; Sálvio de Figueiredo Teixeira, A jurisprudência como
fonte do direito e o aprimoramento da Magistratura, RF 279/1, RP 24/99, RBDP 28/107, RCDUFU
11/123, RT 553/18; Antônio Carlos Woltmer, Aspectos ideológicos na criação jurisprudencial de direito,
Ajuris 34/93; Roberto Sampaio Contreiras de Almeida, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier
Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado
conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
CPC/1973
Art. 128.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CPC, arts. 2º (tutela jurisdicional), 322 (interpretação do pedido), 337, § 5º (preliminares;
apreciação de ofício), 492 (sentença extra ou ultra petita).
BREVES COMENTÁRIOS
A inobservância das limitações do art. 141 conduz à nulidade. Se a matéria decidida for totalmente
estranha ao objeto do processo (sentença ultra petita), a nulidade da sentença é total. Se a sentença, ao
decidir o objeto da lide, for além dele, a nulidade afetará apenas o excesso, prevalecendo a validade do
julgado naquilo que corresponder ao objeto do processo (sentença extra petita).
Não se pode também decidir menos do que o objeto da causa (sentença citra petita). Neste caso, a
doutrina tradicional é no sentido de que incorre o julgado também em nulidade. Nota-se tendência mais
atual, no entanto, a observar por analogia a regra do art. 1.010, § 3º, do CPC, na sua redação atual,
permitindo-se ao tribunal completar a tarefa do juiz de primeiro grau, tal como faz no caso das sentenças
terminativas reformadas. Principalmente quando a controvérsia envolve questão apenas de direito e não
se comete reformatio in pejus.
As disposições do art. 141, segundo a jurisprudência, também se aplicam aos tribunais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
F. Carnelutti, Instituciones del nuevo proceso civil italiano, trad. espanhola, Barcelona, 1942, n. 5
e 6, p. 32; Alfredo Buzaid, Do agravo de petição no sistema do Código de Processo Civil, 2ª ed., São
Paulo, 1956, n. 48, p. 103-104; Enrico Tullio Liebman, Estudos sobre o processo civil brasileiro, O
despacho saneador e o julgamento do mérito, São Paulo, 1947, p. 126/135; Chiovenda, Instituições de
direito processual civil, trad. brasileira, São Paulo, 1942, v. I, n. 14, p. 87/8; Roberto Sampaio
Contreiras de Almeida, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo
para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os
objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé.
CPC/1973
Art. 129.
BREVES COMENTÁRIOS
A regra do art. 142 não corresponde a uma faculdade. Mas sim a um dever do juiz, a quem o Código
atribui a função de “prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir
postulações meramente protelatórias” (art. 139, III).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Chiovenda, Instituições de direito processual civil, trad. brasileira, São Paulo, 1942, v. I, n. 14, p.
87-88; José Luis Esteves, Teoria del fraude en el proceso civil; Pereira Braga, Exegese do CPC de
1939, Rio, 1942, v. II, n. 24, p. 317-318; José Olympio de Castro Filho, O abuso do direito no processo
civil, 2ª ed., Rio, 1960, n. 96 – sobre a simulação; Carlos Aurélio Mota de Souza, Poderes éticos do juiz
(a igualdade das partes no processo e a repressão ao abuso processual), RF 296/161, Ajuris 36/36, RP
46/48; Roberto Sampaio Contreiras de Almeida, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
CPC/1973
Art. 133.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 402 a 405 (responsabilidade por perdas e danos).
CP, art. 344 (prevaricação).
BREVES COMENTÁRIOS
O juiz reponde pessoalmente por dolo ou culpa. Mas o Estado, diante do prejuízo decorrente de
falha do juiz, responde objetivamente, nos termos do art. 37, § 6º, da CF. Diante do regime adotado pela
Constituição de 1988, não mais subsiste a tese antiga de que, não sendo o juiz funcionário público, seus
atos não poderiam gerar responsabilidade para o Estado. Ele é um agente do Estado e, pelos danos que
seus agentes acarretam, as pessoas jurídicas de direito público são responsáveis de forma objetiva, por
preceito constitucional.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Carnelutti, Lineamenti della forma del processo civile di cognizione, Rev. Dir. Proc. Civile, v. VI,
parte I, n. 13, p. 19; e Instituciones del nuevo proceso civil italiano, Trad. Jaime Guasp, Barcelona:
Bosch, 1942, p. 175; Hugo Rocco, Tratatto di diritto processuale civile, 2ª ed., Turim: Utet, 1966, v. II,
p. 31; Luis Rodrigues Wambier, A responsabilidade civil do Estado pelo exercício da atividade
judiciária, RT 652/29, RCDUFU 19/129; Alfredo Buzaid, Da responsabilidade do juiz, RP 9/15; Mário
Moacyr Porto, Responsabilidade do Estado pelos atos dos seus juízes, RT 563/9; José Augusto Delgado,
Responsabilidade civil do Estado pela demora na prestação jurisdicional, RDA 153/259, RF 297/406,
Ajuris 29/17, Amagis 2/169, RP 40/147; Federico Carpi, A responsabilidade do juiz, RF 329/69;
Roberto Sampaio Contreiras de Almeida, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Capítulo II
Dos Impedimentos e da Suspeição
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I – em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro
do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II – de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III – quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do
Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV – quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V – quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no
processo;
VI – quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; VII –
em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente
de contrato de prestação de serviços;
VIII – em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge,
companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX – quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o
advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade
judicante do juiz.
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a
membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente
ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.
CPC/1973
Art. 134.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 102, I, n:
“Art 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal [...]: I – processar e julgar, originariamente: [...] n)
a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em
que mais de metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou
indiretamente interessados.”
NCPC, arts. 139, I, III (igualdade de tratamento das partes; ato contrário à dignidade da justiça); 64,
§ 2º (nulidade dos atos decisórios); 371 (princípio da livre convicção do juiz); 147 (outra hipótese de
impedimento); 278, parágrafo único (decretação de ofício); 452, I (prova testemunhal; juiz-testemunha;
impedimento); e 963, II (causa de rescisão).
SÚMULAS
Súmulas do STF:
Nº 72: “No julgamento de questão constitucional, vinculada a decisão do Tribunal Superior
Eleitoral, não estão impedidos os ministros do Supremo Tribunal Federal que ali tenham funcionado no
mesmo processo, ou no processo originário.”
Nº 252: “Na ação rescisória, não estão impedidos juízes que participaram do julgamento
rescindendo.”
Súmula do TFR:
Nº 262: “Não se vincula ao processo o juiz que não colheu prova em audiência.”
BREVES COMENTÁRIOS
É imprescindível à lisura e ao prestígio das decisões judiciais a inexistência de menor dúvida sobre
motivos de ordem pessoal que possam influir no ânimo do julgador. Não basta, outrossim, que o juiz, na
sua consciência, sinta-se capaz de exercitar o seu ofício com a habitual imparcialidade. Faz-se
necessário que não suscite em ninguém a dúvida de que motivos pessoais possam influir sobre seu ânimo.
Na pitoresca comparação de Andrioli, “o magistrado, como a mulher de César, não deve nunca ser
suspeito”. Daí a fixação pelo Código de causas que tornam o juiz impedido ou suspeito, vedando-lhe a
participação em determinadas causas.
O juiz, como qualquer pessoa, pode presenciar, fora do processo, fatos que se tornam relevantes
para o julgamento da causa. Não está obviamente impedido de testemunhar a seu respeito em juízo. O que
não se tolera é a confusão das duas funções, a de julgar e a de testemunhar.
Se é arrolado o juiz como testemunha, deverá em primeiro lugar certificar-se de que realmente tenha
algum conhecimento acerca do fato discutido no processo. Inexistindo o que depor, ser-lheá possível
recusar-se a atuar como testemunha no feito submetido à sua direção. Tendo, porém, conhecimento
pessoal a revelar, instalar-seá a incompatibilidade entre a qualidade de magistrado e a de testemunha.
Ficará impedido de continuar como juiz do feito (NCPC, art. 144, I).
Ainda, porém, que não seja arrolado como testemunha, não tem o juiz condição de dirigir o processo
e julgá-lo quando houver presenciado os fatos básicos do litígio. É que em tal circunstância, consciente
ou inconscientemente, sua convicção estaria sob impacto de eventos e circunstâncias extra-autos.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973:
Art. 135.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei Complementar nº 35, de 14.03.1979, art. 36, III (suspeição).
BREVES COMENTÁRIOS
Os casos de impedimento são mais graves e, uma vez desobedecidos, tornam vulneráveis a coisa
julgada, pois ensejam ação rescisória da sentença (art. 963, II). Já os da suspeição permitem o
afastamento do juiz do processo, mas não afetam a coisa julgada, se não houver a oportuna recusa do
julgador pela parte.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I,; Celso Agrícola Barbi,
Comentários ao CPC, v. I, n. 733/744; Irani Mariani, Impedimento e suspeição do juiz quando inimigo
do advogado de uma das partes, RT 631/270; Alcides de Mendonça Lima, Oponência, RP 37/180, RBDP
46/189; Ernane Fidélis dos Santos, Manual de direito processual civil, v. I, n. 325 a 328, 1985, p. 182-
187, André Vasconcelos Roque, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alega-rá o
impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o
fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de
testemunhas.
§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará
imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação
em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de
documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal.
§ 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente
for recebido:
I – sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
II – com efeito suspensivo, o processo perma-necerá suspenso até o julgamento do incidente.
§ 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for
recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal.
§ 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspeição é improcedente, o tribunal
rejeitá-la-á.
§ 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de manifesta suspeição, o tribunal
condenará o juiz nas custas e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz recorrer da
decisão.
§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fixará o momento a partir do qual o
juiz não poderia ter atuado.
§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se praticados quando já presente o
motivo de impedimento ou de suspeição.
CPC/1973
Art. 312.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 144 e 145 (juiz; impedimento e suspeição).
BREVES COMENTÁRIOS
Como se vê, no incidente de suspeição ou impedimento, a posição de requerido toca ao próprio juiz
recusado, visto que o requerente se dirige ao órgão judiciário superior para tentar diretamente a exclusão
de sua pessoa da relação processual. Sua posição assemelha-se à de um réu durante a tramitação do
procedimento incidental, tanto que, se o incidente for procedente, o juiz sofrerá até condenação nas custas
(art. 146, § 4º). Não obstante se reconheça ao magistrado a posição de sujeito passivo do incidente, a
petição que o provoca será dirigida ao próprio juiz rejeitado. Porém, não lhe caberá, como é óbvio,
indeferir a pretensão, nem mesmo quando reputá-la manifestamente improcedente. A subida dos autos ao
tribunal é obrigatória, e não haverá sequer lugar para ouvida da outra parte do processo principal.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I;
André Vasconcelos Roque, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 147. Quando 2 (dois) ou mais juízes forem parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta
ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, o primeiro que conhecer do processo impede que o outro
nele atue, caso em que o segundo se escusará, remetendo os autos ao seu substituto legal.
CPC/1973
Art. 136.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei Complementar nº 35, de 14.03.1979, art. 128 (parentesco até o 3º grau).
BREVES COMENTÁRIOS
A lei não prevê impedimento do desembargador para funcionar em recurso contra decisão proferida
em primeira instância por juiz que seja seu parente. O art. 147 do NCPC traça regra impeditiva aplicável
apenas entre juízes do próprio tribunal.
Com o NCPC, o impedimento passou a incluir parentes em linha reta ou colateral até o 3º grau,
inclusive o que alcança, por exemplo, bisavô e bisneto, ou tio e sobrinho.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pedro Leonel Pinto de Carvalho, Irmãos desembargadores: disponibilidade não aplicável por
inconstitucional, RBDP 7/181; André Vasconcelos Roque, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 138.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 467 (impedimento e suspeição do perito e dos assistentes técnicos).
BREVES COMENTÁRIOS
A exceção de suspeição ou de impedimento do órgão do MP ou dos auxiliares da justiça não gera
efeito suspensivo.
Cabe agravo de instrumento contra a decisão que acolhe ou rejeita a suspeição ou impedimento
arguida nos termos do art. 148 do CPC.
O procedimento de arguição do impedimento ou suspeição de testemunha segue rito próprio previsto
na regulamentação da prova oral, e não aquele estabelecido pelos §§ 1º e 2º do art. 148, conforme dispõe
o § 3º do mesmo artigo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fábio Bittencourt da Rosa, Ministério Público – impedimento e suspeição, Ajuris 51/158; André
Vasconcelos Roque, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo III
DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA
Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam determinadas pelas
normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o
depositário, o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o
distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.
CPC/1973
Art. 139.
BREVES COMENTÁRIOS
Entre esses “outros auxiliares” a que alude o Código, o mais comum é o tesoureiro. Os
serventuários do juízo costumam ser divididos em duas categorias: os permanentes e os eventuais.
Permanentes são os que atuam continuamente, prestando colaboração em todo e qualquer processo que
tramite pelo juízo, como o escrivão, o oficial de justiça e o distribuidor. Sem esses auxiliares, nenhum
processo pode ter andamento.
Há, porém, auxiliares que não integram habitualmente os quadros do juízo e só em alguns processos
são convocados para tarefas especiais, como o que se passa com o intérprete e o perito. Esses são os
auxiliares eventuais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil,São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção I
Do Escrivão, do Chefe de Secretaria e do Oficial de Justiça
Art. 150. Em cada juízo haverá um ou mais ofícios de justiça, cujas atribuições serão
determinadas pelas normas de organização judiciária.
CPC/1973
Art. 140.
BREVES COMENTÁRIOS
O escrivão tem fé pública e sua função recebe do Código o nome de Ofício de Justiça. Cartório é a
repartição dirigida pelo escrivão, onde podem servir outros funcionários subalternos, como os
escreventes, cuja função se regula pelas normas de organização judiciária.
Num mesmo juízo, pode haver um ou mais ofícios de justiça, como prevê o art. 150. No caso de
pluralidade de ofícios, os processos são distribuídos entre eles por natureza ou por sorteio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
João Mendes de Almeida Júnior, Direito judiciário brasileiro, 3ª ed., Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1940, p. 73-74; Castro Nunes, Teoria e prática do Poder Judiciário, Rio de Janeiro: Forense,
1943, n. 18, p. 119; José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil, Rio de Janeiro:
Forense, n. 102, p. 223; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 196/202;
Arruda Alvim, Manual de direito processual civil, São Paulo: RT, 1977, v. I, n. 70; Virgílio Andrioli,
Lezioni di diritto processuale civile, Nápoles: Jovene, 1973, v. I, n. 32; Lúcio Delfino, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 151. Em cada comarca, seção ou subseção judiciária haverá, no mínimo, tantos oficiais de
justiça quantos sejam os juízos.
BREVES COMENTÁRIOS
Cada vara deverá contar com, pelo menos, um oficial de justiça.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lúcio Delfino, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
I – redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que
pertençam ao seu ofício;
II – efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem como praticar todos os
demais atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;
III – comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar servidor para substituí-lo;
IV – manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam do cartório,
exceto:
a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;
b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;
c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor;
d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modificação da competência;
V – fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, independentemente de despacho,
observadas as disposições referentes ao segredo de justiça;
VI – praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.
§ 1º O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição prevista no inciso VI.
§ 2º No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz convocará substituto e, não o
havendo, nomeará pessoa idônea para o ato.
CPC/1973
Art. 141.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 107, II e III (vista ou retirada dos autos pelo advogado), 179, I (vista dos autos pelo
MP), 43 (perpetuatio jurisdictionis), 154 (atribuições do oficial de justiça), 189 (atos processuais;
publicidade; segredo de justiça) e 210 (atos processuais; uso da taquigrafia).
BREVES COMENTÁRIOS
A citação a que se refere o item II deverá ser feita pelo oficial de justiça (art. 154, I), em
cumprimento de mandado elaborado pelo escrivão (art. 152, I), ou deverá ser totalmente processada pelo
próprio escrivão, no caso de citação postal (art. 248).
Ao mesmo tempo que documenta todos os atos processuais, o escrivão faz que o procedimento tenha
andamento, certificando os atos praticados, verificando o vencimento dos prazos, abrindo vista às partes,
cobrando os autos indevidamente retidos fora do cartório e fazendo conclusão deles ao juiz para os
despachos de expediente ou decisões que o caso reclamar. Toda documentação do escrivão ou chefe de
secretaria está coberta pela presunção de veracidade, que decorre da fé pública que a lei reconhece ao
seu ofício.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Chiovenda, Instituições de direito processual civil, São Paulo, v. II, n. 156, p. 113-114 – sobre
importância do escrivão; Lopes da Costa, Direito processual civil, v. II, n. 108, p. 89 – sobre a
importância do escrivão; Liebman, Manuale di diritto processuale civile, v. I, n. 61 e ss.; Lúcio Delfino,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Fé pública. “Os atos do escrivão, expressão genérica do CPC, que abrange os oficiais
encarregados desse mister nos tribunais superiores, possuem natureza de fé pública e, como reconhecido
na doutrina, é-lhes permitido atestar a regularidade de certos atos processuais” (STJ, AgRg no AgRg
no REsp 923.448/RS, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma, jul. 01.04.2008, DJe 11.04.2008).
● “As certidões emanadas dos escrivães do Juízo, em razão de seu ofício, revestem-se de presunção
juris tantum de legitimidade e de veracidade, em razão da fé pública de que gozam tais agentes
auxiliares do Juízo. A certidão autorizada a ser emitida pelo escrivão, nos termos do art. 141, V, do CPC,
diz respeito a ato ou termo do processo, mas a origem das informações certificadas não se restringe ao
que consta nos próprios autos. A mera alegação deduzida nas razões recursais, sem a apresentação de
qualquer comprovação que infirme as informações certificadas, não pode prevalecer sobre a presunção
de legitimidade e de veracidade que gozam as certidões emanadas dos escrivães do Juízo. Assim, é
cabível a devolução de prazo para recorrer, quando o escrivão certifica que, no seu interregno, os autos
não estiveram disponíveis à parte prejudicada” (STJ, REsp 1.002.702/BA, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, 4ª Turma, jul. 26.10.2010, DJe 04.11.2010).
● “A falta de aposição do ciente da parte não invalida a certidão de intimação assinada por
escrivão. A fé pública do escrivão cede tão somente ante a apresentação de prova capaz de destruir a
presunção de veracidade que a lei dá aos atos do serventuário público” (TJBA, Ap 525/87, Rel. Des.
Falzac Soares, 4ª Câmara, jul. 11.11.1987, Bahia For. 30/177).
2. Guarda dos processos (inciso IV). “A guarda dos processos judiciais é da responsabilidade do
escrivão e a saída dos autos de cartório somente é permitida nos casos previstos no inciso IV do artigo
141 do Código de Processo Civil” (TJMG, Ag. 1.0251.02.000542-6/002, Rel. Des. Edilson Fernandes,
jul. 25.09.2007, DJ 09.10.2007).
● “A responsabilidade pela incolumidade dos autos do processo que não deixou o cartório em
nenhuma das hipóteses previstas no art. 141, IV, do CPC é do escrivão” (STJ, REsp 724.462/SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, jul. 14.06.2007, DJ 27.08.2007, p. 224).
3. Publicidade. “A publicidade se dá por meio de certidões, requeridas diretamente ao escrivão do
feito, nos termos do art. 141, V, do CPC” (TJSP, AGI 800065100, Rel. Miguel Cucinelli, 7ª Câmara do 4ª
Grupo (Extinto 2º TAC), jul. 12.08.2003, DJ 21.08.2003).
4. Atos de mero impulso. “O juiz pode delegar ao escrivão, através portaria, a prática de atos de
mero impulso processual, sem conteúdo decisório algum” (STJ, AgRg no Ag 9.309/DF, Rel. Min. Athos
Carneiro, 4ª Turma, jul. 18.06.1991, DJ 05.08.1991, p. 10.009).
BREVES COMENTÁRIOS
Em cumprimento ao princípio constitucional da isonomia, o escrivão ou chefe de secretaria deverá
obedecer, preferencialmente, à ordem cronológica de recebimento para publicação e efetivação dos
pronunciamentos judiciais (art. 153, modificado pela Lei nº 13.256/2016), só se afastando de tal ordem
quando ocorrer motivo adequadamente justificável. Para conhecimento e controle das partes, deverá ser
disponibilizada, de forma permanente, para consulta pública, uma lista de processos recebidos (art. 153,
§ 1º).
BREVES COMENTÁRIOS
A regra do art. 153 tem como meta a observância do princípio da isonomia, que impede o tratamento
privilegiado a um ou outro demandante, salvo apenas as preferências expressamente estabelecidas em lei.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lúcio Delfino, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 143.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 212, § 2º (citação e penhora); 214, I (atos processuais durante as férias e feriados);
246, II; 241; 249 e 251 (citação por oficial); 250 (mandado citatório); 252 a 254 (citação por hora certa);
255 (citação; comarcas contí-guas); 275 (intimação por oficial); 782 (cumprimento dos atos judiciais);
829, § 1º, e 870 (execução; avaliação dos bens penhorados); 830 (devedor não encontrado; arresto); 844
(penhora de bens imóveis); 846 (arrombamento, força policial, auto de resistência); 838 e 839 (auto de
penho-ra); 856 (apreensão do título); 872 (laudo de avaliação); e 873, I (nova avaliação).
CC, art. 212, III (prova testemunhal).
Lei nº 5.010, de 30.05.1966 (Justiça Federal – ver Legislação Especial), art. 44.
Lei nº 6.830, de 22.09.1980 (Execução Fiscal – ver Legislação Especial), art. 37 (responsabilidade
civil, penal e administrativa; prazo para efetuar diligências).
BREVES COMENTÁRIOS
Sendo apresentada proposta de autocomposição pelo citando perante o oficial de justiça, o evento
será certificado no mandado e o juiz ordenará a intimação da parte contrária para manifestar-se a
respeito, no prazo de cinco dias, sem prejuízo do andamento regular do processo. O seu silêncio será
entendido como recusa ao acordo (art. 154, parágrafo único). Se aceitar, a autocomposição será reduzida
a termo e homologada pelo juiz, extinguindo-se o processo (art. 487, III, b). Os oficiais de justiça gozam,
como os escrivães, de fé pública, que dá cunho de veracidade, até prova em contrário, aos atos que
subscrevem no exercício de seu ofício.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Primeiras linhas de direito processual civil, v. I, n. 104; Humberto
Theodoro Júnior, A reforma da execução do título extrajudicial, Rio de Janeiro: Forense; J. E. Carreira
Alvim, Nova execução de título extrajudicial: comentários à Lei 11.382/06, Curitiba: Juruá; Lúcio
Delfino, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 155. O escrivão, o chefe de secretaria e o oficial de justiça são responsáveis, civil e
regressivamente, quando:
I – sem justo motivo, se recusarem a cumprir no prazo os atos impostos pela lei ou pelo juiz a
que estão subordinados;
II – praticarem ato nulo com dolo ou culpa.
CPC/1973
Art. 144.
BREVES COMENTÁRIOS
A responsabilidade civil do oficial de justiça e do escrivão funda-se em culpa ou dolo na prática
irregular de ato do ofício danoso à parte (NCPC, art. 155). Só o Estado responde, independentemente de
culpa, se o mau desempenho de seus agentes processuais acarretar prejuízo indevido a qualquer dos
litigantes (CF, art. 37, § 6º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lúcio Delfino, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção II
Do Perito
Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato depender de conhecimento
técnico ou científico.
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos
técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está
vinculado.
§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública, por meio de
divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de grande circulação, além de consulta
direta a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem
dos Advogados do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos interessados.
§ 3º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para manutenção do cadastro,
considerando a formação profissional, a atualização do conhecimento e a experiência dos peritos
interessados.
§ 4º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos termos dos arts.
148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para realização da perícia informará ao juiz os
nomes e os dados de qualificação dos profissionais que participarão da atividade.
§ 5º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo tribunal, a
nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre profissional ou órgão técnico
ou científico comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia.
CPC/1973
Art. 145.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 148, II (impedimento e suspeição), 163, II (proibição de ser intérprete), 357
(saneamento do processo), 464 a 480 (prova pericial), 870 a 875 (execução; avaliação) e 630 a 638
(inventário; avaliação).
Lei nº 6.830, de 22.09.1980, art. 13 (execução fiscal; avaliação).
Decreto-Lei nº 3.365, de 21.06.1941 (desapropriação; avaliação).
Lei nº 5.194, de 24.12.1966 (regula o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro
agrônomo).
Decreto-lei nº 9.295, de 27.05.1946 (define as atribuições do contador e do guarda-livros).
BREVES COMENTÁRIOS
O perito é um auxiliar eventual do juízo, que assiste o juiz quando a prova do fato litigioso depender
de conhecimento técnico ou científico. Trata-se, portanto, de um auxiliar ocasional por necessidade
técnica. É, geralmente, pessoa estranha aos quadros de funcionários permanentes da Justiça. Sua escolha
é feita pelo juiz, para funcionar apenas em determinado processo, tendo em vista o fato a provar e os
conhecimentos técnicos do perito. A função do perito é remunerada, sendo o ônus das despesas atribuído
às partes, segundo a regra do art. 95. Quanto à forma de efetuar o pagamento da remuneração do perito, o
art. 95, §§ 1º e 2º, prevê que se exigirá da parte responsável pelos honorários o depósito prévio em juízo,
que ficará sujeito à correção monetária e será entregue ao técnico somente após a apresentação do laudo.
O juiz, porém, nos casos de trabalhos que exigem gastos de monta, poderá autorizar liberações parciais
da verba depositada, na proporção das necessidades.
O NCPC prevê a possibilidade de o perito ser escolhido pelas próprias partes, mediante acordo
processual (art. 471).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Mattirollo, Tratado de derecho procesal civil, trad. esp., Madri, 1933, v. II, n. 1.012 a 1.018 –
sobre o testemunho de peritos; Andrioli, Lezioni di diritto processuale civile, v. I, n. 31 e ss.; Michele,
Curso di diritto civile, v. I, n. 37 e ss.; Moacir Amaral Santos, Prova Judiciária no Cível e Comercial,
4ª ed., São Paulo: Max Limonad, 1972, v. IV, n. 48 e ss.; Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe designar o juiz,
empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do encargo alegando motivo legítimo.
§ 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação, da
suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la.
§ 2º Será organizada lista de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização dos
documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para que a nomeação seja
distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a área de conhecimento.
CPC/1973
Art. 146.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 245, § 1º (citação do demente), 467 (escusa e recusa do perito), 469 e 477 (prazo para
entrega do laudo) e 478, § 3º (pedido de esclarecimento).
BREVES COMENTÁRIOS
O Código atual determina que se organize lista de peritos na vara ou na secretaria, com
disponibilização dos documentos exigidos para habilitação à consulta de interessados, para que a
nomeação seja distribuída de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a área de
conhecimento (art. 157, § 2º). Essa determinação evita que se privilegie um profissional em detrimento
de outros, de modo a que todos os cadastrados tenham oportunidades iguais de participação dentro de
suas competências técnicas.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 158. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos
prejuízos que causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois) a
5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo o juiz comunicar o
fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que entender cabíveis.
CPC/1973
Art. 147.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CP, art. 342 (falsa perícia).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Clito Fornaciari Jr., Responsabilidade do perito, Ajuris 10/18; Paula Sarno Braga, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção III
Do Depositário e do Administrador
CPC/1973
Art. 148.
SÚMULAS
Súmulas do STJ:
Nº 271: “A correção monetária dos depósitos judiciais independe de ação específica contra o banco
depositário.”
Nº 319: “O encargo de depositário de bens penhorados pode ser expressamente recusado.”
BREVES COMENTÁRIOS
Conforme as normas de organização judiciária, pode haver ou não depositário judicial permanente
no juízo. Quando houver funcionário nestas condições, será ele normalmente o encarregado da guarda dos
bens judicialmente apreendidos. Na sua falta, o juiz ou o oficial de justiça escolherá pessoa idônea para
o encargo. Para as funções de administrador, que requerem, como é óbvio, conhecimentos e aptidões
especiais, não se cogita do depositário judicial acaso existente. Haverá sempre nomeação de pessoa
idônea, moral e tecnicamente, que exercerá a missão sob fiscalização e orientação do juiz. O
administrador é, pois, o depositário com funções de gestor. Cumpre ressaltar que, por força da Súmula
Vinculante nº 25/STF e da Súmula nº 419/STJ, é incabível a prisão civil de depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade do depósito, o que não o isenta de ser punido nos termos da lei penal em ação
própria (art. 168, § 1º, II, do Código Penal).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Amílcar de Castro, Comentários ao CPC, 2ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, v. X, tomo 1º, n.
244, p. 235 e ss. – sobre a inexistência da posse por parte do depositário; e n. 255, p. 244 – sobre a
possibilidade de prisão civil do depositário; Lúcio Delfino, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 160. Por seu trabalho o depositário ou o administrador perceberá remuneração que o juiz
fixará levando em conta a situação dos bens, ao tempo do serviço e às dificuldades de sua execução.
Parágrafo único. O juiz poderá nomear um ou mais prepostos por indicação do depositário ou
do administrador.
CPC/1973
Art. 149.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 838 (requisitos do auto de penhora) e 840 (designação do depositário).
BREVES COMENTÁRIOS
Depositário e administrador entram, assim, na classe dos auxiliares da Justiça por conveniência
econômica. Sua função é remunerada, figurando os respectivos proventos entre as despesas processuais
de que trata o art. 82, § 2º. A remuneração será fixada pelo juiz, atendendo à situação dos bens, ao tempo
do serviço e às dificuldades de sua execução (art. 160). O depositário e o administrador podem,
conforme a complexidade da função, indicar prepostos para auxiliá-los, que serão nomeados pelo juiz
(art. 160, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lúcio Delfino, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Forma de remuneração. “O exercício das funções de depositário, por alguém de livre escolha
do Juízo, não investido no cargo, tem remuneração arbitrada na forma do art. 149 do CPC, sendo
inaplicável o Regimento de Custas do Estado e, muito menos, daquele inerente à Justiça federal” (TARS,
Ag. 186.003.612, Rel. Juiz Talai Djalma Salistre, 4ª Câmara, jul. 13.03.1986).
2. Adiantamento do pagamento da remuneração de administrador nomeado pelo juiz. “Em
contraprestação dos serviços, o artigo 149 do Código de Processo Civil determina ao magistrado que,
atendendo à situação dos bens, ao tempo do serviço e às dificuldades de sua execução, seja o
administrador remunerado pelo trabalho” (STJ, REsp 346.939/MG, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 6ª
Turma, jul. 20.11.2001, DJ 25.02.2002, p. 467).
3. Remuneração do depositário. Direito de retenção. Inaplicabilidade. “O art. 149 do CPC, ao
determinar a fixação de remuneração ao depositário, em momento algum dispôs sobre o direito de
retenção, sendo inaplicável ao depósito judicial o art. 644 do Código Civil, que diz respeito ao direito
de retenção para a modalidade de depósito particular” (TJRS, AGI 70028046274, Rel. Voltaire de Lima
Moraes, 11ª Câmara, jul. 18.02.2009, DJ 03.03.2009).
Art. 161. O depositário ou o administrador responde pelos prejuízos que, por dolo ou culpa,
causar à parte, perdendo a remuneração que lhe foi arbitrada, mas tem o direito a haver o que
legitimamente despendeu no exercício do encargo.
Parágrafo único. O depositário infiel responde civilmente pelos prejuízos causados, sem
prejuízo de sua responsabilidade penal e da imposição de sanção por ato atentatório à dignidade da
justiça.
CPC/1973
Art. 150.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 553 (prestação de contas).
SÚMULAS
Súmula Vinculante do STF:
Nº 25: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.”
Súmula do STJ:
Nº 419: “Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel.”
BREVES COMENTÁRIOS
A responsabilidade do depositário ou administrador é subjetiva, não ocorrendo sem o pressuposto
do dolo ou culpa, e muito menos quando configurado o caso fortuito ou força maior, bem como o fato
inevitável de terceiro. O Estado, porém, responderá objetivamente pelos danos que o depositário ou o
administrador judicial causar à parte (CF, art. 37, § 6º).
Dispõe o parágrafo único do art. 161 que o depositário infiel responde civilmente pelos prejuízos
causados, sem prejuízo de sua responsabilidade penal e da imposição de sanção por ato atentatório à
dignidade da justiça. Cumpre ressaltar que, por força da Súmula Vinculante nº 25/STF e da Súmula nº
419/STJ, é incabível a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito, o
que não o isenta de ser punido nos termos da lei penal em ação própria (art. 168, § 1º, II, do Código
Penal).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, v. I, n. 800/1; Sebastião Pereira de Souza, Prisão civil
do depositário infiel no processo de execução, RF 290/486; Taline Dias Maciel, A duvidosa legalidade
da prisão civil do devedor depositário infiel de bens penhorados no processo de execução, RF 32/31;
João José Ramos Schaefer, Prisão civil do depositário infiel, Ajuris 24/68; Lúcio Delfino, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção IV
Do Intérprete e do Tradutor
CPC/1973
Art. 151.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Regimento de Custas da Justiça Federal, tabela VII (remuneração).
CPC, art. 190, parágrafo único (atos processuais; juntada de documentos redigidos em língua
estrangeira).
BREVES COMENTÁRIOS
Intérprete é aquele a quem se atribui o encargo de traduzir para o português os atos ou documentos
expressados em língua estrangeira ou em linguagem mímica dos surdos-mudos. É, portanto, como o
perito, um auxiliar da justiça por necessidade técnica.
Se não existir tradutor oficial na sede do juízo, é admissível que a parte junte o documento
estrangeiro, mediante requerimento de nomeação, pelo juiz, de tradutor ou intérprete ad hoc para fazer,
nos autos, a versão devida (art. 162, I).
Há também necessidade de intérprete para dar expressão em língua portuguesa quando, nos atos
orais das partes e testemunhas, estas não souberem se expressar na língua nacional, bem como quando
houver necessidade de interpretação simultânea dos depoimentos das partes e testemunhas com
deficiência auditiva, que se comuniquem por meio da Língua Brasileira de Sinais, ou equivalente (art.
162, II e III).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lúcio Delfino, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 152.
BREVES COMENTÁRIOS
A função pode ser exercida por funcionário permanente ou por pessoa idônea da escolha do juiz.
Não pode, entretanto, recair sobre quem: não tiver a livre administração dos seus bens; for arrolado
como testemunha; ou servir como perito no processo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Sahione Fadel, CPC comentado, 7ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2003, v. I, p. 291; Lúcio
Delfino, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 164. O intérprete ou tradutor, oficial ou não, é obrigado a desempenhar seu ofício,
aplicando-se-lhe o disposto nos arts. 157 e 158.
CPC/1973
Art. 153.
BREVES COMENTÁRIOS
A função do intérprete assemelha-se à do perito, e a ela se aplicam as normas de obrigatoriedade e
escusa previstas nos arts. 157 e 158.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 148, II (impedimento e suspeição).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lúcio Delfino, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção V
Dos Conciliadores e Mediadores Judiciais
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos,
responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo
desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
§ 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal,
observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça.
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior
entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de
constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre
as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de
modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções
consensuais que gerem benefícios mútuos.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Resolução nº 125 do CNJ.
BREVES COMENTÁRIOS
A política de criação e incentivo dos Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania já era
objeto de programa editado pelo Conselho Nacional de Justiça, mesmo antes do advento do NCPC
(Resolução nº 125/CNJ, de 29.11.2010). Fiel a esse programa, a atual legislação processual civil
determina que cada tribunal (estadual ou federal), observando as normas do Conselho Nacional de
Justiça, crie Centros Judiciários de Solução Consensual de Conflitos responsáveis pela a realização de
sessões e audiências de conciliação e mediação, e pelo desenvolvimento de programas destinados a
auxiliar, orientar e estimular a autocomposição (NCPC, art. 165, caput). Dentro da regulamentação do
CNJ preexistente, esses centros deverão cobrir toda a circunscrição territorial do respectivo tribunal. O
ideal é que existam Centros Judiciários de Solução Consensual de Conflitos na Capital e nas grandes
comarcas, podendo, no interior, haver Centros Regionais. De acordo com o CNJ, esses centros deverão
conter setores de solução pré-processual e de solução processual (art. 10 da Resolução nº 125/CNJ).
Além dos Centros Judiciários, permite-se a criação de câmaras privadas de conciliação e mediação, que,
contudo, deverão seguir as normas do CPC (art. 175, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Gustavo Filipe Barbosa Garcia, Mediação e autocomposição: considerações sobre a Lei nº 13.140/2015
e o novo CPC, Revista Magister de Direito Civil e Processual Civil, ano XI, n. 66, p. 22-35, maio-jun.
2015.
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da
imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da
decisão informada.
§ 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do
procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa
deliberação das partes.
§ 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim
como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos
oriundos da conciliação ou da mediação.
§ 3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente
favorável à autocomposição.
§ 4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados,
inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais.
BREVES COMENTÁRIOS
A conciliação e a mediação, nos termos do art. 166, são reguladas pelos seguintes princípios:
(a) independência: os mediadores e conciliadores exercem sua função de forma independente, livres
de qualquer pressão ou subordinação.
(b) imparcialidade: os conciliadores e mediadores são terceiros estranhos às partes, que, portanto,
agem de forma imparcial, objetivando a melhor composição do conflito para os envolvidos. A
imparcialidade não é afetada pelo fato de se aplicarem técnicas negociais, com o fim de proporcionar um
ambiente favorável à autocomposição (art. 166, § 3º);
(c) autonomia da vontade: as partes têm o poder de definir as regras do procedimento conciliatório,
a fim de atender às especificidades do caso concreto, desde que não sejam contrárias ao ordenamento
jurídico (art. 166, § 4º);
(d) confidencialidade: as partes deverão guardar sigilo não apenas do conflito instaurado, mas
também de todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado
para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes (art. 166, § 1º). Essa obrigação se
estende aos conciliadores, mediadores e membros de suas equipes, que não poderão divulgar ou depor
acerca dos fatos e elementos decorrentes do procedimento (art. 166, § 2º);
(e) oralidade: consubstanciada no contato pessoal e direto do mediador e conciliador com as partes;
(f) informalidade: os procedimentos não são rígidos, devem seguir as regras estabelecidas
livremente pelas partes. A mediação e a conciliação permitem que os envolvidos usem da criatividade
para construir a solução mais satisfatória a seus interesses;
(g) decisão informada: antes de iniciar o procedimento as partes devem ser devidamente
esclarecidas sobre os seus direitos e as opções que lhes são disponibilizadas pelo ordenamento, para que
possam chegar à uma composição livre e informada.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Walsir Edson Rodrigues Júnior, A prática da mediação e o acesso à justiça, Belo Horizonte: Del
Rey, 2007, p. 91; Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos
em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, nos quais
haverá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional. Com isso, o
estímulo à solução consensual dos conflitos deixa de ser mera previsão legal, tornando-se norma a ser
efetivamente cumprida pelos responsáveis pelos agentes da atividade jurisdicional.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara
privada de conciliação e de mediação.
§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no
tribunal.
§ 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá distribuição entre
aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação.
§ 3º Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador.
BREVES COMENTÁRIOS
Na escolha do mediador ou do conciliador, bem como da câmara de conciliação e de mediação, as
regras do Código são dispositivas, de modo que, em última análise, prevalece a vontade das partes.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6º, o conciliador e o mediador receberão pelo
seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros
estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça.
§ 1º A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário, observada a
legislação pertinente e a regulamentação do tribunal.
§ 2º Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser
suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim de atender aos processos
em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento.
BREVES COMENTÁRIOS
A atividade é remunerada, por tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pelo
CNJ, a menos que o profissional seja integrante de quadro próprio de conciliadores e mediadores, criado
pelo tribunal e preenchido por meio de concurso público de provas e títulos. Todavia, a mediação e
conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a
regulamentação do tribunal (art. 169, § 1º).
As câmaras privadas de conciliação e mediação, em contrapartida ao seu credenciamento, deverão
suportar algumas audiências não remuneradas, cujo percentual será determinado pelos tribunais, com a
finalidade de atender aos processos em que haja sido deferida a gratuidade da justiça (art. 169, § 2º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
BREVES COMENTÁRIOS
As hipóteses de impedimento e suspeição do juiz aplicam-se aos conciliadores e mediadores (art.
148, II). Constatando alguma causa de impedimento, o auxiliar do juízo deverá comunicá-la
imediatamente ao juiz da causa ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos,
preferencialmente por meio eletrônico, para que este faça nova distribuição (art. 170, caput). Caso o
impedimento seja apurado quando já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se
ata com o relatório do ocorrido e a solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador (art.
170, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 172. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano, contado do
término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das
partes.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código prevê que o profissional, após a sua participação na conciliação ou mediação, fica
impedido de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes, pelo prazo de um ano, contado do
término da última audiência em que atuou.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
I – agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua responsabilidade
ou violar qualquer dos deveres decorrentes do art. 166, §§ 1º e 2º;
II – atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito.
§ 1º Os casos previstos neste artigo serão apurados em processo administrativo.
§ 2º O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e mediação, se houver,
verificando atuação inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por
até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão fundamentada, informando o fato imediatamente ao
tribunal para instauração do respectivo processo administrativo.
BREVES COMENTÁRIOS
Os conciliadores e mediadores atuam sob controle disciplinar do juiz que preside o processo em
cujo cur- so se pratica a mediação ou conciliação. Daí o poder do magistrado de impor-lhes sanção,
sempre que revelarem “atuação inadequada” à respectiva função processual.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 174. A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios criarão câmaras de mediação
e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito
administrativo, tais como:
I – dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;
II – avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no
âmbito da administração pública;
III – promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
BREVES COMENTÁRIOS
O NCPC reconhece legitimidade da Administração Pública de procurar a autocomposição de seus
conflitos, nos moldes do art. 174 do NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de conciliação e mediação
extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais
independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica.
Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às câmaras privadas
de conciliação e mediação.
BREVES COMENTÁRIOS
Além dos Centros Judiciários, permite-se a criação de câmaras privadas de conciliação e mediação,
que, contudo, deverão seguir as normas do CPC (art. 175, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernanda Tartuce, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
TÍTULO V
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 176. O Ministério Público atuará na defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses e direitos sociais e individuais indisponíveis.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 127; Lei nº 8.625/1993 (Institui a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, dispõe
sobre normas gerais para a organização do Ministério Público dos Estados e dá outras providências).
BREVES COMENTÁRIOS
O Ministério Público, nos termos da Constituição, “é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado” (art. 127). Suas funções institucionais acham-se arroladas no art. 129 da CF,
sendo de registrar que, no processo civil, pode atuar como parte ou como fiscal da lei, conforme o caso.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Pedro Roberto Decomain, O Ministério Público e o novo CPC: algumas considerações, Revista
Dialética de Direito Processual, n. 149, ago. 2015, p. 89-120.
Art. 177. O Ministério Público exercerá o direito de ação em conformidade com suas
atribuições constitucionais.
CPC/1973
Art. 81.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 127.
BREVES COMENTÁRIOS
Como parte, o Ministério Público, quase sempre, tem legitimidade apenas ativa, isto é, só pode
propor ações, visto que nunca pode ser demandado como sujeito passivo ou réu. Pode, no entanto,
eventualmente, assumir a defesa de terceiros, como na interdição e na curatela especial de revéis citados
por edital ou com hora certa. Outorgado o direito de ação ao Ministério Público, obviamente atribui--lhe
o Código os mesmos poderes e ônus que tocam às partes, ainda que isto não seja declarado textualmente
no art. 177 do NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcos Stefani, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como
fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos
que envolvam:
I – interesse público ou social;
II – interesse de incapaz;
III – litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana.
Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de
intervenção do Ministério Público.
CPC/1973
Art. 82.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 72, parágrafo único (curador judicial de ausentes e incapazes); 279 (nulidade); 967
(ação rescisória); e 996 (legitimidade para recorrer).
CC, art. 1.037 (legitimidade para promover dissolução de sociedade).
Lei nº 12.016, de 07.08.2009 (Mandado de Segurança – ver Legislação Especial), art. 12.
Lei nº 11.101, de 09.02.2005, arts. 8º e 19 (impugnação a relação de credores e aos créditos no
processo de falência ou recuperação judicial).
Lei nº 4.717, de 29.06.1965 (Ação Popular – ver Legislação Especial), art. 6º, § 4º.
LC nº 76, de 06.07.1993 (Desapropriação – ver Legislação Especial), art. 18, § 2º.
DL nº 3.365, de 21.06.1941 (Desapropriação – ver Legislação Especial).
Lei nº 5.478, de 25.07.1968 (Alimentos – ver Legislação Especial), art. 9º.
Lei nº 10.741, de 01.10.2003 (Estatuto do Idoso – ver Legislação Especial), art. 75.
Lei nº 9.099, de 26.09.1995 (Juizados Especiais – ver Legislação Especial), arts. 11 e 57, parágrafo
único (acordo).
Lei nº 8.078, de 11.09.1990 (Código de Defesa do Consumidor – ver Legislação Especial), arts. 82,
I, 91 e 92.
SÚMULAS
Súmulas do STJ:
Nº 99: “O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou como
fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.”
Nº 189: “É desnecessária a intervenção do Ministério Público nas execuções fiscais.”
Nº 226: “O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na ação de acidente do trabalho,
ainda que o segurado esteja assistido por advogado.”
BREVES COMENTÁRIOS
Como fiscal da lei, não tem compromisso nem com a parte ativa nem com a passiva da relação
processual, e só defende a prevalência da ordem jurídica e do bem comum. No sistema do Código, a
distinção entre função do Ministério Público como parte e como custos legis é meramente nominal, pois
na prática os poderes que lhe são atribuídos, na última hipótese, são tão vastos como os dos próprios
litigantes.
A regra é que, prevalecendo o poder dispositivo das partes sobre os direitos privados, mormente
aqueles de expressão econômica, não cabe ao Ministério Público intervir nas causas a eles relativas. Se
o interesse em litígio é público, como o relacionado com os bens e obrigações das pessoas jurídicas de
direito público, ou porque envolve uma parcela imprevisível da comunidade, como se dá com a falência,
a intervenção do custos legis é de conveniência intuitiva. Mas a participação da Fazenda Pública não
configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público (art. 178, parágrafo único). Assim,
por exemplo, “a intervenção do Parquet não é obrigatória nas demandas indenizatórias propostas contra
o Poder Público. Tal participação só é imprescindível quando se evidenciar a conotação de interesse
público, que não se confunde com o mero interesse patrimonial-econômico da Fazenda Pública”.
Tampouco será exigível nas ações de desapropriação indireta, nas execuções fiscais e nas lides em geral
que tratam dos interesses patrimoniais das pessoas jurídicas de direito público.
Mas, mesmo em se tratando de direitos privados, há casos em que o processo contencioso ou
procedimento de jurisdição voluntária versa sobre determinados bens que se acham colocados sob tutela
especial do Estado, de modo que o litígio passa a atingir também, e por isso, um interesse público. É o
que ocorre nos casos dos arts. 178, II, 720 e 721 do NCPC. Na jurisdição voluntária, embora o novo
Código fale genericamente em intimação do Ministério Público nos procedimentos da espécie (art. 721),
o entendimento prevalente na jurisprudência é no sentido de que a obrigatoriedade de tal intimação
somente ocorre nas hipóteses explicitadas pelo art. 178 do NCPC, que equivale ao art. 82 do CPC/1973.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcos Stefani, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público:
I – terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo;
II – poderá produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer.
CPC/1973
Art. 83.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 180 (intimação), 234, 967, III (legitimidade para propor ação), 996 (legitimidade para
recorrer).
BREVES COMENTÁRIOS
No sistema do Código, a distinção entre função do Ministério Público como parte e como custos
legis é meramente nominal, pois, na prática, os poderes que lhe são atribuídos, na última hipótese, são
tão vastos quanto os dos próprios litigantes. Assim é que, intervindo como fiscal da lei, o Ministério
Público “terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo” (nº I); e
“poderá produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer” (nº II).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, v. I, n. 253, p. 288; Arruda Alvim e
outros, A possibilidade do MP suscitar o incidente de uniformização de jurisprudência, RP 3/127,
Debates; Antonio Raphael Silva Salvador, MP – defensor do interesse público e não um representante da
parte, RF 259/313; Nelson Nery Júnior, O benefício da dilatação do prazo para o MP no direito
processual civil brasileiro (interpretação do art. 188 CPC), RP 30/109, Just. 125/93; Antonio Raphael
Silva Salvador, O MP e o momento para pedir a ouvida de testemunhas, Just. 121/171; José Alberto
Barbosa, O MP e o valor da causa, RCDUFU 15/117; Marcos Stefani, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que
terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º.
§ 1º Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de parecer, o
juiz requisitará os autos e dará andamento ao processo.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para o Ministério Público.
CPC/1973
Art. 188.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 179.
SÚMULA
Súmula do STJ:
Nº 116: “A Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em dobro para interpor agravo
regimental no Superior Tribunal de Justiça.”
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Carlos Barbosa Moreira, O benefício da dilatação do prazo para a Fazenda Pública, RF 247/7,
RP 1/51; Alcides de Mendonça Lima, Reconvenção – prazo para a Fazenda Pública, RP 9/265, RBDP
28/203; Sérgio Ferraz, Privilégios processuais da Fazenda Pública e princípio da isonomia, RDP 53/38;
Ada Pellegrini Grinover, Benefício de prazo, RBDP 19/13; Nelson Nery Júnior, O benefício da
dilatação do prazo para o MP no direito processual civil brasileiro (interpretação do art. 188 do
CPC); Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n.
239; Alfredo Buzaid, Prazo para impetrar mandado de segurança, RBDP 58/13, RP 53/100; Álvaro Alves
de Queiroz, O Estado como réu, RP 25/184; Marcos Stefani, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 181. O membro do Ministério Público será civil e regressivamente responsável quando
agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
CPC/1973
ART. 85.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 37, § 6º (responsabilidade da Administração Pública por atos de seus agentes).
BREVES COMENTÁRIOS
A responsabilidade civil é pessoal do representante do Ministério Público, e não da instituição, que,
aliás, não tem patrimônio próprio nem personalidade jurídica. Ações que acaso pretendam
responsabilizar impessoalmente a instituição por atos danosos somente serão manejáveis contra o estado
a que o Órgão do Ministério Público se vincule.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Abuso de direito processual no ordenamento jurídico brasileiro, RF
344/47 – “O agente do Ministério Público, no sistema do Código, po-derá ser ‘civilmente responsável’:
a) por atuar de modo temerário; b) por omitir-se, não agindo ou não intervindo, quando a lei lhe impõe.
Além disso, incidem também sobre o órgão do Parquet, quando age como parte, as mesmas obrigações e
sanções que o Código prevê para os litigantes de má-fé (arts. 16 e 18). Sujeita-se, outrossim, o agente do
Ministério Público ao dever de imparcialidade, tal como o juiz, de sorte que se lhe aplicam os mesmos
motivos de impedimento e suspeição – art. 138)”; Marcos Stefani, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 182. Incumbe à Advocacia Pública, na forma da lei, defender e promover os interesses
públicos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, por meio da representação
judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de direito público que integram a
Administração Direta e Indireta.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 131.
BREVES COMENTÁRIOS
No caso da União, exerce essa função a Advocacia-Geral da União (art. 131 da Constituição
Federal).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 183. A União, os estados, o Distrito Federal, os municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para o ente público.
CPC/1973
Art. 188.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 910 (execução contra a Fazenda Pública); procedimento, Lei nº 9.469/1997 (AGU).
SÚMULA
Súmula do STJ:
Nº 116: “A Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em dobro para interpor agravo
regimental no Superior Tribunal de Justiça.”
BREVES COMENTÁRIOS
Não se aplica aos advogados da Fazenda Pública a intimação pela imprensa ou pelo correio,
devendo sempre dar-se pessoalmente. A jurisprudência, no entanto, considera que se possa utilizar a
intimação por carta registrada quando o procurador da Fazenda Pública estiver lotado fora da sede do
juízo, caso em que a intimação postal equivaleria à pessoal, para os efeitos da lei.
Por força dos arts. 28, § 5º, e 39 da Lei Especial nº 8.038/1990, c/c o art. 258 do RISTJ, o prazo
para o agravo regimental perante o STJ será de cinco dias.
Também o defensor público, fulcro no art. 5º, § 5º, da Lei de Assistência Judiciária, tem prazo em
dobro para praticar qualquer ato processual.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Carlos Barbosa Moreira, O benefício da dilatação do prazo para a Fazenda Pública, RF 247/7,
RP 1/51; Alcides de Mendonça Lima, Reconvenção – prazo para a Fazenda Pública, RP 9/265, RBDP
28/203; Sérgio Ferraz, Privilégios processuais da Fazenda Pública e princípio da isonomia, RDP 53/38;
Ada Pellegrini Grinover, Benefício de prazo, RBDP 19/13; Nelson Nery Júnior; Humberto Theodoro
Júnior, Curso de direito processual civil, Forense, v. I, n. 239; Alfredo Buzaid, Prazo para impetrar
mandado de segurança, RBDP 58/13, RP 53/100; Álvaro Alves de Queiroz, O Estado como réu, RP
25/184; Donaldo Armelin, Execução de medida cautelar liminarmente concedida e o prazo para resposta,
RJ 103/75, RP 31/259; Gelson Amaro de Souza, Prazo: como contar, RBDP 56/91; Jacy de Assis, Prazo
para resposta, RF 285/461; João Edson de Mello, Duplicação de prazo para defesa, RCDUFU 12/77;
Joaquim Pontes de Cerqueira César, Inaplicabilidade do art. 188 do CPC às autarquias federais
incumbidas de fiscalizar o exercício de profissões liberais, RP 50/64; Marcos Afonso Borges, Ação
rescisória: falsa prova, RBDP 22/107; Odilon de Andrade, Observações à sistemática dos prazos no
CPC, RF 113/307; Sérgio Porto, O duplo grau de jurisdição, os prazos judiciais e a Administração
Indireta, Ajuris 18/165; Sérgio Ferraz, Igualdade processual e os benefícios da Fazenda Pública, RPGSP
13-15/421; Walter Borges Carneiro, Privilégios fazendários: distorções do sentido da lei, Ajuris 18/45,
RBDP 25/109; Daniele Coutinho Talamini, Eduardo Talamini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando
agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 181 (responsabilidade dos membros do Ministério Público).
CF, art. 37, § 6º (responsabilidade da Administração Pública por atos de seus agentes).
BREVES COMENTÁRIOS
Tal como ocorre com os membros do Ministério Público, os advogados públicos dos entes
federados serão civil e regressivamente responsáveis pelos prejuízos causados quando agirem com dolo
ou fraude no exercício de suas funções.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Daniele Coutinho Talamini, Eduardo Talamini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
TÍTULO VII
DA DEFENSORIA PÚBLICA
Art. 185. A Defensoria Pública exercerá a orientação jurídica, a promoção dos direitos
humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, em todos os graus, de
forma integral e gratuita.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, arts. 134 e 135.
Lei Complementar nº 80/1994 (organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos
territórios e prescreve normas gerais para sua organização nos estados, e dá outras providências).
BREVES COMENTÁRIOS
A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, a quem a Constituição
Federal incumbiu a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados (CF, art. 134). O
Código atual atribuiu um título próprio à Defensoria Pública, tratando de suas funções, prerrogativas e
responsabilidade nos arts. 185 a 187 do NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Renan Barros dos Reis, A Defensoria Pública no novo Código de Processo Civil, Jurisplenum,n. 64, ano
XI, p. 107-130, jul.-ago. 2015.
Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais.
§ 1º O prazo tem início com a intimação pessoal do defensor público, nos termos do art. 183, §
1º.
§ 2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a intimação pessoal da parte
patrocinada quando o ato processual depender de providência ou informação que somente por ela
possa ser realizada ou prestada.
§ 3º O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito
reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de
convênios firmados com a Defensoria Pública.
§ 4º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, arts. 134 e 135.
BREVES COMENTÁRIOS
Os membros da Defensoria Pública também gozarão de prazo em dobro para todas as suas
manifestações processuais, cuja contagem se iniciará de sua intimação pessoal, feita por carga, remessa
ou meio eletrônico (arts. 186, caput e § 1º, e 183, § 1º).1 Essa prerrogativa aplica-se aos escritórios de
prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam
assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública (art. 186, § 3º).
A Lei nº 1.060, em seu art. 5º, § 5º (que foi mantido pelo NCPC), instituiu esses mesmos benefícios
ao Defensor Público que atuar nos estados onde a assistência judiciária seja organizada e mantida por
eles.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Augusto Garcia de Souza, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 187. O membro da Defensoria Pública será civil e regressivamente responsável quando
agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, arts. 134 e 135.
BREVES COMENTÁRIOS
O regime de responsabilidade é o mesmo para os membros do Ministério Público, da Advocacia
Pública e da Defensoria Pública.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Augusto Garcia de Souza, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
1. A Lei nº 1.060, em seu art. 5º, § 5º (que foi mantido pelo NCPC), instituiu esses mesmos benefícios ao Defensor Público que atuar nos
estados onde a assistência judiciária seja organizada e mantida por eles.
LIVRO IV
DOS ATOS PROCESSUAIS
TÍTULO I
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
Capítulo I
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS
Seção I
Dos Atos em Geral
Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a
lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham
a finalidade essencial.
CPC/1973
Art. 154.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 276 (nulidade; impossibilidade de arguição pelo causador); 277 (princípio da
finalidade); e 283 (erro de forma; efeito; aproveitamento de atos).
Lei nº 9.800, de 26.05.1999 (Fax – ver Legislação Especial).
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
Lei nº 7.646/1987, art. 39, § 2º (segredo de justiça da ação atinente à violação da propriedade
intelectual sobre programas de computador).
Resolução do STF nº 287, de 14.04.2004 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
Resolução do STF nº 417, de 20.10.2009 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
Resolução do STJ nº 08, de 20.09.2007 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
Forma é o conjunto de solenidades que se devem observar para que o ato jurídico seja plenamente
eficaz. É através da forma que a declaração de vontade adquire realidade e se torna ato jurídico
processual.
Quanto à forma, os atos jurídicos em geral costumam ser classificados em solenes ou não solenes.
Solenes são aqueles para os quais a lei prevê determinada forma como condição de validade. E não
solenes, os atos de forma livre, i.e., que podem ser praticados independentemente de qualquer solenidade
e que se provam por quaisquer dos meios de convencimento admitidos em direito.
Os atos processuais são solenes porque, via de regra, se subordinam à forma escrita, a termos
adequados, a lugares e tempo expressamente previstos em lei. Realmente, a forma, nos atos jurídicos
mais importantes, é sempre instituída para segurança das partes, e não por mero capricho do legislador.
O que se pode razoavelmente condenar é o excesso de formas, as solenidades exageradas e imotivadas.
Ainda quando houver exigência de determinada solenidade, considerar-se-ão válidos os atos que,
realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. Para o Código, portanto, as formas que
prescrevem são relevantes, mas sua inobservância não é causa de nulidade, a não ser que dela tenha
decorrido a não consecução da finalidade do ato.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Cândido R. Dinamarco, A Instrumentalidade do processo, 5. ed., São Paulo: Malheiros, 2013;
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015, v.
I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende
(coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro,Rio de Janeiro: Forense,
2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I;
Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo:
Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015;
Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz
Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os
processos:
I – em que o exija o interesse público ou social;
II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III – em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir
certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo
da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
CPC/1973
Art. 155.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, arts. 5º, LX, e 93, IX (princípio da publicidade dos atos processuais e tutela do direito à
intimidade, respeitado o interesse público à informação – Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004).
NCPC, art. 368 (audiência; publicidade).
Lei Complementar nº 35, de 14.03.1979, art. 27 (segredo de justiça no processo disciplinar contra
magistrado).
ECA, arts. 143, 144 e 247 (sigilo dos atos judiciais relativos a crianças e adolescentes).
BREVES COMENTÁRIOS
A publicidade dos atos processuais é imposição constitucional (CF, arts. 5º, LX, e 93, IX e X). Nos
casos de segredo de justiça, reserva-se um mínimo de publicidade, não podendo, em hipótese alguma,
impedi-la em relação às partes e seus advogados. O segredo prevalece apenas para o público em geral.
O pleno acesso das partes e procuradores a todos os atos do processo e a fundamentação obrigatória de
todas as decisões complementam a garantia maior do contraditório e ampla defesa (CF, arts. 5º, LV, e 93,
X).
Nos feitos que se sujeitam às restrições do procedimento em segredo de Justiça, as audiências
realizam-se sem acesso público (art. 368), com a presença apenas do juiz e seus auxiliares, bem como
das partes e seus advogados, e, ainda, do representante do Ministério Público, quando funcionar como
custos legis.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Hélio Tornaghi, Comentários ao CPC, v. II, p. 11; Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Rio de
Janeiro: Forense, tomo III – sobre o sigilo dos atos no Código de 1939; Sérgio de Andréa Ferreira, A
intervenção do Ministério Público nos processos cíveis segundo o Código de Processo de 1973,
Arquivos do Ministério da Justiça 132/45; Wellington Moreira Pimentel, Comentários ao CPC, v. III, p.
426; José Raimundo Gomes da Cruz, Segredo de justiça, RF 284/57, RJTJSP 73/131; Fernando Pinto, A
publicação de editais e o segredo de justiça no direito de família, RF 254/447; Pedro Henrique Nogueira,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções
previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção
abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de
vulnerabilidade.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código adotou a teoria dos negócios jurídicos processuais, por meio da qual se conferiu
certa flexibilização procedimental ao processo, respeitados os princípios constitucionais, de sorte a que
se consiga dar maior efetividade ao direito material discutido. Assim é que disciplinou a possibilidade
de mudança procedimental pelas partes no art. 190 e seu parágrafo único.
A ideia se coaduna com o princípio da cooperação, que está presente no Código atual, devendo
nortear a conduta das partes e do próprio juiz, com o objetivo de, mediante esforço comum, solucionar o
litígio, alcançando uma decisão justa, mediante procedimento mais simples e mais adequado ao caso dos
autos.
O NCPC autoriza o negócio processual sob a forma de cláusula geral, sem, portanto, especificar
expressamente os limites dentro dos quais a convenção das partes poderá alterar o procedimento legal. O
convencionado entre as partes vinculará o juiz, não cabendo a estas, no entanto, eliminar as suas
prerrogativas. Por outro lado, não se reconhece ao magistrado o poder de veto puro e simples. Toca-lhe
apenas o poder de fiscalização e controle, de modo a impedir convenções nulas ou abusivas, como
explicita o parágrafo único do art. 190.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Leonardo Greco, Os atos de disposição processual – primeiras reflexões, Revista Eletrônica de
Direito Processual, Rio de Janeiro, out.-dez. 2007; Antônio Aurélio Abi Ramia Duarte, Negócios
processuais e seus novos desafios, Revista dos Tribunais, v. 955, ano 2014, p. 211-227, São Paulo: RT,
maio 2015; Antonio do Passo Cabra, Convenções processuais: entre publicismo e privatismo, São
Paulo: USP, 2015; Antonio do Passo Cabral e Pedro Henrique Nogueira (coords.), Negócios
processuais, Salvador: JusPodivm, 2015; Pedro Henrique Nogueira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Jaldemiro Rodrigues de Ataíde Júnior, Negócios jurídicos
materiais e processuais – existência, validade e eficácia – campo – invariável e campos – dependentes:
sobre os limites dos negócios jurídicos processuais, Revista de Processo, n. 244, p. 393, jun. 2015;
Bruno Garcia Redondo, Negócios processuais: necessidade de rompimento radical com o sistema do
CPC/1973 para a adequada compreensão da inovação do CPC/2015, Revista Dialética de Direito
Processual, n. 149, ago. 2015, p. 9-17.
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão
modificados em casos excepcionais, devidamente justificados.
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de
audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LXXVIII.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código admite que as partes e o juiz, de comum acordo, fixem calendário para a prática dos
atos processuais, quando for o caso. Esse calendário é útil quando o processo envolva questões que se
submetem a provas em foros distintos ou a perícias mais complexas; haja prazos comuns; etc. O
calendário cumpre significativo papel na implementação do princípio de duração razoável do processo e
de emprego de meios que acelerem sua conclusão (CF, art. 5º, LXXVIII), pois, uma vez estabelecido, os
atos processuais se realizarão nos momentos predeterminados, sem depender de novas intimações.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pedro Henrique Nogueira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa.
Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser juntado aos
autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática ou
pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 6.015, de 31.12.1973, arts. 129, 6, e 148 (registros públicos).
CF, art. 105, I, i (carta rogatória; exequatur; competência).
NCPC, art. 162, I (nomeação de intérprete).
CC, art. 224 (tradução).
BREVES COMENTÁRIOS
A regra do art. 192 do CPC vincula-se ao disposto no art. 13 da Constituição, que adota a língua
portuguesa como o idioma oficial do Brasil, motivo pelo qual nenhum documento redigido em língua
estrangeira será juntado aos autos senão depois de vertido para o vernáculo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacyr Lobo da Costa, Agravo no direito lusitano, p. 24 – sobre a obrigatoriedade do uso do
português em documentos públicos em Portugal; Hélio Tornaghi, Comentários ao CPC, v. I, p. 465;
Pedro Henrique Nogueira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção II
Da Prática Eletrônica de Atos Processuais
Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de forma a permitir
que sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da lei.
Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, à prática de atos
notariais e de registro.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 11.419/2006.
BREVES COMENTÁRIOS
Atentando-se à implantação do processo eletrônico no ordenamento jurídico pátrio, por meio da Lei
nº 11.419/2006, o novo Código inseriu uma seção para disciplinar a prática eletrônica de atos
processuais (arts. 193 a 199), explicitando que as suas regras podem ser aplicadas, no que couber,
também à prática de atos notariais e de registro.
A intenção do legislador, e também do Conselho Nacional de Justiça, é uniformizar o processo
digital, estabelecendo um sistema nacional, criado por aquele próprio órgão, a ser utilizado por todos os
tribunais pátrios, ao contrário do que ocorre atualmente, com cada estado adotando um sistema próprio,
sem qualquer padronização.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Augusto Tavares Rosa Marcacini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a publicidade dos atos, o acesso e
a participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento,
observadas as garantias da disponibilidade, independência da plataforma computacional,
acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder
Judiciário administre no exercício de suas funções.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 11.419/2006.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Augusto Tavares Rosa Marcacini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que
atenderão aos requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e,
nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de
chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 11.419/2006.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Augusto Tavares Rosa Marcacini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 11.419/2006.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Augusto Tavares Rosa Marcacini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 11.419/2006.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Augusto Tavares Rosa Marcacini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gratuitamente, à disposição dos
interessados, equipamentos necessários à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso ao
sistema e aos documentos dele constantes.
Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não eletrônico no local onde não
estiverem disponibilizados os equipamentos previstos no caput.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 11.419/2006.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Augusto Tavares Rosa Marcacini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 11.419/2006.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Augusto Tavares Rosa Marcacini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Seção III
Dos Atos das Partes
Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade
produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial.
CPC/1973
Art. 158.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 90 (despesas processuais), 105 (procuração geral para o foro), 122 (assistência), 485,
VIII e § 4º (extinção do processo sem resolução de mérito), 335, § 1º (resposta do réu; litisconsórcio
passivo), 343, § 2º (reconvenção) e 515, VI, 924, III, e 925 (transação).
BREVES COMENTÁRIOS
Dispõe o art. 200 que “os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de
vontade, produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a extinção de direitos processuais”.
Isso quer dizer que os efeitos do ato processual, salvo disposição em contrário, são imediatos e não
dependem de redução a termo nem de homologação judicial. A desistência da ação, porém, só produz
efeito depois de homologada por sentença (art. 200, parágrafo único). O mesmo se dá com a transação
(art. 925). A relação processual não envolve apenas as partes, mas também o juiz. Por isso o ato das
partes que conduza à extinção do processo somente atingirá o objetivo visado depois da necessária
homologação judicial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marco Tulio Zanzuchi, Diritto processuale civile, 4ª ed., Milão: Giuffrè, 1946, v. I, p. 367;
Francesco Carnelutti, Sistema del diritto processuale civile, Pádua, v. II, n. 456, p. 162; João de Castro
Mendes, Do conceito de prova em processo civil, Lisboa, p. 464/465; Moniz de Aragão, Comentários ao
CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. II, n. 18/20; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual
civil, v. I, n. 205/206 e 211.
Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e documentos que
entregarem em cartório.
CPC/1973
Art. 160.
BREVES COMENTÁRIOS
O protocolo oficial do juízo ou tribunal cumpre, com vantagem, a função do recibo do escrivão.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Eduardo Couture, Fundamentos del derecho procesal civil, 1974, n. 128, p. 206/208; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 212; Luana Pedrosa de Figueiredo Cruz, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou interlineares, as quais o juiz man-dará
riscar, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário-mínimo.
CPC/1973
Art. 161.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 96 (despesas processuais; sanções por má-fé).
BREVES COMENTÁRIOS
Aos advogados das partes é assegurado o direito de manusear livremente os autos, inclusive fora do
cartório. Mas proíbe o Código que neles se lancem cotas marginais ou interlineares. Inclui-se entre as
praxes censuráveis a de sublinhar trechos de depoimentos de testemunhas ou de outros atos do processo,
salvo, é claro, os destaques feitos nos arrazoados da própria parte.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 213; Pedro Batista Martins,
Comentários ao Código de Processo Civil, 2ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1960, v. I, n. 66, p. 84; Luana
Pedrosa de Figueiredo Cruz, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Seção IV
Dos Pronunciamentos do Juiz
CPC/1973
Art. 162.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 208 (atos ordinatórios, notas datadas e rubricadas pelo escrivão); 226 (prazo para o
juiz); 228 (prazos para o serventuário); 485 (extinção do processo sem resolução do mérito); 487
(extinção do processo com resolução do mérito); 366 (sentença, prazo para proferir); 489 (sentença,
requisitos); 490 (sentença; possibilidade de acolhimento parcial ou total da pretensão); 494 (inaltera-
bilidade); 515 (sentença, título judicial); 1.001 (despacho, irrecorribilidade); 1.009 (sentença, recurso
cabível); 1.015 (decisões interlocutórias, recurso cabível); e 925 (execução, extinção apenas por
sentença).
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código adotou uma postura objetiva para qualificar os atos judiciais em sentença ou decisão
in- terlocutória. Não se preocupou com a matéria decidida, mas com a finalidade do ato decisório e sua
repercussão sobre o encerramento do procedimento cognitivo ou da execução. A sentença, na dicção do
art. 203, § 1º, com ressalva a algumas disposições dos procedimentos especiais, é “o pronunciamento por
meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execu-ção”. Não se faz, no conceito legal, qualquer referência ao conteúdo
do julgado, que tanto pode referir-se ao mérito quanto a preliminares processuais.
O novo Código andou bem ao explicitar que a sentença coloca “fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução”, corrigindo uma impropriedade ocorrida na lei
anterior, que induzia ao entendimento de que toda decisão que tivesse como conteúdo uma das hipóteses
dos arts. 267 ou 269 (CPC/1973) seria sentença, o que nem sempre era correto. Não é o conteúdo que
qualifica a decisão como sentença, mas o fato de ela extinguir ou não o processo ou uma de suas fases.
Como se vê, a nova lei foi bastante clara e objetiva na conceituação, o que não ocorria no Código
anterior, que se limitava a conceituar a sentença de acordo com a matéria decidida pelo juiz (CPC/1973,
art. 162, § 1º). Assim, se o ato decisório é proferido durante a marcha processual, sem colocar fim à fase
cognitiva ou à execução, trata-se de decisão interlocutória, que desafia o recurso de agravo de
instrumento. Se, contudo, a decisão finaliza a atividade jurisdicional da primeira instância, é sentença,
contra a qual deve ser interposto o recurso de apelação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Giuseppe Chiovenda, Instituições de direito processual civil, 4. ed., Campinas: Bookseller, 2000,
v. III, n. 300; Adroaldo Furtado Fabrício, Ação declaratória incidental, Rio de Janeiro: Forense, 1976,
n. 111 e 112; Calmon de Passos, Inovações no CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1995; Luiz Rodrigues
Wambier, Tereza Arruda Alvim Wambier e José Miguel Garcia Medina, Breves comentários à nova
sistemática processual civil 2: Leis 11.187/2005, 11.232/2005, 11.276/2006, 11.277/2006 e
11.280/2006, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006; Humberto Theodoro Júnior, As novas reformas do
Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, 2007; Flávio Cheim Jorge, Fredie Didier Jr.,
Marcelo Abelha Rodrigues, A terceira etapa da reforma processual civil: comentários às Leis n.
11.187/2005, 11.232/2005, 11.276/2006, 11.280/2006, São Paulo: Saraiva, 2006; Jaqueline Mielke
Silva, José Tadeu Neves Xavier, Reforma do processo civil: Leis 11.187, de 19.10.2005, 11.232, de
22.12.2005, 11.276 e 11.277, de 07.02.2006 e 11.280, de 16.02.2006, Porto Alegre: Verbo Jurídico,
2006; José Maria Rosa Tesheiner (coord.), Nova sistemática processual civil, Caxias do Sul: Plenum,
2006; Luis Guilherme Aidar Bondioli, O novo CPC: a terceira etapa da reforma, São Paulo: Saraiva,
2006; Celso Barbi, Ação declaratória principal e incidental, RCGRS 8/45; Luiz Fernando Bellinetti, O
conceito de sentença no CPC, RP 35/218; Ovídio A. Baptista da Silva, Decisões interlocutórias e
sentenças liminares, Ajuris 51/126; João Baptista Monteiro, O conceito de decisão, RP 23/61; Tomás
Pará Filho, A recorribilidade das decisões interlocutórias no novo CPC, RP 5/15; Edson Ribas
Malachini, A correição parcial e a recorribilidade das decisões interlocutórias, RP 18/88; José Carlos
Barbosa Moreira, A nova definição de sentença: Lei nº 11.232, RDDP 39/78; Daniel Francisco
Mitidiero, Sentenças parciais de mérito e resolução definitiva-fracionada da causa, RGDPC 31/22;
Rénan Kfuri Lopes, O novo conceito de sentença introduzido pela Lei nº 11.232/2005, ADV, set. 2006, p.
40; Cláudia Helena Poggio Cortez, O novo conceito de sentença visto pelos tribunais, RP 171/282;
Marcelo Alves Dias de Souza, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; Fernando Rubin, As decisões interlocutórias e a aplicação da técnica preclusiva no novo CPC,
Revista Dialética de Direito Processual, n. 150, p. 27-35.
CPC/1973
Art. 163.
BREVES COMENTÁRIOS
Recebe a denominação de “acórdão” o julgamento colegiado proferido pelos tribunais, quando faz o
papel seja de sentença, seja o de decisão interlocutória. Em outros termos, os tribunais, como os juízes
de primeiro grau de jurisdição, ora decidem o necessário para encerrar o procedimento cognitivo ou
executivo, ora se pronunciam sobre questões incidentais, sem impedir a continuidade do processo e sem
exaurir a atividade de acertamento do litígio, e tampouco pôr fim ao procedimento da execução forçada
pendente. Em todos os casos, porém, os decisórios colegiados dos tribunais serão denominados
“acórdãos”.
Acórdão, derivado do verbo acordar (entrar em acordo), é a modalidade de aperfeiçoar-se a
decisão colegiada nos tribunais, que pode ser unânime ou por maioria de votos. Não há acórdão, por
isso, quando o relator ou o presidente decidem singularmente, em nome do tribunal. O acórdão tanto pode
conter matéria processual como de mérito; pode equivaler tanto a decisão interlocutória como a sentença.
Essas equivalências, porém, não tornam aplicáveis os recursos de apelação e agravo tal como se passa
no primeiro grau de jurisdição (arts. 1.009 e 1.015). Os mecanismos recursais a que se sujeitam as
decisões dos tribunais são outros (arts. 929, 1.021, 1.022, 1.027, 1.042 e 1.043).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcelo Alves Dias de Souza, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 164.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 152 (atribuições do escrivão); 209 (atos escritos); 210 (taquigrafia, estenotipia e meios
idôneos); 211 (espaços e rasuras); 361 (instrução e julgamento; produção de provas); e 489 (sentença;
requisitos).
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
A sentença como ato individual do juiz tem sua autenticidade manifestada pela assinatura do
magistrado. Antiga e radical doutrina qualificava a sentença não assinada como ato processual
inexistente. No entanto, a moderna visão instrumental e finalística do processo não condiz mais com tal
excessivo rigor. Sendo possível reconhecer a autenticidade do ato do juiz por meio de outros elementos
dos autos, tem-se como válida a sentença, mesmo que por descuido tenha ficado sem sua firma (conferir
nosso Curso de direito processual civil, vol. I, n. 353, nota 1.508).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Edilberto Barbosa Clementino, Processo judicial eletrônico: em conformidade com a Lei 11.419,
de 19.12.2006, Curitiba: Juruá, 2008; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, 56. ed.,
Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I; Luiz Rodrigues Wambier, Tereza Arruda Alvim Wambier, José
Miguel Garcia Medina, Breves comentários à nova sistemática processual civil 3: Leis 11.382/2006,
11.417/2006, 11.418/2006, 11.341/2006, 11.419/2006, 11.441/2007, 11.448/2007, 3. ed., São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2005; Pontes de Miranda, Comentários ao CPC de 1973, Rio de Janeiro:
Forense, t. VI; Ana Flávia Messa, Algumas considerações sobre a busca do processo efetivo no contexto
das reformas processuais civis, In: Terceira etapa da reforma do Código de Processo Civil: estudos em
homenagem ao Ministro José Augusto Delgado, Salvador: JusPodivm; Marcelo Alves Dias de Souza,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção V
Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria
CPC/1973
Art. 166.
BREVES COMENTÁRIOS
O processo se inicia com a provocação do autor por meio da petição inicial. Depois de despachada
pelo juiz, a petição vai ao escrivão ou ao chefe de secretaria, que promoverá o primeiro ato de
documentação do processo: a autuação. Consiste este ato em colocar uma capa sobre a petição, na qual
será lavrado um termo que deve conter o juízo, a natureza da causa, o número de seu registro nos assentos
do cartório, os nomes das partes e a data do seu início. Dessa autuação surge um volume ao qual se vão
acrescentando todas as petições e documentos relacionados com a causa. Sempre que o volume inicial se
tornar muito grande, outros serão abertos, com novas autuações, com as mesmas cautelas.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Chiovenda, Instituições de direito processual civil, 2ª ed., Campinas: Bookseller, 2000, v. II, n.
156, p. 79 – sobre a função de escrivão; Moacyr Lobo da Costa, O agravo no direito brasileiro, p. 29;
João Mendes de Al-meida Júnior, Direito Judiciário brasileiro, 4ª ed., Rio de Janeiro: Freitas Bastos,
1954, p. 231 – sobre a história da fé pública do escrivão; Sergio Bermudes, Comentários ao CPC, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1975, v. VII, p. 309 – sobre a necessidade do despacho judicial, anterior à
autuação do escrivão; Luana Pedrosa de Figueiredo Cruz, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e rubricará todas as folhas dos autos.
CPC/1973
Art. 167.
BREVES COMENTÁRIOS
Têm a faculdade de rubricar as folhas dos autos não só as pessoas enumeradas no parágrafo único
do dispositivo legal supra, como também, v.g., os depositários, os intérpretes e os assistentes técnicos.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, 9. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. II, n. 56-58;
Luana Pedrosa de Figueiredo Cruz, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão de notas
datadas e rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria.
CPC/1973
Art. 168.
BREVES COMENTÁRIOS
Juntada é o ato com que o escrivão certifica o ingresso de uma petição ou documento nos autos.
Vista é o ato de franquear o escrivão os autos à parte para que o advogado se manifeste sobre algum
evento processual. Conclusão é o ato que certifica o encaminhamento dos autos ao juiz, para alguma
deliberação. Recebimento é o ato que documenta o momento em que os autos voltaram a cartório após
uma vista ou conclusão.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Athos Gusmão Carneiro, O Novo Código de Processo Civil, v. II, n. 678, p. 547 – acórdão definindo
juntada; Luana Pedrosa de Figueiredo Cruz, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados pelas pessoas que neles intervierem,
todavia, quando essas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de secretaria
certificará a ocorrência.
§ 1º Quando se tratar de processo total ou parcialmente documentado em autos eletrônicos, os
atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo
integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em termo,
que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos
advogados das partes.
§ 2º Na hipótese do § 1º, eventuais contradições na transcrição deverão ser suscitadas
oralmente no momento de realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano
e ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão.
CPC/1973
Art. 169.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 205, § 2º (assinatura digital).
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
Tolera-se, para determinados despachos ou decisões rotineiras, o uso de carimbos, acompanhados
da rubrica e da assinatura do juiz.
Tendo a Lei nº 11.419/2006 aberto aos tribunais o uso amplo dos recursos eletrônicos no processo,
o art. 169 do CPC teve o acréscimo de dois novos parágrafos, que passaram a admitir a realização, o
armazenamento e a assinatura dos atos processuais também na forma eletrônica, estabelecendo as
diretrizes formais e procedimentais necessárias para tanto.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, 10. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2005, v. II, n. 66-
68; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015, v.
I, n. 209-b – sobre processo eletrônico; Luiz Rodrigues Wambier, Tereza Arruda Alvim Wambier e José
Miguel Garcia Medina, Breves comentários à nova sistemática processual civil 3: Leis 11.382/2006,
11.417/2006, 11.341/2006, 11.419/2006, 11.441/2007 e 11.448/2007, 3. ed., São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005; Edilberto Barbosa Clementino, Processo judicial eletrônico: em conformidade com a
Lei 11.419, de 19.12.2006, Curitiba: Juruá, 2008; Luana Pedrosa de Figueiredo Cruz, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 170.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
João Carlos Pestana de Aguiar, Comentários ao CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, v. IV, p.
312 – sobre a datilografia no depoimento de testemunhas; Wellington Moreira Pimentel, Comentários ao
CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1975, v. III, p. 132/133 – sobre a gravação das audiências;
Sidnei Agostinho Beneti, A estenotipia no Judiciário, RJTJSP 76/29; Calmon de Passos, Inovações no
CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 101; Luana Pedrosa de Figueiredo Cruz, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais espaços em branco, salvo os que
forem inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou rasuras, exceto quando expressamente
ressalvadas.
CPC/1973
Art. 171.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 426 (prova documental; vícios extrínsecos).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, 9. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. II, n. 70/71; Luana
Pedrosa de Figueiredo Cruz, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Espaços em branco, emendas e abreviaturas. “A legislação processual civil não admite, nos
atos e termos, que haja espaços em branco, entrelinhas, emendas ou rasuras. Quando se adiciona um
algarismo sobre outro, para alcançar finalidade diversa da existente, pratica-se a chamada emenda.
Também é vedado o uso de abreviaturas, devendo o dia, mês e ano serem escritos por extenso e não
abreviadamente” (TJGO, Ap 12.619, Rel. Des. Messias de Souza Costa, 1ª Câmara, jul. 08.09.1980, Rev.
Goiana de Jurisp. 16/207).
2. Alteração de atos processuais. “No que se refere à alteração de atos processuais praticados
pelos escrivães judiciais, dispõe o art. 171 do CPC que ‘não se admitem, nos atos e termos, espaços em
branco, bem como entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas
expressamente ressalvadas’. Desse modo, a validade de ato rasurado nos autos condiciona-se à ressalva
expressa pelo escrivão judicial acerca da alteração levada a efeito” (TJMG, Ag 1.0687.06.045750-
8/001, Rel. Des. Elpidio Donizetti, 18ª Câmara, jul. 31.07.2007, DJ 13.08.2007).
3. Contrato de financiamento. “Se as partes não reclamam, não há que se considerar nulo o
contrato de financiamento, com rasuras apenas nas datas do primeiro e do último pagamento, se
verificado que aquele está aprazado para trinta dias após a assinatura, e este corresponde ao vencimento
da última parcela. Diante das rasuras e com base no que dispõe o art. 171 do CPC, o instrumento
contratual não oferece, no caso concreto, elementos hábeis ao preenchimento dos requisitos exigidos pelo
art. 586 do CPC, exatamente porque evidentes as rasuras existentes no contrato, o que impede que se
reconheçam a certeza, exigibilidade e liquidez do título” (TJMG, Ap.Cív. 419.788-6, Rel. p/ ac. Juiz
Guilherme Luciano Baeta Nunes, 7ª Câmara, jul. 16.09.2004, DJ 27.10.2004).
Capítulo II
DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS
Seção I
Do Tempo
Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
§ 1º Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento
prejudicar a diligência ou causar grave dano.
§ 2º Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão
realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário
estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal.
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição em autos não eletrônicos, essa
deverá ser protocolada no horário de funcionamento do fórum ou tribunal, conforme o disposto na
lei de organização judiciária local.
CPC/1973
Art. 172.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º XI (inviolabilidade do domicílio).
NCPC, arts. 212, § 2º (atos processuais; tempo), 220 (prazos; suspensão nas férias), 224, §§ 1º e 3º
(prazos; contagem; prorrogação), 265, § 1º (cartas por telefone), 238 a 258 (citação), 824 a 864
(penhora) e 900 (arrematação; prosseguimento da hasta).
Lei nº 9.800, de 26 de maio de 1999 (fax).
BREVES COMENTÁRIOS
Entende-se por dias úteis aqueles em que há expediente forense, de modo que “durante as férias
forenses e nos feriados não se praticarão atos processuais” (art. 214). O mesmo se diz dos sábados e
domingos, que, conforme a maioria das organizações judiciárias, não são dias úteis.
Salvo no caso de citação e intimação, de nenhum efeito são os atos praticados em dias não úteis ou
fora do horário legal. Permite-se, contudo, que os atos iniciados em momento adequado possam se
prolongar além das 20 horas, “quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano”.
No âmbito dos juizados especiais os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno (Lei
nº 9.099/1995, art. 12).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24
(vinte e quatro) horas do último dia do prazo.
Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado será
considerado para fins de atendimento do prazo.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 11.419/2006, arts. 3º, parágrafo único, e 10, § 1º.
BREVES COMENTÁRIOS
Para o processo eletrônico, quando implantado pelos tribunais, a Lei nº 11.419 institui regra
diferente da fixada pelo art. 212, § 3º, do NCPC: as petições serão consideradas tempestivas quando
remetidas por meio eletrônico até as 24 horas do último dia do prazo (Lei nº 11.419, arts. 3º, parágrafo
único, e 10, § 1º). A regra, porém, só será observada quando o sistema de comunicação eletrônica de atos
processuais estiver realmente implantado e a remessa da petição eletrônica observar as cautelas dos arts.
1º e 2º da Lei nº 11.419, relativas à observância da assinatura eletrônica e ao credenciamento prévio no
Poder Judiciário.
A regra foi repetida pelo art. 213 do NCPC, ao dispor que a prática eletrônica de ato processual
pode ocorrer em qualquer horário até as 24 horas do último dia do prazo. Mas, considerando que o
horário oficial varia no Brasil de região para região, o parágrafo único do referido artigo ressalva que “o
horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado será considerado para fim de atendimento
do prazo”. Nessas circunstâncias, deve-se observar o horário local para determinação do termo final do
prazo processual, mesmo que diferente daquele da localidade de expedição.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Estefânia Viveiros, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão atos processuais,
excetuando-se:
I – os atos previstos no art. 212, § 2º;
II – a tutela de urgência.
CPC/1973
Art. 173.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 93, XII, acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004 (abolição das férias
coletivas).
NCPC, arts. 220 (prazos; suspensão nas férias); 221 (prazos; casos de suspensão); 224 (prazos;
contagem); 257 (citação por edital; requisitos); 231 (intimação; fluência do prazo); 314 (processo;
medidas acautelatórias); 335 (resposta do réu; prazo); 837, § 2º, 911, parágrafo único (prisão); 305 a 307
(separação de corpos); 308 (medidas cautelares; prazo para ajuizamento da ação principal); 674 a 680
(embargos de terceiros); 735 e 736 (abertura de testamento); e 738 a 740 e 744 a 746 (arrecadação).
Lei nº 6.515, de 26.12.1977, arts. 7º e 8º (divórcio; separação de corpos).
Regimento Interno do STF, arts. 78 e 105 (recesso do STF).
Regimento Interno do STJ, art. 81 (recesso do STJ).
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 214 prevê apenas atos que podem ser praticados durante férias e feriados, o que não implica
tenham os respectivos processos curso normal naqueles períodos.
Férias forenses são as paralisações que afetam, regular e coletivamente, durante determinados
períodos do ano, todo o funcionamento do juízo, por determinação da Lei de Organização Judiciária. Ao
contrário do feriado, que diz respeito pontualmente a determinado dia, as férias correspondem à ideia de
suspensão dos serviços forenses por um período prolongado.
Constituem dias não úteis, e equiparam-se aos feriados, os que se compreendem nos períodos de
férias da Justiça. Tanto nos feriados como nas férias não se praticam atos processuais. Em caráter
excepcional, porém, permite o Código a prática de determinados atos. Todos esses atos são de notória
urgência e a parte estaria sujeita, quase sempre, a suportar prejuízos graves caso tivesse de aguardar o
transcurso das férias para promovê-los. A lei nova, portanto, dispensa a parte de comprovar, caso a caso,
o risco concreto de perigo de dano. Este é presumido nos casos arrolados nos incisos do art. 214.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Cândido de Oliveira Filho, Férias forenses, dilações e prazos, Rio de Janeiro: C. Cândido de
Oliveira, 1923, n. 33, p. 111; José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, 2. ed., São
Paulo: Millenium, 2001, v. III, n. 584; Estefânia Viveiros, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não se suspendem pela
superveniência delas:
I – os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à conservação de direitos,
quando puderem ser prejudicados pelo adiamento;
II – a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador;
III – os processos que a lei determinar.
CPC/1973
Art. 174.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 852 726 e 729 (protestos; notificações; interpelações), 719 a 1.765 (jurisdição
voluntária), e 759 a 763 (dação ou remoção de tutores e curadores).
Lei nº 8.245, de 18.10.1991, art. 58, I (locação de imóveis urbanos).
BREVES COMENTÁRIOS
Além dos atos processuais isolados que o art. 214 permite sejam praticados durante a suspensão da
atividade forense, há processos que têm curso normal no período de férias, i.e., processam-se durante as
férias e não se suspendem, como os demais, pela superveniência delas. Achamse eles enumerados pelo
art. 215 e são os seguintes:
(a) os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à conservação de direitos, quando
puderem ser prejudicados pelo adiamento (inciso I);
(b) a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador (inciso II);
(c) os processos que a lei determinar (inciso III).
Processam-se durante as férias as ações relativas a: a) acidente do trabalho; b) acidente de trânsito;
c) adjudicação compulsória; d) desapropriação; e) processo falimentar; f) produção antecipada de prova;
g) ações locatícias (despejo, consignatória de aluguel, renovação e revisão de locação).
Não correm durante as férias as ações pertinentes a: a) separação litigiosa; b) consignação em
pagamento; c) prestação de contas; d) divórcio; e) posse; f) usucapião; g) exibição; h) rescisória; i)
execução por título extrajudicial; j) embargos à execução; k) processo cautelar; l) mandado de segurança;
m) alimentos; n) nunciação de obra nova; o) execução fiscal.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Maurício Pinto de Almeida, Jurisdição voluntária e férias forenses, O Estado de S. Paulo,
27.10.1985; José Frederico Marques, Ensaio sobre a jurisdição voluntária, Campinas: Millenium, 2000,
n. 2, p. 230; José Eduardo da Rocha Frota, A ação renovatória suspende-se nas férias, O Estado de S.
Paulo, 28.10.1987; Antônio Cezar Peluso, Inventário: curso nas férias forenses, RP 17/217; Alcides de
Mendonça Lima, Embargos de terceiros – curso nas férias – deferimento de liminar, RP 31/233 –
parecer; Estefânia Viveiros, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os
domingos e os dias em que não haja expediente forense.
CPC/1973
Art. 175.
BREVES COMENTÁRIOS
Consideram-se feriados os dias não úteis, isto é, aqueles em que habitualmente não há expediente
forense, como os domingos, dias de festa nacional ou local e os sábados, quando as normas de
organização judiciária suspenderem a atividade judiciária nesses dias. Todo dia em que não houver
expediente forense deve ser qualificado como feriado, para efeito processual.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Vidal, Férias e feriados, RT 489/267; Estefânia Viveiros, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção II
Do Lugar
CPC/1973
Art. 176.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 454 (prova testemunhal; inquirição das pessoas gradas) e 481 a 484 (inspeção
judicial).
BREVES COMENTÁRIOS
“Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na sede do juízo”, ou seja, no edifício do fórum
ou do tribunal competente para a causa. O juiz utiliza seu gabinete para os despachos e a sala de
audiências para as sessões públicas de colhida de provas orais, debates e julgamento. O escrivão pratica
os atos de documentação e comunicação, geralmente, em cartório.
Exemplo de ato praticado fora da sede do juízo, pelo critério da deferência, é o da tomada de
depoimento do Presidente da República, dos governadores, deputados e demais pessoas gradas
constantes do art. 453, as quais são inquiridas em sua residência ou no local em que exercem a sua
função. Ato praticado fora do juízo por interesse da Justiça é, v.g., a inspeção judicial in loco (art. 41).
Exemplo de ato praticado fora do juízo por sua natureza é a perícia, em todas as suas modalidades,
especialmente aquelas relacionadas com a divisão e demarcação de terras (arts. 474, 478, 580, 582 e
590). São também atos praticados necessariamente fora do juízo os de comunicação processual, que se
devam realizar na pessoa da parte (citação e intimação) (arts. 238 e 269), assim como os do processo de
execução e os de natureza cautelar, sempre que houver necessidade de apreensão de coisa (penhora,
arresto, sequestro, busca e apreensão etc.) (arts. 301, 536, § 1º, 806, § 2º, e 845).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Eduardo Couture, La comarca y el mundo, livro de crônicas, Montevidéu: Alfar, 1953; Estefânia
Viveiros, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo III
DOS PRAZOS
Seção I
Disposições Gerais
Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei.
CPC/1973
Arts. 177, 185 e 192.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 218 (prazo; fixação legal ou judicial), 272 (intimação), 180 (contagem do prazo para a
Fazenda Pública e o MP), 231 (fluência do prazo) e 1.003 (prazo para recorrer).
BREVES COMENTÁRIOS
O impulso do processo rumo ao provimento jurisdicional (composição do litígio) está presidido
pelo sistema da oficialidade, de sorte que, com ou sem a colaboração das partes, a relação processual
segue sua marcha procedimental em razão de imperativos jurídicos lastreados, precipuamente, no
mecanismo dos prazos. Sob pena de preclusão do direito de praticá-los, “os atos processuais serão
realizados nos prazos prescritos em lei”. Prazo é o espaço de tempo em que o ato processual da parte
pode ser validamente praticado.
Todo prazo é delimitado por dois termos: o inicial (dies a quo) e o final (dies ad quem). Pelo
primeiro, nasce a faculdade de a parte promover o ato; pelo segundo, extingue-se a faculdade, tenha ou
não o ato sido levado a efeito. Em processo, o termo inicial é, ordinariamente, a intimação da parte; e o
final, o momento em que se encerra o lapso previsto em lei. Ambos costumam ser documentados nos
autos por certidões do escrivão.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Francesco Carnelutti, Instituciones del nuevo proceso civil italiano, trad. Jaime Guasp, Barcelona:
Bosch, 1942, n. 487, p. 415 – sobre os ideais da rapidez e da certeza no processo; Eduardo Couture, Los
mandamientos del abogado, 4ª ed., Buenos Aires: Depalma, 1966, p. 11 e 49/50 – “o tempo se vinga das
coisas feitas sem a sua co-laboração”; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56.
ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de
Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito
processual civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito
processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às
alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo
Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim
Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo
Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de
direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart,
Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira
Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco,
Instituições de processo civil: introdução ao direito processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva
Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo, Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.
BREVES COMENTÁRIOS
Todo prazo, no regime do CPC de 1973, era contínuo, isto é, uma vez iniciado não sofria
interrupção em seu curso pela superveniência de feriado ou dia não útil (art. 178). O sistema adotado
pelo atual Código é outro, já que a contagem dos prazos não mais se fará por dias corridos, e sim por
dias úteis, pelo menos quando se trate de prazos em dias. Dessa forma, o que realmente se dá é o
desprezo de todos os dias não úteis intercalados entre o início e o termo final de prazos processuais
fixados pela lei ou pelo juiz em dias. Quanto aos prazos que se contam por meses ou anos, o respectivo
curso se fará de acordo com regras próprias estatuídas pelo Código Civil e que se aplicam ao processo
por falta de disposição diversa no CPC.
Esclarece, outrossim, o NCPC que o novo critério de apuração do curso de prazo em dias restringe-
se àqueles de natureza processual, de modo que a ele não se submetem os prazos de direito material,
como os de prescrição e decadência.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de
dezembro e 20 de janeiro, inclusive.
§ 1º Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os membros do
Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça
exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput.
§ 2º Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento.
CPC/1973
Art. 179.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 93, XII: “a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos
juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal,
juízes em plantão permanente”.
NCPC, arts. 214 (não se praticam atos processuais durante as férias); 215 (atos e causas que se
processam durante as férias e não se suspendem no curso delas).
Lei Complementar nº 35, de 14.03.1979 (Magistratura – ver Legislação Especial), art. 66, § 1º
(férias coletivas nos tribunais).
Lei nº 5.010, de 30.05.1966 (Justiça Federal – ver Legislação Especial), art. 62 (recesso).
Lei nº 8.245, de 18.10.1991 (Locação – ver Legislação Especial), art. 58, I.
Regimento Interno do STF (ver Legislação Especial), arts. 78; 85; 105 (férias e feriados).
Regimento interno do STJ (ver Legislação Especial), arts. 81; 83; 93; 106 (férias e feriados).
SÚMULAS
Súmula do TFR:
nº 105: “Aos prazos em curso no período compreendido entre 20 de dezembro e 6 de janeiro, na
Justiça Federal, aplica-se a regra do art. 179 do Código de Processo Civil”.
BREVES COMENTÁRIOS
A Emenda Constitucional nº 45/2004 vedou as férias coletivas nos juízos de primeiro grau e
tribunais de segundo grau, admitindoas, portanto, apenas nos tribunais superiores (CF, art. 93, XII). No
entanto, o art. 220, caput, do NCPC determina que mesmo inexistindo férias coletivas nas instâncias
ordinárias, “suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20
de janeiro, inclusive”. Criou-se, dessa maneira, um recesso especial cujo efeito, sobre os prazos, é o
mesmo das férias forenses coletivas, como já vinha reconhecendo o CNJ, para outros recessos como o da
Justiça Federal, antes do advento do Código atual (Resolução nº 8/2005 do CNJ).
Sobrevindo férias coletivas ou recesso, terão eles efeito suspensivo sobre o prazo ainda em marcha,
sem distinguir entre prazo dilatório e peremptório. Paralisada a contagem, o restante do prazo
recomeçará a fluir a partir do primeiro dia útil seguinte ao término da suspensão.
O efeito suspensivo das férias e do recesso natalino não se verifica quando se trata de prazo
decadencial, como o de propositura da ação rescisória, nem tampouco em relação ao prazo do edital, já
que este não se destina à prática do ato processual, mas apenas ao aperfeiçoamento da citação ficta. O
prazo decadencial continua fluindo durante as férias, mas o vencimento ficará protelada para o primeiro
dia útil subseqüente ao término das férias (NCPC, art. 975, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Alguns reflexos da Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004, sobre
o processo civil, Revista Síntese de Direito Civil e Processual Civil 35/17; Leonardo José Carneiro da
Cunha, Consequências processuais da abolição das férias coletivas pela reforma do Judiciário, Revista
Dialética de Direito Processual 24/80; Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou
ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual ao que
faltava para sua complementação.
Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execução de programa instituído pelo
Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais especificar, com
antecedência, a duração dos trabalhos.
CPC/1973
Art. 180.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 107, § 2º (direitos do advogado; retirada de autos; prazo comum às partes), 1.026
(embargos de declaração; efeito suspensivo), 313, I a III (suspensão do processo por morte ou perda da
capacidade processual, pela convenção das partes ou por oposição de exceção de incompetência ou
suspeição).
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 173: “Em caso de obstáculo judicial admite-se a purga da mora, pelo locatário, além do prazo
legal”.
BREVES COMENTÁRIOS
Outro caso de suspensão do prazo é o obstáculo criado no andamento do processo em detrimento da
parte (embaraço judiciário). Suspendem-se, outrossim, os prazos toda vez que o processo deva ser
suspenso, nos moldes do art. 313. Superado o motivo que deu causa à suspensão, apenas o remanescente
do prazo voltará a fluir.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá
prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.
§ 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.
§ 2º Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput para prorrogação de prazos poderá
ser excedido.
CPC/1973
Art. 182.
BREVES COMENTÁRIOS
O tratamento que o NCPC dispensa aos prazos peremptórios repete as hipóteses constantes do art.
182 do Código anterior, acrescentando-lhes, porém, inovação que abranda o antigo rigor com que se
restringia a redução daqueles prazos. Agora, não há mais proibição de redução dos prazos peremptórios,
que será possível, por decisão judicial, mas sempre precedida de anuência das partes. Quanto às
ampliações, conservam-se as do art. 182 do CPC/1973, quais sejam, as derivadas de dificuldades de
transporte na comarca e as decorrentes de calamidade pública. Acrescenta-se, todavia, o poder geral do
juiz de dilatar os prazos processuais, “adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir
maior efetividade à tutela do direito” (art. 139, VI), sem distinguirem-se os dilatórios e os peremptórios.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Alcides de Mendonça Lima, Calamidade pública – prazo para apelar, RP 10/241 e Ajuris 13/110;
Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual,
independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o
realizou por justa causa.
§ 1º Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o
ato por si ou por mandatário.
§ 2º Verificada a justa causa, o juiz per-mitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar.
CPC/1973
Art. 183.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 1.004 (força maior impeditiva de intervenção de recurso no prazo).
BREVES COMENTÁRIOS
Todos os prazos processuais, mesmo os dilatórios, são preclusivos. Portanto, “decorrido o prazo,
extingue-se o direito de praticar ou emendar o ato processual, independentemente de declaração
judicial”. Opera, para o que se manteve inerte, aquele fenômeno que se denomina preclusão processual.
E preclusão, nesse caso, vem a ser a perda da faculdade ou direito processual, que se extinguiu por não
exercício em tempo útil. Recebe esse evento a denominação técnica de preclusão temporal.
Permite o Código, não obstante, que após a extinção do prazo, em caráter excepcional, possa a parte
provar que o ato não foi praticado em tempo útil em razão de “justa causa”. Nessa situação, o juiz,
verificando a procedência da alegação da parte, permitirá a prática do ato “no prazo que lhe assinar”,
que não será, obrigatoriamente, igual ao anterior, mas que não deverá ser maior, por motivos óbvios.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Edson Prata, Repertório de Jurisprudência do CPC, São Paulo, 1977, nº 684; Nicolo Trocker,
Processo civile e Constituzione, Milão, 1974, p. 501 – sobre o impedimento temporário do defensor;
Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento.
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil
seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois
da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica.
§ 2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da
informação no Diário da Justiça eletrônico.
§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação.
CPC/1973
Art. 184.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 662, de 06.04.1949, art. 1º (feriados nacionais).
Lei nº 9.093, de 12.09.1995 (feriados civis e religiosos).
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 310: “Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for
feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente,
caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.”
BREVES COMENTÁRIOS
Em regra, os prazos são contados, com exclusão do dia de começo e com inclusão do de
vencimento. Assim é porque, ocorrendo a intimação durante o expediente forense, a computação do dia
em que ela se der importaria redução do prazo legal, visto que do primeiro dia a parte somente teria
condições de desfrutar uma fração. Já com relação ao termo final, isto não se dá, pois a parte poderá
utilizá-lo por inteiro.
Determina ainda o Código que a contagem do prazo deverá ter início no primeiro dia útil que se
seguir ao da publicação (art. 224, § 3º). Se a publicação ocorrer por meio eletrônico (i.e., pelo Diário da
Justiça eletrônico), deve-se considerar data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao da
disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico (art. 224, § 2º). Só depois disso é que se
aplicará a regra do § 3º art. 224, iniciando-se a contagem a partir do primeiro dia útil posterior à
disponibilização da informação eletrônica.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Arnoldo Wald, Contagem de prazo para recurso – interpretação da Súmula nº 310 do STF, Revista
dos Tribunais 486/38; Revista Forense 252/161; Riccardo Orestano, Processo civil romano, n. 29 –
sobre a exclusão do primeiro dia na contagem do prazo; E. D. Moniz Aragão, Exegese do Código de
Processo Civil, Rio de Janeiro, Aide, 1992, v. IV, t. II, n. 316 – contagem de prazos com férias, recesso
ou sucessão de feriados; Humberto Theodoro Júnior, A intimação e a contagem do prazo para recorrer,
Revista Síntese de Direito Civil e Processual Civil 13/14; Cândido R. Dinamarco, Vencimento de prazos
e horário do protocolo forense, Justitia 102/213; Ada Pellegrini Grinover, Benefício de prazo, Revista
Brasileira de Direito Processual 19/13; Leonardo José Carneiro da Cunha, Consequências processuais
da abolição das férias coletivas pela reforma do Judiciário, Revista Dialética de Direito Processual
24/80; Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde
que o faça de maneira expressa.
CPC/1973
Art. 186.
BREVES COMENTÁRIOS
É possível a renúncia, pela parte, de prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde que o
faça de maneira expressa. Para que essa faculdade seja exercida, é necessário que o prazo não seja
comum; que o direito em jogo seja disponível; e que a parte seja capaz de transigir. A renúncia para a lei
deve ser sempre expressa. O novo CPC superou a tese doutrinária levantada no tempo do Código de
1973 de que era possível a renúncia tanto expressa como a tácita, diante da ausência de norma restritiva
que impedisse essa última modalidade.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995, v. II, n. 126-
127, p. 102-103; Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 189.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei Complementar nº 35, de 14.03.1979, art. 35, II (dever do magistrado quanto à observância do
prazo).
NCPC, arts. 203, § 3º, e 1.001 (despachos).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC de 1973, Rio de Janeiro: Forense, 1997, t. III, p. 152; Luiz
Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 227. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por
igual tempo, os prazos a que está submetido.
CPC/1973
Art. 187.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 235 (juiz e tribunal moroso).
Lei Complementar nº 35, de 14.03.1979, arts. 35, II, e 39 (deveres do magistrado quanto ao prazo).
BREVES COMENTÁRIOS
Os prazos para o juiz são impróprios, uma vez que não geram preclusão. Mesmo depois de
ultrapassados, o juiz continua com o poder de praticar os atos que lhe cabem no processo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 228. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 1 (um) dia e
executar os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data em que:
I – houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto pela lei;
II – tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.
§ 1º Ao receber os autos, o serventuário certificará o dia e a hora em que teve ciência da
ordem referida no inciso II.
§ 2º Nos processos em autos eletrônicos, a juntada de petições ou de manifestações em geral
ocorrerá de forma automática, independentemente de ato de serventuário da justiça.
CPC/1973
Art. 190.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 155, I (responsabilidade civil do escrivão) e 233 (prazo; excesso pelo serventuário;
procedimento administrativo).
BREVES COMENTÁRIOS
O escrivão atua como a corda ou mola que dá permanente movimento ao processo, daí a marcação
de prazos curtos para seus atos, que, na maioria, são meras intimações e singelos registros das
ocorrências nos autos.
Para controle do cumprimento desses prazos, dispõe o Código que, “ao receber os autos, o
serventuário cer-tificará o dia e hora em que teve ciência da ordem” do juiz, o que, na praxe forense, se
faz por meio do termo processual de “recebimento” ou “data”.
Por fim, nos processos em autos eletrônicos, a juntada de petições ou de manifestações em geral
ocorrerá de forma automática, independentemente de ato de serventuário da justiça. É que o acesso da
parte ao processo independe da intermediação de qualquer serventuário; o ingresso se dá
eletronicamente, por provocação da própria parte.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I,
n. 238; Hélio Tornaghi, Comentários ao CPC, São Paulo: Revista do Tribunais, 1974, v. II, p. 84 – sobre
a imprecisão vocabular do artigo; Pedro Batista Martins, Comentários ao CPC, 2ª ed., Rio de Janeiro:
Forense, 1960, v. I, n. 80, p. 97 – sobre a importância do escrivão como impulso processual; Luiz
Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 191.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 118 (litisconsortes); 180 e 183 (prazo em dobro para a Fazenda Pública e o MP
apresentarem contestação ou recurso); 231, § 1º (termo inicial do prazo para contestar quando há vários
réus); e 335, § 1º (prazo comum aos litisconsortes).
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 641: “Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja
sucumbido.”
BREVES COMENTÁRIOS
Em razão da autonomia dos litisconsortes e da maior complexidade que dela resulta, na prática, para
o andamento do processo, há no Código uma regra especial sobre contagem de prazo: quando forem
diferentes os procuradores dos vários litisconsortes, de escritórios de advocacia distintos, serão
contados em dobro os prazos para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento.
A regra, porém, só se aplica quando, na fase recursal, persiste o litisconsórcio. Se este desaparece,
porque apenas um dos litisconsortes sucumbiu, e, portanto, só ele terá legitimidade para recorrer, não há
mais como dispensar-lhe o tratamento especial do prazo duplo. Também não prevalecerá quando os
advogados dos litisconsortes, embora distintos, pertencerem ao mesmo escritório de advocacia. A nova
regra procura evitar a dilatação caprichosa de prazo de contestação, que no passado se obtinha por meio
de outorga de mandatos, pelos corréus, a diferentes advogados do mesmo escritório.
A contagem em dobro não se aplica aos processos eletrônicos. Isso porque, nestas hipóteses, não há
qualquer dificuldade para os advogados acessarem os autos, que estarão sempre à disponibilidade de
todos os interessados, pela própria natureza do processo digital.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Ada Pellegrini Grinover, Benefício de prazo, Revista Brasileira de Direito Processual 19/13; João
Edson de Mello, Duplicação de prazo para defesa, Revista do Curso de Direito da Universidade
Federal de Uberlândia 12/77; Pontes de Miranda, Comentários ao Código de Processo Civil de 1973,
Rio de Janeiro, Forense, t. VII – sobre a restrição à duplicidade do prazo no recurso de embargos;
Cândido Rangel Dinamarco, Litisconsórcio, São Paulo, Malheiros, 2009; Luiz Guilherme da Costa
Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 230. O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o
Ministério Público será contado da citação, da intimação ou da notificação.
CPC/1973
Art. 240.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 224 (contagem dos prazos), 231 (intimação; fluência do prazo), 1.003 (prazo para
recorrer), 335 (prazo para resposta do réu; litisconsórcio passivo), 346 (revelia; fluência dos prazos) e
1.003, § 2º (recurso; contagem do prazo).
BREVES COMENTÁRIOS
Além de propiciar a ciência oficial do ato ao interessado, as intimações determinam o dies a quo
dos prazos processuais; pois “o prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, a Defensoria
Pública e o Ministério Público será contado da citação, intimação ou da noti-ficação”.
Funciona a intimação, destarte, como mecanismo indispensável à marcha do processo e como
instrumento para dar efetividade ao sistema de preclusão, que é fundamental ao processo moderno.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pedro Batista Martins, Comentários ao CPC, 2ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1960, v. I, n. 97, p.
118; Sergio Bermudes, Comentários ao CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1975, v. VII, p. 96;
Amílcar de Castro, Comentários ao CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1974, v. VIII, n. 275, p. 209,
n. 306, p. 227; Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier
Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
I – a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for
pelo correio;
II – a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por
oficial de justiça;
III – a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou
do chefe de secretaria;
IV – o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for
por edital;
V – o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo
para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;
VI – a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de
juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação se
realizar em cumprimento de carta;
VII – a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou
eletrônico;
VIII – o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do
cartório ou da secretaria.
§ 1º Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à
última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.
§ 2º Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente.
§ 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer
forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do começo do
prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data em que se der a
comunicação.
§ 4º Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa.
CPC/1973
Art. 241.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 106 (intimação; advogado que não comunica a mudança de endereço); 218 a 229
(contagem de prazo); 239 (citação inicial do réu); 274 (intimação por despacho e por mandado intimação
por carta ou em cartório); 1.003 e 335 (prazo para resposta do réu); 335, § 1º (vários réus; desistência da
ação quanto ao réu não citado); 915 (embargos do executado); e 306 (prazo para requerido contestar, na
ação cautelar).
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial), arts. 4º, §§ 2º e 4º
(intimação por publicação eletrônica; início dos prazos processuais); e 9º (citações e intimações).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 25: “Nas ações da Lei de Falências o prazo para a interposição de recurso conta-se da intimação
da parte.”
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 231 fornece as regras para fixação do termo inicial da contagem do prazo processual, que
devem ser aplicadas tanto às citações como às intimações.
Sendo republicado o ato judicial por nulidade ou deficiência da intimação anterior, reabre-se o
prazo a contar da nova publicação, como é óbvio. Não se pode, entretanto, utilizar a republicação por
manobra cartorária, como simples expediente para reabrir prazos já vencidos. No entanto, há precedentes
cuja adoção deve ser feita com cautela, proclamando a reabertura como ocorrente, ainda quando
desnecessária a republicação ocorrida (STJ, AgRg no REsp 651.327/RJ, Rel. Min. Castro Meira, 2ª
Turma, jul. 16.02.2006, DJ 02.05.2006, p. 286), ou em qualquer situação em que esta tenha se verificado
(STJ, EREsp 281.590/MG, Rel. Min. José Delgado, Corte Especial, jul. 20.04.2005, DJ 01.08.2006, p.
327). Seria absurdo imaginar, por exemplo, que, já tendo ocorrido a coisa julgada ou a preclusão, uma
simples e imotivada republicação deliberada pelo escrivão pudesse reabrir o prazo recursal já extinto.
A intimação por carta postal deve ser feita ao advogado e não à parte, pena de nulidade.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pedro Batista Martins, Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de Janeiro, Forense, v. II, n.
113 – sobre intimações por carta registrada; Ada Pellegrini Grinover, Citação por hora certa: prazo para
resposta, Revista Jurídica 1/24; Humberto Theodoro Júnior, A intimação e a contagem do prazo para
recorrer, Revista Síntese de Direito Civil e Processual Civil 13/14; Luiz Guilherme da Costa Wagner
Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 232. Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização
da citação ou da intimação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado
ao juiz deprecante.
BREVES COMENTÁRIOS
O prazo, no caso de citação e intimação por carta precatória ou de ordem, não depende do retorno
da conta ao juízo de origem. Tão logo o ato de comunicação processual tenha sido concluído, o juiz
deprecado informará a ocorrência ao deprecante, por meio eletrônico. Juntada a informação aos autos,
começará, desde logo, a contagem do prazo para a defesa ou manifestação acerca da citação ou intimação
praticada no juízo deprecado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Seção II
Da Verificação dos Prazos e das Penalidades
Art. 233. Incumbe ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, os prazos
estabelecidos em lei.
§ 1º Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de processo administrativo, na forma da
lei.
§ 2º Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao
juiz contra o serventuário que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei Complementar nº 35, de 14.03.1979, art. 35, III (dever do magistrado quanto à observância do
prazo).
BREVES COMENTÁRIOS
Cabe ao juiz fiscalizar o cumprimento dos prazos impostos aos seus serventuários. Essa fiscalização
pode ser de ofício ou provocada pela parte, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública. Se
demonstrado motivo legítimo pelo serventuário, dará o juiz por justificado o atraso. Mas, em caso
contrário, mandará instaurar procedimento administrativo para punir o faltoso na forma da lei.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz Aragão, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. II, n. 143/145; Luiz
Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
1. Procedimento administrativo. “[...] O art. 193 se refere à conduta do serventuário, prevendo
que, verificada sua falta, retardando o cumprimento dos prazos, será instaurado procedimento
administrativo para sua apuração. Vale isso dizer que a imposição de penalidade tem como pressuposto o
devido processo legal” (TJSP, MS 36.304-1, Rel. Des. Alves Braga, 4ª Câmara, RJTJSP 87/319).
Art. 234. Os advogados públicos ou privados, o defensor público e o membro do Ministério
Público devem restituir os autos no prazo do ato a ser praticado.
§ 1º É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado que exceder prazo legal.
§ 2º Se, intimado, o advogado não devolver os autos no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito
à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à metade do salário-mínimo.
§ 3º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da Ordem dos Advogados do
Brasil para procedimento disciplinar e imposição de multa.
§ 4º Se a situação envolver membro do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da
Advocacia Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao agente público responsável pelo ato.
§ 5º Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao órgão competente responsável pela
instauração de procedimento disciplinar contra o membro que atuou no feito.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Estatuto da Advocacia, arts. 34, XXII, e 37, I (infração e sanção disciplinar pela penalidade de
retenção de autos).
CP, art. 356 (crime por sonegação de papel ou objeto de valor probatório).
Lei nº 8.625, de 12.02.1993 (LONMP), art. 43, IV (dever do MP quanto à observância dos prazos).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Clito Fornaciari Júnior, Restituição de autos, RF 270/379; Rogério Lauria Tucci, Do julgamento
conforme o Estado do Processo, p. 105 – sobre a faculdade de aplicar a multa em primeiro lugar para
posteriormente comunicar à entidade do faltoso; Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao
corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que
injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.
§ 1º Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido previamente o juiz, não sendo
caso de arquivamento liminar, será ins-taurado procedimento para apuração da responsabilidade,
com intimação do representado por meio eletrônico para, querendo, apresentar justificativa no
prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em até 48 (quarenta e oito) horas após
a apresentação ou não da justificativa de que trata o § 1º, se for o caso, o corregedor do tribunal ou
o relator no Conselho Nacional de Justiça determinará a intimação do representado por meio
eletrônico para que, em 10 (dez) dias, pratique o ato.
§ 3º Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do relator contra
o qual se representou para decisão em 10 (dez) dias.
CPC/1973
Art. 198.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LXXVIII, acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004 (garantia da
celeridade processual).
BREVES COMENTÁRIOS
São os seguintes os prazos que, excedidos pelo juiz, ensejam a representação:
a) despachos: 5 dias (art. 224, I);
b) decisões interlocutórias: 10 dias (art. 224, II);
c) sentenças: 30 dias (art. 224, III).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sergio Bermudes, Comentários ao CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1975, v. VII, p. 346 –
sobre a inaplicabilidade da representação na Justiça Federal, sendo nesta cabível a reclamação,
conhecida como correição parcial; Luiz Guilherme da Costa Wagner Junior, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo I
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 1º Será expedida carta para a prática de atos fora dos limites territoriais do tribunal, da
comarca, da seção ou da subseção judiciárias, ressalvadas as hipóteses previstas em lei.
§ 2º O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele vinculado, se o ato houver de se realizar
fora dos limites territoriais do local de sua sede.
§ 3º Admite-se a prática de atos processuais por meio de videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real.
CPC/1973
Art. 200.
BREVES COMENTÁRIOS
O procedimento se desenvolve sob o signo da publicidade e do contraditório. Não há surpresa para
as partes nem para terceiros que eventualmente tenham de prestar colaboração à solução da lide ou que
tenham de suportar as consequências dela.
Há, por isso, um sistema de comunicação dos atos processuais pelo qual o juízo põe os interessados
a par de tudo o que ocorre no processo e os convoca a praticar, nos prazos devidos, os atos que lhes
competem.
Esses atos eram classificados pelo Código de 1939 em citações, notificações e intimações. O
Código atual eliminou a distinção entre intimação e notificação e só conhece, de ordinário, como ato de
comunicação processual a citação e a intimação.
Ao juiz compete dirigir o processo e determinar os atos que as partes e serventuários haverão de
praticar. Mas a autoridade do juiz, pelas regras de competência, se restringe aos limites de sua
circunscrição territorial. Assim, quando o ato tiver de ser praticado em território de outra comarca, o juiz
da causa não poderá ordená-lo diretamente aos serventuários do juízo; terá, então, de requisitá-lo por
carta à autoridade judiciária competente. Há casos, porém, em que a lei permite a prática de atos do
oficial de justiça além dos limites territoriais da comarca a que serve, como nas comarcas contíguas e
nas que se situem na mesma região metropolitana (art. 255).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 201.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 260 (requisitos); 261 (prazo); 262 (itine-rante); 264 (telegrama); 265 (telefone); 266
(execução de ofício); 267 (recusa); 268 (devolução); 377 (efeito sus-pensivo); 632 (inventário; avaliação
de bens); e 740, § 5º (herança jacente; arrecadação de bens).
Lei nº 5.010, de 30.05.1966 (Justiça Federal – ver Legislação Especial), art. 42, § 1º.
BREVES COMENTÁRIOS
Adotando o NCPC um sistema amplo de cooperação entre os órgãos judiciais, a solenidade das
cartas precatórias é, às vezes, dispensada. Permite-se contato mais informal entre autoridades judiciárias
de diferentes circunscrições territoriais quando os atos a serem realizados fora da comarca forem de
menor significância que as citações, intimações e penhoras e outras diligências que só podem, de fato, ser
cumpridas pelas cartas (arts. 67 a 69).
Estabelecem-se assim um intercâmbio e uma colaboração entre dois juízos para que o processo
tenha seu devido andamento. Essas cartas, conforme a origem, são:
(a) carta de ordem, quando destinadas pelo tribunal superior a juiz (art. 236, § 2º);
(b) carta rogatória, quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira (art. 237, II);
(c) carta precatória, nos demais casos, i. é, quando dirigida a juiz nacional de igual categoria
jurisdicional (art. 237, III); e
(d) carta arbitral, quando dirigida a órgão do Poder Judiciário, para cooperação requerida por juízo
arbitral (art. 237, IV).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, 4ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1997, t. III, p. 171 –
crítica sobre a entrada do instituto da carta de ordem no direito pátrio; Paulo Osternack Amaral, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo II
DA CITAÇÃO
Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para
integrar a relação processual.
CPC/1973
Art. 213.
BREVES COMENTÁRIOS
Sem a citação do réu não se aperfeiçoa a relação processual e torna-se inútil e inoperante a
sentença.
O art. 231, I a VIII, estabelece a fluência do prazo para a defesa após a citação.
Serão nulas as citações feitas sem observância das formalidades legais (art. 280).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 214.
BREVES COMENTÁRIOS
A exigência legal da citação diz respeito a todos os processos (de conhecimento e de execução),
sejam quais forem os procedimentos (comum ou especiais). Até mesmo os procedimentos de jurisdição
voluntária, quando envolverem interesses de terceiros, tornam obrigatória a citação (art. 721).
Tão importante é a citação como elemento instaurador do indispensável contraditório no processo
que sem ela todo o procedimento se contamina de irreparável nulidade, que impede a sentença de fazer
coisa julgada. Em qualquer época, independentemente de ação rescisória, será lícito ao réu arguir a
nulidade de semelhante decisório (arts. 525, § 1º, I, e 535, I). Na verdade, será nenhuma a sentença assim
irregularmente prolatada.
Entretanto, se o réu comparecer espontaneamente ao processo, a falta da citação será suprida e
desse momento correrá o prazo para contestação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Chiovenda, Instituições de direito processual civil, trad. Guimarães Menegale, 2ª ed., São Paulo, v.
II, § 40, n. 242, p. 293; Enrico Tullio Liebman, Nulidade da sentença proferida sem citação do réu,
Estudos sobre o processo civil brasileiro, p. 185/186; Amílcar de Castro, Comentários ao CPC, São
Paulo, v. VIII, p. 393 – sobre a inexistência da relação jurídica com a falta da citação; Pontes de
Miranda, Comentários ao CPC de 1973, Rio de Janeiro: Forense, 1997, t. III, p. 206; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 252 – sobre o
suprimento da citação; José Alexandre Manzano Oliani, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier
Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LXXVIII: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a celeridade da sua tramitação”.
NCPC, arts. 109 (substituição das partes e dos procuradores; alienação da coisa litigiosa); 312
(formação do processo; propositura da ação); 322 (pedido; interpretação; juros legais); 337, §§ 1º a 4º
(litispendência); 487, II (extinção do processo com resolução do mérito; prescri-ção); 790, V, e 792
(fraude de execução); 802 (execução; interrupção da prescrição); 808 (execução para a entrega de coisa;
alienação da coisa litigiosa); e 310 (processo cautelar; decadência ou prescrição).
CC, arts. 189 a 206 (prescrição); 394 a 401 (mora); 405 e 407 (juros de mora).
Lei nº 6.830, de 13.12.1980 (Execução Fiscal – ver Legislação Especial), art. 8º, § 2º.
SÚMULAS
Súmulas do STF:
Nº 150: “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.”
Nº 163: “Salvo contra a fazenda pública, sendo a obrigação ilíquida, contam-se os juros moratórios
desde a citação inicial para a ação.” Observação: Verifica-se da leitura do acórdão do RE 109.156 (DJ
07.08.1987), da 2ª Turma, que a primeira parte da Súmula nº 163 está superada com a vigência da Lei nº
4.414/1964.
Nº 254: “Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a
condenação.”
Nº 263: “O possuidor deve ser citado pessoalmente para a ação de usucapião.”
Nº 391: “O confinante certo deve ser citado, pessoalmente, para a ação de usucapião.”
Nº 631: “Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo
assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.”
Súmulas do STJ:
Nº 85: “Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora,
quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações
vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação.”
Nº 106: “Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos
inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência.”
Nº 188: “Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do trânsito
em julgado da sentença.”
Nº 204: “Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da
citação válida.”
Súmula do TFR:
Nº 78: “Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos
inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição da prescrição.”
BREVES COMENTÁRIOS
A legislação anterior estipulava ainda como efeito da citação a prevenção do juízo (art. 219, caput,
do CPC/1973). Entretanto, o Código atual adotou orientação diversa ao determinar que a prevenção do
juízo ocorre com o registro ou a distribuição da petição inicial (NCPC, art. 59). Assim, não é mais a
citação o marco para que o juízo se torne prevento.
A litispendência e a litigiosidade são considerados efeitos processuais da citação; a constituição em
mora e a interrupção da prescrição, efeitos materiais. O Código anterior distinguia os efeitos processuais
e os materiais, dispondo que os primeiros somente ocorreriam se houvesse perfeita regularidade do ato
citatório e que os materiais operariam sua eficácia mesmo quando a citação fosse ordenada por juiz
incompetente (art. 219, caput, segunda parte, do CPC/1973). O novo Código, contudo, não repetiu o
entendimento, adotando um critério único para todos os efeitos da citação, sejam eles materiais ou
processuais, os quais ocorrerão ainda quando a citação for “ordenada por juízo incompetente” (art. 240,
caput).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I,
n. 262/269; José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, São Paulo: Millennium, 2001,
v. II, § 46, n. 330, e v. III, § 123, n. 674 – inexistência da diferença entre exceção de litispendência e a de
prevenção; Luiz Eulálio de Bueno Vidigal, Comentários ao CPC, São Paulo, Revista dos Tribunais,
1976, v. VI, nº 2; Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 2002, t. III; João
Mendes Júnior, Direito judiciário brasileiro, Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1960; Manoel Aureliano de
Gusmão, Processo civil e comercial, São Paulo: Acadêmica, 1939 – diferença entre exceção de
litispendência e a de prevenção; Carvalho Santos, CPC interpretado, v. III, Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1945 – diferença entre a exceção de litispendência e a de prevenção; Carlos Alberto Álvaro de
Oliveira, Alienação da coisa litigiosa, Rio de Janeiro: Forense, 1986 – litigiosidade; Clóvis Beviláqua,
Código Civil comentado, Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1959, v. IV, n. 2 – sobre a interpelação e a
notificação por meio do registro público; José Alexandre Manzano Oliani, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 241. Transitada em julgado a sentença de mérito proferida em favor do réu antes da
citação, incumbe ao escrivão ou ao chefe de secretaria comunicar-lhe o resultado do julgamento.
BREVES COMENTÁRIOS
Estando autorizado o juiz a decretar de ofício a prescrição no despacho da petição inicial – o que
corresponde a uma sentença de mérito em favor do réu ainda não citado –, após o seu trânsito em julgado,
o escrivão ou chefe de secretaria deverá comunicar-lhe o resultado do julgamento. Essa comunicação tem
por motivo a necessidade de cientificá-lo do ocorrido, uma vez que a sentença foi proferida antes mesmo
que a relação processual se tornasse trilateral, pela citação do demandado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Alexandre Manzano Oliani, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 242. A citação será pessoal, podendo, no entanto, ser feita na pessoa do representante
legal ou do procurador do réu, do executado ou do interessado.
§ 1º Na ausência do citando, a citação será feita na pessoa de seu mandatário, administrador,
preposto ou gerente, quando a ação se originar de atos por eles praticados.
§ 2º O locador que se ausentar do Brasil sem cientificar o locatário de que deixou, na localidade
onde estiver situado o imóvel, procurador com poderes para receber citação será citado na pessoa
do administrador do imóvel encarregado do recebimento dos aluguéis, que será considerado
habilitado para representar o locador em juízo.
§ 3º A citação da União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípios e de suas respectivas
autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública
responsável por sua representação judicial.
CPC/1973
Art. 215.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 71 (representação dos incapazes) e 75 (representação em juízo dos entes públicos e
privados e das pessoas jurídicas).
LSA, art. 119 (representação do acionista residente e domiciliado no exterior).
Lei Complementar nº 73, de 10.02.1993, arts. 35 e 36 (normas sobre citação do Advogado-Geral da
União e demais procuradores da União – RF 321/420).
BREVES COMENTÁRIOS
Em regra, a citação deve ser sempre pessoal. Se incapaz o demandado, a citação será feita na
pessoa de seu representante legal (pai, tutor ou curador). Se pessoa jurídica, em quem tenha poderes
estatutários ou convencionais para representá-la em juízo.
O Código excepciona a regra de citação pessoal dos respectivos gestores ou administradores
quando o citando for a União, os estados, o Distrito Federal ou os municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público, hipótese em que o ato citatório será realizado perante o órgão
de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lopes da Costa, Direito processual civil brasileiro, v. II, n. 409, p. 313 – citação de pessoa
jurídica; Orlando Gomes, Contratos, Rio de Janeiro: Forense, 2009, n. 280/288 – sobre mandato; Pontes
de Miranda, Tratado de direito privado, v. XLIII, § 4.675, n. 1, p. 6 – sobre o mandato; E. D. Moniz
Aragão, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. II, n. 212/217; Humberto Theodoro
Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 253 – destinatário da
citação inicial; Francisco de Paula Xavier Neto, A citação inicial e a regra do art. 215, § 1º, do CPC,
RJTJSP 99/15; Barbosa Moreira, Citação de pessoa falecida, RF 321/55, Ajuris 58/85; José Lebre de
Freitas, João Redinha e Ruy Pinto, Código de Processo Civil anotado, Coimbra: Coimbra Editora, 1999,
v. I; Sergio Bermudes, Direito processual civil: estudos e pareceres, 2ª série, 2ª ed., São Paulo: Saraiva,
1994 – capacidade processual e citação de réu morto, p. 123; José Alexandre Manzano Oliani, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 243. A citação poderá ser feita em qualquer lugar em que se encontre o réu, o executado
ou o interessado.
Parágrafo único. O militar em serviço ativo será citado na unidade em que estiver servindo, se
não for conhecida sua residência ou nela não for encontrado.
CPC/2015
Art. 216.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
João Mendes Júnior, Direito Judiciário Brasileiro, Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1954, p. 308 –
citação nas Ordenações Filipinas; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de
Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 254 – local da citação; José Alexandre Manzano Oliani, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito:
CPC/1973
Art. 217.
BREVES COMENTÁRIOS
Há circunstâncias especiais, previstas no Código, que impedem momentaneamente a citação. Assim,
salvo se houver necessidade de evitar perecimento de direito (como nos casos de prescrição ou
decadência iminentes), não se fará a citação nas situações descritas no art. 244.
Superado o impedimento, a citação será normalmente feita. Por outro lado, a restrição legal refere-
se apenas à pessoa do citando, de modo que, se ele dispuser de procurador com poderes adequados,
poderá este ser citado, sem embargo de encontrar-se demandado numa das circunstâncias do art. 244.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Batista Martins, Comentários ao CPC, v. II, n. 104, p. 161; Hélio Tornaghi, Comentários ao CPC,
v. II, p. 148; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I, n. 255; Calmon de Passos, Inovações no CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 103; José
Alexandre Manzano Oliani, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 245. Não se fará citação quando se verificar que o citando é mentalmente incapaz ou está
impossibilitado de recebê-la.
§ 1º O oficial de justiça descreverá e certi-ficará minuciosamente a ocorrência.
§ 2º Para examinar o citando, o juiz nomeará médico, que apresentará laudo no prazo de 5
(cinco) dias.
§ 3º Dispensa-se a nomeação de que trata o § 2º se pessoa da família apresentar declaração do
médico do citando que ateste a incapacidade deste.
§ 4º Reconhecida a impossibilidade, o juiz nomeará curador ao citando, observando, quanto à
sua escolha, a preferência estabelecida em lei e restringindo a nomeação à causa.
§ 5º A citação será feita na pessoa do curador, a quem incumbirá a defesa dos interesses do
citando.
CPC/1973
Art. 218.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 751 (citação do interditando).
CC, art. 454 (preferência na escolha do curador).
BREVES COMENTÁRIOS
Confirmada a incapacidade da parte, a nulidade do processo manifesta-se desde a citação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Alberto dos Reis, Comentários ao CPC, Coimbra: Coimbra Editora, 1945, v. II, 1945, p. 656 –
a demência é jurídica e engloba todos os conceitos de doença mental que impossibilite o recebimento da
citação; p. 660 – impossibilitado de receber a citação, o juiz nomeará curador ad litem; Orlando Soares,
Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1992, v. I, p. 364/367; Djanira Sá Ribeiro, Curador
especial e citação pessoal, RCDUFU 10/223; José Alexandre Manzano Oliani, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
I – pelo correio;
II – por oficial de justiça;
III – pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório;
IV – por edital;
V – por meio eletrônico, conforme regulado em lei.
§ 1º Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públicas e
privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para
efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por
esse meio.
§ 2º O disposto no § 1º aplica-se à União, aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios e às
entidades da Administração Indireta.
§ 3º Na ação de usucapião de imóvel, os confinantes serão citados pessoalmente, exceto quando
tiver por objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada.
CPC/1973
Art. 221.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 247 a 248 (citação pelo correio); 249 a 255 (citação por meio de oficial de justiça);
256 a 258 (citação por edital); 231 (intimação, fluência do prazo); e 280 (nulidade).
Lei nº 6.830, de 22.09.1980, art. 8º (Execução Fiscal – ver Legislação Especial).
Lei nº 9.099, de 26.09.1995, art. 19 (Juizado Especial – ver Legislação Especial).
Lei nº 8.245, de 18.10.1991, art. 58, IV (Locação – ver Legislação Especial).
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 282: “Cabe a citação por edital em ação monitória.”
Súmula do TFR:
Nº 210: “Na execução fiscal, não sendo encontrado o devedor, nem bens arrestáveis, é cabível a
citação editalícia.”
BREVES COMENTÁRIOS
A citação pelo correio é a regra geral a ser observada no processo civil. As demais são exceções e
dependem de certos requisitos expressamente preconizados pelo Código. A citação por meio eletrônico
depende de achar-se o tribunal aparelhado para utilizar a informática como técnica de transmissão de
dados. Há de sujeitar-se, ainda, aos termos da Lei nº 11.419/2006, arts. 5º e 6º.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lodovico Mortara, Commentario del Codice e delle Leggi di Procedura Civile, Milão: F. Vallardi,
1915, v. III, n. 251; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I, n. 209-b – sobre processo eletrônico; Ernane Fidélis dos Santos, Manual de direito
processual civil, São Paulo: Saraiva, 2011, v. I; Vicente Greco Filho, Direito processual civil brasileiro,
São Paulo: Saraiva, 2013, v. II, n. 8; José Alexandre Manzano Oliani, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Formas de citação. “A citação deve ser efetuada pessoalmente ao requerido, ou ao seu
representando legal (art. 215, caput, Código de Processo Civil) pelos correios, por oficial de justiça ou
por edital (art. 221 do CPC), utilizando--se a última forma, no entanto, quando o réu esteja em local
desconhecido ou incerto (art. 231 do CPC). Logo, a citação editalícia deve ser precedida de tentativas
das outras formas de citação, sob pena de invalidade do referido ato processual” (TJMG, ApCív.
1.0024.03.090679-6/002, Rel. Des. Maria Elza, 5ª Câmara, jul. 02.07.2009, DJ 16.07.2009).
2. Citação por telefone. “A citação por telefone não é admitida pelo ordenamento jurídico pátrio,
configurando ato nulo. Art. 221 do CPC. Necessidade da regular citação do réu [...]. Cerceamento de
defesa reconhecido. Decretada a nulidade processual a partir da audiência de justificação” (TJRS, AI
70013569363, Rel. Des. André Luiz Planella Villarinho, 18ª Câmara Cível, jul. 23.11.2005, DJ
01.12.2005).
● “Se o réu da ação não é encontrado no seu endereço habitual, se contactado ao telefone, nega-se a
fornecer o seu endereço, na verdade, está ele em lugar incerto e não sabido, o que, por si só, justifica a
citação editalícia. A alegação, em casos tais, de nulidade porque o autor deveria descobrir o seu
paradeiro pelo número do telefone, não pode ser acolhida, vez que, além de não ser exigência legal,
importaria em beneficiar a torpeza do réu que procura evadir-se da citação” (TA Cível RJ, AC 9620/91 –
(Reg. 4931) – Cód. 91.001.09620, Rel. Juiz Marlan de Morais Marinho, 2ª Câmara, ac. 31.10.1991,
Ementário TACivRJ 06/92).
3. Citação por fax. “Há uma mácula no nascedouro da ação alienígena, uma vez que a citação do
réu, que reside no Brasil, foi inválida, e por conseguinte sua revelia, porquanto não realizada por carta
rogatória mas por fax, forma inadmitida pela lei e jurisprudência pátrias” (STJ, SEC 569/ EX, Rel. Min.
Laurita Vaz, Corte Especial, jul. 17.05.2006, DJ 26.06.2006, p. 81).
● “A citação via fax praticamente equivale à feita por telefone, que não é admitida, de uma ou de
outra forma, por ausência de previsão legal” (1º TACivSP, ApSúm. 598.360-0, Rel. Juiz Roberto
Midolla, 7ª Câmara, jul. 02.05.1995, RT 718/159).
Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, exceto:
CPC/1973
Art. 222.
BREVES COMENTÁRIOS
Deu-se poder à parte de afastar a regra geral da citação pelo correio, desde que requeira sua feitura
por mandado, em qualquer processo. A opção, porém, não é livre, já que o autor terá de justificar sua
preferência por outra modalidade citatória.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 248. Deferida a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe de secretaria remeterá ao
citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz e comunicará o prazo para resposta, o
endereço do juízo e o respectivo cartório.
§ 1º A carta será registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a
entrega, que assine o recibo.
§ 2º Sendo o citando pessoa jurídica, será válida a entrega do mandado a pessoa com poderes
de gerência geral ou de administração ou, ainda, a funcionário responsável pelo recebimento de
correspondências.
§ 3º Da carta de citação no processo de conhecimento constarão os requisitos do art. 250.
§ 4º Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a
entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência,
que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o
destinatário da correspondência está ausente.
CPC/1973
Art. 223.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 231, I (intimação por carta postal; fluência do prazo).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 429: “A citação postal, quando autorizada por lei, exige o aviso de recebimento.”
BREVES COMENTÁRIOS
Realiza-se a citação pelo correio, uma vez deferida pelo juiz, por meio de carta registrada com
aviso de recepção, expedida pelo escrivão do feito, ou chefe da secretaria, que será acompanhada de
cópias da petição inicial e do despacho proferido pelo magistrado. De seu texto deverá constar o prazo
para resposta, explicitados o juízo e o cartório, com o respectivo endereço. O Código não faz menção à
necessidade de advertência acerca da revelia. Mas sem dúvida terá de constar da carta citatória, já que,
em se tratando de processo de conhecimento, dita carta deverá conter todos os requisitos do art. 250.
Impõe o Código ao carteiro a obrigação de entregar a carta pessoalmente ao citando, de quem
exigirá assinatura no recibo (art. 286, § 1º). Tratando-se, porém, de pessoa jurídica, o Superior Tribunal
de Justiça, ainda na vigência do Código de 1973, consagrou o entendimento de que era válida a citação
postal quando realizada no endereço da ré, mesmo que o aviso de recebimento tivesse sido firmado por
simples empregado. Desnecessário, em tal caso, que a assinatura fosse do representante legal da
empresa.
A matéria foi expressamente regulada pelo NCPC, no § 2º do art. 248. Na nova regulamentação
legal, a entrega da carta não pode ser a qualquer empregado, mas apenas àqueles responsáveis pelo
recebimento de correspondência. No mais, a orientação do Código é a mesma do STJ.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Arruda Alvim et alii, O destinatário na citação pelo correio, Revista de Processo 5/177; Hélio
Tornaghi, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1976, v. II –
sobre a relativa presunção de verdade na informação do carteiro; Athos Gusmão Carneiro, Da citação
pelo correio na justiça comum, Ajuris 4/59; Geraldo Barros Neto, Citação pelo correio feita na pessoa de
empregado da pessoa jurídica: arguição de nulidade repelida, Revista de Processo 30/195; Marco
Aurélio Martins Rocha, Considerações acerca da citação por carta da pessoa natural no juizado especial
cível, Revista dos Juizados Especiais 14/32; Mantovanni Colares Cavalcante, A citação da pessoa
jurídica e a teoria da aparência, Revista Dialética de Direito Processual 2/92; Helena Abdo, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 249. A citação será feita por meio de oficial de justiça nas hipóteses previstas neste
Código ou em lei, ou quando frustrada a citação pelo correio.
CPC/1973
ART. 224.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 683 (citação na oposição), 343, § 1º (citação na reconvenção), 690, parágrafo único
(citação na habilitação).
BREVES COMENTÁRIOS
Para realizar o ato citatório, o oficial de justiça deve portar o competente mandado, documento que
o legitima a praticar a citação, que, por sua vez, depende sempre de prévio despacho do juiz. É, portanto,
o mandado o documento que habilita o oficial a atuar em nome do juiz na convocação do citando para
integrar o polo passivo da relação processual instada pelo autor.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Giuseppe Chiovenda, Instituições de direito processual civil, trad. Santiago Sentis Melendo,
Buenos Aires, v. II, n. 15, p. 311 – sobre o imediatismo da citação inicial na Itália e na França; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I; Helena Abdo, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 225.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 334 (petição inicial).
BREVES COMENTÁRIOS
A observância dos requisitos do art. 250 é de rigor, porquanto “as citações e as intimações serão
nulas quando feitas sem observância das prescrições legais” (art. 280). No entanto, “o comparecimento
espontâneo do réu supre a falta ou a nulidade da citação” (art. 239, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Wellington Moreira Pimentel, Comentários ao CPC, v. III, p. 167; Humberto Theodoro Júnior,
Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I; Helena Abdo, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 251. Incumbe ao oficial de justiça procurar o citando e, onde o encontrar, citá-lo:
CPC/1973
Art. 226.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 154 (atribuições do oficial de justiça) e 280 (nulidade da citação).
BREVES COMENTÁRIOS
Cumprido o mandado, o oficial o devolverá ao cartório, com a certidão da diligência, nos termos do
art. 154, I e III. Ela conterá, pois, a menção ao lugar, dia e hora em que a diligência se efetuou. A certidão
é parte integrante do ato citatório, de modo que seus defeitos contaminam toda a citação e podem,
conforme a gravidade do vício, acarretar até sua nulidade (art. 280).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. II, n. 266/269;
Dilvanir José da Costa, Os requisitos formais da citação inicial, RT 502/43; Helena Abdo, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 252. Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu
domicílio ou residência sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer
pessoa da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará a fim de
efetuar a citação, na hora que designar.
Parágrafo único. Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será
válida a intimação a que se refere o caput feita a funcionário da portaria responsável pelo
recebimento de correspondência.
CPC/1973
Art. 227.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 253 (intimação com hora certa).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 196: “Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado
curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.”
BREVES COMENTÁRIOS
Quando, por malícia do citando, o oficial de justiça não conseguir encontrá-lo para dar-lhe
pessoalmente a ciência do ato de cuja prática foi incumbido, permite o Código que a citação se faça de
forma ficta ou presumida, sob a denominação de citação com hora certa.
Somente a procura do citando por duas vezes na residência ou domicílio é que justifica a citação
ficta com hora marcada. Se a procura se deu em outros lugares, como escritórios ou locais de trabalho,
não autoriza o Código essa forma excepcional de citação. Não há, todavia, necessidade de as duas
procuras serem efetuadas num só dia, segundo se depreende do citado art. 252.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I;
José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil, Campinas: Millenium, 2000, v. I, n.
284, p. 332 – a procura do réu por três vezes, para que se justifique a citação com hora marcada, deverá
ocorrer sempre num mesmo local; Nelson Nery Júnior, A citação com hora certa e a contestação do
curador especial, Ajuris 47/76; Helena Abdo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1073
Art. 228.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 72, II (nomeação de curador especial).
CC, arts. 31 a 41 (domicílio).
BREVES COMENTÁRIOS
A citação do réu, quando feita com hora certa, é ficta ou presumida, visto que consumada sem a
presença do citando. A intimação do terceiro a quem se entrega a contrafé (art. 253, § 3º) é, no entanto,
efetiva (pessoal), devendo recair sobre pessoa capaz. Inválida é a feita a criança ou interdito.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. II, n. 274/279;
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I;
Helena Abdo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu,
executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos
autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.
CPC/1973
Art. 229.
BREVES COMENTÁRIOS
A remessa de carta, telegrama ou correspondência eletrônica, pelo escrivão ou chefe de secretaria, é
obrigatória, mas não integra os atos de solenidade da citação, tanto que o prazo de contestação começa a
fluir da juntada do mandado e não do comprovante de recepção da correspondência do escrivão (art.
231, II e § 4º). Trata-se, na verdade, de reforço das cautelas impostas ao oficial de justiça e que tendem a
diminuir o risco de que a ocorrência não chegue ao efetivo conhecimento do réu.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I; Helena Abdo, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 255. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região
metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações,
notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos.
CPC/1973
Art. 230.
BREVES COMENTÁRIOS
O oficial de justiça exerce seu ofício dentro dos limites territoriais da comarca em que se acha
lotado. Permite, contudo, o art. 255 que nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se
situem na mesma região metropolitana (caso em que não necessita a contiguidade), possa o mencionado
serventuário efetuar citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos em
qualquer delas, sem depender de carta precatória.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Carlos Aurélio Mota de Souza, Citação em comarca contígua ou de fácil acesso, RP 43/236; Helena
Abdo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 231.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 72, II (nomeação de curador especial ao réu preso ou revel).
BREVES COMENTÁRIOS
Uma forma de citação ficta ou presumida é a que se realiza por meio de edital e que tem cabimento
apenas nos casos especiais previstos no art. 256, ou seja:
(a) quando desconhecido ou incerto o citando (inciso I): a hipótese é comum naqueles casos em que
se devem convocar terceiros eventualmente interessados, sem que se possa precisar com exatidão de
quem se trata (usucapião, falência, insolvência etc.). Pode, também, ocorrer quando a ação é proposta
contra espólio, herdeiros ou sucessores, já que às vezes o autor não terá condições de descobrir quem
são as pessoas que sucederam ao de cujus;
(b) quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontra o citando (inciso II): no
inciso anterior, o desconhecimento era subjetivo (ignorava-se a própria pessoa do citando). Agora, a
insciência é objetiva (conhece-se o citando, mas não se sabe como encontrá-lo);
(c) nos casos expressos em lei (inciso III): vários são os procedimentos em que a citação por edital
vem determinada expressamente pela própria lei, como a recuperação judicial (Lei nº 11.101/2005, art.
52, § 1º), a falência (Lei nº 11.101/2005, art. 99, parágrafo único) e a insolvência (art. 1.052 do NCPC).
Em tais procedimentos, a citação por edital é ordenada pela lei, sejam ou não conhecidos os citandos.
Todos os interessados serão citados apenas por essa via.
O réu certo, antes de citado por edital, deverá ter sua localização tentada. Se o autor não tem dados
para tanto, deverá requerer ao juiz a requisição de informações sobre seu endereço nos cadastros de
órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos. O oficial de justiça, durante a diligência
citatória, poderá efetuar essa pesquisa, por ordem do juiz. Somente após a frustração dessas diligências é
que a citação por edital será autorizada (art. 256, § 3º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pedro Batista Martins, Comentários ao CPC, 2ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1960, v. II, n. 124, p.
198 – distinção entre desconhecido e incerto; Hélio Tornaghi, Comentários ao CPC, São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1976, v. II, p. 190 – sobre a mesma distinção; Fernando Pinto, A publicação de editais e o
segredo da justiça no direito de família, RF 254/447; Luís Renato Ferreira da Silva, Considerações sobre
os efeitos da revelia na citação por edital, RT 630/259; Arruda Alvim, Citação por edital, nulidade,
somada a revelia, desnecessidade da manifestação do réu revel quanto a intenção do autor em desistir da
ação, RP 53/209; Eduardo Henrique de Oliveira Yoshikawa, Inconstitucionalidade da citação por edital
na ação popular: artigo 7º, § 2º, II, da Lei nº 4.717/65, RDDP 33/11; Helena Abdo, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 232.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 275 (requisitos da intimação por edital), 231, § 1º (fluência do prazo na citação por
edital), e 887, § 3º (edital de praça).
BREVES COMENTÁRIOS
O edital de citação que pode ser resumido, desde que não lhe faltem os dados essenciais, será
sempre publicado através da rede mundial de computadores (art. 257, II). Supletivamente, poderá ser
divulgado também pela imprensa ou por outros meios, a critério do juiz (art. 257, parágrafo único). Não
ações em que ao autor é concedido o benefício da justiça gratuita basta tão só a publicação do edital na
imprensa oficial (Lei nº 1.060/1950, art. 3º, parágrafo único).
Tratando-se de execução fiscal a publicação do edital será única (Lei nº 6.830/1980, art. 8º, IV).
O prazo previsto no item III é para a realização da citação (art. 231, § 1º); o prazo para resposta
será de quinze dias (art. 335).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
S. F. Grunzweig, L’assistence judiciaire, n. 314, p. 143 – sobre o custeio da publicação quando a
parte é beneficiada pela assistência judiciária, o Código Belga prevê o pagamento pelo Tesouro da
publicação; Hans Buegens, Da assistência judiciária, p. 32/33 – sobre o pagamento da publicação
quando a parte está beneficiada pela assistência judiciária; Helena Abdo, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 258. A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente a ocorrência das
circunstâncias autorizadoras para sua realização, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário
mínimo.
Parágrafo único. A multa reverterá em benefício do citando.
CPC/1973
Art. 233.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 96 (sanções por má-fé) e 966, § 4º (ação anulatória).
BREVES COMENTÁRIOS
Ao autor incumbe a alegação dos pressupostos que autorizam a citação por edital. Se, porém, agir
maliciosamente, fazendo afirmação falsa, além de ser nula a citação (NCPC, art. 280), incorrerá o autor
em multa de cinco vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo (art. 258), que reverterá em benefício
do citando (art. 258, parágrafo único).
Para que se verifique essa responsabilidade, não basta a conduta culposa do autor. O Código
expressamente a condiciona à ação dolosa da parte (art. 258, caput), a qual, porém, se deve equiparar o
erro grosseiro, que segundo a doutrina se inclui na ideia de dolo processual.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lopes da Costa, Direito processual civil brasileiro, 2ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1959, v. II, n.
302, p. 243 – sobre a apuração da responsabilidade; Pedro Batista Martins, Comentários ao CPC, Rio
de Janeiro: Forense, 1960, v. II, n. 129, p. 204; Oscar da Cunha, O dolo e o direito judiciário brasileiro,
Rio de Janeiro: Typ. Do Jornal do Commercio, 1936, p. 19/20 – sobre o dolo processual; Helena Abdo,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Há casos em que a própria natureza da demanda envolve a possibilidade de interesses múltiplos de
terceiros, nem sempre conhecidos ou determináveis de antemão. Em processos da espécie, além da
citação pessoal dos réus conhecidos, determina a lei que sejam expedidos editais para convocar
eventuais interessados. Dispõe, a propósito, o novo Código, com esse intuito, que serão publicados
editais nos procedimentos elencados no art. 259.
INDICAÇÃO DOUTRINPARIA
Helena Abdo, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo III
DAS CARTAS
CPC/1973
Art. 202.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 261 (prazo); 262 (itinerante); 264 (te-legrama); 265 (telefone); 266 (execução de
ofício); 267 (recusa); 268 (devolução), 377 (efeito suspensivo), 632 (inventário; avaliação de bens) e
740, § 1º (herança jacente; arrecadação de bens).
Lei nº 5.010, de 30.05.1966 (Justiça Federal – ver Legislação Especial), art. 42, § 1º.
BREVES COMENTÁRIOS
As cartas rogatórias são instrumentos de cooperação entre órgãos de países diferentes. Denominam-
se ativas quando o cumprimento for dirigido à autoridade estrangeira, e passivas no caso de ser expedida
pela autoridade judiciária estrangeira para cumprimento no Brasil.
Cartas de ordem são expedidas pelos tribunais dos órgãos judiciais hierarquicamente inferiores; e
as cartas precatórias, as trocadas entre juízes do primeiro grau de jurisdição.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, 4ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1997, t. III, p. 171 –
crítica sobre a entrada do instituto da carta de ordem no direito pátrio; Humberto Theodoro Júnior,
Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I; Humberto Theodoro
Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende (coords.), Primeiras
lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense, 2015; Fredie Didier Jr.,
Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I; Guilherme Rizzo Amaral,
Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; José Miguel Garcia
Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Daniel
Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo: Método, 2015; Luis Antônio
Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno,
Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz
Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E.
Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco,
Instituições de processo civil: introdução ao direito processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva
Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo, Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 261. Em todas as cartas o juiz fixará o prazo para cumprimento, atendendo à facilidade
das comunicações e à natureza da diligência.
§ 1º As partes deverão ser intimadas pelo juiz do ato de expedição da carta.
§ 2º Expedida a carta, as partes acompanharão o cumprimento da diligência perante o juízo
destinatário, ao qual compete a prática dos atos de comunicação.
§ 3º A parte a quem interessar o cumprimento da diligência cooperará para que o prazo a que
se refere o caput seja cumprido.
CPC/1973
Art. 203.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 268 (prazo para devolução) e 377 (efeito suspensivo).
BREVES COMENTÁRIOS
Deve o juiz, para evitar paralisação indefinida do processo, declarar o prazo dentro do qual a carta
deverá ser cumprida, levando em consideração a facilidade das comunicações e a natureza da diligência.
Se, porém, não for possível ao juiz deprecado a realização do ato no prazo constante da carta, poderá
dilatá-lo, fazendo a devida comunicação ao deprecante.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paulo Osternack Amaral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 262. A carta tem caráter itinerante, podendo, antes ou depois de lhe ser ordenado o
cumprimento, ser encaminhada a juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato.
Parágrafo único. O encaminhamento da carta a outro juízo será imediatamente comunicado ao
órgão expedidor, que intimará as partes.
CPC/1973
Art. 204.
BREVES COMENTÁRIOS
Como regra geral, toda carta tem caráter itinerante, de modo que, “antes ou depois de lhe ser
ordenado o cumprimento, poderá ser apresentada a juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar
o ato”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Orlando Soares, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1992, v. I, p. 348/9; Ernane Fidélis
dos Santos, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 1985, v. I, n. 461; Paulo Osternack
Amaral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 263. As cartas deverão, preferencialmente, ser expedidas por meio eletrônico, caso em
que a assinatura do juiz deverá ser eletrônica, na forma da lei.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 260 (requisitos das cartas).
BREVES COMENTÁRIOS
Segundo a tradição do processo, as cartas do art. 260 formalizam-se por escrito e são encerradas
pela assinatura do juiz que as expede. Dentro do programa de modernização dos serviços judiciais, a Lei
nº 11.419, de 19.12.2006, editada no tempo do Código anterior, passou a autorizar que se pudesse
expedi-las por meio eletrônico, situação em que a assinatura do juiz deveria ser eletrônica, na forma da
Lei. Nos termos do art. 7º da Lei nº 11.419/2006, as comunicações entre os órgãos do Poder Judiciário
(inclusive as cartas precatórias, rogatórias e de ordem) não só podiam efetuar-se por meio eletrônico
como este deveria ser a via preferencial para a respectiva prática (art. 7º). Essa foi também a orientação
do novo Código, adotada no art. 263, de sorte que todas as cartas, sempre que possível, devem ser
expedidas por meio eletrônico, com as cautelas da Lei nº 11.4109/2006.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paulo Osternack Amaral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 264. A carta de ordem e a carta precatória por meio eletrônico, por telefone ou por
telegrama conterão, em resumo substancial, os requisitos mencionados no art. 250, especialmente
no que se refere à aferição da autenticidade.
CPC/1973
Art. 206.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, v. II, n. 182-184; Paulo
Osternack Amaral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 207.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 212 (tempo dos atos processuais).
BREVES COMENTÁRIOS
Adotado o meio eletrônico, o telefone ou o telegrama, a mensagem terá de conter, em resumo
substancial, os requisitos que se reclamam para os mandados de citação ou intimação, e que são
explicitados pelo art. 250.
Escolhida a forma telefônica, o escrivão do juízo deprecante e o do juízo deprecado tomarão as
providências necessárias para assegurar a autenticidade da comunicação processual, que são aquelas
preconizadas pelo caput e pelo § 1º do art. 265.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz Aragão, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. II, n. 185/186; Paulo
Osternack Amaral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 266. Serão praticados de ofício os atos requisitados por meio eletrônico e de telegrama,
devendo a parte depositar, contudo, na secretaria do tribunal ou no cartório do juízo deprecante, a
importância correspondente às despesas que serão feitas no juízo em que houver de praticar-se o
ato.
CPC/1973
Art. 208.
BREVES COMENTÁRIOS
O processamento das cartas está sujeito ao preparo comum, inclusive pagamento de taxa judiciária,
conforme a legislação local. O interessado diligenciará no juízo deprecado a realização do competente
preparo. Nos casos, porém, de cartas expedidas por telefone, telegrama ou meio eletrônico, o
cumprimento deverá ser imediato, ou de ofício. A parte interessada depositará no juízo deprecante a
importância correspondente às despesas que serão feitas no juízo em que houver de ser praticado o ato.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I;
Paulo Osternack Amaral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 267. O juiz recusará cumprimento a carta precatória ou arbitral, devolvendo-a com
decisão motivada quando:
I – a carta não estiver revestida dos requisitos legais;
II – faltar ao juiz competência em razão da matéria ou da hierarquia;
III – o juiz tiver dúvida acerca de sua autenticidade.
Parágrafo único. No caso de incompetência em razão da matéria ou da hierarquia, o juiz
deprecado, conforme o ato a ser praticado, poderá remeter a carta ao juiz ou ao tribunal
competente.
CPC/1973
Art. 209.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 46 a 53 (competência territorial); 66 (conflito de competência); e 260 e 264 (requisitos
da precatória).
BREVES COMENTÁRIOS
Com relação à carta precatória (inclusive a arbitral) que circula entre juízes do mesmo grau de
jurisdição, é lícito ao juiz deprecado recusar-lhe cumprimento e devolvê-la ao juiz deprecante, apenas
nos casos arrolados no art. 267.
Em qualquer caso, nunca será admissível uma recusa pura e simples. O juiz deprecado terá sempre
de fundamentar adequadamente a decisão de recusa. Não cabe ao deprecado rever o conteúdo da decisão
proferida pelo deprecante.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC de 1939, v. I, p. 176, n. 1 – o dispositivo também abrange
a carta de ordem; João Monteiro, Teoria do processo civil, Rio de Janeiro: Borsoi, 1956, § 87, v. I, p.
302, n. 4 – sobre a desnecessidade de juízo prévio de deliberação na carta precatória; Lopes da Costa,
Direito processual civil brasileiro, v. I, n. 337 e 353, p. 298 e 309; Arruda Alvim et alii, Recurso contra
ato praticado pelo juízo deprecado, RP 7/163; Paulo Osternack Amaral, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo IV
DAS INTIMAÇÕES
Art. 268. Cumprida a carta, será devolvida ao juízo de origem no prazo de 10 (dez) dias,
independentemente de traslado, pagas as custas pela parte.
CPC/1973
Art. 212.
BREVES COMENTÁRIOS
As cartas somente serão devolvidas depois de pagas as respectivas custas. Mesmo nas cartas
urgentes, o cumprimento será feito sem prévio preparo (art. 266), mas a restituição ao juízo de origem
dependerá do recolhimento das custas junto ao juízo deprecado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Castro Nunes, Teoria e prática do Poder Judiciário, Rio de Janeiro: Forense, 1943 – sobre
embargos à rogatória; Paulo Osternack Amaral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Prazo. Autoridade deprecada. “O destinatário do prazo de dez dias de que cuida o artigo 212 do
Código de Processo Civil é a autoridade deprecada, e não a parte no pleito homologatório” (STJ, SEC
946/DE, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Corte Especial, jul. 19.11.2008, DJe 05.02.2009).
2. Citação por rogatória. “Realizando-se a citação por carta rogatória, incide a lex fori, não
havendo fugir ao locus regit actum. Devolvida, a carta será anexada com a respectiva versão, firmada
por tradutor juramentado” (TJSP, Ag. 48.582-1, Rel. Des. Fonseca Tavares, 8ª Câmara, RJTJSP 90/343).
Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo.
§ 1º É facultado aos advogados promover a intimação do advogado da outra parte por meio do
correio, juntando aos autos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento.
§ 2º O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do despacho, da decisão ou da
sentença.
§ 3º A intimação da União, dos estados, do Distrito Federal, dos municípios e de suas
respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia
Pública responsável por sua representação judicial.
CPC/1973
Art. 234.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 118 (litisconsorte); 218, § 2º (prazo mínimo para comparecimento); 255 (comarcas
contíguas); 274 (intimações por carta ou em cartório); 280 (nulidade); e 346 (fluência do prazo contra o
revel).
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial), arts. 4º, §§ 2º e 5º
(publicação eletrônica); 9º (intimações no processo eletrônico).
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 310: “Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for
feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente,
caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.”
Súmula do TFR:
Nº 190: “A intimação pessoal da penhora ao executado torna dispensável a publicação de que trata
o art. 12 da Lei das Execuções Fiscais.”
BREVES COMENTÁRIOS
Não há mais, desde o Código de 1973, a distinção entre intimação e notificação de atos processuais,
que o Código de 1939 fazia de maneira imprecisa e imperfeita. Entre os atos de comunicação processual,
o novo Código só conhece a intimação dos atos do processo, a qual, tecnicamente, tem o objetivo de dar
ciência de um ato ou termo processual. Trata-se de ato de comunicação processual da mais relevante
importância, pois é da intimação que começam a fluir os prazos para que as partes exerçam os direitos e
as faculdades processuais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei.
CPC/1973
Arts. 236, § 2º, e 237, parágrafo único.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 11.419/2006, arts. 2º e 5º.
BREVES COMENTÁRIOS
As intimações podem ser feitas pelo escrivão ou pelo oficial de justiça, ou, ainda, por publicação na
imprensa ou por meio eletrônico, esta última a via preferencial do Código atual. A matéria encontra-se
disciplinada pela Lei nº 11.419, em que se dispõe que cabe a intimação eletrônica se o destinatário
achar-ser cadastrado no Poder Judiciário e o ato for feito em portal próprio, mediante assinatura
eletrônica, nos termos da lei ou da regulamentação do respectivo tribunal (arts. 5º e 2º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sidnei Amendoeira Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 271. O juiz determinará de ofício as intimações em processos pendentes, salvo disposição
em contrário.
CPC/1973
Art. 235.
BREVES COMENTÁRIOS
Em razão do princípio do impulso oficial (art. 2º), as intimações não dependem de provocação das
partes e são determinadas pelo juiz, de ofício, no curso do processo, salvo disposição em contrário.
Aliás, nem sempre dependem de ordem judicial, já que figura na competência do escrivão ou chefe de
secretaria realizar as intimações (art. 152, II), que, após qualquer ato relevante do processo, se incluem,
teleologicamente, na categoria de “atos meramente ordinatórios” (art. 152, VI).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. II, n. 313-314;
Sidnei Amendoeira Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas,. Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela
publicação dos atos no órgão oficial.
§ 1º Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da
sociedade a que pertençam, desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 2º Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de
seus advogados, com o respectivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se
assim requerido, da sociedade de advogados.
§ 3º A grafia dos nomes das partes não deve conter abreviaturas.
§ 4º A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder ao nome completo e ser a mesma
que constar da procuração ou que estiver registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 5º Constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos processuais
sejam feitas em nome dos advogados indicados, o seu desatendimento implicará nulidade.
§ 6º A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por pessoa
credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia Pública, pela
Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará intimação de qualquer decisão contida no
processo retirado, ainda que pendente de publicação.
§ 7º O advogado e a sociedade de advogados deverão requerer o respectivo credenciamento
para a retirada de autos por preposto.
§ 8º A parte arguirá a nulidade da intimação em capítulo preliminar do próprio ato que lhe caiba
praticar, o qual será tido por tempestivo se o vício for reconhecido.
§ 9º Não sendo possível a prática imediata do ato diante da necessidade de acesso prévio aos
autos, a parte limitar-se-á a arguir a nulidade da intimação, caso em que o prazo será contado da
intimação da decisão que a reconheça.
CPC/1973
Art. 236.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 180 (contagem do prazo para a Fazenda Pública e para o MP), 273 (intimação dos
advogados nas comarcas do interior), 279 (nulidade por não intimação do MP) e 552 (intimações nos
tribunais).
Regimento Interno do STJ, arts. 88 e 93 (intimação no STJ).
Regimento Interno do STF, art. 82 (intimação no STF). Resolução do STF nº 404, de 07.08.2009
(dispõe sobre as intimações das decisões proferidas no âmbito do Supremo Tribunal Federal em
processos físicos ou eletrônicos e dá outras providências, como destaque para os casos que envolvam o
Ministério Público, a União, suas autarquias e fundações, os estados, o Distrito Federal e os municípios).
BREVES COMENTÁRIOS
Quando não realizada por meio eletrônico, a intimação dos advogados se faz pela publicação dos
atos processuais no órgão oficial. Não é necessário transcrever todo o teor da decisão, bastando enunciar
sinteticamente o seu sentido. O que é imprescindível para a validade da intimação é a menção dos nomes
das partes, sem qualquer abreviatura, e de seus advogados, com o respectivo número da inscrição na
Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados. A preterição
desses requisitos causa a nulidade da intimação (art. 280).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sergio Bermudes, Comentários ao CPC, v. II, p. 95; Ulderico Pires dos Santos, Sistematização e
exegese dos prazos no novo processo civil, Rio de Janeiro: Forense, p. 72 – sobre a intimação das partes
na audiência de seus procuradores; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de
Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 270; Alcides de Mendonça Lima, Intimação pela imprensa e contagem de
prazo, Ajuris 9/101; Marcos Chaves, Da intimação pessoal do MP no CPC, RP 26/169; Sidnei
Amendoeira Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 273. Se inviável a intimação por meio eletrônico e não houver na localidade publicação em
órgão oficial, incumbirá ao escrivão ou chefe de secretaria intimar de todos os atos do processo os
advogados das partes:
I – pessoalmente, se tiverem domicílio na sede do juízo;
II – por carta registrada, com aviso de recebimento, quando forem domiciliados fora do juízo.
CPC/1973
Art. 237.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 106 (postulação em causa própria; comunicação de mudança de endereço); 231, IV
(intimação por carta postal; fluência do prazo); e 1.003 (prazo para recorrer).
Lei nº 9.028, de 12.04.1995, art. 6º, § 2º (intimação de membros da Advocacia-Geral da União).
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
Resoluções do CJF nº 522, de 05.09.2006, e nº 555, de 03.05.2007 (intimação eletrônica nos
juizados especiais federais).
BREVES COMENTÁRIOS
Nas comarcas do interior é também possível a intimação pela imprensa, segundo a forma do art.
272, desde que haja na localidade órgão de publicação dos atos oficiais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Hélio Tornaghi, Comentários ao CPC, São Paulo: revista dos Tribunais, 1976, v. I; Humberto
Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, e sobre processo
eletrônico; Antônio Vital Ramos de Vasconcelos, A intimação pela imprensa do interior, RP 14/199;
RBDP 21/41; Breno Moreira Mussi, Legalidade e oportunidade da intimação pela imprensa particular,
nos juízos do interior, RT 513/295; RBDP 18/49; Luiz Rodrigues Wambier, Teresa Arruda Alvim
Wambier e José Miguel Garcia Medina, Breves comentários à nova sistemática processual civil 3: Leis
11.382/2006, 11.417/2006, 11.341/2006, 11.419/2006, 11.441/2007 e 11.448/2007, São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2005; Sidnei Amendoeira Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 274. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes, aos seus
representantes legais, aos advogados e aos demais sujeitos do processo pelo correio ou, se
presentes em cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria.
Parágrafo único. Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos,
ainda que não recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva
não tiver sido devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do
comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço.
CPC/1973
Art. 238.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 231 (intimações; fluência do prazo).
BREVES COMENTÁRIOS
Compete ao escrivão ou chefe de secretaria:
(a) intimar pessoalmente os advogados, partes e representantes legais, demais sujeitos do processo,
se presentes em cartório; e
(b) por carta registrada, com aviso de recebimento, as referidas pessoas, fora do cartório.
Para efeito de intimação por via postal, as partes e seus advogados devem fornecer nos autos o
respectivo endereço. Não sendo encontrado o destinatário naquele endereço, mesmo assim presumir-se-
ão válidas as comunicações e intimações por meio de correspondências a ele encaminhadas pelo
escrivão. Para evitar a presunção legal, cumpre às partes atualizar nos autos o respectivo endereço
sempre que houver modificação temporária ou definitiva. Nessa hipótese, o prazo flui a partir da juntada
aos autos do comprovante de entrega da correspondência no primitivo endereço.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, A reforma da execução do título extrajudicial, Rio de Janeiro:
Forense, 2007; Francisco Fernandes de Araújo, Intimação processual com hora certa, RP 45/266; Sidnei
Amendoeira Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 275. A intimação será feita por oficial de justiça quando frustrada a realização por meio
eletrônico ou pelo correio.
§ 1º A certidão de intimação deve conter:
I – a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando possível, o
número de seu documento de identidade e o órgão que o expediu;
II – a declaração de entrega da contrafé;
III – a nota de ciente ou a certidão de que o interessado não a apôs no mandado.
§ 2º Caso necessário, a intimação poderá ser efetuada com hora certa ou por edital.
CPC/1973
Art. 239.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 154 (atribuições do oficial de Justiça) e 251 (procedimento na citação por meio de
oficial de justiça).
BREVES COMENTÁRIOS
À falta de órgão de publicação, as intimações dos advogados serão feitas pelo escrivão.
Antigamente, as partes e terceiros eram, de ordinário, intimadas pelo oficial de justiça, em cumprimento
de mandado expedido pelo escrivão. Atualmente, a regra passou a ser a intimação por carta, devendo a
diligência efetuar-se por meio do oficial de justiça somente quando frustrar-se a sua realização pelo
correio ou por meio eletrônico.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, v. I, n. 272,
p. 270/271; Orlando Soares, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1992, v. I, p. 394/395;
Calmon de Passos, Inovações no CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 105; Sidnei Amendoeira Jr., In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Bre-ves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 276. Quando a lei prescrever determinada forma sob pena de nulidade, a decretação
desta não pode ser requerida pela parte que lhe deu causa.
CPC/1973
Art. 243.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts 239 (citação); 337 (preliminares); 351 (nulidades sanáveis); 938 (nulidade suprível;
conversão do julgamento em diligência).
CC, arts. 138 a 165 (defeitos do negócio jurídico); 166 a 184 (invalidade do negócio jurídico); e
848 a 850 (nulidade da transação).
BREVES COMENTÁRIOS
Nem mesmo a nulidade absoluta pode ser arguida pela parte que lhe deu causa. É que, naturalmente,
tendo sido o resultado contrário ao seu interesse em jogo (porque, se favorável, não teria sentido a
arguição), a parte contrária acabaria sendo, na conjuntura do processo, a beneficiada em sentido
substancial. Não cabe decretação de nulidade alguma em processo quando o resultado do mérito favorece
a quem a invalidação tenderia a beneficiar em nível instrumental (art. 288, § 2º). Daí por que, em regra,
não cabe ao responsável pela nulidade do ato processual arguir, em proveito próprio, o vício
procedimental que ele mesmo provocou. A regra do art. 276, portanto, tem duplo fundamento: reprime a
própria torpeza de quem provocou a nulidade e valoriza o princípio da instrumentalidade das formas
processuais, fazendo prevalecer o interesse do adversário inocente diante do vício procedimental.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, vol. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se,
realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.
CPC/1973
Art. 244.
BREVES COMENTÁRIOS
Embora se reconheça a importância das formas para garantia das partes e fiel desempenho da função
jurisdicional, não vai o Código, na esteira das mais modernas legislações processuais, ao ponto de privar
sempre o ato jurídico processual de efeito apenas por inobservância de rito, quando nenhum prejuízo
tenham sofrido as partes.
O princípio que inspirou o Código, nesse passo, foi o que a doutrina chama de princípio da
instrumentalidade das formas e dos atos processuais, segundo o qual o ato só se considera nulo e sem
efeito se, além de inobservância da forma legal, não tiver alcançado a sua finalidade.
Houve sensível ampliação da flexibilidade e liberdade formal no regime do art. 277 do NCPC.
Enquanto o Código de 1973 só permitia essa validação do ato irregular nos casos de nulidade não
cominada, o Código de 2015 a estende a qualquer tipo de defeito formal, haja ou não cominação legal de
nulidade.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Teresa Arruda Alvim Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 278. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à
parte falar nos autos, sob pena de preclusão.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput às nulidades que o juiz deva decretar de
ofício, nem prevalece a preclusão provando a parte legítimo impedimento.
CPC/1973
Art. 245.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 223, § 1º (prazo; preclusão; justa causa), 485, § 3º (extinção do processo sem resolução
de mérito; conhecimento de ofício), e 337, § 5º (contestação; apreciação de ofício).
BREVES COMENTÁRIOS
Mesmo as nulidades mais graves, como as decorrentes de cerceamento de defesa e quebra do
contraditório, sujeitam-se a preclusão, se o interesse na prática do ato era disponível pela parte
prejudicada, e esta, presente no processo, deixou de arguir em tempo útil o vício procedimental.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Edson Ribas Malachini, Das nulidades no processo civil, RBDP 12/13, p. 20; Teresa Arruda Alvim
Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a
acompanhar o feito em que deva intervir.
§ 1º Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz
invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado.
§ 2º A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se ma-
nifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo.
CPC/1973
Art. 246.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 180 (intimação pessoal do MP) e 721 (citação do MP nos procedimentos de jurisdição
voluntária).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 189: “É desnecessária a intervenção do Ministério Público nas execuções fiscais.”
BREVES COMENTÁRIOS
Há casos de nulidade expressa, como o da falta de intervenção do Ministério Público (art. 279) e da
ausência de outorga uxória não suprida pelo magistrado (art. 74, parágrafo único), que obviamente são
casos de nulidade absoluta por determinação da própria lei. Mas nem essas nulidades escapam à
incidência do princípio da instrumentalidade, pois sem prejuízo do interesse tutelado não haverá
invalidação do processo, ou seja, mesmo na hipótese de inexistência de intimação do Ministério Público
em processo do qual ele deve participar, a nulidade pode não ser decretada se inexistir prejuízo. Incide o
princípio da conservação dos atos processuais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Antônio Janyr Dall’Angol Júnior, Nulidade do processo civil por falta de intimação do MP, Ajuris
24/196; José Roberto dos Santos Bedaque, Nulidade processual e instrumentalidade do processo,
Justitia 150/54; Marcos Chaves, Da intimação pessoal do MP no CPC, Justitia 166/71; Waldemar Mariz
de Oliveira Júnior, Substituição processual, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1969, n. 69, p. 147/150;
Giuseppe Chiovenda, Instituições de direito processual civil, trad. J. Guimarães Menegale, 2ª ed., São
Paulo, v. II, § 1º, § 22, n. 158, p. 89; Pedro Batista Martins, Comentários ao CPC, v. I, n. 215, p.
256/257; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015,
v. I; Teresa Arruda Alvim Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 280. As citações e as intimações serão nulas quando feitas sem observância das
prescrições legais.
CPC/1973
Art. 247.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 214 (citação nas férias e feriados), 248 a 258 (citações), 231, e 269 a 275 (intimações).
BREVES COMENTÁRIOS
A forma nas intimações e citações é da essência do ato e não apenas meio de prova. Daí por que o
Código considera nulos os atos de comunicação processual feitos sem observância dos preceitos legais.
Admitem, todavia, suprimento pelo comparecimento da parte, desde que não tenha sofrido prejuízo em
sua defesa pela deficiência do ato (arts. 282 e 239, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil, v. III, § 122, n. 612, p. 120;
Amílcar de Castro, Comentários ao CPC, São Paulo, 1974, v. VIII, p. 393; Teresa Arruda Alvim
Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 281. Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes que dele
dependam, todavia, a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as outras que dela sejam
independentes.
CPC/1973
Art. 248.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, art. 184 (nulidade do ato jurídico).
BREVES COMENTÁRIOS
“Anulado o ato, consideram-se de nenhum efeito todos os subsequentes, que dele dependam”
(NCPC, art. 281), pois, como já se afirmou, o ato processual não tem vida isolada, mas apenas dentro do
contexto dos diversos atos que compõem o procedimento, em que se dá um encadeamento, sem solução
de continuidade, desde a propositura da ação até final julgamento da lide.
Nos atos complexos, i.e., naqueles que se compõem de um feixe de atos simples, como a audiência
de instrução e julgamento e a arrematação, pode ocorrer que a nulidade se refira apenas a parte da
complexidade. Nessas circunstâncias, a nulidade apenas de uma parte do ato “não prejudicará, todavia,
as outras que dela sejam independentes” (art. 281, segunda parte). Trata-se de aplicação do princípio do
utile per inulite non vitiatur.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Francesco Carnelutti, Sistema del diritto processuale civile, Pádua: Cedam, 1938, v. II, n. 426 e
432, p. 126 e 108, respectivamente sobre a classificação dos atos processuais, segundo Carnelutti;
Antônio Janyr Dall’Agnol Júnior, Invalidade derivada e invalidade parcial. Exegese do art. 248 do CPC,
Ajuris 33/123; Teresa Arruda Alvim Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 282. Ao pronunciar a nulidade, o juiz declarará que atos são atingidos e ordenará as
providências necessárias a fim de que sejam repetidos ou retificados.
§ 1º O ato não será repetido nem sua falta será suprida quando não prejudicar a parte.
§ 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da
nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
CPC/1973
Art. 249.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 188 (forma dos atos processuais), 351 (defesa indireta processual; sanação de
nulidade) e 938, § 1º (preliminares; sanação de nulidades).
BREVES COMENTÁRIOS
Em qualquer caso, mesmo quando haja expressa cominação de nulidade para a inobservância de
forma, o juiz não decretará a nulidade nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta:
(a) se não houve prejuízo para a parte (art. 282, § 1º);
(b) quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da nulidade (art.
282, § 2º).
Isso quer dizer que o ato, mesmo absolutamente nulo, não prejudicará a validade da relação
processual como um todo. Daí poder-se afirmar que, pelo princípio de instrumentalidade dos atos
processuais, como regra geral predominam as nulidades relativas no processo.
O prejuízo processual que pode invalidar o ato corresponde à quebra do contraditório e,
consequentemente, à perda da possibilidade do exercício da ampla defesa pela parte privada da regular
intimação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Galeno Lacerda, Despacho saneador, p. 131 – a excludente de falta de prejuízo é inaplicável aos
casos de nulidade absoluta; Pedro Batista Martins, Comentários ao CPC de 1939, v. III, n. 203, p. 256 –
após o saneador, a declaração de nulidade influente sobre o mérito só pode ser proferida na ocasião de
sentença no mesmo sentido; Pontes de Miranda, Comentários ao CPC de 1973, Rio de Janeiro: Forense,
1997, t. III, p. 379 e ss.; Alexandre de Paula, Código de Processo Civil anotado, 7ª ed., São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1998, v. I; Fábio Gomes, Comentários ao CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2000, v. 3; Moniz Aragão, Comentários ao CPC, 3ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1979, v. II; Teresa
Arruda Alvim Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 283. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não
possam ser aproveitados, devendo ser praticados os que forem necessários a fim de se observarem
as prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados desde que não resulte prejuízo
à defesa de qualquer parte.
CPC/1973
Art. 250.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 319 (requisitos da petição inicial), 330 (indeferimento da petição inicial) e 554 (ações
possessórias; aproveitamento de uma por outra).
BREVES COMENTÁRIOS
Não se admite a conversão de um rito em outro com aproveitamento da contestação quando o prazo
de defesa ou a matéria arguível eram no procedimento anulado menores ou mais restritos do que no
procedimento correto. Haverá, então, de ser reaberto o prazo de defesa.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Amílcar de Castro, Reparos sobre a jurisdição e a ação, RBDP, I/24-26; idem, Comentários ao
CPC, v. VIII, p. 69 e 402; Pedro Batista Martins, Comentários ao CPC, v. III, n. 205, p. 259; Arruda
Alvim, CPC comentado, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1975, v. I, p. 224/225; João Mendes de
Almeida Júnior, Direito judiciário brasileiro, 4ª ed., Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1954, p. 227 –
sobre a equivalência de processo e procedimento; Galeno Lacerda, Despacho saneador, Porto Alegre, p.
131; Edson Ribas Malachini, Da conversibilidade de um processo em outro, por emenda à petição
inicial, RP 54/7; Teresa Arruda Alvim Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 284. Todos os processos estão sujeitos a registro, devendo ser distribuídos onde houver
mais de um juiz.
CPC/1973
Art. 251.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 93, XV, acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 08.12.2004 (distribuição
imediata).
NCPC, art. 930 (distribuição no tribunal).
BREVES COMENTÁRIOS
Faz-se o registro, por meio de lançamento em livro próprio do cartório, dos dados necessários à
identificação do feito. A observância de uma sequência numeral para os atos de registro é medida
indispensável para a consecução de seu objetivo.
É, o registro, o primeiro ato que o escrivão pratica logo após a autuação da petição inicial. Também
nas secretarias dos tribunais, quando sobe o processo em grau de recurso, há novo registro (art. 929).
Por meio do registro, o cartório ou a secretaria estará sempre documentado para certificar a
existência ou não de processo sobre determinado litígio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 285. A distribuição, que poderá ser eletrônica, será alternada e aleatória, obedecendo-se
rigorosa igualdade.
Parágrafo único. A lista de distribuição deverá ser publicada no Diário de Justiça.
CPC/1973
Art. 252.
BREVES COMENTÁRIOS
Devem abrir, em registro adequado, diversas casas para controle, conforme a natureza dos feitos; e,
à medida que os processos vão dando entrada, vão sendo atribuídos um a cada juiz, até completar o
número de varas existentes, e depois se reinicia com o da primeira vara, repetindo-se sucessivamente a
sequência. Como se vê, se várias são as varas igualmente competentes, só após a distribuição é que o juiz
estará em condições de proferir o despacho da inicial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, v. II, § 46, n. 328, p. 12 – a respeito
da inaplicabilidade das normas do artigo nos estados; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito
processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 278; Juliana Cordeiro de Faria, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 253.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 54 a 59 (modificações da competência; conexão e continência); 125 a 132 (intervenção
de terceiros: denunciação da lide e chamamento ao processo); 343 (reconvenção); 485 (extinção do
processo, sem resolução de mérito); 612 (inventário e partilha; juízo universal); e 682 a 686 (oposição).
Lei nº 11.101, de 09.02.2005, art. 6º, § 8º (falência e recuperação judicial; juízo universal).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 235: “A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.”
BREVES COMENTÁRIOS
A competência definida pela distribuição é relativa e, não sendo impugnada, torna-se definitiva,
ainda que equivocada. Cabe à parte, porém, o direito de questioná-la, enquanto não ocorrida a
prorrogação legal, visto que a irregularidade na espécie pode configurar violação a garantia do juiz
natural.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Hélio Tornaghi, Comentários ao CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, v. I, p. 243; José Alberto
dos Reis, Comentários ao CPC, Coimbra: Coimbra Editora, 1960, v. II, n. 74; Enrico Tullio Liebman,
Processo de execução, São Paulo: Bestbook, 2003, n. 19 – sobre a conexão por sucessividade; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 279;
Humberto Theodoro Júnior, As novas reformas do Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense,
2007; Miguel Reale, Da competência por dependência, RT 538/31; Juliana Cordeiro de Faria, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 287. A petição inicial deve vir acompanhada de procuração, que conterá os endereços do
advogado, eletrônico e não eletrônico.
Parágrafo único. Dispensa-se a juntada da procuração:
I – no caso previsto no art. 104;
II – se a parte estiver representada pela Defensoria Pública;
III – se a representação decorrer diretamente de norma prevista na Constituição Federal ou
em lei.
CPC/1973
Art. 254.
BREVES COMENTÁRIOS
Só os advogados podem postular em juízo. Daí que, se a parte não é advogado, terá de se fazer
representar por quem a seja; e a procuração terá de obrigatoriamente acompanhar a petição inicial, sob
pena de faltar um pressuposto processual.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Juliana Cordeiro de Faria, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 255.
BREVES COMENTÁRIOS
Se houver erro ou falta na distribuição, o juiz que a preside poderá, a pedido do interessado,
promover de plano a sua correção, fazendo a devida compensação para manter a rigorosa igualdade entre
os diversos órgãos (art. 288). Passado esse momento, se a irregularidade afetou distribuição vinculada
por prevenção (casos de conexão ou continência, por exemplo), a inobservância da necessidade de
reunião dos processos ou sua imposição de maneira indevida viola, sem dúvida, regra de competência,
ensejando a alegação de incompetência, nos moldes do art. 337, II e VIII (preliminar de contestação).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, v. II, § 46, n. 328, p. 12 – sustenta a
possibilidade de as partes escolherem o próprio juízo; Juliana Cordeiro de Faria, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 256.
BREVES COMENTÁRIOS
O direito de fiscalizar decorre da publicidade dos atos processuais, tendo o advogado livre ingresso
às salas, recintos ou dependências para exercer o seu múnus (Estatuto da Advocacia, art. 7º, VI, a a d).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. II, n. 408; Juliana
Cordeiro de Faria, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 290. Será cancelada a distribuição do feito se a parte, intimada na pessoa de seu
advogado, não realizar o pagamento das custas e despesas de ingresso em 15 (quinze) dias.
CPC/1973
Art. 257.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 82 (partes; despesas); 91 (MP; Fazenda Pública; despesas); 321 (inicial; emenda); 330
(guia de custas; peça indispensável); e 485, I, III, § 1º (extinção do processo sem resolução do mérito).
Lei nº 1.060, de 05.02.1950 (Assistência Judiciária – ver Legislação Especial).
Lei nº 6.830, de 22.09.1980 (Execução Fiscal – ver Legislação Especial), art. 39 (atos da Fazenda
Pública independem de preparo).
Lei nº 9.289, de 04.07.1996 (Custas Justiça Federal – ver Legislação Especial).
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 667: “Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem
limite sobre o valor da causa.”
Súmulas do TJRJ:
Nº 76: “A taxa judiciária é devida por todas as autarquias, notadamente o INSS, ao Fundo Especial
do Tribunal de Justiça, competindo-lhes antecipar o pagamento do tributo se agirem na condição de parte
autora e, ao final, caso sucumbentes.”
Nº 132: “A intimação da parte para fins de extinção do processo na hipótese do art. 267, § 1º, do
Código de Processo Civil poderá ser determinada de ofício pelo juiz.”
BREVES COMENTÁRIOS
Da distribuição decorre para o autor o primeiro ônus processual, que é o de pagar as custas iniciais
para que o feito possa ter andamento. Assim, registrada e autuada a petição inicial, o cumprimento do
despacho de citação ficará na dependência do referido preparo. Se a parte, intimada na pessoa do seu
advogado, deixar paralisado por quinze dias o feito por falta do preparo inicial, a distribuição será
cancelada e o processo, trancado em seu nascedouro. Trata-se de uma causa de extinção do processo
antes mesmo que a relação processual se torne trilateral pela citação do réu.
A jurisprudência do tempo do Código anterior controvertia a respeito das condições do
cancelamento da distribuição por falta de pagamento das custas e despesas iniciais. Havia, no STJ,
decisões que dispensavam a prévia intimação da parte para a medida extintiva (STJ, Corte Especial,
Emb. Div. no REsp 264.895/PR, Rel. Min. Ari Pargendler, ac. 19.12.2001, DJU 15.04.2002, p. 156).
Outras, porém, consideravam indispensável a intimação prévia da parte da conta de custas, para cancelar
a distribuição (STJ, 1ª Seção, Emb. Div. no REsp. 199.117/ RJ, Rel. p/ acórdão Min. Humberto Gomes
de Barros, ac. 11.12.2002, DJU 04.08.2003, p. 212). O NCPC eliminou a discussão, optando pela tese da
obrigatoriedade da intimação prévia da parte na pessoa de seu advogado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2001, v. III, §
116, n. 720 – o artigo não cria regras fixas para o preparo, ficando a cargo das leis locais; Fábio Gomes,
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, v. III; E. D. Moniz
de Aragão, Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. II, n. 409/411;
Pontes de Miranda, Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, 2002, v. III;
Juliana Cordeiro de Faria, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico
imediatamente aferível.
CPC/1973
Art. 258.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 292 (valor da causa na ação rescisória) e 293 (impugnação do valor da causa).
Lei nº 8.245/1991, art. 58, III (valor da causa nas ações locatícias).
BREVES COMENTÁRIOS
Determina-se o valor da causa apurando-se a expressão econômica da relação jurídica material que
o autor quer opor ao réu. O valor do objeto imediato pode influir nessa estimativa, mas nem sempre será
decisivo.
Há, outrossim, aquelas causas que não versam sobre bens ou valores econômicos, e ainda as que,
mesmo cogitando de valores patrimoniais, não oferecem condições para imediata prefixação de seu
valor. Em todos esses casos, haverá de atribuir-se, por simples estimativa, um valor à causa, já que, em
nenhuma hipótese, a parte é dispensada do encargo de atribuir um valor à demanda.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 19, I (ação declaratória, existência ou inexistência de relação jurídica); 312
(propositura da ação); 319, V (requisitos da petição inicial; valor da causa); 325 (cumulação de
pedidos); 327 (requisitos da cumulação de pedidos); 328 (cumulação de pedidos nas ações pos-
sessórias); 574 a 587 (ação de demarcação); e 588 a 598 (ação de divisão).
Lei nº 8.245, de 18.10.1991, art. 58, III (Lei de locação dos imóveis urbanos).
BREVES COMENTÁRIOS
Faltou ao Código estatuir regras pertinentes às ações de procedimento especial, como as
possessórias, os embargos de terceiros, o usucapião, bem como aos procedimentos de jurisdição
voluntária.
Cremos que, por analogia, em se tratando de bens imóveis, se possa seguir a orientação do inciso IV
do art. 292, atribuindo ao feito, qualquer que seja ele, o valor de avaliação da área ou bem objeto do
pedido. Se se tratar, porém, de ação sobre coisas móveis, outra solução não haverá senão a de arbitrar o
valor do bem disputado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Celso Agrícola Barbi, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1998, v. I, n. 235 – a regra
do inciso II aplica-se aos casos de ação declaratória incidental; Wellington Moreira Pimentel,
Comentários ao CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 1975, v. III, p. 179/180 – conceituação de
pedidos alternativos; Orlando Gomes, Obrigações, Rio de Janeiro: Forense, 2008, n. 55 e n. 58 – sobre
obrigações alternativas e obrigações facultativas; Lopes da Costa, Divisão – demarcação – tapumes,
Belo Horizonte: B. Alvares, 1963, n. 73, p. 91 – a incerteza dos limites prejudica o valor da
propriedade; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I, n. 280; Juliana Cordeiro de Faria, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo
autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação
das custas.
CPC/1973
Art. 261.
BREVES COMENTÁRIOS
Não existe mais a impugnação por meio de um incidente, com curso fora da causa principal, em
autos apensados. Assim, na mesma petição da contestação, o réu apresentará as razões pelas quais não
aceita o valor constante da inicial. Uma vez que o prazo para o réu é preclusivo, se não houver
impugnação no referido lapso, ocorrerá a presunção legal de aceitação do valor constante da petição
inicial. O redimensionamento do valor da causa pode ser provocado tanto por iniciativa do réu como por
ato de ofício do juiz.
Antes de julgar a impugnação formulada na contestação (art. 337, III), o juiz deverá ouvir o autor,
com prazo de quinze dias, para respeitar o contraditório (art. 350). Em decisão interlocutória, o juiz
solucionará a questão e, se for o caso, determinará a complementação das custas (art. 293, in fine).
Da decisão que acolher a impugnação não cabe recurso imediato. Mas, depois da sentença, a
matéria poderá ser questionada em preliminar de eventual apelação contra a sentença final (art. 1.009, §
1º). Se a impugnação tiver sido decidida em capítulo da própria sentença, poderá ser atacada como tema
de mérito da apelação (art. 1.009, caput).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Egas Dirceu Moniz de Aragão, Comentários ao Código de Processo Civil, Campinas: Bookseller,
1997, v. II, n. 421, p. 355; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro:
Forense, 2015, v. I, n. 281; René Bernardes de Souza, O valor da causa e sua correção de ofício, Ajuris
23/90; Juliana Cordeiro de Faria, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida
em caráter antecedente ou incidental.
BREVES COMENTÁRIOS
Sob o rótulo de “Tutela Provisória”, o novo CPC reúne três técnicas processuais de tutela
provisória, prestáveis eventualmente em complemento e aprimoramento eficacial da tutela principal, a
ser alcançada mediante o provimento que, afinal, solucionará definitivamente o litígio configurador do
objeto do processo. Nesse aspecto, as ditas “tutelas provisórias” arroladas pela legislação processual
civil renovada correspondem, em regra, a incidentes do processo, e não a processos autônomos ou
distintos. De tal sorte que a antiga dicotomia do processo em principal (de cognição ou execução) e
cautelar, existente no Código revogado, não mais subsiste na nova lei, pelo menos como regra geral,
restando bastante simplificado o procedimento.
Correspondem esses provimentos extraordinários, em primeiro lugar, às tradicionais medidas de
urgência – cautelares (conservativas) e antecipatórias (satisfativas) –, todas voltadas para combater o
perigo de dano que possa advir do tempo necessário para cumprimento de todas as etapas do devido
processo legal.
A essas tutelas de urgência agregou-se mais modernamente a tutela da evidência, que tem como
objetivo não propriamente afastar o risco de um dano econômico ou jurídico, mas sim o de combater a
injustiça suportada pela parte que, mesmo tendo a evidência de seu direito material, se vê sujeita a
privar-se da respectiva usufruição, diante da resistência abusiva do adversário. Se o processo
democrático deve ser justo, haverá de contar com remédios adequados a uma gestão mais equitativa dos
efeitos da duração da marcha procedimental.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Oscar Valente Cardoso, A tutela provisória no novo Código de Processo Civil: urgência e evidência,
RDDP, n. 148, p. 86, jul. 2015; Ricardo Ranzolin, Das tutelas de urgência e da carta arbitral: breves
considerações sobre os novos artigos “22-A, B e C” da Lei de Arbitragem, Revista Magister de Direito
Civil e Processual Civil, ano XI, n. 66, p. 5-13, maio-jun. 2015; Ernane Fidelis Santos, O direito de
estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 129-143.
BREVES COMENTÁRIOS
O pedido incidental não apresenta dificuldades, uma vez que será feito por simples petição nos
autos, sem necessidade sequer de pagamento de custas. É claro, porém, que o requerente deverá
comprovar a existência dos requisitos legais: fumus boni iuris e periculum in mora.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a
qualquer tempo, ser revogada ou modificada.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia
durante o período de suspensão do processo.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
As tutelas de urgência e da evidência, nos termos do Código, são caracterizadas pela
provisoriedade, no sentido de que não se revestem de caráter definitivo e, ao contrário, se destinam a
durar por um espaço de tempo delimitado. São remédios interinais, seguindo a técnica de cognição
sumária em rito de incidente do processamento completo e definitivo da causa. Não compõem objeto de
processo autônomo e exauriente. Significa essa provisoriedade, mais precisamente, que as tutelas têm
duração temporal limitada àquele período de pendência do processo (NCPC, art. 296), conservando sua
eficácia também durante o período de eventual suspensão da ação, salvo decisão judicial em contrário
(art. 296, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da
tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao
cumprimento provisório da sentença, no que couber.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CDC, art. 84, § 5º.
Med. Prov. nº 2.180-35 de 24.08.2001, art. 15: “Aplica-se à ação rescisória o poder geral de
cautela de que trata o art. 798 do Código de Processo Civil”; Lei nº 8.437, de 30.06.1992 (cautelar
contra ato do Poder Público), art. 1º, § 1º: “Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar
inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via do mandado de
segurança, à competência originária de tribunal.”
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 212: “A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por
medida liminar cautelar ou antecipatória.”
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código institui um complexo de regras aplicáveis a todas as medidas provisórias (de
urgência ou da evidência). O poder tutelar geral do juiz é mais amplo do que o antigo poder geral de
cautela, já que se estende a todas as medidas provisórias, sejam elas fundadas na urgência ou na
evidência (art. 297, caput) e não se restringem apenas a figuras ou hipóteses predefinidas em lei (arts.
297 e 301). Evitou-se, até mesmo, a regulamentação de medidas cautelares típicas, ficando tudo a
depender das exigências concretas de medidas urgentes, caso a caso.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Medidas cautelares atípicas, RF 282/1; Alcides de Mendonça Lima, A ação
cautelar inominada no direito brasileiro, RBDP 26/165; Sydney Sanches, Poder cautelar geral do juiz, RT
587/13; E. D. Moniz de Aragão, Medidas cautelares inominadas, RBDP 57/33; Galeno Lacerda,
Processo cautelar, RF 246/158; Humberto Theodoro Jr., Processo cautelar, p. 103 – aplicação de
cautelas em fatos oriundos de ações da natureza; Humberto Theodoro Jr., Tutela cautelar, Rio de
Janeiro: Aide, 1992, §§ 4º, 6º e 16; Eduardo Henrique de Oliveira Yoshikawa, Indisponibilidade de bens
e poder geral de cautela, RDDP 74/17; Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Poder tutelar geral do juiz. “As medidas cautelares resguardam sobretudo o interesse público,
sendo necessárias e inerentes à atividade jurisdicional. O artigo 798 do CPC atribui amplo poder de
cautela ao magistrado, constituindo verdadeira e salutar cláusula geral, que clama a observância ao
princípio da adequação judicial, propiciando a harmonização do procedimento às particularidades da
lide, para melhor tutela do direito material lesado ou ameaçado de lesão” (STJ, REsp 1.241.509/RJ, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, jul. 09.08.2011, DJe 01.02.2012).
● Finalidade. “O poder geral de cautela há que ser entendido com uma amplitude compatível com a
sua finalidade primeira, que é a de assegurar a perfeita eficácia da função jurisdicional. Insere-se aí a
garantia da efetividade da decisão a ser proferida. A adoção de medidas cautelares (inclusive as
liminares inaudita altera pars) é fundamental para o próprio exercício da função jurisdicional, que não
deve encontrar obstáculos, salvo no ordenamento jurídico” (STJ, MC 4.897/ MG, Rel. Min. José
Delgado, 1ª Turma, jul. 01.10.2002, DJ 28.10.2002).
● Requisitos. “O poder geral de cautela reclama os mesmos requisitos do poder cautelar
específico, razão pela qual, ausente o fumus boni juris, posto ilegal a pretensão da parte, impõe-se
cassar a medida deferida” (STJ, REsp 980.732/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel. p/ acórdão
Min. Luiz Fux, 1ª Turma, jul. 02.12.2008, DJe 17.12.2008).
● Exercício de ofício. “A efetividade do processo exige tutela jurisdicional adequada, por isso o
poder geral de cautela pode ser exercitado ex officio, pois visa o resguardo de interesses maiores,
inerentes ao próprio escopo da função jurisdicional, que se sobrepõem aos interesses das partes” (STJ,
REsp 1.241.509/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, jul. 09.08.2011, DJe 01.02.2012).
● “A concessão de uma medida cautelar não produz efeitos apenas na esfera jurídica do requerente
a quem ela favorece. Produz também para o réu, que deve tolerá-la. A manutenção de uma medida
cautelar deferida implica tutelar o aparente direito do autor. A sua revogação resguarda a possibilidade
de tutelar o suposto direito do réu. Se é possível deferir de ofício uma medida liminar em favor do autor,
não há sentido em se vedar sua revogação de igual modo, em favor do réu. Ambas as partes ostentam
posições equivalentes no processo” (STJ, REsp 1.020.785/ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, jul.
20.04.2010, DJe 06.05.2010).
● “Os pressupostos para concessão de tutela antecipada (art. 273 do CPC) não se confundem com o
exercício do poder geral de cautela do art. 804 do CPC” (STJ, REsp 159.399/ SP, Rel. Min. Eliana
Calmon, 2ª Turma, jul. 23.05.2000, DJ 01.08.2000).
Hipóteses:
● Medida cautelar para emprestar efeito suspensivo a recurso especial e extraordinário. “A
concessão de medida cautelar para emprestar efeito suspensivo a recurso especial tem sido tratada pela
jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça com homenagem constante ao poder geral de cautela
que a Constituição Federal outorga ao Poder Judiciário. Esse poder tem sido exercido com o máximo de
prudência, sempre no sentido de atenuar o inquietante problema da influência do tempo no processo e não
permitir que o jurisdicionado fique, em determinadas situações, sem juízo a quem recorrer. Por essa
razão é que o Superior Tribunal de Justiça tem admitido o deferimento de cautelar para emprestar efeito
suspensivo a recurso especial antes mesmo da chegada do referido recurso à corte e em outras condições
extravagantes” (STJ, AGRMC 5.422/DF, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma, jul. 01.10.2002, DJ
28.10.2002).
● “A ação cautelar ajuizada perante o STJ com o objetivo de agregar efeito suspensivo a recurso
desprovido de tal eficácia é medida de caráter restrito e excepcional, só deferível quando cabalmente
satisfeitos os requisitos dos arts. 798 e 799 do Estatuto Processual Civil, cabendo à parte demonstrar a
real possibilidade de êxito do recurso interposto. [...] Não evidenciados os pressupostos da ação
cautelar, há de ser extinto liminarmente o processo, por carecer o autor de interesse processual” (STJ,
AgRg na MC 10.320/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 2ª Turma, jul. 19.04.2007, DJ 24.05.2007).
No mesmo sentido: STJ, MC 16.325, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 4ª Turma, DJe 01.07.2010.
● “É firme a jurisprudência desta Corte no sentido de não ser adequada a concessão de efeito
suspensivo a recurso especial não admitido na origem, o que se tolera apenas quando se vislumbra a
existência da plausibilidade do direito e do perigo de dano grave e de difícil reparação” (STJ, AgRg na
MC 15.180/RO, Rel. Min. Fernando Gonçalves, 4ª Turma, jul. 24.03.2009, DJe 06.04.2009).
● “A concessão de medida cautelar pelo Supremo Tribunal Federal, quando requerida com o
objetivo de atribuir eficácia suspensiva a recurso extraordinário, exige, para viabilizar-se, a cumulativa
observância dos seguintes pressupostos: (1) instauração da jurisdição cautelar do Supremo Tribunal
Federal, motivada pela existência de juízo positivo de admissibilidade do recurso extraordinário, (2)
viabilidade processual do recurso extraordinário, caracterizada, entre outros requisitos, pelas notas da
tempestividade, do prequestionamento explícito da matéria constitucional e da ocorrência de ofensa
direta e imediata ao texto da Constituição, (3) plausibilidade jurídica da pretensão de direito material
deduzida pela parte interessada e (4) ocorrência de situação configuradora de periculum in mora.
Precedentes (RTJ 174/437-438, v.g.)” (STF, Pet.-QO 2.705/SP, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, jul.
27.08.2002, DJ 20.05.2005).
● Tutela provisória. Efeito suspensivo a recurso especial. Competência. Ver jurisprudência do
art. 299 do NCPC.
● Suspensão de execução. “Medida cautelar visando suspender execução. Possibilidade. A
suspensão do processo, nos casos previstos em lei, pode ser determinada pela via da ação cautelar
inominada” (STJ, REsp 36.970-3/RS, Rel. Min. Demócrito Reinaldo, 1ª Turma, jul. 06.10.1993, DJU
08.11.1993, p. 23.531).
● “De acordo com a orientação do STJ, em tese é possível seja suspensa a execução de decisão
judicial sem trânsito em julgado (MCs ns. 53 e 488). Pedido deferido” (STJ, MC nº 1.171/MA, Rel.
Min. Nilson Naves, 3ª Turma, jul. 05.06.1998, DJ 17.08.1998).
● Depósito cautelar. “Medida cautelar. Depósito cautelar. Possibilidade. É possível por meio de
medida cautelar obter o depósito de prestações decorrentes de contrato para a aquisição de casa própria,
tudo para garantir a eficácia do processo principal, no qual discute-se o indexador adequado para tanto,
sendo nessa direção a consolidada jurisprudência dos tribunais” (STJ, REsp 148.407/SP, 3ª Turma, Rel.
Min. Carlos Alberto Menezes Direito, ac. 18.03.1999, DJU 10.05.1999, p. 166).
● “‘A averbação, no cartório de registro de imóveis, de protesto contra alienação de bem, está
dentro do poder geral de cautela do juiz (art. 798 do CPC) e se justifica pela necessidade de dar
conhecimento do protesto a terceiros, prevenindo litígios e prejuízos para eventuais adquirentes’ (Corte
Especial, EREsp nº 440.837/RS)” (STJ, EREsp 185.645/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 2ª Seção,
jul. 09.12.2009, DJe 15.12.2009). No mesmo sentido: STJ, REsp 146.942/ SP, Rel. Min. Cesar Asfor
Rocha, 4ª Turma, jul. 02.04.2002, DJ 19.08.2002; STJ, AgRg no Ag 1.333.611/MT, Rel. Min. Sidnei
Beneti, 3ª Turma, jul.18.11.2010, DJe 26.11.2010).
● Ação cautelar inominada com efeitos do arresto. “É admissível o ajuizamento de ação cautelar
inominada, com os mesmos efeitos do arresto, em face do poder geral de cautela estabelecido no art. 798
do CPC, para fins de assegurar a eficácia de futura decisão em ação de indenização proposta pelo autor,
caso lhe seja favorável. Na hipótese, existe óbice à concessão desse procedimento específico – arresto –
em razão de a dívida não ser considerada líquida e certa (art. 814 do CPC), pois ainda em trâmite a outra
demanda proposta contra o requerido” (STJ, REsp 753.788/AL, Rel. Min. Félix Fischer, 5ª Turma, jul.
04.10.2005, DJ 14.11.2005).
● Atualização do instrumento de procuração com poderes especiais. “O magistrado, com base no
poder geral de cautela e havendo suspeita ou indícios de que a parte outorgante não esteja ciente do
andamento processual, poderá determinar a atualização de procuração com poderes especiais para
receber e dar quitação” (STJ, REsp 830.158/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, jul.
24.03.2009, DJe 23.04.2009).
● Medida cautelar incidental com intuito de vetar a inclusão do nome do executado no Serviço
de Proteção ao Crédito. “Inadmissível no curso do execução cambial a inclusão do nome do executado
no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), artifício reprovável usado pelo exequente para, mediante
coação, apressar o pagamento do título executado, de se deferir medida cautelar incidental proposta pelo
devedor visando a vetá-la até decisão final da contenda” (TJSP, Ap. Cível 405.511-6, Rel. Juiz Antônio
de Pádua Ferraz Nogueira, 3ª Câm., jul. 29.03.1989).
● Sustação de protesto. “Se no curso da ação que buscava impedir o apontamento dos títulos
ocorreu o protesto converte-se o pedido de sustação em cancelamento, para assegurar o provimento
jurisdicional” (STJ, REsp 985.084/ BA, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 3ª Turma, jul.
18.10.2007, DJ 19.12.2007).
● “Justifica-se a sustação de protesto quando as circunstâncias recomendam a proteção do direito
do devedor, diante de possível dano de difícil reparação e da presença do fumus boni iuris, mormente
quando prestada caução para garantia do credor” (STJ, MC 6.379/MT, Rel. Min. Castro Filho, 3ª Turma,
jul. 15.05.2003, DJ 30.06.2003). No mesmo sentido: STJ, REsp 216.996/PR, Rel. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, 4ª Turma, jul. 04.11.1999, DJ 14.02.2000. Em sentido contrário: “É inadmissível a concessão
de liminar, em cautela, para sustar o protesto de contrato de cambio, porque tal protesto constitui
condição indispensável ao exercício da ação de execução (Lei n. 4.728/1965, art. 75). Os embargos são
a sede própria para o devedor opor-se à execução, no todo ou em parte, e arguir as exceções que
entender necessárias” (STJ, REsp 36.681/RS, Rel. Min. Antonio Torreão Braz, 4ª Turma, jul. 23.11.1993,
DJ 07.02.1994).
● “Lícito é ao juiz, divisando presentes cumulativamente o fumus boni juris e o periculum in mora,
conceder medida liminar de sustação de protesto requerida em sede de cautelar inominada. O que se lhe
mostra defeso, segundo jurisprudência firmada pela 2ª Seção da Corte, é estabelecer vedação ao ingresso
em juízo, seja diretamente – impondo expressa proibição ao uso da via executiva, seja reflexamente –
sustando, sem qualquer ressalva, o protesto nas hipóteses em que este constitui pressuposto de
exequibilidade do crédito” (ac. da 4ª Turma do STJ no REsp 23.630-0/ES, Rel. Min. Sálvio de
Figueiredo; RJ 212/78).
● Juízo arbitral não constituído. Medida cautelar. Competência. Ver jurisprudência do art. 8º da
Lei 9.307/1996.
Limitações:
● Impedimento ao acesso à justiça. “É da jurisprudência iterativa da corte que o poder geral de
cautela atribuído ao juiz não pode ser absoluto, de molde a inviabilizar o princípio constitucional de
acesso a tutela jurisdicional do estado” (STJ, REsp 23.677/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira,
4ª Turma, jul. 25.10.1994, DJ 05.12.1994).
● “O poder geral de cautela do juiz não é ilimitado ao ponto de impedir o exercício de um direito
genericamente assegurado pela Constituição e especialmente previsto no ordenamento jurídico,
possibilitando ao credor de título líquido, certo e exigível o ajuizamento da respectiva ação de
execução” (STJ, REsp 19.217/ES, Rel. Min. Claudio Santos, 3ª Turma, jul. 30.06.1992, DJ 28.09.1992).
No mesmo sentido: STJ, REsp 204.231/RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma, jul.
17.02.2000, DJ 02.05.2000.
● “Extrapola do poder geral de cautela o deferimento de cautelar para impedir o credor de ajuizar a
execução” (STJ, 3ª Turma, REsp 406.803/SE, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, jul.
27.08.2002, DJ 28.10.2002). No mesmo sentido: STJ, REsp 2.796/MT, Rel. Min. Gueiros Leite, Rel. p/
ac. Min. Nilson Naves, 3ª Turma, jul. 27.08.1990, DJ 12.11.1990.
● Previsão de medida específica. “Um dos limites a adistrir o poder geral de cautela do
magistrado está em que, havendo um dispositivo legal específico prevendo determinada medida com
feição cautelar para conter uma ameaçadora lesão a direito, não se há de deferir cautela inominada. Se
for o caso de deferi-la, devem ser observadas todas as exigências contidas naquela medida específica”
(STJ, REsp 34.596/SP, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, 1ª Turma, jul. 29.11.1993, DJ 07.02.1994). No
mesmo sentido: RTFR 162/173.
● “Não cabe medida cautelar objetivando a decretação de nulidade de ato processual, porquanto
não pode ser confundida com recurso” (JTA 118/358).
● “Não possuindo o recurso cabível (agravo de instrumento) efeito suspensivo e havendo concreta
possibilidade de dano irreparável, admite-se mandado de segurança contra liminar em medida cautelar,
sobretudo quando, como no caso dos autos, os impetrantes não integram a lide” (RTFR 160/344).
● “Ajuizamento posterior de ação cautelar. Suspensão da execução. Impossibilidade. “O
ajuizamento de ação de rito ordinário, que vise à redução do valor da dívida, não impede o
prosseguimento da execução, principalmente se a esta não foram opostos embargos do devedor. Na linha
dos precedentes desta Corte, o poder geral de cautela não tem o condão de impedir ao credor a execução
do seu título até o trânsito em julgado de ação de conhecimento” (STJ, REsp 341.084/PB, Rel. Min.
Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul. 13.11.2001, DJ 18.02.2002). Em sentido contrário:
“Medida cautelar visando suspender execução. Possibilidade. Suspende-se o processo quando a
‘sentença’ de mérito depender do julgamento de outra causa, que constitua o objeto principal daquele
(processo). O credor não pode cobrar extrajudicialmente o que, em juízo, está sendo discutido. A
suspensão do processo, nos casos previstos em lei, pode ser determinada pela via da ação cautelar
inominada” (STJ, REsp 36.970/RS, Rel. Min. Demócrito Reinaldo, 1ª Turma, jul. 06.10.1993, DJ
08.11.1993).
● “É inadmissível a concessão de liminar, em cautela, para sustar o protesto de contrato de
câmbio, porque tal protesto constitui condição indispensável ao exercício da ação de execução (Lei nº
4.728/65, art. 75)” (STJ, REsp 36.681/RS, Rel. Min. Antonio Torreão Braz, 4ª Turma, jul. 23.11.1993,
DJ 07.02.1994).
● Inversão do risco. “É improcedente o pedido de cautela se a medida pleiteada simplesmente
inverteria o perigo de lesão irreversível, fazendo-o incidir sobre o réu do processo cautelar” (STJ, MC
523/RS, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 1ª Turma, RSTJ 94/33).
● Lesão à parte contrária. “As medidas cautelares devem ser utilizadas como instrumento para
obviar lesão irreversível; não é lícita sua utilização para causar dano à parte contrária” (STJ, MC
594/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 1ª Turma, jul. 21.05.1998, DJ 29.06.1998).
2. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário. “Não extrapola as regras do ordenamento
jurídico a decisão que, com base no poder geral de cautela, determina a suspensão da exigibilidade do
crédito tributário enquanto se analisa e se conclui a ocorrência efetiva do pagamento alegado. Poder
geral de cautela exercido com características de razoabilidade e proporcionalidade” (STJ, REsp
1.019.173/SP, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma, jul. 20.05.2008, DJe 23.06.2008).
● “A liminar em processo cautelar suspende a exigibilidade do crédito tributário sem ofensa ao art.
141 do CTN, porque, quando veio a lume este, inexistia o Código de Processo Civil de 1973, o qual
prevê o amplo poder geral de cautela do juiz. Entendimento jurisprudencial que foi convertido em norma
legal pela EC nº 104/2001, que aditou essa hipótese ao art. 151 do CTN, acrescentando o inciso V (‘a
concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial’)” (STJ, REsp
411.396/SC, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma, jul. 08.04.2002, DJ 06.05.2002).
● “A suspensão da exigibilidade do crédito tributário só pode ocorrer nos exatos limites postos no
art. 151 do CTN, onde não consta a possibilidade de tal ocorrer por via de fiança bancária, nem pelo uso
do poder geral de cautela do juiz. As normas do CTN, de modo geral, e especialmente o art. 151, têm
natureza de lei complementar. Em consequência, exercem hierarquia sobre o poder geral de cautela
outorgado ao juiz pelo Código de Processo Civil” (STJ, REsp 100.031/ AL, Rel. Min. José Delgado, 1ª
Turma, jul. 10.10.1996, DJ 18.11.1996).
3. Fixação de astreintes. Cabimento. “Em certos casos, ainda que no regime anterior à alteração
dos artigos 273 e 461 do Código de Processo Civil pela Lei nº 8.953/1994, é de ser reconhecida a
possibilidade de as obrigações de fazer e não fazer serem reforçadas pela imposição de multa
(astreintes) visando forçar o cumprimento da ordem. E o próprio artigo 798 outorga ao juiz o poder geral
de cautela, de forma suficientemente ampla, a conferir-lhe a faculdade de impor esse tipo de sanção
tendente à implementação e cumprimento de suas ordens” (STJ, REsp 159.643/SP, Rel. Min.
Humberto Gomes de Barros, Rel. p/ Ac. Min. Castro Filho, 3ª Turma, jul. 23.11.2005, DJ 27.11.2006).
4. Execução de medidas antecipatórias. Natureza. “A execução das medidas antecipatórias tem
natureza de execução provisória (art. 273, § 3º, do CPC). Como tal, corre por iniciativa, conta e
responsabilidade do exequente e fica sem efeito caso a decisão exequenda seja posteriormente anulada
ou revogada, restituindo-se as partes ao estado anterior (CPC, art. 475-O, I e II, inserido pela Lei nº
11.232/2005; CPC, art. 588, I e III, na primitiva redação)” (STJ, MS 11.780/DF, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, 1ª Seção, jul. 09.05.2007, DJ 21.05.2007, p. 529). No mesmo sentido: STJ, REsp 988.171/
RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 5ª Turma, jul. 04.12.2007, DJ 17.12.2007, p. 343.
● “A multa estabelecida pelo julgador monocrático em deferimento de antecipação de tutela é
passível de execução nos moldes do art. 273, § 3º, do CPC” (TJRS, Ap. 70003362183, Rel. Des. Laís
Rogéria Alves Barbosa, 13ª Câm. Cível, jul. 25.06.2002).
● Desnecessidade do trânsito em julgado. “É desnecessário o trânsito em julgado da sentença para
que seja executada a multa por descumprimento fixada em antecipação de tutela. A fixação de multa
diária em sede de antecipação de tutela por decorrência de descumprimento de obrigação de fazer é
título executivo hábil para a execução provisória. Havendo, na sentença, posterior alteração da decisão
que promoveu a antecipação de tutela e, por conseguinte, conferiu aplicação às astreintes, ficará sem
efeito o crédito derivado da fixação da multa diária, perdendo o objeto a execução provisória daí
advinda” (STJ, AgRg no REsp 1.094.296/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 4ª Turma, jul.
03.03.2011, DJe 11.03.2011).
Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz
motivará seu convencimento de modo claro e preciso.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 93, IX (dever de motivação).
BREVES COMENTÁRIOS
Justamente porque não se trata de mero poder discricionário do magistrado, a lei exige que a
decisão acerca da tutela provisória seja sempre fundamentada, cabendo-lhe enunciar “de modo claro e
preciso” as razões de seu convencimento. A necessidade decorre do fato de a medida provisória ser
deferida a partir de uma instrução sumária, havendo inversão da sequência natural e lógica entre os atos
de debate, acertamento e decisão.
O juiz, nessa esteira, deverá fundamentar a decisão, apresentando às partes os fundamentos de fato e
de direito que lhe formaram o convencimento acerca da plausibilidade do perigo de dano e do direito
invocado. Aliás, o dever de motivação de toda e qualquer decisão judicial é uma imposição de ordem
constitucional (CF, art. 93, IX). O maior rigor da lei com relação às medidas sumárias de urgência
prende-se ao fato de que a investigação fática nessas medidas se dá com base numa instrução muito
superficial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo
competente para conhecer do pedido principal.
Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência originária de tribunal
e nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o
mérito.
CPC/2015
Art. 800.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 42 a 69 (competência), 55 a 57 (conexão; continência), 58 a 60 (prevenção), 61 (ação
acessória) e 286 (distribuição por dependência); LOMN, art. 68; RISTF, art. 38, I.
SÚMULAS
Súmula do TFR:
Nº 263: “A produção antecipada de provas, por si só, não previne a competência para a ação
principal.” No mesmo sentido: STJ, REsp 28.264-4/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, 4ª Turma, jul.
28.06.1993, DJU 02.08.1993, p. 14.251.
BREVES COMENTÁRIOS
O sistema do Código novo não é muito diverso do anterior. Pode-se entender que, em linhas gerais,
se manteve a orientação doutrinária: em regra, a tutela de urgência, cautelar ou antecipatória, deverá ser
requerida pela parte, mesmo porque a respectiva execução corre por sua conta e risco, configurando
hipótese legal de responsabilidade civil processual objetiva (art. 302 do NCPC).
Se já existe a ação, a parte interessada faz o pedido de tutela provisória diretamente ao juiz da
causa, por meio de simples petição, não havendo como antigamente necessidade de instauração de um
processo cautelar apartado. Se, contudo, a tutela sumária é antecedente, a determinação da competência
se faz examinando, segundo as regras comuns do processo de cognição ou de execução (arts. 42 a 53),
qual seria o órgão judicial competente para o pedido principal. Durante a tramitação recursal, é do
tribunal e não do juiz de primeiro grau a competência para decidir acerca do pedido de tutela provisória.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
§ 1º Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução
ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 520 (execução provisória de sentença).
Lei nº 8.245, de 18.10.1991 (Locação – ver Legislação Especial), art. 59, § 1º (liminar para
desocupação).
Lei nº 12.016, de 07.08.2009 (Mandado de Segurança – ver Legislação Especial), art. 7º.
Lei nº 8.437, de 30.06.1992 (Medida Cautelar – ver Legislação Especial), arts. 1º, 2º e 3º.
Lei nº 9.469, de 10.07.1997 (Advocacia-Geral da União – ver Legislação Especial), art. 6º
(precatório).
SÚMULAS
Súmulas do STF:
Nº 164: “No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada
imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.”
Nº 729: “A decisão na ADC-4 não se aplica à antecipação de tutela em causa de natureza
previdenciária.”
Súmulas do STJ:
Nº 69: “Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão
na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.”
Nº 212: “A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por
medida liminar cautelar ou antecipatória.”
Súmula do TRF da 4ª Região:
Nº 45: “Descabe a concessão de liminar ou de antecipação de tutela para a compensação de
tributos.”
BREVES COMENTÁRIOS
O perigo de dano refere-se ao interesse processual em obter uma justa composição do litígio, seja
em favor de uma ou de outra parte, o que não poderá ser alcançado caso se concretize o dano temido. Ele
nasce de dados concretos, seguros, objeto de prova suficiente para autorizar o juízo de grande
probabilidade em torno do risco de prejuízo grave. Pretende-se combater os riscos de injustiça ou de
dano derivados da espera pela finalização do curso normal do processo. Há que se demonstrar, portanto,
o “perigo na demora da prestação da tutela jurisdicional” (NCPC, art. 300). Esse dano corresponde,
assim, a uma alteração na situação de fato existente no tempo do estabelecimento da controvérsia – ou
seja, do surgimento da lide –, que é ocorrência anterior ao processo. Não impedir sua consumação
comprometerá a efetividade da tutela jurisdicional a que faz jus o litigante.
É importante que a reversibilidade prevista no § 3º seja aferida dentro dos limites do processo em
que a antecipação ocorre. Como é óbvio, não pode justificar a medida excepcional do art. 300 a vaga
possibilidade de a parte prejudicada ser indenizada futuramente por aquele a quem se beneficiou com a
medida antecipatória. Só é realmente reversível, para os fins do art. 300, § 3º, a providência que
assegure ao juiz as condições de restabelecimento pleno, caso necessário, dentro do próprio processo em
curso.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Calamandrei, Verdade e verossimilhança no processo civil; Humberto Theodoro Júnior, Curso de
direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior,
Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende (coords.), Primeiras lições
sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso
de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I; Guilherme Rizzo Amaral,
Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; José Miguel Garcia
Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Daniel
Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo: Método, 2015; Luis Antônio
Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno,
Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz
Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E.
Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco,
Instituições de processo civil: introdução ao direito processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva
Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo, Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Oscar Valente Cardoso, A tutela provisória no novo Código de
Processo Civil: urgência e evidência, RDDP n. 148, p. 86, jul. 2015; Bruno Garcia Redondo,
Estabilização. Modificação e negociação da tutela de urgência antecipada antecedente: principais
controvérsias, Revista de Processo n. 244, p. 167, jun. 2015; Humberto Theodoro Júnior, Novo Código
de Processo Civil: principais alterações do sistema processual civil,São Paulo: Rideel, 2014.
Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra
medida idônea para asseguração do direito.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 297.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código, embora exemplifique algumas medidas cautelares no art. 301 – arresto, sequestro,
arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem –, é expresso em admitir que o juiz
adote “qualquer outra medida idônea para asseguração do direito”. O Código, portanto, acolhe o poder
geral de cautela, admitido pelo art. 798 da codificação revogada, dispondo que “o juiz poderá determinar
as medidas que considerar adequadas para a efetivação da tutela provisória” (art. 297, caput).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo
prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I – a sentença lhe for desfavorável;
II – obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários
para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III – ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV – o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida,
sempre que possível.
CPC/1973
Art. 811.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 80, 81, 96 e 777 (liquidação da litigância de má fé no próprio processo em que ela se
deu); e 509 (liquidação da sentença).
BREVES COMENTÁRIOS
A tutela de urgência é deferida por conta e risco do requerente. Se sucumbe no processo principal,
terá de responder pelos danos que a providência preventiva acarretou ao requerido.
O prejudicado pela tutela de urgência infundada ou frustrada não precisa propor ação de
indenização contra o requerente para obter o reconhecimento de seu direito e a condenação do
responsável. Nos termos do art. 302, parágrafo único, a indenização será liquidada nos autos em que a
medida tiver sido concedida, sempre que possível. A fonte da obrigação, na espécie, é a própria lei, que
a faz assentar sobre dados objetivos, que prescindem de acertamento em ação condenatória apartada.
A obrigação, todavia, depende, para tornar-se exequível, de dois requisitos:
(a) a ocorrência de prejuízo efetivo causado pela execução da tutela de urgência; e
(b) a determinação do quantum líquido desse prejuízo, nos moldes dos arts. 509 a 512 do NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Clito Fornaciari Jr., Dos prejuízos decorrentes da execução de medida cautelar, Ajuris 35/78;
Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Cristiane Druve Tavares Fagundes, O direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2014, p. 119-129.
Capítulo II
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM
CARÁTER ANTECEDENTE
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição
inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final,
com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao
resultado útil do processo.
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:
I – o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a
juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em
outro prazo maior que o juiz fixar;
II – o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do
art. 334;
III – não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art.
335.
§ 2º Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo, o processo será
extinto sem resolução do mérito.
§ 3º O aditamento a que se refere o inciso I do § 1º deste artigo dar-se-á nos mesmos autos,
sem incidência de novas custas processuais.
§ 4º Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de indicar o valor da
causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela final.
§ 5º O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do benefício previsto no
caput deste artigo.
§ 6º Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão
jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser
indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito.
BREVES COMENTÁRIOS
Como as particularidades do caso podem dificultar o imediato aforamento do pedido principal, o
Código pre-vê também a possibilidade de ser o pedido de tutela de urgência formulado em caráter
antecedente. Quando se referir à tutela satisfativa, exige-se que também se proceda “à indicação do
pedido de tutela final”, que poderá ser confirmado e complementado em seus fundamentos no prazo de
quinze dias (ou naquele maior fixado pelo juiz) contados da concessão da medida antecedente, além dos
requisitos reclamados para a medida cautelar antecedente (art. 303, caput). O pedido, na espécie, pode
limitar-se “ao requerimento da tutela antecipada”, caso em que a pretensão principal não será formulada
se o réu não recorrer da medida liminar (art. 304). A tutela provisória se estabilizará, mas sem se
revestir da autoridade da coisa julgada.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão
que a conceder não for interposto o respectivo recurso.
§ 1º No caso previsto no caput, o processo será extinto.
§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou
invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput.
§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada
por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2º.
§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a
medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2º, prevento o juízo em que a
tutela antecipada foi concedida.
§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2º deste artigo,
extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos
do § 1º.
§ 6º A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos
efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada
por uma das partes, nos termos do § 2º deste artigo.
BREVES COMENTÁRIOS
Quanto às medidas de urgência satisfativas, o regime pode, eventualmente, ser o de autonomia diante
do processo principal, visto que se permite estabilizar sua eficácia (art. 304), não ficando, assim, na
dependência de formulação do pedido principal no prazo do art. 308. O que, na espécie, se prevê é a
possibilidade de recurso contra a respectiva decretação (art. 304, caput) e de demanda posterior para
rever, reformar ou invalidar a tutela satisfativa estabilizada (art. 304, § 2º). Seus efeitos, no entanto, se
conservarão enquanto não ocorrer a revisão, reforma ou invalidação por ação própria (art. 304, § 3º). Na
sistemática instituída pelo Código, portanto, para que a estabilização da tutela satisfativa ocorra, basta
que o demandado não interponha recurso contra a decisão que a concedeu (art. 304, caput).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo III
DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER
ANTECEDENTE
Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter
antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva
assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada,
o juiz observará o disposto no art. 303.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
Como as particularidades do caso podem dificultar o imediato aforamento do pedido principal, o
Código pre-vê também a possibilidade de ser o pedido de tutela de urgência formulado em caráter
antecedente. Em tal circunstância a petição inicial, tratando-se de tutela cautelar, conterá apenas o pedido
da medida urgente, fazendo sumária indicação da lide, seu fundamento de fato e de direito. As medidas
cautelares antecedentes, diversamente das antecipatórias, não se estabilizam e obrigam a propositura da
pretensão principal, no devido prazo, sob pena de extinção (art. 309, I).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as
provas que pretende produzir.
CPC/1973
Art. 802.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 180 e 183 (prazo para a Fazenda Pública e o MP), 229 (prazo para litisconsortes), 239
(citação inicial) e 231 (fluência do prazo na intimação).
BREVES COMENTÁRIOS
Sanadas as irregularidades, se as houver, promovida a justificação unilateral, se se fizer necessária,
e deferida a medida liminar, se cabível, o juiz mandará que o réu seja citado para, no prazo de cinco
dias, contestar o pedido cautelar e indicar as provas que pretende produzir. Na contestação a que alude o
art. 306 do NCPC, o réu deverá alegar toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito
com que impugna o pedido da medida cautelar e especificando as provas que pretende produzir.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcos Salvador de Toledo Piza, Contestação em medida cautelar, RF 268/437; Donaldo Armelin,
Execução de medida cautelar liminarmente concedida e o prazo para resposta, RP 31/259; Daniel
Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 307. Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos
pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.
CPC/1973
Art. 803.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 341 (contestação; ônus da impugnação especificada dos fatos), 358 a 368 (audiência) e
309, III (cessação da eficácia por extinção do processo principal);
Lei nº 9.494, de 10.09.1997 (tutela antecipada contra a Fazenda Pública), art. 1º-B (introduzido pela
Med. Prov. nº 2.180-35 de 24.08.2001): “A sentença que tenha por objeto a liberação de recurso,
inclusão em folha de pagamento, reclassificação, equiparação, concessão de aumento ou extensão de
vantagens a servidores da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, inclusive de suas
autarquias e fundações, somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado.”
BREVES COMENTÁRIOS
Contestado o pedido, deverá ser observado o procedimento comum quanto à instrução da pretensão
cautelar (art. 307, parágrafo único). Não sendo contestado o pedido, o réu será considerado revel,
presumindo-se aceitos os fatos narrados pelo autor como ocorridos, devendo o juiz decidir o pedido
cautelar em cinco dias, independentemente de audiência (arts. 306 e 307).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Athos Gusmão Carneiro, A conciliação no novo Código de Processo Civil, RT 471/20; Lopes da
Costa, Medidas preventivas, 2ª ed., Belo Horizonte: B. Alvares, 1958, p. 39, n. 36 – o valor da causa
deve equivaler “tanto quanto possível ao valor da causa principal”; Humberto Theodoro Jr., Processo
cautelar, São Paulo: Leud, 2010, n. 88, p. 123 – quando o perigo de dano referir-se apenas a uma parte
do bem ou bens envolvidos no processo principal, o valor da ação cautelar será menor, “em função do
montante do risco a ser prevenido”; Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier
Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 308. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no
prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o
pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.
§ 1º O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar.
§ 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal.
§ 3º Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de conciliação
ou de mediação, na forma do art. 334, por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de
nova citação do réu.
§ 4º Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art.
335.
CPC/1973
Art. 806.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 224 (regra de contagem dos prazos pro-cessuais); 312 (momento da propositura da
ação).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 482: “A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art. 806 do CPC acarreta a perda da
eficácia da liminar deferida e a extinção do processo cautelar.”
BREVES COMENTÁRIOS
Convém lembrar que são duas coisas distintas: a discussão do incidente de tutela provisória cautelar
antecedente e o aditamento da petição inicial para dar curso ao pedido principal (art. 308). O aforamento
da pretensão de mérito não pode ficar paralisado indefinidamente à espera da solução da medida de
urgência, se existe liminar já cumprida. Isso porque o Código marca um prazo para a providência, que
corre a partir da efetivação da tutela cautelar, que pode se extinguir antes da conclusão do incidente.
Outra hipótese a se cogitar é a de a tutela de urgência ter sido postulada em petição inicial
juntamente com a pretensão de mérito, caso em que a contestação será única e abrangente, tanto da
matéria principal como da cautelar. Também aqui se haverá de lembrar do cabimento do agravo de
instrumento contra a eventual liminar, sob pena de preclusão. Não haverá, entretanto, um julgamento em
procedimento próprio para o incidente como aquele previsto para a tutela de urgência antecedente (arts.
307, parágrafo único, e 308, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, São Paulo: Millenium, 2001, v. IV, p.
363, n. 1.049 – “a regra do art. 806 aplica-se a todos os procedimentos cautelares, comuns ou específicos
[...]” – com exceção das justificações; Humberto Theodoro Jr., Processo cautelar, São Paulo: Leud,
2010, p. 144, n. 108 – sobre o prazo extintivo de eficácia; Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 808.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 485 (extinção do processo sem resolução de mérito) e 487 (resolução de mérito).
Lei nº 9.494/1997, art. 2º-B, parágrafo único (nas ações contra o Poder Público que tenham como
objeto questões salariais ou funcionais, “a sentença proferida em ação cautelar só poderá ter caráter
satisfativo quando transitada em julgado a sentença proferida na ação principal”).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 482: “A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art. 806 do CPC acarreta a perda da
eficácia da liminar deferida e a extinção do processo cautelar.”
BREVES COMENTÁRIOS
Por não implicar ofensa jurídica à parte contrária, a cessação de eficácia da medida cautelar não se
aplica:
a) às notificações;
b) ao pedido de exibição de documento;
c) ao pedido de arrolamento de bens;
d) à produção antecipada de prova.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 310. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte formule o pedido
principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do indeferimento for o reconhecimento
de decadência ou de prescrição.
CPC/1973
Art. 810.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 487, II (é decisão de mérito a que pronuncia a prescrição ou a decadência).
BREVES COMENTÁRIOS
A regra de que o indeferimento da medida cautelar, excepcionalmente, poderá, num único caso,
importar solução de mérito, prejudicial, portanto, à pretensão principal. Isto se dará quando a rejeição da
medida cautelar tiver como fundamento o reconhecimento de decadência ou de prescrição. Assim, a regra
geral de que a decisão cautelar não produz coisa julgada, em detrimento da pretensão de mérito, é
excepcionada, transformando-se em empecilho à propositura da demanda principal. Em outros termos,
prescrição e decadência são questões de mérito da causa principal, cuja apreciação pode ser antecipada
para solução ainda no bojo do procedimento das tutelas de urgência. Diante de tais temas de direito
material, a tutela que se buscava em caráter provisório e não exauriente transmuda-se em definitiva e
exauriente, pondo fim de uma só vez tanto à pretensão preventiva como à definitiva.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Hamilton de Moraes e Barros, Breves observações sobre o processo cautelar, RF 246/205; Galeno
Lacerda, Comentários ao CPC, 6ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1994, v. VIII, t. I, p. 241 – “Não
chegaríamos ao ponto, porém, de, com Sérgio Fadel, reconhecer litispendência extintiva do processo
principal no período anterior ao trânsito em julgado da referida sentença antecipada”; Alberto Deodato
Filho, O processo cautelar segundo o atual CPC, RBDP 7/24; Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 300.
BREVES COMENTÁRIOS
Quando se pensa na tutela da evidência, a primeira ideia é de uma proteção sumária para um direito
incontestado ou inconteste, suficientemente provado, de modo que a respectiva proteção judicial possa
ser concedida de imediato, sem depender das diligências e delongas do procedimento comum, e mesmo
sem necessidade de achar-se o direito sujeito a risco de dano iminente e grave (NCPC, art. 311). Não é,
porém, no sentido de uma tutela rápida e exauriente que se concebeu a tutela que o novo Código de
Processo Civil denomina tutela da evidência, que de forma alguma pode ser confundida com um
julgamento antecipado da lide, capaz de resolvê-la definitivamente. Não foi, com efeito, com vistas a
uma proteção jurisdicional definitiva que a questionada tutela se inseriu no mesmo gênero em que as
tutelas de urgência figuram. O intuito normativo foi o de permitir que tanto as tutelas de urgência como a
da evidência pudessem ser prestadas em procedimentos e com requisitos comuns, de modo a autorizar o
emprego do rótulo abrangente de tutelas sumárias.
A tutela da evidência pressupõe, por sua própria natureza, demanda principal já ajuizada, pois é
através da dedução da pretensão em juízo, com todos os seus fundamentos e provas disponíveis, que se
pode avaliar a evidência do direito da parte sobre o qual a medida provisória irá recair. Aforada a ação,
a parte terá oportunidade de postular essa medida, desde logo, cumulando-a com o pedido principal na
petição inicial; poderá, também, pleiteá-la posteriormente, a qualquer momento durante o curso do
processo. A tutela da evidência, embora haja controvérsia, pode dar-se por qualquer provimento que se
mostre adequado às circunstâncias do caso concreto: seja por meio de medida satisfativa, seja por
medida conservativa. O que distingue a tutela da evidência das medidas de urgência é a desnecessidade
do periculum in mora. Este pode favorecer o seu deferimento, mas não é requisito indispensável.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Daniel Mitidiero, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
LIVRO VI
DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO
PROCESSO
TÍTULO I
DA FORMAÇÃO DO PROCESSO
Art. 312. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a
propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for
validamente citado.
CPC/1973
Art. 263.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 240 (efeitos da citação válida).
BREVES COMENTÁRIOS
Onde há mais de um juiz com igual competência, a petição inicial deve ser, previamente, submetida
à distribuição perante a repartição adequada do juízo. Sendo apenas um o competente, a petição é
registrada e encaminhada diretamente ao magistrado. Com a distribuição, ou com o protocolo da petição
inicial ao juiz, instaurada se acha a relação processual (ainda não trilateral), e proposta se considera a
ação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
I – pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu
representante legal ou de seu procurador;
II – pela convenção das partes;
III – pela arguição de impedimento ou de suspeição;
IV – pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;
V – quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de
relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de
certa prova, requisitada a outro juízo;
VI – por motivo de força maior;
VII – quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de
competência do Tribunal Marítimo;
VIII – nos demais casos que este Código regula.
§ 1º Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos termos do art. 689.
§ 2º Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o juiz determinará a
suspensão do processo e observará o seguinte:
I – falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação do respectivo
espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo
2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses;
II – falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de seu
espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que
reputar mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão processual e promovam a
respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo sem resolução de
mérito.
§ 3º No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de
instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15
(quinze) dias, ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor não nomear
novo mandatário, ou ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o
procurador deste.
§ 4º O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1 (um) ano nas hipóteses do
inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II.
§ 5º O juiz determinará o prosseguimento do processo assim que esgotados os prazos previstos
no § 4º.
CPC/1973
Art. 265.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 76 (incapacidade processual ou irregularidade da representação das partes); 110 (morte
de parte); 112 (renúncia do mandato); 57 (reunião de ações); 315 (ação penal); 200 (atos da parte;
declaração de vontade); 214, 215 e 220 (suspensão do processo nas férias e feria-dos); 221 (prazos;
casos de suspensão); 222 (suspensão na fluência de prazo dilatório ou peremptório); 485 (extinção do
processo sem resolução do mérito); 146 (exceções: impedimento e suspeição); 377 (carta precatória);
1.004 (recurso; falecimento da parte ou do advogado; força maior); 921 a 923 (suspensão da execução);
687 a 692 (habilitação).
Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1976, art. 76 (Define a Política Nacional de Cooperativismo,
institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências); Lei nº 6.024/1976, de
13 de março de 1974, art. 18 (Dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de instituições
financeiras, e dá outras pro-vidências); Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005 (Regula a recuperação
judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária).
BREVES COMENTÁRIOS
A suspensão sempre depende de uma decisão judicial que a ordene, pois o comando do processo é
do juiz. Essa decisão, todavia, é meramente declarativa, de sorte que, para todos os efeitos, considera-se
suspenso o processo desde o momento em que ocorreu o fato que a motivou e não apenas a partir de seu
reconhecimento nos autos.
O término da suspensão é automático naqueles casos em que haja um momento preciso, fixado na
própria lei (como na hipótese de arguição de suspeição regulada pelo art. 146, § 2º, II), ou no ato judicial
que a decretou (como no caso em que se defere a paralisação do feito por prazo determinado). Sendo,
porém, impreciso o termo da suspensão (tal como se passa em situação de motivo de força maior), a
retomada da marcha e dos prazos processuais dependerá de uma nova deliberação judicial e da
consequente intimação das partes.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
2. (Inciso I).
● Finalidade da norma. “Os artigos 265, I do CPC e 266 do CPC objetivam, além da regularidade
processual, assegurar que não ocorra prejuízo aos sucessores das partes, de seu representante legal ou de
seu procurador na condução da lide” (STJ, REsp 767.186/RJ, Rel. Ministro Castro Meira, 2ª Turma, jul.
24.08.2005, DJ 19.09.2005).
● Morte da parte. “Para o Superior Tribunal de Justiça, a morte da parte ou de seu representante
processual provocam a suspensão do processo desde o evento fatídico, sendo irrelevante a data da
comunicação ao juízo. Precedentes da 3ª Seção, 3ª e 4ª Turmas” (STJ, REsp 861.723/SP, Rel. Min.
Eliana Calmon, 2ª Turma, jul. 10.02.2009, DJe 05.03.2009). No mesmo sentido: STJ, REsp 298.366/PA,
Rel. Min. Ari Pargendler, 3ª Turma, jul. 04.10.2001, DJ 12.11.2001.
● “Esta Corte possui compreensão segundo a qual, sobrevindo a morte da parte após concluída a
instrução, não há óbice na prolação da sentença. Nesse contexto, a suspensão do feito poderá ser
declarada após a prestação jurisdicional sem ofensa à norma inserta no art. 265 do CPC. Precedentes”
(STJ, AgRg no REsp 1.136.429/MA, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, jul. 26.10.2010, DJe 22.11.2010).
● Prova inequívoca do óbito. “A suspensão do processo, em virtude da morte da parte, somente tem
cabimento a partir da prova inequívoca do falecimento. Meros indícios, certificados pelo oficial de
justiça, por ouvir dizer, não tem essa força, principalmente porque, conforme já decidido por esta Corte,
o termo inicial da sustação é a data do efetivo evento (morte) e não a da comunicação ao Juízo. A simples
suspeita do falecimento do executado não tem o condão de anular a arrematação do bem constrito e sustar
o rito processual” (STJ, REsp 329.487/SP, Rel. Min. Fernando Gonçalves, 6ª Turma, jul. 10.09.2002, DJ
30.09.2002).
● Habilitação dos sucessores processuais. “O falecimento de uma das partes tem o efeito de
suspender o processo, e ele só retoma o curso após a habilitação dos sucessores ou a prova de que,
intimados a fazê-lo, silenciaram, desinteressando-se, assim, da sorte da causa; quando os sucessores não
acodem espontaneamente ao processo, cabe à contraparte indicar-lhes o nome e o endereço para a devida
intimação” (STJ, AgRg no REsp 248.625/SP, Rel. Min. Ari Pargendler, 3ª Turma, jul. 19.11.2001, DJ
18.02.2002).
● Atos inexistentes. “Os atos ocorridos durante o período em que o processo deveria estar
suspenso por ausência de parte devem ser tidos por inexistentes, ante a falta de relação processual na
qual pudessem ser praticados. Por isso, não cabe falar-se em nulidade sanável” (STJ, EDcl no REsp
465.580/ RS, Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, jul. 03.04.2008, DJe 18.04.2008).
● Litisconsorte. “A ausência de suspensão do processo por morte da parte não gera nulidade se, no
mesmo polo da relação processual, há litisconsorte (marido), que assumiu a inventariança do espólio e
tomou ciência de todos os atos processuais subsequentes ao falecimento. Em tal situação, a norma do art.
265, I do CPC terá atingido o escopo para o qual foi concebida: proteger os interesses do espólio.
Alegação tardia de nulidade que não causou prejuízo constitui atitude protelatória que agride a lealdade
processual. – Nosso Direito processual prestigia a máxima ‘pas de nullité sans grief ’ (CPC; Arts. 249, §
1º e 250, par. único)” (STJ, REsp 759.927/RS, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 3ª Turma, jul.
22.08.2006, DJ 27.11.2006). No mesmo sentido: STJ, REsp 767.186/RJ, Rel. Min. Castro Meira, 2ª
Turma, jul. 24.08.2005, DJ 19.09.2005; STJ, REsp 959.755/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª
Turma, jul. 17.05.2012, DJe 29.05.2012.
● Comunicação tardia injustificada. “Nos casos em que a comunicação do óbito é
injustificadamente tardia e não se vislumbra efetivo prejuízo, a orientação jurisprudencial assente nesta
Corte é no sentido de se privilegiar a segurança jurídica e a administração da Justiça, mitigando a regra
insculpida no art. 265, I, do Código de Processo Civil. Precedentes” (STJ, AgRg no Ag 730.068/ES, Rel.
Min. Fernando Gonçalves, 4ª Turma, jul. 10.06.2008, DJe 23.06.2008).
3. Morte do advogado (inciso I).
● Constituição de novo patrono. Intimação pessoal da parte. “A intimação da parte para
constituição de novo patrono, há de ser pessoal e não através de publicação no órgão oficial” (STJ, REsp
34.886/RJ, Rel. Min. Cid Flaquer Scartezzini, 5ª Turma, jul. 07.03.1994, DJ 21.03.1994).
● Nulidade dos atos. “Consoante a jurisprudência do STJ preconiza, os atos processuais praticados
após a morte da parte são nulos, pois o ato de suspensão do processo tem eficácia declaratória, ex tunc”
(STJ, REsp 216.714/SP, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, 4ª Turma., jul. 02.12.2008, DJe 15.12.2008).
● “A suspensão do processo em decorrência da morte do advogado da parte opera imediatamente,
desde a ocorrência do fato, sendo nulos os atos praticados no período, ressalvados aqueles previstos no
art. 266 do CPC” (STJ, REsp 135.649/ RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma, jul.
16.06.1998, DJU 24.08.1998). No mesmo sentido: STJ, AgRg no REsp 893.741/SC, Rel. Min. Nancy
Andrighi, 3ª Turma, jul. 23.04.2009, DJe 15.05.2009; STJ, REsp 861.723/ SP, Rel. Min. Eliana Calmon,
2ª Turma, jul. 10.02.2009, DJe 05.03.2009; STJ, EREsp 526.570/AM, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa,
2ª Seção, jul. 27.06.2007, DJ 27.09.2007. Em sentido contrário: “Não existe irregularidade na
intimação de advogado quando não há nos autos notícia de seu falecimento. Há, na verdade, falha das
atuais procuradoras que não procuraram informar ao juízo tal fato” (STJ, EDcl no AgRg no Ag
461.375/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª Turma, jul. 21.08.2003, DJ 29.09.2003); STJ, EDcl no REsp
526.570/ AM, Rel. Min. Castro Filho, 3ª Turma, jul. 16.03.2006, DJ 10.04.2006.
● “A inobservância do artigo 265, I, do CPC, que determina a suspensão do processo a partir da
morte da representante legal do espólio, enseja apenas nulidade relativa, sendo válidos os atos
praticados, desde que não haja prejuízo aos interessados. A norma visa preservar o interesse particular
do espólio e dos herdeiros do falecido e, não tendo sido causado nenhum dano a eles, não há por que
invalidar os atos processuais praticados.’ (AgRgAgRgREsp 839.439/MS, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, in DJe 19.08.2010)” (STJ, AgRg no REsp 1.190.810/CE, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 1ª
Turma, jul. 21.09.2010, DJe 19.11.2010). No mesmo sentido: STJ, REsp 767.186/RJ, Rel. Min. Castro
Meira, 2ª Turma, jul. 24.08.2005, DJ 19.09.2005.
4. Extinção da pessoa jurídica (inciso I). “Com a extinção da pessoa jurídica que figurava na
condição de ré no processo de liquidação, a lide ficou sem parte em seu polo passivo. Demanda que não
possui parte não é processo e os atos eventualmente praticados são ‘não atos’, por falta de pressuposto
processual” (STJ, EDcl no REsp 465.580/ RS, Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, jul. 03.04.2008, DJe
18.04.2008).
5. Ação de caráter intransmissível. Ver jurisprudência do art. 485 do NCPC.
6. (Inciso II).
● Prazos peremptórios/dilatórios. “A convenção das partes, prevista no art. 265, inc. II, do
referido estatuto processual, como causa para a suspensão do processo, só tem sentido se o prazo for
dilatório” (TJSP, Apelação 110.615-2, Rel. Des. Oliveira Costa, 11ª Câm. Civ., jul. 12.02.1987, Revista
de Julgados do TJSP 107/90; Revista dos Tribunais 618/88).
● “As partes, por convenção, não se faculta suspender prazo recursal, haja vista que peremptório”
(STJ, REsp 10.864/ SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul. 16.03.1993, DJ
26.04.1993).
● Transação. “Havendo transação entre as partes, para o pagamento do débito que deu origem à
ação, pode haver a suspensão do feito, à inteligência do que dispõe o art. 265 do CPC” (TJDFT,
20000110301169APC, Rel. Nídia Corrêa Lima, 3ª Turma Cível, jul. 17.08.2006, DJ 05.10.2006).
● Prazo. “À luz do que dispõe o art. 265 do CPC, a suspensão do feito, por convenção das partes,
nunca deverá exceder 6 (seis) meses. O pedido de suspensão, formulado com fulcro no inciso II do artigo
265, não pode ser formulado unilateralmente, mas, obrigatoriamente, por ambas as partes do processo”
(TJDFT, 20000110301169APC, Rel. Nídia Corrêa Lima, 3ª Turma Cível, jul. 17.08.2006, DJ
05.10.2006).
7. (Inciso III).
● Suspeição. “Cabível o mandado de segurança quando se verifica que não foi dada à exceção de
suspeição o andamento devido, bem assim usurpada a competência do Órgão Especial competente para o
exame da matéria pela Câmara Cível, que procedeu, ato contínuo à rejeição da exceção pelo excepto, ao
julgamento dos embargos declaratórios opostos à apelação, sem a suspensão do processo” (STJ, RMS
13.739/RJ, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, 4ª Turma, jul. 05.06.2007, DJ 27.08.2007).
8. Prejudicialidade externa (inciso V, alínea “a”). “O artigo 265, IV, a, do CPC, alegadamente
contrariado pelo acórdão recorrido, somente é aplicável nos casos de prejudicialidade externa, isto é,
manifestada em outro processo onde a questão prejudicial deva ser objeto de julgamento” (STJ, REsp
2.520/MT, Rel. Min. Athos Carneiro, 4ª Turma, jul. 21.08.1990, DJ 17.09.1990).
● “Estando a questão de prejudicialidade externa ainda pendente de julgamento, deve ser mantida a
suspensão do processo, anteriormente determinada” (AgRg no REsp 742.428/ DF, Rel. Min. Honildo
Amaral de Mello Castro, 4ª Turma, jul. 15.12.2009, DJe 02.02.2010).
● Embargos e Ação declaratória. “Havendo conexão e prejudicialidade entre os embargos do
devedor e a ação declaratória, não tendo sido reunidos os feitos para julgamento conjunto, recomendável
a suspensão dos embargos ate o julgamento da causa prejudicial, nos termos do art. 265, IV, ‘a’, CPC”
(STJ, AgRg no Ag 35.922/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul. 24.06.1993, DJ
02.08.1993, p. 14.259).
● Justiça comum x Justiça Federal. “Se, na Justiça Comum, o julgamento dos embargos à
execução depende de questões prejudiciais a serem dirimidas em outro processo que se desenvolve na
Justiça Federal, os embargos aguardarão em suspenso, até que se decidam aquelas questões (CPC art.
265, IV, a). A suspensão, contudo, não desloca a competência para a Justiça Federal” (STJ, REsp
175.732/PR, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 1ª Turma, jul. 18.03.1999, DJ 10.05.1999, p. 108).
● Execução hipotecária e ajuizamento anterior de ação de conhecimento. “De acordo com os
precedentes desta Corte, o ajuizamento anterior de ação de conhecimento tem o condão de provocar a
suspensão da execução hipotecária” (STJ, REsp 574.203/RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito,
3ª Turma, jul. 03.02.2005, DJ 21.03.2005, p. 366).
● Controle de constitucionalidade da norma pelo STF (ADIN). “‘Embora não seja obrigatória a
suspensão do processo nas circunstâncias enunciadas no presente caso, ela certamente não pode ser
considerada ofensiva ao dispositivo transcrito. Pelo contrário, considerando a natureza das sentenças
proferidas nas ações de controle concentrado de constitucionalidade, que têm eficácia erga omnes e
efeitos vinculantes, não há como negar sua relação de supremacia em face de sentenças proferidas em
ações individuais fundadas no mesmo preceito normativo’ (REsp 896.840/PR, Min. Teori Zavascki, 1ª
Turma, jul. 15.02.2007)” (STJ, REsp 926.043/PR, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, jul.
10.04.2007, DJ 23.04.2007, p. 242). No mesmo sentido: STJ, REsp 911.533/PR, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, Primeira Turma, jul. 27.03.2007, DJ 12.04.200; STJ, REsp 813.055/DF, Rel. Min. Luiz Fux,
Primeira Turma, jul. 17.05.2007, DJ 31.05.2007; STJ, REsp 775058/DF, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, 1ª Turma, jul. 17.11.2005, DJ 05.12.2005; STJ, REsp 820.793/DF, Rel. Min. Castro Meira, 2ª
Turma, jul. 04.05.2006, DJ 18.05.2006.
● “O prosseguimento da demanda individual, com julgamento de mérito compatível com o
entendimento proclamado no âmbito da ação direta de inconstitucionalidade, é justificável, nessas
circunstâncias, porque prestigia a celeridade da prestação jurisdicional, que também é direito
constitucional dos cidadãos (CF, art. 5º, LXXVIII)” (STJ, REsp 1.223.910/RS, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, 1ª Turma, jul. 17.02.2011, DJe 25.02.2011).
● Liminar em ação direta de inconstitucionalidade. “A decisão concessiva de liminar em ação
direta de inconstitucionalidade é também dotada de efeito vinculante, o que impõe a suspensão dos
processos em que se discute a lei atingida pela decisão na ADIn, nos termos do art. 265, IV, do CPC”
(STJ, REsp 908.466/PR, Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, jul. 16.08.2007, DJ 30.08.2007).
● Liminar em ação declaratória de constitucionalidade. “A medida cautelar na ação direta de
inconstitucionalidade é também dotada de eficácia contra todos e é concedida, em regra, com efeito ex
nunc, podendo o Tribunal atribuir-lhe eficácia retroativa e, diferentemente do que ocorre com a medida
cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, não há previsão legal de suspensão dos processos
que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo questionado” (STJ, REsp 1.111.099/PR, Rel. Min.
Hamilton Carvalhido, 1ª Seção, jul. 25.08.2010, DJe 05.10.2010).
● “A ação anulatória de débito fiscal e ação de execução, assim, podemos concluir que sempre há
prejudicialidade entre elas. A prejudicialidade capaz de ensejar a paralisação da execução só se
configura quando está o débito garantido pela penhora ou pelo depósito” (STJ, REsp 719.796/RS, Rel.
Min. Eliana Calmon, 2ª Turma, jul. 10.04.2007, DJ 20.04.2007).
● Preliminar de Prescrição. “A suspensão do processo enquanto e julgada preliminar de prescrição
em outra causa encontra amparo no art. 265, IV, a, do CPC” (STJ, REsp 11.244/SP, Rel. Min. Claudio
Santos, 3ª Turma, jul. 18.12.1991, DJ 16.03.1992).
● Busca e apreensão e ação revisional. “Correta a suspensão da ação de busca e apreensão, se a
mora da parte decorre de inadimplemento de obrigações contratuais cuja legalidade está sendo
concomitantemente debatida em ação revisional intentada pela devedora” (STJ, REsp 564.880/SC, Rel.
Min. Aldir Passarinho Junior, 4ª Turma, jul. 09.11.2004, DJ 09.02.2005).
● “Este Tribunal Superior prega que há relação de prejudicialidade externa entre a ação revisional
e a ação de busca e apreensão baseadas no mesmo contrato de alienação fiduciária em garantia, podendo
ser esta, se proposta ulteriormente, sofrer suspensão enquanto não julgada a de revisão (art. 265, IV, ‘a’,
do CPC)” (STJ, AgRg no REsp 1.143.018/MG, Rel. Min. Vasco Della Giustina, 3ª Turma, jul.
14.12.2010, DJe 02.02.2011). Em sentido contrário: “A discussão das cláusulas contratuais na ação
revisional não acarreta o so-brestamento da ação de busca e apreensão, porquanto não há conexão entre
as ações nem prejudicialidade externa” (STJ, REsp 1.093.501/MS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 4ª
Turma, jul. 25.11.2008, DJe 15.12.2008).
● Reclamação trabalhista e ação de consignação em pagamento. “Se a causa de pedir na
reclamatória trabalhista é a existência de vínculo de emprego, e na ação de consignação em pagamento
essa causa é a inexistência do vínculo de emprego, há relação de prejudicialidade, de natureza
heterogênea, entre ambas as demandas; reservada constitucionalmente à Justiça do Trabalho a
competência para decidir a respeito do vínculo de emprego, cabe-lhe dirimir a controvérsia a respeito,
suspendendo-se o processo da ação de consignação de pagamento até que isso ocorra (CPC, art. 265, IV,
‘a’)” (STJ, CC 88.010/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Min. Ari Pargendler, 2ª Seção, jul.
12.12.2007, DJe 29.04.2008).
● “Deve ser suspenso o processo da ação de embargos à execução em que se cobra abono
complementar que teria sido pago indevidamente pelo empregador, uma vez que a empregada cobra na
Justiça do Trabalho a continuidade do pagamento dessa parcela” (STJ, REsp 404.597/SP, Rel. Min. Ruy
Rosado de Aguiar, 4ª Turma, jul. 18.06.2002, DJ 12.08.2002).
9. Falência (inciso V, “a”). “O deferimento do pedido de processamento de recuperação judicial à
empresa coexecutada, à luz do art. 6º, da Lei de Falências, não autoriza a suspensão da execução em
relação a seus avalistas, por força da autonomia da obrigação cambiária” (STJ, REsp 1.095.352/ SP, Rel.
Min. Massami Uyeda, 3ª Turma, jul. 09.11.2010, DJe 25.11.2010).
● Inexistência de depósito elisivo. “Ainda que previamente ajuizada ação anulatória do título que
lastreia o pedido de falência, se inexiste depósito elisivo e não houve garantia do juízo, não há de se
cogitar a suspensão do processo de falência” (STJ, REsp 867.128/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª
Turma, jul. 01.10.2009, DJe 18.11.2009).
● Existência de depósito elisivo. “A partir do depósito elisivo e do concomitante oferecimento de
defesa, a ação falimentar fundada na impontualidade transforma-se em espécie de ação de cobrança,
passando a existir uma congruência parcial entre os objetos desta ação e os da ação declaratória” (STJ,
REsp 604.435/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, jul. 15.12.2005, DJ 01.02.2006).
10. Processo de execução e ações de rito ordinário (inciso V, “a”). “O ajuizamento de ação de
rito ordinário, que vise à redução do valor da dívida, não impede o prosseguimento da execução,
principalmente se a esta não foram opostos embargos do devedor” (STJ, REsp 341.084/PB, Rel. Min.
Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul. 13.11.2001, DJ 18.02.2002).
● Ação declaratória. “O ajuizamento pelo devedor de ação declaratória em que se pretende a
redução da dívida, bem como a consignação em pagamento das prestações que entende devidas, não
impede o credor de propor a execução” (STJ, REsp 493.565/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma,
jul. 22.05.2003, DJ 23.06.2003).
● Ação consignatória. “O ajuizamento da ação consignatória não retira a liquidez do título
executivo extrajudicial nem obsta a execução nele fundada, em atenção ao disposto no § 1º do artigo 585
do CPC. O acertamento judicial do título, por meio de embargos à execução, não lhe retira a liquidez,
visto que continua possível a determinabilidade do quantum debeatur” (STJ, REsp 1.097.930/RS, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, 4ª Turma, jul. 22.09.2009, DJe 12.04.2010).
● Ação revisional. Garantia do juízo. “De acordo com a orientação predominante na Corte,
ajuizada a ação revisional antes da execução, já aparelhada com a garantia do Juízo, cabível a
suspensão” (STJ, REsp 594.244/PR, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma, jul.
07.12.2004, DJ 04.04.2005).
● Ação de conhecimento anterior à execução. “De acordo com os precedentes desta Corte, o
ajuizamento anterior de ação de conhecimento tem o condão de provocar a suspensão da execução
hipotecária” (STJ, REsp 574.203/RJ, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma, jul.
03.02.2005, DJ 21.03.2005).
● Ação de conhecimento posterior à execução. “Na linha de vários precedentes da Segunda
Seção, proposta a ação de execução pelo credor, a posterior ação de conhecimento intentada pelo
devedor sobre o mesmo débito, em princípio, não surte qualquer efeito no tocante à suspensão do
processo executivo” (STJ, AgRg na MC 9.903/SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma,
jul. 17.05.2005, DJ 01.08.2005). No mesmo sentido: STJ, REsp 764.739/ MS, Rel. Min. Castro Filho,
3ª Turma, jul. 22.03.2007, DJ 16.04.2007; STJ, AgRg no Ag 969.394/MS, Rel. Min. Aldir Passarinho
Junior, 4ª Turma, jul. 24.06.2008, DJe 25.08.2008.
● Poder geral de cautela. “Na linha dos precedentes desta Corte, o poder geral de cautela não tem
o condão de impedir ao credor a execução do seu título até o trânsito em julgado de ação de
conhecimento” (STJ, REsp 341.084/ PB, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul.
13.11.2001, DJ 18.02.2002).
11. Embargos do devedor (inciso V, “a”). “Embargos do devedor e a ação exoneratória de débitos,
não tendo sido reunidos os feitos oportunamente para julgamento conjunto, cabível é a suspensão dos
embargos, nos termos do art. 265, IV, ‘a’, do CPC’ (STJ, REsp 392.680/RS, Rel. Min. Barros Monteiro,
4ª Turma, jul. 16.04.2002, DJ 26.08.2002)” (STJ, AgRg no AgRg no Ag 713.051/MT, Rel. Min. Vasco
Della Giustina, 3ª Turma, jul. 23.02.2010, DJe 10.03.2010).
● “Embora exista semelhança entre as ações, principalmente no que diz respeito aos encargos tidos
por ilegais, há de se destacar que os embargos são o meio de defesa do qual dispõe o executado e têm
por finalidade suspender a execução, o que só ocorre por meio do processo de conhecimento em
situações excepcionais” (STJ, REsp 719.566/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, jul. 26.09.2006,
DJ 09.10.2006).
● “Há que se dar à declaratória o mesmo tratamento que teriam os embargos, sustando-se a
execução a partir do momento em que aqueles seriam admissíveis” (STJ, REsp 260.042/ SP, Rel. Min.
Eduardo Ribeiro, 3ª Turma, jul. 29.06.2000, DJ 23.10.2000).
● “Ajuizada ação declaratória antes mesmo do oferecimento dos embargos de devedor, e não
reunidos os feitos, deve, no caso concreto, ser admitida a suspensão dos embargos, na forma do art. 265,
IV, a), do Código de Processo Civil, observada a regra do § 5º do mesmo artigo” (STJ, REsp
160.026/SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma, jul. 16.03.1999, DJ 03.05.1999).
12. Ações coletivas. Suspensão das ações individuais. “Ação coletiva. Servidor público estadual.
piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, nos
termos da Lei nº 11.738/08. Sustação de andamento de ações individuais. Possibilidade. Segundo
precedentes deste Superior Tribunal, ‘ajuizada ação coletiva atinente a macrolide geradora de processos
multitudinários, suspendem-se as ações individuais, no aguardo do julgamento da ação coletiva’. (v.g.:
REsp 1110549/RS, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Segunda Seção, julgado em 28/10/2009, DJe
14/12/2009)” (STJ, REsp 1.353.801/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 1ª Seção, jul. 14.08.2013,
DJe 23.08.2013).
12. Ação de despejo (inciso V, “a”):
● Execução. “Fundamentadas ambas as ações, de despejo e de execução, em idêntica relação
jurídica, é de rigor o reconhecimento da conexão a justificar a reunião dos feitos, ou, se impossibilitado
o ajuntamento, a suspensão de um deles” (STJ, AgRg no REsp 656.277/RJ, Rel. Min. Celso Limongi, 6ª
Turma, jul. 18.05.2010, DJe 07.06.2010).
● Trânsito em julgado da lide principal. “Na hipótese dos autos, não obstante pudesse ter razão o
recorrente quanto à suspensão da ação de despejo, certo é que o processo onde se discutia questão
prejudicial já teve decisão final, transitada em julgado, não mais subsistindo a justificativa para a
eventual suspensão da ação de despejo” (STJ, AgRg no REsp 690.854/PR, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª
Turma, jul. 02.02.2006, DJ 06.03.2006).
● Ação de cobrança de aluguéis e de ação anulatória da venda do imóvel. “Não se apresentada
caracterizada a conexão da prejudicialidade, susceptível de suspensão do processo, na forma prevista no
art. 265, I, ‘a’, do CPC, na hipótese de ação de despejo cumulada com cobrança de alugueis e de ação
anulatória de venda do imóvel intentada por terceiros, porque distintos os objetos das duas demandas”
(STJ, REsp 158.651/AM, Rel. Min. Vicente Leal, 6ª Turma, jul. 04.10.2001, DJ 22.10.2001).
● “É de ser suspenso o processo de despejo enquanto não definida ação anulatória da venda do
imóvel locado e sua adjudicação ao locatário” (STJ, REsp 7.774/PR, Rel. Min. Dias Trindade, 3ª Turma,
jul. 16.04.1991, DJ 13.05.1991).
● Ação consignatória de aluguéis. “A decisão das ações conexas de despejo e consignatória de
alugueis constitui prejudicial da ação renovatória intentada entre as mesmas partes, impondo-se a
suspensão do processo ate o transito em julgado da decisão que resolver a questão prejudicial” (STJ,
REsp 23.331/RJ, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul. 29.06.1992, DJ 10.08.1992).
● “A decisão das ações conexas de despejo e consignatória de alugueis constitui prejudicial da ação
renovatória intentada entre as mesmas partes, impondo-se a suspensão do processo ate o transito em
julgado da decisão que resolver a questão prejudicial” (STJ, REsp 23.331/RJ, Rel. Min. Sálvio de
Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul. 29.06.1992, DJ 10.08.1992).
● Ação rescisória. “Ação de despejo/ação rescisória. Inexistência de causa para a suspensão do
processo. Arts. 265, IV-A e 489, do Cód. de Pr. Civil” (STJ, REsp 4.546/RJ, Rel. Min. Nilson Naves, 3ª
Turma, jul. 25.09.1990, DJ 22.10.1990).
13. Ações possessórias (inciso V, “a”).
● Usucapião e reivindicatória. “A prescrição aquisitiva é prejudicial da reivindicatória” (TJSP,
AC. 0046352-61.1996.8.26.0000, Rel. Barbosa Pereira, 4ª Câmara de Direito Privado A, jul.
19.05.1998).
● Ação possessória e usucapião especial urbano. “Não há prejudicialidade externa que justifique
a suspensão da possessória até que se julgue a usucapião. A posse não depende da propriedade e, por
conseguinte, a tutela da posse pode se dar mesmo contra a propriedade” (STJ, REsp 866.249/SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, jul. 17.04.2008, DJe 30.04.2008).
● Ação de imissão de posse e anulatória de ato de transferência do domínio. “Nesse passo, o
STJ possui entendimento consolidado no sentido de que ‘o art. 265, IV, ‘a’, do CPC, não impõe o
sobrestamento de ação de imissão de posse enquanto se discute, em outro feito, a anulação de ato de
transferência do domínio’ (REsp 108.746/SP, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ
02.3.98). A demanda petitória ajuizada objetivou amparar o proprietário sem posse e de boa-fé, que
arrematou imóvel leiloado pela Caixa Econômica Federal, por isso não há falar em suspensão da
demanda até o julgamento final da ação anulatória de adjudicação extrajudicial” (STJ, AgRg no REsp
1.151.040/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, jul. 14.02.2012, DJe 22.02.2012). No mesmo
sentido: STJ, AgRg no Ag 779.534/DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3ª Turma, jul. 15.04.2008, DJe
07.05.2008.
14. Inventário (inciso V, “a”).
● Ação de reconhecimento e de dissolução de sociedade de fato. “Não é causa de suspensão do
processo de inventário a pendência de julgamento de ação de reconhecimento de sociedade de fato
ajuizada em face dos herdeiros do falecido companheiro” (STJ, REsp 976.649/SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, 3ª Turma, jul. 17.12.2009, DJe 02.02.2010).
15. Pendência de ação rescisória (inciso V, “a”). “Injustificável a suspensão do processo, com
suporte no art. 265, IV, ‘a’, do CPC, porque o ajuizamento de ação rescisória não serve de fundamento
para suspender o exercício do direito subjetivo do cidadão de ser restituído” (STJ, REsp 807.477/SP,
Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma, jul. 16.02.2006, DJ 13.03.2006).
16. Ação penal. Apuração dos fatos (inciso V, “b”). “Se a defesa apresentada na jurisdição
criminal tem suporte em descriminante que importa também na exclusão de ilicitude civil, justifica-se a
suspensão do processo cível, por período não excedente a um ano; findo este prazo, tenha ou não sido
julgada a ação penal, o juiz deverá determinar o prosseguimento do feito suspenso, consoante dispõe o §
5º do art. 265 do CPC” (TAMG, AI 53.775, Rel. Juiz Badi Raymundo, 1ª Câm. Civ., Revista de
Jurisprudência do TAMG 20/284).
● “Somente nos casos em que possa ser comprovado, na esfera criminal, a inexistência de
materialidade ou da autoria do crime, tornando impossível a pretensão ressarcitória cível, será
obrigatória a paralização da ação civil. Não sendo esta a hipótese dos autos, deve prosseguir a ação
civil” (STJ, REsp 860.591/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, jul. 20.04.2010, DJe
04.05.2010). No mesmo sentido: TJMG, Agravo 1.0620.05.012877-1/001, Rel. Des. Pedro Bernardes,
9ª Câm. Civ., jul. 06.02.2007, DJ 03.03.2007.
● “‘É princípio elementar a independência entre as esferas cíveis e criminais, podendo um mesmo
fato gerar ambos os efeitos, não sendo, portanto, obrigatória a suspensão do curso da ação civil até o
julgamento definitivo daquela de natureza penal. Deste modo, o juízo cível não pode impor ao lesado,
sob o fundamento de prejudicialidade, aguardar o trânsito em julgado da sentença penal’ (REsp
347.915/AM, Rel. Min. Fernando Gonçalves, 4ª Turma, DJU de 29.10.07)” (STJ, REsp 860.097/PI, Rel.
Min. Castro Meira, 2ª Turma, jul. 13.05.2008, DJe 21.05.2008).
*Nota: Ver a jurisprudência do art. 315 do NCPC.
17. Força maior (inciso VI). “Ao dispor o nº V do art. 265 do CPC que o processo pode ser
suspenso ocorrendo motivo de força maior, deixou ao prudente arbítrio do juiz verificar aqueles casos
em que, realmente, se justifica a alegação, máxime nos processos expropriatórios, que trazem denso
conteúdo de interesse público. Tal suspensão, no caso de desapropriação, deve ser encarada como forma
de se atender a situações onde tal interesse se encontre em confronto com o interesse particular, não
significando tratamento desigual das partes, mas simples adequação do processo” (TJSP, AI 136.194-2,
Rel. Des. Minhoto Júnior, 13ª Câm. Civ., jul. 20.09.1988, Revista dos Tribunais 636/103).
● “Suspenso o curso do processo por motivo de força maior, greve dos servidores judiciários, os
prazos recomeçam a fluir na data em que e publicado o ato pelo qual o tribunal comunica as partes e aos
procuradores a cessação da situação de anormalidade e a retomada no andamento dos processos” (STJ,
REsp 17.649/SP, Rel. Min. Athos Carneiro, 4ª Turma, jul. 16.03.1992, DJ 13.04.1992).
18. (§ 1º). “Nos termos do art. 265, § 1º, alíneas ‘a’ e ‘b’, do CPC, no caso de morte de qualquer
das partes, pendente o recurso de julgamento na segunda instância e continuando os advogados a
acompanhar a causa, a suspensão do processo para eventual habilitação somente deve ocorrer, se caso,
após o julgamento pelo colegiado e publicação do acórdão. Precedentes da Corte (AMS
1999.01.00.000808-4/DF, Juiz Federal Alexandre Machado Vasconcelos (conv.); AC 960134374-1/ DF,
Juiz Federal João Carlos Costa Mayer Soares)” (TRF 1ª Região, AC 1999.34.00.033183-1/DF, Rel. Des.
Federal José Amilcar Machado, Juiz Federal Evaldo de Oliveira Fernandes Filho, 1ª Turma, e-DJF1, p.
21 de 14.04.2009).
19. (§ 3º). “O § 2º do art. 265 do CPC determina o prosseguimento do feito com relação ao réu que
não constituir novo mandatário em virtude do falecimento daquele a quem originariamente outorgara
procuração. In casu, visto que regularmente intimados os embargados, embora não hajam constituído
novo causídico, deve o julgamento dos embargos prosseguir” (TRF 1ª Região, AC 1999.34.00.033183-
1/DF, Rel. Desembargador Federal José Amilcar Machado, Juiz Federal Evaldo de Oliveira Fernandes
Filho, 1ª Turma, e-DJF1, p. 21 de 14.04.2009).
20. Prazo da suspensão por prejudicialidade (§ 4º). “Nos termos do art. 265, § 5º, do CPC, a
suspensão do processo em razão de questão prejudicial externa deverá respeitar o limite máximo de 1
(um) ano, após o qual o juiz determinará o prosseguimento do feito, independentemente do deslinde da
prejudicial” (STJ, REsp 465.110/RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, 5ª Turma, jul. 07.11.2006, DJ
27.11.2006). No mesmo sentido: STJ, REsp 750.535/GO, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 1ª Turma,
jul. 03.11.2009, DJe 13.11.2009.
● Ultrapassado o prazo legal de 01 (um) ano, o valor celeridade passa a superar o valor certeza e
autoriza o juiz a apreciar a questão prejudicial o quanto suficiente (incidenter tantum) para fundamentar
a decisão, não se revestindo, essa análise, da força da coisa julgada material (art. 469, III do CPC)”
(STJ, REsp 957.126/DF, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma, jul. 12.02.2008, DJe 10.03.2008). No
mesmo sentido: STJ, REsp 911.116/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, 2ª Turma, jul. 19.02.2008, DJe
04.03.2009.
● Possibilidade de prorrogação da suspensão (Trecho do voto da Ministra Nancy Andrighi):
“Forte em tais razões, conheço do recurso especial e dou-lhe provimento, para determinar a suspensão do
processo falimentar, com fulcro no art. 265, IV, ‘a’ do CPC, pelo prazo constante no § 5º do mesmo
artigo, nada impedindo a renovação da suspensão por iguais períodos enquanto pendente a decisão da
ação declaratória” (STJ, REsp 604.435/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, jul. 15.12.2005, DJ
01.02.2006).
● Cessação da causa suspensiva. Restabelecimento. “Cessada a causa da suspensão do prazo, o
seu restabelecimento dar-se-á a partir da publicação da nova decisão e não do dia útil subsequente,
segundo a regra geral de contagem dos prazos” (TJMG, EDcl na Apelação 65.501, Rel. Des. Paulo Viana
Gonçalves, 4ª Câm. Civ., jul. 04.10.1984, Jurisprudência Mineira 90/286).
21. Carta precatória e carta rogatória. Ver jurisprudência do art. 377 do NCPC.
22. Entidade em regime de liquidação extrajudicial. Art. 18 da Lei nº 6.024/1974. “A suspensão
das ações e execuções relativas a direitos e interesses do acervo de entidade em regime de liquidação
extrajudicial preconizada no art. 18, ‘a’, Lei n. 6.024/74, há que ser aplicada com certo temperamento, de
modo a ressalvar as lides que, em razão de sua natureza, não tenham repercussão na massa liquidanda”
(STJ, REsp 7.467/SP, Rel. Min. Claudio Santos, 3ª Turma, jul. 20.09.1994, DJ 17.10.1994). No mesmo
sentido: STJ, REsp 717.166/PE, Rel. Min. Eliana Calmon, 2ª Turma, jul. 08.11.2005, DJ 21.11.2005.
● “A decretação da liquidação extrajudicial produz, de imediato, o efeito de suspender as ações e
as execuções iniciadas sobre direitos e interesses relativos ao acervo da entidade liquidanda que possam
implicar o esvaziamento do acervo patrimonial em detrimento de seus credores e do próprio sistema
financeiro” (STJ, REsp 727.076/PE, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, jul. 12.09.2006, DJ 21.09.2006). No
mesmo sentido: STJ, REsp 696.976/PE, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, jul. 04.11.2010, DJ 25.11.2010.
● Processo em estado adiantado de composição. “No caso específico dos autos, a suspensão das
ações contra instituição financeira em liquidação extrajudicial (Lei 6.024/1974, art. 18) não se aplica ao
processo de conhecimento que se encontra em ‘estado adiantado de composição, para determinar que o
credor discuta seu direito em processo administrativo de habilitação junto ao liquidante. Na espécie, com
mais razão, deve-se mitigar a regra de suspensividade em debate, na medida em que o objeto da ação
consignatória, movida pelos mutuários, é o depósito que tem como beneficiário o Banorte, não havendo
pretensão a qualquer crédito dessa instituição’ (REsp 601.766/PE, Rel. Min. José Delgado, 1ª Turma,
julgado em 1º.4.2004, DJ 31.05.2004)” (STJ, REsp 635.865/PE, Rel. Min. Humberto Martins, 2ª Turma,
jul. 24.03.2009, DJe 16.04.2009). No mesmo sentido: STJ, REsp 601.766/PE, Rel. Min. José Delgado,
1ª Turma, jul. 01.04.2004, DJ 31.05.2004.
23. Sistema financeiro da habitação. “A norma que determina a suspensão das ações contra
entidade que se encontra sob liquidação judicial não tem aplicação em processos nos quais se discute o
reajuste do financiamento concedido pelo SFH” (STJ, REsp 852.941/SC, Rel. Min. Castro Meira, 2ª
Turma, jul. 23.09.2008, DJe 23.10.2008).
24. Suspensão da ação de desapropriação. Terras devolutas. Art. 23 da Lei nº 6.383/1976.
“Deveras, no caso sub judice, há fundadas suspeitas de fraude na alienação de terras devolutas, pairando
dúvidas acerca da titularidade da área à época das transmissões, sobre ser da União (por se tratar de
terras indígenas) ou do Estado federado, exsurgindo expressiva questão prejudicial ao domínio,
pressuposto da ação de desapropriação” (STJ, REsp 934.844/AM, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, jul.
19.10.2010, DJe 25.11.2010).
25. Medida cautelar inominada. “A suspensão do processo, nos casos previstos em lei, pode ser
determinada pela via da ação cautelar inominada” (STJ, REsp 36.970/RJ, Rel. Min. Demócrito Reinaldo,
1ª Turma, jul. 06.10.1993, DJU 08.11.1993, p. 23.531; Revista do STJ 57/391). No mesmo sentido: STJ,
REsp 635.168/PE, Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, jul. 25.05.2004, DJ 16.08.2004.
Art. 314. Durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato processual, podendo o juiz,
todavia, determinar a realização de atos urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso de
arguição de impedimento e de suspeição.
CPC/1973
Art. 266.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 214 (atos processuais; exceções de prática durante as férias e nos feriados), 923
(providências caute- lares urgentes) e 299, parágrafo único (medidas cautelares; competência).
BREVES COMENTÁRIOS
Na dúvida sobre a legitimidade da atuação do juiz, prescreve o Código a abstenção da prática de
atos processuais, inclusive daqueles urgentes com a finalidade de evitar dano irreparável, até que a
situação se defina pelos meios adequados. Ou seja, o juiz, cuja suspeição ou impedimento foi alegado,
não pode, em nenhuma circunstância, praticar qualquer ato, enquanto não solucionado o incidente. Nesse
ponto, o novo Código se distanciou da legislação anterior que permitia, excepcionalmente, a realização
de atos urgentes pelo próprio juiz arguido, a fim de evitar dano irreparável, durante qualquer suspensão
do processo (art. 266 do CPC/1973). Hoje esse tipo de incidente será resolvido pelo substituto legal (art.
146, § 3º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC de 1939, tomo II, n. 1, p. 132 – “o juiz determina a
suspensão; não se opera de si mesma, pela ocorrência do pressuposto”; Pontes de Miranda, Comentários
ao CPC de 1973, tomo VII – a suspensão tem início a partir do fato, mesmo o juiz tendo conhecimento
posterior, a sua declaração tem efeitos retroativos; Luiz Manoel Gomes Junior, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 110.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 313, V, a e § 5º (suspensão do processo; sentença de mérito; julgamento de outra causa).
CPP, arts. 24 a 62 (ação penal).
BREVES COMENTÁRIOS
Em qualquer caso, a suspensão da ação civil para aguardar o resultado do processo criminal é
apenas uma faculdade, e não um dever imposto ao juiz. Fica, pois, a critério deste decidir sobre a
conveniência ou não da adoção da medida, diante das particularidades do caso concreto.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Manoel Gomes Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 485 a 488 (sentença e coisa julgada).
BREVES COMENTÁRIOS
O Código anterior tratava detalhadamente das formas de extinção do processo, com ou sem
resolução do mérito, no capítulo da formação, suspensão e extinção do processo. Entretanto, o Código
atual arrolou essas hipóteses no capítulo da sentença. Assim, no Título da extinção do processo dispôs,
apenas, que “a extinção do processo dar-se-á por sentença”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte
oportunidade para, se possível, corrigir o vício.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 485 a 488 (sentença e coisa julgada).
BREVES COMENTÁRIOS
A preocupação do processo moderno com a composição definitiva do litígio confere ao juiz o poder
de determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios. A meta da
jurisdição se concentra nos julgamentos de mérito, de tal sorte que, antes de julgar extinto o processo por
força de um embaraço formal, deve o magistrado tentar garantir o prosseguimento do feito, ensejando
oportunidade às partes de suprir.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Manoel Gomes Junior, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
PARTE ESPECIAL
LIVRO I
DO PROCESSO DE CONHECIMENTO E DO CUMPRIMENTO
DE SENTENÇA
TÍTULO I
DO PROCEDIMENTO COMUM
Capítulo I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário
deste Código ou de lei.
Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos
especiais e ao processo de execução.
CPC/1973
Art. 271.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 327, § 2º (cumulação de pedidos); 539 e seguintes (procedimentos especiais).
BREVES COMENTÁRIOS
Procedimento comum é o que se aplica às causas para as quais não seja previsto algum
procedimento especial. Apenas ele é regulado de maneira completa e exaustiva pelo Código. Os
especiais são abordados pelo legislador, no próprio Código ou em normas apartadas, apenas naqueles
pontos em que se afasta do procedimento comum, de sorte que este se aplica subsidiariamente a todos os
ritos, inclusive os do processo de execução.
Os procedimentos especiais são disciplinados pelos arts. 539 a 770 do NCPC.
Fora deste título, seguem também o rito procedimental especial, exemplificativamente, a insolvência
(arts. 748 a 786 do CPC/1973, ainda aplicáveis de acordo com o art. 1052 do NCPC), e as tutelas
provisórias (arts. 300 a 311), dentre outros.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo II
DA PETIÇÃO INICIAL
Seção I
Dos Requisitos da Petição Inicial
CPC/1973
Art. 282.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 106 (postulação em causa própria), 290 a 293 (valor da causa), 329 (formação do
processo), 324 a 329 (pedido), 330, § 1º (inépcia da petição inicial), 337, § 2º (contestação: ações
idênticas), 357 (saneamento do processo), 369 a 484 (prova).
Lei nº 6.830, de 22.09.1980, art. 6º (execução fiscal).
Lei nº 9.494/1997, art. 2º-A, parágrafo único (nas ações coletivas contra o Poder Público, o
dispositivo passou a exigir a instrução da inicial com a assembleia da entidade associativa, dispondo o
nome dos associados e seus endereços).
Lei nº 11.419/2006, art. 15: “Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, a parte
deverá informar, ao distribuir a petição inicial de qualquer ação judicial, o número no cadastro de
pessoas físicas ou jurídicas, conforme o caso, perante a Secretaria da Receita Federal”.
Resolução do STF nº 309, de 31.08.2005 (diligência para suprimento da omissão).
BREVES COMENTÁRIOS
“Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos
casos e forma legais”, dispunha o art. 2º do CPC de 1973. O novo Código não reproduz esse enunciado,
mas dispõe que “o processo começa por iniciativa da parte” cabendo ao juiz a promoção subsequente de
seu desenvolvimento com vistas ao provimento jurisdicional que haverá de resolver o conflito deduzido
em juízo.
A função jurisdicional, portanto, embora seja uma das expressões da soberania do Estado, só é
exercida mediante provocação da parte interessada, princípio esse que se acha confirmado pelo art. 2º. A
demanda vem a ser, tecnicamente, o ato pelo qual alguém pede ao Estado a prestação jurisdicional, isto
é, exerce o direito subjetivo público de ação, causando a instauração da relação jurídico-processual que
há de dar solução ao litígio em que a parte se viu envolvida. O veículo de manifestação formal da
demanda é a petição inicial, que revela ao juiz a lide e contém o pedido da providência jurisdicional,
frente ao réu, que o autor julga necessário para compor o litígio. Duas manifestações, portanto, o autor
faz na petição inicial:
a) a demanda da tutela jurisdicional do Estado, que causará a instauração do processo, com a
convocação do réu;
b) o pedido de uma providência contra o réu, que será objeto de julgamento final da sentença de
mérito.
Por isso, “petição inicial e sentença são os atos extremos do processo. Aquela determina o conteúdo
desta. Sententia debet esse libello conformis. Aquela, o ato mais importante da parte, que reclama a
tutela jurídica do juiz; esta, o ato mais importante do juiz, a entregar a prestação jurisdicional que lhe é
exigida” (Amaral Santos, Primeiras linhas de direito processual civil, 3ª ed., v. II, nº 361, p. 98).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Antonio Gama Junior, Gisele Leite, A petição inicial e as novidades no novo Código de Processual Civil,
Jurisplenum n. 64, ano XI, p. 45-52, jul.-ago. 2015.
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da
ação.
CPC/1973
Art. 283.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 287 (exibição de procuração), 341, 345, III e 406 (documentos indispensáveis), 350
(defesa indireta do mérito), 351 (defesa indireta processual), 434 (prova documental; produção na
inicial), 435 (prova documental; juntada de novos documentos), 1.014 (apelação; questões de fato; força
maior), 1.016 (agravo de instrumento; prazo para juntada de novos documentos), 801 (execução; correção
da inicial).
BREVES COMENTÁRIOS
Em princípio, o Código determina que a prova documental seja produzida, pelo autor, com a inicial,
e, pelo réu, com a contestação (arts. 330 e 335). Inexistindo, porém, malícia processual da parte, não há
razão para se vedar a apresentação de documentos úteis à instrução da causa fora dos referidos
momentos. O entendimento dominante é o de que “a rigor somente os documentos havidos como
pressupostos da ação é que, obrigatoriamente, deverão ser produzidos com a petição inaugural e com a
resposta. Tratando-se de documentos não reputados indispensáveis à propositura da ação, conquanto a lei
deseje o seu oferecimento com a inicial ou a resposta, não há inconveniente em que sejam exibidos em
outra fase do processo” (TJMG, Ag. Inst. 14.014, Rel. Des. Horta Pereira, ac. 18.12.1975, D.Jud.MG, de
26.02.1976). No mesmo sentido decidiu o Tribunal de Justiça de São Paulo, admitindo a produção de
prova documental, “inclusive em razão ou contrarrazões de recursos, com a única exigência de ser ouvida
a parte contrária” (Ap. 243.627, Rel. Des. Moretzohn de Castro, ac. 03.07.1975, RT 484/93). A solução é
justa e harmoniza-se com os poderes de instrução que o art. 130 confere ao juiz, aos quais não sofrem
efeitos da preclusão e podem ser manejados em qualquer momento, enquanto não proferida a sentença.
Ao magistrado compete avaliar a conveniência da juntada tardia de prova documental, tendo em conta o
compromisso do processo com a apuração da verdade real, sem se submeter a rigores formais
exagerados.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
J. J. Calmon de Passos, Comentários ao CPC, v. II, n. 129/130; Luis Guilherme Aidar Bondoli, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e
320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito,
determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com
precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
CPC/1973
Art. 284.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 330 a 331 (indeferimento da inicial; recurso), 801 (execução; correção da inicial).
BREVES COMENTÁRIOS
Por grave que seja a deficiência da inicial, inclusive no tocante à falta de documentos essenciais,
não cabe ao juiz indeferi-la de plano. Seu dever é tentar superar seus defeitos, para viabilizar a futura
solução de mérito, fim último da prestação jurisdicional. Só se o autor não cumprir a diligência no prazo
de quinze dias é que o juiz, então, indeferirá a inicial (art. 321, parágrafo único).
Convém ressaltar que o poder do juiz de indeferir a petição inicial é limitado pelo princípio do
contraditório que obriga todos os sujeitos do processo, inclusive o magistrado. É por isso que qualquer
decisão que afete o interesse da parte não pode ser tomada sem antes ser-lhe dada oportunidade de
manifestação e defesa, ainda quando se trate de matéria conhecível de ofício pelo juiz. Assim, sendo
sanável o defeito é dever, e não faculdade do juiz, ensejar à parte a emenda ou corrigenda da petição
inicial, antes de indeferi-la (art. 321), sob pena de, não o fazendo, cometer ilegalidade e violar o devido
processo legal. Por decorrência do caráter competitivo do processo justo, ao juiz incumbe orientar a
parte de modo a facilitar a correção do defeito a ser corrigido.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio
Cruz Arenhart, Manual do processo de conhecimento, 4ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005;
Luis Guilherme Aidar Bondoli, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Seção II
Do Pedido
CPC/1973
Art. 293.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 141 (questões não suscitadas); 492 (sentença extra ou ultra petita); 509, § 4º (limites de
liquidação da sentença); 917 (excesso de execução).
CC, arts. 405 a 406 (juros; termo inicial, taxa).
CTN, art. 161, § 1º (juros; taxa); 167, parágrafo único (juros, termo inicial).
Decreto-Lei nº 858/1969 (dispõe sobre a cobrança e a correção monetária dos débitos fiscais nos
casos de falência e dá outras providências).
Lei nº 6.899/1981 (determina a aplicação da correção monetária nos débitos oriundos de decisão
judicial e dá outras providências).
Decreto nº 86.649/1981 (regulamenta a Lei 6.899/81, que determina a aplicação de correção
monetária nos débitos oriundos de decisão judicial).
SÚMULAS
Súmulas do STF:
nº 163: “Salvo contra a Fazenda Pública, sendo a obrigação ilíquida, contam-se os juros moratórios
desde a citação inicial para a ação”. Observação: Verifica-se na leitura do acórdão do RE 109.156
(DJ 07.08.1987), da 2ª Turma, que a primeira parte da Súmula nº 163 está superada com a vigência
da Lei nº 4.414/1964. Ver art. 2º da Lei nº 4.414/1964.
nº 254: “Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou da
condenação”.
nº 412: “No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do
sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior a
título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo”.
nº 618: “Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por
cento) ao ano”.
Súmulas do STJ:
nº 12: “Em desapropriação, são cumuláveis juros compensatórios e moratórios”.
nº 29: “No pagamento em juízo para elidir falência, são devidos correção monetária, juros e
honorários de advogado”.
nº 54: “Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade
extracontratual”.
nº 56: “Na desapropriação para instituir servidão administrativa são devidos os juros
compensatórios pela limitação de uso da propriedade”.
nº 69: “Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão
na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel”.
nº 70: “Os juros moratórios, na desapropriação direta ou indireta, contam-se desde o trânsito em
julgado da sentença”.
nº 102: “A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações expropriatórias, não
constitui anatocismo vedado em lei”.
nº 113: “Os juros compensatórios, na desapropriação direta, incidem a partir da imissão na posse,
calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente”.
nº 114: “Os juros compensatórios, na desapropriação indireta, incidem a partir da ocupação,
calculados sobre o valor da indenização, corrigido monetariamente”.
nº 131: “Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas
relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas”.
nº 186: “Nas indenizações por ato ilícito, os juros compostos somente são devidos por aquele que
praticou o crime”.
nº 188: “Os juros moratórios, na repetição de indébito, são devidos a partir do trânsito em julgado
da sentença”.
nº 204: “Os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da
citação válida”.
nº 426: “Os juros de mora na indenização do seguro DPVAT fluem a partir da citação”.
nº 472: “A cobrança de comissão de permanência – cujo valor não pode ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato – exclui a exigibilidade dos juros
remuneratórios, moratórios e da multa contratual”.
nº 530: “Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros efetivamente
contratada – por ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento aos autos –, aplica-se a
taxa média de mercado, divulgada pelo Bacen, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a
taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor”.
BREVES COMENTÁRIOS
Não obstante, o critério interpretativo do pedido não poder ser o ampliativo ou extensivo, prevê o
Código algumas hipóteses de pedido implícito. Este é o caso do art. 322.
Consoante o art. 322, § 2º, do NCPC, “a interpretação do pedido considerará o conjunto da
postulação e obser-vará o princípio da boa-fé”. Como se vê, o novo Código explicita sua preocupação
com a boa-fé que, inclusive, foi inserida como norma fundamental (art. 5º). A regra incorpora ao direito
processual um princípio ético que se acha presente no moderno processo justo, como garantia
constitucional. Consiste ela em buscar o sentido do pedido, quando não se expresse de maneira muito
clara, interpretando-o sempre segundo os padrões de honestidade e lealdade. Por isso mesmo, a leitura
do pedido não pode limitar-se a sua literalidade, devendo ser feita sistematicamente, ou seja, dentro da
visão total do conjunto da postulação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC (1939), tomo II, p. 388; tomo XII, p. 129/130 – sobre
pedido e condenação implícitos; Wellington Moreira Pimentel, Comentários ao CPC, v. III, p. 206 –
pedido implícito; Humberto T. Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 371; E. D. Moniz
Aragão, Juros, honorários e custas no processo de execução de títulos extrajudiciais, RF 254/23; RP
6/15; Luis Guilherme Aidar Bondoli, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas,
essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor,
e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo,
deixar de pagá-las ou de consigná-las.
CPC/1973
Art. 290.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 541 (ação de consignação em pagamento; prestações periódicas).
BREVES COMENTÁRIOS
Há casos em que a obrigação se desdobra em várias prestações periódicas, como os aluguéis, juros
e outros encargos, que formam o que a doutrina chama de “obrigações de trato sucessivo”.
Quando isto ocorre, mesmo sem menção expressa do autor na petição inicial, o Código considera
incluídas no pedido as prestações periódicas de vencimento posterior ao ajuizamento da causa. Trata-se
de pedido implícito, na sistemática do Código.
Numa ação de despejo por falta de pagamento, por exemplo, se a purga da mora se dá após
vencimento de outros aluguéis, além daqueles relacionados na inicial, deverá a emenda compreender
todas as prestações efetivamente vencidas até o momento do pagamento.
Perante essas obrigações de trato sucessivo é, outrossim, possível também a condenação a
prestações vincendas, ou seja, prestações que só se vencerão em data posterior à sentença. A execução
destas, porém, somente será viável depois dos respectivos termos, obviamente.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC (1939), tomo II, p. 386; Luis Guilherme Aidar Bondoli,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 286.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 329 (alteração do pedido).
BREVES COMENTÁRIOS
A determinação se refere aos limites da pretensão. O autor deve ser claro, preciso, naquilo que
espera obter da prestação jurisdicional. Somente é determinado o pedido se o autor faz conhecer, com
segurança, o que pede que seja pronunciado pela sentença. O objeto imediato do pedido nunca pode ser
genérico, e há sempre de ser determinado (uma condenação, uma constituição, uma declaração, uma
execução, uma medida cautelar). Mas o pedido mediato (a utilidade prática visada pelo autor), este pode
ser genérico, nos casos do art. 324, § 1º: nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição
os bens demandados; quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;
quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo
réu. A indeterminação, contudo, nunca pode ser total ou absoluta. Na sua generalidade, o pedido há
sempre de ser certo e determinado. Não se pode, por exemplo, pedir a condenação a qualquer prestação.
O autor terá, assim, de pedir a condenação a entrega de certas coisas indicadas pelo gênero ou o
pagamento de uma indenização de valor ainda não determinado. A indeterminação ficará restrita à
quantidade ou qualidade das coisas ou importâncias pleiteadas. Nunca poderá, portanto, haver
indeterminação do gênero da prestação pretendida. Nas ações de indenização, que são aquelas em que
mais frequentemente ocorrem pedidos genéricos, tem o autor sempre de especificar o prejuízo a ser
ressarcido. Expressões vagas como “perdas e danos” e “lucro cessantes” não servem para a necessária
individuação do objeto da causa. Necessariamente haverá de ser descrita a lesão suportada pela vítima
do ato ilícito, v.g.: prejuízos (danos emergentes) correspondentes à perda da colheita de certa lavoura, ou
ao custo dos reparos do bem danificado, ou à desvalorização do veículo após o evento danoso, ou, ainda,
os lucros cessantes representados pela perda do rendimento líquido do veículo durante sua inatividade
para reparação, ou dos aluguéis do imóvel durante o tempo em que o dono ficou privado de sua posse
etc.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil, v. III, n. 559 – sobre pedido; José
Carlos Teixeira Giorgis, A lide como categoria comum do processo, 1991; José Rogério Cruz e Tucci, A
causa petendi no processo civil, 1993; Milton Paulo de Carvalho, Do pedido no processo civil, 1992;
Jedor Pereira Baleeiro, Procedência da ação ou procedência do pedido, RF 307/245; Luis Guilherme
Aidar Bondoli, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder
cumprir a prestação de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe
assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha
formulado pedido alternativo.
CPC/1973
Art. 288.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 292 (valor da causa; pedido alternativo) e 800 (execução; obrigações alternativas).
CC, arts. 884 a 888.
BREVES COMENTÁRIOS
Pedido alternativo é, pois, o que reclama prestações disjuntivas: ou uma prestação ou outra.
Alternatividade refere-se, assim, ao pedido mediato, ou seja, ao bem jurídico que o autor pretende extrair
da prestação jurisdicional.
Exemplo de pedido alternativo encontramos na pretensão do depositário que pede a restituição do
bem depositado ou o equivalente em dinheiro. E também na hipótese do art. 500 do Código Civil, em que
se pode pedir complementação da área do imóvel ou abatimento do preço.
Se a alternatividade for a benefício do credor, este po-derá dispensá-la e pedir a condenação do
devedor apenas a uma prestação fixa, escolhida entre as que faculta a lei ou o negócio jurídico. Mas, se a
escolha couber ao devedor, “o juiz lhe assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro
modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo” (art. 325, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, Forense, v. II, n. 423 – conceito de pedido
alternativo; Roberto de Ruggiero, Instituições de direito civil, 6ª ed., italiana, trad. por Ary dos Santos,
v. III, § 92 – sobre obrigações de prestação complexa ou prestação cumulativa; Luis Guilherme Aidar
Bondoli, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz
conheça do posterior, quando não acolher o anterior.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha
um deles.
CPC/1973
Art. 289.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 292 (valor da causa; pedido subsidiário).
BREVES COMENTÁRIOS
Enquanto a alternatividade se refere apenas à prestação que é objeto do pedido mediato, no caso de
pedidos subsidiários a substituição pode também se referir ao pedido imediato, ou seja, à própria tutela
jurisdicional. Assim, é lícito ao autor pedir a rescisão do contrato com perdas e danos, ou, se não
configurada razão para tanto, a condenação do réu a pagar a prestação vencida.
Pode-se dar, também, a subsidiariedade de pedidos em litígios matrimoniais, mediante a formulação
de pretensão à anulação do casamento ou, se inviável, à decretação do divórcio.
A regra do art. 326 é, como se vê, regra de cumulação de pedidos, mas de cumulação apenas
eventual. Há, na verdade, um pedido principal e um ou vários subsidiários, que só serão examinados na
eventualidade de rejeição do primeiro.
O parágrafo único do art. 326 permite, ainda, que o autor formule mais de um pedido subsidiário,
alternativamente, para que o juiz acolha um deles.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luís Antônio de Andrade, Cumulação de pedidos – cumulação sucessiva, RF 270/121; Humberto T.
Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 366; Luis Guilherme Aidar Bondoli, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos,
ainda que entre eles não haja conexão.
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I – os pedidos sejam compatíveis entre si;
II – seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III – seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a
cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas
processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais
pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.
CPC/1973
Art. 292.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 55 (conexão de ações), 573 e 535, IV (cumulação de execuções).
BREVES COMENTÁRIOS
Em princípio, a cumulação de pedidos se dá contra “o mesmo réu” (art. 327, caput). Esse dado,
porém, não deve ser visto como um requisito de admissibilidade da cumulação, pois ocorrendo conexão
por objeto ou causa de pedir, é possível reunirem-se réus diferentes em litisconsórcio (art. 113, II), caso
em que pedidos não necessariamente iguais poderão ser endereçados a cada demandado, desde que se
observem os requisitos dos §§ 1º e 2º do art. 327.
O novo Código nem sempre estabelece como requisito de admissibilidade da cumulação que os
pedidos sejam compatíveis entre si. Quando, v.g., se tratar de pedidos subsidiários (art. 327, § 3º), o
requisito não prevalece porque eles se submeterão a exame sucessivo e nunca serão deferidos
simultaneamente.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Carlos Godinho, Cumulação de ações perante o novo CPC, RF 252/418; Carlos Alberto Dabus
Maluf, Cumulação de ações no processo civil, RP 17/61; Pontes de Miranda, Comentários ao CPC
(1939), v. III, tomo 1, p. 9; José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil, v. III, n.
570; Bernardino Lima Luz, Concurso e cumulação de ações, RBDP 36/35; Aderbal Torres de Amorim,
Reconvenção, cumulação de ações e ação rescisória, RT 581/268; RBDP, 40/21; Araken de Assis,
Cumulação de ações, 1989; Luis Guilherme Aidar Bondoli, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 328. Na obrigação indivisível com pluralidade de credores, aquele que não participou do
processo receberá sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu crédito.
CPC/1973
Art. 291.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 257 a 263.
BREVES COMENTÁRIOS
Quando vários credores são titulares, em conjunto, de uma relação jurídica que representa
obrigação indivisível, isto é, insuscetível de cumprimento fracionado ou parcial, qualquer deles é parte
legítima para pedir a prestação por inteiro (CC, art. 260). Não há litisconsórcio necessário na hipótese,
pois cada um dos credores tem direito próprio a exigir toda a prestação, cabendo-lhe acertar
posteriormente com os demais credores as partes que lhes tocarem.
À vista dessas regras de direito material, dispõe o art. 328 do NCPC que aquele credor que não
tiver movido a ação também receberá a sua parte, devendo, porém, reembolsar ao autor as despesas
feitas no processo, na proporção de sua parcela no crédito. Por conseguinte, o autor só estará legitimado
a levantar, na execução, a parte que lhe couber no crédito indivisível, quando puder, naturalmente,
separá-la fisicamente. Quando a indivisibilidade decorrer da natureza da coisa devida, o credor que
obtiver sentença favorável poderá levantá-la por inteiro, ficando responsável pela entrega em dinheiro da
parte dos demais credores (CC, art. 261), se não lhes convier manterem-se em condomínio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Clóvis Beviláqua, Direito das obrigações, 5ª ed., 1940, § 22 – as obrigações cujas prestações são
suscetíveis de cumprimento parcial se dizem divisíveis; e aquelas cujas prestações só podem ser
cumpridas por inteiro se dizem indivisíveis. O fenômeno da divisibilidade, porém, só ocorre nas
obrigações com multiplicidade de credores ou devedores, pois as obrigações simples são legalmente
indivisíveis, ainda que suas prestações sejam naturalmente divisíveis; Humberto Theodoro Júnior, Curso
de direito processual civil, v. I, n. 368, p. 362.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
A estabilização da demanda no NCPC permanece, basicamente, a mesma do Código anterior, porém,
apenas no tocante às alterações por livre iniciativa das partes (art. 329, II). Estabilizado o objeto do
processo, caberá ao juiz pronunciar-se rigorosamente dentro dos limites da demanda proposta, no tocante
às partes, pedido e causa de pedir (NCPC, arts. 141 e 492).
Em nosso sistema processual, portanto, os limites do pronunciamento judicial possível estabilizem-
se no momento em que a citação do demandado ocorre. Daí em diante, só é possível alterar o pedido e a
causa de pedir, havendo consentimento do réu (NCPC, art. 329, II), caso em que o contraditório e a
instrução probatória serão reabertos. Depois do saneamento, o NCPC não prevê a possibilidade de
alterações do pedido ou da causa de pedir, por livre convenção dos litigantes.
Por fim, resolvidas todas as questões incidentes, fixados os pontos de fato que dependem de provas
e deferidos os meios probatórios cabíveis, o procedimento estará saneado e preparado para a instrução.
Terá chegado a um ponto tal, “que retroagir seria tumultuar; como o processo não é um negócio em
família e a jurisdição é uma função pública, o poder de disposição das partes não pode chegar ao ponto
de permitir que elas prejudiquem o bom exercício desta” (DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições
de direito processual civil. São Paulo: Malheiros, v. II, n. 414, p. 68). Daí não falar o Código na
possibilidade de alterações posteriores ao saneamento.
Não quer isso dizer, todavia, que seja absoluta a vedação em tela após o saneamento. Existe, ainda,
a possibilidade de negócio jurídico processual cuja prática não encontra limite temporal na regulação do
NCPC (art. 190). Dessa maneira, torna-se possível, por meio de convenção, eventual modificação do
procedimento, inclusive do pedido. A diferença, contudo, reside em que até o saneamento o problema se
resolve pela pura convenção entre as partes. Saneado o processo, o negócio jurídico fica sujeito ao
controle e aprovação do juiz (art. 190, parágrafo único), que levará em conta interesses públicos que
acaso desaconselhem a reabertura da fase postulatória, em nome de seus deveres de velar pela rápida e
efetiva composição do litígio.
Esquematicamente o regime de alteração e aditamento do pedido e da causa de pedir, instituído pelo
NCPC, pode ser assim visto:
(a) antes da citação, o autor é livre para fazê-lo;
(b) após a citação e antes do saneamento do processo, as partes são livres para fazê-lo, mediante
consenso;
(c) após o saneamento, as partes ainda poderão fazê-lo mediante negócio jurídico processual, cujo
efeito, todavia, dependerá de controle e aprovação do juiz.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I; Celso Anicet Lisboa, Do
aditamento à petição inicial, RP 59/234; Cândido Rangel Dinamarco, Instituições de direito processual
civil, São Paulo: Malheiros, v. II, n. 414; Luis Guilherme Aidar Bondioli, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Humberto Theodoro Júnior, Estabilização da
demanda no novo Código de Processo Civil, Revista de Processo, ano 40, v. 244, p. 195, jun. 2015.
Seção III
Do Indeferimento da Petição Inicial
I – for inepta;
II – a parte for manifestamente ilegítima;
III – o autor carecer de interesse processual;
IV – não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:
I – lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II – o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido
genérico;
III – da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
IV – contiver pedidos incompatíveis entre si. § 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de
obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob
pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo
contratados.
CPC/1973
Art. 295.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 17 (ação; interesse e legitimidade), 19 (ação declaratória; autenticidade ou falsidade de
documento), 283 (nulidade; erro de forma), 485, I (pronunciamento judicial que não resolve o mérito por
indeferimento da inicial), 487, II (resolução de mérito; arguição de decadência ou prescrição), 319
(requisitos da petição inicial), 324 a 329 (pedido), 331 (recurso contra o indeferimento da inicial), 1.009
(apelação).
BREVES COMENTÁRIOS
Como se vê, os casos de indeferimento são de três espécies:
(a) de ordem formal (art. 330, I e IV);
(b) de inadmissibilidade da ação, por faltar-lhe condição necessária ao julgamento de mérito (art.
330, II e III); e
(c) por motivo excepcional de improcedência do próprio pedido (mérito) (art. 330, § 1º, III).
Entende-se por inepta a petição inicial quando (art. 330, § 1º):
(a) lhe faltar pedido ou causa de pedir (inciso I);
(b) o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido
genérico (inciso II);
(c) da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão (inciso III);
(d) contiver pedidos incompatíveis entre si (inciso IV).
O novo Código não mais considera inepta a petição inicial quando o pedido for juridicamente
impossível, porquanto essa matéria é tratada como pertencente ao mérito da causa, ou, às vezes, se
confunde com a falta do interesse.
Não se recomenda uma intepretação ampliativa, ou extensiva, das hipóteses legais de indeferimento
sumário da inicial. O correto será estabelecer-se, primeiro, o contraditório, sem o qual o processo, em
princípio, não se mostra completo e apto a sustentar o provimento jurisdicional nem a solução das
questões incidentais relevantes. O indeferimento liminar e imediato da petição inicial, antes da citação
do réu, é de se ver como exceção. A regra é a audiência bilateral, i.e., o respeito ao contraditório. Por
isso, mesmo os motivos evidentes de indeferimento da peça de abertura do processo passam a ser, após o
aperfeiçoamento da relação processual, causas de extinção do processo sem apreciação do mérito (art.
485).
Entre as situações que desaconselham o indeferimento da inicial antes da citação do réu, lembra-se
a da possível preexistência da coisa julgada, cujo reconhecimento não figura, de forma expressa, no
elenco do art. 330. Dessa maneira, não é legítimo o ato judicial que, de plano, denega a inicial a pretexto
de existir res iudicata e, muito menos, é de admitir-se o imediato acolhimento do pedido, sem audiência
do réu, sob o argumento de estar a pretensão do autor apoiada em coisa julgada. Em ambas as situações
maltrata-se o devido processo legal.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Edson Prata, Inépcia da petição inicial, RCJ 3/36; João Mendes, Direito judiciário brasileiro, p.
477 – sobre inépcia da inicial; Torquato de Castro, Julgamentos preliminares no processo civil, Estudos
Jurídicos, p. 77 e ss.; Cândido Rangel Dinamarco, Execução civil, RT, 1973, n. 19; Ada Pelegrini
Grinover, As condições da ação penal, São Paulo, 1977, p. 38 e ss.; José Carlos Barbosa Moreira,
Apontamentos para um estudo sistemático da legitimação extraordinária, Direito processual civil, p. 58 e
ss.; J. J. Calmon de Passos, Capacidade processual, verbete in Enciclopédia Saraiva de Direito; Angelo
Amorim Filho, Critério científico para distinguir a prescrição de decadência e para identificar as ações
imprescritíveis, RDP 3/95; Humberto Theodoro Júnior, A exceção de prescrição no processo civil –
impugnação do devedor e decretação de ofício pelo juiz, Meios de impugnação ao julgado civil –
estudos em homenagem a José Carlos Barbosa Moreira, Forense; Luis Guilherme Aidar Bondioli, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5
(cinco) dias, retratar-se.
§ 1º Se não houver retratação, o juiz man-dará citar o réu para responder ao recurso.
§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr
da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.
§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.
CPC/1973
Art. 296.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 334 a 346 (revelia).
BREVES COMENTÁRIOS
Em todos os casos de indeferimento da petição inicial, tanto por deficiências formais como por
motivos de mérito, o pronunciamento judicial assume a natureza de sentença (i. é, julgamento que põe fim
ao processo) e desafia o recurso de apelação. Poderá, assim, surgir do indeferimento liminar coisa
julgada formal e até material.
Havendo apelação, o juiz poderá, no prazo de cinco dias, rever sua decisão e reformá-la, em juízo
de retratação análogo ao do agravo (art. 331, caput). Não ocorrendo a reforma, o juiz mandará citar o réu
para responder ao recurso (art. 331, § 1º).
O Código atual reformou a orientação da lei anterior, que não mais permitia a citação do réu para
acompanhar a apelação contra o indeferimento da inicial. Isto porque, se ele não integrava, ainda, a
relação processual ao tempo do ato recorrido, era natural que não se visse compelido a ter de participar
da tramitação recursal que, até então, só dizia respeito ao autor. Somente, pois, após o eventual
provimento do recurso, é que, baixando os autos à comarca de origem, haveria a normal citação do
demandado para responder à ação. Atualmente, portanto, o réu, sendo de logo citado, participa do
processamento e julgamento do recurso, de modo que o acórdão que manda prosseguir o feito ser-lhe-á
oponível. Por isso, não lhe caberá reabrir, em contestação, discussão sobre o tema decidido no recurso.
Caso a sentença seja reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr a contar
da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334 que trata da audiência de conciliação
ou de mediação, quando for o caso (art. 331, § 2º).
Se o autor, contudo, se conformar com o indeferimento da petição inicial, o réu será intimado do
trânsito em julgado da sentença (art. 331, § 3º), fato acontecido sem sua anterior presença nos autos.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luis Guilherme Aidar Bondioli, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Capítulo III
DA IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação
do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I – enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção
de competência;
IV – enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo,
a ocorrência de decadência ou de prescrição.
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos
termos do art. 241.
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.
§ 4º Se houver retratação, o juiz determi-nará o prosseguimento do processo, com a citação do
réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no
prazo de 15 (quinze) dias.
CPC/1973
Art. 285-A.
BREVES COMENTÁRIOS
As justificativas para essa medida drástica (decretação da improcedência do pedido, antes de
cirado o réu) ligam-se ao princípio da economia processual, bem como à valorização da jurisprudência,
principalmente nos casos de demandas ou recursos repetitivos. Prendem-se, também, à repulsa, prima
facie, das demandas insustentáveis no plano da evidência, dada a total ilegitimidade da pretensão de
direito material veiculada na petição inicial.
Para evitar que os inúmeros processos sobre casos análogos forcem o percurso inútil de todo o iter
procedimental, para desaguar, longo tempo mais tarde, num resultado já previsto, com total segurança,
pelo juiz da causa, desde a propositura da demanda, o art. 332 muniu o juiz do poder de, antes da citação
do réu, proferir a sentença de improcedência prima facie do pedido traduzido na inicial.
Esse julgamento liminar do mérito da causa é medida excepcional e se condiciona aos seguintes
requisitos:
(a) preexistência de enunciado de súmula dos tribunais superiores ou do tribunal de justiça local;
acórdão proferido pelo STJ ou STF em julgamento de recursos repetitivos; ou de entendimento firmado
em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; e
(b) a matéria controvertida deve prescindir de fase instrutória.
A aplicação do art. 332, como se vê, só se presta para rejeitar a demanda, nunca para acolhê-la. Na
rejeição, é irrelevante qualquer acertamento sobre o suporte fático afirmado pelo autor. A improcedência
somente favorece o réu, eliminando pela res iudicata qualquer possibilidade de extrair o promovente
alguma vantagem do pedido declarado sumariamente improcedente. Limitando-se ao exame da questão de
direito na sucessão de causas idênticas, para a rejeição liminar do novo pedido ajuizado por outro
demandante, pouco importa que o suporte fático afirmado seja verdadeiro ou não. Pode ficar de lado esse
dado, porque no exame do efeito jurídico que dele se pretende extrair a resposta judicial será fatalmente
negativa para o autor e benéfica para o réu.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo IV
DA CONVERSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL EM AÇÃO COLETIVA
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de
improcedência liminar do pedido, o juiz desig-nará audiência de conciliação ou de mediação com
antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de
antecedência.
§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de
conciliação ou de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de
organização judiciária.
§ 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo
exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à
composição das partes.
§ 3º A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado.
§ 4º A audiência não será realizada:
I – se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual;
II – quando não se admitir a autocomposição.
§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu
deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da
audiência.
§ 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado
por todos os litisconsortes.
§ 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos
termos da lei.
§ 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é
considerado ato atentatório à dignidade da Justiça e será sancionado com multa de até 2% da
vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do estado.
§ 9º As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos.
§ 10. A parte poderá constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes
para negociar e transigir.
§ 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença.
§ 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de modo a
respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início da seguinte.
CPC/1973
Art. 285.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CPC, arts. 248, §§ 1º e 2º, 250, I, e 257, IV (direitos indispensáveis), 344 e 345 (revelia) e 307
(medida cautelar; presunção de veracidade dos fatos).
BREVES COMENTÁRIOS
A audiência preliminar de conciliação ou de mediação é ato integrante do procedimento comum, só
não sendo observado nas causas em que a autocomposição não for admissível nos termos da lei.
Assim, ainda que o autor manifeste expressamente na petição inicial desinteresse pela
autocomposição, o juiz a despachará designando dia e hora para sua realização. Esse ato conciliatório
somente não será realizado se o réu aderir ao desinteresse do autor em petição posterior à citação e
anterior à audiência. O autor, portanto, não tem o poder de, isoladamente, impedir ou evitar a audiência.
Sem a adesão do réu, a sessão ocorrerá necessariamente. Da mesma forma, o demandado também não tem
poder de impedi-la pela só manifestação individual de desinteresse. Nem uma nem outra parte tem
possibilidade de, sozinha, escapar da audiência preliminar.
A audiência de conciliação ou de mediação é, pois, designada pelo juiz no despacho da petição
inicial, sempre que ela preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do
pedido. Observar-se-á a antecedência mínima de trinta dias. Para participar da audiência, o réu será
citado com pelo menos vinte dias de antecedência (art. 334, caput). A intimação do autor dar-se-á na
pessoa de seu advogado (art. 334, § 3º).
A audiência obedecerá às normas do Código e da Lei de Organização Judiciária, e dela participarão
necessariamente o conciliador ou o mediador, salvo se não existirem na comarca esses auxiliares do
juízo (art. 334, § 1º). Poderá realizar-se, inclusive, por meios eletrônicos, nos termos da lei própria (art.
334, § 7º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Pedro Roberto Decomain, A audiência conciliatória no novo CPC, Revista Dialética de Direito
Processual, n. 150, p. 94-111.
Capítulo VI
DA CONTESTAÇÃO
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo
termo inicial será a data:
I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando
qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;
II – do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação
apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso I;
III – prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos.
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6º, o termo inicial
previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido
de cancelamento da audiência.
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o
autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de
intimação da decisão que homologar a desistência.
CPC/1973
Art. 297.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 180 e 183 (prazo para a Fazenda Pública e o MP), 229 (prazo para litisconsortes com
procuradores diferentes), 231 (intimação; fluência do prazo), 336 a 342 (contestação) e 343
(reconvenção).
Lei nº 9.800, de 26.05.1999 (DOU 27.05.1999 – Fax – texto adiante).
BREVES COMENTÁRIOS
Nos quinze dias seguintes à citação ou à realização da audiência de conciliação, o réu poderá
responder ao pedido do autor através de contestação e reconvenção. O novo Código não mais prevê
exceções processadas em incidente fora dos autos da ação, como ocorria no art. 297 do CPC de 1973.
Tudo se resolve mediante arguição em preliminar da contestação, seja a arguição de incompetência
absoluta ou relativa; a impugnação ao valor da causa; ou a impugnação à concessão da gratuidade de
justiça.
Essa resposta deve ser formalizada em petição escrita, no prazo de quinze dias, subscrita por
advogado, endereçada ao juiz da causa.
O prazo de defesa, no litisconsórcio passivo, é comum a todos os réus, tanto quando corre da
audiência de conciliação frustrada, como da citação direta para a contestação, sem passar pela audiência.
Só há prazo separado quando é designada a audiência e os litisconsortes passivos manifestam seu
desinteresse pela autocomposição em petições distintas. Nesse caso, aplica-se o disposto no art. 335, §
1º, isto é, cada réu terá prazo próprio para responder à ação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões
de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende
produzir.
CPC/1973
Art. 297.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 434 e 435 (prova documental; produção de documentos; juntada de documentos novos).
BREVES COMENTÁRIOS.
O ônus de arguir na contestação “toda a matéria de defesa” é consagração, pelo Código, do
princípio da eventualidade ou da concentração, que consiste na preclusão do direito de invocar em fases
posteriores do processo matéria de defesa não manifestada na contestação.
Dessa forma, incumbe ao réu formular de uma só vez na contestação todas as defesas de que dispõe,
de caráter formal ou material, inclusive aquelas que, no tempo do Código revogado, constituíam objeto
específico de outras respostas ou incidentes, como as exceções e a reconvenção. Se alguma arguição
defensiva for omitida nessa fase, impedido estará ele, portanto, de levantá-la em outros momentos
ulteriores do procedimento. Ressalvam-se, porém, as questões de ordem pública, como as condições da
ação e os pressupostos processuais, que não precluem e podem ser apreciadas a qualquer tempo, a
requerimento ou de ofício.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Instituições de direito processual civil, v. II, p. 466; Humberto Theodoro
Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 380/2; José Carlos
Barbosa Moreira, O novo processo civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense, 2012, § 4º, nº II; Marcos
Salvador de Toledo Piza, Prazo na constestação nas ações de separação e divórcio, RP 32/270; idem,
Contestação em medida cautelar, RTJ 18/277; Everardo de Souza, Do princípio da eventualidade no
sistema do CPC, RF 251/101; Heitor Vitor Mendonça Sica, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 301.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, XXXVI: “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada.”
NCPC, arts. 70 a 76 (capacidade processual); 54 a 58 (modificações da competência: conexão;
continência; reunião de ações; prevenção); 62 e 64 (incompetência absoluta); 239, §§ 1º e 2º (citação,
arguição de nulidade); 240 (citação, litispendência); 278 (nulidade; princípio da preclusão); 280
(nulidade; citação e intimação); 485, IV, V, VI, VII (extinção do processo sem resolução de mérito); 487
(resolução de mérito); 295, I e § 1º (indeferimento da petição inicial; inépcia); 342, II (novas alegações);
350 (defesa indireta do mérito); 351 a 353 (alegações do réu); e 502 a 508 (coisa julgada).
Lei nº 9.307, de 23.09.1996 (Arbitragem – ver Legislação Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
A coisa julgada é instituto processual de ordem pública, de sorte que a parte não pode abrir mão
dela. Cumpre ao réu argui-la nas preliminares da contestação (art. 337, VII). Mas de sua omissão não
decorre qualquer preclusão, porquanto, em razão de seu aspecto de interesse iminentemente público,
pode a exceção de res iudicata ser oposta em qualquer fase do processo e em qualquer grau de
jurisdição, “devendo ser decretada, até mesmo de ofício”, pelo juiz.
Outrossim, para ser acolhida a exceção de res iudicata, haverá de concorrer, entre as duas causas, a
tríplice identidade de partes, pedido e causa de pedir (art. 337, § 2º). Mesmo após o encerramento do
processo por sentença definitiva e depois de esgotadas as possibilidades de recurso, ainda é possível,
durante dois anos, a invalidação do decisório ofensivo à coisa julgada, por meio da ação rescisória
autorizada pelo art. 966, IV.
Em suma, embora o momento apropriado para a arguição da coisa julgada seja a contestação, certo
é que poderia fazê-lo a qualquer tempo, pois a matéria não se sujeita à preclusão. Igual tratamento se
aplica às demais preliminares do art. 337. Ressalvam-se apenas a convenção de arbitragem e
incompetência relativa, que não se podem acolher de ofício, e se sujeitam a preclusão se o réu não as
alegar na contestação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
J. J. Calmon de Passos, A nulidade no processo civil, Salvador: Imprensa Oficial, 1959; Ada P.
Grinover, As condições da ação penal, São Paulo: Bushatsky, 1977, p. 23/24 – litispendência não é
pressuposto processual, mas diz respeito ao direito de ação; Chiovenda, Instituições de direito
processual civil, São Paulo: Saraiva, 1969, v. I, n. 109 – a identidade dos sujeitos, como indicado, não é
a física e sim a jurídica (301, V); n. 110 – sobre objeto mediato; José Carlos Barbosa Moreira, A
conexão de causas como pressuposto da reconvenção, São Paulo: Saraiva, 1979; Pontes de Miranda,
Competência, RF 246/249; Celso Agrícola Barbi, Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de
Janeiro: Forense, 1998, v. I, n. 611 – a prevenção decorre da citação, quando em foros diversos; Heitor
Vitor Mendonça Sica, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo
prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para
substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os
honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre 3% e 5% do valor da causa ou,
sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.
BREVES COMENTÁRIOS
A alegação de ilegitimidade ad causam pode ser feita tanto em relação ao autor como em relação ao
réu. Quando a arguição se referir ao réu, este, em preliminar de contestação, poderá alegar ser parte
ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado. Nesse caso, o juiz facultará ao autor, em
quinze dias, a alteração da petição inicial para substituição do demandado (NCPC, art. 338, caput).
Com esta medida, o novo Código aboliu a antiga intervenção de terceiro da nomeação à autoria,
permitindo que tudo se resolva como mera correção da petição inicial. Caso o autor faça a substituição
da parte ilegítima, deverá reembolsar as despesas feitas pelo réu excluído. Da mesma forma, pagará ao
procurador da parte ilegítima honorários advocatícios, que serão fixados entre 3% e 5% do valor da
causa ou, sendo este irrisório, serão arbitrados por apreciação equitativa, observando-se: (i) o grau de
zelo do profissional; (ii) o lugar da prestação do serviço; (iii) a natureza e a importância da causa; e (iv)
o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 338, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Heitor Vitor Mendonça Sica, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação
jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e
de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da
petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir,
como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código estabeleceu, ainda, a obrigatoriedade do réu que alegar sua ilegitimidade de indicar
o sujeito passivo da relação jurídica discutida em juízo, sempre que tiver conhecimento de quem seja,
sob pena de arcar com as despesas processuais e indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta
da indicação (art. 339, caput). Se o autor aceitar a indicação, deverá, no prazo de quinze dias, proceder à
substituição do réu, reembolsando as despesas e efetuando o pagamento dos honorários advocatícios do
procurador da parte excluída (art. 339, § 1º). Entretanto, se não aceitar a alegação de ilegitimidade do
réu, poderá alterar a petição inicial não para substituir, mas para incluir na lide, como litisconsorte
passivo, o sujeito indicado pelo réu (art. 339, § 2º) (é o caso, por exemplo, da corresponsabilidade entre
preponente e preposto). Nessa hipótese, o processo prosseguirá contra todos os réus indicados pelo
autor.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Heitor Vitor Mendonça Sica, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 340. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser
protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa,
preferencialmente por meio eletrônico.
§ 1º A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado por meio
de carta precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo
da causa.
§ 2º Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a
contestação ou a carta precatória será considerado prevento.
§ 3º Alegada a incompetência nos termos do caput, será suspensa a realização da audiência de
conciliação ou de mediação, se tiver sido designada.
§ 4º Definida a competência, o juízo competente designará nova data para a audiência de
conciliação ou de mediação.
BREVES COMENTÁRIOS
O réu domiciliado fora da comarca da causa pode alegar, em preliminar de contestação, a
incompetência absoluta ou relativa do juízo e indicar a prevalência do foro de seu domicílio. O novo
Código autoriza nessa hipótese que a contestação seja protocolada no foro de domicílio do réu, ao invés
de enviada ao juiz da causa. Trata-se de medida de economia processual, aplicável às citações pelo
correio, carta precatória ou por edital, para desonerar o demandado dos ônus de deslocamento até o foro
da causa para se defender. A defesa assim apresentada será imediatamente comunicada ao juízo da causa,
preferencialmente por meio eletrônico, e a ele remetida em seguida.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Heitor Vitor Mendonça Sica, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato
constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I – não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II – a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância
do ato;
III – estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor
público, ao advogado dativo e ao curador especial.
CPC/1973
Art. 302.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 345 (revelia; direitos indisponíveis), 374, II e III (prova; dispensabilidade de fatos),
392 (confissão; direitos indisponíveis) e 406 (prova documental; instrumento público).
BREVES COMENTÁRIOS
A presunção de veracidade por falta de impugnação especificada fato por fato é relativa e muito
frágil, porque o próprio art. 341, em seu inciso III, a afasta quando simplesmente houver contradição
entre ela e a defesa, “considerada em seu conjunto”. Mais vale, portanto, o sentido geral da contestação
que a falta de impugnação a um ou alguns fatos descritos na inicial.
Há também outro caso em que a presunção de veracidade dos fatos não impugnados deixa
legalmente de operar: ocorre quando a contestação é formulada por defensor público, advogado dativo,
curador especial (art. 341, parágrafo único). É que, em tais circunstâncias, o relacionamento entre o
representante e o representado não tem a intimidade ou profundidade que é comum entre os clientes e
seus advogados normalmente contratados. Ao contrário do Código anterior, que incluía o órgão do
Ministério Público na dispensa da impugnação especificada dos fatos, o Código atual não o faz. Por
autorizar, in casu, a contestação por negação geral, a simples resposta torna controvertidos todos os fatos
invocados na petição inicial, mantendo-se, por conseguinte, o ônus da prova inteiramente a cargo do
autor.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 2002, t. IV – admite a
possibilidade de contestação por negação geral; Cézar Santos, O ônus da impugnação específica no novo
CPC, RBDP 42/11; Calmon de Passos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1977, v. III (a
relatividade da presunção do art. 302); Cândido Dinamarco, Ônus de afirmar e ônus de impugnação
específica, RF 341/215; Heitor Vitor Mendonça Sica, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier
Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:
CPC/1973
Art. 303.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 485, § 3º (extinção do processo sem resolução de mérito; conhecimento de matérias de
ofício), 337, § 5º (contestação; apreciação de ofício), 493 (sentença; fatos supervenientes) e 1.014
(apelação; questões de fato; força maior).
BREVES COMENTÁRIOS
O ônus de arguir na contestação “toda a matéria de defesa” é a consagração, pelo Código, do
princípio da eventualidade ou da concentração, que consiste na preclusão do direito de invocar em fases
posteriores do processo matéria de defesa não manifestada na contestação. Dessa forma, incumbe ao réu
formular, de uma só vez, na contestação todas as defesas de que dispõe, de caráter formal ou material,
salvo apenas aquelas que constituem objeto específico de outras respostas ou incidentes, como as
exceções e a reconvenção. Se alguma arguição defensiva for omitida nessa fase, impedido estará ele,
portanto, de levantá-la em outros momentos ulteriores do procedimento. Há, porém, hipóteses em que o
Código abre exceção ao princípio da eventualidade ou concentração da defesa, para permitir que o réu
possa deduzir novas alegações no curso do processo, depois da contestação, que são aquelas ressalvadas
nos incisos do art. 342.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
J. J. Calmon de Passos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1977, v. III, nos arts.
209/212; José de Moura Rocha, Notas sobre a fixação da natureza da relação processual, RP 46/29;
Francisco Negrisollo, O princípio da estabilização do pedido na ação declaratória incidental, RT 476/41;
JTACiv.SP 29/467; Heitor Vitor Mendonça Sica, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo VII
DA RECONVENÇÃO
Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão
própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para
apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu
mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em
face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de
substituto processual.
§ 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.
CPC/1973
Art. 315.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 19 (ação declaratória), 85, § 1º (despesas judiciais), 55 (conexão), 335 (resposta do
réu; prazo para oferecimento), 395 (confissão; indivisibilidade), 970 (ação rescisória), 306 (tutela
cautelar), 544 (ação de consignação em pagamento), 550 e 552 (ação de prestação de contas), 556 (ação
possessória), 589 (ação de divisão) e 721 (processo de jurisdição voluntária);
Regimento de Custas da Justiça Federal, art. 7º (despesas processuais); Lei nº 5.478, de 21.07.1968
(alimentos); Lei nº 9.099, de 26.09.1995, art. 31 (juizados especiais).
SÚMULAS
Súmula do STF
Nº 258: “É admissível reconvenção em ação declaratória.”
Súmula do STJ
Nº 292: “A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do procedimento em
ordinário.”
BREVES COMENTÁRIOS
A grande inovação do novo Código se deu na instauração do procedimento da reconvenção que,
doravante, será proposta na petição da contestação (NCPC, art. 343, caput). No tempo da lei anterior,
embora oferecida simultaneamente com a contestação, a reconvenção deveria sempre ser deduzida em
petição autônoma, que, contudo, não reclamava autuação apartada e era, tão somente, juntada aos autos,
tal como a da contestação.
Agora, a reconvenção será proposta na própria contestação, como parte integrante da respectiva
petição, da qual formará um capítulo. É importante ressaltar, porém, que, a despeito da alteração
procedimental, a reconvenção continua a ser uma ação autônoma, e não um simples meio de defesa.
Da autonomia da reconvenção decorre a possibilidade de o réu deixar de oferecer a contestação e
limitar-se à propositura da primeira resposta (art. 343, § 6º). Todavia, como a reconvenção não substitui
a contestação, em tal hipótese ocorrerá revelia quanto à ação principal, o que não impede a apreciação
do pedido formulado na ação incidental.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo VIII
DA REVELIA
Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras
as alegações de fato formuladas pelo autor.
CPC/1973
Art. 319.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 2º (tutela jurisdicional), 76, II (irregularidade de mandato ao advogado do réu), 117
(litisconsórcio), 278, 334 (requisitos da petição inicial; advertência do réu), 341 (contestação; ônus da
impugnação especificada dos fatos), 346 (produção de provas pelo revel), 970 (ação rescisória), 546
(ação de consignação em pagamento) e 626 (inventário).
SÚMULAS
Súmulas do TFR:
Nº 118: “Na ação expropriatória, a revelia do expropriado não implica em aceitação do valor da
oferta e, por isso, não autoriza a dispensa da avaliação.”
Nº 256: “A falta de impugnação dos embargos do devedor não produz, em relação à Fazenda
Pública, os efeitos de revelia.”
BREVES COMENTÁRIOS
Há revelia, outrossim, tanto quando o réu não comparece ao processo no prazo da citação como
quando, comparecendo, deixa de oferecer contestação.
No procedimento sumário, por exemplo (que, embora extinto pelo novo Código, continuará
aplicável às ações em andamento e as que forem ajuizadas no seu período de vacatio legis), quando o réu
comparece à audiência desacompanhado de advogado para formular sua resposta, há revelia, embora
esteja o demandado pessoalmente presente.
Para alertar o demandado a respeito da relevância da revelia, o mandado de citação deve conter a
menção “do prazo para contestar, sob pena de revelia” (art. 248, II). A falta de semelhante nota no
mandado compromete a validade do ato citatório e impede a verificação da presunção legal prevista no
art. 344. Diante da revelia, torna-se desnecessária, portanto, a prova dos fatos em que se baseou o pedido
de modo a permitir o julgamento antecipado da lide, dispensando-se, desde logo, a audiência de
instrução e julgamento (art. 355, II).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
CPC/1973
Art. 320.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 72 (nomeação de curador especial), 76, II (incapacidade processual do réu reputado
revel), 121 (assistência), 373, § 3º, e 392 (direitos indisponíveis), 406 (prova documental; instrumento
público).
CC, arts. 108 e 215.
BREVES COMENTÁRIOS
A ressalva do art. 345, I, tocante a que não ocorrerá revelia se, havendo pluralidade de réus
(litisconsórcio passivo), algum deles contestar a ação, atinge apenas os litisconsortes necessários, não os
facultativos.
A propósito do inciso II do art. 345, é bom ressaltar que as relações obrigacionais ajustadas pelo
Poder Público nem sempre envolvem direitos indisponíveis. É o que se passa, por exemplo, diante de
contratos da Administração Pública ajustados nos padrões do direito privado, hipótese em que a falta de
contestação, precedida de regular citação da pessoa jurídica de direito público, produzirá os efeitos
materiais previstos no art. 344.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Hélio Armond Werneck Côrtes, Revelia, confissão e transigência – relativamente aos direitos
(indisponíveis) em o CPC vigente, RT 471/34, RF 251/148; Maria Lúcia Lins Conceição, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de
publicação do ato decisório no órgão oficial.
Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado
em que se encontrar.
CPC/1973
Art. 322.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LV (direito ao contraditório e à ampla defesa).
NCPC, arts. 72, II (curador especial; revel citado por edital ou por hora certa); 76 (irregularidade
na capacidade processual e de fato não regularizada); 683 (revelia do oposto); 344 (efeitos da revelia);
348 (não ocorrência do efeito da revelia; verificação pelo juiz); e 355 (julgamento antecipado da lide).
SÚMULAS
Súmula do STF
Nº 231: “O revel, em processo cível, pode produzir provas, desde que compareça em tempo
oportuno.”
Súmula do STJ
Nº 196: “Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será nomeado
curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.”
BREVES COMENTÁRIOS
Em consequência da revelia, todos os atos processuais passam a ser praticados sem intimação ou
ciência ao réu, ou seja, o processo passa a correr à revelia do demandado, numa verdadeira abolição do
princípio do contraditório, o que, todavia, não configura uma ofensa àquele princípio, visto que se deve à
conduta do próprio réu o estabelecimento da situação processual que inviabiliza as intimações na forma
prevista em lei. A dispensa de intimação só prevalece em relação ao demandado revel que não tenha
advogado nos autos.
Se o réu não contesta mas apresenta reconvenção, de-verá ser intimado de todos os atos do
processo. Cessam também os efeitos da revelia quando, após sua configuração, o réu se faz representar
nos autos por advogado. Essa cessão, porém, manifesta-se ex nunc, ou seja, afeta apenas em relação aos
atos processuais subsequentes.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
J. J. Calmon de Passos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1977, v. III, n. 252/258;
Humberto Theodoro Júnior, As novas reformas do Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense,
2007, cap. I, n. 1.4.6; Maria Lúcia Lins Conceição, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Bre-ves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo IX
DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO
Art. 347. Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, conforme o caso, as providências
preliminares constantes das seções deste Capítulo.
CPC/1973
Art. 323.
BREVES COMENTÁRIOS
As providências preliminares nem sempre se verificam. Não são requisitos necessários do
procedimento, mas acontecimento eventual que ocorre e varia de conteúdo, conforme as circunstâncias de
cada caso. E pode até não haver necessidade de nenhuma providência preliminar em casos como o de
revelia (fora da hipótese do art. 345) ou de contestação sem arguição das matérias dos arts. 337 e 350.
Na primeira hipótese (revelia), o juiz passará diretamente à fase decisória e proferirá, desde logo,
“julgamento antecipado do mérito” (art. 355); na segunda, proferirá diretamente o “julgamento, conforme
o estado do processo”, saneando o processo ou decidindo o mérito, tendo em conta a matéria
controvertida e as provas existentes no bojo dos autos (arts. 354 a 357).
É, destarte, na ocasião das “providências preliminares” que o juiz realiza o complexo exame dos
pressupostos processuais e das condições da ação, para penetrar no saneamento do feito.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do efeito da revelia
previsto no art. 344, ordenará que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda não
as tiver indicado.
CPC/1973
Art. 324.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 345 (efeito da revelia).
BREVES COMENTÁRIOS
Há casos em que, mesmo sem a resposta do réu, o autor não se desobriga do ônus de provar os fatos
jurídicos que servem de base à sua pretensão, como ocorre nos litígios sobre direitos indisponíveis.
Quando isto se dá (art. 345), o juiz, após escoado o prazo de contestação, profere despacho mandando
que o autor especifique as provas que pretenda produzir na audiência.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Maria Lúcia Lins Conceição, In: Teresa Arruda AlvimWambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 349. Ao réu revel será lícita a produção de provas, contrapostas às alegações do autor,
desde que se faça representar nos autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a
essa produção.
SÚMULAS
Súmula do STF:
Nº 231: “O revel, em processo cível, pode produzir provas desde que compareça em tempo
oportuno.”
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código enfrentou o problema do direito ou não de o revel produzir provas. Na linha de
jurisprudência antiga, prestigiada pela Súmula nº 231 do STF, o art. 349 do NCPC assegura ao réu que
não contestou a ação o direito de produzir provas contrapostas às alegações do autor. Para tanto, deverá
fazer-se representar por advogado nos autos a tempo de praticar os atos processuais indispensáveis a
essa produção.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Maria Lúcia Lins Conceição, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Seção II
Do Fato Impeditivo, Modificativo ou Extintivo do Direito do Autor
Art. 350. Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este
será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova.
CPC/1973
Art. 326.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 525, VII (impugnação à execução por título judicial).
Lei nº 9.800, de 26.05.1999 (DOU 27.05.1999). Mencionada lei instituiu a utilização do sistema de
transmissão de dados e imagens tipo fac-símile, para a prática de atos processuais que dependam de
petição escrita.
BREVES COMENTÁRIOS
Quando o réu ataca o fato jurídico que constitui o mérito da causa (a sua causa petendi), tem-se a
defesa chamada de mérito. A defesa de mérito pode também ser indireta quando, embora se reconheçam a
existência e a eficácia do fato jurídico arrolado pelo autor, o réu invoca outro fato novo que seja
“impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”. Para manter a observância do princípio do
contraditório, sempre que a contestação contiver defesa indireta de mérito, o juiz mandará ouvir o autor
sobre a resposta, em quinze dias.
Se o autor não for ouvido no prazo assinalado pelo art. 350, a sentença será tida como nula, por
ofensiva ao princípio do contraditório. A nulidade ficará preclusa, porém, se o processo prosseguir, sem
sentença imediata, e o autor não alegar a nulidade na primeira fala que proferir nos autos (CPC, art. 278).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
J. J. Calmon de Passos, Comentários ao CPC, 7ª ed., v. II, p. 478/9; José Olympio de Castro Filho,
Revelia, efeitos da revelia, declaração incidente, fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do
pedido, RF 246/207; Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier
Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Seção III
Das Alegações do Réu
Art. 351. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 337, o juiz determinará a
oitiva do autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe a produção de prova.
CPC/1973
Art. 327.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 76 (incapacidade processual e irregularidade de representação), 276 a 283 (nulidades),
337 (contestação; alegação de preliminares).
BREVES COMENTÁRIOS
Para manter a observância do princípio do contraditório, quando o contestante arguir qualquer das
preliminares previstas para a contestação no art. 337, o juiz mandará ouvir o autor sobre a resposta, em
quinze dias. Será facultado ao autor produzir provas.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
J. J. Calmon de Passos, Capacidade processual, verbete, in Enciclopédia Saraiva de Direito –
sobre incapacidade processual e irregularidade de representação, faltas supríveis; Humberto Theodoro
Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 401; Marcelo Navarro
Ribeiro Dantas, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 327.
BREVES COMENTÁRIOS
Não pode o juiz, na sistemática do Código, desde logo extinguir o processo sem apreciação do
mérito simplesmente porque encontrou um defeito nas questões preliminares de formação da relação
processual. Agir dessa maneira, frente a um vício sanável, importaria subverter a missão do processo e a
função jurisdicional.
No caso da defesa indireta do art. 337, depois de ouvida a réplica do autor, se o juiz entender que as
irregularidades ou nulidades comprovadas são sanáveis, marcará prazo de até trinta dias para que sejam
supridas.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
1. Nulidade insanável. “Não estando a contestação assinada, imputam-se ao réu os efeitos da
revelia, nos termos do art. 319, CPC, porquanto não é possível sanar o ato neste grau de jurisdição,
inviabilizando a aplicação do art.327, CPC” (TJRS, Apl. 70015476476, Rel. Tasso Caubi Soares
Delabary, 9ª Câmara, jul. 07.02.2007).
● Demonstração de documentos. Permanência da omissão. “Embora possa ser justificada a falta
de apresentação dos autos constitutivos da pessoa jurídica de direito privado, colocadas dúvidas de ser
irregular a sua constituição, torna-se exigível a prova. Impugnado o instrumento procuratório apresentado
(arts. 300, 301, VIII, e 327, CPC), existindo omissão na demonstração da condição de parte e de regular
representação judicial, o desfecho e a extinção do processo (art. 267, IV, CPC)” (STJ, REsp 72.865/PE,
Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, Rel. p/ Acórdão Min. Milton Luiz Pereira, 1ª Turma, jul.
23.11.1995, DJ 25.03.1996)
2. Nulidade sanável. “Não se deve nulificar o processo por deficiência sanável sem antes ensejar
oportunidade à parte de suprir a irregularidade” (STJ, REsp 6.458/RJ, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo
Teixeira, 4ª Turma, jul. 11.06.1991, DJ 05.08.1991).
● “Segundo já proclamou a turma (REsp 1561-RJ, DJU de 5.290), não se deve nulificar o processo
por deficiência sanável sem antes ensejar oportunidade a parte de suprir a irregularidade” (STJ, REsp
6.458/RJ, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul. 11.06.1991, DJ 05.08.1991).
● Erro na designação do nome. “Desde que possível a identificação da parte ré, e sendo feita
regularmente a citação, o erro na designação do seu nome é vício perfeitamente sanável, mormente pela
ausência de prejuízo às partes” (STJ, REsp 470.529/DF, Rel. Min. Castro Filho, 3ª Turma, jul.
17.05.2005, DJ 06.06.2005, p. 318).
● “A falta de assinatura de advogado na contestação é irregularidade corrigível, sem importar
em inexistência da peça de resposta” (STJ, REsp 33.081/RJ, Rel. Min. Dias Trindade, 4ª Turma, jul.
08.11.1993, DJ 13.12.1993).
Art. 353. Cumpridas as providências preliminares ou não havendo necessidade delas, o juiz
proferirá julgamento conforme o estado do processo, observando o que dispõe o Capítulo X.
CPC/1973
Art. 328.
BREVES COMENTÁRIOS
Cumpridas as providências preliminares, ou não havendo necessidade delas, o juiz proferirá
“julgamento conforme o estado do processo”. Essa decisão poderá ser:
(i) de extinção do processo, sem julgamento do mérito, caso o autor não tenha diligenciado o
saneamento das falhas apontadas pelo juiz e ocorra alguma das hipóteses de sentença terminativa
previstas nos arts. 485;
(ii) de extinção do processo por ocorrência de decadência e prescrição (art. 487, II) ou por
homologação de ato de autocomposição do litígio (art. 487, III) (art. 402);
(iii) de julgamento antecipado do mérito, quando não houver necessidade de mais provas (art. 355);
(iv) de saneamento e organização do processo, quando o processo deva prosseguir, por não ter sido
objeto de extinção sem julgamento de mérito nem de julgamento antecipado da lide (art. 357).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Capítulo X
DO JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO
Seção I
Da Extinção do Processo
Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz
proferirá sentença.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela do
processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento.
CPC/1973
Art. 329.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 485 (extinção do processo sem resolução de mérito) e 487 (resolução de mérito).
BREVES COMENTÁRIOS
No julgamento conforme o estado do processo, o juiz proferirá sentença, sem apreciar o mérito da
causa, nas hipóteses previstas no art. 485 ou poderá proferir julgamento para extingui-lo
antecipadamente, com resolução de mérito nos casos do art. 487, II e III.
Segundo o novo Código, essa sentença proferida pelo juiz pode dizer respeito a toda a ação ou a
apenas parte do processo. Se o julgamento conforme o estado do processo abranger apenas parcela do
processo, o recurso cabível será o agravo de instrumento.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção II
Do Julgamento Antecipado do Mérito
Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando:
I – não houver necessidade de produção de outras provas;
II – o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova,
na forma do art. 349.
CPC/1973
Art. 330.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 487 (resolução de mérito) e 344 (revelia).
BREVES COMENTÁRIOS
Em todas as hipóteses arroladas no art. 355, o juiz, logo após o encerramento da fase postulatória, já
se encontra em condições de decidir sobre o mérito da causa, pois:
(a) não se realiza a audiência por desnecessidade de outras provas, além daquelas que já se
encontram nos autos (o juiz não deve, segundo o art. 370, promover diligências inúteis); e
(b) não há prova a produzir, pois, ocorrendo os efeitos da revelia, as alegações de fato formuladas
pelo autor são presumidas verdadeiras.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Zenun Junqueira, Julgamento antecipado da lide, RBDP 24/25; Ayrton Maia, Julgamento
antecipado da lide, RF 269/423; Djanira Maria Radamés de Sá Ribeiro, Julgamento antecipado da lide,
RCDUFU 15/105; J. C. Barbosa Moreira, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1999, v. V, n.
105 – sobre a desnecessidade do depósito de 5% na ação rescisória, quando o litigante for
manifestamente pobre; Ricardo Alexandre da Silva, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Seção III
Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles:
I – mostrar-se incontroverso;
II – estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação
líquida ou ilíquida.
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que
julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa
interposto.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva.
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser
processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.
BREVES COMENTÁRIOS
O Novo Código repudia a tese da indivisibilidade do objeto litigioso, que segundo seus defensores
exigiria um único julgamento de mérito em cada processo e, consequentemente, atingiria a coisa julgada
numa única oportunidade. Prevê, pelo contrário, expressamente a possibilidade de fracionamento do
objeto do processo, regulando no art. 356 as condições para que um ou mais pedidos, ou parcela de
pedidos, sejam solucionados separadamente.
Na sistemática de nosso atual sistema processual civil, o julgamento antecipado e parcial do mérito
não é visto como faculdade, mas sim como um dever do juiz, segundo o tom imperativo do art. 356: nas
duas situações nele enumeradas, “o juiz decidirá parcialmente o mérito”, ordena o dispositivo legal.
Trata-se de uma exigência do princípio que impõe a rápida e efetiva solução da lide, requisito
fundamental à configuração da garantia constitucional do processo justo (moderna visão do devido
processo legal).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Ricardo Alexandre da Silva, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Seção IV
Do Saneamento e da Organização do Processo
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de
saneamento e de organização do processo:
I – resolver as questões processuais pendentes, se houver;
II – delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando
os meios de prova admitidos;
III – definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373;
IV – delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;
V – designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.
§ 1º Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar
ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável.
§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual das
questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula as
partes e o juiz.
§ 3º Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz
designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade
em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações.
§ 4º Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal, o juiz fixará prazo comum
não superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol de testemunhas.
§ 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar, para a audiência prevista, o respectivo rol de
testemunhas.
§ 6º O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10 (dez), sendo 3 (três), no
máximo, para a prova de cada fato.
§ 7º O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a complexidade da causa
e dos fatos individualmente considerados.
§ 8º Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz deve observar o disposto
no art. 465 e, se possível, estabelecer, desde logo, calendário para sua realização.
§ 9º As pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo de 1 (uma) hora entre as
audiências.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 139, V (tentativa de conciliação); 369 a 484 (provas); e 359 (audiência de
conciliação).
CC, arts. 212 a 232 (prova).
SÚMULAS
Súmula do STF
Nº 424: “Transita em julgado o despacho saneador de que não houve recurso, excluídas as questões
deixadas, explícita ou implicitamente, para a sentença.”
BREVES COMENTÁRIOS
Segundo a tradição do direito luso-brasileiro, o saneamento do processo deveria dar-se em decisão
interlocutória escrita, após o encerramento da fase postulatória. O sistema germânico adota, porém, a
audiência preliminar, destinada a preparar o feito para ingressar na fase instrutória, depois de resolvidas
oralmente as questões preliminares. O Código de 1973, procurando incentivar a autocomposição dos
litígios, instituiu a obrigatoriedade de uma audiência preliminar, em que se tentaria a conciliação das
partes, antes de dar início à fase específica da instrução processual (CPC/1973, art. 331), audiência essa
que, porém, não se restringia apenas à busca da solução negocial para o conflito, já que nela o juiz
completaria a tarefa saneadora.
O Código atual aboliu essa audiência preliminar após a fase postulatória. O saneamento do processo
é feito, portanto, por decisão interlocutória do juiz (art. 357). Contudo, pode eventualmente haver
audiência de saneamento em causas complexas, nos termos do art. 357, § 3º, cuja matéria de fato ou de
direito exija que a atividade saneadora seja feita em cooperação com as partes. Nessa hipótese, serão
elas convidadas a integrar ou esclarecer suas alegações. E, havendo necessidade de oitiva de
testemunhas, o rol deverá ser apresentado nessa audiência de saneamento (art. 357, § 5º).
Não há previsão de agravo contra a decisão de saneamento. Assegura, todavia, o art. 357, § 1º, às
partes “o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de cinco dias, findo o
qual a decisão se torna estável”. Esses pedidos de esclarecimentos e ajustes não se equiparam a recurso
e por isso não podem, na sua falta, tornar preclusa a matéria assentada no saneamento.
O fato de se falar em estabilidade, na espécie, quer dizer que após o prazo de esclarecimentos não
podem os interessados voltar a reclamar contra o ato judicial. De qualquer forma, sendo a decisão de
saneamento não sujeita a agravo, é forçoso reconhecer que a parte prejudicada sempre terá a seu alcance
a possibilidade de se defender, em grau recursal, através das preliminares de apelação ou de suas
contrarrazões (art. 1.009, § 1º). Esta sim será a via recursal disponibilizada à parte inconformada com a
decisão interlocutória contida no saneador.
Pode, entretanto, haver preclusão em torno de matéria resolvida no saneamento, quando envolver
extinção parcial do processo, em decorrência de resolução de questões processuais pendentes, como
previsto no art. 357, I, se contra a decisão a parte prejudicada não interpõe o recurso de agravo de
instrumento, previsto expressamente nos arts. 354, parágrafo único, e 356, § 5º. Haverá também
preclusão se no saneador houver sido decidido sobre distribuição do ônus da prova, visto tratar-se de
decisão recorrível por agravo de instrumento (art. 1.015, XI).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo XI
DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Art. 358. No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta a audiência de instrução e
julgamento e mandará apregoar as partes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas que
dela devam participar.
CPC/1973
Art. 450.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 448.
BREVES COMENTÁRIOS
Somente nas causas sujeitas à audiência é que tem cabimento a tentativa de conciliação mencionada
no art. 359 do NCPC. Por isso, quando for o caso de julgamento antecipado ou de extinção do processo
sem apreciação do mérito, não caberá a medida. Havendo, porém, audiência de instrução e julgamento, a
conciliação será tentada em todos os processos de natureza patrimonial privada, até nos de rito especial
e nos incidentais. Essa tentativa de conciliação ocorre independentemente do emprego anterior de outros
métodos de solução consensual de conflitos, como a mediação e a arbitragem, para os quais o NCPC
prevê uma audiência inicial, realizada antes mesmo da contestação da demanda.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, I, n.
478/479; Joaquim Felipe Spadoni, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 445.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 78, § 1º (expressões injuriosas).
Estatuto da Advocacia, arts. 31 e 33 (ética do advogado).
BREVES COMENTÁRIOS
O juiz exerce um dos poderes constitucionais inerentes à soberania estatal; daí dispor do poder de
polícia para assegurar o bom desempenho da função jurisdicional que lhe foi atribuída.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Castro Nunes, Teoria e prática do Poder Judiciário, Rio de Janeiro: Forense, 1943, p. 617 – sobre
o poder de polícia do juiz; José de Moura Rocha, Há poder de polícia no art. 445 do CPC, RP 6/27;
Joaquim Felipe Spadoni, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 361. As provas orais serão produzidas em audiência, ouvindo-se nesta ordem,
preferencialmente:
I – o perito e os assistentes técnicos, que responderão aos quesitos de esclarecimentos
requeridos no prazo e na forma do art. 477, caso não respondidos anteriormente por escrito;
II – o autor e, em seguida, o réu, que prestarão depoimentos pessoais;
III – as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, que serão inquiridas.
Parágrafo único. Enquanto depuserem o perito, os assistentes técnicos, as partes e as
testemunhas, não poderão os advogados e o Ministério Público intervir ou apartear, sem licença do
juiz.
CPC/1973
Art. 452.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 385 a 388 (depoimento pessoal) e 442 a 463 (prova testemunhal).
BREVES COMENTÁRIOS
No regime do Código anterior, diante do rigor literal do seu art. 452, entendia-se que a coleta das
provas orais (peritos, partes e testemunhas) deveria ser feita dentro da escala de gradação da lei. Por
isso, os mais formalistas ensinavam que o adiamento da audiência ocorreria a partir do momento em que
se deveria ouvir o não comparecente. Os depoimentos que, segundo a lei, seriam tomados em seguida
ficariam adiados para a sessão posterior. Não é o sistema do Código atual, mais flexível e que determina
que as provas orais serão ouvidas na ordem do art. 361, apenas preferencialmente. Logo, cabe ao juiz
decidir, nas circunstâncias do caso concreto, se há ou não prejuízo para o processo com a eventual
quebra da sequência estipulada pela lei.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Elício de Cresci Sobrinho, O dever do juiz de perguntar, RF 295/463; Orlando Soares, Comentários
ao CPC,v. I, p. 800/2; Joaquim Felipe Spadoni, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 453.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 93 (despesas processuais; atos adiados ou repetidos).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I,
n. 476; José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, v. III, n. 518, p. 19 – entende-se que
peritos e assistentes técnicos se sujeitem à condução forçada; Joaquim Felipe Spadoni, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Por motivos de conveniência da Justiça, ou a requerimento de uma das partes, pode o juiz antecipar
a data inicialmente designada para a audiência de instrução e julgamento.
Em tais casos, ao contrário do determinado pelo Código anterior, o juiz determinará a intimação dos
advogados ou da sociedade de advogados, podendo esta ser feita por publicação na imprensa. Isto
porque a lei nova não repetiu o disposto no art. 242, § 2º, do CPC/1973, que exigia a intimação pessoal
na espécie e previu regime único para a antecipação e o adiamento, submetendo-os à intimação do
advogado na forma comum.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Joaquim Felipe Spadoni, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao
membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz.
§ 1º Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que formará com o da
prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do mesmo grupo, se não convencionarem de modo
diverso.
§ 2º Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o debate oral poderá
ser substituído por razões finais escritas, que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como
pelo Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15 (quinze) dias,
assegurada vista dos autos.
CPC/1973
Art. 454.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 113 a 118 (litisconsórcio), 119 a 123 (assistência), 682 a 686 (oposição), 125 a 129
(denunciação da lide) e 130 a 132 (chamamento ao processo).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto de Paiva, Os memoriais no atual CPC, RBDP 13/239; Rogério Lauria Tucci e José
Rogério Cruz e Tucci, Indevido processo legal decorrente da apresentação simultânea de memoriais, RT
662/24; Joaquim Felipe Spadoni, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 365. A audiência é una e contínua, podendo ser excepcional e justificadamente cindida na
ausência de perito ou de testemunha, desde que haja concordância das partes.
Parágrafo único. Diante da impossibilidade de realização da instrução, do debate e do
julgamento no mesmo dia, o juiz marcará seu prosseguimento para a data mais próxima possível, em
pauta preferencial.
CPC/1973
Art. 455.
BREVES COMENTÁRIOS
Una, na expressão do Código, quer dizer que, embora fracionada em mais de uma sessão, a
audiência é tratada como uma unidade, um todo. Há, assim, uma continuidade entre os atos fracionados, e
não uma multiplicidade de audiências, quando não é possível iniciar e encerrar os trabalhos numa só
sessão.
Corolário desta regra é que, se houver motivo para nulidade da primeira sessão, todas as demais
posteriormente realizadas estarão afetadas, pois o vício atingirá a audiência como um todo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Joaquim Felipe Spadoni, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 366. Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá sentença em
audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias.
CPC/1973
Art. 456.
BREVES COMENTÁRIOS
Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, na mesma audiência o juiz proferirá a sentença,
ditando-a ao escrivão. Se se não julgar em condições de sentenciar imediatamente, poderá fazê-lo no
prazo de trinta dias (art. 366). No segundo caso, a sentença será elaborada por escrito e depositada em
mãos do escrivão para dar a necessária publicidade processual ao ato. O Código atual não prevê a
designação de nova audiência para leitura e publicação da sentença.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Joaquim Felipe Spadoni, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 367. O servidor lavrará, sob ditado do juiz, termo que conterá, em resumo, o ocorrido na
audiência, bem como, por extenso, os despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato.
§ 1º Quando o termo não for registrado em meio eletrônico, o juiz rubricar-lhe-á as folhas, que
serão encadernadas em volume próprio.
§ 2º Subscreverão o termo o juiz, os advogados, o membro do Ministério Público e o escrivão
ou chefe de secretaria, dispensadas as partes, exceto quando houver ato de disposição para cuja
prática os advogados não tenham poderes.
§ 3º O escrivão ou chefe de secretaria trasladará para os autos cópia autêntica do termo de
audiência.
§ 4º Tratando-se de autos eletrônicos, observar-se-á o disposto neste Código, em legislação
específica e nas normas internas dos tribunais.
§ 5º A audiência poderá ser integralmente gravada em imagem e em áudio, em meio digital ou
analógico, desde que assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores, observada a
legislação específica.
§ 6º A gravação a que se refere o § 5º também pode ser realizada diretamente por qualquer
das partes, independentemente de autorização judicial.
CPC/1973
Art. 457.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 459, § 3º (termo das perguntas indeferidas). Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo
Eletrônico – ver Legislação Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
Os atos praticados na audiência deverão ser documentados em livro próprio e nos autos do
processo. No livro de audiências, lavrar-seá o termo respectivo, que será redigido pelo escrivão, sob
ditado do juiz, e conterá em resumo o relato de tudo o que ocorreu durante os trabalhos da audiência.
Obrigatoriamente ficarão consignados: (a) as presenças registradas na abertura da audiência; (b) todos os
requerimentos formulados durante os trabalhos; (c) as decisões do juiz a respeito dos requerimentos; (d)
o debate oral; (e) a sentença.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I;
Marcos Afonso Borges, Comentários ao CPC, São Paulo, Leud, 1974, v. II, p. 135 – deverão ser
consignados: a) as presenças na abertura da audiência; b) todos os requerimentos formulados durante os
trabalhos; c) as decisões do juiz a respeito dos requerimentos; d) o debate oral; e) a sentença; Joaquim
Felipe Spadoni, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 444.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 189 (segredo de justiça) e 363 (antecipação da audiência).
BREVES COMENTÁRIOS
A audiência é pública. Aliás, em regra, todos os atos processuais são públicos para o nosso Código
(art. 189). Consiste a publicidade da audiência em franquear-se a presença, a seus trabalhos, a qualquer
pessoa que quiser assisti-los. Deve, por isso, a sessão realizar-se de portas abertas. Ressalvam-se,
contudo, os processos que correm em segredo de justiça, hipótese em que não se poderia vedar a
presença das partes e seus advogados (CF, art. 93, IX).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1989, v. IV, n. 294; Eliezer
Rosa, Dicionário de processo civil, 2ª ed., São Paulo: Bushatsky, 1973, p. 83/6 – a audiência é ato
solene, revestido de publicidade, substancial ao processo, que se realiza sob a presidência do juiz e que
se presta à instrução, discussão e decisão da causa; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito
processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 474; Joaquim Felipe Spadoni, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo XII
DAS PROVAS
Seção I
Disposições Gerais
Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente
legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se
funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz.
CPC/1973
Art. 332.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LVI.
NCPC, arts. 370 (indeferimento de prova inútil ou protelatória) e 371 (livre apreciação da prova
pelo juiz).
LINDB, art. 13 (prova de fato ocorrido no estrangei-ro); CC, art. 212.
Lei nº 9.099, de 26.09.1995, arts. 32 a 37 (juizados especiais).
Lei nº 9.296, de 24.07.1996 (interceptação de comunicações telefônicas).
BREVES COMENTÁRIOS
Toda prova há de ter um objeto, uma finalidade, um destinatário, e deverá ser obtida mediante
meios e métodos determinados. A prova judiciária tem como objeto os fatos deduzidos pelas partes em
juízo. Sua finalidade é a formação da convicção em torno dos mesmos fatos. O destinatário é o juiz,
pois é ele quem deverá se convencer da verdade dos fatos para dar solução jurídica ao litígio. Os meios
legais de prova são os previstos nos arts. 369 a 484 do NCPC; mas, além deles, permite o Código outros
não especificados, desde que “moralmente legítimos”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56ª ed., Forense: Rio de Janeiro,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coords.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17ª ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. II; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, instituições de processo civil: introdução ao direito processual
civil, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 130.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 77, III (deveres das partes e dos procuradores; produção de prova inútil ou
desnecessária), 156 (atuação do perito), 278 (nulidades; princípios da finalidade e da preclusão), 319
(requisitos da petição inicial), 438 (prova documental; requerição de certidões e procedimentos
administrativos), 442 (indeferimento de prova testemunhal), 464, § 1º (indeferimento de perícia), 480
(realização de nova perícia), 1.001 (despacho), 932 (indeferimento de agravo) e 938, § 1º (decisão das
preliminares).
BREVES COMENTÁRIOS
Na direção do processo, ao determinar a produção de provas, o juiz deve velar pela rápida solução
do litígio, assegurando às partes igualdade de tratamento e prevenindo ou reprimindo qualquer ato
contrário à dignidade da Justiça (art. 139).
Os poderes do juiz, no domínio da prova, permanecem reconhecidos e reforçados no direito
positivo, capacitando-o a realizar de ofício a instrução processual. Munido de tais poderes instrutórios,
estará ele sempre credenciado a atuar de modo coerente e compatível com os ideais constitucionais,
relacionados com a garantia de acesso efetivo à justiça e, particularmente, com a meta de promover a
justa composição dos litígios.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. T. Liebman, Manuale di diritto processuale civile, 2ª ed., Milão: Giuffrè, 1957, v. I, n. 128, p.
230 – judex secundum allegata et probata partiam judicare debet; Piero Calamandrei, Instituciones de
derecho procesal civil, Buenos Aires: Depalma, 1942, v. I, p. 330/332; M. Cappeletti, La testemonianza
della parte nel sistema dell’oralità, Milão: Giuffrè, 1962, v. I, p. 337; José Carlos Barbosa Moreira, Os
poderes do juiz na direção e na instrução do processo, RBDP 48/111, e O juiz e a prova, RP 35/178;
Fritz Baur, O papel ativo do juiz, RP 27/186; Humberto Theodoro Júnior, Os poderes do juiz em face da
prova, RF 263/39, RCDUFU 8-1/37; Jaime Piterman, A significação do princípio da independência do
juízo no CPC de 1973, RBDP 44/135; Humberto Theodoro Júnior e Adriana Mandim Theodoro de Mello,
O papel do juiz na instrução do processo que depende de prova técnica – impossibilidade de o
magistrado assumir a função do perito, Revista Magister de Direito Civil e ProcessualCivil 50/28;
Willian Santos Ferreira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a
tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
CPC/1973
Art. 131.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 479 (princípio do livre convencimento do juiz).
BREVES COMENTÁRIOS
O convencimento do juiz é livre, mas não arbitrário, posto que deverá ser fundamentado e apenas
poderá assentar-se sobre os fatos e circunstâncias do processo. A liberdade prende-se à ausência de
hierarquia entre os meios de prova, mas não desobriga o juiz de fundamentar racionalmente a formação
de seu convencimento.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Chiovenda, Instituições de direito processual civil, São Paulo, v. I, n. 32, p. 187/188; Gelson
Amaro de Souza, A jurisprudência como interpretação do direito, RF 290/462; Alípio Silveira, A
reelaboração das leis por obra dos tribunais, RP 13/15; Enrico Tullio Liebman, A força criativa da
jurisprudência e os limites impostos pelo texto da lei, RP 43/57; Willian Santos Ferreira, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo, atribuindo-
lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.
BREVES COMENTÁRIOS
Por prova emprestada entende-se aquela que foi produzida em outro processo e que é trasladada por
meio de certidão para os autos de nova causa, nos quais entra sob a forma documental. Pode-se referir a
qualquer uma das modalidades probatórias, como documentos, testemunhas, confissões, perícias ou
depoimento pessoal. É, enfim, o aproveitamento de atividade judiciária já anteriormente praticada, em
nome do princípio da economia processual.
O novo Código – ao contrário da legislação anterior, que era omissa – prevê expressamente a
possibilidade de o juiz utilizar “prova emprestada”, para julgar a lide.
A despeito da omissão do Código de 1973, doutrina e jurisprudência já admitiam a utilização da
prova emprestada, fosse porque a lei permitia o emprego de “todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos” para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa (art. 332 do
CPC/1973), fosse por força dos princípios da economia processual e celeridade nos julgamentos.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Willian Santos Ferreira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 333.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 370 (juiz; iniciativa probatória), 344 e 345 (revelia), 392 (confissão; direitos
indisponíveis), 429 (prova de falsidade de documento).
BREVES COMENTÁRIOS
Embora prevaleça hoje, em doutrina, a tese de que o ônus da prova funciona objetivamente como
mecanismo ou técnica de julgamento, não se pode deixar de enfocá-lo, também, como norma de
procedimento, que, de certa forma, exerce pressão sobre a atividade das partes, na fase de instrução do
processo. Nesse aspecto de influência subjetiva, a norma informa à parte qual é a sua tarefa a cumprir
com relação aos fatos dependentes de apuração em juízo, para atingir a solução do mérito da causa.
A maior evidência do caráter procedimental da norma definidora da distribuição do ônus
probatório, encontra-se na possibilidade legal conferida ao juiz para dinamizar esse encargo, afastando-o
do sistema estático da lei (art. 373, § 1º). Essa alteração, porém, exige o cumprimento do contraditório e
só pode acontecer mediante decisão judicial fundamentada. Só se justifica, outrossim, com o propósito de
transferir o onus probandi à parte que possua, de fato, melhores condições de cumpri-lo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Francisco Pellegrini, Do ônus da prova – crítica do art. 333 do CPC, Ajuris 16/41; Munir
Karam, Ônus da prova; noções fundamentais, RP 117/50; Ada Pellegrini Grinover, Ônus da prova e
reintegração de posse, RDC 6/101; RBDP 13/13; Adelício Theodoro, Ônus da prova, RT 492/16; Alcides
de Mendonça Lima, Ação negatória de paternidade, RP 18/13; Arruda Alvim, Apontamentos sobre
perícia, RBDP 37/17; RP 23/9; Arruda Alvim et alii, O ônus da prova e o direito intertemporal, RP
4/227; Arruda Alvim et alii, O ônus da prova nas ações declaratórias negativas, RP 4/231; Cândido
Rangel Dinamarco, Ônus de contestar e o efeito da revelia, RP 41/185; Willian Santos Ferreira, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Lucas Buril de Macedo,
Ravi Peixoto, O paradigma racionalista e o momento de modificação do ônus da prova, RBDPro, ano 22,
n. 88, p. 211-227, out.-dez. 2014; Hugo de Brito Machado, Regra geral sobre o ônus da prova no
processo judicial, Revista Dialética de Direito Processual, n. 150, p. 50-56; Marcílio da Silva Ferreira
Filho, O ônus da prova quanto ao destaque válido do patrimônio público-privado nas ações de
usucapião: reflexos do novo e antigo CPC, Revista Dialética de Direito Processual, n. 150, p. 56-70;
José Carlos Van Cleef de Almeida Santos, Novo Código de Processo Civil: principais alterações do
sistema processual civil,São Paulo: Rideel, 2014; Nathaly Campitelli Roque, Novo Código de Processo
Civil: principais alterações do sistema processual civil, São Paulo: Rideel, 2014.
I – notórios;
II – afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III – admitidos no processo como incontroversos;
IV – em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.
CPC/1973
Art. 334.
BREVES COMENTÁRIOS
A regra do art. 374 não é de caráter facultativo. Os fatos neles referidos não devem ser submetidos à
diligência probatória, seja por iniciativa judicial, seja por requerimento da parte. Isto porque o art. 370
impõe ao juiz o dever de somente deferir as provas necessárias, determinando, em consequência, o
indeferimento de toda diligência inútil ao processo.
A respeito dos fatos em cujo favor milite presunção legal de veracidade ou existência, é importante,
no caso de relatividade da presunção, verificar se no processo não há algum elemento que a anule ou
enfraqueça. Estando a verossimilhança comprometida, pode o juiz, de ofício, afastar-se da presunção
para acolher prova em contrário, ou para ordenar diligência esclarecedora por iniciativa própria (art.
370). Essa deliberação judicial, no entanto, não é discricionária e somente se justificará à luz de dados
concretos verificados nos autos, em sentido incompatível com a presunção imposta ex lege.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. I, cap. XII – sobre objeto da prova; Pontes de Miranda,
Comentários ao CPC (1939), v. II, p. 165 e ss. – sobre fatos notórios; Pestana de Aguiar, Comentários
ao CPC, 1977, v. IV, p. 93 e ss. – sobre fatos notórios; Chiovenda, A oralidade e a prova, RF 74/232;
Getúlio Evaristo dos Santos Neto, Fato notório – verdade sabida – ciência privada, RJTJSP 84/25;
Willian Santos Ferreira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
1. Fatos incontroversos. “Fatos incontroversos, nos termos do art. 334, III, do CPC de 1973, são
aqueles afirmados por uma parte e confessados ou admitidos pela outra – mesmo que admitidos pelo
silêncio, isto é, mesmo que não contestados – e, também os fatos notórios” (STF, RE 80.474/PR, Rel. p/
Acórdão Min. Antônio Neder, 1ª Turma, jul. 25.03.80; RT 93/164).
2. Fato notório. “A circunstância de o fato encontrar certa publicidade na imprensa não basta para
tê-lo como notório, de maneira a dispensar a prova. Necessário que seu conhecimento integre o
comumente sabido, ao menos em determinado estrato social por parcela da população a que interesse”
(STJ, REsp 7.555/SP, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, 3ª Turma, jul. 30.04.91, DJU 03.06.91, 7.425).
● Ausência de citação. “A jurisprudência desta Corte Superior consolidou-se no sentido de que é
despicienda a juntada da procuração da parte agravada quando esta ainda não participa da relação
processual (ausência de citação). Precedentes. Igualmente desnecessário que a parte agravante promova a
anexação de certidão expedida por serventia judicial neste sentido, em razão da certeza de sua
inexistência nos autos, na forma do art. 334, inc. IV, do CPC (não se provam fatos em relação aos quais
existe presunção legal de inexistência – no caso concreto, antes do despacho citatório, presume-se
inexistir ‘parte ré’)” (STJ, REsp 1.181.167/ SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, jul.
24.08.2010, DJe 30.09.2010).
● Acidente de trânsito com vítima fatal. “Desnecessidade de comprovação das despesas de
funeral para a obtenção do ressarcimento dos causadores do sinistro, em face da certeza do fato, da
modicidade da verba quando dentro dos parâmetros previstos pela Previdência Social e da
imperiosidade de se dar proteção e respeito à dignidade humana. Precedentes do STJ” (STJ, REsp
625.161/RJ, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, 4ª Turma, jul. 27.11.2007, DJ 17.12.2007).
3. Presunção. Dano moral. “Nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, nos
casos de inscrição indevida no cadastro de inadimplentes, considera-se presumido o dano moral, não
havendo necessidade da prova do prejuízo, desde que comprovado o evento danoso” (STJ, REsp
419.365/ MT, Rel.ª Min.ª Nancy Andrighi, 3ª Turma, jul. 11.11.2002, DJU 09.12.2002, p. 341).
● “A prova do dano se satisfaz, na espécie, com a demonstração do fato externo que o originou e
pela experiência comum. Não há como negar o desconforto e o desgaste físico causados pela demora
imprevista e pelo excessivo retardo na conclusão da viagem” (STJ, REsp 241.813/SP, Rel. Min. Sálvio
de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul. de 23.10.01, DJU 04.02.02, p. 372).
● “Provados o fato e as circunstâncias pessoais do viajante, para o reconhecimento do dano
extrapatrimonial não se exige a prova do desconforto, da dor ou da aflição, que são admitidos através de
um juízo da experiência. Precedente da Quarta Turma” (STJ, REsp 168.976/SP, Rel. Min. Barros
Monteiro, 4ª Turma, DJU 02.12.2002).
● “A inscrição indevida do nome do autor em cadastro negativo de crédito, a par de dispensar a
prova objetiva do dano moral, que se presume, é geradora de responsabilidade civil” (STJ, AgRg no Ag
703.852/MS, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma, jul. 06.04.2006, DJ 07.08.2006).
● “Basta a demonstração de que a vítima tenha passado por situação de transtorno, vexame ou
humilhação para caracterizar-se o dano moral, passível de reparação. Circunstância que prescinde de
prova, pois decorre da experiência comum” (STJ, REsp 576.520/PB, Rel. Min. Barros Monteiro, 4ª
Turma, jul. 20.05.2004, DJ 30.08.2004).
● “A restituição indevida de cheque sem fundos acarreta a responsabilidade de indenizar
razoavelmente o dano moral correspondente, que prescinde da prova de prejuízo (REsp 53.729-MA)”
(STJ, REsp 251.713/BA, Rel. Min. Barros Monteiro, 4ª Turma, jul. 04.10.2001, DJ 11.03.2002).
● Morte de pessoa da família. “É desnecessária a fundamentação do dano moral, na hipótese dos
autos, já que a morte de pessoa da família causa sofrimento, o qual decorre da experiência comum e não
há nos autos prova contrária à assertiva” (STJ, REsp 214.838/RR, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins,
2ª Turma, jul. 27.11.2001, DJ 11.03.2002).
● “Injustificável o não reconhecimento, aos filhos do de cujus, do direito à indenização por dano
moral, eis que patente a dor e sofrimento por eles padecidos em face da morte de seu genitor, vítima de
atropelamento por ônibus da empresa transportadora ré” (STJ, REsp 256.327/PR, Rel. Min. Aldir
Passarinho Junior, 4ª Turma, jul. 21.06.2001, DJ 04.03.2002).
● Parente próximo. Desnecessidade de prova de dependência econômica. “É possível reparação
moral por morte de parente próximo independentemente de prova de dependência econômica. Os
parentes próximos do falecido podem cumular pedidos de indenização por dano material e moral
decorrentes da morte” (STJ, REsp 331.333/MG, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 3ª Turma, jul.
14.02.2006, DJ 13.03.2006).
● “O sofrimento pela morte de parente é disseminado pelo núcleo familiar, como em força
centrífuga, atingindo cada um dos membros, em gradações diversas, o que deve ser levado em conta pelo
magistrado para fins de arbitramento do valor da reparação do dano moral” (STJ, REsp 1.101.213/RJ,
Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, jul. 02.04.2009, DJe 27.04.2009). No mesmo sentido: STJ, REsp
1.121.800/RR, Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, jul. 18.11.2010, DJe 01.12.2010.
● Atraso de voo. “De igual forma, subsiste orientação da E. Segunda Seção, na linha de que ‘a
ocorrência de problema técnico é fato previsível, não caracterizando hipótese de caso fortuito ou de
força maior’, de modo que “cabe indenização a título de dano moral pelo atraso de voo e extravio de
bagagem. O dano decorre da demora, desconforto, aflição e dos transtornos suportados pelo passageiro,
não se exigindo prova de tais fatores’ (Ag. Reg. No Agravo n. 442.487-RJ, Rel. Min. Humberto Gomes
de Barros, DJ de 09.10.2006)” (STJ, REsp 612.817/MA, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, 4ª Turma,
jul. 20.09.2007, DJ 08.10.2007).
● “É cabível o pagamento de indenização por danos morais a passageiro que, por causa de
overbooking, só consegue embarcar no dia seguinte à data designada, tendo em vista a situação de
indiscutível constrangimento e aflição a que foi submetido, decorrendo o prejuízo, em casos que tais, da
prova do atraso em si e da experiência comum” (STJ, REsp 521.043/RJ, Rel. Min. Castro Filho, 3ª
Turma, jul. 26.06.2003, DJ 12.08.2003).
● “A apresentação do cheque pré-datado antes do prazo estipulado gera o dever de indenizar,
presente, como no caso, a devolução do título por ausência de provisão de fundos” (STJ, REsp
707.272/PB, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, jul. 03.03.2005, DJ 21.03.2005).
● Pessoa jurídica. “Na concepção moderna da reparação do dano moral prevalece a orientação de
que a responsabilização do agente se opera por força do simples fato da violação, de modo a tornar-se
desnecessária a prova do prejuízo em concreto” (STJ, REsp 173.124/RS, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha,
4ª Turma, jul. 11.09.2001, DJ 19.11.2001, p. 277).
● “A inscrição indevida do nome da pessoa jurídica em cadastros de inadimplentes gera o direito à
indenização por danos morais, sendo desnecessária a comprovação dos prejuízos suportados, pois são
óbvios os efeitos nocivos da negativação perante o meio social e financeiro” (STJ, AgRg no Ag
777.185/DF, Rel. Min. Fernando Gonçalves, 4ª Turma, jul. 16.10.2007, DJ 29.10.2007).
4. (Inciso II). “A regra do art. 334, II, do CPC não exclui o princípio da livre e fundamentada
apreciação das provas pelo juiz.- não cabe a reapreciação delas em recurso extraordinário” (STF, AI
62.631 AgR, Rel. Min. Rodrigues Alckmin, 1ª Turma, jul. 03.06.1975, DJ 08.07.1975).
5. Confissão. Não vinculação do juízo. “Ausência de violação do art. 334 do CPC, porquanto a
confissão não vincula o Juízo, que, em razão do princípio do livre convencimento motivado (art. 131 do
CPC), dar-lhe-á o peso que entender adequado” (STJ, REsp 1145.728/MG, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, Rel. p/ Acórdão Min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, jul. 28.06.2011, DJe 08.09.2011).
6. (Inciso IV). “(...) conforme o art. 334, incs. I e IV, independem de prova os fatos notórios e
aqueles em razão dos quais militam presunções legais ou de veracidade.
Art. 375. O juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do
que ordinariamente acontece e, ainda, as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a estas,
o exame pericial.
CPC/1973
Art. 335.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 371 (princípio da livre convicção do juiz na apreciação da prova).
BREVES COMENTÁRIOS
A propósito do disposto no art. 375, há de se ter em conta que as máximas de experiência não se
confundem com o conhecimento pessoal do juiz sobre algum fato concreto. Esse testemunho particular o
juiz não pode utilizar na sentença, porque obtido sem passar pelo crivo do contraditório e porque quebra
a imparcialidade resguardada pelo princípio dispositivo. As máximas de experiência não se ressentem
dessas impropriedades, uma vez que não decorrem de ciência privada do juiz acerca de fatos concretos.
Representam, na verdade, percepções em abstrato do que ordinariamente acontece. Integram a “cultura
média da sociedade”, isto é, a “cultura do homem médio”, formando um verdadeiro “patrimônio comum
de uma coletividade”. Por isso que, sendo noções conhecidas e indiscutíveis, podem ser utilizadas sem
depender de prova e sem violação da imparcialidade do juiz e do contraditório. As máximas de
experiência podem formar-se a partir tanto da experiência comum (empírica) como da experiência
técnica (científica). Mas, em qualquer caso, deverão cair no domínio público, isto é, no conhecimento
geral do homem médio da coletividade.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Elício de Cresci Sobrinho, O juiz e as máximas de experiência, RF, 296/430; José Carlos Barbosa
Moreira, Regras de experiência e conceitos juridicamente indeterminados, RF 261/13; Carlos Roberto
Gonçalves, Análise da LICC: função no ordenamento jurídico e em especial no processo civil, RP 37/85;
Luiz Guilherme Marinoni, Regras de experiência, Gênesis: Revista de Direito Processual Civil 41/127;
Willian Santos Ferreira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 376. A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário
provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz determinar.
CPC/1973
Art. 337.
BREVES COMENTÁRIOS
Para a lei processual, os meios legais de prova e os moralmente legítimos são empregados no
processo “para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa” (art. 369). São, pois, os
fatos litigiosos o objeto da prova. O direito, em regra, não se prova, máxime quando se trata da ordem
jurídica federal. O direito local, estrangeiro ou costumeiro nem sempre é suficientemente divulgado,
entre nós. Daí a possibilidade de o juiz ordenar à parte que o alegar fazer a prova de seu teor e de sua
vigência, quando entender necessário.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Cezar Ramos Pereira, A prova do direito estrangeiro e sua aplicabilidade, RP 39/276; Antônio
Carlos de Araújo Cintra, Prova do direito estrangeiro, RT 485/16; Willian Santos Ferreira, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 377. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto suspenderão o julgamento da
causa no caso previsto no art. 313, inciso V, alínea “b”, quando, tendo sido requeridos antes da
decisão de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindível.
Parágrafo único. A carta precatória e a carta rogatória não devolvidas no prazo ou concedidas
sem efeito suspensivo poderão ser juntadas aos autos a qualquer momento.
CPC/1973
Art. 338.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 260 a 268 (cartas), 313, V, b (suspensão do processo; sentença de mérito pendente de
cumprimento de carta), 357 (saneamento do processo).
BREVES COMENTÁRIOS
Diligências fora do juízo da causa, não explicadas ou mal explicadas pela parte, ficarão a cargo do
requerente, sem comprometer o desenvolvimento normal do processo. Somente as que, à evidência,
forem relevantes serão dotadas de força suspensiva.
Mesmo quando se confere efeito suspensivo à carta precatória ou rogatória, deve o juiz fixar o prazo
dentro do qual a parte interessada haverá de promover o cumprimento da diligência. Mas quando a carta
retornar após o prazo assinado pelo juiz, ou quando for expedida sem efeito suspensivo, deverá, ainda
assim, ser juntada aos autos, “a qualquer momento”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova Judiciária, v. I, cap. XIV – sobre prova por precatória ou rogatória;
Pestana de Aguiar, Comentários ao CPC, v. IV, p. 114 e ss. – prova por precatória ou rogatória;
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, 2007, v. I; Humberto Theodoro
Júnior, As novas reformas do Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense; Willian Santos
Ferreira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o
descobrimento da verdade.
CPC/1973
Art. 339.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 438, I (requisição de certidão a repartição pública).
BREVES COMENTÁRIOS
A realização da justiça é um dos objetivos primaciais do Estado moderno. O poder de promovê-la
inscreve-se entre os atributos da soberania. Acima dos interesses particulares das partes, há um interesse
superior, de ordem pública, na justa composição da lide e na prevalência da vontade concreta da lei,
como desígnios indissociáveis do ideal da manutenção da paz social e do império da ordem jurídica. É
por esta razão que a autoridade do juiz é reforçada pelos Códigos atuais, naquilo que se refere à pesquisa
da verdade real. E para todo o cidadão surge, como um princípio de direito público, o dever de
colaborar com o Poder Judiciário na busca da verdade. Trata-se de uma sujeição que atinge não apenas
as partes, mas todos que tenham entrado em contato com os fatos relevantes para a solução do litígio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Willian Santos Ferreira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 379. Preservado o direito de não produzir prova contra si própria, incumbe à parte:
CPC/1973
Art. 340.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, II.
NCPC, arts. 385 a 388 (depoimento pessoal), 481 a 484 (inspeção judicial).
BREVES COMENTÁRIOS
Os deveres gerais das partes, enunciados no art. 77, resumem-se ao compromisso com a lealdade e
a veracidade. No campo da prova, o art. 379 detalha deveres que representam a forma prática de
cooperação obrigatória do litigante na revelação da verdade em torno dos fatos básicos do litígio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Willian Santos Ferreira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 341.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, XIV.
NCPC, arts. 396 a 404 (exibição de documento ou coisa).
LC nº 105, de 10 de janeiro de 2001 (sigilo bancário).
BREVES COMENTÁRIOS
O dever dos terceiros de colaborar com a Justiça no descobrimento da verdade, que se acha
detalhado no art. 380, é limitado pelo sigilo profissional e pela inviolabilidade da intimidade, da honra,
da vida privada, que encontram defesa na legislação civil e penal, configurando garantias fundamentais
asseguradas pela Constituição (art. 5º, X). As informações do item I são tomadas através de depoimentos
testemunhais e ainda através de correspondência, quando o juiz requisita dados, como nos casos de
salários do devedor em ação de alimentos, e outras situações análogas. As próprias repartições públicas
não se excluem desse dever de informar, o mesmo ocorrendo com as pessoas jurídicas de direito
privado, como os estabelecimentos bancários, companhias de seguro etc. Sobre a exibição de documento
ou coisa, há um incidente apropriado, que se regula pelos arts. 396 a 404.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Álvaro Mello Filho, Dimensões jurídicas do sigilo bancário, RF 287/466; RTFR 145/1; Antônio
Carlos Mendes, Segredo médico, RDP 78/94; Carlos Alberto Hagstrom, O sigilo bancário e o poder
público, RDM 79/34; Hermenegildo de Souza Rêgo, Dever de sigilo e escusa de depor, RP 33/210;
Willian Santos Ferreira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção II
Da Produção Antecipada da Prova
Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que:
I – haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de
certos fatos na pendência da ação;
II – a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio
adequado de solução de conflito;
III – o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação.
§ 1º O arrolamento de bens observará o disposto nesta Seção quando tiver por finalidade
apenas a realização de documentação e não a prática de atos de apreensão.
§ 2º A produção antecipada da prova é da competência do juízo do foro onde esta deva ser
produzida ou do foro de domicílio do réu.
§ 3º A produção antecipada da prova não previne a competência do juízo para a ação que
venha a ser proposta.
§ 4º O juízo estadual tem competência para produção antecipada de prova requerida em face
da União, de entidade autárquica ou de empresa pública federal se, na localidade, não houver vara
federal.
§ 5º Aplica-se o disposto nesta Seção àquele que pretender justificar a existência de algum fato
ou relação jurídica para simples documento e sem caráter contencioso, que exporá, em petição
circunstanciada, a sua intenção.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 139 a 388 (depoimento pessoal), 442 a 463 (inquirição de testemunhas), 464 a 480
(exame pericial).
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 154: “Simples vistoria não interrompe a prescrição”.
BREVES COMENTÁRIOS
O direito positivo anterior cuidava da prova antecipada sempre tendo em vista sua utilização em
processo futuro e, por isso, regulava o instituto a partir do fundamento de que a antecipação se
justificaria pelo risco ou dificuldade da respectiva produção na fase adequada do procedimento normal.
Havia, no entanto, construção doutrinária que defendia a existência de um direito autônomo à prova,
exercitável, em determinadas circunstâncias, sem cogitar de qualquer futuro processo. O novo Código
adere a esse posicionamento, regulando, sob a denominação de “produção antecipada de prova”, casos
em que se combate o risco de prejuízo para a instrução de processo atual ou iminente e, também, casos
em que a parte age em busca de conhecimento de fatos que possam esclarecer sobre a conveniência de
não demandar ou de obter composição extrajudicial para controvérsias (NCPC, art. 381, II e III).
A produção antecipada de prova, permitida pelo NCPC, tem cabimento qualquer que seja a natureza
da demanda visada – que pode ser contenciosa, ou mesmo de jurisdição voluntária – e tanto pode ser
manejada por quem pretenda agir como por quem queira defender-se, como ainda por quem apenas
queira certificar a ocorrência de determinado fato, documentando-a judicialmente. Sua admissibilidade,
porém, não fica subordinada ao alvedrio do promovente. É essencial que esteja presente a necessidade
de antecipar-se a prova para alguns dos objetivos traçados pelo art. 381 do NCPC, ou seja:
(a) para evitar a impossibilidade de sua realização futura (inciso I);
(b) para viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito (inciso II); ou
(c) para conhecimento prévio dos fatos que possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação (inciso
III).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC (1973), tomo XII, p. 267 – “não há dúvida que se procede
antecipadamente, por cautela, mas o depoimento aí, já é parte da instrução (art. 410, I e III); o que não se
dá quanto ao depoimento ad perpetuam rei memoriam”;. Flávio Luiz Yarshell, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 848.
BREVES COMENTÁRIOS
É essencial que se demonstre a necessidade de se produzir antecipadamente certa prova, seja em
razão do perigo de se tornar impossível ou muito difícil sua produção, seja para evitar futuro litígio ou
para auxiliar na autocomposição.
Recebida a petição, o juiz determinará, de ofício ou a requerimento, a citação de interessados na
produção da prova ou no fato a ser provado, salvo se inexistir caráter contencioso (art. 382, § 1º).
Em se tratando de prova oral, o juiz ao despachar a petição simplesmente designará audiência para
inquirição da testemunha ou interrogatório da parte. A testemunha será intimada e a parte contrária citada.
Se a prova a antecipar for pericial, o procedimento terá de adaptar-se ao disposto nos arts. 464 a
480. O promovente deverá formular seus quesitos e indicar seu assistente técnico na própria petição, bem
como pedir a citação da parte contrária para acompanhar a perícia.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Gil Trotta Telles, Contestação em produção antecipada de provas, Ajuris 23/158; Humberto
Theodoro Jr., Comentários ao CPC, v. V,– a contestação do promovido deve versar sobre ilegitimidade
de parte, falta de requisito legal da medida etc., e versará, ainda, sobre a necessidade ou não da medida
e sobre o conteúdo das provas a serem colhidas; Cláudio Vianna de Lima, O processo cautelar no novo
CPC, RF 246/109; Flávio Luiz Yarshell. In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 383. Os autos permanecerão em cartório durante 1 (um) mês para extração de cópias e
certidões pelos interessados.
Parágrafo único. Findo o prazo, os autos serão entregues ao promovente da medida.
CPC/1973
Art. 383.
BREVES COMENTÁRIOS
A sentença que o juiz profere nas ações de antecipação de prova é apenas homologatória, isto é,
refere-se apenas ao reconhecimento da eficácia dos elementos coligidos, para produzir efeitos inerentes à
condição de prova judicial. Após a sentença homologatória, os autos da antecipação de prova
permanecem em Cartório durante um mês para extração de cópias e certidões, findo este prazo, os autos
serão entregues ao promovente da medida.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Flávio Luiz Yarshell, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção III
Da Ata Notarial
Art. 384. A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou
documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos
poderão constar da ata notarial.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 8.935/1994, arts. 1º e 3º.
BREVES COMENTÁRIOS
A ata notarial foi incluída pelo novo CPC como meio de prova, no art. 384. Entende-se por serviço
notarial e de registro os de organização técnica e administrativa, destinados a garantir a publicidade, a
autenticidade, a segurança e a eficácia dos atos jurídicos (art. 1º da Lei nº 8.935/1994).
A atividade notarial e de registro é exercida pelo tabelião ou notário, profissional do direito, dotado
de fé pública (art. 3º da Lei nº 8.935/1994), que atua como delegatário do Poder Público, por meio de
concurso público. Uma vez que a lei não define o que é a ata notarial, a doutrina a conceitua como “o
testemunho oficial de fatos narrados pelo notário no exercício de sua competência em razão de seu
ofício”, ou, ainda, como o “documento em que foram narrados os fatos presenciados pelo tabelião”
(CHAVES, Carlos Fernando Brasil; REZENDE, Afonso Celso F. Tabelionato de notas e o notário
perfeito. 5. ed. Campinas: Millennium, 2010, p. 172).
Importante ressaltar que o notário não dá autenticidade ao fato, apenas o relata com autenticidade.
Assim, a ata notarial não se confunde com a escritura pública. Enquanto esta se destina a provar negócios
jurídicos e declarações de vontade, aquela simplesmente descreve, a requerimento do interessado, fatos
constatados presencialmente pelo tabelião. A ata notarial, de tal forma, atesta ou documenta a existência e
o modo de existir de algum fato (art. 384, caput), além de poder preservar a memória do registro
eletrônico, na medida em que também pode reproduzir dados representados por imagem ou som gravados
em arquivos eletrônicos (art. 384, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Carlos Fernando Brasil Chaves, Afonso Celso F. Rezende, Tabelionato de notas e o notário
perfeito, 5ª ed., Campinas: Millennium, 2010; Juliana de Oliveira Xavier Ribeiro, Direito notarial e
registral, Rio de Janeiro: Elsevier, 2008; Narciso Orlandi Neto, Ata notarial e a retificação no registro
imobiliário, In: Leonardo Brandelli (coord.), Ata notarial, Porto Alegre: Instituto de Registro Imobiliário
do Brasil: S/A, 2004, p. 156; Rodrigo Barioni, Os limites da ata notarial como meio de prova em juízo,
In: Olavo de Oliveira Neto, Elias Marques de Medeiros Neto; Ricardo Augusto de Castro Lopes
(coords.), A prova no direito processual civil: estudos em homenagem ao professor João Batista Lopes,
São Paulo: Verbatim, 2013; William Santos Ferreira, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier
Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Seção IV
Do Depoimento Pessoal
Art. 385. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte, a fim de que esta seja
interrogada na audiência de instrução e julgamento, sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de
ofício.
§ 1º Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de
confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena.
§ 2º É vedado a quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte.
§ 3º O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária
diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro
recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, o que poderá ocorrer,
inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.
CPC/1973
Art. 343.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 379, I (dever de comparecer em juízo e responder ao que lhe for perguntado); 388
(dispensa a parte do ônus de depor); 389 a 395 (confissão).
BREVES COMENTÁRIOS
A finalidade desse meio de prova é dupla: provocar a confissão da parte e esclarecer fatos
discutidos na causa. O momento processual da ouvida do depoimento pessoal é a audiência de instrução
e julgamento (art. 385).
A pena de confissão, imposta à parte convocada a prestar depoimento pessoal, conduz a uma
presunção relativa, que pode não prevalecer diante do conjunto probatório dos autos (STJ, AI 43.984-
4/RJ, 4ª Turma, DJU 28.03.1994, p. 6.331).
Se o depoente residir fora da comarca onde corre o feito, poderá ser ouvido através de carta
precatória ou rogatória. Mas o novo Código inovou, ao permitir que a oitiva seja feita por meio de
videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, podendo
dar-se, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento (art. 385, § 3º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, São Paulo: Max Limonad, v. II, n. 127 – teorias acerca do
silêncio na confissão; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro:
Forense, v. I, n. 429; Heronides João de Andrade, A pena de confissão. Inteligência do novo CPC,
Revista Brasileira de Direito Processual 13/21; João Batista Lopes, A prova no direito processual civil,
São Paulo: Revista dos Tribunais; Sérgio Novais Dias, Momento processual para a declaração da
confissão ficta da parte ausente a audiência, Ciência Jurídica 67/254; Gisele Fernandes Góes, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 386. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for
perguntado ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e os elementos de
prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor.
CPC/1973
Art. 345.
BREVES COMENTÁRIOS
A recusa de depor e a resposta evasiva equivalem-se, sujeitando a parte à pena de confesso, de
maneira igual. Diante dessa situação, se tais fatos forem suficientes para o acolhimento do pedido do
autor, o juiz poderá dispensar as demais provas e passar ao julgamento da causa, observado, porém, o
debate oral, se a falta de depoimento pessoal ocorrer em audiência.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova Judiciária, v. II, n. 131 – sobre respostas com emprego de evasivas;
Gisele Fernandes Góes, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 387. A parte responderá pessoalmente sobre os fatos articulados, não podendo servir-se
de escritos anteriormente preparados, permitindo-lhe o juiz, todavia, a consulta a notas breves,
desde que objetivem completar esclarecimentos.
CPC/1973
Art. 346.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Câmara Leal, Depoimento pessoal, n. 38; Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. II, n. 155 –
sobre consulta a notas; Gisele Fernandes Góes, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 347.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CP, art. 154 (violação de segredo profissional).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. II, n. 115 – sobre fatos criminosos ou torpes; Orlando
Soares, Comentários ao CPC, v. I, p. 663/4; Ives Gandra da Silva Martins, Sigilo de dados que devem as
autoridades manter sob risco de responsabilidade civil, RF 336/197; Gisele Fernandes Góes, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção V
Da Confissão
Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato
contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.
CPC/1973
Art. 348.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 105 (procuração geral para o foro).
BREVES COMENTÁRIOS
Confissão, segundo clássica lição de João Monteiro (Programa do curso de processo civil, 3ª ed.,
v. II, § 144, p. 190), é a declaração, judicial ou extrajudicial, provocada ou espontânea, em que um dos
litigantes, capaz e com ânimo de se obrigar, faz da verdade, integral ou parcial, dos fatos alegados pela
parte contrária, como fundamentais da ação ou da defesa. Não se trata de reconhecer a justiça ou injustiça
da pretensão da parte contrária, mas apenas de reconhecer a veracidade do fato por ela arrolado. Dessa
forma, a confissão não pode ser confundida com a figura do reconhecimento da procedência do pedido,
que, segundo o art. 487, III, a, do NCPC, é causa de extinção do processo, com resolução de mérito. É a
confissão apenas um meio de prova, que, como os demais, se presta a formar a convicção do julgador em
torno dos fatos controvertidos na causa. Pode muito bem ocorrer confissão, e a ação ser julgada, mesmo
assim, em favor do confitente. Basta que o fato confessado não seja causa suficiente, por si só, para
justificar o acolhimento do pedido.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, v. IV, n. 88/9; Humberto Theodoro Júnior, Curso de
direito processual civil, v. I, n. 435; Gisele Fernandes Góes, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
§ 1º A confissão espontânea pode ser feita pela própria parte ou por representante com poder
especial.
§ 2º A confissão provocada constará do termo de depoimento pessoal.
CPC/1973
Art. 349.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 105 (procuração geral para o foro).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, v. IV, n. 88/9; Humberto Theodoro Júnior, Curso de
direito processual civil, v. I, n. 435; Gisele Fernandes Góes, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os
litisconsortes.
Parágrafo único. Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos reais sobre imóveis
alheios, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de
casamento for o de separação absoluta de bens.
CPC/1973
Art. 391.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 128, III (denunciação da lide; confissão) e 374, II (dispensabilidade da prova por
motivo de confissão da parte contrária).
BREVES COMENTÁRIOS
A confissão costuma ser chamada de rainha das provas, pela maior força da convicção que gera no
espírito do juiz. Seus principais efeitos, segundo clássica doutrina, são:
a) fazer prova plena contra o confitente;
b) suprir, em regra, eventuais defeitos formais do processo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. II, n. 167 e ss.; João Monteiro, Programa do curso de
processo civil, v. II, § 153, p. 210 – efeitos da confissão; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito
processual civil, v. I; Gisele Fernandes Góes, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 392. Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos
indisponíveis.
§ 1º A confissão será ineficaz se feita por quem não for capaz de dispor do direito a que se
referem os fatos confessados.
§ 2º A confissão feita por um representante somente é eficaz nos limites em que este pode
vincular o representado.
CPC/1973
Art. 351.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 373, § 3º (ônus da prova; direitos indisponíveis).
CC, arts. 138 a 142.
CF, art. 127 (tutela pelo MP).
BREVES COMENTÁRIOS
A doutrina costuma arrolar os seguintes requisitos para a eficácia da confissão:
I) capacidade plena do confitente; os representantes legais de incapazes nunca podem confessar por
eles;
II) inexigibilidade de forma especial para a validade do ato jurídico confessado (não se pode
confessar um casamento sem demonstrar que ele se realizou com as solenidades legais; ou a aquisição da
propriedade imobiliária sem a transcrição no Registro de Imóveis);
III) disponibilidade do direito relacionado com o fato confessado (art. 392, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Gisele Fernandes Góes, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 393. A confissão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de
coação.
Parágrafo único. A legitimidade para a ação prevista no caput é exclusiva do confitente e pode
ser transferida a seus herdeiros se ele falecer após a propositura.
CPC/1973
Art. 352.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 145 a 155.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código corrigiu a impropriedade de linguagem da lei anterior que falava em “revogar” a
confissão quando, em verdade, tratava-se de caso de anulação, já que se trata de desconstituir ato
contaminado por vício de consentimento. O Código Civil, ao tratar do mesmo tema, também corrigiu o
equívoco terminológico. Seu art. 214 dispõe, com mais precisão que, quando decorre de erro de fato ou
de coação, a confissão “pode ser anulada”. Para furtar-se aos efeitos da confissão assim viciada, o
confitente terá de ajuizar ação de anulação, cuja legitimidade é apenas do próprio confitente. Mas se,
depois de iniciada a causa, vier a falecer o autor, seus herdeiros poderão dar-lhe prosseguimento (art.
393, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Gisele Fernandes Góes, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 394. A confissão extrajudicial, quando feita oralmente, só terá eficácia nos casos em que a
lei não exija prova literal.
CPC/1973
Art. 353.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 108 e 215.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Roberto Silvestre Bento, Eficácia da confissão extrajudicial, RCDUFU 19/65; João Baptista
Cordeiro Guerra, O valor probante das confissões extrajudiciais, RF 285/1; Humberto Theodoro Júnior,
Curso de direito processual civil, v. I; Gisele Fernandes Góes, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 395. A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como
prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á
quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de direito
material ou de reconvenção.
CPC/1973
Art. 354.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 343 (reconvenção), 412, parágrafo único (documento particular; indivisibilidade), 419
(indivisibilidade da escrituração contábil).
BREVES COMENTÁRIOS
Convém observar que a regra da indivisibilidade da confissão só é absoluta quando seja esta o
único meio de prova para basear a sentença. Quando o juiz dispõe de outros elementos para fundar seu
convencimento, pode cotejar trechos da confissão com outras provas, para aproveitar apenas aquilo que
estiver em harmonia com o conjunto dos elementos de convencimento. Não há hierarquia de valor
probante da confissão que impeça a aplicação da regra fundamental do art. 371. Destarte, prevalece,
ainda hoje, o ensinamento de João Monteiro, firmado ao abrigo do art. 156 do Regulamento nº 737, de
1850, no sentido de que “a confissão é indivisível para não ser aceita em parte, e rejeitada em parte, se
outra prova não houver”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I; Orlando Soares, Comentários ao
CPC, v. I, p. 671; Gisele Fernandes Góes, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Seção VI
Da Exibição de Documento ou Coisa
Art. 396. O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se encontre em seu
poder.
CPC/1973
Art. 355.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 420 (exibição integral de livros empresariais e de documentos de arquivo), 421
(exibição parcial dos livros e documentos).
SÚMULAS
Súmula do STJ
nº 372: “Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória”.
(Entendimento prejudicado com a previsão do art. 400, parágrafo único, do NCPC).
BREVES COMENTÁRIOS
Ao processo de conhecimento pertence a exibição apenas como incidente da fase probatória. Pode
provocá-lo o juiz, de ofício ou a requerimento de uma das partes, ou de interveniente no processo. A
medida não é arbitrária, de modo que o requerente há de demonstrar interesse jurídico na exibição, e o
juiz só poderá denegá-la se concluir que o documento ou coisa visada pelo requerente não guarda
conexão com o objeto da lide ou não terá nenhuma influência no julgamento da causa.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcos Afonso Borges, Ação exibitória, RBDP, 23/85; Carlos Alberto Dabus Maluf, Exibição de
documento ou coisa, RF 302/261; Ernane Fidélis dos Santos, Aspectos da exibição preparatória de
coisa e documento, RP, 52/71; Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. IV, n. 227 – partes no
processo exibitório; J. C. Barbosa Moreira, O novo processo civil brasileiro, § 8º, n. III; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 439; Betti, Diritto processuale civile, 2ª ed.,
p. 355; Humberto Theodoro Júnior, Exibição de documentos ou coisa, RDDP 52/90; Pedro Roberto
Decomai, Exibição de documento ou coisa, Revista Dialética de Direito Processual 100/88; Kátia
Aparecida Mangone, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 356.
BREVES COMENTÁRIOS
Se a parte não descrever, pormenorizadamente, o fato a ser provado com o documento ou coisa a
exibir, inaplicável será a presunção do art. 400.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, v. IV, n. 108/111; Kátia Aparecida Mangone, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 398. O requerido dará sua resposta nos 5 (cinco) dias subsequentes à sua intimação.
Parágrafo único. Se o requerido afirmar que não possui o documento ou a coisa, o juiz
permitirá que o requerente prove, por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade.
CPC/2015
Art. 357.
BREVES COMENTÁRIOS
Deferido o pedido exibitório, a parte contrária será intimada na pessoa de seu advogado, pois a lei
não exige que o demandado o seja pessoalmente, e terá cinco dias para responder.
Quando o promovido nega possuir o documento ou a coisa, caberá ao promovente o ônus de provar,
por qualquer meio, que a declaração não corresponde à verdade, e a solução do incidente ficará na
dependência dessa prova. Além disso, o ônus de provar a posse do documento ou coisa pelo terceiro é
da parte promovente (art. 398, parágrafo único, por analogia).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. IV, n. 251 e 254 – do procedimento da exibitória contra
a parte e da resposta e sua fundamentação; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil,
v. I, n. 422; Kátia Aparecida Mangone, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 358.
SÚMULAS
Súmulas do STF
nº 260: “O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado às transações entre os
litigantes”.
nº 390: “A exibição judicial de livros comerciais pode ser requerida como medida preventiva”.
BREVES COMENTÁRIOS
Promovida entre partes do processo, a exibição funciona, de certa maneira, como quebra do sistema
normal de distinção do ônus da prova (art. 373). Estando em situação em que a lei a considera
obrigatória, o litigante não tem a liberdade de recusar ao fornecimento do meio da prova reclamado pelo
adversário (art. 399). Se resistir ao comando do juiz, suportará a sanção legal de ter presumido como
verdadeiro o fato que o adversário pretendia comprovar por meio da exibição, além de ser permitida ao
juiz, quando necessário, a adoção de medidas coercitivas, mandamentais, ou sub-rogatórias para que o
documento seja exibido. Com isto, aquele que tinha, normalmente, o ônus da prova ficará dele
desonerado (art. 400, II), graças a uma presunção legal extraída da recusa injusta do possuidor do
documento.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Lopes da Costa, Direito processual civil brasileiro, 1946, v. II, n. 357 – sobre documento comum;
Kátia Aparecida Mangone, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 400. Ao decidir o pedido, o juiz admi-tirá como verdadeiros os fatos que, por meio do
documento ou da coisa, a parte pretendia provar se:
I – o requerido não efetuar a exibição nem fizer nenhuma declaração no prazo do art. 398;
II – a recusa for havida por ilegítima.
Parágrafo único. Sendo necessário, o juiz pode adotar medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido.
CPC/1973
Art. 359.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 398 (exibição de documento ou coisa; prazo para resposta).
BREVES COMENTÁRIOS
Se houve alegação de inexistência da obrigação de exibir, o juiz examinará a procedência ou não
dos argumentos e, se julgá-los injustos, aplicará à parte que se escusou a sanção do art. 400, II, isto é,
admitirá a veracidade dos fatos a cuja prova se destinava o documento ou coisa.
O novo Código inovou ao permitir que o juiz, se necessário for, adote medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido (art. 400, parágrafo
único). Com essa previsão, o NCPC afasta o entendimento da Súmula nº 372 do STJ, que impedia a
imposição de multa à parte que descumprisse a ordem exibitória. A penalidade, todavia, não excluirá a
presunção de veracidade do caput do art. 400, se for o caso.
Não cabe a presunção se a exibição é requerida, cautelarmente, sem que a parte saiba o que de fato
contém o documento, mas apenas como investigação de evento relevante para defesa eventual de seus
interesses. O art. 400 pressupõe a afirmação, pelo requerente, de fato certo, a ser demonstrado com o
documento em poder do requerido.
A decisão que aplica à parte a presunção do art. 400 é interlocutória, desafiando agravo. Se a
matéria for mencionada na própria sentença da causa, será atacável na apelação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Kátia Aparecida Mangone, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 401. Quando o documento ou a coisa estiver em poder de terceiro, o juiz ordenará sua
citação para responder no prazo de 15 (quinze) dias.
CPC/1973
Art. 360.
BREVES COMENTÁRIOS
A medida em relação a terceiro deve ser processada em apenso aos autos principais e será objeto
de decisão interlocutória, que desafiará agravo de instrumento (art. 1.015, VI).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. IV, n. 241 – ação exibitória contra terceiro; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 443; Pontes de Miranda, Comentários ao
CPC, tomo IV – sobre a necessidade da exibição por terceiros de livros mercantis; Kátia Aparecida
Mangone, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 402. Se o terceiro negar a obrigação de exibir ou a posse do documento ou da coisa, o juiz
designará audiência especial, tomando-lhe o depoimento, bem como o das partes e, se necessário, o
de testemunhas, e em seguida proferirá decisão.
CPC/1973
Art. 361.
BREVES COMENTÁRIOS
O pedido de exibição, quando formulado contra quem não é parte no processo principal, provoca a
instauração de um novo processo, em que são partes o pretendente à exibição e o possuidor do
documento ou coisa. Estabelece-se, pois, uma relação processual paralela, com partes diferentes, tendo
também por objeto uma lide diferente, girando em torno da existência do documento ou coisa procurada e
do dever de exibir. Esse feito incidental, para evitar tumulto no andamento da ação, deverá ser
processado em autos próprios, em apenso aos principais, e será julgado por decisão interlocutória, como
dispõe o art. 402, da qual caberá agravo de instrumento (art. 1.015, VI).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
J. C. Barbosa Moreira, O novo processo civil brasileiro, § 8º, n. III, 2; Orlando Soares,
Comentários ao CPC, v. I, p. 6/9; Kátia Aparecida Mangone, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 403. Se o terceiro, sem justo motivo, se recusar a efetuar a exibição, o juiz ordenar-lhe-á
que proceda ao respectivo depósito em cartório ou em outro lugar designado, no prazo de 5 (cinco)
dias, impondo ao requerente que o ressarça pelas despesas que tiver.
Parágrafo único. Se o terceiro descumprir a ordem, o juiz expedirá mandado de apreensão,
requisitando, se necessário, força policial, sem prejuízo da responsabilidade por crime de
desobediência, pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-
rogatórias necessárias para assegurar a efetivação da decisão.
CPC/1973
Art. 362.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CP, art. 330 (desobediência).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
nº 372: “Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória”
(Entendimento prejudicado com a previsão dos arts. 400, parágrafo único, e 403, parágrafo único,
do NCPC).
BREVES COMENTÁRIOS
Para o terceiro a consequência da não exibição é a execução coativa por meio da apreensão judicial
do referido objeto, “sem prejuízo” – ainda – “da responsabilidade por crime de desobediência,
pagamento de multa e outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
para assegurar a efetivação da decisão” (art. 403, parágrafo único). Se, finalmente, o promovido destruir
a coisa ou documento que deveria exibir, ficará, além disso, responsável civilmente pelas perdas e danos
que acarretar ao promovente, as quais poderão ser demandadas em ação comum de indenização.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Kátia Aparecida Mangone, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 404. A parte e o terceiro se escusam de exibir, em juízo, o documento ou a coisa se:
CPC/1973
Art. 363.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, X: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Código de Ética e Disciplina da OAB (ver Legislação Especial), de 13.02.1995, arts. 25 e 26.
BREVES COMENTÁRIOS
A propósito do sigilo profissional, convém ressaltar que essa escusação não pode ser vista como
obstáculo absoluto à investigação judicial. Assim, v.g., o Código de Ética Médica prevê o impedimento
do médico de “revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo
por justa causa, dever legal ou autorização do paciente” (art. 102). Isto quer dizer que, por interesse
público, o juiz pode ordenar a quebra do sigilo, e o médico, ou outro profissional acobertado por igual
dever de sigilo, terá de exibir o conteúdo de seus assentos. Caberá ao juiz, diante da natureza do
processo e da relevância do direito em litígio, definir a presença, ou não, do interesse de ordem pública,
para concluir, pela ocorrência, ou não, da justa causa para ruptura do sigilo profissional.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao Código de Processo Civil, Forense, v. IV; Orlando Soares,
Comentários ao Código de Processo Civil, Forense, v. I; João Roberto Parizatto, Da prova no processo
civil: doutrina, jurisprudência, Ed. Leme; Carlos Alberto Dabus Maluf, Exibição de documento ou
coisa, RF 302/261; Kátia Aparecida Mangone, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Seção VII
Da Prova Documental
Subseção I
Da Força Probante dos Documentos
Art. 405. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o
escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença.
CPC/1973
Art. 364.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 7.433, de 18.12.1985 (requisitos do instrumento público); Decreto nº 93.240, de 09.09.1986
(regulamento).
BREVES COMENTÁRIOS
Há presunção legal de autenticidade do documento público, entre as partes e perante terceiros, fato
que decorre da atribuição de fé pública conferida aos órgãos estatais. Esses documentos contêm
afirmações que se referem: (a) às circunstâncias de formação do ato, como data, local, nome e
qualificação das partes etc.; e (b) às declarações de vontade, que o oficial ouvir das partes.
A presunção da veracidade acobertada pela fé pública do oficial só atinge os elementos de
formação do ato e a autoria das declarações das partes, e não o conteúdo destas mesmas declarações.
Pela verdade das afirmações feitas perante o oficial, só mesmo os autores delas são os responsáveis.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. IV, cap. III – documentos públicos; Moacir Amaral
Santos, Primeiras linhas de direito processual civil, v. II, n. 612 – documentos públicos; João Batista
Lopes, Manual das provas no processo civil, 1974, p. 40 – citando Chiovenda, há de se diferenciar entre
a verdade extrínseca e intrínseca do documento público; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito
processual civil, v. I, n. 446; Carlos Alberto Aulicino, A fé pública, RT 484/27; Sérgio Cruz Arenhart, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma outra
prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
CPC/1973
Art. 366.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 108 e 215 e ss.
BREVES COMENTÁRIOS
Não obstante a adoção pelo Código do princípio do livre convencimento, nos atos solenes, isto é,
naqueles em que a forma é substancial, o documento público exigido por lei para sua validade assume
supremacia sobre qualquer outra prova, e não pode mesmo ser substituído por nenhum outro meio de
convicção.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 407. O documento feito por oficial público incompetente ou sem a observância das
formalidades legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma eficácia probatória do documento
particular.
CPC/1973
Art. 367.
BREVES COMENTÁRIOS
O documento público registra uma declaração de vontade, que alguém pronunciou em presença do
oficial público. Se, por vício de competência ou de forma o ato notarial se contamina de nulidade,
remanesce a declaração do particular transcrita no documento público invalidado. Se este assinou o ato
do agente público, que não vale como tal, remanesce a declaração assinalada pelo particular, à qual a lei
reconhece a eficácia probatória de documento particular.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
João Monteiro, Programa do curso de processo civil, 3ª ed., v. II, § 134, p. 138; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 446; Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 408.
BREVES COMENTÁRIOS
Cumpre distinguir entre instrumentos particulares e simples documentos particulares. Instrumentos
são os escritos redigidos com o fito específico de documentar a prática de um ato jurídico e, assim,
formar uma prova pré-constituída para uso futuro (ex.: o instrumento do mandato ou do contrato de
locação, o recibo de um pagamento feito etc.). Simples documentos particulares são quaisquer outros
escritos que casualmente sirvam para provar algum acontecimento ligado ao ato jurídico.
Nos instrumentos predominam as declarações de vontade e, nos simples documentos, as declarações
de conhecimento acerca de fatos. A força probante varia conforme o conteúdo do documento particular.
Quando a vontade é enunciada expressamente no instrumento, incide a regra do art. 408, caput, do
NCPC segundo a qual “as declarações constantes do documento particular escrito e assinado, ou somente
assinado presumem-se verdadeiras em relação ao signatário”.
Quando, porém, em vez de uma declaração de vontade, contiver “declaração de ciência de
determinado fato, o documento particular prova a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus de
prová-lo ao interessado em sua veracidade” (art. 408, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Clóvis Bevilácqua, Código Civil comentado, coms. ao art. 131 – ônus de provar a veracidade dos
fatos; Carvalho Santos, Código Civil brasileiro interpretado, v. III, p. 127; Ferreira Coelho, Código
Civil brasileiro, v. IX, n. 82; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 447;
Rômulo Greff Mariani, O documento eletrônico como meio de prova no processo civil, RDC nº 79;
Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 409. A data do documento particular, quando a seu respeito surgir dúvida ou impugnação
entre os litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito.
Parágrafo único. Em relação a terceiros, considerar-se-á datado o documento particular:
I – no dia em que foi registrado;
II – desde a morte de algum dos signatários;
III – a partir da impossibilidade física que sobreveio a qualquer dos signatários;
IV – da sua apresentação em repartição pública ou em juízo;
V – do ato ou do fato que estabeleça, de modo certo, a anterioridade da formação do
documento.
CPC/1973
Art. 370.
BREVES COMENTÁRIOS
Entre os próprios litigantes, há uma presunção legal de que a data por eles aposta ao documento
particular é verdadeira. Surgida controvérsia entre eles, acerca de tal data, a presunção poderá ser
afastada por prova em contrário, a cargo do impugnante. Perante terceiros, a data lançada no documento
particular é inoperante, pois, em tais casos, a eficácia é limitada às partes. Para aqueles que não
participaram do negócio jurídico documentado, a eficácia do instrumento particular só se inicia a partir
de sua transcrição no Registro Público (CC/2002, art. 221). O art. 409, parágrafo único, do Código de
Processo Civil, todavia, apresenta cinco exceções em que a data do instrumento particular operará contra
terceiros, mesmo antes da transcrição no Registro Público.
As presunções dos nos II a V, entre os quais se pode incluir no último inciso a que provém do
reconhecimento da firma por tabelião, referem-se à prova da data apenas, mas não à eficácia do negócio
jurídico, pois essa, em matéria de instrumento particular, depende sempre da transcrição no Registro
Público, segundo a sistemática de nosso direito material (CC/2002, art. 221).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I; Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 371.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 415 (registros domésticos), 417 e 418 (livros comerciais).
BREVES COMENTÁRIOS
Os documentos particulares, isto é, aqueles em que não ocorre interferência de oficial público em
sua elaboração, podem assumir as feições de declaração: escrita e assinada pelo declarante; escrita por
outrem e assinada pelo declarante; escrita pela parte, mas não assinada (papéis domésticos e anotações
posteriores em documentos assinados); nem escrita nem assinada pela parte (livros empresariais). É
indiferente que a redação do texto tenha sido manuscrita, datilografada ou impressa. A autenticidade e a
força probante variam conforme o tipo do documento particular.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 369.
BREVES COMENTÁRIOS
É relativa a presunção de veracidade das assinaturas lançadas em documento pelo tabelião
reconhecidas.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 412. O documento particular de cuja autenticidade não se duvida prova que o seu autor
fez a declaração que lhe é atribuída.
Parágrafo único. O documento particular admitido expressa ou tacitamente é indivisível, sendo
vedado à parte que pretende utilizar-se dele aceitar os fatos que lhe são favoráveis e recusar os que
são contrários ao seu interesse, salvo se provar que estes não ocorreram.
CPC/1973
Art. 373.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 407 a 412 (documento particular).
BREVES COMENTÁRIOS
As regras do art. 412 e seu parágrafo retratam presunções que operam plenamente entre as partes,
não perante terceiros.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 413. O telegrama, o radiograma ou qualquer outro meio de transmissão tem a mesma
força probatória do documento particular se o original constante da estação expedidora tiver sido
assinado pelo remetente.
Parágrafo único. A firma do remetente pode-rá ser reconhecida pelo tabelião, declarando-se
essa circunstância no original depositado na estação expedidora.
CPC/1973
Art. 374.
BREVES COMENTÁRIOS
A evolução dos meios magnéticos de comunicação tem criado substitutivos para o tradicional
telegrama, como o “telex” e o “tele-fax”, que se intercambiam diretamente entre o expedidor e o
destinatário, sem necessidade da intermediação do serviço telegráfico. Havendo controle e registro dos
aparelhos de origem e destino, devem ser havidas como autênticas as mensagens, independentemente de
comprovação das assinaturas dos originais, mesmo porque ditos originais serão inacessíveis ao
destinatário, por pertencerem ao próprio expedidor.
A Lei nº 9.800, de 26.05.1999, disciplinou a utilização de sistema de transmissão de dados e
imagens tipo fac-símile ou outro similar, para a prática de atos processuais que dependam de petição
escrita. Não prevalecem mais as restrições que parte da jurisprudência fazia aos recursos via fax.
Bastará à parte juntar os originais da petição até cinco dias após o prazo legal previsto para o ato
praticado (art. 2º). O texto da Lei nº 9.800 se encontra na parte reservada à Legislação Especial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. IV, n. 119/121; Carvalho de Mendonça, Tratado de
direito comercial brasileiro, 1933, v. VI, n. 162 – “o telegrama é cópia da tradução do despacho pela
estação receptora; não é cópia do original, assinado pelo expedidor, e entregue na estação transmissora”;
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 449 – sobre telefax ou fac-símile;
Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 375.
BREVES COMENTÁRIOS
Telegrama, no processo civil, é utilizado para a transmissão urgente de cartas de ordem e
precatória, e, a requerimento do interessado, do inteiro teor da sentença em mandado de segurança. A
presunção de que o telegrama esteja conforme com o original é, naturalmente, relativa. Prevalece até
prova em contrário.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 415. As cartas e os registros domésticos provam contra quem os escreveu quando:
CPC/1973
Art. 376.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 5.988, de 14.12.1973 (publicação de cartas missivas).
BREVES COMENTÁRIOS
As cartas compreendem todas as correspondências entre duas pessoas, tanto quando se refiram
diretamente à formação de contrato (caso em que se transformam em instrumento do ajuste), como quando
apenas registram fatos relevantes para a causa. Quando assinadas, as cartas se enquadram na categoria
geral de documentos particulares (art. 408). A hipótese do art. 425 refere-se, porém, às cartas
domésticas, sem assinatura, ou com firma incompleta. São os bilhetes ou pequenas correspondências em
que o remetente apenas coloca o prenome ou um cognome qualquer, ou mesmo deixa de se identificar
expressamente.
Também os registros domésticos são apontamentos escritos pela parte, mas não assinados. Referem-
se às anotações, memórias, diários, relacionados com a vida profissional ou privada do autor. Podem
referir-se também à escrituração rudimentar de débitos e créditos da vida econômica da parte. Fazem
prova, as cartas e registros domésticos, apenas contra quem os escreveu, e desde que a lei não exija
determinada prova para o ato (art. 415). Embora não assinados, esses documentos devem ter sido
escritos pela própria pessoa contra quem se pretende opô-los.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 449; Moacyr Amaral Santos,
Comentários ao Código de Processo Civil, 2ª ed., São Paulo: RT, 1976, v. IV, n. 157; Sérgio Cruz
Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 416. A nota escrita pelo credor em qualquer parte de documento representativo de
obrigação, ainda que não assinada, faz prova em benefício do devedor.
Parágrafo único. Aplica-se essa regra tanto para o documento que o credor conservar em seu
poder quanto para aquele que se achar em poder do devedor ou de terceiro.
CPC/2015
Art. 377.
BREVES COMENTÁRIOS
As anotações cogitadas pelo art. 416 não dependem, para valer como prova, de assinatura do
declarante. Devem, contudo, ser escritas pela própria pessoa contra quem se pretende opô-las.
Apenas as anotações favoráveis ao devedor é que fazem prova em benefício do devedor, como as
quitações parciais, prorrogação de vencimento etc. Essa regra é aplicada tanto para o documento que o
credor conservar em seu poder como para aquele que se achar em poder do devedor ou de terceiro (art.
416, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Carvalho Santos, Código de Processo Civil interpretado, v. III, p. 244 – sobre menção liberatória;
Sérgio Sahione Fadel, CPC comentado, v. I, p. 613/4; Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia,
demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à
verdade dos fatos.
CPC/1973
Art. 378.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 6.404, de 15.12.1976 (sociedades anônimas), art. 100.
Lei nº 5.474, de 18.07.1968 (duplicatas), art. 19.
DL nº 486, de 03.03.1969 (escrituração de livros mercantis).
Decreto nº 64.567, de 22.05.1969 (regulamento).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 450; Sérgio Cruz Arenhart, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor
de seu autor no litígio entre empresários.
CPC/1973
Art. 379.
BREVES COMENTÁRIOS
Os livros empresariais, conforme o art. 418 do NCPC, fazem prova contra o seu autor. Mas, se o
litígio se estabeleceu entre dois comerciantes, “os livros empresariais que preencham os requisitos
exigidos por lei provam a favor do seu autor” (art. 418). Em ambos os casos, porém, é lícito à parte
“demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade
dos fatos” (art. 417).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Waldemar Ferreira, Tratado de direito mercantil brasileiro, 1939, v. II, p. 199 – prova dos livros
comerciais; Orlando Soares, Comentários ao CPC, v. I, p. 696/7; Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 419. A escrituração contábil é indivisível, e, se dos fatos que resultam dos lançamentos,
uns são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos serão considerados
em conjunto, como unidade.
CPC/1973
Art. 380.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 395 (indivisibilidade da confissão) e 412, parágrafo único (indivisibilidade do
documento particular).
BREVES COMENTÁRIOS
O disposto neste artigo não impede, porém, que a parte contrária use de outros meios de prova para
demonstrar a inverdade parcial dos lançamentos. A regra do art. 419 aplica-se apenas quando a
escrituração é a única prova existente.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, 6ª ed., v. IV, n. 171, p. 190/2; Sérgio Cruz Arenhart,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 420. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros
empresariais e dos documentos do arquivo:
I – na liquidação de sociedade;
II – na sucessão por morte de sócio;
III – quando e como determinar a lei.
CPC/1973
Art. 381.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 396 a 404 (exibição de documento ou coisa); LSA, art. 105; LF, arts. 7º, 51, § 2º, 104,
II, V, IX, e 105, V.
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 260: “O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado às transações entre os
litigantes”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Márcio Antônio Inacarato, O valor probante dos livros comerciais, RF 268/427; Hermano Durval,
Livros comerciais sem fé judicial, RF 251/95; Waldírio Bulgarelli, Exibição judicial de livros – segredo
mercantil, RF 258/202; Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 382
BREVES COMENTÁRIOS
A exibição não deve violar o sigilo contábil, motivo pelo qual não se permite que vá além da parte
da escrituração pertinente ao litígio.
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 260: “O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado às transações entre os
litigantes”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC/2002, arts. 212 a 232.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código deu o mesmo tratamento das fotografias digitais à forma impressa de mensagens
eletrônicas, ou seja, reconhece sua força probante, desde que não impugnada pela parte contrária.
Ocorrendo impugnação, deverá ser apresentada a respectiva autenticação eletrônica ou, não sendo isto
possível, realizada perícia (art. 422, § 3º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
João Abraão, O valor probatório das reproduções mecânicas, RP 20/127; Renato Maciel de Sá Jr.,
A prova fonográfica, RF 290/498; Hermano Durval, A dimensão jurídica da fita magnética, RF
251/385; Orlando Soares, Comentários ao CPC, v. I, p. 701/2; Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 423. As reproduções dos documentos particulares, fotográficas ou obtidas por outros
processos de repetição, valem como certidões sempre que o escrivão ou o chefe de secretaria
certificar sua conformidade com o original.
CPC/1973
Art. 384.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 425, III e IV (cópias reprográficas); Lei de Registros Públicos, art. 141
(microfilmagem).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Guilherme Marinoni, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, v. 5, t. 2, art. 384; Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 424. A cópia de documento particular tem o mesmo valor probante que o original, cabendo
ao escrivão, intimadas as partes, proceder à conferência e certificar a conformidade entre a cópia e
o original.
CPC/1973
Art. 385.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 423 (reproduções fotográficas; certidões).
BREVES COMENTÁRIOS
Os documentos particulares podem ser reproduzidos de duas formas:
(a) por meios mecânicos, como a fotografia, a xerox etc.; (b) por simples traslado. As reproduções
dos documentos particulares, fotográficas ou obtidas por outros processos de repetição valem como
certidões, sempre que o escrivão ou chefe de secretaria certificar sua conformidade com o original
(NCPC, art. 423). É o que na vida forense recebe a denominação de autenticação da fotocópia, ato que
pode ser praticado pelo escrivão do feito ou por qualquer tabelião ou oficial público.
Se o documento constar do processo, sua cópia po-derá ser autenticada pelo advogado que a utiliza
(por exemplo: para instruir recurso ou embargo). Enquanto não impugnada, a reprodução fará a mesma
prova que o original (art. 425, IV). As outras cópias, aquelas que não são reprodução mecânica do
documento, mas simples traslados feitos sem intervenção de oficial público, para produzir o mesmo
efeito probante do original, deverão ser submetidas à conferência pelo escrivão do processo, depois de
intimadas as partes (art. 424).
O novo Código acolheu o entendimento que tem prevalecido nos tribunais de que a autenticação da
cópia de documento nem sempre é requisito de sua acolhida como prova no processo. Se a cópia não é
impugnada, “há de ter-se como conforme ao original” e desse modo gozar do “mesmo valor probante do
original”. Em suma, a conferência ou autenticação da cópia “somente é imprescindível se a parte contra
quem produzida impugná-la”.
Esta, aliás, foi a orientação adotada no plano de direito material, pelo art. 225 do Código Civil de
2002, in verbis: “As reproduções fotográficas, cinematográficas, os registros fonográficos e, em geral,
quaisquer outras reproduções mecânicas ou eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova plena destes,
se a parte, contra quem forem exibidos, não lhes impugnar a exatidão”. A regra foi editada diretamente
para as reproduções mecânicas de coisas, mas não há como recusar-lhe aplicação também à reprodução
de documentos, como, aliás, já vinha fazendo a jurisprudência, antes do Código Civil de 2002.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 451; Luiz Guilherme
Marinoni, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 5, t. 2, arts.
365 e 385; Humberto Theodoro Júnior, Comentários ao novo Código Civil, v. 3, t. 2, n. 478 e 485;
Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
I – as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das audiências ou de outro
livro a cargo do escrivão ou do chefe de secretaria, se extraídas por ele ou sob sua vigilância e por
ele subscritas;
II – os traslados e as certidões extraídas por oficial público de instrumentos ou documentos
lançados em suas notas;
III – as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou
conferidas em cartório com os respectivos originais;
IV – as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo
advogado, sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade;
V – os extratos digitais de bancos de dados públicos e privados, desde que atestado pelo seu
emitente, sob as penas da lei, que as informações conferem com o que consta na origem;
VI – as reproduções digitalizadas de qualquer documento público ou particular, quando
juntadas aos autos pelos órgãos da justiça e seus auxiliares, pelo Ministério Público e seus
auxiliares, pela Defensoria Pública e seus auxiliares, pelas procuradorias, pelas repartições públicas
em geral e por advogados, ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração.
§ 1º Os originais dos documentos digitalizados mencionados no inciso VI deverão ser
preservados pelo seu detentor até o final do prazo para propositura de ação rescisória.
§ 2º Tratando-se de cópia digital de título executivo extrajudicial ou de documento relevante à
instrução do processo, o juiz poderá determinar seu depósito em cartório ou secretaria.
CPC/1973
Art. 365.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 423 (reproduções fotográficas; certidões); 424 (cópia de documento particular; valor
probante).
CC, art. 217 (tabelião ou oficial de registro; traslados e certidões; força probante).
Lei nº 6.015, de 31.12.1973 (Registros Públicos – ver Legislação Especial), art. 161.
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
DL nº 5.452, de 01.05.1943 (Consolidação das Leis do Trabalho), art. 830.
Lei nº 10.522, de 19.07.2002 (Cadastro Informativo dos créditos não quitados de órgãos e entidades
federais), art. 24.
BREVES COMENTÁRIOS
As cópias reprográficas têm por si só força probante, ainda que não autenticadas por oficial
público. Podem, entretanto, ser impugnadas, mas só se desmerecem se o questionamento afetar de fato a
confiança em seu conteúdo. Não cabe recusar-lhes eficácia probatória simplesmente invocando a falta de
autenticação.
O reconhecimento de que as cópias reprográficas do processo judicial declaradas autênticas pelo
advogado e não impugnadas fazem a mesma prova que os originais corrobora entendimento há muito
consolidado pela doutrina, pela jurisprudência e pela própria legislação processual. Sempre, pois, que a
cópia for extraída para instruir qualquer incidente de autuação apartada (recurso, exceção, impugnação
ao valor da causa, conflito de competência etc.), cabível será a dispensa da autenticação por escrivão. A
presunção de conformidade com o original é juris tantum e pode facilmente ser elidida. O advogado,
entretanto, não se transforma em tabelião para autenticar qualquer cópia reprográfica e só pode fazê-lo
em relação àquelas extraídas do processo em que atua. Não há, porém, necessidade de um termo formal
de autenticação, sendo suficiente a afirmação contida na própria petição de que as cópias foram extraídas
dos autos (STF, AgRg no AI 466.032-3/GO, Pleno, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, jul. 19.08.2004, Repro
134/180).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Cássio Scarpinella Bueno, A nova etapa da reforma do Código de Processo Civil: comentários
sistemáticos à Lei 11.382, de 6 de dezembro de 2006, Saraiva, v. 3; Humberto Theodoro Júnior, A
reforma da execução do título extrajudicial, Forense – sobre cópia digital de título executivo
extrajudicial; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. I, n. 209-b – sobre
processo eletrônico; Sérgio Sahione Fadel, CPC comentado, Forense, v. I; Sérgio Cruz Arenhart, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 426. O juiz apreciará fundamentadamente a fé que deva merecer o documento, quando
em ponto substancial e sem ressalva contiver entrelinha, emenda, borrão ou cancelamento.
CPC/1973
ART. 426.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 211 (atos processuais; espaços em branco, entrelinhas, emendas e rasuras).
BREVES COMENTÁRIOS
Observe-se que apenas o defeito “em ponto substancial” é que vicia o documento, não aquele que
apenas atinge cláusula ou palavra de significado secundário e não relevante para a solução do litígio.
Também não terá consequências o vício documental em questão, quando, ainda referente a ponto
substancial, não tiver sido objeto de impugnação pela parte contrária. Note-se, finalmente, que a ressalva
colocada antes do fecho e da assinatura do documento elimina inteiramente o defeito do documento
naquilo que se refere à emenda, borrão, entrelinha ou rasura discriminada. Esses vícios podem ser
arguidos em contestação ou impugnação ou em quinze dias após a juntada aos autos (art. 430). Podem
referir-se a documentos públicos ou particulares. Quando for o caso de certidões ou traslados, a solução
será fácil, pois bastará efetuar-se o cotejo do documento produzido defeituosamente com o original das
notas ou arquivos da repartição pública, de onde proveio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 453; Sérgio Cruz Arenhart, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 387.
BREVES COMENTÁRIOS
Forma-se, materialmente, um documento falso quando, por exemplo, se utiliza papel assinado em
branco e nele se lança uma declaração nunca formulada, nem desejada pelo signatário; ou quando se
utiliza apenas a parte final de um texto, de onde se extrai a assinatura da parte para incluí-la num outro
texto totalmente diverso do primitivo. Nesse caso, não se pode falar em falsidade ideológica, porque o
autor nunca quis declarar o fato não verdadeiro, pois a declaração falsa foi lançada por outrem. Por outro
lado, altera-se um instrumento quando não se cria um documento novo, mas apenas se modificam
palavras, cláusulas ou termos de escrito preexistente. Em suma: formar documento não verdadeiro é criar
documento por inteiro, e alterar documento verdadeiro é apenas inserir novidade no documento para
modificar o sentido da declaração nele contida.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. IV, cap. XII; Jorge Americano, Processo civil e
comercial, 1925, p. 21/2 – sobre falsidades material e ideológica;. Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 388.
BREVES COMENTÁRIOS
Completa a ideia de falsidade material do documento particular o disposto no art. 428, onde se
dispõe que cessa a fé de tais documentos, quando:
(a) lhe for impugnada a autenticidade e enquanto não se lhe comprovar a verdade (inciso I);
(b) assinado em branco, lhe for impugnado o conteúdo, por preenchimento abusivo (inciso II).
No primeiro caso, como já se afirmou, basta a impugnação do signatário para afastar a presunção de
autenticidade do documento particular, o que dispensa o incidente de falsidade e carreia para a parte que
produziu o documento o ônus de provar a veracidade da firma (art. 428, II). No segundo caso, estamos
diante de um documento falso na sua elaboração em vista de máfé do portador a quem foi confiado
documento assinado com texto não escrito, no todo ou em parte. O abuso ocorrerá quando o portador
formar ou completar o documento acima, por si ou por meio de outrem, “violando o pacto feito com o
signatário” (art. 428, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Ação declaratória e incidente de falsidade: falso ideológico e
intervenção de terceiros, Rev. de Processo, São Paulo, 51/32; Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 389.
BREVES COMENTÁRIOS
Essas regras são de observar-se tanto no incidente de falsidade como nas ações declaratórias
principais, bem como quando a assinatura é apenas impugnada em alegação de defesa no curso do
processo. Observe-se, outrossim, que a impugnação à assinatura, a que alude o art. 429, II, é apenas a que
se relaciona com os documentos particulares, pois os documentos públicos gozam de presunção legal de
autenticidade, a qual só pode ser destruída por sentença judicial, cabendo, então, a regra de que o ônus
da prova toca à parte que arguir a falsidade (art. 429, I). Também não incide a regra do inciso II, e sim a
do inciso I do art. 429, quando o documento particular tiver sido firmado nas condições do art. 411, I.
Quando o caso for de impugnação da validade de documento assinado em branco, competirá ao
impugnante “o ônus da prova, não só de que ele foi assinado em branco, mas, também, de que foi ele
abusivamente preenchido”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I; Sérgio Cruz Arenhart, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Subseção II
Da Arguição de Falsidade
Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou no prazo de 15 (quinze)
dias, contado a partir da intimação da juntada do documento aos autos.
Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental, salvo se
a parte requerer que o juiz a decida como questão principal, nos termos do inciso II do art. 19.
CPC/1973
Art. 390.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 429 (prova documental; ônus da prova).
BREVES COMENTÁRIOS
A arguição de falsidade pode se dar como simples matéria de defesa, mas pode, também, constituir
um incidente em que a falsidade se torne questão principal a ser solucionada por decisão de mérito. A
arguição, todavia, é regulada de maneira mais singela no NCPC, pois não se exige processamento em
autos próprios, nem mesmo petição inicial distinta, já que pode figurar em capítulos de outras petições, e
seu julgamento dar-se-á junto com o da causa principal, numa só sentença. A arguição é admissível na
contestação, na réplica ou no prazo de quinze dias, contado a partir da intimação da juntada aos autos do
documento (NCPC, art. 430) e pode referir-se tanto aos documentos públicos como aos particulares. O
novo Código não manteve a regra do anterior que permitia a instauração do incidente em qualquer grau
de jurisdição (art. 390 do CPC/1973). Com isso, não se pode cogitar da arguição de falsidade nas
instâncias recursais, mas apenas na pendência do processo perante o juízo de primeiro grau ou de grau
único.
Se foi produzido com a inicial, o réu deverá suscitar o incidente na contestação. Se em qualquer
outro momento processual, a parte interessada terá quinze dias, a contar da intimação da juntada, para
propor o incidente.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Antônio Carlos Muniz, Do incidente de falsidade, RT 541/17; Humberto Theodoro Júnior, Ação
declaratória e incidente de falsidade: falso ideológico e intervenção de terceiros, RP 51/32; Arruda
Alvim, Ação incidental de falsidade ideológica de laudo pericial – preclusão – sentido da palavra
documento, RP 54/224; Arruda Alvim, Incidente de falsidade ideológica em processo de inventário, RP
16/20; José Oliveira de Azevedo, O incidente de falsidade nas ações possessórias, RF 308/289; Daniela
Santos Bonfim, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos em que funda a sua pretensão e os
meios com que provará o alegado.
CPC/1973
Art. 391.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I; Daniela Santos Bonfim, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 432. Depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quinze) dias, será realizado o exame
pericial.
Parágrafo único. Não se procederá ao exame pericial se a parte que produziu o documento
concordar em retirá-lo.
CPC/1973
Art. 392.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 478 (exames especiais).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Ney da Gama Ahrends, Comentário ao art. 392 do CPC, Ajuris 3/96; Moacir Amaral Santos,
Comentários do CPC, v. IV, n. 191; Marcelo Cintra Zarif, Comentário a acórdão relativo à falsidade
documental, RP 6/285; Daniela Santos Bonfim, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 433. A declaração sobre a falsidade do documento, quando suscitada como questão
principal, constará da parte dispositiva da sentença e sobre ela incidirá também a autoridade da
coisa julgada.
CPC/1973
Art. 395.
BREVES COMENTÁRIOS
O incidente de falsidade, como já se afirmou, quando a arguição é feita como questão principal, é
uma espécie de ação declaratória incidental, com que uma parte amplia o objeto da lide, de maneira que
o mérito a decidir passe a ser não só o pedido inicial, como também a questão incidente. Com isso,
obtém-se a eficácia da res iudicata não apenas sobre a solução do pedido inicial, mas igualmente sobre a
questão superveniente da falsidade.
A parte interessada, por sua vez, pode optar entre arguir a falsidade como questão incidental ou
argui-la como questão principal. Se escolhe a primeira via, a consequência será que o reconhecimento
eventual do falsum figurará tão somente entre os “motivos” da sentença, que, segundo o art. 504, I, não
fazem coisa julgada. Por isso, em futuros processos, a mesma questão poderá ser reaberta, já que
inexistirá o empecilho da res iudicata.
Se, porém, o interessado alegar a falsidade como questão principal, nos moldes do art. 19, II, do
NCPC, o que ocorrerá será o deslocamento da matéria do falsum da área dos simples motivos para o
campo do mérito, de tal modo que o pronunciamento jurisdicional a respeito da falsidade documental se
revestirá da indiscutibilidade e imutabilidade que caracterizam a coisa julgada material (art. 433).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Milton Sanseverino, Recurso cabível no incidente de falsidade documental, Justitia 121/173;
RBDP 39/91; RP 24/201; Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, tomo IV – trata-se de sentença
definitiva sobre a questão prejudicial, de sentença em ação declarativa, com a possível eficácia de coisa
julgada material, posto que incidenter tantum; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual
civil, v. I, n. 454; Daniela Santos Bonfim, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Subseção III
Da Produção da Prova Documental
Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação com os documentos
destinados a provar suas alegações.
Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução cinematográfica ou
fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos do caput, mas sua exposição será realizada em
audiência, intimando-se previamente as partes.
CPC/1973
Art. 396.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 320 (instrução da petição inicial), 335 (resposta do réu), 350 (defesa indireta do
mérito), 351 e 352 (defesa indireta processual), 435 (juntada de documentos novos), 1.014 (questões de
fato).
BREVES COMENTÁRIOS
Produzir prova documental é fazer com que o documento penetre nos autos do processo e passe a
integrá-lo como peça de instrução. O novo Código especifica, no art. 434, os momentos adequados para a
produção dessa prova, dispondo que os documentos destinados à prova dos fatos alegados devem ser
apresentados em juízo com a petição inicial (art. 320), ou com a resposta (art. 335).
Boa parte da doutrina e jurisprudência, ao tempo do Código anterior, entendia que, quanto aos
documentos “não indispensáveis”, não estariam as partes impedidas de produzi-los em outras fases
posteriores àquelas aludidas pelo art. 344. Mesmo para os que são mais rigorosos na interpretação do
dispositivo em mira, o que se deve evitar é a malícia processual da parte que oculta desnecessariamente
documento que poderia ser produzido no momento próprio. Assim, quando já ultrapassado o ajuizamento
da inicial ou a produção da resposta do réu, desde que “inexistente o espírito de ocultação premeditada e
o propósito de surpreender o juízo, verificada a necessidade, ou a conveniência, da juntada do
documento, ao magistrado cumpre admiti-la”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, v. II, n. 396, p. 219/220 – sobre a
juntada de documentos não indispensável; Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, v. IV, n. 200, p. 396;
Humberto Theodoro, Curso de direito processual civil, v. I, n. 459; Carlos Dênis Machado, A margem da
produção da prova documental, LTr 37/983, nov. 1973; Marcos Emanuel Castelo, Momento processual
da produção da prova documental no direito processual do trabalho, LTr 46-7/801, jul. 1982; José
Rogério Cruz e Tucci, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando
destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que
foram produzidos nos autos.
Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de documentos formados após a
petição inicial ou a contestação, bem como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou
disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que a impediu de
juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da parte de
acordo com o art. 5º.
CPC/1973
Art. 397.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 1.017 (documento novo em agravo de instrumento).
RISTF, art. 115 (documento novo em recurso extraordinário).
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código inovou ao admitir, também, a juntada posterior de documentos formados após a
petição inicial ou a contestação, bem como daqueles que se tornaram conhecidos, acessíveis ou
disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que a impediu de
juntá-los anteriormente. Em qualquer caso, o juiz deverá avaliar se a conduta da parte está em
consonância com a boa-fé (art. 435, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pedro Leonel Pinto de Carvalho, Oportunidade para juntada de documentos, RBDP 11/213;
Francisco Morato, Parecer sobre documentos novos, 81/19; artigo de Edson Prata sobre juntada de
documentos não indispensáveis, RF 252/26; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, v.
I; José Rogério Cruz e Tucci, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 436. A parte, intimada a falar sobre documento constante dos autos, poderá:
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Rogério Cruz e Tucci, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 398.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 430 (arguição de falsidade).
BREVES COMENTÁRIOS
Para assegurar a observância do princípio do contraditório, determina o art. 437, caput, que sobre
os documentos juntados à inicial, o réu deverá manifestar-se em contestação; e sobre aqueles
colacionados à contestação, o autor deverá manifestar-se na réplica.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Arruda Alvim, A nulidade da sentença por infração do art. 398 do CPC, RP 3/218; José Rogério
Cruz e Tucci, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 438. O juiz requisitará às repartições públicas, em qualquer tempo ou grau de jurisdição:
CPC/1973
Art. 399.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, XXXIII, XXXIV, b.
Lei nº 4.717, de 29.06.1965 (Ação Popular – ver Legislação Especial), art. 1º, § 6º.
Lei nº 6.830, de 22.09.1980 (Execução Fiscal – ver Legislação Especial), art. 41, parágrafo único.
Lei nº 9.051, de 18.05.1995, arts. 1º e 2º (certidões).
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
Lei nº 12.527, de 18.11.2011 (Lei de Acesso às Informações Públicas).
BREVES COMENTÁRIOS
Com relação aos documentos pertencentes à Administração Pública, prevê o art. 438, I, o poder
conferido ao juiz de requisitar, em qualquer tempo ou grau de jurisdição, “as certidões necessárias à
prova das alegações das partes”. Requerida a certidão pelas partes, não cabe ao juiz, segundo o teor do
art. 438, apenas a faculdade de requisitá-la, pois o Código determina imperativamente que o juiz terá de
assim o fazer.
Mas não é lícito à parte transformar o juiz num mero preposto para obtenção de quaisquer certidões.
Dessa forma, o dever do juiz de requisitar tais documentos ficará na dependência do exame do requisito
de sua necessidade e da dificuldade ponderável de ser a certidão obtida diretamente pela parte. É
importante destacar, porém, que o inc. XXXIII do art. 5º da Constituição declara ser “direito
fundamental” de todos o de “receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
A Lei nº 12.527/2011, editada para regulamentar o dispositivo constitucional referido, evidencia
que a publicidade das informações devida pelos órgãos públicos é a regra e o sigilo, a exceção (art. 3º,
I). Na esteira da disciplina constitucional, a Lei regulamentadora reitera o dever de informação da
Administração Pública como “direito fundamental, acentuando a obrigatoriedade de oferta das
informações de modo objetivo, ágil, transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão (art. 5º da
Lei 12.527/2011)”.
O Código previu uma outra modalidade de fornecimento de documentos pelas repartições públicas:
todos os documentos que devam fornecer poderão ser transmitidos em meio eletrônico conforme disposto
em lei, certificando, pelo mesmo meio, que se trata de extrato fiel do que consta em seu banco de dados
ou do documento digitalizado (art. 438, § 2º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacyr Amaral Santos, Prova judiciária no cível e comercial, São Paulo: Saraiva, 1983, v. IV, n.
197/8 – requisição de certidões; Castro Nunes, Do mandado de segurança, Rio de Janeiro: Forense, p.
426 – certidões para defesa de direitos não podem ser recusadas pela autoridade pública; Humberto
Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 209-b – sobre
processo eletrônico; João Carlos Pestana de Aguiar, Comentários ao Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1974, v. IV; Marco Antonio Karam Silveira, Lei de acesso à informação
pública (Lei nº 12.527/2011). Democracia, República e Transparência no Estado Constitucional, Revista
dos Tribunais, v. 927, p. 140, jan. 2013; José Rogério Cruz e Tucci, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção VIII
Dos Documentos Eletrônicos
BREVES COMENTÁRIOS
Em síntese, o regime da prova por documento eletrônico, segundo o novo CPC, é o seguinte:
(a) o documento emitido por meio de assinatura digital, acompanhado de certificação nos moldes do
ICP-Brasil, equivale a documento particular autêntico (art. 439);
(b) o documento eletrônico formado sem as cautelas da assinatura digital é meio de prova, cuja
força de convencimento, entretanto, será avaliada dentro das circunstâncias do caso concreto;
(c) para a utilização do documento eletrônico no processo convencional, deverá ele ser convertido à
forma impressa, e submeter-se à verificação de autenticidade, na forma da Lei (art. 439);
(d) no processo digital, o documento eletrônico não convertido será avaliado pelo juiz em seu valor
probante, assegurado sempre às partes o acesso ao respectivo teor (não poderá, por exemplo, permanecer
cifrado) (art. 440);
(e) a produção e conservação dos documentos eletrônicos utilizados no processo judicial observará
a legislação específica (Lei nº 11.419/2006, arts. 11 e 12) (art. 441);
(f) a exibição e o envio de dados e de documentos existentes em cadastros públicos, mantidos por
entidades públicas, concessionárias de serviço público ou empresas privadas, e que contenham
informações indispensáveis ao exercício da função judicante, poderão ocorrer por meio eletrônico, se o
juiz assim determinar (Lei nº 11.419/2006, art. 13) (art. 425, V);
(g) a digitalização de documento físico para uso em processo comum ou eletrônico equivale a cópia
reprográfica (xerox), devendo o original ser conservado pela parte, para conferência em juízo, se ocorrer
futura impugnação (art. 425, VI e § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Augusto Tavares Rosa Marcacini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 440. O juiz apreciará o valor probante do documento eletrônico não convertido,
assegurado às partes o acesso ao seu teor.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Augusto Tavares Rosa Marcacini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 11.419/2006, arts. 11 e 12.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Augusto Tavares Rosa Marcacini, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Seção IX
Da Prova Testemunhal
Subseção I
Da Admissibilidade e do Valor da Prova Testemunhal
Art. 442. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso.
CPC/1973
Art. 400.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LV (princípio do contraditório e da ampla defesa).
BREVES COMENTÁRIOS
Segundo o prisma histórico, a prova testemunhal é o mais antigo dos meios de convencimento
utilizado pela Justiça. Deplorada por muitos, dada a notória falibilidade humana, e pelo mau uso que não
poucos inescrupulosos fazem do testemunho, a verdade é que o processo não pode prescindir do
concurso das testemunhas para solucionar a grande maioria dos litígios que são deduzidos em juízo. Daí
ver Bentham, nas testemunhas, “os olhos e os ouvidos da Justiça”. Por isso mesmo, para o nosso Código,
“a prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso” (art. 442).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1989, v. IV, n. 202/3; João
Monteiro, Programa do curso de processo civil, 3ª ed., v. II, § 162, p. 240 – testemunha é a pessoa,
capaz e estranha ao feito, chamada a juízo para depor o que sabe sobre o fato litigioso; Humberto
Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 461; Robson
Renault Godinho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 400.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, LV (princípio do contraditório e da ampla defesa).
BREVES COMENTÁRIOS
A inquirição de testemunhas só não terá cabimento naqueles casos em que o próprio Código veda
esse tipo de prova (arts. 442 a 449). Dentro do sistema do livre convencimento motivado (art. 371), a
prova testemunhal não é mais nem menos importante do que os outros meios probatórios, a não ser
naqueles casos em que a lei exija a forma solene para reconhecer eficácia ao ato jurídico. Nas hipóteses
comuns, o valor probante das testemunhas será aferido livremente por meio do cotejo com as alegações
das partes e com os documentos, perícias e demais elementos do processo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1989, v. IV, n. 202/3; João
Monteiro, Programa do curso de processo civil, 3ª ed., v. II, § 162, p. 240 – testemunha é a pessoa,
capaz e estranha ao feito, chamada a juízo, para depor o que sabe sobre o fato litigioso; Humberto
Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 461; Robson
Renault Godinho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 444. Nos casos em que a lei exigir prova escrita da obrigação, é admissível a prova
testemunhal quando houver começo de prova por escrito, emanado da parte contra a qual se
pretende produzir a prova.
CPC/1973
Art. 402.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Tratado de direito privado, v. III, p. 438 e ss.; Carvalho Santos, Código Civil
brasileiro interpretado, v. III, p. 205; Robson Renault Godinho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 445. Também se admite a prova testemunhal quando o credor não pode ou não podia,
moral ou materialmente, obter a prova escrita da obrigação, em casos como o de parentesco, de
depósito necessário ou de hospedagem em hotel ou em razão das práticas comerciais do local onde
contraída a obrigação.
CPC/1973
Art. 402.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 647 a 652 (depósito necessário).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Tratado de direito privado, v. III, p. 438 e ss.; Carvalho Santos, Código Civil
brasileiro interpretado, v. III, p. 205; Robson Renault Godinho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 404.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 138 a 165 (defeitos do negócio jurídico).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, São Paulo; Saraiva, 1983, v. III, n. 149 – sobre prova da
simulação; Robson Renault Godinho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou
suspeitas.
§ 1º São incapazes:
I – o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II – o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo em que ocorreram os
fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as
percepções;
III – o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV – o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam.
§ 2º São impedidos:
I – o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer grau e o colateral, até
o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o
interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro
modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;
II – o que é parte na causa;
III – o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante legal da pessoa
jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes.
§ 3º São suspeitos:
I – o inimigo da parte ou o seu amigo íntimo;
II – o que tiver interesse no litígio.
§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das testemunhas menores, impedidas
ou suspeitas.
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados independentemente de compromisso, e o
juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer.
CPC/1973
Art. 405.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 448, II (escusa de depor por dever de sigilo em função de estado ou profissão), e 452
(arrolamento de juiz como testemunha).
Estatuto da Advocacia, art. 7º, XIX (recusa do advogado a depor como testemunha em razão da
profissão).
CP, art. 342 (falso testemunho).
BREVES COMENTÁRIOS
É dever de todo cidadão colaborar com o Poder Judiciário na apuração da verdade a fim de que os
litígios sejam legitimamente compostos. O depoimento testemunhal, assim, não é uma faculdade, mas um
dever, imposto expressamente pelo art. 380, I. Qualquer pessoa, desde que não seja considerada pela lei
incapaz, impedida ou suspeita, pode ser chamada a depor como testemunha. Até as impedidas ou
suspeitas, porém, poderão ser ouvidas pelo juiz, “sendo estritamente necessário”. Mas seus depoimentos
serão prestados independentemente de compromisso (art. 458), e o juiz lhes atribuirá o valor que possam
merecer (art. 447, § 5º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado, Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1959, v. I, coms. ao
art. 142 – sobre impedimento dos membros familiares; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito
processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 463 – direitos e deveres da testemunha; Robson
Renault Godinho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
I – que lhe acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge ou companheiro e aos seus
parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau;
II – a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo.
CPC/1973
Art. 406.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 338, II (depoimento pessoal; escusa de depor por dever de sigilo em razão de estado ou
profissão), 404, IV (exibição de documento ou coisa; direito de escusa de divulgação por dever de
sigilo), e 457, § 3º (escusa de depor da testemunha).
CP, art. 154 (violação do segredo profissional).
BREVES COMENTÁRIOS
A violação do segredo profissional é crime (Código Penal, art. 154). E ninguém deve ser obrigado a
depor sobre fatos que importem desonra própria ou dos que lhe são próximos.
Acobertam-se, porém, pelo sigilo profissional, apenas os fatos que foram confiados pela parte à
testemunha, no estrito exercício de sua profissão. “Sobre os fatos que, por outros meios, tenham chegado
ao seu conhecimento, não prevalece o sigilo” (TJSP – RT 127/212), ainda que haja relação com a
atividade profissional do depoente.
A desobediência ao dever da verdade, sobre o qual a testemunha é advertida expressamente antes de
depor (art. 458), acarreta-lhe pena criminal de um a três anos de reclusão (art. 342 do Código Penal). O
crime de falso testemunho ocorre tanto quando se faz afirmação falsa como quando se nega ou oculta a
verdade (NCPC, art. 458, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Jorge Americano, Comentários ao CPC, 2ª ed., São Paulo: Saraiva, 1958, v. I, p. 380 – direito da
testemunha em recusar-se a depor; Jorge Americano, Código Civil comentado, v. I, obs. ao art. 144 –
direito da testemunha em recusar-se a depor; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil,
Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 463; Ives Gandra da Silva Martins, Sigilo de dados que devem as
autoridades manter sob risco de responsabilidade civil, RF 336/197; Robson Renault Godinho, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 449. Salvo disposição especial em contrário, as testemunhas devem ser ouvidas na sede do
juízo.
Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha, por enfermidade ou por outro motivo
relevante, estiver impossibilitada de comparecer, mas não de prestar depoimento, o juiz designará,
conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.
CPC/1973
Art. 336.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 453 (produção de prova testemunhal), 361 (produção de provas em audiência) e 381 a
383 (produção antecipada de provas).
BREVES COMENTÁRIOS
O momento processual adequado à produção da prova oral é, normalmente, audiência de instrução e
julgamento. São elas coletadas por meio de termos em que se registram as declarações orais das partes e
das testemunhas. Excepcionalmente, pode haver antecipação de tais provas, como prevê o art. 381 para
as hipóteses em que haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a
verificação de certos fatos na pendência da ação. Quando, também, houver impossibilidade de
comparecer à audiência, mas não de prestar depoimento, em razão de enfermidade ou outro motivo
relevante, o juiz poderá designar outro dia, horário e local para ouvir o depoente (art. 449, parágrafo
único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Prova judiciária, São Paulo: Saraiva, 1983, v. III, n. 102 – sobre a
impossibilidade de comparecer à audiência para depor; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito
processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 428/438 – sobre depoimento pessoal e confissão;
Robson Renault Godinho, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Subseção II
Da Produção da Prova Testemunhal
Art. 450. O rol de testemunhas conterá, sempre que possível, o nome, a profissão, o estado
civil, a idade, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas, o número de registro de
identidade e o endereço completo da residência e do local de trabalho.
CPC/1973
Art. 407.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 370 (provas; de ofício ou a requerimento da parte) e 381 (produção antecipada de
provas, depoimento de testemunhas e interrogatório de parte).
Lei nº 6.830, de 22.09.1980 (Execução Fiscal – ver Legislação Especial), art. 16, § 2º (embargos;
juntada do rol de testemunhas).
Lei nº 9.099, de 26.09.1995 (Juizados Especiais – ver Legislação Especial), art. 34 (testemunhas;
requerimento apresentado à secretaria até cinco dias antes da audiência).
BREVES COMENTÁRIOS
A testemunha residente fora da comarca da sede do juízo deverá, em regra, ser ouvida mediante
precatória, dispensando-se esta se se apresentar espontaneamente perante o juízo da causa.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Herotides da Silva Lima, Comentários ao CPC, São Paulo: Saraiva, 1940, v. I, p. 444 – os
depoimentos negativos não devem ser contados, ou seja, não devem ser computadas como testemunhas
aquelas que declararam nada saber; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de
Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 464; Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 451. Depois de apresentado o rol de que tratam os §§ 4º e 5º do art. 357, a parte só pode
substituir a testemunha:
I – que falecer;
II – que, por enfermidade, não estiver em condições de depor;
III – que, tendo mudado de residência ou de local de trabalho, não for encontrada.
CPC/1973
Art. 408.
BREVES COMENTÁRIOS
À parte não é dado substituir livremente as testemunhas já arroladas. Ao juiz, porém, cabe a
iniciativa de incluir testemunhas novas ex officio, se reputar relevante para a apuração dos fatos
fundamentais da causa. Pode, por isso, deferir substituição de testemunhas da parte a qualquer tempo, se
considerar conveniente a medida, segundo seu prudente arbítrio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n.
464; Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
I – declarar-se-á impedido, se tiver conhecimento de fatos que possam influir na decisão, caso
em que será vedado à parte que o incluiu no rol desistir de seu depoimento;
II – se nada souber, mandará excluir o seu nome.
CPC/1973
Art. 409.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 144, I (impedimento do juiz).
BREVES COMENTÁRIOS
O juiz, como qualquer pessoa, pode presenciar, fora do processo, fatos que se tornem relevantes
para o julgamento da causa. Não está obviamente impedido de testemunhar a seu respeito em juízo. O que
não se tolera é a confusão das duas funções, a de julgar e a de testemunhar. Se é arrolado o juiz como
testemunha, deverá em primeiro lugar certificar-se de que realmente tenha algum conhecimento acerca do
fato discutido no processo. Inexistindo o que depor, ser-lhe-á possível recusar-se a atuar como
testemunha no feito submetido à sua direção. Tendo, porém, conhecimento pessoal a revelar, instalar-se-á
a incompatibilidade entre a qualidade de magistrado e a de testemunha. Ficará impedido de continuar
como juiz do feito (art. 144, I). Ainda, porém, que não seja arrolado como testemunha, não tem o juiz
condição de dirigir o processo e julgá-lo quando houver presenciado os fatos básicos do litígio. É que,
em tal circunstância, consciente ou inconscientemente, sua convicção estaria sob impacto de eventos e
circunstâncias extra-autos. Na verdade, a influência do conhecimento extra-autos que o juiz detenha sobre
a base fática da lide traduz-se em quebra da garantia do contraditório. A sentença, diante desse quadro,
terá sido proferida sob influência de elementos que não passaram pelo debate dialético da instrução
probatória. O que não está nos autos não existe para o processo, segundo clássica parêmia de raízes
romanas. O convencimento do juiz é livre, mas tem de ser formado apenas sobre os fatos e elementos do
processo (art. 371).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Elicio de Cresci Sobrinho, O juiz testemunha, RF 293/507; Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 410.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 260 a 268 (cartas), 381 a 383 (produção antecipada de provas).
BREVES COMENTÁRIOS
A testemunha depõe no foro de seu domicílio. Pode concordar em depor em outro foro, mas não
pode ser obrigada a fazê-lo (RT 546/137).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Oralidade. “O depoimento da testemunha será oral, de modo que deve depor em audiência,
respondendo de viva voz às perguntas que lhe fizer o juiz. É inadmissível pretender-se substituir o
depoimento de uma testemunha por declaração escrita da mesma” (TJSP, Ap. 358.741, Rel. Des. Juiz
Ernâni de Paiva, 1º TA Cível, jul. 17.06.1986).
● “O depoimento de testemunha, para valer como prova no processo, deve ser prestado perante o
juiz, com perguntas e reperguntas das partes” (STJ, REsp 472.174/MT, Rel. Min. Ari Pargendler, 3ª
Turma, jul. 02.05.2006, DJ 12.06.2006, p. 472).
2. Interrogatório de testemunhas por carta precatória (inciso II). “É facultado à testemunha
depor fora de seu domícilio, porém, não poderá ser obrigada a se deslocar do local onde reside para
prestar depoimento em outra cidade. A teor do art. 410, II, do CPC, a testemunha que reside fora da
cidade em que o juízo tem sede não está obrigada a comparecer a audiência, devendo ser ouvida
mediante precatória” (STJ, CC 14.953/SC, Rel. Min. Vicente Leal, 3ª Seção, jul. 12.03.1997, DJ
05.05.1997, p. 17.003).
● “O art. 410, II, do Código de Processo Civil não altera o prazo instituído pelo art. 407, mas
apenas dispensa as testemunhas inquiridas por carta do dever de depor perante o juiz da causa” (STJ,
REsp 331.084/MG, Rel. Min. Castro Filho, 3ª Turma, jul. 21.10.2003, DJ 10.11.2003, p. 185).
● Carta rogatória. “Estando a parte residindo em outro país, seu depoimento será tomado através
de carta rogatória, e não na sede do juízo em que está sendo processada a causa, salvo se acorde a
mesma em comparecer” (STJ, REsp 94.551/ RJ, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul.
16.04.1998, DJ 08.06.1998, p. 113).
Art. 454. São inquiridos em sua residência ou onde exercem sua função:
CPC/1973
Art. 411.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei Orgânica da Magistratura Nacional, art. 33, I (inquirição de ministro e de juiz).
BREVES COMENTÁRIOS
Fora do juízo, serão ouvidas as testemunhas que possuem privilégio de função e, portanto, são
inquiridas em sua residência ou onde exercem sua função.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n.
464; Humberto Theodoro Júnior, A reforma da execução do título extrajudicial, Rio de Janeiro:
Forense, 2007; Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 455. Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do
dia, da hora e do local da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo.
§ 1º A intimação deverá ser realizada por carta com aviso de recebimento, cumprindo ao
advogado juntar aos autos, com antecedência de pelo menos 3 (três) dias da data da audiência,
cópia da correspondência de intimação e do comprovante de recebimento.
§ 2º A parte pode comprometer-se a levar a testemunha à audiência, independentemente da
intimação de que trata o § 1º, presumindo-se, caso a testemunha não compareça, que a parte
desistiu de sua inquirição.
§ 3º A inércia na realização da intimação a que se refere o § 1º importa desistência da
inquirição da testemunha.
§ 4º A intimação será feita pela via judicial quando:
I – for frustrada a intimação prevista no § 1º deste artigo;
II – sua necessidade for devidamente demonstrada pela parte ao juiz;
III – figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, hipótese em que o juiz o
requisitará ao chefe da repartição ou ao comando do corpo em que servir;
IV – a testemunha houver sido arrolada pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública;
V – a testemunha for uma daquelas previstas no art. 454.
§ 5º A testemunha que, intimada na forma do § 1º ou do § 4º, deixar de comparecer sem motivo
justificado será conduzida e responderá pelas despesas do adiamento.
CPC/1973
Art. 412.
BREVES COMENTÁRIOS
Uma inovação importante do novo Código foi a atribuição ao advogado da obrigação de informar ou
intimar a testemunha que arrolou do local, do dia e do horário da audiência designada, dispensando-se a
intimação do juízo (art. 455, caput). Essa intimação feita pelo próprio advogado deverá ser realizada por
carta com aviso de recebimento, devendo ser juntada aos autos, com antecedência de pelo menos três
dias da data da audiência, cópia da correspondência de intimação e do comprovante de recebimento (art.
455, § 1º).
Se o advogado não diligenciar a intimação, implicará a desistência da inquirição da testemunha (art.
455, § 3º). Se, intimada, a testemunha não comparecer, sem motivo justificado, será conduzida e
responderá pelas despesas do adiamento (art. 455, § 5º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 413.
BREVES COMENTÁRIOS
A ordem em questão não deve ser vista como absoluta, podendo ser alterada segundo conveniências
do caso concreto, desde que não acarrete prejuízo para nenhuma das partes. É a hipótese, v.g., das
testemunhas ouvidas em audiências diferentes ou em juízos diversos. A alteração da ordem, contudo,
deverá ter a concordância das partes.
A concordância, todavia, não pode ser caprichosa. Se a parte não justifica sua alegação, o juiz pode
desprezá-la, determinando a inversão que for conveniente ao melhor andamento do processo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 457. Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarará ou confirmará seus dados e
informará se tem relações de parentesco com a parte ou interesse no objeto do processo.
§ 1º É lícito à parte contraditar a testemunha, arguindo-lhe a incapacidade, o impedimento ou a
suspeição, bem como, caso a testemunha negue os fatos que lhe são imputados, provar a contradita
com documentos ou com testemunhas, até 3 (três), apresentadas no ato e inquiridas em separado.
§ 2º Sendo provados ou confessados os fatos a que se refere o § 1º, o juiz dispensará a
testemunha ou lhe tomará o depoimento como informante.
§ 3º A testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de depor, alegando os motivos previstos
neste Código, decidindo o juiz de plano após ouvidas as partes.
CPC/1973
Art. 414.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Orlando Soares, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1992, v. I, p. 744/6; Moacir
Amaral Santos, Prova judiciária, São Paulo: Saraiva, 1983, v. III, n. 199 e 215 – sobre a contradita;
Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 415.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CP, art. 342 (falso testemunho).
NCPC, art. 447, § 4º (depoimento da testemunha impedida ou suspeita independente de
compromisso).
BREVES COMENTÁRIOS
A desobediência ao dever da verdade, sobre o qual a testemunha é advertida expressamente antes de
depor, acarreta-lhe pena criminal de um a três anos de reclusão (art. 342 do Código Penal). O crime de
falso testemunho ocorre tanto quando se faz afirmação falsa como quando se nega ou oculta a verdade
(art. 458, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 459. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, começando
pela que a arrolou, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem
relação com as questões de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição de outra já
respondida.
§ 1º O juiz poderá inquirir a testemunha tanto antes quanto depois da inquirição feita pelas
partes.
§ 2º As testemunhas devem ser tratadas com urbanidade, não se lhes fazendo perguntas ou
considerações impertinentes, capciosas ou vexatórias.
§ 3º As perguntas que o juiz indeferir serão transcritas no termo, se a parte o requerer.
CPC/1973
Art. 416.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 361, parágrafo único (audiência; atividades do juiz), e 367 (termo da audiência).
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código alterou a forma do interrogatório, que antes era ato exclusivo do juiz. Agora será
feito pelas partes diretamente à testemunha, começando por quem a arrolou. Entretanto, o juiz não
admitirá as perguntas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com as questões de fato objeto
da atividade probatória ou importarem repetição de outra já respondida (art. 459, caput). As perguntas
que o juiz indeferir serão transcritas no termo, se a parte o requerer (art. 459, § 3º).
Não foi subtraído ao juiz o poder de inquirir a testemunha. O novo Código continua assegurando-lhe
a possibilidade de fazê-lo, a seu critério, antes de depois das inquirições efetuadas pelas partes (art. 459,
§ 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
João Mendes Júnior, Inquirição de testemunhas, RFDUSP 03/81; Marcelo Abelha Rodrigues, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 417.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 188 (finalidade essencial do ato; meios eletrônicos), 209 (atos datilografados; processo
eletrônico) e 210 (permissão do uso da taquigrafia, estenotipia e de outro meio idôneo).
Lei nº 11.419, de 19.12.2006 (Processo Eletrônico – ver Legislação Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
O depoimento é sempre oral, de modo que não é lícito à parte substituí-lo por declaração escrita
adrede preparada. Isto não impede que se permita à testemunha consultar breves anotações ou
documentos em seu poder.
Findo o depoimento, lavrará o escrivão o competente termo, que deve ser digitado, taquigrafado ou
estenotipado, e assinado pelo juiz, pela testemunha e pelos advogados das partes (art. 460, § 1º).
Destina-se o termo a documentar, para os autos, as declarações do depoente.
Segundo o novo Código, o depoimento poderá também ser documentado por meio de gravação (art.
460, caput). Se houver recurso em processo em autos não eletrônicos, o depoimento gravado somente
será digitado quando for impossível o envio de sua documentação eletrônica (art. 460, § 2º). Tratando-se
de autos eletrônicos, deve-se observar o disposto no Código e na legislação específica sobre a prática
eletrônica de atos processuais (art. 460, § 3º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n.
209-b – sobre processo eletrônico; Sidnei Agostinho Beneti, A estenotipia no Judiciário, RJTJSP 76/29;
Luiz Rodrigues Wambier, Tereza Arruda Alvim Wambier e José Miguel Garcia Medina, Breves
comentários à nova sistemática processual civil 3: Leis 11.382/2006, 11.417/2006, 11.341/2006,
11.419/2006, 11.441/2007 e 11.448/2007, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005; Marcelo Abelha
Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 418.
BREVES COMENTÁRIOS
Testemunha referida é a pessoa estranha ao processo, que foi mencionada no depoimento de outra
testemunha ou da parte. A audiência daquela pode destinar-se a confirmar ou esclarecer o depoimento já
tomado. A acareação consiste em promover o confronto pessoal, numa só audiência, das pessoas que
prestaram depoimentos contraditórios. É cabível também entre testemunhas e parte, mas não entre as duas
partes. Essas duas diligências podem ser determinadas pelo juiz a requerimento da parte ou de ofício.
Sua efetivação pode ocorrer na própria audiência de instrução e julgamento, se estiverem presentes os
interessados; ou em outra data, designada pelo juiz, caso em que a conclusão dos trabalhos da audiência
ficará suspensa. Pode ainda ocorrer por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de
transmissão de sons e imagens em tempo real (art. 461, § 2º). Os acareados serão reperguntados para que
expliquem os pontos de divergência, reduzindo-se a termo o ato de acareação (art. 461, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, v. II, n. 498, p. 241 – não é cabível a
contradita entre as partes; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro:
Forense, 2015, v. I, n. 464; Teresa Celina de Arruda Alvim Pinto, Testemunha referida, RP 46/190;
Marcelo Cintra Zarif, Prova testemunhal – acareação – testemunha referida, RP 21/90; Marcelo Abelha
Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 462. A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento da despesa que efetuou para
comparecimento à audiência, devendo a parte pagá-la logo que arbitrada ou depositá-la em cartório
dentro de 3 (três) dias.
CPC/1973
Art. 419.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 84 (diária de testemunha).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
1. Diárias de testemunha e indenização de viagem. “As custas processuais são as taxas adiantadas
pela parte para remunerar os serviços públicos, sendo compreendida pelas despesas, que abrangem todos
os demais gastos efetuados pela parte para a realização dos atos processuais, inclusive os honorários
periciais, as diárias de testemunha e indenização de viagem” (TJMG, Ap Cível 447.258-4, Rel. Des.
Teresa Cristina da Cunha Peixoto, 3ª Câmara Civil do Tribunal de Alçada, jul. 09.03.2005, DJMG
02.04.2005).
Parágrafo único. A testemunha, quando sujeita ao regime da legislação trabalhista, não sofre,
por comparecer à audiência, perda de salário nem desconto no tempo de serviço.
CPC/1973
Art. 419.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 84 (diária de testemunha).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Marcelo Abelha Rodrigues, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Seção X
Da Prova Pericial
CPC/1973
Art. 420.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 82 e 95 (remuneração do perito e dos assistentes técnicos), 156 a 158 (perito) e 481 a
484 (inspeção de pessoas ou coisas pelo juiz).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 301: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção juris tantum de paternidade.”
BREVES COMENTÁRIOS
O exame é a inspeção sobre coisas, pessoas ou documentos, para verificação de qualquer fato ou
circunstância que tenha interesse para a solução do litígio. Vistoria é a mesma inspeção quando realizada
sobre bens imóveis. E avaliação ou arbitramento é a apuração de valor, em dinheiro, de coisas, direitos
ou obrigações em litígio.
Por se tratar de prova especial, subordinada a requisitos específicos, a perícia só pode ser admitida
pelo juiz quando a apuração do fato litigioso não se puder fazer pelos meios ordinários de
convencimento. Somente ha-verá perícia, portanto, quando o exame do fato probando depender de
conhecimentos técnicos ou especiais e essa prova, ainda, tiver utilidade diante dos elementos disponíveis
para exame.
Quando o ponto controvertido da demanda for de menor complexidade, o novo Código autoriza que
o juiz, de ofício ou a requerimento, substitua a prova pericial pela produção de prova técnica
simplificada (art. 464, § 2º). Essa prova simplificada consistirá na inquirição pelo juiz de especialista,
que deverá ter formação acadêmica específica na área objeto de seu depoimento, sobre o ponto
controvertido da causa, que demande especial conhecimento científico ou técnico (art. 464, § 3º). O
profissional poderá valer-se de qualquer recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens com o
fim de esclarecer os pontos necessários (art. 464, § 4º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, v. IV, n. 248, p. 314 – para deferimento da perícia
interessa a sua utilidade não a sua necessidade; Pedro Batista Martins, Comentários ao CPC, Rio de
Janeiro: Forense, 1960, v. III, n. 128 – a verificação da utilidade da perícia é que a lei, em cada caso,
confia à experiência do juiz; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro:
Forense, 2015, v. I, n. 465/6; Coqueijo Costa, Perícia facultativa e perícia obrigatória, RF 256/151;
Arruda Alvim, Apontamentos sobre a perícia, RBDP 37/17; João Leão de Faria Jr., Avaliações judiciais,
RT 518/53; Antônio Vital Ramos de Vasconcelos, A prova pericial nas desapropriações, RBDP 33/21;
Vox 13/146; Arruda Alvim, Apontamentos sobre a perícia, RBDP 37/17; RP 23/9; Coqueijo Costa,
Perícia facultativa e perícia obrigatória, RDT 6-2/81; RF 256/151; Bruno Vinicius da Rós Bodart, Ensaio
sobre a prova pericial no Código de Processo Civil de 2015, Revista de Processo, n. 244, p. 33, jun.
2015; Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o
prazo para a entrega do laudo.
§ 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de
nomeação do perito:
I – arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso;
II – indicar assistente técnico;
III – apresentar quesitos.
§ 2º Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5 (cinco) dias:
I – proposta de honorários;
II – currículo, com comprovação de especialização;
III – contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico, para onde serão dirigidas as
intimações pessoais.
§ 3º As partes serão intimadas da proposta de honorários para, querendo, manifestar-se no
prazo comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará o valor, intimando-se as partes para os
fins do art. 95.
§ 4º O juiz poderá autorizar o pagamento de até 50% dos honorários arbitrados a favor do
perito no início dos trabalhos, devendo o remanescente ser pago apenas ao final, depois de entregue
o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessários.
§ 5º Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá reduzir a remuneração
inicialmente arbitrada para o trabalho.
§ 6º Quando tiver de realizar-se por carta, poder-se-á proceder à nomeação de perito e à
indicação de assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 82 e 95 (remuneração do perito e dos assistentes técnicos), 156 a 158 (perito) e 481 a
484 (inspeção de pessoas ou coisas pelo juiz).
BREVES COMENTÁRIOS
O técnico que deve servir no processo como perito é escolhido pelo juiz (NCPC, art. 465). Uma vez
nomeado, passa a exercer a função pública de órgão auxiliar da Justiça (art. 149), com o encargo de
assistir o juiz na prova do fato que depender de seu conhecimento técnico ou científico (art. 156). O
perito pode escusar-se, deixando de aceitar o encargo que o juiz lhe destinou. Pode, também, ser
recusado pelas partes, por impedimento ou suspeição (art. 467).
A nomeação do perito é feita pelo juiz na decisão de saneamento, quando houver por bem deferir a
prova técnica, estabelecendo de logo o prazo para a entrega do laudo e o calendário para sua realização
(arts. 357, § 8º, e 465, caput).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, v. IV, n. 248, p. 314 – para deferimento da perícia
interessa a sua utilidade, não a sua necessidade; Pedro Batista Martins, Comentários ao CPC, Rio de
Janeiro: Forense, 1960, v. III, n. 128 – a verificação da utilidade da perícia é que a lei, em cada caso,
confia à experiência do juiz; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro:
Forense, 2015, v. I, n. 465/6; Coqueijo Costa, Perícia facultativa e perícia obrigatória, RF 256/151;
Arruda Alvim, Apontamentos sobre a perícia, RBDP 37/17; João Leão de Faria Jr., Avaliações judiciais,
RT 518/53; Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 466. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido,
independentemente de termo de compromisso.
§ 1º Os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou
suspeição.
§ 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das
diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com
antecedência mínima de 5 (cinco) dias.
CPC/1973
Art. 422.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código, a exemplo do anterior, dispensa a formalidade do compromisso do perito, impondo-
lhe, porém, a obrigação de cumprir escrupulosamente o encargo judicial que lhe foi cometido.
Como agente auxiliar do juízo, está o perito sujeito a impedimento e suspeição, nos mesmos casos
em que o juiz se submete a essas interdições de atuação no processo (art. 148, II). O mesmo não ocorre
com o assistente técnico, considerado apenas elemento de confiança da parte, e por isso não se sujeita a
impedimento ou suspeição (art. 466, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Ivan Lira de Carvalho, A prova pericial e a nova redação do CPC, Ajuris 57/241; Paula Sarno
Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 423.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 148, II (impedimento e suspeição do perito e dos assistentes técnicos), e 157 (escusa do
perito).
BREVES COMENTÁRIOS
O perito pode escusar-se, deixando de aceitar o encargo que o juiz lhe destinou. Pode, também, ser
recusado pelas partes, por impedimento ou suspeição.
O perito deverá ser imparcial e insuspeito, tal como se passa com o juiz.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1989, v. IV, n. 254/6; Paula
Sarno Bra-ga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 424.
BREVES COMENTÁRIOS
Sendo de livre escolha do juiz, o perito é agente de sua confiança. Por isso mesmo, cessada a
confiança, tem o magistrado poder para removê-lo, a qualquer tempo. O dispositivo legal não cuida da
substituição de assistente técnico nem pode ser aplicado analogicamente a ele, visto que, de acordo com
o art. 466 do CPC, o assistente não exerce múnus processual e não passa de um assessor da parte. Sem
embargo de algumas poucas decisões que exigem justo motivo para tal substituição, o entendimento
correto deve ser no sentido de que o assessor técnico, como elemento de confiança da parte, pode ser
livremente substituído quando esta não mais lhe depositar confiança. Quem não tem poderes para
remover ou substituir o assistente técnico é o juiz, não a parte que o contratou. Ao magistrado, a quem
compete velar pelo regular andamento do processo, o que pode e deve ser feito é o policiamento da
conduta das partes e seus assistentes, a fim de evitar abusos e temeridades.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 469. As partes poderão apresentar quesitos suplementares durante a diligência, que
poderão ser respondidos pelo perito previamente ou na audiência de instrução e julgamento.
Parágrafo único. O escrivão dará à parte contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos.
CPC/1973
Art. 425.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 477, §§ 3º e 4º (esclarecimentos do perito e dos assistentes técnicos).
BREVES COMENTÁRIOS
A admissão de quesitos suplementares pressupõe que o laudo não tenha sido concluído e deve ser
policiado pelo juiz para evitar manobras procrastinatórias de litigante de má-fé.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Gledson Marques de Campos e Victor Moraes de Paula, O art. 425 e o termo final para
apresentação de quesitos, RDDP 69/57; Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 426.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 139, II (dever do juiz de velar pela rápida solução do litígio), e 370 (poder do juiz de
determinar as provas necessárias e dever de indeferir as diligências inúteis).
BREVES COMENTÁRIOS
O indeferimento de quesito deve ser fundamentado, como toda decisão judicial. Podendo configurar
cerceamento de defesa, o indeferimento pode ser impugnado em preliminar das razões ou contrarrazões
da apelação contra a sentença posteriormente pronunciada (NCPC, art. 1.009, § 3º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n.
468; Orlando Soares, Comentários ao CPC, v. I, p. 768/770; J. C. Barbosa Moreira, O novo processo
civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense, 2012, § 8º, nº VI, 4; Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 471. As partes podem, de comum acordo, escolher o perito, indicando-o mediante
requerimento, desde que:
I – sejam plenamente capazes;
II – a causa possa ser resolvida por autocomposição.
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos assistentes técnicos para
acompanhar a realização da perícia, que se realizará em data e local previamente anunciados.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente, laudo e pareceres em
prazo fixado pelo juiz.
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito
nomeado pelo juiz.
BREVES COMENTÁRIOS
Cabe ao juiz nomear, em cada processo, o perito que deverá ser especializado no objeto a ser
submetido à prova técnica (art. 465, caput). O novo CPC, no entanto, apresenta uma novidade na matéria,
ao prever que as partes, de comum acordo, podem escolher o perito, antecipando-se, portanto, à
nomeação do juiz.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação,
apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos ou documentos elucidativos que
considerar suficientes.
CPC/1973
Art. 427.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 371 (livre apreciação da prova) e 476 a 477 (prova pericial; prorrogação do prazo;
entrega do laudo).
BREVES COMENTÁRIOS
As partes, na inicial ou na contestação, podem apresentar sobre as questões da causa (de fato
apenas) pareceres técnicos ou documentos elucidativos. Se o juiz os considerar suficientes para a
solução da lide, poderá dispensar a realização da perícia judicial. Trata-se, de certo modo, de admitir a
perícia extrajudicial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 429.
BREVES COMENTÁRIOS
O laudo pericial é o relato das impressões captadas pelo técnico em torno do fato litigioso, por
meio dos conhecimentos especiais de quem o examinou. Vale pelas informações que contenha, não pela
autoridade de quem o subscreveu, razão pela qual deve o perito indicar as razões em que se fundou para
chegar às conclusões enunciadas em seu laudo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1989, v. IV, n. 264/6;
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n.
468; Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou indicados pelo
perito para ter início a produção da prova.
CPC/1973
Art. 431-A.
BREVES COMENTÁRIOS
A preocupação da norma contida no art. 474 é a de evitar perícias levadas a efeito em segredo e
sem condições de acompanhamento pelas partes e seus assistentes. Portanto, antes de dar início a suas
tarefas técnicas, o perito tem de certificar-se da prévia intimação dos litigantes.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sobre o direito da parte de participar da própria realização da prova, discorre Luiz Guilherme
Marinoni, Novas linhas do processo civil, São Paulo: Malheiros, p. 258/259: “O direito à prova é
resultado da necessidade de se garantir ao cidadão a adequada participação no processo. Como
demonstra Vigorriti, a estreita conexão entre as alegações dos fatos, com que se exercem os direitos de
ação e de defesa, e a possibilidade de submeter ao juiz os elementos necessários para demonstrar os
fundamentos das próprias alegações, tornou clara a influência das normas em termos de prova sobre os
direitos garantidos pelo due process of law. A mesma conexão impõe o reconhecimento, em nível
constitucional, de um verdadeiro e próprio direito à prova (right to evidence) em favor daqueles que têm
o direito de agir ou de se defender em juízo. O direito de produzir prova engloba o direito à adequada
oportunidade de requerer sua produção, o direito de participar da sua realização e o direito de falar
sobre os seus resultados”; Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 475. Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento
especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito, e a parte, indicar mais de um assistente
técnico.
CPC/1973
Art. 431-B.
BREVES COMENTÁRIOS
Para as perícias complexas, que reclamem conhecimento multidisciplinar, o juiz poderá nomear
mais de um perito (art. 475). É o caso, por exemplo, do julgamento de uma demanda indenizatória por
falha de equipamentos industriais, cuja solução reclamará trabalho técnico de engenheiro e de
economista, ou de técnico em contabilidade; ou a hipótese de avaliação de sequelas de lesões pessoais
que tenham afetado as funções motora e psíquica da vítima, reclamando laudos de ortopedista e de
psiquiatra etc.
Se o juiz nomear mais de um perito, com conhecimentos técnicos diferenciados, também as partes
poderão, cada uma, designar assistentes técnicos diferentes para cada experto do juiz.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
1. Nomeação de outro perito. Ato privativo do juiz. “O artigo 431-B do CPC autoriza a nomeação
pelo magistrado de mais de um expert nos casos em que, em razão da complexidade e abrangência de
várias áreas técnicas, haja necessidade da participação de mais de um profissional especializado. A
nomeação é ato privativo da autoridade judicial, vedando-se a escolha pelo perito nomeado pelo juízo”
(STJ, REsp 866.240/ RS, Rel. Min. Castro Meira, 2ª Turma, jul. 22.05.2007, DJ 08.08.2007, p. 366).
Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o
juiz poderá conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do prazo originalmente fixado.
CPC/1973
Art. 432.
BREVES COMENTÁRIOS
A entrega do laudo, em regra, ocorrerá dentro do prazo fixado, mas havendo motivo legítimo o juiz
poderá conceder ampliação daquele prazo, pela metade e apenas por uma única vez. Se o laudo não for
produzido no tempo determinado, o juiz poderá substituir o perito moroso.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacyr Amaral Santos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense, 1989, v. IV, n. 266-267;
Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20
(vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento.
§ 1º As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo
no prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em igual
prazo, apresentar seu respectivo parecer.
§ 2º O perito do juízo tem o dever de, no prazo de 15 (quinze) dias, esclarecer ponto:
I – sobre o qual exista divergência ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do órgão do
Ministério Público;
II – divergente apresentado no parecer do assistente técnico da parte.
§ 3º Se ainda houver necessidade de esclarecimentos, a parte requererá ao juiz que mande
intimar o perito ou o assistente técnico a comparecer à audiência de instrução e julgamento,
formulando, desde logo, as perguntas, sob forma de quesitos.
§ 4º O perito ou o assistente técnico será intimado por meio eletrônico, com pelo menos 10
(dez) dias de antecedência da audiência.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
Mesmo além do termo assinalado, poder-seá aceitar o laudo desde que se respeite a antecedência
mínima de vinte dias da audiência. As regras dos arts. 465, 477 e 476 não devem ser entendidas como
inflexíveis, cumprindo evitar inteligência que as considere geradoras de prazos fatais e irremediáveis.
Em hipótese alguma é de admitir-se que o juiz proceda ao julgamento da causa imediatamente após a
juntada do laudo pericial, sem ouvir as partes a seu respeito (art. 477, § 1º). Semelhante proceder
representaria grave violação ao contraditório, acarretando nulidade da sentença por cerceamento de
defesa.
Os assistentes não estão obrigados a subscrever o laudo do perito, embora possam fazê-lo quando
estiverem de acordo com suas conclusões. Seu encargo é o de apresentar parecer, seja para apoiar o
laudo, seja para dele discordar.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
J. C. Barbosa Moreira, O novo processo civil brasileiro, Rio de Janeiro: Fornse, 2012, § 8º, n. VI,
5 – ordena ao órgão judicial comunicar a ocorrência à corporação profissional a que pertença o perito
moroso; Mozar Costa de Oliveira, Laudo pericial no juízo cível, RF 282/477; Ivan Lira de Carvalho, A
prova pericial e a nova redação do CPC, Ajuris 57/241; Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento ou for
de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos
estabelecimentos oficiais especializados, a cujos diretores o juiz autorizará a remessa dos autos,
bem como do material sujeito a exame.
§ 1º Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir
a determinação judicial com preferência, no prazo estabelecido.
§ 2º A prorrogação do prazo referido no § 1º pode ser requerida motivadamente.
§ 3º Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e da firma, o perito poderá
requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas e, na falta
destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa a quem se atribuir a autoria do documento lance em
folha de papel, por cópia ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.
CPC/1973
Art. 434.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 479. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371, indicando na
sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo,
levando em conta o método utilizado pelo perito.
CPC/1973
Art. 436.
BREVES COMENTÁRIOS
O perito é apenas um auxiliar da Justiça e não um substituto do juiz na apreciação do evento
probando. Seu parecer não é uma sentença, mas apenas fonte de informação para o juiz, que não fica
adstrito ao laudo e pode formar sua convicção de modo contrário à base de outros elementos ou fatos
provados no processo (art. 479). E, realmente, deve ser assim, pois, do contrário, o laudo pericial
deixaria de ser simples meio de prova para assumir o feitio de decisão arbitral e o perito se colocaria
numa posição superior à do próprio juiz, tornando dispensável até mesmo o pronunciamento
jurisdicional.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
João Monteiro, Programa do curso de processo civil, v. II, § 180, p. 322; Pedro Batista Martins,
Comentários ao CPC, 2ª ed., v. III, t. 2º, n. 77, p. 99 – o parecer do perito é meramente opinativo e vale
pela força dos argumentos em que repousa. Se o perito subtrair ao conhecimento do juiz e dos
interessados os motivos em que se baseou para emitir a sua opinião, nenhum valor se poderá atribuir ao
seu laudo: é como se não existisse laudo pericial; Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
Essa deliberação poderá ser tomada, de ofício ou a requerimento da parte, logo após a juntada do
laudo ao processo, ou em diligência após os esclarecimentos dos peritos em audiência e coleta dos
demais meios de prova, desde que persista a dúvida em trono do thema probandum. A nova perícia é
uma exceção, e não uma faculdade da parte, de sorte que o juiz só a determinará quando julgá-la
realmente imprescindível diante de uma situação obscura refletida nos elementos de prova dos autos.
Conforme o sábio conselho de Batista Martins, “o juiz deve-rá usar desse arbítrio com moderação e
prudência, para evitar a perda de tempo e o aumento das despesas, mas semelhantes preocupações não
lhe deverão embaraçar a ação, desde que o laudo pericial e a crítica não lhe hajam subministrado os
conhecimentos de que precisa”. Sua finalidade, portanto, é apenas eliminar a perplexidade do julgador,
gerada pela prova existente nos autos.
O segundo laudo não anula ou invalida o primeiro. Ambos permanecerão nos autos, e o juiz fará o
cotejo entre eles, apreciando livremente o valor de um e outro (art. 480, § 3º), a fim de formar seu
convencimento, segundo a regra geral do art. 371. Poderão, destarte, ser extraídos dados ou elementos de
convicção de ambos os trabalhos periciais, não obstante as imperfeições do primeiro laudo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 470, p. 479/480; J. C. Barbosa
Moreira, O novo processo civil brasileiro, § 8º, n. VI, 7; Humberto Theodoro Júnior e Adriana Mandim
Theodoro de Mello, O papel do juiz na instrução do processo que depende de prova técnica –
impossibilidade de o magistrado assumir a função do perito, Revista Magister de Direito Civil e
Processual Civil 50/28; Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Seção XI
Da Inspeção Judicial
Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo,
inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa.
CPC/1973
Art. 440.
BREVES COMENTÁRIOS
Não se reconhece à parte o direito de exigir a inspeção judicial. Cabe apenas ao juiz deliberar
sobre a conveniência, ou não, de realizá-la, de sorte que seu indeferimento não configura cerceamento de
defesa.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, 1974, v. II, n. 493 – conceito de
inspeção; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 471; J. C. Barbosa
Moreira, O novo processo civil brasileiro, n. VII, 1; Sérgio Sahione Fadel, CPC comentado, v. I, p.
690/1; Alcides de Mendonça Lima, A eficácia do meio de prova ilícito no CPC, Ajuris 38/104; Caio
Mário da Silva Pereira, Nova formulação das provas, ROAB 14/399; Moacyr Amaral Santos, A prova
pericial nas ações judiciais e nos procedimentos administrativos de interesse da procuradoria do
patrimônio imobiliário, RPGESP 12/519; Ney da Gama Ahrends, A inspeção judicial no CPC de 1973,
RJ 82/86; Roberto nº Frants, A inspeção judicial no novo CPC, RJ 82/100; Fredie Didier Jr. e Paula
Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 482. Ao realizar a inspeção, o juiz poderá ser assistido por um ou mais peritos.
CPC/1973
Art. 441.
BREVES COMENTÁRIOS
Aplicam-se à inspeção direta as regras a que aludem os arts. 477, § 3º, 361, I, e 362, II, do NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fredie Didier Jr. e Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa quando:
I – julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar;
II – a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves
dificuldades;
III – determinar a reconstituição dos fatos. Parágrafo único. As partes têm sempre direito a
assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo observações que considerem de interesse
para a causa.
CPC/1973
Art. 442.
BREVES COMENTÁRIOS
A exibição da coisa ou pessoa a ser inspecionada, normalmente, deve ser feita em juízo, em
audiência, para isso determinada, com prévia ciência das partes. O juiz, no entanto, pode também
deslocar-se e realizar a diligência no próprio local onde se encontre a pessoa ou coisa.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pestana de Aguiar, Comentários ao CPC, 1974, v. IV, p. 390 – as partes podem ser assessoradas por
técnicos de sua confiança na inspeção; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v.
I, n. 472; Fredie Didier Jr. e Paula Sarno Braga, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 484. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele
tudo quanto for útil ao julgamento da causa.
Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia.
CPC/1973
Art. 443.
BREVES COMENTÁRIOS
O auto não é local adequado para o juiz proferir julgamento de valor quanto ao fato inspecionado,
apreciação que deverá ficar reservada para a sentença. O auto deve ser objetivo, limitando-se à
enunciação ou notícia dos fatos apurados.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, v. IV, n. 290 – o auto será lavrado pelo escrivão e
assinado pelo juiz, pelas partes e seus procuradores, peritos, assistentes técnicos e mais pessoas que
hajam de qualquer modo participado da diligência; Fredie Didier Jr. e Paula Sarno Braga, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo XIII
DA SENTENÇA E DA COISA JULGADA
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CPC/1973
Art. 267.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CF, art. 5º, XXXVI: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada”.
NCPC, arts. 17 (ação; interesse e legitimidade); 19 (ação declaratória); 92 (extinção; nova ação;
custas); 115, parágrafo único (litisconsórcio necessário); 203, § 1º (sentença); 329, I (consentimento do
réu); 313, § 4º (suspensão do processo por convenção das partes); 321, parágrafo único (indeferimento
da petição inicial); 330 (indeferimento da petição inicial); 335 (resposta do réu; prazo); 337
(contestação; preliminares); 351 e 352 (nulidade sanável; suprimento pelo autor); 354 (extinção do
processo; decretação antecipada); 490 (sentença); 493 (fato superveniente); 998 (desistência do recurso);
1.009 e 1.013, § 3º (apelação); 924 (extinção da execução); 668, II (arrolamento; extinção do processo).
Lei nº 9.099, de 26.09.1995 (Juizados Especiais – ver Legislação Especial), art. 51 (extinção do
processo).
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 631: “Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo
assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário”.
Súmula do STJ:
nº 240: “A extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento do
réu”.
nº 485: “A Lei de Arbitragem aplica-se aos contratos que contenham cláusula arbitral, ainda que
celebrados antes da sua edição”.
Súmula do TFR:
nº 137: “A sentença que, em execução fiscal promovida por autarquia, julga extinto o processo, sem
decidir o mérito (CPC, art. 267), não está sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório”.
Súmula do TJMG:
nº 19: “A extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento do
réu”.
Súmula do TJRJ:
nº 132: “A intimação da parte para fins de extinção do processo na hipótese do art. 267, parágrafo
1º, do Código de Processo Civil, poderá ser determinada de ofício pelo juiz”.
BREVES COMENTÁRIOS
O estabelecimento da relação processual se faz com um objetivo, que é a composição ou solução da
lide (considerada esta como o conflito de interesses em que uma parte ostenta uma pretensão e a outra lhe
opõe resistência). Atingida essa meta, o processo exaure-se naturalmente. Mas certos fatos
extraordinários podem impedir o prosseguimento da marcha processual e causar sua interrupção
definitiva, provocando a dissolução do processo, sem que a lide tivesse sido solucionada. No primeiro
caso, diz-se que houve extinção do processo com resolução do mérito (art. 487); e no segundo caso, sem
resolução de mérito (art. 485). Em ambos os casos, porém, o ato do juiz necessário para pôr fim à
relação processual é a sentença (art. 203, § 1º), contra a qual o recurso cabível é sempre a apelação (art.
1.009). Chama-se, outrossim, sentença de mérito, ou sentença definitiva, a que, ao encerrar o processo,
compõe a lide; e, simplesmente sentença terminativa a que o extingue, sem dar solução ao litígio.
O Código anterior tratava detalhadamente das formas de extinção do processo, com ou sem
resolução do mérito, no capítulo da formação, suspensão e extinção do processo. Entretanto, o Código
atual arrolou essas hipóteses no capítulo da sentença. Assim, no Título da extinção do processo dispôs,
apenas, que “a extinção do processo dar-se-á por sentença” (art. 316). E, ainda, que antes de proferir
decisão sem resolução de mérito, o órgão jurisdicional deverá conceder à parte oportunidade para, se
possível, corrigir o vício (art. 317).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56ª ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17ª ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte
proponha de novo a ação.
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do
art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem
resolução do mérito.
§ 2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito
das custas e dos honorários de advogado.
§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não
poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a
possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
CPC/1973
Art. 268.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 92 (despesas processuais; extinção do processo sem resolução de mérito) e 310
(indeferimento de medida cautelar).
BREVES COMENTÁRIOS
Em regra, a extinção do processo sem resolução do mérito só produz coisa julgada formal. Não
tolhe à parte o direito de renovar a propositura da ação (art. 486). A petição inicial do novo processo,
todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e honorários
advocatícios devidos pela extinção do feito anterior (arts. 92 e 486, § 2º).
Nos casos de extinção em razão de litispendência, indeferimento da inicial, ausência de
pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo, ausência de condição
da ação e convenção de arbitragem, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou
à extinção do processo, sem resolução do mérito (art. 486, § 1º).
Há, não obstante, três casos previstos no Código em que a sentença terminativa, tal como a
definitiva (ou de mérito), impede a renovação do processo: isso se dá quando a extinção tiver sido
decretada por reconhecimento de litispendência, coisa julgada ou perempção (art. 485, V).
Em caso de litispendência, a repropositura da ação está impedida, enquanto perdurar a
litispendência. Superada esta, pode o autor propor nova demanda, desde que corrija o vício que levou à
sentença sem resolução do mérito.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
E. D. Moniz de Aragão, Comentários ao CPC, v. II, n. 543/546; Orlando Soares, Comentários ao
CPC, Forense, 1992, p. 451-452; Arruda Alvim, O art. 268 do CPC. A ilegitimidade e a ocorrência de
coisa julgada: critérios de interpretação, RF 401/61; José Roberto dos Santos Bedaque, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 487.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 19 (prescrição de ação declaratória); 90 (desistência, reconhecimento do pedido e
transação; despesas e honorários); 178 (nulidade de transação atinente a direitos de incapazes, por
ausência de intervenção do MP); 200 (homologação de transação); 203, § 1º (conceito de sentença); 240
(prescrição intercorrente); 354 (extinção do processo); 448 e ss. (conciliação; direitos disponíveis); 490
(acolhimento ou rejeição do pedido na sentença); 525, VII (prescrição em impugnação ao cumprimento
de sentença); 515, II (transação em título executivo judicial); 1.000 (transação e renúncia ao recurso);
1.009 (recurso cabível para a sentença, apelação); 1.014 (prescrição em apelação); 535, VI (prescrição
em embargos à execução contra a Fazenda Pública); 924 (extinção e suspensão da execução); 302, IV
(prescrição em tutela de urgência).
CC, arts. 189 (prescrição); 193 (prescrição; alegação em qualquer grau de jurisdição); 205 e 206
(prazos de prescrição); 207 (decadência, não suspende e nem inter-rompe); 210 (decadência;
reconhecimento de ofício); 840 a 850 (transação).
Lei nº 12.016, de 07.08.2009 (Mandado de Segurança – ver Legislação Especial), art. 23.
Lei nº 5.478, de 25.07.1968 (Alimentos – ver Legislação Especial), art. 23.
Lei nº 4.717, de 29.06.1965 (Ação Popular – ver Legislação Especial), art. 21.
Lei nº 6.404, de 15.12.1976, arts. 285 a 287 (sociedades por ações; prazos de prescrição).
Lei nº 8.906, de 04.07.1994 (Advogado – ver Legislação Especial), arts. 24, § 4º, e 25.
Lei nº 9.469, de 10.07.1997 (Advocacia-Geral da União – ver Legislação Especial), arts. 1º a 3º e
6º, § 2º.
Lei nº 9.099, de 26.09.1995 (Juizados Especiais – ver Legislação Especial), arts. 2º e 22, parágrafo
único.
Lei nº 10.259, de 12.07.2001 (Juizados Especiais Federais – ver Legislação Especial), art. 10,
parágrafo único.
Lei nº 11.101, de 09.02.2005, art. 82, § 1º (falências; prescrição da ação de responsabilidade dos
sócios).
SÚMULAS
Súmulas do STF:
nº 149: “É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de
herança”.
nº 150: “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação”.
nº 151: “Prescreve em um ano a ação do segurador sub-rogado para haver indenização por extravio
ou perda de carga transportada por navio”.
nº 230: “A prescrição da ação de acidente do trabalho conta-se do exame pericial que comprovar a
enfermidade ou verificar a natureza da incapacidade”.
nº 383: “A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a
partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida a quem de cinco anos, embora o titular do direito a
interrompa durante a primeira metade do prazo”.
nº 443: “A prescrição das prestações anteriores ao período previsto em lei não ocorre, quando não
tiver sido negado, antes daquele prazo, o próprio direito reclamado, ou a situação jurídica de que ele
resulta”.
nº 494: “A ação para anular venda de ascendente a descendente, sem consentimento dos demais,
prescreve em vinte anos, contados da data do ato, revogada a Súmula 152”.
Súmulas do STJ:
nº 39: “Prescreve em vinte anos a ação para haver indenização, por responsabilidade civil, de
sociedade de economia mista”. Observação: A prescrição ordinária, na espécie, foi reduzida para
três anos pelo art. 206, § 3º, V, do Código Civil/2002.
nº 85: “Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora,
quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações
vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação”.
nº 101: “A ação de indenização do segurado em grupo contra a seguradora prescreve em um ano”.
nº 106: “Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos
inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência”.
nº 119: “A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos”. Observação: O prazo de
usucapião, que serviu de parâmetro para a súmula, foi reduzido para quinze anos pelo art. 1.238 do
Código Civil/2002.
nº 142: “Prescreve em vinte anos a ação para exigir a abstenção do uso de marca comercial”.
Cancelada pela 2ª Seção na sessão de 12.05.1999, no julgamento do AR 512/DF.
nº 143: “Prescreve em cinco anos a ação de perdas e danos pelo uso de marca comercial”.
nº 194: “Prescreve em vinte anos a ação para obter, do construtor, indenização por defeitos da
obra”. Observação: Conferir sistema prescricional do CDC, arts. 26 e 27; Código Civil/2002, art.
618.
nº 278: “O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado
teve ciência inequívoca da incapacidade laboral”.
nº 210: “A ação de cobrança das contribuições para o FGTS prescreve em trinta (30) anos”.
nº 291: “A ação de cobrança de parcelas de complementação de aposentadoria pela previdência
privada prescreve em cinco anos”.
BREVES COMENTÁRIOS
Com a eliminação da ação autônoma de execução de sentença e a inclusão dos atos de cumprimento
da condenação na própria relação processual em que esta foi pronunciada (art. 475-I do CPC de 1973,
com a redação da Lei nº 11.232/2005), nem toda sentença de mérito porá fim ao processo. Apenas as
declaratórias e as constitutivas terão possibilidade de ser o provimento final da prestação jurisdicional
do processo de conhecimento. Nas ações julgadas por sentença de natureza condenatória (ou que tenha
força equivalente, como as homologatórias de transação e os julgados de partilha, por exemplo), o
julgamento de mérito será apenas uma etapa do procedimento, visto que a prestação jurisdicional terá,
ainda, que se desdobrar em ulteriores atos de cunho executivo. Aliás, nem mesmo as sentenças
constitutivas e declaratórias têm condições de encerrar o processo, pois sempre conterão uma parte
condenatória, no relativo às despesas e honorários sucumbenciais, cujo cumprimento se dará no
prolongamento do processo pós decisão de mérito. Diante dessa nova realidade, o texto do art. 269, do
CPC/1973, foi inovado para cuidar não exclusivamente das sentenças que extinguem o processo, mas
para destacar aquelas que, com ou sem extinção do processo, resolvem o mérito da causa. As hipóteses
são as mesmas arroladas pelo primitivo art. 269. A novidade está em que a solução do mérito não é mais
vista como causa necessária de extinção do processo.
Na atual sistemática prevista pelo novo Código (arts. 497e 498), a sentença de mérito, em si mesma,
tanto pode provocar extinção do processo, como pode ser indiferente à sua continuação em busca de
providências jurisdicionais complementares, acaso necessárias para satisfazer de maneira integral e
efetiva a pretensão acolhida em juízo. O normal, porém, será que, à falta de cumprimento voluntário do
vencido, o procedimento deverá prosseguir até que a condenação de verbas principais ou acessórias seja
efetivamente cumprida.
Em todos os casos de encerramento do processo, uma coisa é certa: é imprescindível a sentença do
juiz da causa, ainda que se restrinja a homologar ato das próprias partes. E, portanto, nunca é, a rigor, a
sentença que, por si só, faz extinguir, prontamente, a relação processual, pois, mesmo depois dela, há
sempre possibilidade de o feito prosseguir na esfera recursal ou na fase executiva. Na verdade, é a coisa
julgada formal (exaustão dos recursos ou perda do prazo de manifestá-los) assim como os eventuais atos
de cumprimento da sentença que põem termo ao processo, após a sentença ou o acórdão.
A sentença é, porém, o último ato jurisdicional antes do encerramento da relação processual de
conhecimento, e na execução, é ato judicial que decreta o fim do processo executivo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Cândido R. Dinamarco, Capítulos de sentença, Malheiros, Cap. III; José Roberto dos Santos
Bedaque, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; José Henrique
Mouta Araújo, Os pronunciamentos de mérito no novo CPC: reafirmação de um posicionamento, Revista
Dialética de Direito Processual, n. 149, ago. 2015, p. 62-69.
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à
parte a quem aproveitaria eventual pronunciamento nos termos do art. 485.
BREVES COMENTÁRIOS
Importante ressaltar a preferência do novo Código em que o juiz, sempre que possível, julgue o
mérito, ao invés de extinguir o processo sem julgamento de mérito. A função do processo não é a de
servir de palco a um debate teórico sobre as regras e princípios do direito processual. É, isto sim,
proporcionar às partes uma solução justa e efetiva ao litígio que as intranquiliza e compromete a
convivência social pacífica.
Por isso, as nulidades em geral não se decretam quando, malgrado o vício procedimental, o juiz tem
condições de decidir o mérito em favor da parte que se poderia beneficiar com a decretação de
invalidade (art. 282, § 2º).
Da mesma maneira, e pelas mesmas razões, não se deve extinguir o processo sem resolução do
mérito quando for possível emitir decisão de mérito favorável à parte a quem aproveitaria o
pronunciamento que não o resolve.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Roberto dos Santos Bedaque, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Seção II
Dos Elementos e dos Efeitos da Sentença
I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido
e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença
ou acórdão, que:
I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua
relação com a causa ou a questão decidida;
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua
incidência no caso;
III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;
V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos
determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte,
sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da
ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as
premissas fáticas que fundamentam a conclusão.
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos
e em conformidade com o princípio da boa-fé.
CPC/1973
Art. 458.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 685 e 686 (julgamento simutâneo da ação e da oposição), 129 a 132 (idem, da
denunciação da lide e do chamamento ao processo), 57 (idem, de ações conexas), 490 (sentença
terminativa).
CF, art. 93, IX (princípio da publicidade dos julgamentos e da fundamentação das decisões).
BREVES COMENTÁRIOS
Registre-se que as formalidades prescritas pelo Código são substanciais, isto é, correspondem a
elementos essenciais, na dicção da lei, de modo que sua inobservância leva à nulidade da sentença.
A sentença que apresentar nulidade por inobservância dos requisitos em apreciação poderá ser
invalidada em grau de apelação. E se passar em julgado, por não ter havido recurso em tempo hábil,
poderá ser objeto de ação rescisória, por violação de literal disposição da lei – error in procedendo
(NCPC, arts. 489 e 966, V).
O novo Código foi severo e minucioso na repulsa à tolerância com que os tribunais vinham
compactuando com verdadeiros simulacros de fundamentação, em largo uso na praxe dos juízos de
primeiro grau e nos tribunais superiores. Enumerou em longa série, situações em que,
exemplificativamente, a sentença não pode, in concretro, ser havida como fundamentada em sentido
jurídico (art. 489, § 1º). Vale dizer, a legislação atual preocupou-se com a motivação da decisão judicial
(seja ela interlocutória, sentença, ou acórdão).
A sentença, para a nova legislação processual, não deve ser apenas fundamentada, deve ser
adequadamente fundamentada, sob pena de não satisfazer as exigências do moderno processo justo,
idealizado pela Constituição.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacir Amaral Santos, Primeiras linhas de direito processual civil, v. III, n. 705/706; Orlando
Soares, Comentários ao CPC, v. I, p. 809/811; Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, tomo V –
sentença é emitida como prestação do Estado, em virtude da obrigação assumida na relação jurídica
processual (processo), quando a parte ou as partes vierem a juízo, isto é, exercerem a pretensão à tutela
jurídica; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual, v. I, n. 484; Caio Mário da Silva
Pereira, Da sentença e seus efeitos no novo CPC, RF 251/49; Arruda Alvim, Sentença no processo em
primeiro grau, RP 2/13; Humberto Theodoro Júnior, Princípios informativos e técnica de julgar no
processo civil, RF 268/103; Ronaldo Cunha Campos, Sentença como efeito do processo, RBDP 22/83;
Humberto Theodoro Júnior, Nulidade, inexistência e rescindibilidade da sentença, Ajuris 25/161;
Ronaldo Cunha Campos, Anotações concernentes à sentença terminativa, RBDP 46/13; José Carlos
Barbosa Moreira, Conteúdo e efeitos da sentença: variações sobre o tema, RP 40/07; Ovídio Baptista
da Silva, Conteúdo de sentença e coisa julgada, RP 37/270; Teresa Alvim Pinto, A sentença e a coisa
julgada, RP 41/177; José Carlos Barbosa Moreira, A motivação das decisões judiciais como garantia
inerente ao Estado de Direito, RBDP 16/111; Enrico Tullio Liebman, Do arbítrio à razão: reflexões
sobre a motivação da sentença, RP 29/79; José Augusto Delgado, A obrigatoriedade de motivação das
decisões, RT 664/27; Ada Pellegrini Grinover, O controle do raciocínio judicial pelos tribunais
superiores brasileiros, Ajuris 50/05; Humberto Theodoro Júnior e Dierle José Coelho Nunes, Uma
dimensão que urge reconhecer ao contraditório no direito brasileiro: sua aplicação como garantia de
influência, de não surpresa e de aproveitamento da atividade processual, RP 168/107; Teresa Arruda
Alvim Wambier, A influência do contraditório na convicção do juiz: fundamentação de sentença e de
acórdão, RP 168/53; Fabiano Carvalho, A função do relatório no julgamento colegiado. Manifestação do
princípio do contraditório, RP 198/445; Athos Gusmão Carneiro, Sentença mal fundamentada e sentença
não fundamentada. Conceitos. Nulidade, Ajuris 65/5 e RJ 216/5; Olvídio A. Batista da Silva,
Fundamentação das sentenças como garantia constitucional, RMDCPC 10/5; Daniel Mitidiero,
Fundamentação e precedente – dois discursos a partir da decisão judicial, RePRO 206/62; Leonardo
Carneiro da Cunha, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Ronaldo Kochem, Racionalidade e decisão – a fundamentação das decisões judiciais e a interpretação
jurídica, Revista de Processo, n. 244, p. 59, jun. 2015; Fredie Didier Jr., O direito de estar em juízo e a
coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 199-203; Hugo de Brito Machado,
Fudamentação como condição de validade das decisões judiciais e o novo CPC, Revista Dialética de
Direito Processual, n. 151, p. 70-74, out. 2015; Oscar Valente Cardoso, O conteúdo mínimo da
fundamentação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil: comentários ao parágrafo 1º do
art. 489, Revista Dialética de Direito Processual, n. 149, ago. 2015, p. 80-89.
Art. 490. O juiz resolverá o mérito acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, os pedidos
formulados pelas partes.
CPC/1973
Art. 459.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 2º e 141 (princípio dispositivo), 485 (extinção do processo sem resolução de mérito),
487, I (resolução de mérito), 324 a 329 (pedido).
Código de Defesa do Consumidor, art. 84 (cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer).
Lei das Sociedades Anônimas, art. 290 (indenização por perdas e danos).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 318: “Formulado pedido certo e determinado, somente o autor tem interesse recursal em arguir o
vício da sentença ilíquida”.
BREVES COMENTÁRIOS
Acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor, o juiz,
independentemente de pedido da parte, manifestar-se-á também sobre: a) cálculo da correção monetária;
b) remuneração da perícia; c) condenação ao pagamento dos juros legais; d) condenação ao pagamento
das despesas e honorários advocatícios.
A sentença deve, outrossim, ser completa, dando solução a todas as questões suscitadas pelas
partes. É nula, portanto, quando não esgota a prestação jurisdicional (sentença citra petita) (RT 506/143;
RTJ 74/618; RF 291/340).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Arruda Alvim, Sentença citra petita – necessidade de ação rescisória, RP 14/235; Athos Gusmão
Carneiro, A sentença ilíquida e o art. 459, parágrafo único, do CPC, RF 251/65; Edson Ribas Malachini,
Pedido certo e sentença ilíquida, RF 265/458; RBDP 19/47; RP 47/84; RT 521/314; Milton dos Santos
Martins, Da sentença ilíquida, art. 459, parágrafo único do CPC, RT 499/22; RP 10/101; Willis Santiago
Guerra Filho, Eficácia ultrassubjetiva da sentença, RF 337/401; Leonardo Carneiro da Cunha, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 491. Na ação relativa à obrigação de pagar quantia, ainda que formulado pedido genérico,
a decisão definirá desde logo a extensão da obrigação, o índice de correção monetária, a taxa de
juros, o termo inicial de ambos e a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso, salvo
quando:
I – não for possível determinar, de modo definitivo, o montante devido;
II – a apuração do valor devido depender da produção de prova de realização demorada ou
excessivamente dispendiosa, assim reconhecida na sentença.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, seguir-se-á a apuração do valor devido por liquidação.
§ 2º O disposto no caput também se aplica quando o acórdão alterar a sentença.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
BREVES COMENTÁRIOS
Do art. 491 do NCPC, podem-se deduzir duas conclusões:
(a) sempre que possível, a condenação relacionada com obrigação por quantia deverá ser líquida,
pouco importando que o pedido tenha sido líquido ou genérico;
(b) ainda que genérica a condenação, a sentença de-verá conter os elementos necessários à
determinação da extensão da obrigação, no que diz respeito ao principal e respectivos acessórios. Para a
liquidação não podem ser relegadas questões básicas sobre a existência da própria obrigação, mas
apenas a operação de sua quantificação. Somente as obrigações certas podem ser submetidas à
liquidação de sentença.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar
a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.
CPC/1973
Art. 460.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacyr Amaral Santos, Comentários ao CPC, v. IV, n. 330; Humberto Theodoro Júnior, Curso de
direito processual civil, v. I, n. 496-a; Calmon de Passos, Inovações no CPC, Forense, 1995, p. 51 e ss.;
Leonardo Carneiro da Cunha, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Conquanto não conste do pedido inicial, não consti-tuirá julgamento ultra petita a decisão: a) que
conceder a correção monetária; b) que condenar ao pagamento dos juros legais (art. 322); c) idem, das
despesas e honorários advocatícios (art. 85); d) idem, das prestações vincendas (art. 323).
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo
do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a
requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz ouvirá as partes sobre ele antes de
decidir.
CPC/1973
Art. 462.
BREVES COMENTÁRIOS
A regra vale tanto para o Juiz Singular como para o Tribunal.
Determina o novo Código ─ em homenagem ao princípio da não surpresa ─ que se o juiz constatar,
de ofício, fato novo, deverá ouvir as partes, a seu respeito, antes de decidir.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
J. Oswaldo de Oliveira Leite, Direito superveniente à propositura da ação, RF 266/443; Nélson
Nery Jr., Direito superveniente – não cabimento de alteração da causa de pedir, RP 25/214; Galeno
Lacerda, O código e o formalismo processual, Ajuris 28/7; Leonardo Carneiro da Cunha, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 463.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 1.012 (apelação; proibição de inovar), 1.022 a 1.026 (embargos de declaração).
BREVES COMENTÁRIOS
É só com a publicação da sentença de mérito que o juiz realmente cumpre o ofício jurisdicional
relativo ao acer-tamento que lhe foi pleiteado. Desde então, já não pode mais alterar o seu decisório (art.
494). Esse cumprimento do ofício do juiz é completo no tocante aos provimentos declaratórios e
constitutivos, que via de regra trazem em seu próprio teor toda a prestação jurisdicional pretendida pela
parte. Nos provimentos condenatórios (ou de força equivalente à condenação), embora seja vedado ao
juiz alterar a sentença publicada, deve continuar prestando tutela jurisdicional à parte vencedora até que
se alcance o efetivo cumprimento do comando sentencial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
João Delfino, Sentença: momento de sua publicação, RBDP 48/105; Sônia Hase de Almeida
Baptista, Erro em julgado, RP 71/174; Erro de cálculo e trânsito em julgado, RP 54/250; Humberto
Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. I, n. 495; José Frederico Marques, Manual de
direito processual civil, v. III, n. 541 – a regra do 463 aplica-se também às sentenças terminativas;
Leonardo Carneiro da Cunha, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a
que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação
pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária.
§ 1º A decisão produz a hipoteca judiciária:
I – embora a condenação seja genérica;
II – ainda que o credor possa promover o cumprimento provisório da sentença ou esteja
pendente arresto sobre bem do devedor;
III – mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo.
§ 2º A hipoteca judiciária poderá ser realizada mediante apresentação de cópia da sentença
perante o cartório de registro imobiliário, independentemente de ordem judicial, de declaração
expressa do juiz ou de demonstração de urgência.
§ 3º No prazo de até 15 (quinze) dias da data de realização da hipoteca, a parte informá-la-á
ao juízo da causa, que determinará a intimação da outra parte para que tome ciência do ato.
§ 4º A hipoteca judiciária, uma vez constituída, implicará para o credor hipotecário o direito de
preferência quanto ao pagamento, em relação a outros credores, observada a prioridade no
registro.
§ 5º Sobrevindo a reforma ou a invalidação da decisão que impôs o pagamento de quantia, a
parte responderá, independentemente de culpa, pelos danos que a outra parte tiver sofrido em
razão da constituição da garantia, devendo o valor da indenização ser liquidado e executado nos
próprios autos.
CPC/1973
Art. 466.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 1.012, § 2º (apelação; execução provisória) e 513, § 1º, 520.
Lei de Registros Públicos, art. 167, I, 2 (hipoteca judicial).
CC, arts. 1.489 a 1.491 (hipoteca legal).
BREVES COMENTÁRIOS
A hipoteca judiciária, no regime do CPC/1973, continha apenas o elemento “sequela”, inexistindo a
“prefe-rência”. Na lição de Amílcar de Castro, funcionava como “um meio preventivo da fraude, para
evitar a alienação em fraude de execução e impedir a constituição de novas garantias, e não com o intuito
de conferir preferência ao credor que a inscreva” (apud Gabriel Rezende Filho. Curso de direito
processual civil. 5. ed., São Paulo: Saraiva, 1957, v. III, n. 827). O novo Código, além de facilitar sua
constituição, deu-lhe maiores dimensões, de sorte que o gravame legal passou a contar também com “o
direito de preferência quanto ao pagamento, em relação a outros credores, observada a prioridade no
registro”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Moacyr Amaral Santos, Primeiras linhas de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2012, v.
III, n. 722/3 – efeitos secundários da sentença; Enrico T. Liebman, Sentença e coisa julgada, RFDUSP
(XL, 107); Pontes de Miranda, Comentários ao CPC (1939), v. II, p. 342 – sobre hipoteca judiciária;
Gabriel Rezende Filho, Curso de direito processual civil, 5ª ed., São Paulo: Saraiva, 957, v. III, n. 827 –
citando Amílcar de Castro, “hipoteca judicial é um meio preventivo da fraude, para evitar a alienação em
fraude de execução e impedir a constituição de novas garantias, e não com o intuito de conferir
preferência ao credor que a inscreve”; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio
de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n. 505; Leonardo Carneiro da Cunha, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção III
Da Remessa Necessária
Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:
I – proferida contra a União, os estados, o Distrito Federal, os municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público;
II – que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará
a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
§ 2º Em qualquer dos casos referidos no § 1º, o tribunal julgará a remessa necessária.
§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido
na causa for de valor certo e líquido inferior a:
I – 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito
público;
II – 500 (quinhentos) salários-mínimos para os estados, o Distrito Federal, as respectivas
autarquias e fundações de direito público e os municípios que constituam capitais dos estados;
III – 100 (cem) salários mínimos para todos os demais municípios e respectivas autarquias e
fundações de direito público.
§ 4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:
I – súmula de tribunal superior;
II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção
de competência;
IV – entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do
próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
CPC/1973
Art. 475.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Lei nº 12.016/2009, art. 14 (mandado de segurança – sentença concessiva da segurança está sujeita
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição).
SÚMULAS
Súmulas do STF:
Nº 423: “Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se
considera interposto ex lege.”
Nº 620: “A sentença proferida contra autarquias não está sujeita a reexame necessário, salvo quando
sucumbente em execução de dívida ativa.” Observação: entendimento superado pela nova redação do
art. 475, I, do CPC, após a Lei nº 10.352/2001.
Súmula do STJ:
Nº 325: “A remessa oficial devolve ao tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação
suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado.”
Nº 490: “A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito
controvertido for inferior a 60 salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.”
BREVES COMENTÁRIOS
Antes do reexame, ou seja, senão depois de confirmada, a sentença não poderá ser executada.
Quando a causa for julgada em desfavor da Fazenda, cumprirá ao juiz, de ofício, determinar a
subida dos autos ao tribunal, mesmo se a pessoa jurídica sucumbente não interpuser apelação no prazo
legal. Se não o fizer, o presidente do tribunal poderá avocá-los para que o reexame necessário seja
cumprido (art. 496, § 1º). A novidade do CPC de 2015 é a supressão da superposição de remessa
necessária e apelação. Se o recurso cabível já foi voluntariamente manifestado, o duplo grau já estará
assegurado, não havendo necessidade de o juiz proceder à formalização da remessa oficial. A sistemática
do Código anterior complicava o julgamento do tribunal, que tinha de se pronunciar sobre dois
incidentes: a remessa necessária e a apelação, o que quase sempre culminava com a declaração de ter
restado prejudicado o recurso da Fazenda Pública, diante da absorção de seu objeto pelo decidido no
primeiro expediente.
O novo Código manteve a orientação do anterior no sentido de excluir as causas de menor valor do
reexame necessário. Mas não é o pedido inicial que importa, senão o valor em que a sentença condena o
Poder Público, ou lhe nega direito em face do adversário. A dispensa de reexame necessário, todavia,
não se aplica a sentenças ilíquidas, qualquer que seja o valor da causa (Súmula nº 490 do STJ).
O novo Código também excluiu do reexame necessário a sentença contrária à Fazenda Pública que
estiver lastreada num dos seguintes fundamentos (art. 496, § 4º):
(a) súmula de tribunal superior (inciso I);
(b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos (inciso II);
(c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de
competência (inciso III);
(d) entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do
próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa (inciso IV).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Leonardo Oliveira Soares, Duas restrições, no futuro CPC, ao exercício constitucional ao recurso,
RDDP, n.148, p. 62, jul. 2015; Moacir Amaral Santos, Comentários ao CPC, Rio de Janeiro: Forense,
1989, v. IV, n. 373/04; Orlando Soares, Comentários ao CPC, v. I, p. 840/02; Ennio Bastos de Barros, Os
embargos infringentes e o reexame necessário, RF 254/59; José Eustáquio Cardoso, Do cabimento de
embargos infringentes ou recurso extraordinário da decisão tomada no julgamento da chamada remessa ex
officio, RF 262/101; Walter Borges Carneiro, Duplo grau de jurisdição obrigatório, Ajuris 15/149;
Leonardo Carneiro da Cunha, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; Weber Luiz de Oliveira, Remessa necessária, julgamento antecipado parcial de mérito e
estabilização da tutela antecipada – reflexões iniciais para execução contra a Fazenda Pública diante do
Novo Código de Processo Civil de 2015, Revista Magister de Direito Civil e Processual Civil, ano XI,
n. 66, p. 54-67, maio-jun. 2015.
Seção IV
Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de Fazer, de Não Fazer e de
Entregar Coisa
Art. 497. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se
procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a
obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração
ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de
dano ou da existência de culpa ou dolo.
CPC/1973
Art. 461.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 300 (antecipação de tutela); 513 (cumprimento de sentença); 815 a 821 (execução das
obrigações de fazer); 822 e 823 (execução de obrigação de não fa-zer); 814 (execução de obrigação de
fazer de não fazer).
CC, arts. 247 a 249 (obrigações de fazer); 250 e 251 (obrigações de não fazer).
Lei nº 12.016, de 07.08.2009 (Mandado de Segurança – ver Legislação Especial), art. 15.
Lei nº 8.437, de 30.06.1992 (Medidas Cautelares – ver Legislação Especial).
Lei nº 9.494, de 10.09.1997 (Tutela antecipada contra a Fazenda Pública – ver Legislação
Especial).
SÚMULAS
Súmulas do STJ:
Nº 372: “Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória”.
Nº 410: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de
multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo CPC conserva a orientação antes adotada pelo Código de 1973, a partir da reforma de seu
art. 461, realizada pela Lei nº 8.952/1994, com a preocupação de assegurar efetividade à tutela das
obrigações de fazer e de não fazer. Em suas linhas básicas, o tratamento processual dispensado a tais
obrigações é o da garantia de tutela específica, de modo a impedir a saída fácil para as condenações a
perdas e danos ou a simples pagamento de multas contratuais.
Em regra, o juiz está obrigado a conceder a tutela específica da obrigação (art. 497, caput). Não
sendo viável a execução específica, a sentença, ao condenar o réu ao cumprimento da obrigação de fazer
ou não fazer, deter-minará providências concretas que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento (art. 497, caput). Dessa forma, não se pratica a conversão da obrigação de fazer ou não
fazer em perdas e danos, mas se impõe uma outra prestação capaz de garantir resultados práticos
equivalentes ao do cumprimento in natura. Para a concessão da tutela inibitória destinada a impedir a
prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou sua remoção (tutela às obrigações de não fazer), é
irrelevante a demonstração da prévia ocorrência de dano ou da existência de dolo ou culpa (art. 497,
parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Cassio Scarpinella Bueno, Tutela antecipada, São Paulo: Saraiva, 2007; Luix Fux, Tutela de
segurança e tutela da evidência (fundamentos da tutela antecipada), São Paulo: Saraiva, 1996; João
Batista Lopes, Tutela antecipada no processo civil brasileiro, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009;
Athos Gusmão Carneiro, Da antecipação de tutela no processo civil, Rio de Janeiro: Forense, 1999;
Cássio Scarpinella Bueno, Execução provisória e antecipação da tutela – dinâmica do efeito
suspensivo da apelação e da execução provisória: conserto para a efetividade do processo, São Paulo:
Saraiva, 1999; Jorge Pinheiro Castelo, Tutela antecipada: na teoria geral do processo, São Paulo: LTr,
1999, v. 1; Antônio Cláudio da Costa Machado, Tutela antecipada, São Paulo: Oliveira Mendes, 1999;
Luiz Guilherme Marinoni, Tutela cautelar e tutela antecipatória, São Paulo: Revista dos Tribunais,
1994; A antecipação da tutela, São Paulo: Malheiros, 2004; Tutela antecipada e julgamento
antecipado: parte incontroversa da demanda, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, cap. III, n. 8;
Tutela inibitória: individual e coletiva, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012; e Tutela específica:
arts. 461, CPC e 84, CDC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001; Humberto Theodoro Júnior, As
inovações no Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 17 e ss.; Cândido R.
Dinamarco, A Reforma do Código de Processo Civil, São Paulo: Malheiros, 1995, p. 149 e ss.; Flávio
Cheim Jorge e Marcelo Abelha Rodrigues, Tutela específica do art. 461 do CPC e o processo de
execução, In: Sérgio Shimura, Teresa Arruda Alvim Wambier (coords.) Processo de execução, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, v. 2; Luiz Manoel Gomes Junior, Execução de multa – art. 461, § 4º,
do CPC e a sentença de improcedência do pedido, In: Sérgio Shimura, Teresa Arruda Alvim Wambier
(coords.) Processo de execução, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, v. 2; Ada Pellegrini Grinover,
A tutela jurisdicional nas obrigações de fazer e não fazer, RF 333/3; RP 79/67: “O art. 461 aplica-se a
todas as obrigações de fazer e não fazer, fungíveis, com a observação de que a tutela específica das
obrigações de prestar declaração de vontade continua subsumida ao regime próprio dos arts. 639/641,
CPC, que não sofreram alteração”; Teori Albino Zavascki, Antecipação da tutela e obrigação de fazer e
de não fazer, RJ 237/20; Gênesis 4/111; Humberto Theodoro Júnior, Tutela específica das obrigações de
fazer e não fazer, RP 105/9; Luiz Guilherme Marinoni, As novas sentenças e os novos poderes do juiz
para a prestação da tutela, RGDPC 29/548; Ciência Jurídica 119/305; Tutela inibitória, RJ 41/40; A
prova na ação inibitória, RJ 294/15; Tutela inibitória a tutela de prevenção de ilícito, RGDPC 2/347; As
novas sentenças e os novos poderes do juiz para a prestação da tutela, CJ 119/305; RGDPC 29/548; e O
direito ambiental e as ações inibitória e de remoção do ilícito, CJ 120/217; Rinaldo Mouzalas, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 498. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e pela quantidade,
o autor individualiza-la-á na petição inicial, se lhe couber a escolha, ou, se a escolha couber ao réu,
este a entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz.
CPC/1973
Art. 461-A.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 300 (antecipação de tutela); 513 (cumprimento de sentença); e 806 a 813 (execução de
entrega de coisa).
CC, arts. 233 a 246 (obrigações de dar).
Lei nº 2.770, de 04.05.1956 (liberação de bens).
Lei nº 8.245, de 18.10.1991 (Locação – ver Legislação Especial), arts. 64 a 65.
Lei nº 9.494, de 10.09.1997 (Tutela antecipada contra a Fazenda Pública – ver Legislação
Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
Nenhuma sentença que condena à entrega de coisa se submeterá ao sistema da duplicidade de ações
(uma para a condenação e outra para a execução). Uma única relação processual proporcionará o
acertamento e a realização do direito do credor de coisa. Apenas se empregará a actio iudicati para os
títulos executivos extrajudiciais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Cassio Scarpinella Bueno, Tutela antecipada, São Paulo: Saraiva, 2007, Parte 1, n. 12.5; João
Batista Lopes, Tutela antecipada no processo civil brasileiro, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009,
Quarta Parte, n. 2; Jorge Pinheiro Castelo, Tutela antecipada: na teoria geral do processo, São Paulo:
LTr, 1999, v. 1, n. 5.3; Luiz Guilherme Marinoni, Tutela antecipada e julgamento antecipado: parte
incontroversa da demanda, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, cap. III, n. 8; Rinaldo Mouzalas, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 499. A obrigação somente será convertida em perdas e danos se o autor o requerer ou se
impossível a tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 300 (antecipação de tutela); 513 (cumprimento de sentença); 815 a 821 (execução das
obrigações de fazer); 822 e 823 (execução de obrigação de não fa-zer); e 814 (execução de obrigação de
fazer de não fazer).
CC, arts. 247 a 249 (obrigações de fazer); e 250 e 251 (obrigações de não fazer).
Lei nº 12.016, de 07.08.2009 (Mandado de Segurança – ver Legislação Especial), art. 15.
Lei nº 8.437, de 30.06.1992 (Medidas Cautelares – ver Legislação Especial).
Lei nº 9.494, de 10.09.1997 (Tutela antecipada contra a Fazenda Pública – ver Legislação
Especial).
SÚMULAS
Súmulas do STJ:
Nº 372: “Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória.”
Nº 410: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de
multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.”
BREVES COMENTÁRIOS
A conversão da obrigação em perdas e danos só acon-tecerá se o credor a requerer ou se a execução
específica mostrar-se impossível (perecimento ou desvio da coisa), de modo a torná-la inalcançável pela
parte (art. 499). Não há para o credor de coisa certa a possibilidade prevista para as prestações de fato
de substituir a prestação devida por providência capaz de produzir resultado prático equivalente ao
adimplemento (caput do art. 497).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Cassio Scarpinella Bueno, Tutela antecipada, São Paulo: Saraiva, 2007; Luiz Fux, Tutela de
segurança e tutela da evidência (fundamentos da tutela antecipada), São Paulo: Saraiva, 1996; João
Batista Lopes, Tutela antecipada no processo civil brasileiro, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009;
Athos Gusmão Carneiro, Da antecipação de tutela no processo civil, Rio de Janeiro: Forense, 1999;
Cássio Scarpinella Bueno, Execução provisória e antecipação da tutela – dinâmica do efeito
suspensivo da apelação e da execução provisória: conserto para a efetividade do processo, São Paulo:
Saraiva, 1999; Jorge Pinheiro Castelo, Tutela antecipada: na teoria geral do processo, São Paulo: LTr,
1999, v. 1; Antônio Cláudio da Costa Machado, Tutela antecipada, São Paulo: Oliveira Mendes, 1999;
Luiz Guilherme Marinoni, Tutela cautelar e tutela antecipatória, São Paulo: Revista dos Tribunais,
1994; A antecipação da tutela, São Paulo: Malheiros, 2004; Tutela antecipada e julgamento
antecipado: parte incontroversa da demanda, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, cap. III, n. 8;
Tutela inibitória: individual e coletiva, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012; e Tutela específica:
arts. 461, CPC e 84, CDC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001; Humberto Theodoro Júnior, As
inovações no Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 17 e ss.; Cândido R.
Dinamarco, A reforma do Código de Processo Civil, São Paulo: Malheiros, 1995, p. 149 e ss.; Flávio
Cheim Jorge e Marcelo Abelha Rodrigues, Tutela específica do art. 461 do CPC e o processo de
execução, In: Sérgio Shimura, Teresa Arruda Alvim Wambier (coords.), Processo de execução. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001; Luiz Manoel Gomes Junior, Execução de multa – art. 461, § 4º, do
CPC e a sentença de improcedência do pedido, In: Sérgio Shimura, Teresa Arruda Alvim Wambier
(coords.), Processo de execução, v. 2, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001; Ada Pellegrini Grinover,
A tutela jurisdicional nas obrigações de fazer e não fazer, RF 333/3; RP 79/67: “O art. 461 aplica-se a
todas as obrigações de fazer e não fazer, fungíveis, com a observação de que a tutela específica das
obrigações de prestar declaração de vontade continua subsumida ao regime próprio dos arts. 639/641,
CPC, que não sofreram alteração”; Teori Albino Zavascki, Antecipação da tutela e obrigação de fazer e
de não fazer, RJ 237/20; Gênesis 4/111; Humberto Theodoro Júnior, Tutela específica das obrigações de
fazer e não fazer, RP 105/9; Luiz Guilherme Marinoni, As novas sentenças e os novos poderes do juiz
para a prestação da tutela, RGDPC 29/548; Ciência Jurídica 119/305; Tutela inibitória, RJ 41/40; A
prova na ação inibitória, RJ 294/15; Tutela inibitória a tutela de prevenção de ilícito, RGDPC 2/347; As
novas sentenças e os novos poderes do juiz para a prestação da tutela, CJ 119/305; RGDPC 29/548; e O
direito ambiental e as ações inibitória e de remoção do ilícito, CJ 120/217; Rinaldo Mouzalas, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 500. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa fixada
periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da obrigação.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 300 (antecipação de tutela); 513 (cumprimento de sentença); 815 a 821 (execução das
obrigações de fazer); 822 e 823 (execução de obrigação de não fa-zer); e 814 (execução de obrigação de
fazer de não fazer).
CC, arts. 247 a 249 (obrigações de fazer); e 250 e 251 (obrigações de não fazer).
Lei nº 12.016, de 07.08.2009 (Mandado de Segurança – ver Legislação Especial), art. 15.
Lei nº 8.437, de 30.06.1992 (Medidas Cautelares – ver Legislação Especial).
Lei nº 9.494, de 10.09.1997 (Tutela antecipada contra a Fazenda Pública – ver Legislação
Especial).
SÚMULAS
Súmulas do STJ:
Nº 372: “Na ação de exibição de documentos, não cabe a aplicação de multa cominatória.”
Nº 410: “A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de
multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.”
BREVES COMENTÁRIOS
Ocorrendo a inviabilização da entrega da coisa, apurada depois da condenação específica, sua
conversão em indenização pelas perdas e danos dar-se á sem prejuízo da multa prevista (art. 500); não
tem cabimento, no entanto, impor multa da espécie se a entrega da coisa se inviabilizou antes da
condenação, ou se o credor já optou de antemão pelo equivalente econômico.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Cassio Scarpinella Bueno, Tutela antecipada, São Paulo: Saraiva, 2007; Luiz Fux, Tutela de
segurança e tutela da evidência (fundamentos da tutela antecipada), São Paulo: Saraiva, 996; João
Batista Lopes, Tutela antecipada no processo civil brasileiro, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009;
Athos Gusmão Carneiro, Da antecipação de tutela no processo civil, Rio de Janeiro: Forense, 1999;
Cássio Scarpinella Bueno, Execução provisória e antecipação da tutela – dinâmica do efeito
suspensivo da apelação e da execução provisória: conserto para a efetividade do processo, São Paulo:
Saraiva, 1999; Jorge Pinheiro Castelo, Tutela antecipada: na teoria geral do processo, São Paulo: LTr,
1999, v. 1; Antônio Cláudio da Costa Machado, Tutela antecipada, São Paulo: Oliveira Mendes, 1999;
Luiz Guilherme Marinoni, Tutela cautelar e tutela antecipatória, São Paulo: Revista dos Tribunais,
1994; A antecipação da tutela, São Paulo: Malheiros, 2004; Tutela antecipada e julgamento
antecipado: parte incontroversa da demanda, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, cap. III, n. 8;
Tutela inibitória: individual e coletiva, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012; e Tutela específica:
arts. 461, CPC e 84, CDC, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001; Humberto Theodoro Júnior, As
inovações no Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 17 e ss.; Cândido R.
Dinamarco, A reforma do Código de Processo Civil, São Paulo: Malheiros, 1995, p. 149 e ss.; Flávio
Cheim Jorge e Marcelo Abelha Rodrigues, Tutela específica do art. 461 do CPC e o processo de
execução in: Sérgio Shimura, Teresa Arruda Alvim Wambier (coords.) Processo de execução, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, v. 2; Luiz Manoel Gomes Junior, Execução de multa – art. 461, § 4º,
do CPC e a sentença de improcedência do pedido, in: Sérgio Shimura, Teresa Arruda Alvim Wambier
(coords.) Processo de execução, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, v. 2; Ada Pellegrini Grinover,
A tutela jurisdicional nas obrigações de fazer e não fazer, RF 333/3; RP 79/67: “O art. 461 aplica-se a
todas as obrigações de fazer e não fazer, fungíveis, com a observação de que a tutela específica das
obrigações de prestar declaração de vontade continua subsumida ao regime próprio dos arts. 639/641,
CPC, que não sofreram alteração”; Teori Albino Zavascki, Antecipação da tutela e obrigação de fazer e
de não fazer, RJ 237/20; Gênesis 4/111; Humberto Theodoro Júnior, Tutela específica das obrigações de
fazer e não fazer, RP 105/9; Luiz Guilherme Marinoni, As novas sentenças e os novos poderes do juiz
para a prestação da tutela, RGDPC 29/548; Ciência Jurídica 119/305; Tutela inibitória, RJ 41/40; A
prova na ação inibitória, RJ 294/15; Tutela inibitória a tutela de prevenção de ilícito, RGDPC 2/347; As
novas sentenças e os novos poderes do juiz para a prestação da tutela, CJ 119/305; RGDPC 29/548; e O
direito ambiental e as ações inibitória e de remoção do ilícito, CJ 120/217; Carlos Eduardo da Rosa da
Fonseca Passos, Métodos de cumprimento da tutela específica, REMERJ 42/72 – sobre medidas práticas
para realizar a execução específica; Carlos Eduardo da Rosa da Fonseca Passos, A indústria da multa e a
necessidade de uniformizar, Remerj 43/48; Guilherme Rizzo Amaral, As astreintes e o processo civil
brasileiro, Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010; Sérgio Cruz Arenhart, A intervenção judicial e o
cumprimento da tutela específica, RJ 385/45; Guilherme Rizzo Amaral, As astreintes e o novo Código de
Processo Civil, RP 182/181; Fernando Rubin, A regra da preclusividade das decisões judiciais frente à
situação anômala da revogação de liminares e da utilização do atípico pedido de reconsideração, Revista
Dialética de Direito Processual 116/44; Rinaldo Mouzalas, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie
Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a sentença que
julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da
declaração não emitida.
CPC/1973
Art. 466-A.
BREVES COMENTÁRIOS
Obtida a sentença que condenou o devedor a emitir a prometida declaração de vontade, o
atendimento da pretensão do credor não mais dependerá de qualquer atuação do promitente. A própria
sentença, uma vez transitada em julgado, substituirá a declaração não emitida, produzindo todos os
efeitos jurídicos a que esta se destinava. A sentença, em outras palavras, supre a declaração de vontade
sonegada pelo devedor.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. II,
n. 640 a 640-C; Celso Barbi Filho, Efeitos da reforma do Código de Processo Civil na execução
específica do acordo de acionistas, RF 338/49: “Está claro no texto pátrio (art. 287 referido) que as
hipóteses de cominação de pena pecuniária estão restritas às hipóteses em que invoca o demandante
tutela jurisdicional de caráter condenatório. E, como se teve oportunidade de expor, na invocação da
tutela específica sob exame, não se reclama propriamente a condenação do réu a emitir declaração de
vontade, mas a prolação de sentença que produza eficácia jurídica idêntica à que resultaria do
adimplemento voluntário da obrigação”; Sidney Sanches, Execução específica das obrigações de
contratar e de prestar declaração de vontade, RDP 54/30; Humberto Theodoro Júnior, As novas reformas
do Código de Processo Civil: Leis nºs 11.187, de 19.10.2005; 11.232, de 22.12.2005; 11.276 e 11.277,
de 07.02.2006; e 11.280, de 16.02.2006, Rio de Janeiro: Forense, 2007; Rinaldo Mouzalas, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção V
Da Coisa Julgada
Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a
decisão de mérito não mais sujeita a recurso.
CPC/1973
Art. 467.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 485, VI (extinção do processo sem resolução de mérito), 337, §§ 1º a 6º (definição;
requisitos), e 515, VI (execução; influência de sentença penal condenatória no juízo cível).
CC, art. 935 (responsabilidade civil).
CPP, art. 63 (execução da sentença condenatória no cível).
Código de Defesa do Consumidor, art. 103 (coisa julgada nas ações coletivas em defesa do
consumidor – Ver Legislação Especial).
Lei nº 5.478, de 25.07.1968, art. 15 (Alimentos – Ver Legislação Especial).
Lei nº 7.347, de 24.07.1985, art. 16 (Ação civil pública – Ver Legislação Especial).
Lei nº 4.717, de 29.06.1965, art. 18 (Ação popular – Ver Legislação Especial).
Lei nº 11.101, de 09.02.2005, arts. 90 e 91 (Falências).
Lei nº 12.016, de 07.08.2009, arts. 15 e 16 (Mandado de Segurança – Ver Legislação Especial).
BREVES COMENTÁRIOS
A res iudicata se apresenta como uma qualidade da sentença, assumida em determinado momento
processual. Não é efeito da sentença, mas a qualidade dela, representada pela “imutabilidade” do julgado
e de seus efeitos, depois que não seja mais possível impugná-los por meio de recurso.
Assim é que, para o nosso Código, “denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna
imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”. Note-se que a coisa julgada não é
exclusiva da sentença, mas de toda e qualquer decisão que resolva, no todo ou em parte, o mérito da
causa. O NCPC admite expressamente a formação parcelada da coisa julgada, inclusive por meio de
decisões interlocutórias (art. 356). Superou, portanto, o mito (aliás, insustentável) da incindibilidade do
julgamento do mérito e da pretensa unitariedade da res iudicata.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Araken de Assis, Litispendência e coisa julgada no processo de execução, EJ 45/15; Araken de
Assis, Reflexões sobre a eficácia preclusiva da coisa julgada, Ajuris 44/25; Arruda Alvim et alii, Coisa
julgada na ação cautelar de sustação de protesto, RP 9/195; Arruda Alvim, Coisa julgada; limites
objetivos; ação prejudicial externa; julgamento da ação cautelar; efeitos; ação rescisória; requisitos;
liquidação por artigos para apuração de perdas e danos; julgamento antecipado, RP 46/177; Antonio do
Passo Cabral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Eduardo Maneira, Donovan Mazza e Marcos Correia Piqueira Maia, A coisa julgada no âmbito do
mandado de segurança coletivo e o art. 22 da Lei n° 12.016/2009, RDDP, n. 148, p. 14, jul. 2015; José
Rogério Cruz e Tucci, Coisa julgada em mandado de segurança – subsídios para a interpretação dos
limites, Revista Magister de Direito Civil e Processual Civil, ano XI, n. 66, p. 35-40, maio-jun. 2015;
André Del Negri, A coisa julgada reexaminada na demarcação constitucional, In: Arlete Inês Aurelli et
al. (coords.), O direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p.
615-625; Carlos Henrique Soares, Coisa julgada constitucional e o novo conceito de trânsito em julgado,
In: Arlete Inês Aurelli et al. (coords.), O direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2014, p. 633-651; Angélica Arruda Alvim e Eduardo Arruda Alvim, Questões
controvertidas sobre a coisa julgada, In: Arlete Inês Aurelli et al. (coords.), O direito de estar em juízo e
a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 693-707; Rennan Faria Kruger Thamay,
Novo Código de Processo Civil: principais alterações do sistema processual civil, São Paulo: Rideel,
2014; José Carlos Van Cleef de Almeida Santos, A coisa julgada e a decisão interlocutória de mérito. A
reafirmação do sistema pelo Projeto do novo CPC, In: Arlete Inês Aurelli et al. (coords.), O direito de
estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 805-830; Leonardo de Faria
Beraldo, Revisitando a teoria da flexibilização da coisa julgada nas ações de investigação de
paternidade: enfoque no REsp 706.987/SP do STJ, In: Arlete Inês Aurelli et al. (coords.), O direito de
estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 855-866; Leonardo Greco,
Cognição sumária e coisa julgada, In: Arlete Inês Aurelli et al. (coords.), O direito de estar em juízo e a
coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 867-884.
Art. 503. A decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei nos limites da
questão principal expressamente decidida.
§ 1º O disposto no caput aplica-se à resolução de questão prejudicial, decidida expressa e
incidentemente no processo, se:
I – dessa resolução depender o julgamento do mérito;
II – a seu respeito tiver havido contraditório prévio e efetivo, não se aplicando no caso de
revelia;
III – o juízo tiver competência em razão da matéria e da pessoa para resolvê-la como questão
principal.
§ 2º A hipótese do § 1º não se aplica se no processo houver restrições probatórias ou limitações
à cognição que impeçam o aprofundamento da análise da questão prejudicial.
CPC/1973
Art. 468.
BREVES COMENTÁRIOS
A coisa julgada tem, objetivamente, duas dimensões: uma exterior, a lide, e outra interior, as
questões decididas. Quando, pois, em outra causa, a parte repete todas as questões solucionadas na
anterior, a res iudicata inviabiliza totalmente o julgamento de mérito do novo processo. Os limites
objetivos da coisa julgada afetam todo o objeto do feito repetido. Quando, porém, o objeto da nova
demanda compreende questões velhas e questões novas, a coincidência de elementos será apenas parcial.
Não haverá, por isso, lugar para trancamento do processo pela preliminar de coisa julgada, muito embora
continue vedada a reapreciação das questões acobertadas pela intangibilidade própria da res iudicata.
Deve-se, nessa ordem de ideias, admitir que a exceção de coisa julgada pode ser total ou parcial. No
limite, porém, de sua incidência, haverá sempre de configurar-se a tríplice identidade de partes, pedido e
causa de pedir.
A tese outrora dominante entre nós de que não se poderia isolar a causa petendi para reconhecer
coisa julgada sobre ela, fora de sua intervinculação com o pedido respondido pelo dispositivo da
sentença, não é a que tem prevalecido no direito comparado nos últimos tempos, nem é a que merece ser
prestigiada diante do regime implantado pelo nosso novo Código de Processo Civil, principalmente se
levarmos em conta o reconhecimento expresso de que a resolução da questão prejudicial, por si só,
tornou-se passível de transitar em julgado (NCPC, art. 503, § 1º).
O Código novo optou por entendimento bem diferente daquele que a lei anterior seguia. A coisa
julgada doravante recobrirá também a questão prejudicial, decidida expressa e incidentalmente no
processo. A política que orientou o novo CPC foi a de facilitar a inclusão da questão prejudicial no
alcance da coisa julgada, a partir de um critério de economia processual, sem depender da propositura da
antiga ação declaratória incidental, que, aliás, foi abolida. Somente em algumas situações particulares do
incidente de falsidade ainda se pode cogitar da velha e ultrapassada ação declaratória incidental (art.
433).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I,
n. 509; e Processo civil – objeto do processo – pedido e sua interpretação – adstrição do juiz ao pedido
no julgamento – interpretação da sentença – coisa julgada e seus limites, RDDP 62/115; Daniel
Mitidiero, Abrangência da coisa julgada no plano objetivo – segurança jurídica, RP 184/317: “[...] o
mérito da causa é formado por questões levadas ao processo pelo demandante mediante a propositura da
ação. Estas questões constam da causa de pedir (art. 282, III, CPC) e levam à formulação do pedido (art.
282, IV, CPC). Causa de pedir e pedido compõem o mérito da causa no direito brasileiro [...]. Observe-
se que o mérito da causa pode, eventualmente, ser ampliado pela atuação do demandado [...] articulando
o demandado defesas indiretas na contestação, isto é, alegando fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos do direito do autor, estas alegações também formarão o mérito da causa. Conforme, igualmente,
Carlos Alberto Alvaro de Oliveira e Daniel Mitidiero” (Curso de processo civil, São Paulo: Atlas,
2010, v. 1, p. 69); Ramon Ouais Santos, Teoria dos capítulos de sentença à luz das técnicas de jurisdição
constitucional, RP 184/42; Antonio do Passo Cabral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier
Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Francisco dos Santos Dias Bloch, O direito de estar em juízo e a coisa
julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 735-746; João Francisco Naves da Fonseca, O
direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 773-787.
CPC/1973
Art. 469.
BREVES COMENTÁRIOS
Motivo não se confunde com causa petendi. Aquele não faz coisa julgada. Esta, porém, constitui
questão decidida, sobre a qual a sentença deve ter força de lei, de acordo com o art. 503 do NCPC. A
tese antiga de que a causa de pedir também seria parte dos motivos que não transitam em julgado não
deve prevalecer em face da sistemática do NCPC e dos novos rumos doutrinários predominantes,
inclusive no direito comparado. Deve-se ter em conta, principalmente, o reconhecimento expresso de que
a resolução da questão prejudicial, por si só, tornou-se passível de transitar em julgado (NCPC, art. 503,
§ 1º).
Com efeito, se a legislação atual aboliu a necessidade de ação declaratória incidental para que a
decisão sobre a questão prejudicial se revista da autoridade da coisa julgada, é óbvio que não há mais
como justificar, lógica e juridicamente, que a questão principal (i.é., a causa de pedir) continue sendo
tratada como simples motivo insuscetível de ter a respectiva solução colocada no terreno da
indiscutibilidade e imutabilidade próprias do julgamento definitivo do litígio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
J. C. Barbosa Moreira, Questões prejudiciais e coisa julgada, Rio de Janeiro: Borsoi, 1967;
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. I, n.
513/515; Ada P. Grinover, Direito processual civil, p. 91 – se o fundamento é tão precípuo, que
abstraindo-se dele o julgamento será outro, faz ele praticamente parte do dispositivo da sentença;
Hermenegildo de Souza Rêgo, Os motivos da sentença e a coisa julgada (em especial os arts. 810 e 817
do CPC), RP 35/7; Paulo Roberto Pereira de Souza, Da recorribilidade ou irrecorribilidade da decisão
que rejeita fundamentos, RBDP 55/125; Antonio do Passo Cabral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide,
salvo:
I – se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de
fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;
II – nos demais casos prescritos em lei.
CPC/1973
Art. 471.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 114 (ineficácia da sentença proferida sem a presença dos litisconsortes necessários),
507 (preclusão), 533, § 3º (revisão de prestação alimentícia), 509, § 4º (liquidação de sentença).
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 239: “Decisão que declara indevida a cobrança de imposto em determinado exercício não faz
coisa julgada em relação aos posteriores”.
BREVES COMENTÁRIOS
É certo que a preclusão temporal se destina apenas às partes, mesmo porque os prazos para a
prática de atos do juiz são “impróprios”, isto é, quando ultrapassados não lhe acarretam perda do poder
de realizá-los tardiamente. Assim, em matéria de prova, por exemplo, é tranquilo que o juiz possa, a
qualquer tempo, ordenar sua produção, embora as partes já tenham incorrido em preclusão a seu respeito.
O mesmo, porém, não se passa com a preclusão consumativa, de sorte que, quando o juiz enfrenta uma
questão incidental e soluciona por meio de decisão interlocutória, não se pode deixar de reconhecer que,
por força do art. 505, está formada, também para o órgão judicial, a preclusão pro iudicato, de modo a
impedi-lo, fora das vias recursais, de voltar ao reexame e rejulgamento da mesma questão em novos
pronunciamentos no processo. Somente não ocorrerá esse tipo de preclusão quando afastada por regra
legal extraordinária, como se dá, v.g., com as condições da ação e os pressupostos processuais (art. 485,
§ 3º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Processo de conhecimento, 1978, v. I, n. 520 – decisões referentes a
relações jurídicas continuadas; Enrico T. Liebman, Eficácia e autoridade da sentença – decisões
referentes a relações jurídicas continuadas; Maurício Giannico, A preclusão no direito processual civil
brasileiro, 2ª ed., Saraiva; Heitor Vitor Mendonça Sica, Preclusão processual civil, 2ª ed., Atlas;
Antonio do Passo Cabral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Rodrigo Mazzei, Tiago Figueiredo Gonçalves, O direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2014.
Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando
terceiros.
CPC/1973
Art. 472.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 109, § 3º (substituição processual), 114 (litisconsórcio necessário), 123 (assistência).
SÚMULAS
Súmulas do TFR:
nº 120: “A decisão proferida em processo de retificação do registro civil, a fim de fazer prova junto
à Administração Militar, não faz coisa julgada relativamente à União Federal, se esta não houver sido
citada para o feito”.
nº 202: “A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a
interposição de recurso”.
BREVES COMENTÁRIOS
Não quer este artigo dizer que os estranhos possam ignorar a coisa julgada. Não é certo, portanto,
dizer que a sentença só prevalece ou somente vale entre as partes. O que ocorre é que apenas a
imutabilidade e a indiscutibilidade da sentença não podem prejudicar estranhos ao processo em que foi
proferida a decisão trânsita em julgado.
Não são terceiros, porém, os sucessores causa mortis ou inter vivos da parte sujeita aos efeitos da
sentença.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adelício Theodoro, Breves considerações sobre alguns aspectos do CPC, RP 10/83; RT 492/16;
Araken de Assis, Reflexões sobre a eficácia preclusiva da coisa julgada, Ajuris 44/25; Mário Aguiar
Moura, Limites subjetivos da coisa julgada material na ação de investigação de paternidade, Ajuris
18/58; RF 268/432; RP 27/167; Negi Calixto e Victor A. A. Bonfim, Eficácia da sentença e coisa julgada
perante terceiros, Ajuris 44/239; RJ 150/5; RT 632/44; Sérgio Gischkow Pereira, Eficácia subjetiva da
coisa julgada e ação de investigação de paternidade ou maternidade, Ajuris 8/121; RBDP 10/113; RP 7-
8/99; Antonio do Passo Cabral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; Araken de Assis, O direito de estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014; Daniel Colnago Rodrigues e Paulo Eduardo D’Arce Pinheiro, O direito de estar em juízo e a coisa
julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014; Ricardo Magalhães de Mendonça, O direito de estar
em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo
respeito se operou a preclusão.
CPC/1973
Art. 473.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 223(atos processuais), 278, parágrafo único (nulidade), 774, parágrafo único
(execução; proibição de falar nos autos).
BREVES COMENTÁRIOS
As questões incidentemente discutidas e apreciadas ao longo do curso processual não podem, após a
respectiva decisão, voltar a ser tratadas em fases posteriores do processo. Não se conformando a parte
com a decisão interlocutória proferida pelo juiz (art. 203, § 2º), cabe-lhe o direito de recurso através do
agravo de instrumento (art. 1.015) ou das preliminares da apelação (art. 1.009, § 1º). Mas se não interpõe
o recurso no prazo legal, ou se é ele rejeitado pelo tribunal, opera-se a preclusão, não sendo mais lícito à
parte reabrir discussão, no mesmo processo, sobre a questão.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Renato de Lemos Maneschy, Extinção do processo. Preclusão, RF, 269/153; João Batista Lopes,
Breves considerações sobre o instituto da preclusão, RJTJSP, 16/13; Antônio Carlos Marcato,
Preclusões: limitação ao contraditório, RP 17/105; Antônio Vital Ramos de Vasconcelos, O pedido de
reconsideração e a preclusividade das decisões judiciais, RT 616/17; Sônia Márcia Hase de Almeida
Baptista, Erro de cálculo e trânsito em julgado, RP 54/250; Pedro Henrique Pedrosa Nogueira, Notas
sobre preclusão e venire contra factum proprium, RP 168/331; Antonio do Passo Cabral, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 474.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 487 (resolução de mérito).
BREVES COMENTÁRIOS
Nenhuma alegação ou defesa pode, após a coisa julgada, ser levantada contra a sentença, visando a
alterar o resultado da lide composta em juízo. Isto, porém, não impede que a questão omitida seja
apreciada em novo processo, desde que a propósito de lide diferente e sem a força de atingir o conteúdo
da sentença trânsita em julgado (RSTJ 37/413).
A imutabilidade da situação jurídica definida pela sentença transitada em julgado acarreta o
chamado efeito preclusivo da res iudicata, que, na verdade, vai além das questões explicitamente
solucionadas, de modo que mesmo as alegações e defesas não suscitadas pelas partes ficam impedidas de
ser manejadas em processos futuros, se disso puder decorrer redução ou ampliação do que já se achar
judicialmente acertado em torno da mesma lide e em relação às mesmas partes. Desse modo, a coisa
julgada recobre tanto o deduzido no processo como o que poderia ter sido deduzido e não o foi. Acerca
das questões omitidas, ergue-se a coisa julgada implícita.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Processo civil – objeto do processo – pedido e sua interpretação –
adstrição do juiz ao pedido no julgamento – interpretação da sentença – coisa julgada e seus limites,
RDDP 62/115; Antonio do Passo Cabral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Capítulo XIV
DA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA
Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida, proceder-se-á à sua
liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
I – por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado pelas partes ou
exigido pela natureza do objeto da liquidação;
II – pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar e provar fato novo.
§ 1º Quando na sentença houver uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito promover
simultaneamente a execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
§ 2º Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo aritmético, o credor poderá
promover, desde logo, o cumprimento da sentença.
§ 3º O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará à disposição dos interessados
programa de atualização financeira.
§ 4º Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.
CPC/1973
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 783 (necessidade de liquidez do título para ser executável).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
Nº 344: “A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada”.
BREVES COMENTÁRIOS
O procedimento da liquidação de sentença variará conforme a natureza das operações necessárias
para fixação do quantum debeatur ou do quod debeatur.
Para tanto, prevê o Código duas modalidades distintas de liquidação:
(a) liquidação por arbitramento (art. 509, I);
(b) liquidação pelo procedimento comum (art. 509, II). Na estrutura de cumprimento da sentença,
adotada pelo Código de Processo Civil de 1973 e seguida pelo atual, a liquidação não se dá mais por
meio de nova relação processual. Resume-se a simples incidente do processo em que houve a
condenação genérica. Por isso, não há mais citação do devedor, mas simples intimação de seu advogado
para acompanhar os atos de definição do quantum debeatur requeridos pelo credor (arts. 510 e 511). Se
o réu for revel e não tiver patrono nos autos, nenhuma intimação lhe será feita, porque, na sistemática do
art. 346, o feito corre independentemente de intimação da parte ausente, enquanto não intervier no
processo, sendo suficiente a publicação do ato decisório no órgão oficial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Ernane Fidélis dos Santos, As reformas de 2005 do Código de Processo Civil; J. E. Carreira Alvim;
Luciana Gontijo Carreira Alvim Cabral, Cumprimento da sentença; Araken de Assis, Cumprimento da
sentença; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. II, n. 680 a 683-g, Forense;
Humberto Theodoro Júnior, As novas reformas do Código de Processo Civil, Forense; Luiz Rodrigues
Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as partes para a apresentação de
pareceres ou documentos elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de plano,
nomeará perito, observando-se, no que couber, o procedimento da prova pericial.
CPC/1973
ART. 475-D.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 464 a 489 (prova pericial); 359 a 368 (audiência).
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código simplificou e facilitou o procedimento da liquidação por arbitramento, na medida
em que conferiu ao juiz poder de intimar as partes para apresentarem pareceres ou documentos
elucidativos, no prazo que fixar (art. 510). Após analisar a documentação apresentada, se entender
possuir todos os elementos necessários para decidir, julgará a liquidação de plano, dispensando até
mesmo a prova pericial (art. 510, in fine).
Somente, portanto, na hipótese de não serem suficientes os documentos apresentados pelas partes é
que o juiz nomeará perito, e o arbitramento se processará com observância das normas gerais da prova
pericial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Ernane Fidélis dos Santos, As reformas de 2005 do Código de Processo Civil; J. E. Carreira Alvim,
Luciana Gontijo Carreira Alvim Cabral, Cumprimento da senten-ça; Araken de Assis, Cumprimento da
sentença; Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, Forense, v. II, n. 680 a 683-g;
Humberto Theodoro Júnior, As novas reformas do Código de Processo Civil, Forense; Pontes de
Miranda, Comentários ao CPC (1973), tomo IX, p. 538 – é inadmissível a inspeção quando ocorre
arbitramento; Luiz Rodrigues Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Rodrigues Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de recurso, processando-se em autos
apartados no juízo de origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças
processuais pertinentes.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
O processamento da liquidação faz-se, ordinariamente, nos próprios autos da ação condenatória.
Quando couber a execução provisória (NCPC, arts. 520 e 1.012, § 2º), liquida-se a sentença em autos
apartados formados com cópias das peças processuais pertinentes (art. 512). Assim também se procede
quando a sentença contém parte líquida e parte ilíquida, porque o credor tem direito de promover,
paralelamente, o cumprimento da condenação já liquidada na sentença e a liquidação da sua parte
genérica (art. 509, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Rodrigues Wambier, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
TÍTULO II
DO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA
Capítulo I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 513. O cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, observando-
se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial
deste Código.
§ 1º O cumprimento da sentença que reconhece o dever de pagar quantia, provisório ou
definitivo, far-se-á a requerimento do exequente.
§ 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:
I – pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
II – por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou
quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
III – por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246, não tiver procurador constituído
nos autos;
IV – por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhe-cimento.
§ 3º Na hipótese do § 2º, incisos II e III, considera-se realizada a intimação quando o devedor
houver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, observado o disposto no Parágrafo
único do art. 274.
§ 4º Se o requerimento a que alude o § 1º for formulado após 1 (um) ano do trânsito em julgado
da sentença, a intimação será feita na pessoa do devedor, por meio de carta com aviso de
recebimento encaminhada ao endereço constante dos autos, observado o disposto no Parágrafo
único do art. 274 e no § 3º deste artigo.
§ 5º O cumprimento da sentença não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou
do corresponsável que não tiver participado da fase de conhecimento.
CPC/1973
Art. 475-I.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 771 (procedimento de execução fundado em título extrajudicial) e 783 (requisitos da
execução).
BREVES COMENTÁRIOS
Embora seja desnecessário o ajuizamento pelo credor de nova ação para satisfazer o crédito
reconhecido na fase de conhecimento, deve haver um requerimento de sua parte para o início da fase
executiva, em razão do princípio do dispositivo (art. 513, § 1º).
Uma vez, porém, requerido o cumprimento da sentença, pode essa atividade satisfativa prosseguir
até as últimas consequências por impulso oficial. A interferência do credor pode, no entanto, fazer cessar
ou suspender essa atividade, já que toda execução se desenvolve no seu exclusivo interesse (arts. 775 e
797).
Como a atividade executiva é mero prosseguimento da cognitiva, as partes serão as mesmas. Assim,
o cumprimento não poderá ser promovido em face do fiador, do coobrigado ou do corresponsável que
não tiver participado da fase de conhecimento (art. 513, § 5º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comen-tários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scar-pinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Antonio Notoriano Jr., Gilberto Go-mes Bruschi, As primeiras impressões sobre o sistema de
cumprimento de sentença que prevê obrigação de pagar no novo CPC, RDDP, n. 148, p. 9, jul. 2015;
Marcelo Abelha Rodrigues, O novo CPC e a tutela jurisdicional executiva, Revista de Processo, n. 244,
p. 87, jun. 2015.
Art. 514. Quando o juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, o cumprimento da
sentença dependerá de demons-tração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo.
CPC/1973
Art. 572.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 121 e ss. (condição), 131 e ss. (termo).
NCPC, arts. 525, III (impugnação ao cumprimento da sentença), 798, I, “b” (requisitos da execução),
803, III (nulidade da execução), 535, III (embargos à execu-ção contra a Fazenda Pública), 917, § 2º, V
(excesso de execução).
BREVES COMENTÁRIOS
Uma coisa, porém, deve ficar bem esclarecida: quando a lei permite a condenação condicional ou a
termo, o que tem em mira é apenas a prestação e nunca a própria relação obrigacional. Seria totalmente
inadmissível uma sentença que condenasse alguém a pagar, por exemplo, uma indeni-zação, se ficar, no
futuro, provado que praticou ato ilícito, ou, se, em liquidação, se provar que o autor sofreu algum
prejuízo. A relação obrigacional, ainda quando sujeita a condição ou termo, tem de ser certa e tem de ser
provada antes da condenação. A sentença somente deixará pen-dente o momento de exigibilidade da
prestação, que será aquele em que ocorrer o fato condicionante ou o termo. Fora disso, ter-se-ia uma
sentença meramente hipotética, por declarar uma tese e não solucionar um caso concreto (lide), o que
contrariaria todos os princípios do processo e da função jurisdicional.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Alcides de Mendonça Lima, Comentários ao CPC, 7ª ed., v. VI, n. 405, p. 159 – “O fato de o art.
572 referir--se à necessidade de provar que se realizou a condição é porque, implicitamente, a mesma é a
suspensiva, cuja verificação dará vida ao ato jurídico a ela sujeito; Pontes de Miranda, Comentários ao
CPC (1973), tomo IX, p. 137, n. 4 – idem; Sérgio Seiji Shimura, In: Teresa Arru-da Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Liquidez, certeza e exigibilidade. “Se o título tem e encerra quantia que não necessita de
operação para que fique bem conhecida, pode-se dizer líquido; se oferece elementos quanto ao credor,
devedor, bem quanto ao objeto devido, é certo; se está vencido pela ocorrência do prazo marcado, por
condição realizada, não ajustada ou cumprida – art. 572 do CPC – é exigível” (TARS, Ap. 183.002.146,
Rel. Juiz Luiz Fernando Koch, 3ª Câmara, Adcoas,1983, nº 93.516).
2. Nulidade. “Nula se apresenta a execução se ins-taurada antes de se verificar a condição ou de
ocorrido o termo, como proclamam as normas dos arts. 572 e 618, III, do CPC” (STJ, REsp 1.680, Rel.
Min. Sálvio de Fi-gueiredo, 4ª Turma, DJU 02.04.1990).
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos
previstos neste Título:
I – as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa;
II – a decisão homologatória de autocom-posição judicial;
III – a decisão homologatória de autocom-posição extrajudicial de qualquer natureza;
IV – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos
herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal;
V – o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido
aprovados por decisão judicial;
VI – a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII – a sentença arbitral;
VIII – a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;
IX – a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta rogatória pelo
Superior Tribunal de Justiça;
X – (VETADO).
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o cumprimento da
sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A autocomposição judicial pode envol-ver sujeito estranho ao processo e versar sobre
relação jurídica que não tenha sido deduzida em juízo.
CPC/1973
Art. 475-N.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CPP, art. 387, IV (com a redação dada pela Lei nº 11.719/2008, prevê que a sentença penal conterá
a inde-nização mínima devida ao ofendido).
Lei nº 9.307 (Lei de Arbitragem), arts. 29 e 31.
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 515 enumera o rol de títulos executivos judi-ciais, hábeis a autorizar o procedimento do
cumprimento de sentença, que não são apenas as sentenças tipicamente condenatórias.
Os serventuários e auxiliares da Justiça dispõem de tí-tulo executivo para cobrar seus créditos por
custas (NCPC, art. 515, V). O Código anterior, qualificava esses créditos como títulos executivos
extrajudiciais. O atual os concei-tua como títulos judiciais, desde que o crédito tenha sido aprovado por
decisão judicial.
Quanto aos créditos correspondentes aos emolumentos devidos pelos atos notariais ou de registro
público, con-figuram título executivo extrajudicial, quando contratan-tes de certidão expedida pela
serventia que os praticou (art. 784, XI).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Ernane Fidélis dos Santos, As reformas de 2005 do Código de Processo Civil; J. E. Carreira Alvim,
Luciana Gontijo Carreira Alvim Cabral, Cumprimento da sentença; Araken de Assis, Cumprimento da
sentença; Hum-berto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. II, n. 660 a 673; Humberto
Theodoro Júnior, As novas reformas do Código de Processo Civil; José Carlos Bar-bosa Moreira,
Breves observações sobre a execução de sentença estrangeira à luz das recentes reformas do CPC,
Revista de Processo 138/7; Sérgio Seiji Shimura, In: Te-resa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribu-nais, 2015; Renata Caroline Kroska, Aspectos polêmicos da execução civil da
sentença penal condenatória, RBD-Pro, ano 22, n. 88, p. 51-89, out.-dez. 2014; Luiz Olavo Baptista,
Constituição e arbitragem: dever de revelação, devido processo legal, Revista Magister de Direito Civil
e Processual Civil, ano XI, n. 66, p. 13-22, maio-jun. 2015; Armando Verri Junior, O direito de estar em
juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
CPC/1973
Art. 475-P.
BREVES COMENTÁRIOS
Para a execução da sentença, não importa que o feito tenha tramitado pelo Tribunal em grau de
recurso, nem mesmo é relevante o fato de ter o Tribunal reformado a sentença de primeiro grau. A
competência executiva será sempre do juízo da causa, isto é, daquele órgão jurisdi-cional que figurou na
formação da relação processual. A competência, in casu, porém, não se liga à pessoa física do juiz, mas
sim ao órgão judicial que ele representa. Por isso, irrelevantes são as eventuais alterações ou substitui-
ções da pessoa do titular do juízo. É, outrossim, funcio-nal e, por isso, absoluta e improrrogável, a
competência prevista no art. 516, para o cumprimento da sentença ci-vil. Ressalva-se, contudo, a
hipótese do parágrafo único do mesmo artigo, em que o exequente poderá optar pelo cumprimento no
juízo do atual domicílio do executado, no juízo do local onde se encontrem os bens sujeitos à execução
ou no juízo do local onde deva ser executada a obrigação de fazer ou de não fazer.
O acórdão proferido pelo Tribunal Marítimo é execu-tado no juízo cível como título extrajudicial, e
não como sentença (título judicial). O procedimento, portanto, é o da ação executiva autônoma, não se
aplicando as regras do cumprimento de sentença, em face do veto oposto ao art. 515, X, do NCPC.
Cumpre lembrar que as liquidações individuais em sede de ação coletiva poderão ser propostas no
juízo da ação condenatória ou no foro do domicílio do liquidante (art. 98, § 2º, II, do CDC).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Seiji Shimura, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 517. A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da
lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário previsto no art. 523.
§ 1º Para efetivar o protesto, incumbe ao exe-quente apresentar certidão de teor da decisão.
§ 2º A certidão de teor da decisão deverá ser fornecida no prazo de 3 (três) dias e indi-cará o
nome e a qualificação do exequente e do executado, o número do processo, o valor da dívida e a
data de decurso do prazo para pagamento voluntário.
§ 3º O executado que tiver proposto ação rescisória para impugnar a decisão exequenda pode
requerer, a suas expensas e sob sua res-ponsabilidade, a anotação da propositura da ação à margem
do título protestado.
§ 4º A requerimento do executado, o pro-testo será cancelado por determinação do juiz,
mediante ofício a ser expedido ao cartório, no prazo de 3 (três) dias, contado da data de pro-tocolo
do requerimento, desde que comprovada a satisfação integral da obrigação.
BREVES COMENTÁRIOS
O NCPC transformou em regra expressa (art. 517) prá-tica já adotada no foro extrajudicial, qual
seja, a da possi-bilidade de se levar a protesto decisão judicial transitada em julgado que prevê
obrigação de pagar quantia, desde que seja certa, líquida e exigível. Entretanto, o protesto, na espécie, só
será efetivado após o prazo de quinze dias para pagamento voluntário, previsto no art. 523.
A remissão do art. 517 ao art. 523, que diz respeito à execução por quantia certa, deixa claro que o
protesto só pode se referir às sentenças que autorizam aquela moda-lidade executiva. Há de se levar em
conta, contudo, que sentenças relacionadas a obrigações de fazer ou de entrega de coisa podem
eventualmente ensejar conversão para a obrigação substitutiva do equivalente econômico. Ocorri-da a
conversão, a sentença se tornará passível de protesto.
Trata o protesto de meio de prova especial que tem por finalidade tornar inequívoco o
inadimplemento da obriga-ção e dar publicidade da mora do devedor. É uma medida coercitiva bastante
eficaz, que visa dar maior efetividade ao cumprimento da decisão, na medida em que abala o acesso ao
crédito por parte do devedor inadimplente. De certa forma, funciona como medida de reforço da ativida-
de processual executiva, de modo a conduzir o executado à solução voluntária da obrigação, evitando os
encargos e incômodos da execução forçada.
O protesto ficou reservado à decisão judicial transitada em julgado, não se admitindo sua realização
com base nos títulos que permitem apenas a execução provisória. São, porém, protestáveis todas as
decisões que o NCPC quali-fica como títulos executivos judiciais, inclusive a sentença arbitral e as
decisões homologatórias de autocomposição.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Seiji Shimura, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; Gustavo Henri-que Trajano de Azevedo e Lucas Buril de Macêdo, Pro-testo de decisão judicial,
Revista de Processo, n. 244, p. 323, jun. 2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Ao devedor deve ser garantido o amplo direito de defesa, para apresentar impugnação a qualquer
desvio de procedimento eventualmente perpetrado pelo credor. En-tretanto, não será necessário o
ajuizamento de uma nova ação de embargos à execução. Tudo se processará por meio de mero incidente,
nos próprios autos. Os embargos somente se exigem para argüir os fatos arrolados no art. 917, que
ocorreram antes da propositura da execução ou que se verificaram em consequência imediata da abertura
do processo e da citação do executado. Os atos processuais e os fatos jurídicos ulteriores são invocados
e apreciados em juízo, sem depender de embargos à execução, pois são tratados como simples incidentes
da execução, nos moldes do art. 518.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Seiji Shimura, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
BREVES COMENTÁRIOS
As decisões que, em liminar ou em incidente do pro-cesso, deferem medidas de tutela provisória,
configuram títulos executivos judiciais e, assim, podem ser cumpridas segundo o mesmo procedimento
aplicado às sentenças, tanto em caráter definitivo como provisório.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sérgio Seiji Shimura, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Capítulo II
DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo será realizado da mes-ma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao seguinte
regime:
I – corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for
reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido;
II – fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução,
restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos;
III – se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em
parte, somente nesta ficará sem efeito a execução;
IV – o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de
posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave dano
ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos
próprios autos.
§ 1º No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação, se
quiser, nos termos do art. 525.
§ 2º A multa e os honorários a que se refere o § 1º do art. 523 são devidos no cumprimento
provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa.
§ 3º Se o executado comparecer tempesti-vamente e depositar o valor, com a finalidade de
isentar-se da multa, o ato não será havido como incompatível com o recurso por ele interposto.
§ 4º A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso II não implica o desfazimento da
transferência de posse ou da alienação de propriedade ou de outro direito real even-tualmente já
realizada, ressalvado, sempre, o direito à reparação dos prejuízos causados ao executado.
§ 5º Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça obrigação de fazer, de não fazer ou
de dar coisa aplica-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.
CPC/1973
Art. 475-O.
BREVES COMENTÁRIOS
O procedimento que orienta o cumprimento provi-sório da sentença é basicamente o mesmo do
definitivo. Devem, no entanto, ser observadas normas peculiares ao caráter provisório da decisão e que,
conforme o art. 520, do NCPC, são as seguintes:
(a) corre por iniciativa e responsabilidade do exequen-te, que se obriga, se a sentença for
reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido (inciso I);
(b) fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução,
restituindo-se as partes ao estado anterior e liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos (inciso II);
(c) se a sentença objeto de cumprimento provisório for modificada ou anulada apenas em parte,
somente nesta ficará sem efeito a execução (inciso III);
(d) o levantamento de depósito em dinheiro, a prática de atos que importem transferência de posse
ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais pos-sa resultar grave dano ao
executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada nos próprios
autos (inciso IV).
O novo Código, no § 1º do art. 520, foi expresso ao abrir a possibilidade ao executado de
apresentar impug-nação ao cumprimento provisório da sentença. Não havia sentido em restringir tal
direito ao executado, ainda mais por se tratar de um título provisório, sujeito a modifica-ções
posteriores.
Agora também passa a ser devido no cumprimento provisório ao pagamento de quantia certa, a
multa de dez por cento e os honorários de dez por cento, referidos no § 1º do art. 523 (art. 520, § 2º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comen-tários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scar-pinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 521 do NCPC elenca as hipóteses em que poderá haver a dispensa da caução. Não há a
exigência cumula-tiva das hipóteses arroladas, ou seja, independem umas das outras. Basta o atendimento
de uma delas para que se abra a possibilidade de dispensa de caução.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Cassio Scarpinella Bueno, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 522. O cumprimento provisório da sentença será requerido por petição dirigida ao juízo
competente.
Parágrafo único. Não sendo eletrônicos os autos, a petição será acompanhada de cópias das
seguintes peças do processo, cuja auten-ticidade poderá ser certificada pelo próprio advogado, sob
sua responsabilidade pessoal:
I – decisão exequenda;
II – certidão de interposição do recurso não dotado de efeito suspensivo;
III – procurações outorgadas pelas partes;
IV – decisão de habilitação, se for o caso;
V – facultativamente, outras peças proces-suais consideradas necessárias para demons-trar a
existência do crédito.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
O procedimento (rito) do cumprimento provisório é o mesmo do definitivo (art. 520, caput). Como
deve, entre-tanto, correr apartado, reclama a formação de autos pró-prios, o que se fará utilizando cópias
extraídas dos autos principais, por iniciativa do exequente. Aboliu-se a soleni-dade de uma carta de
sentença pela autoridade judiciária. Ele será requerido por petição dirigida ao juiz competente.
Para tanto, basta a extração de cópias das peças do processo, cuja autenticidade poderá ser
certificada pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal (art. 522, caput).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Cassio Scarpinella Bueno, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Capítulo III
DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A
EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
CPC/1973
Art. 475-J.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 829 (citação; prazo) e 870 (execução; avaliação).
SÚMULA
Súmula do STJ:
n° 410: “A prévia intimação pessoal do devedor cons-titui condição necessária para a cobrança de
multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”.
Nota: A Corte Especial, no entanto, passou a entender que a intimação do art. 475-J pode ser feita
na pessoa do advogado do devedor, por meio de publicação na imprensa oficial (REsp 940.274, jul.
07.04.2010).
BREVES COMENTÁRIOS
O cumprimento definitivo da sentença que reconhece a exigibilidade de pagar quantia certa
pressupõe que exista:
(a) condenação prévia em quantia certa; ou
(b) quantia já fixada em liquidação; ou ainda
(c) decisão sobre parcela incontroversa: julgamento antecipado parcial do mérito (art. 389), na fase
de julga-mento conforme o estado do processo, ou decisão inter-locutória de mérito.
Cabe ao credor requerer a promoção do cumprimento da sentença, com a necessária intimação do
devedor para que se dê a fluência do prazo de 15 dias e se tornem exe-quíveis a multa de dez por cento e
os honorários também de dez por cento.
Regulando de forma expressa e clara essa situação processual, prevê o art. 523, § 1º, do NCPC que,
à falta de cumprimento espontâneo da obrigação de pagar quantia certa, o devedor será intimado a pagar
o débito em quinze dias acrescido de custas e honorários advocatícios de dez por cento, sem prejuízo
daqueles impostos na sentença. Nesta altura, portanto, dar-se-á a soma das duas verbas sucumbenciais, a
da fase cognitiva e a da fase executiva. Esta última incide, de início, sob a forma de alíquota legal única
de dez por cento. Portanto, haja ou não, o inciden-te de impugnação ao cumprimento da sentença (NCPC,
art. 525, § 1º), a verba honorária incidirá sempre que o devedor não cuidar de promover o pagamento
voluntário antes de escoado o prazo assinado para tanto (art. 523). Nesse rumo, firmou-se a
jurisprudência do STJ, ainda sob o regime do CPC/1973, de sorte que, a ultrapassagem do termo legal de
cumprimento voluntário da sentença, sem que este tenha sido promovido, acarreta não só a sujeição à
multa legal do art. 523, §1º, como também à nova verba de honorários sucumbenciais (art. 85, § 1º).
Aspecto interessante da multa é o seu caráter de aces-sório do crédito exequendo. Isto quer dizer
que, podendo dispor do principal, no todo ou em parte, pode o credor não exigir a multa e optar por
executar apenas o valor simples da condenação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comen-tários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scar-pinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído com demonstrativo discri-minado
e atualizado do crédito, devendo a petição conter:
I – o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica do exequente e do executado, observado o disposto no art. 319, §§ 1º a
3º;
II – o índice de correção monetária adotado;
III – os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV – o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V – a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI – especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados;
VII – indicação dos bens passíveis de pe-nhora, sempre que possível.
§ 1º Quando o valor apontado no demonstrativo aparentemente exceder os limites da
condenação, a execução será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por base a
importância que o juiz entender adequada.
§ 2º Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de contabilista do juízo, que terá o
prazo máximo de 30 (trinta) dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.
§ 3º Quando a elaboração do demonstrativo depender de dados em poder de terceiros ou do
executado, o juiz poderá requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência.
§ 4º Quando a complementação do demonstrativo depender de dados adicionais em poder do
executado, o juiz poderá, a requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de até 30
(trinta) dias para o cumprimento da diligência.
§ 5º Se os dados adicionais a que se refere o § 4º não forem apresentados pelo executado, sem
justificativa, no prazo designado, reputar--se-ão corretos os cálculos apresentados pelo exequente
apenas com base nos dados de que dispõe.
CPC/1973
Art. 475-B.
SÚMULAS
Súmula do STJ:
nº 118: “O agravo de instrumento é o recurso cabí-vel da decisão que homologa a atualização do
cálculo da liquidação”.
BREVES COMENTÁRIOS
Incumbe ao exequente fixar o montante atualizado do débito correspondente à condenação,
demonstrando a forma com que foi ele apurado.
O exequente, para facilitar a penhora, poderá indicar, em seu requerimento, os bens a serem
excutidos (art. 524, VII); o que, porém, não exclui o direito do devedor de obter a substituição da
penhora quando configuradas algumas das hipóteses do art. 848. Não se trata, todavia, de um ônus, na
medida em que sua omissão não acarre-tará consequências processuais negativas.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sergio Shimura, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Bre-ves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia--se o
prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou nova intimação,
apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
§ 1º Na impugnação, o executado poderá alegar:
I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II – ilegitimidade de parte;
III – inexequibilidade do título ou inexigi-bilidade da obrigação;
IV – penhora incorreta ou avaliação er-rônea;
V – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
VI – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VII – qualquer causa modificativa ou extin-tiva da obrigação, como pagamento, novação,
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes à sentença.
§ 2º A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.
§ 3º Aplica-se à impugnação o disposto no art. 229.
§ 4º Quando o executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia
superior à resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto,
apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo.
§ 5º Na hipótese do § 4º, não apontado o valor correto ou não apresentado o demonstrativo, a
impugnação será liminarmente rejeitada, se o excesso de execução for o seu único fundamento, ou,
se houver outro, a impugnação será processada, mas o juiz não examinará a alegação de excesso de
execução.
§ 6º A apresentação de impugnação não impede a prática dos atos executivos, inclusive os de
expropriação, podendo o juiz, a requerimento do executado e desde que garantido o juízo com
penhora, caução ou depósito suficientes, atribuir-lhe efeito suspensivo, se seus fundamentos forem
relevantes e se o prosseguimento da execução for manifestamente suscetível de causar ao
executado grave dano de difícil ou incerta reparação.
§ 7º A concessão de efeito suspensivo a que se refere o § 6º não impedirá a efetivação dos atos
de substituição, de reforço ou de redução da penhora e de avaliação dos bens.
§ 8º Quando o efeito suspensivo atribuído à impugnação disser respeito apenas a parte do
objeto da execução, esta prosseguirá quanto à parte restante.
§ 9º A concessão de efeito suspensivo à impugnação deduzida por um dos executados não
suspenderá a execução contra os que não impugnaram, quando o respectivo fundamento disser
respeito exclusivamente ao impugnante.
§ 10. Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exequente requerer o
prosseguimento da execução, oferecendo e prestando, nos próprios autos, caução suficiente e
idônea a ser arbitrada pelo juiz.
§ 11. As questões relativas a fato superveniente ao término do prazo para apresentação da
impugnação, assim como aquelas relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação e dos
atos executivos subsequentes, podem ser arguidas por simples petição, tendo o executado, em
qualquer dos casos, o prazo de 15 (quinze) dias para formular esta arguição, contado da
comprovada ciência do fato ou da intimação do ato.
§ 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se também inexigível a
obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou
do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
§ 13. No caso do § 12, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser
modulados no tempo, em atenção à segurança jurídica.
§ 14. A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12 deve ser anterior ao trânsito em
julgado da decisão exequenda.
§ 15. Se a decisão referida no § 12 for pro-ferida após o trânsito em julgado da decisão
exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 535 (embargos à execução da Fazenda Pú-blica); 917 (embargos à execução de título
extrajudicial).
BREVES COMENTÁRIOS
O executado, após a intimação para pagar a dívida, terá o prazo de trinta dias úteis (art. 219) para
apresen-tar a impugnação: quinze dias para realizar o pagamento voluntário, e mais quinze dias para a
impugnar o cumprimento da sentença, se for o caso. E tal prazo se conta agora independentemente de
penhora ou depósito, pondo fim a controvérsia doutrinária ao tempo do CPC/1973, acerca de ser ou não a
garantia da execução o marco ini-cial do prazo da defesa do executado. Ou seja, o executa-do pode
apresentar a impugnação sem qualquer garantia prévia do juízo.
Como as matérias suscitáveis na impugnação corres-pondem, em regra, à falta de pressupostos
processuais ou à ausência de condições de procedibilidade, não tem sentido condicionar sua apreciação
em juízo à penhora ou a um prazo fatal. Essas matérias, por sua natureza, são conhecíveis de ofício, a
qualquer tempo ou fase do processo (art. 485, § 3º, aplicável à execução por força do art. 771, parágrafo
único). Antes ou depois dos quinze dias referidos no art. 525, caput, o juiz já pode conhecer, de ofício,
da falta de pressupostos processuais e condi-ções da execução. Pelo que, também, pode o executado
arguir a mesma matéria a qualquer tempo e independen-temente de penhora.
A irrelevância do prazo do art. 525 manifesta-se não apenas em relação às questões pertinentes aos
pressu-postos processuais e às condições de procedibilidade in executivis, que são naturalmente imunes
à preclusão. Muitos são os atos executivos que, de ordinário ocorrem, ou podem ocorrer, depois de
escoado o prazo ordinário da impugnação.
Para que não fique o executado privado do contradi-tório diante de tais atos, ressalva-lhe o § 11 do
art. 525 a possibilidade de arguir as questões e os fatos processuais supervenientes ao termo estatuído
pelo caput do mesmo artigo (assim como as relativas à validade e à adequação da penhora, da avaliação
e dos atos executivos subsequen-tes) por meio de simples petição, em quinze dias contados da ciência do
fato ou da intimação do ato. É claro, po-rém, que esse novo prazo de quinze dias, tal como o da
impugnação ordinária, nem sempre pode ser visto como peremptório ou fatal. Se a arguição for de fato
extintivo ou impeditivo da própria execução (nulidade absoluta, pagamento, remissão, prescrição
intercorrente etc.), lícita será sua suscitação em juízo, a qualquer tempo, enquanto não extinto o processo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sergio Shimura, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Bre-ves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; Carlos Eduardo Araú-jo de Carvalho, Coisa julgada inconstitucional por pre-judicialidade
transrescisória, RBDPro, ano 22, n. 88, p. 93-120, out.-dez. 2014; Daniela Jorge Milani, O direito de
estar em juízo e a coisa julgada, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
SÚMULA
Súmula do STF:
nº 150: “Prescreve a execução no mesmo prazo de pres-crição da ação”.
Art. 526. É lícito ao réu, antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, comparecer
em juízo e oferecer em pagamento o valor que entender devido, apresentando memória
discriminada do cálculo.
§ 1º O autor será ouvido no prazo de 5 (cinco) dias, podendo impugnar o valor depositado, sem
prejuízo do levantamento do depósito a título de parcela incontroversa.
§ 2º Concluindo o juiz pela insuficiência do depósito, sobre a diferença incidirão multa de dez
por cento e honorários advocatícios, também fixados em dez por cento, seguindo-se a execução com
penhora e atos subsequentes.
§ 3º Se o autor não se opuser, o juiz declarará satisfeita a obrigação e extinguirá o processo.
BREVES COMENTÁRIOS
Antes de ser intimado para o cumprimento da sentença, o executado, para evitar a multa legal e os
honorários de advogado, pode tomar a iniciativa de comparecer em juízo e oferecer em pagamento o
valor que entender devido, apre-sentando memória discriminada do cálculo, liberando-se, assim, da
obrigação (art. 526, caput). É bom lembrar que o devedor tem não só o dever de pagar, mas também o
direito de fazê-lo, para se desvincular da obrigação.
Tendo sido genérica a sentença, a exigibilidade do débito somente acontecerá depois de sua
liquidação em procedi-mento adequado (arts. 509 e ss.). Se é de interesse do devedor liberar-se da
obrigação, ou de seus encargos, caber-lhe-á pro-mover, antes, o procedimento liquidatório, cuja
iniciativa a lei assegura tanto ao credor como ao devedor (art. 509, caput).
Ocorrendo impugnação ao cálculo feito pelo devedor, caberá ao juiz resolver a divergência por
meio de decisão interlocutória, podendo, conforme o caso, valer-se de cál-culo do contabilista do juízo
para esclarecer-se (art. 524, § 2º). Reconhecendo-se que o depósito foi feito a menor, terá havido
pagamento parcial. A multa e os honorários de advogado previstos no § 1º do art. 523 incidirão sobre o
restante (art. 523, § 2º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sergio Shimura, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Bre-ves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 771 (processo de execução)
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 527 do NCPC deixa expresso o intercâmbio das regras do cumprimento definitivo da
obrigação de pagar quantia certa ao cumprimento provisório. Isto por-que manteve-se a regra de que a
execução provisória se processa do mesmo modo que a definitiva, respeitadas as peculiaridades de cada
procedimento. Ademais, deve-se lembrar que as normas do processo de execução incidem,
subsidiariamente, no cumprimento de sentença, seja pro-visório ou definitivo (arts. 513 e 771).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Sergio Shimura, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Bre-ves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Capítulo IV
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE
DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código coerente com a lógica de celeridade e eficiência que lhe inspira, trouxe para o
âmbito do cumprimento de sentença a execução das decisões definitivas ou interlocutórias que fixem
alimentos, a teor do art. 528. Dispensa-se nesse novo regime, portanto, a instauração de ação executiva
autônoma, seguindo-se com a intimação do executado no próprio procedimento originalmente instau-rado
pelo credor, em se tratando de decisão definitiva ou em autos apartados, em se tratando de decisão
provisória (art. 531, §§ 1º e 2º).
O credor, neste momento, pode optar por executar a obrigação observando as regras gerais do
cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa (Livro I da
parte especial, Título II, Capítulo III), caso em que não será admissível a prisão do executado, ou seguir
no procedimento específico que permite a prisão (art. 528, § 8º). Em qualquer hipótese, porém, poderá
levar a cabo o procedimento executivo no juízo de seu domicílio (art. 528, § 9º).
Optando o credor pelo procedimento específico que autoriza a prisão, existem peculiaridades.
Destaque-se, desde logo, uma singular distinção em face da regra geral das execuções por quantia certa:
a intimação do devedor de alimentos terá de ser feita pessoalmente e não através de seu advogado. A
exigência dessa cautela prende-se, não só às eventuais justificativas da impossibilidade de pagamento,
que só o próprio devedor está em condições de esclarecê-las, como também à grave sanção da prisão
civil a que se acha sujeito, caso não resgate o débito nem apre-sente razões legítimas para a falta, dentro
do prazo legal.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comen-tários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scar-pinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Prisão civil (§ 3º).
● Dívida pretérita. “Na execução de alimentos, prevista pelo artigo 733 da lei processual civil,
ilegítima se afigura a prisão civil do devedor fundada no inadimplemento de prestações pretéritas, assim
consideradas as anteriores às três últimas prestações vencidas antes do ajuizamento da execução” (STJ,
REsp 216.560/SP, Rel. Min. César Asfor Rocha, 4ª Turma, jul. 28.11.2000, DJ 05.03.2001, p. 169).
● “Não constitui constrangimento ilegal a decretação de prisão por dívida alimentar, quando
decorrente de débito referente às quatro últimas parcelas vencidas. Não fosse por isso, se houve
transação entre alimentante e alimentada sobre verbas alimentares já fixadas em sentença, o
descumprimen-to do acordo não constitui dívida pretérita, mas débito em atraso. Se a prisão se fundou no
descumprimento de parte desse acordo, firmado para pagamento da verba alimentar, ainda que referente a
período anterior, é de afastar-se o constrangimento ilegal” (STJ, RO em HC 8.880/DF, Rel. Min. Sálvio
de Figueiredo Teixeira, 4ª Turma, jul. 23.11.1999, DJ 14.02.2000, p. 31).
● “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do ali-mentante é o que compreende as três
prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que vencerem no curso do processo” (STJ, RHC
20.394/RS, Rel. Min. Massami Uyeda, 4ª Turma, jul. 06.02.2007, DJ 26.02.2007, p. 590).
● Decretação de ofício. “A execução de sentença conde-natória de prestação alimentícia, em
princípio, rege-se pelo procedimento da execução por quantia certa, ressaltando-se, contudo, que, a
considerar o relevo das prestações de natureza alimentar, que possuem nobres e urgentes desideratos, a
lei adjetiva civil confere ao exequente a possibilidade de requerer a adoção de mecanismos que
propiciam a célere satisfação do débito alimentar, seja pelo meio coercitivo da prisão civil do devedor,
seja pelo desconto em folha de pagamento da im-portância devida” (STJ, HC 128.229/SP, Rel. Min.
Massami Uyeda, 3ª Turma, jul. 23.04.2009, DJe 06.05.2009). Trecho do voto do relator: “Sobre a
inviabilidade de decretar, de ofício, a prisão civil do devedor de alimentos, autorizada doutrina, citando
Amílcar de Castro, assim aborda a questão: ‘A prisão civil, é importante lembrar, não deve ser decretada
‘ex officio’. É o credor que ‘sempre estará em melhores condições que o Juiz para avaliar sua eficácia e
oportunidade’. Deixa-se, pois, ao exequente, ‘a liberdade de pedir, ou não, a aplicação desse meio
executivo de coação, quando, no caso concreto, veja que lhe vai ser de utilidade, pois pode bem
acontecer que o exequente, maior interessado na questão, por qualquer motivo, não julgue oportuna e até
considere inconveniente a prisão do executado (cf. Theodoro Jr, Humberto. Curso de Direito Processual
Civil. 39. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 369)” (STJ, HC 128.229/SP, Rel. Min. Massami Uyeda,
3ª Turma, jul. 23.04.2009, DJe 06.05.2009).
● Dívida de alimentos. Ordem de prisão relativa à inadimplência de débitos que já levaram o
paciente à prisão anteriormente. “Não é possível decretar a prisão do devedor de prestação
alimentícia por inadimplência de parcelas que já o levaram à prisão anteriormente. Prece-dentes.
Ressalte-se não haver impedimento de nova prisão contra o mesmo devedor de prestação alimentícia
quanto a débitos referentes a períodos diversos” (STJ, HC 149.590/ MG, Rel. Min. Sidnei Beneti, 3ª
Turma, jul. 17.11.2009, DJe 24.11.2009).
● Descumprimento de acordo de conhecimento do pa-ciente. “No caso de descumprimento da
avença firmada entre o alimentante e o alimentado, nos autos da ação de alimentos, a dívida negociada
constitui débito em atraso, e não pretérita, pelo que a inobservância do pactuado acarreta a prisão civil
do devedor. In casu, o acordo homologado teve origem por iniciativa do paciente, tendo sido, ainda,
adimplidas pelo próprio 11 das 30 parcelas pactuadas, sendo descabido, as-sim, alegar agora
desconhecimento da obrigação por suposta irregularidade de sua intimação” (STJ, HC 155.823/RJ, Rel.
Min. Vasco Della Giustina, 3ª Turma, jul. 27.04.2010, DJe 07.05.2010).
● Conhecimento do valor exato devido. “É ilegal o de-creto prisional expedido por autoridade
judiciária sem prévia intimação do alimentante acerca dos valores nele contidos. O cumprimento de
mandado de prisão civil decorrente de inadimplemento de obrigação alimentar pressupõe o conhe-
cimento, pelo alimentante, do exato valor devido” (TJSC, HC 05.027428-4, Rel. Des. Monteiro Rocha,
2ª Câmara, jul. 17.11.2005, RT 846/409).
● Pagamento do débito. “De acordo com a orientação desta Corte, para o paciente se livrar da
prisão, deve pagar a totalidade das três parcelas anteriores à citação, bem como as que vencerem no
curso do processo, até o efetivo paga-mento, quando, então, finda-se aquela execução” (STJ, HC
77.839/SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, 4ª Turma, jul. 09.10.2007, DJe 17.03.2008).
● “O pagamento parcial do débito vencido no transcurso do processo executivo não exonera o
devedor de alimentos. Legítima a prisão, nos contornos do art. 733 do CPC” (STJ, HC 113.135/RJ, Rel.
Min. Aldir Passarinho Junior, 4ª Turma, jul. 18.12.2008, DJe 09.02.2009).
● “Não basta o pagamento de parcela da pensão alimen-tícia para que seja afastada a aplicação do
disposto no art. 733, § 1º, do CPC. Faz-se necessária a quitação integral das três últimas parcelas
anteriores ao ajuizamento da execução, acrescidas das vincendas, providência não adotada na espé-cie.
Precedentes” (STJ, RHC 22.001/SP, Rel. Min. Fernando Gonçalves, 4ª Turma, jul. 18.09.2007, DJ
01.10.2007). No mesmo sentido: STJ, RHC 27.936/RJ, Rel. Min. Paulo de Tar-so Sanseverino, 3ª
Turma, jul. 16.09.2010, DJe 28.09.2010; RHC 14.101/SP, Rel. Min. Fernando Gonçalves, 4ª Turma, jul.
21.10.2003, DJ 03.11.2003, p. 320.
● Falta de recursos. “Habeas corpus. Prisão civil. Deve-dor de alimentos. Inadimplemento
involuntário e escusável. Constrangimento ilegal caracterizado. Ordem concedida” (STF, HC 106.709,
Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, jul. 21.06.2011, DJe 15.09.2011).
● Desemprego. “Conforme assente jurisprudência deste Tribunal, a apresentação de justificativa de
inadimplemento de prestações alimentícias, por si só, oferecida pelo executado, ora Agravante, nos autos
de ação de execução de alimentos, aliada ao ajuizamento de ação revisional de alimentos e à condição de
desemprego do alimentante, não constitui motivo bastante para afastar a exigibilidade da prisão civil, nos
termos do artigo 733 do Código de Processo Civil” (STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1.005.597/DF, Rel.
Min. Sidnei Beneti, 3ª Turma, jul. 16.10.2008, DJe 03.11.2008).
● Incapacidade para o trabalho. “Pensão alimentícia. Prisão. Paciente portador de deficiência.
Incapacidade para o trabalho. Comprovada a incapacidade do paciente para cumprir a obrigação de
prestar alimentos, deve ser afastada a possibilidade de prisão civil” (STJ, RHC 22.635/RS, Rel. Min.
Fernando Gonçalves, 4ª Turma, jul. 10.02.2009, DJe 26.02.2009).
● Desnecessidade do trânsito em julgado da decisão que determina a prisão civil. “Em face da
sua natureza coercitiva, diferentemente da pena criminal, o cumprimento da prisão civil contra o devedor
de alimentos não se con-diciona ao trânsito em julgado da decisão que a determina. Inaplicabilidade do
art. art. 5º, LVII, da Constituição” (STJ, HC 16.1217/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª
Turma, jul. 08.02.2011, DJe 11.02.2011).
● Prisão civil em Ação de Investigação de Paternidade. “No caso em apreço, foi decretada a
prisão do paciente em razão do descumprimento de obrigação de prestar alimen-tos fixados em decisão
interlocutória proferida em ação de investigação de paternidade, antes, portanto, da prolação de sentença
reconhecendo a relação de parentesco entre o recor-rente e a alimentanda. (...) Nesse contexto, embora a
matéria não esteja pacificada no âmbito desta Eg. Corte, a redação legal, o precedente supramencionado
e posições doutrinárias no sentido supra evidenciam a existência de dúvidas acerca da legalidade de
decisão que determina, no bojo de ação investigatória de paternidade cumulada com alimentos, o
pagamento de alimentos provisionais, antes da prolação de sentença que declare a existência do vínculo
de parentesco. Da leitura do art. 5º, inc. LXVII, da CF, depreende-se que a gravidade da medida
coercitiva de prisão civil só será apli-cável em casos excepcionais, nos quais o descumprimento da
obrigação revele-se inescusável, o que não se vislumbra na hipótese. Ressalte-se que não se está a
desonerar o recorrente da obrigação de prestar os alimentos provisionais fixados, o que se mostra
inclusive inviável na presente estreita via, mas tão somente retirando a força coercitiva de tal obrigação
a ponto de ensejar a segregação civil do recorrente” (STJ, RHC 28.382/RJ, Rel. Min. Raul Araújo, 4ª
Turma, jul. 21.10.2010, DJe 10.11.2010).
● Prisão civil de advogado. Sala de Estado-Maior. Ver jurisprudência do art. 7º da Lei nº
8.906/1994.
● Perda da finalidade. “A prisão civil perde sua fina-lidade quando for constado que o devedor,
apesar de quitar o débito alimentar de forma parcial, presta assistência ao alimentando, zelando por sua
sobrevivência de forma digna” (STJ, HC 111.253/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, 4ª Turma, jul.
19.02.2009, DJe 09.03.2009).
● Diferença de alimentos. “Em atenção aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, na
hipótese de su-perveniência de sentença que fixa alimentos definitivos em quantia inferior aos
provisórios, a prisão civil do alimentante só poderá ser decretada até a quantia devida tendo como base
os alimentos definitivos. A diferença entre os alimentos definitivos e os provisórios deve ser buscada nos
moldes do artigo 732 do Código de Processo Civil. O pagamento de quantia referente a mais de 3 (três)
meses anteriores ao ajuizamento da ação livra o alimentante da prisão, desde que esteja quite com as
prestações vencidas no decorrer da ação” (STJ, HC 146.402/SP, Rel. Min. Massami Uyeda, 3ª Turma,
jul. 23.03.2010, DJe 12.04.2010).
● Ação revisional. “A propositura de ação revisional não obsta a execução de alimentos com base
no art. 733 do Código de Processo Civil, admitindo-se a prisão civil do devedor. Optando os credores
dos alimentos pelo rito do art. 733 do Código de Processo Civil, ao invés do previsto no art. 732 do
mesmo diploma processual, a eventual indicação de bens pelo devedor não obsta a prisão civil” (STJ,
HC 24.296/SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma, jul. 15.05.2003, DJ 23.06.2003, p.
350).
● Extinção da punibilidade pela prescrição penal. “Im-procede o pleito de se aplicar as regras da
extinção da preten-são punitiva pela prescrição, oriundas do Processo Penal, pois a natureza da coerção
civil é diversa daquela. Precedentes” (STJ, RHC 24.555/SP, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, 4ª
Turma, jul. 16.12.2008, DJe 02.02.2009).
● Inclusão de honorários advocatícios. Inadmissibi-lidade. “Inadmissível que se incluam, sob o
procedimento pelo qual há a ameaça de constrição à liberdade do devedor de alimentos, disciplinado no
art. 733 do CPC, verbas estra-nhas à pensão alimentícia objeto de cobrança, como as custas processuais
e os honorários de advogado, crédito para o qual o sistema legal prevê instrumentos próprios de
realização que não o violento expediente da prisão civil por dívida” (STJ, HC 224.769/DF, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, jul. 14.02.2012, DJe 17.02.2012).
● Impossibilidade de prisão civil do inventariante pelo inadimplemento de pensão alimentícia.
“Malgrado a diver-gência doutrinária e jurisprudencial sobre o alcance da altera-ção sobre o tema no
âmbito do Código Civil de 2002, e apesar de sua natureza personalíssima, o fato é que previu o novo
Código que ‘a obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor’ (art. 1.700), não
podendo a massa inventariada nem os herdeiros, contudo, responder por valores superiores à força da
herança, haja vista ser a dívida oriunda de obrigação pretérita do morto e não originária daqueles (arts.
1.792 e 1.997 e En. 343 do CJF). Nessa ordem de ideias, e seja qual for a conclusão quanto a
transmissibilidade ou não da obrigação alimentar, não parece possível a decretação de prisão civil do
inventariante do Espólio, haja vista que a restrição da liberdade constitui sanção também de natureza
personalíssima e que não pode recair sobre terceiro, estranho ao dever de alimentar, como sói acontecer
com o inventariante, representante legal e administrador da massa hereditária” (STJ, HC 256.793/RN,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª Turma, jul. 01.10.2013, DJe 15.10.2013).
2. Reconhecimento e dissolução de união estável cumulada com pedido de alimentos. “Não
reconheci-da a união estável, não há como deferir o pedido de alimentos decorrentes do dever de
mútua assistência que norteia as relações entre cônjuges/companheiros, per-sistindo após a separação
quando demonstrada a depen-dência econômica de uma parte em relação a outra e a incapacidade de
prover o próprio sustento” (TJRS, AC 0472439-46.2014.8.21.7000, Rel.ª Des.ª Sandra Bisolara
Medeiros, 7ª Câmara Cível, DJERS 03.06.2015).
Art. 529. Quando o executado for funcio-nário público, militar, diretor ou gerente de empresa
ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o des-conto em folha
de pagamento da importância da prestação alimentícia.
§ 1º Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador,
determinando, sob pena de crime de deso-bediência, o desconto a partir da primeira remuneração
posterior do executado, a contar do protocolo do ofício.
§ 2º O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do
exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e
a conta na qual deve ser feito o depósito.
§ 3º Sem prejuízo do pagamento dos ali-mentos vincendos, o débito objeto de execução pode
ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput
deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus
ganhos líquidos.
CPC/1973
Art. 734.
BREVES COMENTÁRIOS
Uma vez averbada a prestação em folha, considera--se seguro o juízo, como se penhora houvesse,
podendo o devedor pleitear efeito suspensivo à sua defesa, se for caso (Moacyr Amaral Santos. Direito
Processual Civil, 4ª ed., III, n. 836, p. 271). Ao contrário, se frustrado o des-conto, seguir-se-á com a
penhora de bens do executado (art. 831), conforme determina o art. 530 do novo Código.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rita de Cassia Côrrea de Vasconcelos, In: Teresa Ar-ruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 530. Não cumprida a obrigação, ob-servar-se-á o disposto nos arts. 831 e seguintes.
CPC/1973
Art. 735.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 277 (abandono material).
BREVES COMENTÁRIOS
Cabe ao credor, na abertura da execução de alimentos, optar entre requerer a citação com
cominação de prisão (art. 528, § 3º), ou apenas de penhora (arts. 528, § 8º, e 530). No entanto, a escolha
da primeira opção não lhe veda o direito de, após a prisão ou a justificativa do devedor, pleitear o
prosseguimento da execução por quantia cer-ta, sob o rito comum das obrigações dessa natureza (art.
529, § 5º), caso ainda persista o inadimplemento. Nem o Código nem a Lei nº 5.478/1968 impõem ao
credor de alimentos a obrigação de primeiro executar o alimentan-do pelas vias comuns da execução por
quantia certa para depois requerer as medidas coativas do art. 528, de sorte que pode perfeitamente
iniciar-se o processo executivo por qualquer dos dois caminhos legais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rita de Cassia Côrrea de Vasconcelos, In: Teresa Ar-ruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 531. O disposto neste Capítulo aplica-se aos alimentos definitivos ou provisórios.
§ 1º A execução dos alimentos provisórios, bem como a dos alimentos fixados em sentença
ainda não transitada em julgado, se processa em autos apartados.
§ 2º O cumprimento definitivo da obriga-ção de prestar alimentos será processado nos mesmos
autos em que tenha sido proferida a sentença.
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código sepulta de vez a antiga tese pontiana de que a hipótese de prisão seria própria
apenas da exe-cução de alimentos provisionais. Para o mestre Pontes de Miranda, a prisão somente
ocorreria se houvesse sentença ou decisão fixando alimentos provisionais, já que a refe-rência dos textos
dos arts. 733 e 735 do Código de 1973 seria apenas a essa modalidade de prestação alimentícia.
Com o novo Código, além da substituição da antiga ex-pressão “alimentos provisionais” do art. 733
do CPC/1973 pela expressão “prestação alimentícia”, que dissipou qual-quer possibilidade de dúvida
quanto ao cabimento de pri-são para decisões definitivas, também se unificaram os dois regimes quanto
ao prazo para prisão do executado: mínimo de um e máximo de três meses (art. 528).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao Código de Pro-cesso Civil, Rio de Janeiro: Forense, 1976, v.
X, p. 492; Edgar Moura Bittencourt, Alimentos, 4ª ed., São Paulo: Leud, 1979, n. 108-D, p. 161; Rita de
Cassia Côrrea de Vasconcelos, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves co-mentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
BREVES COMENTÁRIOS
O retardamento ou não pagamento injustificado da prestação alimentícia pode ter repercussão penal.
É mais uma hipótese que, embora não prevista expressamente na legislação anterior, já seria permitida,
considerando que, em regra, o magistrado deve oficiar o órgão do Ministério Público quando tiver
ciência do indício de qualquer ilícito penal. Não obstante, a nosso juízo, andou bem o legisla-dor, mais
uma vez inspirado no propósito de efetividade, ao adotar a postura pedagógica de dispor expressamente
sobre a matéria na nova codificação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de Janeiro: Forense, 1976, v. X,
p. 492; Edgar Moura Bittencourt, Alimentos, 4ª ed., São Paulo: Leud, 1979, n. 108-D, p. 161; Rita de
Cassia Côrrea de Vasconcelos, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 533. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, caberá ao
executado, a requerimento do exequente, constituir capital cuja renda assegure o paga-mento do
valor mensal da pensão.
§ 1º O capital a que se refere o caput, re-presentado por imóveis ou por direitos reais sobre
imóveis suscetíveis de alienação, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial,
será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do executado, além de constituir-se em
patrimônio de afetação.
§ 2º O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do exequente em folha de
pagamento de pessoa jurídica de notória capacidade econômica ou, a requerimento do executado,
por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.
§ 3º Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme as
circunstâncias, redução ou aumento da prestação.
§ 4º A prestação alimentícia poderá ser fixada tomando por base o salário-mínimo.
§ 5º Finda a obrigação de prestar alimen-tos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o
desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas.
CPC/1973
Art. 475-Q.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 186 (ato ilícito); 927 (responsabilidade ci-vil); 942 (responsabilidade patrimonial); 948
(prestação de alimentos).
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 562: “Na indenização de danos materiais decorrente de ato ilícito cabe a atualização de seu
valor, utilizando--se, para esse fim, dentre outros critérios, dos índices de correção monetária”.
Súmula do STJ:
nº 313: “Em ação de indenização, procedente o pe-dido, é necessária a constituição de capital ou
caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, in-dependentemente da situação financeira
do demandado”. Obs.: Entendimento flexibilizado pela disposição do art. 533 do NCPC.
BREVES COMENTÁRIOS
Não há inovação, a propósito, dessa sistemática, uma vez que a garantia ora prevista já era
estabelecida pelo Código anterior em seu art. 475-Q.
A finalidade da constituição de capital é a de garantir o adimplemento da obrigação alimentar
devida pela práti-ca de ato ilícito, mediante um patrimônio de afetação dos bens do executado, que,
entretanto, para o NCPC, não se forma por iniciativa do juiz, de ofício, mas depende de requerimento do
interessado.
Optando pela constituição de capital, o seu montante será definido por meio do procedimento
incidental de li-quidação de sentença, cujo rito variará conforme o tipo de operação que se fizer
necessário para estimar a idoneidade do bem garantidor oferecido pelo devedor e sua rentabi-lidade. Da
maior ou menor complexidade da operação, poder-se-á ir do simples cálculo da própria parte até as
medidas contenciosas da liquidação por arbitramento ou por artigos (arts. 509 a 512).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Rita de Cassia Côrrea de Vasconcelos, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Capítulo V
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE
DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA
Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar
quantia certa, o exequente apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito
contendo:
I – o nome completo e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica do exequente;
II – o índice de correção monetária adotado;
III – os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV – o termo inicial e o termo final dos juros e da correção monetária utilizados;
V – a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI – a especificação dos eventuais descontos obrigatórios realizados.
§ 1º Havendo pluralidade de exequentes, cada um deverá apresentar o seu próprio
demonstrativo, aplicando-se à hipótese, se for o caso, o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 113.
§ 2º A multa prevista no § 1º do art. 523 não se aplica à Fazenda Pública.
BREVES COMENTÁRIOS
Agora, na sistemática do CPC/2015, publicada a sentença condenatória contra a Fazenda Pública,
não mais se tem por finda a prestação jurisdicional a que se destinava o processo, de modo que, para
alcançar medidas concretas de coerção da devedora, com vistas à satisfação do direito reconhecido em
juízo, em favor do credor, desnecessário se torna a propositura de uma nova ação – a ação de exe-cução
da sentença (actio iudicati).
Dessa feita, enquanto para a codificação anterior, se faziam necessárias nova petição inicial a ser
deduzida em juízo, e nova citação da devedora, e a eventual resposta da Fazenda executada deveria se
dar por meio de embar-gos à execução, e não por contestação nem por simples impugnação (art. 730 do
CPC/1973); pelo novo Código, basta a intimação do ente público, por seu representan-te judicial, cuja
defesa se processará como incidente de impugnação ao cumprimento de sentença, conforme dis-põem os
arts. 534 e 535.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, 56. ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato
Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro:
Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015,
v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comen-tários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São
Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Rideel, 2015; Cássio Scar-pinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015;
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil,São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo
Civil,Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito
processual civil, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade
Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 535. A Fazenda Pública será intima-da na pessoa de seu representante judicial, por carga,
remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos,
impugnar a execução, podendo arguir:
I – falta ou nulidade da citação se, na fase de conhecimento, o processo correu à revelia;
II – ilegitimidade de parte;
III – inexequibilidade do título ou inexigi-bilidade da obrigação;
IV – excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;
V – incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução;
VI – qualquer causa modificativa ou extin-tiva da obrigação, como pagamento, novação,
compensação, transação ou prescrição, desde que supervenientes ao trânsito em julgado da
sentença.
§ 1º A alegação de impedimento ou suspeição observará o disposto nos arts. 146 e 148.
§ 2º Quando se alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à
resultante do título, cumprirá à executada declarar de imediato o valor que entende correto, sob
pena de não conhecimento da arguição.
§ 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada:
I – expedir-se-á, por intermédio do presi-dente do tribunal competente, precatório em favor do
exequente, observando-se o disposto na Constituição Federal;
II – por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o
processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses
contado da entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da
residência do exequente.
§ 4º Tratando-se de impugnação parcial, a parte não questionada pela executada será, desde
logo, objeto de cumprimento.
§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também inexigível
a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo considerado
inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou
do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com a Constituição
Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso.
§ 6º No caso do § 5º, os efeitos da decisão do Supremo Tribunal Federal poderão ser modulados
no tempo, de modo a favorecer a segurança jurídica.
§ 7º A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 5º deve ter sido proferida antes do
trânsito em julgado da decisão exequenda.
§ 8º Se a decisão referida no § 5º for pro-ferida após o trânsito em julgado da decisão
exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal.
CPC/1973
Art. 741.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 144 (impedimento do juiz), 145 (suspei-ção do juiz), 239 (citação), 344 (revelia), 514
(execução sujeita a condição ou termo), 780 (cumulação de exe-cuções), 781 a 782 (competência), 798,
I, b (execução; requisitos da inicial), 798, I, c (execução; providência do credor), 803, III (nulidade da
execução), 913 (execução de prestação alimentícia), 917, § 2º (excesso de execução), 921 a 923
(suspensão da execução);
CC, arts. 304 a 333 (pagamento), 360 a 367 (nova-ção), 368 a 380 (compensação), 840 a 850
(transação).
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 150: “Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação”.
Súmulas do STJ:
nº 394: “É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de imposto de renda retidos
inde-vidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual”.
nº 487: “O parágrafo único do art. 741 do CPC não se aplica às sentenças transitadas em julgado em
data an-terior à da sua vigência”.
BREVES COMENTÁRIOS
De acordo com o novo Código, a Fazenda será inti-mada, na pessoa de seu representante judicial,
por carga, remessa ou meio eletrônico, sem cominação de penhora, isto é, limitando-se à convocação
para impugnar a execu-ção no prazo de trinta dias (NCPC, art. 535).
Não havendo impugnação, ou sendo esta rejeitada, o juiz, por meio do Presidente de seu tribunal
superior, expedirá a requisição de pagamento, que tem o nome de precatório (art. 535, § 3º, I), ou a
requisição de pequeno valor. Esta constará de ordem do próprio juiz, dirigida à autoridade citada em
nome do ente público na fase de conhecimento do processo (art. 535, § 3º, II).
O oferecimento de defesa pela Fazenda Pública deverá observar o título impugnado: (i) tratando-se
de cumprimento de sentença, o juiz deverá julgar eventual impug-nação da Fazenda Pública, prevista no
art. 525 e aplicá-vel, no que couber, ao rito especial aqui examinado; e (ii) tratando-se de execução de
título extrajudicial, deverá observar o rito dos embargos à execução regulado nos arts. 914 e seguintes,
também aplicável naquilo que couber, ao presente capítulo.
A diferença mais significativa diz respeito aos temas que podem figurar na defesa contra a execução.
É mais ampla a matéria discutível frente ao título extrajudicial (arts. 910, § 2º, e 917), do que em relação
ao título judi-cial (art. 535). Dessa forma, quando a execução contra a Fazenda Pública estiver apoiada
em título judicial, a regra a observar é a do art. 535, que não tolera a rediscussão daquilo já resolvido no
provimento da fase de cognição.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Cláudia Aparecida Cimardi, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo
Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Humber-to Theodoro Júnior, Sentença inconstitucional: nulidade, inexistência,
rescindibilidade, RDDP 63/36; Waldir Al-ves, Inexigibilidade de título judicial fundado em lei ou ato
normativo declarado inconstitucional ou interpretado pelo STF como incompatível com a Constituição,
RT 916/409.
Capítulo VI
DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE
DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE NÃO FAZER OU DE ENTREGAR COISA
Seção I
Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de
Fazer ou de Não Fazer
BREVES COMENTÁRIOS
Já no Código de 1973, o art. 644, com a redação que lhe deu a Lei nº 10.444/2002, separou os
procedimentos a que se devem submeter os títulos judiciais e os extra-judiciais, em tema de obrigações
de fazer e não fazer. A legislação atual manteve essa sistemática (NCPC, arts. 536 e 814), de forma que
(i) as sentenças judiciais serão cumpridas, em princípio, de acordo com os arts. 536 e ss.; ao passo que
(ii) os títulos extrajudiciais sujeitam-se à ação executiva disciplinada pelos arts. 814 a 823.
O cumprimento de sentença relativa às obrigações de fazer e não fazer pressupõe que o comando a
ser cumpri-do sempre tenha concedido a tutela específica à parte ou determinado as providências que
assegurem o resultado prático equivalente, por força do art. 497 do NCPC. Trata--se, pois, de
procedimento destinado a implementar as me-didas necessárias à satisfação do exequente, quando não
cumpridas espontaneamente pelo devedor da obrigação de fazer ou não fazer certificada no título
executivo judicial (art. 536). Além de determinar de que maneira prática a prestação devida será
cumprida, a sentença ordenará as chamadas medidas de apoio necessárias.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, 56ª ed., Rio de Janeiro: Forense,
2015, v. I; Humber-to Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes
Norato Rezende (coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de
Janeiro: Forense, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de di-reito processual civil, 17ª ed., Salvador:
JusPodivm, 2015, v. I; Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil co-mentado,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo
civil, São Paulo: Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São
Paulo: Rideel, 2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito pro-cessual civil, São Paulo:
Saraiva, 2015; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código
de Processo Civil, Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Ins-tituições de processo civil: introdução
ao direito processual civil, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Ju-nior, Rosa Maria de
Andrade Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tri-bunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro
Torres de Melo, Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribu-nais, 2015; Araken de Assis, Manual da execução, 9ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005,
n. 209.3, p. 523.
Art. 537. A multa independe de requeri-mento da parte e poderá ser aplicada na fase de
conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja
suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do
preceito.
§ 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa
vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
I – se tornou insuficiente ou excessiva;
II – o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa
para o descumprimento.
§ 2º O valor da multa será devido ao exequente.
§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depo-sitada
em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à
parte. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 04.02.2016)
§ 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e
incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado.
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que
reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 814 (execução das obrigações de fazer e não fazer).
BREVES COMENTÁRIOS
Além da execução por terceiro, que é objeto próprio do processo de execução, o direito moderno
criou a pos-sibilidade de coagir o devedor das obrigações de fazer e não fazer a cumprir as prestações a
seu cargo mediante a imposição de multas. Respeitada a intangibilidade cor-poral do devedor, criam-se,
dessa forma, forças morais e econômicas de coação para convencer o inadimplente a realizar
pessoalmente a prestação pactuada.
O Código prevê, expressamente, a utilização de mul-ta diária para compelir o devedor a realizar a
prestação de fazer ou não fazer. Essa multa será aquela prevista na sentença condenatória e, se omissa, a
que for arbitrada durante o cumprimento da condenação (art. 536, § 1º). No caso de título executivo
extrajudicial, a multa será fixada pelo juiz ao despachar a inicial da execução, oportunida-de em que
também definirá a data a partir da qual será devida (art. 814). Embora o usual seja o cálculo diário da
multa, não está impedido o juiz de fixar ou alterar a periodicidade, com base em outros padrões
temporários. Aliás, o NCPC, a propósito das obrigações de fazer ou não fazer, não mais fala em multa
diária, mas em “multa fixada periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da
obrigação” (art. 500).
A autorização de execução provisória da multa é dada pelo § 3º, mas seu valor ficará retido em
juízo, só podendo ser levantado pelo exequente após obtenção de sentença transitada em julgado em seu
favor. O texto primitivo do referido parágrafo facultava tal levantamento, indepen-dentemente da res
iudicata, quando o julgado em favor do exequente se encontrasse sujeito apenas a agravo contra
inadmissão de recurso extraordinário ou especial (§ 3º, in fine). Essa regalia, todavia, foi suprimida pela
Lei nº 13.256/2016, que deu nova redação ao aludido parágrafo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Araken de Assis, Manual da execução, 9. ed., São Pau-lo: RT, 2005, n. 209.3, p. 523; Guilherme
Rizzo Amaral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção II
Do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de
entregar coisa
Art. 538. Não cumprida a obrigação de en-tregar coisa no prazo estabelecido na sentença,
será expedido mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse em favor do credor, conforme
se tratar de coisa móvel ou imóvel.
§ 1º A existência de benfeitorias deve ser alegada na fase de conhecimento, em contesta-ção,
de forma discriminada e com atribuição, sempre que possível e justificadamente, do respectivo
valor.
§ 2º O direito de retenção por benfeitorias deve ser exercido na contestação, na fase de
conhecimento.
§ 3º Aplicam-se ao procedimento previsto neste artigo, no que couber, as disposições sobre o
cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 806 (execução para a entrega de coisa).
BREVES COMENTÁRIOS
Aplicando-se ao cumprimento de sentença das obrigações de dar as disposições relativas às
obrigações de fazer, poderá o juiz, a requerimento do exequente, utilizar as medidas de coerção e apoio,
como a multa por atraso no cumprimento da sentença, e as demais providências autorizadas pelo art. 536,
§ 1º.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Guilherme Rizzo Amaral, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
TÍTULO III
DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
Capítulo I
DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de
pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabeleci-mento
bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta
com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a mani-
festação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor
a quantia depositada.
§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser
proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do
depósito e da recusa.
§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-
-lo o depositante.
CPC/1973
Art. 890.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 334 a 345 (pagamento por consignação).
Lei nº 8.245, de 18.10.1991 (Lei do Inquilinato), art. 67 (ação de consignação de aluguel e
acessórios da locação).
BREVES COMENTÁRIOS
A legislação processual procurou restringir-se ao âm-bito da atividade procedimental, resguardando
para o di-reito civil e demais ramos do direito material a especifi-cação dos casos em que se admite a
extinção da obrigação pela via do depósito judicial.
As principais fontes do direito de consignar encon-tram-se no Código Civil, art. 335, e no Código
Tributário Nacional (art. 164).
Todos esses permissivos legais referem-se a embara-ços enfrentados pelo devedor na busca de
libertar-se da obrigação, de sorte a não conseguir efetuar o pagamento ou não lograr efetuá-lo com
segurança jurídica de plena eficácia.
Ao permitir o depósito judicial liberatório, cuida a lei, pois, de contornar situações como:
(a) a da impossibilidade real do pagamento voluntário:
1. por recusa injusta de receber a prestação por parte do credor; ou por
2. ausência, desconhecimento ou inacessibilidade do sujeito ativo da obrigação; e
(b) a da insegurança ou risco de ineficácia do paga-mento voluntário:
1. por recusa do credor de fornecer a quitação devida;
2. por dúvida fundada quanto à pessoa do credor;
3. por litigiosidade em torno da prestação entre ter-ceiros;
4. por falta de quem represente legalmente o credor incapaz.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. II;
Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende
(coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense,
2015; Fredie Didier Jr., Curso de di-reito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I;
Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo:
Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015;
Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz
Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mi-tidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdu-ção ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de An-drade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Al-
vim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 891.
BREVES COMENTÁRIOS
Há regra específica de competência para a ação con-signatória, no art. 540 do novo Código de
Processo Civil, onde se determina que a consignação será requerida no lugar do pagamento.
Trata-se de regra especial mas não inovativa, posto que, em caráter geral, já consta do art. 53, IV,
“d”, do mesmo Código, que o foro do local onde deva ser satis-feita a obrigação é o competente para a
ação relativa ao seu cumprimento.
O importante, todavia, da estipulação de uma regra especial e única para a competência, no caso da
consig-natória, está em que sua especificidade exclui a alterna-tividade, válida nos procedimentos
comuns, pelo foro de eleição ou do domicílio do demandado. Isto quer dizer que o credor, na
consignação, tem o direito de exigir que o depósito só se faça no local convencionado para paga-mento,
ainda que haja foro contratual diverso, e não obs-tante residir em outra circunscrição judiciária.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Da-niel Mitidiero, Novo curso de processo civil,
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, v. III, p. 127; Priscila Kei Sato, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 541. Tratando-se de prestações suces-sivas, consignada uma delas, pode o devedor
continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem ven-cendo,
desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento.
CPC/1973
Art. 892.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 323 (prestações periódicas).
BREVES COMENTÁRIOS
A incidência da regra pressupõe negócio jurídico ma-terial único com preço desdobrado em
sucessivas pres-tações, como ocorre, frequentemente, com as vendas a crédito, com os aluguéis, foros,
salários etc. Para exercício dessa faculdade processual, não impõe a lei ao devedor maiores solenidades.
Não há sequer necessidade de nova citação do credor, nem tampouco de requerimento ao juiz a cada
prestação vencida. Ao fazer o depósito inicial da primeira prestação, o autor já pode obter a abertura da
con-ta judicial onde serão repetidos os depósitos periódicos, a seu devido tempo. Assim, a cada
vencimento seguir-se-á o depósito respectivo e, após, a juntada do comprovan-te aos autos, tudo por
diligência da parte e do escrivão.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Priscila Kei Sato, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Bre-ves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 893.
BREVES COMENTÁRIOS
A falta do depósito inviabiliza a consignatória, provo-cando sua extinção imediata (art. 542,
parágrafo único), a qual não dependerá, na espécie, da prévia intimação do autor ordinariamente prevista
no art. 485, § 1º. A petição inicial, então, além de atender às exigências ordinárias previstas no art. 319,
terá de conter pedido especial de depósito da quantia ou coisa devida, a ser efetivado no prazo de cinco
dias contado do deferimento.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, 1973, tomo XIII, p. 27/8 – sobre a possibilidade de se
fazer depósi-to antes da citação do réu, por excepcionalidade, como quando o credor alegasse estado de
necessidade; Hum-berto Theodoro Júnior, Curso de direito processual civil, v. II, n. 1.218 – “Se o autor
... não recolhe em depósito judicial a prestação litigiosa, o caso é de imediata extin-ção do processo, sem
julgamento de mérito, por ter se tornado juridicamente impossível a tutela jurisdicional de início
requerida (CPC, art. 267, nº VI)”; Inovações do Código de Processo Civil, Forense, 1995, p. 54; Priscila
Kei Sato, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 543. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será
este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do
contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar
lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito.
CPC/1973
Art. 894.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 252 a 256 (obrigações alternativas).
BREVES COMENTÁRIOS
Ao deferir a inicial, deve o magistrado, num só des-pacho, ordenar a citação para escolha da
prestação alter-nativa e designar dia, local e hora para o recebimento. Naturalmente, deverá fazê-lo com
previsão de tempo su-ficiente para que a escolha seja comunicada nos autos e dela intimado o devedor,
de modo a propiciar-lhe meios de promover a oblação judicial, oportuna e adequada-mente. O exercício
do direito de opção pelo credor (réu) não importa reconhecimento da procedência do pedido de
consignação formulado pelo devedor (autor). Pode perfeitamente fazer a escolha e, após, recusar a oferta,
para contestar a ação, negando, por exemplo, a mora ac-cipiendi, ou arguindo outro dos motivos
previstos no art. 544 do NCPC (Ernane Fidelis dos Santos, Comentários ao CPC, vol. VI, 2. ed., nº 16,
p. 12). A regra do art. 543 do NCPC refere-se explicitamente às obrigações genéricas (coisas definidas
pelo gênero e quantidade apenas), mas se aplica também às obrigações alternativas, porque em ambas há
necessidade de escolha da coisa devida, antes do pagamento (CC, arts. 244 e 252).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Priscila Kei Sato, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Bre-ves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 896.
BREVES COMENTÁRIOS
Em se tratando de contestação, o tema da resposta acha-se limitado pela lei, em face do caráter
especial do procedimento, que se restringe à discussão em torno da eficácia ou não do depósito
promovido pelo autor. Assim, os temas que o demandado pode utilizar para contrapor ao pedido do
promovente são os previstos no art. 544.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Priscila Kei Sato, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 545. Alegada a insuficiência do de-pósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias,
salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.
§ 1º No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a
consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida.
§ 2º A sentença que concluir pela insufi-ciência do depósito determinará, sempre que possível, o
montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover--lhe o cumprimento
nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.
CPC/1973
Art. 899.
BREVES COMENTÁRIOS
O credor não é obrigado a receber prestação menor ou diversa daquela pela qual se obrigou o
devedor. Por isso, o art. 544, IV, do NCPC, arrola, entre as defesas úteis, a da insuficiência do depósito
efetuado pelo promovente da consignatória. Provada essa defesa, a consequência natu-ral seria a
improcedência do pedido. A lei, no entanto, por política de economia processual e pela preocupação de
eliminar o litígio, instituiu uma faculdade especial para o devedor, quando a defesa se referir apenas à
insuficiência do depósito: em semelhante situação, faculta-se ao autor a complementação em dez dias.
É bom lembrar que esse depósito complementar não foi condicionado pela lei nem a erro nem a
boa-fé do autor, de sorte que se mostra irrelevante o motivo da in-suficiência do depósito. Desde que o
devedor concorde com a alegação do réu e se disponha a complementar o depósito, aberta lhe será a
faculdade do art. 545.
No caso de insuficiência do depósito, não superada por complementação, a sentença não será de
simples improcedência da consignatória. Reconhecerá o saldo devedor correto e valerá como título
executivo em favor do réu (art. 545, § 2º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Priscila Kei Sato, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Bre-ves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu
ao pagamento de custas e honorários advocatícios.
Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação.
CPC/1973
Art. 897.
BREVES COMENTÁRIOS
A estrutura do procedimento especial da ação de con-signação em pagamento, portanto, conduz a
uma sentença declaratória. Sobre o mérito da causa, não ocorre nem constituição, nem condenação. Não é
o ato judicial do magistrado que extingue a obrigação, mas o depósito feito em juízo pelo autor. A
sentença apenas reconhece a eficácia do ato da parte. E a única condenação que se dá é a pertinente aos
encargos da sucumbência (custas e honorários de advogado), porque é lógico que as despesas do
pagamento hão de ser suportadas por quem está em mora e, assim, deu causa à ação consignatória.
Excepcionalmente a sentença pode transformar-se em condenatória, quando se verificar a situação
tratada no art. 545, § 2º.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Vicente Greco Filho, Direito processual civil brasilei-ro, v. 3º, p. 211 – sobre a revelia na
consignatória; Edson Prata, Reconhecimento da procedência do pedido, RFDU 3/168; Humberto
Theodoro Júnior, As inovações no Códi-go de Processo Civil, 6ª ed., 1996, p. 56 – “É que, mesmo não
havendo resposta do réu, a inicial pode veicular, por seus próprios termos, fatos que, por si, não
justificam a pretensão do autor. Malgrado, portanto, a inércia do de-mandado, não estará o juiz
autorizado a pronunciar, desde logo, o decreto de procedência do pedido”; Priscila Kei Sato, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor
requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito.
CPC/1973
Art. 895.
BREVES COMENTÁRIOS
A dúvida do devedor, que justifica o depósito judi-cial em pagamento, há de ser razoável, fundando-
se na legitimidade do titular do crédito ou do representante autorizado a receber.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, Comentários ao CPC, v. VIII, tomo III, n. 82-89; Priscila Kei Sato, In:
Teresa Ar-ruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 898.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 347 (providências preliminares), 348 (re-velia), 350 (defesa indireta do mérito), 351 e
352 (ale-gações do réu), 353 (julgamento conforme o estado do processo), 354 (extinção do processo),
355 (julgamento antecipado da lide), 744 e 745 (bens de ausentes).
BREVES COMENTÁRIOS
Comparecendo mais de um pretendente à consignação, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta
a obrigação; o processo, porém, terá prosseguimento entre os credores concorrentes.
Se não comparecer nenhum pretendente, também será declarada extinta a obrigação, sendo, porém, o
depósito convertido em arrecadação de bens de ausente.
Comparecendo apenas um pretendente a ação será processada como consignatória comum,
limitando-se a apreciação judicial à situação dos interessados presentes.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, Ação consignatória fun-dada em dúvida quanto à titularidade do
crédito, Ajuris 18/5; Yussef Said Cahali, Honorários advocatícios, p. 424/5 – sobre a possibilidade de
extrair do depósito o montante de custas e honorários advocatícios; Adroaldo Furtado Fabrício,
Comentários ao CPC, 6ª ed., v. VIII, tomo III, p. 137, n. 121 – o prazo é preclusivo, não ad-mitindo a
complementação posterior, nada impedindo a possibilidade de as partes transigirem; Priscila Kei Sato,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 549. Aplica-se o procedimento esta-belecido neste Capítulo, no que couber, ao resgate do
aforamento.
CPC/1973
Art. 900.
SÚMULAS
Súmulas do STF:
nº 122: “O enfiteuta pode purgar a mora enquanto não decretado o comisso por sentença”.
nº 170: “É resgatável a enfiteuse instituída anterior-mente à vigência do Código Civil”.
BREVES COMENTÁRIOS
A enfiteuse é um direito real em extinção. O nosso Código Civil não mais a permite. Ressalvam-se,
porém, as constituídas sob o regime do Código de 1916. Embo-ra de índole perpétua, não quer a lei que
o foreiro fique subjugado, indefinidamente, a esse direito real sobre coisa alheia. Daí a instituição de
uma faculdade que consiste no poder jurídico, atribuído ao titular do domínio útil, de resgatar a enfiteuse
depois de transcorridos 10 anos da constituição do gravame, “mediante pagamento de um laudêmio, que
será de dois e meio por cento sobre o va-lor atual da propriedade plena, e de 10 pensões anuais” (art.
693 do Cód. Civil de 1916, com a redação da Lei nº 5.827, de 23.11.1972). Se o senhorio se recusa a
aceitar o regaste, permite o art. 549 do NCPC que o foreiro se valha da ação de consignação em
pagamento, para liberar seu imóvel do gravame existente. Nesse caso, a sentença não tem a força normal
de declarar extinta a dívida do autor da consignatória, pois, na verdade, nada devia ele ao réu. O que se
dá é o exercício de uma faculdade legal (a de liberar o imóvel de um ônus real), mediante resgate
imposto ao titular do ius in re. A sentença, incidindo sobre o depósito efetuado pelo foreiro à disposição
do senhorio, declarará sua eficácia liberatória e servirá de título para cancelamento do direito real
lançado no Registro de Imó-veis (Lei nº 6.015/1973, art. 250, I).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Priscila Kei Sato, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno
Dantas, Bre-ves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Capítulo II
DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas requererá a citação do réu
para que as preste ou ofereça contestação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 1º Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as razões pelas quais exige as
contas, instruindo-a com documentos com-probatórios dessa necessidade, se existirem.
§ 2º Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se manifestar, prosseguindo--se o
processo na forma do Capítulo X do Título I deste Livro.
§ 3º A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser fundamentada e especí-fica,
com referência expressa ao lançamento questionado.
§ 4º Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art. 355.
§ 5º A decisão que julgar procedente o pe-dido condenará o réu a prestar as contas no prazo de
15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.
§ 6º Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5º, seguir-se-á o procedimento do §
2º, caso contrário, o autor apresentá-las-á no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a
realização de exame pericial, se necessário.
CPC/1973
Art. 915.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 360 a 368 (audiência).
BREVES COMENTÁRIOS
O Código anterior, ao instituir o procedimento especial previsto em seu art. 914, dispunha
textualmente, que “a ação de prestação de contas competirá a quem tiver: I – o direito de exigi-las; II – a
obrigação de prestá-las”. O Código novo, porém, só trata como procedimento especial aquele que se
destina a exigir contas. Logo, a pretensão de dar contas ficou relegada ao procedimento comum.
Vê-se, assim, que a demanda sobre contas autoriza-da pelo art. 550 do NCPC só pode partir da
iniciativa de quem tem o direito de exigi-las. No entanto, na compo-sição das verbas reunidas nas contas
discutidas em juízo, a iniciativa é bilateral. Ambas as partes podem reclamar inserção e exclusão de
parcelas e podem pretender alte-rações quantitativas.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. II;
Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende
(coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense,
2015; Fredie Didier Jr., Curso de di-reito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I;
Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo:
Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015;
Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz
Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mi-tidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdu-ção ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de An-drade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Al-
vim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015;
Ravi Peixoto, Aspectos controvertidos da ação de exigir contas: uma visão a partir do novo Código de
Processo Civil, Revista Dialética de Direito Processual, n. 151, p. 105-116, out. 2015.
CPC/1973
Art. 917.
BREVES COMENTÁRIOS
As contas, tanto prestadas pelo autor (art. 551, § 2º) como pelo réu (art. 551, caput), devem ser
apresentadas na forma adequada, especificando-se as receitas, a aplica-ção das despesas e os
investimentos, se houver. O NCPC preferiu fazer referência à forma adequada, não mais utilizando o
termo mercantil (art. 917 do CPC/1973). O detalhamento exigido pelo novo Código, contudo, não difere
do modelo definido anteriormente, que consiste em organizar as diversas parcelas que as compõem em
colunas distintas para débito e crédito, fazendo-se todo o lançamento por meio de histórico que indique,
quanti-fique e esclareça a origem de todos os recebimentos e o destino de todos os pagamentos. Outro
dado importante é a sequência cronológica dos dados lançados.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC (1973), tomo XIII, p. 133 – não há a necessidade de juntar
documentos relativos às pequenas despesas, como gorjetas e transpor-tes em táxis, pela dificuldade do
prestador em apresentar este tipo de despesa; Evaristo Aragão Santos, In: Teresa Arruda Alvim Wambier,
Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo
Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Forma adequada. “A apresentação de contas em forma mercantil é uma necessidade do processo,
uma vez que o exame, a discussão e o julgamento devem ser facilitados para os sujeitos processuais. As
contas apresentadas de forma não mercantil podem ser consideradas diante da apresentação de
justificativa pela parte e da possibilidade de realização de perícia contábil” (STJ, REsp 1.218.899/PR,
Rel. Min. João Otávio de Noronha, 4ª Turma, jul. 04.08.2011, DJe 16.08.2011).
● “É injustificável, em princípio, o pleito de prestação de contas, se o Acórdão recorrido afirma
que as contas foram prestadas extrajudicialmente, de forma mercantil, e que não há saldo a apurar,
pretendendo a autora, apenas, receber o valor do depósito judicial, levantado por seu procurador” (STJ,
REsp 242.196/MS, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, 3ª Turma, DJU 18.02.2002). No mesmo
sentido: STJ, REsp 66.679/RJ, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, 3ª Turma, jul. 09.06.1997, DJ 04.08.1997.
● Prestação de contas por entidade de previdência privada. Forma diversa da mercantil.
Possibilidade. “A prestação de contas por entidade de previdência privada deve ser apresentada de
maneira clara e inteligível. Caso não seja disponibilizada na forma mercantil, não é permitido ao magis-
trado desconsidera-las apenas por suposta violação ao artigo 917 do Código de Processo Civil, mas
deve verificar, acima de tudo, se as contas apresentadas atingem as finalidades do processo e, caso
positivo, afastar o rigor da norma” (STJ, AgRg no AREsp 150.390/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4ª
Turma, jul. 09.04.2013, DJe 22.04.2013).
● Reexame de provas. “É necessário reexaminar pro-vas para definir se as contas do réu
foram ou não apre-sentadas na forma mercantil, como exige o art. 917 do CPC” (STJ, AgRg no Ag
740.483/DF, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 3ª Turma, jul. 14.12.2006, DJ 05.02.2007).
CPC/1973
Art. 918.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 778 a 805 (execução forçada), 824 a 869 (execução por quantia certa contra devedor
solvente).
BREVES COMENTÁRIOS
Não pode a sentença, na ação de exigir contas, re-meter a fixação do saldo para posterior
liquidação. A sentença, obrigatoriamente, tem de ser líquida, isto é, sob pena de nulidade, terá de
declarar o saldo das contas apuradas em juízo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, Comentários ao CPC, 6ª ed., v. VIII, tomo III, n. 289, p. 325 – “... o
título executivo tanto se pode formar a bem do autor como em favor do réu. A duplicidade intrínseca da
ação é que faz desne-cessária, para poder-se chegar a este último resultado, a reconvenção”; Evaristo
Aragão Santos, In: Teresa Arru-da Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 919.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CPC, arts. 822 a 825 (sequestro).
BREVES COMENTÁRIOS
A competência do juízo da causa originária para a prestação de contas é de natureza funcional, e por
isso irrecusável e improrrogável. Para essas prestações, tanto se pode agir por via de ação como por
meio de delibe-ração ex officio do próprio juiz. Quando, por exemplo, o juiz age, por força da
hierarquia, para exigir as contas do tutor ou curador, não há que se cogitar de ação no sentido técnico,
mas de procedimento administrativo. Quando, porém, é o herdeiro que demanda as contas do
inventariante, a hipótese é tipicamente de ação e de procedimento judicial contencioso. A regra especial
do art. 553 do NCPC tem dupla função: primeiro, fixar a competência, para a tomada de contas dos
órgãos auxi-liares do juízo; e, segundo, definir sanções para os ad-ministradores judiciais que
descumprem a sentença de julgamento de suas contas.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Evaristo Aragão Santos, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Capítulo III
DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
Seção I
Disposições Gerais
Art. 554. A propositura de uma ação pos-sessória em vez de outra não obstará a que o juiz
conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam
provados.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas,
serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital
dos demais, determinando--se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em
situação de hipos-suficiência econômica, da Defensoria Pública.
§ 2º Para fim da citação pessoal prevista no § 1º, o oficial de justiça procurará os ocupantes no
local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados.
§ 3º O juiz deverá determinar que se dê am-pla publicidade da existência da ação prevista no §
1º e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou
rádio locais, da publicação de car-tazes na região do conflito e de outros meios.
CPC/1973
Art. 920.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 283 (impropriedade de ação).
CC, arts. 485 a 523 (posse).
BREVES COMENTÁRIOS
Nosso direito processual regula, como ações posses-sórias típicas, a de manutenção de posse, a de
reintegra-ção de posse e o interdito proibitório (CPC, arts. 554 a 568). A existência de três interditos
distintos decorre da necessidade de adequar as providências judiciais de tutela possessória às diferentes
hipóteses de violação da posse. Observa Adroaldo Furtado Fabrício que nem sempre é fácil, nos casos
concretos, identificar com segurança a turbação ou o esbulho, já que existem situações frontei-riças entre
as duas hipóteses. Isso, porém, não prejudica em nada as partes, uma vez que o Código adota o prin-cípio
da conversibilidade dos interditos, segundo o qual “a propositura de uma ação possessória em vez de
outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela,
cujos pressupos-tos estejam provados” (CPC, art. 554, caput) (Adroaldo Furtado Fabrício, Comentários
ao CPC, 2ª ed., Rio de Janeiro, Forense, 1984, vol. VIII, t. III, n. 365, p. 428).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. II;
Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende
(coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense,
2015; Fredie Didier Jr., Curso de di-reito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I;
Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo:
Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015;
Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz
Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mi-tidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo:Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Tor-res de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 921.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 402 a 405 (perdas e danos).
BREVES COMENTÁRIOS
O pedido genuinamente possessório é o do mandado de reintegração, de manutenção ou de
proibição contra o que agride ou ameaça agredir a posse do autor. A petição inicial terá, portanto, no
juízo possessório, de conter, ne-cessariamente, o pedido de uma das medidas acima. Per-mite a lei,
todavia, (NCPC, art. 555) que o autor faça, ao lado do pedido possessório, a cumulação de outros, que
tenham por objeto o seguinte: (a) condenação em perdas e danos (inciso I); (b) indenização dos frutos
(inciso II); (c) imposição de medidas necessárias e adequadas para evitar nova turbação ou esbulho e
cumprir-se a tutela provisó-ria ou final (parágrafo único). Essas cumulações devem restringir-se, porém,
a pretensões diretamente ligadas ao evento possessório, ou seja, a indenização há de referir-se a danos
que o réu causou ao bem esbulhado ou turbado, a pena há de referir-se à reiteração do esbulho ou
turbação que foi a causa da ação. Em se tratando de ação dúplice, também o réu pode, na contestação,
formular pedidos cumulados contra o autor, dentro dos limites do art. 555. Não há necessidade de
reconvir.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, de-mandar
a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho
cometido pelo autor.
CPC/1973
Art. 922.
BREVES COMENTÁRIOS
Com essa norma, o legislador atribui o caráter dúplice aos interditos possessórios, ou seja, trata
essas ações como aquelas em que não se distingue a posição ativa da passiva entre os sujeitos da relação
processual. A consequência prática que se deve extrair de sua especial qualidade ju-rídica é a de que o
réu não precisa propor reconvenção para contra-atacar o autor. O demandado, portanto, que pretenda
acusar o autor da possessória de violação de sua posse, e queira obter para si a tutela interdital, assim
como o ressarcimento dos danos sofridos, pode formular seu pedido na contestação. A proteção à posse
do réu, contudo, não é dispensada ex officio pelo juiz. Depende, sempre, de expresso requerimento na
contestação, porque também aqui prevalece o princípio do ne procedat iudex ex officio, insculpido no
art. 2º do CPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Teresa Arruda Alvim Pinto, Ações possessórias, RP 43/186; Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa
Arruda Al-vim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 557. Na pendência de ação possessó-ria é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor
ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação de
propriedade ou de outro direito sobre a coisa.
CPC/1973
Art. 923.
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 487: “Será deferida a posse a quem, evidentemen-te, tiver o domínio, se com base neste for ela
disputada”.
BREVES COMENTÁRIOS
Uma vez que tanto a ação possessória como a rei-vindicatória buscam a execução que haverá de
manter ou conceder a posse sobre o bem litigioso, estabelece--se entre os dois juízos não uma
litispendência mas um conflito potencial de provimentos. Não seria admissível que, concomitantemente, a
sentença possessória atribuísse a posse a uma parte e o julgado petitório a outra parte. Por imposição de
ordem prática, há uma necessidade de impedirem-se duas sentenças executivas contrárias entre si. Se
isso fosse permitido, seria notória a possibilidade de a sentença dominial tornar vazia e inócua a
sentença de procedência do interdito possessório. É apenas por isso que o art. 557 do NCPC veda o
recurso à petitória na pendência da possessória. Porque o possessório e o petitório se repelem, a lei
veda, também, ao esbulhador a defesa fundada na propriedade ou em outro direito sobre a coisa
(parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 924.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 319 a 512 (procedimento ordinário).
BREVES COMENTÁRIOS
As ações de manutenção e de reintegração de posse variam de rito conforme sejam intentadas dentro
de ano e dia da turbação ou esbulho, ou depois de ultrapassado dito termo. Na primeira hipótese, tem-se
a chamada ação possessória de força nova. Na segunda, a de força velha. A ação de força nova é de
procedimento especial e a de força velha observa o rito ordinário (CPC, art. 558). A diferença de
procedimento, no entanto, é mínima e fica restrita à possibilidade ou não de obter-se a medida limi-nar
de manutenção ou reintegração de posse em favor do autor, porque, a partir da contestação, também a
ação de força nova segue o procedimento ordinário (art. 566). A circunstância, porém, de ser ação de
força velha em nada modifica a natureza do interdito, já que a ação continuará com o caráter puramente
possessório, como ressalva do parágrafo único do art. 558 do CPC. Ou seja: “sem interferência da
questão dominial”. A liminar, que é parte integrante do rito da ação de força nova, pode também ser
obtida na ação de força velha. Só que, em tal caso depen-derá da comprovação dos requisitos da tutela
de urgência (art. 300). Se a hipótese for de ação de força nova, bastará a comprovação do esbulho ou
turbação ocorrido a menos de ano e dia (art. 562).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, tomo III, n. 1.300 – sobre o
procedimento; Adroal-do Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Bre-ves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou
reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por
perdas e danos, o juiz designar--lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou
fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte
economicamente hipossuficiente.
CPC/1973
Art. 925.
BREVES COMENTÁRIOS
Não há necessidade de uma ação cautelar de caução. O requerimento será processado
incidentalmente, dentro dos próprios autos da possessória.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Caução. Procedimento incidental. “A medida cautelar de caução, na hipótese do art. 925, do
CPC, há que ser precedida de procedimento incidental, a fim de que prove o réu a inidoneidade
financeira e econômica do autor mantido ou reintegrado provisoriamente na posse, demonstrando não
possuir estes recursos pecuniários ou bens que garantam o ressarcimento dos prejuízos que lhe possam
advir” (TAMG, Ap. 24.653, Rel. Juiz Joaquim Alves Andrade, 1ª Câmara, jul. 18.05.1984, Rev. de Julgs.
19/225; Rev. Bras. Dir. Proc. 51/147).
2. Substituição da caução por depósito judicial. “A cau-ção exigida para a reintegração na posse
pode ser substituída pelo depósito judicial do bem” (STJ, REsp 475.156/SC, Rel. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, 4ª Turma, jul. 19.12.2002, DJ 24.02.2003, p. 251).
3. Prova de carência de idoneidade financeira. “A cau-ção prevista no art. 925 do CPC exige
prova pré-constituída de carência de idoneidade financeira, daí porque ser a prova eminentemente
documental, não exigindo dilação probatória, de modo que a sua não realização não implica em
cerceamento de defesa, mostrando-se impertinente a sua juntada somente na fase recursal. E não
apresentando a prova pré-constituída exigida pelo art. 925 do CPC, restaram inatendidos os pressupostos
do fumus boni iuris e periculum in mora, obstando desse modo a concessão da cautelar pretendida”
(TAPR, Ap. 142819100/Santa Isabel do Ivaí, Augusto Lopes Cortes, 5ª Câmara Cível, jul. 21.03.2001,
DJ 06.04.2001). Em sentido contrário: “A exigência de caução prevista no art. 925, do Código de
Processo Civil, não se faz por falta de prova de idoneidade financeira, mas em virtude de demonstração
feita pelo réu de que o autor carece de condições para responder por perdas e danos, se vencido na
demanda” (TAPR, AI 159059600/Piraí do Sul, Rel. Juiz Lauro Augusto Fabrício de Melo, 1ª Câmara
Cível, jul. 12.12.2000, DJ 02.02.2001).
Seção II
Da Manutenção e da Reintegração de Posse
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado
em caso de esbulho.
CPC/1973
Art. 926.
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 415: “Servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela natureza das
obras realiza-das, considera-se aparente, conferindo direito à proteção possessória”.
BREVES COMENTÁRIOS
A ação de manutenção de posse (que corresponde aos interdicta retinendae possessionis do direito
romano) des-tina-se a proteger o possuidor contra atos de turbação de sua posse. Seu objetivo é fazer
cessar o ato do turbador, que molesta o exercício da posse, sem,contudo, eliminar a própria posse. Já a
ação de reintegração de posse (anti-go interdito recuperandae possessionis dos romanos) tem como fito
restituir o possuidor na posse, em caso de esbu-lho. Por esbulho deve-se entender a injusta e total
privação da posse, sofrida por alguém que a vinha exercendo. Essa perda total da posse pode decorrer:
a) de violência sobre a coisa, de modo a tirá-la do poder de quem a possuía até então; b) do
constrangimento suportado pelo possuidor, diante do fundado temor de violência iminente; c) de ato
clandestino ou de abuso de confiança (Clóvis Beviláqua, Direito das coisas, 4. ed. Rio de Janeiro,
Forense, 1958, vol. I, § 22, p. 65-66).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
I – a sua posse;
II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III – a data da turbação ou do esbulho;
IV – a continuação da posse, embora tur-bada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na
ação de reintegração.
CPC/1973
Art. 927.
BREVES COMENTÁRIOS
A par das exigências do art. 319, a petição inicial da ação possessória deverá especificar os
requisitos previs-tos no art. 561.
As datas são importantes para definir-se o tipo do interdito, i.e., se se trata de ação de força velha
ou de força nova.
Quanto à individuação da coisa possuída, trata-se de imposição categórica derivada da natureza da
ação pos-sessória. O interdito tutelar da posse, qualquer que seja ele, tem a característica de ser ação
real, visto que, por meio dele, o autor demanda o exercício de fato dos po-deres inerentes ao domínio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Paulo Roberto Hapner, A ação de força nova espo-liativa, RP 26/55; Adroaldo Furtado Fabrício,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 562. Estando a petição inicial devi-damente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a
expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que
o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for
designada.
Parágrafo único. Contra as pessoas jurí-dicas de direito público não será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos represen-tantes
judiciais.
CPC/1973
Art. 928.
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 262: “Não cabe medida possessória liminar para liberação alfandegária de automóvel”.
BREVES COMENTÁRIOS
Prevê o caput do art. 562 do NCPC duas opções para o juiz, ou seja:
(a) a expedição do mandado liminar de reintegração ou manutenção de posse, sem prévia citação do
réu, desde que com a inicial o autor tenha fornecido prova documental idônea para demonstração dos
requisitos do art. 561; ou
(b) a exigência de justificação, in limine litis, por via de testemunhas, dos mesmos requisitos, caso
em que o réu será citado para a audiência respectiva.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 563. Considerada suficiente a justi-ficação, o juiz fará logo expedir mandado de
manutenção ou de reintegração.
CPC/1973
Art. 929.
BREVES COMENTÁRIOS
Resolvido o problema da liminar, com ou sem seu deferimento, o processo possessório tem
prosseguimento em suas fases lógicas normais.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 930.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 336 a 342 (contestação), 146 (exceções).
BREVES COMENTÁRIOS
A ação possessória, dada a sua natureza dúplice, dis-pensa reconvenção.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afir-mado na
petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão
da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que
observará o disposto nos §§ 2º e 4º.
§ 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de
distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste artigo.
§ 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública
será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária
à efetivação da tutela jurisdicional.
§ 4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou
do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para
a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de
possibilidade de solução para o conflito possessório.
§ 5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel.
BREVES COMENTÁRIOS
O esbulho individual como o coletivo sujeitam-se, no campo civil, à pronta e enérgica repulsa
através da rein-tegração liminar de posse, nos termos da lei material e processual (CC, art. 1.210; NCPC,
art. 560), que poderá ser decretada até sem audiência do réu (art. 562). No en-tanto, o prolongamento da
ocupação, sem reação imediata do proprietário, acaba por gerar um sério problema social que assume
grandes proporções, principalmente quando a justiça tem de cumprir o dever de restituir o imóvel in-
vadido a quem de direito. Para minimizar o drama social, o NCPC introduz no procedimento possessório
incidente especial, a ser observado no chamado “litígio coletivo”.
A novidade procedimental começa com a forma de citação dos réus que, por serem numerosos e,
muitas vezes, desconhecidos, dificultam a sua inclusão na lide. Assim, os §§ 1º e 2º do art. 554 do NCPC
determinam que a citação dos ocupantes seja pessoal, feita pelo ofi-cial de justiça, que comparecerá ao
local uma única vez, cientificando aqueles que forem encontrados.
Estabelece o NCPC que, nos casos da espécie, i.e., “quando o esbulho ou a turbação afirmado na
petição ini-cial houver ocorrido há mais de ano e dia”, o juiz não apre-ciará o pedido de liminar, senão
depois de uma audiência de mediação realizada no prazo de trinta dias (art. 565).
Cumpre observar que a determinação não tem o con-dão de conferir à ação de força velha natureza
de proce-dimento especial. Pelo contrário, justamente por seguir o procedimento comum, a audiência de
conciliação ou de mediação prévia é medida que se impõe, nos termos do art. 334 do NCPC. Por outro
lado, eventual concessão de liminar deverá observar os requisitos gerais da tutela provisória, ou seja, o
periculum in mora e o fumus boni iuris (NCPC, art. 300), uma vez que não se trata da limi-nar
possessória típica, como aquela que integra o proce-dimento especial dos interditos de força nova.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 931.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 319 a 512 (procedimento ordinário).
BREVES COMENTÁRIOS
A especialização de rito nas possessórias diz respeito tão somente à medida liminar. Superada essa
fase ou in-cabida a liminar, segue-se o rito comum (art. 566).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse
poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado
proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.
CPC/1973
Art. 932.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, art. 1.210; CPC, arts. 225, III (citação; requisitos do mandado), 287 (pedido; pena pecuniária),
644 (execu-ção da obrigação de fazer e de não fazer; pena pecuniária).
SÚMULAS
Súmula do STJ:
nº 228: “É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral”.
BREVES COMENTÁRIOS
A ameaça para autorizar o interdito proibitório deve ser injusta, de tal modo que não cabe a medida
do art. 567 do NCPC quando se trata de ameaça de medida judicial legítima, como o despejo, a
nunciação de obra nova, o protesto, a execução forçada etc.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 933.
BREVES COMENTÁRIOS
A estrutura do interdito proibitório é de uma ação co-minatória, para exigir do demandado uma
prestação de fazer negativa, isto é, abster-se da moléstia à posse do autor, sob pena de incorrer em multa
pecuniária. A força do interdito, porém, não se exaure na imposição de multa ao infrator, pois, se assim
fosse, a ação destoaria da ca-racterística básica dos remédios possessórios, que é a de tutelar
materialmente o fato da posse. Daí prever o art. 568 do NCPC que toda a regulamentação dos interditos
de reintegração e de manutenção aplica-se igualmente ao interdito proibitório. Isto quer dizer que não só
o procedi-mento é igual, como também a força do mandado judicial. Dessa maneira, verificada a
consumação do dano temido, a ação transforma-se ipso iure em interdito de reintegração ou de
manutenção, e, como tal, será julgada e executada.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Adroaldo Furtado Fabrício, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Capítulo IV
DA AÇÃO DE DIVISÃO E DA DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
CPC/1973
Art. 946.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 574 a 587 (ação de demarcação), 588 a 598 (ação de divisão).
Lei nº 6.383/1976 (dispõe sobre o processo discri-minatório de terras devolutas da União e dá
outras pro-vidências).
BREVES COMENTÁRIOS
O fito da ação demarcatória é “simplesmente reavivar os rumos existentes, ou fixar os que deveriam
existir”, na lição de Pontes de Miranda (Comentários ao CPC, v. XIII, 1977, p. 413). Já o da ação
divisória é a dissolução do condomínio, transformando a cota ideal de cada comu-nheiro sobre o prédio
comum em “parte concreta e deter-minada” (Alcides Cruz, Demarcação e divisão de terras, 1979, n. 37,
p. 72). Ambas formam, em seu conjunto, o que tradicionalmente se denomina “juízo divisório”, que tem
em comum não só vários atos procedimentais, como ainda a preocupação de individualizar, da maneira
mais perfeita possível, a propriedade imobiliária.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. II;
Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende
(coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense,
2015; Fredie Didier Jr., Curso de di-reito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I;
Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo:
Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015;
Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz
Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mi-tidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo:Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Tor-res de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 570. É lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá processar-se pri-meiramente
a demarcação total ou parcial da coisa comum, citando-se os confinantes e os condôminos.
CPC/1973
Art. 947.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 327 (requisitos da cumulação de pedidos).
BREVES COMENTÁRIOS
Admite o Código a cumulação da divisão e demar-cação de um mesmo imóvel, num só processo.
Trata-se, porém, de cumulação apenas sucessiva, porque primeiro se realiza a demarcação e depois a
divisão, sendo até mesmo distintas as partes de um e outro procedimento cumulados (CPC, art. 947).
Entre a divisão e a demar-cação, na espécie, há conexão, porque o objeto (um dos imóveis) é comum nos
dois feitos. Mas a cumulação é apenas de ordem prática, fundada na economia processual e na
prejudicialidade, sem a força de criar competência para o juiz que nunca a teve. A conexão só amplia ou
mo-difica, em regra, a competência relativa, não a absoluta. Por isso, entende Pontes de Miranda, com
razão, que a competência do juiz da demarcação só se estenderá para a divisão se parte do imóvel
dividendo também estiver sob sua jurisdição.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 571. A demarcação e a divisão poderão ser realizadas por escritura pública, desde que
maiores, capazes e concordes todos os interessados, observando-se, no que couber, os dispositivos
deste Capítulo.
BREVES COMENTÁRIOS
A partir de dispositivos do Código Civil, tanto de 1916 (art. 1.773 c/c art. 641) como de 2002 (art.
2.015 c/c art. 1.321), já se chegava à conclusão de que “se todas as partes interessadas estão de acordo,
a demarcação ou a divisão pode-se realizar amigavelmente, isto é, extra-judicialmente, e a convenção
que então se celebrar tem força contratual”.
Todavia, para que a divisão e a demarcação sejam validamente promovidas por meio de escritura
pública, sem necessidade de homologação judicial, sempre se en-tendeu que os interessados
(condôminos e confrontantes) deveriam ser maiores e capazes. Já se o caso se resolver por meio de
acordo por documento particular, o que se torna viável em face dos arts. 842 e 2.015 do Código Ci-vil,
bem como do art. 57 da Lei nº 9.099/1995, o negócio jurídico deverá submeter-se à homologação
judicial para que possa ser levado ao Registro de Imóveis.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
BREVES COMENTÁRIOS
A possibilidade de ajuizamento cumulativo das pre-tensões de demarcar e dividir o mesmo imóvel é
reco-nhecida pelo art. 570 do NCPC. Na verdade, não há uma perfeita cumulação de ações, no sentido
tradicional, mas uma sucessão de ações, dentro de um só processo, já que primeiro se procede à
demarcação com os confinantes, e, uma vez completada esta, passa-se à divisão da área demarcada entre
os comunheiros. Não há identidade de objeto, nem de partes, mas duas ações sucessivas (art. 572, caput
e § 1º).
Cumuladas as duas ações, os confinantes são excluídos do processo logo após ultimada a
demarcação, prosseguin-do-se a divisão apenas entre os comunheiros. Ocorrendo, todavia, invasão da
linha limítrofe da área dividenda, os confrontantes terão direito de vindicar “os terrenos de que se
julguem despojados” (art. 572, caput), caso em que a ação proposta contra os condôminos ou os quinho-
eiros observará os mesmos procedimentos traçados para a ação divisória simples (o art. 572, § 2º,
repete, para as ações cumuladas, a mesma norma editada para a divisão simples pelo art. 594 e
parágrafos).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
BREVES COMENTÁRIOS
A partir da Lei nº 10.267/2001, que alterou a Lei dos Registros Públicos (Lei nº 6.015/1973), o
georreferencia-mento tornou-se obrigatório para efetivação de registro de desmembramentos,
parcelamentos, remembramentos e transferências de imóveis rurais (art. 176, §§ 3º e 4º).
É por causa da existência de documento público com elementos suficientes para a exata e técnica
identificação dos limites da propriedade rural que se torna dispensável a realização de perícia judicial,
nas causas em que estes sejam discutidos. Acontece, porém, que a exigência legal é recente e existem
inúmeros registros que, antes dela, se aperfeiçoaram sem o georreferenciamento. Além disso, mesmo
existindo ele, pode o conflito surgir por diver-gência de títulos dos confinantes, tornando, muitas vezes,
insuficiente o georreferenciamento para o deslinde da dis-puta. Portanto, em situações da espécie,
somente a prova técnica judicial será o caminho útil para a composição do litígio. É de se pensar também
no caso em que os marcos referidos no georreferenciamento tenham desaparecido, o que reclamaria
trabalho técnico para aviventá-los ou reconstituí-los. Assim, nem sempre o fato de se tratar de imóvel
georreferenciado afastará a necessidade de perícia judicial em ação demarcatória.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Seção II
Da Demarcação
Art. 574. Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade, designar-se-á o imóvel
pela situação e pela denominação, descrever--se-ão os limites por constituir, aviventar ou renovar e
nomear-se-ão todos os confinantes da linha demarcanda.
CPC/1973
Art. 950.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 1.297 e 1.298; CPC, arts. 25 (honorários de advogado), 259, VII (valor da causa), 282 a
283 (requisi-tos da inicial), 946, I (cabimento da demarcatória), 1.047, I (embargos de terceiro).
BREVES COMENTÁRIOS
São requisitos essenciais da petição inicial da demar-catória, em primeiro lugar, o título de domínio
do autor, e, em segundo lugar, a descrição da linha de limite que ele pretende fazer prevalecer contra o
confinante.
Sem identificar a linha pleiteada não é possível o contraditório com o réu, nem o juiz teria
condições de identificar o objeto do processo, para efeito do julgamento da causa. Não se exige, porém,
uma descrição minucio-sa, tal como a que é feita por agrimensor. Basta que seja identificada por
aproximação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Afrânio de Carvalho, Demarcação, matrícula e planta, RT 665/7; Humberto Theodoro Jr., Curso de
direito pro-cessual civil, Forense, v. III, n. 1.367; Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 575. Qualquer condômino é parte legítima para promover a demarcação do imóvel
comum, requerendo a intimação dos demais para, querendo, intervir no processo.
CPC/1973
Art. 952.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 113 a 118 (litisconsórcio).
BREVES COMENTÁRIOS
Se o imóvel a demarcar pertence a um condomínio, não é necessário que a ação seja proposta por
todos os comunheiros em litisconsórcio ativo. Cada condômino tem legitimidade para promovê-la
isoladamente. Mas terá, após o ajuizamento da causa, de citar todos os demais co-munheiros para
integrar a relação processual.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 576. A citação dos réus será feita por correio, observado o disposto no art. 247.
Parágrafo único. Será publicado edital, nos termos do inciso III do art. 259.
CPC/1973
Art. 953.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 256 a 258 (citação por edital).
BREVES COMENTÁRIOS
Na ação demarcatória, segundo o regime do Código de 1973, os réus que não residissem na comarca
de situação do imóvel seriam citados por edital, e os que lá tivessem residência, receberiam citação
pessoal (art. 953). O sistema era criticado, por adotar uma forma ficta de integração do sujeito passivo
da relação processual, em caso de parte certa e de domicílio conhecido. Justificava-se com a celeridade
e economia processuais, quando, não raro, o emprego da carta precatória representava providência mais
pronta e econômica do que a citação editalícia, além de ser aquela mais consen-tânea com a garantia
efetiva do contraditório e ampla defesa.
O novo Código, atentando para essa censura, adotou outro meio citatório, determinando que a in jus
vocatio, sempre que possível, será pessoal, observada, porém, a forma postal, sejam os réus
domiciliados na comarca ou não (art. 576).
Naturalmente, o edital será inevitável quando o pro-prietário do prédio confinante for desconhecido
ou ig-norado for o seu paradeiro (art. 576, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 577. Feitas as citações, terão os réus o prazo comum de 15 (quinze) dias para contestar.
CPC/1973
Art. 954.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 335 a 342 (resposta do réu).
BREVES COMENTÁRIOS
Ainda que ocorra litisconsórcio passivo, o prazo de contestação será de quinze dias e fluirá em
comum (art.
577). Reduziu-se, portanto, o prazo de defesa, que no Có-digo de 1973 era de vinte dias. Em se tratando
de prazo comum, definido em procedimento especial, não haverá duplicação, mesmo quando os
litisconsortes estiverem representados por advogados diferentes, começando a contagem a partir do
aperfeiçoamento da última citação (art. 231, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Eulâmpio Rodrigues Filho, Demarcatória – prazo para contestação, RCJ 3/195; Humberto
Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tri-bunais, 2015.
CPC/1973
Art. 955.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 319 a 512 (procedimento comum).
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 578 do NCPC prevê que, após o prazo de res-posta, “observar-se-á o procedimento comum”.
O Códi-go de 1973 mandava seguir o “procedimento ordinário”, excluindo, assim, a aplicabilidade do
“procedimento su-mário” ao juízo divisório. Essa distinção tornou-se irrele-vante, uma vez que, para o
Código novo, só há um pro-cedimento geral (não especial), que é o comum, abolido que foi o sumário.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 579. Antes de proferir a sentença, o juiz nomeará um ou mais peritos para levantar o
traçado da linha demarcanda.
CPC/1973
Art. 956.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 581 (sentença).
BREVES COMENTÁRIOS
A perícia é sempre obrigatória, ainda que não tenha sido contestada a ação demarcatória. A perícia,
nas ações de demarcação, não é perícia comum, mas sim um trabalho técnico subordinado a requisitos
especiais tanto da parte dos louvados como do conteúdo do laudo. Não se pode definir a linha
demarcanda a não ser com base em perícia que observe as exigências dos arts. 579 e 580 do CPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 580. Concluídos os estudos, os peritos apresentarão minucioso laudo sobre o traçado da
linha demarcanda, considerando os títulos, os marcos, os rumos, a fama da vizinhança, as
informações de antigos moradores do lugar e outros elementos que coligirem.
CPC/1973
Art. 957.
BREVES COMENTÁRIOS
As características do laudo pericial, definidas pelo art. 580 do NCPC, são as mesmas previstas no
Código anterior: o laudo deverá ser minucioso “sobre o traçado da linha demarcanda, considerando os
títulos, os mar-cos, os rumos, a fama da vizinhança, as informações de antigos moradores do lugar e
outros elementos que [os peritos] coligirem”.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr,. In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 581. A sentença que julgar proceden-te o pedido determinará o traçado da linha
demarcanda.
Parágrafo único. A sentença proferida na ação demarcatória determinará a restituição da área
invadida, se houver, declarando o domínio ou a posse do prejudicado, ou ambos.
CPC/1973
Art. 958.
BREVES COMENTÁRIOS
A sentença terá de definir a linha de acordo com os dados técnicos fornecidos pela perícia.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 959.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 502 (coisa julgada).
BREVES COMENTÁRIOS
O texto atual reproduz, praticamente, o art. 959 do Có-digo anterior com duas pequenas inovações:
(i) atribui ao perito (em vez do agrimensor) a tarefa de colocar os mar-cos da linha demarcanda; e (ii)
manda que, as operações retratadas na planta e no memorial descritivo, observem “a legislação especial
sobre a identificação do imóvel rural”. Tratando-se de operações técnicas próprias da agrimensura, o
perito a que alude o novo Código será, necessariamente, um agrimensor, ou outro profissional a este
equiparado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 962.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 582 (cadernetas de operações de campo e memorial descritivo).
BREVES COMENTÁRIOS
Os arts. 583 a 585 cuidam dos dados e cuidados téc-nicos que haverão de ser, obrigatoriamente,
observados na demarcatória, para que a ação especial cumpra sua função específica.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Orlando Soares, Comentários ao CPC, Forense, 1992, v. III, p. 168; Hamilton de Moraes e Barros,
Comentários ao CPC, 4ª ed., Forense, 1993, v. IX, p. 60; Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves co-mentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 584. É obrigatória a colocação de marcos tanto na estação inicial, dita marco primordial,
quanto nos vértices dos ângulos, salvo se algum desses últimos pontos for assinalado por acidentes
naturais de difícil remoção ou destruição.
CPC/1973
Art. 963.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 582 (marcos necessários) e 596 (audiên-cia; partilha; demarcação dos quinhões).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Orlando Soares, Comentários ao CPC, Forense, 1992, v. III, p. 168; Hamilton de Moraes e Barros,
Comentários ao CPC, 4ª ed., Forense, 1993, v. IX, p. 61; Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves co-mentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 585. A linha será percorrida pelos peritos, que examinarão os marcos e os rumos,
consignando em relatório escrito a exatidão do memorial e da planta apresentados pelo agrimensor
ou as divergências porventura encontradas.
CPC/1973
Art. 964.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Orlando Soares, Comentários ao CPC, Forense, 1992, v. III, p. 169; Hamilton de Moraes e Barros,
Comentários ao CPC, 4ª ed., Forense, v. IX, p. 62; Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 586. Juntado aos autos o relatório dos peritos, o juiz determinará que as partes se
manifestem sobre ele no prazo comum de 15 (quinze) dias.
Parágrafo único. Executadas as correções e as retificações que o juiz determinar, lavrar-se--á,
em seguida, o auto de demarcação em que os limites demarcandos serão minuciosamente descritos
de acordo com o memorial e a planta.
CPC/1973
Art. 965.
BREVES COMENTÁRIOS
Concluídos os trabalhos de campo, apresentarão os peritos o competente relatório, sobre o qual as
partes terão o prazo comum de quinze dias para se manifestar (art. 586). As alegações não podem, é
lógico, reabrir dis-cussão em torno de matéria relacionada com a posse ou domínio das partes, pois tudo
isso já se acha resolvido ou precluso em face da sentença que encerrou a primeira fase do procedimento
demarcatório. Afirma o art. 586 do NCPC que as alegações serão sobre o relatório, o que não impede
que, impugnando o relatório, se chegue a criticar também a planta ou o memorial do agrimensor. Isto por-
que a função do relatório é justamente atestar a exatidão das peças do agrimensor.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015.
Art. 587. Assinado o auto pelo juiz e pelos peritos, será proferida a sentença homologa-tória
da demarcação.
CPC/1973
Art. 966.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 1.012, I (apelação sem efeito suspensivo).
BREVES COMENTÁRIOS
O auto de demarcação assim como a planta e o me-morial descritivo são peças fundamentais do
processo de demarcação. A ausência de qualquer delas é motivo de nulidade, por inobservância de
formalidade essencial do procedimento. Mas, em se tratando de nulidade não comi-nada e apenas
relacionada com a forma, deve ser alegada na primeira oportunidade em que a parte prejudicada se
manifestar nos autos, sob pena de preclusão. Assim, se a parte não recorrer e a sentença homologatória
transitar em julgado, sanada estará sua nulidade. É indispensável, entretanto, a existência nos autos de
peça que possa su-prir a falta de tais elementos técnicos, sem os quais não haverá lugar para a
homologação de que cuida o art. 587 do NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Seção III
Da Divisão
Art. 588. A petição inicial será instruída com os títulos de domínio do promovente e conterá:
CPC/1973
Art. 967.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 1.320 a 1.322; CPC, arts. 25 (honorários de advogado), 259, VII (valor da causa), 282 e
283 (requi-sitos da inicial), 946, II (cabimento), 1.047, I (embargos de terceiro).
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 588 do NCPC nada inovou quanto aos requisitos da petição inicial da ação de divisão, que
continuam sendo os mesmos arrolados pelo Código de 1973.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 589. Feitas as citações como preceitua o art. 576, prosseguir-se-á na forma dos arts. 577 e
578.
CPC/1973
Art. 968.
BREVES COMENTÁRIOS
Tal como em relação à ação demarcatória, o novo Có-digo inovou, em seu art. 576, o regime
citatório, não mais admitindo (como ocorria no sistema do CPC de 1973) que os réus domiciliados fora
da comarca sejam citados por edital. Igual procedimento deve ser aplicado também à ação de divisão
(art. 589). Assim, todos os condôminos demandados serão citados pelo correio, sejam residentes ou não
na comarca de situação do imóvel. Somente os desconhecidos ou de paradeiro ignorado é que se sujei-
tarão à citação editalícia.
Quanto ao prazo de contestação, assinalado na cita-ção da ação divisória, prevê o NCPC (art. 589)
que se deverá observar o disposto, acerca da demarcatória, no art. 577, ou seja, o prazo de resposta é de
quinze dias, e não mais de vinte dias, como acontecia sob a regência do CPC de 1973.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 590. O juiz nomeará um ou mais pe-ritos para promover a medição do imóvel e as
operações de divisão, observada a legislação especial que dispõe sobre a identificação do imóvel
rural.
Parágrafo único. O perito deverá indicar as vias de comunicação existentes, as cons-truções e
as benfeitorias, com a indicação dos seus valores e dos respectivos proprietários e ocupantes, as
águas principais que banham o imóvel e quaisquer outras informações que possam concorrer para
facilitar a partilha.
CPC/1973
Art. 969.
BREVES COMENTÁRIOS
O juízo divisório é um procedimento eminentemente técnico. As formalidades que a lei traça para as
perícias e os trabalhos finais de fixação de linhas e quinhões devem ser rigorosamente cumpridas, porque
integram a essência do procedimento e representam o penhor de que seu ob-jetivo será fielmente
atingido.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 591. Todos os condôminos serão inti-mados a apresentar, dentro de 10 (dez) dias, os seus
títulos, se ainda não o tiverem feito, e a formular os seus pedidos sobre a constituição dos quinhões.
CPC/1973
Art. 970.
BREVES COMENTÁRIOS
A regra do art. 591 do NCPC aplica-se depois da sentença da primeira fase do procedimento
divisório, isto é, depois que o pedido de divisão é julgado procedente, com trânsito em julgado.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Terras particulares, 3ª ed., Sa-raiva, 1992, p. 371-5; Humberto Theodoro
Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 971.
BREVES COMENTÁRIOS
Na abertura da segunda fase do procedimento da ação de divisão, os condôminos são chamados a
exibir seus tí-tulos dominiais, se ainda não o fizeram, bem como a for-mular seus pedidos sobre a
“constituição dos quinhões”. O prazo, para tanto, que era de dez dias no Código anterior, manteve-se
igual no novo Código (art. 591). O prazo para impugnação entre os comunheiros, no entanto, alterou-se
de dez dias para quinze dias (art. 592).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 593. Se qualquer linha do perímetro atingir benfeitorias permanentes dos confi-nantes
feitas há mais de 1 (um) ano, serão elas respeitadas, bem como os terrenos onde estiverem, os quais
não se computarão na área dividenda.
CPC/1973
Art. 973.
BREVES COMENTÁRIOS
As áreas ocupadas e benfeitorizadas por terceiro, há mais de ano, permanecerão em condomínio,
enquanto não se solucionar a questão possessória com os vizinhos. Essa situação, todavia, não impedirá
que a divisão se realize sobre a área comum remanescente, livre de qual-quer embaraço.
O agrimensor, ao se deparar com posse de confrontante que invada a linha de divisa do imóvel
comum, deixará de fora a benfeitoria e o respectivo terreno, prosseguindo a medição apenas daquilo que
realmente esteja na pos-se da comunhão. Isto não quer dizer que os condôminos perderão a propriedade
sobre a área possuída pelo con-frontante, mas apenas que o procedimento divisório não é remédio
adequado para reivindicar o bem comum, ou parte dele, que esteja na posse de estranho. Dita área, na
espécie, poderá, depois da divisão, ou durante sua trami-tação, ser objeto de reivindicação pelos
condôminos, em procedimento à parte. O agrimensor, para efeito da ope-ração divisória, indicará a linha
que respeita a benfeitoria do confrontante, mas fará consignar, também, na planta e memorial, qual a
divisa verdadeira, para, no futuro, ha-bilitar os condôminos à recuperação da porção indevida-mente
ocupada pelo estranho (Affonso Fraga, Theoria e prática na divisão e demarcação das terras
particulares, 4ª ed., 1936, p. 245).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Orlando Soares, Comentários ao CPC, Forense, 1992, v. III, p. 177; Hamilton de Moraes e Barros,
Comentários ao CPC, 4ª ed., Forense, 1993, v. IX, p. 86; Humberto Theodoro Jr., Terras particulares, 3ª
ed., Saraiva, 1992, p. 383; Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 594. Os confinantes do imóvel dividen-do podem demandar a restituição dos terrenos que
lhes tenham sido usurpados.
§ 1º Serão citados para a ação todos os condôminos, se a sentença homologatória da di-visão
ainda não houver transitado em julgado, e todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados, se a ação
for proposta posteriormente.
§ 2º Nesse último caso terão os quinhoeiros o direito, pela mesma sentença que os obrigar à
restituição, a haver dos outros condôminos do processo divisório ou de seus sucessores a título
universal a composição pecuniária proporcional ao desfalque sofrido.
CPC/1973
Art. 974.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 572 (legitimação passiva; título executivo).
BREVES COMENTÁRIOS
Os confinantes prejudicados pela divisão reagirão por ação própria, fora do juízo divisório. O
sujeito passivo des-sa demanda será o condômino a que, no final da divisão, coube o quinhão que invadiu
a propriedade do vizinho. Se a ação divisória ainda não se encerrou, a citação recairá sobre todos os
comunheiros.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. III, nº 1.371; Terras
particulares, 3ª ed., p. 386; Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 595. Os peritos proporão, em laudo fundamentado, a forma da divisão, devendo consultar,
quanto possível, a comodidade das partes, respeitar, para adjudicação a cada con-dômino, a
preferência dos terrenos contíguos às suas residências e benfeitorias e evitar o retalhamento dos
quinhões em glebas separadas.
CPC/1973
Art. 978.
BREVES COMENTÁRIOS
Após a elaboração da planta e memorial descritivo pelo perito, ele elaborará laudo fundamentado,
em que apresentará seu plano de divisão (NCPC, art. 595). O laudo, inicialmente, conterá o histórico da
comunhão, a partir do título originário daquele que possuía o imóvel, a título exclusivo, seguindo-se o
desdobramento da pro-priedade entre os diversos condôminos, sucessivamente até a posição atual. Para
cada condômino, portanto, have-rá de se descrever a filiação dominial até atingir o antigo proprietário
exclusivo.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Orlando Soares, Comentários ao CPC, Forense, 1992, v. III, p. 181; Hamilton de Moraes e Barros,
Comentários ao CPC, 4ª ed., Forense, 1993, v. IX, p. 92; Humberto Theodoro Jr., Terras particulares, 3ª
ed., Saraiva, 1992, p. 392; Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 596. Ouvidas as partes, no prazo co-mum de 15 (quinze) dias, sobre o cálculo e o plano da
divisão, o juiz deliberará a partilha.
Parágrafo único. Em cumprimento dessa decisão, o perito procederá à demarcação dos
quinhões, observando, além do disposto nos arts. 584 e 585, as seguintes regras:
I – as benfeitorias comuns que não com-portarem divisão cômoda serão adjudicadas a um dos
condôminos mediante compensação;
II – instituir-se-ão as servidões que forem indispensáveis em favor de uns quinhões sobre os
outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando de servidões naturais,
seja compensado o con-dômino aquinhoado com o prédio serviente;
III – as benfeitorias particulares dos con-dôminos que excederem à área a que têm direito
serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho mediante reposição;
IV – se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e as reposições serão feitas em
dinheiro.
CPC/1973
Art. 979.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 1.378 a 1.389 (servidões).
BREVES COMENTÁRIOS
A primeira fase da prova pericial encerra-se com a apresentação do laudo que contém o plano da
divisão. Em seguida, o juiz ouve as partes, e profere a decisão que recebe o nome de deliberação da
partilha.
O procedimento para se chegar a essa deliberação e os respectivos efeitos sobre o prosseguimento
da prova peri-cial, constam do art. 596 do Código novo, que reproduz, sem maiores inovações, o art. 979
do Código de 1973. A novidade é apenas a ampliação do prazo de ouvida das partes, de dez para quinze
dias.
Questão polêmica no passado foi a de admitir ou não a recorribilidade da deliberação da partilha:
enquanto uns a tratavam como despacho ordinatório, e por isso irrecorrível, outros lhe atribuíam a
natureza de decisão interlocutória sujeitando-se ao agravo de instrumento. O STJ tomou posição na
controvérsia, acolhendo a última tese, ou seja: “a deliberação da partilha em ação divisó-ria, nos termos
em que posta pelo art. 979, CPC, constitui decisão interlocutória, agravável no sistema do Código de
Processo Civil vigente” (STJ, 4ª T., REsp 40.691/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, ac.
29.03.1994, por maioria, DJU 13.11.1994, p. 15.111).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 980.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 89 (honorários de advogado).
BREVES COMENTÁRIOS
Encerrada a fase de reclamações contra os trabalhos técnicos, competirá ao escrivão lavrar, no
processo, o auto de divisão e redigir uma folha de pagamento para cada condômino. Essas peças serão
assinadas pelo juiz e pelo perito. Acompanha o auto de divisão (ou de orçamento) “uma folha de
pagamento para cada condômino” (NCPC, art. 597). Excepcionalmente, poderá figurar mais de um
condômino numa só folha quando houver pagamento con-junto (ou indiviso) a diversos consortes (caso
de extinção parcial do condomínio). As folhas de pagamento, como o auto, são termos processuais
lavrados pelo escrivão, e que devem ser assinados pelo juiz, agrimensor e arbitra-dores. Os dados que
integram as folhas são esboçados pelo perito, em seu memorial descritivo das operações de execução do
despacho deliberativo da partilha. Ao es-crivão compete reduzi-los à forma de termo processual. No
memorial, cumpre ao perito individuar cada quinhão, assinalando-lhe os limites com menção das
medidas, marcos e rumos, dados esses que serão aproveitados pelo escrivão para elaborar as folhas de
pagamento a serem anexadas ao auto de divisão.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 981.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 574 a 578 e 583 a 586.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Capítulo V
DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE
Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto:
BREVES COMENTÁRIOS
Relativamente à dissolução parcial, foi instituído rito específico nos arts. 599 a 609. Esse
procedimento, lembra-mos, regula litígios em que a saída de um ou mais sócios não acarreta a dissolução
(ou encerramento) da sociedade. De se destacar que a opção do legislador quanto à resolu-ção da
sociedade difere das diretrizes jurisprudenciais do STJ, no sentido de que as ações envolvendo a
dissolução parcial seguem o rito comum.
A ação versada no art. 599 e seguintes do NCPC tem como foco as sociedades empresárias
contratuais e as sociedades simples. Conforme os incisos I e II daquele artigo, a sociedade pode ser
dissolvida parcialmente (i) quando ocorrer o falecimento de sócio (CC, art. 1.028), (ii) mediante
iniciativa de sócios, para excluir aquele que, v. g., comete falta grave no cumprimento de suas obrigações
(art. 1.030) e (iii) por iniciativa própria do sócio que se retira.
Ainda de acordo com o citado art. 599, caput, do NCPC, são duas as finalidades da ação de
dissolução parcial da sociedade:
(a) resolução da sociedade empresária contratual ou simples;
(b) apuração dos haveres do sócio excluído.
A pretensão judicial pode perseguir os dois objetivos, cumulativamente (incisos I e II), ou apenas
um deles, isoladamente (inciso III). Isso possibilita, v.g., o ajuiza-mento de ação destinada apenas ao
apuramento dos have-res, sendo desnecessária a via judicial para a dissolução parcial da sociedade.
É também objeto da dissolução parcial em juízo a so-ciedade anônima de capital fechado, conforme
o § 2º do art. 599 do Código Processual.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. II;
Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende
(coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro,Rio de Janeiro: Forense,
2015; Fredie Didier Jr., Curso de direito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I;
Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribu-nais,
2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos
Tribu-nais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo:
Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Ci-vil, São Paulo: Rideel,
2015; Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz
Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero, Curso de processo civil, São Paulo: Re-
vista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Co-mentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdução ao direito processual
civil, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de Andrade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda
Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Ta-lamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao
novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
I – pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na
sociedade;
II – pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido;
III – pela sociedade, se os sócios sobreviven-tes não admitirem o ingresso do espólio ou dos
sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrer do contrato social;
IV – pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sido provi-denciada,
pelos demais sócios, a alteração contratual consensual formalizando o desliga-mento, depois de
transcorridos 10 (dez) dias do exercício do direito;
V – pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial; ou
VI – pelo sócio excluído.
Parágrafo único. O cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, união estável ou con-
vivência terminou poderá requerer a apuração de seus haveres na sociedade, que serão pagos à
conta da quota social titulada por este sócio.
BREVES COMENTÁRIOS
Os legitimados para propor a ação de dissolução parcial da sociedade encontram-se arrolados no
art. 600 do NCPC.
Se a dissolução decorrer da morte de um sócio, podem ajuizar a ação: (a) o espólio do sócio
falecido, quando a totalidade dos sucessores não ingressar na sociedade (inc. I); (b) os sucessores, após
concluída a partilha do sócio falecido (inc. II); (c) a sociedade, se os sócios so-breviventes não
admitirem o ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito
decorrer do contrato social (inc. III).
A sociedade também possui legitimidade ativa nos casos em que a lei não autoriza a exclusão
extrajudicial (inc. V). É o caso, v.g., da retirada de um sócio devido à incapacidade superveniente à
formação da sociedade (CC, art. 1.030). O ajuizamento da ação pode ser proposto pelo sócio que foi
excluído (inc. VI). Nessa hipótese, já tendo sido promovida a alteração contratual, a ação destina-se a
apurar os haveres do retirante.
Pode ainda pedir a resolução da sociedade em seu fa-vor aquele que exerceu o direito de retirada
ou recesso, se não tiver sido providenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensual
formalizando o desliga-mento, depois de transcorrido dez dias do exercício do direito (NCPC, art. 600,
IV).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando Sacco Neto, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 601. Os sócios e a sociedade serão citados para, no prazo de 15 (quinze) dias, concordar
com o pedido ou apresentar con-testação.
Parágrafo único. A sociedade não será cita-da se todos os seus sócios o forem, mas ficará
sujeita aos efeitos da decisão e à coisa julgada.
BREVES COMENTÁRIOS
Consoante posicionamento do STJ, “a retirada de sócio de sociedade por quotas de
responsabilidade limitada dá--se pela ação de dissolução parcial, com apuração de have-res, para qual
têm de ser citados não só os demais sócios, mas também a sociedade” (STJ, 3ª T., REsp 1.371.843/ SP,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, ac. 20.03.2014, DJe 26.03.2014). O NCPC avalizou esse
entendimento, ao determinar a citação dos sócios remanescentes e da sociedade, sendo agora imposição
legal a formação do litisconsórcio, para que ambos figurem como réus na ação de dissolução parcial de
sociedade e apuração de have-res (art. 601). Se, porém, todos os sócios já se acharem integrados à
relação processual, não haverá necessidade de citação específica da sociedade. A sentença, in casu¸
atingirá, naturalmente, aos sócios e a pessoa jurídica.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando Sacco Neto, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 602. A sociedade poderá formular pedido de indenização compensável com o valor dos
haveres a apurar.
BREVES COMENTÁRIOS
Pode ocorrer a situação de a sociedade requerer, na contestação, através de pedido contraposto, que
o ex-cluído seja condenado ao pagamento de indenização, compensável com o valor dos haveres a apurar
(art. 602). A responsabilidade por perdas e danos ocorre quando o sócio causa prejuízos à sociedade e
solicita desvincular--se da sociedade. No Código Civil, identificam-se duas situações passíveis de
indenização: (a) quando o voto do sócio é decisivo na aprovação de negócios contrários ao interesse da
sociedade (art. 1.010, § 3º); (b) quando, como administrador, ele realiza operações em desacordo com a
maioria (art. 1.013, § 2º).
Observa-se que o NCPC não prevê a possibilidade de o sócio retirante, como réu, pretender
indenização por meio da contestação. Não quer isto dizer que fique ele privado de formular tal pretensão
na ação de dissolução parcial da sociedade. Em se tratando de ação que, após a contestação, segue o
procedimento comum, perfeitamente cabível será o manejo da reconvenção para lograr a referida
compensação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando Sacco Neto, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 603. Havendo manifestação expressa e unânime pela concordância da dissolução, o juiz a
decretará, passando-se imediatamente à fase de liquidação.
§ 1º Na hipótese prevista no caput, não haverá condenação em honorários advocatí-cios de
nenhuma das partes, e as custas serão rateadas segundo a participação das partes no capital social.
§ 2º Havendo contestação, observar-se-á o procedimento comum, mas a liquidação da sentença
seguirá o disposto neste Capítulo.
BREVES COMENTÁRIOS
Caso os sócios remanescentes e a sociedade con-cordem, expressamente, com a retirada do sócio, o
juiz declarará dissolvida parcialmente a sociedade. Imediata-mente, passar-se-á à fase de liquidação,
com a apuração dos haveres (art. 603, caput).
Se os réus apresentarem contestação, o julgamento será feito em duas fases. Na primeira, o processo
seguirá o procedimento comum, até ser declarada dissolvida a sociedade, se julgado procedente o
pedido. Na fase se-guinte, que se destina à apuração dos haveres, seguirá a forma estabelecida no
procedimento especial (art. 603, § 2º). Na contestação, os réus podem alegar toda matéria de defesa,
inclusive preliminares de mérito (arts. 336 e 337), ou de forma, como, por exemplo, a incorreção do
valor da causa (art. 337, III), ou a incompetência relativa do juízo (art. 337, II) que no CPC/1973 eram
objeto de incidentes apartados.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando Sacco Neto, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
BREVES COMENTÁRIOS
Na apuração dos haveres, há elementos e dados indis-pensáveis, cuja obtenção cabe ao juiz
diligenciar, quais sejam:
(a) fixação da data de resolução da sociedade;
(b) definição o critério de apuração dos haveres à vista do disposto no contrato;
(c) nomeação de perito, que deverá ser especialista em avaliação de sociedade, preferencialmente
(art. 606, parágrafo único);
(d) determinação de depósito em juízo, pela sociedade ou sócios que nela permaneceram, da parte
incontroversa dos haveres devidos (art. 604, § 1º).
Se contrato social estabelecer pagamento de haveres, serão observadas as disposições deles
constantes para a realização do depósito judicial (art. 604, § 3º). A quantia depositada em juízo poderá
ser levantada, desde logo, pelo ex-sócio, pelo espólio ou pelos sucessores (§ 2º). Ocorrendo essa
situação, o litígio continuará somente para apurar eventuais diferenças devidas à parte autora. A nor-ma
permite celeridade processual e imediato alcance de seu propósito, ao evitar expedientes protelatórios e
impe-dir sejam abertas discussões sobre temas incontroversos.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando Sacco Neto, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
BREVES COMENTÁRIOS
O momento em que se considera desfeito o vínculo entre o sócio e a sociedade é importante para a
fixação dos valores a que faz jus o sócio retirante e está indica-do no art. 605.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando Sacco Neto, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 606. Em caso de omissão do contrato social, o juiz definirá, como critério de apura-ção de
haveres, o valor patrimonial apurado em balanço de determinação, tomando-se por referência a
data da resolução e avaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis e intangíveis, a preço de saída,
além do passivo também a ser apurado de igual forma.
Parágrafo único. Em todos os casos em que seja necessária a realização de perícia, a nomeação
do perito recairá preferencialmente sobre especialista em avaliação de sociedades.
BREVES COMENTÁRIOS
De acordo com o NCPC, “em caso de omissão do contrato social” será utilizado o balanço
patrimonial, para cálculo dos haveres (art. 606, primeira parte). Privilegia--se, dessa forma, o critério
que os próprios sócios escolhe-ram e registraram no contrato social. A observância desse parâmetro
reflete o “respeito aos deveres integrados ao vínculo obrigacional por força da cláusula geral de boa--fé,
vínculo esse que ontologicamente deve expressar re-lação de razão e proporção, no todo ou em suas
cláusulas particulares” (LEONARDI, Felipe Raminelli. Comentá-rio ao RESp 1.335.619/SP. Parâmetro
interpretativo para cláusula eletiva de critério para apuração de haveres em contrato de sociedade
limitada. Revista dos Tribunais, vol. 956, ano 104, jun. 2015, p. 347).
A opção do legislador alinha-se ao entendimento juris-prudencial e ao que prescreve o direito
material (CC, arts. 1.031 e 1.188). Esse balanço especial, em geral, é elaborado com base na situação
patrimonial real da sociedade na data da sua dissolução parcial. Tem como finalidade quantificar o valor
patrimonial efetivo da sociedade, a fim de se apurar o valor a ser levantado pelo sócio dissidente. Esse
balanço será realizado pelo perito (NCPC, art. 606, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando Sacco Neto, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; LEONARDI, Fe-lipe Raminelli, Comentário ao REsp 1.335.619/SP. Parâ-metro interpretativo para
cláusula eletiva de critério para apuração de haveres em contrato de sociedade limitada, Revista dos
Tribunais, v. 956, ano 104, jun. 2015, p. 347.
Art. 607. A data da resolução e o critério de apuração de haveres podem ser revistos pelo juiz,
a pedido da parte, a qualquer tempo antes do início da perícia.
BREVES COMENTÁRIOS
A pedido da parte, o juiz poderá rever, a qualquer tempo antes do início da perícia, a data da
resolução e o critério de apuração de haveres (art. 607). Os parâmetros para fixação da data de
resolução constam do art. 605 e os critérios para apuração dos haveres estão definidos nos arts. 606 e
seguintes do NCPC. Tais normas vinculam o juiz em sua sentença. Assim, admite-se correção caso se
identifique descompasso da sentença com os preceitos que antecedem o art. 607 do NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando Sacco Neto, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 608. Até a data da resolução, integram o valor devido ao ex-sócio, ao espólio ou aos
sucessores a participação nos lucros ou os juros sobre o capital próprio declarados pela sociedade e,
se for o caso, a remuneração como administrador.
Parágrafo único. Após a data da resolução, o ex-sócio, o espólio ou os sucessores terão di-reito
apenas à correção monetária dos valores apurados e aos juros contratuais ou legais.
BREVES COMENTÁRIOS
Até a data da resolução da sociedade, o sócio faz parte da sociedade. Com efeito, integram o
montante devido ao ex-sócio, ao espólio ou aos sucessores os valores decor-rentes: (i) da participação
nos lucros; (ii) dos juros sobre o capital próprio declarados pela sociedade; (iii) da atuação do ex-sócio
como administrador, se for o caso (NCPC, art. 608, caput). Resolvida a sociedade, os valores apu-rados
serão corrigidos e sobre eles incidirão juros legais ou contratuais (art. 608, parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando Sacco Neto, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 609. Uma vez apurados, os haveres do sócio retirante serão pagos conforme discipli-nar o
contrato social e, no silêncio deste, nos termos do § 2º do art. 1.031 da Lei nº 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 (Código Civil).
BREVES COMENTÁRIOS
Liquidados os haveres do sócio retirante, mediante decisão judicial que declarará o respectivo
quantum, caberá à sociedade pagá-los, na forma prevista no contrato social (NCPC, art. 609) ou, na sua
falta, na forma determinada no art. 1.031, § 2º, do Código Civil, ou seja, o pagamento será feito em
dinheiro, no prazo de 90 dias após a respectiva liquidação. Inocorrendo o pagamento voluntário, caberá
o procedimento de cumprimento das sentenças relativas às obrigações de quantia certa (NCPC, arts. 523
e ss.).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Fernando Sacco Neto, In: Teresa Arruda Alvim Wam-bier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Capítulo VI
DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA
Seção I
Disposições Gerais
Art. 610. Havendo testamento ou interes-sado incapaz, proceder- se-á ao inventário judicial.
§ 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por
escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para
levantamento de importância depositada em instituições financeiras.
§ 2º O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estive-rem
assistidas por advogado ou por defensor público, cuja qualificação e assinatura cons-tarão do ato
notarial.
CPC/1973
Art. 982.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 1.991 a 2.027; Lei nº 8.213, de 24.07.1991, art. 112; Lei nº 6.858, de 24.11.1980,
regulamentada pelo Decreto nº 85.845, de 26.03.1981; Resolução nº 35, de 24.04.2007, do Conselho
Nacional de Justiça (obtida no site: www.cnj.gov.br).
BREVES COMENTÁRIOS
O inventário, na tradição de nosso direito processual civil, era sempre judicial, enquanto a partilha,
a critério dos herdeiros, tanto podia ser processada em juízo como extrajudicialmente. Com a edição da
Lei nº 11.441, de 04.01.2007, alterando o art. 982 do Código de 1973, passou a ser possível a opção
pela extrajudicialidade, no tocante ao inventário, norma que se repete no NCPC. De qualquer modo, para
realizar o inventário e a partilha sem a intervenção do juiz, é preciso que todos os interessados sejam
maiores e capazes e que haja acordo geral entre eles (CC, art. 2.015 e NCPC, art. 610, § 2º). Trata-se,
ainda, de um negócio jurídico solene, cujo aperfeiçoamento exige a forma de escritura pública lavrada
por tabelião, com a assistência de advogado ou defensor público.
Em lugar de promover o inventário e partilha em juízo, podem os interessados adotar a via
administrativa, recorrendo ao chamado foro extrajudicial, em que atuam os tabeliães ou notários.
Sem qualquer participação do juiz, o inventário e a partilha serão efetuados por escritura pública, a
qual cons-tituirá título hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância
depositada em insti-tuições financeiras, independentemente de homologação judicial (NCPC, art. 610, §
1º). Trata-se de sistema antigo no direito europeu e que, a partir da Lei nº 11.441/2007, passou a vigorar
também entre nós, gerando só benefícios para as partes e para os serviços judiciários.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. II;
Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende
(coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense,
2015; Fredie Didier Jr., Curso de di-reito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I;
Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo:
Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015;
Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz
Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mi-tidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdu-ção ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de An-drade Nery,
Comentários ao Código de Processo Civil,São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Al-
vim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier,
Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro, Rogério Licastro Torres de Melo,
Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses,
a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequen-tes, podendo o juiz
prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte.
CPC/1973
Art. 983.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 615 (legitimação prioritária para requerer o inventário).
CC, art. 1.796.
Resolução nº 35/2007 do CNJ.
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 542: “Não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-membro, como sanção pelo
retardamento do início ou da ultimação do inventário”.
BREVES COMENTÁRIOS
O inventário deve ser instaurado no prazo de dois meses da abertura da sucessão (i.e., da morte do
inventa-riado), fixado pelo art. 611, podendo ser prorrogado pelo juízo, de ofício ou a requerimento da
parte. Trata-se de um procedimento necessário, pois há um interesse de or-dem pública no acertamento
da sucessão causa mortis. Por isso, devem os interessados abrir o processo sucessório em juízo ou
mediante a escritura pública de inventário e partilha, dentro do bimestre legal.
O Código anterior previa, em seu art. 989, que o juiz ordenasse, de ofício, a abertura do inventário,
se nenhuma das pessoas mencionadas nos arts. 615 e 616 o requeresse no prazo do art. 611, quebrando
assim o princípio do ne procedat iudex ex officio (art. 2º). Essa exceção ao prin-cípio da inércia não
mais subsiste no NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 612. O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os fatos relevantes estejam
provados por documento, só remetendo para as vias ordinárias as questões que dependerem de
outras provas.
CPC/1973
Art. 984.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 627 (citações; procedimento das impug-nações), 628 (procedimento do preterido no
inventário), 641, § 2º (colações; negativa do herdeiro), 643 (discor-dância quanto ao pagamento das
dívidas).
BREVES COMENTÁRIOS
A finalidade do procedimento sucessório contencioso é definir os componentes do acervo
hereditário e deter-minar quem são os herdeiros que recolherão a herança (inventário), bem como definir
a parte dos bens que tocará a cada um deles (partilha). Para alcançar esse objetivo, caberá ao juiz
solucionar todas as questões suscitadas, seja em torno de bens e obrigações do de cujus, seja em torno da
qualidade sucessória dos pretendentes à herança.
Qualquer das impugnações deve se basear em questão de direito ou em fato demonstrável por prova
documental, visto que no procedimento do inventário não há dilação para prova oral ou pericial. Se a
matéria envolver ques-tão que dependa desse tipo de prova, a controvérsia e a conveniente coleta do
material probatório serão remetidas para as vias ordinárias, para que as partes possam debatê-las
adequadamente, por meio de ação própria.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 613. Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o espólio na posse do
administrador provisório.
CPC/1973
Art. 985.
BREVES COMENTÁRIOS
O administrador provisório é aquele que dá conti-nuidade prática à posse do autor da herança,
enquanto não ocorre a investidura do inventariante em seu múnus processual regular (art. 613 do NCPC).
Sua função é a de não deixar sem administração a massa hereditária no espaço de tempo entre a morte do
de cujus e a abertura do inventário. Cessa, portanto, tão logo ocorra a nomea-ção do inventariante. Nos
termos da lei, trata-se de uma gestão provisória, que se apoia diretamente no fato de deter a posse dos
bens a inventariar e que não depende de prévia nomeação ou investidura judicial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 27; Ernane Fidélis dos
Santos, Co-mentários ao CPC, Forense, v. VI, p. 327; Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves co-mentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 986.
BREVES COMENTÁRIOS
Por se tratar de gestor de bens alheios, o administrador provisório não conta com poderes de
disposição dos bens do espólio e fica obrigado a trazer ao acervo os frutos per-cebidos desde a abertura
da sucessão, respondendo pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa. Assiste-lhe, por outro lado, o
direito ao reembolso de todas as despesas necessárias e úteis que fizer em relação ao espólio (art. 614
do NCPC).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 27; Rafael Knorr Lippmann,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção II
Da legitimidade para requerer o inventário
CPC/1973
Art. 987.
BREVES COMENTÁRIOS
O requerimento de abertura do inventário judicial cabe, em primeiro lugar, ao administrador
provisório, ou seja, àquele que se achar na posse e administração do es-pólio (art. 615 do NCPC). Não
se trata, porém, de legitimi-dade exclusiva, posto que igual iniciativa pode, também, ser tomada pelas
pessoas indicadas no art. 616 do NCPC.
CPC/1973
Art. 988.
BREVES COMENTÁRIOS
A legitimação do art. 616 do NCPC é concorrente, pelo que não estão as pessoas nele arroladas
sujeitas a aguar-dar o transcurso do prazo legal (art. 611 do NCPC) para comprovar a inércia do
administrador provisório. Desde o óbito, qualquer um dos legitimados está autorizado a requerer o
inventário.
Note-se, todavia, que a legitimação para promover o inventário não se confunde com a de exercer a
inventa-riança. O fato, pois, de um herdeiro provocar a abertura do processo não importa preferência
para o aludido múnus processual. As regras para essa investidura são outras e constam do art. 617 do
NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Seção III
Do Inventariante e das Primeiras Declarações
CPC/1973
Art. 990.
BREVES COMENTÁRIOS
O juiz, na escolha do inventariante, não age discricio-nariamente, deve, em princípio, observar a
ordem legal de preferência traçada pelo art. 617. Não se trata, todavia, de gradação absoluta e inflexível.
Circunstâncias particulares do caso concreto podem justificar nomeação de interes-sado fora da escala
de preferência legal, e, às vezes, até de estranho à sucessão hereditária. A opção, obviamente, haverá de
ser fundamentada, de maneira adequada.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 991.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 75, VII e § 1º (representação em juízo: espólio; inventariante dativo), 622, I (remoção
do inven-tariante), 636 (últimas declarações), 639 a 641 (colações).
BREVES COMENTÁRIOS
Todos esses poderes o inventariante os exerce como simples gestor de coisas alheias, pelo que,
mesmo repre-sentando legalmente o espólio, e ainda que não se trate de inventariante dativo, “sua
atuação no processo se limita aos atos compatíveis apenas com os de simples adminis-tração, sendo-lhe
vedado confessar, transigir ou renunciar, sem poderes expressos” (TJMG, Ap. 47.668, Rel. Des. La-
martine Campos, jul. 05.12.1978, JM 73/73; TAMG, Ap. 7.624, Rel. Walter Machado, jul. 08.10.1976,
JM 71/185).
Atos que ultrapassem a simples administração e im-pliquem disposição de bens do espólio também
podem, eventualmente, ser praticados pelo inventariante, mas, então, todos os interessados na herança
serão ouvidos e o ato somente será concretizado depois de autorização do juiz. Essas exigências constam
do art. 619 do NCPC para os seguintes atos a cargo do inventariante: I – alienação de bens de qualquer
espécie; II – transação em juízo ou fora dele; III – pagamento de dívidas do espólio; IV – despe-sas de
conservação e melhoramento dos bens do espólio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II; Rafael Knorr Lippmann,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 619. Incumbe ainda ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do juiz:
CPC/1973
Art. 992.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 840 a 850; CPC, arts. 1.017 a 1.021 (paga-mento das dívidas); CTN, art. 134.
BREVES COMENTÁRIOS
Os atos de disposição, o inventariante somente pode praticá-los mediante prévia autorização
judicial.
Não exige a lei a existência de consentimento unâni-me de todos os herdeiros, mas o juiz não pode
autorizar os atos de disposição sem antes ouvir as razões de todos os interessados. Depois de ponderá-
las, competirá ao ma-gistrado deliberar sobre o ato proposto pelo inventariante, expedindo-se o
competente alvará se a decisão judicial for de deferimento da pretensão.
Art. 620. Dentro de 20 (vinte) dias conta-dos da data em que prestou o compromisso, o
inventariante fará as primeiras declarações, das quais se lavrará termo circunstanciado, assinado
pelo juiz, pelo escrivão e pelo inven-tariante, no qual serão exarados:
I – o nome, o estado, a idade e o domicílio do autor da herança, o dia e o lugar em que faleceu e
se deixou testamento;
II – o nome, o estado, a idade, o endereço eletrônico e a residência dos herdeiros e, havendo
cônjuge ou companheiro supérstite, além dos respectivos dados pessoais, o regime de bens do
casamento ou da união estável;
III – a qualidade dos herdeiros e o grau de parentesco com o inventariado;
IV – a relação completa e individualizada de todos os bens do espólio, inclusive aqueles que
devem ser conferidos à colação, e dos bens alheios que nele forem encontrados, descrevendo-se:
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se encontram, extensão
da área, limites, confrontações, benfeitorias, origem dos títulos, números das matrículas e ônus que
os gravam;
b) os móveis, com os sinais característicos;
c) os semoventes, seu número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos;
d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas, declarando-se--lhes
especificadamente a qualidade, o peso e a importância;
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, as quotas e os títulos de sociedade,
mencionando-se-lhes o número, o valor e a data;
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se--lhes as datas, os títulos, a origem da obrigação e os
nomes dos credores e dos devedores;
g) direitos e ações;
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio.
§ 1º O juiz determinará que se proceda:
I – ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era empresário individual;
II – à apuração de haveres, se o autor da he-rança era sócio de sociedade que não anônima.
§ 2º As declarações podem ser prestadas mediante petição, firmada por procurador com
poderes especiais, à qual o termo se reportará.
CPC/1973
Art. 993.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 626, §§ 2º e 4º (formas de citação), 627 (citações: vista; prazo; impugnações;
procedimentos), 630, parágrafo único (apuração de haveres; nomeação de contador), 633 (dispensa total
de avaliação), 634 (dis-pensa parcial da avaliação), 674 (embargos de terceiro). Decreto nº 85.450, de
04.12.1980, arts. 665, 666 e 667 (regulamento do imposto de renda).
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 265: “Na apuração de haveres, não prevalece o balanço não aprovado pelo sócio falecido,
excluído ou que se retirou”.
BREVES COMENTÁRIOS
Essas declarações podem ser feitas pessoalmente ou por intermédio de advogado. Entretanto, por
sua relevân-cia, não se incluem entre as compreendidas pela cláusula ad judicia, de maneira que o
procurador, para fazê-las em nome do inventariante, deve exibir procuração com pode-res especiais para
semelhante fim (art. 618, III, do NCPC).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 621. Só se pode arguir sonegação ao inventariante depois de encerrada a descrição dos
bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar.
CPC/1973
Art. 994.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 1.993 a 1.996.
BREVES COMENTÁRIOS
Ocorre a sonegação quando bens do espólio são dolo-samente ocultados para não se submeterem ao
inventário ou à colação (Itabaiana de Oliveira, Tratado de direito das sucessões, cit., vol. III, nº 844, p.
838). “Trata-se de um ato ilícito cometido por um herdeiro contra os demais, de maneira intencional ou
maliciosa”. “A sonegação de bem pelo inventariante não se concretiza pela simples omissão no declarar
sua existência. A sonegação é a ocul-tação maliciosa” (TJSP, Ap. 285.094, Rel. Des. Aniceto Aliende,
jul. 21.08.1979, RT 533/79. No mesmo sentido: STJ, REsp 163.195/SP, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar,
jul. 12.05.1998, DJU 29.06.1998, p. 217). “Não havendo malícia, não há sonegação” (Silvio Rodrigues,
Parecer in Rev. Forense 263/105).
A lei pune a sonegação de duas maneiras: a) se o so-negador é apenas herdeiro, perderá o direito
sucessório sobre o objeto sonegado; se já não mais o tiver em seu poder, terá de pagar ao espólio o
respectivo valor mais perdas e danos (CC/1916, arts. 1.780 e 1.783; CC/2002, arts. 1.992 e 1.995); b) se
o herdeiro for também inven-tariante, além da perda do direito mencionado, sofrerá remoção do cargo
(CC/1916, art. 1.781; CC/2002, art. 1.993; CPC, art. 995, VI).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Forense, tomo XIV, p. 85; Rafael Knorr Lippmann, In:
Teresa Ar-ruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 995.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 553 (ação de prestação de contas), 618, I, II e VII (atribuições do inventariante), 628
(últimas declarações); CC arts. 1.993 a 1.996.
BREVES COMENTÁRIOS
O inventariante que foi nomeado pelo juiz pode ser removido de seu cargo por ato da mesma
autoridade. Não se trata, todavia, de demissão ad nutum, pois a lei enu-mera as hipóteses em que a
remoção se faz possível. A remoção, no sistema legal, tem o feitio de ato punitivo, pressupondo infração
dos deveres do cargo. Não pode, por isso mesmo, ser determinada de plano e sem oportunidade de
defesa para o inventariante.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 623. Requerida a remoção com funda-mento em qualquer dos incisos do art. 622, será
intimado o inventariante para, no prazo de 15 (quinze) dias, defender-se e produzir provas.
Parágrafo único. O incidente da remoção correrá em apenso aos autos do inventário.
CPC/1973
Art. 996.
BREVES COMENTÁRIOS
Ordinariamente, a remoção é provocada por requeri-mento de interessado que se julga prejudicado
pela atua-ção irregular do inventariante. Não impede a lei, contudo, a iniciativa do próprio juiz. Como
decidiu o STF, “ao juiz compete sempre a direção do processo, e não é de exigir--se fique ele inerte se
entende que o inventariante vem procedendo inconvenientemente, prejudicando o processo de inventário”
(STF, RE 99.567, Rel. Min. Aldir Passari-nho, jul. 14.06.1983, RTJ 109/751; TJSP, Ap. 227.213-1, Rel.
Des. Rebouças de Carvalho, jul. 31.05.1995, JTJSP 176/86; TJPR, Ag. 27.983-8, Rel. Des. Sydney
Zappa, jul. 15.09.1993, in Paraná Judiciário 43/31). Mas, a requeri-mento ou não, o que não deve
ocorrer é a remoção de pla-no, ou seja, sem oportunidade de defesa para o inventarian-te (TJMG, AI,
14.255, Rel. Des. Ferreira de Oliveira, jul. 10.08.1976, RF 260/259; TJPR, Ag. 30.456-1, Rel. Des.
Silva Wolff, jul. 19.04.1994, Paraná Judiciário 45/30).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 97; Rafael Knorr Lippmann,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Prazo para defesa (caput). “Constatadas irregulari-dades no exercício da função de
inventariante, pode o Juízo do inventário, de ofício, ou a pedido dos demais herdeiros, removê-lo, desde
que fundamente sua decisão, fazendo in-dicação precisa das circunstâncias que o levaram a tanto,
indicando, inclusive, quais dos incisos do art. 995 do CPC foram aplicados ao caso. Contudo, deve
também obedecer ao quanto disposto no art. 996 do mesmo diploma, ordenando a intimação do
inventariante removido para, no prazo da lei, oferecer defesa a indicar quais as provas que pretende
produzir” (STJ, REsp 163.741/BA, Rel. Min. Waldemar Zveiter, 3ª Turma, jul. 29.06.1999, DJ
10.04.2000, p. 83).
2. Pedido de remoção. Ação de sonegados. Apensa-mento (parágrafo único). “O incidente de
remoção do inventariante deverá ser apensado aos autos do inventário (art. 996, par. ún., CPC),
sobretudo quando necessária a produção de provas. A falta de apensamento não acarreta nulidade da
decisão, desde que propiciado o exercício do contraditório. Deve ser removido o inventariante que não
dá regular andamento ao inventário (art. 995, inc. II, CPC)” (TJPR, AI 17.412, Rel. Pacheco Rocha, 1ª
Câmara Cível, DJ 07.02.2000). No mesmo sentido: TJPR, AI 17.693, Rel. Des. Pacheco Rocha, 1ª
Câmara Cível, DJ 27.03.2000.
● “Reclamação contra a nomeação da inventariante que, ao entendimento majoritário da Turma,
devia processar-se em apartado ante a complexidade das arguições suscitadas. Não demonstração,
porém, pelo interessado, de prejuízo de-corrente do procedimento adotado, certo ainda que sobre a
reclamação lhe foi aberto o pórtico para a apresentação de sua defesa. ‘Pas de nulitté sans grief ’” (STJ,
REsp 148.409/ PE, Rel. Min. Barros Monteiro, 4ª Turma, jul. 17.09.1998, DJ 08.03.1999).
3. Decisão. Recurso cabível. Ver jurisprudência do art. 624 do NCPC.
Art. 624. Decorrido o prazo, com a defesa do inventariante ou sem ela, o juiz decidirá.
CPC/1973
Art. 997.
BREVES COMENTÁRIOS
Em se tratando de incidente, e não de procedimento autônomo, a melhor exegese é a que considera
agravável a decisão que aprecia a remoção de inventariante.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Recurso cabível:
● Agravo de Instrumento. “A decisão judicial que re-solve incidente de remoção de inventariante,
porque pro-ferida em mero incidente do processo, ainda que autuado em apartado, desafia recurso de
agravo, em face de sua natureza interlocutória” (STJ, REsp 37.740/RS, Rel. Min. Sálvio De Figueiredo
Teixeira, 4ª Turma, jul. 10.05.1994, DJ 30.05.1994). No mesmo sentido: STJ, REsp 76.573/PR, Rel.
Min. Costa Leite, 3ª Turma, jul. 12.12.1995, RSTJ 83/193; STJ, REsp 74.602/PR, Rel. Min. Barros
Monteiro, 4ª Turma, jul. 26.02.1996, DJ 15.04.1996.
● Apelação. “O incidente de remoção correrá em apenso aos autos do inventário. Assim, a
jurisprudência se orienta, no sentido de que o processo de remoção do inventariante, que corre em
apartado, extingue-se com a sentença que mantém ou remove. Contra ela, portanto, é cabível apelação”
(TJSP, Ap. 73.304-1, Rel. Des. Roque Komatsu, jul. 14.08.1996, RJTJSP 106/216).
● “Se a destituição ou pedido de remoção de inventariante se verifica em processo incidente, o
recurso próprio é o de apelação; se, porém, a destituição é feita ex officio, nos pró-prios autos do
inventário, é o agravo de instrumento o recurso adequado” (TJMG, 3ª Câmara Cível, ac. de 01.10.1987,
na Ap. 73.786, Rel. vencido nessa preliminar, Des. Lauro Pacheco Filho, Jurisp. Min. 101/161).
● Fungibilidade recursal. Possibilidade. “Decisão In-terlocutória – Agravo – Interposição de
Recurso de Apelação – Princípio da Fungibilidade Recursal – Dissídio Jurispru-dencial – Comprovação.
A teor da jurisprudência pacífica desta Corte, não configura erro grosseiro a interposição de apelação,
em vez de agravo de instrumento, contra decisão que remove inventariante, devendo ser aplicado o
princípio da fungibilidade recursal, desde que observado o prazo para a interposição do agravo” (STJ,
REsp 714.035/RS, Rel. Min. Jorge Scartezzini, 4ª Turma, jul. 16.06.2005, DJ 01.07.2005). No mesmo
sentido: STJ, REsp 76.573/PR, Rel. Min. Costa Leite, 3ª Turma, jul. 12.12.95, RSTJ 83/193.
● Remoção. Recurso Especial. Impossibilidade. “Não cabe, em recurso especial, a reapreciação
dos fatos que motivaram a remoção de titular da inventariação” (STJ, REsp 10.299/SP, Rel. Min. Athos
Carneiro, 4ª Turma, jul. 26.08.1992, DJ 21.09.1992).
2. Nomeação de inventariante dativo. “A remoção do inventariante, substituindo-o por outro,
dativo, pode ocorrer quando constatada a inviabilização do inventário pela ani-mosidade manifestada
pelas partes” (STJ, REsp 988.527/RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, 4ª Turma, jul. 24.03.2009, DJe
11.05.2009).
● Falecimento. Nomeação de novo inventariante. “In-ventariante dativo. Falecimento. Nomeação
de novo inventa-riante, recaindo a escolha na pessoa do cônjuge daquele que administrava o acervo.
Demanda emergente entre os herdeiros do acervo administrado e o espólio do anterior inventariante. Não
pode exercer o múnus público de inventariante aquele que, em tese, há de defender os atos praticados
pelo anterior inventariante premorto, máxime quando os interessados já prometem o ajuizamento de ação
contra o espólio daquele, para satisfação de pretensão resistida atinente à administração que o falecido
exercitara” (TJDF, AI 20010020004950AGI DF, Rel. Romão C. Oliveira, 2ª Turma Cível, jul.
03.09.2001, DJDF 17.10.2001).
3. Honorários. “Inventariante dativo. Encargo da heran-ça, a ser suportado por todos quantos
tenham interesse no processamento do inventário, não importando tenha sido o anterior inventariante
removido, por não ter desempenhado a contento suas funções. Pretensão de herdeiro à responsa-bilização
apenas do inventariante removido por essa verba. Inadmissibilidade” (TJSP, AGI 123.187-4, Rel. Des.
Erbetta Filho, 1ª Câmara Dir. Privado, 15.02.2000).
CPC/1973
Art. 998.
BREVES COMENTÁRIOS
Não há necessidade de instauração de um processo es-pecial. A expedição do mandado de busca e
apreensão ou de imissão de posse é consequência imediata da remoção do inventariante e se faz de plano
como consequência do pronunciamento judicial que a decretou. Não há, tecni-camente, uma actio
iudicati.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Coms. ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 100; Rafael Knorr Lippmann, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção IV
Das citações e das Impugnações
Art. 626. Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do inventá-rio e
da partilha, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os legatários e intimar a Fazenda Pública, o
Ministério Público, se houver her-deiro incapaz ou ausente, e o testamenteiro, se houver
testamento.
§ 1º O cônjuge ou o companheiro, os her-deiros e os legatários serão citados pelo cor-reio,
observado o disposto no art. 247, sendo, ainda, publicado edital, nos termos do inciso III do art. 259.
§ 2º Das primeiras declarações extrair-se-ão tantas cópias quantas forem as partes.
§ 3º A citação será acompanhada de cópia das primeiras declarações.
§ 4º Incumbe ao escrivão remeter cópias à Fazenda Pública, ao Ministério Público, ao
testamenteiro, se houver, e ao advogado, se a parte já estiver representada nos autos.
CPC/1973
Art. 999.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 256 a 258 (citação por edital).
BREVES COMENTÁRIOS
Manda o art. 626 do NCPC que a citação compreen-da o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os
legatá-rios. Devem ser intimados a Fazenda Pública, o Minis-tério Público, se houver herdeiro incapaz
ou ausente, e o testamenteiro, se o finado deixou testamento. Torna-se dispensável a diligência citatória
quando os interessados espontaneamente comparecem aos autos representados por advogado e, em tempo
útil, se declaram cientes das primeiras declarações (art. 239, § 1º).
A citação pelo correio, que é uma inovação, alcança a todos os interessados, independentemente do
local de residência. Já a citação por edital é apenas para aqueles incertos ou desconhecidos,
diferentemente do previsto no CPC/1973, que admitia essa modalidade para todos os que residissem fora
da comarca. Claro, porém, que se for impraticável a citação postal, ou se esta se frustrar, o caso será de
recorrer à citação por precatória.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 627. Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em cartório e pelo prazo comum de
15 (quinze) dias, para que se manifestem sobre as primeiras declarações, incumbindo às partes:
I – arguir erros, omissões e sonegação de bens;
II – reclamar contra a nomeação de in-ventariante;
III – contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro.
§ 1º Julgando procedente a impugnação referida no inciso I, o juiz mandará retificar as
primeiras declarações.
§ 2º Se acolher o pedido de que trata o inciso II, o juiz nomeará outro inventariante, observada
a preferência legal.
§ 3º Verificando que a disputa sobre a qualidade de herdeiro a que alude o inciso III demanda
produção de provas que não a documental, o juiz remeterá a parte às vias ordinárias e sobrestará,
até o julgamento da ação, a entrega do quinhão que na partilha couber ao herdeiro admitido.
CPC/1973
Art. 1.000.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 612 (remessa às vias ordinárias), 617 (nomeação de inventariante), 628, 643 e 668, I
(reser-va de bens).
BREVES COMENTÁRIOS
Após consumada a última citação, correrá o prazo de quinze dias, comum para todos os
interessados, dentro do qual poderão manifestar-se sobre as declarações do inventariante. Caberá então
impugnação, cujo conteúdo pode ser de tríplice natureza, conforme os incisos do art. 627 do NCPC.
Para assegurar o princípio do contraditório, o juiz an-tes de solucionar a impugnação ouvirá o
inventariante e o outro herdeiro interessado, se for o caso.
A impugnação à escolha do inventariante (art. 627, II) não se confunde com a remoção (art. 622).
Esta pres-supõe inventariante regularmente investido no encargo processual, que, no desempenho da
função, praticou ato irregular, merecendo, por isso, uma sanção. Já a impugna-ção é ato inicial que visa a
demonstrar irregularidade na escolha feita pelo juiz, sem qualquer conotação necessária de falha ou culpa
do gestor da herança.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Aspectos processuais da ação de petição de herança, Ajuris 30/113; Wagner
Barreira, A ação de petição de herança, RT 659/24; Ney de Mello Almada, Petição de herança, RJTJSP
127/9; Humberto Theodoro Jr., Curso de dir. processual civil, Forense, v. III, nº 1.397; Rafael Knorr
Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 628. Aquele que se julgar preterido poderá demandar sua admissão no inventário,
requerendo-a antes da partilha.
§ 1º Ouvidas as partes no prazo de 15 (quinze) dias, o juiz decidirá.
§ 2º Se para solução da questão for neces-sária a produção de provas que não a docu-mental, o
juiz remeterá o requerente às vias ordinárias, mandando reservar, em poder do inventariante, o
quinhão do herdeiro excluído até que se decida o litígio.
CPC/1973
Art. 1.001.
BREVES COMENTÁRIOS
A decisão não encerra o inventário e, portanto, resol-ve apenas questão incidente, não é sentença,
mas decisão interlocutória.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 629. A Fazenda Pública, no prazo de 15 (quinze) dias, após a vista de que trata o art. 627,
informará ao juízo, de acordo com os dados que constam de seu cadastro imobi-liário, o valor dos
bens de raiz descritos nas primeiras declarações.
CPC/1973
Art. 1.002.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 118; Rafael Knorr
Lippmann, In: Te-resa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tri-bunais, 2015.
Seção V
Da Avaliação e do Cálculo do Imposto
Art. 630. Findo o prazo previsto no art. 627 sem impugnação ou decidida a impugnação que
houver sido oposta, o juiz nomeará, se for o caso, perito para avaliar os bens do espólio, se não
houver na comarca avaliador judicial.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no art. 620, § 1º, o juiz nomeará perito para avaliação
das quotas sociais ou apuração dos haveres.
CPC/1973
Art. 1.003.
BREVES COMENTÁRIOS
Superada a fase das impugnações, procede-se à ava-liação judicial dos bens inventariados, cuja
finalidade é dupla, ou seja: a) definir o valor dos bens para efeito de preparar a partilha; e b) propiciar
base para cálculo do imposto de transmissão causa mortis.
Segundo dispõe o art. 630 do NCPC, a estimativa será feita pelo avaliador judicial e, onde não
houver esse serventuário permanente da justiça, o juiz nomeará perito para cada processo. A avaliação,
outrossim, nem sempre se mostra obrigatória. Se há incapazes entre os sucesso-res, não há como fugir da
perícia judicial. Mas se todos são maiores e capazes, a dispensa da avaliação ocorrerá quando: a) a
Fazenda Pública concordar expressamente com o valor atribuído aos bens do espólio nas primeiras
declarações (art. 633); b) os sucessores concordarem com o valor dos bens declarados pela Fazenda
Pública. No caso da discordância ser parcial, a avaliação só incidirá sobre os bens que tiverem sido
objeto da divergência (art. 634).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. III, n. 1.399; Rafael Knorr
Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tri-bunais, 2015.
Art. 631. Ao avaliar os bens do espólio, o perito observará, no que for aplicável, o disposto nos
arts. 872 e 873.
CPC/1973
Art. 1.004.
BREVES COMENTÁRIOS
A forma de avaliar os bens inventariados é a mesma adotada em relação aos bens penhorados, seja
quanto ao conteúdo do laudo, seja quanto à maneira de estimar o valor, seja quanto aos casos de
renovação de avaliação (NCPC, arts. 872 e 873).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 122; Rafael Knorr
Lippmann, In: Te-resa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tri-bunais, 2015.
Art. 632. Não se expedirá carta precatória para a avaliação de bens situados fora da co-marca
onde corre o inventário se eles forem de pequeno valor ou perfeitamente conhecidos do perito
nomeado.
CPC/1973
Art. 1.006.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Orlando Soares, Comentários ao CPC, Forense, 1992, v. III, p. 249; Hamilton de Moraes e Barros,
Comentários ao CPC, 4ª ed., Forense, v. IX, p. 156; Rafael Knorr Li-ppmann, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 633. Sendo capazes todas as partes, não se procederá à avaliação se a Fazenda Pública,
intimada pessoalmente, concordar de forma expressa com o valor atribuído, nas primeiras
declarações, aos bens do espólio.
CPC/1973
Art. 1.007.
BREVES COMENTÁRIOS
A avaliação, outrossim, nem sempre se mostra obriga-tória. Se há incapazes entre os sucessores, não
há como fugir da perícia judicial. Mas se todos são maiores e capa-zes, a dispensa da avaliação ocorrerá
quando: a) a Fazenda Pública concordar expressamente com o valor atribuído aos bens do espólio nas
primeiras declarações (art. 633 do NCPC); b) os sucessores concordarem com o valor dos bens
declarados pela Fazenda Pública.
No caso da discordância ser parcial, a avaliação só incidirá sobre os bens que tiverem sido objeto
da diver-gência (art. 634 do NCPC).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 128; Rafael Knorr
Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 634. Se os herdeiros concordarem com o valor dos bens declarados pela Fazenda Pública,
a avaliação cingir-se-á aos demais.
CPC/1973
Art. 1.008.
BREVES COMENTÁRIOS
O art. 629 do NCPC prevê que a Fazenda Pública in-formará, após a ciência das primeiras
declarações do in-ventariante, o valor dos bens imóveis do espólio constante de seus cadastros. Havendo
acordo dos herdeiros com relação a tal valor, não será necessária a avaliação judi-cial, que ficará
limitada apenas aos bens não cadastrados.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 129; Rafael Knorr
Lippmann, In: Te-resa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tri-bunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
1. Discordância. Avaliação judicial. “Inventário. Avalia-ção. Impugnação. O espólio tem direito a
avaliação judicial dos imóveis, caso não concorde com os valores atribuídos pela fazenda” (TJRS, AI
00503846, Rel. Des. Rui Portanova, 8ª Câmara Cível, jul. 25.04.2002).
Art. 635. Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que as partes se manifestem no prazo
de 15 (quinze) dias, que correrá em cartório.
§ 1º Versando a impugnação sobre o valor dado pelo perito, o juiz a decidirá de plano, à vista
do que constar dos autos.
§ 2º Julgando procedente a impugnação, o juiz determinará que o perito retifique a ava-liação,
observando os fundamentos da decisão.
CPC/1973
Art. 1.009.
BREVES COMENTÁRIOS
O Código anterior previa, em seu art. 1010, duas hi-póteses em que a perícia seria renovada: (i) nos
casos em que restasse demonstrado erro ou dolo do perito e (ii) naqueles em que houvesse redução do
valor dos bens por defeito apresentado posteriormente à perícia. O novo Estatuto processual não mais se
refere à eventualidade de nova perícia, o que, entretanto, não equivale a proibi-la.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Com. ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 130; Rafael Knorr Lippmann, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 1.011.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 621 (sonegação de bens) e 622, I (remo-ção de inventariante).
BREVES COMENTÁRIOS
Com essas declarações finais, retrata-se a situação definitiva da herança a ser partilhada e
adjudicada aos sucessores do de cujus. Sobre elas, as partes serão ou-vidas em 15 (quinze) dias (art. 637
do NCPC), cabendo ao juiz decidir a respeito das eventuais impugnações, de plano. Ao inventariante só
se pode imputar a sonegação “depois de encerrada a descrição dos bens, com a declara-ção por ele feita,
de não existirem outros por inventariar” (art. 621 do NCPC). É que, até as últimas declarações, permite a
lei que o inventariante faça emendas ou adições às primeiras (art. 636).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Com. ao CPC, Forense, 1977, p. 132; Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa
Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo
Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 637. Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no prazo comum de 15 (quinze) dias,
proceder-se-á ao cálculo do tributo.
CPC/1973
Art. 1.012.
SÚMULAS
Súmulas do Supremo Tribunal Federal:
nº 112: “O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo de
abertura da sucessão”.
nº 113: “O imposto de transmissão causa mortis é calculado sobre o valor dos bens na data da
avaliação”.
nº 114: “O imposto de transmissão causa mortis não é exigível antes da homologação de cálculo”.
nº 115: “Sobre os honorários do advogado contratado pelo inventariante, com a homologação do
juiz, não incide o imposto de transmissão causa mortis”.
nº 116: “Em desquite ou inventário, é legítima a co-brança do chamado imposto de reposição,
quando houver desigualdade nos valores partilhados”.
nº 331: “É legítima a incidência do imposto de trans-missão ‘causa mortis’ no inventário por morte
presu-mida”.
nº 435: “O imposto de transmissão causa mortis pela transferência de ações é devido ao Estado em
que tem sede a companhia”.
nº 590: “Calcula-se o imposto de transmissão causa mortis sobre o saldo credor da promessa de
compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor”.
BREVES COMENTÁRIOS
Encerrada a avaliação, caberá ao inventariante prestar suas últimas declarações, que deverão
representar o termo final do inventário propriamente dito. A Constituição de 1988 permite que o imposto
de transmissão causa mortis incida sobre “quaisquer bens ou direitos” (art. 155, I, a). Logo, doravante os
Estados poderão ampliar a área de incidência do tributo, fazendo com que, por meio de lei local, não
apenas os imóveis da herança sejam tributados, mas todo e qualquer bem que integre o acervo deixado
pelo de cujus. O imposto será, outrossim, apurado sobre o líquido da herança, de sorte que do valor dos
bens in-ventariados deverão ser deduzidas, antes do cálculo, as dívidas passivas, as despesas do funeral,
as custas do processo, a taxa judiciária etc. (Hamilton de Moraes e Barros, Comentários ao Código de
Processo Civil, 2ª ed., Rio, Forense, 1980, vol. IX, nº 151, p. 280).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 638. Feito o cálculo, sobre ele serão ouvidas todas as partes no prazo comum de 5 (cinco)
dias, que correrá em cartório, e, em seguida, a Fazenda Pública.
§ 1º Se acolher eventual impugnação, o juiz ordenará nova remessa dos autos ao contabi-lista,
determinando as alterações que devam ser feitas no cálculo.
§ 2º Cumprido o despacho, o juiz julgará o cálculo do tributo.
CPC/1973
Art. 1.013.
BREVES COMENTÁRIOS
Houve, de início, alguma controvérsia quanto ao recur-so manejável contra o julgamento do cálculo.
Hoje, porém, o entendimento que prevalece é o de tratar-se de decisão interlocutória, que, por isso
mesmo, desafia agravo de ins-trumento. Incide a regra do art. 1.015, parágrafo único, do NCPC, ficando
superada a velha corrente jurisprudencial que atribuía a natureza de sentença à decisão que julga o
cálculo do imposto devido na sucessão hereditária.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
José Vidal, Homologação de cálculo em inventário (art. 1.013, § 2º, do CPC) – sentença ou decisão
interlo-cutória? – recurso cabível, RT 544/283; Rafael Knorr Li-ppmann, In: Teresa Arruda Alvim
Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de
Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção VI
Das Colações
Art. 639. No prazo estabelecido no art. 627, o herdeiro obrigado à colação conferirá por termo
nos autos ou por petição à qual o termo se reportará os bens que recebeu ou, se já não os possuir,
trar-lhes-á o valor.
Parágrafo único. Os bens a serem conferi-dos na partilha, assim como as acessões e as
benfeitorias que o donatário fez, calcular-se-ão pelo valor que tiverem ao tempo da abertura da
sucessão.
CPC/1973
Art. 1.014.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 544 (doação); 1.992 (sonegação); 2.002 a 2.012 (colação).
BREVES COMENTÁRIOS
A colação deve partir da iniciativa do donatário. Cons-tará de declaração, tomada por termo nos
autos, ou de pe-tição à qual o termo se reportará. Nela serão descritos os bens recebidos por antecipação
da legítima, para cômputo na partilha. Se o beneficiário da liberalidade já não mais os possuir, será
trazido à colação o respectivo valor. Cabe ao donatário proceder à declaração do art. 639 do NCPC, no
prazo de quinze dias a contar da citação prevista no art. 627 do Código de 2015 (art. 639).
O valor básico para a colação, segundo o art. 2.004 do Código Civil, seria aquele pelo qual o bem
figurou no ato de liberalidade. O novo CPC, entretanto, restabeleceu antiga regra do Código de 1973,
determinando que os bens doados, assim como suas acessões e benfeitorias, sejam colacionados “pelo
valor que tiverem ao tempo da aber-tura da sucessão” (NCPC, art. 639, parágrafo único), ou seja, a
avaliação deverá reportar-se ao momento da morte do autor da herança. Com essa regra processual
superve-niente restou revogado o dispositivo do Código Civil que preconizava a colação pelo valor do
tempo da doação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rubens Limongi França, Colação de bens doados, RT 516/525; Pontes de Miranda, Comentários ao
Código de Processo Civil, Forense, tomo XIV; Orlando Gomes, Sucessões, Forense; Rafael Knorr
Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas,
Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 640. O herdeiro que renunciou à heran-ça ou o que dela foi excluído não se exime, pelo
fato da renúncia ou da exclusão, de conferir, para o efeito de repor a parte inoficiosa, as
liberalidades que obteve do doador.
§ 1º É lícito ao donatário escolher, dentre os bens doados, tantos quantos bastem para perfazer
a legítima e a metade disponível, entrando na partilha o excedente para ser dividido entre os demais
herdeiros.
§ 2º Se a parte inoficiosa da doação recair sobre bem imóvel que não comporte divisão cômoda,
o juiz determinará que sobre ela se proceda a licitação entre os herdeiros.
§ 3º O donatário poderá concorrer na licitação referida no § 2º e, em igualdade de condições,
terá preferência sobre os herdeiros.
CPC/1973
Art. 1.015.
BREVES COMENTÁRIOS
O dever de colacionar as doações não desaparece com a posterior renúncia à herança nem com a
exclusão do herdeiro da sucessão, desde que haja excesso a repor ao monte (parte inoficiosa da doação).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Pontes de Miranda, Com. ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 153; Rafael Knorr Lippmann, In:
Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves comentários
ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA (REFERENTE AO CPC/1973, AINDA APLICÁVEL)
1. Doação inferior à metade disponível. “Em se tratando de imóvel doado a herdeiro, através de
escritura pública, na qual o doador declara que aquele não excede a metade dis-ponível, estando
dispensado da colação cogitada no art. 1.788 do CPC, por não importar em adiantamento da legítima, não
há como incluir, posteriormente, na partilha, o mencionado bem objeto da liberalidade. Se se apurar, em
avaliação, que a liberalidade excedeu à metade disponível, somente a parte excedente deverá integrar o
monte partilhável” (TJMG, Ag. 18.792, Rel. Des. Paulo Gonçalves, 4ª Câmara, jul. 28.11.1985, Jurisp.
Min. 92/165).
2. Renúncia à herança:
● Requisitos formais. “O ato de renúncia à herança deve constar expressamente de instrumento
público ou de termo nos autos, sob pena de invalidade. Daí se segue que a constituição de mandatário
para a renúncia à herança deve obedecer à mesma forma, não tendo a validade a outorga por instrumento
particular” (STJ, REsp 1.236.671/SP, Rel. Min. Massami Uyeda, Rel. p/ Acórdão Min. Sidnei Beneti, 3ª
Turma, jul. 09.10.2012, DJe 04.03.2013).
● “A constituição de procurador com poder especial para renunciar à herança de valor superior a
trinta vezes o maior salário mínimo deve ser feita por instrumento público ou termo judicial para ter
validade” (STJ, REsp 1.236.671, Rel. Min. Massami Uyeda, 3ª Turma, jul. 09.10.2012).
● Renúncia de todos os herdeiros da mesma classe. Sucessão dos filhos por cabeça. “A renúncia
de todos os herdeiros da mesma classe, em favor do monte, não impede seus filhos de sucederem por
direito próprio ou por cabeça. Homologada a renúncia, a herança não passa à viúva, e sim aos herdeiros
remanescentes. Esta renúncia não configura doação ou alienação à viúva, não caracterizando o fato
gerador do ITBI, que é a transmissão da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis” (STJ, REsp
36.076/MG, Rel. Min. Garcia Vieira, 1ª Turma, jul. 03.12.1998, DJ 29.03.1999).
● Renúncia “in favorem”. “Para haver a renúncia ‘in favorem’, é mister que haja aceitação tácita da
herança pelos herdeiros que, em ato subsequente, transferem os direitos hereditários a beneficiário certo,
configurando verdadeira doação” (STJ, REsp 33.698/MG, Rel. Min. Cláudio Santos, 3ª Turma, jul.
29.03.1994, DJ 16.05.1994).
3. Acervo com cláusula de indisponibilidade. Nulidade de renúncia e cessão de herança. “Nula é
a cessão e renúncia de herança, quanto a acervo recebido em testamento clausulado de indisponibilidade
vitalícia, se disfarçado de cessão e renúncia, na verdade, dissimula verdadeira doação, ilegítima porque
o doador estava impedido de fazê-la” (STJ, REsp 57.217/SP, Rel. Min. Waldemar Zveiter, 3ª Turma, jul.
06.08.1998, DJ 03.05.1999).
Art. 641. Se o herdeiro negar o recebimen-to dos bens ou a obrigação de os conferir, o juiz,
ouvidas as partes no prazo comum de 15 (quinze) dias, decidirá à vista das alegações e das provas
produzidas.
§ 1º Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, no prazo improrrogável de 15 (quinze)
dias, não proceder à conferência, o juiz mandará sequestrar-lhe, para serem inventariados e
partilhados, os bens sujeitos à colação ou imputar ao seu quinhão hereditário o valor deles, se já não
os possuir.
§ 2º Se a matéria exigir dilação probatória diversa da documental, o juiz remeterá as par-tes às
vias ordinárias, não podendo o herdeiro receber o seu quinhão hereditário, enquanto pender a
demanda, sem prestar caução cor-respondente ao valor dos bens sobre os quais versar a
conferência.
CPC/1973
Art. 1.016.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 612 (remessa às vias ordinárias).
BREVES COMENTÁRIOS
Comporta agravo de instrumento a decisão que deter-mina ou não a colação de bens; assim como a
que remete às partes às vias ordinárias.
A ação comum pode ter o cunho condenatório, se for de iniciativa do espólio, ou a natureza
declaratória nega-tiva, se partir do herdeiro.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rafael Knorr Lippmann, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Seção VII
Do Pagamento das Dívidas
Art. 642. Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do inventário o
pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.
§ 1º A petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por dependência e
autuada em apenso aos autos do processo de inventário.
§ 2º Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar habilitado o credor, mandará que
se faça a separação de dinheiro ou, em sua falta, de bens suficientes para o pagamento.
§ 3º Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento dos cre-dores
habilitados, o juiz mandará aliená-los, observando-se as disposições deste Código relativas à
expropriação.
§ 4º Se o credor requerer que, em vez de dinheiro, lhe sejam adjudicados, para o seu
pagamento, os bens já reservados, o juiz deferir-lhe-á o pedido, concordando todas as partes.
§ 5º Os donatários serão chamados a pronunciar-se sobre a aprovação das dívidas, sempre que
haja possibilidade de resultar delas a redução das liberalidades.
CPC/1973
Art. 1.017.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 1.997 a 2.001; CTN, arts. 187 e 189; CPC, arts. 686 a 707 (alienação em hasta pública),
708 a 724 (pagamento ao credor), 1.039, I (medidas cautelares; ces-sação da eficácia).
BREVES COMENTÁRIOS
As obrigações do autor da herança não desaparecem com a morte. Não sendo personalíssimas,
acompanham o patrimônio deixado pelo devedor e transferem-se para os seus herdeiros, dentro das
forças da herança que lhe couber. Há, pois, interesse dos credores em receber o dé-bito integral do
espólio, antes da partilha. Para esse fim, prevê o novo Código de Processo Civil um procedimento
administrativo, paralelo ao inventário, cuja disciplina se encontra nos arts. 642 a 646. Os credores
interessados deverão formular petição instruída com os documentos comprobatórios da dívida (“prova
literal”), que será dis-tribuída por dependência e autuada em apenso aos autos do inventário (art. 642, §
1º). Dar-se-á vista a todos os interessados e, havendo acordo, o juiz declarará habilitado o credor,
ordenando a separação de dinheiro ou de bens suficientes para o pagamento (art. 642, § 2º). Nos termos
do art. 645, também os legatários terão de ser ouvidos.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II, n. 1.404; Rodrigo Ramina
de Luc-ca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 643. Não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento feito
pelo credor, será o pedido remetido às vias ordinárias.
Parágrafo único. O juiz mandará, porém, reservar, em poder do inventariante, bens suficientes
para pagar o credor quando a dívida constar de documento que comprove suficientemente a
obrigação e a impugnação não se fundar em quitação.
CPC/1973
Art. 1.018.
BREVES COMENTÁRIOS
É indispensável o acordo unânime, porque a habili-tação, in casu, é não contenciosa. Por isso, não
havendo concordância de todas as partes sobre o pagamento, será o credor remetido para os meios
ordinários (art. 643 do NCPC), ou seja, terá ele de propor a ação contenciosa con-tra o espólio, que for
compatível ao título de seu crédito (execução ou ordinária de cobrança, conforme o caso). Há, porém,
uma medida cautelar que o juiz toma, ex officio, em defesa do interesse do credor que não obtém sucesso
na habilitação: se o crédito estiver suficientemente com-provado por documento e a impugnação não se
fundar em quitação, o magistrado mandará reservar, em poder do inventariante, bens suficientes para
pagar o credor, enquanto se aguarda a solução da cobrança contenciosa (medida cautelar ex officio).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II, n. 1.404; Rodrigo Ramina
de Luc-ca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 644. O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer habilitação no
inventário.
Parágrafo único. Concordando as partes com o pedido referido no caput, o juiz, ao jul-gar
habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro pagamento.
CPC/1973
Art. 1.019.
BREVES COMENTÁRIOS
Sendo deferida a habilitação, caberá ao inventariante efetuar o pagamento, se o espólio dispuser de
dinheiro. Caso contrário, os bens separados serão alienados em praça ou leilão, conforme as regras da
arrematação do processo de execução por quantia certa (art. 642, § 3º). É bom notar, por outro lado, que,
embora a lei institua um procedimento não contencioso para a habilitação dos credores no inventário, o
uso desse expediente é apenas uma faculdade e não uma condição para o recebimento das obrigações do
espólio. Nada impede, por isso, que o credor, ciente das resistências dos herdeiros, opte, desde logo,
pelo ajuizamento do processo contencioso (TJMG, Ap. 51.460, Rel. Des. Edésio Fernandes, jul.
21.08.1979, DJMG 04.10.1979).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II, n. 1.404; Rodrigo Ramina
de Luc-ca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 645. O legatário é parte legítima para manifestar-se sobre as dívidas do espólio:
CPC/1973
Art. 1.020.
BREVES COMENTÁRIOS
Legado é porção certa e determinada da herança dei-xada pelo testador a alguém por título singular
(Orlando de Souza).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Clóvis Beviláqua, Direito das sucessões, cap. VII; Orlando Soares, Comentários ao CPC, Forense,
1992, v. III, p. 276; Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arru-da Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 646. Sem prejuízo do disposto no art. 860, é lícito aos herdeiros, ao separarem bens para
o pagamento de dívidas, autorizar que o inventariante os indique à penhora no processo em que o
espólio for executado.
CPC/1973
Art. 1.021.
BREVES COMENTÁRIOS
A circunstância, outrossim, de não se achar vencida a dívida não impede que o credor se habilite no
inventário. Ocorrendo a concordância geral, o juiz deferirá a habili-tação e mandará separar os bens para
o pagamento a ser feito à época do vencimento (art. 644, caput e parágra-fo único, do NCPC). Por fim, é
bom ressaltar que, uma vez deferida a habilitação de crédito, inadmissível será a partilha sem antes
proceder-se à separação de bens para o pagamento ao credor. Há, outrossim, que se fazer uma distinção
entre separação e reserva de bens no procedi-mento sucessório. A separação (art. 642, § 2º) destina-se à
satisfação do crédito habilitado. Equivale a uma atual penhora, colocando desde já os bens à disposição
do inventariante para com eles realizar o pagamento, bens esses que serão excluídos do acervo a
partilhar entre os sucessores. A reserva (art. 643, parágrafo único), por sua vez, tem natureza cautelar
apenas. Funciona como uma espécie de arresto, vinculando os bens reservados a uma futura e eventual
penhora, a exemplo do que se passa nas circunstâncias do art. 830. Da mesma maneira que os bens
separados, também os reservados não devem figurar na partilha, enquanto não resolvida a execução. Se,
indevidamente, incidir sobre eles a partilha, nem por isso sofrerá prejuízo o credor. É que o ato será
inoponível ao exequente, devido à força do gravame cautelar ou da própria penhora se aquele já houver
se convertido nes-ta, tal como acontece, por exemplo, no caso do art. 830, § 3º. Nem mesmo haverá de se
exigir uma anulação da partilha, visto que as mutações dominiais posteriores à penhora são simplesmente
ineficazes perante a execução e os atos que a preparam (STJ, REsp 703.884/SC, Rel. Min. Nancy
Andrighi, 3ª Turma, jul. 23.10.2007, DJU 08.11.2007) (art. 792, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II; Rodrigo Ramina de Lucca,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Seção VIII
Da Partilha
Art. 647. Cumprido o disposto no art. 642, § 3º, o juiz facultará às partes que, no prazo comum
de 15 (quinze) dias, formulem o pedido de quinhão e, em seguida, proferirá a decisão de deliberação
da partilha, resol-vendo os pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão de
cada herdeiro e legatário.
Parágrafo único. O juiz poderá, em decisão fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer
dos herdeiros o exercício dos direitos de usar e de fruir de determinado bem, com a condição de que,
ao término do inventário, tal bem integre a cota desse herdeiro, cabendo a este, desde o
deferimento, todos os ônus e bônus decorrentes do exercício daqueles direitos.
CPC/1973
Art. 1.022.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 23, 48 e 49 (competência).
CC, arts. 2.013 a 2.022 (partilha).
SÚMULAS
Súmula do TJRJ:
nº 26: “É recorrível o despacho de deliberação da partilha no inventário”.
BREVES COMENTÁRIOS
Encerrado o inventário com a homologação e paga-mento do imposto causa mortis, e uma vez feita a
sepa-ração de bens para pagar dívidas do espólio, se houver (NCPC, art. 642, § 3º), abrir-se-á a segunda
fase do pro-cedimento judicial da sucessão hereditária, cujo primeiro ato será a assinatura, pelo juiz, do
prazo de quinze dias, comum a todos os interessados, dentro do qual deverão ser formulados os pedidos
de quinhão (art. 647).
Prepara-se, assim, a partilha judicial, colhendo-se ini-cialmente as pretensões dos sucessores a
respeito da for-ma de dividir os bens comuns. De posse desses dados, ou mesmo na falta deles, caberá ao
juiz proferir a decisão de deliberação da partilha, no qual resolverá os pedidos das partes e designará os
bens que constituirão os quinhões de cada herdeiro e legatário (art. 647).
Esse ato judicial é, em regra, de mero impulso pro-cessual, já que apenas prepara a partilha e
poderá ser modificado a qualquer momento, enquanto não atingida a meta final, que é a homologação do
ato de divisão dos bens comuns. Por isso, costuma-se não admitir recurso algum contra a deliberação da
partilha.
O inconformismo da parte terá de ser manifestado contra a sentença de partilha e não contra o
simples des-pacho que a prepara (TJMG, AI 14.455, Rel. Des. Ribei-ro do Valle, ac. 15.03.1977, Jur.
Mineira 68/82; TJSP, AI 252.809, Rel. Des. Almeida Bicudo, ac. 29.06.1986, RT 506/123; TJSP, AI
49.065-1, Rel. Des. Jorge Tan-nus, ac. 25.10.1984, RJTJSP 92/277; TJMG, 6ª Câm. Cív., AI 380.029-5,
Rel. Des. Belizário de Lacerda, ac. 10.10.2002, DJMG 22.10.2002). Ressalva-se, contudo, o caso em
que o decisório vai além da simples preparação da partilha, enfrentando e decidindo “questões de direi-
to”. Cabível, então, será o agravo de instrumento (STJ, 4ª T., REsp 40.691/MG, Rel. Min. Sálvio de
Figueiredo, ac. 29.03.1994, DJU 13.06.1994, p. 15.111; TJMG, 5ª Câm. Cív., Ap. 1.0000.00.319191-
3/000, Rel. Des. Dorival Pe-reira, ac. 22.05.2003, DJMG 24.06.2003).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
BREVES COMENTÁRIOS
O critério que preside a boa partilha inspira-se em três regras tradicionais, ora incorporados ao
novo Código como normas a serem observadas.
De acordo com a primeira, os quinhões devem, em qualidade e quantidade, propiciar bens iguais
para os di-versos herdeiros, seja no bom, seja no ruim, no certo e no duvidoso. Todavia, mormente
quando o monte-mor seja constituído de vários e extensos imóveis, o princípio da igualdade não exige a
participação de todos os sucesso-res em todos os bens do espólio. A igualdade realmente obrigatória é a
econômica, que se traduz na formação de quinhões iguais, segundo a avaliação do acervo.
Pelo princípio da comodidade, deve-se atentar na par-tilha às condições pessoais de cada sucessor,
de modo a atender a interesses profissionais, de vizinhança, de capa-cidade administrativa etc. Dessa
forma, um comerciante urbano teria preferência para receber mercadorias ligadas ao seu ramo, ou imóvel
útil à expansão de seu negócio; um agricultor, para receber terrenos rurais e máquinas agrícolas; o
confinante, para receber áreas contíguas de sua atual propriedade etc.
Por força da regra prevista no inciso II, prevenção de litígios, recomenda-se evitar, quanto possível,
a comunhão entre os aquinhoados na partilha, o excessivo retalhamen-to de glebas isoladas para um só
herdeiro, a instituição desnecessária de servidões etc.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 649. Os bens insuscetíveis de divisão cômoda que não couberem na parte do cônjuge ou
companheiro supérstite ou no quinhão de um só herdeiro serão licitados entre os interes-sados ou
vendidos judicialmente, partilhando--se o valor apurado, salvo se houver acordo para que sejam
adjudicados a todos.
BREVES COMENTÁRIOS
A venda judicial, quando for o caso, reger-se-á pelos arts. 730 e 879 a 903 do NCPC.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 650. Se um dos interessados for nasci-turo, o quinhão que lhe caberá será reservado em
poder do inventariante até o seu nascimento.
BREVES COMENTÁRIOS
O direito do nascituro à herança funda-se no art. 2º do Código Civil, mas só se consolidará caso
ocorra o nascimento com vida. Daí mandar o art. 650 que o inven-tariante reserve o respectivo quinhão,
até que tal evento condicionante se dê.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 651. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão judicial,
observando nos pagamentos a seguinte ordem:
I – dívidas atendidas;
II – meação do cônjuge;
III – meação disponível;
IV – quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho.
CPC/1973
Art. 1.023.
BREVES COMENTÁRIOS
Cabe ao partidor do juízo dar cumprimento ao despa-cho de deliberação da partilha. Antes de dar
forma defi-nitiva à divisão dos bens inventariados, aquele serventuá-rio da Justiça elaborará um projeto,
que a lei chama de esboço da partilha, para submeter ao crivo das partes e do juiz. Esse esboço delineará
a formação dos quinhões, segundo os bens e valores atribuídos ao cônjuge meeiro, se houver, e a cada um
dos herdeiros, além de balancear a quota disponível do de cujus e as dívidas atendidas.
Art. 652. Feito o esboço, as partes mani-festar-se-ão sobre esse no prazo comum de 15
(quinze) dias, e, resolvidas as reclamações, a partilha será lançada nos autos.
CPC/1973
Art. 1.024.
BREVES COMENTÁRIOS
Será dispensável o lançamento da partilha, havendo esboço nos autos, e não ocorrendo impugnação
a seu respeito.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 1.025.
BREVES COMENTÁRIOS
Essas peças processuais são imprescindíveis ao pro-cedimento da partilha judicial. Sobre elas
incidirá a sentença do segundo estágio do processo sucessório causa mortis e será com base nelas que se
extrairá o formal de partilha para transcrição no Registro de Imóveis, depois da homologação judicial.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 654. Pago o imposto de transmissão a título de morte e juntada aos autos certidão ou
informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por sentença a partilha.
Parágrafo único. A existência de dívida para com a Fazenda Pública não impedirá o julga-
mento da partilha, desde que o seu pagamento esteja devidamente garantido.
CPC/1973
Art. 1.026.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Decreto nº 85.450/1980 (regulamento do IR), arts. 8º, § 1º, e 665; CTN, art. 192.
BREVES COMENTÁRIOS
Comprovado o pagamento do imposto de transmissão causa mortis, assim como a regularidade da
situação do espólio em face dos compromissos tributários em geral, a partilha deverá ser julgada por
sentença (art. 654 do NCPC). O julgamento, na espécie, é homologatório da partilha lançada nos autos,
na forma do art. 653. Não se trata, porém, de sentença meramente homologatória, como aquela em que o
juiz homologa a partilha amigá-vel entre maiores e capazes. Aqui o procedimento é con-tencioso, e o ato
homologado (isto é, a partilha lançada nos autos pelo partidor do juízo) foi precedido de amplo
contraditório e resultou de deliberação judicial, onde se solucionaram todas as pendências ou
divergências acaso manifestadas entre as partes. A sentença é, pois, de mé-rito e faz coisa julgada
material, só podendo ser atacada depois de esgotada a via recursal, por ação rescisória. Quanto à sua
natureza, a sentença é constitutiva, porque extingue a comunhão hereditária e define a nova situação
jurídica dos herdeiros sobre os bens do espólio. Quando inexiste pluralidade de sucessores, partilha não
haverá, obviamente. Todo o procedimento dos arts. 647 a 654 será substituído por um único ato
decisório: a sentença de adjudicação, que atribuirá todo o patrimônio do autor da herança a seu único
sucessor. Em qualquer caso, a sentença, seja de partilha, seja de adjudicação, desafiará o recurso de
apelação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II, n. 1.408; Rodrigo Ramina
de Luc-ca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 655. Transitada em julgado a sentença mencionada no art. 654, receberá o herdeiro os
bens que lhe tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças:
I – termo de inventariante e título de herdeiros;
II – avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;
III – pagamento do quinhão hereditário;
IV – quitação dos impostos;
V – sentença.
Parágrafo único. O formal de partilha poderá ser substituído por certidão de paga-mento do
quinhão hereditário quando esse não exceder a 5 (cinco) vezes o salário mínimo, caso em que se
transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado.
CPC/1973
Art. 1.027.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 515, IV (força executiva do formal de partilha).
BREVES COMENTÁRIOS
Ultimada a partilha, os interessados fazem jus não só à posse dos bens com que foram aquinhoados,
como a um título, para documentação e conservação de seus direitos. Por isso, o art. 655 do NCPC prevê
que, após o trânsito em julgado da sentença do art. 654, dois fatos deverão ocorrer, ou seja: a) a entrega a
cada herdeiro dos bens que lhe tocaram; e b) o fornecimento a cada um deles de um formal de partilha.
Consiste este formal numa carta de sentença extraída dos autos do procedimento suces-sório firmada pelo
escrivão e pelo juiz, da qual deverão constar traslados das peças especificadas nos incisos do artigo.
Esse documento será título hábil para transcrição no Registro Imobiliário quando o quinhão se formar à
base de bens imóveis (Lei nº 6.015/1973, art. 167, I, 24 e 25). Vale, também, o formal de partilha como
título executivo judicial para fundamentar execução forçada do quinhoeiro contra o inventariante ou
contra coerdeiro e sucessores, visando à entrega dos bens partilhados (art. 515, IV, do NCPC).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 656. A partilha, mesmo depois de transitada em julgado a sentença, pode ser emendada
nos mesmos autos do inventário, convindo todas as partes, quando tenha havido erro de fato na
descrição dos bens, podendo o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, a qualquer tempo, corrigir-
lhe as inexatidões materiais.
CPC/1973
Art. 1.028.
BREVES COMENTÁRIOS
Da decisão que determina a retificação de partilha em inventário cabe agravo de instrumento, se
ainda não encerado o inventário. Se o inventário é reaberto e o juiz afinal homologar a retificação haverá
sentença atacável por apelação. A retificação sumária pressupõe consenso. Sem prévio acordo entre
todos os interessados, a retifica-ção somente poderá ser feita por meio de ação ordinária ou rescisória,
conforme o caso.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II, n. 1.410; Rodrigo Ramina
de Luc-ca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 657. A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo nos autos do
inventário ou constante de escrito particular homologado pelo juiz, pode ser anulada por dolo,
coação, erro essencial ou intervenção de incapaz, observado o disposto no § 4º do art. 966.
Parágrafo único. O direito à anulação de partilha amigável extingue-se em 1 (um) ano, contado
esse prazo:
I – no caso de coação, do dia em que ela cessou;
II – no caso de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato;
III – quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade.
CPC/1973
Art. 1.029.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 5º e 2.027, parágrafo único.
BREVES COMENTÁRIOS
Quando tenha havido erro na descrição dos bens in-ventariados, permite o art. 656 do NCPC a sua
correção nos mesmos autos do inventário, desde que haja acordo unânime entre os interessados. Nessa
hipótese, o trânsito em julgado da sentença da partilha não será óbice à rea-bertura do processo para
tomar-se por termo a retificação dos bens partilhados, que será submetida a nova sentença
homologatória. Os primitivos formais (se já expedidos) serão recolhidos e substituídos por outros, que se
adap-tem à emenda ou retificação. Havendo discordância de um ou alguns herdeiros, impossível será a
medida do art. 656. Somente por via de ação ordinária ou rescisória será cabível a declaração e
saneamento do erro cometido no inventário e partilha.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Partilha: nulidade, anulabili-dade e rescindibilidade, RP 45/218; Rodrigo
Santos Ne-ves, Meios processuais de impugnação da partilha da he-rança, RDPr 35/272; Rodrigo
Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno
Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
CPC/1973
Art. 1.030.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 966 a 975 (ação rescisória).
BREVES COMENTÁRIOS
Procurando eliminar velha divergência a respeito da ação cabível para rescindir a partilha
homologada em juízo, o novo Código de Processo Civil fez uma distin-ção entre as hipóteses de anulação
e as de rescisão de partilha, segundo os termos dos arts. 657 e 658. Dessa maneira ficou claro que a ação
de anulação, prescritível em um ano, é cabível apenas diante da partilha amigável (art. 657). Quanto à
partilha judicial, sob a autoridade da res iudicata, só se admite sua desconstituição por meio da ação
rescisória (art. 658). O que, fundamentalmente, distingue a partilha amigável da judicial é a natureza da
intervenção do juiz: a amigável é apenas homologada por sentença; a partilha é fruto da autonomia da
vontade exercitada num autêntico “negócio jurídico resultante do acordo de vontades dos interessados”,
como anota Or-lando Gomes (Orlando Gomes, Sucessões, 1ª ed., Rio, Forense, 1970, nº 256, p. 332).
Daí que a rescisão não se volta contra a sentença, mas contra o negócio ultimado entre os coerdeiros, e o
fundamento da ação ordinária será um daqueles que dizem respeito à nulidade ou anulabili-dade dos
negócios jurídicos em geral. Quanto à partilha judicial, sua base não é a vontade das partes, e sim do
juiz. Dentro de um processo contencioso, o juiz pode e deve ouvir as partes; pode mesmo acolher a
vontade de uma delas e até obter delas um pronunciamento uniforme sobre a matéria a deliberar. A
solução final, todavia, será o fruto de sua autoridade judicante.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Seção IX
Do Arrolamento
Art. 659. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos da lei, será
homologada de plano pelo juiz, com obser-vância dos arts. 660 a 663.
§ 1º O disposto neste artigo aplica-se, também, ao pedido de adjudicação, quando houver
herdeiro único.
§ 2º Transitada em julgado a sentença de homologação de partilha ou de adjudicação, será
lavrado o formal de partilha ou elaborada a carta de adjudicação e, em seguida, serão expedidos os
alvarás referentes aos bens e às rendas por ele abrangidos, intimandose o fisco para lançamento
administrativo do imposto de transmissão e de outros tributos porventura incidentes, conforme
dispuser a legislação tributária, nos termos do § 2º do art. 662.
CPC/1973
Art. 1.031.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, art. 2.015 (formas de partilha amigável).
CTN, art. 192 (obrigatoriedade da quitação tributá-ria em Juízo).
BREVES COMENTÁRIOS
A utilização da via notarial não é uma imposição da lei, mas uma faculdade aberta aos
sucessores,que, se preferirem, poderão continuar a utilizar o procedimento judicial para obter a
homologação do acordo de partilha, observando o rito dos arts. 659 a 663. Se tal acontecer, a partilha
consensual não dependerá das exigências formais traçadas pelo art. 610 e ss. para o inventário e partilha
administrativos. A divisão amigável poderá constar de petição, termo nos autos ou mesmo de escritura
pública, a qual não estará obviamente condicionada à participa-ção de advogado. As partes serão
assistidas em juízo por advogado ou defensor público, ao postularem a homolo-gação prevista no art. 659
e não necessariamente no ato notarial, já que este não terá sido praticado com o fim de excluir o processo
judicial. A existência de testamento a cumprir e a presença de interessado incapaz na sucessão impedem
o inventário por escritura pública. A validade do ato notarial dependerá, ainda, de estarem todas as
partes assistidas por advogados ou defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão
obrigatoriamente de escritura (art. 610, § 2º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II; Francisco José Cahali et
al., Escrituras públicas: separação, divórcio, inventário e partilha consensuais: análise civil,
processual civil, tributária e notarial, Re-vista dos Tribunais.
CPC/1973
Art. 1.032.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 618 (atribuições do inventariante).
BREVES COMENTÁRIOS
O novo Código de Processo Civil, em seus arts. 659 a 667, cuida de procedimentos simplificados
para certos tipos de inventário, criando uma espécie de procedimentos compactos, em que grande parte
das solenidades e termos do rito comum dos artigos antecedentes é eliminada, tor-nando o feito mais
célere e econômico. O modelo adotado pelo novo Código é o mesmo constante do CPC/73, que teve essa
parte profundamente modificada, mediante a Lei nº 7.019, de 31.08.1982, que deu para dar nova redação
a toda seção do arrolamento, descrita nos arts. 1.031 a 1.038.
Antes, a legislação codificada já havia sofrido um certo impacto por meio da Lei nº 6.858, de
24.11.1980, que dis-pensara o inventário ou arrolamento para percepção, pelos dependentes, de
vantagens econômicas deixadas pelo de cujus no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e no
Fundo de Participação do PIS-PASEP, bem como para levantar ou receber, em iguais circunstâncias,
restituições de imposto de renda e outros tributos, saldos bancários, cadernetas de poupança e fundos de
investimentos de va-lor igual ou inferior a 500 ORTN.Com o advento da Lei nº 7.019, a dispensa de
inventário ou arrolamento para as hipóteses da Lei nº 6.858 passou a figurar expressamente no texto do
art. 1.037 do Código, disposição que foi mantida no art. 666 do NCPC. Hoje, a par dos casos de
dispensa do inventário (Lei nº 6.858), o rito simplificado do arro-lamento é observado em duas hipóteses
distintas, a saber:
(a) quando os herdeiros optam pela partilha amigável, qualquer que seja o valor do espólio (art.
659); e
(b) quando o valor do acervo a partilhar não ultrapassa 1.000 (mil) salários-mínimos (art. 664).
O procedimento simplificado do arrolamento terá ca-bimento também no caso de herdeiro único
(art. 659, § 1º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dan-tas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Humberto Theo-doro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II.
Art. 661. Ressalvada a hipótese prevista no parágrafo único do art. 663, não se procederá à
avaliação dos bens do espólio para nenhuma finalidade.
CPC/1973
Art. 1.033.
BREVES COMENTÁRIOS
O procedimento a observar pode ser assim resumido: (a) a petição inicial será formulada em nome
de todos os interessados, e será acompanhada da certidão de óbito do inventariado; conterá a descrição
de valor dos bens do espó-lio bem como a declaração dos títulos dos herdeiros; nela se fará, ainda, a
designação do inventariante, e formular-se-á o pedido de sua nomeação; (b) estando em ordem a petição,
o juiz nomeará o inventariante; (c) será, então, apresentada a partilha amigável, por escritura pública, por
termo ou por documento particular (a partilha pode ser anexada à petição inicial ou pode, até mesmo,
estar contida nos próprios ter-mos da inicial) (art. 659). Se se tratar de herdeiro único, sim-plesmente
será requerida a adjudicação dos bens descritos na inicial (art. 659, § 1º). Se se utilizar a escritura
pública, sua lavratura não dependerá de todas as exigências do art. 610, tornando-se dispensável, por
exemplo, a presença de advogado no ato notarial, já que a partilha só se aperfei-çoará, dentro dos autos,
com a homologação judicial; esta sim dependerá de estarem todas as partes representadas por advogado
no processo; (d) em seguida homologará o juiz a partilha, ou deferirá a adjudicação, independentemente
de vista à Fazenda Pública e de recolhimento do imposto de transmissão (arts. 659 e 662, § 2º).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense.
CPC/1973
Art. 1.034.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 659, § 2º (expedição do formal após pa-gamento dos tributos).
BREVES COMENTÁRIOS
Para a homologação da partilha, exige-se a prova de quitação dos tributos incidentes sobre os bens
que inte-gram o espólio e seus rendimentos, em regra anteriores à sucessão, mas que eventualmente
podem ter incidido posteriormente. Observe-se o art. 659, caput. O imposto de transmissão causa mortis
não é exigência a ser obser-vada para a homologação da partilha amigável, mas para a subsequente
expedição do formal de partilha, conforme se deduz do § 2º do art. 659 combinado com o § 2º do art.
662.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; Sebastião Luiz Amorim e Euclides Benedito de Oliveira, Inventá-rios e partilhas: direito das
sucessões: teoria e prática, Leud; Orlando de Souza, Partilhas amigáveis: comentá-rios à Lei nº 7.019,
31 de agosto de 1982, que alterou o Código de Processo Civil, para simplificar o processo de
homologação judicial da partilha amigável e da partilha de bens de pequeno valor, Saraiva.
CPC/1973
Art. 1.035.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 630 a 636 (avaliação), 642, §§ 2º a 4º (pagamento das dívidas exigíveis), 644 (dívidas
não vencidas).
BREVES COMENTÁRIOS
Da sentença homologatória da adjudicação cabe ape-lação.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; Pontes de Miranda, Comentários ao CPC, Forense, 1977, tomo XIV, p. 287.
Art. 664. Quando o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 1.000 (mil) salários--
mínimos, o inventário processar-se-á na forma de arrolamento, cabendo ao inventariante nomeado,
independentemente de assinatura de termo de compromisso, apresentar, com suas declarações, a
atribuição de valor aos bens do espólio e o plano da partilha.
§ 1º Se qualquer das partes ou o Ministério Público impugnar a estimativa, o juiz nomeará
avaliador, que oferecerá laudo em 10 (dez) dias.
§ 2º Apresentado o laudo, o juiz, em audiên-cia que designar, deliberará sobre a partilha,
decidindo de plano todas as reclamações e mandando pagar as dívidas não impugnadas.
§ 3º Lavrar-se-á de tudo um só termo, assinado pelo juiz, pelo inventariante e pelas partes
presentes ou por seus advogados.
§ 4º Aplicam-se a essa espécie de arrolamen-to, no que couber, as disposições do art. 672,
relativamente ao lançamento, ao pagamento e à quitação da taxa judiciária e do imposto sobre a
transmissão da propriedade dos bens do espólio.
§ 5º Provada a quitação dos tributos rela-tivos aos bens do espólio e às suas rendas, o juiz
julgará a partilha.
CPC/1973
Art. 1.036.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 358 a 368 (audiência).
BREVES COMENTÁRIOS
Em função do pequeno valor dos bens, o rito do in-ventário pode ser simplificado,
independentemente de acordo geral dos herdeiros (NCPC, art. 664). Mas aqui, ao contrário do que se
passa no arrolamento sumário do art. 659, não está excluída a hipótese de divergências e de um
contencioso entre as partes. A simplificação do rito, por isso, é menor e bem menos significativa.A
escolha do inventariante, por exemplo, observará a ordem de pre-ferência legal, mas o compromisso fica
dispensado (art. 664). Nas próprias declarações, o inventariante nomeado descreverá e avaliará os bens,
e apresentará o plano de partilha (art. 664). Os herdeiros terão de ser citados, na forma do art. 626, para
se manifestarem sobre as decla-rações (art. 627) e se todos se manifestarem de acordo o julgamento da
partilha pode ser desde logo proferido, desde, porém, que seja comprovada a quitação dos tributos
relativos aos bens do espólio e às suas rendas (art. 664, § 4º). No arrolamento comum também o
lançamento e re-colhimento do imposto de transmissão serão processados administrativamente (§ 4º). O
julgamento da partilha ou da adjudicação, porém, será feito após a quitação do tributo devido, como se
deduz do § 5º do art. 664.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 665. O inventário processar-se-á também na forma do art. 664, ainda que haja
interessado incapaz, desde que concordem todas as partes e o Ministério Público.
BREVES COMENTÁRIOS
A presença de incapazes entre os herdeiros não afasta o procedimento do art. 664. Impõe, porém, a
citação do Ministério Público para funcionar na causa. Além disso, é necessário que todas as partes e o
Ministério Público concordem com a ação do arrolamento (art. 665).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 1.037.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
Arts. 1º e 2º da Lei nº 6.858/1980 e Decreto nº 85.845/1981.
BREVES COMENTÁRIOS
Os valores mencionados no art. 666, se houver dú-vida ou resistência de quem os detenha, serão
objeto de autorização judicial (alvará, ofício etc.) pleiteada em simples requerimento avulso, sem
depender, portanto, de abertura de inventário e arrolamento. Os interessados comprovarão apenas a
qualidade de herdeiros ou depen-dentes do falecido.
Os valores em questão são os seguintes: saldos do FGTS e PIS-PASEP, restituições de imposto de
renda e outros tributos recolhidos por pessoa física, saldos ban-cários e de cadernetas de poupança, e
fundos de investi-mentos de valor até 500 ORTNs.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
CPC/1973
Art. 1.038.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Seção X
Disposições Comuns a Todas as Seções
Art. 668. Cessa a eficácia da tutela pro-visória prevista nas Seções deste Capítulo:
I – se a ação não for proposta em 30 (trinta) dias contados da data em que da decisão foi
intimado o impugnante, o herdeiro excluído ou o credor não admitido;
II – se o juiz extinguir o processo de inven-tário com ou sem resolução de mérito.
CPC/1973
Art. 1.039.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, arts. 309 (medidas cautelares; cessação da eficácia), 628 (procedimento do preterido no
inventário), 643, parágrafo único (separação de bens).
BREVES COMENTÁRIOS
Trata-se, em primeiro lugar, de aplicação ao juízo su-cessório da regra geral do art. 309, I, que, de
maneira am-pla, prevê a cessação de eficácia de toda medida cautelar preparatória, quando a parte não
intenta a ação principal no prazo de trinta dias, fixado pelo art. 308.
É que as medidas preventivas são tomadas sumaria-mente, sem uma certeza a respeito do direito da
parte. Criam um constrangimento para o adversário que não pode perdurar indefinidamente. Urge, por
isso, em prazo curto, instalar o processo de mérito para alcançar-se a solução definitiva do conflito. As
medidas cautelares só se justificam pela contribuição que podem prestar à efi-cácia do processo
principal. Daí a assinação de um prazo decadencial para que a questão de mérito seja deduzida em juízo.
A inobservância desse prazo induz desinteresse da parte pela excepcional tutela preventiva com que foi
beneficiada. A cessação da medida preparatória, então, ocorrerá de pleno direito.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
I – sonegados;
II – da herança descobertos após a partilha;
III – litigiosos, assim como os de liquidação difícil ou morosa;
IV – situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário.
Parágrafo único. Os bens mencionados nos incisos III e IV serão reservados à sobrepartilha sob
a guarda e a administração do mesmo ou de diverso inventariante, a consentimento da maioria dos
herdeiros.
CPC/1973
Art. 1.040.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
CC, arts. 1.992 a 1.996 (sonegação de bens); NCPC, art. 240 (efeitos da citação válida).
BREVES COMENTÁRIOS
Sobrepartilha é uma nova partilha, referente ao mesmo espólio, de bens que, por qualquer motivo,
ficaram fora da descrição no inventário, ou fora da partilha geral já realizada (Itabaiana de Oliveira,
Tratado do Direito das Sucessões, nº 958, p. 909). Segundo o disposto no art. 669 do NCPC, ficam
sujeitos à sobrepartilha:
(a) os bens sonegados, isto é, os que foram ocultados ou desviados dolosamente do processo
sucessório (inc. I);
(b) os bens desconhecidos ao tempo da partilha e que só vieram a ser descobertos depois de sua
homologação (inc. II);
(c) os bens litigiosos e os de liquidação difícil ou morosa (inc. III);
(d) os bens situados em lugar remoto da sede do juízo onde se processa o inventário (inc. IV).
Por bens litigiosos entendem-se aqueles cuja posse ou domínio do espólio se acha envolvido em
disputa judicial. Para que o inventário não fique longamente paralisado, os bens não litigiosos podem ser
desde logo partilhados, reservando-se os controvertidos para uma partilha com-plementar, depois de
resolvida a pendência judicial que os envolve. Bens de liquidação difícil ou morosa são aque-les que se
encontram em zonas remotas, longe da sede do inventário, e que, por isso, dependem de diligências e
precatória de cumprimento demorado. São, ainda, aqueles que, por sua própria natureza, reclamam
operações com-plexas, como, por exemplo, a liquidação de sociedade ou a apuração de haveres do
morto em pessoa jurídica de que era sócio.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Pro-cesso Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II.
CPC/1973
Art. 1.041.
BREVES COMENTÁRIOS
Após a criação do inventário e partilha por via ad-ministrativa, que no NCPC encontra-se
regulamentado no art. 610, §§ 1º e 2º, a sobrepartilha é remédio que se pode utilizar tanto em relação aos
processos sucessórios judiciais como aos casos de atos notariais. Naturalmente, se não concorreram as
condições para a partilha extraju-dicial, a sobrepartilha também será processada em juízo. Se, porém, a
partilha primitiva se der administrativamente, nada impedirá que a sobrepartilha também se ultime por
meio da escritura pública prevista no art. 610, § 1º. Até mesmo quando a primeira partilha tenha sido
feita conten-ciosamente, pode acontecer que na fase de sobrepartilha sobrevenha consenso geral entre os
interessados. Pode-rão, perfeitamente, realizá-la por via notarial, se nenhum incapaz figurar entre eles.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dan-tas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Humberto Theo-doro Jr. Curso de direito processual civil, Forense, v. II.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA
NCPC, art. 72, I (curador especial do incapaz).
BREVES COMENTÁRIOS
Para integrar a relação processual do juízo sucessório exige-se, naturalmente, a capacidade dos
interessados, ou o seu suprimento através da assistência ou da representa-ção. Pode acontecer, porém,
que o incapaz não disponha, ainda, de uma pessoa legalmente investida no múnus da representação. Para
essa emergência, autoriza o art. 72, I, que o juiz nomeie um curador especial (curador à lide), apenas
para os atos do processo. Igual curador deverá nomear o juiz do inventário ou do arrolamento, quando o
herdeiro incapaz e seu representante estiverem concor-rendo, com direitos próprios, na partilha da
herança (art. 671, II). Dar-se-á, também, curador especial ao ausente e ao citado por edital que
permaneça revel, enquanto não for constituído advogado (arts. 72, II, e 671, I).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dantas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015.
Art. 672. É lícita a cumulação de inven-tários para a partilha de heranças de pessoas diversas
quando houver:
I – identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens;
II – heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros;
III – dependência de uma das partilhas em relação à outra.
Parágrafo único. No caso previsto no inciso III, se a dependência for parcial, por haver outros
bens, o juiz pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse das partes ou à
celeridade processual.
CPC/1973
Art. 1.043.
BREVES COMENTÁRIOS
Prevê o novo Código três casos de cumulação de in-ventários destinados a partilha de heranças de
pessoas di-versas (art. 672), quando houver: (a) identidade de pessoas entre as quais devam ser
repartidos os bens (inciso I); (b) heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros (inciso II); (c)
dependência de uma das partilhas em re-lação à outra (inciso III).
O primeiro caso refere-se à hipótese de partilha de bens de diferentes heranças a pessoas comuns,
ou seja, aos mesmos herdeiros, sucessores e demais interessados. É o que se passa, por exemplo, com a
morte de mais de uma pessoa, tendo todas efetuado disposições testamentárias em favor dos mesmos
sucessores (inciso I).
Poderá haver ainda cumulação se for necessário inven-tariar bens deixados pelos dois cônjuges ou
companheiros (inciso II). Nesse caso, não importa que haja bens novos a inventariar em razão da morte
do segundo cônjuge. Se, porém, houver herdeiros diferentes nas duas heranças, não será possível a
cumulação. Admitida a cumulação, o inventariante será um só para os dois inventários e não haverá
necessidade de renovar as declarações do inventa-riante, pois as primeiras prevalecem, assim como o
laudo de avaliação. Se houver, porém, alteração dos valores que comprometa a partilha, mormente
quando, no caso de cônjuges, ocorra inclusão de bens novos, necessária se tornará a avaliação de todos
os bens das duas heranças (art. 673). A reunião dos inventários, todavia, somente cabe se o primeiro
deles ainda não se encerrou, tanto na hipótese do inciso I como na do inciso II.
De acordo com o inciso III do art. 672, é licita tam-bém a cumulação de inventários se a realização
de uma partilha depender de outra. Ocorre, por exemplo, quando falece um dos herdeiros antes do
término do inventário. Nesse caso, nem sempre se observará a cumulação dos inventários, pois prevê o
NCPC que se a dependência for parcial, por haver outros bens, poderá o juiz ordenar a tramitação
separada do segundo inventário, se melhor convier ao interesse das partes ou à celeridade processual
(parágrafo único).
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II; Rodrigo Ramina de Lucca,
In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Tala-mini, Bruno Dantas, Breves
comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
Art. 673. No caso previsto no art. 672, inciso II, prevalecerão as primeiras declara-ções, assim
como o laudo de avaliação, salvo se alterado o valor dos bens.
CPC/1973
Art. 1.045.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Rodrigo Ramina de Lucca, In: Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini,
Bruno Dan-tas, Breves comentários ao novo Código de Processo Civil, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Humberto Theo-doro Jr., Curso de direito processual civil, Forense, v. II.
Capítulo VII
DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
Art. 674. Quem, não sendo parte no pro-cesso, sofrer constrição ou ameaça de constri-ção
sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constri-tivo, poderá
requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
I – o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação,
ressalvado o disposto no art. 843;
II – o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da
alienação realizada em fraude à execução;
III – quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da persona-
lidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;
IV – o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de
garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos.
CPC/1973
SÚMULAS
Súmula do STF:
nº 621: “Não enseja embargos de terceiro à penhora a promessa de compra e venda não inscrita no
registro de imóveis”. Observação: o STJ, supervenientemente, adotou entendimento oposto, com a
edição da Súmu-la nº 308.
Súmulas do STJ:
nº 84: “É admissível a oposição de embargos de ter-ceiro fundados em alegação de posse advinda
do com-promisso de compra e venda de imóvel, ainda que des-provido do registro”.
nº 134: “Embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado pode opor
embargos de terceiro para defesa de sua meação”.
nº 195: “Em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores”.
nº 303: “Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários ad-vocatícios”.
nº 308: “A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à
celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirente do imóvel”.
Súmulas do TFR:
nº 33: “O Juízo deprecado, na execução por carta, é o competente para julgar os embargos de
terceiro, salvo se o bem apreendido foi indicado pelo Juízo deprecante”.
nº 112: “Em execução fiscal, a responsabilidade pes-soal do sócio-gerente de sociedade por cotas,
decorrente de violação da lei ou excesso de mandato, não atinge a meação de sua mulher”.
nº 184: “Em execução movida contra sociedade por cotas, o sócio-gerente, citado em nome próprio,
não tem legitimidade para opor embargos de terceiro, visando li-vrar da constrição judicial seus bens
particulares”.
BREVES COMENTÁRIOS
Ultrapassando o limite da responsabilidade executiva do devedor (art. 789), e sendo atingidos bens
de quem não é sujeito do processo, comete o poder jurisdicional esbulho judicial, que, evidentemente,
não haverá de prevalecer em detrimento de quem se viu, ilegitimamente, prejudicado pela execução
forçada movida contra outrem. Daí a exis-tência dos embargos de terceiro, remédio processual que a lei
põe à disposição de quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre
bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo (art. 674). Enquanto,
na intervenção assistencial, o terceiro se intromete em processo alheio para tutelar direito de outrem, na
esperança de, indireta-mente, obter uma sentença que seja útil a seu interesse dependente do sucesso da
parte assistida, nos embargos, o que o terceiro divisa é uma ofensa direta ao seu direito ou à sua posse,
ilegitimamente atingidos num processo entre estranhos. Na intervenção, portanto, o assistente apresenta-
se como titular de um direito dependente, que, sem estar em jogo no processo, pode ser indiretamente
prejudicado pela derrota da parte assistida. Nos embargos, a defesa é de um direito autônomo do
terceiro, estranho à relação jurídica litigiosa das partes do processo primitivo e que, a nenhum título,
poderia ser atingido ou prejudicado pela atividade jurisdicional.
INDICAÇÃO DOUTRINÁRIA
Humberto Theodoro Júnior, Curso de direito proces-sual civil, Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. II;
Humberto Theodoro Júnior, Fernanda Alvim Ribeiro de Oliveira, Ester Camila Gomes Norato Rezende
(coord.), Primeiras lições sobre o novo direito processual civil brasileiro, Rio de Janeiro: Forense,
2015; Fredie Didier Jr., Curso de di-reito processual civil, 17. ed., Salvador: JusPodivm, 2015, v. I;
Guilherme Rizzo Amaral, Comentários às alterações do novo CPC, São Paulo: Revista dos Tribunais,
2015; José Miguel Garcia Medina, Novo Código de Processo Civil comentado, São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2015; Daniel Amorim Assumpção Neves, Manual de direito processo civil, São Paulo:
Método, 2015; Luis Antônio Giampaulo Sarro, Novo Código de Processo Civil, São Paulo: Rideel, 2015;
Cássio Scarpinella Bueno, Manual de direito processual civil, São Paulo: Saraiva, 2015; Luiz
Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mi-tidiero, Curso de processo civil, São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2015, v. I; J. E. Carreira Alvim, Comentários ao novo Código de Processo Civil,
Curitiba: Juruá, 2015; Leonardo Greco, Instituições de processo civil: introdu-ção ao direito processual
civil, 5. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2015; Nelson Nery Junior, Rosa Maria de An-drade Ne