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Autor:
luciano@grandoengenharia.com.br
@2013 ABEMEC-RS: É autorizada reprodução parcial ou integral deste artigo técnico, desde que
citada a fonte. Publicação em versão eletrônica disponível no site: www.abemec-rs.org.br
Neste artigo técnico abordaremos as inovações na indústria de elevadores que permitem
atender ao tráfego vertical utilizando uma menor área útil da edificação, novas tecnologias que
permitem transportar a mesma quantidade de pessoas utilizando uma menor área útil na edificação.
Também apresentaremos uma proposta de Metodologia para Cálculo de Tráfego dos elevadores,
considerando estas novas tecnologias de transporte vertical.
Neste artigo técnico abordaremos as inovações na indústria de elevadores que permitem atender
ao tráfego vertical utilizando uma menor área útil da edificação destinada à caixa de corrida dos
elevadores, ou seja, equipamentos que permitem em uma “mesma área” transportar uma maior
quantidade de pessoas em um determinado intervalo de tempo. Esta relação CUSTO X BENEFÍCIO é
muito importante, pode ser interpretada como a “produtividade” dos elevadores:
PRODUTIVIDADE:
ÁREA ÚTIL UTILIZADA NA EDIFICAÇÃO
X
QUANTIDADE DE PESSOAS TRANSPORTADAS
Neste exemplo vamos considerar um edifício hipotético com 20 pavimentos, com portas
automáticas de abertura central e vão livre das portas de 110 cm (AC – 110cm), no qual utilizaremos
um grupo de 6(seis) elevadores que atendem a TODOS os pavimentos. Faremos um cálculo da
quantidade de pessoas transportadas em 5 minutos, ou seja da CAPACIDADE DE TRÁFEGO, para
diversas situações de VELOCIDADE e CAPACIDADE das cabinas, com a respectiva ÁREA ÚTIL
NECESSÁRIAS NA EDIFICAÇÃO para as caixas de corrida dos elevadores.
Cálculo de Tráfego conforme norma técnica ABNT NBR 5665, considerando 06(seis)
elevadores conforme os dados do exemplo anterior:
Velocidade Nominal dos Elevadores
*IT = Intervalo de Tráfego, tempo máximo teórico para atendimento das chamadas, em segundos.
* Área útil = Área total em m² necessária para as caixas de corrida dos elevadores, área interna sem considerar
paredes. Área necessária para as caixas de corrida em cada andar (projeção na edificação).
A “PRODUTIVIDADE” dos elevadores, mensurada com base na área útil necessária para os
elevadores na edificação, mostra que temos uma diferença entre as diversas soluções propostas no
exemplo, indicando um direcionamento para análise da melhor solução a ser utilizada tendo como base
o “custo de aquisição” dos elevadores em cada solução, relação direta com a velocidade e capacidade.
Desta forma poderemos estabelecer uma relação de CUSTO/PESSOA TRANSPORTADA, que poderá
ser utilizada para avaliar a relação CUSTO X BENEFÍCIO em cada solução possível. A avaliação da
relação CUSTO X BENEFÍCIO também deve considerar diversos aspectos, além da capacidade de
transporte e do intervalo de tráfego, principalmente:
c) Custo do m² na edificação, considerando que cada m² de área útil dos elevadores deve ser
multiplicado pela quantidade de pavimentos;
Desta forma, a determinação da “melhor” solução para o projeto é aquela que melhor ATENDE
a relação CUSTO X BENEFÍCIO, considerando os diversos aspectos do projeto, ressaltando a
OBRIGATORIEDADE de atendimento aos requisitos da legislação local.
O exemplo anterior ilustra o método utilizado atualmente no Brasil para calcular e especificar
elevadores, conforme cálculo de tráfego previsto na norma técnica NBR 5665. Neste método de
cálculo temos a possibilidade de alterar (definir) somente com as seguintes variáveis de projeto:
A metodologia utilizada no cálculo de tráfego da norma NBR 5665 considera valores “fixos”
para determinadas características técnicas, as quais deveriam ser inerentes a “performance” de cada
modelo/tipo de equipamento, portanto, o modelo de cálculo utilizado pela norma NBR 5665 não
considera as diferenças existentes na performance e desempenho das diversas marcas e modelos de
elevadores. Por exemplo, no cálculo de tráfego temos a determinação das “paradas prováveis do
elevador” somente com base em sua capacidade e seu percurso, não considerando qualquer diferença
entre os softwares de atendimento, ou mesmo um software de atendimento com chamadas antecipadas,
de cada marca/modelo de elevador.
O modelo de cálculo de tráfego utilizando pela norma técnica NBR 5665 considera variáveis de
desempenho “pré-determinadas” e “definidas em tabelas”, desta forma NÃO considera outras variáveis
inerentes à tecnologia de cada marca/modelo de equipamento, tais como:
c) Diferença dos tempos de atendimento com base no Software de atendimento das chamadas
de cada marca/modelo de equipamento;
Portanto, no Brasil, a utilização da norma técnica ABNT NBR 5665, aplicada de forma geral e
irrestrita para qualquer tipo de elevador, não considerando as diferenças tecnológicas e de desempenho
entre as diversas marcas/modelos dos equipamentos, acaba “nivelando” todos os elevadores com base
nas “variáveis pré-definidas” nesta norma técnica. Não considerar o desempenho e performance
inerente as novas tecnologias acaba por “nivelar em um mesmo patamar de desempenho” todo e
qualquer elevador, independente da sua tecnologia embarcada.
Voltando ao nosso tema principal, no exemplo anterior demonstramos que atualmente o projeto
dos edifícios considera o atendimento ao tráfego vertical com base na norma técnica ABNT NBR
5665, que possui variáveis pré-definidas para o cálculo, não consideram diferenças técnicas e de
performance inerentes a cada marca/modelo de equipamento e não considera as novas tecnologias em
elevadores. Desta forma no Brasil estamos “nivelando pelo mínimo” os elevadores, como se a
performance fosse exatamente igual e LIMITADA para qualquer marca e modelo, não consideramos
as diferenças entre os equipamentos e as melhorias de tráfego possíveis com o emprego de novas
tecnologias.
Nestas duas tecnologias temos o mesmo objetivo, transportar uma maior quantidade de pessoas
em relação a área útil necessária na edificação, ou seja, melhorar a “produtividade” dos elevadores.
Neste artigo vamos abordar a tecnologia TWIN, apresentando uma proposta de metodologia para
adaptar o cálculo de tráfego com base na norma técnica NBR 5665 para contemplar esta tecnologia.
TWIN
Novas tecnologias, via de regra, estarão sempre adiante dos requisitos das normas técnicas, pois
a tecnologia é primeiramente desenvolvida e posteriormente padronizada através das normas técnicas.
Necessitamos estabelecer critérios que possibilitem uma “flexibilidade” na aplicação da legislação
municipal, permitindo utilizarmos nestes casos meios inovadores ou alternativos para o
dimensionamento e cálculo de tráfego dos equipamentos, e não “vinculados” somente a uma norma
técnica antiga, e para estes casos também obsoleta e sem aplicação.
Uma análise geral da metodologia de cálculo determinada na norma técnica ABNT NBR 5665
indica que a mesma pode ser empregada para o sistema TWIN, considerando neste caso 2(dois)
elevadores para cada caixa de corrida, sendo utilizada uma fórmula de cálculo das PARADAS
PROVÁVEIS dos elevadores determinada com base no desempenho comprovado destes
equipamentos.
II. Validação dos resultados – Emprego de Software dedicado para cálculo de tráfego;
Com relação a Metodologia para cálculo de tráfego de elevadores TWIN, ressaltamos que a
metodologia proposta NÃO ALTERA as demais variáveis e requisitos previstos na norma técnica
NBR 5665, mantendo a mesma sistemática de cálculo para a população da edificação, da
população a ser transportada e dos intervalos de tráfego admitidos.
As características básicas que definem um elevador de passageiros são sua velocidade nominal
e lotação da cabina (capacidade). Após determinadas essas variáveis, tem-se por consequência
definidos os equipamentos do elevador. A determinação da velocidade e da capacidade dos elevadores
de um edifício é feita através do seu Cálculo de Tráfego, no Brasil normatizado pela NBR 5665.
Procedimento de cálculo que permite avaliar e verificar se a quantidade de elevadores, com sua
capacidade e velocidade, definidos na fase de projeto de um edifício serão adequados e compatíveis
com o fluxo de pessoas do edifício. É um procedimento para conferência das especificações básicas
dos elevadores: quantidade, capacidade, atendimento, velocidade. sistema de portas e outros.
Para efetuarmos o cálculo de tráfego previsto na NBR 5665 as seguintes variáveis da instalação
devem ser conhecidas:
População do edifício (população total e população a ser transportada em 5 min.), variável que
não é alterada no caso de elevadores TWIN;
Atendimento dos elevadores (agrupamento, atendimento por zonas), o que pode ser
determinado no caso de elevadores TWIN;
Velocidade dos elevadores (nominal), requisito inerente aos equipamentos, que pode ser
determinado no caso de elevadores TWIN;
Quantidade de elevadores (na norma técnica NBR 5665 é considerado um elevador em cada
caixa de corrida), variável que pode ser determinada no caso de elevadores TWIN;
A capacidade de tráfego (Ct), é definida como a soma das capacidades de transporte de cada
elevador, ou seja, será a quantidade de pessoas transportadas em 5 minutos por todos os elevadores do
edifício.
CT = n . Ct = 300 . Cn
T
O valor da capacidade de tráfego CT deve ser maior ou igual ao valor para atender aos
preceitos da NBR-5665 quanto ao transporte em 5 minutos, considerando a população total do edifício
e a população a ser transportada em 5 minutos, conforme a destinação do edifício.
IT = T
n
IT = intervalo de tráfego
O intervalo de tráfego pode ser considerado na prática como tempo máximo que um passageiro
pode esperar pelo carro, ou seja, é o máximo tempo de espera que ocorre entre a partida de um
elevador e a chegada de outro em um pavimento.
É o tempo total gasto pelo elevador por viagem, incluindo todas as manobras. É a soma dos itens a
seguir:
T = T1 + T2 + T3 + T4
É o tempo gasto pela cabina para percorrer o percurso, de ida e volta, sem parar em nenhum
pavimento:
É o tempo gasto nas operações de aceleração e desaceleração durante todo o percurso. É a metade do
resultado obtido pela multiplicação do “número de paradas prováveis” pelo tempo de aceleração e
retardamento de cada parada (conforme valores previamente definidos na tabela constante na norma
técnica NBR 5665).
É o tempo gasto nas operações de abertura e fechamento das portas em todo o percurso.
É obtido pela multiplicação do “número de paradas prováveis” pelo tempo de abertura e fechamento
das portas de cada parada (conforme valores previamente definidos na tabela constante na norma
técnica NBR 5665).
É o tempo gasto para a entrada e saída de passageiros da cabina durante todo o percurso.
É obtido pela multiplicação do valor correspondente à capacidade da cabina pelo tempo de entrada e
saída de cada passageiro (conforme valores previamente definidos na tabela constante na norma
técnica NBR 5665).
Esta é a única variável que possui alteração no caso de elevador TWIN. A determinação das
“paradas prováveis” é necessária para o cálculo dos tempos T2 e T3, respectivamente: Tempo de
Aceleração e retardamento e Tempo de Abertura e fechamento de portas.
Para elevadores convencionais, nos quais temos um elevador para cada caixa de corrida, o
número de paradas prováveis que o elevador pode efetuar em uma viagem é função somente da
capacidade da cabina (pessoas) e da quantidade de pavimentos (paradas atendidas). As paradas
prováveis são determinadas (estimadas) com base no Cálculo de Probabilidades, através da fórmula
(item 6.2 da NBR-5665) mostrada a seguir:
N = P - (P - 1) x ( P – 2 )©
P–1
A forma de cálculo prevista na NBR 5665 para determinar as “paradas prováveis” é uma
equação probabilística, pois nesta fórmula as paradas prováveis são somente função do número de
paradas do elevador e da capacidade da cabina. O número de paradas prováveis de um elevador é na
verdade função de diversos fatores, não somente do número de paradas e da lotação da cabina, dentre
os quais poderíamos citar: quantidade de elevadores, tipo de controle, comando em grupo, sistema
antecipador de chamadas, destinação do edifício e zoneamento dos carros, os quais não estão na
equação para cálculo das paradas prováveis definida na norma NBR 5665.
Para o cálculo de tráfego de uma instalação com elevadores do tipo TWIN, a metodologia
proposta consiste em utilizar a mesma fórmula de cálculo determinada na NBR 5665, considerando
dois elevadores em cada caixa de corrida, adaptando somente as paradas prováveis, única variável
divergente no caso de um elevador Twin.
Na metodologia proposta a determinação das “paradas prováveis” foi realizada com base em:
A metodologia proposta
consiste em “validar” os
resultados obtidos através
do emprego de software
dedicado e específico para o
cálculo de tráfego de
elevadores TWIN, no caso
será empregado o software
“Elevate”, mundialmente
conhecido, aceito e
largamente utilizado na
Europa, EUA e Ásia.
Capacidade 3,0 m/seg 4,0 m/seg 6,0 m/seg TWIN - 3,0 m/seg
16 pessoas 171,72 pessoas 182,04 pessoas 193,68 pessoas 184,14 pessoas CT (5 min.)
20 pessoas 189,84 pessoas 199,86 pessoas 210,96 pessoas 200,57 pessoas CT (5 min.)
24 pessoas 206,40 pessoas 216,18 pessoas 226,98 pessoas 221,48 pessoas CT (5 min.)
A tecnologia TWIN permite reduzir a área destinada aos elevadores e atender ao tráfego
vertical nas edificações, entretanto não é empregada no Brasil porque não representa “benefício”
quando da sua especificação no projeto. A metodologia de cálculo de tráfego aceita pelos órgãos
municipais é a norma ABNT NBR 5665, a qual “não contempla” esta nova tecnologia de transporte
vertical, desta forma a tecnologia TWIN não é “considerada” quando da realização do cálculo de
tráfego.
Estas constatações demonstram a necessidade de termos uma “análise especial” dos órgãos
públicos municipais quando tratar-se de novas tecnologias em transporte vertical, não podemos
inviabilizar a utilização de novas tecnologias devido a critérios “engessados em normas técnicas”, uma
vez que as próprias normas técnicas são naturalmente defasadas em relação às inovações tecnológicas,
sendo que muitas inovações sequer são normatizadas.
Importante ressaltarmos que a metodologia proposta para o cálculo de tráfego possui uma
“validação” dos resultados, através de Software dedicado ao cálculo de tráfego, o que permite verificar
e calcular o “real” desempenho do grupo de elevadores na edificação, utilizando mesmo Software de
cálculo aceito e já empregado em outros países (EUA, Europa e Ásia).
Artigo técnico: Otimização do Transporte Vertical na Construção Civil Página 22 de 22