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Museu Curador: salões, distinções e a arte abstrata entre 1964 e 1977

Resumo
Palavras-chave

O objetivo desta pesquisa é o mapeamento das artistas ligadas à abstração, que


compuseram a estrutura do Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), entre os anos 1964 a
1977, como artistas premiados, membros do júri e da comissão organizadora. Dessa forma,
buscou-se entender compreender como a arte abstrata foi aceita ou premiada no salão e
transitou para os anos de precarização que coincidiram com o início da ditadura e seus os
anos mais violentos da ditadura civil-militar de 1964. Assim, será utilizado o recorte de
gênero como pano de fundo para investigar por que poucas mulheres ligadas à arte abstrata se
destacaram, especialmente no que concerne a aquisição do grande prêmio do SNAMsalão .
Para esse mapeamento das artistas foi preciso, primeiramente, pesquisar todos os
artistas que estiveram associados ao evento entre os anos de 1964 a 1977, em sites
especializados, separando-os entre aqueles que desenvolveram suas carreiras como artistas
abstratos e as demais categorias estéticas. Após essa separação, selecionou-se todas as artistas
mulheres do Salão, buscando-se ter uma ideia da quantidade de mulheres que participavam
por ano, fazendo assimrealizando uma comparação quantitativa com os homens. Com a
Biblioteca Nacional Digital, site que fornece jornais desde o século XIX, procurou-se
palavras chaves que se relacionassem com o Salão Nacional de Arte Moderna, isso em
jornais da época como “Diário de Notícias”, “O Jornal”, “Jornal do Brasil” e “Correio da
Manhã”. Todos os jornais eram escritos e publicados no Rio de Janeiro, cidade que acolheu o
evento. Ao identificar a notícia que beneficiava esta pesquisa, ela era tratada como fonte
principal.

Introdução
Com a esperança de mapear as artistas ligadas à abstração e como era a presença e
premiações delas no Salão Nacional de Arte Moderna foi necessário primeiro voltar ao
passado e entender sobre os Salões de Arte no Brasil e como tudo se deu exatamente em
1840.Com a iniciativa da pintor francês Jean Debret foi implementado a cultura de salões no
Brasil por meio da Exposição Gerais de Belas Artes na Academia Imperial de Belas Artes.
Mas foi somente em 1845, com o aconselhamento do pintor francês Tauany para que fosse
instituído o prêmio de viagem nas exposições.

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A Exposição continuou acontecendo mesmo após a Proclamação da República e a
disputa constante entre os acadêmicos e os modernistas que circulava e determinava os
ânimos das exposições. Foi somente após o golpe de 1930, e com a presença de Lúcio Costa,
que as Exposições passaram a ser chamadas de salões de arte. Tendo por definitivo pelo
Decreto 1.512/1951, de 19 de dezembro, criava a Comissão Nacional de Belas Artes e
finalmente o Salão Nacional de Arte Moderna.
Após o decreto o Salão Nacional de Arte Moderna criou forma junto com o seu corpo
de comissão organizadora, subcomissão organizadora e os jurados de cada ano, esse corpo é
engessado em seus papéis singulares porém os atores mudam a cada ano, sendo premiado ou
excluído. Dando atenção aos jurados pois eles tinham um papel importante na conjuntura dos
salões. Os jurados tinham que ao mesmo tempo se atrelar com as vertentes de arte em voga e
ao mesmo tempo fortalecer ou criar uma tendência. Como aconteceu com arte abstrata no
Brasil, que apesar de ter chegado de forma tardia em comparação com outros países, dominou
os salões após os anos 1940. No Brasil haveria três vertentes abstratas, a Concreta, a
Neoconcretista e a Informal.
Com base nessas informações, a pesquisa veio trazer luz sobre a quantidade de artistas
com ligação com a abstração e a quantidade de mulheres entre elas em cada Salão Nacional
Arte Moderna. Salientando os personagens que compõem a subcomissão e os júris que
componham o Salão de cada ano, o recorte foi feito entre 1964 a 1977.
História do Salão de Arte
A origem dos Salões de Arte no Brasil tem como início a Exposição Gerais de Belas
Artes em 1840, que ocorreu no íntimo da Academia Imperial de Belas Artes (AIBA). A
Exposição consistia em amostras de artes anuais sazonais públicas1 abertas a todos que se
interessassem em ver. Segundo Elaine Dias (2016), as primeiras exposições de artes plásticas
foram realizadas entre os anos 1829 e 1830, por iniciativa do pintor francês Jean Debret,
integrante da Missão Artística Francesa de 1816 e professor da Academia Imperial de Belas
Artes. Nesse período, os espaços para as exposições eram destinados estritamente aos alunos
e professores da AIBA. A exposição era aberta para todos. Artistas consagrados e iniciantes
tiveram a oportunidade de apresentar suas obras na mesma exposição.
Os salões eram uma forma para os alunos terem suas obras conhecudasexpostas. Os
artistas podiam ser vistos não só pelo imperador, mas também por toda corte (Luz, 2006: 59).

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As primeiras exposições públicas, sSegundo Elaine Dias (2016), as primeiras exposições de artes plásticas
foram realizadas entre os anos 1829 e 1830, por iniciativa do pintor francês Jean Debret, integrante da Missão
Artística Francesa de 1816 e professor da Academia Imperial de Belas Artes.

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Os artistas que tinham obras em circulação na “Exposição Gerais de Belas Artes” poderiam
alcançar outros públicos, até mesmo aqueles que não tinham contato com a Academia. Esses
espaços de exposição de arte, reconhecidos pela academia, eram vistos como agências de
poder que consagram à direção em que o gosto artístico que estaria em voga na sociedade iria
tomar, além disso, poderia proporcionavamr a possibilidade de ascensão ade jovens artistas e
consagração de gostos conhecidos. Com esses elementos, os espaços de exposições
construíam, moldavam e legitimam a arte nacional brasileira por meio da sensibilidade dos
artistas, ditados pelos ideais acadêmicos, em suas obras expostas (Fernandes, 2004: 2).
Taunay, em 1845, aconselhou a Congregação da Academia Imperial a solicitar ao
governo imperial a instituição de Prêmios de viagem. A maioria dos artistas não tinha
condição financeira para arcar com o custo de uma viagem e estadia na Europa, cujo objetivo
era aprimorar suas técnicas artísticas. Esse modelo de premiações se espelhava no que ocorria
na França com o Prêmio de Roma, criado em 1663 durante o reinado de Luís XIV de França
(Luz, 2006: 59-60). O mesmo júri era responsável pela integração dos artistas na Exposição e
julgavam para conceder bolsas de estudos e prêmios de viagem ao país e exterior. O
Imperador D. Pedro II admitiu o pedido da Academia. E e em 23 de outubro de 1845 foi
realizada a primeira Exposição concorrendo ao Prêmio Viagem (Luz, 2006: 60).
A Exposição Geralis de Belas Artes continuou acontecendo mesmo após a
Proclamação da República. Em busca de se desvincular com o passado imperial, a AIBA foi
renomeada para Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). Com o ideal de ruptura com o
passado imperial em voga, a Exposição se encontrava no meio da disputa entre o acadêmico,
aqueles que seguiam as tradições, e o moderno, que experimentaram novas vertentes em voga
no resto do mundono período entre séculos. Essa disputa perdurou até Lúcio Costa assumir a
direção da ENBA depois do golpe de 1930 (Enciclopédia Itaú Cultural, online).
Lúcio Costa foi um dos principais personagens na implementação e no
desenvolvimento da arquitetura no Brasil. O jovem Lúcio Costa trazia consigo um olhar
voltado para o futuro, para a mudança e foi com essa visão que trouxe o ar da modernidade
quando se fixou como diretor da ENBA em 1930, apenas quatro anos depois que se formou
em arquitetura. Ele tinha como missão pessoal reformar o ensino acerca da arte, o que causou
a oposição de grupos acadêmicos conservadores que carregavam a tradição como princípio e
a cópia como forma. Lúcio Costa buscava a desconstrução daquilo que eles desejavam
perpetuar (Luz, 2010: 85).
Já sob o comando do Lúcio Costa, a XXXVIII° Exposição Geral de Belas Artes, em
1931, aboliu as premiações por seguirem uma ordem hierárquica e contemplava aqueles que

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fizeram ‘carreira’ dentro da competição. A comissão organizadora da Exposição pôde atuar
com liberdade e os artistas poderiam expor o número que eles acharem conveniente de
trabalhos. Além dessas medidas, os modernistas receberam uma sala onde puderam expor
seus trabalhos em um ambiente onde se destacavam com uma disposição linear na sala.
Enquanto isso, os acadêmicos tiveram seus trabalhos expostos ao longo de toda a parede
fazendo com que suas obras não fossem valorizadas. Os acadêmicos viram esse ato como
uma forma de puro desprestígio de seus aos trabalhos deles, fazendo com que se acirrasse
ainda mais os ânimos de disputa entre eles e os modernistas (Luz, 2010: 88).
Lúcio Costa deu os primeiros passos para integrar o movimento moderno nas
exposições. Porém, ele não ficou mais à frente da Escola depois da XXXVIII° Exposição
Geral de Belas Artes, mas a tradição da ENBA ficou abalada após a Exposição. A partir de
1933, grandes amostras, como as Exposições Gerais de Belas Artes, passaram a adotar o
tradicional nome de ficaram conhecidas como ‘Salões’. A partir disso, nada voltaria ao que
era, pois a geração de novos de artistas começou a lutar em prol de uma cultura mais moderna
e rejeitando os antigos dogmas tradicionais que tinha como principal desejo manter o ensino
artístico nos moldes academicistas (Luz, 2010: 89-92). Em 1940, modernistas conseguiram
atingir uma nova etapa pelos de suas reivindicações com a divisão dos modernos e
acadêmicos no Salão Nacional de Belas Artes. Cinco anos mais tarde,
E em 1945, houve a criaçãoinstituiu-se do Prêmio de Viagem destinado aos modernos. Mas,
foi somente em 1948 que os modernistas realmente avançaram graças à criação dos Museus
de Arte Moderna do Rio de Janeiro e um emde São Paulo, criando fortalecendo o eixo Rio-
São Paulo nas narrativas da história dada arte brasileira. Após a criação do museu com
enfoque de arte moderna, houve criação de mais oito outros espaços com foco em Arte
ModernaPouco tempo depois, e. Em 19 de dezembro de 1951, o governo federal publicou o
Decreto 1.512, que criou a Comissão Nacional de Belas Artes e o Salão Nacional de Arte
Moderna. O primeiro S Nacional de Arte Moderna aconteceu em 1952 e teve como jurados
Clóvis Graciano, Francisco Stockinger, Oswaldo Teixeira, Santa Rosa e Sérgio Milliet. Os
vencedores do prêmio viagem ao exterior forami o expressionista o pintor Inimá de Paula, o
vencedor da viagem à Europa foi o e o gravador Marcelo Grassmann e o vencedor da viagem
pelo Brasil foi o figurativista Darell.
O Salão Nacional de Arte Moderna foi palco de diversos artistas modernistas e
experimentais que tiveram, nesse espaço, a oportunidade de expor e competir pela chance de
aprimorar seus trabalhos fora do Brasil. O Salão acompanhava as mudanças e os grandes
debates acerca da arte que estava em voga dentro do Brasil e pelo mundo afora, tornando o

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evento de cada ano o mais esperado por todos dapela classe artística. No decorrer dos anos, o
Salão passou por diversos diretores e assistiu a ditadura civil-militar começar e se intensificar
até o último evento do Salão em 1976.

A configuração do Salão Nacional de Arte Moderna


Desde da Lei N° 1.512, de 19 de dezembro de 1951, a Comissão Nacional de Belas
Artes (CNBA), subordinada ao Ministério da Educação e Saúde, tevem como objetivo de
estudar, planejar, resolver e aplicar diretrizes atinentes ao campo das Artes Plásticas. Com
isso, o Salão Nacional de Belas Artes, junto com oao lado do SNAM Salão Nacional de Arte
Moderna, sãoeram instituições oficiais subordinadas à CNBAomissão Nacional de Belas
Artes tinham que tem como objetivo de apresentar em exposições públicas e anualmente
obras plásticas de artistas nacionais ou estrangeiros que residem ou se encontram no
momento da exposição no Brasil. E em busca de estimular as artes e os próprios artistas, tem
como incentivo bolsas de estudos, prêmios honoríficos, compensação financeira e outras
honrarias (Brasil, 1951, Art. 1° da Lei N° 1.512).
A CNBAomissão Nacional de Belas Artes era constituída em sua normalidade por 9
pessoas, sendo elas 2 pintores, 2 escultores, 2 artistas gráficos (1 desenhista e 1 xilógrafo), 2
críticos de Arte e o diretor do Museu Nacional de Belas Artes. A Comissão tinhaem como
papel designar 2 membros que irão compor acomporiam a subcomissão organizadora do
salão, sendo que o terceiro será era indicado por votação de artistas que participaram
anteriormente dos salões. Após aEsta subcomissão organizadora, por sua vez, estar completa,
com seus três membros, a Comissão Nacional de Belas Artes designavará a escolha de dois
artistas que faziamrão parte do júri, sendo que o terceiro membro seráera eleito pelos artistas
que irãoselecionados para expor no ano (Brasil, 1951, Lei N° 1.512).
A subcomissão organizadora ficou era competente responsável em promover a
publicidade do salão corresponde ao ano em esteja acontecendo, abrir as inscrições, fixar o
seu encerramento, receber os trabalhos que serão expostos convocar os artistas inscritos,
realizar as eleições para o júri, organizar os catálogos, administrar a disposições das obras nos
corredores da exposição de acordo com as indicações do júri e resolve os casos de omissão
que vierem a acontecer. Enquanto isso, competiae ao júri selecionar os trabalhos apresentados
na inscrição do salão, indicar as subcomissões a colocação dos trabalhos na exposição,
proceder o julgamento para os ganhadores dos prêmios e distribuir os prêmios (Brasil, 1951,
Lei N° 1.512Idem).

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O júri julgavam os trabalhos dentro de vinte e quatro horas e, após isso comunica à
Comissão Nacional de Belas Artes, as subcomissões organizadoras para que apenas em
seguida comunicasse ao Ministro da Educação e Saúde o que foi deliberado. O papel do júri,
como diz o historiador da arte Emerson Oliveira (2011), frente a arte pode vim até diversos
sentidos, desdeera premiar e excluir participava da mesmo lógica judicativa r uma obra de
forma ambígua. Oliveira (2011) se aprofunda nessa ideia quando diz:

“Os corpos jurados, sobretudo desde os anos de 1960, parecem conscientes


da fragilidade de suas funções. Diante de parâmetros artísticos cada vez mais
moventes e valores mercadológicos decisivos, eles muitas vezes parecem ler
a sorte, tentar reconhecer antecipadamente o que será significativo. Sabem
que suas decisões serão sentidas profundamente, e raramente aceitas sem
debate. Decisões que começaram a ser refutadas não apenas dentro de um
quadro tradicional de referências críticas –como ocorria nos tradicionais
salões oficiais oitocentistas–, mas também pelo enfrentamento da própria
instituição-evento. (Oliveira, 2011:486-487)

O júri tinhaem um papel fundamental nos Salões. Seus membros , esses que faziam
de suas escolhas eus corredores palcos de disputas ligadas às questões políticas. Os salões
eram verdadeiras arenas decisivas para que ocorresse diferentes debates acerca de questões
estéticas e contexto históricos distintos. Contextos marcados pelo golpe civil-militar de 1964,
no campo sociopolítico, e no contexto do campo artístico acerca das heranças modernistas, o
legado concreto, as novas e velhas configurações da arte, o abstracionismo informal,
ampliação da participação e suportes de gêneros, a gerência do mercado da arte, os críticos
que estão se formando e os novos museus recém criados (Oliveira, 2011:477).

História da abstração no Brasil


A arte abstrata teve sua chegada e o começo de sua produção tardia no Brasil,
exatamente nos anos 1940, com a vinda de artistas exilados da Europa em decorrência da
Segunda Guerra Mundial. Enquanto se falava sobre arte abstrata nos 1920 na Europa, aqui no
Brasil estávamos tendo o que foi considerado o ápice início do modernismo nos salões, mas
não se foi citado ou visto a arte abstrata nesse meio. Apenas após a II Guerra Mundial, a arte
abstrata passa a ter relevância e visibilidade no Brasil. Mesmo com o atraso em relação aos
outros países, isso, não abalou a produção de artistas brasileiros adeptos a ela. E com isso, a
abstração no Brasil teria três vertentes.
A arte abstrata europeia teve sua origem na década de 1910 com os considerados
pioneiros, são eles Kamir Malevich (1879-1935), Wassily Kandinsky (1866-1944) e Piet

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Mondrian (1872-1944). Os três, de suas maneiras e na mesma época, vivenciaram e
produziram seus trabalhos em países diferentes no continente europeu. A Europa passava por
uma fase em que se transbordava, desde do fim do século anterior, experimentações no
campo das artes. Mas foram Kandinsky, Malevich e Mondrian que deram o passo final para a
ruptura com a figuração. (Debora VISNADI,. 2019:2)
Os três artistas valorizavam a ligação espiritual com a arte, ou seja, eles se
desprendiam da formulação da pintura figurativa do mundo físico para dar ênfase a uma
produção artística que tinha conexão com o meio sensorial e da psique humana. Kandinsky,
Malevich e Mondrian escreveram e publicaram suas teorias com finalidade de registar e
legitimar suas posições acerca do movimento artístico de abstração (Visnadi, 2019Ibidem).
Sendo assim, é possível afirmar que a arte figurativa tem como pauta empregar
formas artísticas que objetificam a captação e reprodução da aparência do mundo objetivo ou
analógico. A linguagem abstrata se articula por formas geométricas, cores e até mesmo
manchas geradas por materiais pictóricos lançados pelo próprio artista sobre um suporte, que
pode vir a ser uma tela, papel ou madeira. A abstração bateu de frente com a pintura
naturalista ou representativa que predominava o Ocidente, do Renascimento ao início do
século XX (Almerinda da Silva LOPES,2010).
Já na década de 1920, a arte abstrata de matriz geométrica já havia se propagado e
completado seu ciclo na Europa. Enquanto na mesma época no Brasil, os artistas brasileiros
debatiam e optavam pela figuração como forma de construir um discursos visual e literário
modernista continuavam a focar seus olhares para a linguagens passadistas, afirmando a
nossa indiferença sobre ela e o desalinhamento com a modernidade do resto do Ocidente. A
difusão da arte abstrata se deu com a chegada de artistas europeus que buscavam um refúgio
da Segunda Guerra no Brasil, e entre esse grupo se encontrava artistas que tinham como seu
principal viés a arte abstrata geométrica. Esses artistas com ligação com o abstracionismo
contribuíram com a redimensão e diversificação das linguagens artísticas no Brasil. Ainda na
década de 1940, houve ampliação do número de museus de arte, além de haver o
aparelhamento das instituições queinstituições que iriam consolidar o eixo São Paulo-Rio de
Janeiro como os centros culturalis hegemônicos do país ( Idem Silva LOPES, 2010).
Após o fim da Segunda Guerra, o Brasil, em busca de recriar a relação Brasil-Europa,
interrompida pela guerra, realizou exposições onde se encontravam obras de grandes artistas
abstratos como Kandinsky e Klee, artistas esses que eram desconhecidos pela maioria dentro
do meio artístico brasileiro. Essas exposições foram essenciais para inflamar e inspirar jovens
pintores brasileiro da época (Silva Lopes, 2010).

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Os intelectuais do meio artístico do Brasil pós-guerra saem em defesa de novas
práticas e novos olhares, além de romperem com antigas tradições. Eles defendiam uma nova
reformulação de conceito, um desses conceitos reformulados era o de modernidade. Os
artistas e intelectuais se preocupavam que a Arte em vigor não seguia as novas questões
tecnológicas da época, e com isso fazia com eles não compreendessem a permanência de uma
arte imutável ao olhar. Para os defensores da abstração, especialmente geométrica, Como a
arte figurativa que circulava no Brasil, ela não conseguia acompanhar as novas questões de
um mundo industrial. Era necessário uma nova formulação de arte que pensasse na sociedade
contemporânea e agisse diretamente sobre ela (Beatriz Pinheiro de CAMPOS, 2014)
No final da década de 1940 e início da década de 1950, o abstracionismo teve papel
importantíssimo para a crítica de arte, principalmente após o surgimento da Vanguarda
Concretista em 1951 (CAMPOS, 2014). Nessas décadas, o investimento na industrialização
tomou um grande impulso e se transformou como um dos principais agentes de
transformação do plano urbanístico das capitais dos estados brasileiros mais desenvolvidos,
além de gerar profundas transformações de natureza social, política e econômica no Brasil
(Silva Lopes, 2010). Como expressa Campos ao falar da década de 1950;

A década de 1950 foi turbulenta para a arte brasileira. Foi o momento


da primeira Bienal Internacional, da construção de Brasília, das
novas vanguardas de arte concreta; todos esses acontecimentos
prometiam novos horizontes, novos olhares. E, como todo processo
de mudança, essa década trouxe consigo um turbilhão de ideias e
debates sobre como fazer arte, sentir arte, pensar arte (Campos,
2010Ibidem:114).

Esses debates se atrelavam às críticas acerca do abstracionismo foi intenso e teve


importante para que fomentou diversas opiniões sobre a formulação abstrata. A discussão da
crítica de arte acerca do abstracionismo foi intensa e importante para que várias opiniões
sobre a arte abstrata fossem abordadas e expostas sob perspectivas bem diferentes. Tal
contato direito de opiniões pode ter sido o fator central para que o debate sobre
abstracionismo no Brasil realmente se instaura (Campos, 2014Ibid.).
As diferentes vertentes abstracionistas que surgiram em diferentes contextos na
Europa, seriam no Brasil incorporadas por diferentes artistas e diferentes gerações. A causa
disso seria por meio de experimentações e de processos de simplificação ou de geometrização
da forma, rebatendo as convenções figurativas e representativas do meio artístico brasileiro
(Silva Lopes, 2010). Com isso, no Brasil haveria assim três duas formulações abstratas.

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A primeira é a formulação do Concretismo. As denominações de Arte Concreta,
Concretismo e Abstração Geométrica tinham valor de significado equivalente, mas foi a Arte
Concreta ou Concretismo que prevaleceram. A Arte Abstracionista Geométrica pensada por
Max Bill e seus colegas suíços, beneficiou a relação com os princípios matemáticos, além de
sustentar a integração da arte na produção industrial das sociedades capitalistas (Silva Lopes,
2010Ibid.). Esse pensamento alimentaria os discursos e programas teóricos dos concretistas
brasileiros, principalmente pelos membros do Grupo Ruptura, articulado pelo Waldemar
Cordeiro na capital paulista em 1952. O Grupo Ruptura criaria seu manifesto em 1956.
Cordeiro ressaltava que a teoria estética do concretismo tinha que se apoiar em princípios
racionais, de natureza científica e em leis matemáticas e assim. Como discute Silva Lopes
(2010):
“Os concretistas respaldam a percepção forma/linha/cor num método
peculiar, genérico e racionalista: a psicologia da Gestalt, na qual se
preconizava a visualidade das formas e a sensação de monotonia ou
de dinamismo que elas produzem, dependendo do modo como estão
dispostas na composição ou se relacionam do modo como estão
dispostas na composição ou se relacionam entre si e com o todo”
(Silva Lopes, Ibidem:2010:55).

O concretismo é incorporado também por artistas radicados no Rio de Janeiro já


estava quase completando seu ciclo quando a formando uma segunda vertente própria, o
Neoconcretismo, apareceu criando atritos de ideias e teorias entre eles. O Neoconcretismo
não se identificava com os ideais teóricos da Gestalt por considerá-los mecanicistas. Se
encontrando nas ideias do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty que negava a primazia do
conhecimento racional e colocava o corpo humano como totalidade simbólica e como
atributo de fundamental importância para a experiência estética. O Neoconcretismo teve
como representante o grupo carioca Frente (Silva Lopes, 2010Ibid).
A terceira outra vertente formulação foié a Abstração Informal ou Lírica que,
diferente da maioria das outras tendências vanguardistas construtivas. Essa vertente não
estabeleceu como dever fundamental o conceito novo pelo novo, pois ela própria admite
recolher experiências com grande expressão e significação de diferentes formulações
artísticas e culturais (Silva Lopes apud Argan, 2010 ). Os líricos revelaram afinidade e
entusiasmo por variadas tendências artísticas que vieram antes deles. Arte Primitiva,
Impressionista, Expressionista, Fauvisnista, Dadaísta e até mesmo alguns aspectos do
Surrealismo Abstrato eram cotejados todos ao mesmo tempo com singularidades de artistas

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como Kandinsky, Klee e Miró, esses entendidos como os que iniciaram este processo dentro
do mundo da pintura (Silva Lopes, 2010).
Com isso, os líricos têm um processo poético, no qual o corpo participa de forma
ativamente e sensivelmente na construção da obra. Ou seja, não é só o meio, mas sim o
sintonizador de duas grandezas. A primeira grandeza é a interna que está atrelada com o
mental, subjetivo e o emocional, enquanto a outra grandeza é a externa que se vincula com
com o ato particular de se pensar em relação com o mundo que se vivencia e reinventa o
mesmo, mas não no sentido de representá-lo. Silva Lopes (2010) se aprofunda quando
diz;Assim, o “O artista não iria expressar mais aquilo que vê, mas aquilo que ele tanto
imagina como pressente existir ou, ainda, aquilo a que deseja dar existência, devolvendo à
imagem a tão propalada essencialidade e autonomia” (Silva LopesLOPES, 2010:95).
Apesar do atraso A partir dos anos de 1950 com que as artes abstratas chegaram ao
Brasil, em relação com a Europa, elas rapidamente entram na cenaas veias artistas de diversos
brasileiraos, que pode puderam experimentar e produzir suas obras com suas próprias
singularidades. A abstração vinda da Europa ou dos Estados Unidos logo se transformou em
abstração brasileira.

Arte abstrata no salão e as mulheres nesse meio


O XIII° SNAM alão Nacional de Arte Moderna, em 1964, ocorreu com a
mininamínima publicidade ou divulgação possível no Palácio da Cultura. Como relata Harry
Laus, na coluna de Artes do Jornal do Brasil, de 25 de novembro de 1964, “A deficiência da
iluminação, presente há vários anos, persiste e, desta vez, foi mais a disposição dos trainéis,
compactos e pesados, formando cubículos e corredores que muito prejudicam as obras
expostas.” ( Harry LAUS, na coluna de Artes do Jornal do Brasil de 25 de novembro de
1964). O XIII° Salão Nacional de Arte Moderna ocorreu com a organização de 3 pessoas para
a subcomissão organizadora. Era composta por Fernando Pamplona, Aníbal de Melo Pinto2 e
o terceiro não foi possível localizar nesta pesquisa. Foram selecionados 30 participantes.
Entre esses se encontravam 6 mulheres:. Maria Luiza Leão Litsek, Tiziana Bonazzola, Vilma
Pasqualini, Elza Oliveira, Luísa Freire da Cunha e Wega Nery. Dessas 30 participações,
apenas 6 tinham ligação com abstração e, destes, apenas 2 eram mulheres com ligação com a
abstração, cujo destaque foi ca-se a Wega Nery.

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Não localizamos o terceiro componente das subcomissões entre 1964 e 1968. Provavelmente isso deve ao
fato de que o terceiro membro era selecionado muito depois do início do processo de organização e
seleção dos artistas.

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A matogrossense Wega Nery, iniciou a carreira em 1943 após passar mais de um ano
hospitalizada em decorrência de complicações cirúrgicas. Nesse período, iniciou sua carreira
como artista, desenhando como forma de distração. Incentivada pelo marido, o professor de
inglês Fausto Gomes Pinto, Nery se matriculou na Escola de Belas Artes de São Paulo, em
1946. Já, em 1952, passou a integrar o grupo Guanabara criado por Yoshida Takaoka. Em
1953, ingressou no Grupo Abstração de Samson Flexor (ROSIN, e STORI, 2010). Em 1955,
expôs desenhos no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Ainda em 1964, Nery em 1964
participou do Salão Nacional de Arte Moderna,do mesmo ano, e , junto com outras
artistasmulheres, foi enviada selecionada para a Argentina para representar o Brasil em
Córdoba, Argentina (Correio da Manhã, 5 de setembro de 64).
O XIII° SNAMalão Nacional de Arte Moderna, em 1964, contou com três
júrisjurados: Flávio de Aquino, Eugênio Sigaud e Carlos Magno, que concedeu o prêmio de
viagem ao exterior para o Arcanjo Ianelli e Jackson Ribeiro. O prêmio de viagem ao país foi
para Newton Cavalcanti e Sérgio Campos Mello. Nem no júri e nem entre os premiados havia
uma presença feminina. Já o XIV° Salão Nacional de Arte Moderna, de 1965, ocorreu no
Palácio da Cultura com a abertura do Ministro da Educação Flávio Suplicy de Lacerda. O
Salão se constituiu com 3 pessoas na subcomissão formada por , eram eles: o Aníbal Melo
Pinto e, Waldyr Mattos e o terceiro que não pode ser identificado. A subcomissão organizou
o salão para que houvesse 16 participantes, entre eles apenas 4 eram mulheres. Eram elas
Anna Maria Maiolino, Evany Fanzeres, Maria Luiza Leão Litsek e Marlene Godoy. Desses
16 participantes, apenas 6 tinham ligação com a abstração. Desse grupo, tivemos 3 artistas
mulheres. se destacam desse 6.
Principalmente a italiana Anna Maria Maiolino, devido a carência causada pelo pós-
guerra na Itália, mudsa-se para a Venezuela onde estudou na Escuela de Arte Plásticas
Cristóbal Rojas entre 1958 e 1960, ano que se mudou para o Brasil. Em 1961 se inicia no
curso de gravura em madeira na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) no Rio de Janeiro,
onde conheceu seu futuro ex-marido Rubens Gerchman. Em 1963, recebe Maiolino tem aula
de gravura administrada pelo artista plástico Adir Botelho. No mesmo período, ela frequenta
o atelier do pintor Ivan Serpa no MAM RJuseu de Arte Moderna do Rio. No ano seguinte,
realizou sua primeira exposição individual, na Venezuela. Em 1965, além de participarou do
XVI°, ela abriu uma SNAMalão Nacional de Arte Moderna de Arte no Rio de Janeiro e no
mesmo ano fez uma exposição individual, na Galeria Goeldi (ITAÚ CULTURAL, online).
O júri do XIV° Salão Nacional de Arte Moderna de 1965 foi composto por
Bustamante Sá, Carlos Cavalcanti e Moacir Fernandes, que deram o prêmio de viagem ao

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país para os Campos Mello e Jesus Pereira Telmo. E para prêmio de viagem ao exterior
deram para Valdir Joaquim de Matos e o José Silveira de Ávila.
No ano seguinte, o SNAM No XV° Salão Nacional de Arte Moderna de 1966
aconteceu no primeiro andar do Palácio da Cultura e contou com a participação na
subcomissão organizadora Ernani Vasconcelos e, Anibal de Mello Pinto e o terceiro membro
que não pode se localizado nesta pesquisa. O salão teve a participação de 25 artistas, que
tiveram que enfrentar uma desorganização da exposição. Nessa no qual não havia
catalogação ou cartão de identificação dos artistas, fazendo com quem fosse visitar o salão
não conseguiria identificar de quem o trabalho se tratava (Harry LAUS no Jornal do Brasil
em 1966). Como relata Laus no Jornal do Brasil em 1996, “Com espaço insignificante para
dispor racionalmente todos os trabalhos aprovados, resultou o ladrilhamento dos trainéis, uns
quadros prejudicando os outros” (Harry LAUS, 1996). Destes 25 artistas, apenas 5 eram
mulheres. São elas: Anna Bella Geiger, Célia Shalders, Maria Luiza Leão Litsek, Marina
Nazareth e Thereza Simões. Apenas 6 artistas tinham ligação com a abstração e deles apenas
3 eram mulheres ligadas à abstração, destaca-se a carioca Anna Bella Geiger.
Anna Geiger, filha de imigrantes poloneses judeus que migraram antes do fluxo de
migração ocasionado pela Segunda Guerra, teve uma formação crítica tantos pelos seus pais
que tinham ligação socialista quanto pela sua formação acadêmica na Faculdade Nacional de
Filosofia, a UFRJ atualmente. Formou- se em estudos de língua e literatura germânica. Ao
mesmo tempo que se formava, Geiger frequentava o ateliê de Fayga Ostrower, que a iniciou
em gravura e a incentivou a participar de salões e exposições de arte. Entre 1954 a 1955,
Geiger tem uma temporada em Nova York onde se aperfeiçoa em estudos culturais e tendo
aulas com Hanna Levy, socióloga e historiadora da arte. Ao retornar ao Brasil, Geiger se
casa com o geógrafo Pedro Geiger com quem tem quatro filhos e estabelece uma parceria não
só amorosa, mas de interesses sociais e científicos, que iriam se refletir nos trabalhos de
Geiger (Talita TRIZOLI, 2018). Entre os anos 1960 a 1965, ela participa do ateliê de
gravura de metal do MAM RJuseu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde passa a lecionar
três anos mais adiante (ITAÚ CULTURAL, online) e participa do XV° SNAMalão Nacional
de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O júri deste salão Nacional de Arte Moderna 1966 foi
composto por Abelardo Zaluar, Darel Valença e Quirino Campofiorito, que conceberam o
prêmio de viagem ao país para Luiza Freire Cunha e o Onofre de Arruda Penteado. E o
prêmio de viagem ao exterior foi para Douglas Marques de Sá e o Roberto Magalhães.
No XVI° SNAMalão Nacional de Arte Moderna de 1967 contou com a subcomissão
organizadora composta por Telmo de Jesus e, Bustamante Sá e o terceiro membro que não

12
pode ser localizado nesta pesquisa. Houveram Foram selecionados 22 participantes artistas,
dos quais apenas com apenas 6 mulheres entre eles. São elas Sonia Ebling, Betty Kling,
Célia Shalders, Maria Luiza Leão Litsek, Marina Nazareth, Solange Escosteguy. Desses 22,
somente 8 participantes tinham ligação com abstração e entre eles apenas 5 mulheres com
ligação à abstração faziam parte. Destaca-se a gaúcha Solange Escosteguy.
Filha do artista plástico Pedro Escosteguy, Solange Escosteguy nasceu em Porto
Alegre e já aos 14 anos se mostrou autodidata quando iniciou seus trabalhos nas oficinas de
sua mãe, a Marília Escosteguy, que administrava cursos de decoração. Mas foi em 1964 que
Escosteguy começou a trabalhar simultaneamente com objetos, esculturas, pinturas e vestidos
pintados à mão (Solange Escosteguy, online). É uma das representantes da “Nova
Objetividade Brasileira” que reunia diversas vertentes das vanguardas nacionais, o manifesto
foi assinado por ela em 1967 (PORTAS VILASECA GALERIA, online). Foi casada com o
artista plástico Antonio Dias e, em 1966, fez uma exposição conjunta na Galeria Guignard, na
capital mineira em Belo Horizonte. No mesmo ano participou do Salão da Moda no Rio de
Janeiro com suas roupas pintadas à mão. No ano seguinte, Escosteguy participaria do XVI°
Salão Nacional de Arte Moderna.
O júri do XVI° Salão Nacional de Arte Moderna de 1967 foi composto por Walter
Zanini, Aluísio Carvão e Antônio Bento, que conceberam o prêmio de viagem ao país para
Sonia Ebling e Loio Pérsio. Para o prêmio de viagem ao exterior foram para Rubens
Gerchman e Amilcar de Castro.
No ano da instituição do Ato Institucional nº5 pela ditadura civil-militar, o SNAM de
1968 teve na subcomissão organizadora o Bustamante Sá e José Roberto Teixeira. Já no
XII°Nessa edição Salão, é possível ver um aumento de participantes tendo em vista que
foram 120 no total. Entre eles se encontravam 43 mulheres, uma proporção inédita naquela
década3.são elas Ana Maria do Amaral, Anna Bella Geiger, Bess, Célia Shalders, Celita
Vaccani (abstração), Cybèle Varela, Evany Fanzeres, Marcia Barroso do Amaral, Marília
Rodrigues , Miriam Chiaverini, Nizete Sampaio, Vera Motlis Roitman, Anna Maria
Maiolino, Celina Fontoura, Dulce Magno, Elza O.S., Geza Heller, Hilda Campofiorito, Isa
Aderne , Ismênia Coaracy, Laura Beatriz, Lucilia de Toledo Mezzotero, Luiza Cunha, Maria
3
São elas: Ana Maria do Amaral, Anna Bella Geiger, Bess, Célia Shalders, Celita Vaccani (abstração), Cybèle
Varela, Evany Fanzeres, Marcia Barroso do Amaral, Marília Rodrigues , Miriam Chiaverini, Nizete Sampaio,
Vera Motlis Roitman, Anna Maria Maiolino, Celina Fontoura, Dulce Magno, Elza O.S., Geza Heller, Hilda
Campofiorito, Isa Aderne , Ismênia Coaracy, Laura Beatriz, Lucilia de Toledo Mezzotero, Luiza Cunha, Maria
do Carmo Secco, Maria luiza Leão Litsek, Maria Lourdes de Novaes, Maria Laura Radspiller, Maria Lia
Soares, Maria Tereza Vieira, Marie Brych, Miriam Blanck Sambursky, Miriam, Miriam Monteiro, Misabel
Pedrosa, Regina Vater, Samia Mattar, Tana , Teresinha Veloso, Thereza Simões, Thereza Miranda, Vera Chaves
Barcellos , Vera Mindlin e Wanda Pimentel.

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do Carmo Secco, Maria luiza Leão Litsek, Maria Lourdes de Novaes, Maria Laura
Radspiller, Maria Lia Soares, Maria Tereza Vieira, Marie Brych, Miriam Blanck Sambursky,
Miriam, Miriam Monteiro, Misabel Pedrosa, Regina Vater, Samia Mattar, Tana , Teresinha
Veloso, Thereza Simões, Thereza Miranda, Vera Chaves Barcellos , Vera Mindlin e Wanda
Pimentel. Desses 120 artistas, ainda, um número expressivo deapenas 37 tinham ligação com
a abstração; especialmente porque já predominava entre os neovanguardista novas formas de
figuração. Dos 37 artistas com vincula com a “tradição” abstrata, e 12 eram mulheres.
Destacam-se a paulistana Miriam Chiaverini.
Chiaverini iniciou sua jornada estudando desenho e gravuras no Museu de Arte de
São Paulo, tendo como professores o Waldemar da Costa e a Renina Katz cuja a orientação
dela atribuiu significativamente para a fase inicial de Chiaverini. Já deu aula de artes plásticas
no Colégio de Aplicação da Faculdade de Filosofia de São Paulo. Chiaverini foi casada com
o também pintor Donato Ferrari com que teve três filhos (PEDROSA, Vera Pedrosa, Correio
da Manhã, 26 de julho de 1968). Em 1968 participou do XVII° Salão Nacional de Arte
Moderna do Rio de Janeiro.
O juri do XVII° Salão Nacional de Arte Moderna de 1968 foi composto pelo Arcanjo
Ianelli, Iberê Camargo e Rubem Valentim que deram o prêmio viagem ao país para Abelardo
Zaluar e Antonio Maia. E o prêmio de viagem ao exterior a Gilvan Samico e Francisco
Ferreira.
Já dentro do pior período de censura do Regime, Noo XVIII° Salão Nacional de Arte
Moderna de 1969 ocorreu na sala de exposições do Palácio da Cultura e contou na
subcomissão organizadora Edith Behring, Quirino Campofiorito e Roberto Pontual. Destaca-
se a presença da artista abstrata carioca Edith Behring, que foi a primeira mulher nesta
pesquisa a aparecer integrando a subcomissão do SNAMalão Nacional de Arte Moderna, ou
seja, desde de 1964 não houve uma presença feminina na subcomissão. O Salão de 1969
contou com a presença de 90 artistas com 34 mulheres entre eles 4. São elas: Anna Bella
Geiger, Bess, Helena Wong, Marcia Barrosos do Amaral, Maria Bonomi, Maria Luiza Leão
Litsek, Neusa D’Arcanchy, Nizete Sampaio, Odila Ferraz, Rachel Strosberg, Santura
Andrade, Vera Mindlin, Vera Motlis Roitman, Dorée Camargo Corrêa, Edíria Carneiro, Elza
O.S, Erika Steinberger, Isa Aderne, Lúcia Kahn, Maria de Lourdes Novais, Maria Inês
4
São elas: Anna Bella Geiger, Bess, Helena Wong, Marcia Barrosos do Amaral, Maria Bonomi, Maria Luiza
Leão Litsek, Neusa D’Arcanchy, Nizete Sampaio, Odila Ferraz, Rachel Strosberg, Santura Andrade, Vera
Mindlin, Vera Motlis Roitman, Dorée Camargo Corrêa, Edíria Carneiro, Elza O.S, Erika Steinberger, Isa
Aderne, Lúcia Kahn, Maria de Lourdes Novais, Maria Inês Kliemann, Maria Luiza Saddi, Maria Tereza Vieira,
Marie Brych, Marília Kranz, Marília Rodrigues, Mary Ann, Miriam Blanck Sambursky, Rosina Becker do Vale,
Sara Ávila, Sonia Von Brusky, Tana, Vera Chaves Barcellos e Vera Duarte.

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Kliemann, Maria Luiza Saddi, Maria Tereza Vieira, Marie Brych, Marília Kranz, Marília
Rodrigues, Mary Ann, Miriam Blanck Sambursky, Rosina Becker do Vale, Sara Ávila, Sonia
Von Brusky, Tana, Vera Chaves Barcellos e Vera Duarte. Dos 90 artistas, havia apenas 36
ligados à abstração e deles apenas 13 mulheres com ligação com abstração se encontravam
entre eles. Destaca-se Helena Wong.
A chinesa Helena Wong iniciou sua trajetória por volta de 1943, quando sua mãe lhe
sugeriu que fizesse cópias de estampas chinesas para se ocupar em seus longos períodos de
paralisação causada pela doença de reumaática que ela sofria. Wong iniciou sua formação
artística estudando pintura em Xangai na Academia Arco-íris Longo em 1947. Se muda para
o Brasil na década de 1950, onde frequentoua a Escola de Música e Belas Artes do Paraná e
o ateliê de Thorstein Andersen em Curitiba. Por meio do Círculo de Artes Plásticas de 1958,
onde também cria contato com Alcy Xavier. Wong, em 1962, naturalizou-se brasileira e no
ano seguinte conheceu o também pintor Ivan Serpa, se iniciando em gravura no MAM RJ
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1969 participou no XVII° Salão Nacional de
Arte Moderna do Rio de Janeiro.
O juri do XVIII° Salão Nacional de Arte Moderna de 1969 foi composto por Antônio
Bento, Marcelo Grassmann e Walmir Ayala. Juntos conceberam o prêmio de viagem ao país
para Farnese de Andrade e José Carlos. E o prêmio de viagem ao exterior foi para Francisco
Bolonha e Antonio Maia.
No XIX° SNAMalão Nacional de Arte Moderna de 1970 ocorreu a mudança de local
da exposição que normalmente acontecia no Palácio de cultura, porém neste ano o salão
ocorreu no Museu de Arte Moderna. A subcomissão organizadora contou com Valdir
Joaquim de Matos, José Silveira D’Ávila e Manuel José de Matos para integrá-la. Houveram
100 participantes com 33 mulheres entre eles5. São elas: Astreia El- Jaick, Marilia Rodrigues,
Pietrina Checcacci, Elza O. S., Eurydice Bressane, Guita Charifker, Hilda Campofiorito, Isa
Aderne, Joyce Moreno, Maria de Lourdes, Maria Luiza Leão Litsek, Marília Kranz, Mary
Ann, Mirian, Mirian Monteiro, Tana, Thereza Miranda, Vera Chaves Barcellos, Yara
Tupynambá, Regina Vater, Anna Bella Geiger, Bess, Célia Shalders, Guima, Inge Roesler,
Odila Ferraz, Rachel Strosberg, Romanita Disconzi, Sonia Von Brusky, Thereza Brunet e

5
São elas: Astreia El- Jaick, Marilia Rodrigues, Pietrina Checcacci, Elza O. S., Eurydice Bressane, Guita
Charifker, Hilda Campofiorito, Isa Aderne, Joyce Moreno, Maria de Lourdes, Maria Luiza Leão Litsek, Marília
Kranz, Mary Ann, Mirian, Mirian Monteiro, Tana, Thereza Miranda, Vera Chaves Barcellos, Yara Tupynambá,
Regina Vater, Anna Bella Geiger, Bess, Célia Shalders, Guima, Inge Roesler, Odila Ferraz, Rachel Strosberg,
Romanita Disconzi, Sonia Von Brusky, Thereza Brunet e Wanda Pimentel.

15
Wanda Pimentel. Dos 100 artistas participantes, 40 tinham ligação com a abstração e 13
mulheres se encontravam no meio deles. Destacam-se Marília Rodrigues.
A mineira Marília Rodrigues estudou desenho com Haroldo Mattos na Escola de
Belas Artes em Belos Horizontes, mesmo lugar que anos depois ela trabalharia com
xilogravura. Entre 1959 e 1962, Rodrigues já conseguiu bolsa para estudar metal no Ateliê de
Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro com Edith Behring, Anna Letycia e
Rossini Perez. Estou também com Oswaldo Goeldi na Escola Nacional de Belas Artes. Em
1963, começa a lecionar gravura em metal na Escolinha de Arte do Brasil no Rio de Janeiro
até 1955. Em 1983, administra aulas na Escola Guignard e na Oficina de Gravura Sesc Tijuca
no Rio de Janeiro. Foi professora de Arte na Universidade de Brasília, onde iria se aposentar
em 1993. Em 1970, Rodrigues participou do XIX° Salão Nacional de Arte Moderna do Rio
de Janeiro (ITAU CULTURALenciclopédia itaú, online).
O júri do XIX° SNAMalão Nacional de Arte Moderna 1970 foi composto por Edyla
Mangabeira, Frederico Morais e Loio Pérsio. Destacaremos a presença de Edyla Mangabeira
que assim como a Edith Behring, a única mulher a aparecer de 1964 a 1970 no posto da
subcomissão organizadora, Mangabeira Edyla foi a única mulher de 1964 a 1970 a aparecer
no posto de júri do Salão Nacional de Arte Moderna. Não deixa de ser inquietante que neste
ano duas mulheres são premiadas com o Enfim, o júri deu o prêmio de viagem ao país: para
Regina Vater e Marília Rodrigues. E o prêmio de viagem ao exterior foi para o Antonio
Henrique do Amaral e o Darcílio Lima.
Na edição seguinte do salão o XX° Salão Nacional de Arte Moderna de 1971, ocorreu
na sobreloja do Palácio da Cultura um lugar, como já foi dito, pequeno para que fosse
possível expor os trabalhos sem que houvesse uma poluição visual. A mudança do espaço
expressa, indiretamente, uma mudança na importância do evento dentro e fora do Estado. O
Salão contou com a subcomissão organizadora que era composta por Manuel José de Mattos,
Joaquim Tenreiro e Benjamim Silva que organizaram obras de 34 artistas participantes. Entre
esses eles se encontravam 10 mulheres6, são elas: Astréa El-Jaick, Wanda Pimentel, Marcia
Barroso do Amaral, Neusa D’Arcanchy, Célia Shalders, Maria Luiza Leão Litsek, Marília
Kranz, Piroska Kiszely, Mari Yoshimoto, Maria Lourdes Novais e Tereza Miranda. Dos 34
participantes, apenas 11 eram ligados à abstração e com apenas 4 mulheres incluídas neste
grupo11. Destacam-se Neusa D’Arcanchy.

6
São elas: Astréa El-Jaick, Wanda Pimentel, Marcia Barroso do Amaral, Neusa D’Arcanchy, Célia Shalders,
Maria Luiza Leão Litsek, Marília Kranz, Piroska Kiszely, Mari Yoshimoto, Maria Lourdes Novais e Tereza
Miranda.

16
A carioca Neusa D’Arcanchy iniciou sua formação dentro do ambiente familiar. Neta
de um cantor lírico, arquiteto e pintor, neta de uma figurinista e estilista de figurinos para
óperas e sobrinha do multiartista Nestor Tamborindeguy Tangerini, D’Arcanchy cresceu
cerca vida artística. Ela se graduou em 1965 em Pintura pelo Instituto de Belas Artes, onde
pode ser aluna de Iberê Camargo e Isabella Helena de Sá Pereira. As aulas administradas por
Iberê Camargo rendeu-lhe a ela a participação na primeira a mostra coletiva de 1966 dos “17
artistas jovens do Rio” na Galeria Portinari, em Porto Alegre. D’Arcanchy desenvolveu
várias linguagens e técnicas que iam de desenhos, pinturas, serigrafias, gravuras em metal e
na escultura em cerâmica. Em 1971, D’Arcanchy participou do XX° Salão Nacional de Arte
Moderna (Marcella IMPARATO, 2019).
O júri do XX° Salão Nacional de Arte Moderna 1971 foi composto por Valdir Matos,
Aluísio Carvão e Carmen Portinho, sendo a segunda mulher dessa pesquisa a fazer parte do
júri. O júri entregou o prêmio de viagem ao país para a abstrata Astréa El-Jaick e o Cláudio
Paiva e o prêmio de viagem ao exterior foi para Antonio Henrique do Amaral e o Darcílio
Lima.
No XXI° Salão Nacional de Arte Moderna deEm 1972, ocorreu no Palácio da
Cultura e teve na subcomissão organizadora do salão tivemos o Francisco Ferreira, Maurício
Salgueiro e Aluiísio Carvalho. O Salão recebeu 14 artistas para concorrer, entre eles havia 6
mulheres. Chama atenção o número menor de expositores. Dentre as mulheres, tivemos: São
elas Regina Vater, Marcia Barroso do Amaral, Teresa Miranda, Ana Maria Maiolino, Célia
Shalders e Guita Charifker. Dos 14 participantes, apenas 6 tinham ligação com abstração e
entre eles havia 4 mulheres com ligação. Destacam-se a Regina Vater.
Regina Maria da Motta Vater começa sua jornada artística em 1958, estudando
desenho com o pintor Frank Schaeffer. Em 1961, Vater ingressa na Faculdade Nacional de
Arquitetura. Em 1962 continuou seus estudos de desenhos, mas agora com o pintor Iberê
Camargo, marcando profundamente os trabalhos que seguiram. Na década de 1970, Vater
experimentou processos criativos situados entre a performance e a instalação. Em 1972, Vater
já não produzia dentro da perspectiva da arte abstrata moderna, entregando-se à
experimentação contemporânea. participou do XXI° Salão Nacional de Arte Moderna
(enciclopédia ITAÚ CULTURAL, online).
O júri do XXI° Salão Nacional de Arte Moderna de 1972, foi composto por Aloísio
Magalhães, Darel Valença e de novo a Carmem Portinho deu o prêmio de viagem pela
primeira vez desde 1964 para duas mulheres, a Marcia Barroso do Amaral e a Teresa

17
Miranda. E o prêmio viagem ao exterior foi para a já citada Regina Vater e o Newton
Cavalcanti.
No O XXII° SNAMalão Nacional de Arte Moderna de 1973 ocorreu no saguão do
Ministério da Educação e Cultura e contou na subcomissão organizadora com António Maia,
Francisco Bolonha e a participante de salões anteriores, que foi lhe dado destaque neste
trabalho, a Neusa D’Arcanchy. O salão expõe 85 artistas e entre eles havia 31 mulheres 7., são
elas: Anna Maria Maiolino, Célia Shalders, Checcacci, Maria Luiza Leão Litsk, Maria
Tomaselli, Solange Escosteguy, Solange Magalhães, Carmen Bardy, Marilia Rodrigues,
Teresinha Soares, Yeda Lewinsohn, Alda Lofêgo, Bia Wouk, Eurydice Bressane, Guita
Charifker, Ilária Rato Zanandrea, Isabel Bakker, Isa Aderne, Luiza Cunha, Maria Lúcia Luz,
Maria Tereza Vieira, Marlene Hori, Miriam Blanck Sambursky, Nelly Gutmacher, Suzana
Lobo, Thereza Miranda e Yedda Cesar Bonomo. Dos 85 artistas que estavam expondo,
apenas 30 tinham ligação com abstração e, entre eles, haviam 15 mulheres com ligação com
abstração. Destacam-se Maria Tomaselli.
A austríaca Maria Tomaselli, iniciou sua jornada em sua própria cidade natal, onde
pode estudar desenho com Heinz Kuhn em 1962. Em 1965 se formou em filosofia e dois anos
depois se mudou para Porto Alegre, Brasil, onde por dois anos teve aula com Iberê Camargo.
Em 1971, inicia sua formação em artes gráficas com aulas de xilogravura ministrada por
Danúbio Gonçalves, no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. Em 1972, Tomaselli se
muda para São Paulo e faz um curso de serigrafia com Paulo Menten. No mesmo ano,
frequenta a Escola Brasil e é premiada na II° Exposição Internacional de Gravura, no
MAMSP Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 1973 participa do XXII° Salão Nacional
de Arte Moderna do Rio de Janeiro (enciclopédia ITAÚ CULTURAL, online).
O júri do XXII° Salão Nacional de Arte Moderna de 1973 foi composto por Francisco
Bittencourt, Francisco Ferreira e Maurício Salgueiro, que deram o prêmio de viagem ao país
para Júlio Vieira e José Tarcísio. O prêmio de viagem ao exterior foi para Píndaro Castelo
Branco e Haroldo Barroso.
No O XXIII° Salão posterior, em Nacional de Arte Moderna de 1974, ocorreu no
saguão do Palácio da Cultura e contou com o Aloísio Magalhães, Haroldo Barroso e Gerald
Edson de Andrade na subcomissão organizadora. O Salão concebeu a exposição de 12 artistas

7
São elas: Anna Maria Maiolino, Célia Shalders, Checcacci, Maria Luiza Leão Litsk, Maria Tomaselli,
Solange Escosteguy, Solange Magalhães, Carmen Bardy, Marilia Rodrigues, Teresinha Soares, Yeda
Lewinsohn, Alda Lofêgo, Bia Wouk, Eurydice Bressane, Guita Charifker, Ilária Rato Zanandrea, Isabel Bakker,
Isa Aderne, Luiza Cunha, Maria Lúcia Luz, Maria Tereza Vieira, Marlene Hori, Miriam Blanck Sambursky,
Nelly Gutmacher, Suzana Lobo, Thereza Miranda e Yedda Cesar Bonomo.

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que entre eles se encontravam 4 mulheres. São elas Célia Shalders, Maria Luiza Leão Litsk,
Pietrina Checcacci e Solange Magalhães. Dos 12 artistas, apenas 7 tinham ligação com
abstração e entre eles se encontravam apenas 3 mulheres. Destacam-se Célia Shalders e
Pietrina Checcacci.
A jornada da carioca Célia Shalders se iniciou em 1965 quando integrou o Ateliê
Livre de Artes Plásticas na Cidade do Rio de Janeiro, tendo como coordenadora Maria de
Lourdes Novais. Shalders foi aluna de Frank Schaeffer, Ivan Serpa e José Assunção onde
pode se aprimorar como pintora, gravadora, desenhista e artistas gráfica. Shalders em 1974
participou do XXII° Salão Nacional de Arte Moderna (enciclopédia ITAÚ CULTURAL,
online).
A italiana Pietrina Checcacci em 1954 mudou-se para o Brasil, fixando se no Rio de
Janeiro, onde pode de 1958 a 1964 estudar na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de
Janeiro. Em 1968, Checcacci participou da exposição “Arte no Aterro” organizada pelo
crítico de arte Frederico Morais, sua participação foi registrada e posteriormente
documentada no documentário “Apocalipopótese” produzido pelo cinegrafista Raymundo
Amado. No mesmo ano, Checcacci marcou presença na exposição na exposição “As
Bandeiras” na Praça General Osório do Rio de Janeiro. Em 1969, participou da IX Bienal de
São Paulo. Checcacci participou em seis edições do “Panorama de Arte Brasileira” do MAM.
Em 1974, Checcacci participou do XXIII° Salão Nacional de Arte Moderna de 1974
(GALERIA SUPERFÍCIE, online).
O júri do XXIII° Salão Nacional de Arte Moderna de 1974 era composto por Darel
Valença, Alfredo Viller e Walmir Ayala. O júri deu o prêmio de viagem ao país para Sérgio
Andrade e a carioca Célia Shalders. O prêmio de viagem ao exterior foi para José Tarcísio e
Pietrina Checcacci, também destacada neste trabalho.
Em 1975, o salão contou com
No XXIV° Salão Nacional de Arte Moderna de 1975 ocorreu no Palácio da Cultura
com Francesco Bittencourt, Maurício Salgueiro e mais uma vez Neuza D’Arcanchy na
subcomissão organizadora. O Salão contou com 14 participantes e entre eles havia apenas 5
mulheres. São elas: Wilma Martins, Aklander, Célia Shalders, Maria Luiza Leão Litsk e
Solange Magalhães. Dos 14 participantes, apenas 5 tinham ligação com abstração e entre eles
havia apenas três deles. Destaca-se a Aklander.
A norte-rio-grandense Ruth Palatnik Aklander, prima do também artista Abraham
Palatnik, iniciou sua jornada mudando-se para o Rio de Janeiro onde pode obter formação
acadêmica em Belas Artes na Faculdade de Filosofia, atualmente a UFRJ. Foi aluna do Curso

19
de Pesquisa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro administrada por Ivan Serpa, lugar
onde Aklander foi iniciada na Arte Moderna. No mesmo período, Serpa a convidou a
participar do grupo fundador do Centro de Pesquisa de Arte no Rio de Janeiro. Em busca de
ampliar sua formação, Aklander cursou História da Arte, Cenografia e Perspectiva Artística e
Indumentária. Com sua formação e especiais, Aklander produziu obras diversificadas,
abertas, lúdicas e interativas com seu espectador (RUTH AKLANDER, online). Em 1975,
Aklander participou do XXIV° Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
O júri do XXIV° Salão Nacional de Arte Moderna de 1975 era composto por Onofre
Penteado, Roberto Marinho de Azevedo e Walmir Ayala que entregaram o prêmio de viagem
ao país para Inácio Rodrigues e José Lima e o prêmio de viagem ao exterior para Siron
Franco e para a mineira Wilma Martins.
No XXV° do SNAMSalão Nacional de Arte Moderna de 1976 ocorreu no Palácio da
Cultura e teve na subcomissão Maurício Salgueiro, Morgan da Motta e um terceiro membro
que não pode ser localizado nesta pesquisa. O Salão contou com 20 artistas na exposição,
sendo que 12 eram mulheres8. São elas: Dorée Camargo, Vilma Pasqualini, Thereza Miranda,
Célia Shalders, Maria Tomaselli, Marília Kranz, Solange Magalhães, Vera Salamanca, Anna
Carolina Albernaz, Maria Luiza Leão Litsk, Sami Mattar e Sara Ávila. Entre esses 20 artistas,
havia apenas 11 com ligação abstrata. 6 mulheres se encontravam nesse meio, destacava- se a
paulistana Dorée Camargo.
Pintora e escultora graduanda em pintura pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio
de Janeiro em 1963, Camargo continuou seus estudos de desenho tendo aula com Abelardo
Zaluar, pintura com Frank Schaeffer, gravura com José Lima e serigrafia no Centro de Arte
Contemporânea. Com isso, Camargo se especializa em serigrafia. Graduada também no curso
de História da Arte com Flexa Ribeiro, Razão e Sensibilidade na Arte com Mário Barata e
Arte Brasileira hoje administrada por Roberto Pontual. Em 1976, Dorée Camargo participou
do XXV° Salão Nacional de Arte Moderna, que viria a ser o último também, de 1976
(enciclopédia ITAÚ CULTURAL itaú, online).
O júri do XXV° Salão Nacional de Arte Moderna de 1976 foi composto por Iberê
Camargo, Walmir Ayala e Flávio Aquino que deram o prêmio de viagem ao país para Paiva
Brasil e a já citada Dorée Camargo. O prêmio de viagem ao exterior foi para Vilma
Pasqualini e Thereza Miranda.

8
São elas: Dorée Camargo, Vilma Pasqualini, Thereza Miranda, Célia Shalders, Maria Tomaselli, Marília
Kranz, Solange Magalhães, Vera Salamanca, Anna Carolina Albernaz, Maria Luiza Leão Litsk, Sami Mattar e
Sara Ávila.

20
Em 1977, o governo pela Lei n° 6.426, de 30 de junho de 1977, extingue a Comissão
Nacional de Belas, criada em dezembro de 1951, e com isso o Salão Nacional de Arte
Moderna não ocorreria mais. No lugar dele haveria o Salão Nacional de Artes Plásticas que
acontece anualmente no Rio de Janeiro no Palácio da Cultura.

Conclusão
Pode ser concluído nesta pesquisa que o Salão Nacional de Arte Moderna apesar de
ser o mais esperado e prestigiado do ano, ele estava definhando com o passar do tempo, não
tendo o mesmo apoio que tinha nos seus anos iniciais. Apesar de ter prêmios de grande
oportunidade para a classe artistas, a mesma não marcava presença, tendo como exemplos os
Salões XII°, XIV°, XV°, XVI° e XVII°, onde no máximo 30 artistas se apresentaram. O que
pode ser visto também é a repentina boom de participantes nos salões XVII°, XVIII° e XIX°
onde foram quase 100 artistas em cada ano, uma grande quantidade comparada com os anos
anteriores. Após esse boom, os números de participações continuaram como antes, como
pode ser visto no salão XX° e XXI°. Mas de novo, houve um boom nos salões XXII°, com a
participação de mais de 70 artistas. Mas nos próximos salões que se seguiram os XXIII°,
XXIV°, XXV , os números não saíram da faixa etária de 30 participantes. O Salão Nacional
de Arte Moderna não teve o seu XXIV°, pois foi extinto depois do último.
O Salão no recorte desta pesquisa apresenta diversas reclamações dos artistas e
críticos da arte, seja do espaço que é muito pequeno para exposição das artes ou da falta de
uma iluminação boa. O evento em quase todos os anos, menos no XIX° SNAMalão Nacional
de Arte Moderna de 1969 que aconteceu no Museu de Arte Moderna, aconteceu no Palácio
da Cultura. Um lugar com andares não tem muito espaço para um evento de calibre salão de
arte. Com isso, as críticas de quase todos os anos eram referidas sobre o espaço onde estava
sendo conduzido o evento.
A subcomissão organizadora desde do XII° de 1964 ao XVII° de 1968 foi composta
apenas por homens no recorte desta pesquisa. Sendo a Edith Behring a primeira mulher a
aparecer na subcomissão organizadora no XVII° Salão Nacional de Arte Moderna de 1969. O
corpo de júri foi composto por homens do XII° Salão Nacional de Arte Moderna de 1964 ao
XVIII° Salão de 1969. Tendo como a primeira mulher nesse recorte Edyla Mangabeira.
O número de artistas com ligações com a abstração em todos os anos desta pesquisa
acompanhou o número de participação total de pessoas no Salão, ou seja, fica pau a pau.
Sendo que em alguns anos as mulheres com ligação com abstração eram quase o total de
pessoas com ligação com abstração. É possível ver o exemplo o XV° de 1966, XVI° 1967,

21
XXI° de 1972, XXIII° 1974 e o XXV° de 1976 onde a quantidade de mulheres era metade da
de pessoas com ligação com abstração. Em cada ano dessa pesquisa foi dado um breve
destaque para uma dessas mulheres. No total, foram 14 mulheres que reacenderam suas
histórias nesse trabalho que se apresenta.
Foi escolhido para serem tratados os anos 1964 a 1977 para destacar a produção de
artistas abstrata e feminina que resistiram apesar dos anos de opressão e censura causadas
pela Ditadura civil-militar de 1964 e a desvalorização que o salão foi sofrendo no decorrer
dos anos.

Bibliografia

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TRIZOLI, Talita. Atravessamentos Feministas: um panorama de mulheres artistas no Brasil dos


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http://www.anpap.org.br/anais/2010/pdf/chtca/priscila_rosin.pdf /

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https://annamariamaiolino.com/
https://www.galerialuisastrina.com.br/artistas/anna/

Anna Bella Geiger 66


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https://www.solangeescosteguy.com/movimento
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https://solangeescosteguy.wordpress.com/biografia/

Chiaverini 68
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Helena Wong 69
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9472/helena-wong

Marília Rodrigues 70
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regina vater 72 http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10098/regina-vater

Maria Tomaselli 73
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9183/maria-tomaselli

célia shalders 74
https://www.instagram.com/celiashalders/
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8640/celia-shalders
Pietrina checcacci 74
http://www.galeriasuperficie.com.br/artistas/pietrina-checcacci/
http://pietrinacheccacci.com/exposicoes/anos-70-e-80/

ruth aklander 75
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