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Autor:
Equipe Materiais Carreiras
Jurídicas, Ricardo Torques,
Equipe CPC, Humanos e Eleitoral
24 de Outubro de 2021
O documento parte de uma crítica à sociedade como um todo, ressaltando que as riquezas sociais
poderiam constituir oportunidade para todos e, no entanto, é possível constatar que em muitos
lugares ainda há fome e ignorância. As pessoas que vivem em situação de pobreza, por sua vez, são
assaltadas por ideias consumistas.
Sobre esse aspecto, constata-se que a mídia exercer um papel contraditório, pois ao mesmo tempo
em que ela propicia o conhecimento a respeito da situação de violação dos direitos humanos, ela
contribui para a transmissão de uma visão de mundo que mantém a sociedade como tal.
De acordo com essa visão midiática que é mantida pela maioria das pessoas, direitos humanos é
defesa de bandidos. Essa visão gera uma conduta baseada na lógica da eliminação: bandidos devem
ser eliminados da sociedade. Num contexto sistemático, essa cultura ocasiona fatos sociais
e executor de políticas públicas que garantam qualidade de vida social, cultural, educacional,
econômica, sanitária, civil e política para todos, sem discriminação.
É importante ressaltar, ainda, que o Estado não é o único violador de direitos humanos: também o
são o crime organizado, o capital multinacional, o capital especulativo, a indústria internacional
do trabalho escravo, a mídia, os enclaves terroristas ou de oposição armada e outras organizações
paraestatais que assumiram papeis semelhantes aos do Estado nas relações sociais sob seu
espectro.
A educação é um mecanismo essencial para a nova postura social que privilegia os direitos humanos,
pois só através da educação as pessoas podem formar sua autonomia intelectual e conscientizar um
juízo moral adequado para o exercício da cidadania. Os direitos humanos são o principal norte e
inspiração da educação de uma sociedade nova e justa, rompendo com velhos paradigmas de
exclusão e injustiça.
Com isso terminamos a análise do livro Direitos Humanos, Segurança Pública e Promoção da
Justiça. Vamos na sequência analisar o livro Direitos Humanos versus Segurança Pública, do autor
Guilherme Nucci.
instituição está desaparelhada, mal paga ou corrompida. Uma polícia bem treinada, armada, com
aparelhos tecnológicos modernos e cultivando as áreas de inteligência contra o crime não irá
prejudicar os direitos humanos.
É inaceitável a posição que tem como admissível a infringência dos direitos humanos em nome de
uma pretensa segurança pública. Essa posição propicia um tiro no próprio pé, pois se os agentes de
polícia estão autorizados a cometer abusos, não há segurança que impeça o próprio defensor dessa
posição contra os abusos.
Os direitos humanos são um elemento novo do direito e devem funcionar como freio aos impulsos
de dominação dos seres humanos entre si. O Estado deve ser um ente perfeito, virtuoso e
absolutamente imparcial, apesar de que os governantes sejam, por natureza, imperfeitos. Num
Estado em que a dignidade humana fosse perfeitamente implementada, os crimes deixariam de
existir e as pessoas não mais seriam tão cruéis com seus semelhantes. A meta da humanidade não
pode se restringir a alcançar um mínimo objetivo, mas deve ser algo que transcende a realidade
atual e que serviria de chave para a mudança total de comportamento, permitindo o alcance da
dignidade plena.
O conformismo em relação aos abusos não deve servir de parâmetro social, e sim como alerta de
descumprimento das normas legais.
Assim, o autor propõe aos operadores do Direito que adotem uma visão crítica que afaste a lógica
de opressor e oprimido. Nessa visão por dentro do fenômeno da criminalidade, o operador se coloca
como autor da infração e visualiza o destino que lhe aguardaria em concreto, evitando a adoção de
posturas padronizadas.
Apesar disso, o autor mantém que as teorias abolicionistas do direito penal são utopias e puras
ficções. As punições devem ser aplicadas com aspecto reeducativo e ressocializador, o que admite
a segregação, se necessário. A prisão pode ser um instrumento de efetivação dos direitos humanos,
quando aplicada com razoabilidade e critérios de proporcionalidade.
O autor frisa, ainda, a importância de um ambiente familiar como fator que evita o fenômeno da
criminalidade, pois a família é um núcleo de apoio saudável e de exercício da solidariedade e da
fraternidade.
Ao final, o autor elenca alguns pontos principais da sua tese, dos quais vamos destacar alguns:
11. Os Poderes de Estado devem buscar e definir, com urgência, uma política
criminal definida para o combate à criminalidade, em particular, à corrupção;
16. A pena privativa de liberdade não está falida; falida está a sua prática, por
culpa primordial do Poder Executivo. Até que surja outro meio eficiente de punição,
especialmente voltado à criminalidade violenta, o correto é exigir o
aperfeiçoamento dos estabelecimentos penais;
29. Ética e moral são incompatíveis com a prática criminosa, não significando
que os delinquentes devam ser privados de seus direitos fundamentais, pois o
Estado deve agir ética e moralmente;
Com isso terminamos a análise do assunto fundada nos dois livros mencionados.
RESUMO
Temas centrais da discussão:
Teses fundamentais do livro Direitos Humanos versus Segurança Pública, de Guilherme Nucci:
11. Os Poderes de Estado devem buscar e definir, com urgência, uma política
criminal definida para o combate à criminalidade, em particular, à corrupção;
16. A pena privativa de liberdade não está falida; falida está a sua prática, por
culpa primordial do Poder Executivo. Até que surja outro meio eficiente de punição,
especialmente voltado à criminalidade violenta, o correto é exigir o
aperfeiçoamento dos estabelecimentos penais;
29. Ética e moral são incompatíveis com a prática criminosa, não significando
que os delinquentes devam ser privados de seus direitos fundamentais, pois o
Estado deve agir ética e moralmente;
QUESTÕES COMENTADAS
1. (Inédita - 2021) Os principais temas a partir dos quais surge o conflito entre os direitos humanos
e a segurança pública são:
a) o dogmatismo e o humanitarismo.
b) a violência e a impunidade.
c) a interpretação literal e a escola da exegese.
d) a democracia e o arbítrio estatal.
e) a verdade e a mentira.
Comentários
É a partir da violência e da impunidade que surgem as principais teses sobre a relação entre direitos
humanos e segurança pública. Por um lado, os que propugnam os direitos humanos ressaltam a
necessidade de conter a violência arbitrária do Estado, por outro, os que são contrários aos direitos
humanos afirmam a necessidade de ação enérgica contra a impunidade. Assim, a alternativa B é
correta e é o gabarito da questão.
2. (Inédita - 2021) De acordo com a visão exposta no livro Direitos Humanos, Segurança Pública e
Promoção da Justiça, a intervenção contra a criminalidade deve ser:
a) plena e sem limites.
b) arbitrária, na medida em que só os agentes de segurança em concreto conhecem a situação
real em jogo.
e) que distancia direitos humanos de segurança pública, entendendo que esses dois conceitos
têm âmbito de aplicação restritivos, não cabendo a coexistência numa mesma instituição da
função de proteger direitos humanos e de proteger a segurança pública.
Comentários
No livro, o autor se afasta de posições extremadas, mantendo que é possível a existência de órgãos
de segurança que, cumprindo os deveres reconhecidos em relação aos direitos humanos, protegem
a segurança pública ao mesmo tempo em que preservam os direitos humanos. Assim, a alternativa
D é correta e é o gabarito da questão.
5. (Inédita - 2021) Sobre a posição de Guilherme Nucci, no seu livro Direitos Humanos versus
Segurança Pública, a respeito da pena de prisão, podemos afirmar que:
a) o autor defende que a pena de prisão não está falida, cabendo a sua utilização como meio
eficiente de punição especialmente de crimes violentos, mas os estabelecimentos prisionais
devem ser extintos, favorecendo o cumprimento da pena domiciliar.
b) o autor defende que a pena de prisão não está falida, cabendo a sua utilização como meio
eficiente de punição especialmente de crimes violentos, e que os estabelecimentos prisionais
devem ser aperfeiçoados, mas não o são por culpa dos direitos humanos.
c) o autor defende que a pena de prisão não está falida, cabendo a sua utilização como meio
eficiente de punição especialmente de crimes violentos, e que os estabelecimentos prisionais
devem ser aperfeiçoados, mas não o são por culpa primordial do Poder Executivo.
d) o autor defende que a pena de prisão está falida, mas, no momento social em que vivemos
atualmente, é inviável a extinção imediata dos estabelecimentos prisionais, o que deve ocorrer
de forma gradativa através, principalmente, da educação pública sobre os efeitos nefastos da
prisão sobre os presos.
e) o autor defende que a pena de prisão está falida e os estabelecimentos prisionais devem ser
extintos de imediato, pois são uma estratégia social fracassada que não cumpre, de forma
alguma, os seus objetivos, constituindo meio de contenção social dos indesejados sem
possibilidade de transformação em uma instituição mais favorável.
Comentários
Vejamos o que diz a tese 16 exposta ao final do livro:
16. A pena privativa de liberdade não está falida; falida está a sua prática, por
culpa primordial do Poder Executivo. Até que surja outro meio eficiente de punição,
especialmente voltado à criminalidade violenta, o correto é exigir o
aperfeiçoamento dos estabelecimentos penais;
De acordo com o autor, a pena de prisão tem uma função social positiva de punir os crimes violentos.
Não se trata de uma punição falida. Apenas a sua prática está falida, por culpa, principalmente, do
Poder Executivo, que não cumpre seu dever de aperfeiçoar os estabelecimentos prisionais. Assim, a
alternativa C está correta e é o gabarito da questão.
LISTA DE QUESTÕES
1. (Inédita - 2021) Os principais temas a partir dos quais surge o conflito entre os direitos humanos
e a segurança pública são:
a) o dogmatismo e o humanitarismo.
b) a violência e a impunidade.
c) a interpretação literal e a escola da exegese.
d) a democracia e o arbítrio estatal.
e) a verdade e a mentira.
2. (Inédita - 2021) De acordo com a visão exposta no livro Direitos Humanos, Segurança Pública e
Promoção da Justiça, a intervenção contra a criminalidade deve ser:
a) plena e sem limites.
b) arbitrária, na medida em que só os agentes de segurança em concreto conhecem a situação
real em jogo.
c) negativa, de autocontenção policial, abrindo espaço de liberdade pública irrestrita.
d) fundada na razão, na informação, na técnica, na ciência, na comunicação e na estratégia.
e) profilática e visionária, punindo os potenciais criminosos antes mesmo do cometimento do
delito.
3. (Inédita - 2021) Sobre as entidades que violam os direitos humanos, de acordo com o livro
Direitos Humanos, Segurança Pública e Promoção da Justiça, é correto afirmar que:
a) só o Estado pode violar direitos humanos.
b) o Estado é um ente perfeito que não pode violar direitos humanos.
c) qualquer pessoa que exponha visão contrária ao progresso da humanidade viola os direitos
humanos.
d) apenas os Estados capitalista violam direitos humanos.
e) entidades como o crime organizado, o capital multinacional, o capital especulativo, a
indústria internacional de trabalho escravo, a mídia, os enclaves terroristas ou de oposição
armada e outras organizações paraestatais podem violar os direitos humanos.
4. (Inédita - 2021) Guilherme Nucci, no seu livro Direitos Humanos versus Segurança Pública,
adota uma posição:
a) totalmente contrária aos direitos humanos, que funcionam como empecilho para a atividade
dos órgãos de polícia.
b) absolutamente favorável aos direitos humanos, entendendo que órgãos de Estado como a
polícia devem ser extintos para que se efetive a dignidade humana.
c) mais favorável à atividade policial, entendendo que alguns fatos como o despreparo dos
policiais e a corrupção são inevitáveis, mas nem por isso é necessário extinguir a polícia.
d) que concilia direitos humanos e segurança pública, entendendo que é possível a existência
de órgãos de segurança pública que cumprem seus direitos humanos e protegem, ao mesmo
tempo, a segurança pública.
e) que distancia direitos humanos de segurança pública, entendendo que esses dois conceitos
têm âmbito de aplicação restritivos, não cabendo a coexistência numa mesma instituição da
função de proteger direitos humanos e de proteger a segurança pública.
5. (Inédita - 2021) Sobre a posição de Guilherme Nucci, no seu livro Direitos Humanos versus
Segurança Pública, a respeito da pena de prisão, podemos afirmar que:
a) o autor defende que a pena de prisão não está falida, cabendo a sua utilização como meio
eficiente de punição especialmente de crimes violentos, mas os estabelecimentos prisionais
devem ser extintos, favorecendo o cumprimento da pena domiciliar.
b) o autor defende que a pena de prisão não está falida, cabendo a sua utilização como meio
eficiente de punição especialmente de crimes violentos, e que os estabelecimentos prisionais
devem ser aperfeiçoados, mas não o são por culpa dos direitos humanos.
c) o autor defende que a pena de prisão não está falida, cabendo a sua utilização como meio
eficiente de punição especialmente de crimes violentos, e que os estabelecimentos prisionais
devem ser aperfeiçoados, mas não o são por culpa primordial do Poder Executivo.
d) o autor defende que a pena de prisão está falida, mas, no momento social em que vivemos
atualmente, é inviável a extinção imediata dos estabelecimentos prisionais, o que deve ocorrer
de forma gradativa através, principalmente, da educação pública sobre os efeitos nefastos da
prisão sobre os presos.
e) o autor defende que a pena de prisão está falida e os estabelecimentos prisionais devem ser
extintos de imediato, pois são uma estratégia social fracassada que não cumpre, de forma
alguma, os seus objetivos, constituindo meio de contenção social dos indesejados sem
possibilidade de transformação em uma instituição mais favorável.
GABARITO
1. B
2. D
3. E
4. D
5. C