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© JOGO DE BUZIOS Numa epoca de crise, os brasileiros re- Rae RT Le Load ren ser ace Ce ia Distr re utre tell ule Cau Mer ahs Circa ee aC enra ac a Quran Cogs vino, na busca de solucao pata as crises, Peetu keels to) io Sobre um tema tao Fema tains oes Boer arama uy eterna Chueh CE iar ee ce cn : A 38 § 3 j JULIO BRAGA Paulo Cesar Sousa, Revisao: Carmen’. 8. Costa Paulo C. Pereira Mello ISBN: 85-11-07029-X. Para Mae-Ruth, editor bresiiense s.a, exemplo de perseveranca e he ‘ua de corsolegéo, 2697 1416 sd0 paul «sp. 20122 3271 DBLMBR Para Cecilia, pelo constante apoio. AGRADECIMENTOS. © presente livro é uma verso bem diferente ¢ resumida da minha tese apresentada e defendida publicamente na Uni: yersidade Nacional do Zaire, na Africa, para obtencto do ti tulo de doutor em Antropologia. Resultado de muitos anos de trabalho de campo, muitas pessoas tiveram participayao decisiva na coleta de dados e na ordenagio final deste trabalho. Quero exprimir minha profunda gratid’%o ao povo-de- santo da Bahia, com quem aprendi o sentido exato da solida- Tiedade humana e a grandeza da humildade, Na elaboragaio da tese contei com o inestimavel apoio de colegas da Universidade Federal da Bahia. Agradeco particularmente aos professores Vivaldo da Costa Lima, Pier- te Verger, Ana Maria Luz, Maria José de Souza Andrade. Muites de seus comentarios ¢ sugestées pertinentes foram re elaborados no presente livro. texto, na sua versgo final, foi melhorado gracas a lei- turae a revisto de Altamirando Camacan, meu amigo ¢ com- panheiro de muitas viage Durante a redagio definitiva contei com a paciéneia de Iris Salles Nascimento, Waldeloir Rogo e Cecilia Bacellar Sar denberg, que se viram obrigados a escutar as sucessivas leitt- ras dos meus textos © muito me ajudaram com suas intelizen- tes observacdes (0 3000 DE BOZIOS ‘Ana Maria Morales muito me ajudou na tradugdo ¢ Géia Lopes se ocupou dos desenhos que ilustram o texto, Contel com 0 apoio da Universidade Federal da Bahia para a realizagfio do trabalho de campo e para a redagdo da presente versao de minha tese. Na qualidade de pesquisador do CNPa, ¢ com seu apoio i este trabalho. ‘Ao colega e amigo Joao José Reis, que muito insistia para que eu publicasse este livro, Introdugio ... 4. O babalad, sacerdote da adivinhagao . IfanoBrasil........ . 0 difilogo com os deuses . . }. O jogo deb . Um modelo da tgenica divinatéria por meio dos biizios 117 Textos miticos . . Conclusao ... Bibliografia . Introdugao “Aqui se acha uma das maiores eoncentra- ‘coes de descendentes de afticanos do Novo Mondo; aqui, além disso, em virtude da tra- lerincia com que, no Brasil, todas fas formas de vida foram e sio enxergadas, conservaram-se numnerosas in dos de conduta africanos. 0 cor Bahia e a Africa Oeidental, por 0 mais constante e se prolon; data mais receate do que em qualquer cutra parte do Novo Mundo.” Herskovits, M.. Pesquisas Etnolégicas na Balvia \ ge pelo qual ‘que se presta culto As divindades introduzidas pel durante o periodo da eseravidao. “O candomblé hia o mesmo que a macumba para o Rio de Janeiro, o xang6 para Pernambuco, 0 vodu para 0 ou a santeria para Cuba, Em seu conjunto, sao religides airieanas que se perpe- tuaram nas Américas. Sao todas elas conseqiéncia imprevista 0 1060 DE BLZIOS ans trabalhos das iabaco e eale, Todos gyocat em comum o feto de serem a evocagio e o chamado ter- ao som de tambores, durante ceri- € lembrada e rea\ 20 foi a que mais reteve a atericao dos pesquisa \do dos estudiosos pela figuram, para os afro-bras importantes elementos de sua existéncia, tal como é, dia | na cidade (...) Em toda parte os descendentes de problemas re se vollat n para os costumes que mais diferiam de seus proprios. E ‘a vez. que € na vida religiosa afro-baiana onde as divergén- se apresentam mais a logico se tornou que elas mportadas de diversas resides da Africae pertencendo a ages muito variadas, “as diferentes etnias que contri ram para a formagio do Brasil jundiram.se em grande ‘onde se defrontaram com uma diser mareantes ¢ significaiivasy de parte, do resultado da 7 daquele roduzidos na Bahia prit ‘aro encorajava Teligiosas compostas aoe, tal como a coniraria do Rosério dos Pretos, uma ‘mais famos sobretudo, unia forma repressto das spi nnalizando-as para as a has festas p a0 calendério litirgico da Igreja* Contudo, apesar da apa- VargoraPienrarop. cit, p. 12. Sabre as tr Dionwesa Manvel, alae atrocud 3 4 (0.1060 De ROZI0 [oouvadt® renie conversfio 20 ree Essas associagdes religiosas constituen seat os elementos necossai reenche funcoe InTRODUGAO iculdades que eles teriam deen ispensavel ao estudo da pra- we a tica, O ponheeimento old Agus gue akaagam pare ane pessoa i diata de todos os detathes do processo do ritual’ Por exemplo, sr te ae ern finds dba om ndtamete 9 aseciagbs Vlas ie io, a expresso “gente-de- 6 (01000 be BozI0s iwrRoDUGAO, "7 ela permanece respei- 110 © desyia os olhos ordem do scu emprego, a maneira de icos que Ihe sfo atribuidos, sto do conheci- mae-de-santo € somente compartilhados pelas mais icas e longas estadas am esses cultos permitem aos nac-ini- idade com aqueles segmentos dos isa de fundamen pelo consenti- lds As “pessoas da (PES: sma ma- \_0°* mneita como 0 jogo deve ser conduzido. Nossas relagdes de filha, face a0 i tiram abordar 0 assunto detalhada teriam acesso, As dificuldades de penetragio nessas com santo nao demonstrou em momento algum 0 desejo de nos dades levaram (Herskovits/a afirmar que os pesquisador jogar, pois, por um lado, nao gozdvamos da i ym apenas descrever os aspeetos dade necesséria e, por outro, trata-se de um favor extrema- mente raro que nao se deve. ménias tratadas, quase que somente as iio levando em consideragio o fato de det jos da curiosidade fica sempre perda jioso, afirma criatura disereta e, possivelmente, como toda pessoa sofis ete que @ ninguém faz mal e até pode ajudar a si fo quc cle deixa de diz AAs ctiangas residentes nos locais onde se realizam os iO") ® desde muito cedo adquirem a augur aLanualne EES bck custans, asec ‘oonne, Facade do etree © Clénsias Husa mpregads freydenteniente Coto singin de ease ‘de vallo, candomble, {00 be wOzIOS wrRoDUGRO as no Xangé do Recife tinuidade das tradigdes pot oxtensivamente gar ett que Se =the to nimero de (birete Catone yros da fal ee de ser abordado do ponto alinente a esla, desse modo encon- a aprender, 4 juacao se observat x e poderia ser defi nM vuma fan a om consideracio a inclu? “20 de algumas de suas filhas-de-santo que ai residem perma “nentemente./Ainda com referencia a pa iio de criangas :m exeepeional nogao dos ri gas estao por toda parie do culto. ilo podem toma clas sua propria roda e assim dang: ixas com a perfeicao de vellios fre- ientadores. io assim obtida desde baixa idade por membres e também por indi jiados acs iros integra-se em sua experiéneia cotidiana pulagao, bem mais extensiva- se superficial do funcio- digoes e crengas de ori- gem aftic ‘As observagtes feitas por René Ribeiro a proposito da antropoldgico, O estudioso que se langar & sua and. pe avelmente encontraré, como nds merosos obstfculos no que fange ao trabalho de campo. Orpri meiro problema repousa na escolha de informantes yalidos ou qualificados. A maioria deles se recusa sistematicamente a fornecer os elementos indispensavels & compreensto da pré tica divinatéria, sigilosamente preservada como “coisa de fun- Eles temem nao somente o castigo das divindades, “gas, geval ‘0s quais no poupariam e: Jos na comunidade inclu- stas de um idos. O informante e! nos revelar coisa alguma, procuram se promover as custas da religidio” Os informantes recorrem a justificativas de toda natureza para se esau ddas quest@es que consideram indiscretas ¢ ‘que poderiam comprometer a observancia do sigilo. As veres, afirmam nao terem a ceyida autorizag santo pare res- © ponder a determinadas pergunt into {hes concedeu a graca de ter acesso aos “funda: ia uma falta de as de castigas les. Algumas vezes nao mes sido iden (23) SiaBnime de “gente de-santo™. Ver mu 9.@ 20 (©1060 DE BEZIO forn <0. Concordamos coméBeattie!| pip eryadcx screver de forma adequada pel aa menos em | vise" ; ‘pean “Umacontrk | social foi demonstrar.que.| doe das sociedades afastadas.da ) 8-5 ‘as quisecmos en- las socie- inquitit um pai-de-santo, demonstra total desco- ‘ assunto que pretende pesquisar, este eu eneteeies fs orkacy INTRODUGAO si ages come essas que le do informante em relacao ao pesqui Ofc Je certo ntimera de compouToae eae aecomamaan, < Some SY oe 1s conhecedores da sei considerasio a nagio” io ligados nossos formantes, @ecidimas’ sobretuxto nadueles aque provinhame ‘-fagos,” porque esses candomblés re- L profshe, clu aru iu 0S ec Yalicteusde oletta pais duu Ot (03060 DE BOZI08 INTRODUGAO, fonte de onde provém as pratieas divinatorias em contato de membros de um eandomblé com outros resqiuisador a estrutura’ tradigao divergia daquela de Seu grupo de ) 08 perigos de ocasionais interle~ referencia. Existe um ntimero considerdvel de casas que ainda re na manipulagko dos dados coletados. René Ribeiro; evocando 0 caso de dois especialistas da cultura africana no er ie todos 0s tipos, ( Brasil (Nisia Rodrigues’e/Arthur Ranios, ambos ligados a es- icamente africano. acional dos candomblés, assinalam que ele pr6- x formantes nao depende de ; A jagao nos eandomblés. yboragiio de informantes jesie estudo que ora apresentamos. Uma parte considerivel exatamente ao que ocorria em nossa casa de refer idade nas it formagdes idas em nossa andlise. Ad ‘salt r t sempre de acors Reem dn ual caged 0 inte, Essa os provenntes do Ose) Sobre a porulacio do Benim, ver ars, Mon NieeRiae Beni! ¢ ssi” lel srccuble plato d wuon juslonuc cafe d ma scape i! [egos : Bene n° Nile file ct nas | Engatcpen cays cathe ope pose | St | RaBAOG! Js Cope dor earl Gout) neice a Justo oftftalusente st countwok, aa ole Yu pone TUSE ull peepee lol Pal be -SreTto Cecewe i come Cpr, & (tejatio.) doe nmesd i O babalaé, sacerdote da adivinhagao O babalaé no Brasil. Hierarquia sacerdotal Na Africa ocidental, na regizo da Ni o sacerdote da adivinhacto ¢ designado por virios indicam, a nho; babalorixa, ou chefe de uma confraria religiosa de filhas- ; Dabalossaim, ov © oloss ee melhor, 0 'g6), ochefe dos mortos (Egum)? (© 10G0 DE BozIOS ‘Os candomblés da Bahia nao preseryaram essa ordem sa- Géfdotal na sus estrutura hicrérquica.? Essas fungSes sao, eontudo, conhe :xcetuando-se 0 ariogé, ou chefe do za especialmente le da estrutura orga as fungSes de cada um dos sacerdotes acima ‘apontados se mesclaram todas na fungko precipua do paivde- into, nos dias atuais, Poder-se-in dizer que o pai-de-santo 6 aos deuses; um baba- s sagradas nas cet (Baslide entroviston um babalad que afirmou formarem esses sacerdotes uma franco-maconaria com graus 5 Acreditamos tratar-se, ape- africana preservada na Ba- hia, porém nunea posta em prética, pois €o houye aqui uma ao hierdrquica desses. ss ae Da, jerarquia decorrento do nimero de conchas bbabalad tem direi i tro informante zagem tenham servido para estabelecer uma hierarquia entre (© mestre e seus discipulos, o que estaria, de certa forma, de 0 BABALAO, SACERDOTE DA ADIVINHACAO ” acordo com a tradigao africana de transmissaio do conheci- mento das préticas divinatérias.” Iniciagao Hous ssi ‘ , eonhece? 6 destino, na Nigéria e no Benim, oe meee Petty sis escola em que se irante a babalad regulares. Para aprender os segredo ‘mente longo. A aprei do, a as do grupo di "y itan, re aw6), cada quat tro dias, Nessas balads relatam cant sacerdotes conta, por frase, pelos demais adivi exibem sua erudigao. Aquele qu seus companh mestre e escut nova esiéria. E 0 {0G0 DE BUZIOs (© BABALAO, SACERDOTE DA ADIVINHAGRO {Gria, PGRSKOWESY referindo-se ao pro considera que o tem a Podemos dizer que nao existe uma orientacao sistematica pratica di ‘Wa formagto de novos sacerdotes de If4.* E possivel se falar de \strugéio regular, ao menos nos primeiros contatos do lo com seu mestre, quando Ihe sao icas da té a di \téria. Contudo, o a] conseguido durante os constantes intercdmbios entre eles em encontros acidentais. Uma vez admitido o ned! 1a classe. sacerdotal de babelad, esse aprimoramento se ef ‘as reunides periddicas que se realizam no ‘dia do segredo”’. Jom efeito, 0 cot snento.t algal de, através de estudo eT en ate? iriticn civinatoria a cual exigedesesstcerdoes & meron io de uma quantidade extremamente grande de histéries) ita), base desse sis inhagdo. Vergery relatando a facilidade com que jorizam os elementos de 1a, comenta: ‘A facilidade com que os Iorubas conseguem reter todas. ‘esas locugdes orais é explicada pelos seus métodos de divul- gacdo do cor to © pelas formas que cles dio a essa Igagio. O conh 0-£ transmitide. do. mestre de Iwo, na Nigéria, nos falou possoalmente desse tempo duragéo como sendo @ minima neeessirio para que um di pilo passa se familiarizar com a técnica civinatéria. Dl ‘guardando-se; como era realizado. U tanto, in formagies etnograficas ai cot seu val ico consignando a presenga de contrarias de babalads no Rio de Janeiro, transcrevemos, na integra, 0 refe- rido didtoge: das preds, um n podage de giz, dois gans esieira, dois caramujos € uma porgte de penas de papagaio encarnadas. —& — Endo € tudo. Tem oh io da costa que se chi fbodb-Ifh Oy quarto dos santos sem esac de roupa nova elevar homey: em Ancient West Afeican Sinden, 1967 eenskoits; Mel Norwest 0 10G0 be BozIOs ra algibeira pelo mencs 2008000. O futuro babalad ties no ibadS, onde nto entra ninguém para ver o segredo. — Osegredo? = 6 segrede é um ovo de papagaio. V.S. J viv um ovo ée papegaio? Nunca! E quem ver um ovo desses, arrisca-se a ficar coge. O ovo em afrieano chama-se éiui 0 papagaio, od ‘ode uma euia ou ybadus O 1 € 0 yelho babelad ga se € de seu gosto fazer © Tavamese quatenta e dois caragos de dendé com ‘Agua o babalad novo toma banho, Dep nde desp . Mistura-se 0 sangue do gelo yoneco recheado com 0s pés, 0 fi ‘Aeabega dos hichos metem-se em forma de ito Exu. 8 hnovo babalad recebe na cabera um pouco Tito ou ogibanam amart com linha preta e, as dias aprondendo a pratiea de alg ans odu Lia, juntam-se os 05808, as caberas, os de comida, a pena de papagaio pole dispomos de maiores informacoes que mm como-se processava, 0 Brasil, a (ransmissio” jods adivihagto de If com a ous gue Hf om Géomanc tc, ver al tune Artin ies no Rio, Rio e Js rb dcarearenaict ot teat © BABALA, SACERDOTE DA ADIVINHAGAO an da {ésniea(aivinat6Hiay Provavelmente a aprendizagem da ma: iagao do rosdrio de If4 obedeccu, em linhas gerais, © pro- ‘ano em que a transmissio oral é recurso quase ‘ oe pia 0 mnfraria de: Bs noticiada por y ean sors Dora at nao entre em dletalhes sobre sua orga nual nem se refira as atividades que ali eram desenvol-” “Navordade, a pratiea divinatoria nelo opelé-il4, de queso’ servem os babalads na A ne ular na Bahia e poucos noticia, a acreditar nas poucas referéncias existentes né {ura relativa A presenca da cultura africana no Brasil Nina) (Rodrigues; 0 iniciador desses estudos, dc assistir a nenhuma sessio di Informagdes a esse respeito: ‘aaa o processo dead reve Bilis, com uma tébua ou tabuleiro espec : ste, Sei que empregam pro- s,corias sementes, ete. AqUe- a de metal em que junea shagaio dos babalads, como o des- e coces de ict ie ‘uma sesso pressa: “O vidente, que também se cha que est para suceder, ¢ esta s6 circum , até mesmo entre pessoas quel hador sio oubi, curb} espécie de rosfirio, cujos padre-nossos si por carocos de manga, © em pequenes rodes. yezes contém dezesseis mocdas de prata, As m ido olhar com ‘¢Aahuit Ramosy continvador da obra de Nina Roérigy poulco acrescenta as referéneias enunciadas pelos autores aci- jing Os Afrcencene Brot pp. 337-338 Manuel A Baga Africana, PPS (01060 DE BOzIos orpsirioe do modo por gue fi 5 a5 nozes, deduz. os Scus Jaticinios.. Ouiro,processo.consiste em encher as mios coms frutos.de dende, sacueilos, misturiclos bem ¢ depois ipga-los na. mMesa.dU No sol (Rower"Bastidey apds ter a lou aos seus predecessores, que aqui aportaram 4. satay Co ab olin “Ne Sfaxere ana, importada ‘ida no.Brasil aoe hem comprometidas com 0 processo cvilizatGrio brasici) pee milena fo SAT ERET TE TSTSPOTY (20) Bragayzao Santana Contos Ajo Brae, Bahia, 1975, pp. 7-8 © J0G0 DE: BOZIOS 20 dos babalads e tornando-os ineficazes Beamine da Africa”, que se c om mais operacional,” des afro-brasilciras, 08 babalaés, por ficarem um pouco mafigem, no tinham condicoes de exercer maton autoridade no er 1080. cutgradei foi c é exereida exclusivay 4 ° fante, Este ap 1e8 concedia cerlas?” nrarias especiais qual Visitayam as casas de culte. Era ndiscutivel sus Importaneia © prestigio. nos eandomblés _Desfrutavam da intimidade das maes- er siderados irmAos dest 5, portanto tios de suas cis eo babal ' oy mantinl As miles sempre Se Maan PLE". buscavam, oconselhe. dos. Pabalads, para confirmar 0 orixf leteclével na sua orga Tb, proseto iciada, as. xésperas. de-festas, pi s divindades e at€ mesmo no modus nalads, pois, te yoréveis a0 revigoramento de redefinides em terinos de c pensar 65 babalads encontrariam, mitir seu saber, pois que disporiam do uma mente fayordvel para isso e bastante proxi de conduta para as finica que poderia, sem atrair a célera dos di Jdades que se apresentassem. Os ortincia excepe “ssunto dificil, que exigisse, nZo s6 conhecimentos espec Como um contato mais intimo com as poténcias da na reza” (BARES) referindo-se aos argumentos de um de seus mantes que ressaltam 2 superioridade do babalaé sobre . la tatrse_ ais de “teoria que de_pritica ol fustamente pot fica® de fora que o babalad exatamente essa pecinrdada nos eandombles, qi scimento da pratica di .Bastide, tum eonjunto de imagens mentais Tiga 10s motores, 0 Titos, se bem gus D8 uur morfolaiens e-sciis, Ora, iso deter 2 que as imagens sejam lembradas cadia vez. que a comu| a a ee eee meats riome, ci ‘tercomunieagSes dos papéis,.os mecal gar, sociedade, gestos e meméria cons- Dessa mancira, eles jamais influenciaram diretam mic a inca. (Bxcecao deve serfeita para’o mais {4% (0 J0G0 DE nOZI0s vaya iOS, © que nao pa ue houvesse a devida tras: 3s individuos, ¢ a con m babalad, por de If, nao ‘pode is. que nao foram mortos sc~ igioso, Nessas condigSes, di- iver & sua maneiza — jie em dia o caso da maior parte das pessoas —, de encarregar-se de uma funcao que limitard eus prazcres. Talvez 0 irnado — pois sera bem dil poca dvida de mos, em linhas gerais, 0 ponte de , afastamo-nos dele quando assegura que as i discipulos, pelas razbes por ele apontadas, no a yerdadeira causa da decadéncia progressiva (29 ten de pp. 385-356 Se ee ja no atendimento aos consulentes’ **" ‘fora ds comunide Jomo quot sido, essa forma de acivintiacao foi pratieamente esquesida e, como bem afirma Edison Cameito, a agao de consi is divinda- * O candomblé nfo pode presein~ dir da consulta oracular, nfo somente na sua dindmica in- terna — os deuses siio consultados a cada seg tuais —, mas, sobretudo, na sua relagao com i dos nas diferentes camadas da sociedade glob: Os iiltimos babalaés gNas’areasionde foi marcante a ihtluencia’da culturaatti-” icipalmente naquelas para as quais se destocaram eng nah no as, os eae S - divinaroria com 0 01 ad . c 3 a (25) ganopBeions Latinos «Cres, Ro de Dak, Chiao, 196, pis 03060 BE BO7I0 ‘Na Bahia, da mesma for [es fies ‘alguns ‘o mais infiuente nos candomblés da Bahia e, | por isso, 0 mais importante dentre eles todos: S. creve (disown Carneiro: “M: do Bontfit ‘masculina mais impre es do Tho de escravos, estudou esteve rihecia algumas cidades do pals e Ialava ingles _-Podia passar horas inieiras e conversar em nag, ja ndio de ouvido, mas por té-l0 aD weceu a majoria dost “ pera cnsinar inglés acs negros reme dade, Morreu, com, mais de 80 anos (1943) ¢ fe em diversas mulheres, Era gro ‘educado. Nao fazia das suas habilidades como babalad, reio, nem muito menos um Ti ronimo, Era fundamentalmente hoitesto ém_assuntos ‘giosos, serido facil notar que acreditava realmente.na forge de tudo o que fazia e nos poderes m: sumulava, & sua fungéo de babalad, « de ss) Rp. te, p98. ibider, 9.388, (© RARALAD, SACERDOTE DA ADIVINHAGAD fensiva. Era recebido com homenagens especiais nos can: piesenge’" Yoram prestadas dseranklinyFrazier em 1940 e pos- “The Negro Family in Ba- inglesa. Quando ¥ lO simples lato de ter vivido, durante esse tempo, na Afri Ga, ja era o suficiente para cred i giadas casas de candomblé da Bahia, Como se nao bast acigdes da oultura jorubs, o-que oy aasigiaizarha-datullog IPA NO BRASIL a 2, Tfa no Brasil fando certas cari as do culto de Tie ba- 6 ee se nos trabalhos de (Renéirautmany ¢ de dMaupoily oti Ee arces WoNNSe a.” Mati assinclando as sess em FA, quer o nom deo ee ime A lembranga do culto Be vs vinbag ae, dps Lorubés da, Nigeria ¢.do Be-' eae eee RRC | X ano" Sow 29. LGR WO erarele Le 2 0.J0C0 DE BozIOs © deus da adivinhagao; a compreensio desse ritual & 4 08 que conhecem os segredas da radoonde se realizam as Vestido de branco, com um barretenacabega, 10s da Africa. Sentado"em posipao da Nigéria evdo Benim quand IFA NO BRASIL curso de uma cerimOnia notuma na floresta sagrada dey c oncéfito é entho chamado a Stapp tare FA pessoal que ie Nos candombiés da Bahia essa preirogativa de 114, a pee ni. onert iménia inietitica, durante o periodo que € exigido das novigas por w a totalmente consagrada ao cult ada por diversas interdicdes definidi mportamenital resulta no s6 do fato da noviga ters iciada, consagrada ao culto dos orixés, mi reyclagio de sou destino, fixado ha muito, eae Rae rented oveloctb Wospamay Essa operagie se realiza durante o ritual em que seca a" — segmento do le iniciacdio em que se lavi 3s dus divindades, cantando-se para ‘as — para.a novigs apés sua entrada al é geralmente feito nos terceiro, sétim’ ago das novigas sentac ‘com as pernas estondidas em diregio a porta ‘As sesstes divinatérias que se seguem imediatament sempre coma sua participagao, visam a descobrir a ident dade'do'orixé do cada uma dentre elas ¢ obter 9 revelagio seu odu'pessoal Essa revelagio ocife habitualmente no désimo qui bora seja considerado como décimo sexto, pois 0 (0 dia da reclusfo ¢ consagrado aos preparativos da fest ae ‘oruneé, dia em que a iniciada (iad) revela pul fatico (difina), pelo qual seré conhe josa. Pode accntecer também que 0 6 [.() Maupoil, op. «it, 9.66. sh rpretar © anuinciar 0 "od pessoal terrogando-a ico presente responde! que 0 termo axé tenha o sen- somo 0 termo iorubé ase tem 0 delegou-me seus poderes, deu-me at fe, na frase d'axé fe, parece scultar sua prépr nos disse de forma imaginativa: te Ug fate da ao autor dest ipre se recusou a fal ‘a bem demonstra o secreto que, uy of Mode IPA NO BRASIL, ‘eiivolve 6 od de mA pessoa, Revelé-lo significaria correr 0 € expor a todas sorte de perigo, caso chegasse ao co: mento de pessoas mal-intencionadas ou de algo even: ‘igo que poderia dor facilmente. Perguntar a iga 0 nome de seu odu € iscrig’io muito gran- lniente se a pergunta for feita por uma pessoa que B se essa pessoa tivesse a pretensao de idade c conke- cer sua alma profunda, ojogode biizios se a que ascssio:divinatéria, realizada no:désimo-quintosdia tem, | svelar 0 odu da noviga, ato le Annas Fr e o raueéaded esalapessons (coe, QUA OAEUTCHE CBD FOS CRS om jo et res eae Yo Ae STD BL OG) PERSP If ¢ suas relagde: @ Ite - Consideradenmesdassmnisimpaxtantesciincasesuats Oe! turgia jeje-naga,?: conhecido:comororixastuntum(inioye, por 4 © J0G0 DE BOZIOs dence " e, sob essa forma, ¢ uma das divindades fitolétricas intedio africano fixado nos candomblés. da Bahia. Sua foi amplamente discutida por aMaupoily ‘ode-se_ perguntar so. wrdi divinizado o ‘as noticias sobre seu culto sfio raras, nao s, junto aos nossos informantes, a comfirmaczo dessa agdo de 1f4 com @ prépria mensagem. Para os da Bahia, @ mensagem obtida através da pratica div ‘patria 6 ditada por uma ou varias divindades que respondem por meio dos Duzios. Se isso € verdadeiro, climne-se, pelo menos na Bahia, « hipbtese emitida por Maupoil para a com? preensio fenomenologica de Ifa. HRD eo -De-acordo com alguns mitos afsicanosy nos tempos anti+ " gos os homens nao conheciam a arte divinatéria e foi 114 quem RSSe qi ‘Ines'transmitiu.'* Osumitos.que seeferern-a essa situagao sao done ‘numerosos# Dentre eles esté um dos mais divulgedos no Bra- coletado poriAnthurRamost t imeiros tempos do muy { xo orga poucos sees fst It i guirexito,. Como. a mn Sy ‘Beamstcancome prsiiaet, 2 aka a lezesseis cocos provenientes das pal 8), ie parts procure de Oruean due 2) cosos, Como as palmeiras fossem muito ae colbides por macacos que, do allo langavam X “Shabir a niullier de Ofugan, 114 os recebeu das maos de O1i- IFA NO BRASIL « ans rug sentos gu adquirido, E por isso que ainda hoje.o babalaé, o,adivinb ‘seu cerimonial com. a invocacio: Orugan, a jubay 4. Orugan, nds fe respeitamos; O1 nos te” Raerert {FA [ERS 0 1060 DE BOZIOs {naga e, como nos mitos precedentes, teria sido cle transmitiu essa arte a Ifa: era um pobre pescador muito azarado. Um di feu eseravo durante 16 anos. Elegbi mand -Ihe a preparé-los e uti 1f4 precisando de uma apetebi con- povo procurava Oxum querendo a adivinhac&o. Entao Oxum se quel a lfé que preparou 16 bizios, pedindo a Blegbé que res xlosse As perguntas de Oxum sobre o futuro. Elegb& intade ao desejo de Ifé mas, em represi com mais furor que os outros mor: (REHE|RAbeiro’ recolheu em Recife um mito que reflete fs uma yer as relagdes que [fé mantém com Bxu, Além se mite demonstra o conhecimento que se tem no Bra- ssas relacdes: “Onuimili-ia fazer uma viagem e foi a um oluwo que lhe io, mas ele se esqueceui. Saiu' tia 4 comer 05 obi € os orobé (frutos de funczo magic: quando chegou a ‘precatéria’ (havendo violado a fazer sua ne vendo a tela disseram que Foram embora. Os Exus na m seespalhado, mas comeyaram a bater o mato em Jocura do seu chefe. Um Exu que vinha & procura do seu Wiee encontrou no meio do caminho um homem egachado, fomuma faca infineada no chao, Cl ele, mas tendo (0 ames RENO 9. 0-264 IFA NO BRASIL © cuidado de se pérem guarda, porque podia ser w assim disfarcado, Mas era Ogum. Entao eles se i foram descobrir Orumilas ele sem fazer mal & aranha que estava 1é no meio da teia. Por isso, quando sai o odu € Ge porco e se amarra corda nova, Nao podendo dar um porco todo, dé | ea, os pés, a fussatura, o sangue, um quarto da “Eésas relacbes miticas entre Ma e Exu encontradas em “ailase todos os mitos que se referem a tais divindades reyelam ltsigntes que existe entre ofysode bios 60 eetuado Dor meio do opele-iffidos babalads. Incont éainfluéncia do © Jogo de iff sobre 0 jogo ¢ eat tuindo, este tl babalad, | a f x1 “funeto aludé-o durante s sssbes de adivinhiagao por meio io opelé-ift. (09) (Riberap RENE Os Cuter Apo Baste... S Wes. (0 10¢0 DE BOZI0s a realidad, as segundas espo- inham, com referéneia 4 mulher legitima, joga & que as segundas mulheres tinham para com a primeira na Africa; to ua béngdo, servem-na como filhas e se querem mutvamente,"” No que se refere & regra da exogamiia aplicével A reeons- io espiritual da linhagem que torna homens e mulheres, hos de tum mesmo orix4, irmaos eirmas entre si, conte entre:eles; (Bustide acrescenta: “O baba- nao pode escolher sua apetebi entre. as mocas que Ihe agra: eOxum, porque um ito. de lidar ‘com ramos por demais engenhosa-a explicagao deiBas= lide ao considerar as apetebis c« iaGs, 0 que Ihe permite ver ni nisoqiientemente, seria tic da apetebi, Essa relagaio deparentesco, na qual se realiza uma transferéncia do paren- tesco civil para oreligioso, difundida nos candomblés de uma iniciada ter sido esco umsbabalaé conduz,- ambi IFA No BRASIL -Tunen forem tolerantes a0 ponto de aceitar que seus mari 'vessean una segunda mulher. Essa estrutura poligamica po- liginica, a que se refere, lide, nunca foi reconstituida no Brasil em suas formas africanas, se bem que se encontrem, evider ete, casos de homens vivendo maritalmente com duas ou mais mulheres, Ao cont é cia de relagies mais 500 religioso estabelecido entre a ape- i8 que este era considerado como tic, sua pel de tia e, em tal caso, mereceria orespeito absoluto da apetel , a8 relagSes existentes entre Ifé'e Oxam, Nessa Oxum surge comoy tha adulterina de 14 e lemanja, 0 que reforga seus lagos com wadivinhagao, assombrado por tanta beleza, Chamou um dos seus Exus e mandou-o ver quem era aquela m Exu chegou defronte dela, iez furubalé (odubalé, ou saudagao propria) ¢ apresentou-se dizendo ser escravo do senor pod: 1050 Orumilé que mandava perguniar quem cra cla. Exu disse que era Iemania, rainha e mulher de Oxala. Exu voltou a pro-__ songa de Orumilée disse quem era ela, Ele entao mandou-lhe uum recado de que desejava ‘ter uma conversa com ela’ no seu 'manjé fol embora e nao aceden logo zo pedido mas um dia foi f Nao se sabe que conversa — diz © narraéor com malicia —, mas 0 certo ¢ que ela ficou gravida dele. Mas ela ja) nha tido antes 0: seguintes filhos de seu esposo Oxalé: Xai 80, Ogum, Ode, Oxdssi, Fud, OA: Quando nesceu a criang: Orumilijmandou Exu Babi — (0 J0G0 Ds BDz0s B praticado com o opelé-ita tenha sido uma prerrogativa ic ot ago Limitac as de Oxum, possivel que, enquanto existiam babalads na Bahia, 6 | ico responsiyel pela pritica divinatoria por meio dos bi” ‘pessoa da apetebi tenha igualmente desaparecido, ape: yu jo posto ser ainda hoje lembrado nos candomblés da we yo = no dominio da praties al ‘que exigem uma sessio inhacao — como no caso da substituicto de uma de-santo ap6s sua morte —, quase sempre esteve A frente do. jos um sacerdote do sexo masculino. ica uma preferéncia da clientela por um p: to de uma mie-de-santo, si 10 proprio pai quando ncves- <5: Pi0ife que tenha se consagrado intel adivinhagao. Nao apenas um direit. licamente uma obrigagac ssa situagao nova, permit 8 0S Sexos possam se ocupar das priticas divinatorias, ede ser uma degradagao, um desvio, como querialBassy 4 sorre, sobretudo, da nova ordem em vigor que define a inizagao social dos candomblés. é para fazer face ic suas comunidades. Pode-se supor que’; ie mulheres que esto & frente dos can- para a eliminaeao dos obstéculos Sto privativo dos babalads e, s de Oxam, Univagaidéiay Is despesas interna imero considera iblés tena cont tornayam 0: im plano de auxi Rubel, René, op el, p. 4, élitos, concentrando-se,’ P= Ein sintese, se bem que subsista a vaga idéia de ser o pai-de-santo melhor adiyinh ‘outras camadas da sociedade quele desua preieréncia pess Holt) ELEHENT Deu’ opete 5 Sono DFO i) BRASIL, cache A@ il COO etre wou ot meee FFP Ga ELenewt SraDTURML VE (NTEGRAT WEL DEUS Cot PLESSs IDESLOEA DE! cCaHOoHBUS 3} O dialogo com os deuses A funedo da prece A consiilta comege com uma prese enderegada cos ofixés wuma linguagem incompreensivel para o consuilente © quase inaudivel, balbuciadas as palayras numa evidente expresszo de into. Griaule, a0 se reportar ao po- acs 0 Troe ect inatoria,..afirma que o. ecorte da intengdo de estabel 3 s,.com.o propdsito de obter_ al ment cio due determine o gra “de conceAtragtio do pai-de-santo ao realizar sua prece propi- iateria. Ela desempenha um papel fundamental nesse pro- ccesso de comunivagao com 0 auditério sagrado./Noicaso ‘dos -.santo da Bahia, yerifica-se mais freqtientemonte 0 uso 'uba tal como foi preservado nos eandomblés. Ainda que saibamos da expressiva:contribuigto: yocabular’ das: linguas’ faladss,em, outras reas airicanas comprometidas com 0 tré- fico de escravos, comovas Iinguas do Congo, de Angola-e Mo- sambiquey no caso especial da prética divinatéria na Bahia, ‘icagao com as foreas sobren: ) seulanieGrinwleyOeneNEDENEYA nologi et Langage: Te Parole ches les De I> Congo, do Angola ede Mo (Cas Teas eon, 4 r realados 0 S20 0S que falam fluentemente uma dessas linguas africanas remanescentes, que,aqui adquiriram caracteristicas eminen- femenie sagradas, Isso parece explicar a intcodugios:com fre» uéncia, de varias expressies da lingua portuguesa quando do agao com as divindades, através te, nesse Gitoge ‘ com 0 universo do sagrado, €a sua natureza eo seu poder de a £a9f'0/ A forma poéticadasproce c o-ritmo-que se imprime, ao SS Ponto de ser quasecantada quando de sua emisso, pargeem li simbbfico edo sew significado ma que nos infclou na dificil arte de jogar 14S as nogBes elementares prece s6 tem importAncia se continuo, sem interrupgées: “Os S &, Se a pessoa para sempre, eles i de seu saber —, ee. for feita sem erros Eames oriads nao gostam de d SORRSHL no escutam nada”, ssas|prezes sejrestringem/a'um apelo aos orixas mais tuados ¢ especialmente avs que respondem no jogo. Esse i de gies av na solugio dos 0 1080 pe. 0 DIALOGO COM os DEUSES 2 junto. Até mesmo na seatiéneia dos ri reverenciado, havenda um ritual especifico para ide Exus* Essa importancia de Exu ¢ especialmente ao candomblé nao implica negar 7 de segmentos d cma Nt ire-nosso ¢ outras cu, parece | eadarum recorres rocesso | Iho evocd-los com suas ‘s, naordemem que lhefoiensinadas | das yezes, a prece se inicia com 0 apelo ad! isto é, seu orixé pro enchem essa lacuna, se igo da crenga nas di 'ssa simbiose entre a Igroja cat a de crengas, parece an gio que, confessadamente, se di (rem heresia aos canones viger gies prestadas p bre a questio de que nos ocupamos aqui fe que a prece consite s de todos 0s orixés para niio fazendo, para estes, saudagdes es- dando-os com oriki. Um pai-de- sua consulta | n20 passou pelo rigido ritual s que preservam a tradicho @ dindmica de uma religito que se atu a cada instante, de seordo com a subsirato social que lhe dé motivagio, re -contetido original. firmar que| jantovauie em proces nae incluem: aon ae 146 commo-0 dono 0 Ge) interRae-S 0 1000 DE nozI0s © DIALOGO CoM os DEUSES 6 \nientes de ovtras “nagées!, assim como elementos do ritual da Iereja catélic c adeptos freqtientadores das corimbnias péblicas, que rem razoavel nocdo da lingua da gente-de-santo,? usan- a por um dos nossos melhores do-a adequadamente na sua interagZo com o grupo, lade de vocabulos de origem De modo geral, consultar um pai-de-santo’ implica em wrThe un didlogo com as divindades, através de sua ea- \c cago com o mundo sagrado, a fim de que 1@ respeito do desconhecido que © portanto, mais que uma, simples, dade, mais do que uma espectativa ce su: ar tim 96 passo.na Vida sem conhecer, sem. | Axé mi orima. da trama dos acontecimentos" ou, em ¢liim: A fungdo da consulta ee EGE SS Na Bahia fitiasexpressSes sto conhecidas e empregadas LSS 4. Polos que buscam um pat Bae?!" consulta, consulta? tre elas, destacam Castro, Yoda Pesos de, op it. 9.3 ae Yalan Reo dv vn nine «a Mois P. svn tem par objeto sequéncas de ftospartculares wbre cs dem aleatri; ov m (pt. Si or membros énecandombleenchiegados dead orm on gps prcdgiee ncatatistecnsbeiefis espa 0 © 1060 bE Buzios a ponto de ser admitido na ordem natural das coisas, indo-o ¢ tornando-o acci jiminuindo, assim, os Inez i entretanto, softer algumas com a anuéncia das divinda nas o Seu reajustede acoido com as expecta: . Podemos conjeturar que arconsuita Scorienta em dais planos bem distintos, mas quese completam: primeiro plano; esté 2 possibilidade de preyisio do que pode acontecer, ¢ est stancia parece justificar a maior parte das consultas fe te das consultas que ele e © duplo papel de c em, segundo estd a possibilidacte de inte no destino do indi ) Teestruturando o que esiava previamente tragado. Em qualquer que . ante situa-se como inter” ioventre 0 consu idades) perdendo sua dade, para participar do sagrado, na medida em lifica”“as Terguntas’e as transmite as divindades’pela “ ados na pratica . mpo do sagrado se estende até em que/tranismiite as tespostas ao consulenterpelo W0 proceso. Nesse iltimo cas6, o pai-de-santo ¢ apenas yento'de que se servem as divindades para passar adas, © s0- tle & capaz de decodificé-las, ‘transformando @ Tine jem linguagem profane ao nivel de compre- We bats ipatt eee feof © DIALOGO COM Os DEUSES a con: da o conselho pedido, lade de uma cor 1a escolha, Essas consultas, Sein OFecurso da pratica divinatéria, 820 também freaiientes na ladas por Maupoil. A eficéeia dos aconselliament 0 consulente, 0 pi svoca nas suas 2 MARU op i’ consulente. A eficiéncia no encaminhar das solu pode ser expli ‘na pessoa do pai-de-santo, Dessa forma, ele po-y der atecipano,gue val conterr, 94 -comunicar ao consu- ” Iente os meios de agtio a 0 conduzir os aconteci~ Sultat 114, mas para ped do ser humano dev. sempre um pouco de médico, um pouco far- mbém para so] a. No plano puramente racional, sabemos quie a experién: dquirida no pleno exereicio profissional, capacita-o a ‘encontrar, com unia margem reduzida de orro, as solugbes mais adequadas as quesiées quelhe so coloeadas, Ocorrendo eos instalagio vital la pelo gran ido, emt vor fe condighes de bem acom- jo somente para consultas & whe medicamentos. FIC a prescri¢lo que cura ou aiyia, Con 0, cle assegura a seu cliente da ne- fa’ antes de tomar uma decisao ou Bahia, por razies idénticas as assin: ida ao sagrado, pois, qual- da interagao entre o pal representard sempre a yontade di- — respostas, e isso é possivel, ele poderé jabilidade intelectual de conduzir 0 jadas, ACvigeryMAOEIstEMerOS smpre de acordo com a vontade teresses in ai a itas vezes, eonsiderada como 20 dominio de certos poderes mégicos. A assertiva de que 0s mais novos no exercicio da pr "zem de menos prestizio ‘ou que seus poderes seiam mais 1 contra. yelhos pais-de-santo que nfo atingiram ne nhuma notoriedade como adivinhos. Aleuns sao, inclusive, severamente criticados pela inabilidade ¢ por equivocos que se tomarem piblicos, Po: is ‘pidamente muita fama e inyejavel némero de clientes, Essa notoriedade néo depende necessariamente do tempo de pri= fica, Ela é obtida, principalmente, pelas solugbes corretas por cles encontradas para os problemas que enfrentam. jente que obtém resultados favorayeis com a consulta ji-de-santo se ertearrega voluntariamente de the fazer idade. Recomenda-o a outras pes ‘monstra 0 depoimento dava com o corpo e 0 esp Nio arranjava emprego nenhum. Minha completamente & beira de uma grande Entio, minha mie me mandou & casa de uma senhora que a esposa de um coronel Ihe havia recomendado acontecia com o irmio dela e seus ®, por isso, tornaram-se as: fazer uma consulta. Alias, suldade que ace o veiculada de individuo para individuo pa- ‘is clicaz. de os pais-de-santo se tornarem por isso, raramente recorrem a idade. © cartio de s freqilentadores. Era para acto so fato de que a categoria de um cultoou de un linda nfo apenas for su poder mistico dos, Conhecemos, em’ ae) D geiac@ 2 dea whore (0 DIALOGO COM OS DEUSES, 0 onde se ache impresso o nome, enderego, prego da con-/ Jormagdes secundarias, tende, todavia, a se buicto desses cartes de ou eventualmente a pessoas 4 notar que.os meios de comunicacao de massa, em part de poder que define ¢ si do-santo ao nivel da comunidade n £0, epinayAndrade observou “que ele & referido pelos ent importante, ver gue the propor frente & la e aos colegas de trabalho, inante para o seu bom cor Existem os que podem sere 1180.4 ados a ser (...) por forga dos seus otixés ite © 90 dni Ferree eae pai-de-santo sobre as razoes de sua ini dese c i, quase sempre, numa justificativa verdadeiray empresta-Ihe também nma dimensio magica, por ter sido ele escolhido pela divindade, o que, a0 nivel socialylhe assegura inegével prestigio junto & elientela em potencial. O consulente e seus problemas; a efi yo” ' a ‘ ie" _aNtoLexistem civeunstaacias especiais' para que’un indi= pu? “duo recorra a um pai-de-santo em busea de ums consulta, A we a Resa GBH! “Kesimo sobre a Investig 0 dos Cults AfroeBrasees da Cidedz do 0 DIALOGO CoM os DEUSES 6 la para qualquer dificuldads em que se \ aay mn las le da questiio que o preocupa, De acordo com o sis- BrskeHioy ‘engas que rege 0 comportamento individu: = “enada 3 0 controle Todos os problemas daa doconea 1060 os pela 3 i 4 2 4 3 _ Jano sobrenatural — e que é da compe- -sanilo = parece reforcar 0 poder réncia parece desemp. ‘terapéutica ministrada pelo adi gtad6, o que a tornadmais’ rdadeiro se levarmos em consideragao a Wo". ~ dealguns males de que sio acometids determ Esses males jamais sio considerados coisas 80 » induz 0 consu- Zo de que ais distirbios foram provocados por guém ou_por alguma divindads i a. Uma vez revelada @eausada docnsa, 0 sereve-a terapéutica es- peeifica, dese notar que, embora essa terapéutica contenha virtudes med farmacologia —, ‘ng sua capacidade de cura, coi qaiy, ©M Fungo do contetido magico de que est impregnada, ike csea 4 rate Sole vii penile tw como algo na ale, dessa forma, Nao somente ¢ verdade ico de uma doengay mas) també 2 de receber a crera a agdo mais adequ: zag TRAMHETS feita com o reeurso'de despachos propicia : urificapZo~u outra terapeution especific ‘que acentuam a eficdcia co tratamento, lentes se situa entre as pesso: \do magico dos candomblés. Ocup: , Adueles quey-embore-nito-participem. diret Oh ask dades das ide os valores religiosos so 10 da vida de sua popu- fdo8! nos seus intentos, ter Anhombi, 1989, LOGO COM 05 DEUSES 0 mplest estratosy mais levados pelo exotisimma da iento de fé e crenca no poder neias novas.’ Esses fonte extra de renda pi Gores dos seus ¢ 86 pai-de-santo para lhe pedir o It?) exeelentes para os sacerdotes demonst 18 4°" info os atendendo a todos e sc dizendo "2B tarelas do. cul casa thes avi Sree ve7es nfo esto ocupa parecer excess0 de cei ccaQE_ seus alazeres ¢ en k (ie tude somente em: circunstincias as pessoas motem a ume Jonge espera Esses clientes esporadicos, de que fel devem ser confundidos com outros indi + cendo as @amadas mais & we uma freqiiéneia cada vez maior, (os SSE sohugbes para os seus a ide de ver, imimeras | ge! > se fazem presentes ae" auinte observacio, ‘meca a ocorrer nos candomblés da finas todas yérn

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