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A esse propósito, cf.: “O primeiro grande equívoco em que se incidiu no estudo da língua latina foi
aceitar o preconceito de que se lidava com o morto; sob esse princípio, todo o legado da literatura latina,
por exemplo, transformou-se em um imenso ‘terreno sacrossanto’ de onde, vez por outra, se procuravam
(e ainda se procuram) ressuscitar algumas idéias ou pensamentos adormecidos; talvez por isso mesmo,
haja os que confundam humanismo com verdades eternas”, e também “[...] É preciso convencer-se de
que, quando se trabalha com o latim, se está trabalhando com uma fala, com uma língua vivente; ou, para
fugir a um termo que remete a uma categoria dos reinos animal e vegetal, está-se diante de uma língua-
em-função. Não aceitar o princípio da língua-em-função significa recusar um Dicionário de Usos, sob o
argumento de que nele não se registra o uso, mas o usado.” (BRUNO, H. Equívocos nos estudos latinos.
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In: LIMA, A. D. et al. Latim: da fala à língua. Araraquara: UNESP/FCL/Depto. de Lingüística, 1992.
Série Textos. p. 75 e 82, respect.)
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Cytisus (-o-), s.f.: cítiso ou codesso, nome de planta: “arbusto de até 6m (Laburnum anagyroides),
nativo da Europa, melífero, com folhas trifolioladas, flores amareladas e vagens achatadas e sinuosas
[...][Encerra citisina, substância venenosa, us. como purgativa e emética, e a madeira foi muito us. em
mobiliário e instrumentos musicais, como sucedânea do ébano]” (INSTITUTO A. HOUAISS.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, s.v. codesso, p. 752); no
contexto, é também alimento de cabras.
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Em latim, não existe a classe de palavras artigo; tal fato implica que a determinação nessa língua se
efetua por meio de expedientes outros, como a adjetivação; em português, entretanto, há artigos e o
estudante deverá usá-los, de acordo com o grau de determinação que um termo adquire por motivação
contextual.
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1. entre cada frase latina (1, 2 e 3) e seus respectivos rearranjos (1.4/1.5, 2.4/2.5,
3/3.1) não há nem:
1.1. um número maior de itens lexicais;
1.2. um número menor de itens lexicais;
1.3. diferentes itens lexicais;
2. tomados um a um e separadamente, os itens das frases latinas (1, 2 e 3) e seus
respectivos rearranjos (1.4/1.5, 2.4/2.5, 3/3.1) possuem o mesmo significado (1
= 1.4/1.5; 2 = 2.4/2.5; 3 = 3/3.1);
3. as frases em português (T.1, T.2 T.3, T.4, T.5, T.6) que representam
correspondências de ordem, palavra por palavra, em relação ao latim, são,
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Será de todo conveniente, deste ponto em diante, se distingam dois conceitos operatórios fundamentais:
as noções de fonema e alofone (fonema é a mínima unidade distintiva de sons de uma língua; alofone é
o termo empregado para distinguir e caracterizar as variantes fonéticas de um fonema dado; é ainda
caracterizado, como de resto todas as noções alo-, pela percepção de uma variação na forma da unidade
lingüística que não afeta a identidade funcional desta na língua. Cf. CRYSTAL, David. Dicionário de
Lingüística e Fonética. Rio de Janeiro, Zahar, 1988, p.112) de um lado, e as de morfema e alomorfe
(morfema é a mínima unidade distintiva da gramática e que se realiza na composição e funcionalidade
de um elemento lexical, realização essa que permite a expressão de uma palavra em relação a um
contexto; alomorfe é o termo empregado para distinguir as variantes morfêmicas de um morfema dado;
é ainda caracterizado, como de resto todas as noções alo-, pela percepção de uma variação na forma da
unidade lingüística que não afeta a identidade funcional desta na língua. Cf. Id., ibid., p 175) de outro.
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-s
De SUJEITO
-ø
De OBJETO DIRETO -m
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Os gramáticos latinos chamaram NOMINATIVO aos morfemas relatores de certas funções sintáticas,
dentre as quais a mais recorrente é a de sujeito, assim como chamaram ACUSATIVO àqueles que
relatavam, principalmente, a função de objeto direto. A razão de não renovar-se, aqui, a nomenclatura
latina (chamando-os “morfemas de sujeito, de objeto direto”, etc.) se deve, sobretudo, a que os nomes
dos assim chamados casus (“casos”) latinos, além de tradicionais, designam grupos de morfemas
responsáveis por comunicar sempre mais do que uma única função sintática, motivo pelo qual parece
útil e válida a sua manutenção.
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arat: “ara”; uidet: “vê”; amat: “ama”, etc. A função do morfema –ur, que se está
isolando e retirando agora da forma destacada, será estudada mais tarde.
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Chamar-se-á, aqui, desinência à porção terminativa da palavra lexical, constituída do morfema
responsável pela determinação de sua função sintática, acrescido de sua vogal temática ou de
epentética, em oposição a morfema funcional (ou flexional ou casual), que designará apenas a parte
da palavra lexical que, por mecanismo de flexão nominal, e correspondente ao elenco de formas
compreendidas na classificação dos casos latinos, é o morfema responsável pela noção da função
sintática contraída pela palavra em relação a outros componentes de uma frase.
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Tema, no âmbito deste curso, é o termo com que se designará a entidade formal constituída de radical
acrescido de uma vogal que servirá para classificá-lo e que, por essa razão, será chamada de vogal
temática (ex.: leaena-, palavra de tema -a-; lupo-, palavra de tema -o-; e assim por diante); nos casos em
que venha a faltar essa vogal classificadora, o tema será identificado ao radical e, por oposição aos
temas propriamente ditos – todos vocálicos por natureza – será chamado de tema consonântico. Quanto
a sua natureza conceitual, pode-se defini-lo como uma palavra puramente semântica, isto é, uma palavra
teórica, desgramaticalizada, portadora de significado invariável e que não se identifica plenamente com
qualquer realização do léxico (embora esteja virtualmente presente num conjunto de realizações), por
oposição a uma palavra lexical, esta uma unidade concreta, completa e funcional do léxico, em que
estão presentes, virtualmente, palavras semânticas (Cf. CARVALHO, José G. Teoria da Linguagem.
Natureza do Fenômeno Lingüístico e a Análise das Línguas. Coimbra, Atlântida, 1973, tomo II, p. 596).
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ao passo que num signo de tema -a-, como leaena-, não se observam, no caso presente,
quaisquer fonetismos, o que faz com que os morfemas funcionais -ø de sujeito e -m
de objeto direto, somados à vogal temática -a-, sejam iguais às desinências:
a b c
(a) leoa persegue lobo
(b) animal ação animal
a' b' c'
vê-se que os itens do léxico português a, b e c que compõem a frase (a), "leoa persegue
lobo", e remetem a um plano semântico (b), "animal ação animal", representados pelos
traços semânticos a', b' e c', se alocados em posições inversas, produzirão alteração no
plano semiótico, isto é, no plano da produção do sentido da frase portuguesa, o que, em
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latim, não ocorre devido à existência dos morfemas funcionais que foram vistos
anteriormente.
No exemplo dado a seguir:
a alteração de posição dos itens da frase latina não corresponde a qualquer mudança na
fórmula de sentido da frase, A faz B (ou seja, não passa a B faz A).
Resta ainda dizer uma palavra sobre a questão do gênero em latim,
mais especificamente sobre o gênero neutro, já que o português tem, na distinção
gramatical entre o par masculino e feminino, um paralelo latino, ao passo que não em
relação ao terceiro gênero, o neutro, e que, além disso, tal categoria projeta-se (ou faz-se
sentir) sobre as flexões de nominativo X acusativo.
Conforme já se viu, o latim vem do bloco das línguas Indo-Européias
em que, parece, a distinção entre animados versus inanimados era bem marcada através
do gênero, de tal forma que se diria, talvez, que as categorias próprias daquela língua
eram antes as da distinção Animado X Inanimado, que as de gênero. Seja como for, ao
que parece a antiga distinção Animado X Inanimado acabou por projetar-se numa
secundária, que originou a categoria de gênero:
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Sintagma opõe-se a paradigma, e ambos evocam dois eixos de relações: o primeiro, o das relações
sintagmáticas ou combinatórias, designa toda sorte de inter-relação na cadeia da fala, realizada por dois
ou mais elementos lingüísticos (morfemas léxicos ou gramaticais), que formam uma unidade (relação
entre partes) em qualquer nível hierárquico (por ex.: combinação de afixos em morfemas lexicais, dos
itens do léxico em frases, etc.); o segundo, o das relações paradigmáticas ou associativas, ou seja,
aquele representado pela possibilidade de substituição de um termo por outro da mesma classe (p. ex.:
nome substantivo por nome substantivo; nome adjetivo por nome adjetivo; verbo por verbo, etc.). (Cf.
DUBOIS, J. et al. Dicionário de Lingüística. 7ª ed. Coord. da tradução Izidoro Blikstein. São Paulo:
Cultrix, 1999, s.v. sintagma, p. 557-8, e paradigma, p. 452-3).
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Nome sujeito + Verbo +/- Nome objeto, valendo-se dos itens lexicais constantes do
vocabulário temático dado a seguir:
Vocabulário temático
agĕre (ag-), v.: tanger (tocar adiante) corўlus (-o-), s.f.: aveleira ludĕre (lud-), v.: tocar,
agnus (-o-), s. m.: cordeiro cupressus (-o-), s.f.: cipreste brincar, jogar
agricŏla (-a-), s. m.: camponês deus (-o-), s.m.: deus lupus (-o-), s. m.: lobo
amāre (ama-), v.: amar docēre (doce-), v.: ensinar malum (-o-), s.n.: mal
amīcus (-o-), s. m.: amigo domĭnus (-o-), s. m.: patrão mordēre (morde-), v.:
ancilla (-a-), s. f.: criada ducĕre (duc-), v.: guiar, conduzir morder
ara (-a-), s.f.: altar equus (-o-), s. m.: cavalo otĭum (-o-), s.n.: ócio
arāre (ara-), v.: arar errāre (erra-), v.: vagar praedicĕre (praedic-), v.:
aruum (-o-), s. n.: terra, campo facĕre (facĭ-), v.: fazer predizer
(arável) formīca (-a-), s. f.: formiga rapĕre (rapĭ-), v.: pegar,
asĭnus (-o-), s. m.: burro gemellus (-o-), s.m.: gêmeo tomar
audīre (audi-), v.: ouvir habēre (habe-), v.: ter relinquĕre (relinqu)-, v.:
caelus (-o-), s.m.: céu imbuĕre (imbu-), v.: manchar (c/ deixar
calămus (-o-), s.m.: flauta sangue) seruus (-o-), s. m.: escravo
campus (-o-), s. m.: campo laudāre (lauda-), v.: louvar silua (-a-), s. f.: floresta
capella (-a-), s.f.: cabrita legĕre (leg-), v.: ler, escolher, timēre (time-), v.: temer
catūlus (-o-), s.m.: cria colher uiburnum (-o-), s.n.: vime
(especialmente de cão) linquĕre (linqu-), v.: deixar, uidēre (uide-), v.: ver
abandonar uocāre (uoca-), v.: chamar
uorāre (uora-), v.: devorar,
comer
Morfemas número-pessoais
pes.\nº sing. pl.
1ª -o\-m* -mus
2ª -s -tis
3ª -t -nt
*Obs.: o morfema de 1ª pessoa será –o OU –m, conforme o tempo verbal e/ou o
paradigma temático em que se estiver conjugando o verbo.
Empregaram-se, para ilustrar cada grupo temático (são eles: -a-; -e-,
-i-, -consonântico- e “misto”, isto é, aqueles que se apresentam ora como verbos de
tema -i-, ora como tema -cons.-), os verbos ama-, “amar”, uide-, “ver”, audi-, “ouvir”,
leg-, “ler, colher, escolher”e facĭ-, “fazer”. Trata-se dos cinco grupos temáticos que as
gramáticas latinas costumam identificar, embora seja preciso reconhecer que, a rigor, há
apenas quatro temas verbais, já que o de tipo “misto” adota ora formas do paradigma -i-
ora do paradigma -consonantal-, não sendo, por isso, de fato, uma outra categoria
temática. No presente do indicativo, por exemplo, ele se apresenta graficamente como
um verbo de tema -i-.
Com mais esses dados, agora já se torna possível provocar uma gama
mais rica de atualizações da matriz frasal apresentada no exercício anterior (p. 22), o
que permite proceder a uma ou ambas das opções a seguir:
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Lembre-se, mais uma vez, de que os parênteses indicam, neste caso, a síncope histórica do -n-.
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terminados em -n-, -s-, -l-, -r- fazem nominativo sing. com o morfema – Ø, ao
passo que todos os demais (-p-, -t-, -c-, -b-, -d-, -g-, -m-), com os morfema - s;
5. as células acinzentadas nos espaços relativos aos neutros de tema -a- e -e-
indicam a inexistência de palavras de gênero neutro pertencentes a tais temas, i.
e., em todo o acervo da literatura latina não se encontraram palavras de gênero
neutro pertencentes aos temas -a- ou -e-.
1. Tema -o- ou -i- precedido de -r- (magistro-, s.m.: professor; puero-, s.m.: menino,
uiro-, s.m.: homem; imbri-, s.f.: chuva; e assemelhados):
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Asterisco (*) assinala comumente, em contexto de lingüística histórica, forma hipotética, ou seja, não
atestada em manuscritos e inscrições antigas.
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resultantes passou a apresentar uma desinência –er (à exceção daquelas formas em que
não foi necessária a epêntese – só requerida quando a resultante mantém um encontro
consonantal – e em que a forma do radical não se encerrava em -e-, como é o caso de
uiro-).
Ex.: magistro- + -s > magistros > *magistrs > *magistrr > *magistr > magister.
puero- + -s > pueros > *puers > *puerr > puer
uiro- + -s > uiros > *uirs > *uirr > uir
imbri- + -s > imbris > *imbrs > *imbrr > *imbr > imber
2.1. Vocalismo.
a) flumin-
b) homin-
c) capit-
Verifica-se, então, que elas não são exatamente iguais às primeiras e,
portanto, nem aos temas originais (cf.: a: flumen- / flumin-; b: homon- / homin-; c:
caput- / capit-). A essa altura será, de fato, pertinente indagar quais formas representam
os temas, se as primeiras ou as segundas. A verdade é que ambas as formas temáticas
são reais e verdadeiras, já que são formas de um mesmo arquitema ou arquilexia
temática. São, de fato, alotemas (atualizações formais diferenciadas de um mesmo
tema, e surgem devido aos ambientes fonéticos criados ou pela inserção de um morfema
ou pela presença de um morfema -Ø).
A razão para tal transformação histórica de uma forma temática inicial
deve-se a que, no vocalismo latino, entre tantos outros, desenvolveu-se o seguinte
princípio: em sílaba interior aberta (= não terminada por consoante), qualquer vogal
breve fechava-se em -i-, exceto diante das consoantes líquidas -r- e -l- ou após as vogais
-i- ou -e- (como já se viu, as vogais do latim são classificadas em duas séries de
fonemas: as vogais breves e as longas. A brevidade e o alongamento de uma vogal
refere-se à duração no tempo de sua prolação; dessa forma, como na música, se
atribuirmos 1 "tempo" às breves, as longas valerão 2 "tempos").
Assim sendo, as formas temáticas:
a) flumen-
b) homon-
c) caput-
têm como última uma sílaba fechada (= terminada por uma consoante):
a) -men-
b) -mon-
c) -put-
no entanto, com o acréscimo de um morfema – por exemplo, o de nominativo plural –
os nomes ganham mais uma sílaba, transformando tais sílabas finais em mediais, com as
consoantes de fechamento deixando tal posição para constituir sílaba com a desinência
resultante:
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2.2. Consonantismos.
total, isto é, o fonema dental /t/ é assimilado totalmente pelo -s ( -ts > -ss), ocorrendo,
em seguida, a simplificação das consoantes geminadas ( -ss > -s); assim, teremos:
(milĕt- + -s > milets > miless > miles); por essa razão, tem-se a impressão de que, no
nominativo singular, um -s está substituindo o -t- do tema milĕt-.
Em “d”, ao lado do fonema dental /d/, o morfema (-s) provocará o
ensurdecimento dessa dental, fazendo-a passar a /t/ (-ds > -ts), ocorrendo, depois, os
fenômenos da assimilação total (-ts > -ss) e, em seguida, o da simplificação das
consoantes geminadas ( -ss > -s); assim, teremos: (fraud- + -s > frauds > frauts >
frauss > fraus); devido a isso, tem-se igualmente a impressão de que, no nominativo
singular, um -s está substituindo o -d- do tema fraud-.
Em “e”, o nominativo singular é "assigmático", isto é, realiza-se com
a ausência do morfema (-s) ou com a presença do morfema (-Ø), sendo, por isso,
representado pelo próprio tema (flos- + -ø = flos). Cabe imaginar por que, então, em
uma forma (flos) ocorre um -s, enquanto, em outra (flores), ocorre um -r-. O motivo é
um fenômeno fonético denominado rotacismo (oriundo de rô – ρ – nome da letra erre,
em grego): em determinada época do latim, o -s- intervocálico sonorizou-se (-s- > -z-),
evoluindo, depois, para -r- (-s- > -z- > -r-); na forma do nominativo singular, o -s-
manteve-se por estar em final absoluto de palavra; já em flores, tem-se o tema flos- mais
o morfema -es; estando em posição intervocálica, o -s- sofreu o rotacismo, passando a -
r- (flos- + -es > floses > flozes > flores).
Ainda é preciso dizer que existem outros fonetismos latinos que não
foram abordados aqui, por não serem tão produtivos quanto os que foram estudados.
Esses outros fenômenos serão apresentados à medida que forem aparecendo no decorrer
deste Curso.
hiem-(f.) + -s = + - ¯s = + -m = + - ¯s =
hiems hiemēs hiemem hiemēs
leōn-(m.) + -ø = + - ¯s = + -ø = +-a= + -m = + -¯s = + -ø = +-a=
flumĕn- leon >leo leōnēs flumen flumĕna leonm leōnēs flumen flumĕna
(n.) >flumĭna >leōnem >flumĭna
flos-(m.) + -ø = + - ¯s = + -ø = +-a= + -m = + - ¯s = + -ø = +-a=
uellŭs-(n.) flos flosēs uellus uellŭsa flosm flosēs uellus uellŭsa
corpŭs- >florēs corpus >uellĕra >florem >florēs corpus >uellĕra
(n.) corpŭsa corpŭsa
- >corpŏra >corpŏra
cons consŭl- + -ø = + - ¯s = + -ø = +-a= + -m = + - ¯s = + -ø = +-a=
- (m.) consul consulēs animal animalia consulm consulēs animal animalia
animal-i- >consulem
(n.)
aratōr- + -ø = + - ¯s = + -ø = +-a= + -m = + - ¯s = + -ø = +-a=
(m.) arator aratōrēs marmor marmŏra aratorm aratōrēs marmor marmŏra
matr-(f.) matr matrēs >aratōrem matrēs
marmŏr- >mater matrm
(n.) >matrem
1) palavras de tema -a- sempre assimilam o morfema -i (-a- + -i > -ai > -ae);
2) palavras de tema -o- apresentam um fechamento do -o- temático em -u-, quando
em presença dos morfemas –s e –m (-os>-us e om>-um), a menos que ele seja
precedido de -r- (v. p. 27), situação em que sofrerá síncope, e o -r- radical
assimilará o -s morfêmico (-ros>-rs>-r, com ou sem -e- epentético: -er). A
síncope do -o- só não acontece quando o -r-: a) for imediatamente precedido de
vogal longa (austērus, “rígido, severo”, matūrus, “maduro”); b) ocorrer em
dissílabos, precedido imediatamente de vogal (clārus, “distinto, claro, evidente”
fĕrus, “selvagem”);
3) palavras de tema -i- têm duas características distintivas principais: a) uma
abertura histórica e regular do -i- temático em -e-, na presença dos morfemas: -¯s
(nom./ac. pl.: mensēs), -m (ac. sg.: mensem) e –ø (nom./ac. sg. neutro: mare), o
que, na prática, resultará em b) identidade desinencial com as palavras de tema
consonântico em quase todas as formas (cf. palavras do quadro), exceto no
nominativo sg. (mensis), nom./ac. pl. neutro (maria) e genitivo plural (mensium;
o genitivo é próximo caso a ser estudado neste curso), formas em que o -i-
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Devido a essa forte tendência (o -i- temático abrir-se em -e- nos casos apontados), certas palavras de
tema -i- passaram a apresentar a abertura também no nominativo sg. (feles, p. ex., é o nominativo de
feli-,“gato”; uulpes, nom. sg. de uulpi-). Por outro lado, ainda no período clássico aparecem palavras de
tema -i-, sem apresentar a abertura em -e- no acusativo sg. e pl.. Ex.: aut Ararim Parthus bibet aut
Germania Tigrim (Virg., Buc. I, 62), “o Parto beberá no rio Árar, a Germânia, no Tigre”; trata-se, aqui,
de acusativos sg. de topônimos de tema -i-: Arări-, s. m. (rio Árar, na Gália, hoje chamado Saône);
Tigri-, s.m. (rio Trigre, na Ásia, que recebe o Eufrates como afluente); nos patriae finis et dulcia
linquimus arua (Virg., Buc. I, 63), “nós deixamos os doces campos e os limites da pátria”, trata-se do
acusativo pl. de fini-, s. m./f. “confim, limite territorial”.
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7) nas palavras de tema consonantal -n-, quando ele for antecedido por -o-, ocorre,
no nominativo sg., síncope sistemática do –n (leon- + –ø > leon > leo);
8) nas palavras de tema consonantal -s-, quando ele for antecedido por –ŭ- (“u”
breve), após o rotacismo – que ocorrerá em todas as flexões da palavra, menos
no nominativo sg., caso em que o morfema é –ø – essa vogal sofre alternância,
ora para -ŏ- ora para -ĕ-, conforme a palavra (uellŭs- + -a > uellŭsa > uellĕra;
corpŭs- + -a > corpŭsa > corpŏra);
9) nas palavras de tema consonantal –r-, em que este vier precedido de consoante,
uma vez que o morfema de nominativo sg. é –ø, a forma resultante – o próprio
tema/radical – desenvolve uma vogal (epêntese) eufônica –e- (matr-, s.f.,
“mãe”+ –ø > *matr > mater; fratr-, s.m., “irmão” + –ø > *fratr > frater).
10) por último e apenas para insistir uma vez mais, sublinhe-se que a regra para
determinar a forma de qualquer palavra de gênero neutro no acusativo é a de que
sua morfologia será sempre a mesma que a do nominativo, isto é, uma vez
submetido um tema de palavra neutra às transformações fonéticas apresentadas
no quadro para o nominativo, ele sempre se repetirá, na mesma forma, no
acusativo, de modo que seu nom. sg. será idêntico a seu acus. sg. e seu nom. pl.,
a seu acus. pl.
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tellus fundit. 10. Miscit colocasium acanthum. 11. Non metuit armentum leonem.
12. Fundit cunabulum florem. 13. Occidunt et serpens et herba. 14. Laudem et
factum legit puer. 15. Puer cognoscit uirtutem. 16. Quercus sudat mel.
17. Ratis temptat Thetem. 18. Cingit murus oppidum. 19. Tellus
infindit sulcum. 20. Tiphys uehit heroem. 21. Vehit Argo heroem. 22. Virum
puerum facit aetas. 23. Pinus mutat mercem. 24. Omnia fert tellus. 25. Non
rastrum patitur humus. 26. Non uinea patitur falcem. 27. Iugum soluit arator.
28. Mentitur lana colorem. 29. Aries iam mutat uellus. 30. Sandyx uestit
agnos. 31. Spiritus dicit factum. 32. Non poetam uincit Orpheus. 33. Pan poetam
certat. 34. Arcadia iudicat certamen. 35. Puer cognoscit matrem. 36.
Vocabulário Temático
acanthus (-o-), s.m.: acanto humus (-o-),s.f.: solo patĕre (patĭ-) , v. dep.: suportar, sofrer
accipĕre (accipĭ-), v.: receber iam, adv.: já pinus (-o-),s.f.: pinheiro (por metonímia,
aetas (aetāt-),s.f.: era; idade infindĕre (infind-), v.: abrir, rasgar “navio”)
agnus (-o-),s.m.: cordeiro iudĭcāre (iudica-), v.: julgar poēta (-a-),s.m.: poeta
Apollo (Apollōn-),s.m.: Apolo iugum (-o-),s.n.: jugo puĕr (puero-),s.m.: menino
arātor (aratōr-),s.m.: lavrador iuuāre (iuua-), v.: agradar -que / et, conj.: e
arbustum (-o-),s.n.: arvoredo lana (-a-), s.f.: lã quercus (-u-),s.f.: carvalho
Arcadia (-a-),s.f.: Arcádia laus (laŭd-),s.f.: louvor rastrus (-o-),s.m.: enxada
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Argo (-u-),s.f.: Argo (navio de Jasão) leg-, v.: ler, colher, escolher ratis (-i-),s.f.: navio
aries (ariĕt-),s.m.: carneiro leo (leōn-),s.m.: leão regĕre (reg-), v.: reinar; reger
armentum (-o-),s.n.: rebanho maiōra (maiŭs-), adj. subst. n. pl.: regnare (regna-), v.: reinar; governar
canĕre (can-), v.: cantar “coisas” maiores; assuntos sandyx (sandўc-), s.f.: zarcão (planta
certāre (certa-), v.: combater mais sérios vermelha)
certamen (certamĭn-),s.n.: competição mater (matr-),s.m.: mãe serpens (serpenti-),s.f.: serpente; cobra
cingĕre (cing-), v.: envolver mel (mell-),s.n.: mel silua (-a-),s.f.: bosque; floresta
cognoscĕre (cognosc-), v.: conhecer mensis (-i-),s.m.: mês soluĕre (solu-), v.: soltar, desamarrar
colocasium (-o-),s.n.: colocássia mentīre (menti-), v. dep.: mentir, enganar spirĭtus (-u-),s.m.: alento, espírito
color (colōr-),s.m.: cor, tintura merx (merc-),s.f.: mercadoria, negócio sudāre (suda-), v.: transpirar, suar
cunabŭlum (-o-),s.n.: leito metuĕre (metu-), v.: ter medo; temer sulcus (-o-),s.m.: sulco
decem, num.: dez miscĕre (misc-), v.: misturar tellus (tellūr-),s.f.: terra
desinĕre (desin-), v.: encerrar; fazer munuscŭlum (-o-),s.n.: presentinho temptāre (tempta-), v.: arrostar, enfrentar
cessar murus (-o-),s.m.: muralha Thetis (-i-),s.f.: Tétis (ninfa marinha; por
dicĕre (dic-), v.: dizer Musa (-a-),s.f.: Musa metonímia, “o mar”)
et...et, conj. correl.: tanto…quanto mutāre (muta-), v.: mudar, trocar Tiphys (Tiphy-),s.m.: Tífis (piloto na nau
facĕre (facĭ-), v.: fazer myrĭca (-a-),s.f.: tamariz (árvore do “Argo”)
factum (-o-),s.n.: feito tamarindo) uehĕre (veh-), v.: transportar
falx (falc-),s.f.: foice non, adv.: não uellŭs (uellĕr-),s.n.: velo, tosão
fastidīre (fastidi-), v.: enjoar occĭdĕre (occid-), v.: morrer uestīre (uesi-), v.: vestir, cobrir
ferre (fer-), v. irreg.: trazer, levar omnis (-i-),pr. indef. adj.: todo uincĕre (uinc-), v.: vencer
flos (flos-),s.m.: flor oppĭdum (-o-),s.n.: cidade, cidadela uinea (-a-),s.f.: vinha, vinhedo
fundĕre (fund-), v.: esparramar, distribuir orbis (-i-),s.m.: orbe; mundo uir (-o-),s.m.: homem
herba (-a-),s.f.: herba Orpheus (-o-),s.m.: Orfeu uirtus (uirtūt-),s.f.: coragem, bravura
heros (heroi-),s.m.: herói Pan (Pan-),s.m.: Pã (deus dos bosques) uita (-a-),f: vida