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Palavras-chave
Processo ensino-aprendizagem – História – Weblog – Internet – Ensino técnico e
tecnológico
Keywords
Teaching-learning process - History - Weblog - Internet - technical and technological
education
1
BITTENCOURT, Circe. Apresentação. In: BITTENCOURT, Circe (org.). O saber histórico em sala de
aula. 3ªed. São Paulo: Contexto, 1998. P.07
2
Consideramos historiadores, além dos pesquisadores, também os professores de história de todos os
níveis, dada a indistinção entre texto e aula na produção do conhecimento histórico como defende
MATTOS, Ilmar Rohloff de. “Mas não somente assim!” Leitores, autores, aulas como texto e o ensino-
aprendizagem de História. Tempo: Dossiê Ensino de História, vol.11, nº 21, Niterói: Junho de 2006.
3
Ibidem.
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Não deixa de ser curioso que, de acordo com Ilmar Rohloff de Mattos, Op. Cit., já Capistrano de Abreu
– originalmente lente da Escola Pedro II – reclamasse dos “alunos ignorantes e desatentos”, levando o
autor coevo a considerar que, há mais de um século, o processo de ensino-aprendizagem difere
fundamentalmente do processo de pesquisa, porque se o movimento deste é animado por questões e
problemas, (...) o movimento daquele é fruto da contradição entre o velho e o novo, propiciador de
desequilibrações sucessivas.
disciplinas das áreas técnicas, com seus cálculos, suas aulas práticas, suas máquinas e
laboratórios – sempre convidativos a adolescentes repletos de curiosidade mecânica e
alguma preguiça para abstrações humanísticas. O encadeamento de passagens
históricas, nesse sentido, parece bem menos atraente que fazer funcionar um braço
mecânico ou mapear um terreno e uma visita a um museu ou arquivo, menos instigante
que realizar uma visita técnica a uma companhia mineradora.
Um blog, no entanto, ainda demonstra ser o meio mais fácil, rápido e barato de
se construir um endereço no qual se consiga estabelecer minimamente um diálogo
efetivo sobre algum tema que exija, do autor ou do leitor, mais que os cento e quarenta
caracteres máximos do Twitter. Uma estimativa conservadora aponta, nesse sentido, que
existam hoje cerca de 90 milhões de blogs no mundo que, de acordo com o estudo “O
estado da blogosfera”, não sofre necessariamente concorrência das redes sociais Twitter
ou Facebook, uma vez que são instrumentos complementares.
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A estrutura natural de um blog segue portanto uma linha cronológica ascendente. Esta última
característica, ou seja a identificação das entradas de informação com indicações cronológicas, é mesmo
considerada por Brigitte Eaton, a criadora do principal portal de acesso a blogs – o Eaton Portal
(http://portal.eatonweb.com/) – o critério identificativo dos blogs. Extraído de GOMES, Maria J. Blogs:
um recurso e uma estratégia pedagógica. In: MENDES, Antonio, PEREIRA, Isabel, COSTA, Rogério
(editores). Actas do VII Simpósio Internacional de Informática educativa. Leiria: Escola Superior de
Educação de Leiria, 2005. P. 311.
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KOMESU, Fabiana. Blogs e a prática de escrita sobre si na internet. In: MARCUSCHI, Luiz Antonio,
XAVIER, Antonio Carlos (org.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido.
Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. p.110
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GOMES, idem: 312, informa, contudo, que Tim Berners-Lee, o inventor da World Wide Web e criador
do primeiro website, é também considerado o criador do primeiro weblog.
permanente), criando uma URL específica para cada post adicionado permitiu a
referência específica a cada arquivo de um blog, dispensando uma consulta a todos os
arquivos. Tornava-se possível, a partir de então, que os blogueiros referenciassem
publicações específicas em qualquer blog. Criava-se, portanto, um critério de
inteligibilidade para administração da fenomenal massa de arquivos públicos
diariamente postados.
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Como exemplo, vale consulta do termo “blogosfera” no dicionário on-line Priberam no endereço
http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=blogosfera acessado em 02/05/2011.
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Para esta divisão e suas respectivas conceituações, consultar GOMES, Maria J. Blogs: um recurso e uma
estratégia pedagógica. In: MENDES, Antonio, PEREIRA, Isabel, COSTA, Rogério (editores). Actas do
Um blog dedicado aos recursos pedagógicos, nesse sentido, representa uma
ferramenta baseada na idéia de disposição de conteúdo de forma unilateral, seja esse
conteúdo i) especializado e homogêneo ou ii) heterogêneo e disponibilizado
estritamente pelo professor. No caso dos blogs com conteúdo especializado, trata-se de
espaço com links ou posts que inserem determinada temática programática ou extra-
curricular numa rede apresentada ao aluno. Já no segundo caso, vale-se do interesse do
professor em selecionar e hierarquizar informação que julgue pertinente para seu
trabalho docente e que, portanto, pretende fazer conhecido de seu alunado.
VII Simpósio Internacional de Informática educativa. Leiria: Escola Superior de Educação de Leiria,
2005.
na segunda metade dos anos 1990, com o temido computador, levando inúmeros
professores a fazer cursos de capacitação ofertados pelas prefeituras do interior do país,
senhoras quase aposentadas exercitando planilhas de Excel. (Para que? Muitas vezes,
para nada). Paralelo contemporâneo podem-se encontrar nas lousas digitais que em
algumas escolas particulares e outras, escolas públicas modelo, são apresentadas como
verdadeiras vedetes do processo ensino-aprendizagem coevo, especialmente se
articuladas às carteiras digitais.
Mas quem, e com quais critérios, selecionava o filme que o vídeo exibia, o
programa que o computador rodava, determinava a pesquisa que se fazia na internet ou
escolhe a matéria que a lousa digital exibe? A introdução de tecnologia no processo
ensino-aprendizagem, nesse sentido, é a parte mais onerosa, tecnicamente delicada e
trabalhosa da tentativa de modernização da escola, mas não representa a
intelectualmente mais ambiciosa. Além disso, dado o caráter de obsolescência vertical
que acomete qualquer tecnologia contemporânea, notadamente no campo da
informática, o processo de formatação de um projeto de modernização baseado em
incremento tecnológico imprescinde, necessariamente, de constante atualização, muitas
vezes mais em sua forma que necessariamente em seu conteúdo.
Foi com base nessas preocupações que se buscou formular, no final do primeiro
semestre de 2009, projeto de iniciação científica voltado para a seleção de bolsista
BIC/Jr./CNPq que se integrasse ao interesse dos professores autores deste texto de
formulação de um blog dedicado ao ensino de história nos segundos anos do ensino
médio integrado ao técnico do Campus Ouro Preto do Instituto Federal de Minas
Gerais. Evidentemente, um blog, especialmente dadas as facilidades de sua operação,
não requereria um discente bolsista para sua realização, senão pelo fato de que se
necessitava, desde o princípio, que o mesmo ganhasse determinada autonomia em
relação aos professores. Ou seja, ele partia dos professores e era por eles pautado e
coordenado, mas possuía lógica própria na medida em que também poderia ser pautado
pelo bolsista, especialmente tendo ele contato direto e franco com os colegas que
representavam o público alvo do blog.
Para tanto, assim que se escolheu o primeiro bolsista10 e que outros dois alunos
integraram-se ao projeto como voluntários deu-se início ao trabalho de pesquisa sobre
as melhores formas de se utilizar a ferramenta, como editá-la e onde melhor hospedá-la
e, inclusive, as primeiras observações acerca da necessidade de, além de gerar conteúdo,
conseguir inserir o blog11 que nascia na chamada blogosfera. Surgia, juntamente ao
blog, a primeira grande dificuldade enfrentada para fazê-lo funcionar eficientemente.
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Aproveitamos para agradecer à Ítala Carla Marciano, primeira bolsista do projeto em tela, pelo trabalho
realizado e pela dedicação empenhada, bem com agradecemos Douglas Gomes Evangelista, voluntário
originalmente e, posteriormente também bolsista, e Sérgio Milagre Júnior, voluntário, que se dedicaram á
realização do trabalho. Também agradecemos à Geiseane Gomes, voluntária por um semestre e bolsista
por um mês, e aos atuais bolsistas Wallyson Costa Batista e Henrique Cunha Viana.
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O blog, intitulado TePegoPelaHistória, originalmente foi hospedado no Blogspot, no endereço ainda
acessível www.tepegopelahistoria.blogspot.com
o wordpress.com, também um provedor de blogs, não o possuía. Migrou-se, então,
conteúdo e endereço para o novo hospedeiro.12
Opta-se, aqui, por citar este percalço inicial por ser este um fator importante
quando da intenção de se organizar um blog ou congênere em uma instituição de ensino,
não obstante constantemente desprezado pela parcimoniosa bibliografia que aborda
utilização de redes sociais e blogs no processo ensino-aprendizagem. A simples citação
deste inconveniente em eventos da área sempre provoca suspiros e concordâncias na
platéia, de sorte que supomos, efetivamente, que este não representa problema
localizado; antes, pode estar mesmo relacionado à própria dificuldade da burocracia
escolar em lidar com tudo aquilo que foge ao óbvio.
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Deve-se sublinhar que, posteriormente, também o sítio wordpress.com teve acesso proibido na rede
interna da instituição. Foi necessário que se criasse um atalho, pelas vias específicas, para manutenção do
acesso na rede da escola, ficando o endereço como www.tepegopelahistoria.tk e, então, mantendo
acessibilidade normal. Registre-se que, curiosamente, a própria impossibilidade de acessar gerou
disponibilização dos alunos para equacionar os problemas técnicos relativos ao acesso, sobretudo aqueles
ligados ao curso de automação industrial – aos quais, inclusive, agradecemos.
contemporâneas que apresentem alguma relação com a disciplina ou mesmo que
possuam iminente relevância.
A questão que se nos coloca, portanto, não é mais como levar o nosso leitor alvo
até o blog, mas sim como fixá-lo como leitor constante e, principalmente, como torná-lo
ativo no blog, sem o que não se completa a proposta empreendida. A resposta para esse
problema está, para nós e até o presente momento, em aberto. Podemos, contudo,
conjecturar motivos que possibilitem o esboço de uma explicação do problema,
primeiro passo para tentar qualquer tipo de ação efetiva que vise ao contorno mais
eficaz do mesmo.
13
ALVES, Lynn. Do discurso à prática: uma experiência de comunidade de aprendizagem.
http://www.lynn.pro.br/pdf/educatec/alves.pdf