contra ato abusivo e ilegal, praticado pela UNIÃO FEDERAL, representada pelo
PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SELEÇÃO INTERNA QOCONMFDVEAS/EIS I - 2020
(SERVIÇO DE RECRUTAMENTO E PREPARO DE PESSOAL DA AERONÁUTICA/PA),
que pode ser notificado na Av. Júlio César, s/n° - 2º Andar, bairro Souza, CEP 66.613-902, na cidade
de Belém/PA, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:
I. DA TEMPESTIVIDADE 1
Conforme se analisará no decorrer do presente mandamus, a Autora tomou ciência do
ato impugnado na data de hoje, 31/08/2020, portanto, dentro do prazo legal de 120 (cento e vinte) dias
previsto no art. 23 da Lei nº 12.026/96 que disciplina o Mandado de Segurança.
II. DO CABIMENTO
Não resta dúvidas, portanto, de que o Presidente da Comissão de Seleção Interna é parte
legítima para figurar no polo passivo do presente mandamus como autoridade coatora, nos termos do
art. 6º, §3º, da Lei nº 12.016/09.
III. DA COMPETÊNCIA
A Justiça Federal de primeira instância representa juízo competente para julgar o
presente remédio constitucional, conforme o art. 109, VIII, da Constituição Federal.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal,
excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
Assim, considerando que a próxima data designada para esta etapa do concurso
está marcada para o dia 01/09/2020 (amanhã), impetra-se o presente Mandado de Segurança,
para garantir o cumprimento do direito da Impetrante,
IV. DOS FATOS
Importante destacar que o mencionado processo seletivo é regido pela Portaria DIRAP
nº 7/3SM de 16 de janeiro de 2020.
Para que não paire dúvida sobre a legitimidade do presente pleito, faz-se necessário
esclarecer que a impetrante não está a questionar todo o conjunto de etapas exigidas pelo edital acima
mencionado, para o seu ingresso nesta corporação, mas sim no que tange a fase do item 5.5.6 do
edital, realizada no dia 24/08/20, onde a mesma, apresentou todos os documentos e exames solicitados
de acordo com este item, recebendo então, um documento preenchido e assinado por um membro da 3
Aeronáutica que todos os itens requeridos foram recebidos, conforme documento em anexo.
Destaca-se, que no dia 25/08/20, foi publicada uma listagem com a relação dos
voluntários convocados para a “Inspeção de Saúde e Avaliação Psicológica”, constando o nome
da Impetrante, a ser realizada no dia 31/08/20 as 06:30h, conforme documento em anexo, o que
foi devidamente realizada pela impetrante.
Ocorre que no dia 28/08/20, verificou-se uma nova publicação denominada de
“Voluntários excluídos por não apresentarem laudo psicológico na etapa da concentração
inicial”, constando o nome da Impetrante e, portanto, excluindo-a da próxima etapa que ocorreu
no dia de hoje (31/08/20).
Outrossim, a impetrante cumpriu o requisito do “item 5.5.7” onde prevê que: “os
exames, avaliações, atestado psicológico e laudos médicos relacionados no item 5.5.6 deverão ser
entregues somente pelo próprio voluntário por ocasião da Concentração Inicial, e somente durante
esse evento, ficando, assim, vedada a entrega de qualquer desses mesmos exames por procurador
e/ou a remessa por fac-símile, e-mail ou correios”, posto que conforme documento em anexo assinado
pela impetrante, no dia 24/08/20, a mesma compareceu, pessoalmente, e, apresentou todos os
documentos e exames solicitados de acordo com este item, recebendo então, um documento
preenchido e assinado por um membro da Aeronáutica que todos os itens requeridos foram
recebidos e cumpridos.
Ademais, a impetrante, também, cumpriu “o item 5.5.10” que prevê: “Caso deixe de
apresentar algum dos exames, atestado psicológico, avaliações médicas e laudos listados no item
5.5.6, o voluntário será EXCLUÍDO, e não poderá prosseguir na seleção, sendo o ato divulgado no
endereço eletrônico do Processo Seletivo”. Contudo, o documento em anexo assinado pela aeronáutica
e pela impetrante, comprovou que a mesma entregou todos os documentos e exames solicitados.
Também, cumpriu o “item 5.5.16”, que prevê que:
Desta forma, considerando que a próxima etapa do concurso está marcada para
AMANHÃ, 01/09/2020 (nesta terça-feira), e para não incidir na prescrição e perempção do
direito, impetra-se o presente remédio para a garantia do direito da Impetrante.
Portanto, o ato administrativo, que excluiu a impetrante, demonstra a ilegalidade da
conduta administrativa, motivo pelo qual a Impetrante vem ao Judiciário buscar a tutela jurisdicional
de seus direitos.
V. DO DIREITO
Isso porque o ato praticado pela autoridade administrativa está eivado de ilegalidade,
sendo que os vícios são insanáveis, devendo o ato ser imediatamente considerado nulo. Vejamos
entendimento jurisprudencial neste sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO - CONCURSO PÚBLICO - CURSO DE FORMAÇÃO
DE OFICIAIS DA AERONÁUTICA - APTIDÃO PSICOLÓGICA - REPROVAÇÃO -
REALIZAÇÃO DE NOVO EXAME - NECESSIDADE DE TRANSPARÊNCIA NO
RESULTADO. - A Lei 4.375/64, em seu art. 13, item •c–, confere a base legal para a
exigência do exame psicotécnico. Não obstante tal diploma legal fazer referência ao serviço
militar obrigatório, suas regras são aplicáveis a todos que integram carreira militar,
incluindo os alunos de órgão de formação de militares da ativa, tal como determina o art. 7º
da Lei 6.880/80. - A aptidão psicológica revela-se necessária para a seleção dos futuros
oficiais militares, na medida em que define se o candidato possui ou não perfil psicológico
adequado para exercer com segurança e eficiência as tarefas atinentes à carreira militar.
Todavia, para ser reconhecida a sua validade, imprescindível a previsão em lei, o seu
caráter não sigiloso e o direito à defesa, facultando-se a interposição de recurso. - O fumus
boni iuris para o deferimento da presente medida encontra-se fundado na aparente afronta
ao devido processo legal pelo desconhecimento por parte dos candidatos das razões que
levaram à consideração de inaptidão no exame psicotécnico realizado. - Há necessidade de
transparência no resultado do certame, de forma a garantir princípios constitucionais e
administrativos basilares como o da publicidade, da moralidade e da ampla defesa. - Deve
ser garantido aos Agravantes a realização de novo exame de aptidão psicológica, e, em caso 5
de reprovação, que eles sejam informados das verdadeiras razões que motivaram o
resultado desfavorável, reabrindo-se as etapas recursais previstas no Edital. (TRF-2 - AG:
201202010007098, Relator: Desembargador Federal SERGIO SCHWAITZER, Data de
Julgamento: 08/08/2012, OITAVA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação:
15/08/2012)
6
Por todo o exposto, em razão do flagrante de ilegalidade da exclusão da Impetrante,
bem como, pelos demais fatos expostos e comprovados acima, requer-se:
(i) Digne-se Vossa Excelência, conforme autoriza o artigo 7º, inciso III,
da Lei nº 12.016/2009, conceder medida liminar inaudita altera pars, ante a presença de
seus requisitos autorizadores, quais sejam, fumus boni júris e periculum in mora, com o fim
específico de suspender o ato administrativo guerreado, que culminou na exclusão da
Impetrante do Concurso Público, determinando ainda à autoridade coatora que reintegre a
Impetrante ao Certame, providenciado que esta realize a próxima etapa do concurso –
Inspeção de Saúde (INSPSAU) e Avaliação Psicológica (AP), que ocorrerá AMANHÃ,
01/09/2020 (terça-feira), ÀS 06:30HS, ou em outra data que este juízo venha a designar, e
demais etapas, sob pena de multa a ser arbitrada por este Juízo, condicionando esta liminar ao
julgamento meritório deste mandamus; com a consequente anulação do ato administrativo que
excluiu a impetrante do concurso público, pela completa ausência de motivação do ato,
através de critérios objetivos que possam justificar a inaptidão da Impetrante;
(ii) O imediato retorno da Impetrante ao certame, para que esta
possa realizar a próxima etapa do concurso que está marcada para 30/09/2020 (terca-
feira) ou em outra data que este juízo venha designar;
(iii) Requer ainda a reserva de uma vaga no certame, para que após todos
os procedimentos classificatórios, possa a impetrante estar apta para tomar posse ao cargo de
Médica da Aeronáutica;
(iv) Que seja citado com urgência o Impetrado, na pessoa de seu
representante legal, do conteúdo da presente petição inicial, para que apresente as informações
dentro do prazo legal;
(v) Seja ouvido o representante do Ministério Público Federal;
(vi) Recebimento desta inicial e o seu processamento na forma da Lei nº
12.016/2009;
(vii) Requer que a presente demanda seja julgada PROCEDENTE para que
ao final, seja concedida a segurança, nos termos dos pedidos para o fim de anular a exclusão
da impetrante, dado à falta de qualquer critério objetivo que culminou referida exclusão;
(viii) Protesta provar o quanto alegado através da juntada da documentação
anexa, satisfazendo a exigência legal para viabilidade do presente mandamus, qual seja, a pré-
constituição das provas
Dá-se à causa o valor de R$ 1.045,00 (um mil e quarenta e cinco reais), para 7
fim de alçada.
Termos em que,
Pede Deferimento.
Belém, 31 de agosto de 2020
Nome advogado
OAB n xxx