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J.P.

& Shane
AVRIL ASHTON

Revisão Inicial: Kiara K.


Revisão Final: Sininho
Leitura Final: Morgana
Edição e Arte: Florence
Pablo
Shane
Capítulo 1
O alarme soou quando Pablo entrou na casa silenciosa. Ele fechou a
porta, em seguida, rapidamente lidou com o sistema antes de acender as
luzes e olhar em volta. Três pares de tênis repousavam à direita do tapete de
boas-vindas e essa visão fez o que sempre fazia.
Fazia-o sorrir.

Trouxe a grande bolsa de ginástica com ele para a cozinha, acendendo


a luz antes de colocar a bolsa no balcão e abrir a geladeira. Ele levou a
caixa de suco de laranja até aos lábios.

Ele estava com sede pra caralho, com fome também, mas ele optou
por não parar para comer. Ele estava fora há cinco dias. Quatro longos dias
infernais também, se você perguntasse a ele. A viagem a Chicago deveria
ser um negócio de um dia, ajudando um cliente a lidar com a segurança em
seu novo hotel. O contrato era muito lucrativo e ele havia trabalhado para o
mesmo cliente quando abriu seu primeiro hotel aqui em Atlanta. Eles
voltaram, Pablo e o dito cliente, cada um devendo favores um ao outro.

Mas porra, ele não tinha planejado ficar longe por tanto tempo.

Deixar sua família sozinha por dias a fio não era algo que ele fazia
com frequência.

Ele colocou o suco de laranja de volta na geladeira e saiu da cozinha,


subindo as escadas. Ele não foi para o quarto principal, parando primeiro
na porta de Easton, entreaberta. Ele empurrou-a toda aberta e ficou na porta
por um segundo, rindo baixinho.

Cantinho de Livros
A lâmpada de cabeceira emitia uma luz azul suave, a cor favorita de
Easton, iluminando o quarto apenas o suficiente para Pablo distinguir as
duas figuras na cama.

Eles estavam dormindo, seus homens.

Easton estendeu-se de costas, braços e pernas esticadas, afastou-se do


travesseiro e posicionou-se num ângulo estranho, com o pijama da Patrulha
Canina1 quase arrancado. O filho deles começou a se despir durante o sono
na maioria das noites.

Shane estava empoleirado na beira da cama, o corpo curvado


protetoramente na direção de Easton, um livro aberto em seu colo, a cabeça
pendendo para o lado. Sorrindo, Pablo foi até eles, ajeitando a posição de
Easton, colocando sua cabeça no travesseiro e dando um beijo na testa.

— Boa noite, parceiro.

Shane se mexeu, quase caindo da cama. — Hmm? O qu...

Pablo removeu o livro, colocando-o de volta na estante, se inclinou


para a cabeceira de Easton e segurou o queixo de Shane. — Ei, menino
bonito.

Olhos sonolentos piscaram para ele. — J.P.

— Sim. — Ele roçou seus lábios sobre os de Shane. — Estou em casa.

Quando Shane sorriu... Porra, quando ele sorria, Pablo queria caçar
qualquer um que tivesse testemunhado isso antes dele. — Posso levá-lo
para a cama? — Ele perguntou suavemente.

— Sim, por favor.

Então ele pegou seu homem em seus braços e fez exatamente isso,
colocando-o suavemente em sua cama. Shane permaneceu meio
adormecido, rolando de bruços para gemer no travesseiro. Pablo sorriu e
começou a despi-lo. Primeiro suas meias e camiseta, então ele teve que

1
Série infantil.

Cantinho de Livros
colocar Shane de costas para abrir a fivela do cinto, desfazendo isso e
puxando sua calça jeans para baixo e para fora. Deixou-o em sua cueca
preta e cinza, antes de tirar suas próprias roupas e entrar na cama.

Shane rolou para ele, o rosto enterrado na base da garganta de Pablo,


um braço em volta da cintura. Não importava o quanto as camas do hotel
fossem de primeira linha, elas não vinham com travesseiros cheirando
como o homem dele e um corpo quente colado ao dele. A posição era louca
e o calor do corpo de Shane o fez suar, mas Pablo dormiu melhor do que
ele tinha dormido em dias.

Quando ele abriu os olhos em seguida, seu braço direito estava


dormente e o sol estava alto. O relógio digital na mesinha de cabeceira
marcava 08:08. Shane roncava ao lado dele, ele se afastou com cuidado e
se vestiu, escovando os cabelos e lavando o rosto antes de ir para Easton. O
garoto estava saindo de seu próprio banheiro quando Pablo entrou e quando
ele viu seu pai, gritou correndo para ele.

— Pai! — Braços minúsculos envolveram os joelhos de Pablo quando


Easton o segurou com força e olhou para ele. — Papai, você está de volta!
— Seu filho tinha dez anos de idade, mas parecia que ele ficava mais alto a
cada maldito dia.

Pablo segurou sua nuca e sorriu. — Eu estou. — Ele se agachou,


puxando seu filho em seus braços. — Eu senti tanto a sua falta e do papai.

Easton se afastou, olhando para ele com olhos sérios, muito parecidos
com os de Shane. — Papai disse que você estava trabalhando. Você fez
todo o seu trabalho?

— Eu fiz. — Pablo assentiu.

O rosto de seu garotinho ficou sério e ele relaxou seu abraço em


Pablo. — Você tem que sair de novo? Porque eu não gosto quando você sai.

Porra. — Eu também não gosto, amigão. — Ele bagunçou o cabelo


escuro encaracolado de Easton. — Que tal eu prometer isso a você: Nunca
sairei novamente. OK?

Cantinho de Livros
Os olhos de Easton se arregalaram. — Mesmo? Você promete?

— Seu pai mantém suas promessas?

Seu filho assentiu solenemente. — Sim.

Apertando o rosto, Pablo beijou sua testa. — Então eu prometo nunca


deixar você e papai sozinhos novamente. Agora, você quer ir comigo tomar
um café da manhã?

— Sim. — Easton deu um soco no ar. — Podemos ter panquecas?

— Sim. — Ele apontou para o armário. — Troque o seu pijama


enquanto eu digo ao seu pai que vamos sair.

— Sim!

Easton se virou e Pablo saiu do quarto com um sorriso. Shane ainda


estava dormindo quando ele entrou novamente no quarto deles. Ele subiu
de volta na cama, colocando seus lábios no ouvido de Shane. — Shane.

— Huh? — Shane levantou a cabeça, batendo no queixo de Pablo,


fazendo-o morder sua língua.

— Porra! — Ele caiu para trás, segurando o rosto.

— Oh merda! — Shane o agarrou. — Eu sinto muito.

A dor surpreendeu Pablo, deixando-o deitado de costas, piscando para


o teto. A cama mergulhou e o rosto cheio de desculpas de Shane apareceu
acima dele. — Querido, me desculpe. Você está bem? — Preocupação
enrugou sua testa.

— Eu estava, até você tentar me matar. — Ele balançou a cabeça com


um sorriso. Levando a mão para a cabeça de Shane, ele o guiou para baixo.
— Venha aqui e me beije para melhorar.

Shane subiu, colocando seu peso sobre ele, a dureza pressionando


apenas nos lugares certos quando seus lábios se encontraram. Depois de
quase uma semana sem a boca de Shane, Pablo não estava prestes a deixar

Cantinho de Livros
algo como uma língua dolorida impedi-lo de colocar tudo lá dentro. Ele não
sabia como ser gentil naquele momento. Ele ficou excitado rapidamente,
chupando Shane, seu marido se contorcia com movimentos rápidos e
ásperos de sua língua, os dedos causando dor onde se agarravam a ele.

De boca aberta.

Pernas se espalhando mais.

Shane gemeu e Pablo estremeceu sob ele, levantando os quadris para


apertar mais contra sua ereção. Ele estava com fome, tinha ficado sem tudo
isso por tanto tempo. Um dos joelhos de Shane se moveu, não tão
gentilmente contra as bolas de Pablo e ele gemeu feliz. Maldição. Se
Easton não estivesse lá fora, esperando por ele, estaria de bruços agora.

Bunda para cima.

Juro por Deus.

— Papai? — Como se ele tivesse sido conjurado, a voz de Easton veio


de fora do quarto, seguida por uma batida na porta. — Pai, eu estou pronto.

Shane o soltou com um beijo molhado e Pablo o agarrou, arrastando-o


de volta, tomando sua boca novamente, fodendo-o com a língua
machucada.

— Mmm. — Shane se afastou com os olhos encobertos e os lábios


molhados. — Indo para algum lugar?

— Eu estava levando-o para tomar café da manhã. — Pablo passou a


mão sobre a cabeça de Shane. — Mas eu não tenho nenhum problema em
deixar você me ter em seu lugar.

Shane sorriu e rolou de cima dele. — Vá alimentar a pobre criança.

— Mas você vai me ter, certo? — Ele acariciou-se através de seu


jeans. — Porque eu estou morrendo aqui, querido.

— Pai! — Easton bateu na porta

Cantinho de Livros
— Entre, — Shane gritou e a porta se abriu imediatamente, a cabeça
de Easton aparecendo. — Venha até aqui, garoto. — Ele deu um tapinha na
cama.

Pablo ficou chateado.

Easton se juntou a eles. — Papai está me levando para tomar café da


manhã, — ele disse a Shane. — Você vem com a gente?

— Você quer que eu vá? — Shane o abraçou perto. — Ou isso é um


passeio de pai e filho?

Easton levou essa questão a sério, inclinando a cabeça e apertando o


lábio inferior com os dentes antes de responder. — Você pode vir. Certo,
papai?

— Oh, ele pode vir. — Pablo se aninhou em seus cotovelos para


encontrar o olhar de Shane. — Assim que ele responder a pergunta que
acabei de fazer. — Ele piscou.

Shane ficou vermelho. — Você sabe a resposta para isso.

— Mas eu preciso ouvir você dizer isso.


Easton olhou para trás e para frente entre eles em confusão. Shane
revirou os olhos, sorrindo. — É um sim. Sempre sim.
Porra, sim. — Tudo bem, garotos. Vamos comer.

Cantinho de Livros
Capítulo 2
— Oi. — Pablo olhou para o relógio antes de encontrar o olhar do
homem sentado à mesa, esperando por ele com o rosto mais impassível de
todos. — Você está esperando há muito tempo? — Ele deslizou para a
cadeira vazia no lado oposto.

— Não muito tempo. — Preacher balançou a cabeça antes de se sentar


de volta. — Você quer ir direto aos negócios ou...

— Aos negócios. Meu filho tem uma festa do pijama mais tarde. Eu
tenho que deixá-lo depois disso. — Se foi estranho para Preacher ouvir
Pablo falar sobre seu filho, seu velho amigo não demonstrou. Inferno, às
vezes era estranho que Pablo estivesse realmente vivendo isso, mas estava
tudo bem. Ele e Preacher se conheciam desde quando o outro homem ainda
roubava e andava pelas ruas junto com sua gangue. Agora, eles tinham um
relacionamento comercial público em que Pablo fazia consultoria sobre
segurança para todos os hotéis Preacher, como a que ele acabara de
concluir fora da cidade. Seu relacionamento privado era o mais
interessante.

Tomando um gole do vinho tinto que estava em sua frente, Preacher


respirou profundamente. Pablo o conhecia bem o suficiente para
reconhecer qualquer tipo de emoção que ele mostrasse. — Eddie Montoya.

Pablo piscou. — Agora, esse é um nome interessante. — Eddie


costumava comandar uma gangue no Bronx.

A última vez que Pablo ouviu sobre ele, foi que seu negócio havia
crescido muito e prontamente entregou a liderança para seu irmão, antes de
sumir nas sombras. — O que tem ele?

— Eu quero saber tudo o que você sabe sobre ele. — Preacher se


inclinou para frente, ligando os dedos em cima da mesa. Eles estavam
dentro do restaurante de quatro estrelas localizado no telhado do hotel

Cantinho de Livros
Preacher em Midtown. Apenas os dois ocupavam o local, mesmo o cara
silencioso que escoltou Pablo do estacionamento através de um elevador
secreto desaparecera sem um som.

Pablo inclinou a cabeça, estudando o amigo. — O que está


acontecendo?

— Quais são as suas fraquezas? — Perguntou Preacher. — Com quem


ele se importa? Preciso saber.

Com as mãos cruzadas, Pablo estreitou os olhos. — Por quê? —


Quando Preacher hesitou, Pablo avançou. — E seja porra direto. — Cada
um deles tinham segredos do outro que poderia trazer problemas se algum
dia viessem à tona, apesar de terem abandonado a vida do crime.

— Alguém que eu amo, ama ele.

Não era o que Pablo esperava ouvir. — E?

— E eu preciso estar preparado. Se ele machucar Bishop, ele machuca


toda a minha família e você me conhece. Essa merda não funciona para
mim.

— Espere. — Pablo levantou a mão. — Bishop? Eddie e Bishop? —


Quando Preacher assentiu, Pablo recostou-se pesadamente. — Cristo. E
você acha que Eddie será o único a machucar Bishop, e não o contrário? —
Pablo não conhecia Bishop tanto quanto conhecia o homem à sua frente,
mas sabia o suficiente para entender que o cara não era todo inocente.

Como… em tudo.

A mandíbula do Preacher endureceu e seus olhos escuros brilhavam.


— O que você pode me dizer sobre Eddie?

— Você sabe tanto quanto eu. Ele é um cara privado. Esposa, filhos
e... Ei. — Naquela última palavra algo lhe ocorreu. — Merda. Eddie sabe
sobre o assalto? — Porque se ele soubesse, a merda estava prestes a ficar
ruim.

Cantinho de Livros
— Não. — A boca de Preacher apertou. — Mas eu não posso garantir
que ele nunca vai descobrir.

— O inferno? O pau é tão bom assim? Porque o seu menino está para
nos foder. — Pablo foi o único a dar pistas para Preacher e sua equipe
sobre o carregamento de armas. Ele ajudou-os a roubar debaixo de Eddie e
seu pessoal. E Pablo tinha conseguido uma grande fatia dos lucros pelo
transtorno. — Você está bem com isso.

— Bishop quer Eddie, ele fica com Eddie. Meu trabalho é garantir que
ele esteja protegido. Que a família está protegida.

Como Pablo não fazia parte da dita família, ele estava fodido. — E
você quer que eu te dê munição para cobrir sua bunda enquanto a minha
bate ao vento. — Ele sorriu. — Eu acho que estou ofendido, P.

O outro homem apenas o observou. — Você pode se cuidar.

— Eu posso lidar com seu garoto também e foda-se as consequências.


Não pense que o nosso amiguinho isenta seu pessoal quando ele fizer
alguma merda que afeta diretamente minha carteira e minha família.

Preacher não se mexeu, mas o ar ficou nitidamente mais frio. — Isso


seria imprudente.

— Seu menino pulando no pau de Eddie Montoya em primeiro lugar


foi imprudente. — Pablo se inclinou para frente, sua metade superior quase
do outro lado da mesa quando ele chegou ao rosto do Preacher. — Você não
quer nenhum problema comigo. Você sabe como eu fico, a menos que... —
Ele sorriu. — Você estava esperando que o marido e a criança
significassem que eu tivesse sido domado? — Ele estalou a língua. —
Vamos lá, cara. Isso é imprudente.

— Nosso segredo está seguro, — ressaltou Preacher. — Eu farei tudo


o que puder para ter certeza de que continue assim, mas se não...

— Se isso não acontecer, significa que o seu filho delatou. E isso


significa que não posso confiar em você para manter nossos segredos, P. —

Cantinho de Livros
Levantando-se, Pablo olhou para o amigo com um aceno de cabeça. — Que
utilidade você tem para mim então?

Ele foi embora.


Ele e Eddie Montoya não eram inimigos, mas também não eram
amigos. Quando Pablo não dava a mínima para as consequências ou sobre
o futuro, ele estudou sobre um envio maciço de armas que Eddie tinha
passado por Chicago. A carga valia em torno de trinta milhões. Ele queria
entrar nisso, mas queria manter as mãos limpas, então ele procurou
Preacher. Dread and Terrible2 era o nome da sua gangue. Ladrões,
vigaristas e intocáveis. Ele deu os detalhes e fez uma oferta, e o roubo
daquelas armas aconteceu sem problemas. Anos, e ninguém tinha sido
descoberto, agora um daqueles homens que participaram do assalto era
fodido pelo Eddie.

Que porra é essa?

As armas perdidas custaram muito a Eddie. E isso? Não podia ser


varrido para debaixo do tapete, não importando quantos anos se passaram.
Ele não via Eddie não querer fazer merda alguma se descobrisse o que
realmente aconteceu.

Preacher e seus homens não estavam prestes a ser o motivo pelo qual
Pablo perderia tudo.

***

Quando ele chegou em casa, o carro de Shane estava na garagem e


barulhos altos vinham do quintal. Easton e seus amigos. Pablo entrou indo
direto para a cozinha, onde ouviu a água correndo.

Shane estava na pia, cortando legumes. Pablo foi até ele, passando os
braços pela cintura, enterrando o rosto na nuca de Shane.

2
Sentimento de medo, mas também pode ser o desejo de evitar alguma coisa. ... Como um
verbo, o medo significa "temer ou não querer que algo aconteça", como os alunos que não estudaram e,
como resultado, temem que seus testes sejam corrigidos. Como um adjetivo, o medo significa
"assustador ou aterrorizante", como um monstro terrível.

Cantinho de Livros
— Mmm. — Shane ficou parado para ele, inclinando a cabeça para
que Pablo pudesse acariciá-lo corretamente.

— Como foi a reunião?

— Vamos conversar mais tarde. — Quando ele pudesse fazer isso sem
querer quebrar alguma coisa. Pablo beijou sua orelha. — Como foi o
trabalho?

— O mesmo de sempre. A mesma coisa. — Shane trabalhava no


escritório de campo do FBI em Atlanta como parte da Equipe de
Recuperação de Evidências. Contanto que ele não estivesse fazendo
trabalho disfarçado, Pablo estava bem com isso.

Ele colocou um beijo alto no pescoço de Shane, em seguida, soltou-o,


se afastando para observá-lo. Ele já tinha cortado um monte de coisas.
Cenouras, pimentões, pepinos. — O que você está fazendo?
Shane olhou para cima e espiou pela janela em frente a eles,
observando o grande quintal cercado. Easton estava lá fora com duas das
crianças do bairro, brincando de pega-pega. — Você sabia que Jimmy e sua
família são veganos?
Jimmy era o melhor amigo de Easton da escola. — Não? Como você
sabe?
— Porque seu filho me disse. — Shane encontrou seu olhar, um
sorriso no rosto. — E porque ele decidiu que agora é vegano também.
— Porra? O mesmo garoto que temos que ameaçar para comer seus
grãos? — Pablo ficou boquiaberto.
— Certo? — Os lábios de Shane se torceram como se ele estivesse
tentando não rir. — Ele quer tentar isso, então esta noite, vamos sem carne.
— Espera. Eu também? — Pablo tocou seu peito, os olhos
arregalados. — Eu não concordei com isso.
— Você acha que estou fazendo isso sozinho? — Shane olhou para
ele. — Sim você também.
— As crianças são as piores.

Cantinho de Livros
— Porra. — Shane sorriu. — Exceto a nossa.
— Com certeza.

***

Easton deu uma olhada no arroz com casca de legumes que Shane fez
e decidiu que vegano talvez não fosse para ele. Pablo realmente queria ser
severo com o garoto e puni-lo por fazê-los desperdiçar a comida, mas
aquele rosto. Com os grandes olhos expressivos e bochechas rechonchudas,
era impossível dizer não para Easton.

Então Easton teria pizza.

Pablo e Shane comeram a comida, felizmente Shane não tinha feito


muito. Não foi tão ruim também. Depois do jantar, levaram Easton para a
festa do pijama na casa de Jimmy, o resto da pizza a reboque para que ele
pudesse compartilhar com os amigos.

De volta ao lar, com a casa para si, eles gravitaram para a cozinha,
trabalhando em conjunto para limpar e lavar a louça. Com as mãos até os
cotovelos na espuma e pratos sujos, Pablo compartilhou a conversa que
tivera com Preacher.

Ele disse a Shane tudo. Ele não escondia nada do seu homem.

— Qual é o próximo passo? — Shane perguntou quando Pablo


terminou. — Você apenas senta e espera para ver se a merda bate no
ventilador?

Pablo deu de ombros. — Não há nada que eu possa fazer no momento.


Existe uma possibilidade de Eddie não descobrir, mas se isso acontecer, eu
preciso que você esteja preparado. — Ele limpou as mãos em uma toalha e
tocou o queixo de Shane. — Farei o que for necessário para proteger nossa
família. Você entende?

Shane assentiu, lambendo os lábios. — Sim.

Eles tinham um acordo que Pablo não faria nada que pudesse colocar
em risco o trabalho de Shane. Já era ruim o suficiente que os ex-colegas de

Cantinho de Livros
trabalho de Shane na DEA3 lhe dessem um tempo difícil e praticamente o
forçou a sair por causa Pablo. Ele queria que Shane fosse feliz, trabalhando
o fazia feliz. Mas eles também concordaram que uma ameaça à sua família
significava um Pablo sem restrições. Ser domesticado não significava que
ele tinha esquecido o que significava ser ameaçador.

— Você vai ficar bem se isso acontecer? — Pablo perguntou


suavemente. Tendo que se preocupar com todas as decisões que ele
tomasse, Shane e Easton o desaceleraram o suficiente para pensar, o que
poderia ser bom e ruim.

— Sim. — Shane entrou em seus braços. — Nossa família vem em


primeiro lugar.

3
Drug Enforcement Administration / Administração de Repressão às Drogas: é um órgão de polícia
federal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos encarregado da repressão e controle de
narcóticos. O órgão foi criado em 1973. Seu mandato inclui a repressão doméstica ao narcotráfico e
crimes relacionados às drogas em geral, dividindo responsabilidades com o FBI, além de ser o único
órgão dos Estados Unidos encarregado de investigações do narcotráfico no exterior.

Cantinho de Livros
Capítulo 3
Beijar Shane, mesmo quando era apenas um encontro rápido de seus
lábios, sempre teve toda a atenção de Pablo. Não há meias medidas, não
quando se trata de colocar a boca em seu menino bonito. Ele fez isso agora,
braços enrolados em torno de Shane, segurando-o com força enquanto ele o
beijava no meio da cozinha.

Nada o mantinha tão concentrado quanto Shane pressionando contra


ele, seu beijo desesperado fazendo coisas para Pablo que ele não conhecia
até Shane. Uma mão em sua nuca manteve-o estável enquanto Shane
assumia, o filho da puta era suave, lambendo fundo e provando cada parte
do homem, mantendo Pablo viciado por todos esses anos. Ele gemeu, duro,
próximo da borda, discreto (ou talvez intenso) esfregando-se contra Shane e
estremecendo.

Shane gemeu em sua boca, unhas marcando a pele de Pablo,


provocando gemidos, fazendo seu pau preso atrás de seu zíper tremer e
latejar.

Foi Shane quem interrompeu o beijo de Pablo. — Nós vamos transar


essa noite.

Ainda assim, eles continuaram, porque os dedos trêmulos de Pablo já


estavam no zíper de Shane, liberando aquele lindo pau já vermelho e
pingando para ele. — Mesmo? — Ele agarrou Shane, que subiu na ponta
dos pés, a cabeça caindo para trás um pouco ansioso.

— Sim. Merda. — Shane assobiou quando Pablo apertou sua ereção


quente e latejante. — S-sim. — Ele abriu os olhos, a luxúria nadando
naquelas profundidades escuras. — E eu não vou ter que te amordaçar
dessa vez.

Cantinho de Livros
— Você pode, se quiser. — Pablo puxou o jeans e as roupas íntimas de
Shane até tirá-los e o outro homem os chutou, ficando diante de Pablo
apenas com a camiseta. Ele passou o polegar no pré-semen que saía da
fenda de Shane, trazendo aquele dedo à boca e chupando.

Os olhos de Shane brilharam e ele pegou a barra de sua camiseta,


puxando para cima e tirando-a, jogando de lado. Foi parar na pia.

Pablo sorriu.

— Você vai ficar nu? — Shane se acariciou, uma sobrancelha


levantada enquanto ele encarava Pablo com um olhar faminto.

— Não. — Voltando para perto de Shane, Pablo o beijou. Duro.


Profundo. — Vamos falar sobre você me amordaçando novamente. — Ele
mergulhou a mão entre eles, cobrindo o aperto de Shane com o dele. Juntos
acariciaram.

Vai e vem.

Para cima e para baixo.

Todo o tempo, Shane gemeu, alto pra caralho, corpo tremendo contra
o de Pablo. — J.P.

Pegando o lábio inferior de Shane entre os dentes, Pablo cantarolou.


Shane fodeu seu punho, enfiando-se rudemente no aperto de Pablo. Faz um
tempo desde que eles tiveram uma foda em algum lugar em sua casa que
não era o quarto deles com a porta fechada, a roupa de baixo de alguém na
boca para abafar todos os sons. Hoje em dia, Pablo estava bastante
familiarizado com o gosto da boxer e jockstraps4. Ele não odiava isso.

Cantinho de Livros
Eles não podiam foder silenciosamente mesmo se suas vidas
dependessem disso. Não Shane quando Pablo estava dentro dele.
Definitivamente não Pablo quando Shane o envolvia entre suas coxas.

— Você gosta de me amordaçar, não é? — Ele sussurrou contra os


lábios de Shane.

Os olhos de seu marido estavam fechados, mas com a pergunta, Shane


gemeu e seus olhos se abriram. Sua garganta moveu enquanto ele engolia.
— Da última vez você foi tão sonoro, Easton veio bater na porta.

A lembrança fez Pablo rir enquanto caía de joelhos na frente de Shane.


Olhando para cima, ele disse: — Não é minha culpa você ficar batendo
forte. — Um rubor cobriu o rosto e o pescoço de Shane e Pablo piscou para
ele antes de baixar a cabeça e sacudir a língua, lambendo a coroa de Shane.

Shane assobiou. Um aperto firme se instalou no topo da cabeça de


Pablo, forçando-o a avançar. Ele abriu a boca, fechou os olhos e quase
gozou quando o pênis de Shane deslizou entre os lábios.

Porra.

Ninguém tinha o direito de ter um gosto tão bom. Salgado, doce e um


pouco amargo, eles atingiram seu paladar e em um instante Pablo estava
babando tanto que a saliva escorreu pelo pênis de Shane e desceu pelo seu
queixo.

Inferno, sim.

Pablo desceu sobre ele, relaxando a garganta para que Shane pudesse
deslizar o mais profundo que quisesse. Então ele poderia foder a boca de
Pablo, quadris estalando furiosamente. Pablo segurou com uma mão o
quadril de Shane, e a outra ele usou para desfazer seu próprio zíper,
colocou a mão para dentro e puxou seu pau para foder seu punho.

— Deus. — Shane levou um punho à boca, suas pálpebras pesadas. —


Porra! J.P. — Ele entrou, com a mão no topo da cabeça de Pablo,
mantendo-o firme para deslizar por sua garganta, meteu fundo até os olhos
de Pablo estarem molhados.

Cantinho de Livros
Até que ele engasgou e soltou.

Ele ficou lá. Um fodido soldado quando se tratava daquele pau. Sua
garganta convulsionou em torno dele e ele puxou suas bolas, enfrentando
uma porra de bagunça com saliva voando com cada mergulho áspero feito
por Shane.

Ele continuou permitindo que Shane o usasse como quisesse. Seu pau
entrando na garganta, respirar facilmente não era uma opção no momento.
Ele esqueceu tudo sobre seu próprio pênis encharcando seus dedos. Dando
a Shane tudo lá no chão da cozinha. O ladrilho fodendo com os joelhos o
fazia deslizar, mas ele simplesmente segurou Shane mais apertado e tomou
as punitivas investidas que faziam sua cabeça estalar para trás.

Sua barriga se contraiu a cada golpe, a ereção ficou dolorosa, mas


Pablo não protestou.

Exceto quando Shane saiu de sua boca. O movimento foi tão súbito
que sua saliva cobriu o nariz de Pablo.

— Merda. — A voz de Shane era puro cascalho. — Maldito momento


que saí dessa garganta faminta.

Por que ele teve que fazer isso? Pablo gemeu e estendeu a mão
cegamente, agarrando o pênis molhado na frente de seu rosto, envolvendo a
base, levantando-se para colocar a boca de volta sobre ele. Recebendo em
sua garganta todo o caminho em torno dela novamente.

Mas Shane recuou até suas costas baterem no balcão.

Pablo olhou para ele. — Merda, o que você está fazendo? — Sua
garganta abusada deixou suas palavras baixa e rouca.

Shane lambeu os lábios, seus olhos selvagens. — Você quer isso?

Que tipo de pergunta era essa? Será que ele não tinha visto Pablo de
joelhos comendo aquele pau como se fosse um lanche depois do jantar? —
Você joga muito. — Ele permaneceu ajoelhado, com o pênis pendurando

Cantinho de Livros
sobre seu jeans, pingando pré-sêmen por todo o chão em que ele gastou
milhares de dólares.

Shane sorriu. — Venha pegar.

Maldição. Pablo foi até ele de joelhos. Colocando uma palma sobre o
torso nu de Shane, ele se inclinou para frente, cheirando o umbigo de
Shane, inalando-o antes de lançar um olhar estreito para o marido. — Você
tem sorte de eu precisar rastejar mais do que eu quero limpar esse sorriso
arrogante do seu rosto, menino bonito.

Porra sabia o que estava acontecendo. Ele acenou com um dedo e


Pablo se levantou, entrando em seus braços. Shane o beijou, a língua
devastando antes que Pablo tivesse um segundo para respirar.

Foda-se isso.

Ele se agarrou ao homem, os quadris rolando, sons necessitados


escapando de sua garganta machucada. — Menino bonito. — Ele adorava
colocar Shane de costas, ou de joelhos. Mas quando Shane fazia o mesmo
com ele? Pablo se sentia no maldito paraíso. Ele sabia e o mais importante,
Shane sabia disso também, e era por isso que ele tinha um frustrado Pablo
perto de escalar seu pau.

— Pegue o óleo. — Shane moveu o queixo na direção do armário


onde eles guardavam o óleo, e Pablo cambaleou ainda completamente
vestido, exceto pela coisa do pênis pendurado. Ele trouxe o óleo de volta,
entregando para Shane antes de desabotoar completamente o jeans. Eles
caíram ao redor de suas coxas.

Ele se inclinou sobre o balcão sem avisar, olhando por cima do ombro
para encontrar o olhar predatório de Shane em sua bunda, seus dentes no
lábio inferior.

— Você vai me foder ou não?

Shane segurou seu olhar enquanto ele derramava óleo em seus dedos,
em seguida, passando na entrada de Pablo. O líquido frio o fez suspirar.

Cantinho de Livros
Shane o violou. Um dedo. Pablo endureceu, respirando de repente
com um nó na garganta. — Isso? — Shane murmurou atrás dele. — Você
quer isso?

Dois dedos.

— Argh. — Pablo agarrou a borda do balcão. — Ah, merda. Sim. —


Ele empurrou para trás com cada centímetro que Shane empurrava para ele.
— Sim. Dê-me.

Shane puxou para fora.

Pablo ameaçou matá-lo.

Os dedos retornaram, junto com a risada de Shane. Escorregando,


deslizando, afundando profundamente e torcendo. Excitado, ele colocou
uma mão entre seu corpo e o balcão para apertar seu pênis.

— Você quer meu pau dentro de você? — Shane sussurrou. — Ou


meus dedos até você gritar e decorar nosso chão com seu esperma?

— Você quer morrer? — Pablo disse. Deve ser. Shane sabia que ele
não era de muita conversa, não quando a porra estava em causa. Por que
desperdiçar tempo com palavras quando poderiam gastá-lo montando um
ao outro?

Os dedos dentro dele aceleraram, cavando mais fundo, e ele inclinou


sua bunda o mais alto que pôde com seus jeans apertando seus
movimentos.

— Você sabe que eu morro quando entro em você. — A respiração de


Shane em sua orelha fez Pablo tremer, sua bunda se contraindo. — Seu
fogo me queima vivo. — Ele beliscou o lóbulo de Pablo. — É o meu jeito
favorito de morrer.

— Então entre em mim, menino bonito. — Pablo virou a cabeça,


pegando os lábios de Shane, chupando primeiro o superior, em seguida, o
inferior antes de soltá-lo com um pop molhado. — Deixe-me te matar com
isso.

Cantinho de Livros
Shane tomou sua boca com um rosnado, dedos desaparecendo,
engolindo o gemido de Pablo. Mas antes que ele tivesse a chance de sentir
a perda desses dedos, Shane estava lá, lubrificado, a cabeça do pau suave,
batendo em seu buraco, deslizando para cima de sua bunda, em seguida, de
volta para baixo.

Pressionando.

— Ah Deus. — Ele gemeu na boca de Shane. — Porra. Porra. — Seu


pulso acelerou e seu coração bateu com força. Aquela dor. Colocou sua
espinha em linha reta e nublou sua visão com lágrimas.

— Droga. — A respiração de Shane engatou.

Bom sexo.

O melhor tipo de sexo.

— Shane. — Dedos afundaram em seus quadris, segurando firme,


língua mergulhando em sua boca quando Shane afundou dentro de Pablo
sentindo cada centímetro dele, forçando seu caminho profundamente. —
Ah, merda.

— Eu estou dentro de você — Shane o penetrou.

— Sim. Sim. — Porra, sim, ele está. Um prazer devastador se


espalhou, envolvendo-o com tanta força que ele não conseguia se mexer.
Ele só podia sentir, Shane deslizar ao longo de seu interior, afundando mais
profundamente, suas bolas roçando contra o traseiro de Pablo, seus dedos
segurando a pele de Pablo tão profundamente que haveria marcas amanhã.

— Tão profundo. — Shane gemeu.

Pablo arqueou-se.

— Vou mais fundo.

Pablo se firmou nessa ameaça. Bunda se arqueando. Cabeça


mergulhando mais baixo. Ele já estava fraco com isso, mas ele encontrou

Cantinho de Livros
alguma força para alcançar trás e agarrar suas bochechas, separando-as. —
Foda-me.

Shane recuou e entrou. Até que Pablo não sabia onde um terminava e
o outro começava. Ele resistiu, a borda do balcão cavando em seu quadril.

Implorando.

— Por favor. Por favor.

Shane fodia ele com golpes perfurantes. Eles machucavam, uma dor
tão boa. Dor como essa, ele mataria para ter todos os dias.

— Eu quero ouvir você. — Shane bateu nele, seu pau atingindo todos
os pontos que faziam Pablo tremer e gritar. — Não mordendo o travesseiro
para esconder seus gritos desta vez, então grite alto para mim.

Oh, cara. Quando Shane ficava assim, Pablo só queria jogá-lo de


costas e montá-lo até que as palavras desaparecessem e tudo o que ele tinha
para expressar seu amor por esse homem era o gozo em sua bunda e as
marcas em sua pele.

Ele ficou alto. Cada estalo dos quadris de Shane empurrou-o para o
balcão, dobrado ao meio, seus gritos ecoando na casa grande que ele tinha
construído para eles. Ele implorou a Shane, pedindo golpes mais duros,
mais pau, mais mordidas de Shane em seu pescoço e sua língua no ouvido
de Pablo. Mais bolas batendo contra sua bunda também.

Ele implorou até que sua voz falhou.

O toque de seu telefone juntou-se aos sons do sexo. Ignorando onde


ele o jogou, ao alcance no mesmo balcão onde ele estava curvado. — Não
pare.

Mas Shane desacelerou seus impulsos. — É Easton.

Porra! Pablo pegou o telefone, apertando em torno de Shane. — Se


você sair, vamos brigar. — Ele deslizou o polegar sobre a tela para
responder. — Easton. — Ele estremeceu. Droga. Shane tinha fodido
totalmente sua voz. — O que há de errado?
Cantinho de Livros
— Papai! Pai, esqueci meu 3DS. Você pode trazê-lo para mim? Eu
quero mostrar a Jimmy...

— Ei, ei. Pare. — O garoto tinha a tendência de ir a mil por hora


quando estava excitado ou ansioso. — Você esqueceu seu jogo?

— Sim. Está na minha cama.

Fechando os olhos, Pablo deu um suspiro. — Se lembra daquela


conversa que tivemos sobre responsabilidade?

Ele percebeu o instante em que Easton ficou sério. — Sim.

— Bom. Eu não estou levando o jogo. É tarde, e você deveria ter se


preparado melhor. Você terá que fazer isso outra hora.

Seu filho fez um som desapontado.

— Você entende?

— Sim, pai. — Ele soou castigado e um pouco rude, mas Pablo se


recusou a deixar que isso o influenciasse.

— Bom. Eu amo você, amigo. Boa noite.

— Amo você também.

Pablo desligou o telefone antes de olhar por cima do ombro. — Você


vai me fazer gozar ou você está dormindo?

Shane tinha o sorriso mais bobo no rosto. — Sabe, ver você lidar com
o nosso filho me deixa muito duro.

Pablo sorriu. — Então, o que você está dizendo, você quer lidar com
isso?

Shane girou seus quadris. — Claro que sim. — Ele saiu lentamente,
até que apenas a ponta permaneceu em seu interior, então ele entrou
novamente.

Cantinho de Livros
— Oh, sim. — Pablo se recuperou completamente, desde que ele se
suavizou com o telefonema. — É isso aí. Isso é incrível. — Ele podia
contar com Shane para transar com ele corretamente, gastar mais do que
alguns minutos o fodendo. — Faça-me gozar para você — ele murmurou,
se masturbando. Ele montou o pênis dentro dele, empurrando o quadril para
trás. — Me faça gritar.

Shane rosnou, sua frente cobrindo as costas de Pablo completamente.


Dentes em sua nuca, o pau fundo o suficiente para sufocar, dedos o
apertando, Shane o fodeu até ficar mudo. Deixando seus joelhos fracos e
sua espinha curvada.

Fodendo-o bem.

Até que ele era apenas uma confusão excitada, esperando para gozar
ao comando de Shane.

O homem com quem ele casou também leu sua mente. Porque ele
lambeu o pescoço de Pablo até o ouvido. — Goze, J.P.

Nada mais. Ele não precisava de mais nada além disso e já estava
gritando, os olhos apertados, os dedos curvados, as costas arqueadas. O
sêmen espirrava, escorrendo por suas pernas. Sua bunda apertou em torno
de Shane, que amaldiçoou e enrijeceu.

Então o calor inundou Pablo por dentro.

Ele bateu de volta em Shane, tirando tudo dele, extraindo as deliciosas


gotas com cada espasmo de seus músculos.

Shane não parou de xingar, os quadris ainda se posicionando,


segurando Pablo contra ele. — Porra, J.P. — Ele balançou o ombro de
Pablo, estremecendo quando seus movimentos finalmente se esgotaram.

Pablo caiu contra ele. Seus joelhos eram inúteis, ossos inexistentes.
Enganchando um braço em volta do ombro de Shane, Pablo ofegou. Shane
beijou sua orelha, sua mandíbula, sua bochecha e finalmente - quando
Pablo virou a cabeça - seus lábios.

Cantinho de Livros
— Quanto descanso você precisa antes da minha vez? — Shane
perguntou em uma voz destruída.

Pablo riu. — Depende. Você está esperando preliminares?

As mãos de Shane circulavam no meio de Pablo. Ainda dentro dele,


seu pênis latejava. — Pensei que isso fossem as preliminares.

Merda, essa era a razão pela qual seu anel estava no dedo de Shane. —
Você está certo. — Ele lambeu os lábios, e Shane no processo. — Dez
minutos estão bons para você?

— Tempo suficiente para você limpar seu esperma do balcão. E do


chão.

Cantinho de Livros
Capítulo 4
— Você está bem?

Pablo fechou o laptop e sentou-se, olhando para o homem à sua frente.


Mateo Oliveros observou-o com os olhos semicerrados quase
completamente escondidos pelo boné azul dos ianques puxado para baixo.
Ele usava um moletom azul escuro com zíper até o pescoço e uma camiseta
branca que aparecia só a gola por baixo e jeans azul com tênis preto e
branco. Pablo se aproximou de Teo depois do encontro com Preacher. Se
houvesse alguém que pudesse saber o que estava acontecendo com Eddie
Montoya, seria Teo.

— Eddie Montoya.

A expressão de Teo não mudou. — O que tem ele?

Com as mãos entrelaçadas, Pablo se inclinou para frente. — O que há


de mais recente sobre ele? Da última vez, ouvi dizer que ele foi baleado?

— Sim. — Teo encolheu os ombros. — Perdeu a memória também.


Acha que estou de alguma forma envolvido nessa bagunça.

Pablo inclinou a cabeça. — Por que ele pensaria isso?

— Quem sabe? Ele está nos incomodando, ameaçando a mim e a


Tommy. Dima também.

— Espere. Espere. — Pablo levantou a mão. — Eddie Montoya


ameaçou você e Tommy, e eu só estou ouvindo sobre isso agora?

Cantinho de Livros
Agora Teo estava olhando como se Pablo tivesse perdido a cabeça. —
Por que eu te contaria? Não foi grande coisa. Eu cuidei disso. Estamos
bem. — Seu tom era de total indiferença.

Pablo ficou de pé. — Porra, Teo. — Ele beliscou a ponte do nariz,


sentando-se na borda de sua mesa enquanto enfrentava seu amigo. —
Lembra-se do assalto de Chicago? Todas as armas que Preacher e seus
caras pegaram?

— Uh-huh.

— Isso era merda do Eddie, ele estava transportando para os haitianos.


— Teo endireitou-se.

Pablo continuou. — Um dos garotos do Preacher quer foder Eddie.


Bishop.

Os olhos de Teo se estreitaram novamente. — O cara que está


seguindo Eddie?

— O que você quer dizer?

— Depois que Eddie se aproximou de mim vomitando sua merda, fiz


questão de seguir seus movimentos por alguns dias. Me certificando de que
ele não era uma ameaça. Acabou que eu não era a sua única sombra.

Merda. Pablo coçou a mandíbula. — Não sei se é ele, mas Preacher


acha que é apenas uma questão de tempo até que nosso segredo seja
revelado.

— Porra. Isso não é bom.

Sem brincadeiras. — Minhas mãos estão amarradas — disse Pablo. —


Eu não posso fazer um movimento sobre ele sem saber o que sabe, mas eu
também não posso esperar e ser pego de surpresa. — Ele se levantou,
enfiando as mãos nos bolsos e deu as costas para Teo enquanto olhava para
fora da janela na sacada com vista para a piscina nos fundos. — Ele é um

Cantinho de Livros
desconhecido, Teo. Eu não gosto de desconhecidos, eles me deixam
inquieto.

Passos suave sinalizava a abordagem de Teo, logo ele estava ao lado


de Pablo. — Qual é o nosso próximo passo?

Pablo olhou para a piscina suja. Eles tiveram uma tempestade na noite
anterior, ventos fortes e chuva. A piscina estava cheia de folhas das árvores
altas que cercavam sua propriedade, o quintal era uma bagunça encharcada.
Ele tinha que sair e limpar isso em breve. Talvez recrutar Easton e seus
amiguinhos para ajudar. — A última vez que fomos à guerra, nós não nos
importávamos com nada. Lembra-se disso? Nós não tínhamos nada para
nos preocupar.

Teo grunhiu. — Agora temos tudo a perder.

Sim. — Estou voltando para BK5.

— Essa é uma boa ideia?

Não era. Pablo ainda tinha inimigos em Nova York. Pessoas que não
gostaram do seu desaparecimento repentino de cena. Significava que as
pessoas imaginavam que a gangue estava se separando e que Pablo tinha
ficado fraco. Toda vez que ele voltava ao Brooklyn, ele colocava sua vida
em perigo. Mas se isso significasse agir primeiro nesse negócio de Eddie
Montoya e fazê-lo acontecer, ele o faria de bom grado.

Exceto que não seria assim tão fácil. — Eu tenho que fazê-lo, por
Shane.

Teo riu, batendo nas costas dele. — Como se você não soubesse o que
ele vai dizer.

Sim. Shane não o queria em Nova York. Ponto final. A última vez que
Pablo voltou foi para ajudar seu amigo, Levi. Shane aceitou de má vontade
e a merda ainda não tinha sido tão terrível para Pablo. Mas agora?

5
Abreviação de Brooklin.

Cantinho de Livros
Ele suspirou. — Eu prometi a ele que não voltaria. — Para ser justo,
quando ele fez essa promessa, ele quis dizer isso. Mas as coisas eram
diferentes agora. Havia uma ameaça para a família deles. Shane tinha que
entender.

Certo?

— Eu vejo muita coisa rastejando em seu futuro, mano. — Teo


segurou sua nuca, trazendo suas testas juntas. — Deixe-me saber o que
você precisa e quando, e eu consigo para você. — Com um tapinha na
bochecha de Pablo, ele se dirigiu para a porta. — Tommy e eu estaremos na
casa de Syren e Kane. — A porta se fechou atrás dele.

Syren e Kane estavam no processo de fazer as malas para voltar para a


Costa Rica com seus três filhos e um cachorro. Easton estava lá, passando o
dia com as crianças. Se Pablo não estivesse tão focado nisso, ele
provavelmente estaria lá também.

A porta do escritório dele abriu. — Ei.

Ele se virou na voz de Shane. — Ei, querido.

— Você e Teo conversaram?

Ele não gostou da preocupação nos olhos de Shane, a cautela em sua


voz. A consequência do que ele estava prestes a dizer encheu Pablo de
pavor. Porra.

—Venha aqui. — Quando Shane chegou perto o suficiente, Pablo


puxou-o em seus braços. Shane se agarrou a ele, o rosto enterrado no
pescoço de Pablo. — Precisamos conversar. — Ele acariciou sua mão para
cima e para baixo nas costas de Shane. Dando conforto. Tomando conforto.

— O que há de errado? — Quando ele não respondeu imediatamente,


Shane levantou a cabeça. — Hey. — Ele agarrou a mandíbula de Pablo,
olhando de um lado para o outro enquanto procurava na expressão de
Pablo. — O que há de errado?

Cantinho de Livros
— Eu preciso ir para o Brooklyn.

Shane enrijeceu em seus braços. — Por quê?

— Eu preciso descobrir como as coisas estão indo. O que está


acontecendo...

— Você não precisa estar lá para isso. — Shane se afastou de seu


abraço, recuando para se encostar na mesa. — Tenho certeza que você pode
encontrar alguém para ser seus olhos e ouvidos lá.

Ele poderia. Mas... — Eu não posso confiar em ninguém com isso. É


muito importante.

— Você sabe o que é importante demais? — A voz de Shane subiu. —


Sua vida.

Porra. — Shane. — Pablo foi até ele, envolvendo seus braços ao redor
dele e ignorando o fato de que seu marido estava lá em seus braços como
uma estátua. — Eu preciso ter certeza de que não há ameaças para você e
Easton. Vocês dois vêm primeiro. Eu não dou a mínima para mim.

Shane se afastou, seus olhos brilhando. — Eu dou a mínima para


você. — Ele falou com os dentes cerrados. — Seu filho também. — Ele se
afastou quando Pablo se aproximou dele novamente. — Eu não quero que
você volte para lá.

— Eu tenho que ir. Mas vou ter cuidado — ele disse rapidamente
quando Shane abriu a boca. — Eu sempre terei cuidado. — Ele tocou os
nós dos dedos na mandíbula de Shane. — Eu tenho você. Eu tenho o nosso
menino. Eu sempre voltarei para vocês.

Os olhos de Shane se fecharam. — Você prometeu a Easton nunca


mais sair da noite para o dia.

Merda! Ele tinha esquecido.

Os olhos de Shane reabriram. — Eu vou com você.


Cantinho de Livros
— Não, você não vai.

Seu marido sorriu. — Eu não estou querendo acorrentar sua bunda nos
canos da lavanderia. Não esqueça que eu te devo uma — ele murmurou,
referindo-se àquela vez que Pablo o acorrentou depois de descobrir que ele
era agente disfarçado da DEA.

Isso tinha sido uma atitude idiota da parte de Pablo.

Shane deu um sorriso torto. Sedutor — Easton vai ficar com Syren e
Kane.

— Menino bonito. — Pablo segurou o queixo de Shane, puxando-o


para mais perto até que eles estavam colados um ao outro. — Estou
levando Teo comigo. Você não pode vir.

A cabeça de Shane foi para o lado e ele olhou para Pablo de cima a
baixo. — Você sabe que não pode me dizer o que eu posso e não posso
fazer, J.P.

Verdade. Ele sabia melhor. Pablo levantou as mãos em sinal de


rendição.

— Eu amo Teo — Shane disse a ele. — Mas agora, eu não confio em


ninguém para cobrir suas costas. Esse é o meu trabalho. — Ele apontou
para si mesmo. — A única maneira de você ir para Nova York é comigo ao
seu lado. Lide com isso.

Droga. Ele argumentaria, mas qual seria o ponto? Não era como se
Shane não conseguisse se cuidar. Era só que... Pablo não queria seu homem
em perigo. Shane já tinha passado por muito. Qualquer coisa para poupá-lo,
para mantê-lo longe do perigo, Pablo faria.

E talvez a melhor opção seria manter Shane perto?

Não era como se o homem estivesse dando a Pablo outra escolha, na


verdade.

Cantinho de Livros
— Tudo bem. — Ele assentiu com a cabeça, os dedos apertando o
queixo de Shane. — Eu ficaria honrado em ter você cuidando das minhas
costas. — Pressionando um beijo no templo de Shane, Pablo disse a ele: —
E eu sempre vou cuidar das suas.

Shane o abraçou, alívio no modo como ele se moldou contra Pablo,


mãos subindo para segurar sua nuca. — Bom. Agora você só precisa
explicar ao seu filho por que você está quebrando sua promessa.

Cantinho de Livros
Capítulo 5
— Papai! — Com um sorriso enorme no rosto, Easton subiu no lado
do passageiro da frente e se virou para deixar sua mochila no banco de trás.
Então ele estendeu a mão, dando a Pablo um breve abraço de um braço só.

— Ei, amigo. — Pablo esperou até que o garoto afivelasse o cinto e


sentasse de volta antes de sair. — Papai está trabalhando até tarde, então
hoje à noite é só você e eu. — Ele olhou para Easton. — Você está bem
com isso? — Noventa e nove por cento do tempo, Shane era o único a
pegar seu filho na escola. Mas hoje foi a vez de Pablo.

— Sim. — Easton abriu o zíper da jaqueta, mal chegando a cinco


graus em Atlanta e jogou sobre as costas também. Ele se vestia na maioria
dos dias, e hoje ele usava um suéter azul e branco com seus jeans e all-star
vermelho e branco.

— Como foi na escola? Algum problema? — A partir do momento em


que Easton começou a estudar, eles começaram a fazer uma variação dessas
perguntas para ele.

— Não.

— Alguma coisa nova aconteceu? Fez novos amigos? — Eles estavam


no mesmo distrito desde que ele era um bebê, então ele tinha os mesmos
amigos do jardim de infância até agora na quinta série.

— Hum... — Easton franziu os lábios enquanto pensava em sua


resposta. — Não há novos amigos, mas o Sr. S nos deixou ajudá-lo a
alimentar os peixes, e a Sra. James nos ensinou a fazer embrulhos de queijo
de peru. — Sua voz ficou mais alta enquanto ele se mexia. O cara não sabia

Cantinho de Livros
ficar parado. — Eles eram tão bons, pai. Podemos fazer hoje à noite para o
jantar? Nós podemos?

Pablo riu quando parou no sinal vermelho, o tráfego estava lento, era
sempre assim em horário de saída nas imediações da escola, congestionado
como o inferno. — Nós podemos fazê-los, mas não essa noite.

— Ok. — Easton murchou, mas rapidamente se recuperou. — Ah, e


eu tirei noventa e cinco no meu teste de matemática.

— Isso é ótimo. — Pablo estendeu a mão e bagunçou seu cabelo. —


Estou orgulhoso de você, amigão.

Easton corou. — Isso significa que meus amigos podem vir neste fim
de semana? Não vamos ser barulhentos — continuou ele antes que Pablo
pudesse falar. — E não vamos ficar acordados até tarde, pai. Eu prometo.

Sua promessa lembrou a Pablo da conversa que ele precisava


desesperadamente ter com seu filho. Ele respirou fundo. Ele tentava manter
sempre as promessas que fazia, especialmente quando se referia a Shane e
Easton. Ele não fez promessas que não poderia cumprir. Mas essa merda...
— Ei, cara, eu preciso falar com você por um minuto. — Ele olhou para
cima quando Easton começou a mexer em seu telefone. — Envie um texto
para seu papai que você está no carro comigo e depois desligue o telefone,
por favor.
— Ok. — Os dedos de Easton voaram enquanto ele escrevia o texto,
então ele colocou o telefone no porta-copos do console central. — Isso é
uma conversa séria?

Os lábios de Pablo se curvaram. — Sim, e antes de começar a pensar


se você fez algo errado, a resposta é não.

— Ufa. — Easton fingiu enxugar o suor da testa.

Pablo riu. Ele adorava aquele garoto. — Então ouça, você se lembra
da promessa que fiz a você depois que voltei de fora da cidade pela última
vez?

— Hum. Sim?
Cantinho de Livros
— Repita para mim. O que foi que eu disse?

— Você disse... — Easton lambeu os lábios. — Você disse que nunca


iria sair de novo? E que você não vai deixar eu e papai sozinhos de novo?

— Sim. — Pablo assentiu e era a última coisa que ele queria fazer,
aquelas palavras eram as últimas que ele queria falar, mas, — Eu tenho que
quebrar minha promessa, amigão — ele disse suavemente. — Eu tenho que
sair da cidade amanhã.

— Mas, pai. — Easton se virou para ele e, quando estavam sentados -


mais uma vez - no sinal vermelho, Pablo manteve o olhar. — Você nunca
quebra suas promessas. Você disse que nunca quebramos nossas promessas.

Porra. — Eu sei. — Seu peito doía quando o rosto de Easton ficou


vermelho e franziu e ele abaixou a cabeça. Isso significava que seu filho
estava desapontado. Isso significava que ele machucou o menino. — Eu
sinto muito. — Ele limpou a garganta. O tráfego começou a se mover
novamente. Pablo virou para a rua deles. — Você se lembra do que eu te
contei sobre meu passado, quando eu era mais novo e morava em Nova
York? Eu fiz algumas coisas ruins, certo? Eu machuquei algumas pessoas,
mas isso foi antes de eu conhecer seu pai, antes de ter você.
Easton apenas assentiu.

— Essas pessoas que eu machuquei, elas podem querer te machucar.


Ou seu pai. Eu tenho que ter certeza que isso não aconteça. Eu tenho que
proteger você — ele disse enquanto entrava na garagem deles. Eles
protegeram Easton o melhor que puderam, mas essa era uma linha difícil de
andar às vezes. Ele tinha que saber que o mundo fora de sua bolha protetora
poderia ser áspero e indelicado às vezes, mas Pablo preferiria que a
realização nunca viesse.

Essa merda era um sonho, no entanto.

Easton ainda não tinha falado. Pablo desafivelou o cinto de segurança


e tocou a cabeça do filho. — Ei, olhe para mim. — Ele segurou o queixo de
Easton, levantando a cabeça suavemente. Os olhos castanhos do menino
estavam secos, mas o nariz estava vermelho, as narinas dilatadas, os lábios
Cantinho de Livros
trêmulos enquanto tentava esconder suas emoções. — Diga-me o que você
está pensando.

Easton deu de ombros, mas teimosamente manteve a boca fechada.

— Pergunte-me o que você quiser — disse Pablo. — Eu vou


responder. O que você quer saber? — Eles tentaram não falar com Easton,
falar claramente com ele, mas houve ocasiões em que Pablo precisou
explicar certas coisas. Havia obviamente aspectos de sua vida agora, e sua
vida naquela época, que Easton nunca ouviria falar, mesmo quando ele
fosse um adulto. — Easton.

— Posso ir?

Pablo sufocou um suspiro. — Você tem lição de casa?

— Só matemática — resmungou Easton.

— Você precisa de ajuda com isso? — Pablo era péssimo em


matemática, mas uma calculadora e o Google nunca machucaram ninguém.

— Não, obrigado. — Easton soltou o cinto de segurança e pegou a


jaqueta e a mochila, saindo do carro antes que Pablo pudesse falar.
Merda.

Pablo esfregou a mão no rosto e saiu do veículo atrás dele. — Easton.


— Seu filho o ignorou enquanto corria para a garagem aberta, entrando na
casa por aquela entrada. O garoto tinha herdado a natureza teimosa de seus
pais, então quando ele entrava nesse modo, era extraordinário. — Easton
— gritou Pablo quando ele entrou na cozinha.

Podia ouvir os passos de Easton subindo as escadas.

— Pare — Pablo gritou bruscamente. Os passos pararam. — Traga


seu rabo de volta aqui. Agora. — Ele ficou de braços cruzados enquanto
esperava. Seu filho não o fez esperar muito. Easton apareceu, todo mal-
humorado, mochila sobre um ombro. — Eu entendo que você está
desapontado comigo, mas o que não fazemos nesta casa é fugir ou ignorar
um ao outro. Você entendeu?
Cantinho de Livros
— Sim.

— Sente-se. — Pablo apontou para o canto da mesa de café da manhã,


decorado com o mesmo tema preto e branco da cozinha que Shane tinha
insistido quando eles começaram a construir a casa.

Easton deixou cair a mochila no chão, com relutância, e deslizou para


o conjunto de banquetas com o assento de couro preto. Pablo sentou do
outro lado em uma das cadeiras. — Você está bravo comigo.

Easton brincou com os polegares.

— Eu sei que você não entende e me desculpe por isso, mas eu nunca
iria quebrar minhas promessas para você a menos que fosse necessário. A
menos que fosse importante. Eu preciso que você entenda isso.

— Ok. — Mas seu tom e a expressão de pedra em seu rosto não


combinavam com as palavras da criança.

— E. — Pablo agarrou a mão dele, dobrando-a entre as palmas das


mãos maiores. — Eu sinto muito — ele sussurrou.

— Você disse que nem todo mundo mantém sua palavra lá fora... —
Easton acenou para a janela próxima. —Nem todo mundo diz a verdade ou
faz a coisa certa.

— Isso é verdade.

— Mas você disse que faria.

— E eu sempre irei. — Pablo se apoiou nos cotovelos. — Mas haverá


momentos em que tenho que desapontar você. Haverá tempo que eu farei
coisas que você não quer que eu faça, ou quando eu não fizer algo que você
gostaria que eu fizesse. E em todos os casos, será porque é o melhor para
você. Será porque não tenho outra opção. Será porque proteger você é o
número um. Amando você, ser seu pai, significa tomar as decisões difíceis
às vezes. — E o conceito era algo que ele sabia que seu filho de dez anos
não entenderia, mas Pablo ainda queria que ele soubesse disso.

Cantinho de Livros
— E se você se machucar? Papai ficará triste. Ele está sempre triste
quando você vai embora.

— Papai vai comigo desta vez — disse Pablo. — Ele vai se certificar
de que nada aconteça comigo e eu farei o mesmo por ele. Estaremos
seguros, sempre. — Ele soltou a mão de Easton para tocar o nariz do
garoto. — Porque nós temos o garoto mais incrível para voltar para casa.

Seu filho sorriu e Pablo se viu naquele gesto largo. Seu coração
amoleceu ao ver aquele sorriso.

— Onde vou ficar?

— Sua escolha — Pablo disse a ele. — Você pode ficar com Syren e
Kane ou com sua tia e tio.

— Tio Syren e tio Kane. — Easton sorriu. — É onde eu quero ficar.


Por favor — ele acrescentou no último minuto.

— Ok, então está resolvido. — Easton o observou como se houvesse


algo mais em sua mente.

— Tudo bem?
— Você costumava ser um cara mau antes de me amar e o papai,
certo?
E para alguns, Pablo ainda era. — Sim.

— Mas você não vai deixar ninguém nos machucar, certo? Porque
você é mais malvado do que todos os outros? Você pode vencê-los?

— Venha aqui. — Pablo abriu os braços e Easton aproximou-se dele,


caindo em seu abraço, enterrando-se nele. Ele segurou seu menino
apertado, pressionando um beijo no topo de sua cabeça. — Eu não quero
que você tenha medo de qualquer coisa ou qualquer um — ele murmurou.
— Ninguém vai te machucar. Ninguém vai machucar seu pai. Ele se
inclinou para trás para olhar nos olhos de Easton. — OK?

— OK.
Cantinho de Livros
Pablo bagunçou o cabelo, sorrindo quando Easton afastou a mão. —
Vá fazer sua lição de casa. Além disso, você não fez sua cama antes de sair
para a escola esta manhã, então cuide disso. Lembre-se de colocar suas
roupas no cesto também, não no chão do banheiro.

Easton pegou sua mochila e saiu da cozinha. — Ei, pai?

— Hum?

— Me desculpe por ter ficado bravo com você. — Ele parecia tão
jovem, parado do lado de fora da porta, parecendo muito com o garotinho
que ele era.

— Nunca se desculpe pela maneira como você se sente, filho — disse


Pablo. — Está tudo bem. No entanto, está tudo bem sentir. Fugir não está
bem. Me ignorando - ou seu pai - quando estamos falando, não está bem.
Mas seus sentimentos são seus. Tudo bem?

— Tudo bem.

Muito tempo depois que Easton subiu para seu quarto, Pablo
permaneceu sentado. Essa coisa de pais não era brincadeira. Ele ficava em
algumas situações difíceis, mas isso? Não havia diretrizes, todas as
tentativas e erros quando se tratava de como eles eram pais de seu filho.
Pablo tentou dizer e fazer todas as coisas que ele queria que alguém
dissesse e fizesse por ele. Ele permitiu que suas próprias experiências
colorissem o modo como ele lidava com Easton. Como o breve tempo que
ele teve seu pai em sua vida e os momentos em que ele não tinha.

Ele não queria criar um filho com medo de falhar ou amar. Com medo
de sentir. Sem noção do que acontecia do lado de fora da porta da frente.
Easton sempre teria privilégios, que não poderia ser evitado, mas ele
também conheceria o trabalho duro. Ele sempre estaria protegido, mas isso
não significava que ele fosse mimado.

Ainda doía, vendo a decepção em seus olhos. Não importa quão boa
seja a causa, essa merda ainda parecia errada.

Cantinho de Livros
Ele soltou um suspiro e ficou de pé, fazendo o jantar. Na metade do
caminho, Easton desceu as escadas para avisar que o dever de casa estava
concluído. Pablo mandou-o para fora para ajudar a varrer as folhas no
quintal, observando-o pela janela.

Easton gostava de música e fazia seu trabalho com seus fones de


ouvido, com os lábios se movendo enquanto cantava para qualquer música
em idioma estrangeiro que tivesse encontrado no YouTube.

Pablo sorriu. Ele viu vislumbres de Shane na maneira como seu filho
andava, na maneira como ele inclinou a cabeça. Mas também havia
semelhanças com Pablo, na forma que Easton ficava parado em pé, o brilho
nos olhos. Ele era uma das crianças mais baixa da turma, mas uma boa
criança, todos os seus professores concordavam. Sempre educado, nunca
barulhento, sempre ansioso para ajudar.

Um garoto esperto. Algo que ele obviamente conseguiu de Shane.

Eles só tiveram um problema com Easton. Algum tempo na terceira


série, quando ele falou sobre seus pais e uma das outras crianças, disse que
ele era estranho por ter dois pais e zombou dele por isso. O filho deles
estava abalado que qualquer um teria problemas com ele ter dois pais. Ele
chorou até Pablo levá-lo para tomar sorvete. Então o garoto superou isso.

Ele era fácil assim, sempre fazendo amigos. Claro, sempre que ele
fazia novos amigos, Pablo e Shane tinham que conhecer seus pais e eles
seriam recebidos com os olhos arregalados quando eles aparecessem. Então
vinham a gagueira quando viram as tatuagens de Pablo. Eles eram pessoas
espertas, aqueles outros pais, eles definitivamente sabiam que Easton e seus
pais não eram pessoas com quem você fodia.

Quando ele olhou para Easton do quintal, o garoto estava suado,


apesar da temperatura fria, e imundo, então Pablo mandou-o tomar banho.
Assim que o jantar foi preparado - berinjela parmesão, como solicitado por
Shane em uma mensagem mais cedo - seu marido chegou em casa.

Cantinho de Livros
— Hey. — Shane jogou as chaves no balcão e tirou o casaco que ele
colocou nas costas de uma das cadeiras. — Você falou com ele? — Quando
Pablo assentiu, Shane perguntou: — E? Como foi?

Pablo não precisou responder. Shane pegou em seus olhos e ele


imediatamente colocou os braços ao redor dele, beijando-o com os lábios
frios.

— Oh querido.

Pablo se agarrou a ele por mais algum tempo antes de se afastar. —


Foi difícil no começo. — Ele disse a Shane sobre a reação de Easton. —
Mas ele se acalmou e acho que ele entendeu. — Ele esperava.

— Bom. — Shane sorriu. — Estou orgulhoso de você. — Ele pegou


Pablo de volta em seus braços, lábios roçando o nariz. — Eu sei que foi
difícil para você.

— Porra doloroso. — Pablo fechou os olhos brevemente. — Mas


tinha que ser feito.

— Se você está insistindo em ir para Nova York, então sim. — Shane


levantou as mãos em surpresa quando Pablo franziu o cenho para ele. — O
que? Eu não disse nada. O jantar está pronto?

— Você acha que é esperto.

— Eu acho que é melhor você me alimentar. — Shane sorriu.

— Papai! — Easton correu para a cozinha, envolvendo os braços em


volta da cintura de Shane.

— Ei, garoto. Como foi a escola? — Shane bagunçou seu cabelo com
um sorriso. — Vamos lá, vamos sentar. Conte-me sobre o seu dia.

Seus dois homens sentaram-se à mesa de jantar, falando em voz alta,


quando Pablo trouxe o jantar e se juntou a eles. Shane e Easton
conversaram sobre a escola enquanto comiam e Pablo ficou quieto,
observando-os.

Cantinho de Livros
Amando eles.

Cantinho de Livros
Capítulo 6
— Eu sempre adoro voltar a este lugar.

Pablo sorriu quando Shane deixou cair sua bolsa no meio da cobertura
e olhou em volta. — Sim, eu também. — A cobertura de Coney Island
permaneceu como parte de sua história. Todas as histórias de sua família,
na verdade. Provavelmente o motivo porque nunca venderam, apesar das
muitas ofertas para comprar o lugar. Pertencia a todos eles. E sempre que
eles apareciam nas proximidades de seus antigos terrenos, a cobertura era
onde eles ficavam.

O layout era o mesmo, grande sala de estar aberta, cozinha ao lado,


um banheiro e uma varanda com vista para o Atlântico no primeiro andar,
escada em espiral que levava ao segundo andar e ao quarto. Rafe, o dono
original, já teve fotos de todos os membros de sua família. Essas imagens
foram embora agora, deixando o local mais neutro, não pertencendo a
apenas um, mas a todos.

Pablo fechou a porta atrás de si e foi até Shane, passando a mão por
trás de sua cintura, cheirando sua nuca. Shane cantarolou para ele. Estava
quase anoitecendo, e sem dúvida eles estariam batendo na porta a qualquer
momento, mas ele aproveitou o momento para respirar Shane. Eles
passaram a manhã com Easton, levando-o para o café da manhã antes de
deixá-lo na casa de Syren e Kane. Era sempre difícil deixar seu filho para
trás e embora confiasse que Easton entendia (tanto quanto ele podia) por
que seus pais estavam partindo, não era fácil para eles estarem aqui
enquanto o filho estava em outro estado.

Sim, Syren e Kane o protegeriam com suas vidas, mas esse não era o
trabalho deles.

Cantinho de Livros
— Você está bem? — Ele perguntou no ouvido de Shane. O
comportamento do outro homem estava inquieto desde que saíram do
avião.

Shane se virou em seu aperto, os braços ao redor do pescoço de Pablo.


Ele pressionou a testa na direção de Shane. — Eu quero terminar esse
negócio para que possamos voltar para casa.

— Eu sei. — Pablo deslizou a mão para cima e para baixo nas costas,
tentando acalmar seu marido e ele mesmo no processo. — Eu também.

Shane inclinou a cabeça para trás, encontrando o olhar de Pablo. —


No avião, estávamos ocupados demais nos juntando ao Clube de Milhas
nas Alturas6 para conversar...

— Eu me lembro de você falando.

Seu homem revirou os olhos, a cor escurecendo suas bochechas.

Pablo riu. — Como você está corando depois que você acabou de me
mandar foder você em um banheiro de avião?

— Sim, bem, nós não discutimos o plano. — Os olhos de Shane se


estreitaram. — Você tem um plano, certo?

— Eh. Talvez?
— J.P.! — Shane se afastou dele. — Mesmo? Nós viemos até aqui,
decepcionamos nosso filho, e você não tem um maldito plano?

— Querido. — Pablo não ia dizer que ele parecia tão bom com raiva
aos seus olhos e com novos chupões no pescoço. Ele não era um completo
idiota.

— Eu tenho certeza que agora as partes relevantes sabem que você


está de volta. — Shane apertou os lábios, apreensão escurecendo sua
expressão. — Qual é o nosso próximo passo? E se você disser que
esperamos, vou te estrangular.

6
É uma gíria para as pessoas que tiveram relações sexuais a bordo de uma aeronave em voo.

Cantinho de Livros
— Ei. — Pablo foi até ele, levando-o de volta para seus braços,
pressionando beijos no templo de Shane. — Não há nada a temer.

— Como você pode dizer isso? — Shane torceu em seu aperto. —


Você não tem ideia do que está esperando nessas ruas por você.

— Eu sei exatamente o que está lá fora — Pablo disse-lhe baixinho.


Ele apertou o rosto de Shane em suas mãos, olhando profundamente em
seus olhos. — E você sabe exatamente quem está aqui com você, é por isso
que eu estou dizendo a você de novo, não há absolutamente nada -
nenhuma coisa fodida - lá fora para ter medo. — Ele tinha feito algumas
coisas ruins antes, mas nada se compara ao que ele faria desta vez para
manter o que ele tinha.

Que era tudo. Ele tinha tudo.

Shane agarrou sua nuca em um aperto doloroso, mas Pablo não se


importou. — Nós vamos lidar com o que vier, certo? Juntos?

— Sempre — prometeu Pablo em um sussurro rouco. Ele engoliu em


seguida, baixou a cabeça, roçando os lábios em Shane. — Sempre.

As mãos de Shane se moveram do pescoço de Pablo, desceram por


suas costas e por cima de sua bunda antes de deslizarem em seus bolsos
traseiros. Queixo inclinado, cabeça para trás, Shane deu-lhe um meio
sorriso, toda a sugestão de sua hesitação anterior desaparecia de sua
expressão. Seus dedos cravaram na bunda de Pablo. — Eu te amo.

— Isso é bom. — Pablo espalmou sua garganta, amando o arrepio de


Shane. — Porque eu também te amo. — E ele pegou a boca de Shane,
gemendo quando o outro homem os separou de bom grado por ele, usando
sua língua para expressar aquela coisa toda de amor, porque às vezes as
palavras não eram suficientes para explicar como se sentia ter Shane,
amando-o.

Eles se abraçaram no meio da cobertura onde ele fodeu Shane pela


primeira vez. O sofá permaneceu, no qual ele tinha inclinado seu homem.
Pablo fechou os olhos quando Shane pegou o lábio inferior entre os dentes,
mordendo-o. Merda. Seu pênis se sacudiu. Apenas duas horas atrás ele
Cantinho de Livros
tinha tido suas bolas profundas em Shane naquele maldito avião e agora ele
estava duro novamente.

Faminto novamente.

Ele estremeceu, liberando a garganta de Shane para desabotoar sua


calça jeans.

Bam Bam.

Ele endureceu quando as batidas vieram na porta. Shane não pareceu


notar, porque ele interrompeu o beijo e agora estava lambendo o pescoço de
Pablo.

Bam.

A cabeça de Shane ergueu-se, os olhos cheios de luxúria e alerta.

Pablo segurou seu rosto brevemente antes de se afastar e puxar sua


arma de sua cintura. Shane rapidamente pegou a arma em seu coldre de
tornozelo e se endireitou. Pablo fez sinal para Shane ficar atrás dele,
ignorando o modo como os olhos de seu marido se estreitaram quando ele
se esgueirou até a porta. Ele poderia lidar com Shane estar com raiva dele,
contanto que ele estivesse ileso.

Na porta, ele olhou no olho mágico.

Ele antecipou esse visitante, mas ainda tinha que ter cuidado, então ele
abriu a porta com a arma ainda levantada. — Dima. — Ele abriu a porta
apenas o suficiente para encontrar o olhar de Dima Zhirkov. — Há quanto
tempo.

— Eu preferia que continuasse assim. — Os olhos de água-marinha de


Dima se estreitaram. — Existe uma razão pela qual eu não recebi um aviso
dizendo que você está entrando no meu território?

Para aqueles que sabiam, Dima era dono das ruas de Coney Island,
tendo se separado por conta própria depois de um desentendimento
violento com os outros principais membros da máfia russa. Só porque
Pablo não morava no Brooklyn não significava que ele não estivesse
Cantinho de Livros
atualizado sobre a política de rua. Ele sabia que no segundo em que
mostrou seu rosto em Coney Island, Dima apareceria como o bicho-papão
que ele era.

Pablo contara com isso. — Não sabia que tinha que te enviar o meu
itinerário. — Ele deu de ombros.

Os lábios de Dima se contraíram. — Você sempre gostou de brincar


com fogo. Continue assim e eu posso queimar sua bunda. — Ele acenou
para a porta. — Você vai me deixar entrar ou vamos resolver isso aqui na
porta?

Pablo recuou, abrindo mais a porta. Dima entrou primeiro, seguido


pelos dois homens que trouxe consigo, ambos em silêncio, expressões em
branco, vestindo ternos escuros enquanto Dima vestia uma simples
camiseta preta, jeans rasgados e botas de motociclista pretas com os
cadarços a meio desamarrados.

— Olá — disse Dima pausadamente.

Pablo fechou a porta e se virou para ver que Shane estava com a arma
no rosto de Dima enquanto Dima olhava para o marido com um sorriso. Os
homens de Dima também tinham suas armas apontadas para Shane.

Merda. — Shane, abaixe.

Shane o ignorou. — Por que ele está aqui?

— Precisamos dele aqui. — Pablo foi até ele, passando a mão pela
cintura. — Ele é parte do plano — ele sussurrou apenas para os ouvidos de
Shane. — E ele é meio que família. Teo confia nele.

— O plano que você ainda tem que compartilhar comigo? — Shane


sussurrou de volta. — Você confia nele?

Ele perguntou alto o suficiente para o quarto ouvir. Seu foco


permaneceu em Dima, que também estava ocupado olhando para Shane,
entendendo que ele era uma ameaça muito real.

Cantinho de Livros
Levou um grande esforço para que o próprio Pablo não atirasse em
Dima. — Eu confio nele. Sim. — Pelo menos com negócios.

A expressão de Dima endureceu quando Shane baixou a arma. Seus


homens largaram as armas também. — Vamos levar essa conversa para lá.
— Ele apontou o polegar para a varanda. — Você e eu, sozinhos — disse
ele a Pablo.

— Foda-se, não. — Shane se arrepiou.

— Eu cuido disso — assegurou Pablo a seu homem. Ele acariciou a


bochecha de Shane. — Dima é um aliado. — Até que ele não era, mas ele
não contaria isso para Shane. Agora não era a hora. — Nós nos
entendemos. Está tudo bem.

A mandíbula de Shane endureceu e seu olhar correu para Dima por


cima do ombro de Pablo. — Se você pensar em machucá-lo eu vou me
certificar que você grite meu nome enquanto morre.

Pablo não deveria estar ficando duro em um momento como este. Mas
foi difícil.

— Você. — Shane agarrou-o pelo queixo e puxou-o para perto o


suficiente para que seus lábios roçassem a bochecha de Pablo quando ele
sussurrou: — Nós vamos falar sobre você esconder uma merda importante
dessa de mim, mais tarde.

— Sim. — Ele tentou se desculpar com os olhos antes de se virar para


os homens de Dima. — Ninguém toca nele. Ninguém fala com ele. Merda,
ninguém sequer olha para ele. Não haverá piedade se vocês o fizerem.
Confie em mim. — Ele levou Dima para a sacada, fechando a porta de
vidro. Ele ficou lá de pé parado de costas para a vista, mantendo os olhos
no interior do apartamento enquanto Dima estava ao lado dele com as mãos
nos bolsos.

— Bom homem que você tem aí.

— O melhor.

Cantinho de Livros
— Hmm. — Dima grunhiu. — Por que você está aqui, Pablo?

— Eddie Montoya. — Ele olhou para encontrar Dima observando-o


com firmeza. — Ele pode ser uma ameaça.

— Para você?

— Se ele fosse uma ameaça apenas para mim, eu não estaria aqui.

A sobrancelha de Dima se levantou. — Sua família? — Ele olhou de


Pablo para Shane dentro do apartamento e depois de volta. — Tem certeza?

Pablo sacudiu a cabeça. — É por isso que estou aqui.

— E onde eu entro? — Dima perguntou. — Porque você obviamente


queria que eu estivesse aqui hoje à noite.

— Faz um tempo desde que lidei com Eddie — admitiu Pablo. —


Tenho certeza de que algumas coisas mudaram, então o que você pode me
dizer? — Ele sabia que Eddie e Dima estavam em desacordo, tinha sido por
um tempo. Ele não precisava saber os detalhes, mas queria uma ideia sobre
o que Eddie estava pensando.

— Você vai me dizer por que você acha que ele é uma ameaça para
sua família?

Não, porra, ele não diria. — Não.

Dima não pareceu se ofender porque ele riu. — Tudo bem. — Ele
respirou fundo e deu um passo direto na frente de Pablo, bloqueando sua
visão de Shane e dos outros dois homens, os lábios se curvando quando
Pablo franziu a testa para ele. Idiota. — Você vai me dever por isso —
Dima disse a ele. — E eu vou cobrar.

— Você sempre cobra.

— E você sabe disso. — O telefone de Dima tocou e ele o tirou do


bolso da frente, trazendo-o ao ouvido enquanto encarava Pablo. — Sr.
Storm. — Ele escutou por alguns segundos, seu olhar ficando desfocado.

Cantinho de Livros
— Descendo a rua. Esteja lá em cinco minutos. — Ele assentiu, lábios se
abrindo, cor inundando seu rosto.

— Sim, eu sei. — Ele terminou a ligação e enfiou o telefone de volta


no bolso.

Pablo inclinou a cabeça. — Você está bem?

Dima levantou a cabeça, voltando a se concentrar nele. — Nunca


estive melhor. Você gosta de pizza? — Ele não deu a Pablo a chance de
responder. — Claro que você gosta. Quem não? A esquina da Pensilvânia
com a Avenida Livonia, sob os trilhos do trem, no leste de Nova York. Te
espero em duas horas?

Pablo cruzou os braços.

— O jantar é por minha conta. — Dima ficou de costas para quando


ele abriu a porta da varanda. Shane correu para eles. — E Pablo, da
próxima vez que você aparecer sem um convite, nossa reunião não será tão
cordial como esta.

Pablo sorriu. — Algo para esperar então.

Dima piscou para Shane antes de caminhar até a porta, seus


silenciosos homens saindo atrás dele. Quando a porta se fechou com um
estrondo, Shane saiu para a varanda.

— Como foi?

— Se vista. — Pablo roçou os dedos sobre a mandíbula de Shane. —


Vou te levar para jantar. O que você acha de pizza?

Cantinho de Livros
Capítulo 7
— Você está me ignorando.

— Eu não estou ignorando você! — Pablo manteve o olhar no menu


laminado na frente dele. — Por que você acha que estou ignorando você?

Uma mão apareceu, segurando seu queixo e levantando sua cabeça


para cima. — Nós já pedimos — Shane apontou. — Então, por que você
está tão interessado no cardápio?

— Quero dizer... — Pablo deu de ombros. — Eles têm algumas coisas


bem interessantes aqui.

Seu homem olhou para ele. — Diga-me novamente por que estou
nesta pizzaria, onde mal posso ouvir meus pensamentos. — Como se para
pontuar suas palavras, o trem Número 3 fez barulho acima de suas cabeças
- desde o momento que eles chegaram - fazendo seus dentes chacoalharem.

— Eu não posso levar meu marido para um encontro? — Pablo


perguntou uma vez que o barulho diminuiu.

— Você realmente confia em Dima? — Quando Pablo abriu a boca,


Shane acenou com a mão. — Eu sei que Teo costumava transar com ele,
mas como isso se traduz em confiar nele, J.P.? E se você não responder às
minhas perguntas... — Ele apontou um dedo na direção de Pablo. — Eu
juro por Deus.

— Meu bem. — Ele pegou a mão de Shane, trazendo sua mão aos
lábios. — Dima e eu temos um entendimento: ele não fode comigo e eu não
fodo com ele. E tudo fica bem.

Cantinho de Livros
— Você acha.

— Eu sei. — Pablo olhou ao redor da pequena pizzaria. Havia


exatamente três pessoas atrás do balcão, e assim que elas entraram, a garota
no caixa colocou a placa de fechado na porta. O local era típico do bairro,
grande o suficiente para caber cinco mesas equipadas com quatro cadeiras,
o piso de azulejos preto e branco lascado, o mesmo para as mesas redondas
vermelhas e as pesadas cadeiras de ferro. Estava limpo, porém, quente com
o calor proveniente do forno de tijolos, e a comida cheirava bem. Espero
que tenha o mesmo sabor.

Naquele momento, o cara que tinha pego o pedido deles - garoto de


rosto redondo que não podia ter mais do que vinte anos, um avental
empoeirado cobrindo a frente de sua pólo preta e jeans combinando,
ostentando um grande cabelo afro - trouxe suas bebidas. — Sua comida
estará pronta em mais alguns minutos. — Ele apertou as mãos atrás das
costas. — Qualquer outra coisa que eu possa conseguir para vocês senhores
enquanto esperam?

— Não, estamos bem. Obrigado. — Uma vez que o garoto pegou os


cardápios e desapareceu, Pablo se voltou para Shane. — Confie em mim
nisso — ele implorou baixinho. — Deixe-me cuidar disso. Eu sei que você
está preocupado, mas eu nunca faria nada que pudesse nos machucar.
Confie em mim.

— Eu confio em você — disse Shane com firmeza. — São os homens


com quem não sou casado que não confio.

Pablo sorriu. — Dima sabe o que está acontecendo no dia a dia por
aqui, melhor do que eu. Obviamente. Ele tem tanto a perder quanto eu, e
enquanto ele tem suas falhas, Teo confia nele. Nós confiamos em Teo,
certo?

Shane assentiu com relutância. — Nós confiamos em Teo.

— Dima queria que estivéssemos aqui. Vamos ver o que descobrimos


e então seguimos a partir daí. Tudo bem?

— Bom.
Cantinho de Livros
— E enquanto isso, eu posso te alimentar sem gastar dinheiro. Isso é
uma vitória. — Ele riu quando Shane revirou os olhos.

— Você tem sorte de eu te amar tanto.

— Eu me sinto com sorte.

O telefone de Shane vibrava na mesa que ficava entre eles. Um


segundo depois, Pablo atendeu. Eles atendiam os telefones um do outro,
como se fosse um só.

— Oh, é um lembrete do Sr. Manning.

Pablo olhou para a notificação. "Professor da escola de Easton?" Ele


abriu o texto do lembrete - o aplicativo usado pelos professores para se
comunicar com os alunos e pais fora do horário escolar regular - e leu em
voz alta. “Na próxima aula trazer suprimentos de artesanato para
construir o seu livro de poesia (papel de design, adesivos, fios, barbante,
etc.).” Ele encontrou os olhos de Shane. — Nós já não compramos as
coisas dele?

— Nós compramos. Eu estou supondo que é apenas um lembrete.

— Aqui está. — O garçom apareceu, colocando sua grande pizza


metade calabresa, metade torta havaiana no meio da mesa, junto com
algumas facas e garfos. Pablo ignorou aqueles. Quem comia pizza com
garfo e faca?
— Obrigado.

O cara sorriu para Shane. — Eu vou trazer o resto do seu pedido. —


Ele pegou seu prato de Buffalo Wings7 do balcão e trouxe para eles. —
Aproveitem.

7
Na culinária dos Estados Unidos, é uma seção de asa de frango não-costurada que é
geralmente frita, em seguida, revestida ou mergulhada em um molho composto por um molho de pimenta
caiena e manteiga derretida antes de servir.

Cantinho de Livros
— Obrigado, cara.

Eles começaram a comer antes do garçom virar as costas, Pablo


sorrindo com os sons apreciativos de Shane quando ele começou a comer.

— Isso é bom.

— Sinta-se à vontade. — Ele piscou e Shane estreitou os olhos.

— Como assim, sentir-me à vontade?


— Eu te trouxe aqui, não é? — Ele lambeu o molho da ponta dos
dedos.

Shane bufou. — Sim, tanto faz.

Uma batida sacudiu a porta da pizzaria. Pablo levantou a cabeça,


olhando para a figura escura parada ali, mas o vidro refletivo tornou difícil
de enxergar. A garota atrás do balcão aproximou-se, um telefone no ouvido
enquanto abria a porta.

No instante em que o recém-chegado entrou, Pablo reconheceu-o.


Claro, já fazia alguns anos, mas ele nunca poderia esquecer aqueles olhos
frios ou aquela figura enorme. Ele estava vestido todo de preto, andando
como uma sombra indesejada, destinado a desestabilizar e colocá-lo em
guarda.
Shane observou-o atentamente. — J.P?

— Nós temos companhia. — Ele limpou as mãos nos guardanapos e


tomou um gole de sua água, esperando até que seu convidado se sentasse à
mesa. — Bishop.

Bishop baixou o queixo, o olhar fixo em Pablo. — Castillo. Quem é


seu companheiro?

— Meu marido. Não olhe para ele, — ele gritou quando Bishop se
virou para olhar para Shane.
— Dima lhe disse por que estou aqui?

Cantinho de Livros
— Não.

Mas ele veio mesmo assim? Curioso. — Você está fodendo Eddie
Montoya. — Bishop enrijeceu. — Me fale sobre isso.

Aqueles olhos frios ficaram mais frios, mas Pablo jurou que viu
fumaça quando Bishop expirou. — Te contar sobre a porra do Eddie? —
Sua boca torceu. — Tem certeza de que seu homem quer ouvir tudo isso?

Shane os ignorou, dobrando uma fatia de havaiana ao meio e


empurrando-a em sua boca.

O corpo de Pablo se mexeu com a visão. Ele voltou a se concentrar


em Bishop. — Ele sabe que você roubou ele? Roubou milhões dele?

Bishop não respondeu.

— Como isso funciona? — Pablo perguntou a ele. — Estamos falando


de dinheiro vivo, nada dessa merda de monopoly8.

— Eu não preciso de lembretes.

— Claramente você precisa. — Pablo se inclinou para frente. — O


que ele sabe?

— O suficiente. — Bishop nunca levantou a voz, mas ele rugiu entre


eles de qualquer maneira. — Ele sabe o suficiente.

— Ele sabe que eu estava envolvido?

Bishop inclinou a cabeça, ainda sem expressão no rosto. — É por isso


que você está aqui.

— É claro que é por isso que estou aqui! — Pablo bateu as mãos na
mesa. — Você acha que eu dou a mínima para você ou para quem você está
fodendo?

— J.P.

8
Jogo, similar à banco imobiliário.

Cantinho de Livros
Ele sentou-se com reprimenda de Shane. — Olha, você quer foder e
jogar roleta russa com o louco do Eddie? Isso é com você. Francamente, eu
acho que vocês dois provavelmente se merecem. — Shane tocou seu braço.
— Você sabe como eu sei disso? Preacher veio até mim. Ele é da sua
família, certo? E você está na cama com o homem que poderia destruir toda
a porra da sua família. Mais uma vez, como isso funciona?

Bishop não vacilou uma vez. — Você cuida da sua merda, Castillo, e
eu vou cuidar da minha.

Esse filho da puta. Pablo inclinou-se para a frente, quase tombando a


cadeira quando se levantou perto do rosto de Bishop. — Quando você entra
na cama com Eddie Montoya, sua merda recai sobre mim e se torna minha.
Nós roubamos milhões dele, Bishop. Você acha que ele vai dar de ombros
porque você está fodendo com ele? Quando ele descobrir, talvez ele te
perdoe, mas ainda tem eu, e deixe-me te esclarecer agora mesmo, eu vou
destruir qualquer um que até mesmo olhar para mim e minha família. —
Ele endireitou a cadeira. — Aceite essa merda.

— Bom. Agora estamos conversando. — Dima se inclinou sobre o


balcão atrás deles. Os outros trabalhadores haviam desaparecido
magicamente, aparentemente.

Bishop ignorou o russo. — Nunca me ameace — disse ele a Pablo


devagar.

— Oh. Você se sente ameaçado? — Pablo sorriu. — Você quer fazer


alguma coisa? — Ele estendeu os braços. — Faça alguma coisa. — Ele
estava torcendo por uma briga, de alguma forma, para limpar aquela
expressão estoica do rosto de Bishop. Era como se nada do que Pablo
dissesse penetrasse na parede de gelo ao redor do cara.

Os olhos de Bishop se estreitaram.

— Sem luta, J.P.

Dima se aproximou, batendo a mão no ombro de Bishop. — Como


vai? — Como se ele não visse Pablo prestes a abrir a cabeça de Bishop na
porra da mesa.
Cantinho de Livros
— Vou ignorar suas palavras desta vez, — disse Bishop a Pablo. —
Porque você tem uma família que você está tentando proteger. Desta vez.
Mas me ameace novamente e vou fazer você se arrepender. — Ele se
levantou.

— Tenho certeza que o meu único arrependimento será permitir que


você saia daqui em vez de colocar uma bala na porra da sua cabeça, mas vá
em frente.

Dima agarrou a nuca de Bishop quando parecia que ele caminhava em


direção a Pablo. — Calma.

— Eddie é apenas uma ameaça para uma pessoa. Eu. — Bishop se


afastou, os pequenos sinos acima da porta tilintando quando ele saiu.

Dima trancou a porta atrás de si e virou-se para encarar Pablo. — Você


estava provocando ele.

— Você confia nesse cara? — Pablo ficou de pé. — Porque eu não


confio. Chegando aqui bêbado do pau de Eddie.

Dima sacudiu a cabeça. — Não faça dele um inimigo. Se ele diz que
Eddie não é um problema, então ele não é. Mas, se ele se tornar um, Bishop
pode lidar com ele.

Pablo franziu o cenho para ele. — Como você sabe disso?

— Eu vi isso. Bishop vai lidar com ele. — O olhar de Dima cintilou


para Shane, ainda comendo. — Você não o alimenta?

Shane bufou. — Esse é o seu restaurante? — Ele perguntou a Dima.


Quando o russo assentiu, Shane disse: — A comida é boa. — Ele se virou
para Pablo. — Você está pronto para sair?

Pablo levantou uma sobrancelha. — Só esperando que você termine


de comer, querido.

Shane se virou para ele.

Cantinho de Livros
— Leve o seu homem para casa. — Dima deu um tapinha no seu
braço e deu um passo para trás. — Está tudo bem. — Ele saiu depois,
abaixando-se atrás do balcão e fora de vista.

Pablo estendeu a mão, puxando Shane quando ele terminou de limpar


as mãos e a boca. Ele pressionou um beijo nos lábios de Shane. —
Obrigado por me deixar lidar com isso.

— Merda. — Shane grunhiu. — Eu pensei que você estava prestes a


puxar sua arma e começar a atirar na cara de Bishop.

— Eu deveria ter atirado.

— Vamos voltar para o condomínio. — Shane juntou os dedos com os


de Pablo. — Agora que você lidou com o seu negócio, eu cuido do meu.

Ah, sim.

Cantinho de Livros
Capítulo 8
No segundo em que as portas do condomínio se fecharam atrás deles,
Pablo se viu empurrado contra a parede mais próxima, a boca de Shane na
sua.

— Mmm. — Ele sorriu no beijo, deslizando uma mão pela frente de


Shane para apalpá-lo. — Você me deixa duro — ele murmurou.

— Fiquei duro no momento em que você começou a ameaçar Bishop.


— Shane se afastou um pouco, a excitação já escurecia seus olhos quando
ele tocou dois dedos nos lábios de Pablo. — Eu gosto disso, — ele
confessou em um sussurro ofegante.

— Do quê? — Pablo o apertou, forte o suficiente para Shane gemer e


jogar a cabeça para trás. Sua própria ereção pressionada contra o zíper, a
necessidade pulsando fazendo sua mandíbula apertar.

— Observando você ser quem você é. — Shane não moveu os dedos,


mas seu olhar era ardente.

— Eu amo que eu sou o único que consegue ver o outro lado de você,
— ele confessou em um sussurro ofegante.

Pablo lambeu os dedos e Shane inalou. — Você é o único que merece


o outro lado de mim. — Ele puxou Shane contra seu peito com um aperto
firme em sua bunda.

Shane beijou-o, de boca aberta. Desesperado. Com fome. — Foda-me,


— ele implorou, sem fôlego e atrevido. — J.P. — Ele agarrou os ombros de
Pablo, unhas cavando enquanto ele tentava escalar Pablo. — Eu quero
você.
Cantinho de Livros
E Pablo também o queria. Sempre o quis. — Você não está dolorido
de mais cedo? — Quando ele fodeu Shane dentro do banheiro do avião
apertado, uma mão sobre a boca para abafar seus grunhidos.

Shane balançou a cabeça, os dedos tateando o cinto de Pablo. —


Sensível, mas preciso sentir você. Por favor.

Ele nunca recusaria seu homem, então Pablo o beijou. Duro e punitivo
antes de recuar. — Nos seus joelhos.

Shane caiu de joelhos, seus movimentos ficaram borrados quando ele


tirou o cinto de Pablo e o abriu antes de libertá-lo de sua cueca. Quando ele
enrolou a palma com sua saliva ao redor do comprimento de Pablo, ambos
suspiraram.

Porra.

Pablo olhou para ele, olhos quase fechados pela metade. — Use seus
lábios, menino bonito. — Ele passou os dedos pelos cabelos grossos de
Shane, a cabeça caindo para trás quando os lábios de Shane se fecharam ao
redor dele. — Foda-se, sim. — Ele fechou os olhos, em seguida, o
requintado puxão da boca de Shane fazendo seus quadris empurrar,
apertando suas bolas e levantando-o na ponta dos pés.

Ele fodeu a garganta do marido, cada impulso afundando mais do que


o anterior. Sufocando-o, sibilando toda vez que Shane engasgava ao redor
dele. A saliva o deixou encharcado.

Sua bunda contraía com cada gemido que Shane soltava. Cada
barulho. Cada deslize de dentes enviava acelerava seu pulso, seus dedos
puxando o cabelo de Shane, forçando-o para frente e para trás, para cima e
para baixo. Guiando-o como se o homem dele não soubesse o que fazer,
onde lamber, acariciar e chupar.

Merda.

Ele ofegou, os pulmões queimando enquanto tentava puxar Shane. —


Espere. Espere. — Ele estremeceu. — Droga, Shane. Tire a porra da sua
boca se você me quiser dentro de você.

Cantinho de Livros
Shane o soltou com um som alto e úmido, sentou-se em seus quadris e
olhou para ele com o rosto encharcado e os olhos selvagens.

— Você é lindo, — disse Pablo. Levou um grande esforço para ele não
se masturbar no rosto de Shane naquele momento. Especialmente quando
ele lambeu os lábios e sorriu. Pablo segurou seu queixo. — Tire a roupa e
prepare-se, senão eu vou foder você a seco... Até eu encher sua bunda com
meu gozo.

Olhos piscando, Shane se levantou e se livrou de seus sapatos e jeans.


Ele não usava roupa de baixo.

Pablo congelou no meio de suas botas. — Você andou pelo Brooklyn


com o pau balançando?

Deixando cair a camisa a seus pés, Shane deu de ombros, acariciando


sua ereção enquanto dava as costas a Pablo. — Você vai me punir? — Ele
se dirigiu para as escadas.

Pablo gemeu. — Você está tentando me matar, não é? — Com as botas


tiradas, ele arrancou o resto de suas roupas. — Onde você vai?

— Cama, no andar de cima.

— Mas isso está tão longe, — lamentou Pablo. — E aqui? — Ele fez
um gesto, e Shane balançou a cabeça.

— Você não está me fodendo nas escadas, J.P. Além disso, o


lubrificante está lá em cima. — Ele continuou subindo as malditas escadas
enquanto Pablo olhava para ele com seu pobre pau na mão. — Você vem?
Ou eu vou ter que fazer isso sozinho? — Shane gritou do segundo andar. —
Não pense que eu não vou.

Meeerda. Pablo subiu as escadas correndo para o quarto. Shane estava


em suas mãos e joelhos na cama, uma mão segurando a cabeceira da cama,
a outra preparando sua bunda. Pablo se juntou a ele, curvando-se para dar
uma mordida em sua bunda.

Cantinho de Livros
Shane sacudiu, os dedos caindo para expor seu buraco todo liso e
brilhando com lubrificante. Convidativo. Pablo o tocou, a ponta de dois
dedos circulando, testando, mergulhando. Shane estremeceu. Pablo gemeu,
seus dentes mordendo o lábio inferior.

— J.P, por favor.

Implorando assim? Ele se posicionou atrás de Shane, lubrificando sua


ereção antes de colocar seu pênis na entrada de Shane.

Entrando em Shane. Empurrando.

— Ah, Deus! — Shane endureceu, batendo a mão no lado direito de


Pablo. — Porra. Porra.

Ele se manteve imóvel, com a coluna rígida, doendo da cabeça aos


pés. Não importa quantas vezes ele tenha entrado em Shane, seu interior
sempre foi o melhor, o mais apertado, o mais quente. — Tome o que você
precisa. — Suas palavras eram uma bagunça distorcida. — Foda-me.

Shane estremeceu, os músculos apertados sob o toque de Pablo, mas


ele recuou devagar, tão lentamente. No momento em que ele entrou todo,
os pulmões de Pablo estavam em chamas e sua cabeça estava ameaçando
explodir. Ele envolveu um braço em torno do meio de Shane e abaixou seu
corpo, cobrindo suas costas quando ele puxou para fora, em seguida,
afundou novamente, fodendo, deslizando profundamente. — Foda-se em
mim, — ele sussurrou com a voz entrecortada no ouvido de Shane. — Faça
aquilo que você faz.

Shane se apertou.

Pablo gaguejou, sua respiração, seu aperto, seu pulso. Palavras


falharam. Gemidos. Tudo o que ele tinha eram gemidos. Shane o apertou
novamente, um aperto que o empurrou para frente, entrando mais
profundamente.

— Arghh!

Cantinho de Livros
— É tão bom. Muito bom. — Ele recuperou seu ritmo apenas o
suficiente para empurrar para dentro e para fora. Lambendo o pescoço de
Shane, mordendo.

Shane tocou seu quadril, em seguida, estendeu a mão para sua bunda,
instigando-o. — Mais. Mais.

Pablo deu-lhe mais, usando sua bunda enquanto ele empurrava a mão
na frente de Shane para acariciá-lo, masturbando seu pênis escorrendo.
Fodendo-o na frente e atrás. Olhos fechados, prazer arqueando sua espinha
e enrolando seus dedos no colchão.

— Ungh. Ungh Ungh. — Shane estava alto, seus grunhidos


incoerentes quando ele se fodia em Pablo antes de empurrar para frente em
seu punho. — Goze. — Seu corpo estremeceu ao redor de Pablo, ficando
impossivelmente mais apertado. — J.P! Vou... — O gozo quente escaldou a
mão de Pablo.

Ele enterrou o rosto no pescoço de Shane, perdendo-se no cheiro, o


calor, a sensação, sufocando seu grito com os dentes na pele de Shane,
gozando, quadris empurrando, montando aquela bunda apertada até que ele
ficou exausto. Até ele não poder se mexer. Até que Shane o drenou
completamente.

Então ele desmoronou, seu pênis suavizando e deslizando fora de


Shane.

Shane foi o único a movê-los, virando de costas. Pablo se acomodou


em cima dele - entre as coxas - com a cabeça no ventre de Shane, as pernas
do marido ao redor dele. Uma mão trêmula acariciou sua cabeça, a curva de
sua orelha, seu pescoço. Eles estavam todo pegajosos, mas o chuveiro teria
que esperar. Pablo estava fraco pra caralho. Foder a bunda de Shane sempre
acabava com ele.

— Nós vamos voltar para casa amanhã? — Shane perguntou depois de


um tempo.

Eles podiam. Bishop e Dima pareciam pensar que Bishop seria capaz
de lidar com Eddie.
Cantinho de Livros
— Sim. — Ele acariciou a mão na coxa esquerda de Shane. — Nós
vamos para casa, para o nosso menino amanhã.

— Você está bem com isso? Você acha que tudo está...

A energia acabou, mergulhando-os na escuridão. Shane endureceu.

Pablo se levantou.

— O que...
Um estrondo alto cortou as palavras de Shane. Pablo pulou da cama,
pegando roupas que ele não conseguia ver no chão. Ele jogou-as para a
cama. —Vista-se e fique longe. Agora, Shane! — Ele procurou pela arma
que ele colocou na mesa de cabeceira, enquanto enfiava as pernas em um
par de jeans. Poderia ter sido dele. Talvez o de Shane.

A porta do quarto se abriu antes que ele encontrasse a arma.

— Pablo Castillo.

Ele endureceu com a voz familiar. E o raio de luz que de repente


iluminou o quarto. Ele se virou, mantendo o olhar para frente. Uma
lanterna brilhou em seu rosto, obstruindo sua visão, mas ele percebeu que
pelo menos cinco homens se aglomeravam na entrada.

Porra. Shane. Ele tinha que ter certeza que Shane estava bem. —
Eddie, muito tempo sem te ver.

Eddie Montoya riu. — Sim, mas eu ouvi que você estava procurando
por mim. — Ele se virou para um dos homens que o flanqueavam. —
Pegue o outro.

— Porra, não toque nele. — Pablo se adiantou. Uma bala atingiu-o, o


deixando de joelhos. Ele cambaleou.

— J.P! — Shane gritou.

Pablo se forçou a permanecer em pé. Apesar do fogo queimando seu


corpo. — Ele está fora dos limites. — Ele ofegou. — Faça o que quiser

Cantinho de Livros
comigo, mas meu marido está fora dos limites. — Sua visão nadou.
Respirações profundas. Respirações profundas. O pânico o comeu por
dentro, quase anulando a dor da bala. Os homens de Eddie se aproximaram,
arrastando Shane da cama. Pablo investiu contra eles, lutando, gritando por
Shane. Até que desceram sobre ele, pareciam dez homens, arrastando-o.

— Você está morto, Eddie! Machuque-o, toque nele, e eu vou te


matar, — ele prometeu do chão onde eles o jogaram, botas pesadas em seu
pescoço, seu peito, impedindo-o de se mover.

— Cale-se, — Eddie ladrou a ordem. — Vamos embora.

— J.P! Não o machuque. Não o...

Um chute na cabeça derrubou Pablo.

Cantinho de Livros
Capítulo 9
Dois homens, cada um do lado oposto dele. Um terceiro às suas
costas, fora de vista, mas não fora de mente. Foi o quarto homem que
Shane focou, no entanto. Eddie Montoya se sentou em frente a ele, em
silêncio pelo que parecia, o quê... cinco minutos?

A princípio, tinham sido apenas os homens com Shane, até que Eddie
entrou, trazendo um ar mais frio e agressivo com ele. Algo sobre ele
lembrou Shane de seu marido. Eddie tinha a mesma vibe perigosa girando
em torno dele, violência mal controlada. Em Pablo, era sexy, obviamente,
mas em Eddie, essa merda deixou Shane no limite.

— Onde está meu marido? — Era a décima vez que ele perguntava, e
como todas as vezes antes, Eddie apenas o observou com os olhos afiados,
estreitados em um olhar especulativo. Como se ele estivesse avaliando
Shane. Manter-se no presente enquanto enfrentava Eddie não apagou o
pânico de Shane. Ele era bom em esconder isso. O homem diante dele não
podia ver que Shane estava desmoronando por dentro, sua pele gelada de
muito mais do que este espaço frio em que ele tinha sido despejado.
Pablo foi baleado na frente dos olhos dele. Levou um tiro para
proteger Shane. Ele não tinha ideia do que aconteceu depois que um dos
homens de Eddie deixou Pablo inconsciente, porque Shane começou a dar
socos, apenas para ser derrubado com um punho em sua cabeça. Ele
acordou neste lugar, o que parecia ser o porão de alguém, frio e úmido. Os
homens não o amarraram, não cobriram os olhos dele. Eles simplesmente o
colocaram em uma cadeira dobrável e ficaram em silêncio enquanto Eddie
olhava para ele como um quebra-cabeça que ele não conseguia solucionar.

Ele flexionou os dedos, ignorando a dor no rosto. Ele não sabia se


estava todo machucado, inchado ou não. Não importava. Ele teve que se
forçar a sentar lá e esperar o que viria a seguir. Quatro contra um, e ele
Cantinho de Livros
podia ouvir a voz de Pablo em seu ouvido. “Não faça nada de estúpido,
menino bonito.” Onde ele estava? Ele estava com dor? Ele estava mesmo...

Não. Ele levantou o queixo, olhando diretamente para Eddie. Pablo


era indestrutível. E ele não precisava de Shane pensando de outra forma, ou
tentando um ato suicida, enfrentando quatro homens armados, apenas com
sua maldita inteligência. Ele ainda tinha que fazer alguma coisa. Ele não
podia se sentar neste lugar em silêncio enquanto Pablo precisava dele. Eles
tinham que voltar para o filho deles. Sua casa.

O pânico aumentou novamente, trazendo desamparo. Juntos, eles


queimaram seu peito, mas ele engoliu em seco. Ele não sabia muito sobre
Eddie, apenas o que ele descobriu com Pablo, o que não era nada
significativo para começar. Ele tinha perguntas, no entanto. Como Eddie
entrou no condomínio? Como ele sabia sobre Pablo perguntando sobre ele?

E... — Onde está o Bishop?

Eddie estremeceu como se tivesse sido cutucado. Dor sombreou seus


olhos por um breve momento antes de desaparecer. Um sorriso arrogante
enrolou seus lábios. — Oh, você sabe sobre Bishop, não é? — Ele apoiou
os cotovelos nas costas da cadeira que ele montou, os braços de sua camisa
branca puxando em torno de seus bíceps. — Isso faz um de nós, então.

Isso não soou bem. O que diabos aconteceu entre os dois desde que
Bishop deixou a pizzaria? Não pode ter sido bom, se trouxe Eddie até aqui.
— Onde está J.P.?
— Não sei quem é J.P., mas se você está se perguntando sobre
Castillo... — Eddie inclinou a cabeça e o diamante em sua orelha esquerda
brilhou para Shane. — Onde você pensa que ele está?

Jesus. Shane franziu os lábios. — Se ele estiver ferido...

— Não se aborreça. O cara está ferido. Tudo o que resta é eu


determinar se isso vai ser permanentemente.

Ele ainda estava vivo. Obrigado. Shane piscou rapidamente,


respirando fundo. — O que você quer?

Cantinho de Livros
O olhar de Eddie procurou no rosto de Shane. — Você é a razão pela
qual ele deixou tudo para trás, hein? — Ele balançou a cabeça. — Ouvi
falar sobre isso, mas é diferente.

— Ele me ama.

Eddie assentiu com um gesto quase distraído. — Uh-huh. É por isso


que ele te trouxe para o Brooklyn, acenando com você sob o nariz do
homem que ele roubou milhões de dólares?

Ele não ia contar a Eddie que se juntar a Pablo foi a decisão estúpida
de Shane.

Mas se ele tivesse ficado em casa, o que teria acontecido com Pablo?
E quem saberia mesmo? — Ele vai te matar se você me machucar.

Eddie riu. — Acontece que eu não sou tão fácil de matar, mesmo
quando não estou ciente da bala. O que você acha que vai acontecer quando
eu realmente sei o que está a caminho? Agora... — Ele se inclinou para
frente, derrubando a cadeira do chão. — Eu disse ao seu homem e estou lhe
dizendo, eu não gosto de ser caçado. Me dá coceira, você sente? Me faz
fazer merdas assim. — Ele acenou com a mão para Shane, que cruzou os
braços.

Eles não estavam caçando-o, mas Shane não o corrigiu. — Você quer
começar uma guerra?

— Castillo começou há alguns anos quando conspirou para roubar


minha merda. — A voz de Eddie aumentou. — Eu não dou a mínima para o
quanto foi, eu vou lidar com isso do jeito que eu quiser.

— E o que Bishop tem a dizer sobre tudo isso? — Ele não podia
imaginar que Bishop sabia alguma coisa sobre isso. O homem que apareceu
na pizzaria parecia ser alguém que podia mais do que lidar com Eddie.

— Shane. — A exalação de Eddie soou como se sua paciência


estivesse chegando ao fim. — É Shane, certo? Shane, — ele continuou
antes de receber a confirmação. — Mantenha esse nome fora de sua boca.

Cantinho de Livros
— Onde ele está? Você o machucou? — Não que ele se importasse de
um jeito ou de outro sobre esse Bishop, mas ele parecia ter uma ligação
com Eddie. Ele não achava que Bishop queria isso, que Eddie fizesse o que
ele estava fazendo.

— Eu ouvi que você e Castillo têm um filho.

Shane endureceu. — Não. — A única palavra saiu estrangulada, em


um aviso que Eddie não deu atenção.

— Uma palavra que eu conheço.

— Nosso filho está fora dos limites — Shane disse a ele com firmeza.
— Assim como suas filhas estão fora dos limites. Sua ex-esposa também.
Perceba que não chegamos perto deles.

A raiva escureceu os traços de Eddie e ele se levantou. Algo em seu


quadril direito se moveu, e Shane não duvidou que ele tivesse pelo menos
uma arma no cós da calça jeans. Talvez outra em suas botas pretas de estilo
militar. — Você quer que eu te agradeça por isso? Foda-se.

— Você vai a qualquer lugar perto do meu filho e eu mesmo te mato.


Eu te prometo isso. Agora, eu quero ver meu marido, e eu quero que você
saia da minha frente. — Ele desistiu de tentar ser legal, arriscando a ira de
Eddie no processo. Eddie mencionando Easton fodeu ainda mais com sua
cabeça. Ele precisava descobrir uma saída para isso. Ele precisava ver
Pablo.

Porra, aquela sensação de estar indefeso inundou-o novamente e foi


tudo o que ele pôde fazer para manter o queixo erguido e o olhar fixo em
Eddie.

— Você quer um monte de coisas, — Um sorriso brincou nos lábios


de Eddie.

— O que você quer, Eddie? — Shane atirou de volta. — O que diabos


você quer?

Cantinho de Livros
Eddie se virou. — Quando eu descobrir, eu vou deixar você saber, mas
enquanto isso... — Ele jogou uma piscadela por cima do ombro. — Isso
aqui vai funcionar muito bem.

Cantinho de Livros
Capítulo 10
— Onde está Shane? — Pablo bateu com a mão na parede para se
levantar, respirando com dificuldade quando se endireitou. Ele recuperou a
consciência há pouco tempo, auxiliado pelo comportamento rude dos
homens de Eddie. A dor em seu lado direito mal se registrou no segundo
que ele percebeu que Shane não estava com ele. Um dos homens de Eddie
enfiara dois dedos na ferida de bala, sentindo-a de perto antes de informar
que tinha sorte de o golpe ter passado direto.

Então era isso.

Dois segundos atrás, Eddie entrou na sala onde Pablo estava sendo
mantido, e ele ficou lá com um olhar distante nos olhos, pernas abertas,
braços cruzados. Eles nunca foram amigos, ele e Eddie, mas no passado
eles foram cordiais. Aliados, se a situação exigisse, adversários se não o
exigisse.

— Onde está Shane, Eddie? — Não havia nada tão aterrorizante


naquele momento do que não saber onde Shane estava. Como ele estava. A
perda de sangue o deixou tonto e ele não tinha ideia de quanto tempo fazia
desde que Eddie invadiu a cobertura, mas ainda era muito tempo. Não era
hora de entrar em pânico. Não havia tempo para ações precipitadas. Ele
colocou isso de lado, engoliu a amargura ameaçando alcançá-lo e respirou
fundo antes de se arrastar para frente. Ele não tinha sido amarrado, sem
restrições de qualquer maneira, e ele tentou não ler nada sobre isso.

Eles estavam sozinhos neste lugar, ele e Eddie, mas Pablo não se
enganou pensando que Eddie não tinha seus capangas idiotas lá fora,
apenas esperando.

Cantinho de Livros
— Faça o que quiser comigo. — Ele continuou se movendo, rangendo
os dentes, pressionando a mão em seu lado, até que ele estava peito a peito
com o outro homem. — Faça o que quiser comigo, mas deixe Shane fora
disso.

Eddie olhou para ele, a merda pesada escurecendo seus olhos. Pablo
não o conhecia bem o suficiente para lê-lo, para ver o que quer que fosse
que ele apresentasse. — Ele sabe quem você é? — Eddie levantou uma
sobrancelha. — Esse Shane. Ele conhece todos os seus segredos?

Pablo franziu a testa. — Ele é meu marido. Claro que ele conhece.

Eddie bufou. Seu olhar estreito desceu até a ferida de Pablo e voltou
ao rosto. — Nós o procuramos por anos, você sabe, para descobrir como
esse carregamento foi roubado. Não havia nada para encontrar. Vocês
caras... — Ele balançou a cabeça. — Vocês cobriram seus rastros muito
bem.

Eles eram profissionais. Ele não falou isso, não precisava irritar Eddie
mais do que ele já estava. — Você me quer, você me tem, — disse ele a
Eddie. — Mas você precisa deixar Shane ir.

Os lábios de Eddie se curvaram e seu olhar se aguçou. — Ele é a única


coisa que te mantém exatamente onde você está. Então, não.

Pablo empunhou a mão livre, pegajoso de sangue. Ele iria cair


lutando, sempre, mas ele não poderia fazer um movimento a menos que ele
soubesse onde Shane estava. Conhecendo Eddie, ele provavelmente estava
sob vigilância pesada. Pablo fez uma oração silenciosa para que seu marido
não tentasse algo heroico. — Você quer suas armas de volta? — Claro, ele
não tinha as armas, mas ele tinha conexões. Ele as ressuscitaria se isso
significasse manter Shane seguro. — Dinheiro? — Não havia vergonha em
seu jogo, oferecendo o que fosse necessário. Era o que tinha que ser feito. E
quando se tratava da sua família, Pablo faria qualquer coisa que tivesse que
ser feito. — Diga o seu preço e eu pagarei.

Cantinho de Livros
Eddie inclinou a cabeça. — Eu confiei em um homem uma vez, —
disse ele. — Apenas uma vez. Acabei com um estranho na minha cama e
uma faca nas costas.

Bishop. Ele tinha que estar se referindo a Bishop. Merda. — Olha, eu


não sei o que diabos está acontecendo com você e...

— Não fale o nome dele! — Eddie rosnou.

— Tudo bem. Tudo bem. — Bishop tinha feito muito dessa vez. —
Mas escute, Shane não tem nada a ver com isso. Com o que aconteceu.
Deixe ele ir. Deixe ele sair e você me tem. Para qualquer coisa. Você me
pegou. — Ele não se importava com o que acontecia com ele.

— Não vai acontecer.

Que merda. — Eddie. Vamos lá, cara. Qual é o seu plano aqui? — Ele
cambaleou em seus pés, mas conseguiu permanecer de pé. — Você violou o
território russo, você percebe isso? Dima virá atrás de você, e você sabe
que aquele cara é psicótico. Você pode ter alguns homens às suas costas,
mas você não tem mais o poder da gangue. Vai ser uma perda para você.

— Eu não tenho medo de perder.

Não, ele não tinha. Ele tinha que ter conhecimento da bagunça que
estava causando, chegando a Coney Island do jeito que ele chegou. Ele
tinha um desejo de morte, e tinha tudo a ver com Bishop. — É assim que
você se vinga? Sendo morto pelo russo? — Porra, suas pernas estavam
protestando por ele estar de pé durante tanto tempo, então ele mancou, de
volta para a parede onde ele deslizou para o chão.

Eddie não se mexeu. — Isso não diz respeito a você.

Pablo soltou uma risada e maldição, mas doeu. — Claro que isso me
preocupa. Você não está tão irritado comigo quanto você está com ele. É
por isso que estou aqui, não é? Por que você tem Shane? Isso não é sobre
nós. Cada movimento que você faz é para punir Bishop.

O corpo de Eddie bateu com força contra a menção de seu amante.

Cantinho de Livros
Pablo se cansou de brincar com ele. — Eu não sei como algumas de
suas ações recentes servirão como punição para Bishop e eu não dou a
mínima. Vocês dois se merecem. Eu vou te dizer o que eu sei, no entanto.
— Ele segurou o olhar de Eddie, certificando-se de que o outro homem
sentisse a verdade absoluta de suas palavras quando ele dissesse: — Um
cabelo fora do lugar na cabeça de Shane e não haverá o suficiente de você
para o russo. Você me conhece, Eddie. Você sabe que eu não blefo. — Ele
sacudiu o queixo. — Pense nisso enquanto você está fazendo beicinho
porque o Bishop partiu seu coração.

Eddie se lançou para frente. — Pare de falar suas merdas.

— Eddie.

Aquela voz atravessou a sala, dura e afiada. Eddie congelou, tormento


torcendo suas feições em uma careta antes de disfarça-lo. Pablo percebeu o
brilho sombrio da antecipação em seus olhos antes que Eddie se virasse
para o homem que estava atrás dele no final da escada.

Como Bishop entrou quando Eddie deveria ter guardas por toda parte,
Pablo não sabia. Ele manteve a boca fechada e assistiu o show, porque no
instante em que os dois começassem a foder, ele estava dando o fora dali.
— Você pode deixá-lo ir. — Bishop não olhou na direção de Pablo.
Parecia que todo o seu ser estava focado em Eddie, e sim, Eddie era do
mesmo jeito. Aqueles dois, focados em suas merdas.

— Posso? — As mãos de Eddie estavam ao lado do corpo,


flexionando os dedos como se ele estivesse se impedindo de agarrar
Bishop.

— Nós dois sabemos que sou eu quem você quer. Eu estou aqui agora.

Oh. Ok. Então isso era a merda de preliminares para eles. Pablo se pôs
de pé, avançando para frente. — Estou fora, — disse ele quando chegou
perto dos dois homens. — Vocês dois vão em frente e matem um ao outro.

Eddie se mexeu.

Cantinho de Livros
— Deixe-o ir, — disparou Bishop. — Você me tem. Você pode fazer o
que quiser comigo.

— Eu já fiz, — Eddie rosnou, e Bishop riu.

— Não, você não fez.

O que diabos estava acontecendo com esses dois? Pablo fez uma
careta ao subir as escadas.

— Castillo. — Ele fez uma pausa quando Bishop gritou para ele. —
Você vai encontrar seu marido no andar de cima. — Pablo soltou um
suspiro enquanto Bishop continuava. — Ele está sozinho. E ele está ileso.

Olhando por cima do ombro, ele perguntou. —Você garante isso?

Bishop estava de costas para ele, mas ele assentiu. — Eu garanto isto.

Uh-huh, certo. Mas isso não importava, não agora. Ele precisava ver
Shane pessoalmente, ter certeza de que ele estava bem. Essa coisa... ele
achava que seria muito pior. Ele não queria nada disso, mas preferia muito
mais esse resultado a qualquer outro.

Ele deixaria Eddie Montoya ter isso. Pablo lhe devia, afinal.

No topo da escada, ele abriu a porta e correu para frente. — Shane? —


A casa de quem quer que seja, parecia vazia, exceto pelos dois homens no
porão. Onde estava Shane? — Shane?

— J.P.?

Oh merda. Ele parou de se mover, encostado contra a parede enquanto


ele corria em sua direção.

— J.P.

Seu nome, e então ele teve seus braços cheios de Shane, apertando-o,
beijando-o, machucando-o. Mas ele aguentou, enterrando o rosto no
pescoço de Shane, respirando-o. Cristo. Ele tremeu. E seu peito doía.
Queimado.

Cantinho de Livros
— Você está bem? — Shane pegou seu rosto em suas mãos, olhos
preocupados olhando para ele. — J.P. Você foi baleado!

— Não é nada — disse ele em um sussurro rouco. — Só um


pouquinho. — Mais do que um arranhão, mas ele não queria que Shane se
preocupasse. — Vamos para casa, menino bonito.

— Sim. — Shane beijou-o gentilmente.

— Vamos... — Pablo caiu contra ele.

— J.P.?

Então ele desabou no chão.

Cantinho de Livros
Capítulo 11
— Estou bem.

Shane revirou os olhos enquanto se endireitava, cruzando os braços.


— Você diz isso mais uma vez e eu vou ter certeza que você vai se
arrepender daquelas palavras mentirosas. — Eles já chegaram em casa uma
hora atrás, depois que Pablo insistiu em deixar o hospital contra os
conselhos médicos. Aquelas poucas horas depois de ele ter colapsado
ficaram gravadas no cérebro de Shane. Ele teve que ligar para Dima, que os
tinha tirado daquela casa, todos ignorando os ruídos vindos do porão. Eles
não pareciam se importar com o fato de Eddie e Bishop estarem se matando
ou se engajando em algum tipo de sexo com ódio por lá.

Pablo havia perdido muito sangue do ferimento de bala, razão pela


qual ele desmaiou. O hospital o manteve por dois dias. Shane esperava que
os policiais aparecessem a qualquer momento, mas eles nunca apareceram.
Graças a Dima, se ele tivesse que adivinhar. Ainda assim, Shane não se
permitiu respirar até que eles chegaram em Atlanta, e entraram dentro de
sua casa. Pablo ainda sentia dor, mas recusava os analgésicos. Ele tomou os
antibióticos, no entanto, para evitar a infecção. Shane tinha ficado
dilacerado com a decisão de deixar o hospital. Ele queria ter certeza de que
Pablo estava bem, mas porra, se ele também não quisesse dar o fora de
Nova York.

Tudo tinha acabado? Ele não tinha ideia. Ele estava ocupado demais
se preocupando com Pablo naquela cama de hospital para perguntar a Dima
o que estava acontecendo. Espero que Eddie e Bishop tenham resolvido sua
merda. Era óbvio que, por mais puto que Eddie estivesse com Pablo, sua
raiva era principalmente dirigida a Bishop. Mas essa era a bagunça deles
para lidar. Shane tinha seus próprios problemas.
Cantinho de Livros
Com o marido deitado no sofá porque era muito difícil subir as
escadas.

Pablo estava pálido, seu tronco enfaixado escondido pela camiseta que
Shane o ajudou a trocar, junto com seu moletom preto. Eles ligaram para
Syren e Kane quando chegaram em Hartsfield-Jackson, o que significava
que Easton estaria em casa em breve. Eles o checaram nos últimos dias,
mas ele não sabia que Pablo tinha se machucado. Esse fato não iria
permanecer oculto por muito tempo.

Então eles teriam que explicar isso.

— Hey. — Pablo estendeu a mão para ele e Shane se adiantou,


pegando sua mão. — Eu juro, estou bem. — Seus olhos imploraram a
Shane para acreditar nele. — Só um pouco de dor, mas é isso. Estou bem.

Shane soltou um suspiro, ajoelhando-se para roçar o nariz no queixo


de Pablo. — Em alguns minutos, nosso filho vai passar por aquela porta,
J.P. — Ele apertou mais os pobres dedos de Pablo. — Temos que explicar a
ele como você tem a porra de uma ferida de bala.

— Não, nós não temos. — Pablo se inclinou para trás, olhando para
ele com uma expressão suave. — Ele não precisa saber de nada.

Shane fechou os olhos, respirando profundamente. — Se você colocar


seus pés em Nova York novamente, eu vou matar você, eu mesmo, — ele
gritou. — Eu não posso fazer isso. — A memória de assistir Pablo levar um
tiro, o medo quando ele caiu no chão, recaiu sobre a cabeça de Shane e ele
começou a tremer.

— Ei. Ei. — Dedos ásperos apertaram seu queixo. — Olhe para mim,
menino bonito.

Seus olhos se abriram e ele encontrou o olhar determinado de Pablo.


Linhas de dor estavam gravadas em torno de seus olhos e sua cabeça
precisava ser raspada. Fios prata pontilhavam o cabelo escuro ao longo de
sua mandíbula. Ele gritou para Shane do banheiro quando ele viu o
primeiro cinza em seu queixo, mas ele sempre apreciou. Apreciou
envelhecer. E para Shane, ele parecia ainda mais sexy com os cinzas. Na
Cantinho de Livros
sua opinião, Pablo era ainda mais lindo hoje do que a primeira vez que se
conheceram, e isso queria dizer alguma coisa.

— Estou bem, — murmurou Pablo. — Você está bem, e você está


certo, Nova York está fora dos limites para nós. Por enquanto.

A sobrancelha de Shane se ergueram. — Por enquanto? — Ele teria


recuado se Pablo não tivesse um aperto firme sobre ele. — Você está...

A porta da frente se abriu com um bipe, trazendo o som de vozes altas.

— Papai! — Easton veio correndo em sua direção, escoltado por


Syren e Kane, largando a mochila e a jaqueta. — Você voltou!

— Umph. — Easton bateu nele, derrubando-o no chão. — Você sentiu


minha falta, hein? — Ele abraçou seu filho, beijando o topo de sua cabeça.

— Eu também recebo algum amor? — Pablo perguntou do sofá.

— Pai! — Tão depressa quanto Easton correu para Shane, ele se


apressou, se lançando no colo de Pablo.

— Argh! Merd... — O grito de dor de Pablo ecoou.

Ah Merda.

Easton se afastou dele com os olhos arregalados. — Pai? — Sua voz


era baixa, tímida, e Shane não foi o único que percebeu. — O que há de
errado?

— Estou bem, amigo. — O peito de Pablo subia e descia enquanto ele


respirava, seu olhar indo de Easton para Shane e de volta. — Eu apenas me
machuquei um pouco. — Ele soou sem fôlego. — Mas eu senti sua falta.
— Ele pegou Easton de volta em seus braços, abraçando-o gentilmente. —
Eu senti muito a sua falta.

— Você está ferido? — Easton se afastou. — Como você se


machucou?

Cantinho de Livros
— Ei, E, — Kane falou pela primeira vez. — Por que você não leva
suas coisas para o seu quarto?

Shane agradecidamente aproveitou a desculpa. — Sim, amigo.


Coloque suas coisas no andar de cima, por favor.

— Mas papai está machucado. — Easton se virou para encarar Shane,


com a testa franzida, fazendo beicinho como Pablo.

— Não é grande coisa. — Pablo não olhou para Shane. — Eu vou


ficar bem. Leve suas coisas para o andar de cima, amigo. Os adultos
precisam conversar um pouco. Ok?

Easton definitivamente não estava feliz em ser dispensado, mas ele


concordou com má vontade. Eles todos esperaram até que ele pegasse sua
bolsa e jaqueta e subisse as escadas.

— Você foi baleado? — Perguntou Syren.

Eles não compartilharam nenhum detalhe sobre o que aconteceu com


ninguém. Merda, Mateo e Tommy estavam em Nova York também, mas
Shane não ligou para ninguém enquanto Pablo estava no hospital. Não quer
dizer que seus amigos e familiares não descobririam.

— Apenas um arranhão. — Pablo colocou sua cabeça de volta no


travesseiro, fazendo uma careta de dor.

— Dois dias no hospital por um arranhão? — Syren ergueu uma


sobrancelha.

Shane tocou a testa de Pablo. — Você precisa tomar analgésicos, J.P.

— A situação, — Kane falou. — Foi tratada?

— Por enquanto. — Pablo deslizou a mão sobre seu estômago


enquanto olhava para o teto. — Poderia mudar.

— Eu vou ficar de olho nele. Lidar com qualquer consequência, —


disse Syren. — Você deveria ter me deixado lidar com isso, para começar.

Cantinho de Livros
— Seus lábios se apertaram. — Evitar tudo isso. — Ele acenou com a mão
para Pablo no sofá.

Se Shane tivesse uma escolha, ele preferiria que Syren lidasse com a
situação também. Mas Pablo queria lidar com a bagunça que ele criou, em
primeiro lugar. Agora aqui estavam eles.

— Nós estamos indo. — Kane pegou a mão de Syren. — Deixe-nos


saber se você precisar de nós.

— Obrigado por cuidar de Easton, — Shane disse atrás deles.

— A qualquer momento, — Syren disse por cima do ombro com uma


piscadela.

Quando a porta da frente se fechou atrás deles, Shane se voltou para


Pablo. — Você vai tomar os analgésicos.

— Shane...

— Não. — Ele levantou a mão, cortando a recusa que já havia


percebido nas profundezas dos olhos castanhos encharcados de dor de
Pablo. — Easton não vai ver você se contorcendo nesse sofá de dor, J.P.
Precisamos lidar com isso.

Os lábios de Pablo se curvaram e suas feições se suavizaram um


pouco. — Você está mandando?

Ele apertou a mão do estômago de Pablo e levantou-a, beijando a


palma da mão. — Isso vai funcionar com você?

O polegar de Pablo roçou o lábio inferior de Shane. — Suas ordens


sempre funcionam para mim.

Shane tentou esconder um sorriso. Mesmo com um buraco de bala no


corpo, Pablo era assim, charmoso, sensual e atraente. Impossível para
Shane ficar bravo com ele.

Olhando nos olhos dele, o rosto de Pablo endureceu. — Ele estava


assustado. Easton. — Sua mandíbula apertou. — Ele estava assustado.

Cantinho de Livros
Shane assentiu. — Sim. Para ele, somos invencíveis. — Ele limpou a
pesada emoção de sua garganta. — Você se machucando quebra essa
ilusão. — Essa verdade feriu o coração de Shane.

Pablo fechou os olhos brevemente e reabriu os olhos. — Traga-me as


pílulas.

Cantinho de Livros
Capítulo 12
Um toque em sua testa fez os olhos de Pablo se abrirem quando seu
corpo se mexeu.

Porra! O movimento doeu, mas ele rangeu os dentes, contendo o


gemido. Easton olhou para ele, preocupação em seus olhos.

— Papai?

— Mm. — Ele moveu seu corpo até a borda do sofá, tentando mudar
de posição para aliviar suas costas doloridas. — Por que você está de pé,
amigo? — Ele piscou. O quarto estava escuro, então provavelmente ainda
era noite. — Que horas são?

Easton deu de ombros. — Não sei. Eu não consegui dormir, então vim
checar você.

Pablo não se lembrava de ter dormido, mas ele se lembrava de ter


convencido Shane a ir para a cama. Seu marido estava exausto, mas lutou
contra o cansaço para cuidar de Pablo. Depois que Shane subiu as escadas,
ele fechou os olhos, provavelmente cochilando enquanto esperava que os
analgésicos fizessem seu trabalho.

— Venha aqui. — Ele estendeu a mão e quando seu filho pegou, ele
puxou o garoto para mais perto. Ele estava de pijama e meias, cabelo todo
para cima. Ele ajudou Easton a subir no sofá, deslocando-se - sem uma
pequena quantidade de dor e desconforto - até Easton se estender ao lado
dele. — Por que você não consegue dormir? — Ele arrastou o cobertor para
cobrir os dois.

— Hum. — Easton olhou para o teto. — Eu sei que você disse que eu
não deveria me preocupar com você e papai, mas quando eu estava com os
tios, eu fiz.

Cantinho de Livros
Pablo passou a mão pela cabeça do garoto. — Papai e eu estamos
bem. Certo? — Ele beliscou o queixo de Easton, virou a cabeça para que
seus olhares pudessem se encontrar. — Estamos bem. A única coisa que
você deve se preocupar é em ter boas notas, sair com seus amigos. Ser
criança.

— Mas você está ferido.

— Não é grande coisa. Eu tomarei a medicação que seu pai me deu e


ficarei bem em pouco tempo. Eu prometo. — Ele abraçou Easton, beijando
o topo de sua cabeça.

— Como você se machucou? — A pergunta, pronunciada contra o


peito de Pablo, foi abafada.

Pablo fechou os olhos por um momento. Nenhum dos livros que leram
sobre paternidade ou as histórias compartilhadas por outros pais já
abordaram isso. É claro que ele não ia dizer a seu filho que ele tinha sido
baleado por um homem que o derrubou e tirou ele e Shane de sua cama.
Ele também não queria que Easton se preocupasse com coisas
desnecessárias.

— Eu fiz algo para alguém, há muito tempo, e ele estava chateado,


então nós brigamos por isso. Mas está tudo bem agora.

Easton levantou a cabeça. — Você pediu desculpas? — Ele era a única


inocência na vida de Pablo. Tão puro e intocado pela vida. Ele faria
qualquer coisa para manter Easton com essa mentalidade para sempre.

— Nós conversamos. — Mais ou menos. — E mais uma vez, tudo


acabou. — disse, com a porra dos dedos cruzados9. Se alguma vez
houvesse uma próxima vez para ele e Eddie, seria um tipo de situação de
“quem atira primeiro”, com certeza. — Chega de conversa. — Ele abraçou
Easton. — Você tem que ir dormir, você tem escola amanhã.

— Posso dormir aqui com você?

9
Quando você conta uma mentira e cruza os dedos.

Cantinho de Livros
— Sim. — Não seria confortável para Pablo, mas isso não importava.
— Eu te amo, E. Você é a melhor coisa que já aconteceu comigo e com o
seu pai. Nunca esqueça isso.

— Também te amo, papai.

Pablo segurou-o, não muito apertado, com a maneira que estava


ferido, mas ele se agarrou ao filho. Easton rapidamente adormeceu e Pablo
encontrou seu conforto naquele momento, mesmo quando Easton se mexeu
e seu joelho bateu em Pablo no abdome, muito perto de sua ferida de bala.
Ele pensou em todas as maneiras que ele teve sorte, todas as maneiras que
ele poderia ter perdido sua família com aquela situação desastrosa no
Brooklyn.

E ele permitiu que a respiração calma e constante de seu filho o


atraísse de volta ao sono.

Quando ele abriu os olhos novamente, foi para ver luz do sol e Shane
o acordando.

Ele piscou rapidamente, limpando o sono de seus olhos. — Hã?

— Você está com dor? — Shane se ajoelhou ao lado do sofá, os olhos


cheios de preocupação. — Você precisa das pílulas?

— Não. — Ele balançou a cabeça. — Eu estou bem.

Shane franziu os lábios. — Estou levando Easton para a escola e


voltarei. OK?

Pablo assentiu e fechou os olhos, aconchegando-se sob o cobertor. Ele


não mentiu sobre a coisa da dor, pelo menos no que dizia respeito à ferida
de bala. Suas costas e quadris direito doíam de dormir em apenas uma
posição, mas tudo estava bem.

— Tchau, pai. Até logo.

Cantinho de Livros
Ele reabriu os olhos para sorrir para Easton enquanto o garoto
balançava a mochila por cima do ombro e se adiantava para abraçá-lo. —
Até mais tarde, amigo. Tenha um bom dia.

Shane beijou a testa de Pablo. — Eu vou te ver quando voltar.

Quando eles saíram, Pablo ficou de pé com um gemido. Ele parou no


banheiro para limpar o ferimento e trocar o curativo, depois escovou os
dentes e começou a urinar antes de subir as escadas. Ok, isso não foi tão
fácil como deveria ter sido, mas pelo menos não foi tão impossível como
tinha sido na noite passada. No momento em que ele desmoronou na cama
ainda quente, ele estava ofegante.

Merda.

Ele abraçou um travesseiro, inalando profundamente, levando o cheiro


de Shane para seus pulmões. Ele não gostava que eles dormissem
separados, então definitivamente não haveria uma repetição da noite
passada. Almofadas apoiadas atrás da cabeça, ele ligou a TV. Shane voltou
um pouco mais tarde, entrando no quarto com uma caixa de donuts e duas
xícaras de café.

— Por que você não esperou por mim? — Ele colocou a comida na
cama e olhou para Pablo. — Você trocou o curativo?

— Sim. Não foi difícil. — Não era como se ele nunca tivesse feito
isso antes, mas na maioria das vezes ele não queria mais dar a Shane
lembretes do que aconteceu. Ele teve o suficiente para durar duas vidas.

Shane suspirou. — Ok, bem, vamos pegar suas pílulas.

Pablo engoliu a medicação obedientemente, em seguida, deu um


sorriso agradecido a Shane. Depois de tirar os tênis, Shane subiu na cama
com ele, a caixa aberta de donuts entre eles enquanto comiam. Ele tomou
um gole de café enquanto Pablo tomava chá verde.

Eles assistiram as notícias da manhã em silêncio por um tempo até que


Shane perguntou: — Você está bem com o que aconteceu?

Cantinho de Livros
Pablo deu de ombros. — Eu realmente não tinha nenhuma expectativa
sobre qualquer coisa, então sim. — Ele tinha que estar. Enquanto todos se
mantivessem em seus respectivos cantos, ele achava que eles ficariam bem.
Se eles não estivessem, quando chegasse a hora, ele lidaria com isso sem
pensar duas vezes.

— Easton me disse que não podia dormir, é por isso que ele desceu
para verificar você na noite passada.

— Sim. — Pablo olhou para o donut meio comido que ele segurava
entre os dedos. — Ele estava preocupado. — O que não era algo que você
queria ouvir do seu filho, não importando a idade deles. Foi culpa de Pablo,
essa preocupação. — Eu vou consertar isso, — ele prometeu a Shane e a si
mesmo.

— J.P. — Shane segurou seu queixo, virando a cabeça para olhar em


seus olhos. — Não há nada para consertar. Nosso filho vai ficar bem,
vamos ter certeza disso. Eu não preciso de você pisando em cascas de ovos
e pulando por aros. As coisas vão voltar ao normal em breve.

— Nunca pensei que eu esperaria por isso. — Pablo sorriu com


tristeza. — Normal.
— Normal é bom. — Shane pegou os donuts restantes, abrindo espaço
para eles na cômoda. Ele colocou as xícaras vazias na mesinha de cabeceira
e depois segurou Pablo em seus braços. — Venha aqui.

Pablo foi até ele, colocando a cabeça no colo de Shane e quando


Shane acariciou seu rosto, Pablo pegou a mão dele, pressionando beijos nas
juntas dos dedos. De costas, ele olhou para Shane. — Eu já agradeci a
você?

— Não.

Pablo riu. — Eu não disse pelo quê.

— Tenho certeza de que há um monte de coisas pelas quais devo


agradecimento. Eu tento não manter um registro. — Isso nunca deixou seus
olhos, o amor. Sempre nos olhos de Shane, sempre que ele olhava para

Cantinho de Livros
Pablo. E todos esses anos depois, ele continuou humilhado com isso. Porra
indigno disso. Ganancioso por isso.

— Obrigado por ser paciente e por apoiar meu estilo de vida. Por ser
meu parceiro no verdadeiro sentido da palavra. — Pablo juntou seus dedos.
— Obrigado pela incrível pessoa que é nosso filho. Eu sempre vou te amar,
menino bonito. — Ele só disse verdades para Shane. Todos os dias, ele
oferecia sua alma, junto com seu coração, sem medo ou reservas para o
homem sorrindo para ele.

Shane trouxe seus dedos juntos até a boca, beijando-os antes de passá-
los contra sua bochecha. — De nada.

Fim

Cantinho de Livros

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