UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
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Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
231.044
R974t Ruthes, Vanessa Roberta Massambani
Teologia moral e ética / Vanessa Roberta Massambani
Ruthes. Indaial: UNIASSELVI, 2017.
138 p. : il.
ISBN 978-85-69910-77-0
1.Teologia.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Vanessa Roberta Massambani Ruthes
APRESENTAÇÃO........................................................................... 01
CAPÍTULO 1
Introdução à Ética Cristã........................................................... 09
CAPÍTULO 2
História da Moral Cristã............................................................. 53
CAPÍTULO 3
A Moral Revelada e a Moral Renovada..................................... 79
CAPÍTULO 4
A Lei Moral.................................................................................. 105
APRESENTAÇÃO
O presente livro “Teologia Moral e Ética”, tem por objetivo apresentar a
temática de Teologia Moral e Ética de forma clara, objetiva e didática, buscando
proporcionar uma reflexão mais ampla sobre os temas abordados. Nesta
perspectiva, a partir de grupos temáticos, diferentes assuntos foram abordados.
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
Contextualização
Estudar a teologia moral e a ética é um esforço que precisamos empreender
para entendermos as atitudes e disposições morais no nosso cotidiano. Uma ação
moral implica consequências e, por conseguinte, responsabilidades.
Vamos caminhar juntos nesta discussão muito importante para nossas vidas
e nossa construção do conhecimento humano. Vamos descobrir um pouco mais
sobre ética e moral cristã durante este curso.
No dia a dia utilizamos a palavra ética para indicar aquilo que consideraríamos
correto. Por exemplo, quando designamos uma pessoa como ética, estamos
concordando com suas atitudes e seus valores. Entretanto, a ética enquanto
conceito é muito mais ampla.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
A ética, por sua vez, pode ser debatida e discutida, entendida como o hábito
de um povo, ou de um grupo de pessoas, ela sempre pode ser deliberada e
renovada na medida da qualidade dos debates decorrentes. Embora pareça muito
diferente da moral, no cotidiano é muito difícil distinguir a prática moral da ética.
Por isso sugerimos que a moral seja pensada como algo a ser cumprido sem
necessária discussão, e a ética como algo a ser refletido.
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
De acordo com Moser (1996), há uma estreita ligação entre moral e ética.
Segundo o pensador brasileiro, a moral e a ética possuem duas fontes: uma
que é inteiramente religiosa e a outra que é filosófica. Ambas têm o papel de
proporcionar a construção dos hábitos e da configuração de um sentido.
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Em sua infinita bondade, Deus não nos abandonou, ele continuou a seguir os
nossos passos e confirmar a sua vontade de nos levar para junto dele. Por mais
paradoxal que possa parecer, toda vez que nos afastamos dele, Ele nos procurou
e apresentou sua proposta de salvação.
Nas discussões acerca da moral e da ética cristã estes dilemas sempre estão
presentes, sendo pauta de estudos da Teologia Moral, que é uma forma de leitura
do comportamento humano a partir da ótica da religiosidade.
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
Liberdade e a Responsabilidade no
Agir Moral
A questão da liberdade é um tema central para a reflexão ética, tendo em
vista que ela é que pressupõe a possibilidade da ação moral. O ser humano só
pode ser considerado como um sujeito do agir moral se suas atitudes partirem de
uma escolha livre.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
A liberdade, nesta
Aqueles que defendem o determinismo entendem que tudo na
perspectiva, não
realidade concreta está submetido a uma ordem natural que dá a si é entendida como
mesma suas leis, regras e normas. Assim, sendo o ser humano parte uma livre escolha
da natureza, ele estaria submetido a estas. Neste ponto, poderíamos da pessoa, mas é a
afirmar que para o determinismo não há a possibilidade de liberdade necessidade de agir
na ação, tendo em vista que os condicionamentos externos são um em concordância
com sua natureza e
impeditivo para o exercício dela.
o ordenamento que
possui.
Mas é necessário compreender que para estes pensadores esta
ordem natural não é apenas externa, mas também interna. A pessoa, como parte
integrante da realidade concreta do mundo, também está submetida a esta ordem
e ela é que interiormente rege as ações humanas. A liberdade, nesta perspectiva,
não é entendida como uma livre escolha da pessoa, mas é a necessidade de agir
em concordância com sua natureza e o ordenamento que possui.
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Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
No que diz respeito à noção cristã de liberdade, é preciso esclarecer que ela
não se fundamenta em nenhuma das visões aqui apresentadas. Ela é entendida a
partir de um ponto de vista soteriológico, ou seja, por meio da salvação oferecida por
Deus aos seres humanos na pessoa de Cristo. É Nele que a pessoa encontra seus
sentidos e valores e é chamada a viver de forma responsável em busca da santidade.
Quem desenvolveu uma vasta apreciação sobre o tema da liberdade foi São
Paulo, em suas epístolas. Para ele, a existência cristã nada mais é que uma vida
de profunda experiência da liberdade. O cristão liberto por Jesus, não apenas das
amarras do pecado e da morte, mas também da escravidão da lei, é chamado a
viver uma vida em Cristo, que tem como pilares a busca da santidade e o serviço
à justiça (Rm 6, 18-23).
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
Consciência Moral
Nas diferentes circunstâncias que a vida apresenta somos impelidos a
fazer escolhas. Estas devem estar fundamentadas em um agir autônomo, livre e
responsável. Para que isto seja possível, fazemos uso da consciência moral.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
O primeiro tipo de uso define o agir orientado através de fins, do resultado que
se deseja obter. Esse tem como princípio a eficácia e procura sanar a necessidade
de um indivíduo, ou um grupo pequeno inserido em uma coletividade.
O uso ético da razão prática é aquele que busca o que é considerado bom
para toda uma sociedade, as ações visam ao bem-estar de todos. Contudo, tal
uso não estabelece uma ruptura com a visão individualista e egocêntrica, pois
“a vida boa para mim toca também às formas de vida que nos são comuns”
(HABERMAS, 1989, p. 9). Assim, a vida boa é definida pelo grupo social ao qual
o indivíduo pertence, trata-se de um ideal coletivo ancorado na tradição, ao qual é
necessário integrar-se.
Entretanto, esta estrutura própria da consciência moral não é algo inato, mas
vai sendo desenvolvido pelo ser humano. Segundo Pighin (2005), este processo
de elaboração ocorre a partir de três dinamismos psicossociais.
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
Atividade de Estudos:
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
Nesta perspectiva é que podemos falar de uma moral revelada, pois a lei
moral presente nas Escrituras é parte deste processo de revelação e se constitui
um caminho por meio do qual a criatura se aproxima do Criador.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
Atividade de Estudos:
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Deus ↔ Israel
Deus
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Israel
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A abordagem moral realizada nos livros proféticos, por sua vez, não
A abordagem moral traz elementos novos à compreensão àquela feita por meio da lei. Mas,
realizada nos livros como portadores da mensagem de Deus, os profetas acabam por incidir na
proféticos. conduta moral do povo. Isto ocorre em situações de correção de conduta.
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
Por fim, a abordagem moral realizada nos Livros Sapienciais difere A abordagem moral
das anteriores, pois seu conteúdo pode ser considerado como amplo, realizada nos Livros
abordando diversos aspectos da vida e a necessidade do cultivo da Sapienciais.
modéstia e da sabedoria. Por este motivo, encontramos em poucas
passagens uma reflexão fundamentada no interdito, sua estrutura argumentativa
proporciona o oferecimento de conselhos, e o estabelecimento de máximas que
promovem a deliberação sobre os aspectos da existência.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
Nesta perspectiva Jesus apresenta uma nova perspectiva moral, que não
se fundamenta na negação da antiga Lei, ou na formação de um novo estatuto
normativo, mas, sim, dar-lhes seu pleno cumprimento (Mt. 5, 17). Em especial,
no Evangelho de Mateus encontramos várias ocasiões nas quais Jesus se
posicionava frente à lei de Moisés buscando dar-lhe uma nova interpretação.
Dentre estas, em especial, vamos abordar a que Jesus trata do tema do divórcio.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
Atividade de Estudos:
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Algumas Considerações
Como vimos ao longo deste capítulo, estudar teologia moral e a ética é um
esforço que precisamos empreender para entendermos as atitudes e disposições
morais no nosso cotidiano, bem como na moral cristã, o que implica termos um
conhecimento histórico e teológico sobre a Sagrada Escritura.
Referências
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 2. ed. Brasília: Universidade de Brasília,
1992.
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Capítulo 1 Introdução à Ética Cristã
PIGHIN, Bruno. Fundamentos da moral cristã. São Paulo: Ave Maria, 2005.
51
TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
VIDAL, Marciano. Caminhos para a ética cristã. Trad. Antonio Silva. Aparecida:
Santuário, 1989.
VIDAL, Marciano. Novos caminhos: da crise moral, à moral crítica. Trad. Isabel
Fontes Leal Ferreira. São Paulo: Paulinas, 1978.
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C APÍTULO 2
História da Moral Cristã
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Capítulo 2 História da Moral Cristã
Contextualização
Nesta nossa seção de estudos, vamos nos dedicar a conhecer o itinerário
histórico pelo qual a moral cristã foi desenvolvida durante os seus mais de 20 séculos.
Tendo em vista esta dinâmica, podemos afirmar que a moral cristã, em todo o
percurso histórico que realizou, teve muitos e variados problemas e preocupações
teóricas e práticas sobre o comportamento humano e a sua adequação com o
conteúdo da fé.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Desta forma, não bastava apenas cumprir os dez mandamentos, mas era
necessário que a essência destes fizesse parte da vida da pessoa. Dentre os
exemplos apresentados na passagem que mencionamos, há vários que nos são
dados pelo próprio Cristo. Todos estes procuram demonstrar a importância de
amplificar a compreensão moral e perceber que esta não se relaciona apenas
com atos externos ou preceitos a serem cumpridos, mas principalmente com
aquilo que está presente no coração humano.
Atividade de Estudos:
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Capítulo 2 História da Moral Cristã
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Capítulo 2 História da Moral Cristã
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Capítulo 2 História da Moral Cristã
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
A era dos penitenciais se encerrou por volta do ano de 1140, com o Decreto
de Graciano, uma compilação das normas canônicas existentes que tinha como
objetivo organizar um corpo jurídico considerado canônico.
A Escolástica e o Reavivamento da
Teologia Moral
A partir do século XII a teologia passa por um processo de reavivamento,
este é devido a um conjunto de fatores que englobam em si o fervor cultural
que culminou com o surgimento das universidades e a renovação espiritual
do monarquismo. As reflexões no campo da moral retomam o ciclo de
desenvolvimento, em um primeiro momento a partir das escolas monásticas e
posteriormente das universidades.
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Capítulo 2 História da Moral Cristã
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 2 História da Moral Cristã
A Escola de Salamanca e a
Companhia de Jesus
No século XVI, uma série de teólogos, pertencentes à Universidade de
Salamanca, dedicaram-se ao estudo da moral. Eles, segundo Pighin (2005, p. 63),
“representam o ponto de encontro entre o ockhamismo, como atenção à situação
concreta, o humanismo, como empenho de redescoberta das fontes, e o tomismo,
como linha central do pensamento”.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Neste período entre os séculos XVI e XIX são estruturados diversos sistemas
morais, que têm sua origem com o objetivo de fornecer ao agir humano normas que
assegurem que as escolhas estejam fundamentadas na lei. Com a preocupação
de auxiliar nas questões práticas da moral, os sistemas morais buscam formar a
consciência para que se encontre o justo meio entre liberdade e lei.
Atividade de Estudos:
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 2 História da Moral Cristã
A Escola de Tübingen
O século XIX é marcado por uma série de mudanças políticas, sociais,
econômicas e científicas. A Revolução Francesa e a Revolução Industrial,
pautadas nos princípios do Iluminismo, iniciam um processo de renovação que
se configura como orgânica. No campo da moral, tanto no que tange à reflexão
e à prática, há uma aspiração profunda pela liberdade. Esta é preconizada pelas
filosofias que se fundamentam na autonomia da razão humana para afirmá-la.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
A Moral Renovada
Este processo de renovação moral deu origem ao movimento que
Surge em oposição
historicamente ficou conhecido como Moral Renovada. Esta surge em
ao modelo moral
que foi formado na oposição ao modelo moral que foi formado na teologia ao longo da história
teologia ao longo que até agora analisamos.
da história que até
agora analisamos. Suas origens estão na década de 1930, e tem no teólogo Bernard
Häring uma de suas referências. Ele possuía um método de trabalho
interdisciplinar, procurava levar em consideração as diversas áreas do saber e, em
especial, as ciências humanas. A dimensão evangélica é considerada acadêmica e
ao mesmo tempo pastoral.
Assim, a alteridade também constitui parte da Moral Renovada, uma vez que
a liberdade e responsabilidade constituem a autonomia da consciência, sendo
esta parte da categoria básica dos princípios morais e religiosos do sujeito ético,
como é apresentada pelo teólogo.
Atividade de Estudos:
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 2 História da Moral Cristã
Algumas Considerações
A partir deste itinerário que percorremos, é importante salientarmos que a moral
cristã se constituiu em seu início um sinal de contradição social tanto no âmbito
do judaísmo quanto do Império Romano. Sua proposta, que unia a vida espiritual
e moral, foi uma verdadeira revolução no campo da moralidade, mas ao mesmo
tempo não foi aceita de forma ampla e generalizada pela sociedade de então.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Referências
AGOSTINHO. A correção e a graça. São Paulo: Paulus, 1999.
AGOSTINI, N. Teologia Moral Hoje. Para uma Catequese Renovada. In: CNBB.
Catequistas para a catequese com adultos: Processo formativo. 1. ed. São Paulo:
Paulus, 2007.
TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica vol. III. São Paulo: Loyola, 2009.
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C APÍTULO 3
A Moral Revelada e a Moral Renovada
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Capítulo 3 A Moral Revelada e a Moral Renovada
Contextualização
Até a primeira metade do século XX, predominou no Cristianismo uma
Teologia Moral que buscava, a partir de um pressuposto universal, dar um caráter
unitário à moral. Esta reflexão moral tinha como fundamento o aspecto ontológico
presente nas diversas concepções teológicas e que fundamentavam a doutrina
sobre a natureza da criação e da natureza humana.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 3 A Moral Revelada e a Moral Renovada
A partir desta dimensão, pode-se afirmar que a Lei, para Paulo, já Como uma ordem
universal que rege
não pode ser entendida somente em seu sentido veterotestamentário,
a todos os seres
mas sim em seu sentido natural: como uma ordem universal que rege a criados, inclusive o
todos os seres criados, inclusive o humano. humano.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 3 A Moral Revelada e a Moral Renovada
No que se refere à moralidade, cabe salientar que ela possui É a lei interior que
como escopo a manutenção da reta ordem estabelecida por Deus na rege a vida moral da
realidade, pois esta se identifica com a bondade objetiva, ao passo que pessoa humana em
harmonia com as
o mal consiste na transgressão culposa, ou seja, a partir da escolha
normas eternas da
consciente da pessoa, desta mesma ordem. divina sabedoria.
Tal constatação nos permite inferir que os erros morais surgem a partir
do mau uso do livre-arbítrio. “A transgressão da lei divina, o pecado, teve por
consequência a rebelião do corpo contra a alma” (GILSON, 2006, p. 154), sendo
que o homem não possui, por si, forças próprias para suplantar esta dimensão. É
necessário a ele o auxílio divino, o auxílio premente da graça. “A iluminação divina
não se limita a nos prescrever regras de ação (...) ela nos dá também o meio de
as colocar em prática” (GILSON, 2006, p. 249).
A virtude tem como função regrar a vida humana: discernir o bem do mal
e evitar todo erro na escolha do que se deve fazer. Desta maneira, o homem
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
crente torna-se capaz de alcançar o bem, a partir de uma vida conforme a lei.
Assim, podemos constatar que Agostinho insere, na dinâmica da moralidade,
a necessidade da vivência segundo a lei natural, contudo, com uma diferença:
esta só pode ser vivida na liberdade, em uma liberdade que se vê necessitada da
graça para que o escopo da vida humana possa ser atingido: a manutenção da
reta ordem para o alcance da felicidade.
Poderíamos questionar: tal estrutura não constitui uma ordem natural doada
à realidade pelo Criador à qual todas as criaturas estão submetidas? Bem, se
entendermos que esta ordem é a expressão da razão universal que a tudo rege,
podemos afirmar que sim.
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Capítulo 3 A Moral Revelada e a Moral Renovada
“Os pagãos, que não têm a lei, fazendo naturalmente as coisas que
são da lei, embora não tenham a lei, a si mesmos servem de lei; eles
mostram que o objeto da lei está gravado nos seus corações, dando-
lhes testemunho a sua consciência, bem como os seus raciocínios,
com os quais se acusam ou se escusam mutuamente. Isso aparecerá
claramente no dia em que, segundo o meu Evangelho, Deus julgar as
ações secretas dos homens, por Jesus Cristo” (Rm. 2, 14-16).
Por esta dedução, podemos afirmar que a lei eterna, entendida como razão
divina, é a fonte da qual a lei natural recebe a sua validade: “[...] todas as leis,
enquanto participam da razão reta, nessa medida derivam da lei eterna” (TOMÁS
DE AQUINO, 2005. Sth. II, I, q. 93, a. 3). Tal compreensão nos permite concluir
que a lei eterna, para Tomás de Aquino, é a norma suprema dos atos humanos.
Ela tem como finalidade conduzir o homem à beatitude, não somente em seu
sentido individual, mas também comunitário, pois: “como toda parte se ordena ao
todo como o imperfeito ao perfeito e cada homem é parte da comunidade perfeita,
é necessário que a lei propriamente vise à ordem para a felicidade comum”
(TOMÁS DE AQUINO, 2005. Sth. II, I, q. 90, a. 2).
Assim, o bem de todos os seres criados, do qual o ser humano faz parte, é
resultado de sua escolha em agir conforme a ordem doada à realidade por Deus e
à lei por ele estabelecida na realidade.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Figura 2 - Decálogo
Nas várias alianças que Deus estabeleceu com seu povo, a do Sinai tem um
significado, no campo da moral, muito importante, tendo em vista a compreensão da
vivência segundo a Lei divina. A Moisés são repassadas as tábuas da lei, nelas foram
inscritos os dez mandamentos. Estes são o sinal do vínculo do povo com Deus, a
partir da vivência dos mesmos eles estarão demonstrando sua fidelidade e devoção.
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Capítulo 3 A Moral Revelada e a Moral Renovada
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 3 A Moral Revelada e a Moral Renovada
II. Este, como já vimos, objetivava, tendo em vista as necessidades dos tempos,
uma mudança de paradigma frente à forma de análise e abordagem teológica
(VIDAL, 1989, p. 26).
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Neste contexto podemos afirmar que dois são os aspectos centrais nos quais
se fundamenta esta mudança de paradigma da reflexão da teologia moral: um
antropológico e outro cristológico.
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Capítulo 3 A Moral Revelada e a Moral Renovada
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Assim, logo após o Concílio Vaticano II, coube aos teólogos, em comunhão
com o Magistério da Igreja, o trabalho de sistematizar a área da Teologia nos
caminhos da renovação.
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Capítulo 3 A Moral Revelada e a Moral Renovada
Atividade de Estudos:
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Capítulo 3 A Moral Revelada e a Moral Renovada
Atividade de Estudos:
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Algumas Considerações
Sabemos que a presente temática de estudo é ampla e complexa, precisando
assim de mais tempo e de espaço para reflexão e pesquisa. Nesta perspectiva, o
presente material se coloca na condição de introdução ao referido tema de Moral
Revelada e Moral Renovada.
Esperamos que com este trabalho possamos ter contribuído de alguma forma
positiva para o processo de formação dos leigos, religiosos, pastores, presentes e
atuantes na Igreja e no Reino de Deus.
Referências
AGOSTINI, Nilo. Teologia Moral Hoje: Moral Renovada para uma Catequese
Renovada. CNBB - Catequistas para a catequese com adultos: Processo
formativo. 1. ed. São Paulo: Paulus, 2007.
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Capítulo 3 A Moral Revelada e a Moral Renovada
VIDAL, Marciano. Caminhos para a ética cristã. Trad. Antonio Silva. Aparecida:
Santuário, 1989.
______. Novos Caminhos: da crise moral à moral crítica. Trad. Isabel Fontes
Leal Ferreira. São Paulo: Paulinas, 1978.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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C APÍTULO 4
A Lei Moral
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Capítulo 4 A Lei Moral
Contextualização
No âmbito da Teologia Moral, a temática da lei se constiti deveras central.
Isto se deve à estrutura própria do processo de constituição da reflexão moral.
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
• Lei civil.
• Lei mosaica escrita nos livros do Antigo Testamento.
• Degeneração da lei mosaica em um sistema ético-normativo suprimido
por Cristo.
• Intervenções históricas de Deus que o homem deve conhecer e acolher
como normativas para sua vida (PIGHIN, 2005, p. 233).
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Capítulo 4 A Lei Moral
Neste sentido, ele apresenta duas perspectivas a partir das quais podemos
entender a lei moral: a lei eterna e a humana.
Outro grande pensador que versou sobre a lei moral foi Tomás de Aquino.
Em sua Summa Theologica, ele a apresenta como uma norma de vida, que tem
a finalidade de conduzir os seres humanos à bem-aventurança. Fundamentando
sua análise na primazia da razão, afirma que esta se constitui o princípio da ação
humana e, consequentemente, a lei que regula as suas atividades é regulada
pela razão. Assim, os atos serão bons ou maus, certos ou errados, se estiverem
conforme a razão divina e humana, fonte de sua perfeição e bondade.
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Capítulo 4 A Lei Moral
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Capítulo 4 A Lei Moral
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
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Capítulo 4 A Lei Moral
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
No Novo Testamento, por sua vez, a temática da lei natural está presente
principalmente nos Evangelhos e nas cartas paulinas. No que tange ao primeiro
conjunto de livros, percebemos em inúmeras passagens que a mensagem da Boa
Nova não estava direcionada apenas para o povo judeu.
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Capítulo 4 A Lei Moral
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Soma: que para nós indica a realidade corporal. “Ele não deve
ser entendido somente em seu sentido físico, como um organismo
material, mas como uma corporificação da pessoa. Esta se constitui
como tal em determinado ambiente, com o qual estabelece um
relacionamento experiencial, ou seja, “é o eu corporificado, o meio
com o qual eu e o mundo agimos um sobre o outro. (...) O corpo
é o meio dessa interação e cooperação” (DUNN, 2003, p. 87)”. [...]
“vós sois o corpo de Cristo e sois os seus membros” (1Cor. 12,
27) indicando, desta forma, que os atos corporais demonstravam
a fidelidade e o caráter do seu compromisso moral e discipulado”
(RUTHES, 2011, p. 45).
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Capítulo 4 A Lei Moral
Para Paulo, o ser humano, entendido como nous, é acima de tudo “um eu
que é sujeito de seu querer e agir” (BULTMANN, 2004, p. 268). Como tal, busca
na realidade criada o bem para si. Como não pode alcançá-lo em sua plenitude,
vai gradualmente adquirindo para si o bem por meio de suas ações e escolhas
(BULTMANN, 2004, p. 322). Como Paulo afirma na Carta aos Romanos:
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
Por fim poderíamos nos questionar, tendo em vista também o cenário moral
apresentado pelo Novo Testamento, qual seria o conteúdo deste bem que a
vivência da lei natural propicia. Diversas poderiam ser nossas respostas. Mas,
utilizando ainda Paulo como referência, podemos afirmar que os princípios que
fundamentam a noção de bem são: o amor, a alegria, a paz, a benignidade, a
bondade, a fidelidade, a mansidão, a castidade, entre outros (Gal. 2, 22-23).
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Capítulo 4 A Lei Moral
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TEOLOGIA MORAL E ÉTICA
A partir destas afirmações podemos inferir uma forma como a questão da lei
natural pode permear a filosofia do estagirita: o Motor Imóvel outorga à realidade
o movimento, este se constitui na passagem do ser em potência para o ser em
ato, com a finalidade de atingir a sua completude. Sendo importante especificar
que a lei natural não se constitui no movimento, mas na tendência final que o ser
possui para sua autorrealização.
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Capítulo 4 A Lei Moral
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por meio dos bens que se apresentam, sendo mister ressaltar que tal atitude o
insere na dimensão da moralidade. Pois, além de viver direcionado para um fim
próprio, ele é capaz de conhecê-lo” (RUTHES, 2011, p. 63).
Assim, podemos concluir que, para Tomás de Aquino, a lei eterna, entendida
como razão divina, é a fonte da qual a lei natural recebe a sua validade: “...todas
as leis, enquanto participam da razão reta, nessa medida derivam da lei eterna”
(TOMÁS DE AQUINO, 2005. Sth. II, I, q. 93, a. 3).
Tal compreensão nos permite afirmar que a lei divina-natural, para Tomás de
Aquino, é a norma suprema das ações humanas, que está presente e baseada
na racionalidade: “A regra e a medida dos atos humanos é, com efeito, a razão,
a qual é o primeiro princípio dos atos humanos, (...) cabe, com efeito, à razão
ordenar este fim, que é o primeiro princípio do agir” (TOMÁS DE AQUINO, 2005.
Sth. II, I, 90, 1). Ela tem como finalidade conduzir o homem à beatitude, não
somente em seu sentido individual, mas também comunitário, pois: “como toda
parte se ordena ao todo como o imperfeito ao perfeito e cada homem é parte
da comunidade perfeita, é necessário que a lei propriamente vise à ordem para
a felicidade comum” (TOMÁS DE AQUINO, 2005. Sth. II, I, q. 90, a. 2). Assim,
a conservação e o bem dos seres, inclusive o ser humano, é resultado de sua
permanência na reta ordem imputada, sendo o contrário, ou seja, a desagregação
e o mal dos seres, também válido (RUTHES, 2011, p. 65).
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Häring afirmava que a “lei natural não é uma simples coleção de normas”,
mas sim uma “exigência positiva de uma conduta que corresponda à nossa
essência de criatura humana” (HÄRING, 1965, p. 30). Ressaltava a necessidade
de entender o conceito de lei natural como imutável, contudo, destacava o dever
de compreender a natureza humana como uma realidade inserida na história,
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Por fim, Javier Gafo insere a temática da lei natural na reflexão sobre as
tecnologias de reprodução assistida. É importante salientar que tendo em vista
que o matrimônio tem como um de seus fundamentos a naturalidade, o princípio
unitivo entre os esposos, as tecnologias de reprodução assistida são condenadas.
Mas este teólogo, no mesmo caminho reflexivo produzido por Häring e Vidal, afirma:
Atividade de Estudos:
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Algumas Considerações
Procuramos, neste rápido e curto capítulo que estuda e analisa a questão
da Lei Moral, compreender como a Lei Natural influencia a constituição da moral
cristã; esclarecer quais são as bases conceituais que fundamentam a Lei Natural
e, por fim, analisar a forma como a Lei Natural é utilizada para pressupor conceitos
e doutrinas da moral cristã.
Referências
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LACOSTE, Jean Yves. Dicionário Crítico de Teologia. São Paulo: Loyola, 2004.
REALE, Giovani. História da Filosofia Antiga. Vol. II. São Paulo: Loyola, 1994.
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REALE, Giovanni. História da filosofia: filosofia pagã antiga. Vol.1. Trad. Ivo
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VIDAL, Marciano. Novos Caminhos: da crise moral à moral crítica. Trad. Isabel
Fontes Leal Ferreira. São Paulo: Paulinas, 1978.
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