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Direito Constitucional

Prof: Amparo Rosado


Email: asrosado@iscal.ipl.pt
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- 2º teste a 16/12

Resumos de Direito Constitucional

Resumindo a Constituição da República Portuguesa:


 Artigo 1 a 11, princípios fundamentais.
 Artigo 12 a 57, direitos fundamentais.
 Artigo 80 a 107, organização económica.
 Artigo 108 a 201, organização do poder político.
 Artigo 202 a 224, estatuto e organização dos órgãos judiciais.
 Artigo 225 a 234, regiões autónomas.
 Artigo 235 a 272, poder local.
 Artigo 273 a 276, defesa nacional.
 Artigo 277 a 289, garantia e revisão da constituição.

O que faz um jurista? O que faz um politólogo?


- Localização/descrição das normas; - Observa a norma do exterior, do ponto
- Explicação/sistematização e de vista da vida política a nível da sua
interpretação; aplicação e consequências.
- Subsunção
INTRODUÇÃO: O texto constitucional
Direito Constitucional
O Direito Constitucional (é um ordenamento jurídico) é um segmento do direito.
Ordenamento jurídico (conjunto organizado por normas/regras jurídicas):
 Orientado por valores de justiça, igualdade, liberdade e respeito pelos
Direitos Humanos;
 Garante a ordem numa determinada comunidade e recorre à coação
externa no caso de incumprimento;
 É emitido pelo estado ou outra fonte autorizada mediante a publicação num
documento oficial;
 É necessário para garantir a segurança jurídica e é imprescindível para a
convivência pacifica e o progresso social.
“Sem Estado não pode haver Direito Constitucional”, logo, o estudo do Direito
Constitucional pressupõe o estudo jurídico do estado. Mas nem todo o estudo que
tenha como objeto o Estado, é Direito Constitucional.
Direito positivo = escrito, aprovado (na assembleia da república) e em vigor.

Seguem-se 4 aspetos do Direito Constitucional:


 Trata da organização do estado;
 É um ramo do direito público;
 Está ligado e acima do Direito Administrativo;
 Pertence ao Direito Público Interno Português.

Direito Público

Direito Público Internacional Direito Público Interno

- Elaborado pelo acordo de - Liderado pelos estados


vários estados.

Direito Constitucional não é o mesmo que Ciência Política

Direito Constitucional Ciência Política


Analisa a constituição ou normas Estudo todos os factos políticos, não só
constitucionais de forma apenas jurídica. Direito Constitucional.
- Ramo de Direito; - Está dentro da sociologia;
- Trata de normas/códigos... - Trata de factos;
- O que importa é o que deveria ser feito. - Importa o que se passa na sociedade e
Objetivo: Constituição não aquilo que supostamente se deveria
passar;
- Analisa a forma como as coisas
realmente aconteceram.

A Ciência Política é complementar do Direito Constitucional pois ajuda o jurista a


compreender as normas jurídicas através dos factos que as
condicionam/traduzem/explicam, dos interesses que as compõem e dos valores a
realizar/consagrar.
Ciência Política
Método: “...a observação da Objetivo: Política
realidade...”
- Objetivo: Poder;
- Competitiva;
- Atividade Humana.
Seguem-se características de Direito Constitucional:
 Ramo de Direito que trata da organização do poder político, da
organização política do estado;
 Define órgãos, competências, o que podem fazer uns em relação aos
outros;
 Trata das relações desse poder entre si e das relações de poder com a
unidade, com as pessoas, (ex.: eleições);
 Trata do poder e do direito das pessoas em relação a esse poder;
 Direito Constitucional não é a constituição (a constituição regula
apenas o essencial, é onde estão as regras mais importantes).
Características fundamentais da Política (Amaral Freitas – atingir os fins
independentemente dos meios: pouca ética):
 Mutabilidade (o poder muda de mãos);
 Divisão (luta pelo poder) e união (para exercer poder é necessário
um grupo que obedeça ao poder instituto);
 Mínima legitimidade (evitar desobediência).
A Constituição
O que é a Constituição e de onde vem?
A Constituição vem da magna carta que foi considerada a 1ª Constituição (é o 1º
capítulo de um longo processo histórico que levaria ao surgimento do
constitucionalismo moderno). A magna carta limita o poder do rei (no período
absolutista), onde o seu poder passa a estar sujeito à lei.

A Constituição engloba

Magna Carta Normal Normarum Lei fundamental


- Norma suprema do - Delimita o poder do - Estabelece a organização
estado; estado, reconhece os e o funcionamento do
direitos, liberdades e estado.
garantias.

O que é o Direito Administrativo?


O Direito Administrativo (é mais restritivo do que o Direito Constitucional) tem a ver
com a administração (ligado a órgãos administrativos).
Quais são os órgãos de soberania?
 Presidente da República (não é um funcionário público mas sim um órgão de
controle – órgão de soberania);
 Assembleia da República;
 Governo;
 Tribunais.
Artigo nº3 Soberania e Legalidade (palavras-chaves):
 Validade das leis, depende da sua conformidade com a Constituição

Ao nível dos procedimentos: A nível do conteúdo:


- Todas as normas e a atuação - Os conteúdos das normas devem
do estado devem respeitar os respeitar os artigos da CRP.
procedimentos estabelecidos - Adotam
Esquema da Supremacia um sistema de fiscalização da
da Constituição
pela CRP. constitucionalidade.

O ordenamento
CRP jurídico em forma de
pirâmide foi feito por
Hans Kelsen.
Leis/Decretos-Leis

Regulamentos

Qual é a função da Constituição?


A Constituição ilumina e orienta as linhas mestras em quase todas as áreas
juridicamente relevantes (política, economia, finanças, relações estado-igreja,
comunicação social...).
Porque é que a delimitação entre a Política e o Direito Constitucional é difícil?
Razões:
 O objetivo principal do Direito Constitucional é o exercício do poder político;
 O Direito Constitucional lida com questões que possuem um forte significado
ético (ex.: quem deve pagar mais impostos? As pessoas LGBTI podem casar e
adotar filhos?).

Constituição vs. (em confronto) Realidade

- Tem mecanismos que - Está sempre a mudar,


garantem estabilidade. obrigando a Constituição a
uma certa adaptação a ela
(realidade).

O que fazer para evitar o desfasamento entre a Constituição e a Realidade?


1. Princípio da revisibilidade da Constituição (CRP teve 7 revisões entre 1982 e
2005);
2. Mutações ou transições constitucionais (o texto não é mudado mas altera-se o
significado das normas = revisão informal).
O surgimento da evolução constitucional:
A atual constituição portuguesa corresponde ao texto aprovado pela Assembleia
Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de abril de 1976 (Preâmbulo, ultimo
parágrafo), e alterado pelas 7 revisões constitucionais operadas.
Francisco Sá Carneiro, primeiro-ministro na altura (pré-revisão de 1982), defendeu
que o antagonismo entre a constituição real e a constituição escrita era tanta que se
tornava necessário romper com a constituição de 1976 através da realização de um
referendo.
Quais foram as 7 Revisões Constitucionais?
 1982 1º – extinção do conselho da revolução (garante da vontade popular);
criação do TC (Tribunal Constitucional);
 1989 2º – eliminação da reforma agrária
 1992 3º – resulta da adesão de Portugal ao TUE que levou à adaptação do texto
constitucional;
 1997 4º – direito à greve;
 2001 5º –Tribunal Penal Internacional;
 2004 6º – supremacia das normas da ue;
 2005 7º – constituição europeia.
Quais são as caracteristicas formais da CRP de 1976:
 Artigos 1º a 11º – princípios fundamentais;
 Artigo 12º a 79º - PARTE 1 – direitos e deveres fundamentais;
 Artigos 12º a 23º - TITULO 1 – princípios gerais;
 Artigos 24º a 57º - TITULO 2 – direitos, liberdades e garantias;
 Artigos 24º a 47º - DLG pessoais (Cap. I);
 Artigos 48º a 52º - DLG políticos (Cap. II);
 Artigos 53º a 57º - DLG dos trabalhadores (Cap. III);
 Artigos 58º a 79º - TITULO III – direitos e deveres económicos;
 Artigos 80º a 107º - PARTE II – organização económica;
 Artigos 108º a 276 – PARTE III – organização do poder politico;
 Artigos 277º a 289º - PARTE IV – garantia e revisão da constituição;
 Artigos 290º a 296º - disposições finais e transitórias.
Os direitos fundamentais enunciados na Constituição, consagra os direitos
fundamentais em sentido estritamente formal, ou seja, os direitos fundamentais
formalizados o texto constitucional.
Existem direitos fundamentais fora do catálogo da constituição, como os direitos
fundamentais constituídos em leis ordinárias e direitos fundamentais contidos em
normas de direito internacional.
A metodologia seguida – a teoria da constituição e o direito constitucional.
O estudo do direito constitucional, tem a constituição como norma, contudo, não
pode fazer-se o seu estudo sem os contributos de todas as ciências constitucionais. O
modo destes contributos intervirem nos estudos do direito constitucional, decide-se
basicamente pela adoção de uma das duas perspetivas metodológicas que se
apresentam em seguida:
 Perspetiva dogmático-constitucional – estudo de um ramo do direito
pertencente a uma ordem jurídica concreta (doutrina constitucional), em
que os dados teoréticos são postos ao serviço da compreensão dessa
constituição.
 Perspetiva teorético-constitucional – interessa-se principalmente na fixação,
precisão e aplicação de conceitos de direito constitucional, desenvolvidos a
partir de uma construção teórica, que não tem base numa constituição
jurídico-positiva.
O direito constitucional decide-se através de uma perspetiva dogmático-
constitucional que se interessa na analise a constituição da república portuguesa de
1976, na qual os contributos de outras ciências se mostram indispensáveis e uteis para
a compreensão dos normativos constitucionais.
Artigo 112º - estabelece os critérios de reconhecimento, eficácia e inter-relação das
normas, é um artigo ordenador da relação entre os vários atos normativos e fontes do
direito positivo.
A constituição identifica a legitima os órgãos com competência para produção dos
atos normativos, ou seja, a AR (competência legislativa); Governo (Competência
legislativa); Regiões Autónomas (competência legislativa e regulamentar) e autarquias
locais (competência regulamentar).
O pluralismo e o plurimodalismo normativo
A pirâmide hierárquica das normas era feita pela constituição, seguindo-se a lei e os
regulamentos mas, atualmente, a constituição depara-se com a concorrência do
direito internacional publico e com o direito da união europeia. O Art.8º da CRP,
pretende dar a entender que a competência primaria da constituição é legitimar a
entrada de normas de outros ordenamentos e provindas de órgãos de outros
ordenamentos.
Por outro lado, as fontes internas de direito emanam normas de igual escalão
normativo, ou seja, atos com valor de lei mas que a constituição diferencia a partir do
órgão de onde provém (pluralismo legislativo) ou da matéria de que tratam
(plurimodalismo legislativo).
Exemplos de pluralismo legislativo – integra o ato legislativo, as leis, os decretos-leis
e os decretos legislativos regionais...
Exemplos de plurimodalismo legislativo – lei constitucional, leis com valor
reforçado, leis de bases, leis de autorizações legislativas, leis-quadro.
O conceito estrito e abrangente de direitos fundamentais:
A noção de direitos fundamentais distingue-se das de direitos naturais e de direitos
humanos. O conceito de direitos fundamentais, em sentido estrito, abrange os direitos
constitucionais do cidadão, ou seja, os direitos fundamentais em sentido estrito
contem a posição jurídica fundamental do cidadão consagrado na constituição do seu
estado.
Para podermos falar de direitos fundamentais, temos de estar perante uma
constituição ou um estado. A constituição proclama os direitos fundamentais, o que
significa, o reconhecimento de que estes decorrem de uma realidade preexistente em
que se baseia a nossa constituição “a dignidade da pessoa humana” (Art.1º, primeira
frase da CRP).
Art.16º, nº1 – inclui os direitos fundamentais os constantes de direito internacional
e o nº2 impõe a interpretação dos direitos fundamentais plasmados na constituição
em conformidade com a DUDH.
A dimensão constitucional positiva, ou seja, os direitos fundamentais reconhecidos
aos cidadãos portugueses na sua constituição, integra os direitos naturais, os direitos
humanos e os direitos constitucionais (fundamentais).

Direitos Naturais (DN)

Direitos Humanos (DH)

Direitos fundamentais (DF)

Os direitos fundamentais numa perspetiva multinível


A internacionalização e a europeização do direito constitucional provocou uma
mudança no sentido da proteção dos direitos fundamentais deixar de ser da
responsabilidade exclusiva das constituições nacionais. Assiste-se assim a uma
fragmentação do poder constituinte na qual emergem constituições internacionais
paralelas.
A nível europeu, os particulares podem tutelar os seus direitos, tanto no plano
nacional como no plano regional. Assim, passou a coexistir uma tríade de sistemas de
proteção dos direitos e liberdades fundamentais:
1. Sistema constitucional nacional;
2. Sistema da convecção europeia dos direitos do homem CEDH;
3. A carta dos direitos fundamentais da união europeia (CDFUE) – para os 28
estados-membros.
Os direitos como liberdades individuais:
Os direitos fundamentais são, essencialmente, direitos de liberdade individual
(liberdade religiosa, liberdade de expressão, liberdade contratual de comercio...), cujo
conteúdo é determinado pela vontade do seu titular e em que o direito de
propriedade constitui uma garantia de liberdade, ou seja, é uma condição objetiva de
respeito pelo próprio individuo.
Por outro lado, a segurança constitui um pressuposto de liberdade, pede-se por
isso, a um estado que não intervenha mas por outro lado, pede-se que garanta as
bases do sistema. É neste contexto, que os direitos fundamentais são encarados como
direitos de liberdade, ou como direitos garantias, que asseguram a não intervenção
dos poderes públicos.
Em suma, como direitos de defesa do individuo em face do estado.
Os direitos como liberdades políticas:
Os direitos assumem-se como garantias de igualdade na construção democrática do
estado.
Por um lado, emergem os direitos de participação politicas (direito ao voto, direito
de ser eleito...). Por outro lado, assiste-se ao alargamento dos direitos de liberdade e à
generalização do principio da igualdade (liberdade de associação, liberdade de
informação e de imprensa...). Contudo, as liberdade também se vão diversificar,
retirando-se por exemplo, do direito de associação a liberdade de associações para fins
políticos e a livre constituição de partidos políticos.
Assiste-se ao surgimento de uma dimensão objetiva dos direitos fundamentais, no
valor da democracia, tornam-se numa condição e numa garantia dos direitos
fundamentais e da liberdade do individuo.
Os direitos como liberdades sociais: o fenómeno da socialização.
Com o emergir da sociedade técnica, o estado começa a ser cada vez mais solicitado
para intervir em áreas que a iniciativa privada não reclama para sim, ou para repor a
igualdade gerada pelas relações de desigualdade que o próprio liberalismo criou. Por
consequência disto, o estado passa a ser responsável pelo próprio bem-estar do
individuo, assistindo-se a um processo de solidariedade, de socialização e de
intervenção do estado, que vai alterar o sistema dos direitos fundamentais.

Através disto, surge uma nova categoria de direitos – os direitos a prestações ou de


quota-parte (exigem comportamentos positivos por parte do estado – direito ao
ensino, à saúde..., e em que o conteúdo dos direitos deixa de ser determinado pela
vontade do individuo, ou vai para alem da mesma, passando a estar dependente dos
recursos detidos pelo estado e das opções politicas que este faça). É através disto que
emergem os direitos socias.
Como se processa o processo de objetivação dos direitos fundamentais?
O processo de objetivação aprofunda-se no ser humano, enquanto o centro de
todos os direitos, passa a ser o ser humano socialmente situado e inserido, isto conduz
ao reconhecimento de uma função social dos direitos fundamentais que contribui para
a definição do seu conteúdo e limites, limites à liberdade de imprensa, limites a
integridade física...
A partir daí, afirma-se a obrigação do estado criar condições subjetivas
indispensáveis à sua efetivação pratica, ou seja, o abandono do conceito de liberdades
abstratas em favor do conceito de liberdades concretas. Com isto, até se pode
pretender estender a obrigatoriedade dos direitos fundamentais às relações entre
privados, sobretudo quando em situações de desigualdade.
Os direitos de quarta geração:
A evolução histórica dos direitos fundamentais é feita por um processo e
acumulação (em que não se abandonam os direitos anteriores) e por uma variedade e
abertura, que tem sempre a ideia de proteção da dignidade da pessoas humana contra
estruturas de poder do estado e da sociedade. Por fim, as quatro gerações de direitos
que se acumulam, se enriquecem e se positivam na realidade do seu tempo:
1. Direitos de defesa – 1º geração;
2. Direitos de participação – 2º geração;
3. Direitos a prestações – 3º geração;
4. Direitos de solidariedade – 4º geração.
O conceito material de direitos fundamentais: os direitos fundamentais dispersos.
Os direitos fundamentais, quer como conjunto de preceitos que definem (a partir
do lado positivo) o estatuto fundamental das pessoas na sociedade politicamente
organizada quer (através de posições jurídicas) através de poderes ou faculdades
atribuídas aos indivíduos por aquelas normas ou outras – carecem de uma definição
material.
Art.16º, nº1 – afirma que os direitos consagrados na constituição não excluem
quaisquer outros constantes das leis e das regras aplicáveis de direito internacional. Os
direitos fundamentais podem estar contidos na lei ordinária e no direito internacional.
Podemos encontrar direitos materialmente fundamentais que não são formais e
direitos formais e materialmente constitucionais. Podemos também falar em direitos
fundamentais só formalmente fundamentais, que estado formalizados no catálogo,
que não contêm materialidade constitucional.
Os direitos fundamentais são identificáveis por aplicação de 3 critérios:
a. São direitos que atribuem posições jurídicas subjetivas (poderes ou faculdades)
aos indivíduos ou categorias de indivíduos e que são consideradas fundamentais
e são, por isso, direitos subjetivos fundamentais;
b. São direitos cuja função é a proteção e a garantia constitucionais de bens
jurídicos individuais (bens que são essenciais ou primários à condição humana);
c. São direitos cuja intenção especifica é a de explicitar o que não pode deixar de
pertencer ao ser humano e cuja manifestação jurídica é dada pelo principio da
dignidade da pessoa humana.

NOTA: Art.16º, nº1, os direitos humanos tornam-se direitos constitucionais


(fundamentais) dos cidadãos portugueses, por força do Art.8º, os direitos humanos
apenas vigoram na ordem interna.
Direitos fundamentais e garantias institucionais:
A garantia institucional – é a atribuição de direitos ou competências a organizações,
coletivos, instituições, com ou sem personalidade jurídica. Os direitos são
imediatamente atribuídos à instituição e aos seus membros.
Se os direitos atribuídos forem direitos fundamentais, então estamos perante
garantias institucionais de direitos fundamentais.
Exemplos: comissões de trabalhadores (Art.54º, nº5).
As garantias institucionais de direitos fundamentais não são as únicas formas de
garantir o exercício e o melhor acesso aos direitos fundamentais, pois para garantir a
exequibilidade dos direitos fundamentais, é necessária toda uma organização de
condições ou garantias e de meios jurídicos, económicos... que são indispensáveis para
a efetivação desses direitos.
Ao assegurar as condições para a efetivação dos direitos, não há a criação de uma
instituição (garantia institucional), a quem e atribuem direitos ou competências para
assegurar os direitos fundamentais aos seus membros, pelo que essas garantias gerais
não pertencem à matéria dos direitos fundamentais.
As garantias institucionais pertencem à matéria de direitos fundamentais, quando
estes lhes são atribuídos, as instituições são mesmo titulares dos direitos. Por isso, o
regime jurídicos constitucional dos direitos, liberdades e garantias ou dos direitos
sociais aplica-se ás garantias institucionais.
Ordem pluralista, aberta não hierárquica.
A ordem constitucional dos direitos fundamentais é plural. A característica do
estado democrático que se constrói e se mantem necessariamente no pluralismo e
pelo pluralismo, está na base do carater pluralista da ordem de valores que preside aos
direitos fundamentais.
O sentido dos direitos fundamentais, tem por base a dignidade a pessoa humana,
acolhendo uma visão liberal e uma visão totalitária o mesmo tempo. Pelo contrario,
estamos também perante um estado social de direito que pretende, expandir-se,
comunicar e enriquecer-se com outras ordens de valores, sem que a pessoa e a sua
dignidade deixem de presidir à organização constitucional do estado.
O regime geral dos direitos fundamentais
A dupla dimensão, dupla natureza, duplo carater, dupla função dos direitos
fundamentais.
Os direitos fundamentais ligaram-se ao individuo como direitos de liberdade. A
dimensão subjetiva, ocupa aí toda a estrutura e valor do direito fundamental. Não há
direito fundamental sem a dimensão subjetiva, ou seja, a titularidade do direito
fundamental é de atribuição subjetiva, pois, pertence ao individuo como direito
potestativo, dá-lhe autonomia e disponibilidade do direito.
Assim, os direitos fundamentais são direitos subjetivos fundamentais.
Exemplos: a iniciativa económica privada, é um direito subjetivo mas no valor da
pluralidade de iniciativas privadas contribui para a organização desejada da economia
graças à competitividade e à inovação que se lhe reconhece. Deve então, proteger-se a
iniciativa privada também como valor objetivo de organização económica.
Caracteristicas essenciais dos direitos fundamentais:
O regime geral dos direitos fundamentais estão expressões nos artigos 12º a 16º da
constituição, encontramos perante estes direitos (posições jurídicas), direitos
subjetivos, individuais, universais e fundamentais.
A característica da subjetividade Art.12º, nº1 – todos os cidadãos gozam dos
direitos consagrados na constituição. O titular do direito é o cidadãos, o direito
fundamental entra no seu domínio de poder e disponibilidade.
Art.12º, nº1 – os direitos fundamentais são, por principio, direitos individuais. São
os cidadãos, as pessoas individuais, que detém a titularidade dos direitos.
Contudo há exceções a esta característica, há direitos que sendo individuais, têm na
sua definição, ou pressupõem, um exercício coletivo.
Os direitos fundamentais das pessoas coletivas está previsto no art.12º, nº2 – as
pessoas coletivas gozam dos direitos e estão sujeitas aos deveres compatíveis com a
sua natureza. É uma das exceções à característica da individualidade própria dos
direitos fundamentais. Contudo, esta norma só é exceção quando os direitos são
compatíveis com a natureza da pessoa coletiva.
A igualdade e a universalidade dos direitos fundamentais:
Art.13º - demonstra a igualdade como valor primordial dos direitos fundamentais
(são dirigidos à dignidade da pessoa humana, são direitos de todos ou dirigidos a todos
os cidadãos).
O principio da igualdade que se realça principalmente, é o principio da igualdade
material. A exigência do tratamento igual é a base dos direitos e realça a sua dimensão
constitucional ou estadual, onde os direitos fundamentais são próprios dos cidadãos e
somente se dirigem aos cidadãos do estado portugues (Art.12º, nº1) e a cidadãos
residentes em território nacional.
No entanto, para além da proteção estadual (limitada em razão da residência ) aos
cidadãos portugueses que se encontrem no estrangeiro (artigo 14º), o artigo 15º
nº1,consagra o princípio da equiparação dos estrangeiros e apátridas , que se
encontrem ou residam em Portugal, na titularidade e gozo dos direitos fundamentais
dos nacionais e o artigo 15º nº2 refere-se a exceções previstas na constituição e nas
leis, prevendo os nº 3,4 e 5 tratamentos mais favorável (das exceções) aos cidadãos
europeus ou aos cidadãos dos estados de língua portuguesa.
As categorias de direitos fundamentais: complexidade estrutural e heterogeneidade de
conteúdo:
As categorias presentes nos direitos fundamentais são:
Direitos de liberdade (matriz liberal), direito políticos (matriz democrática) e direitos
sociais (matriz social)...:
A CRP distingue, seja por catálogo, seja por regime jurídico, os direitos, liberdades e
garantias e os direitos económicos, sociais e culturais.
Na relação individuo/estado, os direitos afirmam-se como direitos de defesa,
direitos de participação e direitos a prestações. Esta distinção provem de George
Jelinek e da tua tentativa de compreender a relação jurídica que envolveria os direitos
subjetivos públicos. Segundo ele, os direitos de defesa (ou direitos negativos),
demandam um estado negativo, enquanto os direitos de participação demandam um
estado ativo e os direitos a prestações demandam um estado positivo. Esta distinção
revelou-se util na compreensão do papel do estado perante os direitos fundamentais
dos cidadãos.
Direitos, liberdades e garantias e direitos económicos, sociais e culturais (Art.17º CRP):
Art.17º - “o regime dos direitos, liberdades e garantias aplica-se aos enunciados no
Título II e aos direitos de natureza análoga”.
Liga-se à matéria do regime jurídico dos direitos fundamentais consagrados na
constituição portuguesa de 1976.
 O artigo afirma ainda que “ele pressupõe a distinção entre duas categorias
de direitos fundamentais com regimes próprios, nomeadamente os direitos,
liberdades e garantias e os direitos económicos, sociais e culturais”.
Critério de determinabilidade constitucional de conteúdo, a partir do regime
especifico dos direitos, liberdades e garantias.
Art.17º CRP – estabelece uma paridade de regime material entre os direitos,
liberdades e garantias.
Art.16º CRP – desempenha o papel de uma enorme relevância ao veicular o
principio da “cláusula aberta de direitos fundamentais”, ou da “não tipicidade” ou da
“não identificação”. A nossa CRP, acolhe “uma dimensão transnacional dos direitos
fundamentais”. Isto significa que tanto os direitos infraconstitucionais (direitos
fundamentais – fora do catálogo), como os direitos extra-constitucionais (consagrados
na legislação ordinária ou na legislação internacional ou comunitária), poderão possuir
natureza análoga aos direitos, liberdade se garantias.
Ex.: Art.59º, nº1 alínea A, B e C CRP.
Título II – é a clausula aberta dos direitos, liberdades e garantias.
A principal regra do regime dos direitos, liberdades e garantias é a sua
aplicabilidade direta (Art.18º, nº1).

Para se ter aplicabilidade direta, a norma deve ser clara, precisa, incondicionada e,
fundamental.
Aplicabilidade direta e imediata:
Prevista no Art.18º, nº1 CRP, a aplicabilidade direta representa a substituição do
clássico princípio da reserva de lei em matérias da property (vida, liberdade,
propriedade), pelo principio da reserva da constituição em matérias de direitos,
liberdades e garantias. Visto de outra forma, este mesmo artigo consagra entre nós a
necessidade sentida no pós Guerra de retirar os direitos fundamentais da esfera da lei
e passa-los para a Constituição.
Assim, o Art.18º acrescenta o principio da constitucionalidade (Art.3º, nº3 CRP), o
principio da eficácia imediata dos direitos, liberdades e garantias. Nesta matéria não
basta que as leis tenham de respeitar a constituição, a constituição substitui-se às leis
na determinação do conteúdo dos direitos.
Em termos práticos – a aplicabilidade direta e imediata significarão so que as
normas constitucionais de direitos, liberdades e garantias têm um efeito derrogatório
ou anulatória (Art.3º, nº3 CRP) e interpretativo sobre o direito ordinário (garantindo a
prevalência das normas constitucionais) mas também é nessas mesmas normas que se
representam o direito constitucional.
A vinculação das entidades públicas:
A vinculação do legislador a todas as normas constitucionais é inequívoca e decorre
primariamente do principio da constitucionalidade (Art.3º, nº3 CRP).
O poder de livre escolha do legislador é especialmente restringido (Art.18º, nº2 e
nº3 CRP) mesmo quando é admitida a sua intervenção.
A administração enquanto entidade pública investida de poderes de autoridade,
está vinculada aos direitos, liberdades e garantias (Art.18º, nº1).
Os tribunais têm uma especial vinculação pois detém uma particular
responsabilidade que lhes advém do controlo difuso e concreto da constitucionalidade
dos atos normativos (Art.204º CRP). Cumpre-lhes ainda, aplicar os preceitos
constitucionais contra a lei e na falta de lei.
Os órgãos políticos, devem obediência estrita aos direitos, liberdades e garantias e
devem usar os seus poderes para defender. Ex.: o presidente da republica deve usar o
seu direito de veto para evitar a entrada em vigor de normas que os ofendam.
A vinculação das entidades privadas:
Os direitos fundamentais são direitos de defesa da liberdade contra o estado e não
se justificam que eles vinculem sujeitos jurídicos em posição de igualdade, em
homenagem à preservação do principio da autonomia privada, daí que a sua força
jurídica, so se afirme entre privados de modo mediato. Contudo existem situações em
que as entidades privadas ou os indivíduos emergem, na relação com os outros
dotados de um real poder, equiparável à supremacia do estado.
Devido a isto, podemos julgar ser possível afirmar a aplicabilidade direta.

Art.18º, nº1 CRP – consagra a eficácia das normas referentes aos direitos,
liberdades e garantias e aos direitos análogos também às entidades privadas.
Direitos de resistência; suspensão condicionada...:
Dentro do regime especifico dos direitos, liberdades e garantias, incluímos ainda o
direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os direitos, liberdades e garantias e de
repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade
pública (Art.21º CRP). Assim, quebramos o monopólio do uso da força, pela autoridade
pública quando esta não puder evitar a ofensa grave dos direitos individuais.
Por outro lado, a suspensão dos direitos, liberdades e garantias so pode ocorrer nos
estritos termos do Art.19º CRP.
NOTA: Não é permitido o legislador suspender direitos, liberdades e garantias pois
isto é um poder excecional de defesa do estado constitucional.
Os direitos fundamentais são um limite material da revisão constitucional (Art.288º,
alínea D CRP). São estes direitos que se querem preservar como o elemento
identificador da atual constituição. Perante isto, não há nada que impeça o poder de
revisão no âmbito dos direitos que possa prever limitações restritivas ou a
acrescentarão de novos direitos, assim como a criação de garantias institucionais com
vista a melhorar a sua eficácia.
Para além disto, preceitua-se ainda a responsabilidade do estado e dos seus agentes
sempre que haja violação, por ação ou omissão, dos direitos, liberdades e garantias
(Art.22º CRP). Entendemos que estamos perante um direito, liberdades e garantia fora
do catálogo e não meramente perante uma garantia institucional.
Art.20º CRP – Consagra os direitos, liberdades e garantias de efetiva tutela
jurisdicional. O nº5 deste mesmo artigo, consagra o amparo processual (prioridade e
celeridade) quanto aos direitos, liberdades e garantias pessoais a ser assegurado por
lei.
Os limites dos direitos: a necessidade de intervenção.
Os direitos, liberdades e garantias noa são absolutos nem ilimitados. Apenas
consagram a medida constitucional do direito, por outro lado, são diretamente
aplicáveis a falta de lei e muitas vezes, necessitam dessa mesma lei para terem
exequibilidade, ou então, a própria constituição permite a intervenção legislativa para
aconchegar outros direitos ou valores constitucionais.

Enquanto valores constitucionais, estes direitos têm ainda limites externos


resultantes da vida em sociedade (a ordem e segurança pública, a ética ou a moral
social, a própria autoridade do estado).
Podem surgir problemas na limitação dos direitos, liberdades e garantias, levando à
necessidade de uma intervenção legislativa. Em consequência disto, as intervenções
legislativas dividem-se em:
 Leis ordenadoras (podem ser reguladoras ou condicionadoras), limitam-se a
introduzir ou acomodar os direitos na vida jurídica. A sua intenção é
assegurar e tornar exequível o direito fundamental.
 Leis conformadoras ou constitutivas, verificam-se quando a constituição
remete para uma determinação legislativa autónoma na própria
configuração do conteúdo do direito.
 Leis protetoras, promotoras e ampliadoras: estes diplomas visam
diretamente proteger, promover ou ampliar sobre o alcance dos direitos
fundamentais fora de situações de colisão.
Intervenção interpretativa (limites imanentes):
A intervenção legislativa que se proponha a clarifica o conteúdo do direito
(concretiza-lo, explicitá-lo) não o limita.
Os limites imanentes podem ser expressos ou explícitos, nos quais o legislador
pretende clarificar ou explicitar.
As leis interpretativas podem ser delimitadoras ou concretizadoras:
 Leis interpretativas delimitadoras: delimitam os contornos do direito
constitucionalmente protegidos.
 Leis interpretativas concretizadoras: concretizam formas de exercício
cabíveis no preceito constitucional. Pode não ser restritiva, não carece de
ser expressamente autorizada pela constituição. No entanto, o legislador
está sujeito aos limites do direito fundamental, a uma vinculação estrita à
norma constitucional. Por consequente, estará também sujeito a um
controlo de apreciação da constitucionalidade.
A intervenção restringente (leis restritivas – Art.18º, nº2 e nº3 CRP):
Respeita a intervenção legal compressiva (restritiva) do conteúdo constitucional
normal do direito. Na situação do legislador, o uso de uma autorização constitucional,
vem restringir, no âmbito da sua liberdade legislativa conformadora, um direito, uma
liberdade ou uma garantia para atender a outro direito ou interesse também
constitucionalmente garantido.
A necessidade da autorização expressa da constituição para restringir (Art.18º, nº2, 1º
parte).
A 1º exigência, permite-nos acentuar o carater de direitos diretamente aplicáveis e
de reserva da constituição desta matéria. Será por autorização constitucional que o
legislador ordinário poderá mexer na matérias dos direitos, liberdades e garantias.
“só nos casos expressamente previstos na constituição”, proveniente da redação
constitucional.
Para alem disto, a intervenção geral restritiva tem de ser sempre apoiada em
“outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos” – Art.18º, nº2 CRP.
Principio da proporcionalidade (Art.18º, nº2, 2º parte):
A lei restritiva tem de respeitar o principio da proporcionalidade, sendo que este
mesmo principio se subdivide em 3 subprincípios:
 O da necessidade ou indispensabilidade da restrição;
 O da adequação ou aptidão da restrição;
 O da justeza ou justiça na repartição dos custos, também conhecido por
proporcionalidade em sentido estrito.
Proibição da retroatividade (Art.18º, nº3 in medio):
As restrições aos direitos, liberdades e garantias têm um conteúdo normal
determinado na constituição e cuja titularidade é dos cidadãos. Assim, o legislador não
pode vir retirar algo que o cidadão, a justo titulo, tinha usufruído sob garante do dono
da matéria, por sua vez, também não tem domínio absoluto sobre ela, sendo que na
maioria dos casos trata-se de matéria em que o poder constituinte somente tem uma
decisão declarativa e não constitutiva. Na verdade, estes direitos de liberdade
pertencem, em rigor, aos cidadãos, compreendendo-se assim que o legislador é
autorizado a legislar apenas no futuro.
A lei pode resolver uma colisão de direitos?
Ou seja, situações resultantes do choque entre direitos ou entre direitos e valores
preceituados na constituição, ou seja, contidos em normas de aplicabilidade direta.
O legislador não pode resolver uma colisão de direitos. A lei restritiva tem de ser
geral e abstrata e, ainda que a lei se construísse estruturalmente como geral, so
poderia ter valor para o futuro. A resolução do conflito real passa por (como unidade
valorativa da constituição) harmonizar os direitos em conflito (principio da
concordância, executado através do critério de proporcionalidade), salvaguardando
com a máxima efetividade os direitos, com os custos mínimos para os direitos em
causa. A intervenção do legislador, só é possível em casos de leis harmonizadoras
(definirão os critérios ou normas de enquadramento geral das situações mas não
intervém na resolução concreta da colisão).
A proteção jurídico-institucional:
1. Regime e limites à declaração do estado de sitio e estado de emergência
(Art.19, 134º alínea d) – declaração do estado de sitio e do estado de
emergência, embora suspenda os direitos, liberdades e garantias, é
ainda uma forma de defender a constituição e de fazer regressar à
normalidade constitucional logo que possível. São vistas como formas
de exceção de defesa dos direitos fundamentais, na medida em que
esses institutos são mecanismos de tutela da constituição.
2. Limite material de revisão (Art.288º, alínea d), o poder de revisão deve
respeitar o sistema dos direitos, liberdades e garantias previsto na
constituição no que ele tem de identificador, quer quanto ao catalogo
quer quanto ao regime que lhes é atribuído.
3. Reserva da lei formal (Art.165º, nº1 alínea b), é a proteção orgânico-
formal dos direitos, liberdades e garantias.
4. Conformidade à lei de toda a atividade administrativa nesta matéria .
Os remédios / os meios de defesa:
Perante atentados ou violações aos direitos, liberdade e garantias a constituição
atua em coerência com o valor reforçado que atribui a estes mesmo valores, aos quais
cabe reparar, remediar ou afastar tais problemas.
 Fiscalização de inconstitucionalidade das normas – tem como único objetos
os ato normativos (as normas) e não os atos políticos e de jurisdição.
 Direito de resistência (Art.21º CRP).
 Petição aos órgãos de soberania e ao provedor de justiça (Art.52º, nº1 e
Art.123º), pode ser utilizado pelos cidadãos para afastar, ou tentar reparar
os atropelos aos direitos fundamentais.
 Celeridade e prioridade processuais (Art.20º, nº5 CRP).
 Responsabilidade civil do estado e demais entidades publicas, como o direito
a indemnização (Art.22º CRP) – considera a responsabilidade das entidades
publicas como um direito fundamental de natureza análoga aos direitos,
liberdades e garantias.
 Queixa individual ao tribunal de Estrasburgo.
Os direitos económicos, sociais e culturais
 A estrutura da normal constitucional: noções básicas.
Define-se com norma precetiva aquela que é capaz, por si mesma, de atribuir
direitos subjetivos, sem necessidade de intervenção legislativa.
Esta definição assenta nas seguintes premissas:
 A norma tem um conteúdo determinado ou determinável a nível
constitucional;
 Possui uma eficácia incondicionada e independente das condições fáticas ou
institucionais;
 Tem como destinatários os cidadãos.
A norma beneficiará do regime de aplicabilidade direta, prevista no Art.18º, nº1
CRP.
Normas pragmáticas – são normas nas quais a proclamação do direito esta
associada a uma serie de incumbências para a sua concretização, ou seja, estamos
perante um normativo constitucional que enuncia um direito como fundamental mas
que não estatui a medida constitucional do direito, atribuído ao estado a tarefa da sua
realização.

Quais são as caracteristicas destas normas programáticas?


1. Carecem da intervenção do legislador ordinário para concretizar o conteúdo;
2. São de aplicação diferida, pelo que não atribuem a medida dos direitos
subjetivos aos cidadãos, nem gozam do regime de aplicabilidade direta;
3. O destinatário primário das norma programáticas é o legislador, cabendo na
sua discricionariedade a escolha do tempo e dos meios para implementar, pois
depende dos recursos (económicos, administrativos e técnicos) existentes.
Qualificação jurídica dos direitos sociais:
O legislador leva a cabo uma diferenciação entre os direitos fundamentais e os
direitos económicos, sociais e culturais. A doutrina que predomina é a tese unitária
que defende uma igualdade de posição/regime dos direitos fundamentais quer sejam
direitos, liberdades e garantias quer sejam direitos económicos sociais e culturais.
A força jurídica dos direitos sociais:
A CRP em relação aos direitos fundamentais, não hesitou em atribuir-lhes
aplicabilidade direta.
Em 1º lugar não sobejam duvidas de que os dispositivos constitucionais relativos
aos direitos sociais gozam da força jurídica comum que assiste a todas as normas
constitucionais imperativas.
Os direitos sociais beneficiam de uma proteção jurídica diferente (quando
comparada com a proteção atribuída aos direitos, liberdades e garantias) – uma vez
que o poder jurisdicional não pode, no respeito pelo principio da separação de
poderes, substituir o conteúdo das opções político-legislativas.
O principio da dignidade da pessoa humana e os direitos sociais:
Com o avanço da idade moderna, assistiu-se a um claro impulsionar do
individualismo, do protagonismo da pessoa. Esta nova perspetiva do homem teve
como consequência uma diferente abordagem da dignidade da pessoa humana,
derivada a própria condição de pessoa.
Assim, o processo de racionalização foi o momento para a “devolução da
autonomia à dignidade humana”.
Podemos atestar a preocupação da doutrina em definir a dignidade da pessoa
humana não como uma qualidade da pessoa geradora de princípios ou direitos, mas
sim como um projeto mediado pela razão, postulador de um dever ser.
No que toca aos direitos sociais e à sua relação com a dignidade da pessoa
humana, a circunstancia de um estado de direito ter preocupações sociais que se
manifestam na consagração de direitos e deveres económicos, sociais e culturais,
originando, de forma inevitável, o compromisso da salvaguarda da dignidade da
pessoa humana.
Em Portugal, embora a constituição não o preveja expressamente, tal poderia
retirar-se do princípio da dignidade da pessoa humana, vertido no artigo 1º, enquanto
afloramento da ideia de Estado de Direito Democrático (artigo 2º),que implicaria assim
um direito análogo aos direitos, liberdade e garantias.
A tutela constitucional dos direitos sociais:
  Depois do que foi anteriormente explanado, não surpreende a afirmação de que a
tutela constitucional dos direitos fundamentais sociais será consideravelmente inferior
à dos direitos, liberdades e garantias.
A nossa constituição, na alínea d) do artigo 9º, deixa claro que são tarefas
fundamentais do estado “promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a
igualdade real entre os portugueses, bem como a efetivação dos direitos económico-
sociais, culturais e ambientais, mediante a transformação e modernização das
estruturas económicas e sociais.”
Referindo nos à tutela de direitos sociais, uma fatia considerável da sua proteção
incumba à luta política que abrangerá o exercício do direito de voto, como outras
formas indiretas de pressão política (ex: queixa ao provedor de justiça ,artigo 23º ou o
direito de petição individual ou coletiva, artigo 52º).
No que respeita à competência legislativa desta matéria (enquanto sobre os
direitos, liberdades e garantias recai uma reserva relativa de competência legislativa,
alínea b) do nº1 do artigo 165º) , nos direitos sociais recai uma legislação num domínio
de competência legislativa concorrente - entre a Assembleia da República e o Governo
(salvo a reserva absoluta prevista na alínea i) do artigo 164º e a reserva relativa dos
artigos 165º,nº1, alíneas f) e g), e dos artigos 227º,nº1,alínea c), e 232º nº1 quanto às
Assembleias legislativas das Regiões Autónomas).
A tutela internacional dos direitos sociais:
     Em sede de Direito Internacional, podemos destacar o Pacto Internacional dos
Direitos Económicos Sociais e Culturais, ratificado pela Assembleia Geral das Nações
Unidas(1966).
     Numa perspetiva de Direito da União Europeia, serão de evidenciar a Carta
Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais dos trabalhadores (1989) e a Carta dos
Direitos Fundamentais da União Europeia (2000).
Os deveres fundamentais
Enquadramento constitucional; não correspetividade entre direitos e deveres
fundamentais:
A constituição portuguesa titula a Parte I da Constituição de “ Direitos e Deveres
Fundamentais”, no entanto a cada direito fundamental não corresponde um dever
fundamental.
Por exemplo, os direitos-liberdades têm, em geral, de característico o poder de agir
ou não agir. No entanto, ao nível dos direitos políticos a constituição faz referência
expressa a um dever cívico (artigo 49 nº2). Noutros artigos, tanto nos aparecem
deveres associados a direitos, como deveres afirmados de forma autónoma.
Deveres fundamentais conexos ou associados a direitos, deveres autónomos:
Estes deveres (conexos ou associados a direitos) encontram-se dispersos pelo texto
constitucional (ex: artigo 36º nº5).Não têm a mesma proteção e o mesmo regime dos
direitos, liberdades e garantias, e não têm aplicabilidade direta. O mesmo se passa
com os regimes autónomos( ex: artigo 276º).
Deveres fundamentais e restrições de direitos fundamentais:
A principal força jurídica, quer dos deveres associados a direitos, quer sobretudo
dos deveres autónomos, provêm-lhes de serem causas constitucionalmente legítimas
de restrição dos direitos.
Podem, de resto, funcionar como autorizações constitucionais para a intervenção
restritiva dos preceitos respeitantes aos direitos, liberdades e garantias.
Artigo 31º Habeas corpus
1. Haverá habeas corpus contra o abuso de poder, por virtude de prisão ou
detenção ilegal, a interpor perante o tribunal judicial ou militar, consoante os
casos.
2. A providência de habeas corpus pode ser requerida pelo próprio ou por
qualquer cidadão no gozo dos seus direitos políticos.
3. O juiz decidirá no prazo de oito dias o pedido de habeas corpus em audiência
contraditória.
In dubio pro reo significa que, na dúvida, é-se a favor do réu. Expressa o princípio
jurídicos da presunção da inocência, que diz que em casos de dúvidas (por exemplo,
insuficiência de provas) favorece-a o réu.
PODER POLÍTICO: Atividade [desenvolvida] ... para manter unido um grupo, para
protegê-lo, organizá-lo e aumentá-lo, para escolher aqueles de entre todos que
tomam as decisões e as regras para o efeito, para a distribuição dos recursos,
prestígio, valores...
PODE HAVER PODER POLÍTICO SEM ESTADO?
Em toda tribo a um "chefe" seja ele o guerreiro mais forte (poder político-militar) o
guru com poderes mágicos (poder político-religioso) o mais experiente velho e sábio
(poder político-científico), logo, pode haver poder político, sem Estado, mas não
Estado sem poder político.
Aristóteles: a Pólis como Cidade-estado
Para Aristóteles a Polis (grupo organizado por famílias que exigiam auxilio mutuo,
relacionado com o sucesso militar ou comercial em prol do bem comum), era derivada
da família/comunidade, da interação/sociabilidade e de normas.
Segundo Aristóteles a melhor forma de governo, era a que melhor se adaptava à
Polis (Comunidade Política).

 Monarquia (tirania) – governo de um só;

 Aristocracia (oligarquia) – governo dos escolhidos;

 Democracia (demagogia) – governo dos cidadãos.

Formas de Governo:
Monarquia Despotismo República

Governo de 1 Governo de 1, sem leis Governo do povo


+ Respeito às leis; nem regras, aplica o + Respeito às leis;
+ Honra medo + Virtude
Território Médio Império Território Pequeno

VIRTUDE:
- Devotamento ao Aristocracia Democracia
bem comum;
- Sentido de
República serviço público.
Legislativo
QUANDO NÃO HÁ
VIRTUDE: Executivo

- Separação de Judicial
poderes.

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