Ligação Covalente
As ligações químicas nem sempre acontecem entre um átomo que precisa ceder e outro que precisa ganhar
elétrons. Pode ocorrer também um encontro entre dois átomos que precisam ganhar elétrons.
Os átomos que possuem cinco, seis ou sete elétrons na última camada tendem a receber elétrons. Os não-
metais possuem essa estrutura electrónica. Assim, a ligação covalente ocorre entre não-metal e não-metal ou
entre hidrogénio e não-metal.
ligação metálica
É a responsável, entre outras propriedades, pela elevada condutividade térmica e eléctrica que todos os metais
possuem, causada pela mobilidade dos elétrons de valência.
A ligação metálica ocorre da seguinte forma: átomos com 1, 2 ou no máximo 3 elétrons na última camada (de
valência) possuem possibilidade de se movimentar livremente quando juntos com outros átomos com as mesmas
características. Os elétrons que não são de valência permanecem presos ao átomo. Estes elétrons presos mais
(+) os núcleos formam um “caroço” eletricamente positivo que é envolvido por uma nuvem de elétrons. Os
elétrons da nuvem actuam como uma “cola” mantendo os caroços positivos unidos (Figura 2.3). O fato dos
materiais metálicos possuírem este tipo de ligação determina as propriedades físicas e mecânicas, como
condutividade elétrica, térmica e capacidade de modelagem (ductilidade).
Figura 2.4 – Exemplos de estrutura cristalina possível para o átomo de carbono (a) hexagonal, (b) cúbica diamante e (c) fulereno.
Agrupamento aleatório – os átomos não têm posições definidas. Cada átomo se acomoda da maneira que
lhe convém. Esta estrutura é chamada de Estrutura Amorfa (ou seja, sem forma, ou aleatória). Em geral, os
materiais cerâmicos na forma de vidro possuem estrutura amorfa. A Figura 2.5, mostra exemplo de uma estrutura
amorfa. Neste caso, apesar de ter uma organização a curta distância, os átomos do composto SiO2, se encontram
desorganizados.
Figura 2.6 – Desenho esquemático de uma estrutura atómica molecular (Callister, 2002)
2.2.1 Estrutura Cristalina
Materiais metálicos, como o ferro, o aço, o cobre e materiais não metálicos, como a cerâmica, apresentam esse
tipo de estrutura.
Rede Cristalina
É a estrutura cristalina que se forma segundo um reticulado espacial de forma geométrica definida e simétrica
dos átomos no espaço.
Figura 2.7 – A rede cubica simples se torna a estrutura cristalina cubica simples quando um átomo é coocado em cada ponto da
rede .
Parâmetro de Rede
É a distância entre as posições médias dos átomos.
Note-se que: A estrutura cristalina é determinada pelo tipo e pelo parâmetro da rede.
Figura 2.8 – Célula unitária real (a e b), célula unitária esquemática (c) e rede cristalina (d).
Para os nossos estudos, teremos três tipos de células unitárias a saber:
1. Estrutura Cúbica de corpo centrado, ou CCC.
Cálculos de densidade
Um conhecimento da estrutura cristalina de um sólido metálico permite o cálculo de sua densidade verdadeira
() pela equação:
Onde:
n = número de átomos associados a cada célula unitária.
A = peso atómico.
VC = volume da célula unitária.
NA = número de Avogadro (6,023 x 1023 átomos/mol).
2.2.2 Fases dos Materiais
Fase: trata-se de uma ou mais partes do material que resguarda homogeneidade do ponto de vista estrutural,
ou seja, que mantém um arranjo atómico próprio;
Material unifásico e homogéneo: material que possui como um todo um mesmo arranjo atómico;
Material polifásico: caso coexistam em um mesmo material partes com identidades estruturais próprias, o
material será bifásico, trifásico ou, de modo genérico, polifásico (ou multifásico), em função do número de
partes estruturalmente homogéneas (fases) existentes nesse material.
Figura 2.8 –
Figura 2.9 –
Vazios
Os vazios (ou lacunas) ocorrem quando a posição de um átomo na rede cristalina não está ocupada. No caso da
analogia com a caixa de ovos, seria o mesmo que se estivesse faltando um ovo na caixa. A quantidade de azios
(lacunas) presente na rede cristalina aumenta com a temperatura, pois os átomos oscilam mais violentamente e
é provável que saltem para outro local ou em direcção à superfície. Por exemplo, a 700 ºC, de cada 100.000
pontos da rede cristalina, um está vazio.
Este tipo de defeito é considerado um defeito de ponto, pois é unidimensional, diferentemente de outros tipos
de defeitos como “em linha”, superficiais ou volumétricos.
A Figura 2.10, mostra um exemplo de um vazio na rede cristalina.
Figura 2.10 – Representação esquemática de um vazio na rede cristalina (a) e uma analogia com os
Átomo Intersticial
Os átomos intersticiais ocorrem quando um átomo não está em sua posição correcta, havendo um átomo a mais
na rede cristalina. Este átomo acaba “empurrando” os átomos vizinhos produzindo uma certa distorção na rede.
Este defeito também é considerado um defeito pontual. Este tipo de defeito interfere muito pouco nas
propriedades mecânicas dos materiais.
A Figura 2.11, mostra um exemplo de átomos intersticiais.
Figura 2.11 – Representação esquemática de um átomo intersticial na rede cristalina (a) e uma
analogia com os grãos de milho em uma espiga(b).
Contornos de Grão
Os contornos de grão são defeitos importantes nos materiais. Eles são na verdade uma falha na orientação dos
cristais. É mais fácil entender o que é o contorno de grão quando explicamos de onde ele vem. A Figura 2.12
ajuda a exemplificar o fenómeno.
Figura 2.13 – Representação esquemática de uma discordância em forma de cunha (a) e sua
analogia numa espiga de milho (b).
Esta é caracterizada pela presença de uma fileira extra de átomos na rede cristalina. A este tipo de discordância
damos o nome de discordância em cunha. Existem outros tipos de discordâncias (em hélice e mista), mas
iremos nos fixar nesta para fins didácticos. Este tipo de defeito é chamado defeito em linha, pois o defeito seria
uma linha perpendicular ao plano desta página.
A discordância é um defeito tão importante, pois ela comanda o mecanismo de deformação plástica do material.
Quando um material cristalino se deforma permanentemente ele o faz através de movimentação de discordâncias
como a Figura 2.14, abaixo exemplifica este raciocínio.
Se eu aplico uma força (como aquela representada pelas flechas na Figura 2.14, para deformar o material. Tudo
nos levaria a pensar que a força necessária para movimentar uma coluna de átomos seria a somatória das forças
de ligação entre os átomos do plano. No entanto, a força necessária é muito menor. Isto ocorre porque os átomos
adjacentes à discordância quebram suas ligações e se ligam com os sucessivos átomos mais próximos, assim a
discordância se movimenta.