O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é uma filosofia de controle de pragas que
procura preservar e incrementar os fatores de mortalidade natural, através do uso integrado de todas as técnicas de combate possíveis, selecionadas com base nos parâmetros econômicos, ecológicos e sociológicos. Visa manter o nível populacional dos insetos numa condição abaixo do nível de dano econômico, através da utilização simultânea de diferentes técnicas ou táticas de controle, de forma econômica e harmoniosa com o ambiente. Para cada tática de controle tem-se pelo menos uma estratégia de manejo, como a seguir: a) uso de variedades resistentes – tem como estratégia cultivar plantas que desfavoreçam o crescimento, reprodução e sobrevivência dos insetos, devido às suas características morfológicas, físicas e químicas; b) rotação de cultura – plantar alternadamente variedades que não sejam hospedeiras das mesmas pragas, para quebrar ou interromper o ciclo de desenvolvimento das mesmas; c) destruição de restos culturais – arrancar os restos de cultura para impedir que o inseto-praga complete o seu ciclo de desenvolvimento, ou mesmo evitar que esses resíduos vegetais sirvam de hospedeiros para outras pragas; d) aração do solo – expor larvas, pupas e mesmo adultos de insetos-praga de solo aos raios solares ou eliminar os insetos através da ação mecânica dos implementos agrícolas, e) adubação – provocar uma pseudoresistência, ou seja, o fornecimento de certos nutrientes à planta pode provocar mudanças fisiológicas na mesma, tornando-a desfavorável ao desenvolvimento do inseto. Além disso, uma cultura que contém a maioria dos nutrientes necessários ao seu desenvolvimento, mostra-se mais resistente ao ataque de pragas; f) alteração da época de plantio e/ou colheita – fazer com que o período de maior suscetibilidade da planta não coincida com picos populacionais da praga, reduzindo os danos causados pela mesma; g) poda ou desbaste – cortar e destruir, principalmente, os ramos de plantas perenes atacados por brocas, para evitar que as mesmas alcancem o tronco e cause a morte da planta; h) irrigação ou drenagem – existem insetos que preferem ambientes secos, e assim, uma boa irrigação pode desfavorecê-los e, outros se adaptam melhor em locais úmidos, podendo ser controlados através de uma drenagem. No caso de insetos bastante diminutos e de tegumento mole (pulgões, tripes, etc.), a irrigação através do sistema de aspersão pode causar redução de suas populações; i) cultura armadilha – plantar variedades susceptíveis ao redor ou mesmo no interior da área de cultivo, para atrair os insetos-praga para as mesmas e, sobre elas realizar o controle; j) destruição de hospedeiros alternativos – eliminar plantas que estejam ao redor ou no interior da área de cultivo, que possam ser utilizadas pelas pragas como fontes alternativas de alimento e/ou abrigo; k) destruição manual – catar ou esmagar ovos e lagartas encontrados nas plantas cultivadas, evitando o seu desenvolvimento; l) uso de barreiras – formar barreiras com vegetais e/ou mesmo sulcos no solo para impedir que a praga alcance uma determinada cultura para se alimentar ou utilizá- la como abrigo; m) uso de armadilhas – realizar o monitoramento do crescimento populacional da praga, auxiliando na tomada de decisão do seu controle; n) manipulação do ambiente - reduzir ou aumentar a temperatura do ambiente, tornando-o desfavorável ao desenvolvimento do inseto; o) liberação, proteção e fomento dos inimigos naturais – utilizar parasitóides, predadores e entomopatógenos no controle de pragas e procurar mantê-los no agroecossistema; p) feromônios – coletar o máximo possível de indivíduos do sexo masculino ou feminino, evitando o seu acasalamento; impedir que o macho ou a fêmea encontre o seu parceiro para cópula, devido ao saturamento do ambiente com feromônios sintéticos; monitorar o crescimento populacional da praga para determinar o momento mais adequado de seu controle; q) esterilização de insetos – liberar populações de insetos estéreis para diminuir os acasalamentos férteis, reduzindo a sua população a cada geração; r) quarentena – prevenir a entrada de pragas exóticas e impedir a sua disseminação; s) medidas obrigatórias de controle – destruir os restos de cultura para prevenção contra o ataque de insetos-praga; t) fiscalização do comércio de produtos fitossanitários – auxiliar na escolha e na utilização mais racional de produtos químicos; evitar fraudes em formulações e estabelecer o limite de tolerância de resíduos tóxicos nos alimentos, bem como períodos de carência; u) produtos químicos – a estratégia mais racional é utilizar produtos químicos no combate de pragas, somente em casos emergências, quando todas as outras alternativas de controle foram utilizadas. Pode-se observar que existe um grande número de táticas de controle que podem ser utilizadas para redução do crescimento populacional de insetos-praga em diferentes culturas. No entanto, somente algumas delas deverão ser utilizadas em casos específicos, dependendo da praga, cultura e outros fatores ambientais, que serão abordados dentro do manejo das culturas.