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Book

O
Maracatu
e o Combate
Violência
Contra
a

Agbê
Faça você mesmo
o seu instrumento
Dani Dornelas

Agbê- Faça Você Mesmo o Seu Instrumento/Dani Dornelas | 1


O
Maracatu
e o Combate
Violência
Contra
a

“Nós mulheres estamos


em constante busca
de nós mesmas e que
essa busca não seja
definida pelo olhar dos
outros que nos subjuga,
mas que seja um olhar
definido pelo que temos
e podemos dizer de nós
mesmas.”
Dani Dornelas

Agbê- Faça Você Mesmo o Seu Instrumento/Dani Dornelas | 2


Copyright © 2021 Dani Dornelas e Enyály Christian Poletti

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19/02/1998. É expressa-


mente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios
(eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem prévia autorização,
por escrito, da autora.

Ficha Técnica do Projeto


“O Maracatu e o Combate à Violência Contra a Mulher”

Coordenação Geral - Enyály Poletti


Produção - Shirley Maclane
Intérprete de Libras - Sara Carvalho
Fotografia e Vídeo - Dani Dornelas
Designer Gráfico - Enyály Poletti
Oficina de Agbê - Dani Dornelas
Oficina de Alfaia - Enyály Poletti
Oficina de Ritmos do Maracatu - Mestra Joana Cavalcante

Contato oficineira de Agbê:


danidornelasfotografia@gmail.com
(31) 97570.4549

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P765a Agbê: faça você mesmo o seu instrumento/ Enyály Poletti e


P765a Alfaia: faça você mesmo o seu tambor / Enyály Poletti. –
2021 Dani Dornelas. – Ipatinga: Edição das autoras, 2021.
2021 Ipatinga: Edição da autora, 2021.
E-book
E-book; 61
; 61p.p.: :il.il.color.
color. (O
(O maracatu
maracatu eeoocombate
combateààviolência
violência
contra
contraa amulher,
mulher,2). 1).

Formato:
Formato:PDF
PDF
ISBN:
ISBN:978-65-00-26789-1
978-65-00-26788-4

1.1.Instrumentos
Instrumentosde depercussão
percussão –– Instrução
Instruçãoeeestudo.
estudo.2.2.Tambor
Maracatu
– Cultura
(Alfaia) –popular.
Instrução3.e Crime
estudo.contra a mulher.
3. Crime contra a4.mulher.
Agbê –4.Instrução
Maracatue
– Cultura
estudo. popular 5.–Mulheres
5. Mulheres – Instrumentos
Instrumentos de percussão.
de percussão. I. Título. I.
Título.

CDD:
CDD:784.19
784.19
CDU:
CDU:781.91
781.91
Ficha elaborada pelo Bibliotecário: Bruno Moreira de Moraes – CRB-6/3270
Sumário O
Maracatu
e o Combate

a
Violência
Contra

Agbê
Faça você mesmo
o seu instrumento

Artivismo 06

O Projeto “O Maracatu e o combate à


violência contra a mulher” 07

Agbê: Um símbolo de luta por


visibilidade das mulheres 09

As Mulheres e a Percussão 12

O Movimento Baque Mulher 14

Baque Mulher Ipatinga/MG 18

Manifesto 8M/2021 20

Passo a Passo para


Construção do Agbê

Informações importantes para você


atentar para a escolha da cabaça 28

1. Primeira Etapa
Ferramentas e material 29

2. Segunda Etapa
Limpeza da cabaça 31
3. Terceira Etapa:
Corte da cabaça 33

4. Quarta Etapa: Impermeabilização


e tratamento exterior da cabaça 34

5. Quinta Etapa: Preparação do colar 41

6. Sexta Etapa: Estudo da trama da saia 43

7. Sétima Etapa: Confecção da saia 42

Referências 55

Redes Sociais 56

Canal do Youtube 56

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Artivismo Maracatu
O
e o Combate
Violência
Contra
a

ARTIVISMO
Expressão cunhada pela Univer-
sidade Livre Feminista, no sen-
tido que a concebeu que “con-
sidera fundamental expandir a
criação libertária artística e cul-
tural das mulheres que estão na
luta por transformação social.
Por isso apoia ações que unem
arte e feminismo e processos que
reúnam mulheres artistas para a
reflexão coletiva, a troca de ex-
periências e conhecimentos e re-
alização de ações contraculturais
feministas a partir de diferentes
estratégias artísticas, estéticas ou
simbólicas.”
(UNIVERSIDADE LIVRE FEMINISTA, 2018).

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Mulher
O PROJETO

“O Maracatu e o combate
à violência contra a mulher”
A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES é um dos grandes dramas de
nossa sociedade, cuja raiz passa por sua construção histórica e estru-
tural. A luta das mulheres tem sido gigantesca e perpassa inúmeras
iniciativas que vão desde a luta pelo voto até os embates contra a
sociedade patriarcal, pelo reconhecimento na literatura, nas ciências,
nas artes, nos afazeres domésticos, na liberdade de decisão sobre
seu próprio corpo, contra opressões religiosas, lutas em ambientes
políticos e em diversas outras frentes. O projeto aqui apresentado
aborda uma vertente de enfrentamento que pode ressignificar e am-
pliar a discussão de gênero em nossa sociedade.
A percussão e a construção de instrumentos percussivos são uni-
versos predominantemente masculinos, o que revela uma opres-
são diante da expectativa de que se tratam de atividades destina-
das aos homens, pois exigem força e uma certa “agressividade”
às vezes. Características que, devido uma construção social con-
servadora, tende a distanciar esses universos do protagonismo
feminino. No entanto, vários movimentos têm mostrado que as
mulheres podem ser o que quiser, que só elas podem se definir,
mas não é algo simples. Não é o desejo individual que buscamos,
mas sim uma sociedade que não limite um corpo pelo gênero.
Neste sentido, entre os diversos movimentos existentes, vamos
citar o Baque Mulher – uma iniciativa de mulheres feministas e
“tambozeiras”2, ou, como elas mesmo se definem: guerreiras, por
ser próxima a ação do projeto.
O projeto vem ao encontro de que as mulheres devem se emanci-
par em todas as áreas da vida humana, e escolheu o saber popu-
lar da construção e do toque de instrumentos de percussão como
foco de sua ação. As mulheres sempre contribuíram muito com
esse movimento, apesar das tentativas de limitar suas atividades

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nesta área, o que provocou um apagamento delas nos registros
históricos.
Construir e tocar um instrumento de percussão diante da alie-
nação histórica das mulheres neste processo passa a ser um ato
de bravura. Assim, reivindicamos o reconhecimento de mulheres
incríveis que muitas vezes não são lembradas. É dizer: nós pode-
mos, nós fazemos, nós compartilhamos e criamos cultura no uni-
verso da percussão e assim esperamos que as próximas gerações
de mulheres “tambozeiras” e “agbezeiras” 3, ou seja, as percussio-
nistas não sofram mais com olhares de espanto diante de suas
performances como algo singular.
A música e a arte da percussão estão em nossos corpos, e que
nada mais nos limite. Amamos cantar, dançar e gostamos mais
ainda de fazer qualquer coisa que queremos.
A violência psicológica e física que nos impõe a sociedade machis-
ta e patriarcal vai ouvir nossos instrumentos em alto e bom som
retumbando que uma sociedade que não possui equidade de gê-
nero nunca será uma sociedade justa para ninguém. Como bem
destacou a ativista negra Lélis Gonzalez:
“Estamos cansados de saber que nem na escola, nem
nos livros onde mandam a gente estudar, não se fala
da efetiva contribuição das classes populares, da mu-
lher, do negro, do índio na nossa formação histórica e
cultural.”
E ainda segundo ela:
“em razão disso é ir à luta e garantir os nossos espaços
que, evidentemente, nunca nos foram concedidos”.

2 - Palavras ainda não encontradas e dicionários formais, mas já amplamente utilizada e


é possível ser encontrado em dicionários informais como https://www.dicio.com.br/
tambozeiro/
3 - Palavras ainda não encontradas e dicionários formais mas já amplamente usada em os
grupos que praticam o Agbê.

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Agbê
Agbê: um símbolo da luta por
visibilidade das mulheres
O AGBÊ REMETE AS ÁGUAS, RIOS E MARES. O movimento dos Agbês
lembra as águas e está diretamente ligado à limpeza, e no Maracatu,
os Agbês vão à frente limpando os caminhos.
O Agbê, do iorubá agbe, kengbe ou ainda akeregbe, é um instrumento
de origem africana, produzido através de uma cabaça, revestida com
uma rede de miçangas e que, quando tocado, produz um som típico e
que sustenta e preenche os intervalos rítmicos de um toque ou baque.
É um instrumento de percussão à maneira de um chocalho, formado
por uma cabaça revestida por uma malha de contas. Toca-se o Agbê
segurando na cabaça e balançando-a de um lado a outro, fazendo com
que a malha de contas repercuta na parte externa da cabaça. Segundo
o antropólogo Vivaldo da Costa Lima, é esse instrumento que nomina
os conhecidos alabês, do iorubá alagbe (dono do Agbê), os fantásticos
tocadores-chefes e cantadores dos candomblés brasileiros.
Instrumento fortemente vinculado ao feminino, o Agbê (ou xequerê)
tem origem histórica vinculada ao candomblé, e assim como a maioria
dos instrumentos tradicionais inseridos nos toques do Maracatu, sua
função original é religiosa. Nesse sentido, os instrumentos do baque
são considerados sagrados. O xequerê, do iorubá sèkèrè (cabaça –
tambor com redes de búzios), tem seu mito de nascimento nos versos
do odú Eji Oko, que narra como uma simples cabaça ganhou sua
“túnica” de búzios. Na história, os acontecimentos ensinam que muito
espertamente o xequerê roubou a roupa de outro instrumento, um
grande amigo, para apresentar-se frente ao rei. Importante lembrar
que o búzio era usado como moeda entre os iorubás e só pessoas
muito ricas possuíam em grande quantidade para usar em roupas,
brincos ou colares.

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Originário da África, o instrumento foi introduzido nos rituais de
candomblé na Bahia. Chegou ao Brasil pelas mãos dos negros que
foram escravizados – herança de sua utilização em afoxés ainda
na África, com origem datada no início do século XVII –, e dessa
forma o Agbê (ou xequerê, jejê-nagô) se firmou como instrumento
imprescindível dos grupos de afoxé que nasceram em Salvador,
Bahia.
Até o final da década de 1980, o Agbê não era um instrumento
popular no estado de Pernambuco, porém era usado nos rituais
religiosos de matriz africana, os xangôs de Recife. Entretanto,
anos mais tarde (mais precisamente no carnaval de 1997), duas
tradicionais Nações de Maracatus de Recife introduzem o Agbê
entre seus instrumentos e, assim, os afoxés passam a ser comuns
no carnaval da capital do estado pernambucano. A partir disso,
outros grupos aderem a iniciativa e também inserem o Agbê em
suas orquestras, até então tocados e regidos apenas por homens.
Em efeito, como a maioria dos espaços na nossa sociedade, a
cultura popular do Maracatu predominava um viés altamente
androcêntrico e machista. Mas foi a perseverança de Mestra
Joana Cavalcante, uma das responsáveis pela “febre” do Agbê no
Maracatu, que, ao se organizar com outras mulheres das Nações
Porto Rico e Encanto do Pina, formou um único grupo de mulheres
batuqueiras. A proposta de reger, tocar e dançar Maracatu só com
mulheres nasceu com o intuito de dar visibilidade às integrantes
das duas nações, pois até aquele momento, as mulheres só
costuravam, organizavam e dançavam. Responsável pela ala do
Agbê da Nação Porto Rico e Encanto do Pina, Mestre Joana fez do
instrumento um símbolo da luta por visibilidade das mulheres,
e do empoderamento feminino na cultura popular através da
performance musical.
Atualmente, com os diversos trabalhos realizados pelo Baque
Mulher, especialmente feitos com mulheres nos meios musicais,
as oficinas de Agbê – e outros instrumentos de percussão do
Maracatu – constroem a conscientização de modo crítico sobre
o pensamento político de empoderamento social. Dessa forma,
conseguem problematizar questões como a autoestima da

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mulher negra, o fazer musical, o fazer comunidade e inclusive a
aprendizagem da consciência cidadã, fomentando, até mesmo, a
economia criativa local.
Variantes da forma de tocar o xequerê podem ser observados
na vídeo aula de Mestre Joana Cavalcante do ano de 2015
em São Paulo, disponível no link: https://www.youtube.com/
watch?v=59aS_H3FNtA

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Pecurssão
As Mulheres e a Percussão
O CONCEITO DE “GÊNERO” para a análise científica surge conjun-
tamente com o movimento feminista no século XVIII, quando se
abriu espaço para o diálogo sobre questões como papéis sociais
vinculados à masculinidade e feminilidade, papéis que são asso-
ciados à distribuição de trabalho, lugar político e direitos nas mais
diversas áreas, principalmente devido aos tabus ainda existentes
nos aspectos relacionados ao corpo.
O corpo feminino e o corpo masculino carregam em si estereótipos
e tabus sociais formados a partir de anos de construções culturais.
Mesmo que sofram ressignificações históricas de tempos em tem-
pos, carregam uma bagagem incompatível com os tempos atuais.
Os estereótipos socialmente vinculadas ao gênero impedem que
nos desprendamos de tais conceitos dentro da sociedade patriar-
cal, que se caracteriza por manipular signos como masculino, fe-
minino, branco, negro, rico, pobre, homossexual ou heterossexual.
Sendo assim, se torna mais fácil impor essas ideias, pois elas colo-
cam o indivíduo em determinados “padrões”, que carregam seus
signos, significados e estereótipos.
Neste universo, acostumamos a ver o corpo masculino na perfor-
mance artístico-musical e o feminino na habilidade artístico-corporal.
Durante muito tempo essa visão fez acreditar que a manipulação de
um instrumento como alfaia não teria sintonia natural com a mulher,
com a suscetibilidade do seu corpo. Ou seja, quanto maior o instru-
mento, mais força a intérprete terá que usar, o que torna problemáti-
ca a visão da feminilidade por trás da interpretação musical.
A atribuição de gêneros dentro da prática instrumental limita os
lugares que as mulheres podem trilhar na música. Uma delimita-
ção preocupante, pois restringe os espaços ocupados pelas mu-
lheres, fazendo com que a representatividade feminina dentro da
música seja reduzida.

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Acabamos nos tornando reféns de uma predeterminação social
advinda do gênero, que faz com que as habilidades sejam pre-
estabelecidas. Assim, as mulheres não conquistam um lugar de
escolha respeitado por outros e, assim, formam uma identidade
que lhes é imposta.
O domínio masculino na percussão vem de uma herança simbó-
lica ligada a diversas questões que merecem ser estudas e com-
preendidas.
As mulheres sempre estiveram presente em inúmeras manifesta-
ções populares, no entanto eclipsamento do protagonismo femi-
nino na percussão é notório e tem suas consequências.
A prática percussiva ainda é uma prática em que existe a hege-
monia masculina, por ser uma ação em que as mulheres, além
de ter que se desfazer do estereótipo de fragilidade, se propõe a
questionar tradições.

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Baque
Mulher
O Movimento Baque Mulher
BAQUE MULHER É UM GRUPO de Maracatu Nação, sediado na ci-
dade de Recife/PE, fundado em 2008 e idealizado por Mestra Joana
D’arc Cavalcante, a primeira e única mulher a comandar uma nação
de Maracatu de Baque Virado: a Nação do Maracatu Encanto do Pina.
Através do seu poder de liderança inata, Mestre Joana consegue mo-
bilizar sua comunidade, atingindo o Brasil através do movimento Ba-
que Mulher que completou 13 anos de luta, contribuindo no com-
bate à violência contra a mulher, entre outras questões alarmantes
dentro da nossa sociedade e do país, como as questões do racismo,
machismo e da intolerância religiosa.
O Maracatu é o mais antigo ritmo brasileiro que traz as relações
culturais com os países africanos. As manifestações do Maracatu
surgiram no estado de Pernambuco, expressando a religiosidade
do Candomblé. Entretanto, até bem pouco tempo, as mulheres
eram impedidas de tocar os instrumentos no Maracatu, assim
como muitos outros ritmos musicais tradicionais. Podiam inte-
grar os grupos, mas para isso exigia-se vestimentas representan-
do uma figura masculina. Era necessário calça larga, cabelo preso
e chapéu escondendo os cabelos. O que reforçava o estereótipo
de papel de gênero de que essa era uma função masculina e que
as mulheres eram frágeis demais para tocar um tambor, e o único
lugar reservado para as mulheres era rodando a saia.

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Mestra Joana Cavalcante - Primeira mulher no Brasil mestra de uma nação de Maracatu.

Com o surgimento do Baque Mulher, a Nação Encanto do Pina


começa a quebrar as regras sexistas das ações de Maracatu. As-
sim, o coletivo feminista Baque Mulher - criado por Mestra Joana
assume a saia como seu uniforme, vindo a se tornar um símbolo
de luta estendida para além da expressão cultural do Maracatu.
Mestra Joana Cavalcante é neta da ialorixá Mãe Maria de Sônia,
fundadora da Nação Encanto do Pina. Ela atuou por muitos anos
em projetos sociais na comunidade do Bode, além de discutir o
papel da mulher no Maracatu de Baque Virado e do empodera-
mento feminino.
A experiência coletiva do Baque Mulher é de fundamental impor-
tância, não somente para suas integrantes, mas para o resgate da

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vida em comunidade e, além disso, na ação feminista que evidencia
a centralidade dos trabalhos de cuidados. Dessa forma, o Baque
Mulher se levanta como uma organização social na busca de supe-
rar tabus sociais, situações de opressão e violência de gênero, in-
feriorização e invisibilização da mulher, principalmente da mulher
negra, em um país extremamente racista e com índices de violên-
cia machista alarmantes.
Em uma verdadeira cruzada contra o esquecimento, a invisibiliza-
ção e a hegemonia do controle masculino no espaço público, a his-
tória e memória das mulheres são resgatadas através da história
oral, teimando em não serem apagadas dos relatos de construção
social: Nós existimos e resistimos! Nas palavras de Mestre Joana,
para combater a violência em todas as suas formas é necessário
entrar na linha de frente, e essa linha de frente dentro da comuni-
dade muitas vezes não é fácil:
“Criei o grupo apenas para nos juntarmos enquanto mulhe-
res, mas acabou virando um espaço de empoderamento, pois
passamos a identificar dificuldades no dia a dia das batu-
queiras. Trabalhar assuntos como machismo, agressão e vio-
lência doméstica na comunidade é muito difícil, aqui estamos
muito mais vulneráveis. Mas, quando cantamos, as mulheres
vão querer saber os significados dessas palavras.”

Mãe Maria de Sônia (Yalorixá) fundadora da Nação Encanto do Pina.

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No decorrer da luta para a construção do Baque Mulher, as mu-
lheres batuqueiras lidaram com todo tipo de opressões, entre elas
agressões psicológicas e até mesmo agressões físicas. Contudo,
a perseverança da construção coletiva feminista reflete no cres-
cimento do movimento, ensinando que quando as mulheres se
unem na luta por dignidade e reconhecimento, somos mais fortes.
Como manifesto, Mestra lança sua primeira loa:
“Maria da Penha “ que diz assim:
“Maria da Penha é forte, é forte para valer!
Com sua força e coragem fez a lei acontecer!
A lei Maria da Penha, agora eu já sei...”
O sonho da Mestra se expandiu e encantou, e hoje existem mais
de 31 grupos de Baque Mulher que se reúnem regularmente para
tocar loas pelo Brasil, compartilhando sua mensagem de força e
resistência por todo país, mas também internacionalmente, assim
como em Portugal e na Bélgica.
O Baque Mulher mantêm trabalhos sociais e culturais nas perife-
rias, oferecendo oficinas de percussão, dança, capoeira e atividades
pedagógicas atendendo mulheres, suas famílias, além do projeto
exclusivo voltado para crianças, o “Encantinho”. Todo trabalho é fei-
to com apoio de voluntários com apoio da comunidade e doações.

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Baque
Mulher
Baque Mulher Ipatinga/MG
O Baque Mulher Ipatinga/MG é um dos 31 grupos inspirados por
Mestra Joana, que foi criado devido a iniciativa da fotógrafa Dani
Dornelas. Em Junho de 2018, Dornelas iniciou uma pesquisa so-
bre Agbê (instrumento utilizado no Maracatu), que veio a se tornar
sua grande paixão e motivação para conhecer o Maracatu. Durante
essa pesquisa, a fotógrafa mineira chegou até a Mestra Joana. Em
uma viagem a Recife, junto à batuqueira Dani Matos, se conectou
ao universo do Maracatu recebendo assim as bênçãos da Mestra
Joana para a criação do Baque Mulher Ipatinga.
Assim, Dani Dornelas e Dani Matos iniciaram o aprendizado atra-
vés de oficinas sobre os ritmos bases do Maracatu e trouxeram
toda essa bagagem de aprendizado ao Vale do Aço. Em seguida,
se somaram ao projeto as amigas Enyály Poletti e Erika Benevides,
duas mulheres que foram peças fundamentais na organização e
estruturação do coletivo, abrindo espaço para que mais mulheres
maravilhosas fossem se integrando.
Juntas essas mulheres se fortaleceram na iniciativa da Mestra Joana
e na possibilidade de fomentar um movimento verdadeiramente
feminista, de combate à violência contra as mulheres no Vale do
Aço/MG, contra o racismo, construindo uma importante rede de
cuidados e de luta por direitos.

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Com o engajamento de suas integrantes, o Baque Mulher Ipatinga
levantou recursos para que as batuqueiras confeccionassem seus
próprios instrumentos de forma autogerida em uma oficina minis-
trada pelo oficineiro Ogã Deyvison Guian, uma atividade que mar-
cou de forma significativa a integração do coletivo.
Com seus 3 anos de existência, o coletivo já desenvolveu várias ativi-
dades na cidade, como por exemplo as rodas de conversas e proble-
matizações sobre a questão das mulheres, tocadas em datas come-
morativas (principalmente no dia 8 de março), coleta e distribuição
de cestas básicas, apoio para mães com enxoval de recém nascidos,
conscientização política para mulheres, entre outras iniciativas.
Em publicação em suas redes sociais o Baque Mulher Ipatinga, fez
manifesto e exposição fotográfica com as integrantes do Baque.
Fotografias de Dani Dornelas (Coordenadora do Baque Mulher Ipa-
tinga/MG) onde destacam as condições em que o corpo feminino
está exposto e bandeiras de lutas no dia 8 de março de 2021:
“Nossas condições de vida pioraram. Em trabalhos precariza-
dos, tele-trabalho exaustivo, acentuação de trabalhos domés-
ticos e de cuidados, carência de proteção social básica, muitas
de nós somos obrigadas a seguir trabalhando, se arriscando
nos transportes públicos lotados, expostas não apenas pela
violência machista cotidiana de sempre, mas ao contágio....
Aumentou o desemprego, a informalidade. Aumentam os pre-
ços da comida, do aluguel, do gás, do combustível. À crise sa-
nitária, devemos somar a crise econômica, política e social...”
Para conhecer melhor os trabalhos desenvolvidos, convidamos a
conhecer os projetos do Baque Mulher Ipatinga através das nossas
redes sociais nas plataformas do instagram e facebook, onde se
pode acessar o manifesto na íntegra: https://www.facebook.com/
baquemulheripatingamg
Vida longa ao Baque Mulher Ipatinga/MG e essas maravilhosas mu-
lheres guerreiras, muito aprendizado e força para lutar.

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Manifesto

8M
2021
Baque Mulher
Ipatinga/MG

Participação das
Integrantes do coletivo
Fotografia
Dani Dornelas
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O
Maracatu
e o Combate
Violência
Contra
a

Passo a passo
para construção

Agbê

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Passo a Passo para
Construção do Agbê
Informações importantes para você atentar
para a escolha da cabaça
A escolha da cabaça é o passo inicial para a confecção do seu Agbê,
cabaças grandes e dependendo da trama pode gerar um instru-
mento um pouco mais pesado, o que não é um problema, o impor-
tante e você ter consciência do resultado. No entanto, observar o
pescoço da cabaça é algo que deve ser considerado para ao tocá-lo
sua mão tenha um ajuste confortável.

Pescoço
da Cabaça

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1. Primeira Etapa:
Ferramentas e materiais

04 05
01

02

07
06

08

09
03

Materiais e Ferramentas
01. Linha Encerada (1 rolo) 06. Faca
02. Miçangas (500g por cor) 07. Tesoura
03. Cabaça 08. Isqueiro
04. Serra Arco 09. Graxa Dornelas | 29
Agbê- Faça Você Mesmo o Seu Instrumento/Dani
29
05. Cola Branca 10. Lápis e pano p/limpeza
2. Segunda Etapa: Limpeza da cabaça
Deixe a cabaça mergulhada em um balde com água por uns 20
minutos. Para criar um peso eu envolvo uma toalha molhada na ca-
baça e deixo submergida dentro do balde. Isso irá amolecer a casca
fina e facilitará a limpeza. Depois, com uma faca de mesa utilizando
a parte contrária ao corte, raspe toda a casca fina da superfície.
Deixe secar ao sol de preferência.

Agbê- Faça Você Mesmo o Seu Instrumento/Dani Dornelas | 30 30


3. Terceira Etapa: Corte da cabaça
Após a secagem da cabaça, defina o local onde vai fazer o corte
a partir do formato do encaixe da sua mão, conforme mostra a
figura abaixo.

Distância de
Referência

Definido o local, com um lápis, trace a linha base sobre a qual


você irá fazer a abertura da cabaça.

Agbê- Faça Você Mesmo o Seu Instrumento/Dani Dornelas | 31


Com uma Serra Arco você já pode abrir sua cabaça, caso fique alguma
irregularidade no corte, pode ser utilizada lixa de madeira para acertar.

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A cabaça possui sementes no interior, é necessário retirá-las para
continuar o processo de tratamento. Tape a boca da cabaça com
pano ou papel toalha e agite bem para que as sementes soltem, vire
a cabaça e assim as sementes em grande maioria vão cair (guarde
as sementes, seque ao sol e viabilize o seu plantio) é uma planta
muito rica para o artesanato.

O próximo passo é colocar um pouco de brita e voltar agitar a caba-


ça para retirar a pele interna da cabaça.

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4. Quarta Etapa: Impermeabilização
e tratamento exterior da cabaça
Agora você vai impermeabilizar sua cabaça para evitar a ação de
brocas e fungos (durante a vida do seu Agbê fique atento, pois
pode precisar fazer esse processo de tempos em tempos mesmo
depois do Agbê pronto), e assim garantir uma longa vida útil do
instrumento.

Faça uma mistura com água e cola branca rala e o suficiente para
atingir todo interior da cabaça, despeje dentro da cabaça fazendo
movimentos para que toda a mistura atinja toda parede interna da
cabaça.

Agbê- Faça Você Mesmo o Seu Instrumento/Dani Dornelas | 34


Para o tratamento exterior utilize graxa de sapato e uma flanela.

Coloque um pouco de graxa na flanela e passe sobre toda super-


fície externa da sua cabaça. O cheiro é incômodo, porém com o
tempo ele irá sumir.

Agora nossa cabaça está pronta para começarmos a pensar no


trançado da saia.

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5. Quinta Etapa: Preparação do Colar
Com o rolo de fio encerado em mãos você irá medir o tamanho do
fio a partir da medida do encaixe da sua mão deixando uma defesa
para o início da trama. Para ficar um pouco mais reforçado iremos
usar o fio dobrado.

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Marcado o corte do tamanho do colar (corte o fio bem maior por-
que vamos precisar de sobras dele na finalização), vamos colocar
as miçangas, mas faça um falso nó, não pode ainda ser definitivo.

IMPORTANTE: o número de miçangas que vão compor o colar


deve ser SEMPRE número PAR.

PÁGINA 38 - MEDIDA DOS FIOS

A medida dos fios que serão amarrados entre toda


da cabaça. Você deve colocar o fio encerado na bo
dobrar 5x.

Exemplo: O nosso para este e.book tem 66 miçangas

Preparo das Linhas


Coloque a cabaça em pé e es-
tenda uma linha marcando sua
altura, da boca até o fundo, do-
bre por cinco vezes este tama-
nho e corte. Você tem a primeira
referência do comprimento da
linha. Vamos precisar sempre
de números de linha na quan-
tidade de número de miçangas
que compõem o colar.

Exemplo: O que estamos desenvolvendo tem 66 linhas.


PÁGINA 40 INCLUIR PAPEL QUADRICULADO PA
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Preferencialmente pendure o seu Agbê e amarre as linhas de for-
ma que fiquem duplas entre as miçangas. Faça uma orelha e passe
os dois fios.

Feito isso ao longo do colar do seu Abgê, estamos prontos para iniciar
a nossa trama é dar personalidade ao nosso instrumento.

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6. Sexta Etapa: Estudo da trama da saia
Essa etapa é muito emocionante e você vai definir as cores e o de-
senho do seu Agbê. Aqui eu escolhi 3 tons de miçangas com a base
na cor roxa, essa escolha é pessoal.

Após aperfeiçoar a técnica você pode fazer inúmeros desenhos e


usar a quantidade de cores que desejar.

O importante agora é fazer uma mancha de estudo da saia. Aqui vou


usar como referência como fiz para o nosso exemplo.

IMPORTANTE: Para fazer a mancha você precisa achar um número


natural inteiro que resulte em outro número natural inteiro, do
resultado da divisão das miçangas do seus colar. E achar o número
de repetições necessárias para fazer o desenho.

EXEMPLO: o nosso colar tem 66 miçangas e este número


permite as seguintes divisões inteiras na medida que
precisamos:
66 : 2 = 12 66 : 3 = 22 66:6=11 (repetição escolhida p/o exemplo
de como criar seu desenho)
66 - (Número de miçangas do colar)
6 - (Base para repetição da trama)
11 - (Número de vezes que o desenho será repetido até fechar o Agbê)

É importante alertar que o número de repetição depende do seu


desenho e que determinado desenho pode impôr que você defina
antes a trama para depois preparar o seu colar. Mas, com tempo e
experiência você vai ficar atento a esse detalhe.

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Técnica para estudar a trama
da saia e definir seu desenho
Após seguir e cumprir as explicações anteriores, faça uma man-
cha quadriculada, é possível encontrar em papelarias papeis já
milimetrados, mas deixarei uma página que se preferir pode im-
primir. Estude, teste e ache seu desenho.

Casas vazias -
Trama com linhas
Bolas - miçangas

A sequência do seu de-


senho deve sempre se
completar com a soma
da sequência seguinte.
Sendo assim não esque-
ça de considerar esse
passo é MUITO IMPOR-
TANTE.
Analise tudo com muita
atenção e veja a monta-
gem a seguir.

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Aqui o encaixe das 11 repetições que vão fechar a nossa saia somen-
te para vocês entenderem a dinâmica.

.
IMPORTANTE: Lembre-se o número de repetição e a altura da sua
saia vai depender do tamanho da sua cabaça. O importante aqui é
compreender a técnica e poder utilizá-la na sua condição real.

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PAUTA MILIMETRADA

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Agora é a hora de dar vida ao nosso desenho, sugiro começar pelo
meio do colar e fazer e ir contornando primeiro para a direita e de-
pois para a esquerda até fechar a circunferência, sempre observando
PÁGINA 42 SUBSTITUIR
o local de cada AS FOTOS (NO DRIVE NOMEADAS
miçanga na sua mancha.
PÁGINA 42 SUBSTITUIR AS FOTOS (NO DRIVE NOMEADAS “
A amarração é feita usando o fio de uma das pernas presa a miçanga
EXPLICAÇÃO PARA
que se junta com uma A da
perna CONFECÇÃO DAaTRAMA:
anterior para formar rede e sem-
EXPLICAÇÃO PARA A CONFECÇÃO DA TRAMA:
pre prendendo com um nó. Carinho e atenção neste momento faz a
diferença.
Depois que você colocar todas os fios entre as miçangas e faze
Depois
Depois queque você
você colocar
colocar todas
todas os os fios
fios entre entre as
as miçangas miçangas
e fazer e fazer
vamos começar a tecer a trama. Observe que os ofios

são duplo
vamos
em cada começar a tecer
um deles, vamos a trama.
começar Observe
a tecer que osque
a trama. Observe fiosossão duplos.
miçanga no fio
fios são duplos. da
Você direita e unir ao fio da esquerda.
miçanga no fio davaidireita
colocareuma
unirmiçanga
ao fionodafioesquerda.
da direita e unir
ao fio da esquerda.

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Perceba que os nós ficarão na
mesma direção após a junção
dos fios.
Perceba que os nós ficarão na mesma direção após a junção do
Os nós sempre irão formar essa
amarração. Você pode colocar
miçanga ou deixar a casa vazia
depende do seu desenho.

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Observe que sempre ao juntar os fios sempre formarão 3 nós, se
você se perder é só observar a direção da trama e onde está faltando
o 4º nó.

1
2

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Essa forma de fechar a saia, possibilita removê-la da cabaça. Você
pode retirá-la para lavar ou trocar a saia cortando o fio que estará
dentro das miçangas. Para fechar novamente basta repetir o proces-
so do ilustrado a seguir:

1. Faça uma fileira de miçangas

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2. Corte um fio e dobre ao meio, para garantir que não abra quando
você estiver tocando e passe esse fio duplo por dentro das miçangas
em toda circunferência da saia e depois amarre bem, fazendo vários
nós por segurança.

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3. Depois que passar o fio duplo, aperte bem os nós, para garantir
que eles não estão frouxos.

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4. Corte todos os
fios que restaram e
queime as pontas
com a ajuda de um
isqueiro.

No final o fundo ficará


conforme foto ao lado.

Com o tempo a saia ten-


de a folgar, então faça
ela mais justa.

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Parabéns!
Seu Agbê
está pronto.

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Referências

UNIVERSIDADE LIVRE FEMINISTA. 2018. Disponível em: http://


feminismo.org.br/artivismo/
VALLE, Miriane Borges. Ensino de percussão para mulheres: re-
flexões sobre gênero e música http://www.periodicos.ia.unesp.br/in-
dex.php/musicaemfoco/article/view/544/0 file:///Downloads/544-1415-1-SM.
pdf. Acesso em: 01.jun. 2021.

ALVES, Miraci Jardim. Reflexões sobre gênero e recepção do


ouvinte a partir da performance instrumental percussiva de
mulheres. 2018 Disponível em https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/
handle/11338/4462/TCC%20Miraci%20Jardim%20Alves.pdf?sequence=1&isAl-
lowed=y. Acesso em: 01jun2021.

AUGUSTO, Victor. Mestra Joana: O Maracatu e a inspiradora luta


das mulheres da comunidade do Bode. In: CEERT, 2019. Disponí-
vel em: https://ceert.org.br/noticias/generomulher/24225/mestra-
-joana-o-maracatu-e-a-inspiradora-luta-das-mulheres-da-comuni-
dadedo-bode. Acesso em: 05 jul. 2021.
ALMA Preta. Alma Preta / O que é ser negra no Brasil? #11 - Mes-
tra Joana. 2017. (52s). Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=ASf duos My4. Acesso em 05 jul. 2021.
BENTO, Emanoel. Primeira mulher a comandar uma Nação de
Maracatu Baque Virado, Mestra Joana é símbolo da força fe-
minina na cultura popular [...]. In: Diário Pernambuco, 2018.
Disponível em: https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/
viver/2018/08/primeira-mulher-a-comandaruma-nacao-de-mara-
catu-baque-virado-mestra.html. Acesso em: 05 jul. 2021.
DINIZ, Flávia Costa. O maracatu e o combate à violência
contra a mulher, uma história de lutas e poderes / UFPB,
2019. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstre-
am/123456789/16126/1/FCD26092019.pdf. Acesso em: 05 jul. 2021.

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TANAKA, Harue. Mulheres em performance musical: nosso musicar
local. In: SIMPÓSIO MÚSICA E GÊNERO: REFLEXÕES SOBRE PRO-
CESSOS E PRÁTICAS NA PRODUÇÃO SONORA DE MULHERES. Uni-
versidade Federal da Paraíba, 2019. Disponível em: https://anppom.
com.br/congressos/index.php/29anppom/29CongrAnppom/pa-
per/viewFile/5708/2292
TANAKA, Harue. Mulheres na música: uma trajetória de luta
e invisibilidade através da lente de uma pesquisadora. Revis-
ta Claves, Programa de Pós-graduação em Música da UFPB, João
Pessoa, v. 1, p. 1-25, 2018b. Disponível em: http://www.periodicos.
ufpb.br/index.php/claves/article/view/42277/21066.
TANAKA, Harue; BARBOSA, Katiusca dos S.; OLIVEIRA, Luíza Iolanda
P. C. de;. Empoderamento e performance musical: pesquisado-
ras em um batuque feminino. In: FAZENDO GÊNERO, 11. MUNDO
DE MULHERES, 13., 2017, Florianópolis. Anais... Florianópolis: UFSC.
Disponível em: http://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.br/re-
sources/anais/1499321017_ARQUIVO_Fazendogenero_2017_ver-
saofinal_enviada.pdf

COM QUEM EU APRENDI A CONSTRUIR O AGBÊ:


https://www.instagram.com/mestrajoanacavalcante/
https://www.instagram.com/movimentobaquemulherfbv/
https://www.instagram.com/agbes_encantados/
https://www.instagram.com/mayaodara/
https://www.instagram.com/agbesodara/
https://www.instagram.com/encantodopina/

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Rede Sociais
https://www.facebook.com/maracatu.mulheres
https://www.instagram.com/maracatu.mulheres/
https://www.instagram.com/movimentobaquemulherfbv/
https://www.instagram.com/mestrajoanacavalcante/
https://www.instagram.com/encantodopina/
https://www.youtube.com/channel/UCMK5eyumHNr_612-n_1Uzlg
https://www.facebook.com/MaracatuBaqueMulher
https://www.instagram.com/luthier_dguian/

Canal do Youtube
“O Maracatu e o Combate à Violência Contra a Mulher”
Link do Canal Maracatu Mulheres
https://www.youtube.com/channel/UCaAro9Q7XZAL8aGYxoGScug

Link do Canal do Movimento Baque Mulher F.V.B


https://www.youtube.com/channel/UCMK5eyumHNr_612-n_1Uzlg

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O
Maracatu
e o Combate
Violência
Contra
a

Ficha Técnica
Coordenação Geral Enyály Poletti
Produção Shirley Maclane
Intérprete de Libras Sara Carvalho
Fotografia e Vídeo Dani Dornelas
Designer Gráfico Enyály Poletti
Oficina de Agbê Dani Dornelas
Oficina de Alfaia Enyály Poletti
Oficina de Ritmos do Maracatu Mestra Joana Cavalcante

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Ligue 180
Central de Atendimento à Mulher

A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 é um canal


criado pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres,
que presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em
situação de violência. O serviço registra e encaminha denúncias
de violência contra a mulher aos órgãos competentes,
bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o
funcionamento dos serviços de atendimento. A denúncia pode
ser feita de forma anônima disponível 24h por dia, todos os
dias. Ligação gratuita.

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Dani Dornelas
É uma retratista mineira do Vale do Aço, 33 anos, graduanda em
História, percussionista do Bloco Valentinas -Ipatinga e vídeo
maker autodidata. Pesquisadora de percussão afro-brasileira, co-
ordenadora e regente do Baque Mulher (grupo percussivo femini-
no de Maracatu), ministrando oficinas de Agbê e de formação de
mulheres batuqueiras, promovendo o debate público sobre a luta
contra à violência contra as mulheres.
Desenvolve trabalhos como fotógrafa em projetos de arte e cul-
tura nas áreas de cinema, literatura, teatro, fotografia, cultura po-
pular e meio ambiente. Desde 2005 busca de forma autodidata
expressar emoções e opiniões através da fotografia e em 2016,
começou a dedicar se a retrato de mulheres maduras, desenvol-
vendo uma sensibilidade a alguns temas como envelhecimento e
violência de gênero. No ano de 2020, participou fazendo direção e
edição de vídeos culturais e participou de editais de Fotografia sen-
do contemplada e participando no ano de 2020 do Memorial da
Vale com a exposição virtual “Etarismo pelo direito de envelhecer”
e pela ALMG, em 2020, na “Exposição 300 Anos de Minas ”, e em
2021 “Minas Arte em Casa - Mulher no Plural: múltiplas perspecti-
vas”. Fez parte do Projeto “Fotografia por Minas” para arrecadação
de fundos para pessoas em situação de vulnerabilidade em 2020.

www.danidornelas.com

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Agbê
Faça você mesmo
Book

o seu instrumento
Dani Dornelas

O
Maracatu
e o Combate
Violência
Contra
a

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Realização Apoio Produção

ENYÁLY SHIRLEY
POLETTI MACLANE

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