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Curso de Noivos – 2022

Paróquia São João Batista De Dourado

“Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus não o separe o
homem” (MT 19,6)

No Matrimônio, homem e mulher constituem uma comunhão íntima por toda a


vida e celebram o amor esponsal de nosso Deus. Essa união foi elevada por Cristo Jesus
à dignidade de sacramento, para o bem dos cônjuges e das famílias, pois é capaz de
exprimir a entrega de Cristo na cruz pela humanidade (cf. Ef 5,32). A Sagrada Escritura,
ao narrar a criação do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus, ao tomar a
união entre esposo e esposa como imagem da Aliança, e ao terminar com a visão das
“núpcias do Cordeiro” (Ap 19, 9), revela a grandeza desse sacramento. Do princípio ao
fim, a Escritura fala do Matrimônio e do seu “mistério”, da sua instituição e do sentido
que Deus lhe deu, da sua origem e da sua finalidade, das suas diversas realizações ao
longo da história da salvação, das suas dificuldades nascidas do pecado e da sua
renovação “no Senhor” (1 Cor 7, 39), na Nova Aliança de Cristo com a Igreja.

O casamento é, antes de tudo, um chamado de Deus ao homem e à mulher para


um caminho de santidade mediante a vida conjugal. Não pode, desta forma, limitar-se
ao evento social do dia, assim como não deverão ser os arranjos festivos de maior
significado aos noivos do que o sacramento que se realiza no “sim” de um para o outro.
Uma atitude livre, fiel por toda a vida, fecunda à abertura dos filhos e na perseverança
na doutrina, que acolhe na intimidade dos corações comprometidos uma morada para
Deus testemunhado pelos convidados.

A família é o maior projeto de Deus para a vida de seus filhos. Desde o Princípio
Deus criou a Família para ser conforme a sua imagem e semelhança, assim como O Pai,
O Filho e O Espírito Santo são um e inseparáveis assim Deus uniu o homem à sua
mulher para formar uma Família santa e gerar muitos outros filhos para Deus.

O homem é um ser social, que nasce e vive em sociedade. Ao nascer, já é parte


de uma família, principal meio social humano, que costumamos chamar de célula máter
da sociedade o espaço primeiro e mais importante para o estudo e desenvolvimento de
sociedades. A primeira vivência do ser humano acontece em família,
independentemente de sua vontade ou da constituição desta. É a família que lhe dá
nome e sobrenome, que determina sua estratificação social, que lhe concede o biótipo
específico de sua raça, e que o faz sentir, ou não, membro aceito pela mesma. Portanto,
a família é o primeiro espaço para a formação psíquica, moral, social e espiritual da
criança. A criança é muito dependente ao nascer. Dentre todas as espécies é o homem
que tem o mais longo período de imaturidade e dependência física. Cabe à família o
cuidado com a saúde e segurança de seus membros, seja com o bebê ou com o idoso.

Há o papel desempenhado pela família, mesmo que muitas vezes ela não o
perceba, que é o de educadores. À família cabe a formação do caráter, dos valores, das
regras morais – que posteriormente serão internalizadas pelos indivíduos como um
código pessoal de conduta e ética. A chamada “educação de berço” continua sendo de
suma importância e jamais pode ser conseguida em outros espaços sociais como colégio
ou até mesmo igrejas.

Na esfera psíquica, o homem só pode conhecer e reconhecer adequadamente o


mundo e a si mesmo a partir de suas relações com os demais. Ele apreende o mundo
imitando os outros, desde os primeiros sorrisos até regras sociais externas e maios
elaboradas, como usar adequadamente os talheres à mesa. Mais do que isto, moldamos
nossa personalidade por volta de seis anos de idade, e é especialmente através de
vivências em família que formamos, ou não, a auto estima, o senso de responsabilidade
e segurança, o respeito pelo outro e pelas regras sociais estabelecidas, a capacidade de
acreditar em nosso potencial e conhecer nossos defeitos e limitações, entre tantos outros
aspectos de nossa vida intimista.

Em nossa sociedade, a família é que introduz a criança no meio social; é a


família que escolhe ou em parte seleciona, a partir de seus próprios referenciais – as
pessoas com as quais a criança vai relacionar-se, bem como dirige o modo e onde esta
relação se dará. Assim, como instituição social, a família reflete as transformações
culturais dos povos: valores, usos e costumes, hábitos, pensamento religioso e político,
etc. Consequentemente, os problemas sociais serão sempre frutos de uma
desestruturação familiar.

Isto fica evidente quando olhamos para os grandes problemas sociais que
enfrentamos hoje. Assistimos crianças abandonadas por pais que não souberam planejar
sua família ou administrar os conflitos, maiores ou menores, mas sempre existentes na
vida a dois. Vemos adolescentes mergulhados em drogas ou prostituição, na sua maioria
frutos de lares frios, carentes de afeto e de diálogo. Sofremos ao assistir fatos como as
revoltas em abrigos para menores, ou o uso de armas de fogo por jovens instigados pela
violência, que nos mostram o quanto nossas famílias têm deixado de trabalhar o respeito
pelo próximo e a aquisição de padrões morais rígidos para uma boa consciência pessoal
e vivência social.

Não pode haver dúvidas: se queremos mudanças sociais, devemos começar a


investir mais no cerne da sociedade, na sua célula máter. Precisamos nos voltar às
famílias, num esforço conjunto entre o Estado e a Igreja. Esta é também um espaço
social, portanto possui o poder de formar opiniões, onde famílias se reúnem e podem ter
seus valores pessoais transformados.

Precisamos nos lembrar que, mais do que ir `a igreja, frequentando templos


caríssimos ou simples, nós somos Igreja, e estamos Igreja especialmente em nossos
lares, onde somos mais íntimos e singulares. É por esta razão que a Igreja começa em
casa – cuidar da família é mais importante do que cuidar de não familiares ou da obra de
Deus. É exatamente isto que Paulo enfatiza quando escreve, “Mas, se alguém não tem
cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o
infiel”. (1 Timóteo 5,8)

A família é a célula máter da sociedade e saber isto implica entender que


famílias abençoadas implicam em igrejas abençoadas, que famílias equilibradas
implicam em uma sociedade sadia. Os Noivos são os Ministros do Sacramento do
Matrimônio, mas a presença consciente e livre de todos os participantes enriquece e
alegra a comunidade dos Batizados e a Família que promove a festa da aliança e do
amor.

Em conclusão o casamento não termina no altar: é preciso dar continuidade à


celebração do sacramento com uma vida de participação na Comunidade e formação
permanente. É preciso casar-se todos os dias. Atenção, carinho, compreensão, perdão,
planejamento e muita conversa fazem parte do cotidiano do casal. É preciso que ambos
sejam donos do tempo para terem tempo para si mesmos e poderem colocar em dia os
próprios, sentimentos, alegrias e tristezas. Onde vemos que O matrimônio exige
daqueles que o procuram, Vocação, Maturidade e Amor. Este amor compreende doação
total, fidelidade, renúncias e perdão recíproco.

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