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RENASCIMENTO
Conceito de clássico
• O termo CLÁSSICO assumiu na
atualidade vários sentidos,
associados a diversos aspectos da
cultura e da arte.
• Já CLASSICISMO está associado a um
certo contexto, que deve ser
explicitado.
• Por sua vez, no que se refere à
LITERATURA, ambos os termos
Conceito de clássico
• Então, de forma geral, chamamos de
clássico uma determinada
composição musical, ou mesmo um
filme (“cult”).
• Segundo essa visão abrangente,
denominamos de clássico, p. ex., um
texto literário destacado e
recorrente na escola.
• E, assim, surge a pergunta: o que faz
Conceito de clássico
• O escritor italiano Italo Calvino, em
sua obra, “Por que ler os clássicos”,
enumera pelo menos 14 definições
para o termo.
• Em síntese, para o autor, o clássico é
aquele texto que resiste ao tempo, e
que se transforma a partir de sua
recepção, isto é, das diversas leituras
e releituras às quais é submetido.
Conceito de clássico
• Ou seja, o texto clássico participa de
uma memória coletiva de um povo,
de uma cultura, de uma literatura.
• Observa ainda Calvino: “Toda
releitura de um clássico é uma
leitura de descoberta como a
primeira” (1993, p. 11).
• Quer dizer, para Calvino, existem
alguns elementos que caracterizam
Conceito de clássico
• Desse modo, caracterizam o clássico:
a capacidade de gerar/provocar/
promover novas leituras, novas
possibilidades de compreensão do
texto, qualidade essa associada ao
caráter polissêmico da arte, da
língua, do mundo.
• Para Calvino: “Um clássico é um
livro que nunca terminou de dizer
Conceito de clássico
• A existência do clássico e de suas
múltiplas leituras e percepções gera
uma vasta literatura crítica,
originando aquilo que se denomina
de FORTUNA CRÍTICA.
• Ou seja, quando estudamos os textos
produzidos por Antonio Vieira,
estudamos também aqueles textos
críticos/analíticos que foram escritos
Conceito de clássico
• Enfim, para Calvino, o clássico seria
um livro que nos provoca, instiga a
pensar outros livros, o mundo, nós
mesmos.
• Clássico é um livro consagrado, visto
como importante, modelar,
exemplar, quase sempre escrito
antes de nossa época, espécie de
eterno contemporâneo, aquilo que
Conceito de clássico
• A leitura de diversos textos
considerados clássicos, nos diversos
períodos histórico-literários, além de
ilustrar o profissional da área de
letras, serve também para se
repensar como a teoria literária
elabora e discute a própria definição
do termo. E assim, associado ao
termo, surge outra noção
importante, qual seja a de CÂNONE.
Clássico e Cânone
• O conceito de clássico, com a
nomeação de obras clássicas, está
também associada à ideia de cânone.
• O cânone seria um conjunto
consagrado de obras, consideradas
como mais bem elaboradas, e que,
ao longo do tempo, são consideradas
mais representativas de uma
tradição, de um povo, de uma
Clássico e Cânone
• O cânone, em sua formação, está
permeado por questões históricas,
sociais, culturais e econômicas.
• Fato literário é “[...] aquilo a que [...]
se entende por obra, mas também
aquilo que envolve a obra – contexto,
público -, [...] a precede –
antecedentes, autor – e [...] se lhe
segue – a recepção [...]”
Clássico e Cânone
• O texto literário depende das
relações sociais e históricas nas quais
foi engendrado.
• A escola tem um papel central na
formação do cânone, com obras em
que são elaboradas uma imagem de
nação, de sujeito, de verdade.
• Tais fatores também interferem na
seleção de obras que passam a
Clássico e Cânone
• Em síntese: “[...] a canonização desta
ou daquela obra é um processo em
que muitos fatores entram em cena,
tais como determinações ideológicas,
estilos vigentes numa determinada
época, gênero dominante, contexto
geo-político-cultural, pertencimento
de classe, sexo e raça.” (SCHMIDT,
1996, p. 115)
Clássico e Cânone
• Conclusão: o conceito de clássico se
altera, no decorrer do tempo.
• Ao se referir à literatura, muitas
vezes quer dizer que está se referindo
às obras que resistiram ao tempo,
foram muito estudadas, se
consagraram por uma série de textos
críticos e, por sua importância,
entraram para o cânone de uma
Conceptualização de
Classicismo
• A etimologia do termo está
associado a classis, “frota”, em latim,
e se referia aos ricos que pagavam
impostos pela rota.
• Um escritor classicus é alguém que
escreve para essa categoria mais
afortunada e mais proeminente na
sociedade.
• Esse sentido inicial aparece em
Conceptualização de
Classicismo
• Posteriormente o termo vai sofrer
várias transformações e passa a
designar um valor, estético, ético,
mas sobretudo didático.
• Um escrito “clássico” torna-se uma
composição reconhecida como digna
de ser estudada nas “classes” das
escolas.
• Outro significado vai se impor e diz
Conceptualização de
Classicismo
• Isto é, diz respeito ao período em que a
literatura, as artes, a cultura de uma
nação ou de uma “civilização”
alcançam florescimento ou então o seu
apogeu.
• Exemplos: o Século de Ouro na
Espanha como de uma “época clássica”
ou de Shakespeare como o “escritor
clássico da língua inglesa – assim
Conceptualização de
Classicismo
• Existe também um conceito
estilístico do que vem a ser
designado como “clássico” ou
“classicismo”.
• Desse ponto de vista estamos nos
referindo a princípios e obras que
estão associados a certos preceitos
modelares derivados de certa fase
da arte grega e que a tomam como
Conceptualização de
Classicismo
• Tal codificação ocorreu
principalmente no Renascimento:
redescoberta da Antiguidade greco-
latina, ou “clássica”, com a
revalorização de suas produções
intelectuais e artísticas.
• Fundamental para o entendimento da
questão foi a tradução direta do grego
da Poética e o trabalho crítico de
Conceptualização de
Classicismo
• Baseada nas elaborações dos
comentadores Scaliger e Castelvetro
surgiu a ideia de que os princípios
fundamentais depreendidos da
prática e da teoria helênicas
constituíam um non plus ultra de
todo o fazer artístico, os cânones
imutáveis das condições e
procedimentos que geram a obra de
arte.
Conceptualização de
Classicismo
• Tal concepção tornou-se dominante e até
normativa, e passou a moldar e
remodelar tudo, originando o período
“clássico” do “classicismo” europeu,
inclusive sob a forma de um
“neoclassicismo”, que prevaleceu
durante o século XVIII em consonância
com o racionalismo ilustrado.
• Somente o Romantismo, em seus
Conceptualização de
Classicismo
• Segundo Croce, crítico e autor de
Iniciação Estética, são elementos
definidores do Classicismo: “[...] o
equilíbrio, a ordem, a harmonia, a
objetividade, a ponderação, a
proporção, a serenidade, a disciplina,
o desenho sapiente, o caráter
apolíneo, secular, lúcido e luminoso.
É o domínio do diurno.”
(CROCE,1999, p. 374).
Conceptualização de
Classicismo
• Ou seja, afastando-se do elemento
noturno, o Classicismo se quer
transparente e claro, e racional.
Para exprimir uma fé profunda na
harmonia universal. Significa
também que a natureza é concebida
primordialmente em termos
racionais, regendo-se por leis, e a
obra de arte deve refletir essa
harmonia.
Conceptualização de
Classicismo
• Para o Classicismo a obra de arte é
imitação da natureza e, ao imitá-la,
deve imitar seu concerto harmônico,
sua racionalidade profunda, as
próprias leis do universo.
• Um aspecto que se destaca é o
disciplinamento dos impulsos
subjetivos. Assim, o escritor clássico
domina os ímpetos da interioridade e
Conceptualização de
Classicismo
• Em outros termos, o autor clássico
se define precisamente por essa
autocontenção.
• É uma espécie de autolimitação, já
que o autor desaparece diante da
obra, não quer manifestar-se.
Melhor ainda: seu desejo expresso é
simplesmente o de ser objetivo.
• A obra vale pelo que ela é e não pelo
Conceptualização de
Classicismo
• Significa dizer, para usar uma
expressão do escritor italiano
Umberto Eco, que “a obra é fechada”.
• Nesse sentido, na criação exige-se
um modo de formar rigidamente
ligado ao objeto ou à ideia que se
tem do mesmo.
• Por isso, destacam-se os
procedimentos que assumem um
Conceptualização de
Classicismo
• No Classicismo predomina uma
rígida separação das artes, que não
se confundem, cada uma
obedecendo aos próprios ditames.
• Na literatura, cada gênero se
caracteriza por suas leis específicas.
• A poesia lírica não se apropria do
padrão épico e este, por sua vez,
não se confunde com a poesia
Conceptualização de
Classicismo
• Significa dizer que, a cada gênero
correspondem preceitos especiais e a
mistura dos vários tipos de composição
é encarada como um grave defeito.
• Outro elemento importante: a lei da
tipificação.
• A arte clássica não quer diferenciar e
individualizar, o objetivo é sempre
chegar ao geral e ao típico.
Exemplo na Arquitetura
Revela o interesse
do Renascimento
pelo homem.
Reproduzida de
todas as formas
imagináveis, a
magia dessa figura
“feminina”
continua intacta.
A última ceia
Palácio de Carlos V
Palácio de
Alhandra, Granada
Vázquez de
Molina Úbeda,
Jaén
Arquitetura
Cúpula da igreja de
Bruneleschi,
Florença.
O humanismo renascentista
• O homem era encarado como um ser
guiado pela razão, guiado pelas
pesquisas, pela elaboração artística,
com o objetivo de produzir o belo
através do conhecimento das leis da
natureza e da harmonia presente
nesta.
• Os renascentistas valorizavam a
diversidade e o individualismo, já
Naquele tempo...
. Crise da Igreja.
. Expansão marítima.
. Mercantilismo.
. Absolutismo monárquico.
. Reforma protestante
. Copérnico: heliocentrismo.
. Galileu Galilei: sistema
astronômico.
Qual a visão do mundo?
• Humanismo ou Antropocentrismo:
“Homem tornou-se a medida de todas as
coisas” (Protágoras).
• Não se tratava de opor o homem a Deus e
medir suas forças. Deus continuou sendo
soberano. Tratava-se na verdade de
valorizar as pessoas em si, encontrar
nelas as qualidades e as virtudes negadas
pelo pensamento católico medieval
(Individualismo).
Davi
A valorização do ser
humano resultou na
criação de muitas
telas e esculturas
que valorizavam as
formas humanas ou
que retratavam
corpos nus.
(Michelangelo)
O humanismo renascentista
• Como dissemos, um dos traços do
Renascimento, também denominado
de Classicismo, é a junção entre a
arte e a ciência.
• Por outro lado, as são produzidas a
partir de modelos consagrados,
valorizando-se as regras do bem
escrever, normas derivadas da
análise de obras modelares
EM SÍNTESE, O
RENASCIMENTO VALORIZAVA
1- Imitação dos autores
clássicos gregos e romanos
da antigüidade: Homero,
Virgílio, Ovídio, etc...
2- Uso da mitologia: Os
deuses e as musas,
inspiradoras dos clássicos
gregos e latinos
aparecem também nos
clássicos renascentistas: Os
Lusíadas:(Vênus) = a deusa do
amor; Marte( o deus da guerra),
protegem os portugueses em
3- Predomínio da razão sobre os
sentimentos: A linguagem clássica
não é subjetiva nem impregnada de
sentimentalismos e de figuras,
porque procura coar, através da
razão, todas os dados fornecidos
pela natureza e, desta forma
expressou verdades universais.
7- Busca da universalidade e
impessoalidade: A obra clássica torna-
se a expressão de verdades universais,
eternas e despreza o particular, o
individual,
aquilo que é relativo.
Naturalismo: volta à natureza
De disforme e grandíssima
estatura;