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Situação em que uma nação, com ou sem declaração de guerra, inicia hostilidades contra
outra suspendendo internamente todas as garantias constitucionais consideradas direta ou
indiretamente prejudiciais à segurança nacional. Prevista em todas as constituições brasileiras, em
1935 essa situação foi equiparada, através da Emenda Constitucional nº 1, à “comoção intestina
grave, com finalidades subversivas das instituições políticas e sociais”. Com essas características foi
decretado o estado de guerra no país nos anos 1936-1937. Instaurado pelo Decreto nº 702, de 21
de março de 1936, com vigência inicial de 90 dias, prorrogado entretanto até meados de junho de
1937, o estado de guerra voltou a ser implantado em 2 de outubro de 1937, pelo Decreto nº 2.005,
vigorando até 10 de novembro do mesmo ano, quando foi decretado o Estado Novo.
Antecedentes
Nos primeiros meses de 1936, foram implantadas várias medidas enérgicas de prevenção e
repressão às atividades subversivas. No mês de janeiro, foi criada a Comissão Nacional de
Repressão ao Comunismo, com o objetivo de coordenar o combate ao comunismo e tentar
reprimir a atuação dos participantes ou simpatizantes da Revolta Comunista.
No dia 21 de março, finalmente, o Decreto nº 702 instaurou o estado de guerra pelo prazo
de 90 dias.
De março de 1936 a junho de 1937
Com a escalada da ação repressiva, alguns jornais foram fechados e muitos opositores do
regime presos. Entre eles estavam os membros mais importantes da Aliança Nacional Libertadora
— fechada em julho do ano anterior —, como Luís Carlos Prestes e Jules Vallée, e ainda alguns
membros da Minoria Parlamentar, como o senador Abel Chermont e os deputados Abguar Bastos,
Domingos Velasco, João Mangabeira e Otávio da Silveira, todos acusados de terem participado da
Revolta Comunista. Foram também detidos o coronel Filipe Moreira Lima e o prefeito do Distrito
Federal, Pedro Ernesto Batista.
O estado de guerra foi sucessivamente prorrogado, sempre pelo prazo de 90 dias, nos
meses de junho, setembro e dezembro de 1936. Ainda nesse ano no mês de setembro, foi criado o
Tribunal de Segurança Nacional, com o objetivo de processar e julgar militares e civis acusados de
crimes contra a segurança do país.
Em fins de março de 1937, o estado de guerra foi mais uma vez prorrogado, vigorando até
18 de junho, quando foi finalmente suspenso. Essa suspensão era defendida por vários senadores e
deputados, bem como por Armando de Sales Oliveira, candidato da oposição às eleições
presidenciais marcadas para janeiro de 1938.
Cessado o estado de exceção, vários presos políticos sem processo formado foram soltos,
aumentando a pressão para que os demais fossem libertados. No mês de julho, foram realizadas
grandes manifestações populares em favor de Pedro Ernesto, solto finalmente em 14 de setembro.
Criadas todas as condições para a deflagração de um golpe, o Estado Novo foi finalmente
instaurado em 10 de novembro de 1937.
Mônica Kornis