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Habitação Unifamiliar
Material Teórico
Construção do Repertório – Parte II
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Construção do Repertório – Parte II
• Vivenciar a Arquitetura;
• Visitas Técnicas em Campo;
• Fluxogramas.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Sistematizar os levantamentos e pesquisas como base para o processo de projeto.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Construção do Repertório – Parte II
Vivenciar a Arquitetura
Vimos que para a ampliação do repertório são necessários o estudo e a análise
de projetos, entretanto vivenciar a arquitetura é também essencial para a boa práti-
ca projetual. Quando Bruno Zevi (1996) afirma que “tudo que não tem espaço in-
terior não é arquitetura” e afirma ainda: “um obelisco, uma fonte, um monumento
[...] um arco do triunfo, são todos feitos da arte que encontramos nas histórias da
arquitetura, [...] podem ser obras-primas poéticas, mas não são arquitetura”, ele em
seguida também esclarece dois equívocos que as suas afirmações podem suscitar:
1. que a experiência espacial arquitetônica só é possível no interior de um
edifício, ou seja, que o espaço urbanístico praticamente não existe ou
não tem valor;
László Moholy-Nagy1 (2005) descreve, por volta de 1928, que apesar da “gran-
de incerteza” acerca da sua definição, “o espaço é uma realidade de nossas expe-
riências sensoriais. Uma experiência humana como as outras”, complementando
que “a configuração do espaço é a configuração de relações das posições dos cor-
pos” (volumes) e que para compreender ou apreender essa definição corretamente
1 László Moholy-Nagy, pintor, escultor e artista, nascido em 1895 na Hungria. Foi professor da Bauhaus entre 1923
e 1928. Faleceu em Chicago, EUA, em 1946.
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temos que confrontá-la com a vivência orgânica do espaço. Para Moholy-Nagy
(2005), “o homem toma consciência do espaço – das relações de posição dos cor-
pos -, em primeiro lugar, por meio do seu sentido da visão [...] e pode ser vivencia-
da paralelamente por meio do sentido do tato” e complementa: “o caminho para
a vivência da arquitetura vai além de uma determinada capacidade de apreensão
biológica-funcional”. Ainda segundo Moholy-Nagy (2005), o homem comum ou
“erudito” não tem “certeza, nem consciência para julgar as obras arquitetônicas”.
Bruno Zevi (1996) afirma que o desconhecimento sobre arquitetura que errone-
amente em geral é atribuído ao desinteresse do público é na verdade resultado de
uma gama de condições, e que os meios de comunicação, como jornais, revistas e
outras mídias, pouco fazem na difusão de uma “cultura arquitetônica”:
É quase uma praxe iniciar um estudo de crítica ou de história da arquitetura
com uma censura ao público. Dezenove livros em cada vinte dentre os citados
na bibliografia começam com diatribes e apologias:
2 Arthur Koestler foi um jornalista, escritor e ativista político judeu húngaro radicado no Reino Unido. Nasceu em Buda-
peste na Hungria em 05/09/1905 e faleceu em Londres, Reino Unido, em 03/03/1983. (Fonte: ENCYCLOPAEDIA
BRITANNICA. Disponível em: <https://goo.gl/mcyRR7>. Acesso em: 13 dez. 2018. Nota do autor da disciplina).
3 Alberto Burri nasceu em 12/03/1915, em Città di Castello, Itália. Formado em medicina pela Università degli Studi
di Perugia. Foi prisioneiro de guerra durante a 2ª Guerra mundial. Com o fim da guerra iniciou sua carreira de pin-
tor. Faleceu em 15/02/1995 em Nice, França. (Fonte: GUGGENHEIM. Disponível em: <https://goo.gl/XKriRi>.
Acesso em: 13 dez. 2018. Nota do autor da disciplina).
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UNIDADE Construção do Repertório – Parte II
Para Zevi (1996), não é o interesse do público pelo assunto que o afasta de um
maior conhecimento arquitetônico; para o autor, “saber ver arquitetura” passa por
uma nova “atitude crítica” que consiga aproximar as pessoas do entendimento de
conceitos e termos mais claros e precisos que são utilizados em arte e arquitetura
“por diversos autores”, “muitas vezes sem especificar a que se referem”.
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É fato que a visão tem um papel fundamental na percepção e consequentemente
na construção da experiência humana, na cultura ocidental especialmente o sentido
da visão é considerado o mais nobre dos sentidos, a filosofia grega “baseava as cer-
tezas” na visão (PALLASMAA, 2011).
A procura por formas diferentes na arquitetura muitas vezes parece ser o obje-
tivo dos arquitetos. A arquitetura como síntese articula diversas premissas, forma,
conceito, proporções etc. Com relação às proporções na arquitetura, Rasmussen
(1998) faz uma comparação entre arquitetura e música:
[...] quando uma pessoa está ouvindo música não tem a menor ideia dos
comprimentos das cordas que a produziram [...] Mas, qualquer que seja
o raciocínio dos gregos, o certo é que eles descobriram a existência de
alguma relação entre simples proporções matemáticas no mundo visual e
a consonância no mundo audível [...] Mas era óbvio que o homem possuía
uma intuição especial que lhe possibilitava perceber simples proporções
matemáticas no mundo físico. Isso pôde ser demonstrado em relação à
música e acreditava-se que também devia ser verdadeiro no tocante às di-
mensões visíveis. A arquitetura, que frequentemente emprega dimensões
simples, era então, assim como viria a ser repetidas vezes depois, com-
parada à música. Foi chamada de música congelada. É indiscutível que
escala e proporção desempenham um papel muito importante em arqui-
tetura. Mas não existem proporções visuais que tenham o mesmo efeito
espontâneo em nós que aquelas a que vulgarmente chamamos harmonias
e desarmonias visuais [...] Não obstante, inúmeras tentativas foram feitas
para elaborar princípios de proporcionalidade arquitetural análogos aos
princípios matemáticos de escalas musicais. (RASMUSSEN, 1998)
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UNIDADE Construção do Repertório – Parte II
4 Leonardo da Vinci, cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta
e músico, nasceu em 15/04/1452, em Anchiano, Itália, e faleceu em 02/05/1519, em Clos Lucé, Amboise, França.
5 Marco Vitrúvio Polião, arquiteto romano, já citado anteriormente.
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Figura 1 – O Homem Vitruviano, Leonardo da Vinci
Fonte: iStock/Getty Images
LOPES FILHO, José Almeida; SILVA, Sílvio Santos da. Antropometria. Sobre o homem como
parte integrante dos fatores ambientais. Sua funcionalidade, alcance e uso.
Disponível em: https://goo.gl/CLvwiQ.
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UNIDADE Construção do Repertório – Parte II
6 Frank Lloyd Wright – arquiteto norte-americano, nasceu em 08/06/1867, em Wisconsin – EUA, e faleceu em
09/04/1959, no Arizona – EUA.
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Portanto, de certa forma, Pallasmaa (2011) corrobora com a resposta dada por
Rasmussen (1998), para a questão por ele mesmo levantada: “a arquitetura pode
ser ouvida?”
Raramente nos apercebemos do quanto podemos ouvi-la. Recebemos
uma impressão total da coisa para a qual estamos olhando e não presta-
mos atenção aos vários sentidos que contribuíram para essa impressão.
Por exemplo, quando afirmamos que uma sala é fria e formal, é raro
querermos dizer com isso que a temperatura é muito baixa. A reação,
provavelmente, decorre de uma antipatia natural pelas formas e materiais
que se encontram nessa sala – em outras palavras, essa afirmação é decor-
rente de algo que sentimos. Ou talvez as cores sejam frias, e, nesse caso,
a impressão advém de algo que vemos. Ou, finalmente, pode ser que a
acústica seja áspera, de modo que o som – especialmente os tons altos –
reverbera nele; portanto, tal impressão é proveniente de algo que ouvimos
[...] Se meditarmos sobre isso, descobriremos a existência de um certo
número de estruturas que sentimos acusticamente [...] Recordo, dos meus
tempos de infância, a passagem abobadada que leva à antiga cidadela de
Copenhague. Quando os soldados marchavam através dela com pífaros e
tambores, o efeito era terrificante. Uma carroça que passasse por ela soa-
va como o ribombar de trovões. Até um garoto podia enchê-la com uma
tremenda e fascinante algazarra... quando a sentinela não estava à vista.
(RASMUSSEN, 1998)
Fluxogramas
Como já foi apresentado na Disciplina Fundamentação de Projeto Arquitetôni-
co, o fluxograma7 é um diagrama, portanto uma representação gráfica que procura
demonstrar a organização espacial do programa de necessidades e as relações
entre os espaços.
7 Ver disciplina “Fundamentação de projeto arquitetônico”, “Fluxograma | setorização”, Prof. Me. Tiago A. Collet.
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UNIDADE Construção do Repertório – Parte II
Setor
Íntimo
Setor
Social
Setor de
Serviços
Figura 3
Após essa organização geral, é necessário que se desenvolva um fluxograma
específico para cada setor, dessa maneira examinando-se cada setor de forma mais
criteriosa e entendendo suas conexões.
Abaixo um exemplo de fluxogramas específicos, também já apresentados na
disciplina Fundamentação de Projeto Arquitetônico.
Fluxograma do setor íntimo:
Figura 4
Fluxograma do setor social:
Acesso da Rua
Varanda Sala de Estar Sala de Jantar
Sanitário Social
Figura 5
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Fluxograma do setor de Serviços:
Acesso da Rua
Garagem Área de Serviço Copa - Cozinha
Dormitório Sanitário
de Empregada Empregada
Figura 6
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UNIDADE Construção do Repertório – Parte II
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Figura 10 – Alas hóspedes, planta 1
Fonte: Frank Lloyd Wright, 1939
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UNIDADE Construção do Repertório – Parte II
Figura 12
Fonte: Adaptado de Mies van der Rohe, 1951
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Figura 13
Fonte: Adaptado de Mies van der Rohe, 1951
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UNIDADE Construção do Repertório – Parte II
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
FallingWater - Frank Lloyd Wright - Tour the house today - Pennsylvania
https://goo.gl/ypnT6S
Frank Lloyd Wright Foundation
https://goo.gl/8dmwGC
ArchDaily
Sugestão de projetos para pesquisa virtual: Oscar Niemeyer – Casa das Canoas, São
Conrado, Rio de Janeiro, Brasil; Marcos Acayaba – Residência Milan, São Paulo,
Brasil; Marcos Acayaba – Residência Milan, São Paulo, Brasil; Studio MK27 – Casa
Paraty, Paraty, Rio de Janeiro, Brasil; Lina Bo Bardi – Casa de Vidro, São Paulo,
Brasil; Terra e Tuma Arquitetos Associados – Casa Vila Matilde, São Paulo, Brasil.
https://goo.gl/hT7DvS
Vídeos
REC CBA - Villa Savoye de Le Corbusier - Recorrido Virtual
https://youtu.be/Plis2dtwFV8
Villa Savoye - Le Corbusier
https://youtu.be/hQZ81_TwFqE
La Villa Dall’Ava - Rem Koolhaas
https://youtu.be/O6rx1mH4DwE
Villa dall`ava, Rem Koolhaas
https://youtu.be/aFJ71mYYMXI
Farnsworth house by Mies Van der Rohe
https://youtu.be/XZ1hpOjdkgw
Leitura
Homem Vitruviano e Le Modulor
LOPES FILHO, José Almeida; SILVA, Sílvio Santos da. Antropometria. Sobre o homem
como parte integrante dos fatores ambientais. Sua funcionalidade, alcance e uso.
https://goo.gl/CLvwiQ
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Referências
ÁBALOS, Iñaki. A boa-vida. Barcelona: Gustavo Gili, 2003.
RASMUSSEN, Steen Eiler. Arquitetura vivenciada. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
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