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O modelo cognitivo

Muitas vezes tendemos a acreditar que a maneira como nos sentimos emocionalmente, nossas reações
físicas ou o modo como agimos são resultantes simples e diretamente das situações que experimentamos no
dia a dia. Se isso fosse verdade, como poderíamos explicar que pessoas que passam pelas mesmas situações
apresentam reações diferentes? Não te parece que falta algum elemento para que essa conta feche?

Esse elemento pode ser a forma como cada um percebe ou interpreta cada situações a que somos
expostos. Assim, dependendo da nossa história de vida, das nossas características biológicas e sociais, cada
um de nós forma uma forma muito particular de enxergar as situações que vivemos.

Pensando nisso, a teoria por trás da terapia cognitivo-comportamental (TCC) propõe o que chamamos
de modelo cognitivo. Segundo esse modelo, a forma como pensamos influencia as nossas emoções, reações
fisiológicas que sentimos, assim como também o modo como agimos. Esses elementos interagem entre si de
um modo tão intrincado que às vezes pode ser difícil distinguir entre eles. Uma saída é praticar essa
habilidade. Para isso, vamos usar aquele esquema que separa em caixinhas o que é a situação, quais são
nossos pensamentos, o que estamos sentindo e como agimos.
O que devo colocar em cada caixinha?
Situação: É como o cenário desse momento que você está vivendo. São os elementos que contextualizam o
que você sentiu, pensou e o modo como reagiu. Uma situação pode ser gerada a partir de eventos externos
ou internos. Eventos externos envolvem, por exemplo, descrever onde você estava, em que momento, com
quem, o que foi falado entre vocês (ou deixou de ser). Eventos internos não aqueles que só nós mesmo
podemos notar. Eles incluem por exemplo, alguma memória ou pensamento que surgiu em um momento de
reflexão, ou então alguma sensação no corpo que notamos.

Pensamento automático: Pensamentos podem envolver tipos diferentes de cognições, que são as coisas que
passam na nossa cabeça e que servem para darmos significado ao que acontece a você e ao seu redor. Esse
conjunto de cognições pode ser bastante diversificado, incluindo imagens mentais, expectativas, auto-
avaliações, julgamentos, atribuições e categorizações de coisas, pessoas e eventos, etc. Destacamos aqueles
que chamamos de “automáticos” por serem as cognições que surgem rapidamente em função de uma
determinada situação e ocorrem sem processamento prévio. Eles são valiosos por dois motivos: 1) porque
podem surgir contaminados por algum viés que chamamos de distorções cognitivas; 2) esses pensamentos
estão ligados às formas fundamentais como vemos a nós mesmos, as outras pessoas e como imaginamos
nosso futuro (ainda que pareça improvável a princípio).

Emoções: É como nos sentimos. As emoções básicas que todos os seres humanos tem, são o medo/ansiedade,
alegria, raiva, tristeza, nojo/desprezo e surpresa. Vale colocar também os sentimentos subjetivos, conforme
faz sentido para você.

Reações fisiológicas: é como nosso corpo reage. Muito frequentemente, as reações notadas no corpo
acompanham o estado emocional. Por exemplo, quando estamos mais ansiosos podemos notar mais tensão
nos ombros, ou com raiva notamos que passamos a apertar mais os dentes.

Comportamento: refere-se a tudo o que você faz. Isso inclui o que você diz, como tenta resolver seus
problemas, como age, como evita certas situações. Comportamental diz respeito tanto à ação quanto à falta
dela. Por exemplo, quando você se cala ao invés de dizer o que pensa, ainda assim isso é o seu
comportamento, mesmo que você esteja tentando não fazer nada.

Dra. Nayanne Beckmann Bosaipo


Neuropsicologia e Psicologia Clínica
CRP 06/115489

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