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CONTRIBUIÇÕES REFERENTES À AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 80/2017 (2ª FASE)

NOME DA INSTITUIÇÃO: APINE

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL

ATO REGULATÓRIO: Resoluções Normativas nº 389, 390 e 391, todas de 2009, e nº 672 e 676, ambas de 2015

EMENTA: Obter subsídios com vistas a consolidar, em ato normativo único, as Resoluções
Normativas nº 389, 390 e 391, todas de 2009, e nº 672 e 676, ambas de 2015, de modo a
simplificar os procedimentos de submissão e a análise dos requerimentos e a gestão de outorga
dos empreendimentos de geração de energia elétrica.
I. DESPACHO DE REGISTRO DE REQUERIMENTO DE OUTORGA (“DRO”)

O instrumento da DRO é ato instituído pela ANEEL por meio da Audiência Pública nº 041/2009 com intuito de facilitar a
tramitação das providências necessárias para implantação pelos interessados em instalações de geração antes da emissão do ato
de outorga. Segundo o objetivado à época, a criação desta ferramenta intermediária permitiria que, uma vez registrado perante a
Agência, o empreendimento pudesse ter sua conexão, licenciamento ambiental e financiamento avençados perante os órgãos e
instituições competentes de forma facilitada, sem a obrigação vinculante da efetiva de implantação.

Pela atual prática verificada, sobretudo no que concerne centrais eólicas e fotovoltaicas, tal ato formal preliminar tem sua
função resumida ao cumprimento do requisito necessário para solicitação da informação de acesso perante o ONS ou
distribuidora. Isto posto, vislumbra-se a possibilidade de aprimoramento e compactação do processo de autorização mediante
uma das soluções abaixo proposta:

(i) Utilização de sistema comum entre agentes, ANEEL, ONS e distribuidoras, onde o pedido de DRO e de informação de
acesso passe a ocorrer de forma simultânea, por fluxos paralelos de análise da documentação aportada. O mesmo
sistema poderia, mais tarde, funcionar para instrução também do pedido de outorga, conforme abaixo dirimido;

(ii) Subsidiariamente, a fim de viabilizar o disposto no Art. 6º, § 3° da “Minuta de Resolução Autorizativa - Demais
fontes“, sugere-se que a mera comprovação do protocolo completo da documentação necessária à análise da
outorga sirva para uns fins hoje dedicados à DRO. Neste formato, um prazo preliminar de sugeridos 15 (quinze
dias) seria contado para que a ANEEL ateste ter recebido todo o conteúdo, sendo a análise aprofundada viabilizada
nos dias subsequentes, de maneira paralela às demais tratativas de implantação pelo agente interessado.
Sendo certo ainda que os documentos constantes do Anexo I e II são atualmente alvo de análise dupla e consecutiva
- primeiro durante a fase de DRO e, logo após, durante o Pedido de Outorga de Autorização, geralmente
operacionalizada por técnicos e analistas diferentes - o formato ora proposto pouparia carga de retrabalho da
equipe técnica ANEEL.
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Hoje, sem termo normatizado para apreciação, é também relevante que sejam regulamentados de forma transparente os
prazos de análise já praticados internamente pela SCG/ANEEL e divulgados via CPSCG
(http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/CPSCG/), ao que se se propõe a adoção dos seguintes:

• 20 (vinte) dias para análise da DRO quando protocolada de forma exclusiva;

• 15 (quinze) dias quando protocolados na forma do Art. 6º, § 3° da “Minuta de Resolução Autorizativa - Demais
fontes“, seguindo o formato proposto no subitem (ii) acima.

II. PEDIDO DE OUTORGA DE AUTORIZAÇÃO

De forma similar ao que ocorre para a DRO, o prazo para análise do Pedido de Outorga de Autorização também segue sem
prazos formalmente regulamentados, ao que se se propõe a adoção de regulamentares 120 (cento e vinte dias) para exame e
deferimento ou não do pedido, reiniciáveis caso identificada necessidade de complementação da documentação originalmente
aportada.

Hoje constituído por duas etapas – registro de recebimento do requerimento (DRO) e solicitação de outorga – o processo
de autorização poderia ser compactado ao se permitir que, em utilizando o sistema de acesso comum à ANEEL, ao ONS e à
distribuidora – já acima proposto, o agente obtivesse DRO e informação de acesso simultaneamente, por fluxos paralelos de
análise da documentação aportada.

Neste sentido, a fim de viabilizar os prazos de análise por ora sugeridos, propõe-se a criação de um sistema único, ou,
subsidiariamente, sistemas que comuniquem entre si, no qual o agente interessado se responsabilize por todo input de

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informações, sendo alertado instantaneamente sobre eventual inconformidade, permitindo melhor comunicação fática com o
órgão regulador, sobretudo, no que diz respeito a prazos e pendências. Frisa-se que a implantação de sistemas deste gênero pelo
ONS, pela EPE e mesmo pela ANEEL demonstrou-se benéfico a sinergia destes órgãos com os agentes, haja vista o aprimoramento
dos prazos de análise de solicitações de acesso realizadas via SGAcesso e de cadastramento e solicitação de alteração de
características técnicas via AEGE.

Ainda sobre a etapa da autorização, visando um processo mais simplificado, no qual a responsabilidade pela declaração
das informações é integralmente atribuída ao gerador, sugere-se as seguintes:

• Padronização das solicitações e formatos de envio das informações;

• Unificação de documentos de conteúdo similar, tais como Ficha Técnica / Sumário Executivo / Cronograma que
hoje contemplam dados repetidos sobre a implantação e características dos empreendimentos em autorização;

• Viabilização de sistema automatizado, nos moldes do AEGE da EPE, por exemplo que alerte instantaneamente as
pendências na documentação técnica entregue pelo agente, de modo a reduzir os fluxos de comunicação e permitir
que o agente e o Regulador consigam controlar os prazos associados.

Outra medida que traria ganho significativo, de cerca de 30 dias, é a possibilidade de emissão da outorga pelo
Superintendente de Concessão de Geração, evitando que o processo passe por aprovação da diretoria, dado que, atualmente,
somente entre as etapas de sorteio do Diretor Relator até a deliberação do processo em Reunião Pública Ordinária verifica-se um
tempo superior a 3 semanas.

Adicionalmente, ressaltamos que conforme disposto no § 6º do art. 6º da Resolução 391/2009, a solicitação de DRO é
optativa, podendo o interessado solicitar diretamente a outorga de autorização. No entanto, o DRO é obrigatório para a
solicitação de informação de acesso junto ao ONS, documento este necessário para a solicitação de outorga na ANEEL, ou seja, o

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pedido de DRO não é opcional. Neste cenário, entendemos que esse parágrafo deveria ser suprimido da referida Resolução
visando tornar o processo mais claro.

III. GARANTIA DE FIEL CUMPRIMENTO

Em linha ao já pleiteado no interim da Carta DPR 243/2019, protocolada pela APINE em 27 de junho de 2019, sugere-se,
em isonomia ao hoje já adotado para as demais fontes e também verificado como prática em Leilões de Energia Nova, que seja
incluída a exigência da apresentação de garantia de fiel cumprimento aos empreendimentos solares fotovoltaicos. Valores,
condições de aporte e substituição seriam similares aos já averiguados às demais fontes, onde entende-se que o montante
cobrado pela garantia não deva ultrapassar 5% (cinco por cento) do valor total do investimento dispendido à implantação do
parque em análise de outorga, sendo possível a substituição da garantia por outras, de valores progressivamente menores, à
medida que forem sendo atingidos os marcos de implantação do empreendimento, ao que se sugere que sejam verificados os
seguintes marcos para liberação parcial das garantias:

i. Redução de 10% (dez por cento) do valor originalmente aportado após o início das obras civis das estruturas;

ii. Redução de 40% (quarenta por cento) do valor originalmente aportado após o início da montagem dos painéis
fotovoltaicos;

iii. Redução de 60% (sessenta por cento) do valor originalmente aportado após o início da operação em teste da 1ª
unidade geradora; e

iv. Liberação de 100% (cem por cento) do valor originalmente aportado ao final do 6º mês posterior ao do início da
operação comercial da última unidade geradora

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Espera-se que a iniciativa possa promover maior previsibilidade do regulador sobre a expansão da fonte, evitando a
judicialização de eventuais penalizações de agentes por descumprimento e o bloqueio indevido de margens de escoamento de
energia.

IV. REQUERIMENTO DE ENQUADRAMENTO REIDI E PROJETO PRIORITÁRIO

Os empreendimentos sagrados vencedores de leilões ocorridos em ambiente regulado contam hoje com outorgas que já
postulam seus enquadramentos no regime de isenção fiscal do REIDI, bem como enquanto projeto prioritário, já concedidos pelo
MME em um ato uno. A evolução mostrou ganhos efetivos aos agentes que, dotados de tais autorizações de forma antecipada,
puderam, na mesma proporção, aprimorar seus prazos de construção.

Para as centrais geradoras dedicadas ao mercado livre, no entanto, entende-se ainda haver margem para aprimoramento
do processo de análise ANEEL dado que, hoje, o pleito de enquadramento REIDI, ainda que solicitado de forma conjunta ao
requerimento de outorga, só se inicia quando a resolução autorizativa tem sua numeração publicada. O processo REIDI é então
instruído por técnico diferente daquele que já analisou os documentos do requerimento de outorga, o que o torna mais moroso.
Em função disto, propõe-se análise paralela e simultânea do pedido de outorga e do enquadramento REIDI no curso de um
processo único na ANEEL, sendo a exigência da numeração da Resolução Autorizativa da usina o último requisito a cumprir para
encaminhamento deste à publicação do MME.

Sugere-se, de forma similar ao proposto para o REIDI, que o ato de resolução autorizativa concedido à empreendimentos
do Ambiente livre carregue consigo Certidão de Adimplemento de Obrigações Setoriais da Concessionária emitida pela ANEEL, de
forma que o mesmo possa ser de imediato aproveitado para solicitação de enquadramento enquanto prioritário perante o MME.

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Destaca-se, em última análise, que a adoção da sugestão de um sistema de acesso comum para análise dos atos
autorizativos, reproduzido o hoje já viabilizado para cadastramento dos empreendimentos e alteração de características técnicas,
em linha com o até aqui proposto, permitiria a análise sem ruídos dos atos de enquadramento aqui tratados.

Certos de contarmos com vossa habitual atenção, renovamos nossos protestos de consideração.

Atenciosamente,

APINE.

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