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MM.

JUÍZO DA ___ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE xxxxxxxx

Distribuição urgente – Pedido de liminar.

(Nome, rg, endereço, email), vem, respeitosamente à presença de Vossa


Excelência, por meio da sua procuradora legalmente constituídos (doc. anexo), com endereço
profissional nesta cidade, com fulcro no art. 5ª, inciso LXIX e na Lei nº 12.016/09, impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR

contra ato abusivo e ilegal, praticado pela UNIÃO FEDERAL, representada pelo
PRESIDENTE DA COMISSÃO DE SELEÇÃO INTERNA QOCONMFDVEAS/EIS I - 2020
(SERVIÇO DE RECRUTAMENTO E PREPARO DE PESSOAL DA AERONÁUTICA/PA),
que pode ser notificado na Av. Júlio César, s/n° - 2º Andar, bairro Souza, CEP 66.613-902, na cidade
de Belém/PA, pelas razões de fato e de direito que passa a expor:

I. DA TEMPESTIVIDADE 1
Conforme se analisará no decorrer do presente mandamus, a Autora tomou ciência do
ato impugnado na data de hoje, 31/08/2020, portanto, dentro do prazo legal de 120 (cento e vinte) dias
previsto no art. 23 da Lei nº 12.026/96 que disciplina o Mandado de Segurança.

II. DO CABIMENTO

A Portaria DIRAP nº 7/3SM, de 16 de janeiro de 2020, que dispõe sobre o Processo


Seletivo para Convocação e Incorporação de Profissionais de Nível Superior, com vistas à Prestação
do Serviço Militar Voluntário, Temporário, para o ano de 2020 (QOCon MFDV 1-2020), estabelece
que:
O DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO DO PESSOAL por delegação de competência
do Sr. Comandante da Aeronáutica, estabelecida pela Portaria nº 760/GC3, de 28 de maio
de 2018; no uso das atribuições que lhe confere o art. 10, inciso IV do Regulamento da
Diretoria de Administração do Pessoal (ROCA 21 1.327/GC3, aprovado pela Portaria nº
1.327/GC3, de 11 de setembro de 2017; de acordo com os itens 3.2.2, 3.3.1, letras “c” e
“d”, 3.4.1 e 3.4.2 da ICA 33–22/2016 "Convocação, Seleção e Incorporação de
Profissionais Nível Superior Voluntários à Prestação do Serviço Militar Temporário"; o
estabelecido nos itens 2.4.2 e 3.3 da ICA 36-14/2018 “Instrução Reguladora do Quadro de
Oficiais da Reserva de 2ª Classe Convocados – QOCon”, o previsto no art. 17, inciso IV e
§2º do Decreto nº 6.854, de 25 de maio de 2009, “Regulamento da Reserva da
Aeronáutica”, alterado pelo Decreto nº 8.130, de 24 de outubro de 2013, resolve:
Art. 1º Aprovar o Aviso de Convocação do Processo Seletivo para Convocação e e
Incorporação de Profissionais de Nível Superior, com vistas à Prestação do Serviço Militar
Voluntário, em Caráter Temporário, para o ano de 2020 (QOCon MFDV 1-2020).

Não resta dúvidas, portanto, de que o Presidente da Comissão de Seleção Interna é parte
legítima para figurar no polo passivo do presente mandamus como autoridade coatora, nos termos do
art. 6º, §3º, da Lei nº 12.016/09.

III. DA COMPETÊNCIA
A Justiça Federal de primeira instância representa juízo competente para julgar o
presente remédio constitucional, conforme o art. 109, VIII, da Constituição Federal.
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal,
excetuados os casos de competência dos tribunais federais;

No que tange a competência do Superior Tribunal de Justiça para julgar Mandado de


Segurança em face dos Comandantes das Forças Armadas, prevista no artigo 105, inciso I da
Constituição Federal, cabe esclarecer que tal competência foi assegurada tão somente para aqueles 2
Comandantes que exercem direção e a gestão da respectiva força, conforme expressamente previsto no
artigo 4ª da Lei Complementar nº 97 de 1999, o que não ocorre no caso em tela.
Conclui-se, portanto, que a competência para processar e julgar o presente Mandado
de Segurança é da Justiça Federal.

IV. DO ESGOTAMENTO DAS VIAS ADMINISTRATIVAS


A Impetrante tomou conhecimento da sua exclusão no dia de hoje (31.08.2020)
quando chegou no horário designado no edital para comparecer para a fase de Inspeção de Saúde
(INSPSAU) e Avaliação Psicológica (AP), quando descobriu que havia sido excluída do processo
seletivo, e em que pese o inconformismo com a exclusão, ficou impossibilitada de ingressar com
recurso na esfera administrativa, uma vez que a próxima oportunidade para que a Autora consiga
participar da próxima fase do processo seletivo será no dia de amanhã, 01.09.2020 (conforme
demonstrado no edital em anexo), de forma que se torna impossível ingressar com qualquer pedido
administrativo para ser julgado no mesmo dia.
Além disso, não há previsão no edital para a interposição de recurso após esta etapa.

Assim, considerando que a próxima data designada para esta etapa do concurso
está marcada para o dia 01/09/2020 (amanhã), impetra-se o presente Mandado de Segurança,
para garantir o cumprimento do direito da Impetrante,
IV. DOS FATOS

A impetrante se inscreveu regularmente para participar do processo seletivo para


“CONVOCAÇÃO E INCORPORAÇÃO DE MÉDICOS, FARMACÊUTICOS, DENTISTAS E
VETERINÁRIOS, COM VISTAS À PRESTAÇÃO DO SERVIÇO MILITAR VOLUNTÁRIO, EM
CARÁTER TEMPORÁRIO, PARA O ANO DE 2020”, como médica, na especialidade de
Ginecologia e Obstetrícia, conforme Edital QOCon MFDV EAS/EIS 1-2020, em anexo.

A impetrante foi regularmente inscrita conforme Código de inscrição:


“F10A159199B1866”, conforme ficha de inscrição em anexo.

Importante destacar que o mencionado processo seletivo é regido pela Portaria DIRAP
nº 7/3SM de 16 de janeiro de 2020.

Para que não paire dúvida sobre a legitimidade do presente pleito, faz-se necessário
esclarecer que a impetrante não está a questionar todo o conjunto de etapas exigidas pelo edital acima
mencionado, para o seu ingresso nesta corporação, mas sim no que tange a fase do item 5.5.6 do
edital, realizada no dia 24/08/20, onde a mesma, apresentou todos os documentos e exames solicitados
de acordo com este item, recebendo então, um documento preenchido e assinado por um membro da 3
Aeronáutica que todos os itens requeridos foram recebidos, conforme documento em anexo.

Destaca-se, que no dia 25/08/20, foi publicada uma listagem com a relação dos
voluntários convocados para a “Inspeção de Saúde e Avaliação Psicológica”, constando o nome
da Impetrante, a ser realizada no dia 31/08/20 as 06:30h, conforme documento em anexo, o que
foi devidamente realizada pela impetrante.
Ocorre que no dia 28/08/20, verificou-se uma nova publicação denominada de
“Voluntários excluídos por não apresentarem laudo psicológico na etapa da concentração
inicial”, constando o nome da Impetrante e, portanto, excluindo-a da próxima etapa que ocorreu
no dia de hoje (31/08/20).

Contudo, referida exclusão não merece prosperar, posto que a impetrante


apresentou o atestado psicológico requisitado no edital, conforme “item 5.5.6, letra k”, dentro de
todos os pré-requisitos citados na publicação de exclusão, que são os itens 5.5.7, 5.5.10 e 5.6.16.
Ressalta-se, ainda, que a impetrante possui o documento atestado e assinado pela
própria Aeronáutica confirmando que a documentação citada acima foi entregue, tornando a
exclusão da impetrante ilegal e abusiva.

Outrossim, a impetrante cumpriu o requisito do “item 5.5.7” onde prevê que: “os
exames, avaliações, atestado psicológico e laudos médicos relacionados no item 5.5.6 deverão ser
entregues somente pelo próprio voluntário por ocasião da Concentração Inicial, e somente durante
esse evento, ficando, assim, vedada a entrega de qualquer desses mesmos exames por procurador
e/ou a remessa por fac-símile, e-mail ou correios”, posto que conforme documento em anexo assinado
pela impetrante, no dia 24/08/20, a mesma compareceu, pessoalmente, e, apresentou todos os
documentos e exames solicitados de acordo com este item, recebendo então, um documento
preenchido e assinado por um membro da Aeronáutica que todos os itens requeridos foram
recebidos e cumpridos.

Ademais, a impetrante, também, cumpriu “o item 5.5.10” que prevê: “Caso deixe de
apresentar algum dos exames, atestado psicológico, avaliações médicas e laudos listados no item
5.5.6, o voluntário será EXCLUÍDO, e não poderá prosseguir na seleção, sendo o ato divulgado no
endereço eletrônico do Processo Seletivo”. Contudo, o documento em anexo assinado pela aeronáutica
e pela impetrante, comprovou que a mesma entregou todos os documentos e exames solicitados.
Também, cumpriu o “item 5.5.16”, que prevê que:

“Caso NÃO compareça à Concentração Inicial, o voluntário será EXCLUÍDO do


Processo Seletivo, sendo o ato divulgado no endereço eletrônico do Processo Seletivo”, posto que a
mesma compareceu em todas as etapas do presente concurso.
Somado a todos esses fatos, Excelência, apesar de inconformada com a exclusão do
processo seletivo, a impetrante ficou impossibilitada de ingressar com recurso administrativo, tendo 4
em vista que, além de falta de previsão no edital, o resultado de sua exclusão saiu em 28/08/2020
(sexta-feira), conforme documento em anexo, a qual só tomou conhecimento no dia de hoje, quando,
acreditando ter passado para a próxima etapa do concurso, conforme primeira decisão proferida no dia
25.08.2020, compareceu no local e horário designados para realizar a fase de Inspeção de Saúde
(INSPSAU) e Avaliação Psicológica (AP), e descobriu que estava excluída do processo seletivo, não
havendo tempo hábil, portanto, para recorrer administrativamente, uma vez que a próxima
oportunidade para realização desta fase ocorrerá AMANHÃ (01.09.2020).

Desta forma, considerando que a próxima etapa do concurso está marcada para
AMANHÃ, 01/09/2020 (nesta terça-feira), e para não incidir na prescrição e perempção do
direito, impetra-se o presente remédio para a garantia do direito da Impetrante.
Portanto, o ato administrativo, que excluiu a impetrante, demonstra a ilegalidade da
conduta administrativa, motivo pelo qual a Impetrante vem ao Judiciário buscar a tutela jurisdicional
de seus direitos.

V. DO DIREITO

O Mandado de Segurança é a medida judicial cabível para casos em que deve-se


proteger direito líquido e certo, não amparados por habeas data ou habeas corpus, como se verifica no
presente caso, conforme definido no artigo 1º da Lei nº 12.016/200 e artigo 5º, LXIX da Constituição
Federal.

Isso porque o ato praticado pela autoridade administrativa está eivado de ilegalidade,
sendo que os vícios são insanáveis, devendo o ato ser imediatamente considerado nulo. Vejamos
entendimento jurisprudencial neste sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO - CONCURSO PÚBLICO - CURSO DE FORMAÇÃO
DE OFICIAIS DA AERONÁUTICA - APTIDÃO PSICOLÓGICA - REPROVAÇÃO -
REALIZAÇÃO DE NOVO EXAME - NECESSIDADE DE TRANSPARÊNCIA NO
RESULTADO. - A Lei 4.375/64, em seu art. 13, item •c–, confere a base legal para a
exigência do exame psicotécnico. Não obstante tal diploma legal fazer referência ao serviço
militar obrigatório, suas regras são aplicáveis a todos que integram carreira militar,
incluindo os alunos de órgão de formação de militares da ativa, tal como determina o art. 7º
da Lei 6.880/80. - A aptidão psicológica revela-se necessária para a seleção dos futuros
oficiais militares, na medida em que define se o candidato possui ou não perfil psicológico
adequado para exercer com segurança e eficiência as tarefas atinentes à carreira militar.
Todavia, para ser reconhecida a sua validade, imprescindível a previsão em lei, o seu
caráter não sigiloso e o direito à defesa, facultando-se a interposição de recurso. - O fumus
boni iuris para o deferimento da presente medida encontra-se fundado na aparente afronta
ao devido processo legal pelo desconhecimento por parte dos candidatos das razões que
levaram à consideração de inaptidão no exame psicotécnico realizado. - Há necessidade de
transparência no resultado do certame, de forma a garantir princípios constitucionais e
administrativos basilares como o da publicidade, da moralidade e da ampla defesa. - Deve
ser garantido aos Agravantes a realização de novo exame de aptidão psicológica, e, em caso 5
de reprovação, que eles sejam informados das verdadeiras razões que motivaram o
resultado desfavorável, reabrindo-se as etapas recursais previstas no Edital. (TRF-2 - AG:
201202010007098, Relator: Desembargador Federal SERGIO SCHWAITZER, Data de
Julgamento: 08/08/2012, OITAVA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação:
15/08/2012)

VI. DA MEDIDA LIMINAR

A medida liminar em sede de Mandado de Segurança está prevista no artigo


7º, III da Lei nº 12.016/09, segundo o qual descreve “ao despachar a inicial, o juiz ordenará que se
suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida”.

Neste sentido, a plausibilidade do direito invocado pode ser muito bem


observada na fundamentação acima exposta, logo, numa cognição sumária, é possível verificar que a
exclusão da impetrante do certame se mostra totalmente ilegal, violadora do seu direito.

Dessa forma, resta evidenciada a fumaça do bom direito, presente sem


dúvida a aparência do direito alegado, logo um dos requisitos autorizadores da concessão da liminar.
O perigo da demora na apreciação regular do presente remédio
constitucional prejudicará a Impetrante em seu direito de exercer as futuras etapas do concurso
em questão, tendo em vista que, o resultado de sua exclusão saiu em 28/08/2020 (sexta-feira), a
qual tomou conhecimento no dia de hoje, 31/08/2020 (segunda-feira), e, que, a próxima data de
realização desta etapa do concurso – Inspeção de Saúde (INSPSAU) e Avaliação Psicológica
(AP), será na AMANHÃ, 01/09/2020, ÀS 06:30HS, conforme documento anexo, de forma que a
concessão da medida liminar torna-se URGENTE E IMPERIOSA, para garantir o direito da
Impetrante.

Outrossim, ao final da análise, caso o mérito seja desfavorável a


Impetrante com a denegação da ordem, a liminar poderá ser revogada sem qualquer prejuízo a
Instituição Militar ou a terceiros, haja vista que a impetrante está solicitando em caráter DE
URGÊNCIA, o direito de continuar nas fases do concurso. Assim, frisa-se que a concessão da
liminar não gerará danos a terceiros ou à Instituição Militar.

VII. DOS PEDIDOS

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Por todo o exposto, em razão do flagrante de ilegalidade da exclusão da Impetrante,
bem como, pelos demais fatos expostos e comprovados acima, requer-se:

(i) Digne-se Vossa Excelência, conforme autoriza o artigo 7º, inciso III,
da Lei nº 12.016/2009, conceder medida liminar inaudita altera pars, ante a presença de
seus requisitos autorizadores, quais sejam, fumus boni júris e periculum in mora, com o fim
específico de suspender o ato administrativo guerreado, que culminou na exclusão da
Impetrante do Concurso Público, determinando ainda à autoridade coatora que reintegre a
Impetrante ao Certame, providenciado que esta realize a próxima etapa do concurso –
Inspeção de Saúde (INSPSAU) e Avaliação Psicológica (AP), que ocorrerá AMANHÃ,
01/09/2020 (terça-feira), ÀS 06:30HS, ou em outra data que este juízo venha a designar, e
demais etapas, sob pena de multa a ser arbitrada por este Juízo, condicionando esta liminar ao
julgamento meritório deste mandamus; com a consequente anulação do ato administrativo que
excluiu a impetrante do concurso público, pela completa ausência de motivação do ato,
através de critérios objetivos que possam justificar a inaptidão da Impetrante;
(ii) O imediato retorno da Impetrante ao certame, para que esta
possa realizar a próxima etapa do concurso que está marcada para 30/09/2020 (terca-
feira) ou em outra data que este juízo venha designar;
(iii) Requer ainda a reserva de uma vaga no certame, para que após todos
os procedimentos classificatórios, possa a impetrante estar apta para tomar posse ao cargo de
Médica da Aeronáutica;
(iv) Que seja citado com urgência o Impetrado, na pessoa de seu
representante legal, do conteúdo da presente petição inicial, para que apresente as informações
dentro do prazo legal;
(v) Seja ouvido o representante do Ministério Público Federal;
(vi) Recebimento desta inicial e o seu processamento na forma da Lei nº
12.016/2009;
(vii) Requer que a presente demanda seja julgada PROCEDENTE para que
ao final, seja concedida a segurança, nos termos dos pedidos para o fim de anular a exclusão
da impetrante, dado à falta de qualquer critério objetivo que culminou referida exclusão;
(viii) Protesta provar o quanto alegado através da juntada da documentação
anexa, satisfazendo a exigência legal para viabilidade do presente mandamus, qual seja, a pré-
constituição das provas

Dá-se à causa o valor de R$ 1.045,00 (um mil e quarenta e cinco reais), para 7
fim de alçada.

Atesta, para todos os fins de direito, a autenticidade dos documentos


juntados por fotocópia, a esta inicial.

Termos em que,
Pede Deferimento.
Belém, 31 de agosto de 2020

Nome advogado
OAB n xxx

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