construção I
Aula T- 8
II. Cofragem e falsas obras
2.1. Conceito. Introdução
Devido à natureza do betão, boa resistência à compressão mas fraca resistência à tracção e
torsão, as primeiras estruturas erguidas foram arcos e cúpulas os quais funcionam
predominantemente à compressão. O exemplo mais conhecido de estruturas dessa época é o
Panteon de Roma.
A cofragem desempenha um papel importante na construção de estruturas de betão. Com
efeito ela ajuda a dar forma e a suportar as mais diversas peças de betão desde a fase de
betonagem até ao ponto de endurecimento e ganho da resistência necessária. Em princípio, é
possível conseguir qualquer forma em estruturas de betão dadas as suas características
moldáveis. Todavia, é preciso frisar que as formas mais complexas conseguem-se, geralmente, a
custos mais elevados.
As cofragens devem obedecer a algumas características, designadamente:
• Ser resistentes o suficiente para suportar as pressões ou o peso do betão e das sobrecargas
impostas
• Ser suficientemente rígidas a fim de manter a forma sem sofrer deformações assinaláveis
• Ser económicas em termos de do custo total da cofragem e dos betões 2
O projecto de cofragens requer um conjunto de conhecimentos e experiência para
evitar desastres resultantes do seu mau dimensionamento. A falta deste
conhecimento pode dar origem a um sub-dimensionamento ou sobre-
dimensionamento.
As consequências de um sub-dimensionamento tendem a ser catastróficas em termos
de custo, acidentes e progresso da obra.
Ademais, corrigir as falhas derivadas de um mau dimensionamento da cofragem são
sempre mais onerosas
É muito importante, tal como nas estruturas, que se limitem as deformações por
poderem levar a defeitos de forma indesejáveis.
Isto é conseguido garantindo uma adequada rigidez da cofragem.
Nalgumas situações o acabamento final das superfícies é de elevada exigência de tal
sorte que as deformações ou outras imperfeições não são de admitir.
Quanto ao modo de fornecimento as cofragens podem ser pré-fabricadas ou
comerciais e fabricadas no local da obra para efeitos de uso específico.
As cofragens comerciais são geralmente modulares e em dimensões standard
permitindo flexibilidade na utilização.
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Materiais dos elementos de cofragem
A selecção dos materiais para a fabricação dos elementos de cofragem é normalmente uma
função de economia, necessidade, disponibilidade ou uma combinação de alguns destes
factores. Os materiais mais comuns são a madeira, o aço e o alumínio, isoladamente ou em
combinação .
Madeira
É ainda o material mais utilizado nas cofragens tradicionais pelas seguintes razões:
Cofragens de contraplacado
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Materiais dos elementos de cofragem
Outras combines de materiais
Cofragem de chapa de alumínio
Pouco indicadas uma vez que o alumínio reage com o cimento Portland e cofragem tende a ficar
colada à peça betonada
Cofragem mista de madeira e aço
Apresenta todas as vantagens das cofragens de madeira conjuntamente com as facilidades de
montagem e desmontagem oferecidas pelos elementos metálicos.
Cofragem de telas metálicas
Em geral, são utilizadas para a cofragem de elementos verticais e horizontais nas zonas de
ligação com a superfície da nova betonagem. Obtém-se uma superfície rugosa que confere
melhor aderência entre duas partes da peça. Outras soluções existem em alternativa, como o
uso de resinas epoxy.
Cofragem de betão
Podem ser constituídas por manilhas de betão ou blocos que ficam perdidos após a betonagem.
Indicadas para utilização em zonas que impossibilitam a recuperação da cofragem.
Cofragem flexivel (pneumática)
São constituídas por uma tela de borracha insuflável que é esvaziada no momento da
descofragem. Bastante utilizadas na pré fabricação de tubagem de secção celular. Permitem de
100 a 200 utilizações e a utilização do próprio terreno como cofragem exterior. 8
Classificação das cofragens
As cofragens podem ser classificadas sob diversos pontos de vista como em função
dos materiais, possibilidade de reutilização, fins a que se destinam, entre outros. A
classificação aqui apresentada tem a ver com o grau de reutilização e é adoptada a
proposta feita por (Lança, 2008).
Cofragens tradicionais
Cofragens tradicionais melhoradas
Cofragens recuperáveis
Cofragens racionalizadas
Cofragens ligeiras ou desmembráveis
Cofragens perdidas
Cofragens deslizantes
Cofragem semi-deslizante
Cofragens especiais
Avanços sucessivos – pontes
Semi-desmembráveis
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Cofragens recuperáveis
As cofragens recuperáveis são as mais difundidas, devido ao facto de permitirem melhor
rentabilização do investimento feito na sua aquisição ou fabrico. Estas englobam as tradicionais
(em madeira), as tradicionais melhoradas (através da introdução da normalização e de novos
materiais), as racionalizadas (ou modulares) e as especiais (mais indicadas para estruturas
especiais).
Cofragens tradicionais
As cofragens tradicionais prestam-se à execução de praticamente todo o elemento de betão
armado, designadamente lajes, vigas, pilares, escadas, muros e paredes, sapatas, entre outros.
Cofragens tradicionais melhoradas
As cofragens semi-racionalizadas ou tradicionais melhoradas foram introduzidas com a intenção
de modificar o processo de cofragem e descofragem no sentido de o tornar mais fácil e rápido
de executar.
A investigação e desenvolvimento na área e a crescente exigência de flexibilidade e economia
conduziram à adopção da modulação dos componentes das cofragens tendo em vista melhorar
a produtividade
A modulação levou, por seu turno, à introdução de alguns elementos de natureza diferente dos
que são utilizados nos sistemas tradicionais, como por exemplo:
prumos metálicos ajustáveis em altura e vigas metálicas extensiveis em substituir de prumos
e de vigas de madeira, respectivamente;
painéis de cofragem – racionalização;
painéis reforçados e/ou de outros materiais, tais como contraplacado plastificado revestido
com fibra de madeira; 10
Cofragens recuperáveis
Cofragens racionalizadas
Estes sistemas são os que contemplam uma separação entre os elementos de suporte
e os de cofragem, sendo que estes últimos são desmembrados em módulos.
Apresentam-se, dentro dos três sistemas racionalizados, como os mais versátis e
flexiveis adaptando-se facilmente a várias formas geométricas.
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Cofragens tradicionais
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COFRAGENS RECUPERÁVEISTRADICIONAIS. Quatro exemplos de
escoramentos laterais de pilares
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Cofragens tradicionais
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Vista inferior da cofragem de uma laje
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Cofragens tradicionais
melhoradas
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COFRAGENS RECUPERÁVEISTRADICIONAIS MELHORADAS
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COFRAGENS PERDIDAS
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COFRAGENS PERDIDAS
COFRAGENS PERDIDAS ESTRUTURAIS ou COLABORANTES
Pré – lajes
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COFRAGENS PERDIDAS ESTRUTURAIS ou COLABORANTES
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Moldes deslizantes
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Moldes deslizantes
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Auto trepantes
(subir se por acaso mesmo)
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Auto trepantes
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Cofragens especiais. Cofragem semi-deslizante. Avanços sucessivos
De um modo geral, a parte de um sistema de cofragem deste tipo consta de:
1. Cofragem propriamente ditas;
2. Estrutura de suporte da cofragem (cimbre);
3. Apoios sobre os pilares e tabuleiros e
4. Mecanismos de movimentação do cimbre e da cofragem.
Justificam-se, economicamente, para pontes com um número de vãos superior a três.
É possível distinguir, três tipos principais de sistemas de cofragem desta família :
a. Sistemas de Avanço Sucessivo para a construção in-situ de pontes por aduelas, cimbres
móveis em estrutura metálica conhecidas por ‘’Movable Scaffolding Systems MSS’’,
(também conhecidos por vigas de lançamento).
Os sistemas MSS permitem construir pontes com vãos livres até cerca de 70 metros e raios de
curvatura de tabuleiros até 250 metros. Uma grande parte das pontes de grandes vãos como a
do rio Zambeze foi feita com recurso a este método.
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Cofragens especiais. Cofragem semi-deslizante. Avanços sucessivos
b. Carros de Avanço - ‘‘Form Traveller forem Cantilevered Bridge Construction’’
Os carros de avanço foram concebidos para funcionamento em consola livre
na construção de pontes in-situ normais de caixões e suspensas.
Consistem em duas partes designadamente a estrutura de suporte e a
cofragem propriamente dita. Onde o avanço se faz geralmente em duas
direcções. Estes sistemas são formados por uma estrutura metálica que se
apoia na parte da estrutura já betonada, tabuleiro e/ou pilares.
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Sistemas MSS
vigas de
lançamento
Carros de avanço 35
Andaimes e Cimbres
Armaduras que são elaboradas juntem-se e coloquem-se para facilitar os trabalhos de
cofragem, fundição e terminações de obras.
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Elementos constituintes de andaimes
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Prumos e cimbres no suporte de cofragens
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Desencofre e reutilização, segurança
Cofragens e água do betão
As cofragens susceptíveis de absorver quantidades significativas de água do betão ou
de facilitar a evaparação devem ser adequadamente humedecidas para reduzir a
saída de água do betão, a não ser em casos em que esse propósito é deliberado,
como, por exemplo, no caso de cofragens de permeabilidade controlada.
A superfície interior das cofragens deve estar limpa, pode ser útil para a limpeza dos
moldes prever uma janela provisória no fundo dos moldes. Se as cofragens forem
utilizadas para produzir superfícies aparentes, o tratamento das suas superfícies deve
ser o adequado à obtenção do acabamento pretendido e devem ser empregues
produtos descofrantes de acordo com o tipo de cofragem e as indicações do
fabricante, para evitar a aderência ao betão.
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Desencofre e reutilização, segurança
Descofragem
A descofragem deve ser feita de forma a não originar impactos sobre e estrutura,
sobrecarga excessiva ou danos.
As cargas sobre os cimbres devem ser aliviadas com uma sequência que garanta que
outros elementos não fiquem submetidos a cargas excessivas.
A estabilidade dos cimbres e das cofragens deve ser mantida quando se aliviam as
cargas e durante as operações de remoção.
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Desencofre e reutilização, segurança
Prazos mínimos para a retirada dos moldes
Nos casos correntes em condições normais de temperatura e humidade (nas regiões frias os
prazos são maiores) e para o betão de cimento portland normal, os prazos mínimos para a
retirada dos moldes e dos escoamentos, contados a partir da data de conclusão da
betonagem, são os indicados a seguir :
moldes de faces laterais em vigas, pilares e paredes – 2 a 3 dias
moldes de faces inferiores em lajes de vão inferior a 6 metros – 7 dias
moldes de face inferior em lajes de vão superior a 6 metros – 14 dias
moldes de faces inferiores em vigas – 14 dias
escoramento em lajes de vão inferior a 6 metros – 21 dias
escoramento e cofragem em lajes fungiformes de elevado peso – 28 dias
escoramento em vigas – 21 dias
Para as lajes e vigas que na ocasião de descimbramento estejam com solicitações muito
próximas da sua capacidade resistente recomenda-se que a descofragem se faça aos 28 dias.
Descofrantes
Os produtos descofrantes devem ser escolhidos e aplicados de forma a não serem prejudiciais ao
betão, às armaduras ou às cofragens e não terem efeitos nocivos no meio ambiente.
Os produtos descofrantes não devem ter efeitos nocivos na qualidade das superficie, na sua cor ou nos
revestimentos subsequentes, a não ser que esse seja o intento.
Os produtos descofrantes devem ser aplicados de acordo com as especificações do produto41ou as
disposições válidas no local da construção.
Projecto e os custos da cofragem
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Custos da cofragem
Os custos da cofragem assumem capital importância uma vez que influenciam
de forma significativa os custos dos trabalhos de betão.
Os custos relativos da cofragem em estruturas de betão armado tendem a
variar imenso em grande medida em função da complexidade das formas
desejadas.
Em alguns casos os custos da cofragem podem atingir 50% ou mais dos custos
totais das peças estruturais.
Há casos em tais custos podem chegar aos 75% do custo total.
Os factores determinantes para estes custos são os materiais e a mão de obra
para a preparação, colocação e remoção da cofragem.
Os materiais e elementos envolvidos podem ser dos mais variados desde a
madeira, metal, os pregos, parafusos, lubrificantes, escoras, entre outros.
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Acidentes com cofragens
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